A Menina Do Mar
A Menina Do Mar
A Menina Do Mar
Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações de (A) a (F) apresentam características do polvo referidas no texto.
Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem inversa pela qual essas características são apresentadas
no texto.
2. Seleciona para responderes a cada item (2.1 a 2.3), a única opção que permite obter uma afirmação adequada
ao sentido do texto.
2.1 Alguns biólogos marinhos contestam o nome «octópode», atribuído ao polvo, porque
(A) os tentáculos do polvo não são sempre oito.
(B) o nome designa oito pés iguais o que não se verifica neste molusco.
(C) atendendo às funções dos seus tentáculos, o polvo tem apenas dois e não «oito» pés.
(D) é um nome de origem grega que a maioria das pessoas não sabe o que significa.
2.2 «Quase se pode dizer que cada braço (ou perna) de um polvo tem uma mente própria.»,
(A) pela grande independência que revela em relação ao todo que constitui este molusco.
(B) porque tem papilas gustativas autónomas.
(C) porque tem tantos neurónios como a cabeça.
(D) já que dois terços dos neurónios cerebrais estão distribuídos pelos oito tentáculos.
Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas durante a maré
alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até
quebrarem na areia com um barulho de palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de
limo, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos,
5 grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas
ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes passava um peixe, mas tão rápido que mal se
via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar,
majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os lados
com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
10 O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o cheiro da maresia, a
frescura transparente das águas. (...)
[Um dia, nos seus passeios junto ao mar, encontrou uma menina que vivia no mar. Ficaram amigos.]
No dia seguinte, logo de manhã, o rapaz foi ao seu jardim e colheu uma rosa encarnada muito
perfumada. Foi para a praia e procurou o lugar da véspera.
15 – Bom dia, bom dia, bom dia – disseram a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe.
– Bom dia – disse o rapaz. E ajoelhou-se na água, em frente da Menina do Mar.
– Trago-te aqui uma flor da terra – disse; – chama-se uma rosa.
– É linda, é linda – disse a Menina do Mar, dando palmas de alegria e correndo e saltando em roda da
rosa.
20 – Respira o seu cheiro para veres como é perfumada.
A Menina pôs a sua cabeça dentro do cálice da rosa e respirou longamente. Depois levantou a cabeça
e disse suspirando:
– É um perfume maravilhoso. No mar não há nenhum perfume assim. Mas estou tonta e um
bocadinho triste. As coisas da terra são esquisitas. São diferentes das coisas do mar. No mar há monstros
25 e perigos, mas as coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
– Isso é por causa da saudade – disse o rapaz.
– Mas o que é a saudade? – perguntou a Menina do Mar.
– A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.
– Ai! – suspirou a Menina do Mar olhando para a terra. – Porque é que me mostraste a rosa? Agora
30 estou com vontade de chorar.
O rapaz atirou fora a rosa e disse:
– Esquece-te da rosa e vamos brincar.
E foram os cinco, o rapaz, a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe, pelos carreirinhos de água, rindo
e brincando durante a manhã toda.
35 Até que a maré começou a subir e o rapaz teve de se ir embora.
No dia seguinte, de manhã, tornaram a encontrar-se todos no sítio do costume.
– Bom dia – disse a Menina. – O que é que me trouxeste hoje?
O rapaz pegou na Menina do Mar, sentou-a numa rocha e ajoelhou-se a seu lado.
– Trouxe-te isto – disse. – É uma caixa de fósforos.
40 – Não é muito bonito – disse a Menina.
– Não; mas tem lá dentro uma coisa maravilhosa, linda e alegre que se chama o fogo. Vais ver.
E o rapaz abriu a caixa e acendeu um fósforo. A Menina deu palmas de alegria e pediu para tocar no
fogo.
– Isso – disse o rapaz – é impossível. O fogo é alegre mas queima. (…)
45 E o rapaz soprou o fósforo e o fogo apagou-se.
– Tu és bruxo – disse a Menina – sopras e as coisas desaparecem.
– Não sou bruxo. O fogo é assim. Enquanto é pequeno qualquer sopro o apaga. Mas depois de crescido
pode devorar florestas e cidades.
– Então o fogo é pior do que a Raia? – perguntou a Menina.
50 – É conforme. Enquanto o fogo é pequeno e tem juízo é o maior amigo do homem: aquece-o no
inverno, cozinha-lhe a comida, alumia-o durante a noite. Mas quando o fogo cresce demais, zanga-se,
enlouquece e fica mais ávido, mais cruel e mais perigoso do que todos os animais ferozes.
– As coisas da terra são esquisitas e diferentes – disse a Menina do Mar. – Conta-me mais coisas da
terra.
Então sentaram-se os dois dentro de água e o rapaz contou-lhe como era a sua casa e o seu jardim e
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como eram as cidades e os campos, as florestas e as estradas.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A menina do mar, Porto Editora, 2015 (texto adaptado)
5. Completa as frases abaixo com o presente do indicativo dos verbos entre parênteses.
a. Eu _______________ (ansiar) pelo verão para ir para a praia e _______________ (crer) que vai estar muito
calor.
b. Como há muitos banhistas interessados, será que eu ainda _______________ (caber) no teu barco ou
___________ (trazer) o meu?
Tal como o menino da história, vais contar a uma menina do mar alguma coisa do teu mundo.
• Seleciona um lugar, uma cidade, um espaço de que gostes particularmente ou um animal, uma flor, um
objeto a que estejas emocionalmente ligado.
• Apresenta o que selecionaste à menina.
• Ouve e responde às suas perguntas, mostrando as tuas emoções.
• Redige esse texto de que és o narrador e simultaneamente um dos protagonistas. (140-260 palavras)