Manual Detalhamento Techsteel

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2020

Curso de Detalhamento
Fundamentos e Prática atual

Eng. Bernardo Rath Garcia


1-1

Capitulo 1 – Introdução

O objetivo deste trabalho é fornecer informações teóricas de embasamento aplicadas à


realidade atual de detalhamento, ou seja, incluindo e entendendo como funcionam as
ferramentas atuais de detalhamento. Também serão apresentadas práticas e recomendações
para o processo e gerenciamento do detalhamento.

Como em qualquer área da engenharia, existem padrões e nomenclaturas próprias do


mercado de estruturas metálicas. Estas padronizações e nomenclaturas ajudam o
entendimento dos projetos, sejam eles feitos por escritório de projeto ou fabricante. A
padronização de desenhos, que segue a norma americana do AISC, tem sofrido adaptações e
simplificações por conta das tecnologias atuais de projeto.

Atualmente, os detalhamentos são feitos utilizando-se softwares 3D capazes de aumentar a


produtividade e confiabilidade do projeto final. Os desenhos e demais informações são
enviadas eletronicamente, o que confere agilidade. Mas todas estas “novidades” escondem
algumas armadilhas, que vamos discutir nas recomendações e boas práticas de projeto.

O aço e suas características


O aço é um composto de ferro e outros metais que lhe conferem propriedades tais como alta
resistência mecânica e ductilidade (capacidade de se deformar). O aço usado para estruturas
são produzidos pelas siderúrgicas (Arcelor Mittal, Usiminas, CSN, Gerdau e outras) e chegam às
fábricas para serem trabalhadas.

Existem diferentes tipos de aço disponíveis no mercado, e é muito importante definir


adequadamente quais devem ser usados nas peças que detalhamos. Esta importância ficará
evidente quando discutirmos a elaboração das listas de materiais, que sempre incluem uma
coluna discriminando a qualidade do aço utilizado para cada item.

Entre as propriedades do aço, as mais comuns e necessárias ao detalhamento são:

a. Massa específica: 7.850Kg/m3


b. Módulo Elasticidade E = 200.000 MPA

A NBR 7007 tem por objetivo estabelecer requisitos mínimos para os aços carbono e os
chamados aços microligados, laminados a quente para aplicação em perfis para uso
estrutural. Os aços abrangidos por essa norma são classificados segundo suas
propriedades mecânicas, nos seguintes graus: o aço carbono NBR 7007 grau MR 250 e
os aços microligados NBR 7007 grau AR 350, NBR 7007 grau AR 415 e NBR 7007 grau AR
350 COR.

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Propriedades mecânicas e equivalências com a ASTM

Classificação dos aços estruturais pela ASTM:

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Classificação dos aços estruturais pela NBR:

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Terminologias em estruturas metálicas


Como dissemos antes, cada área possui suas terminologias e padrões. É importante entender
as principais terminologias usadas no mercado de estruturas metálicas.

Abaixo um modelo didático para demonstrar nomenclaturas e representações de filas e eixos :

Planta de cobertura:

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Etapas de projeto
Os projetos, desde sua idealização, passam normalmente pelas seguintes etapas:

a. Projeto de Arquitetura
b. Projeto Estrutural (Básico/Executivo)
c. Detalhamento de Fabricação

O projeto estrutural, conforme necessidade da obra pode ter padrões de apresentação e


quantidades de informações diferentes. Normalmente são divididos em:

a. Projeto unifilar: Projeto mais simples, mas que determina a geometria, perfis, lista de
material com peso previsto para obra e notas gerais para a estrutura;
b. Projeto executivo: Bem mais elaborado, estuda as interferências a fundo, determina
todas as ligações (ou critérios para as ligações) da obra, listas de material e demais
informações necessárias ao desenvolvimento do detalhamento e fabricação.

Arquitetura

Cálculo
Estrutural

Projeto básico

Detalhamento
Fabricação

Fabricação
Montagem
(Corte, furação e
(Diagramas)
solda)

O projeto de detalhamento, que é nosso objetivo, deve ser completo e possuir 100% das
informações necessárias para compra dos materiais, fabricação das peças e para montagem
para a obra.

O escopo de serviços deve ser sempre bem definido no início dos trabalhos, mas o usual de
mercado é que o detalhamento deve seguir o projeto executivo, sem precisar buscar
informações junto à implantação, equipamentos ou arquitetura da obra. Estas informações e
interfaces são resolvidas pelo projeto executivo.

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O projeto de detalhamento fornece informações para todas as etapas de fabricação,


transporte e montagem das estruturas:

Compra de matéria prima antecipada, responsabilidade do projeto


Como já vimos, as fábricas não produzem o aço. Elas fabricam as estruturas utilizando perfis e
chapas fabricadas pelas siderúrgicas. Para isso, estes materiais devem ser comprados com
antecedência, de forma a não interromper o processo de fabricação por falta de material.

O projeto básico já fornece uma lista de material que pode ser usada para o provisionamento,
mas é comum que as fábricas precisem de uma lista mais detalhada para efetuar as compras.
Uma forma comum de se obter uma lista de compra antecipada, é a partir do modelo 3D da
estrutura. Finalizada a etapa de modelagem, os programas atuais fornecem listas detalhadas e
com grande confiabilidade.

Os parafusos de ligação também devem ser comprados com antecedência. No entanto, não é
possível ter uma lista de compra dos parafusos até que tenhamos todo o detalhamento
executado.

Processos de fabricação
A matéria prima (perfis e chapas) passa por vários processos que as transformam em peças da
estrutura final. Para todas estas operações, são utilizadas informações oriundas do
detalhamento de fabricação.

Embora o processo de fabricação seja mais complexo do que estamos colocando aqui,
podemos resumir esta operação em :

a. Corte: Operação que deixa perfis no comprimento correto e chapas na forma


necessária. O comprimento das peças e detalhes de corte são determinados pelo
detalhamento.
b. Furação: Os furos, necessários para as ligações parafusadas, são definidos (localização
e diâmetros) pelos desenhos de detalhe.
c. Solda: As peças das estruturas são normalmente formadas por mais de um elemento,
que devem ser soldados para formar o conjunto. O detalhamento define como
posicionar os elementos e que solda deve ser usada.

Operações como preparação, jateamento e pintura são inerentes ao planejamento de


fabricação e normalmente não são preocupações do detalhamento. Exceção ao caso onde
existem algumas limitações por conta do processo de pintura ou galvanização. De qualquer
forma, não entraremos nestes detalhes aqui.

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Processo de detalhamento
O processo de detalhamento de fabricação, utilizando-se ferramentas de modelagem 3D,
atualmente pode ser esquematizado da seguinte forma:

Modelagem
3D

Resolução de
pendências

Verificação

Desenhos de Desenhos de
Fabricação Montagem

Verificação Verificação

Envio Cliente Envio Cliente

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Capítulo 2 Desenho técnico de estruturas metálicas

Noções de desenho técnico


O desenho de estruturas metálicas possui poucas e intuitivas regras de representação que
permitem uma leitura clara dos desenhos.

Os perfis e chapas são desenhados com linha contínua que representam seu contorno. O
desenho de linhas escondidas (tracejadas) é necessário para ajudar a identificar os perfis e
suas composições.

A representação de peças mecânicas exigem 3 projeções ortogonais. A vista de frente, de cima


e de lado :

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Reparem na peças abaixo, representadas em 3 vistas :

As furações, dependendo da vista que está sendo representada, será um círculo ou a projeção
do furo :

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As dimensões em estrutura metálicas são sempre em milímetro, e não se utilizam casas


decimais. Ou seja, a precisão exigida para as peças é de até um milímetro. Para indicar as
dimensões e posicionamentos, utilizamos as cotas :

As cotas devem ser colocadas de forma que sejam lidas da esquerda para direita, e de baixo
para cima.

As cotas nos rebatimentos, complementam as informações de fabricação das peças :

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Erros comuns de cotagens :

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Vistas Ortogonais (Projeções Ortogonais)

Projeção 1º Diedro (Sistema SI)

Projeção 3º Diedro (Sistema Norte Americano)

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Exemplo de desenhos em 3º diedro

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Representações gráficas para estruturas metálicas


As estruturas metálicas são compostas de chapas, perfis e elementos de conexão. Para o
detalhamento de fabricação, é necessário conhecer e saber representar adequadamente todos
estes tipos de elementos.

O materiais utilizados na fabricação de estruturas metálicas podem ser classificados da


seguintes forma :

Materiais

Chapas Perfis

Chapas Grossas Laminados

Chapas Finas a Soldados


Frio

Chapas de Piso Dobrados

Chapas Finas a
quente

Chapa Zincada

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1. Chapas
As chapas são representadas com seu contorno. Possuem duas dimensões que correspondem
ao retângulo que envolve a chapa e uma bitola, que é sua espessura. As espessuras de chapas
podem ser representadas em polegadas ou em milímetros (mm).

Exemplo de chapa :

Notar que :

a. Estão definidas as duas dimensões principais da chapa (497 x 260)


b. O desenho possui as cotas auxiliares que definem os recortes da chapa
c. Especificada a bitola (espessura) da chapa, temos 100% das informações necessárias
para a fabricação desta chapa.

Exemplo de chapa com furação :

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Exemplo de chapa com furação e dobra :

Chapas (Laminados planos)


Os produtos laminados são classificados pela ABNT segundo as normas da ABNT NBR 11888 e
11889.

Normas de fabricação para qualidade estrutural :

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Propriedades mecânicas :

Chapas Grossas
São produtos oriundos do laminador de chapas grossas (LCG) e do laminador de tiras a quente
(LTQ). São fornecidos nas espessuras de 1/4” a 4” nas larguras de 1000mm a 2440mm.

Chapas Finas a Frio


Produto laminado a frio com espessuras que variam de 0,45mm a 1,90mm e larguras
entre 1000mm e 1500mm.

Chapas de Piso (Xadrez)


Produto laminado com detalhes em alto relevo, utilizadas para pisos em geral. São
produzidas nas espessuras de 0,30mm a 9,5mm e na largura de 1200mm. As chapas de piso
são fornecidas em qualidade comercial, portanto sem garantia de composição química ou

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propriedades mecânicas. Mediante acordo prévio poderão ser fornecidas segundo normas
estruturais com o limite de resistência inferior a 490MPa (LR < 490MPa).

Chapas Finas a Quente


Produto oriundo do laminador de tiras a quente. São produzidas nas espessuras de 1,20mm
a 4,75mm e na largura de 1000mm a 1500mm.

Chapas Zincadas
Produto laminado a frio e revestido integralmente com uma camada de zinco pelo
processo de imersão a quente. São produzidas nas espessuras de 0,35mm a 1,95mm e na
largura de 1000mm a 1500mm.

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2. Perfis Laminados
Os Perfis laminados são comprados prontos, conforme padronização de fabricação das usinas
siderúrgicas. Os perfis laminados principais em função da sua seção transversal são :

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Representações gráficas dos perfis :

O perfil “I” é composto por duas “flanges” e uma “alma”.


Para o caso dos perfis laminados, as flanges sempre
possuem a mesma largura e espessura.

As flanges também são chamadas de mesas

Deve-se procurar representar peças com perfil “U” através da Vista “B” acima, ou seja, sempre
visto de costas. Isto para que fique mais rápida a leitura e diferenciação em relação aos perfis
tipo “I”.

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Vamos apresentar os principais perfis laminados utilizados para estruturas metálicas no


mercado nacional.

Barras redondas
Muito utilizadas na fabricação de chumbadores e contraventamentos. As barras redondas
são produzidas por laminação com aços de acordo com a norma brasileira NBR 7007 /
MR250 (ASTM A36) para fins estruturais e de serralheria. Também podem ser produzidas
segundo as normas SAE 1010 / 1020 / 1045 para fins mecânicos.

Barras Chatas
As barras chatas são laminadas com aços produzidos de acordo com a norma brasileira NBR
7007 / MR250 (ASTM A36) para fins estruturais e de serralheria. Também podem ser
produzidas segundo as normas SAE 1020 / 1045 / 1060 e 1070. As principais aplicações são na
mecânica em máquinas e equipamentos e na indústria mecânica em geral. São fornecidas no
comprimento de 6,0m.

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Cantoneiras de abas iguais


As cantoneiras são laminadas com aços produzidos de acordo com a norma brasileira NBR
7007 / MR250 (ASTM A36) para fins estruturais e de serralheria. Também podem ser
produzidas segundo as normas NBR 7007 / AR350 / AR415 e AR350 COR. As principais
aplicações são em estruturas metálicas e equipamentos e na indústria mecânica em geral.
São fornecidas no comprimento de 6,0m.

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Veja detalhes no Anexo – Tabelas de perfis

Perfil U padrão americano


Os Perfis U são laminados com aços produzidos de acordo com a norma brasileira NBR
7007 / MR250 (ASTM A36) para fins estruturais, maquinário, rodoviários, agrícolas e de
serralheria. Também podem ser produzidas segundo as normas NBR 7007 / AR350 / AR415
e AR350 COR. As principais aplicações são em estruturas metálicas e equipamentos e na
indústria mecânica em geral. São fornecidas no comprimento de 6,0m.

Ver tabela de perfis para mais detalhes.

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Perfil “I” padrão americano


Os Perfis I são laminados com aços produzidos de acordo com a norma brasileira NBR 7007
/ MR250 (ASTM A36) para fins estruturais, maquinário, rodoviários e agrícolas. Também
podem ser produzidas segundo as normas NBR 7007 / AR350 / AR415 e AR350 COR. As
principais aplicações são em estruturas metálicas e equipamentos e na indústria
mecânica em geral. São fornecidas no comprimento de 6,0m.

Perfil “I” e “H” de abas paralelas


Os Perfis I e H de abas paralelas são laminados com aços produzidos de acordo com a
norma brasileira NBR 7007 / MR250 (ASTM A36) para fins estruturais, maquinário,
rodoviários e agrícolas. Também podem ser produzidas segundo as normas NBR 7007 /
AR350 COR. As principais aplicações são em estruturas metálicas e equipamentos, na
indústria mecânica em geral e principalmente na indústria da construção civil. São
fornecidos no comprimento de 6,0 a 24,0m sob consulta.

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Tubos de seção circular e retangular


Os tubos estruturais são fabricados principalmente pela Vallourec Mannesmann nas seguintes
qualidades :

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3. Perfis Soldados
Os perfis soldados, são montados através de chapas. O caso mais comum é o perfil “I” soldado.

Os perfis soldados (PS) podem ser descritos através da sua altura “H” e do seu peso unitário
(PS400x60 Kg/m) ou através de suas medidas, obedecendo a ordem PS H x B x tf x tw
(PS600x300x1/2”x1/4”). Existem perfis soldados tabelados, do tipo “VS”, “CVS” e “CS” que
normalmente são descritos pela altura e peso (VS 600 x 95, CS 450 x 154, etc...)

A representação gráfica é a mesma para perfis “I” laminados :

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4. Perfis Dobrados
Estes perfis são feitos a partir de tiras de chapas dobradas, formando a seção transversal
necessária ao projeto. As formas mais comuns são :

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5. Cálculo de pesos

Cálculo de peso unitário (Kg/m)


A fórmula para cálculo do peso unitário de perfis é :

Peso (kg / m)  Area (cm 2) x0,785

Para unitário de chapas (Kg/m2) :

Peso (kg / m2)  Espessura (mm) x7,85

Perfis Laminados
Para perfis laminados o peso unitário é sempre tabelado e muitas vezes faz parte da
própria descrição do perfil (Ex. W530x66,0 – significa que pesa 66 Kg/m). Deve-se ter
o cuidado especial para as unidades, uma vez que o comprimento dos perfis é dado em
mm e o peso em Kg/m.
Exemplos :
 W530x66 x 4560mm = 301 Kg (66 Kg/m x 4,56m)
 L2.1/2”x3/16¨ x 2340mm = 11 Kg (4,57 Kg/m x 2,34m)

Perfis Soldados
Muitos perfis soldados são tabelados, o que torna o cálculo de peso similar ao dos perfis
laminados. Para os casos de perfis não tabelados, calcula-se o peso unitário da seguinte
forma :

a) Calcula-se a área da seção transversal em cm2 : Area = 16 x 1,6 + 20 x 1,2 +


22,2 x 0,6 = 62,92 cm2
b) Multiplica-se a área por 0,785 (já que o peso específico do aço é de 7.850

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Kg/m3) : Peso = 62,96 x 0,785 = 49,42 Kg/m

Perfis dobrados
De forma similar aos perfis laminados, calculamos a área em cm2 e multiplicamos por
0,785 para obter o peso unitário em Kg/m. Existe porém uma peculiaridade no cálculo
da área transversal dos perfis dobrados que considera o esticamento da chapa para cada
dobra feita. O processo de cálculo é o seguinte :

a) Calcula-se a soma das dimensões do perfil : L = 5 + 15 + 5 = 25cm


b) Subtrai-se para cada dobra, 2 vezes o valor da espessura : L1 = 25 – 2 x (2 x 0,3)
= 23,80cm
c) Multiplica-se pela espessura para obter a área : A = 23,80 x 0,30 = 7,14 cm2
d) Multiplica-se a área por 0,785 : Peso = 7,14 x 0,785 = 5,61 Kg/m

Chapas
O peso unitário das chapas é em Kg/m2 ao invés de Kg/m como nos perfis. Pode-se
calcular o peso unitário de uma chapa multiplicando-se sua espessura em mm por 7,85
(Ex.: CH 1/4” Peso = 6,35 mm x 7,85 = 49,8 Kg/m2 )

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Desenhos de peças metálicas


No desenho das peças, deve-se lembrar dos seguintes itens obrigatórios :

a. A representação gráfica do perfil (como mostrado anteriormente), que indica o tipo de


perfil e se a visualização é de cima, de lado, etc... Como vimos anteriormente, apenas a
representação gráfica, não é suficiente para determinarmos qual o perfil desenhado
(qual a diferença entre a representação de um tubo retangular e de um tubo
redondo?). Por isso sempre escrevemos, junto ao desenho, qual a bitola do perfil ou
chapa;
b. As cotas de corte. Um perfil possui no mínimo uma cota, que determina o seu
comprimento. Uma chapa possui no mínimo duas cotas, a altura e largura.
Adicionalmente, haverão recortes e formatos diferentes, e deve-se colocar tantas
cotas quanto forem necessárias para que a fábrica possa cortar o perfil ou chapa
corretamente.
c. As cotas de furação. Todos os furos das peças devem estar cotados adequadamente.
d. Diâmetro dos furos.
e. As cotas de montagem. Necessárias para os conjuntos. Depois de fabricadas as peças
isoladas, estas cotas devem determinar como posicionar uma peça em relação a outra
para soldagem.
f. As indicações de solda. Todas as peças de um conjunto são soldadas entre si, e o
desenho deve especificar esta solda.

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Passo 1 - Representação gráfica do perfil e bitola


Notar abaixo que estão representados perfis e chapas conforme convenção mostrada
anteriormente, lembrando da inclusão da bitola de cada peça. Notar que estas peças possuem
recortes e furações.

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Passo 2 - Cotas de fabricação ( corte )


Todas as cotas são em milímetros, e não se usam casas decimais. Notar que apesar do perfil
“I”, “U” e da cantoneira terem comprimentos muito diferentes, eles estão representados com
o mesmo tamanho no desenho. Isto porque, para perfis, usa-se uma escala apenas para a
altura e não para o comprimento. O comprimento do desenho deve ser o suficiente para se
indicar com clareza os recortes e furações. Notar também que para os perfis não estão cotadas
as alturas. Elas não devem ser cotadas, os perfis já possuem uma altura que vem da usina e
esta informação é desnecessária e redundante para fabricação. Já para a chapa, usa-se a escala
na altura e comprimento e deve-se cotar todas as dimensões de corte.

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2-29

Passo 3 - Cotas de furação e diâmetro dos furos

Abaixo, veja um exemplo de cotas de uma viga, incluindo as cotas de furação :

Notar nas cotas acima :

a. O desenho acima já obedece as exigências de representação, bitola e cotas de corte;


b. Cota-se sempre o centro dos furos;
c. Todos os furos possuem a definição do seu diâmetro. Quando se coloca a indicação do
diâmetro de furo nas linhas de furação, significa que os furos contidos nesta linha
possuem este diâmetro;
d. Estão cotados os furos no sentido horizontal e vertical;
e. As cotas que determinam as linhas de furação na horizontal são cotadas de cima para
baixo. Da mesma forma que não se cota a altura da viga, cota-se as linhas de furação
na horizontal sem completar a cota até a parte de baixo da viga;
f. No sentido longitudinal da viga, cota-se entre furos e fornece-se as cotas acumuladas;
g. As cotas em projeção ( nas mesas da viga ), possuem uma indicação “G=50”. Isto
significa : “Gabarito de furação de 50mm” (veja abaixo a interpretação de gabarito de
furação)

Os gabaritos de furos, quando indicados nos furos em projeção de perfis, devem ser
interpretados da seguinte forma :

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2-30

Uma outra forma de representar a mesma viga, sem o uso do gabarito seria :

Em alguns casos, as linhas de furos são inclinadas :

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Notar no desenho acima :

a. O desenho acima já obedece as exigências de representação, bitola e cotas de corte;


b. O diâmetro dos furos está indicado;
c. Está definida a inclinação dos furos através do triângulo (1000x1000). Sempre que
houver uma linha de referência inclinada, deve-se mostrar o ângulo,
preferencialmente usando-se o triângulo com um dos lados igual a 1000.
d. Define-se as linhas de trabalho (tracejadas) e o ponto de trabalho (P.T.), que é um
ponto de construção das peças, normalmente a interseção entre eixos de perfis. A
peça está posicionada em relação ao PT e às linhas de trabalho;
e. Além da locação da linha de trabalho inclinada, determina-se a posição dos furos
iniciais e finais de cada linha em relação às dimensões da chapa;
f. Não é necessário a cota horizontal e vertical de todos os furos. Além de poluir o
desenho,

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2-32

Critérios para levantamento de peso em projetos básicos


Todo projeto básico de estruturas metálicas deve possuir uma lista de material resumida,
incluindo o peso previsto para cada material e uma previsão de peso para as ligações.

Os critérios para levantamento de peso são :

a. Cada peça (viga, coluna, contravento, etc...) terá seu peso calculado considerando-se
sem comprimento teórico. Despreza-se os recortes que serão feitos para ligações.
b. Chapas de piso e grades são levantados pela área de cobertura, sem levar em conta
pequenos recortes e ajustes.
c. O peso de elementos de ligação (chapas, cantoneiras, parafusos, etc...) é estimada
como 10% do peso teórico dos perfis.
d. Devem ser levantadas individualmente ( não incluso no percentual acima) chapas de
base de colunas pesadas ou casos especiais onde o peso seja significativo.
e. Não se faz estimativa de parafusos no projeto básico.

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2-33

Exercícios
Exercício 1 : Desenhe abaixo (mão livre e sem escala) as seguintes
peças metálicas e indique o seu peso:
a. Cantoneira L102x9,5x 1.000
b. U8”x17,10x2.000
c. W150x13x500
d. PS200x100x9,5x6,3x10500
e. CH1/2”x150x300
f. U100x50x3,0x6000

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2-34

Exercício 2 : As peças abaixo precisam ser cotadas para fabricação.


Adote dimensões quaisquer e informe as cotas necessárias para
fabricação.

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2-35

Exercício 3 : Desenhe a mão livre, o corte indicado nas figuras abaixo :

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3-1

Capítulo 3 – Elementos de conexão : Parafusos e soldas

Ligações parafusadas

Tipos de parafusos
Os principais tipos de parafuso são:

a. Parafusos comuns ASTM A307 : São parafusos de custo mais acessível, utilizados em
conexões de menor responsabilidade tais como ligações de terças e longarinas, fixação
de guarda-corpo, estruturas secundárias ou com baixa carga.
b. Parafusos de alta resistência ASTM A325 ou ASTM 394 : São utilizados em ligações de
maior responsabilidade, tal como emendas de peças estruturais, ligações de treliças,
ligações de colunas e vigas, etc...

As dimensões segundo o ASTM para os parafusos de alta resistência são :

Parafuso F (mm) H1 (mm) T (mm) W (mm) H2 (mm)


1/2” 22 8 25 22 12
5/8” 27 10 32 27 15
3/4” 32 12 35 32 19
7/8” 37 14 38 37 22
1” 41 15 45 41 25

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3-2

Dimensão dos furos


O diâmetro de furação para cada bitola de parafuso é padronizada como segue :

Parafuso Furo (mm)


1/2” (12,7mm) 14,50
5/8” (16mm) 18
3/4” (19mm) 21
7/8” (22mm) 24
1” (25,4mm) 27

Note que o tamanho dos furos é sempre um pouco maior que o diâmetro do parafuso, isto
para que haja uma tolerância na fabricação. A folga, segundo a norma americana, é de 1/16¨
(1,6mm).

Cálculo do comprimento dos parafusos


O comprimento dos parafusos é calculado a partir da espessura a ser apertada (“GRIP”). Para
determinar o comprimento necessário do parafuso, o valor mostrado na tabela abaixo deve
ser adicionado ao “grip” ( espessura total a ser apertada dos materiais a serem conectados,
não incluindo as arruelas ). Para cada arruela pesada, adicionar 4mm no comprimento. Os
valores tabelados abaixo já consideram as tolerâncias de fabricação e uma rosca suficiente
para a porca.

Bitola Adicionar ao “Grip”


Parafuso para calcular comprimento do
parafuso
1/2” 18mm (11/16”)
5/8” 22 mm (7/8”)
3/4” 25 mm (1”)
7/8” 29 mm (1.1/8”)
1” 32 mm (1.1/4”)

Na prática, utilizamos as tabelas dos fabricantes indicando qual comprimento usar para
cada intervalo de Grip (abaixo tabela da Ciser – Parafusos A325):

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3-3

Por exemplo : Se estivermos parafusando uma chapa de ¼” com outra de 3/8” (Grip =
15,85mm) com um parafuso de ½” (A325), precisaremos de um parafuso de ½”x 1.1/2”.

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3-4

Tipos de ligação
Os parafusos podem estar sujeitos a um cisalhamento simples (um plano de corte apenas), ou
a múltiplos planos de corte, conforme figuras abaixo :

Distâncias entre furos nas ligações


A distância entre furos e de furo a borda do perfil ou chapa, são muito importantes. Uma
distância entre furo e borda muito pequena, pode ocasionar o rasgamento da chapa.

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3-5

Basicamente, deve-se obedecer as seguintes regras na furação de perfis e chapas :

a. Distância mínima de furo a qualquer borda de 1,5 x D


b. Distância mínima entre furos de 3,0 x D

Abaixo um resumo dos valores mínimos e valores usuais para projeto :

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3-6

Distância Mínima (mm) Distância Usual (mm)


Parafuso Furo (mm)
(A) (B) (A) (B)
1/2" 14,50 22 38 30 50
5/8” 18,00 24 48 30 60
3/4" 21,00 29 57 40 70
7/8” 24,00 33 66 45 80
1”” 27,00 38 76 50 90
1.1/4” 34,00 48 95 55 100
1.1/2” 40,00 58 114 65 120
1.3/4” 46,00 67 133 75 140

Para furação alternada :

Tabela de relação entre as dist. “G” e “C”

Valores “G”
Paraf.
25 32 38 45 51 57 64 70 76 83 89 95 102
1/2" 29 22
5/8” 41 35 29 16
3/4" 51 48 41 35 25
Distância “C”

7/8” 64 61 54 51 45 35 19
1” 73 70 67 64 57 51 41 29
1.1/8” 83 79 76 73 70 64 57 51 38 22
1.1/4” 92 89 86 86 83 76 70 64 57 48 35
1.3/8” 102 102 98 95 92 89 83 79 73 64 54 45 25
1.1/2” 111 111 108 105 102 98 95 86 79 73 64 51 38

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3-7

Gabaritos de furação para cantoneiras

Bitola Paraf. Máximo Gabarito (mm)


L1.1/2” 1/2” 22
L1.3/4” 1/2” 25
L2” 1/2” 30
L2.1/2” 5/8” 35
L3” 5/8” 40
L4” 3/4” 55
L5” 1” 75
L6” 1” 90

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3-8

Para perfis padrão americano (I, H e U)

Bitola Gab. Mesa (G) Paraf. Máximo Gab. Alma (G1)


Mesa
PERFIS TIPO “I”
I6”x18,50 50 5/8” 57
I8”x27,30 58 3/4” 64
I10”x37,70 70 3/4” 64
I12”x60,60 76 3/4” 70
PERFIS TIPO “H”
H6”x37,10 90 7/8” 64
PERFIS TIPO “U”
U4”x8,0 25 1/2” 51
U6”x12,2 29 5/8” 57
U8”x17,1 35 3/4” 64
U10”x22,8 38 3/4” 64
U12”x30,7 44 7/8” 64

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3-9

Gabaritos para perfis “I” (Tipo W e soldados)

Para ligações de vigas, utiliza-se os seguintes parâmetros :

Perfis Parafuso A (mm) B (mm) G1 (mm) G2 (mm)


Até 200mm de altura 5/8” 30 60 45 60
Maiores que 200 mm 3/4” 40 70 75 75

a) O desenho exemplo mostra 3 linhas horizontais de furação, mas o número de


linhas permitida será função da altura do perfil;
b) Evitar variações na padronização acima;
c) Podem haver tantas linhas de furos horizontais quantas necessárias, desde que
obedecidas as medidas “G1”, “G2” e que “D” seja menor ou igual a “G1”
Para ligações na mesa das vigas :

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3-10

Parafuso G (mm) Bf mínimo (mm)


1/2” 55 100
5/8” 70 120
3/4” 80 140
7/8” 90 150
1” 90 160

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3-11

Para perfis de chapa dobrada


Para perfis de chapa dobrada, os parafusos usados são os de 1/2” e eventualmente os de 5/8”.
Os gabaritos de furação serão (lembrando que a medida “D” deve ser sempre igual ou maior

que “G1”):

Para furação na alma da viga :


Parafuso A (mm) B (mm) G1 (mm) G2 (mm)
1/2” 30 50 30 50
5/8” 30 60 30 60

Para furação na mesa da viga :


Parafuso G (mm) B mínimo (mm)
1/2” 25 50
5/8” 30 60

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3-12

Ligações parafusadas típicas


Existe uma infinidade de detalhes de ligações, que variam em função das exigências de projeto
e de resistência, bem como de necessidades de montagem e/ou de fabricação. Os exemplos
abaixo são apenas uma mostra das soluções mais comuns. A definição dos elementos de
ligação (chapas e cantoneiras), bem como bitola e quantidade de parafusos são definidas caso
a caso pela engenharia :

Ligações de viga
As ligações de viga principais são :

a. Com cantoneiras de ligação


b. Com chapa de topo

a) Com chapa de ligação

Para ligações com cantoneiras observar que :

a) O comprimento da cantoneira deve ser igual ou superior à metade da altura da


seção;
b) A distância do furo superior até a face superior da viga deve ser igual ou inferior
à distância do furo inferior até a face inferior da viga;
c) Devem ser obedecidas as padronizações de gabaritos de furação;

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3-13

As vigas podem ter recortes de encaixe em uma ou nas duas mesas. Os encaixes devem
ter as dimensões necessárias para evitar a interferência mais uma folga de 10mm :

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3-14

Ligações Soldadas
Definição
A soldagem é um processo que visa a união localizada de materiais de forma permanente,
baseada na ação de forças em escala atômica semelhantes às existentes no interior do
material e é a forma mais importante de união permanente de peças usadas industrialmente.

Para fins de estruturas de aço, os dois tipos mais importantes de soldagem são : Soldas de
filete e soldas de entalhe.

Exemplo de uma solda com filete de 8mm :

Exemplo de solda de entalhe com penetração total :

Exemplo de solda de entalhe com penetração parcial :

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3-15

Nomenclatura

Simbologia
As soldas devem ser representadas de forma clara nos projetos de detalhamento. A definição
de que solda usar, é feita pelo cálculo e projeto básico. No detalhamento, é preciso assegurar
que todas as soldas sejam indicadas de acordo com a definição do projeto básico. Estas
informações serão usadas pelo pessoal de fábrica e inspeção.

Para representação gráfica das soldas, o mercado nacional utiliza a simbologia do AWS
(Americam Welding Society – Sociedade americana de soldagem). Em alguns projetos básicos
europeus, encontramos a simbologia de solda conforme ISO. Uma análise desta simbologia
está fora do escopo deste estudo.

A simples indicação de onde soldar, não é suficiente para a fabricação das peças e ofereceria
alto risco. Veja na figura abaixo a indicação de “solde aqui” e três tipos de interpretação para
isso :

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3-16

A figura (b) mostra um filete simples, a (c) um filete duplo e a (d) uma solda de entalhe.
Obviamente que existe uma diferença significativa em termos de resistência das três soldas
apresentadas.

Para representar as soldas, utilizamos uma seta (indicando a localização) , uma linha sólida que
contém a tipologia e a cauda da solda com informações complementares (nem sempre
necessárias):

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3-17

A seta, que aponta para a localização da solda, também pode indicar a solda do “lado oposto”.
Veremos que isto é muito útil na hora de elaborar os desenhos.

A simbologia da solda no lado da seta é indicada abaixo da linha e a solda do lado oposto
acima da linha. Veja abaixo :

Simbologia para soldas de entalhe


As simbologias usadas para as soldas de entalhe, estão indicadas abaixo :

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3-18

Outros símbolos de solda :

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3-19

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3-20

Localização da simbologia
Veja abaixo a solda de entalhe em “V”. A localização da simbologia nos desenhos pode ser em
planta (a) ou em corte (b).

Soldas periféricas ou de contorno


Algumas vezes são necessárias soldas em todo o contorno de peças. Para indicar isto, basta
colocar um círculo no final da seta de solda. Veja exemplos abaixo :

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3-21

Soldas de campo
Se as soldas devem ser executadas em campo (na montagem), ao invés de soldas de fábrica, a
simbologia recebe um bandeira :

Dimensões da solda
Além do tipo de solda, temos que definir algumas dimensões na simbologia de solda. Por
exemplo, para solda de entalhe onde nenhuma dimensão é informada, a interpretação da
fabrica é de que se trata de uma solda com penetração total :

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3-22

Para penetração parcial, temos que indicar o tamanho da solda :

Para soldas de filete, temos que indicar o tamanho do filete a ser usado. O tamanho do filete é
dado pela “perna” da solda :

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3-23

O comprimento longitudinal da solda é indicado a direita do símbolo. Se for uma solda


contínua, basta indicar o comprimento total. Se for intermitente, indica-se o comprimento da
solda e a distância entre centros :

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3-24

Exemplos de soldas e sua simbologia :

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3-25

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3-26

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3-27

Chumbadores e inserts
Chumbadores são peças metálicas rosqueadas que fazem a fixação de estruturas metálicas em
estruturas de concreto armado. Podem ser para fixação de bases de colunas, apoio de vigas
metálicas chegando em colunas de concreto, etc...

Os chumbadores podem ser classificados em dois grupos principais:

a. Chumbadores pré-instalados ( são colocados antes da concretagem e permanecem


fixos pelo atrito e resistência ao arrancamento do concreto após sua cura)
b. Chumbadores pós-instalados ( são colocados no concreto já curado. Executa-se uma
furação no concreto e se instala o chumbador). Estes chumbadores podem ser de
expansão ( ou mecânicos, onde sua resistência ao arranchamento é por atrito) ou
químicos ( resistência ao arranchamento da cola química que age entre a superfície do
concreto e a barra metálica).

Esquema de um chumbadores pós-instalados

Seja qual for a tipologia dos chumbadores, é comum que os desenhos de chumbação ( aqueles
que quantificam e posicionam os chumbadores na obra) tenham que ser emitidos

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3-28

antecipadamente. Para colunas, principalmente colunas pesadas, os chumbadores são pré-


instalados. Isto exige que estejam disponíveis na obra durante a montagem das formas de
concreto das bases.

Os “inserts” metálicos são uma opção de interface entre as estruturas de concreto e as


metálicas. Nada mais é do que uma chapa metálica, soldada em barras que ficam dentro do
concreto armado e garantem sua resistência ao arrancamento ou cisalhamento.

Exemplos de placas de base com chumbadores :

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3-29

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3-30

Exercício 1 : Detalhe uma cantoneira L2”x1/8” com 1500mm de


comprimento que deve receber dois parafusos de ½” em cada
extremidade (em uma mesma aba):

Passo 1 - O primeiro passo, é representar a cantoneira :

Note que :

a. A cantoneira está representada de costas, que é a representação preferencial;


b. A bitola está definida, ou seja, não se faz necessário (e deve-se evitar) cotar a
dimensão da aba do perfil. Da mesma forma, não é necessário um corte para mostrar
o perfil.
c. Foi definido o comprimento total de corte. Se a cantoneira não tivesse furos, já
estaríamos com todas as definições de fabricação.

Passo 2 – Vamos definir a linha de furação. Vamos procurar nas tabelas de gabaritos de
furação para perfis laminados. Lá encontraremos que o gabarito de furação para a cantoneira
de 2” é de 30mm.

Passo 3 – Podemos representar os furos :

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3-31

Para determinar a localização dos furos, vamos nos lembrar das indicações das distâncias entre
furos e de furo a bora, que no caso de parafusos ½” são de 38mm e 22mm respectivamente :

Passo 4 – Basta indicar o diâmetro dos furos a serem fabricados. Conforme manual, no caso de
parafusos de ½”, usamos furos de 14,50mm :

Note que não é necessário indicar o diâmetro dos furos individualmente, já que todos os furos
na linha de gabarito possuem o mesmo diâmetro.

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3-32

Exercício 2 : Detalhe a cantoneira de L3x1/4” abaixo com parafusos de


½” (comprimento de 2000mm).

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3-33

Exercício 3 : Detalhe a viga da ilustração abaixo, considerando


parafusos de 5/8” e perfil HP 250x62. O recorte na mesa inferior é de
60x60mm.

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3-34

Exercício 4 : Detalhe a viga abaixo e calcule o comprimento dos


parafusos da ligação entre coluna e viga.

Passo 1 – Vamos iniciar com a viga. Temos que fazer a representação de perfil (indicando a
bitola) e a cota de corte :

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3-35

Passo 2 – Vamos colocar as linhas de furação na extremidade direita da viga, considerando


que:

a. Para parafusos de 5/8” usamos distância entre furo e borda de 30mm e entre furos de
60mm.
b. Para ligação de vigas de W360, a primeira linha de furos fica a 75mm do topo e as
demais a 75mm cada.
c. Lembrar de indicar o diâmetro do furo (não do parafuso), que para 5/8” será de 18mm

Passo 3 – Vamos inserir a furação do apoio na coluneta, considerando que :

a. O gabarito de furação para a mesa do perfil W360, quando usamos parafusos de 5/8”
é de 70mm
b. No sentido longitudinal, vamos adotar uma distância entre furos de 100mm. Desta
forma, teremos aproximadamente 75mm entre os furos e as extremidades do perfil da
coluna.
c. Temos que verificar se a aba da viga suporta os parafusos de 5/8” com o gabarito de
70mm. Perceba na figura abaixo, que sobra uma distância entre furo e borda de
28,50mm. Considerando que o limite mínimo é de 24mm, podemos aceitar. Na tabela
de gabaritos, notar que existe uma coluna em que se especifica a dimensão mínima da
mesa. Para o caso de 5/8”, a mesa mínima é de 120mm. Temos 127mm, portanto
suficiente. Para o eventual uso de 3/4", a mesa mínima já é de 140mm, portanto não
poderíamos usar para o W360x32,9.

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3-36

Passo 4 – Basta indicar a furação de apoio na coluneta, lembrando de informar o gabarito de


furação G=70mm

Passo 5 – Para calcular o comprimento dos parafusos, basta ver na tabela de comprimentos. O
“Grip” será de 8,5mm + 9,50mm = 18mm. Usaremos paraf. 5/8” x 1.3/4”

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3-37

Exercício 5 : Detalhe a viga com 1500m de vão abaixo.

Passo 1 – Para calcular o comprimento da viga, temos que considerar descontos nas
extremidades.

Notar que :

a. Existe uma folga de 10mm entre o final da viga e a face da cantoneira;


b. Existe uma folga entre a face da cantoneira e a alma da viga de 1mm;
c. Considerando que a alma da VS 300x28 é de 4,75mm, o desconto total de 14mm =
4,75/2 + 1mm + 10mm = 14mm (arredondado)
d. Para a viga da direita (VS 500x61, alma = 6,3mm), desconto = 6,3/2 + 1mm + 10mm =
14mm (arredondado).

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3-38

Passo 2 – Vamos calcular os recortes necessários para resolver a interferência entre as vigas.
As linhas tracejadas são as linhas de corte, mantendo uma distância de 10mm das bordas das
vigas. Temos que :

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3-39

Passo 3 – Com os recortes e descontos calculados, podemos desenhar o perfil da viga :

Notar que :

a. As linhas entre eixos (dist. 1500mm), bem como as linhas de recorte tracejadas, estão
indicadas para fins didáticos apenas. Elas não fazem parte do desenho final de
detalhamento;
b. As cotas de recorte de encaixe fazem parte do detalhamento;
c. O comprimento final da viga será 1472.

Passo 4 – Para determinar a linha de furo vertical nas extremidades do perfil, é preciso levar
em conta a cantoneira a ser usada. No nosso caso, estamos usando parafusos de ¾” o nos leva
a usar uma cantoneira de 4” ou maior (ver tabela que relaciona bitolas de cantoneiras com
paraf máximo a ser usado). Notar que a distância de 45mm entre furo e borda é maior do que
40mm (dist. mínima).

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3-40

Passo 5 – Vamos inserir as linhas de furação considerando parafusos de 3/4". Sabemos que a
distância entre furo e borda deve ser de 45mm (ver acima) e as linhas de furos horizontais
estão espaçadas de 75mm. Sendo assim :

Notar que :

a. Temos a bitola especificada e a cota de corte;


b. Temos as cotas de recorte que completam as informações de corte da peça;
c. Estão definidas as cotas dos eixos de furos na horizontal e vertical;
d. Estão definidos os diâmetros de furação.

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Capítulo 4 – Conjuntos e Marcações
Conceito de conjuntos e marcação
As partes da estrutura metálica que são transportadas e montadas em obra, geralmente são
compostas por várias peças soldadas entre si, formando um “conjunto” ou “peça de
embarque”. Usamos nomenclatura de peça para a parte isolada (perfil ou chapa) e de conjunto
para a montagem destas peças em um único item de embarque.

No exemplo abaixo, a Coluna C1 (conjunto) é formada pelas peças 1 e 2 (peças).

Cada peça é inicialmente fabricada isoladamente, com todos os seus recortes, dobras e
furação. Posteriormente são soldadas entre si compondo então o conjunto. Desta forma
existem marcas para peças individuais (Peça 1 e 2 no exemplo acima) e uma marca do
conjunto (Coluna C1).

Nos diagramas de montagem, listas de embarque e demais informações para manuseio da


estrutura fabricada, referem-se exclusivamente às marcas de conjuntos. As marcas das peças
isoladas perdem a importância.
4-1

Desenho de um conjunto
O que difere o desenho de um conjunto daquele feito para as peças? O que falta indicar num
desenho de conjunto que não foi indicado nos desenhos de peças que vimos até aqui?
Precisamos incluir :

a. Cotas de locação
b. Indicação de Soldas

Por exemplo, a viga abaixo :

Sem uma cota de locação da peça 1 em relação a Peça 2, é impossível definir como construir a
viga. A Peça 1 pode estar em qualquer lugar, desde que encostada na mesa da viga.

Vendo a viga de frente, também podemos ter temos uma indefinição :

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4-2

Algumas chapas, como no caso acima, não precisam de cota de locação caso estejam
centradas e/ou alinhadas com alguma extremidade do perfil. Por exemplo :

A Chapa de base da coluna


será considerada centrada ao
perfil da coluna caso não haja
nenhum outro detalhe

A Chapa da peça 1 ao lado será


considerada centrada na mesa
da viga, caso não haja outro
detalhe.

Voltando ao exemplo acima e considerando que tenhamos todas as informações de fabricação


das peças 1 e 2 isoladamente, ainda falta definir a locação (ou posição) da peça 1 em relação a
peça 2. Precisamos de 2 cotas (se a chapa estiver centrada no perfil) ou 3 cotas caso seja
excêntrica.

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4-3

Notar que :

a. Definimos a posição da peça 1 (chapa) no sentido longitudinal da viga com a cota 15;
b. Mesmo que tenhamos a peça detalhada no desenho, devemos colocar a cota vertical,
para assegurar a eventual folga para solda e para facilitar a inspeção;
c. As cotas de locação estão em relação ao centro do furo. Sempre que possível,
devemos posicionar chapas a partir de um dos furos;
d. Notar a indicação da solda de filete. Temos que definir a localização da chapa e a solda
a ser usada para fixa-la.

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4-4

Lista de material (composição)


Como o conjunto é formado por duas ou mais peças, temos que fazer uma lista de composição
do conjunto. No exemplo acima, a viga V1 é formada de 1 peça “1” e de uma peça “2”. Como
veremos adiante, esta lista de composição pode ficar bem mais complicada.

A lista de material, mostrada nos desenhos deve definir os dados do conjunto (marcação,
quantidade e peso) além de incluir para cada peça componente :

a) A marca de identificação;
b) Bitola;
c) Dimensões;
d) Quantidade de peças necessárias para cada conjunto;
e) Tipo de material;
f) Peso unitário e total.

Veja abaixo um exemplo de Lista de Material :

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4-5

Exemplo de uma Viga

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4-6

Informações no Carimbo deste desenho :

Notar que :

a. O conjunto é formado por peças diferentes : 17-47, 17-270 e 17-986;


b. Estão definidas as cotas de corte de todas as peças do conjunto. Muitos
detalhamentos deixam as informações das peças para os desenhos de croquis,
deixando assim o desenho de detalhamento mais limpo e fácil de manusear;
c. Estão definidas as cotas de furação e o diâmetro dos furos;
d. Está definida a solda necessária para compor o conjunto ( a simbologia de solda será
vista mais adiante );
e. Estão definidas as cotas de montagem, locando de forma clara onde devem ser
soldadas as chapas na viga;
f. Todas as peças possuem uma marca de referência;
g. Notar a escala vertical do desenho e que a viga está “interrompida” para tornar o
desenho mais legível;
h. Cotas de locação das nervuras. Cotar no centro da chapa ou na face?
i. Vantagens e desvantagens da utilização da simbologia de furos.

Na lista de material, notar que :

a. Notar que os perfis laminados possuem apenas um dimensão e que a chapa possui as
duas dimensões;
b. A importância da indicação da qualidade do material;
c. A quantidade de cada um dos componentes que é necessária para a montagem da
viga.

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4-7

Exemplo de uma coluna :

Curso Detalhamento – Eng. Bernardo Rath Garcia – Techsteel Engenharia


4-8

Notar que :

a. Está mostrado parte do detalhamento apenas;


b. O nível de complexidade cresce facilmente quando conjuntos possuem mais peças;
c. Neste caso, serão fabricadas duas colunas iguais, cada uma delas pesa 201 kg.
d. A coluna de quantidade indica o total de peças a serem usadas para as duas colunas.

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4-9

Exemplo de uma escada

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4-10

Sistema de numeração de desenhos e conjuntos


O uso de um sistema de numeração com sufixos e prefixos pode facilitar muito as operações
de fábrica e montagem. Um sistema de numeração também pode diminuir a quantidade de
marcação de fábrica necessária para os conjuntos.

Existem diversos sistemas e critérios, com suas respectivas vantagens e desvantagens. O


detalhamento deve seguir as orientações do cliente, preferencialmente definidas no início dos
trabalhos.

Da mesma forma que os conjuntos, a numeração dos desenhos possui padronizações e


sistemas que permitem identificar fases da obra, número do contrato, disciplina (concreto,
aço, equipamentos, etc..) e demais informações relevantes para o gerenciamento do projeto.
O detalhamento deve sempre seguir estas orientações na numeração dos desenhos.

Independente do sistema de numeração de desenhos adotado pelo cliente, sempre haverá


uma numeração sequencial dos desenhos. Esta numeração pode iniciar do 1 e ir seguindo até
o último desenho, ou pode ser divido por fases (desenhos 101 a 199 da fase 1, desenhos 201 a
299 da fase 2, etc...)

Um prática comum é usar o número do desenho como prefixo para a marca dos conjuntos. Por
exemplo, se a coluna “C1” está no desenho de número 15, sua marca será : “15-C1”. Este
critério ajuda a rápida referência entre peças e seus desenhos para a fábrica, verificadores,
inspetores e montagem.

Já a marcação das peças isoladas, normalmente é feita por números simples e sequenciais,
iniciando 1 e indo até o último número utilizado. Este critério é mais utilizado atualmente com
o uso de modeladores 3D que possuem grande capacidade de gerenciar a marcação de peças.
Uma peça com a marca “1”, por exemplo, será idêntica em qualquer desenho que ela seja
usada para formar conjuntos. Isto pode ajudar na produtividade de fábrica. Já, se uma desta
chapas de marca “1” tiver um recorte diferente, os programas automaticamente mudam esta
marcação para que não haja interferência.

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4-11

Exercício 1. Faça a LM da viga abaixo :

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4-12

Exercício 2. Faça a LM do conjunto abaixo :

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4-13

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4-14

Exercício 3 , Faça a LM:

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4-15

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4-16

Exercício 4 :

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4-17

Respostas :

Exercício 1 :

Exercício 2 :

Exercício 3 :

Exercício 4 :

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5-1

Capítulo 5 – Desenhos de Detalhamento

Introdução
Este capítulo tem por objetivo, olhar em maior detalhe as particularidades na fabricação e no
detalhamento dos principais tipos de peças estruturais :

a. Chumbação (Planta de Chumbação)


b. Colunas
c. Vigas
d. Vigas Treliçadas
e. Vigas de Rolamento
f. Contraventos Verticais
g. Escadas e Guarda-Corpos

As estruturas que envolvem cobertura e fechamentos (Tesouras, terças, etc...) serão tratadas
no capítulo 6.

Chumbadores e a Planta de Chumbação


Quando o detalhamento dos chumbadores está no escopo do detalhamento, o cliente precisa
receber a planta de chumbação com muita antecedência. Ao contrário de todo o restante da
estrutura, os chumbadores são necessários já na fase de concretagem das bases.

O desenho de chumbação é muito simples, mas inclui informações que dependem de


definições importantes da obra. Isto porque inclui :

a. Locação da obra, incluindo definição dos eixos e filas com suas respectivas distâncias;
b. Detalhe das bases das colunas, com dimensões e arranjo dos chumbadores;
c. Definição dos níveis de apoio (bases) da estrutura metálica.

Gabaritos de Chumbação
O correto posicionamento dos chumbadores nos blocos de concreto possibilita a montagem
posterior das colunas. Como veremos a seguir, furações para chumbadores possuem folgas
mais generosas do que as ligações parafusadas, mas mesmo assim são tolerâncias baixas e
exigem uma concretagem correta dos chumbadores.

Em função das dificuldades inerentes ao processo de concretagem, é comum a elaboração de


gabaritos de chumbação. Esses gabaritos asseguram que a distância entre chumbadores será
mantida durante a concretagem.

O gabarito pode ser fabricado com chapas finas e/ou cantoneiras. Normalmente os gabaritos
indicam as linhas de eixo (riscadas na chapa) para ajudar a topografia na verificação de sua
posição. No gabarito, a furação é feita sem folgas, ou seja, diâmetro do furo igual ao diâmetro
do chumbador.

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5-2

O gabarito de chumbação pode ser reutilizado sem problemas. Se o cronograma de


concretagem das bases permitir, pode-se fazer um número reduzido de gabaritos que serão
reutilizados a cada nova fase de concretagem. Esta definição deve ser feita pelo montador em
conjunto com a obra civil. Não é função do detalhamento, planejar a quantidade de gabaritos
a ser fabricado.

Exemplo ilustrativo
Abaixo temos um exemplo real de plano de bases

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5-3

Ampliando a parte central do desenho, temos :

Notar que :

a. Nomenclatura dos eixos;


b. Distância entre eixos;
c. Definido o tipo de cada base.

Veja detalhe da base tipo III :

Notar :

a. A Elevação (Nível do apoio de concreto) está definida (EL 5.900);

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5-4

b. Está definida a altura do Grout (Enchimento) em 30mm;


c. Dimensões da chapa de apoio, de forma que o projeto de fundações tenha
conhecimento para o detalhe dos blocos;
d. Localização dos Chumbadores;
e. Cota que o chumbador deve ficar acima do nível do bloco;

No desenho da Base Tipo I, temos mais informações que merecem nota :

a. Fornece os diferentes níveis de apoio para cada eixo da estrutura, sem a necessidade
de se repetir o detalhe;
b. Especifica quantas vezes ocorre o detalhe (26x);

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5-5

Colunas
As colunas são elementos estruturais verticais que transmitem os esforços da estrutura para as
bases.

As colunas podem ser de alma cheia (perfis laminados ou soldados), perfis compostos (dois ou
mais perfis soldados entre si) ou treliçadas.

As colunas de menor porte, para sustentar as terças de fechamento lateral, lances de escada,
pequenas plataformas, etc... também são denominadas de “colunetas”.

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5-6

Desenho de colunas
Abaixo um desenho didático de uma coluna para que possamos analisar alguns aspectos
importantes :

a. As colunas são desenhadas, preferencialmente na vertical;


b. As faces são identificadas pelas letras A, B, C e D. A letra A é sempre uma das mesas, a
face B normalmente é a vista principal. As faces são identificadas no sentido anti-
horário. A figura abaixo mostra como “nomear” as faces, mas nunca se identifica em
planta apenas na vista da coluna.

c. As colunas são normalmente desenhadas com as 3 vistas principais. A Face “D”,


normalmente não necessita ser desenhada e é representada com linhas pontilhadas.
d. Está definido que a face “A” deve ser orientada para o Norte de projeto. Desta forma o
montador sabe como será a orientação da coluna em obra.
e. Está informada a localização da coluna no projeto através das informações de eixo
(A/2). Alguns projetos incluem no nome da coluna a informação dos eixos. Por
exemplo : Coluna C1 seria a coluna na interseção dos eixos “C” e “1”.

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5-7

f. Pontos de referência importantes são cotados também com a Elevação (ver nos
exemplos).

Alguns exemplos de detalhes de colunas :

a. Faces identificadas com as letras;


b. Nome da coluna definido (0240A)
c. Orientação de montagem (Face “A”
Leste)
d. Eixos de localização informados (8/A)
e. Elevação do apoio (EL931650)
informada. (FICB = Face Inferior da
Chapa de Base)

a. Cortes são sempre indicados de cima


para baixo
b. Elevação de chegada da viga (EL
937200) informada. (TV = Topo da
Viga)

a. Elevações de Viga e do PT da emenda


informados;
b. Faces informadas

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5-8

Chapas de base das colunas


As chapas de base das colunas, possuem duas preocupações principais dentre todas as
recomendações para detalhamento de chapas :

a. A solda entre a chapa e coluna. Esta solda é sempre uma solda crítica e costuma vir
com alguma recomendação de ensaio. Nos exemplos de colunas do item anterior,
podemos ver as soldas especificadas (Soldas de entalhe) com a informação de ensaio
(US = Ultra Som)
b. Furação para os chumbadores. A furação para os chumbadores não seguem as
mesmas folgas das demais conexões parafusadas. Sendo assim, para placas de base,
especificamos o diâmetro do chumbador a ser usado e o diâmetro da furação.

A recomendação do Prof. Ildony para furos na chapa de base e na arruela seguem abaixo :

Ф Chumbador Ф furo na placa (mm) Espessura Ф na arruela Ф da Arruela


(mm) – d1 arruela (mm) – d2 (mm) – d3
(mm)
16 a 22 Ф Chumb. + 8mm 6 Ф Chumb + 1,5 2,2 x Ф Chumb.
25 a 44 Ф Chumb + 10mm 8 Ф Chumb + 1,5 2,0 x Ф Chumb
50 a 76 Ф Chumb + 15mm 12 Ф Chumb + 1,5 2,0 x Ф Chumb

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5-9

Emendas parafusadas das colunas


As emendas das colunas parafusadas normalmente são caras e trabalhosas, por isso utilizadas
apenas quando necessário em função das limitações de transporte. Espera-se que o projeto
básico especifique o nível de emendas a ser usado pelo detalhamento, mas sempre que o
comprimento ultrapassar 12m sem nenhuma indicação o detalhamento deverá consultar o
fabricante sobre a inclusão ou não de emendas para transporte.

Vamos ver um exemplo de projeto básico :

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5-10

Podemos notar :

a. Estão definidas as cotas de emenda parafusada das colunas;


b. O projeto básico está respeitando o limite comum de 12m;
c. A ligação da emenda está completamente definida para o detalhamento.

Podemos dividir as emendas de colunas em dois tipos :

a. Por contato : Não há folga entre os dois perfis e a carga de compressão é absorvida
também pelo contato entre os perfis. Para ligações deste tipo, as superfícies dos dois
perfis devem ser usinadas de forma a permitir um contato completo. Esta não é a
opção mais comum de projeto, e quando utilizada deve constar de nota no básico
incluindo a solicitação de usinagem.
b. Por talas e parafusos : Ligação mais comum (como no exemplo da ligação acima),
prevê uma folga de 10mm entre os dois perfis. Todos os esforços são transmitidos
pelas talas e parafusos.

Emendas de fábrica (soldadas)


Quando houver uma mudança de perfil na coluna, esta emenda entre os dois perfis pode ser
soldada em fábrica. As emendas soldadas de fábrica devem estar previstas no projeto de
detalhamento incluindo naturalmente a especificação da solda e a necessidade ou não de
ensaios.

Algumas vezes, para aproveitamento de material, as fábricas precisam emendar perfis


disponíveis em estoque. Caso não haja nenhuma indicação em contrário nas especificações de
projeto, a fábrica poderá fazer estas emendas desde que (a) não faça mais de uma emenda por

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5-11

coluna e (b) faça uma emenda com penetração total. Estas emendas de aproveitamento de
material não são indicadas no detalhamento.

Análise de um detalhamento típico de uma coluna

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5-12

Análise do detalhamento :

a. Estão especificadas as faces “A”, “B”, “C” e “D”. As faces “A” e “C” desenhadas ao lado
poderiam ter incluído também as letras para clarear o desenho.
b. Indicado o nível de apoio da coluna (EL 25.000)
c. Indicado os diâmetros de furação da chapa de base (27mm). Embora não seja
necessário para a fabricação, seria melhor se estivesse indicado o diâmetro do
chumbador que será utilizado. Provavelmente trata-se de um chumbador de ¾”
(19mm), que conforme tabela de furação, teria o furo de 19 + 8 = 27mm
d. Está indicada a orientação para montagem da coluna (Marque Face “A” Leste)
e. Está indicada a marca da coluna 131C
f. Está indicada a localização das colunas ( Eixo A / 35, 36, 40@48, 50, 53@60),
totalizando 20 colunas (como podemos confirmar na LM abaixo)
g. Indicada a cota total da coluna (2455mm)
h. As peças componentes estão indicadas com as suas respectivas marcas (ver na LM). A
chapa de apoio 2-4 está mostrada no detalhe acima, as outras chapas (2-18 e 2-22)
também devem estar detalhadas no mesmo desenho.
i. Lista de Material (LM) com a quantidade total de colunas (20x) e seus componentes
com as informações necessárias.

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5-13

Nervuras de enrijecimento
Quando as colunas são conectadas a vigas com esforços maiores, é comum o uso de nervuras :

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5-14

Notar que o PB acima, no que diz respeito às nervuras :

a. Especifica a bitola da chapa (37,5mm);


b. Define que serão nervuras nos dois lados com a notação A.L. (Ambos os Lados). Ou
seja, serão quatro chapas de 37,5 para formar as nervuras;
c. Define a solda, que no lado da conexão é uma solda de entalhe e do outro lado uma
solda de filete

No detalhamento, teremos que levar em conta ainda :

a. Recorte de encaixe para não interferir com a solda do PS ou curvatura da laminação;


b. Folga mínima de 1mm de cada lado para montagem da chapa

Notas gerais sobre colunas


Abaixo algumas características das colunas que o projetista deve ter em mente durante o
projeto :

a. As colunas são as primeiras peças a serem montadas em campo, por isso deverão ter
prioridade no detalhamento de fabricação. Eventuais pendências de projeto básico (
locação dos suportes de fechamento lateral, nível de chegada de vigas, ligações de
contraventamento, etc..) que impossibilitem a conclusão do detalhamento devem ser
comunicadas ao cliente com urgência;
b. As colunas são geralmente peças mais pesadas e de fabricação cara (soldas mais
elaboradas, perfis e chapas de maior bitola, conjunto de furação complexo, etc...).
Além disso, uma coluna com erro de fabricação tem um potencial nocivo grande em
relação ao progresso de montagem. Isto exige que a verificação do detalhamento das
colunas seja sempre tratado como maior rigor;

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5-15

Colunas Treliçadas
Veja abaixo um exemplo típico de utilização de colunas treliçadas :

No caso acima, retirado de um PB real, podemos ver um galpão com pontes rolantes
sustentadas por colunas treliçadas. Abaixo os elementos da colunas ressaltados :

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5-16

Veja abaixo partes dos desenhos de detalhamento de uma destas colunas :

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5-17

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5-18

As recomendações e padrões das colunas simples também se aplicam, como podemos notar
nos exemplos acima. Cresce o número de peças, amarrações e soldas num desenho que fica
sobrecarregado de informações. Cabe ao projetista, usar a escala e distribuição do desenho de
forma a tornar o desenho mais claro e de fácil entendimento.

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5-19

Vigas de Alma Cheia


As vigas são peças estruturais que suportam carregamentos das estrutura e os descarregam
nas colunas. As vigas estão geralmente na horizontal ( xceção clássica são as vigas de escada),
e suportam tipicamente cargas de pisos, equipamentos, instalações, pontes rolantes, etc..

As vigas que sustentam escadas, serão tratadas posteriormente quando formos estudar esta
tipologia de estrutura. Da mesma forma, vigas que sustentam pontes rolantes ( vigas de
rolamento ), serão tratadas em tópico específico.

Vigas de alma cheia, como já vimos anteriormente, são formadas por perfis laminados ou
soldados (eventualmente perfis dobrados), sendo predominante o uso de perfis do tipo “I” e
“U”.

No capítulo 2, já vimos muitas convenções de desenho que se aplicam às vigas. Vamos rever
estes conceitos, agora com um pouco mais de detalhes e explicações.

Recortes de encaixe
É muito comum o uso de recortes para o encaixe de vigas em colunas e em outras vigas. No
exercício 5 do capítulo 3, calculamos os recortes da viga abaixo :

Este exemplo mostra o caso de recorte vertical simples (na direita) e duplo. Como vimos
anteriormente, esta folga deve ser de pelo menos 10mm :

O usual, é usar uma folga com valor múltiplo de 5mm (5, 10, 15, ...) ao invés de valores exatos.

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5-20

Vamos calcular o recorte abaixo, considerando que a ligação será soldada :

Para determinar o recorte temos que calcular as dimensões “A”, “B” e “C” abaixo :

A = (Aba VS 300x28)/2 + 10mm (folga) = 120/2 + 10 = 70mm

B = (tf VS 300x28) + 10mm (folga) = 9,5 + 10 = 19,5

B = 20mm ( múltiplo de 5mm )

C = (tw VS 300x28)/2 + 1mm (folga) = 4,75 / 2 + 1 = 3,38mm

O recorte de fabricação na viga será de :

D = A – C = 70 – 3,38 = 66,62 mm

D = 70mm (múltiplo de 5mm)

B = 20mm

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5-21

Cantoneiras de ligação de extremidade


Uma forma comum de fazer a ligação de extremidade de viga parafusada é utilizando-se
cantoneiras, conforme já vimos em exemplos anteriores. Vamos agora, ver em detalhes de
onde nascem todas as medidas utilizadas.

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5-22

A geometria da ligação nasce da bitola e quantidade de parafusos solicitada pelo cálculo da


ligação. Se os parafusos forem de ¾”, já sabemos que a cantoneira mínima a ser utilizada será
a de 4” (Ver tabela de cantoneiras com diâmetro de furo máximo na aba).

O gabarito de furação da cantoneira de 4” é de 55mm, o que


será respeitado no detalhamento das cantoneiras.

Também sabemos que a folga entre o final do perfil da viga e a


extremidade da cantoneira é de 10mm. Com isso, fica definida
a distância entre borda do perfil e primeira linha de furação no
valor de 45mm.
Como 45mm é maior do que a distância mínima de furo a
borda para parafusos de ¾” ( Mínimo = 29, Usual = 40), o
detalhe está ok.

Os gabaritos horizontais, que já vimos anteriormente, devem


ser espaçados de 75mm conforme indicado ao lado.

Já na viga principal, que vai receber a ligação, a distância entre


furos será igual a duas vezes o gabarito da cantoneira mais a
espessura da alma, totalizando no exemplo ao lado 115mm.

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5-23

Note que é preciso fazer um corte da ligação para mostrar as cotas das cantoneiras com as
abas em projeção :

Isto significa um trabalho adicional de desenho, que pode ser evitado utilizando-se uma
simbologia comum para estes casos :

Onde GAP = Gabarito da aba em projeção

Lc a Lc = Linha de centro a linha de centro = 2 x G + tw

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5-24

A definição da bitola da cantoneira envolve verificações de cálculo, de forma que sua definição
deve ser feita pelo calculista e estar definida no projeto básico ou memória de cálculo.

Existem tabelas de ligações pré-calculadas, que podem ser usadas quando indicadas pelo
calculista. Por exemplo, para perfis W da Gerdau, existe um manual de ligações que pode ser
baixado no site da empresa. Abaixo um exemplo de tabela de ligações :

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5-25

Diferentes formas de indicar as furações de alma das vigas

É muito comum que as vigas recebam ligações de outras vigas (muitas vezes chamadas de
secundárias), e tenham portanto uma série de furações para estas conexões. Cabe ao
detalhamento, definir adequadamente as cotas e diâmetros de furos para que estas vigas
possam ser fabricadas.

Já estudamos como apresentar estas cotas no capítulo 2 e fizemos alguns exercícios. Aqui
vamos ver algumas alternativas inteligentes de se apresentar as cotas de furação na alma das
vigas.

As cotas normais seriam :

Uma outra forma, poderia ser :

Esta forma de cotar, deixa implícito que temos duas chegadas de vigas secundárias (uma a 288
mm da extremidade direita e outra a 327 mm da extremidade esquerda). Note que é
exatamente a mesma viga cotada acima.

A vantagem é a localização das vigas secundárias com as cotas de Lc a Lc explícitas. Este tipo
de desenho facilita muito a conferência dos desenhos. É muito mais fácil verificar a distância
entre vigas de 670 e confirmar que a distância entre furos é de 120mm, do que fazer todas as
contas na representação acima.

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5-26

Por outro lado, para a fábrica, fica a necessidade de fazer as contas para locar os pontos de
furo. Como atualmente as furações são determinadas pelos arquivos CNC, cotar os centros de
vigas só apresentaria vantagens.

Como podem ver, existem diferentes maneiras de se apresentar as informações, cada uma
delas com seus pontos fortes e fracos. É aconselhável acertar com o cliente como ele prefere a
apresentação dos desenhos no início dos trabalhos.

Particularidades de vigas em perfil U

Veja um corte representando uma extremidade de viga U, com ligações em cantoneiras :

Para perfis tipo “I”, as cotas são a partir de sua linha de centro, mas para perfis tipo “U” são
sempre a partir das costas do perfil. Assim sendo na representação de furação na alma da viga,
teríamos cotas não simétricas (ver abaixo). Importante notar que continuamos tendo o eixo e
orientação da viga “U” para conferência:

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5-27

Tesouras de Cobertura
As tesouras de cobertura têm sua geometria definida em função de :

a. Inclinação necessária do telhado;


b. Espaçamento entre terças em função do tipo de telha utilizado;
c. Demais pontos de aplicação de cargas, tais como monovias, lanternins, etc.

Detalhes e situações típicas de nós de tesoura :

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5-28

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5-29

Vigas de Rolamento

As vigas de rolamento suportam os trilhos das pontes rolantes ou monovias em edifícios


industriais. Normalmente são vigas soldadas altas, com alma fina, bastante nervuradas e com
detalhes elaborados nos apoios.

As vigas de rolamento sofrem grandes variações de carga, algumas vezes até com inversão de
cargas, o que exige que o seu dimensionamento leve em consideração a fadiga. Esta
consideração será feito no cálculo estrutural e em alguns detalhes típicos que mostraremos
abaixo. Estes detalhes devem estar claramente definidos no projeto básico, sendo as
recomendações abaixo (retiradas do livro do Prof. Ildony), apenas uma referência.

Enrijecedores de apoio

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5-30

Enrijecedores intermediários

Soldas de composição dos Perfis Soldados das Vigas de Rolamento


Muita atenção na especificação das soldas de fabricação dos perfis soldados para vigas de
rolamento. É comum que a solda com a mesa superior seja de entalhe e a da mesa inferior de
filete. Além disso as soldas são mais robustas que os perfis soldados usados para colunas e
vigas normais.

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5-31

Contenção lateral da vigas


As vigas de rolamento estão sujeitas à cargas laterais oriundas da movimentação de cargas pea
ponte rolante. Para absorver estes esforços, é comum que as vigas de rolamento tenham um
travamento lateral no plano da mês asuperior.

Aproveitando a necessidade de travamento lateral, é comum a utilização de uma passarela de


manutenção. Quando temos duas vigas de rolamento paralelas, no caso de galpões múltiplos,
as vigas travam-se entre si.

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5-32

Apoio das VRs nas colunas


Este é outro detalhe delicado que o projeto de detalhamento deve exigir do projeto básico um
desenho completo e claro. Abaixo alguns detalhes típicos (Prof. Ildony) :

Notar nos desenhos acima :

a. Existência do enrijecedor de apoio


b. Ajuste lateral da viga com furos alongados
c. Folga entre vigas para permitir o trabalho isolado de cada uma delas
d. Contenção lateral na mesa superior sem restringir a rotação.

Embora o exemplo acima não seja complexo, mostra que existem diversas preocupações de
cálculo no aparelho de apoio da VR que deve estar clara no projeto básico e deve ser revisada
com cuidado pelo detalhamento.

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5-33

Contraventamentos verticais
Chamamos de contraventamento às peças que asseguram a estabilidade da estrutura como
um todo. No caso específico dos contraventamentos verticais, eles asseguram a estabilidade
vertical das estruturas e o alinhamento das colunas.

Os contraventamentos verticais podem ser simples ou aporticados :

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5-34

Pontos importantes no detalhamento dos contraventamentos verticais :


a. Assim como nas colunas, é comum que a liberação dos CV seja prioritário para
possibilitar o início de montagem em campo;
b. Normalmente é preciso respeitar os P.T. do contravento para assegurar que não haja
excentricidade nas ligações das colunas. Como muitos destes detalhes estão sujeitos à
interferências, o cálculo deve ser consultado se for necessário “fugir” dos P.T.

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5-35

Desenhos típico de uma peça de contrventamento :

Notar :

a. A peça é desenhada na inclinação de montagem;


b. As medidas globais (horizontal e vertical) definem os P.T. utilizados
c. Fornecido o triângulo de inclinação;

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5-36

Escadas e Guarda-corpos
As escadas e os guarda-corpos são estruturas muito comuns e estarão incluídas em quase
todos os projetos de detalhamento. Embora não sejam detalhamentos complexos, são
trabalhosos, repetitivos e pouco produtivos.

Abaixo um desenho típico de um lance de escada :

Notar :

a. Referência aos níveis de piso inferior e superior;


b. P.T.s indicados no desenho;
c. Cotas de fabricação da viga da escada com detalhe ampliado para o apoio superior;
d. Medidas dos degraus;
e. Locação dos degraus.

Definições de largura e inclinação da escada são escopo da arquitetura e levam em conta


diversos fatores normativos.

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5-37

Abaixo algumas recomendações gerais (Prof. Ildony) que servem como referência :

É aconselhável colocar um patamar de descanso a cada 17-20 degraus.

Para Degraus :

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5-38

Outro tipo comum de escada, é a escada de marinheiro :

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5-39

Guarda-Corpos
O padrão de guarda-corpo (corrimão) incluindo a geometria e detalhes típicos variam bastante
em função da aplicação e de normas internas do cliente final. A definição do padrão a ser
usado deve ser fornecido pelo PB e estar claro antes do início da execução dos desenhos.

Abaixo alguns detalhes de referência :

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6-1

Capitulo 6 – Cobertura e Fechamentos

Os elementos estruturais das coberturas metálicas são :

 Tesouras (ou vigas de cobertura)


 Terças
 Travamento das terças
 Contravento horizontal

A geometria das tesouras de cobertura nasce da necessidade de inclinação do vão máximo


entre apoio das telhas. Vimos isto no capítulo 5, quando conversamos sobre as tesouras. Nos
nós da tesoura, são apoiadas as terças. As terças vencem o vão entre tesouras para apoio das
telhas e oferecem travamento lateral para as tesouras.

A inclinação do telhado depende do tipo de telha utilizada. Telhas metálicas, por exemplo,
devem ter uma inclinação superior a 10%. Inclinações inferiores exigem cuidados especiais
com vedação e recobrimento. Para telhas zipadas, por outro lado, estas inclinações podem
chegar a 2%.

As terças mais utilizadas são de perfil dobrado nas seções U, UE e Z.

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6-2

Sistemas de terças industrializadas


O mercado tem utilizado muito as terças industrializadas. São indústrias especializadas no
fornecimento de sistemas completos de terças, incluindo travamentos. Ao invés de fabricar as
terças, encomenda-se de um fornecedor especializado.

As vantagens são :

a. Produtividade na fabricação e entrega


b. Menor peso, já que estes sistemas são patenteados e comprovados através de ensaios
ao invés de seguir apenas as recomendações normativas de dimensionamento.
c. Normalmente são galvanizadas
d. Detalhamento pelo fornecedor
e. Entrega em obra

Exemplo de sistema :

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6-3

Travamento das terças


As terças são perfis esbeltos e precisam de travamento lateral para garantir seu alinhamento e
desempenho estrutural.

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Notar no desenho :

a. Bitola típica das terças U200x50x2,65


b. Terça dupla na cumeeira
c. Esquema de travamento com tirantes rígidos nas extremidades (L51x3) e tirantes
flexíveis intermediários (BR 3/8”)

Esquema da treliça correspondente :

Suporte de terça :

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Detalhe para fixação das correntes (tirantes) :

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6-6

Contraventos horizontais na cobertura


Para assegurar que as tesouras (que são conjuntos esbeltos) não se desloquem lateralmente. A
definição do contraventamento é feito pelo cálculo estrutural, que deve definir sua locação e
bitolas.

Abaixo ilustração mostrando a necessidade do contravento horizontal :

O contravento horizontal mais comum é com uso de barras redondas. Um detalhe usual para
fixação é o seguinte :

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6-7

As tesouras devem ter contraventados o banzo superior e o inferior. Muitas vezes, por
economia, o projeto faz o contravento no banzo superior e trava o banzo inferior com mãos
francesas :

Fechamentos laterais
Os fechamentos laterais, possuem estruturas análogas às coberturas. Ao invés das tesouras,
temos as colunas ou colunetas. As terças de fechamento são também chamadas de longarinas.

Os travamentos das longarinas (terças de fechamento) possuem uma distribuição ligeiramente


diferente em função da disposição vertical das estruturas.

Notar na figura abaixo :

a. Longarinas com a “boca” para baixo


b. Distância entre longarinas e espaços vazios.
c. Contravento vertical a cada “início” de uma sequência de longarinas
d. No contravento, notas as barras “rígidas” L51x4,75 (sujeitas a compressão) e tirantes
em barra redonda BR ½”

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Detalhe típico do suporte das longarinas:

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6-9

Telhas para revestimento de cobertura e fechamentos


Trataremos dos aspectos práticos para entendimento do projeto de estruturas e sua interface
com telhas e acessórios de vedação. Uma boa referência para um conhecimento mais
completo sobre telhas metálicas, pode ser tirado do manual técnico de telhas de aço da
ABCEM.

Quanto a proteção contra corrosão as telhas de aço podem ser :

a. Zincadas por imersão a quente


b. Revestida com Aluzinc ou Galvalume (Revestimento com alumínio, zinco e silício)
c. Pré-pintadas (pintura das chapas antes da conformação das telhas)
d. Pós-pintadas
e. Aço inoxidáveis

As telhas podem também ser fabricadas com outros materiais :

a. Alumínio
b. Fibrocimento (atualmente fabricadas sem amianto)
c. Cerâmicas (Raras no uso com estrutura metálica)

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6-10

Telhas onduladas
São telhas mais flexíveis e mais baixas que as trapezoidais. Sendo assim, permitem alguma
curvatura e exigem vão entre terças menores. Veja abaixo a geometria e tabela de vão das
telhas :

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Notar :

a. Variação da largura útil em função do recobrimento


b. Parafusos de fixação e parafusos de costura
c. Fita de vedação

Alguns exemplos ( Fonte : Manual da ABCEM)

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6-12

Telhas trapezoidais
As Telhas trapezoidais apresentam diferentes alturas que possibilitam uma maior resistência
às cargas de vento com vão maiores entre terças. Este maior vão entre terças, permite uma
estrutura mais econômica, principalmente para vãos maiores.

Tabela de vãos da telha com 40mm :

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6-13

Telhas Zipadas
Neste sistema, as telhas são conformadas no canteiro de obras, e portanto podem ter grandes
comprimentos e evitar emendas longitudinais. Além disso, as telhas são unidas por uma
costura mecânica ( ou “zipagem”) das abas laterais.

A fixação das telhas na estrutura metálica é feita através de suportes especiais, parafusados na
estrutura e presos às telhas durante o processo de zipagem. Como consequência, não há
furação nas telhas para sua fixação.

Como as telhas não possuem emendas longitudinais, as emendas transversais são feitas
através da zipagem e não há furações dos parafusos, este sistema possui uma estanqueidade
excelente e permite o uso de inclinações muito baixas, chegando a 2%.

Esta menor inclinação da cobertura, pode economizar muito em altura e fechamentos laterais
de galpões de grandes vãos.

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Telhas curvas
As telhas curvas, são aquelas já conformadas de fábrica que atendem exigências arquitetônicas
de curvatura. Existem limites de raio de curvatura em função da telha. Estes limites devem ser
consultados nos catálogos dos fabricantes.

O manula da ABCEM, classifica as telhas curvas em :

a. Telhas calandradas : Telhas que recebem sua curvatura ao passar por uma calandra. O
raio de curvatura é limitado pela geometria da telha e por sua espessura (consultar o
fabricante). O aspecto da telha é de uma curvatura uniforme e lisa. Devem haver
cuidados com os comprimentos das telhas, que podem dificultar o transporte e
montagem em campo.
b. Telhas Multidobra : Neste caso, a curvatura das telhas é dado por dobras transversais
em espaçamentos constantes. Este processo permite a variação entre trechos retos e
curvos e fornece um aspecto mais rústico do que das telhas calandradas.

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Telhas com isolamento termoacústico ou térmico


Existem diversos sistemas de cobertura com proteção termoacústica, como por exemplo :

a. Telhas sanduiche com núcleo de EPS


b. Telhas sanduiche com poliuretano
c. Telhas com a face inferior plana com Poliuretano
d. Telhas duplas com lã mineral entre elas
e. Telhas simples com manta termoacústica na face inferior

Não é escopo deste curso, analisar a fundo as diferenças técnicas entre as telhas, de forma que
vamos apenas apresentar o conceito de cada uma para fins de projeto.

Abaixo, ilustrações úteis retiradas do manual da ABCEM :

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Arremates de cobertura e Fechamento

Para mostrar os diversos tipos de arremates, abaixo a ilustração do catálogo de um fabricante


de telhas.

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Acessórios
Além das telhas e arremates, o sistema de cobertura conta com acessórios importantes, tais
como :

Parafusos autoperfurantes : Indica-se parafusos com acabamento aluminizado de boa


qualidade e preferencialmente com cabeça de inox. Para parafusos de fixação das telhas na
estrutura, usar 12-14x3/4” e na costura ¼-14x7/8”

Fechamentos de Onda : Nas linhas de calhas e em cumeeiras, o fechamento de onda


proporciona vedação dos canais da telha impedindo a entrada de chuva, insetos e passáros.

Fitas de vedação : Deve ser utilizada nas sobreposições longitudinais e transversais conforme
indicação do fabricante. Normalmente usada em inclinações pequenas, de forma a assegura a
vedação.

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Calhas
Apresentaremos o método prático de verificação das seções de calhas e condutores. Tal
método não substitui o projeto hidráulico e demais verificações necessárias para garantir a
eficiência do sistema de captação de aguas pluviais.

(Livro do Prof. Ildony)

Para estimativa da área de calha necessária :

Sc (cm2) = 2.A(m2)

Sc = Área da calha necessária em cm2

A = Área de captação da calha (m2). Por exemplo :

 Para calha 1 A=B x D, para calha 2


 Para Calha 2 A = (B + E) x D

Para os tubos de descida :

St (cm2) = A (m2)

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7-1

Capítulo 7 – Diagramas de Montagem

Introdução
Os diagramas de montagem devem indicar de forma clara as marcas de todas as peças a
serem montadas, assim como as informações adicionais necessárias à sua montagem (
orientação, dimensão, eixos, ligação, etc...)

A recomendação AISC para diagramas, não recomenda o uso de isométricos. Atualmente, com
a facilidade dos modelos 3D, a inclusão de detalhes em 3D ajuda muito a compreensão da
estrutura pela equipe de montagem. Cada vez mais, os diagramas estão fazendo uso de
detalhes em 3D.

Os diagramas de montagem devem incluir :

 Desenho de chumbação
 Planta em todos os níveis (incluindo desenhos dos pisos)
 Elevações dos eixos e filas
 Plano de cobertura com travamentos
 Plano das terças e seus travamentos
 Plano do Banzo Inferior das tesouras com seus travamentos
 Plano das vigas de rolamento
 Fechamentos de oitão e fechamentos laterais
 Seções (cortes) necessários ao entendimento da estrutura
 Dimensões principais
 Marcas dos conjuntos
 Notas gerais
 Conexões, incluindo soldas de campo
 Desenho de detalhes típicos

O nível de informações dos diagramas deve ser tal que a equipe de montagem nunca precise
buscar informações adicionais nos desenhos de fabricação. Informações que não fazem parte
dos diagramas de montagem :

 Cronogramas
 Planos de montagem
 Suportes temporários
 Aparelhos de segurança
 Equipamentos de montagem

Quando for o caso, os diagramas podem indicar as prioridades de montagem. Isto ajuda na
programação de embarque e organização em campo.

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7-2

Emissão dos diagramas de montagem


Os diagramas só estarão 100% completos no final do detalhamento da estrutura, quando se
conhece todas as marcas das peças. Na prática, o detalhamento libera partes da estrutura a
medida em que vão ficando prontas, de forma a atender o cronograma da obra. A fábrica,
precisa do diagrama para poder fazer verificações e/ou planejamentos e não pode esperar o
final do detalhamento de toda a estrutura.

Nestes casos, faz-se a emissão de diagramas preliminares que vão recebendo as marcas e
informações complementares na medida em que o detalhamento for avançando. Como todo
documento de projeto, aconselha-se a fazer um controle de revisão e data para cada emissão
preliminar.

No caso de emissão de diagramas preliminares, aconselha-se a fazer primeiramente o layout


de todos os diagramas que serão necessários. Isto ajuda na compreensão da estrutura como
um todo e organiza os desenhos desde o início da montagem. A medida em que o trabalho for
evoluindo, vão sendo adicionadas as novas marcações e detalhes correspondentes. Para o
caso de estruturas modeladas, pode-se fazer a modelagem inicial com apenas os perfis que é
rápida, e assim possibilitar a criação de todos os layouts de diagramas.

Recomendações
1. Plantas de chumbação e de inserts podem ser feitas em escalas maiores, de forma a
dar uma visão global da obra. Os detalhes serão representados em escala adequada
para a sua compreensão.
2. A distribuição e planejamento dos desenhos devem permitir a visualização de todas as
peças da estrutura.
3. Todas as peças estão indicadas nos diagramas? Se uma mesma marca de peça ocorre
em mais de uma posição, todas devem estar indicadas.
4. Toda peça desenhada possui uma indicação de marca?
5. Aconselha-se a indicação de cada peça apenas uma vez. Por exemplo, se uma viga
possui sua marca no desenho em planta, não deve ser indicada no desenho de
elevação.
6. Nos desenhos de piso, indicar a elevação em que se está trabalhando, além dos eixos e
filas que posicionam a estrutura. Todas as vigas devem estar locadas através de cotas
que permitam seu posicionamento e montagem.
7. Nos desenhos de elevações, indicar os eixos e medidas globais. Fazer referência aos
níveis de piso. Todas as peças devem estar locadas adequadamente.
8. Para situações onde deva haver ajustes de campo, este ajuste deve estar indicado. Por
exemplo : “sobremetais” para soldas de emendas em estruturas existentes.

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Exemplos
Abaixo um diagrama de montagem mostrando plantas de diversas plataformas. Vamos
destacar uma das elevações, mostrando as marcas de estrutura e as de chapas de piso e G.C.

Notar :

a. Referência dos eixos


b. Elevação da plataforma
c. Cotas de montagem
d. Marcas das peças

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Abaixo um exemplo de elevação. Notar :

a. Indicação da elevação (eixo B1)


b. Indicação dos eixos (3a e 3b)
c. Indicação dos níveis
d. Cotas de montagem
e. Marcas das peças

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Detalhes para montagens de G.C.:

Cortes e detalhes para esclarecer a montagem :

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8-1

Capítulo 8 – Proteção Superficial

Introdução
Não faz parte do escopo deste curso aprofundar-se em questões de proteção superficial, que é
um assunto extenso e especializado. Vamos nos ater nos pontos que devem ser preocupação
do projetista.

As três principais combater a corrosão e asegurar a vida útil das estruturas são :

a. Pintura : processo pelo qual as estruturas são limpas, preparadas e pintadas. A pintura
forma uma camada de proteção que evita o contato do aço com o oxigênio e
interrompe o processo de corrosão.
b. Galvanização : Processo de tratamento de superfície que cobre o material ferroso com
uma camada de zinco para protege-la da corrosão
c. Utilização de aços patináveis : Os aços patináveis (forma a pátina) são aços de maior
resistência a corrosão devido a sua composição química. Na presença de umidade e
oxigênio todo aço sofre oxidação. Nos aços convencionais, a camada de ferrugem se
destaca do aço, de forma que o processo de corrosão nunca é interrompido. Nos aços
patináveis a camda inicial de ferrugem fica estável e aderente ao metal base, além de
ser muito menos porosa. A própria camada inicial de ferrugem (pátina) forma a
proteção do aço.

Preocupações do projeto
O projeto e detalhamento de fabricação precisa ter cuidados com os seguintes pontos :

a. Evitar a formação de cavidades e regiões de acúmulo de água. Cuidar com perfis tipo
cantoneira e U, dando preferência para que seu posicionamento não acumule água.
b. Prever furos de drenagem onde necessários.
c. Cuidar para que os perfis em tubo estejam “selados”.
d. Evitar situações onde seja difícil a manutenção e limpeza
e. Evitar o contato direto entre tipos diferentes de material (ex.: Alumínio e Aço)
f. Alguns projetos de detalhamento precisam indicar regiões onde não pode haver
pintura, como por exemplo, no entorno de furações com ligação por atrito ou em
juntas soldadas de campo.

Cuidados especiais para estruturas galvanizadas


Para estruturas galvanizadas, é necessário tomar uma série de cuidados adicionais. É
preciso lembrar que existe um tamanho limite da cuba de galvanização que limita a
dimensão máxima das peças e não se deve prever soldas de campo, todas as ligações
devem ser parafusadas.

Abaixo, vamos destacar algumas recomendações para detalhes de estruturas galvanizadas


(Fonte : Guia de Galvanização a Quente – ABCEM) :

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Cuidar para deixar furos ou recortes de escoamento do zinco em regiões de acúlulo.

Diagonais e montantes de tesouras não devem tocar nos banzos, deixando espaço para o
escoamento.

Tubos devem ter furações de respiro e escoamento.

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Superfícies sobrepostas devem ser evitadas. Assim como em tubos selados, a o vapor
superaquecido pode causar “estufamento” e até explosões.

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Placas de base devem ter cortes de escoamento

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Capítulo 9 – Recomendações Gerais para Detalhamento

Introdução
Neste capítulo, vamos listar uma série de recomendações que são um resumo e adaptação do
manual de detalhamento do AISC.

É importante lembrar que para muitas questões, não há um certo e errado. Para um mesmo
problema, diferentes fábricas adotam soluções bastante diferentes baseadas em suas
experiências e processos de fabricação. Desta forma, quando se desenvolve um detalhamento
para um novo cliente, deve-se investir no entendimento de suas práticas e preferências que
irão desde a apresentação e formato dos documentos de projeto até diferenças em processos
de fabricação que interferem nas soluções de detalhamento empregadas.

Recomendações
1. Não se deve colocar notas junto a linhas de dimensionamento ou no meio dos
desenhos. Procurar agrupar as notas junto ao carimbo, evitando que a fábrica não as
encontre. Lembre que no chão de fábrica, as condições de iluminação e de leitura não
são as mesmas de um escritório.
2. Qualquer informação em texto deve estar escrita da esquerda para direita, ou de baixo
para cima. Isto evita a necessidade de se virar o desenho para leitura.
3. Prefira sempre um corte ou detalhe adicional do que explicar por meio de notas.
Textos são mais difíceis de serem interpretados e por isso aumentam a chance de
interpretação errada. “Uma imagem vale por mil palavras”.
4. Use um bom contraste de linhas, de forma a destacar linhas de contorno principais das
linhas de espessura, bem como não confundir linhas de peças com chamadas de cotas.
5. As linhas de cota devem ser separadas do desenho o suficiente para que fiquem claros.
6. A seta da linha de cota deve tocar na linha de chamada de forma clara. Não terminar
antes ou passar por cima da linha de chamada.
7. Cuidado para que a linha de chamada mostre com clareza qual o ponto que está sendo
cotado. Muitas vezes é preciso detalhes adicionais em escala maior para tornar estes
pontos de cota claros.
8. Cortes são preferencialmente olhando para esquerda ou de cima para baixo
9. Não se usa hachuras em cortes de estruturas metálicas
10. Chumbadores, placas de base e inserts devem ser as primeiras peça a serem
detalhadas
11. Comprimento das peças principais não precisam estar desenhadas em escala
(principalmente vigas e colunas)
12. Desenhe perfis U e cantoneiras olhando pelas costas dos perfis
13. Não misture num mesmo desenho, tipologias diferentes de estruturas (Ex.: Vigas,
colunas, contraventos, escadas, etc...). É normal que diferentes tipologias sejam
fabricadas separadas (algumas vezes até terceirizadas), de forma que separar os
desenhos ajuda na organização do projeto.

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14. Quando listas avançadas forem emitidas, o detalhamento deve acompanhar qualquer
alteração de quantitativos ou de bitolas ao longo do projeto que possa causar uma
compra errada de material.
15. Quando preparar listas avançadas, verificar a disponibilidade dos materiais e destacar
casos que mereçam maior atenção.
16. Listas avançadas especiais são preparadas para perfis dobrados e soldados quando a
fábrica precisa antecipar sua produção.
17. Para colunas com vários níveis de piso, deve ser fornecida a cota da dimensão total da
coluna desde a chapa de piso.
18. Cortes em desenhos de colunas devem ser sempre vistos de cima para baixo.
19. Furos devem estar alinhados na mesma linha de furação. Evitar a quebra de linhas e
sua variação ao longo do perfil.
20. Evite mais de uma bitola de furo numa mesma linha de furação. Evite a variação de
bitola na mesma mesa ou alma de perfil.
21. Nunca use a palavra “soldar”, use a simbologia correta de solda.
22. Não use mais solda do que o necessário.
23. Evite indicar a mesma solda mais de uma vez (No corte e na elevação, por ex.). Além
de deixar o desenho mais limpo, facilita a verificação e alteração.
24. Evite usar mais de uma qualidade de parafuso de uma mesma bitola.
25. Preste atenção para pontos de ajuste em obra, destacando com nota e deixando
“sobre-metal”
26. Indique com clareza pontos revisados no desenho com “nuvens” e indicação do
número de revisão.
27. Não use a indicação de revisão geral em desenhos.
28. Quando receber revisões do projeto básico que alterem peças já detalhadas e enviadas
ao cliente, informar o cliente sobre as alterações.

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Capítulo 10 – Gerenciamento de Detalhamento

Introdução
Neste capítulo vamos discutir princípios importantes para o gerenciamento correto de um
detalhamento de fabricação. Vamos abordar o controle de dados recebidos e gerados, assim
como a tramitação de informações e alterações de projeto.

Para terminar, vamos discutir sobre ética no ramo usando como base as recomendações do
NISD (National Institute of Steel Detailing).

Dados de Entrada para o Detalhamento


Um bom projeto de detalhamento precisa receber bons dados de entrada. Estes dados de
entrada são registrados em projetos básicos (ou executivos), especificações técnicas, Atas de
reunião, controles de solicitações de informações e registros de revisão (alteração) de projeto.

Quando o detalhamento descobre alguma incoerência nos dados de entrada, tem a obrigação
de comunicar ao seu cliente. No entanto, não é obrigação do detalhamento descobrir todas as
incoerências do projeto básico.

O detalhamento pode eventualmente utilizar os projetos de arquitetura para tirar dúvidas,


mas não é seu trabalho fazer compatibilizações entre a estrutura metálica e a arquitetura. A
preocupação quanto a interferências e/ou compatibilização entre estrutura metálica e
arquitetura é função do projeto básico.

O detalhamento deve apontar as inconsistências e faltas de informação encontradas no


projeto básico, sendo de responsabilidade do projeto básico o pronto atendimento e
esclarecimento de forma a não prejudicar o andamento do detalhamento.

Controle de Documentos recebidos e suas Revisões


Todos os documentos que o detalhamento recebe devem ser arquivados e organizados de
forma a estarem acessíveis e garantirem a utilização das informações mais atualizadas.

Para desenhos básicos, recomendamos manter um caderno de desenhos com registro da data
de recebimento e todo o histórico de revisões. Se um mesmo desenho foi recebido nas
revisões 0, 1 e 2, as três versões deste desenho devem estar no caderno. Este caderno permite
a reconstrução do histórico da obra e suas revisões ao longo do tempo.

O recebimento de documentos revisados (principalmente desenhos básicos) exige uma


atenção especial. Espera-se que as revisões estejam sinalizadas de forma clara (“nuvens” de
revisão). Um desenho revisado sem “nuvens” de revisão gera um desperdício de horas na
análise e procura das alterações.

Não é função do detalhamento, descobrir o que foi alterado de uma versão para outra do
projeto. Uma eventual perda de informação pela não indicação clara de revisão é
responsabilidade do projeto básico, não do detalhamento.

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Controle dos desenhos e documentos de detalhamento emitidos


Os documentos emitidos devem ter um controle de numeração e revisão, tal como exigido
pelos documentos recebidos. Normalmente a numeração dos desenhos e controle de revisão
deve obedecer a critérios do cliente final. Estes critérios devem ser ajustados de forma clara e
definitiva no início do detalhamento para evitar retrabalhos futuros.

É dever do detalhamento sinalizar adequadamente os pontos revisados em seus desenhos


para facilitar o gerenciamento de fábrica e assegurar que uma revisão passe desapercebida.

É uma boa prática o uso de Guias de Remessa de Documentos (GRDs) que oficializam o envio
dos desenhos com uma data, finalidade e lista de documentos.

Gerenciamento de dúvidas
Como vimos anteriormente, deve haver um cuidado no tratamento de dúvidas e na solicitação
de informações faltantes no projeto básico. Esta prática está sugerida no “Code os Standard
Practice for Steel Buildings and Bridges” do AISC. No item 4.6, fala-se sobre o processo de RFI (
Request for information – Requisição de informação). No nosso mercado algumas empresas
usam a sigla RFI, outras chamam de controle de pendências ou dúvidas de projeto. De
qualquer forma, pretendem gerenciar a mesma questão.

Cada solicitação deve ser numerada sequencialmente e ter uma data de emissão. Cada
solicitação ficara “aberta” (ou pendente) até que o projeto básico tenha feito o esclarecimento
necessário. A solicitação deve ser clara quanto ao esclarecimento que está sendo solicitado.

Recomendamos que o processo de gerenciamento de dúvidas seja discutido e acertado no


início do projeto. Deve-se estabelecer os responsáveis por receber e responder as questões,
assim como aqueles que serão “copiados” de todo o processo para que possam acompanhar a
evolução.

As vantagens de um gerenciamento de dúvidas são:

a. Registra as inconsistências e faltas de informações;


b. Possibilita quantificar as dificuldades enfrentadas pelo detalhamento na avaliação de
prazos e custos;
c. Registra as soluções apresentadas para fins de rastreabilidade;
d. Se o controle é numerado e controlado, reduz-se a probabilidade de se esquecer de
dúvidas ou confirmações ao longo do projeto;
e. Documenta o tempo de espera para o recebimento de informações importantes de
detalhamento;
f. Serve de base para pleitos de custos adicionais de projeto

Embora a resposta a uma solicitação de informação seja suficiente para que o detalhamento
prossiga, muitas informações relevantes devem ser incorporadas em atualizações do projeto
básico. Desta forma, as informações ficam reunidas e registradas no documento correto além

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10-3

de assegurar que o projeto básico esta atualizado. Na eventualidade de se verificar uma


solução do detalhamento no futuro, será fácil recuperar informações no projeto básico
atualizado e difícil de encontrar nos registros de dúvidas.

O detalhamento precisa ter bom senso na emissão das solicitações de informações. A emissão
exagerada, incluindo dúvidas bobas ou que poderiam ser resolvidas internamente, cria um
desperdício de horas internas e do cliente no manuseio de todas estas informações. Esta carga
desnecessária no cliente pode gerar desconforto e prejudicar o relacionamento ao longo do
projeto.

Por outro lado, não questionar questões importantes e resolver internamente para assegurar o
bom andamento do detalhamento é uma “roleta russa”. Haverá casos em que a decisão
interna se tornará um problema para o cliente, e normalmente isto será descoberto na
montagem com custos de acerto elevados.

Gerenciamento de Revisões
As revisões (ou alterações) de projeto no meio do seu desenvolvimento são parte da natureza
do trabalho. O que não quer dizer que o detalhamento tenha como prever todo o retrabalho, e
tenha que absorver os impactos de prazo e custo disto.

Da mesma forma que no gerenciamento de dúvidas, é necessário que cada evento de revisão
seja registrado através de um documento próprio com numeração sequencial e data. Este
documento registra o que foi alterado e seu impacto no trabalho já executado e
eventualmente até entregue.

A geração destes documentos demanda tempo e tem um custo elevado para o detalhamento.
Se for avaliar a possibilidade de não fazer este controle, tenha em mente que quanto maior for
o projeto, maior a necessidade do registro completo de revisões.

Os principais benefícios de se ter este gerenciamento são:

a. Acompanhamento e registro de todas as revisões recebidas;


b. O registro numerado impede que alguma revisão seja esquecida pelo detalhamento;
c. Fácil recuperação e demonstração do volume de trabalho adicional. Este volume
(geralmente em horas adicionais) é sempre útil durante a discussão de ajustes de
cronograma e custos de projeto;
d. O registro de revisão pode ser usado como um item de cronograma, deixando clara a
inclusão de etapas adicionais de serviço;
e. Num projeto longo, é muito difícil lembrar e reconstruir o histórico de revisões.
Lembrar, por exemplo, o que estava pronto quando algo novo foi introduzido no
projeto básico. Com os registros individuais, todas estas informações ficam
documentadas.

Os registros de revisão devem ser feitos assim que o detalhamento recebe as solicitações de
mudança ou projetos básicos alterados. Nessa etapa, a eventual modificação de detalhamento
já entregue ao cliente deve ser prontamente comunicada para evitar a fabricação com

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10-4

informações desatualizadas. O registro de revisão pode informar as horas adicionais de projeto


necessárias à sua execução, que devem ser aprovadas pelo cliente prontamente.

Por último, vale registrar que é obrigação do projeto básico a emissão de forma clara e
organizada de todas as revisões. Veja o que prevê o AISC :

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Projetos “Fast-tracking delivery”


“Fast-tracking” são projetos onde o detalhamento é feito em paralelo com decisões de
arquitetura, layout ou equipamentos. A obra, visando diminuição de prazos escolhe iniciar as
atividades em paralelo. Este tipo de contrato, que no mercado nacional não é explícito como
deveria ser, está sujeito a um grande número de revisões e retrabalhos.

Nestes casos, mesmo o gerenciamento adequado de dúvidas e revisões não impedem que a
probabilidade de erros no projeto cresça significativamente. É preciso entender e fazer o
cliente entender, que neste caso existe uma responsabilidade compartilhada pelos erros de
detalhamento já que o cliente está contratando um serviço com gerenciamento muito
complexo.

O gerenciamento do detalhamento deve estar preparado para negociar custos e prazos de


forma constante sob o risco de perder completamente o gerenciamento de prazos e ter que
absorver prejuízos.

Peso de projeto
Para fins de faturamento por peso (R$/kg), o AISC (Item 9.2 do Code of Standard Practices) e o
Manual de Práticas recomendadas pela ABCEM definem que o peso a ser utilizado é o peso
bruto. Ou seja, não são descontados recortes de chapas, aberturas em perfis ou furações.

Para o peso bruto considera-se o peso dos parafusos, mas não o peso de cordões de solda.

Código de ética do NISD (National Institute of Steel Detailing)


Não temos no Brasil uma associação voltada aos interesses do projeto de detalhamento,
abaixo vamos listar alguns pontos importantes do código de ética da associação americana:

1. Os profissionais de detalhamento farão o seu melhor para preservar a integridade e


dignidade do serviço de detalhamento e para protegê-lo de interpretações e
entendimentos errôneos.
2. O profissional de detalhamento não vai medir esforços para entregar um serviço de
qualidade e que seja adequadamente reconhecido.
3. O profissional de detalhamento cuidará para não prejudicar, direta ou indiretamente,
a reputação e histórico de outros profissionais.
4. O profissional de detalhamento não divulgará informações sobre o projeto e negócio
de seus clientes.
5. O profissional de detalhamento se manterá informado e estará continuamente se
atualizando a respeito de técnicas, processos métodos e materiais disponíveis no
mercado de forma a ser capaz de entregar o melhor serviço possível a seu cliente.
6. O profissional de detalhamento se manterá a par dos padrões e necessidades do
fabricante, assim como deverá conhecer os equipamentos e métodos que o fabricante
utiliza.

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7. O profissional de detalhamento fornecerá desenhos de fabricação precisos e


diagramas de montagem da mais alta qualidade, buscando a eficiência e economia no
detalhamento, fabricação e montagem.
8. O cliente será informado de qualquer situação que na opinião do profissional de
detalhamento pode colocar em perigo a segurança pública, independente se isto é ou
não da responsabilidade do cliente.
9. O cliente estará sempre informado sobre qualquer item solicitado pela engenharia ou
cliente final que resulte em acréscimo de custos ou prazos.
10. O profissional de detalhamento enfatizará junto ao seu cliente a necessidade de ser
avisado e consultado a respeito de qualquer problema que surja do detalhamento e da
fabricação. Desta forma, poderá auxiliar na solução dos problemas de forma eficiente
e ajudar a minimizar o impacto destes problemas.
11. O profissional de detalhamento deixará claro que o detalhamento será baseado
exclusivamente no projeto básico e especificações, a não ser que tenham referências
específicas ao projeto de arquitetura ou outros documentos.
12. Sempre que possível, o profissional de detalhamento utilizará as formas padrão de
contratação no mercado de forma que o fabricante seja conhecedor deste padrão e se
acostume com ele.
13. O profissional de detalhamento cumprirá todos os acordos contratuais e obrigações
incluindo a obediência ao cronograma.
14. O profissional de detalhamento estudará o projeto básico e as especificações para
assegurar que o detalhamento seguirá todas as recomendações e considerações da
engenharia.
15. O profissional de detalhamento vai solicitar a aprovação da engenharia quanto a
resistência de todas as conexões antes de iniciar o detalhamento, reconhecendo que a
responsabilidade pela integridade e resistência da estrutura e conexões é de
responsabilidade da engenharia.
16. O profissional de detalhamento vai cooperar com a engenharia, listado todas as
informações faltantes necessárias para completar o detalhamento e vai requisitar isto
o mais cedo possível.
17. O profissional de detalhamento informará a engenharia de qualquer erro ou
informação ambígua encontrada nos desenhos básicos que forem descobertos
durante o detalhamento, mas não será responsáveis por erros e inconsistências não
encontrados.
18. Se solicitado pelo cliente, o profissional de detalhamento receberá informações de
interface com outras disciplinas (equipamentos, tubulações, etc...), desde que estas
informações sejam fornecidas de forma clara e em tempo hábil. O detalhamento não
pode ser prejudicado e poderá solicitar compensação nos casos em que receber
informações incorretas, não claras ou em atraso.
19. O profissional de detalhamento vai cooperar com todas as demais disciplinas (
concreto, equipamentos, tubulações, etc...) dentro do acordado com o cliente.

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Responsabilidade e compensação por erros de Detalhamento


No Brasil, não há um consenso sobre este assunto, mas a prática de mercado não costuma
exigir compensações por erros de detalhamento. De qualquer forma, abaixo incluímos uma
tradução livre da política americana, conforme publicado pelo NISD (“Policy Regarding
Backcharges”)

“Qualquer erro ou imprecisão do detalhamento encontrado pelo cliente deve ser


imediatamente comunicado ao detalhamento para que juntos possam avaliar a extensão dos
problemas e seus custos. O detalhamento deve ter uma tolerância de custos de erros de até 5%
do custo total de seu serviço, incluindo custos de adicionais e revisões. Se o custo for superior a
esta tolerância, o detalhamento deverá arcar com os custos de até o máximo de 10% do valor
total do seu serviço (incluindo aditivos e revisões). Os custos a serem cobrados do
detalhamento são os de mão de obra, impostos, seguro e transporte envolvidos na correção
dos problemas. Custos de matéria prima deverão ser pagos pelo cliente. O cliente deverá
notificar o detalhamento de qualquer discrepância encontrada, de tal forma que o
detalhamento tenha a oportunidade de corrigir ou esclarecer o problema. Na eventualidade do
cliente não efetuar esta notificação, o detalhamento não poderá ser responsabilizado pelos
custos envolvidos.

Nenhum erro ou discrepância de detalhamento será responsabilidade do detalhamento se tiver


sido causado, direta ou indiretamente, por omissões ou ambiguidade nas informações do
projeto básico e seus documentos disponibilizados para o detalhamento.”

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