Medo
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Medo
Het erot opias and ut opias in building bodies in cont emporary French cinema of horror: places …
Tat iane Ludegards
Vit imas e Algozes do Medo em "Feliz Ano Novo", de Rubem Fonseca (SEPEL 2011)
Luciano Cabral
Textos Completos do XII painel - As arquiteturas do medo e o insólito ficcional / ISBN 978-85-8199-023-1
INTRODUçãO
O MEDO
1 Mestranda em Letras, área de concentração: Estudos Literários, pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
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são trabalhados por Bauman (2006). Ele diz que o medo da morte é o medo
mais primitivo e que os homens, diferentemente dos animais, são os únicos
que sabem que ela é inevitável. Desde muito antes do que imaginamos, a raça
humana tem estado maravilhada e confusa com os mistérios da vida, com
coisas que ela não sabe e com coisas que não pode saber. É esse fascínio pelo
desconhecido que faz com que os homens procurem por respostas e avancem
em seus estudos sobre o mundo e sobre as coisas que desejam compreender,
afinal, essa curiosidade faz parte da cultura humana. Para o teórico, o objeto do
medo é a impotência diante do perigo da morte. A humanidade a teme, mesmo
que ela faça parte estruturalmente da nossa vida.
Essa ambiguidade que reside no medo de algo, como o medo da morte,
que faz parte do nosso cotidiano e que, por isso, deveríamos estar íntimos, foi
pesquisada por Sigmund Freud (1919) no estudo da palavra “estranho” (Uncanny,
tradução nossa) e sua força semântica. Para ele, o conceito do que seja estranho
não é ambíguo, mas o sentido do que seja estranho só pode ser compreendido
por meio do sentido produzido pelo conjunto de ideias da palavra alemã Heimliche
(familiar) e de seu antônimo, Unheimliche (estranho), pois
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ART-HORROR
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não foi encontrada no trabalho de Aristóteles. Isso cria o que foi chamado pelos
escritores do século XVIII de “paradoxo do coração”. Segundo o teórico, existem
duas perguntas nesse paradoxo: “1) como alguém pode sentir medo de algo
que ele sabe que não existe? 2) por que alguém se interessaria pelo horror, já
que se sentir aterrorizado é tão desagradável?” (CARROLL, 1990, p. 8, tradução
nossa). Ele ressalta que, de maneira muito interessante, a resposta para essas
perguntas é: “[...] isso deve ter sido construído como compensação para o
que foi suspenso pelo Iluminismo, operando como uma válvula de escape;
ou foi concebido como uma espécie de explosão do tipo que nos é negado”
(CARROLL, 1990, p. 56, tradução nossa). O autor diz que esse retorno ao que
foi reprimido pelo Iluminismo é uma das hipóteses que explica o caso. Talvez,
afinal, sendo expostos à mídia de gênero de horror, somos dragados até uma
parte da nossa racionalidade que vem sendo reprimida desde muito tempo. A
literatura de horror (ou Art-Horror em geral) carrega uma imensa importância
ao lidar com essa repressão. Ele acrescenta ainda que “O romance de horror,
assim como os poemas como The Erl King, de Goethe, podem ser um retorno
ao que foi reprimido pelo Iluminismo” (CARROLL, 1990, p. 56, tradução nossa).
Mas como dito anteriormente, o uso da arte para expressão e retorno
do que nos é reprimido é justificável. Para a audiência, a apreciação desse
tipo de arte também eleva o autoconhecimento. Remo Cesarini (2006) afirma
que o leitor, por meio da experimentação de sensações emocionantes no ato
da leitura de eventos narrados, é levado a descobrir dentro de si mesmo fatos
ou sentimentos que estão há muito tempo esquecidos na cultura presente. Por
meio de narrativas, nós podemos experimentar situações que são enigmas,
como a morte e a pós-morte. “Nós somos movidos pela ficção de maneira tão
vívida que nos sentimos como se fôssemos parte dela, especificamente, somos
levados a pensar como se fôssemos o protagonista” (CAROLL, 1990. p. 90,
tradução nossa). Art-Horror, de modo geral,
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Nosso estudo será feito por meio desses quatro movimentos descritos
por Carroll, tomando o enredo como estruturador do suspense e a ideia do
medo do desconhecido presente em ambos os contos analisados.
Ambos os textos analisados neste artigo são contos, ou seja, foram feitos
para serem lidos em curto espaço de tempo. Originalmente, esses textos foram
feitos para serem publicados em jornais. O conto “A cor que veio do espaço”
foi publicado, inicialmente, em uma revista chamada Amazing Stories, em 1927.
Já o conto “A Excursão” foi publicado, originalmente, em 1981, na Twilight Zone
Magazine. Ambos são contos de horror contendo elementos de ficção científica.
“A cor que veio do espaço” narra a trágica estória de uma família cujo
desaparecimento está ligado a uma série de eventos que se sucederam depois
que um meteorito caiu no jardim de sua casa. Já o conto “A Excursão” narra o
trágico evento que ocorre quando pai e filho estão para serem teletransportados
(jaunted, tradução nossa) para Marte.
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Quando se foi, não deixou nenhum resíduo pra trás, e, com o tempo,
os professores se sentiram pouco certos de que eles tinham visto
de fato, com seus próprios olhos, aquele vestígio do insondável
precipício que existe lá fora; aquela solitária e estranha mensagem
de universos e reinos de outras matérias, forças e entidades
(LOVECRAFT, 1927, p. 8, tradução nossa).
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O leitor descobre nesse momento que a viagem por Jaunt foi responsável
por uma morte em algum momento. Não é uma informação sólida, mas Mark
não amenizaria a estória se ela não fosse amedrontadora. A Confirmação
acontece quando Mark explica o que aconteceu com o rato e depois com os
experimentos com pessoas. O fato de que nenhuma criatura com cérebro pode
viajar acordada. A Confirmação acontece quando ele pensa sobre o destino
do homem que fez o teleporte estando consciente. Isso ele não poderia contar
aos filhos. O narrador discorre sobre todos os voluntários que foram testados
acordados em viagens de Jaunt e os problemas decorrentes disso. Depois de
algum tempo, finalmente, Mark diz:
TEMA
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CONSIDERAçõES FINAIS
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REFERêNCIAS:
CAGE, John. Conversation with Stanley Kaufman, dans Conversations avec John
Cage, Richard Rostelanetz. Paris: Editions Syrtes, 2000, p. 211.
CARROLL, Noël. The philosophy of horror, or, Paradoxes of the heart. New York:
Routledge, 1990.
DEBORD, Guy; KNABB, Ken. Society of the Spectacle. Translated by Ken Knabb.
London: Rebel Press, 2006, pp. 1-18.
FREUD, Sigmund. The “Uncanny”. In: The Standard Edition of the Complete
Psychological Works of Sigmund Freud. Volume XVII (1917-1919). An Infantile Neurosis
and Other Works, 1919, pp. 217-256.
LOVECRAFT, Howard Philips. Supernatural Horror in Literature. Ed. E.F. Bleiler. New
York, NY. Dover, 1973, pp. 11–106.
____________. The colour out of Space. Feedbooks, 1927. Disponível em: http://www.
feedbooks.com/book/19/the-colour-out-of-space. Acesso em: 21 de nov. de 2012.
KING, Stephen. A Excursão. In: Tripulação de Esqueletos. Trad. Louisa Ibañez. Rio de
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MANSFIELD, Nick. Subjectivity: theories of the self from Freud to Haraway. New York:
NYU Press, 2000, pp. 162-174.
SCHOOLMAN, Morton. Reason and Horror. Critical theory, democracy, and aesthetic
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