Programa Integrado de Monitoramento de Deformações para Barragens de Rejeitos: O Caso Do Complexo de Germano

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COMITÊ BRASILEIRO DE BARRAGENS

XXXI - SEMINÁRIO NACIONAL DE GRANDES BARRAGENS - SNGB


BELO HORIZONTE – MG, 15 A 18 DE MAIO DE 2017
T.4 – A.22

PROGRAMA INTEGRADO DE MONITORAMENTO DE DEFORMAÇÕES PARA


BARRAGENS DE REJEITOS: O CASO DO COMPLEXO DE GERMANO

Samuel Ricardo CARNEIRO


Engenheiro Geólogo Geotécnico, M. Sc. – Samarco Mineração S.A.

Filipe Ferreira COSTA


Estudante Eng.Civil – IDS Engenharia de Sistemas Ltda.

Breno de Matos CASTILHO


Engenheiro Civil – Samarco Mineração S.A.

Paolo FARINA
PhD, Engenheiro Geólogo – GEOAPP

RESUMO

Um monitoramento de risco necessita de dados completos, contínuos e confiáveis. A


proposta deste trabalho é, a partir dos dados de satélites InSAR, radares de solo
GBInSAR e Estações Totais Robotizadas (ETR’s), apresentar as vantagens de cada
sistema e de um programa de monitoramento integrado, que torne possível
identificar deslocamentos lentos/acelerados, acompanhá-los e analisá-los, obtendo
assim tempo hábil para o planejamento de ações mitigadores, preventivas e
corretivas, antes que tais ações tornem-se inviáveis.

ABSTRACT

Any risk monitoring requires complete, continuous and reliable data. The proposal of
this paper is, based on the combination of satellite InSAR data, GBInSAR ground
based radar and Robotic Total Stations, to present the advantages of each system
and an integrated monitoring program enabling the identification of slow/accelerated
displacements, to support their interpretation, thus obtaining time for the planning of
preventive and corrective mitigation actions before an emergency action becomes
impossible to be taken.

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1. INTRODUÇÃO

Os sistemas clássicos de monitoramento de taludes já não oferecem as respostas


necessárias na velocidade em que as decisões relacionadas à segurança exigem.
Com a adoção de novas tecnologias de monitoramento essa necessidade pode ser
suprida [1].
Os tipos de monitoramentos apresentados neste artigo vêm gradualmente se
tornando técnicas bem conhecidas na indústria da mineração. O advento das
tecnologias InSAR (Interferometric synthetic aperture radar) e GBInSAR (Ground
Based Interferometric Synthetic Aperture Radar) tem como objetivo detectar
possíveis movimentos que afetam a superfície do terreno, principalmente nos
taludes de cavas, pilhas e barragens de rejeitos [2]. O objetivo principal deste
trabalho é apresentar o valor associado de um sistema de monitoramento integrado
para deformações de superfícies, capaz de detectar com antecedência áreas em
movimento e apoiar as práticas de gerenciamento de riscos agora utilizadas nas
barragens do Complexo de Germano, da Samarco Mineração, localizada no
município de Mariana, localizada a, aproximadamente, 140km de Belo Horizonte, no
estado de Minas Gerais, Brasil.
O monitoramento através do procedimento clássico, com alvos pontuais tipo prismas
fixos em hastes de aço cravadas no solo são medidos com Estação Total de
precisão milimétrica e aferidos diariamente. Os radares GBInSAR fornecem dados
contínuos 24 horas por dia, 7 dias por semana, com precisão submilimétrica e em
tempo real de toda a área monitorada, de forma autônoma. Além de possuírem
grande alcance operacional de até 4.000m, também possuem avançados algoritmos
de correção atmosférica, o que possibilita sua operação em qualquer condição
climática, diferentemente de outras tecnologias, que podem não apresentar
resultados satisfatórios em determinadas condições climáticas. Também foram
adquiridos dados de satélite para detecção e controle de deformações superficiais
através da técnica InSAR, com dados sendo adquiridos, aproximadamente, 3 vezes
ao mês. A principal vantagem desta técnica é de fornecer cobertura para uma
extensa área, com precisão milimétrica e sem a necessidade de instalação de
equipamentos in situ.
Os resultados aqui apresentados foram gerados a partir da integração dos dados
das três tecnologias de monitoramento geotécnico e cobrem o período posterior ao
evento ocorrido na Samarco, em novembro de 2015.

2. BARRAGENS DE REJEITOS DO COMPLEXO DE GERMANO

2.1 BARRAGEM GERMANO

O projeto inicial da Barragem do Germano foi desenvolvido, em 1975, pela empresa


Bechtel. Segundo a campanha de sondagens realizadas pela referida empresa, a
área de fundação da barragem caracteriza-se pela ocorrência de filitos, intercalados
por quartzito, com camada sobrejacente de solo residual com espessura de até 15m,
e camada superficial de colúvio argilo-arenoso, com espessura média de 3m.
Caracteriza-se ainda, nas regiões de vale, pela presença de depósitos aluvionares
argilo-arenosos e areno-argilosos.
A primeira etapa da Barragem do Germano foi construída com a implantação de um
dique de partida, cuja seção transversal é zonada, partindo da elevação 779,50m, e

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atingindo elevação máxima na elevação 849,50m, com crista de largura igual a 10m
e comprimento de aproximadamente 200m.
Posteriormente, à medida que se elevava o nível de rejeitos, foram sucedendo-se
alteamentos para montante até a elevação 886m. Em 1995, a Samarco contratou
projeto de alteamentos até a elevação 894m. O projeto previa o maciço do dique em
solo argiloso compactado, com plataformas de afastamento entre 60 e 100m para
montante da crista existente e altura entre 4,0 e 6,0m. Após cada alteamento seria
feito o lançamento do rejeito arenoso, com uma tubulação apoiada na crista do
aterro. Esta tubulação partiria da tubulação existente, localizada na estrada, subiria
até a cota 920m e desceria pela encosta da margem direita da barragem.
Com o objetivo de garantir a melhoria das condições de estabilidade à jusante da
barragem e aumentar a capacidade do reservatório, um empilhamento drenado de
rejeitos arenosos à jusante da barragem foi projetado. Assim, construiu-se um novo
dique de partida à jusante, em solo compactado (material areno-siltoso), em
camadas de 30cm e proteção com blocos de grande diâmetro e fração de
enrocamento fino, até a cota 790m. A partir deste, foram feitos os alteamentos
consecutivos para montante, a cada 5,00 metros de altura, até atingir a elevação
920,0m. O núcleo dos alteamentos constituiu-se em rejeito arenoso, protegido na
face de jusante por solo argiloso compactado.

2.2 DIQUE DE SELA

Com os sucessivos alteamentos do barramento principal da Barragem do Germano,


foi necessária a construção de um dique para o fechamento de uma sela
topográfica, na região esquerda do reservatório.
Preliminarmente à construção, foi realizada a limpeza na área de fundação, por meio
da remoção de bolsões de solo mole. Após a remoção desse material, lançou-se
uma camada de transição de espessura mínima de 0,50m composta por material
granular (oversize fino) antes do início do aterro em blocos de enrocamento com
finos previstos à jusante do filtro. Na região localizada à montante do Dique da Sela,
na área do reservatório, implantou-se uma plataforma utilizando-se o próprio rejeito
arenoso como material de construção. Esta camada serviu de suporte para o aterro
argiloso previsto à montante do filtro de areia.
O primeiro alteamento do Dique da Sela se deu pelo método de jusante, a partir da
cota 886m até atingir a cota 890m, contemplando a construção de filtro vertical e
tapete drenante. O segundo alteamento foi da cota 890m até a cota 894m,
implantado pelo método de montante. Os alteamentos posteriores, terceiro e quarto,
sucederam-se entre 1999 e 2000, pelo método de montante, atingindo
aproximadamente 2,0 m cada. Já o quinto alteamento foi da cota 898m até cota 899,
tendo sido realizado em 2001, pelo método de montante. Com a implantação do
Empilhamento Drenado e a previsão de operação da Barragem Germano até a
elevação 920m, tornou-se necessário altear o Dique da Sela. Este alteamento deu-
se por jusante até a cota 910,0m. Posteriormente, para aumentar a capacidade de
armazenamento de rejeitos da Barragem Germano, o dique foi alteado para a
elevação 913m, pelo método de linha de centro, com maciço principal em blocos
com uma camada impermeabilizante na face de montante e na base em solo
argiloso esteirado. Em setembro de 2011, para atender aos critérios de borda livre
na passagem da cheia, foi realizado o alteamento até a elevação 914,5m.
O sistema de drenagem interna é formado por tapete horizontal e filtro vertical
construído com solo arenoso. Foram implantados drenos longitudinais e transversais
sob a camada de transição, abaixo do aterro compactado de blocos de enrocamento

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devido aos vários pontos de surgência d’água expostos durante as atividades de
limpeza e tratamento de fundação na área do corpo do aterro do dique.

2.3 DIQUE DA TULIPA

A construção do Dique da Tulipa tornou-se necessária a partir da implantação do


Empilhamento Drenado, para atender a nova configuração do reservatório,
concomitantemente ao Dique de Sela, estando localizado no lado norte do
reservatório, na margem esquerda. Sua concepção previa cota até a elevação
895m, sendo seu maciço construído em blocos de enrocamento compactados.
No tratamento da fundação, toda a vegetação e o solo com presença de matéria
orgânica foram removidos numa primeira etapa. Em seguida, bolsões de solo
orgânico e materiais com baixa capacidade de suporte foram removidos. Após a
remoção desse material, lançou-se uma camada de transição, em “oversize fino” e
com espessura mínima de 0,50 m, antes do início do lançamento e compactação
dos blocos de enrocamento.
Um alteamento posterior por jusante foi construído até a cota 898,0m e,
posteriormente, vários alteamentos por montante foram construídos até a elevação
902,0m. E para atingir a elevação 910,0m foi realizado o alteamento por linha de
centro, da mesma forma que o Dique da Sela, com o maciço formado por uma zona
impermeável em aterro compactado, funcionando como núcleo, e uma zona em
enrocamento compactado no espaldar de jusante.
No Dique Tulipa também foram implantados drenos longitudinais e transversais sob
a camada de transição, abaixo do aterro compactado de blocos de enrocamento.
Estes drenos tiveram por objetivo dar condições de trabalho na região da fundação.
Em janeiro de 2013 foi projetado o alteamento dos diques Sela e Tulipa, sendo
realizado alteamento até a elevação 917m.

2.4 DIQUE DE SELINHA

O Dique de Selinha foi implantado simultaneamente aos alteamentos nos Diques da


Sela e Tulipa, para atender a nova configuração do reservatório, ou seja, com a
crista do barramento principal de Germano na El. 920,0m. No tratamento da
fundação, todo o material utilizado como base do acesso existente na área foi
removido até que se alcançasse o terreno natural. Não foram identificadas regiões
com material mole e nem com percolações significativas. O aterro compactado foi
concebido em material argiloso proveniente de pilha de estéril.
Para aumentar a capacidade de armazenamento de rejeitos da Barragem Germano,
também foi concebido seu alteamento até a elevação 913,0m, pelo método de linha
de centro, ligeiramente deslocado para montante, com maciço principal em blocos
com camada impermeabilizante na face de montante e na base em solo argiloso
esteirado. Para viabilizar a implantação do alteamento foi implantada uma camada
de blocos com finos sobre a lama existente de modo a permitir a construção. Para a
estabilização do maciço foi necessária a implantação de uma berma de equilíbrio à
jusante em blocos. Em 2011, foi realizado outro alteamento, até a elevação 914,5m,
para atender às condições de disposição de rejeito.
O sistema de drenagem interna do Dique da Selinha foi concebido em tapete
horizontal de areia, de aproximadamente 1,0m de espessura, e filtro vertical de
areia, acima do terreno natural. No Dique da Selinha, não houve a necessidade de
implantação de drenos transversais e longitudinais.

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3. DESCRIÇÃO DOS SISTEMAS INTEGRADOS DE MONITORAMENTOS

3.1 RADAR GBINSAR

O sistema de radar IBIS-FM (Image by Interferometric Survey Radar) da empresa


IDS (Ingegneria Dei Sistemi) foi desenvolvido de forma a atender aos principais
requisitos de monitoramento de deslocamentos superficiais em taludes (cavas,
barragens e pilhas de estéril), a saber:

 Precisão submilimétrica: 1/10 mm


 Resolução (pixel): 0,75 x4,3m@1km
 Alcance Operacional: até 4 km de distância em qualquer condição climática;
 Capacidade de alarme: alertas enviados por POP-UP, e-mail e SMS;
 Autonomia: equipamento projetado para ser autossuficiente em energia e
operação autônoma e de forma remota;
 Aquisição continua (24x7) de forma rápida e segura: leitura em poucos
minutos com transmissão e processamento em tempo real;
 Monitoramento de longo prazo;
 Softwares de interface de usuário amigável;
 Apresenta graficamente dados meteorológicos: temperatura; pressão;
umidade; Velocidade e direção do vento e precipitação.
 Detecção de deslocamentos altos (mm/hora) e baixos (mm/ano).

FIGURA 1: Radar IBIS-FM.

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FIGURA 2: Mapa de deslocamento acumulado gerado pelo IBIS Guardian.

Este equipamento dispõe de algoritmos avançados para processamento automático


de dados e remoção de ruídos atmosféricos, semelhantes aos algoritmos utilizados
nos satélites. Os sistemas IBIS fornecem alertas antecipados e confiáveis para
movimentos de deslocamentos progressivos que poderiam potencialmente acarretar
uma ruptura e, simultaneamente, em função de seu algoritmo Multi-Scale é possível
também realizar o processamento dos dados de deslocamentos extremamente
baixos (poucos mm/ano), o que permite a detecção precoce de movimentos lentos,
auxiliando nas atividades de planejamento, no design da mina, e nas práticas de
monitoramento antes que o movimento comece a interferir na operação e que
qualquer problema torne difícil ou muito caro para ser gerenciado (Consultar [3]).

3.2 INSAR

O monitoramento InSAR é realizado a partir de imagens adquiridas periodicamente


pelo sensor SAR a bordo de um satélite em geometrias de visada ascendente e/ou
descendente. Para um estudo mais avançado, as combinações dessas geometrias
permitem, além da visualização de deslocamentos em LoS (Line of Sight), a
projeção do movimento resultante na componente vertical e horizontal (E-W) [2]. As
grandes vantagens da análise por satélite InSAR são:
 Possuir grande cobertura espacial capaz de cobrir uma área de, no mínimo,
150Km2;
 Não há necessidade de instalação de equipamentos in situ;
 Possui precisão milimétrica;
 Resolução: 3m.

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Ideal para detecção precoce de deformação de solo (de barragens e ao mesmo
tempo das minas adjacentes) em áreas muito extensas com movimentações lentas
(Consultar [2] e [4]).

3.3 ESTAÇÃO TOTAL

O uso da Estação Total de precisão no processo de monitoramento de estruturas é


aplicável em áreas onde deseja-se acompanhar o deslocamento superficial da
estrutura.
São características deste sistema:
 Precisão submilimétrica;
 Levantamento periódico: depende do comportamento da estrutura, do
equipamento utilizado, do clima e da disponibilidade de operadores treinados
para a atividade;
 Técnica bastante efetiva para estimar a geometria do deslocamento de áreas
detectado a partir do radar, uma vez que fornece o vetor de deslocamento 3D,
enquanto o radar GBInSAR e o InSAR são medições de linha de visão que
monitoram vetorialmente o deslocamento.

Este sistema exige a instalação inicial de vários alvos pontuais tipo prismas fixos em
hastes de aço cravadas no solo e de um marco onde o aparelho será instalado de
forma que seja possível observar os prismas. Fazem-se as leituras das
coordenadas, ângulos e distâncias para preenchimento de uma planilha de dados
onde posteriormente será possível analisar as medidas coletadas.
Todos os três sistemas são influenciados por fortes variações atmosféricas, mas
talvez este seja o mais prejudicado.

FIGURA 3: Estação total robotizada Leica TM50.

4. RESULTADOS: DADOS DE MONITORAMENTO DO PRIMEIRO ANO DO


EVENTO DE 2015

Os resultados do monitoramento InSAR apresentados nas Figuras 4 e 5, a seguir,


foram obtidos após o processamento de algumas imagens do terreno, levantadas
aproximadamente 3 vezes por mês pelo satélite italiano Cosmo SkyMed. Ele cobre
uma área aproximada de 164Km2, obtendo alguns milhares de pontos não só das
barragens e mina da Samarco, como também das minas adjacentes.
Neste artigo, os resultados InSAR exibidos na cor amarela para vermelho
representam deslocamentos que se afastam do sensor, enquanto que resultados na
cor azul indicam deslocamentos que se aproximam do sensor (oposto para
GBInSAR e Prismas). A resolução destes dados é de aproximadamente 3m com
precisão na escala de milímetros. Observa-se que a distribuição dos dados não é

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homogênea, pois este sistema exibe informações apenas em regiões de boa
coerência (reflexão do sinal). Por este motivo a ferramenta tem problemas no
monitoramento de áreas vegetadas, o que não impossibilita sua realização, mas
pode exigir a instalação de refletores artificiais no terreno. Outra desvantagem do
sistema é quando a região monitorada apresenta áreas com grande movimentação,
como é o caso da barragem de Santarém que, por estar em obra (ver Figura 6)
exibe apenas informações do radar de solo GBInSAR. Nestes casos, quando
possível, a periodicidade do monitoramento InSAR deve ser reduzida ao máximo.

SELINHA

SELA TULIPA

GERMANO

GERMANO

FIGURA 4: Mapa de deslocamento fornecido pelo Satélite InSAR ascendente.

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SELINHA

SELA TULIPA

GERMANO

GERMANO

FIGURA 5: Mapa de deslocamento fornecido pelo Satélite InSAR descendente.

Vale ressaltar que o radar de solo surgiu a partir da tencologia InSAR e possuem a
mesma técnica de tratamento de dados (Consultar [3] e [5]), porém o radar de solo
(GBInSAR) se beneficia pela proximidade e continuidade na aquisição de dados,
contornando assim as desvantagens apresentadas pelo InSAR. Um dos benefícios
na integração destes dois sistemas é o de possibilitar um levantamento com
cobertura completa da mina, pois os radares de solo podem ser posicionados para o
monitoramento das regiões “cegas” ao sistema InSAR, proporcionando a essas
regiões um monitoramento seguro e eficiente, com centenas de milhares de pixels
sendo mensurados em tempo real.

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FIGURA 6: Dados radar InSAR e GBInSAR da estrutura de Santarém.

Nas Figuras 7 e 8 são apresentados resultados das estruturas de Germano, Sela


Tulipa e Selinha, onde a integração dos três sistemas de monitoramento tem como
resultado dados de deslocamentos com as informações dos prismas, indicando a
direção real do deslocamento. Esta informação pode ser utilizada tanto no momento
da instalação do radar de solo, evitando o mau posicionamento do sistema em
relação à direção do deslocamento, quanto após a instalação, para a calibração dos
resultados e alarmes de acordo com a sensibilidade do movimento. Isto ocorre, pois
assim como o sistema InSAR, este também mede a componente do vetor de
deslocamento ao longo da linha de visão do radar (Ver Figura 9), ou seja,
deslocamentos que se aproximam ou afastam do seu sensor. Da mesma forma, o
radar ou o satélite podem auxiliar no planejamento de instalação dos prismas,
identificando as áreas que estão se movimentando.

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FIGURA 7: Dados de Prismas, InSAR e GBInSAR da estrutura de Germano.

FIGURA 8: Dados de Prismas, InSAR e GBInSAR da estrutura de Sela Tulipa e


Selinha.

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a b

Deslocamento Deslocamento
real real

Deslocamento
monitorado
Deslocamento
monitorado

FIGURAS 9: (a) LOS favorável (b) LOS desfavorável

5. CONCLUSÃO

De acordo com a Tabela 1 abaixo, a correlação entre a integração destes três


sistemas possibilita a criação de um projeto de monitoramento de estruturas, que
tem como objetivo produzir informações relativas ao comportamento das mesmas,
através dos dados coletados em campo, cobrindo, de um ponto de vista espacial e
temporal, todos os deslocamentos superficiais que ocorrem em um site extenso. No
caso do complexo de Germano, torna-se possível constatar um problema, identificar
sua causa, realizar o planejamento das ações e decidir pelo tipo de intervenção mais
adequado, em menor tempo, minimizando, ou até mesmo evitando, possíveis danos
às estruturas.

TABELA 1: Comparação entre os sistemas.

Vantagens: InSAR GBInSAR Prismas


Monitoramento em tempo real   
Deslocamento real   
Deslocamento lento   
Monitoramento Crítico   
Boa resolução   -
Áreas extensas   
Precisão submilimétrica   

6. AGRADECIMENTO

Os autores agradecem à Samarco, pelo apoio e pela permissão para a publicação


dos resultados, e à equipe da TER ALTAMIRA, especialmente Carolina Athayde e
Tércio Costa, por todo suporte.

7. PALAVRAS-CHAVE

Análise de deformação, sensoriamento remoto por satélite, Radar GBInSAR


prismas, barragens de rejeito.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

[1] COSTA, T. A., AQUINO, T., SAYÃO, A., NUNES, A., (2013) – “Monitoramento
da Mina do Córrego do Feijão da Vale com Radar Interferométrico”, Cobrae
2013 – VI Conferência Brasileira de Estabilidade de Encostas. 8 f.

[2] SÁNCHEZ, C., BIESCAS, E., ATHAYDE, C. (2016) – “Estudo de


Monitoramento através de Satélite Radar para a Mina do Germano, Samarco,
Estudo Baseline 2015 – 2016”, trabalho. 43 f.

[3] MICHELINI, A., COLI, N., COPPI, P., FARINA, P., COSTA, F., COSTA, T. A.,
COSTA, T., FUNAIOLI, G. (2015) – “Advanced Data Processing of Ground-
Based Synthetic Aperture Radar for Slope Monitoring in Open Pit Mines”, 24th
International Mining Congress and Exhibition of Turkey-IMCET'15 Antalya,
Turkey, April 14-17, 2015. 8 f.

[4] HARTWIG, M., (2013) – “Monitoramento de taludes de mineração por


interferometria diferencial com dados Terra Sar-x na Amazônia: Mina de N4W,
Serra de Carajás, Pará, Brasil”, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais -
INPE . 270 f.

[5] PARADELLA, W., FERRETTI A., MURA J., COLOMBO D., GAMA F.,
TAMBURINI A., SANTOS A.R., NOVALI F., GALO M., CAMARGO P.O.,
SILVA A.Q., SILVA G.G., SILVA A.,GOMES L.L. (2015) – “Mapping surface
deformation in open pit iron mines of Carajás Province (Amazon Region) using
an integrated SAR analysis”, Engineering Geology, Vol. 193, pag. 61–78

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