Alfabetização e Letramento - Apostila

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%2Fandrearodrigues.blogspot.com%2F2012%2F08%2Falfabetizacao-e-letramento.html&psig=AFQjCNG7mLd_LGjXZ0WeuL5vV0-i_JXoxQ&ust=1442354694661571
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

1.1 Diferenciando alfabetização e letramento

 Alfabetização – Ação de alfabetizar.

alfabet + iza(r) + cão

-ção: sufixo que forma substantivos; indica: ação.

 Alfabetizar – Tornar o indivíduo capaz de ler e escrever.

-izar – sufixo que significa tornar, fazer com que.

A palavra letramento foi introduzida recentemente na língua portuguesa; foi


utilizada pela primeira vez no livro de Mary Kato, No mundo da escrita: uma
perspectiva psicolinguística, de 1986. O termo letramento surgiu porque um fato novo
aconteceu e era preciso nomeá-lo.

 Por que aparecem palavras novas na língua?

Resposta:  Um exemplo: 

Na língua sempre aparecem palavras novas Hoje usamos com muita frequência a palavra
quando fenômenos novos ocorrem, quando globalização, abrimos o jornal e lá está a palavra
uma nova ideia, um novo fato, um novo objeto globalização; poucos anos atrás, ninguém usava essa
surge ou são inventados, e então é necessário palavra, não no sentido com que a estamos usando
ter um nome para aquilo, porque o ser humano atualmente. Por que surgiu a palavra globalização?
não sabe viver sem nomear as coisas: enquanto Porque surgiu um fenômeno novo na economia
nós não as nomeamos, as coisas parecem não mundial e foi preciso dar um nome a esse fenômeno
existir. novo, é assim que surge uma palavra nova.
Dessa forma, da tradução feita para o Português da palavra inglesa literacy
(estado ou condição que assume aquele que aprende ler e escrever) criou-se a palavra
letramento.

 Letramento – resultado da ação de ensinar e aprender as práticas sociais


de leitura e escrita.

letra + mento (forma portuguesa da palavra latina littera + - mento (sufixo que
indica resultado de uma ação)
Para Magda Soares (2003), quando utilizamos o termo alfabetização estamos nos
reportando à aquisição da leitura e da escrita. Assim, a alfabetização está associada ao
processo de aquisição do código escrito, seja para desenvolver habilidades da escrita ou
para a leitura enquanto processo de escolarização, ou seja, no âmbito escolar e da
instrução formal. É preciso destacar que esse é um processo que ocorre de maneira
individualizada, pois cada um irá apropriar-se do conteúdo de acordo com seu tempo e à
sua maneira. Alguns terão mais facilidade; enquanto que, outros poderão apresentar
maior lentidão e dificuldade. Nesse processo, o indivíduo lê e escreve para a escola.

As pessoas se alfabetizam, aprendem a ler e a escrever, mas não necessariamente


incorporam a prática da leitura e da escrita. Ao referir-se ao termo alfabetizado, Soares
(2003) diz que: “alfabetizado nomeia aquele que apenas aprendeu a ler e a escrever, não
aquele que adquiriu o estado ou a condição de quem se apropriou da leitura e da escrita,
incorporando as práticas sociais que as demandam (p.19)”.

Ao tratamos de letramento nos referimos à condição de quem não apenas sabe ler
e escrever, mas que realiza atividades que usam a escrita. Nesse conceito está implícita
a ideia de que “a escrita traz consequências sociais, culturais, políticas, econômicas,
cognitivas, linguísticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o
indivíduo que aprenda a usá-la (SOARES, 2003, p.17)”.

Quando as práticas escolares estão organizadas de modo a garantir apenas a


alfabetização, percebemos que qualquer texto serve para cumprir tal função, assim a
escola trabalha com textos que circulam apenas na esfera escolar, ou seja, são textos
produzidos exclusivamente para fins escolares. No entanto, se a preocupação for de
alfabetizar letrando, não será qualquer situação de escrita que cumprirá com a função de
apresentação do código, é preciso que na escola sejam apresentados textos que circulem
socialmente.

Continuaremos a nossa discussão sobre alfabetização e letramento aprofundando


a distinção de cada um desses termos. Vamos relembrar o que foi estudado: A grande
diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e letrado: um indivíduo
alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele
indivíduo que sabe ler e escrever; por outro lado, o indivíduo letrado não é só aquele
que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita,
pratica a leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de
leitura e de escrita.

Depois das reflexões sobre alfabetização e letramento você pode concluir que a
escola deve se preocupar com a aquisição do sistema de escrita e da leitura, que é a
função da alfabetização. Mas, é fundamental que a escola não deixe de proporcionar
atividades que visem o desenvolvimento do indivíduo em um contexto de práticas
sociais de leitura e escrita, que é o letramento. Por exemplo: redigir um bilhete,
escrever uma carta, ler jornais, revistas e livros, dentre outras atividades que fazem parte
do cotidiano da sociedade.

Concluindo: Alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de


práticas sociais de leitura e escrita (SOARES, 2004). As condições para o letramento
são: uma escolarização real e efetiva da população e a disponibilidade de material
diversificado de leitura. Então, é possível afirmar que: embora alfabetização e
letramento sejam distintos, eles são interdependentes e indissociáveis.

Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, [...] a


entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da
escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela
aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e
pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em
atividades de leitura e escrita – o letramento (SOARES, 2004, p.
14).

A alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas


sociais de leitura e de escrita e por meio dessas práticas, ou seja, em um contexto de
letramento. Sendo assim, a criança tem o direito de ser alfabetizada como um todo, ou
seja, não só ler e escrever, mas interpretar, pensar, refletir sobre o que está lendo.

1.2 Contexto histórico da alfabetização no Brasil

Um breve histórico da Alfabetização e Letramento no Brasil


Disponível em: http://educandoeconversando.blogspot.com.br/

Desde o final do Século XIX, a dificuldade de nossas crianças para aprender a


ler e escrever, principalmente na escola pública, incitou debates e reflexões buscando
explicar e resolver esses entraves. As práticas de leitura e de escrita ganharam mais
forças no final desse século, principalmente a partir da Proclamação da República.
A educação nesse período ganhou destaque como uma das utopias da
modernidade. Até então, nessa época, as práticas de leitura e escrita eram restritas a
poucos indivíduos nos ambientes privados do lar ou nas “escolas” do império em suas
“aulas régias”.
Até o final do império, as “aulas régias” ofereciam condições precárias de
funcionamento e o ensino dependia muito do empenho dos professores e dos alunos.
Para a iniciação do ensino da leitura eram utilizadas as chamadas “cartas de ABC” e os
métodos de marcha sintética, ou método sintético (da “parte” para o “todo”); da
soletração (silábico), partindo dos nomes das letras; fônico (partindo dos sons
correspondentes às letras); e da silabação (emissão de sons), partindo das sílabas.
Em 1876, em Portugal, foi publicada a Cartilha Maternal ou Arte da
Leitura,  escrita por João de Deus, um poeta português. O conteúdo dessa cartilha ficou
conhecido como “método João de deus” e foi bastante difundido, principalmente a partir
do início da década de 1880. O “método João de deus”, também chamado de “método
da palavração”, fundamentava-se nos princípios da linguística moderna da época e
consistia em iniciar o ensino da leitura pela palavra, para depois analisá-la a partir dos
valores fonéticos.
Na primeira década republicana foi instituído o método analítico que,
diferentemente dos métodos de marcha sintética, orientava que o ensino da leitura
deveria ser iniciado pelo “todo” para depois se analisar as partes que constituem as
palavras. Ainda nesse momento, já no final da década de 1920, o termo “alfabetização”
passou a ser usado para se referir ao ensino inicial da leitura e da escrita.
A partir da segunda metade da década de 1920, passa-se a utilizar métodos
mistos ou ecléticos, chamados de analítico - sintético, ou vice-versa. Esses métodos se
estendem até aproximadamente o final da década de 1970.
Já no início da década de 1980, foi introduzido no Brasil, o pensamento
construtivista de alfabetização, fruto das pesquisas de Emília Ferreiro e Ana Teberosky
sobre a Psicogênese da Língua Escrita. O Construtivismo não se constitui como um
método, mas sim como uma desmetodização em que, na verdade, propõe-se uma nova
forma de ver a alfabetização como um mecanismo processual e construtivo, com etapas
sucessivas e hipotéticas.
Nessa mesma época, foi constatado um número enorme de pessoas
“alfabetizadas”, mas consideradas como analfabetos funcionais, que são as pessoas que
decodificam os signos linguísticos, mas não conseguem compreender o que leram.
Surge então o termo “letramento”.
Estar letrado seria então, a capacidade de ler, escrever e fazer uso desses
conhecimentos em situações reais do dia a dia. Alfabetizar letrando é de fundamental
importância, pois garante uma aprendizagem muito mais significativa, afinal como
afirma Soares (2004, p.22):

Alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando pela integração e pela


articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial
da língua escrita é sem dúvida o caminho para superação dos
problemas que vimos enfrentando nesta etapa da escolarização;
descaminhos serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela
faceta como se fez no passado, como se faz hoje, sempre
resultando no reiterado fracasso da escola brasileira em dar às
crianças acesso efetivo ao mundo da escrita.

Os métodos de abordagem tradicional e/ou tecnicista, já não dão conta do


contexto atual e o Construtivismo, na maioria das vezes, continua sendo mal
interpretado, incompreendido e utilizado de forma equivocada, isso quando utilizado.
Um método ou uma perspectiva de desmetodização, enquanto teoria educacional,
funciona se há uma real fundamentação teórica e prática e se, relacionado a tal método
ou desmetodização, estiverem uma teoria do conhecimento, além de um projeto político
e social. 
Referência: Soares, M. Alfabetização e letramento, caminhos e descaminhos. Revista Pátio, nº 29, 2004,
p. 19-22. Disponível em: http://educandoeconversando.blogspot.com.br/

Reflexões importantes!!!!

Com a leitura do texto acima é possível depreender que houve uma importante
evolução do processo de alfabetização. A alfabetização do b+a = ba, dos textos
“prontos” das cartilhas ficaram para trás, não utilizamos mais. Passamos a compreender
o quão importante é a criança entender aquilo que lê e escreve.

Fonte: Acervo particular da autora

No entanto, há um longo percurso pela frente ainda; é necessário que o processo


ensino-aprendizagem aconteça de fato, para isso é preciso que haja a articulação de
conhecimentos e metodologias fundamentados em diferentes ciências e sua tradução em
uma prática docente que oportunize e facilite a aquisição da escrita, por meio de um
ensino direto e ordenado, a alfabetização. Sem deixar de lado o desenvolvimento de
habilidades e comportamentos de uso competente da língua escrita nas práticas sociais
de leitura e de escrita, o letramento.

O papel do professor é o de contribuir efetivamente com o desenvolvimento do


aluno em todas as suas dimensões; ser o alfabetizador e ainda aquele inovador da
educação, que irá estimular o interesse do aluno para o conhecimento e prepará-lo para
a realidade na qual está inserido.

Paulo Freire, em sua obra A importância do ato de ler em três artigos que se
completam, de 1994, já nos ensinava que:

Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada,


aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa
manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica
que vincula linguagem e realidade. (p.08).

A leitura de uma história, feita pela mãe ou pelo pai, antes da criança dormir; ou
as histórias fantásticas que os avós contam aos netos; ou ainda as lendas contadas pela
professora nas séries iniciais para os alunos. Todo esse processo faz parte do letramento,
ou seja, as crianças aprendendo a ler e a escrever o mundo; estão convivendo com as
práticas de leitura e escrita em uma relação com a realidade.

1.3 Letramento não é um método

O letramento não é um método e, sim, um processo que tem início muito antes
do processo de alfabetização. A leitura do mundo vem antes da leitura da palavra, o
indivíduo pode ser letrado e não ter sido alfabetizado. Como afirma Freire (1994, p. 11-
12):

(...) A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a


posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da
leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem
dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua
leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
contexto.

Por exemplo: quando um adulto não sabe ler e escrever, ele pode pedir a alguém
que escreva por ele. Muito simples, ele pode ditar uma carta; depois pode pedir a
alguém que leia para ele a carta que recebeu; ou uma notícia de jornal, ou uma placa na
rua, ou a indicação do roteiro de um ônibus etc. É o que acontece no filme Central do
Brasil, de 1998, do diretor Walter Salles. Dora (Fernanda Montenegro) é uma mulher
que trabalha na estação Central do Brasil, no Rio de Janeiro, escrevendo cartas para
pessoas analfabetas; essas pessoas não sabiam escrever e  não sabiam ler, não eram
alfabetizadas, no entanto, conheciam as funções da escrita e da leitura, elas eram
letradas ou tinham certo nível de letramento.

O filme está disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NpZgPWTUrlE

O mesmo que aconteceu com os personagens do filme, pode acontecer com as


crianças ainda não alfabetizadas. Para Soares (2003, p.47):

Uma criança que vive num contexto de letramento, que convive


com livros, que ouve histórias lidas por adultos, que vê adultos
lendo e escrevendo, cultiva e exerce práticas de leitura e de
escrita: toma um livro e finge que está lendo (...), toma papel e
lápis e “escreve” uma carta, uma história. Ainda não aprendeu a
ler e escrever, mas é, de certa forma, letrada, tem já um certo nível
de letramento.

É necessário chamar a atenção para um detalhe: assim como é possível ter “um
certo nível de letramento” e não ser alfabetizado; também é possível que um indivíduo
seja alfabetizado mas não tenha um bom nível de letramento. Nesse caso, ele consegue
ler e escrever, entretanto, não possui as habilidades práticas que envolvem a leitura e a
escrita: não consegue ler revistas, receitas médicas, bulas de remédio, jornais, etc., ou
seja, há uma grande dificuldade para interpretar textos lidos, como também, pode não
ser capaz de escrever uma carta ou bilhete.
Vamos pensar: Qual é o papel do professor na formação não só de alfabetizados, como
também de letrados? Como é possível alfabetizar letrando? Sabendo que a educação é
um processo contínuo, que só irá terminar com a morte do indivíduo, como fazer para
motivar o indivíduo para que se interesse pelas práticas de leitura e de escrita?

1.4 O educador na formação de indivíduos alfabetizados e


letrados

“Ensinar não é transferir conhecimentos, mas criar as


possibilidades para sua produção ou a sua
construção”.

Paulo Freire, 2006.

O objetivo do ensino, no contexto de uma sociedade letrada, é o de aprimorar as


competências da leitura e da escrita e, assim, melhorar o desempenho linguístico do
aluno, tendo em vista a integração e a mobilidade sociais dos indivíduos, além de
colocar o ensino numa perspectiva produtiva em que o sujeito é capaz de agir sobre o
mundo para transformá-lo e, com sua ação, conquistar e afirmar a sua liberdade e não
ser um sujeito passível de alienação. No rap  Estudo Errado, escrita em 1995, Gabriel, o
Pensador, afirma que:

Quase tudo que aprendi,


amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Quase tudo que aprendi, amanhã eu já esqueci
Decorei, copiei, memorizei, mas não entendi
Decoreba: esse é o método de ensino
Eles me tratam como ameba e assim eu não raciocino
Não aprendo as causas e consequências só decoro os fatos.

Observe que o autor da música mostra que não há preocupação com a


aprendizagem significativa, muitas vezes prevalecem as aulas expositivas,
descontextualizadas, fragmentadas e pautadas nos livros didáticos. Essas aulas acabam
tornando-se inúteis, pouco interessantes e sem significado para os alunos. O próprio
sistema de avaliação é criticado, as notas são obtidas através das provas, o que nos
mostra que existe muita preocupação por parte dos professores e pais em relação as
notas das crianças, desconsiderando outros fatores que implicam significativamente
nesse processo.

Dessa forma, os alunos são levados à decoreba dos conteúdos para conseguirem
uma nota boa e uma recompensa em casa. Mas, veja o detalhe, depois de algum tempo
os alunos esquecem tudo o que estudaram, ou seja, a aprendizagem não ocorreu de fato.
No entanto, quando praticamos, lemos diferentes tipos de textos, temos acesso à cultura,
estamos desenvolvendo nossa capacidade linguística e não a decoreba. A letra da
música Estudo Errado, em sua última parte, nos mostra uma nova visão de ambiente
escolar, um espaço capaz de motivar os alunos a estudarem, com professores que
preparam os alunos para a vida, por meio de textos e informações com temas atuais e
significativos.

Encarem as crianças com mais seriedade


Pois na escola é onde formamos nossa personalidade
Vocês tratam a educação como um negócio onde a ganância
a exploração e a indiferença são sócios
Quem devia lucrar só é prejudicado
Assim cês vão criar uma geração de revoltados
Tá tudo errado e eu já tou de saco cheio
Agora me dá minha bola e deixa eu ir embora pro recreio...

Podemos também concluir que os alunos sentem falta das brincadeiras, dos
momentos de lazer. Seria possível conciliar esses momentos de aprendizagem através de
uma educação lúdica? Importantes reivindicações são feitas nessa música: que as
crianças sejam respeitadas pelas escolas, que sejam tratadas com mais seriedade,
contribuindo na formação de suas personalidades e respeitando suas necessidades e
interesses e nunca as ignorando.

Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=5Lan1AVt9L0


A escola é o lugar para a pessoa desenvolver sua capacidade de linguagem, de
leitura de textos variados, de criatividade, porém, lamentavelmente, ela ainda continua
limitando-se, na maioria das vezes, a um ensino mecânico. Na perspectiva do
letramento, a leitura e a escrita são vistas como práticas sociais. Ensinar a ler e escrever
deve possibilitar ao aluno a aquisição da língua portuguesa, para que assim ele tenha
condições de exprimir-se corretamente em diferentes variações linguísticas, tornando-se
um poliglota em sua própria língua e, ao dominar o maior número de variantes, ele será
capaz de interferir socialmente nas diversas situações (formais ou informais) a que for
submetido. Jamais deverá deixar de existir o compromisso com a realidade local e com
o mundo em que vivemos. Educar não deixa de ser um ato político. De acordo com
Freire  (1994, p.58-9):

(...) o ato de estudar, enquanto ato curioso do sujeito diante do


mundo, é expressão da forma de estar sendo dos seres humanos,
como seres sociais, históricos, seres fazedores, transformadores,
que não apenas sabem mas sabem que sabem.

Na compreensão de Freire, quando os alunos são o sujeito da própria


aprendizagem, "seres fazedores, transformadores", eles tomam consciência de que
sabem e podem transformar o que está feito, estabelecido e construído. E então, a
passividade e a alienação darão lugar para novos seres mais conscientes e politizados.

Diante disso, o educador precisa ter consciência do seu papel político na


educação e formação do aluno; articulando conteúdos significativos a uma prática
também significativa, deixando de lado a ultrapassada função de mero transmissor de
conteúdos e, consequentemente, de mero repetidor de exercícios do livro didático. O
educador mediador vai partir da observação da realidade para, em seguida, propor
respostas diante dela e, desta maneira, estará contribuindo para a formação de pessoas
críticas e participativas na sociedade. Assim, podemos inferir que a prática significativa
depende do interesse do professor em planejar aulas que sejam coerentes com a
realidade e que visem a construção de conhecimentos com os seus alunos.

É importante destacar que letrar é função de professores de todas as áreas de


conhecimento, de todas as disciplinas, pois os alunos aprendem através de práticas de
leitura e de escrita: em Português e, também em História, Geografia, Ciências,
Matemática. Em todas as disciplinas os alunos aprendem lendo, interpretando e
escrevendo.
O educador reeducando-se e transformando-se poderá proporcionar uma
educação que não mais será um martírio, mas sim para um processo de construção
permanente de conhecimentos. O educador deve estimular no aluno o pensamento
crítico, de modo que ele possa atuar na sociedade como um indivíduo pensante,
questionador. O conhecimento é uma das mais importantes "ferramentas" para se
conquistar oportunidades de trabalho e renda.

Concluímos esta Unidade – 1 com uma sábia declaração de Paulo Freire (1994,
p.25):

Eu agora diria a nós, educadores e educadoras: Ai daqueles e


daquelas entre nós, que parem com a sua capacidade de sonhar, de
inventar, a sua coragem de denunciar. Ai daqueles e daquelas que
em lugar de visitar de vez em quando o amanhã, o futuro, pelo
profundo engajamento com o hoje, com o aqui e com o agora, ai
daqueles que em lugar desta viagem constante do amanhã se
atrelem a um passado de exploração e de rotina.

Analisem vocês, caros alunos, parece que só há um meio de alcançar os


objetivos de uma verdadeira educação: o comprometimento com os envolvidos e com
uma proposta de trabalho que permita fazer fluir o real espírito democrático. Sendo que,
democracia, aqui é entendida como um modo de vida em que cada indivíduo conta
como pessoa consciente, informada e capaz de resolver os seus próprios problemas. Isso
se conquista por meio de um sentimento de auto-estima, de auto-valorização, de
recuperação da cidadania, que se realiza por um processo de alfabetização como
ferramenta do letramento.
Recapitulando a Unidade-1

Como diferenciar o apenas alfabetizado do letrado?

A grande diferença entre alfabetização e letramento, entre alfabetizado e letrado: um indivíduo


alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado; alfabetizado é aquele indivíduo que
sabe ler e escrever; já o indivíduo letrado, o indivíduo que vive em estado de letramento, é não
só aquele que sabe ler e escrever, mas aquele que usa socialmente a leitura e a escrita, pratica a
leitura e a escrita, responde adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita.

Letramento envolve dois fenômenos bastante diferentes, a leitura e a escrita, cada um deles
muito complexo, pois constituído de uma multiplicidade de habilidades, comportamentos,
conhecimentos:

 Ler 

É um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde simplesmente


decodificar sílabas ou palavras até ler Grande Sertão Veredas de Guimarães Rosa... Uma
pessoa pode ser capaz de ler um bilhete, ou uma história em quadrinhos, e não ser capaz de
ler um romance, um editorial de jornal... Assim: ler é um conjunto de habilidades,
comportamentos, conhecimentos que compõem um longo e complexo caminho.

 Escrever 

É também um conjunto de habilidades e comportamentos que se estendem desde


simplesmente escrever o próprio nome até escrever uma tese de doutorado... uma pessoa
pode ser capaz de escrever um bilhete, uma carta, mas não ser capaz de escrever uma
argumentação defendendo um ponto de vista, escrever um ensaio sobre determinado
assunto... Assim: escrever é também um conjunto de habilidades, comportamentos,
conhecimentos que compõem um longo e complexo caminho.

Conclui-se que há diferentes tipos e níveis de letramento, dependendo das necessidades, das
demandas do indivíduo e de seu meio, do contexto social e cultural.

SOARES, M. Alfabetização e letramento - 2010.

Para saber mais:


 Livro: Alfabetização e Letramento
Autor: Magda Soares
Assunto: Educação, Formação de Professores

Resenha da obra: O analfabetismo no Brasil permanece um tema de dolorosa atualidade.


Mas quais as verdadeiras causas do fracasso do processo de alfabetização no Brasil? Por que
nossas estatísticas sobre o analfabetismo - e sobre o baixo desempenho escolar nos primeiros
ciclos do ensino fundamental - insistem em nos revelar números tão incômodos? Qual a
verdadeira responsabilidade que cabe ao educador, aos métodos, aos materiais didáticos, à
escola e à própria sociedade em relação a isso? Magda Soares, uma das maiores especialistas
brasileiras em alfabetização, nos propõe algumas possibilidades de resposta para tais perguntas
e nos impõe novas provocações. Na primeira parte do livro, ela apresenta e discute concepções
de alfabetização e letramento, mostrando a necessidade de que um problema tão complexo seja
enfrentado por um esforço multidisciplinar. Em seguida, desvela a função politicamente
distorcida dos programas de acesso à leitura e à escrita, constata o divórcio entre o processo de
alfabetização e o de conquista da cidadania e, por fim, explicita o abismo entre o discurso
oficial da escola e o das crianças pertencentes às camadas populares.

Disponível em: http://editoracontexto.com.br/alfabetizacao-e-letramento.html

 Entrevista: Leia a entrevista sobre Alfabetização e Letramento de Magda Soares


Disponível em: http://tvescola.mec.gov.br/tve/salto/interview?idInterview=8281

Alfabetização e Letramento

O escritor Graciliano Ramos, em seu livro autobiográfico Infância, publicado em 1945,


lembra que se alfabetizou – ainda no final do século XIX, início do século XX – através
da carta do ABC em que primeiro aprendeu todas as letras para, só no final da carta, ter
contato com os primeiros textos – alguns provérbios que, embora soubesse decodificá-
los, desconhecia seus significados:

Respirei, meti-me na soletração, guiado por Mocinha. Gaguejei


sílabas um mês. No fim da carta elas se reuniam, formavam
sentenças graves, arrevesadas, que me atordoavam. Eu não lia
direito, mas, arfando penosamente, conseguia mastigar os
conceitos sisudos: “A preguiça é a chave da pobreza – Quem não
ouve conselhos raras vezes acerta – Fala pouco e bem: ter-te-ão
por alguém”. Esse Terteão para mim era um homem, e não pude
saber que fazia ele na página final da carta. – Mocinha, quem é
Terteão? Mocinha estranhou a pergunta. Não havia pensado que
Terteão fosse homem. Talvez fosse. Mocinha confessou
honestamente que não conhecia Terteão. E eu fiquei triste,
remoendo a promessa de meu pai, aguardando novas decepções.

Assim, o referido escritor chegou ao final da Carta do ABC sabendo “decodificar” bem
as palavras, mas não conseguia entender o que estava lendo. E, para surpresa dele, nem
a sua professora compreendia o que lia. Ou seja, eles eram alfabetizados, mas não eram
letrados. A maioria de nós, que passamos pela alfabetização até as décadas finais do
século passado, também teve uma experiência escolar com ênfase na “codificação” e
“decodificação”.

Para muitos, essa experiência foi traumatizante, relate alguma experiência vivida que
esteja relacionada com o tema da discussão.

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A PRÁTICA ALFABETIZADORA E OS PROCESSOS DE


APROPRIAÇÃO DA LÍNGUA ESCRITA

1.1– Processo de apropriação da escrita


Quando se trata de aquisição da escrita é muito comum observar, no âmbito da
prática escolar, a relação estabelecida entre alfabetização e letramento. Nesta discussão,
é importante relembrar os conteúdos estudados na Unidade-1 e, também, recorrer aos
ensinamentos de Soares (2003, 2004, 2010), em busca de embasamento teórico que
possibilite esclarecer as especificidades dos termos alfabetização e letramento, na
compreensão da autora, ambos são processos multifacetados e de natureza específica.

No Brasil, de acordo com Soares (2003), o letramento surgiu associado ao


conceito de alfabetização, o que provocou certa confusão entre a especificidade de cada
termo. Assim, acabou provocando uma inadequada fusão dos dois processos, sendo que
o conceito de letramento acabou tendo prevalência e, por outro lado, houve certo
apagamento da alfabetização. Neste aspecto, o letramento acabou sendo entendido como
pré-requisito da alfabetização; ou alfabetização passou a ser considerada parte
integrante do letramento no processo de aquisição do código.

Essas discussões relacionadas à prática pedagógica alfabetizadora têm suscitado


inúmeros questionamentos acerca de qual terminologia deve ser privilegiada no
desenvolvimento da ação docente em relação ao ensino da língua escrita. Alfabetizar e
letrar, às vezes, são conceitos que se confundem. Mas, como já mencionado na
Unidade-1, esses dois processos são fundamentais, distintos, porém, indissociáveis.
Alfabetizar não é letrar e letrar não é alfabetizar. Alfabetização é o processo sistemático
de aquisição do sistema alfabético: enquanto que, o letramento, refere-se às práticas
sociais de leitura e escrita nos diferentes contextos e com finalidades específicas.

[...] a alfabetização desenvolve-se no contexto de e por meio de


práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades
de letramento e, este, por sua vez, só se pode desenvolver no
contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema-
grafema, isto é, em dependência da alfabetização [...] (SOARES,
2004a, p. 14)

Soares (2003) defende a ideia de uma tomada de decisão em prol da reinvenção


da alfabetização; que é fundamental diante da concepção atual em torno do aprendizado
do código estar vinculado ao conceito de letramento. Quando se propõe a reinvenção da
alfabetização, isso mostra que está na hora de dar novo sentido a este conceito,
buscando assim, ressignificar o processo de ensino-aprendizagem da língua escrita, de
modo a compreendê-lo a partir de um enfoque multifacetado que abrange, de acordo
com Soares, (2004a), a “[...] consciência fonológica e fonêmica, identificação das
relações grafema-fonema, habilidades de codificação e decodificação da língua escrita,
conhecimento e reconhecimento dos processos de tradução da forma sonora da fala para
a forma gráfica da escrita [...]” (p. 15).

Alfabetização possibilita o aprendizado de uma técnica que é indispensável para


a entrada no mundo da escrita. Já no que diz respeito ao letramento, é o
desenvolvimento de ações voltadas para o uso social da escrita e implica a participação
de sua utilização em experiências diversificadas a partir da interação com os diferentes
gêneros textuais.

Para saber mais:

Caros alunos, para que vocês possam aprofundar seus conhecimentos acerca do ensino-
aprendizagem de leitura e escrita, há um infográfico muito interessante: é uma linha do
tempo que inicia no final do Império, passa pelo período da República e segue até os
dias de hoje.

Esse material chama-se “Das primeiras letras aos multiletramentos: caminhos na


história brasileira”. É desenvolvido com base em um diálogo entre a tradição e o
novo, esse material pretende traçar, analisar e discutir os caminhos da alfabetização e
do letramento no país.

O material apresenta aspectos políticos, conceituais e pedagógicos em linhas que se


entrecruzam, a fim de representar a complexidade da história da educação brasileira.

Disponível: http://www.plataformadoletramento.org.br/hotsite/infografico-letramento/

1.2– O brincar e a escrita: um caminho para a alfabetização

O brinquedo desempenha um papel crucial para a aprendizagem da escrita, por


meio dele, a criança é capaz de perceber que determinados objetos podem indicar
outros, tornando-se, assim, seus signos. Quando brinca de cavalinho e usa um cabo de
vassoura para representar o animal, ela está construindo uma noção que é
importantíssima para a aquisição da escrita: a de que um objeto pode ser substituído por
outro, no processo de representação.

Na língua escrita, ela vai precisar entender essa questão da substituição. Ao se


fazer jogos com as crianças, em que um determinado objeto passa a representar outro,
elas irão modificar a estrutura corriqueira do objeto, adquirindo este a função de signo.
Assim como acontece no brinquedo, pode-se concluir que a brincadeira do faz de conta
desempenha um importante papel para o desenvolvimento da linguagem escrita.
Portanto, é possível afirmar que a aprendizagem da linguagem escrita pode ser
vista como um dos produtos do processo de brincar; o brinquedo tem um papel
significativo e não é apenas um adereço sem importância na prática pedagógica. Com
isso não estamos afirmando que a aprendizagem da linguagem escrita pode acontecer
apenas a partir de atividades lúdicas e sem atividades intencionais de ensino.

O processo de brincar poderá contribuir para o desenvolvimento de mecanismos


psíquicos importantes para a compreensão do que é a escrita e do que ela representa,
embora se trate de simbolizações de naturezas diferentes.

1.3 – Aprendizado inicial da escrita

A aprendizagem da língua escrita demanda que o professor alfabetizador seja um


articulador e, também, um mediador de diferentes metodologias de ensino que devem
respeitar o conhecimento que a criança traz antes de ingressar na escola. Não devemos
negar à criança seu papel na construção do conhecimento e nem deixar de lado as
práticas de letramento na escola. Esse processo tem o objetivo de observar como a
criança evolui na construção de suas hipóteses de escrita e, além disso, promover seu
contato com atividades e situações que a estimulem a refletir sobre o sistema alfabético
e a apreender suas características.

As hipóteses de escrita aqui tratadas não são o caminho único pelo qual todas as
crianças passam, a apropriação da escrita pode acontecer de maneiras diferentes. É
preciso que o professor alfabetizador tenha a sensibilidade de perceber as peculiaridades
de cada criança para que, assim, possa encontrar a forma adequada de mediar esse
processo. Estes estudos aqui desenvolvidos servem para orientar o olhar dos educadores
para as regularidades do processo de aprendizagem da língua escrita.

O que podemos concluir? É imprescindível que a infância seja respeitada como


etapa singular do desenvolvimento humano, valorizando o brincar como forma de a
criança entender o mundo, interagir com ele e (re) criá-lo (SOARES, 2013).

Nos métodos de alfabetização tradicionais, a aprendizagem realizava-se de


forma passiva: o aluno não era o protagonista desse processo; ele apenas assimilava as
informações do professor, que era o detentor do saber.

Essa maneira tradicional tem sido substituída pela hipótese da psicogênese 1 da


língua escrita, que revela uma postura ativa e curiosa das crianças pré-alfabetizadas,
mostrando que elas pensam e criam hipóteses para entender o sistema de escrita
alfabética. Essas pesquisas da psicogênese apresentaram descobertas que levaram a
importantes modificações nas políticas, nos estudos e nas práticas escolares.

Faz-se necessário esclarecer que, a psicogênese não é método, e sim uma teoria
que explica o processo de aprendizagem da língua escrita e defende a integração de
várias práticas pedagógicas. Portanto, o importante é que se leve em consideração, além
do código específico da escrita, a cultura e o ambiente letrado (bilhetes, bulas, receitas,
livros de histórias) em que a criança se encontra antes e durante a alfabetização. Não dá
para ela adquirir primeiro o código da língua e depois partir para a compreensão de
variados textos.

Todas as crianças passam por diversas etapas durante o seu processo de


aquisição da língua escrita, criando hipóteses regulares que dependem do momento
vivenciado por ela, evoluindo de uma etapa para outra quando a anterior for colocada
em conflito. Para chegar ao código de escrita alfabética, a criança passa por fases de
hipóteses.

1
Psicogênese (do grego psyche, alma; genesis, origem) é a parte da Psicologia que se ocupa em estudar a
origem e o desenvolvimento dos processos mentais, das funções psíquicas, das causas psíquicas que
podem causar uma alteração no comportamento etc.
A seguir, apresentaremos as fases iniciais do processo de aquisição da escrita:

1) Fase pré-fonológica

Nessa fase a criança começa a se envolver com as primeiras experiências e


reflexões acerca do sistema de escrita alfabética. Nessa etapa, ela ainda não sabe que as
letras representam sons e que a escrita das palavras são os registros gráficos de sua
sequência sonora.

A fase pré-fonológica está divida em:

 Icônica

A criança ainda não diferencia escrita e desenho. Para ela, nessa etapa, ao


escrever “panela” ou “macaco”, é comum fazer o desenho do objeto ou do animal que a
palavra representa. O registro gráfico que a criança irá fazer diz respeito ao sinal ou
desenho como um todo.

 Garatuja

Nesse momento, a criança representa a palavra produzindo garatujas, que são


rabiscos parecidos com letras e caracterizados pela linearidade e orientação horizontal. 
Na tentativa de representar a escrita, a criança começa a mesclar as letras que já conhece
com outros símbolos, números ou com letras que inventa.

 Pré-silábica

Aqui, a criança já tem conhecimento de algumas letras do alfabeto, todavia ainda


não entende a escrita como representação gráfica da fala. Muitas crianças acreditam
que, para escrever uma palavra, são necessárias pelo menos três letras. E também
pensam que não podem repetir letras na mesma palavra. Para elas há um estranhamento
ao verem/lerem duas letras juntas, como pé ou dó.

2) Consciência silábica

Na caminhada do conhecimento do sistema alfabético, as crianças começam a


perceber que a palavra, quando pronunciada, é formada de partes. Quando ela “lê” uma
sequência de letras ou sinais que o(a) professor(a) escreve para registrar uma palavra,
muitas irão pronunciar as sílabas lentamente. Desta maneira, passam a buscar
correspondências entre as letras ou marcas e as sílabas pronunciadas e a fazerem
correções para que exista correspondência entre o oral e o escrito. Na fase silábica elas
consideram que, para cada sílaba pronunciada, existe uma letra.

São duas as etapas da consciência silábica:

 Silábica sem valor sonoro

Quando a criança está nesta fase, ela já compreende que a escrita está
relacionada à fala; ela começa a fazer registros gráficos (letras ou outro sinal) sempre
que pronuncia um som da língua. Essa descoberta é muito importante para a criança,
pois ela começa a perceber que a palavra é fragmentada, ou seja, constituída por partes
que são sonoras.

 Silábica com valor sonoro

Nesse momento da aquisição da escrita, a criança já usa uma letra para cada
sílaba oral, no entanto, ela ainda não percebe os sons que formam a sílaba (fonemas).
Essa consciência (fonêmica) vai sendo desenvolvida ao longo da aprendizagem da
escrita. É importante trabalhar a sílaba dentro da palavra ou, então, entre palavras;
nunca separadamente. Desta maneira, é possível mostrar à criança que existem sílabas
iniciais, mediais e finais. Por exemplo: pato/ sapo; gaveta/barata; bota/loja.

É comum nessa fase que, algumas crianças, quando trabalham com palavras
formadas por três ou duas sílabas, fiquem em dúvida quanto a sua hipótese silábica e
acabam usando mais letras para “corrigir” essa “falta”. Outras vezes, em palavras
como bebê, cola, babá elas acreditam que as vogais são suficientes para registrar as
sílabas e, desta forma, poderão escrever apenas EE, OO, AA.

3) Consciência fonêmica

À medida que a criança vai avançando na compreensão do sistema alfabético,


começa a perceber que há sílabas formadas por mais de um som (fonemas) e passa a
usar mais letras para representar esses sons. Esse processo implica o desenvolvimento
da consciência fonêmica, para além da consciência silábica. Além disso, o aprendiz
começa a desenvolver uma compreensão mais clara das relações entre grafemas (letras)
e fonemas (sons).

 Silábico-alfabética
A criança passa a perceber que, em nossa língua, a maioria das sílabas é
constituída por mais de um som. Nesse momento ela começa a representar algumas
sílabas com mais de uma letra, em geral, acrescentando à vogal a letra que traz em seu
nome o fonema representado (ex.: branco, pode escrever bao).

 Alfabética

Nessa fase alfabética, a criança já conseguiu entender o que as letras indicam e


como elas criam representações. Assim sendo, ela começa a utilizar uma letra para
representar cada fonema de uma sílaba oral. Como raciocina segundo a hipótese
alfabética, na qual cada letra deveria representar um único som e cada som deveria ser
grafado por uma única letra, nem sempre os seus registros gráficos obedecem às normas
ortográficas da língua portuguesa.

Conforme vai avançando no processo de alfabetização, que ainda está


inconcluso, a criança deve perceber que, no português, há fonemas representados por
mais de uma letra, como o /s/, que pode ser grafado por s, ss, sc ou ç. E, também, há
letras que representam mais de um fonema, como o /x/ em táxi e em reflexo; ou mais
de uma letra representando um único fonema, como acontece com os dígrafos (rr, ss,
sc, nh, ch etc.). Algumas dúvidas começam a aparecer em relação à grafia de palavras e
expressões como embaixo, em cima.

 Ortográfica

As convenções grafema-fonema já estão mais claras para a criança na fase


ortográfica. Elas já estão lendo e escrevendo com mais segurança e fluência. Assim,
pode-se ter como expectativas que, com o trabalho relacionado à leitura, escrita e
análise linguística, essa criança avance na compreensão de textos cada vez mais
complexos e na distinção de diferentes gêneros textuais.

Como destaca Magda Soares (2013), é preciso, de modo contínuo, integrado e


sistematizado, trabalhar as duas dimensões do ensino-aprendizagem inicial da escrita: a
alfabetização e o letramento.

Material adaptado da Plataforma do Letramento (2013):http://www.plataformadoletramento.org.br/quem-


somos.html
Para saber mais:

Caros alunos, vocês gostariam de aprofundar o assunto que acabamos de


desenvolver? Tenho certeza que vocês irão adorar a minha dica!

Acessem e naveguem na Plataforma do Letramento, esse espaço nasce em


2013 e tem o objetivo de oportunizar reflexão, formação, disseminação e produção de
conhecimento sobre o letramento. A proposta dos organizadores foi a de criar uma
comunidade de referência para educadores, professores, gestores e demais profissionais
que têm se dedicado a assegurar o direito ao pleno acesso ao mundo da escrita para
todos os brasileiros, como garantia do aprendizado ao longo da vida e da participação
ativa e autônoma nas diversas esferas do mundo social.

Disponível: http://www.plataformadoletramento.org.br

No link abaixo vocês encontrarão um INFOGRÁFICO INTERATIVO que vai


apresentar, de forma muito didática e com exemplos, cada uma das três fases iniciais do
processo de aquisição da escrita. Explorem esse espaço e vejam, na prática, como a
criança vai apropriando-se da escrita da língua materna.

Acessem e divirtam-se!!!

http://www.plataformadoletramento.org.br/hotsite/aprendizado-inicial-da-escrita/

1.4– Alfabetizar letrando


A prática pedagógica alfabetizadora na escola deve contemplar uma proposta de
“alfabetizar letrando”. Para que isso ocorra, a aprendizagem do código da escrita deverá
associar-se às práticas sociais. Em uma sociedade letrada, aprender ler e escrever não é
suficiente, é preciso mais... É preciso praticar socialmente a leitura e a escrita,
compreendendo as finalidades decorrentes nos diversos contextos de letramento.
Alfabetizar letrando deverá contemplar múltiplas metodologias para a aprendizagem
inicial da língua escrita (SOARES, 2004a).

O processo da alfabetização envolve situações de ordem psicológica,


psicolinguística, sociolinguística e linguística (SOARES, 2004a), que não podem ser
desconsideradas no tratamento didático do ensino da língua. Diferentes metodologias
poderão ser utilizadas conforme a natureza do trabalho e os objetivos que foram
estabelecidos. Todavia, mesmo sendo diferentes métodos, o objetivo deverá ser o de
atingir as diversas finalidades de apropriação da escrita: a aquisição do sistema
alfabético e, por outro lado, a imersão na cultura escrita por meio dos usos sociais nos
diferentes contextos dos quais participa. Assim, ao aprender a escrever, dois processos
interagem simultaneamente: compreender a natureza do sistema de escrita (que se refere
aos aspectos gráficos); e o funcionamento da linguagem que usamos para escrever (que
são os aspectos discursivos).

Esses dois aspectos da aprendizagem da língua escrita podem ser contemplados


quando se trabalha com textos no processo de alfabetização, tendo em vista que o
desafio de tornar o aluno alfabetizado e letrado decorre da contextualização dos usos da
escrita nas diferentes situações do cotidiano do aluno. Nesse sentido, a alfabetização na
perspectiva do letramento deve priorizar o trabalho com os diversos gêneros textuais.

O trabalho realizado com textos variados e em situações comunicativas


diferentes, dará ao aluno a possibilidade de compreender que a estrutura e a organização
do texto estão relacionadas à função discursiva que eles exercem nas práticas cotidianas
da realidade, ou seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um anúncio de jornal,
um bilhete, um folheto informativo, dentre outros suportes textuais.

Neste sentido, é importante chamar a atenção para algo: a escola deve respeitar a
história de letramento e a variação linguística do aluno no processo de alfabetização,
haja vista que são aspectos de grande relevância para o aprendizado da escrita. A escola
é a instituição social responsável pela transmissão convencional do sistema alfabético,
cujo conteúdo é sistematizado com base na língua culta ou norma padrão. A
compreensão acerca da língua padrão como uma das formas de utilização da escrita,
evidencia o caráter de concepção da língua na perspectiva sociolinguística, pois situa a
maneira de falar com o contexto que se está inserido, assim como o uso que se faz da
escrita.

Vocês já observaram que, de acordo com o papel social que desempenhamos em


um determinado contexto, fazemos uso da fala de diversas maneiras? Não utilizamos a
norma culta o tempo inteiro para nos comunicar, portanto, a escrita apresenta múltiplas
funções ao ser utilizada em casa, na escola, na igreja, no clube, dentre outros espaços
sociais.

Quando a criança chega à escola, traz marcas da escrita, pois ela vive
experiências em família, com amigos e essa oralidade é um dos fatores de construção
das regras internas da língua, necessárias ao desenvolvimento da língua escrita. Esse
conhecimento que a criança traz é o seu repertório cultural e deve ser aproveitado na
escola. As práticas de alfabetização devem partir de situações reais, dos conhecimentos
que o aluno tem acerca da escrita.

Dessa forma, ao abrir espaço para as brincadeiras espontâneas, a exploração do


ambiente, dos materiais, acaba sendo uma forma de potencializar as aprendizagens,
estimulando a curiosidade em relação ao mundo e às múltiplas linguagens (oralidade,
música, desenho, dança etc.). Entre estas linguagens, a escrita é uma das formas de
expressão, criação e comunicação que, na sociedade contemporânea, tem lugar de
relevância.

A criança está integrada na sociedade e imersa nas práticas letradas; a


curiosidade é uma característica importante, pois provoca na criança o desejo de
desvendar o que a escrita representa; e também contribui para que se torne usuária e
criadora nesse sistema. Para apoiá-la nessa descoberta, é fundamental o papel que
desempenha o educador nessa perspectiva sociocultural da alfabetização.

O professor é o mediador da aprendizagem, quem incentiva as diferentes


situações de letramento, é aquele que oferece materiais escritos de qualidade, é quem
promove rodas de leitura e narração de histórias da literatura infantil e de contos
tradicionais, brincadeiras e jogos, práticas reais de escrita ou atividades de faz de conta
(contar e inventar narrativas, imagens, poemas, desenhar cenas imaginárias...). É assim
que o professor irá desenvolver práticas significativas de ensino que possibilitem o
desenvolvimento do aluno acerca do real funcionamento e utilização da escrita.

[...] essa introdução ao mundo da escrita, na escola, não se


caracteriza como um momento inaugural de entrada em um mundo
desconhecido: embora ainda “analfabeta”, a criança já tem
representações sobre o que é ler e escrever, já interage com textos
escritos de diferentes gêneros e em diferentes portadores, convive
com pessoas que leem e escrevem, participa de situações sociais
de leitura e de escrita [...] (SOARES, 1985, p. 69).

O caminho para o sucesso do ensino e aprendizagem inicial da língua escrita é a


articulação e integração de dois processos – alfabetização e letramento – que são
indissociáveis, simultâneos e interdependentes: a criança alfabetiza-se, constrói seu
conhecimento do sistema alfabético e ortográfico da língua escrita, em situações de
letramento.

Como isso acontece? Partindo da interação do contexto em que a criança está


inserida e de material escrito real, e não artificialmente construído. Além disso, é
necessário que o aprendiz participe das práticas sociais de leitura e de escrita para que,
desta maneira, consiga desenvolver habilidades e comportamentos de uso competente
da língua escrita (SOARES, 2004b).

A escrita não rouba a infância, não atrapalha a criança, porque ela faz parte do
mundo do qual deve a escola também fazer parte. Portanto, vocês, futuros(as)
professores(as), pedagogos(as) devem fazer a opção de trabalhar com a linguagem
escrita, e não com a escrita de letras e palavras de forma enfadonha, repetitiva; devem
criar nas crianças a atitude leitora e produtora de texto e, também, devem deixar as
crianças viverem plenamente sua infância e, o mais importante, que elas possam ser
crianças no processo de Alfabetização.

Concluímos nessa Unidade – 2 que o alfabetizar letrando ou letrar


alfabetizando acontece pela integração e pela articulação das várias facetas do processo
de aprendizagem inicial da língua escrita. Esse é, sem dúvida, o melhor caminho para a
superação dos fracassos da escola brasileira nesta etapa da escolarização e é a maneira
correta de dar à criança o acesso efetivo e verdadeiro ao mundo da escrita.

Para saber mais:

Caros alunos, para que vocês tenham mais informações acerca do que é
Alfabetizar letrando, sugiro que assistam à entrevista de Magda Soares. Essa
entrevista é exclusiva para a Plataforma do Letramento e está dividida em três
blocos.

Não percam tempo... Acessem o link indicado e tenham bons momentos de ócio
intelectual.

Disponível: http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-
entrevista/393/magda-soares-discute-como-mediar-o-processo-de-aprendizagem-da-
lingua-escrita.html
Afinal... tenho mencionado Magda Soares no desenvolvimento de nossas aulas
inúmeras vezes e, fiquei pensando: será que os alunos já leram algo sobre ela???

Resolvi facilitar a vida de vocês e trazer algumas informações sobre essa


professora e pesquisadora da Educação.

Magda Becker Soares, 81 anos, aposentada há 14 anos, professora emérita e


uma das criadoras da Faculdade de Educação (FAE) da Universidade Federal de Minas
Gerais (UFMG). È pesquisadora do Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale),
é um dos maiores nomes na área de alfabetização e letramento, com ênfase em ensino-
aprendizagem. Além de sua inquestionável importância no cenário acadêmico, há
muitos anos ela atua como consultora da rede municipal de educação da cidade mineira
de Lagoa Santa, que fica a 35 quilômetros de Belo Horizonte, onde desenvolve um
intenso trabalho ligado à formação de professores da rede pública. É uma profissional
atuante, ministra cursos, faz palestras e, com frequência, recebe prêmios e homenagens
pelo país afora. Entre seus livros, destacam-se: 

Alfabetização e letramento (São Paulo: Contexto, 2004)


Português: uma proposta para o letramento (São Paulo: Moderna, 2002)
Letramento: um tema em três gêneros (Belo Horizonte: Autêntica, 1998)
Metamemória, memórias: travessia de uma educadora (São Paulo: Cortez, 1991) –
autobiográfico.

Sugestões para ampliar o seu conhecimento:


 Artigo: A infâ ncia enquanto categoria estrutural

Autor: Jens Qvortrup
Assunto: Educação, Pesquisa
Disponível: http://www.scielo.br/pdf/ep/v36n2/a14v36n2.pdf

Trata-se de um importante artigo, que considera as crianças como atores sociais


e produtoras de culturas, e a infância como uma categoria da estrutura social. O estudo
desse texto permite compreender que as crianças são competentes e protagonistas em
seus espaços e tempo e, portanto, suas ações e atuações interferem, modificam e
transformam as relações sociais das quais participam. Além disso, a infância é
contemplada como uma geração que tem função e posição na sociedade.

historicidade da infância. O autor inicia suas análises revelando a falta de um


sentido de infância e como ela passa a assumir um lugar nas sociedades modernas. O
livro é rico em detalhes, com base em documentos e fontes iconográficas, e traça uma
descrição e análise da posição da criança através dos séculos.

 Vídeo: A invençã o da infâ ncia


Gênero: Documentário.
Diretora: Liliana Sulzbach
Duração: 26 min. Ano: 2000
Disponível: https://www.youtube.com/watch?v=MxjmezbpBK8

O documentário, um curta-metragem dirigido por Liliana Sulzbach, apresenta, a


partir do ponto de vista de várias crianças brasileiras de diferentes grupos
socioeconômicos, uma reflexão sobre o que é ser criança no mundo contemporâneo.
Problematiza a gênese do conceito de infância e seu desenvolvimento até os dias atuais,
assumindo a ideia de que a infância é, em última instância, uma invenção. O curta
apresenta uma reflexão densa sobre a infância e as desigualdades sociais, defendendo o
argumento de que ser criança não significa, necessariamente, ter infância.
 Vídeo: Territó rio do brincar

Disponível: http://territoriodobrincar.com.br/videos/documentario-territorio-do-
brincar-dialogos-com-escolas/

O Projeto “Território do Brincar” é um trabalho de pesquisa, documentação,


difusão e sensibilização sobre a cultura infantil brasileira, coordenado pela educadora
Renata Meirelles e pelo documentarista David Reeks, e correalizado pelo Instituto
Alana. Os coordenadores do Projeto percorreram o Brasil e visitaram comunidades
rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando, a partir
de um minucioso trabalho de escuta dos repertórios de brincadeiras de crianças de
diversas localidades brasileiras, as culturas da infância em nosso país.

 Se vocês quiserem conhecer outras experiências do Projeto Território


do Brincar, acessem: http://territoriodobrincar.com.br/videos/

Um dos indicadores que permite identificar o nível educacional de uma


população consiste na taxa de alfabetização/ analfabetismo. No caso brasileiro, a
alfabetização vem sendo investigada pelos Censos Demográficos de forma padronizada
desde 1950. Segundo critérios do IBGE, retirados do glossário do livro Síntese de
Indicadores Sociais (2010), temos a seguinte definição da taxa de analfabetismo que,
até a metade do século XX, era a escrita do nome. Logo, considerava-se analfabeta a
pessoa que declarasse não saber escrever o próprio nome.

Após a leitura do fragmento acima, vocês deverão pesquisar quais as mudanças que
ocorreram a partir de 1950 até os dias atuais no que se refere aos indicadores de
alfabetização/analfabetismo no Brasil.

Quais as justificativas para as mudanças ocorridas?

O que vocês entendem por analfabeto funcional?


MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO

Clique no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=mAOXxBRaMSY

1.1 – Conceito de Método

Para LIBANÊO (1994, p.150) o conceito de método é o caminho para atingir


um objetivo. Na vida cotidiana estamos sempre perseguindo objetivos. Mas estes se
realizam por si mesmo, sendo necessária a nossa atualização, ou seja, a organização de
uma sequência de ações para atingi-los. Os métodos são, assim, meios adequados para
realizar objetivos.

Na ENCICLOPÉDIA BARSA (1987, p.37) o conceito de Método diz que é o


conjunto de processo graças aos quais é possível conhecer uma determinada realidade,
produzir determinado objeto ou desempenhar certo comportamento. Nesse sentido
geral, identifica-se com a noção de meio pelo qual se alcança determinado fim. Como
tal, acha-se ligado fundamental ao processo de trabalho e todas as atividades humanas
dotadas de um propósito transformador da realidade.

De acordo com a NOVA ENCICLOPÉDIA BRASILEIRA DE CONSULTAS


E PESQUISAS (1980, p.983), método é a ordem que se segue na procura da verdade,
no estudo de uma ciência, para alcançar um fim determinado.

Fonte: http://www.webartigos.com/artigos/metodos-e-tecnicas-de-alfabetizacao/63002/

1.2 – Conhecendo os Métodos de Alfabetização


O objetivo das constantes buscas por diferentes métodos de alfabetização
sempre foi, e continua sendo, o de encontrar respostas para superar as dificuldades que
as crianças encontram para aprender a ler e a escrever, principalmente quando tratamos
daquelas que frequentam escolas das redes públicas, muitas vezes vivendo em situação
de vulnerabilidade social e tendo pouco ou nenhum contato com a cultura letrada antes
de ingressar nas escolas.

Considerada por muitos como "la maestra de los maestros", a pedagoga argentina
Braslavsky (1971, p. 43-45), considera que os métodos de leitura agrupam-se em dois
grandes grupos:

SINTÉTICOS – São os métodos que levam o aluno a combinar os elementos


isolados da língua: sons, letras e sílabas. A aprendizagem por meio dos métodos
sintéticos estabelece uma correspondência entre o som e a grafia, entre o oral e o
escrito, através do aprendizado por letra por letra, ou sílaba por sílaba e
palavra por palavra. Assim, o ensino da leitura e da escrita deve começar pelos
elementos que compõem a palavra e, à medida que esses elementos são
apreendidos, serão combinados em unidades linguísticas maiores. O aluno
aprende as letras, depois forma as sílabas e, por fim, as palavras e unidades
maiores. Resumindo: a criança parte da leitura dos elementos gráficos (o
alfabético, o fônico, o silábico) à leitura da totalidade da palavra.

 ANALÍTICOS – São os métodos que partem da leitura da palavra, da frase ou


do conto (historieta), para chegar ao reconhecimento de seus elementos: a sílaba
ou a letra. Essa classificação considera tanto a natureza do elemento linguístico
adotado como ponto de partida do processo, quanto às operações cognitivas
envolvidas nessa fase inicial. Os métodos sintéticos apoiam-se na ideia de que a
língua portuguesa é fonética e silábica, de modo que a dedução é a melhor
maneira de dominar a leitura e que a aprendizagem da escrita se dá por meio de
um processo que atente para essa característica. Resumindo: O método
analítico, também conhecido como “método olhar e dizer”, postula que a leitura
é um ato global e audiovisual. Os seguidores do método começam a trabalhar a
partir de unidades completas de linguagem para depois dividi-las em partes
menores. Por exemplo, a criança parte da frase para extrair as palavras e,
depois, dividi-las em unidades mais simples, que são as sílabas.
Os MÉTODOS SINTÉTICOS podem ser divididos em três tipos:

1- Alfabético, ou soletração – É um método que parte da letra isolada para depois


juntá-la a outras, através das sílabas, é um dos mais antigos métodos de alfabetização.
Inicialmente se aprende a conhecer as letras, depois forma as sílabas juntando as
consoantes com as vogais para, depois, formar as palavras que constroem o texto. A
partir daí, a criança começa a ler sentenças curtas e vai evoluindo até conhecer histórias.
Por este processo, a criança vai soletrando as sílabas até decodificar a palavra. Por
exemplo, a palavra pato soletra-se assim p + a = pa / t + o = to = pato. O método
Alfabético permite a utilização de cartilhas; mas é tedioso para as crianças e também
não respeita os conhecimentos adquiridos pelos alunos antes de eles ingressarem na
escola.
Fonte: https://www.google.com

O método alfabético, apesar de não ser o mais indicado pelos Parâmetros


Nacionais Curriculares (PCNs), ainda hoje é bastante utilizado principalmente na região
nordeste do país devido sua simplicidade de aplicação por professores na cartilha do
ABC e alfabetização doméstica. Na década de 1970 e início de 1980 a maioria dos
brasileiros foi alfabetizada pelo método da soletração ou abelhinha através da cartilha
Caminho Suave, da autora Branca Alves de Lima. A cartilha tornou-se o principal
aliado na alfabetização dos brasileiros até a década de 80 devido à facilidade no
aprendizado, quando o construtivismo começou a ganhar espaço no país. Na década de
1995, o Ministério da Educação (MEC) retirou a cartilha de circulação. No entanto,
calcula-se que ainda são vendidas muitas cartilhas, em torno de 11 mil, por ano no
Brasil.

Curiosidade: Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) defendem a


linha construtivista como método de alfabetização. Surgida na década de 80, a partir de
estudiosas da área como Ana Teberowsky e Emília Ferreiro, esta linha defende que a escola
desvaloriza o conhecimento que a criança  tem antes de ingressar no estabelecimento.
A sua ênfase é na leitura e na língua escrita. Os construtivistas são contra a elaboração de
um material único para ser aplicado a todas as crianças, como as cartilhas, e rejeitam a
prioridade do processo fônico. Por este método, as escolas, durante o processo de
alfabetização, devem utilizar textos que estejam próximos do universo da criança.

2- Fônico ou fonético. Primeiro são ensinadas as formas e os sons das vogais. Depois
são ensinadas as consoantes, sendo, aos poucos, estabelecidas relações mais complexas.
Cada letra é aprendida como um fonema que, juntamente com outro, forma sílabas e
palavras. As crianças aprendem as sílabas mais simples e depois as mais complexas. O
método é baseado no ensino do código alfabético de forma dinâmica, ou seja, as
relações entre sons e letras devem ser feitas através de atividades lúdicas para levar
as crianças a aprender a codificar a fala em escrita e a decodificar a escrita no fluxo da
fala e do pensamento. O método fônico surgiu como uma crítica ao método da
soletração ou alfabético.
Fonte: http://pedagogiaaopedaletra.com/wp-content/uploads/2014/04/METODO-FONICO.jpe

3- Silábico ou silabação, este método usa uma ordem de apresentação que é “do mais
fácil para o mais difícil”, das sílabas simples para as mais complexas. O primeiro passo
é conhecer as sílabas para, depois, formar as palavras. As famílias silábicas são
inicialmente compostas por consoante + vogal (ba, be, bi, bo, bu) e elas se juntam com
outras sílabas para formar as palavras. No ensino da escrita, os métodos silábicos
valorizavam o desenho correto das letras, priorizando caligrafia, ortografia, cópia,
ditados e formação de frases. Acreditava-se que, de posse desse conhecimento, podia-se
escrever qualquer texto.
Fonte: https://www.google.com.br

Nos três casos, o processo vai da parte (unidade linguística) em direção ao todo
(palavra), obedecendo a uma ordem crescente de dificuldade. Depois de se reunir as
letras ou os sons em sílabas, o próximo passo é ensinar a ler as palavras formadas por
essas letras, sons ou sílabas; no final do processo a criança aprende as frases, que podem
ser isoladas ou agrupadas.
O método sintético propõe uma aprendizagem que é feita primeiro através de
uma leitura mecânica do texto, por meio da decifração das palavras e, somente depois é
realizada a leitura com compreensão. Como este aprendizado é feito de forma mecânica,
pois envolve muita repetição, o método sintético é considerado pelos críticos muito
cansativo e enfadonho para os pequenos aprendizes, pois é repetitivo e fora da realidade
da criança, que não cria nada, apenas age sem autonomia.

Os MÉTODOS ANALÍTICOS ou GLOBAIS são divididos em três tipos:

1- Palavração, como o próprio nome diz, parte-se da palavra. Primeiro, existe o contato
da criança com os vocábulos em uma sequência que engloba todos os sons da língua e,
depois da aquisição de certo número de palavras, inicia-se a formação das frases. O
aluno aprende as palavras, depois faz a separação em sílabas para a formação de novas
palavras. Dessa forma é proposto que ela acompanhe pequenos textos. O professor
escreve as palavras que pretende trabalhar em fichas, cartazes, no quadro, etc.,
acompanhadas ou não de figuras.
No decorrer da memorização são estudadas as sílabas e as letras que compõem a
palavra. A ordem de apresentação de palavras, quando criteriosamente planejada,
auxilia, substancialmente, o estabelecimento de habilidades de leitura inteligente. Ao
mesmo tempo a atenção é dirigida aos detalhes da palavra com sílabas, letras e sons. E
estes depois reunidos, auxiliam o aluno a enfrentar palavras novas com autonomia de
leitura. No estado de São Paulo, houve uma primazia de cartilhas que partiam das
historietas (ou pequenos contos), observe o exemplo do texto “Olha o palhaço!”.
Fonte: https://www.google.com.br

Assim, partia-se da historieta, passava-se pela sentença, de onde se retiravam


pequenas porções de sentido, destacando-se palavras, que seriam memorizadas e
estudavam-se suas famílias silábicas para a formação de novas palavras.

Os seguintes passos são seguidos:


Fonte: http://pt.slideshare.net/EdeilReisEspiritoSanto/paradigmas-de-alfabetizao-slides-formao-ncleo-
de-alfabetizao-1

2- Setenciação – Neste método o aluno aprende uma sentença, ou seja, uma frase de
acordo com o interesse de todos os alunos, que em seguida é dividida em palavras
que novamente serão divididas em sílabas que uma vez aprendidas serão usadas na
leitura de novas palavras. Portanto, a unidade inicial do aprendizado é a frase, que é
depois dividida em palavras, de onde são extraídos os elementos mais simples: as
sílabas.

Fonte: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0101-32622000000300004&script=sci_arttext
Os seguintes passos são seguidos:

Fonte: http://pt.slideshare.net/EdeilReisEspiritoSanto/paradigmas-de-alfabetizao-slides-formao-ncleo-de-
alfabetizao-1

3- Global – Neste método o professor apresenta ao aluno um texto que é lido em voz
alta após a leitura é destaca uma frase, uma palavra, até chegar às sílabas ou às letras
para formar novas palavras, a ideia fundamental é fazer com que a criança entenda que
ler é descobrir o que está escrito. Também conhecido como conto e estória, o método é
composto por várias unidades de leitura que têm começo, meio e fim, sendo ligadas por
frases com sentido para formar um enredo de interesse da criança. Os críticos deste
método dizem que a criança não aprende a ler, apenas decora.
F
onte: http://slideplayer.com.br/slide/331054/

Muitas escolas e professores que usaram cartilhas acabaram mesclando


princípios metodológicos pertinentes aos dois grupos: esse método ficou conhecido
como ANALÍTICO-SINTÉTICO (ou ECLÉTICO). Partindo da frase para chegar à
palavra e à família silábica, ele toma por empréstimo alguns elementos do método
analítico, sem, no entanto, abandonar as características básicas do sintético: a operação
B + A= BA. Esse método utiliza a imagem para reforçar a letra que está sendo
aprendida, juntando a questão da formação da imagem cinestésica (em que se aproveita
dos sentidos relacionados ao movimento para a criança guardar informações), presente
no método analítico.

Fonte: https://www.google.com.br

Os métodos tradicionais de alfabetização são questionados a partir da década de


1980, tendo em vista o grande número de crianças que apresentavam problemas de
fracasso na alfabetização. É neste período que surge o CONSTRUTIVISMO, baseado
nas pesquisas sobre a psicogênese da língua escrita, desenvolvidas por Emília Ferreiro
e Ana Teberosky, que mudam o enfoque das discussões dos métodos de ensino para o
processo de aprendizagem da criança. Não há que se pensar em um método novo, é
preciso promover uma “revolução conceitual”, relacionada ao desenvolvimento
cognitivo da criança, que redimensionou a graduação das dificuldades. Os métodos para
o processo de alfabetização ficaram de lado e, o uso da cartilha foi muito questionado.
É importante destacar que a busca por uma didática construtivista também
trouxe muitos desacertos, pois, conforme explica Marlene Coelho Alexandroff (2013):

[...] ao identificar e considerar o estágio de desenvolvimento


cognitivo em que está a criança, o seu nível de evolução de escrita,
as operações lógicas nelas envolvidas, muitos se perderam no
intuito de propor atividades que realmente desafiassem as
crianças, independentemente do seu nível de evolução. Confunde-
se o respeito à construção do conhecimento pelo aluno com o não
planejamento do processo de ensino-aprendizagem, deixando-o à
deriva do desenvolvimento da criança, pois pressupunha-se que
esta chegaria sozinha a conclusões sobre a escrita e suas funções a
partir do uso que faz dela (p.5).

O professor seria o mediodor do processo, apenas criaria situações para que a


criança fosse motivada a usar a escrita. Paralelamente, com a divulgação das ideias de
Vygotsky2 da corrente SOCIOINTERACIONISTA. Suas maiores contribuições estão
nas reflexões sobre o desenvolvimento infantil e sua relação com a aprendizagem em
meio social, e também o desenvolvimento do pensamento e da linguagem. Vygostsky
postulava que o processo de apropriação da escrita acontece primeiro nas interações
sociais, para depois ser internalizado pelo aprendiz. Em sua concepção, toda
aprendizagem tem início em uma relação social, na interação com o meio em que se
vive, depois ela vai aos poucos se tornando uma construção individual. Outros estudos e
pesquisas começam a aparecer depois dessa corrente, um exemplo são os estudos sobre
letramento, diferenciando-o da alfabetização que, nessa perspectiva, são processos
simultâneos, mas cada um com suas especificidades, no entanto, alfabetização e
letramento são complementares, inseparáveis e ambos indispensáveis.
Depois de tantas contribuições e questionamentos do construtivismo e do
socioconstrutivismo, hoje estamos buscamos um equilíbrio, os professores precisam
encontram um meio de conciliar a alfabetização e o letramento e, desta forma, assegurar
aos alunos a apropriação do sistema alfabético-ortográfico e a plena condição de uso da
língua nas práticas sociais de leitura e escrita.
As práticas sociais de leitura e escrita devem ser enfocadas pedagogicamente
para que o acesso ao mundo da escrita em todas as dimensões seja real e mais
2
Vygotsky (Lev Semenovitch Vygotsky) nasceu em 1896 na Bielo-Rússia, que depois (em 1917) ficou
incorporada à União Soviética, e mais recentemente voltou a ser Bielo-Rússia. Morreu muito jovem, de
tuberculose, em 1934, antes de completar 38 anos. Foi o primeiro psicólogo moderno a sugerir os
mecanismos pelos quais a cultura torna-se parte da natureza de cada pessoa ao insistir que as funções
psicológicas são um produto de atividade cerebral. Conseguiu explicar a transformação dos processos
psicológicos elementares em processos complexos dentro da história. Vygotsky enfatizava o processo
histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a
aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Para o teórico, o sujeito é interativo,
pois adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio, a partir de um
processo denominado mediação.
democrático. Magda Soares (2004) defende a necessidade de se buscar uma
metodologia que ajude na prática diária do professor em sala de aula, possibilitando
uma sistematização de seu trabalho e a materialização desses dois pontos fundamentais,
acompanhando e orientando o processo da aprendizagem da criança:

Alfabetizar letrando ou letrar alfabetizando pela integração e pela


articulação das várias facetas do processo de aprendizagem inicial
da língua escrita é sem dúvida o caminho para superação dos
problemas que vimos enfrentando nesta etapa da escolarização;
descaminhos serão tentativas de voltar a privilegiar esta ou aquela
faceta como se fez no passado, como se faz hoje, sempre
resultando no reiterado fracasso da escola brasileira em dar às
crianças acesso efetivo ao mundo da escrita (p. 19-22).

A aprendizagem da língua escrita

Claudia Lemos Vóvio, especialista em Linguística Aplicada pela Universidade


Estadual de Campinas (Unicamp-SP), tem larga experiência na área de educação, com
ênfase em: educação de jovens e adultos; alfabetização; letramento; formação de
educadores e currículo. É professora-adjunta da Universidade Federal de São Paulo
(Unifesp), colaboradora do programa de educação de jovens e adultos (EJA) da ONG
Ação Educativa e coautora do livro Viver, aprender: educação de jovens e
adultos (vencedor do Prêmio Jabuti, da Câmara Brasileira de Letras, em 2006, na
categoria material didático).

Na entrevista a que você assistirá abaixo, realizada em junho de 2013, a


pesquisadora, a convite da Plataforma do Letramento, discute as seguintes questões:

 1o bloco - O que é alfabetização? O que é letramento? É possível alfabetizar


letrando? Existe uma idade certa para alfabetizar? Que metodologias e
estratégias podem ser adotadas para o ensino da língua escrita no início do
Ensino Fundamental? E na Educação Infantil?

 2o bloco - Práticas de alfabetização e letramento no ensino regular de crianças:


neste momento, a entrevistada reflete sobre as especificidades do ensino-
aprendizagem da escrita e apresenta dicas de práticas que os educadores podem
desenvolver em sala de aula.

Clique no link abaixo e assista à entrevista:


http://www.plataformadoletramento.org.br/em-revista-entrevista/265/claudia-vovio-a-
aprendizagem-da-lingua-escrita.html

Depois de assistir à entrevista proposta para esta atividade, você, aluno, deverá refletir
acerca do processo de Alfabetização e responder aos questionamentos abaixo:

 Por que é importante a apropriação do sistema de escrita

 Como a criança aprende?

 Como se ensina: ordem metodológica, didática de ensino?

 Qual é a importância do repertório cultural: brincar com as palavras, oralidade,


as cantigas, literatura infantil, brincadeiras infantis que fazem parte do cotidiano
da criança?

NOVAS PERSPECTIVAS DO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA


LEITURA E DA ESCRITA: A PSICOGÊNESE DA LÍNGUA
ESCRITA.

1.3 – Revendo alguns conceitos já desenvolvidos nas aulas


anteriores
No decorrer de milhares de anos, as sociedades humanas buscaram manter e
conservar os seus registros, propagar as informações para as outras gerações, e, para
esse fim, usaram a escrita, que é uma importante ferramenta de comunicação.
No início, a escrita surge da necessidade do homem registrar bens materiais,
principalmente os que envolviam a contabilidade; nesse período, a escrita continha,
basicamente, números e figuras dos objetos que eram contados. Foram muitos séculos
para que as letras e os algarismos chegassem a uma forma convencional que pudesse ser
utilizada de um modo geral, por pessoas das mais variadas camadas sociais e culturais
do mundo.

Os primeiros sistemas de escrita começaram com caracteres, o homem fazia


desenhos de objetos que representavam palavras inteiras, depois essa forma de escrita
evoluiu e o homem começou a observar os sons da fala. Os símbolos, os desenhos que
antes eram usados para representar objetos, passaram a representar as sílabas . Segundo
pesquisas realizadas nesse campo, foram os gregos que inventaram o alfabeto. A
justificativa é que os gregos precisavam de caracteres que representassem as vogais,
pois eles não compreendiam uma escrita apenas consonantal. O alfabeto surge, portanto,
para que eles pudessem escrever as palavras pelos sons das consoantes e das vogais e
isto era considerado como uma tarefa fácil, pois era preciso apenas observar os sons
enquanto se falava. Todavia, era necessário que também houvesse a representação das
palavras, para que fossem lidas posteriormente, já que são elas que trazem os
significados das linguagens e, não apenas as vogais e consoantes.

Segundo o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil -


Documento Introdutório, "as instituições de educação infantil (pré-escolas) cumprem
hoje, mais do que nunca, um objetivo primordial na formação de crianças que estejam
aptas para viver em uma sociedade plural, democrática e em constante mudança (...).
Ela deve intervir com intencionalidade educativa de modo eficiente visando a
possibilitar uma aprendizagem significativa e favorecer um desenvolvimento pleno, de
forma a tornar essas crianças cidadãs numa sociedade democrática" (MED/SEF, 1998).

Vivemos em tempos de avanços e de muitas pesquisas sobre a didática da


alfabetização, nesse contexto, é importante pensar em novos contextos para se ensinar a
ler a escrever. A psicologia considera a escrita como uma complexa habilidade motora,
um sistema particular de símbolos e signos cujo domínio prenuncia um avanço em todo
o desenvolvimento cognitivo e cultural da criança. Durante o processo de aquisição da
escrita a criança passa por fases de organização e momentos de grandes conflitos, os
quais são decisivos no seu processo de alfabetização.

Como já foi mencionado na Unidade - 1, Alfabetização e Letramento, não se


pode desconsiderar os saberes e conhecimentos que as crianças trazem antes de
aprenderem a ler e escrever. A alfabetização é um processo de resolução de problemas
de natureza lógica, para que seja possível compreender de que forma a escrita representa
a linguagem. Ao observarmos as escritas infantis, poderemos facilmente constatar que
cada criança possui um ritmo próprio para apropriar-se da linguagem escrita, essas
características aparecem conforme as crianças evoluem na aprendizagem. Tais situações
colaboram para identificar e analisar as diversas fases do desenvolvimento da escrita,
que já estudamos na Unidade - 2, esclarecendo os motivos que justificam os diferentes
desempenhos das crianças diante de tal processo e quais as intervenção adequadas para
que esse processo aconteça de forma tranquila e em sua plenitude.

A maturidade infantil pode se dar através de um processo interno, ou por meio


de influência social, como pode também ser resultado de ambos os processos. 
Para Emilia Ferreiro (1999), a prontidão para a leitura e escrita depende muito mais das
ocasiões sociais de estar em pleno contato com a língua escrita do que qualquer outro
fator. Vygotsky (1998) defende que a linguagem surge porque a criança necessita se
comunicar com as pessoas do seu meio, com o passar do tempo, ela é internalizada e
começa a ser organizadora do pensamento e transformadora de processos mentais. Em
concordância com o que está proposto, a leitura e a escrita não é um processo
mecanicistas e, sim, algo organizado por um sujeito cognoscente3, que está inserido num
meio que proporciona conflitos, pois assim ele consegue construir seu desenvolvimento.
O processo de alfabetização envolve muitas variáveis de acordo com as habilidades e
conhecimentos individuais.

3
COGNOSCENTE: É aquele que aprende. Mas, aquele que aprende não é apenas o aluno, que sai de
casa com o seu material e uniforme, com dever de casa pronto e vai para a escola para adquirir novos
conhecimentos. O ser que aprende é o todo e não apenas o cognitivo e é aí que a psicopedagogia
conseguiu desatar o nó que havia no momento em que o processo de aprendizagem não ocorria da forma
desejada ou esperada. Este ser é formado por 3 dimensões:

Dimensão Relacional - O ser cognoscente aprende na interação com o meio e com os outros, construindo
sua identidade para alcançar o conhecimento e a autonomia.

Dimensão Cognitiva - A área cognitiva se refere à construção do conhecimento. Aqui nos basearemos
nos estudos de Piaget. O ser constrói o seu conhecimento através de etapas, que se tomam mais
complexas e, cada etapa posterior, conterá dentro dela as anteriores. Para isso é preciso haver a interação
do sujeito com o objeto, pois é aí que se dá o conhecimento. É através da assimilação e acomodação, em
que haverá, então, a transformação do ser. Para Piaget, a inteligência se dá na capacidade de adaptação.

Dimensão Afetiva - Todo evento psíquico é determinado por aqueles que o precederam. Cada um destes
eventos tem um significado e um significante. O sujeito não tem autonomia de seus próprios
pensamentos, o inconsciente e a própria essência da sua vida mental, sendo instituído por moções do
desejo, regido pelos princípios da realidade e do prazer. A dimensão afetiva se articula às demais
dimensões numa totalidade dinâmica, gerando uma ação que organiza e modifica o meio, que termina na
construção do conhecimento e do próprio sujeito cognoscente.

Disponível:http://neuropsicopedagogiaemfoco.blogspot.com.br/2009/08/quem-e-o-ser-o-ser-
cognoscente.html. Acesso: 11 jan. 2016.
Como já visto na Unidade -1, há diferença entre alfabetização e letramento: no
primeiro caso, diz respeito a aprender a ler e escrever; enquanto que, no segundo, há
mais abrangência e exige que o aluno alfabetizado saiba fazer uso das diferentes
práticas sociais de leitura e escrita. Segundo a teoria de Piaget (1961), o sujeito
cognoscente é aquele que procura ativamente compreender o mundo que o rodeia e trata
de resolver as interrogações que ele provoca; é um ser humano livre, tendo em vista que
pode decidir o que fazer de acordo com o seu pensamento. Isto não significa,
obviamente, que o conhecimento esteja isento das interações e convenções sociais.

Sabemos que a criança apropria-se da linguagem escrita antes de entrar para a


escola, pois a língua escrita se constitui em objeto cultural e não somente escolar, sendo
assim, é importante ressaltar que as práticas pedagógicas escolares devem levar sempre
em consideração que “a escrita é importante na escola porque é importante fora da
escola e não o inverso” (FERREIRO, 2003, p.20).

1.4 – Novas perspectivas do processo de aquisição da leitura e da


escrita: a psicogênese4 da língua escrita

"A história da alfabetização pode ser dividida em antes e depois de Emilia


Ferreiro".

(Telma Weisz, ex-aluna de Emilia Ferreiro)

Se, no início da década de 80, os estudos acerca da psicogênese da língua escrita


trouxeram aos educadores o entendimento de que a alfabetização envolve um complexo
processo de elaboração de hipóteses sobre a representação linguística; os anos que se
seguiram, com os estudos sobre o letramento, foram igualmente produtivos para se
chegar à compreensão da dimensão sociocultural da língua escrita e de seu aprendizado.
Esses dois movimentos, nas suas vertentes teórico-conceituais, romperam
definitivamente com a segregação dicotômica entre o sujeito que aprende e o professor

4
Psicogênese (do grego psyche, alma; genesis, origem) é a parte da Psicologia que se ocupa em estudar a
origem e o desenvolvimento dos processos mentais, das funções psíquicas, das causas psíquicas que
podem causar uma alteração no comportamento etc.
que ensina; e acabaram, principalmente, com o reducionismo que delimitava a sala de
aula como o único espaço de aprendizagem.

As pesquisas realizadas por Emília Ferreiro5 e Ana Teberosky6 (1999),


marcaram a história do processo de alfabetização. Ferreiro realizou investigações
científicas que deixaram clara a ideia de que a criança reflete sobre a escrita e reconstrói
o código linguístico. Ela desviou o enfoque do "como se ensina" para o "como se
aprende", colocando a escrita no seu devido lugar – como objeto sociocultural de
conhecimento e, também, tirando da escola o monopólio da alfabetização e colocando
no centro dessa questão o sujeito ativo e inteligente que Piaget descreveu. A ideia de
que o aprendiz precisa pensar sobre a escrita para se alfabetizar era revolucionária.

 Emilia Ferreiro

Segundo a pesquisadora, a alfabetização também é uma forma de se apropriar


das funções sociais da escrita. De acordo com suas conclusões, desempenhos díspares
apresentados por crianças de classes sociais diferentes na alfabetização não revelam
capacidades desiguais, mas o acesso maior ou menor a textos lidos e escritos desde os
primeiros anos de vida.

 Ana Teberosky

“Debater e opinar estimula a leitura e a escrita”.

Para a educadora argentina, nas sociedades em que se valoriza a interação entre as


pessoas e a cultura escrita, o processo de alfabetização é mais eficiente.

5
Emilia Ferreiro nasceu na Argentina em 1936. Doutorou-se na Universidade de Genebra, sob
orientação do biólogo Jean Piaget, cujo trabalho de epistemologia genética (uma teoria do conhecimento
centrada no desenvolvimento natural da criança) ela continuou, estudando um campo que o mestre não
havia explorado: a escrita. A partir de 1974, Emilia desenvolveu na Universidade de Buenos Aires uma
série de experimentos com crianças que deu origem às conclusões apresentadas em Psicogênese da
Língua Escrita, assinado em parceria com a pedagoga espanhola Ana Teberosky e publicado em 1979.
6
Ana Teberosky é uma das pesquisadoras mais respeitadas quando o tema é alfabetização. A
Psicogênese da Língua Escrita, estudo desenvolvido por ela e por Emilia Ferreiro no final dos anos 1970,
trouxe novos elementos para esclarecer o processo vivido pelo aluno que está aprendendo a ler e a
escrever. A pesquisa tirou a alfabetização do âmbito exclusivo da pedagogia e a levou para a psicologia.
Emília Ferreiro não propõe uma nova pedagogia ou apresenta um novo método
de alfabetização, em suas pesquisas ela mostra que o que leva o aprendiz à construção
do código linguístico não é o conhecimento das letras e das sílabas, mas a compreensão
do funcionamento do código. Sua contribuição para o processo de ensino-aprendizagem
é essencial para que o educador observe os diversos níveis conceituais linguísticos da
criança e, com isso, elabore atividades para que ela avance no processo de construção da
escrita alfabética.

Uma das principais consequências das pesquisas e da obra de Emilia Ferreiro na


alfabetização é a recusa ao uso das cartilhas, uma espécie de bandeira que a
psicolinguista argentina defende. Segundo ela, a compreensão da função social da
escrita deve ser estimulada com o uso de textos de atualidade, livros, histórias, jornais,
revistas. Com o uso da cartilha na alfabetização, a criança está em contato com um
universo artificial e desinteressante, pois são situações que, na maioria das vezes, não
fazem parte do seu cotidiano; além de apresentar sentenças isoladas e sem significado,
descontextualizadas, seguidas de uma lista de palavras escolhidas em razão de uma
simples montagem silábica.

Muito antes de a criança ler a palavra, ela lê o mundo. Ela tudo já conhece por
meio dos gestos, olhares, expressões faciais, do cheiro, do tato, do olfato, ou seja, a
partir da construção de sentidos e significados sociais e individuais, pois é dessa
maneira que ela elabora suas hipóteses, tendo como base a sua experiência de vida.

Para que a criança aprenda a ler e escrever ela precisa compreender não apenas o
que a escrita representa, mas também de que forma ela representa, graficamente, a
linguagem. Seu interesse e curiosidade irão aflorar se os textos apresentados tiverem
relação com a realidade que ela vive e conhece e se a função social do registro escrito
estiver clara. Nesse contexto, é importante favorecer a junção da leitura da palavra com
a leitura do mundo. Segundo Ferreiro (1999), a criança alfabetiza-se de acordo com os
estímulos e o meio em que está inserida. A sala de aula deve ser um ambiente
alfabetizador.

1.5 – Sala de aula vira ambiente alfabetizador


Escrever e tentar ler a própria escrita é um ótimo desafio quando ainda não se
sabe ler. Ao escrever é preciso tomar decisões sobre quantas e quais letras utilizar.
Logo, quando a criança tentar ler a própria escrita, ela precisa justificar para si e para os
outros as escolhas que foram feitas. É isso que faz da alfabetização um processo de
análise e reflexão sobre a língua e não apenas de memorização.

“Nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo de


conceber o processo de aprendizagem e objeto dessa aprendizagem. Então, o professor
deverá adaptar seu ponto de vista ao da criança”.

(FERREIRO,1999)

“Quem tem muito pouco, ou quase nada, merece que a escola lhe abra horizontes”.

(FERREIRO,1999)

Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/alfabetizacao-inicial/estudiosa-revolucionou-
alfabetizacao-423543.shtml

As hipóteses iniciais na construção da escrita das crianças, já apresentadas na


Unidade 2, no item 1.3 – Aprendizado inicial da escrita, foram desenvolvidas pelas
autoras Emília Ferreiro e Ana Teberosky, tendo como bases os resultados obtidos por
meio de um estudo e experiências baseados na exploração da escrita realizada por
crianças. O conhecimento das hipóteses de escrita não deve se transformar em um
recurso para rotular os alunos, tampouco em critérios para a formação de classes
supostamente homogêneas. A interação e o convívio de alunos que apresentam
diferentes níveis de conhecimento são fundamentais para oportunizar a troca de
informações e o confronto de ideias, que favorecem a aprendizagem.

As novas perspectivas do processo de aquisição da leitura e da escrita rompem,


definitivamente, com a divisão entre o “momento de aprender” e o “momento de fazer
uso da aprendizagem”, os estudos e pesquisas desenvolvidos pela linguística propõem a
articulação dinâmica e reversível entre “descobrir a escrita” (conhecimento de suas
funções e formas de manifestação), “aprender a escrita” (compreensão das regras e
modos de funcionamento) e “usar a escrita” (cultivo de suas práticas a partir de um
referencial culturalmente significativo para o sujeito).
O esquema abaixo pode colaborar para a compreensão dessa integração das
várias dimensões do aprender a ler e escrever no processo de alfabetizar letrando:

Diante de uma realidade onde cada aluno aprende de uma maneira, com
dificuldades pró prias e que cada escola apresenta uma realidade diferente, torna-
se fundamental que se conheça as necessidades da clientela para que, assim, haja
orientaçã o eficaz na atuaçã o dos professores alfabetizadores e a escola possa
elaborar o projeto pró prio para atender as necessidades dos alunos.
A escola deve ser um espaço de oportunidade, pois os alunos quando lá chegam
já trazem um histórico de convívio social das mais diversas situações. É dever da escola
contribuir para ampliar esses conhecimentos, o vocabulário do aluno, além de ensiná-lo
a organizar suas ideias, trocar informações e opiniões e produzir textos orais na
interação diária. À escola cabe oportunizar o conhecimento formal, por isso a
importância da diversidade textual, da leitura compartilhada, de diferentes gêneros
textuais, dos materiais concretos, da interdisciplinaridade propiciando a integração das
diferentes áreas do conhecimento como saber falar e ouvir. Todo este trabalho propicia
o letramento, a construção da escrita alfabética.

Sobre alfabetização e letramento, Soares (1998, p. 37) faz a seguinte reflexão:


Se alfabetizar significa orientar a própria criança para o domínio
da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das
práticas sociais de leitura e escrita. Uma criança alfabetizada é
uma criança que sabe ler e escrever, uma criança letrada [...] é uma
criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer da
leitura e da escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes
suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias
[...]. Alfabetizar letrando significa orientar a criança para que
aprenda a ler e a escrever levando-a a conviver com práticas reais
de leitura e de escrita. 

Alfabetizar letrando é ensinar a criança a ler e a produzir textos em uma situação


real de comunicação, para isso é preciso organizar o trabalho pedagógico a fim de que
os alunos experimentem e vivenciem a prática da leitura e da produção de textos
diversos na sala de aula. Alfabetizar na perspectiva do letramento implica substituir as
práticas engessadas das cartilhas e dos livros didáticos por situações reais de uso dos
diferentes gêneros e tipos textuais que estão presentes no cotidiano. Essa mudança vai
permitir deixar de lado as práticas tradicionais de ensino e passar a utilizar as práticas
que façam sentido para o aluno, concedendo-lhe o direito de usufruir da escrita como
bem cultural, em que ele se torne um sujeito mais participativo, crítico e consciente,
capaz de exercer plenamente a sua cidadania.

Como diz Soares (1998, p. 38), “aprender a ler e a escrever e fazer uso da leitura
e da escrita transforma o indivíduo e o leva a outro estado ou condição sob vários
Para saber mais:
aspectos: social, cultural, cognitivo, linguístico”.

 Assistam ao vídeo com a entrevista de


Emilia Ferreiro:

https://www.youtube.com/watch?v=WF5S9Ic4nmY

 Leiam a entrevista de Ana Teberosky, concedida à revista Nova


Escola, em que ela discorre sobre alfabetização.

Acessem o link:

http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/debater-
opinar-estimulam-leitura-escrita-423497.shtml?
utm_source=redesabril_novaescola&utm_medium=facebook&utm_campaign=r
edesabril_novaescola
Referências

FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto Alegre:


Artes Médicas Sul, 1999.

FERREIRO, Emilia. Com todas as letras. 11 ed. São Paulo: Cortez, 2003.

MINISTÉRIO da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental.


"Introdução". Referencial curricular nacional para educação infantil.  Brasília, v.1,
MED/SEF, 1998.
PIAGET, Jean. A linguagem e o pensamento da criança. Rio de Janeiro: Fundo de
Cultura, 1961.

SOARES, Magda B.. Letramento – um tema em três gêneros. Belo Horizonte:


Autêntica, 1998.

VIGOTSKY, L. S. A formação social

Atividade

Até por volta do século XII, a arte medieval desconhecia a infância ou não
tentava representá-la. É difícil crer que essa ausência se devesse à incompetência ou à
falta de habilidade. É mais provável que não houvesse lugar para a infância nesse
mundo.

(ARIÈS, P. História Social da Criança e da Família. Tradução: Dora Flaksman. 2. ed. Rio de Janeiro:
LTC, 1981, p. 50)

 Considerando as ideias apresentadas no texto acima, redija um texto dissertativo


(10 linhas, no máximo) acerca do seguinte tema: A infância: sua representação
e processo educativo.

 Em seu texto, aborde os seguintes aspectos:

a) transformações do conceito de infância;

b) compreensão da especificidade da infância;

c) representação das crianças nas obras de arte do século XII.

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