João Sem Medo

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Teste de avaliação – 9º Ano

Nome ____________________________ N.° ___ Turma _____ Data _________________________

Grupo I

Parte A

Lê o texto seguinte e observa a figura.

Silêncio é má notícia

O medo é a mais primitiva das emoções. Todos os animais – dos insetos aos humanos – nascem
com a capacidade de detetar e responder a certos tipos de perigos: um rato sabe que tem de fugir
de um gato, mesmo sem nunca ter presenciado o ataque de um felino. Desde o nascimento que
Homem e animais são também capazes de aprender a reconhecer novas ameaças. "Há as respostas
5 inatas e as que se adquirem por transmissão social", explica Marta Moita, neurocientista da
Fundação Champalimaud. Num artigo científico publicado recentemente na revista Current Biology,
aquela investigadora, responsável por um laboratório de comportamento, descreveu a importância
do silêncio na sinalização do perigo. No estudo, feito com ratos, um bom modelo para as análises
comportamentais, ficou demonstrado que o silêncio é um importante indicador de perigo. Tal como
10 qualquer pai de uma criança pequena já sabe: quando não há barulho, é mau sinal.
A experiência consistiu em treinar um animal para ter medo de uma determinada buzinadela. A
partir daí, quando ouvia aquele som, o rato imobilizava-se. Os vizinhos de gaiola, que não tinham
sido treinados, passaram também a imobilizar-se, sempre que soava o sinal de alarme, imitando o
comportamento do primeiro. A ausência de ruídos associados ao movimento, ou seja, o silêncio, era

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15 a forma como os animais se apercebiam do perigo. Por outro lado, o som do movimento funciona
como um indicador de segurança. “Descobrimos que a ausência de som era necessária e suficiente
para induzir o medo nos ratinhos observadores”, lê-se no artigo. “Uma vez que a imobilidade é uma
resposta ao medo, comum a várias espécies de vertebrados, acreditamos que o silêncio constitui
uma verdadeira pista pública que rapidamente se espalha por todo o ecossistema.”
20 Marta Moita percebeu também que, quando os animais estão na companhia do seu parceiro,
sentem menos medo, imobilizando-se por menos tempo. “Cria-se uma espécie de ´almofada social‘,
ou, dito de outra forma, 'o sofrimento gosta de companhia'.”
Visão, nº 1026, novembro 2012

Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe
corresponde, de acordo com o sentido do texto. Escreve as letras e os números
correspondentes. Utiliza cada letra e cada número apenas uma vez.

Coluna A Coluna B
(1) é uma almofada social.
(a) O silêncio (2) é uma resposta ao medo.
(b) A imobilidade (3) é inata ou socialmente transmitida.
(c) Qualquer forma de reconhecer a ameaça (4) é um indicador de perigo.
(d) A situação de perigo (5) é um indicador de segurança.
(e) A presença de sons (6) é inata e não socialmente transmitida.
(7) é reconhecida por todos os animais.
(8) é um fator de dispersão.

2. Indica o referente da palavra sublinhada na expressão “imitando o comportamento do


primeiro.” (ll.13-14).

3. Para responderes a cada item (3.1 a 3.5.), seleciona a única opção que permite obter
uma afirmação adequada ao sentido do texto e da figura.
Escreve o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.

3.1. A expressão “reação em cadeia” (subtítulo) significa

a) que os factos apresentados ocorrem em espaços fechados.


b) que a reação de medo se localiza numa única zona cerebral.
c) que a reação de medo envolve várias partes do cérebro.
d) que o medo implica a presença de vários participantes.

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3.2. A expressão “um bom modelo para as análises comportamentais” (ll.8-9) diz
nos que os ratos

a) têm um comportamento diferente dos humanos.


b) têm comportamentos semelhantes aos humanos.
c) são um exemplo a seguir pelos humanos.
d) são animais cientificamente pouco interessantes.

3.3. A expressão “Tal como qualquer pai de uma criança pequena já sabe: quando
não há barulho, é mau sinal.” (ll.9-10) significa que

a) as crianças não comunicam eficazmente.


b) o silêncio é um sinal muito pouco eficaz.
c) o silêncio indicia frequentemente problemas.
d) o silêncio indicia frequentemente solidão.

3.4. Os ratinhos observadores, que não tinham sido treinados, passaram também
a imobilizar-se, sempre que soava o sinal de alarme, porque

a) estavam muito baralhados.


b) não queriam ser diferentes.
c) queriam imitar o rato treinado.
d) eles próprios sentiam medo.

3.5. Quando acompanhados, os animais sentem menos medo. Assim,

a) ficam em absoluto silêncio.


b) prolongam a sua imobilidade.
c) imobilizam-se por menos tempo.
d) comunicam entre si.

Parte B

Lê o texto seguinte.

– Bem – pensou. – Cá estão os dois caminhos fatais: o do Bem e o do Mal. (Como se houvesse
caminhos nítidos do Bem e do Mal!) Já esperava por eles. (…)
– Vou pelo bom caminho, como é costume, claro – resolveu João Sem Medo, embora desconfiado
de tanta felicidade aparente. – O contrário seria idiota e doentio. (…)
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Quase ao mesmo tempo assomou à porta do cubo uma figura monstruosa. Homem? Talvez; mas a
quem tivessem decepado a cabeça, aberto dois olhos redondos no peito e talhado no estômago uma

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boca de lábios grossos e carnudos que tentavam sorrir para João Sem Medo enquanto articulavam
esta saudação com voz desentoada de ventríloquo:
– Que a paz e a estupidez sejam contigo. Vens preparado para a operação?
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– Que operação? – interrogou João Sem Medo, suspeitoso.
O descabeçado, de cigarrilha na boca do estômago, expôs-lhe então com paciência burocrática:
– Ninguém pode seguir o caminho asfaltado que leva à Felicidade Completa sem se sujeitar a este
programa bem óbvio. Primeiro: consentir que lhe cortem a cabeça para não pensar, não ter opinião
nem criar piolhos ou ideias perigosas, Segundo e último: trazer nos pés e nas mãos correntes de
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ouro…
João Sem Medo ouriçou-se numa reação instintiva:
– Nunca! Bem se vê que não tens a cabeça no seu lugar.
– Realizada esta insignificante intervenção cirúrgica – prosseguiu o monstro imperturbável –, ninguém
te impedirá de gozar o resto da vida na boa da pandega e da abastança. E tudo de graça.
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Porque quem não tem cabeça não paga nada.
Esta gracinha parva ainda convenceu mais o nosso herói a obstinar-se na recusa:
– Não, nunca. Então prefiro o outro caminho.
– Palerma! – lamuriou o guarda com os olhos do peito marejados de lágrimas sinceras. Vais passar
fome, sofrer dias de terror aflito…
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– Deixá-lo. Prefiro tudo a viver sem cabeça. Nem calculas a falta que ela me faz.
– Não te faz falta nenhuma – contrariou o monstro, que acrescentou este comentário imbecil: pelo
contrário: evitas o trabalho de ir ao cabeleireiro de quinze em quinze dias. (…) Mas João Sem Medo
nem lhe respondeu. Já ia longe, passo bem marcado, orgulhoso de sentir a cabeça nos ombros. E

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horas depois, quando chegou à clareira, enveredou decidido pelo caminho dos cardos e das árvores
sinistras, a gritar desafiante para a floresta:
– Bem sei que podem perseguir-me, arrancar-me os olhos, torcer-me as orelhas, transformar-me em
lagarto, em morcego, em aranha, em lacrau! Mas juro que não hei de ser infeliz PORQUE NÃO
QUERO.

35 E João Sem Medo continuou a seguir o caminho árduo, resoluto na sua pertinência de ocultar o medo
– a única valentia verdadeira dos homens verdadeiros.
José Gomes Ferreira, Aventuras de João Sem Medo, Publicações D. Quixote, 2012

4. Refere a condição que João Sem Medo deve aceitar para poder continuar no caminho
inicialmente escolhido.

5. Indica as vantagens dessa aceitação de acordo com o ponto de vista do guarda.

6. Identifica o recurso expressivo presente na expressão “João Sem Medo ouriçou-se


numa reação instintiva”. (l.16).

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7. No excerto é estabelecido um contraste entre dois caminhos.

7.1. Explicita-o, caracterizando cada uma das vias apresentadas.

8. O narrador manifesta alguma cumplicidade com o leitor.

8.1. Transcreve um elemento textual ilustrativo dessa atitude.

9. Explica o sentido da expressão “a única valentia verdadeira dos homens


verdadeiros” (l.35).

Grupo II

1. Refere a diferença existente entre as duas frases seguintes.

a) A nuvem pôs nos nossos corações um grande medo.

b) Um grande medo foi posto pela nuvem nos nossos corações.

2. Indica a função sintática desempenhada pelas expressões sublinhadas.

a) O som do movimento funciona como um indicador de segurança.

b) Silêncio é má notícia.

c) O sofrimento gosta de companhia.

d) “Descobrimos que a ausência de som era necessária (…)” (l.16)

3. Associa cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe


corresponde, de modo a identificares a classe e subclasse das palavras/ expressões
sublinhadas.

Escreve as letras e os números correspondentes. Utiliza cada letra e cada número


apenas uma vez.

Coluna A Coluna B

a. (…) um rato sabe que tem de fugir de um gato,(…) (ll.2-3) (1) determinante artigo definido
b. (…) Homem e animais são também capazes de (2) Pronome relativo
aprender a reconhecer novas ameaças. (l.4) (3) verbo copulativo
c. "Há as respostas inatas e as que se adquirem por (4)conjunção subordinativa completiva
transmissão social" (ll.4-5) (5) verbo auxiliar
d. “Descobrimos que a ausência de som era necessária e (6) pronome pessoal
suficiente (…) (l.16) (7) conjunção coordenativa copulativa

4. Classifica as orações sublinhadas em cada frase.


a. “Nem calculas a falta que ela me faz.” (l.26)
b. “E horas depois, quando chegou à clareira,(…).” (ll.29-30)
c. “Mas juro que não hei de ser infeliz PORQUE NÃO QUERO.” (ll.33-34)

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5. Identifica a relação que se estabelece entre os seguintes pares de palavras
sublinhadas.

a. “– Cá estão os dois caminhos fatais: o do Bem e o do Mal.” (l.1)

b. “– Bem sei que podem perseguir-me, arrancar-me os olhos, torcer-me as orelhas,


transformar-me em lagarto, em morcego, em aranha, em lacrau!” (ll.32-33)

Em geral os animais existentes em Portugal não são agressivos e as suas mordeduras


e picadas são meramente defensivas.

Grupo III

Todos nós já sentimos medo alguma vez na nossa vida, pois esta é uma experiência
que pode ser motivada por múltiplos fatores.

Num texto correto e bem estruturado, com um mínimo de 160 e um máximo de 260
palavras, apresenta a tua opinião sobre os principais “medos” sentidos pelos jovens
atuais.

Deves respeitar a estrutura do texto argumentativo:

• expõe a tua opinião;

• apresenta pelo menos dois argumentos que a justifiquem;

• exemplifica cada um dos argumentos apresentados;

O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma
parte de conclusão.

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