Ge - Alfabetização e Letramento - Formas e Processos - 01 - Ser
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FORMAS E PROCESSOS
UNIDADE I
Na terceira unidade nós nos debruçaremos sobre as estratégias de leitura, as perspectivas de alfabetizar
letrando, bem como as novas perspectivas no processo de aquisição da leitura. Por fim, na última unidade,
a unidade 04, veremos as concepções empiristas e sócias construtivas, bem como a linguagem lúdica da
criança em relação a sua classe social e as estratégias de leitura.
Bom, querido (a) aluno (a), é isto! Esta é a disciplina de Alfabetização e Letramento e espero que nossa
caminhada de conhecimento seja feita de forma compartilhada, em mão dupla, trocando conhecimento e
associando sempre a leitura deste livro texto com as leituras auxiliares que serão indicadas ao longo do
material.
Ao longo da sua vida de leitor e estudante você, com certeza, já deve ter se deparado com os termos
alfabetização e letramento, mas durante esta disciplina é que iremos esmiuçá-los e trabalha-los com
vocês a fim de entendermos o conceito e sua importância para o processo de ensino e aprendizagem.
a) Alfabetização
Para iniciarmos o aprofundamento sobre alfabetização, vamos ver o que o nosso companheiro fiel de
estudos, o dicionário, nos diz sobre este termo. Antes de mostrar o que nos diz o dicionário, quero chamar
a sua atenção para a importância deste elemento durante os estudos. Sempre que você tiver alguma
dúvida quanto ao significado ou quanto à escrita de uma pronúncia, recorra ao dicionário porque ele é um
instrumento valiosíssimo.
DICA
PALAVRAS DO PROFESSOR
Agora que você já sabe o que o dicionário nos diz sobre o verbete alfabetização, quero te fazer uma
pergunta: você tem alguma lembrança, mesmo que remota, de quando foi alfabetizado? A grande maioria
das pessoas se lembra das famílias das consoantes, o ba/ be/ bi/ bo/ bu ou o fa/ fe fi/ fo/ fu ou o ca/ co/
cu, e por aí vai. O processo de aprender o som das vogais e das consoantes para, posteriormente, formar
as famílias consonantais e depois as palavras faz parte do processo de alfabetização.
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No nosso país o órgão que rege a educação é o Ministério da Educação, popularmente conhecido como
MEC, e dentro deste, quem determina os conteúdos das disciplinas que você, provavelmente, estudou no
colégio, são os PCNs ou Parâmetros Curriculares Nacionais. Na página 04 do seu livro texto você pode
encontrar uma citação referente ao ensino de Língua Portuguesa contida nos PCNs, mas que irei colocar,
abaixo, para você:
“É habitual pensar sobre a área de língua portuguesa como se ela fosse um foguete de dois
estágios: o primeiro para se soltar da Terra e o segundo para navegar no espaço. O primeiro
seria o que já se chamou de “primeiras letras”, hoje alfabetização, e o segundo, aí sim, o estudo
da língua propriamente dita. Durante o primeiro estágio, previsto para durar em geral um ano,
o professor deveria ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência fonográfica) e
algumas convenções ortográficas do português – o que garantiria ao aluno a possibilidade de
ler e escrever por si mesmo, condição para poder disparar o segundo estágio do metafórico
foguete. Esse segundo estágio se desenvolveria em duas linhas básicas: os exercícios de
redação e os treinos ortográficos e gramaticais” (BRASIL, 1997, p. 27).
Meu caro (a) note que essa definição dos parâmetros curriculares nacionais diz respeito apenas ao
conteúdo que o aluno irá absorver no momento em que chega à escola, codificando os sons das vogais
e consoantes, desconsiderando o conhecimento que o aluno possui antes mesmo de entrar no ambiente
escolar. Com o passar dos anos esse processo de alfabetização foi sofrendo mudanças, uma vez que levar
em consideração a bagagem cultural e de conhecimento que o aluno traz consigo era necessário. Para
essa mudança dentro do processo de alfabetização, algumas teorias psicológicas e pedagógicas foram
extremamente relevantes como o behaviorismo e o construtivismo. Vou te dar uma pequena introdução
sobre essas correntes, mas você as verá de forma mais profundada ao longo de toda a disciplina.
Você sabia que o construtivismo é uma corrente teórica que defende que a inteligência
humana é desenvolvida a partir da interação entre o homem e o meio social ao qual ele
está inserido? Ou seja, o ser humano não nasce inteligente, esta inteligência é formada
a partir da influência do meio, porém o homem não fica passivo a esta influência, ele
escolhe e organiza seu conhecimento.
Uma das vertentes do construtivismo é o cognitismo, cujo maior teórico é o psicólogo e filósofo Jean
Piaget (preste bem atenção neste nome, caro aluno, pois ele será bem recorrente ao longo da sua vida
acadêmica) e defende que acontece o processo de ensino e aprendizagem quando há uma interação de
pessoas de diferentes meios sociais, não podendo ser visto como algo predeterminado nas estruturas
internas do sujeito.
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b) Letramento
Caro (a) aluno (a), o nome alfabetização é bem mais comum do que o de letramento e você, ao certo, deve
estar se perguntando o que vem a ser esse tal de letramento, mas calma que irei te explicar.
Bem, se você fizer uma busca rápida na internet sobre o conceito da palavra ‘letramento’, você encontra,
logo, o seguinte significado “ant. representação da linguagem falada por meio de sinais, escrita. Por
incorporação funcional das capacidades a que conduz o aprender a ler e escrever”.
LEITURA COMPLEMENTAR
O uso do termo, meu caro (a), é recente e surgiu de uma necessidade de ter preocupação
com habilidades de ler e escrever como práticas sociais, resultado de uma vida em
comunidade, em sociedade, e não apenas elementos de uso mecânico. Formado pelo
verbete ‘letra’ e pelo sufixo ‘mente’, letramento é o resultado da utilização da leitura
e da escrita nas práticas sociais dos cidadãos
Desta forma, querido (a) aluno (a), o letramento seria o momento em que o aluno passa a interpretar o
mundo, a pensá-lo, momento em que ele passa a ser um ser participativo e atuante dentro das práticas
sociais. Na página 04 do seu livro texto, há uma citação da grande escritora Clarice Lispector, onde a
mesma afirma “Escrevo porque à medida que escrevo vou me entendendo e entendendo o que quero dizer,
entendo o que posso fazer. Escrevo porque sinto necessidade de aprofundar as coisas, de vê-las como
realmente são”.
Mais acima falamos que o behaviorismo foi uma das correntes responsáveis pelas mudanças sofridas
pela educação e que ela defendia que os alunos possuíam bagagens culturais antes de entrar na escola,
que precisavam ser respeitadas e levadas em consideração. Sendo assim, o behaviorismo contribuiu para
este conceito de letramento, uma vez que, enquanto o processo de alfabetização se inicia a partir do
momento que a criança entra em contato com a escolarização, o letramento tem início quando a criança
nasce. Ou seja, toda a vida da criança, antes de entrar na escola, é levada em consideração pelo ambiente
escolar e incorporada ao ser processo de alfabetização.
PALAVRAS DO PROFESSOR
Você deve estar se perguntando como a criança, ou o aluno, pode possuir este letramento antes de entrar
no ambiente escolar e eu te respondo que a nossa vida, especialmente na modernidade, com o crescimento
significativo das propagandas, ficou muito mais ‘textual/ visual’”, podemos dizer assim. Ou seja, antes de
aprendermos a ler e escrever, já conhecemos as palavras e alguns textos. Vimos, constantemente, o nome
das fraldas que usamos, do leite que tomamos, das comidas que comemos e dos produtos que usamos.
Os textos estão na nossa vida antes de entrarmos na escola. Ao entrarmos nela iremos aprender a ler os
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códigos, identificar as letras, relacioná-las com os sons, formar palavras, aprender seus significados e,
depois, interpretar o mundo, lê-lo, conhecê-lo, pensar, de forma crítica, como um ser social, inserido numa
sociedade e num contexto.
Desta forma, um processo precisa do outro. O letramento está com a criança desde o momento em que ela
nasce. A alfabetização se inicia a partir do momento que ela entra no ambiente escolar, a escolarização.
A junção entre esses dois processos, o de alfabetização e letramento, é que permite o aluno, ou aluna, se
ver no mundo, pertencente a este, enquanto um ser social pensante, participativo e atuante na sociedade
e no meio em que ele (ela) vive, como você pode ver na página 05 do seu livro texto “Identificar as letras (e
também os números), aprendê-las e compreendê-las, apropriar-se delas e utilizá-las em todos os âmbitos
da vida é importante e vai além da mera decodificação do código escrito”.
Meu caro (a), você está percebendo que vez ou outra, peço para que você utilize o seu livro texto para
complementar este conteúdo? Pois é, lembre-se que o seu tutor estará a sua disposição, ou seja, você não
está sozinho, não é verdade?
Vamos continuar!
Dentro deste processo de letramento, podemos salientar o letramento escolar e o letramento social e é
sobre eles que vamos estudar agora.
Letramento escolar
Caro (a) aluno (a), agora que você já conheceu os conceitos e as diferenças entre alfabetização e
letramento; vamos estudar os 02 tipos de letramento, iniciando pelo letramento escolar.
Dando uma olhada no nosso companheiro de todas as horas, o dicionário, sobre o conceito da palavra
escola, temos o seguinte:
“sf (lat schola) 1 Casa ou estabelecimento em que se ministra ensino de ciências, letras ou artes. 2
Conjunto dos alunos e professores. 3 Qualquer concepção técnica e estética de arte, seguida por vários
artistas. 4 Conjunto dos adeptos ou discípulos de um mestre em filosofia, ciência ou arte. 5 Doutrina,
seita, sistema. 6 pop Experiência vivencial; esperteza. 7 Mil Vocativo de comando, em ordem unida, que
precede a uma voz determinada: Escola: sentido! E. ativa: ensino por meio de atividades em que os alunos
tenham interesse. E. de aeronáutica: escola destinada à formação de pilotos militares para a Força Aérea
Brasileira. E. de samba: agremiação que, durante o ano todo, prepara sambistas para os festejos do
carnaval. E. lírica: escola poética ou musical que dá toda a importância às paixões e ao sentimentalismo.
E. livre: a que não depende do Estado e cuja frequência não é obrigatória. E. média: escola em que se
ministra o ensino médio. E. militar: a que prepara técnicos ou oficiais para o exército. E. naval: a que
forma oficiais para a marinha mercante ou de guerra. E. normal: escola de preparação de professores. E.
politécnica: aquela em que se ensina engenharia em seus diversos ramos; politécnica. E. primária: escola
em que se aprendem as primeiras letras e conhecimentos. E. profissional: escola em que se ensinam
ofícios. E. rural: a) a que funciona em um sítio ou fazenda; b) escola prática de agricultura, estabelecida
no campo. E. secundária: escola média de preparação geral, não profissional. E. superior: aquela que
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exige para matrícula a conclusão do ensino secundário; faculdade, unidade universitária. E. veterinária:
aquela em que se ensina a veterinária”, conforme você pode ver na página on line do dicionário Michaelis,
disponível na web através do link .
PALAVRAS DO PROFESSOR
Você viu acima que a escola é o ambiente do ensino e da aprendizagem, é a instituição, oficial, para onde
o aluno é dirigido para ser alfabetizado e para aprender a ler e escrever, além de se formar enquanto
cidadão pensante, atuante e crítico. É dentro da escola que modelos educacionais e práticas pedagógicas
são colocadas em prática, testadas e aperfeiçoadas com o objetivo de fazer com que o aluno não absorva
apenas o conteúdo, mas leve-o consigo para sua vida e saiba aplicar o conhecimento absorvido no seu
cotidiano e no seu dia a dia.
Querido (a) aluno (a), quero chamar a sua atenção para o fato de que ler e escrever são eventos que não
ficam restritos ao ambiente escolar. Você é direcionado à escola para, também, aprender a ler e escrever,
mas você não só pratica lá, o conhecimento adquirido no ambiente escolar é levado para além, você
carrega para a sua vida, seja no ambiente familiar, seja numa brincadeira com os amigos, etc. Ou seja,
você pode ler um livro para um trabalho da escola, ou ler um livro por prazer, ou ler bulas de remédio
pela saúde, ou ler anúncios, entre tantas formas de leitura. O contrário acontece com o letramento, onde
você pode ‘adquiri-lo’ em diversos ambientes, o que permite que ele tenha tipos, como, por exemplo, o
letramento escolar.
O letramento pode variar de acordo com o contexto no qual ele está inserido e, como o próprio nome já
diz, o letramento escolar é aquele que tem como local de aprendizagem e aplicação o ambiente escolar
Letramento Social
Meu Querido (a), vimos que o letramento escolar é aquele gerado dentro dos muros da escola e, partindo
deste pressuposto, vamos nos debruçar agora sobre o que vem a ser este tal de letramento social.
Como de costume, vamos ver o que o nosso companheiro dicionário nos diz sobre o verbete social.
ocial significa “adj m+f (lat sociale) 1 Pertencente ou relativo à sociedade. 2 Que diz respeito a uma
sociedade. 3 Sociável. 4 Próprio dos sócios de uma sociedade. 5 Conveniente à sociedade ou próprio
dela. 6 Relativo, pertencente, devotado ou apropriado ao intercurso ou às relações amigáveis ou por
elas caracterizado: Função social. 7 Relativo ou pertencente à sociedade humana considerada como
entidade dividida em classes graduadas, segundo a posição na escala convencional: Posição social,
condição social, classe social. 8 Relativo à vida do homem em sociedade: Ciências sociais. 9 Sociol
Relativo ou pertencente às manifestações provenientes das relações entre os seres humanos, inclusive
aquelas que constituem o campo específico da Sociologia: Problemas sociais. 10 Hist nat Aplica-se a
certos animais e plantas que vivem em grupos mais ou menos numerosos”.
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Observe, se o dicionário nos diz que social é algo pertencente ou relativo à sociedade, ou o que diz respeito
a uma sociedade, podemos dizer que o letramento social seria o momento onde os alunos aplicam sua
bagagem de vida, possuída antes do contato com o ambiente escolar, e o conteúdo aprendido e absorvido
na escola em sua prática social, na sua vida em sociedade, atuando como um ser pensante e crítico dentro
do meio social onde ele estiver inserido.
No seu livro texto a autora dá um exemplo muito bom, do filme “Quem quer ser um milionário”, onde o
personagem principal, Jamal Malik, morador de uma localidade carente e que possui pouca instrução
escolar, vai a um programa de televisão de perguntas e respostas e acaba ganhando a competição e o
prêmio final. Apesar de não ter tanta instrução, Jamal, ao responder as perguntas, recordava sua vida
e suas experiências e dificuldades pela comunidade onde vivia. Outro filme bom que você pode ver um
exemplo de letramento social é “Encontrando Forrester”, onde um escritor consagrado mora recluso em
um bairro periférico, de predominância negra nos Estados Unidos, e passa a ensinar um jovem negro
desta comunidade a aperfeiçoar seu talento de escritor. O jovem negro, também batizado de Jamal,
ganha uma bolsa de esporte para estudar num colégio de classe média alta e passa a ser perseguido
pelo professor de Literatura, pois o mesmo não acredita que um adolescente pobre, negro e de uma
comunidade carente consiga escrever tão bem. Jamal inicia escrevendo sobre o que ele vê a sua volta,
seus amigos e companheiros de basquete que não possuem oportunidade e que, muitos, se envolvem com
coisas ilícitas, como o tráfico de drogas.
VEJA O VÍDEO!
Caso você queira assistir aos filmes, seguem os links disponíveis no youtube:
Encontrando Forrester, aproximadamente 02 horas e 16 minutos, e Quem quer ser um
milionário, aproximadamente 02 horas, .
LEITURA COMPLEMENTAR
Caro (a) aluno (a), agora iremos nos debruçar sobre o processo histórico das práticas alfabetizadoras e,
como você pode ver na página 17 do seu livro texto, a escrita tem seu nascimento atribuído à região da
Suméria por volta dos anos 3.300 a.C, através de um sistema de escrita chamado cuneiforme.
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Alguns anos depois veio, junto com os fenícios, o primeiro sistema de escrita, ao alfabeto. É bastante
improvável determinar uma data específica para o surgimento deste primeiro sistema de escrita,
mas historicamente sabe-se que o primeiro código de grafia a surgir foi criado pelos fenícios, sendo
adotado pelos gregos por volta de 900 a.C. Os fenícios eram um povo de origem semita que tinha como
característica uma forte cultura de comércio marítima e com a necessidade de tornar a comunicação entre
os comerciantes mais fácil, eles criaram, na cidade de Biblos, as primeiras manifestações gráficas do que
viria a ser um alfabeto.
LEITURA COMPLEMENTAR
Você pode obter maiores informações neste artigo publicado na web, através do link .
A cidade possuía esse nome devido aos gregos, uma vez que era de lá que saíam os byblos, ou papiros
egípcios, antepassados do papel, onde eram escritos os documentos. O nome fenício da cidade era Gebal.
Os fenícios organizaram um alfabeto com 22 letras, consoantes para ser mais exata, uma vez que as
vogais foram incorporadas ao alfabeto pelos gregos. Abaixo você pode ver este alfabeto.
Fonte: http://sereduc.com/kfM3lY
Depois que os gregos se apossaram do alfabeto fenício e incluíram as vogais, provenientes dos sons
guturais, aqueles produzidos no fundo da garganta, o alfabeto grego ficou completo, como conhecemos
hoje e de onde evoluiu para o alfabeto latino. Você provavelmente já deve ter visto esse alfabeto grego ao
longo da sua vida, principalmente nas aulas de matemática, quando você tinha que achar o valor de delta
(∆), ou na aula de física quando precisava usar o valor de pi (π) que é 3,14. Na figura abaixo você pode ver
uma imagem com o alfabeto grego.
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Fonte: http://www.culturamix.com/cultura/escolar/alfabeto-grego
Práticas de alfabetização
LEITURA COMPLEMENTAR
De acordo com Onaide Mendonça, o processo educacional se divide em 04 partes, sendo elas:
Vamos lá, você aprendeu sobre a evolução dos métodos de alfabetização e, antes de encerramos esse
assunto, quero falar para você sobre alguém de suma importância para a educação mundial e, sobretudo,
a brasileira, trata-se do pernambucano Paulo Freire.
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Educador, pedagogo e filósofo, Paulo Freire ficou conhecido pelo seu método, que leva o seu nome, de
alfabetização de adultos, assumindo uma postura política e social, onde o objetivo maior da educação era
conscientizar sócio-política e criticamente o cidadão, partindo do diálogo e da conscientização. O educador
apresentava em seu método uma educação que focava em fazer o aluno ‘ler o mundo’, assumindo uma
consciência crítica para, então, desenvolver a consciência silábica e alfabética.
PALAVRAS DO PROFESSOR
Você deve estar se perguntando o que vem a ser esta ‘leitura de mundo’, certo? Pois bem, vou te explicar...
Ao ensinar para um aluno a palavra casa, não basta explicar que é uma palavra formada por 04 letras,
sendo 02 vogais e 02 consoantes, com 02 sílabas pertencentes a 02 famílias: a do C – ca e a do S – as.
O método Paulo freireano partia do princípio de, antes, formar o conceito desta palavra. O que é casa?
Para uns pode ser uma estrutura arquitetônica, onde sua família reside; para outros pode ser um lar,
independente do teto acima, podendo, este teto ser uma laje ou a parte de baixo de um viaduto, afinal,
nem todos possuem uma ‘casa’, um ‘lar’.
Desta forma, depois de construir, coletivamente, o conceito da palavra, depois de formar uma consciência
crítica, social e política, o método partia para o processo de formação as palavras, através dos fonemas,
morfemas, grafemas e sílabas. Paulo Freire defendia este método em oposição aos historicamente
desenvolvidos e aplicados nas, nomeadas por ele, de escolas burguesas. A estes métodos arcaicos Freire
dava o nome de ‘educação bancária’ porque, segundo o pernambucano, o professor parecia ser o detentor
único do saber e depositava sobre o aluno todo o conhecimento, sem estimulá-lo e sem desenvolver sua
consciência crítica.
LEITURA COMPLEMENTAR
Para se aprofundar mais sobre o assunto, além do artigo que tomamos como base
para este tópico, sugiro a leitura do artigo “Paulo Freire, o mentor da educação para a
consciência”, disponível no site da Revista Abril, através do link .
Chegou o momento de nós falarmos sobre o papel da prática alfabetizadora dentro dos processos de
apropriação da língua escrita e, antes de tudo, quero deixar claro, caro aluno (a), que nós não iremos
nos aprofundar nos processos de apropriação da língua escrita, tendo em vista que este assunto será
abordado, de forma mais densa e com maior aprofundamento na próxima unidade.
No tópico passado vimos que o educador pernambucano Paulo Freire mudou a concepção de educação
com seu método que consistia em alfabetizar, formando críticos e cidadãos pensantes, não apenas ensinar
a ler e escrever da forma, nomeada por ele, de educação bancária. O método freiriano contribuiu muito
para mudar a forma como a educação e, principalmente, a alfabetização era vista, contribuindo com a
mudança, também, das práticas alfabetizadoras.
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No modelo educacional bancário, o professor chega à sala de aula e coloca no quadro todo o assunto e, em
seguida, explica, mas estes métodos já deixaram claro que possuem falhas e que não são bem sucedidos.
Como vimos, o método de Paulo Freire mudou essa forma de educar, mas antes o construtivismo já havia
colaborado para isto. Como vimos no início desta unidade, o construtivismo defende que a inteligência
humana é desenvolvida a partir da interação entre o homem e o meio social ao qual ele está inserido.
Sendo assim, meu caro, as práticas alfabetizadoras sofreram mudanças significativas no que diz respeito
à prática pedagógica. Se antes o professor chegava à sala e apenas explicava a família das consoantes ao
seu aluno, agora ele faz uma abordagem para conhecer o que o aluno sabe e, a partir deste conhecimento,
dá início ao conteúdo da aula.
PRATICANDO
PALAVRAS DO PROFESSOR
Querido (a) aluno (a), chegamos ao final da nossa primeira unidade da disciplina de Alfabetização e
Letramento e, durante esta caminhada inicial estudamos sobre os conceitos de alfabetização, onde você
foi introduzido a correntes pedagógicas como o behaviorismo e o construtivismo, e o de letramento.
Vimos ainda à definição deste termo novo que é o letramento e suas vertentes, o letramento escolar, é
aquele que tem como local de aprendizagem e aplicação o ambiente escolar, e o letramento social, aquele
momento onde os alunos aplicam sua bagagem de vida, possuída antes do contato com o ambiente
escolar, e o conteúdo aprendido e absorvido na escola em sua prática social, na sua vida em sociedade,
atuando como um ser pensante e crítico dentro do meio social onde ele estiver inserido.
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Depois de estudar sobre alfabetização e letramento, aprendemos sobre o contexto histórico da
alfabetização, desde a escrita cuneiforme na Mesopotâmia, passando pela criação do alfabeto com os
fenícios e os gregos, até chegar às práticas de alfabetização que estão divididas em 04 tipos. Por fim,
vimos às práticas alfabetizadoras e seu papel dentro do processo de apropriação da escrita.
É isto, meu caro (a) aluno (a)! Chegamos ao fim da primeira de 04 unidades desta disciplina e espero que
você esteja gostando da disciplina e que o conhecimento seja construído ao longo dela. Vemo-nos na
próxima unidade. Até lá e bom estudo!
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