A Menina Do Mar

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TESTE DE PORTUGUÊS - 8º ANO

Grupo I - Texto A - Leitura


Lê o texto com atenção.
Quantas pernas tem o polvo?
Duas.
Os polvos têm oito membros a sair do corpo, mas investigações recentes sobre o modo como os
utilizam redefiniu a maneira como devem ser chamados. Os octópodes (do grego, significando oito pés)
5 são cefalópodes (classe de moluscos marinhos, de cabeça distinta, dois grandes olhos e uma coroa de
tentáculos com ventosas dependente do pé que é incorporado na cabeça). Usam os dois tentáculos
traseiros para se impulsionarem pelo fundo do mar, deixando os seis restantes para se alimentarem. Em
resultado disso, os biólogos marinhos hoje em dia tendem a referir-se a eles como animais com duas
pernas e seis braços.
10 Os tentáculos de polvo são órgãos miraculosos. Podem endurecer para criar uma articulação de
cotovelo temporária ou dobrar para dar a forma de coco a rebolar pelo fundo do mar. Também contêm
dois terços do cérebro do polvo – cerca de 50 milhões de neurónios – enquanto o terço que sobra tem a
forma de um dónute e fica dentro da sua cabeça, ou manto.
Cada braço de um polvo tem duas filas de ventosas, dotadas de papilas gustativas para identificar
15 comida. Um polvo prova praticamente tudo aquilo em que toca.
Como grande parte do sistema nervoso de um polvo fica nas suas extremidades, cada membro tem
um alto grau de independência. Um tentáculo cortado pode continuar a rastejar e, em algumas espécies,
pode viver durante meses. Quase se pode dizer que cada braço (ou perna) de um polvo tem uma mente
própria.
John Lloyd, John Mitchinson, O Segundo Livro da Ignorância Geral,
tradução de Rui Azeredo, Ideias de Ler, 2013 (texto adaptado)

Responde aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que te são dadas.
1. As afirmações de (A) a (F) apresentam características do polvo referidas no texto.
Escreve a sequência de letras que corresponde à ordem inversa pela qual essas características são apresentadas
no texto.

(A) Os tentáculos do polvo permitem-lhe enrolar-se quase como uma bola.


(B) Os dois tentáculos traseiros do polvo têm função idêntica à de umas «pernas».
(C) A maior parte dos neurónios do polvo encontra-se nos tentáculos.
(D) Através dos tentáculos o polvo prova os alimentos.
(E) Cada tentáculo tem independência em relação ao todo.
(F) Os polvos são cefalópodes.

2. Seleciona para responderes a cada item (2.1 a 2.3), a única opção que permite obter uma afirmação adequada
ao sentido do texto.
2.1 Alguns biólogos marinhos contestam o nome «octópode», atribuído ao polvo, porque
(A) os tentáculos do polvo não são sempre oito.
(B) o nome designa oito pés iguais o que não se verifica neste molusco.
(C) atendendo às funções dos seus tentáculos, o polvo tem apenas dois e não «oito» pés.
(D) é um nome de origem grega que a maioria das pessoas não sabe o que significa.
2.2 «Quase se pode dizer que cada braço (ou perna) de um polvo tem uma mente própria.»,
(A) pela grande independência que revela em relação ao todo que constitui este molusco.
(B) porque tem papilas gustativas autónomas.
(C) porque tem tantos neurónios como a cabeça.
(D) já que dois terços dos neurónios cerebrais estão distribuídos pelos oito tentáculos.

2.3 Na cabeça, ou manto, do polvo situa-se

(A) uma parte significativa do cérebro.


(B) o centro nervoso que comanda os diferentes tentáculos.
(C) apenas um terço do seu cérebro.
(D) um terço do seu cérebro sob a forma de uma enorme ventosa.

3. Seleciona a única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto.

(A) Os octópodes inserem-se na família dos cefalópodes.


(B) O nome «octópodes» provém do grego e significa «oito pés».
(C) Os biólogos marinhos contestam a designação de «octópode» para o polvo, pois, dos oito tentáculos,
apenas dois têm funções de locomoção.
(D) É evidente para qualquer observador que seis dos tentáculos do polvo correspondem aos braços do
molusco.

Texto B - Educação Literária


A Menina do Mar

Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas durante a maré
alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até
quebrarem na areia com um barulho de palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de
limo, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos,
5 grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas
ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes passava um peixe, mas tão rápido que mal se
via. Dizia-se «Vai ali um peixe» e já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar,
majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os lados
com uma cara furiosa e um ar muito apressado.
10 O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o cheiro da maresia, a
frescura transparente das águas. (...)
[Um dia, nos seus passeios junto ao mar, encontrou uma menina que vivia no mar. Ficaram amigos.]
No dia seguinte, logo de manhã, o rapaz foi ao seu jardim e colheu uma rosa encarnada muito
perfumada. Foi para a praia e procurou o lugar da véspera.
15 – Bom dia, bom dia, bom dia – disseram a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe.
– Bom dia – disse o rapaz. E ajoelhou-se na água, em frente da Menina do Mar.
– Trago-te aqui uma flor da terra – disse; – chama-se uma rosa.
– É linda, é linda – disse a Menina do Mar, dando palmas de alegria e correndo e saltando em roda da
rosa.
20 – Respira o seu cheiro para veres como é perfumada.
A Menina pôs a sua cabeça dentro do cálice da rosa e respirou longamente. Depois levantou a cabeça
e disse suspirando:
– É um perfume maravilhoso. No mar não há nenhum perfume assim. Mas estou tonta e um
bocadinho triste. As coisas da terra são esquisitas. São diferentes das coisas do mar. No mar há monstros
25 e perigos, mas as coisas bonitas são alegres. Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.
– Isso é por causa da saudade – disse o rapaz.
– Mas o que é a saudade? – perguntou a Menina do Mar.
– A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.
– Ai! – suspirou a Menina do Mar olhando para a terra. – Porque é que me mostraste a rosa? Agora
30 estou com vontade de chorar.
O rapaz atirou fora a rosa e disse:
– Esquece-te da rosa e vamos brincar.
E foram os cinco, o rapaz, a Menina, o polvo, o caranguejo e o peixe, pelos carreirinhos de água, rindo
e brincando durante a manhã toda.
35 Até que a maré começou a subir e o rapaz teve de se ir embora.
No dia seguinte, de manhã, tornaram a encontrar-se todos no sítio do costume.
– Bom dia – disse a Menina. – O que é que me trouxeste hoje?
O rapaz pegou na Menina do Mar, sentou-a numa rocha e ajoelhou-se a seu lado.
– Trouxe-te isto – disse. – É uma caixa de fósforos.
40 – Não é muito bonito – disse a Menina.
– Não; mas tem lá dentro uma coisa maravilhosa, linda e alegre que se chama o fogo. Vais ver.
E o rapaz abriu a caixa e acendeu um fósforo. A Menina deu palmas de alegria e pediu para tocar no
fogo.
– Isso – disse o rapaz – é impossível. O fogo é alegre mas queima. (…)
45 E o rapaz soprou o fósforo e o fogo apagou-se.
– Tu és bruxo – disse a Menina – sopras e as coisas desaparecem.
– Não sou bruxo. O fogo é assim. Enquanto é pequeno qualquer sopro o apaga. Mas depois de crescido
pode devorar florestas e cidades.
– Então o fogo é pior do que a Raia? – perguntou a Menina.
50 – É conforme. Enquanto o fogo é pequeno e tem juízo é o maior amigo do homem: aquece-o no
inverno, cozinha-lhe a comida, alumia-o durante a noite. Mas quando o fogo cresce demais, zanga-se,
enlouquece e fica mais ávido, mais cruel e mais perigoso do que todos os animais ferozes.
– As coisas da terra são esquisitas e diferentes – disse a Menina do Mar. – Conta-me mais coisas da
terra.
Então sentaram-se os dois dentro de água e o rapaz contou-lhe como era a sua casa e o seu jardim e
55
como eram as cidades e os campos, as florestas e as estradas.
Sophia de Mello Breyner Andresen, A menina do mar, Porto Editora, 2015 (texto adaptado)

Responde de forma completa e bem estruturada aos itens que se seguem.

4. No primeiro parágrafo está presente uma sequência descritiva do texto.


4.1 Explica a utilidade dessa descrição integrada na narrativa.
4.2 Como está estruturada a descrição: do geral para o particular? Do global para os pormenores? Justifica a tua
resposta.
4.3 Trata-se de uma descrição predominantemente informativa ou expressiva? Justifica a tua opinião, não
deixando de apresentar exemplos comprovativos.
5. «Na terra há tristeza dentro das coisas bonitas.» (ll. 27/28)
5.1 Refere o que deu origem a este comentário da Menina do Mar.
5.2 Pela resposta do rapaz, o que ficou a menina a conhecer a partir desse momento?
6. A primeira impressão que a Menina teve ao ver a caixa de fósforos foi muito diferente da que teve ao ver a
rosa. Explica porquê.
7. O rapaz da terra e a Menina do Mar gostam muito de conversar um com o outro. De acordo com o que leste
no texto, é compreensível este interesse? Justifica.
Grupo II - Gramática

1. Indica a classe e subclasse dos elementos destacados nas frases abaixo.


a. «Usam os dois tentáculos traseiros para se impulsionarem pelo fundo do mar»
b. «Como grande parte do sistema nervoso de um polvo fica nas suas extremidades, cada membro tem um alto
grau de independência.»
c. «A saudade é a tristeza que fica em nós quando as coisas de que gostamos se vão embora.»
1.1. Copia e classifica as orações subordinadas presentes nas alíneas anteriores.
1.2. Indica a função sintática que elas exercem em relação à subordinante.
1.3. Reescreve a frase a., substituindo a palavra destacada por uma locução equivalente.

2. Indica a classe e subclasse da palavra «a» na frase abaixo.


Esta menina contou a (1.) história a (2.) todos e todos a (3.) apreciaram.

3. Indica a classe e subclasse da palavra «que» na frase abaixo.


O rapaz respondeu que (1.) a saudade era a tristeza que (2.) ficava em nós (…)
3.1. Copia e classifica as orações subordinadas presentes na frase anterior.
3.2. Indica a função sintática exercida por cada uma delas.

4. Transforma as frases ativas em frases passivas.


a. «O rapaz (…) colheu uma rosa encarnada muito perfumada.»
b. O fogo pode devorar florestas e cidades.

5. Completa as frases abaixo com o presente do indicativo dos verbos entre parênteses.

a. Eu _______________ (ansiar) pelo verão para ir para a praia e _______________ (crer) que vai estar muito
calor.

b. Como há muitos banhistas interessados, será que eu ainda _______________ (caber) no teu barco ou
___________ (trazer) o meu?

c. Quando _______________ (intervir) nos assuntos do mar, _______________ (requerer) declaração de


presença.
III – Escrita

Tal como o menino da história, vais contar a uma menina do mar alguma coisa do teu mundo.
• Seleciona um lugar, uma cidade, um espaço de que gostes particularmente ou um animal, uma flor, um
objeto a que estejas emocionalmente ligado.
• Apresenta o que selecionaste à menina.
• Ouve e responde às suas perguntas, mostrando as tuas emoções.
• Redige esse texto de que és o narrador e simultaneamente um dos protagonistas. (140-260 palavras)

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