Planejamento Estratégico - Prof Me Paulo Pardo PDF
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ESTRATÉGICO
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Pró-Reitor de
Ensino de EAD
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria de Graduação
e Pós-graduação este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Nos últimos anos, temos nos deparado com algumas frases que já se tornaram jargões,
do tipo: “vivemos em um mundo altamente competitivo”. Bem, isso não é exatamente
uma novidade para você, não é mesmo? Assim como também não é novidade termos
como globalização, terceirização (ou outsourcing), inovação, empreendedorismo, estra-
tégia.
Quantas vezes você já ouviu ou leu a respeito disso nos últimos tempos? Torna-se claro
que são termos que ganharam força por algum motivo. E esse motivo talvez possa ser
resumido em uma palavra: sobrevivência. É isso mesmo! Sobrevivência de uma empresa
ou de um negócio tornou-se algo tão difícil, que é preciso pensar formas de se conseguir
vencer esse desafio.
Para comprovar como conservar um negócio realmente é complexo, dê atenção, na pró-
xima vez que caminhar pela rua, na quantidade de pontos comerciais fechados com pla-
cas de “aluga-se”. Exatamente nesses pontos comerciais havia um sonho, que se tornou
realidade e talvez tenha prosperado por um tempo, mas que agora não existe mais. O
sonho transformou-se em um pesadelo. Muitas famílias podem ter sido afetadas pelo
fechamento daquela empresa. Agora multiplique essa situação por uma cidade intei-
ra, um estado, um país. Quando pensamos que a sociedade depende das organizações
para atender suas necessidades, ver uma empresa – que é um dos exemplos mais evi-
dentes de organização – fechar suas portas é uma notícia ruim para todos.
Por outro lado, vemos também que muitas empresas abrem suas portas, talvez com
uma pequena instalação no início, mas, em um período curto de tempo, conseguem
prosperar, crescer e estão atuantes no mercado já há muitos anos, demonstrando soli-
dez e sendo a primeira escolha de um contingente importante de clientes.
Dessa forma, surge naturalmente a pergunta: por que algumas empresas prosperam e
mantêm-se no mercado enquanto outras fecham suas portas, talvez sendo do mesmo
segmento econômico?
A resposta está ligada a um dos termos mencionados no início: estratégia. Na verdade,
nenhum empreendimento humano deveria ser realizado sem uma estratégia claramen-
te definida. Desde empreendimentos pessoais (como casar, cursar uma universidade,
mudar de país etc.), até empreendimentos corporativos, deveriam ser amparados por
uma estratégia que direcione as ações a serem desenvolvidas.
Mas, afinal, o que é estratégia? Como está relacionada ao planejamento empresarial? O
que um gestor deve levar em consideração ao formular a estratégia de sua organização?
Esses são pontos importantes que consideraremos em nosso livro.
Ao longo de nossas unidades, trataremos dos seguintes assuntos:
Na unidade I, veremos a origem e os conceitos fundamentais da estratégia e planeja-
mento estratégico. Abordaremos como as organizações, desde cedo, incorporaram os
conceitos de estratégia para se manterem e prosperarem no mercado.
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
15 Introdução
34 Considerações Finais
39 Referências
40 Gabarito
UNIDADE II
43 Introdução
71 Considerações Finais
76 Referências
77 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
81 Introdução
108 Referências
109 Gabarito
UNIDADE IV
113 Introdução
148 Referências
149 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
153 Introdução
184 Referências
185 Gabarito
186 CONCLUSÃO
Professor Me. Paulo Pardo
I
ESTRATÉGIA –
UNIDADE
APRESENTANDO OS
FUNDAMENTOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as origens do conceito de estratégia.
■■ Discutir uma visão alternativa de estratégia nas organizações.
■■ Conhecer o histórico de estratégias nas organizações.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Estratégia - origem do conceito
■■ Estratégia segundo uma visão não convencional
■■ Um breve histórico sobre estratégia nas organizações
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
O ser humano é um ser social, ou seja, vive em grupo, em comunidade, pois entende
que é na comunidade que ele terá suas necessidades satisfeitas. Ao mesmo tempo
em que é um ser social, é também um ser beligerante. É só você analisar os livros
de história, que perceberá como a guerra parece estar em nosso DNA. Guerras
foram travadas por território, por poder, por riquezas e até por amor! Vencer
uma guerra é um objetivo que os comandantes militares precisam conquistar.
Há cerca de 2500 anos, por volta de 500 a.e.c., um filósofo chinês (alguns
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livros de história também afirmam que ele era ao mesmo tempo general) escre-
veu um livro que se tornou muito famoso através das eras: “A Arte da Guerra”.
Esse livro é interessante para nós, pois ensina, pelo ponto de vista do general,
que é o principal responsável pelo resultado da batalha, como enfrentar inimi-
gos, lutando ou não. Isso mesmo! Por vezes, é possível vencer o inimigo sem luta!
Ribeiro (2012, p. 10) destaca uma das frases de Sun Tzu, que dizia “se você
se conhece e ao inimigo, não precisa temer o resultado de uma centena de bata-
lhas”. Diz-se que o livro “A Arte da Guerra” era um livro de cabeceira de Napoleão
Bonaparte, considerado um dos maiores gênios militares de todos os tempos.
Napoleão, segundo alguns livros de história sugerem, utilizava as estratégias
aprendidas nesse livro para suas batalhas. Entre elas, estava a estratégia de cortar
as linhas de fornecimento de alimentos e armas de seus inimigos, que acabavam
se rendendo por não ter como manter a luta. Atribui-se a Napoleão uma frase
interessante: “os soldados caminham sobre seus estômagos”, ou seja, soldados
famintos têm seu moral abalado para travar batalhas.
Esse livro tornou-se referência para executivos modernos, pois esses enxer-
gam nos ensinamentos de Sun Tzu lições aplicáveis ao mundo empresarial,
especialmente quando trata de estratégia.
A palavra “estratégia”, de acordo com Ribeiro (2012), deriva do grego
“strategos”, que tem o significado de general no comando de suas tropas. Oliveira
afirma que o significado literal seria “a arte do general”, pois strategos significaria,
estritamente, general. Oliveira (2013, p. 188) destaca que
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determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas, produz as prin-
cipais políticas e planos para a obtenção dessas metas e define a escala
de negócios em que a empresa deve se desenvolver, o tipo de organiza-
ção econômica e humana que pretende ser e a natureza da contribuição
econômica e não econômica que pretende proporcionar a seus acionis-
tas, funcionários e comunidades.
Outros autores, Hill e Jones (2012, p. 4), colocam esse conceito de uma forma
direta para o mundo organizacional, por afirmarem que estratégia é “[...] um
conjunto de ações que os gestores adotam para melhorar o desempenho de uma
empresa em relação a suas concorrentes”.
Assim, para Hill e Jones (2012), quando uma empresa consegue ter uma
estratégia que lhe proporcione um desempenho superior em relação aos seus con-
correntes, pode-se afirmar que essa empresa possui uma vantagem competitiva.
Ter uma vantagem sobre concorrentes é algo fácil de nós abstrairmos, não
é verdade? Pense em uma corrida de 100 metros rasos nos jogos olímpicos. Um
atleta, como Usain Bolt, consegue uma vantagem sobre seus concorrentes por
estar à frente deles na linha de chegada. No caso de empresas, uma empresa tem
uma vantagem competitiva sobre seus concorrentes quando consegue resultados
superiores e um desses resultados, sem dúvida, é a lucratividade.
Por lucratividade, entendemos o retorno financeiro que a empresa obtém
sobre o capital investido na sua atividade. Todo empresário espera que isso
aconteça. Afinal, ninguém coloca seu capital em risco para sofrer perdas, não é
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Quadro 1 – Perspectivas da estratégia organizacional
As pesquisas mais recentes, como ficou demonstrado no Quadro 01, estão vol-
tadas para a estratégia como prática.
A tabela 1 apresenta sinteticamente as abordagens demonstradas no Quadro 1.
Tabela 01 - Síntese das abordagens sobre estratégias
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dos autores mais respeitados na área de gestão da atualidade, Henry Mintzberg.
Mintzberg é, originalmente, do MIT (Massachusetts Institute of Technology) dos
EUA, uma das universidades mais importantes do mundo.
É interessante o trabalho de Mintzberg pela abordagem prática que ele procura
dar aos seus estudos, ou seja, ele busca o que de fato acontece no agir organiza-
cional. É o que acontece quando esse autor trata de estratégia. Mintzberg (2004,
p. 33) destaca o trabalho de outra pesquisadora, a professora Mariann Jelinek,
que estudou a forma como Taylor contribuiu para pensar as tarefas das organi-
zações de forma rotinizada.
[...] a contribuição de Taylor em suas famosas experiências no estudo
formal e rotinizado do trabalho manual não foi somente para melhorar
em muito os procedimentos, mas para iniciar uma verdadeira revo-
lução na maneira de organizar o trabalho - “a codificação das tarefas
rotineiras”. Taylor “tornou possível, pela primeira vez, a coordenação
de detalhes em larga escala - com uma política de planejamento e pen-
samento, acima e além dos detalhes da tarefa em si”. Isso levou a uma
divisão fundamental de trabalho - entre o desempenho da tarefa e sua
coordenação. E isso, por sua vez, capacitou a administração a ser “abs-
trata”, distante das operações do dia-a-dia, para que “pudesse se con-
centrar nas exceções.”
Est
pre ratégi
ten a
did
a
Est
raté
gia
del
ibe
rad
a
Estratégia
não-realizada Estratégia
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realizada
te
mergen
ia e
stratég
E
Essa talvez seja uma grande diferenciação das explicações de Mintzberg sobre
o trabalho relacionado às estratégias que a maioria dos autores defende. Para esses
autores, a maior parte das estratégias são processos deliberados, não se levando
em conta as estratégias emergentes. Porém, para comprovar a existência e apli-
cação de uma estratégia emergente, Mintzberg (2004) traz uma estatística da
revista Fortune (uma das mais respeitadas revistas de negócio do mundo), que
dá conta de que menos de 10% das estratégias são implementadas com sucesso.
Esse fracasso muitas vezes é creditado aos níveis inferiores da hierarquia,
porém somente revela a falha da formulação estratégica, pois se essa fosse bem
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Um resgate importante é o que ocorreu com a intensificação da produção em
massa ocorrida no início do século XX. Como você talvez saiba, os métodos de
produção mecanizados, possibilitados pela Revolução Industrial, proporcionaram
um incremento da capacidade produtiva das fábricas, porém, com os trabalhos de
Frederick W. Taylor, no início do século XX, com seus estudos de padrões de traba-
lho e de tempos e movimentos, seguidos do resgate de Henry Ford dos conceitos da
linha montagem, as fábricas passaram a produzir uma quantidade de produtos muito
superior a qualquer outra época anterior. Estávamos agora em plena era industrial.
Os métodos de produção de Ford foram tão eficazes que ele chegou a do-
minar mais de 50% da produção mundial de automóveis, capitaneado pelo
seu famoso modelo “T”, um carrinho robusto e acessível. Afirma-se que Ford
foi um dos grandes responsáveis pelo surgimento da chamada “classe mé-
dia” americana.
Fonte: o autor.
O que se seguiu a esse período foi que as indústrias tiveram que “forçar”
a aquisição de seus produtos, mesmo sem ter uma demanda consolidada. As
empresas passaram a adotar uma estratégia de vendas. Esse período, de acordo
com Sertek, Guindani e Martins (2012), abrange o período que vai da década
de 1920 até os anos 1950.
A próxima evolução nas estratégias das empresas envolveu despertar o desejo
de consumo em seus clientes. Elas tinham produtos, uma força de vendas, mas
não havia estratégias bem elaboradas de abordagem mercadológica. Entre os
anos de 1950 a 1990, o foco, então, passa a ser o Marketing.
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Foco
estratégico Produção Vendas Marketing Informação Conhecimento
Até 1920 1920 a 1950 1950 a 1990 1990 a 2000 após 2000
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efeito sobre a forma de pensar o planejamento nas organizações.
Sertek, Guindani e Martins (2012, p. 107-108) comentam sobre isso, ao
afirmarem:
Nas décadas de 1950 e 1960, o planejamento se restringia ao PLANE-
JAMENTO FINANCEIRO, no qual o controle era representado por
meio de orçamentos anuais. Tais atitudes eram assim realizadas porque
permitiam um controle em relação ao orçamento definido pela empre-
sa. A prática era justificada porque representava o dinheiro de que a
empresa dispunha em caixa, e o quanto ela poderia dispor para investir
durante o ano. Era um modelo aceitável, em razão de que, até então,
não havia diversificação de negócios.
ANOS 1950 E
ANOS 1970 ANOS 1980 ANOS 1990 APÓS 2000
1960
Planejamento Planejamento Planejamento Gestão Gestão do
financeiro a longo prazo estratégico estratégica conhecimento
Flexibilidade. Globalização.
Pensamento
estratégico. Ênfase na Mercado
informação. mundial.
Análise das
Abrangência
Projeção de Conhecimento
tendências. mudanças no Trabalhos
Orçamento como recurso
ambiente. gerais.
anual Análise de crítico.
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Integrar
Ênfase
Orientação Dissociação
pela Não previsão entre Amplitude de Excesso de
disponibilidade de mudança. planejamento e controle. informação.
financeira implementação.
Os autores apontam como uma grande dificuldade desse período não a formulação
da estratégia em si, mas, sim, a operacionalização dessa estratégia, pois, geralmente, o
planejamento se tornava complexo demais para ser traduzido em planos executáveis.
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O novo desafio, colocado para as organizações, a partir do século XXI, é jus-
tamente possuir em seus quadros as pessoas certas para realizar e fazer atingir
os objetivos das organizações. A gestão do conhecimento passa necessariamente
pelo alinhamento dos colaboradores à cultura organizacional, disseminada de
forma ágil pelos sistemas corporativos. Essa seleção assertiva de pessoas com
competências e habilidades compatíveis com as necessidades das organizações
tem se mostrado o grande diferencial dessas mesmas organizações. A sistemati-
zação dos processos corporativos por meio de softwares integradores e com cada
vez mais inteligência artificial tem proporcionado a oportunidade de potencia-
lizar o talento das pessoas que fazem a real diferença no mundo dos negócios.
Os autores que buscavam, por meio de seus estudos, compreender o ambiente
empresarial e negocial do final do século XX e início do século XXI fizeram alguns
diagnósticos que demonstraram ser verídicos, com o passar do tempo. Vejamos:
■■ A evolução na tecnologia das comunicações.
Concorda que aquilo que eram tendências no final do século passado torna-
ram-se realidades em nossa época?
Entre as tendências, a internacionalização dos negócios pela globalização
certamente é apontada como uma das mais sérias e severas modificações no
ambiente de negócios. Planejar apenas focando o mercado local, o regional ou
mesmo o nacional não dá mais conta de atender à necessidade de sobrevivência
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General Electric 152 Nova Zelândia 140
Berkshire Hathaway 136 Hungria 129
General Motors 135,5 Bangladesh 105
Bank of America 134,2 Vietnã 103,5
Ford 129 Marrocos 103,5
Fonte: o autor.
Até mesmo empresas brasileiras podem ter um poder econômico maior que
algumas nações, como o quadro 4 ilustra.
Quadro 4 - Comparativo empresa brasileira com faturamento maior que país latino
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), este estudo foi essencial para nos apresentar o conceito de
estratégia. Como quase toda evolução social, também no caso de estratégia, seus
fundamentos foram estabelecidos no calor das guerras, no meio militar.
Desde a obra “A Arte da Guerra”, temos um conceito de estratégia como arte,
a arte do general, que, aplicado às organizações, tem o sentido da arte de traçar
os rumos, os objetivos a serem perseguidos pelos gestores.
Evidentemente, somente essa apresentação seria uma simplificação demasiada
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do conceito. Conforme percebemos em nossos estudos, as estratégias podem ser
formuladas, mas serão realinhadas ao longo do trajeto rumo aos seus objetivos.
Uma estratégia emergente pode ocupar um espaço importante no direciona-
mento de esforços da organização e essa estratégia emergente pode se originar
de qualquer setor/local/pessoa dessa organização.
Também percebemos que a estratégia pode ser considerada um padrão de
atuação da organização, que, basicamente, se constitui em uma estratégia reali-
zada. Uma estratégia formulada, pretendida, deve ter uma flexibilidade suficiente
para atender às novas variáveis que se apresentarão ao longo do tempo.
A falta de flexibilidade denota que os gestores dessa organização terão difi-
culdades de realinhar as estratégias diante de algum acontecimento inesperado
que, porventura, ocorra ao longo do caminho. Empresas inflexíveis tendem a
sofrer impactos negativos quando, por exemplo, uma tecnologia inovadora afeta
seus principais nichos de mercado. Deve-se tomar muito cuidado com relação
à inflexibilidade das estratégias.
Consideramos também a evolução da estratégia, especialmente o século XX
e início do século XXI. Em cada época, tivemos certas condições que direciona-
ram as estratégias das organizações ao longo do tempo, desde a era industrial até
nossa época, classificada como era da gestão do conhecimento.
Agora, certamente estamos mais preparados para compreender outras impli-
cações da estratégia organizacional. Em frente!
Troia
Sinopse: em 1193 a. C., Paris (Orlando Bloom) é um príncipe que provoca
uma guerra da Messência contra Troia, ao afastar Helena (Diane Kruger) de
seu marido, Menelaus (Brendan Gleeson). Tem início então uma sangrenta
batalha, que dura por mais de uma década. A esperança do Priam (Peter
O’Toole), rei de Troia, em vencer a guerra está nas mãos de Aquiles (Brad Pitt),
o maior herói da Grécia, e seu filho Hector (Eric Bana).
39
REFERÊNCIAS
1. E.
3. O controle era representado por meio de orçamentos anuais. Tais atitudes eram
assim realizadas porque permitiam um controle em relação ao orçamento defi-
nido pela empresa. A prática era justificada porque representava o dinheiro de
que a empresa dispunha em caixa e o quanto ela poderia dispor para investir
durante o ano. Era um modelo aceitável, em razão de que, até então, não havia
diversificação de negócios.
Professor Me. Paulo Pardo
II
IMPACTOS AMBIENTAIS
UNIDADE
SOBRE AS ESTRATÉGIAS
ORGANIZACIONAIS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar como se processa o planejamento nas organizações.
■■ Discutir a questão ambiental no planejamento organizacional.
■■ Compreender os diferentes níveis do planejamento organizacional.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O planejamento nas organizações
■■ Os princípios de planejamento de Ansoff
■■ A questão ambiental no planejamento organizacional
■■ Os diversos níveis do planejamento organizacional
43
INTRODUÇÃO
ou seja, são constituídas por pessoas para cumprir determinados objetivos que
seriam inalcançáveis ou pelo menos muito difíceis de serem alcançados pelo
esforço individual do ser humano.
A Teoria dos Sistemas nasceu nas ciências naturais, especificamente na bio-
logia, mediante os trabalhos de Von Bertalanffy. Pela perspectiva da teoria dos
sistemas, as organizações como seres vivos interagem com seu ambiente, influen-
ciam e são influenciadas por ele. Porém o caso é que as organizações têm na sua
condução gestores que devem entender essas relações sistêmicas e agir de forma
assertiva, para que essas interações sejam as mais produtivas possíveis.
Pense então no desafio que os gestores estão inseridos. Algumas organiza-
ções são bastante complexas, algumas chegando a ter em seus quadros centenas
de milhares de colaboradores, comercializando produtos e vendendo seus servi-
ços a milhões de clientes. Organizações transnacionais podem atuar no mundo
todo, afetando até mesmo a economia de um país inteiro. Além disso, as orga-
nizações são também afetadas por decisões externas, que estão fora do controle
dos seus gestores.
Dessa forma, você pode concluir que existem muitas variáveis ambientais
que afetam as organizações e, assim, suas estratégias. Esse é o objetivo desta uni-
dade, visto que consideraremos também alguns dos principais fundamentos do
planejamento estratégico.
Ótimo estudo!
Introdução
44 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
recursos financeiros, alguns em grandes proporções, nem sempre possuídos
pelas pessoas.
No caso de empresas e organizações de forma geral, isso também é verdade.
Não se esqueça de que organizações são instituições sociais, cujas pessoas que as
compõem têm objetivos pessoais que são realizados por meio do seu trabalho
nessas organizações. As organizações, quando atingem os objetivos institucio-
nais, na forma de lucros e resultados, podem socializar essas conquistas na forma
de remuneração do capital aos proprietários e pagamento de salários e outros
benefícios para seus colaboradores. Dito dessa forma, significa que todos os
envolvidos com a organização, a princípio, desejam que ela seja bem-sucedida.
Para que esses resultados positivos aconteçam, o papel dos gestores é fun-
damental. Eles possuem a responsabilidade de conduzir os recursos que estão
disponíveis, utilizando as competências e habilidades dos trabalhadores que
estão sob sua hierarquia. Além disso, esses resultados devem acontecer não só no
curto prazo, mas também precisam ser sustentáveis no médio e no longo prazo.
Portanto, você já pode imaginar o tamanho dessa responsabilidade atribu-
ída aos gestores. Porém o nível dessa responsabilidade não é o mesmo em todos
os níveis da organização, conforme veremos mais à frente.
anteriormente estabelecidos.
Dessa forma, você pode concluir facilmente que planejamento pode, realmente, ser
aplicado a muitas atividades humanas. Barbosa e Brondani (2005) destacam algumas
considerações do trabalho de Hindle (2002), que mostram a ideia de planejamento
desde a pré-história, com os agrupamentos humanos tendo que planejar caça, pesca e
armazenar itens para sua sobrevivência. Até mesmo a primitiva “dona-de-casa” tinha
que se programar no preparo das refeições, pois não havia sistemas de conservação
como temos atualmente. Ainda, segundo Barbosa e Brondani (2005, p. 3), “assim
eram desenvolvidos conceitos muito semelhantes ao que hoje se chama cientifica-
mente de planejamento, controle de orçamento, estoque, produção, logística etc.”.
Imagine o nível de complexidade do planejamento para as grandes constru-
ções do passado, como as pirâmides do Egito, os suntuosos jardins suspensos
da Babilônia, as estradas pavimentadas de Roma, enfim, são grandes feitos que
envolveram formulação de objetivos, escolha entre alternativas, processos de
decisões, que culminaram na conclusão dessas obras monumentais.
Podemos também, nesse momento, resgatar alguns conceitos de Steiner
(1969 apud OLIVEIRA, 2013, p. 3), que estabelece o que ele denomina como
cinco dimensões do planejamento, resumidas no quadro 1, a seguir.
DIMENSÃO EXPLANAÇÃO
Está relacionada às funções desempenhadas pela empresa
ASSUNTO
e que tem a ver com produção, pesquisa, novos produtos,
ABORDADO
finanças, marketing, instalações, recursos humanos etc.
ELEMENTOS DO São os propósitos, objetivos, estratégias, políticas, progra-
PLANEJAMENTO mas, orçamentos, normas e procedimentos, entre outros.
TEMPO DO Definição se o planejamento é para o curto, médio ou
PLANEJAMENTO longo prazo.
Está relacionada à definição de onde o planejamento é
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
UNIDADES elaborado, ou seja, se é um planejamento corporativo, de
ORGANIZACIONAIS unidades de negócio, de subsidiárias, de grupos funcio-
nais, de divisões, de departamentos, de produtos etc.
É a definição do planejamento por suas características,
CARACTERÍSTICAS como complexidade ou simplicidade, qualidade ou quan-
DO PLANEJAMENTO tidade, planejamento estratégico ou tático, confidencial
ou público, formal ou informal, econômico ou caro etc.
Fonte: adaptado de Oliveira (2013, p. 3).
Isso porque, segundo esse autor, pensar o futuro é amplo demais, bem como usar
a palavra para assuntos que estão fora do controle do planejador. Nesse alerta,
ele cita Wildavsky (1973 apud MINTZBERG, 2004, p. 23), que pontua:
Como praticamente todas as ações com consequências futuras são
ações planejadas, o planejamento é tudo, e mal se pode dizer que existe
a falta de planejamento. A falta de planejamento só existe quando as
pessoas não têm objetivos, quando suas ações são aleatórias e não diri-
gidas para metas. Se todos planejam (bem, quase todos) não é possível
distinguir ações planejadas de não planejadas.
Por conta disso, Mintzberg (2004, p. 24) adverte para a necessidade de que “preci-
samos de uma definição de planejamento que não nos diga que temos de pensar
no futuro, nem mesmo que devemos tentar controlá-lo, mas como fazê-lo”. Sua
linha de pensamento, então, vai para algo mais concreto, formal, por oferecer a
seguinte definição:
Planejamento é um procedimento formal para produzir um resulta-
do articulado, na forma de um sistema integrado de decisões. Para
nós, o que capta a ideia de planejamento acima de tudo - distinguindo
sua literatura mais claramente e diferenciando sua prática dos outros
processos - é sua ênfase na formalização, a sistematização do fenômeno
ao qual se pretende aplicar o planejamento. (MINTZBERG, 2004, p. 26).
Esse esforço que faz Mintzberg colocar o conceito de planejamento por seus
aspectos formais é importante, pois, caso isso não seja feito, pode-se perder a
força, a intensidade da ideia, por deixar o termo amplo demais, caindo em um
limbo, sem objetividade. Por conta disso, Mintzberg (2004) fala de três elementos
essenciais no que diz respeito ao planejamento: (1) decomposição; (2) articula-
ção e (3) racionalização.
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até mesmo em números em uma folha de papel.
Essa é uma clara referência ao termo em latim para planejamento, qual seja
planum, que significa, literalmente, uma “superfície plana”. Sua adoção no idioma
moderno tem a ver com o fato de que mapas ou plantas eram desenhados em
superfícies planas, remetendo ao fato de que planejamento refere-se a documentos
formais, conforme foi entendido nos idiomas modernos (MINTZBERG, 2004).
A ideia de haver um formalismo em planejamento é mais ou menos contem-
porânea ao início de uma produção mais robusta sobre a formação de estratégia
nas organizações, por volta da década de 1960, quando, especialmente, a eco-
nomia mundial estava crescendo e as empresas norte-americanas e europeias
experimentavam uma expansão em seus mercados.
Entre os modelos de formação de estratégia, está o que Mintzberg (2004)
classifica como escola do design, que tem algumas premissas básicas, como o
fato de que a organização deve se adaptar a fatores internos e externos. Assim,
a estratégia irá nascer de uma avaliação das ameaças e oportunidades externas
e de uma análise criteriosa das forças e fraquezas internas. “As oportunidades
externas são exploradas pelas forças internas, ao passo que as ameaças são evi-
tadas e as fraquezas, controladas” (MINTZBERG, 2004, p. 44).
Uma forma de representar essa avaliação interna e externa pode ser vista
na figura 1, a seguir.
Avaliação Avaliação
externa interna
Ameaças e Forças e
oportunidades fraquezas da
no ambiente organização
Fatores-chave Competências
de sucesso distintivas
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Criação
Responsa- de Valores
bilidade social estratégia gerenciais
Avaliação e
escolha da
estratégia
Implementação
da estratégia
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de design criativo.
5. As estratégias devem resultar do processo de design plenamente
desenvolvido.
6. As estratégias devem ser explícitas e, se possível, articuladas, o que sig-
nifica que precisam ser simples.
7. Finalmente, depois de essas estratégias únicas, desenvolvidas, explícitas e
simples terem sido totalmente formuladas, devem então ser implementadas.
Essa escola do planejamento, que tem no trabalho de Ansoff sua âncora mais
importante, possui algumas premissas básicas, de acordo com Mintzberg (2004,
p. 48), que são:
1. A formação de estratégia deve ser um processo controlado e cons-
ciente, bem como formalizado e elaborado, decomposto em etapas
distintas, cada uma delineada por checklists e apoiada por técni-
cas.
PRODUTOS
Existentes Novos
Existentes
Novos
Como você pode perceber, a matriz possui duas dimensões, uma de MERCADOS
e outra de PRODUTOS. A dimensão MERCADO contempla mercados NOVOS
e EXISTENTES, da mesma forma que, na dimensão PRODUTOS, contemplam-
-se NOVOS e EXISTENTES. Na intersecção entre essas dimensões, nascem
quatro estratégias possíveis:
■■ Penetração de mercado: a empresa investe na captação e fideliza-
ção dos clientes.
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■■ Desenvolvimento de produtos: a empresa investe em pesquisa e
desenvolvimento e aposta na inovação para competir em merca-
dos existentes.
Objetivos
Processos
Retroalimentação
Controles e avaliações
Fonte: adaptada de Oliveira (2013, p. 26).
COMPONENTE EXPLANAÇÃO
Referem-se aos objetivos dos usuários do sistema e do próprio
Objetivos
sistema.
Forças que fornecem ao sistema os materiais, as informações e as
Entradas do
energias para a operação ou processo, o qual gera determinadas
sistema
saídas do sistema, que devem estar em sintonia com os objetivos.
Processo de Função que possibilita a transformação de um insumo (entra-
transformação da) em produto, serviço ou resultado (saída).
São os resultados do processo de transformação. São as fina-
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lidades para as quais se uniram objetivos, atributos e relações
Saídas do
do sistema. Devem ser coerentes com os objetivos do sistema e
sistema
devem ser quantificáveis, de acordo com critérios e parâmetros
previamente fixados.
Têm o objetivo de verificar se as saídas estão coerentes com os
Controles e objetivos estabelecidos. Para serem adequados, os controles e
avaliações avaliações devem ter uma medida ou padrão de desempenho
esperado.
Retroalimen- Reintrodução de uma saída sob a forma de informação, energia,
tação (reali- produto, serviço, ou, ainda, tecnologia. É considerada positiva
mentação ou quando a entrada faz aumentar o desempenho de saída. Caso
feedback) contrário, será negativa.
Fonte: adaptado de Oliveira (2013).
Você consegue já pensar que um sistema não está isolado do seu entorno, ou
seja, o sistema interage com um ambiente. Aí está a relação de sistema com o
ambiente que buscamos. Afinal, de onde o sistema obteria os recursos de entrada
que o sistema necessita? É do ambiente que são obtidos, por exemplo, os recur-
sos de matéria-prima, mão de obra, energia, recursos financeiros, entre outros.
Podemos usar a definição de ambiente fornecida por Oliveira (2013, p. 26).
Ambiente é o conjunto de todos os fatores que, dentro de um limite
específico, se possa conceber como tendo alguma influência sobre a
operação do sistema. [...]. Ambiente de um sistema é o conjunto de
fatores ou elementos que não pertencem ao sistema, mas:
Mercado de
Governo mão de obra Concorrência
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Sistema
Comunidade
financeiro
Sindicatos Tecnologia
Fonte: Oliveira (2013, p. 27).
A figura nos deixa claro quantos são os fatores que podem, de uma forma mais
ou menos intensa, afetar ou serem afetados pela organização.
Certo e Peter (2010) colocam esse relacionamento da organização com seus
diversos níveis.
Figura 6 - A organização, os níveis de seu ambiente e os componentes desses níveis
Componente Componente
social econômico
Componente Componente
internacional fornecedor
Aspectos organizacionais
Aspectos de marketing
Aspectos financeiros
Aspectos de pessoal
Aspectos de produção
Componente Componente
mão de obra ocorrência
Componente
Componente cliente Componente
tecnológico político
Componente
legal
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O componente social descreve as características da sociedade na qual
se situa a organização. Níveis educacionais, costumes, crenças, estilo de
vida, idade, distribuição geográfica e mobilidade de uma população fa-
zem parte do componente social. É importante lembrar que, embora as
mudanças em uma sociedade possam ocorrer de modo lento ou rápido,
elas acabam, inevitavelmente, acontecendo.
Intervenção
5º Ser vivo Ecossistema
Influência
Ordens
4º Aparelho Organização
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É uma maneira interessante de ver as coisas, não concorda? Isso traz consequên-
cias práticas: um nível superior depende, evidentemente, da eficiência do nível
anterior, ou seja, um grupo depende dos seus constituintes individualmente. Um
departamento depende dos grupos que o formam. A organização depende de seus
departamentos, e assim por diante. Isso denota a necessidade de ordem e eficiência.
Observe que a divisão em níveis é útil para entendermos outra consequên-
cia desse arranjo sistêmico: a noção do cliente interno.
Na figura 8, Bernardes e Marcondes exemplificam esse conceito.
Figura 8 - Exemplo de divisão de um sistema organizacional
ORDENS METODOLOGIA
EXEMPLO
(ou níveis) SISTÊMICA
4º Suspersistema
Empresa Tecelagem
Síntese
3º Vendas Sistema
Departamento de Produção Demais Departamento
Subsistema
Análise
2º
Seção de Tinturaria Seção de Teares Seção de Estamparia Demais Seções
1º “Sub subsistema”
Demais participantes Tecelões Demais participantes
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Esse arranjo sistêmico tem impactos administrativos óbvios: o cliente não é
apenas a figura externa, que adquire um produto ou serviço (seja com o paga-
mento em dinheiro, no caso das empresas, ou por ser o objeto de atendimento,
no caso de uma fundação ou ONG). Agora os clientes estão também “dentro”
das organizações, pelas interações entre os setores, departamentos e pessoas. A
compreensão desse fato faz com que os administradores precisem elaborar estra-
tégias de atendimento específicas e eficazes.
De acordo com Oliveira (2013), por serem sistemas abertos, as empresas
tendem a estabelecer um equilíbrio dinâmico com seu ambiente, com fluxos con-
tínuos de entradas e saídas de matérias, energias e/ou informações, o que acontece
quando se consegue essa relação equilibrada com o ambiente. No que diz respeito
a essa relação empresa/ambiente, se nos valermos do que acontece nos sistemas
naturais, explicado em grande parte pelo trabalho do biólogo Von Bertalanffy
(1972 apud OLIVEIRA, 2013, p. 28), temos algumas situações possíveis, como:
Equifinalidade: um mesmo estado final pode ser alcançado, partindo
de diferentes condições iniciais e por maneiras diferentes;
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figura 9, a seguir.
Figura 9 - Os níveis organizacionais de uma empresa
Nível
estratégico
Presidente
e diretores
Nível
tático
Gerentes
Nível operacional
Supervisores e encarregados
Execução
Funcionários e operários
Nível não-administrativo no qual as tarefas
são executadas
Planejamento
estratégico
da empresa
Consolidação e Análise e controle
interligação de resultados
dos resultados
Planejamento
táticos da empresa
Análise e
controle de Análise e controle
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resultados de resultados
Planejamento
operacionais das
unidades
organizacionais
TIPO DE
DETALHAMENTO
PLANEJAMENTO
Abrange a organização como um todo, envolve objetivos
e estratégias de longo prazo e constitui o ponto de partida
para os planejamentos táticos e operacionais. Ao executar um
planejamento desse tipo, você precisará manter sua atenção
no ambiente externo à organização, focando o cenário eco-
Estratégico nômico, social e político, assim como os comportamentos e
preferências do cliente e as ações e posicionamento da concor-
rência. Os objetivos traçados nesse nível de planejamento são
gerais, não ficando restritos a questões específicas de alguma
área da organização. O planejamento estratégico costuma ser
executado pela alta administração.
Alguns autores colocam em lugar de destaque uma quarta área, que é a área de
gestão de pessoas, por serem as pessoas as principais responsáveis pela condu-
ção de qualquer tipo de planejamento, em qualquer nível hierárquico.
Detalhando essas funções essenciais, Nogueira (2014, p. 14-15) explica cada
uma delas:
Marketing é o processo de atração e retenção de clientes e oferece su-
porte para a administração estratégica, principalmente em termos do
mapeamento das preferências do consumidor, análises de produtos dos
concorrentes e definições de preço.
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A área de produção ou operações colabora no sentido de analisar cri-
ticamente o projeto de oferecimento de produtos ou serviços, com o
objetivo de oferecê-los a um menor custo e prazo e com uma maior
qualidade para o cliente.
Planejamentos
táticos
Mercadológico
Financeiro
Resultados
Planejamento Recursos Planejamentos esperados Planejamentos
estratégico humanos operacionais pelas unidades operacionais
organizacionais
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Produção
Organizacional
Retroalimentação e avaliação
Fonte: Oliveira (2013, p. 19).
Após terem sido desdobrados no nível tático, passa-se para a fase de formali-
zação, no planejamento operacional. Essa formalização acontece por meio de
“documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implementação
de resultados específicos a serem alcançados pelas áreas funcionais da empresa”
(OLIVEIRA, 2013, p. 13).
É justamente nesse planejamento operacional que encontraremos os pla-
nos de ação, em que teremos definidos os recursos que serão demandados para
o desenvolvimento e execução desses planos, quais serão os procedimentos que
serão adotados, os resultados finais esperados, o cronograma de execução, os
responsáveis pela condução desses planos.
Uma questão que pode ser levantada, já que consideramos os três níveis de
planejamento organizacional, é: como o planejamento estratégico é executado na
prática? Essa questão é relevante, afinal de contas estamos falando em pensar no
longo prazo e pensar o futuro não é uma ciência exata. Uma analogia bastante
simples para entendermos a complexidade de pensar o futuro é a previsão do
tempo que os meteorologistas emitem todos os dias. Vai chover? Fará sol? Quais
serão as temperaturas máximas e mínimas? Todos os usuários de serviços mete-
orológicos e o público que quer saber se leva ou não um guarda-chuva ao sair de
casa se interessam por essas questões. Mas será que eles acertam sempre o que
vai acontecer nos próximos dias ou até nas próximas horas? Se você saiu de casa
em um dia que amanheceu com sol e voltou para casa encharcado porque não
levou guarda-chuva, acreditando na previsão do tempo que disse que não cho-
veria, sabe que acertar o que acontecerá no futuro é uma tarefa difícil demais.
Assim, um planejamento estratégico pode ter sido muito bem elaborado,
com todo o cuidado e utilizando de ferramentas modernas, mas imprevistos
podem acontecer e jogar tudo, literalmente, no lixo. E isso é uma realidade no
mundo, o tempo todo.
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Lembro da polêmica dos extintores de incêndio para veículos de passeio.
Houve, a princípio, uma determinação para que todos os veículos portassem o
extintor tipo ABC, considerado mais eficiente. No final do ano em que essa deter-
minação foi estabelecida, o órgão nacional de trânsito (CONTRAN) definiu que
o uso desse equipamento seria facultativo, pois, segundo aquele órgão, o uso sem
preparo do extintor ofereceria mais risco ao usuário do que o próprio incêndio,
que, aliás, aconteceria em raros casos. Agora pense nas empresas que se prepara-
ram para fabricar e fornecer o equipamento quando a obrigatoriedade estava em
vigor. Quanto foi planejado, investido, trabalhado, em todos os níveis das empre-
sas envolvidas e que, de repente, virou pó. Lidar com essas incertezas e mutações
que acontecem sem aviso prévio torna-se quase um exercício de futurologia.
Assim sendo, como as empresas podem lidar com isso? Hill e Jones (2012)
mostram que as empresas trabalham com planejamento de cenários, ou seja,
projetam cenários possíveis, alguns otimistas e outros pessimistas. Dentro dessa
visão, gestores são alocados para pensar estratégias para cada cenário. Conforme
Hill e Jones (2012, p. 25),
um conjunto de indicadores é selecionado e eles são colocados como
“sinalizadores” para rastrear tendências e identificar a probabilidade de
que algum cenário específico venha a ocorrer. A ideia é fazer que os
gestores entendam a dinâmica e a natureza complexa do seu ambiente,
que pensem como resolver problemas de uma maneira estratégica e
gerem um leque de opções estratégicas, as quais possam ser seguidas
em circunstâncias diferentes.
Algumas estatísticas, trazidas à atenção por Hill e Jones (2012), davam conta de
que 50% das 500 maiores empresas do mundo, do ranking da revista Fortune,
usam algum método de planejamento de cenários.
A dinâmica de como isso é processado está demonstrada na figura 13 a seguir.
Figura 13 - Planejamento de cenários
Trocar de
estratégia se o
rastreamento de Colocar parte de
sinais indicar suas fichas na
que outros preparação para
cenários se outros cenários
tornaram mais e...
prováveis.
Vale também pontuar um alerta que Hill e Jones (2012) trazem em relação à
formulação do planejamento estratégico. Apesar de ser responsabilidade da
alta administração, ou seja, do nível hierárquico estratégico, não se pode criar
uma “casta” de pensadores e outra de executores. Isso se mostra quase sempre
desastroso. Ilustrando essa afirmação, os autores resgatam um caso da GE, uma
grande corporação cujos planejadores não conseguiram fazer a leitura correta
da mudança demográfica que estava ocorrendo nas famílias, que diminuíam em
número de componentes (menos filhos ou nenhum filho). Esses planejadores
acreditaram que famílias menores iriam demandar eletrodomésticos menores e,
por conta disso, investiram tempo e recursos, desenvolvendo equipamentos den-
tro dessa suposta nova realidade. Acontece que essas famílias menores optaram
por ter geladeiras grandes para diminuir o número de idas ao supermercado.
Todo o planejamento elaborado foi por água abaixo.
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que ajudam os gestores de negócios e funcionais a fazer o planejamento
estabelecendo os objetivos estratégicos mais amplos da organização e
fornecendo os recursos necessários para identificar as estratégias que
podem ser mais adequadas para atingir esses objetivos. (HILL; JONES,
2012, p. 28).
Nem toda a literatura concordaria com essas colocações de Hill e Jones (2012),
mencionadas agora. Porém, mesmo para esses, sempre se pontua o fato de ouvir
aqueles que executam, que estão mais próximos dos fatos e, principalmente, dos
públicos interessados da organização, seus stakeholders.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
72
2. Igor Ansoff é chamado por autores da área de pai da gestão estratégica. O seu
trabalho, no entanto, tem algumas diferenças de abordagem em relação à escola
do design. Pontue quais são as principais diferenças conceituais entre o tra-
balho de Ansoff e a escola do design.
O plano perfeito
Sinopse: quatro pessoas vestidas com uniformes de pintor entram no
movimentado banco Manhattan Trust. Em poucos minutos, elas controlam
o local, para a realização de um assalto planejado em detalhes. Após a notícia
de o assalto ser divulgada, chegam ao local os detetives Keith Frazier (Denzel
Washington) e Bill Mitchell (Chiwetel Ejiofor), que têm a missão de fazer
contato com o líder dos bandidos, Dalton Russell (Clive Owen). Os detetives
trabalham com o auxílio do capitão John Darius (Willem Dafoe) e esperam
que a situação seja resolvida rapidamente. Porém eles não contavam com a
frieza e inteligência de Russell, que parece estar sempre um passo à frente
das ações da polícia. Quando a capacidade de Frazier começa a ser posta em
dúvida, surge Madeline White (Jodie Foster), uma poderosa jogadora que
solicita um encontro particular com Russell.
Material Complementar
76
REFERÊNCIAS
1. Tem algumas premissas básicas, como o fato de que a organização deve se adap-
tar a fatores internos e externos. Assim, a estratégia irá nascer de uma avaliação
das ameaças e oportunidades externas e de uma análise criteriosa das forças e
fraquezas internas.
ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL
III
UNIDADE
- DIAGNÓSTICO E
PROPOSIÇÕES
Objetivos de Aprendizagem
■■ Demonstrar quais são os públicos interessados na organização.
■■ Discutir a missão, visão e valores organizacionais.
■■ Compreender como se estabelecem os objetivos organizacionais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Os públicos interessados nas organizações
■■ Definindo a missão estratégica da organização
■■ Definindo a visão estratégica e os valores da organização
■■ Propondo objetivos organizacionais
81
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), você já deve ter visto dezenas de empresas abrirem suas portas
e, depois de algum tempo, fecharem o negócio. São muitos sonhos que se desfi-
zeram em situações assim, não é verdade? Eu já tive a oportunidade de trabalhar
em um grande conglomerado financeiro que, entre outros produtos, financiava
negócios iniciantes. Nas palestras que mantinha com futuros empreendedores,
dava para ver em seus olhos todos os sonhos que carregavam. Eu bem sabia que
aquele brilho nos olhos, pelo menos de boa parte daquelas pessoas, em pouco
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
82 UNIDADE III
Já entendemos que uma organização não surge por acaso, por geração espon-
tânea. O surgimento de uma organização é marcado pela identificação de uma
necessidade não satisfeita pelos agentes que estão no mercado e que, portanto,
abre um leque de possibilidades para os empreendedores atuarem.
E como as pessoas têm necessidades, não é verdade? O próprio fato de exis-
tirem organizações é um atestado de que temos necessidades não satisfeitas ou
que não conseguimos satisfazer isoladamente. O ser humano, frágil como é, se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
comparado a outras criaturas do planeta, precisa de certas ferramentas e dis-
positivos para tornar sua vida possível e confortável. Além disso, temos outras
necessidades de natureza mais intimista, como necessidades de realização, de
status, de poder, enfim, o ser humano é complexo em sua natureza e muitas de
suas aspirações são atendidas por meio das organizações.
Quando um empreendedor decide atuar para atender necessidades não satis-
feitas, talvez até de forma inconsciente, está identificando um público interessado
em suas atividades empresariais. Esse público não ficará restrito somente aos
compradores e usuários de seus produtos e serviços. Há muito mais pessoas e
entidades que, igualmente, se interessarão pelas ações e resultados da organiza-
ção que ganhará vida. A esses públicos interessados, denominamos stakeholders,
palavra que, basicamente, significa partes interessadas.
Um empreendedor não age isoladamente e não consegue sobreviver em sua
atividade, se não tiver inúmeros laços de relacionamento com diversos públicos.
Quando a empresa ganha corpo e se torna uma grande corporação, esses laços
tornam-se ainda mais diversificados.
Basicamente, podemos dizer que há stakeholders – ou partes interessadas
– internos e externos.
Stakeholders Stakeholders
externos internos
• Consumidores Incentivos Contribuições • Acionistas
• Fornecedores A empresa • Funcionários
• Credores Contribuições Incentivos • Gestores
• Governos • Executivos sêniores
• Sindicatos • Membros do
• Comunidades locais conselho
• Público em geral
Conforme Hill e Jones (2012) pontuam, todos os stakeholders têm algum tipo
de relação de troca com a organização. “Cada grupo de stakeholders fornece
importantes recursos (ou contribuições) para a empresa e, em troca, cada um
espera que seus interesses sejam satisfeitos (por meio de recompensas)” (HILL;
JONES, 2012, p. 43).
Pense, por exemplo, nos acionistas que estão no grupo dos stakeholders
internos. Quais seriam seus interesses? Sem dúvida, por terem colocado capital
de risco na empresa, esperam um retorno sobre seus investimentos, ao máximo
possível. Quando esse grupo de interesse colocou à disposição da empresa, esse
capital, sem dúvida, sabia que esse recurso estaria sob risco, mas, conscientemente,
não espera perder o valor investido ou sofrer prejuízos. Portanto, deposita nos
gestores, que são seus representantes, um nível de confiança muito alto, certo de
que esses gestores tomarão as melhores decisões possíveis, não só para preservar
esse capital investido, mas também para multiplicá-lo. Mesmo que a empresa seja
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de poucos sócios ou apenas um empreendedor, esses também requerem que o
capital investido retorne e alguns até têm expectativa de prazo para esse retorno,
o famoso payback, ou prazo de retorno do capital investido.
Outros grupos têm outros interesses, como é o caso dos credores, que que-
rem que seus empréstimos sejam quitados no prazo e aos juros combinados. Os
funcionários têm interesse de serem remunerados de forma justa, com estabili-
dade em seus empregos, bom ambiente de trabalho, em troca de seus talentos,
habilidades e comprometimento.
Os fornecedores abastecem a empresa de tudo aquilo que a empresa não
consegue produzir internamente. Podem ser matérias-primas, produtos semia-
cabados, insumos e serviços. Eles querem, em troca, receber os pagamentos por
esse fornecimento e fidelização nas compras.
Os governos estabelecem regras e ambiente de negócios para as empresas,
mantendo a competição em níveis justos e aceitáveis. Fornecem alguma espécie
de segurança contra fraudes e insegurança. Como contrapartida, os governos
esperam receber tributos e que as regras estabelecidas sejam obedecidas. As
comunidades onde as empresas se instalam ou pretendem se instalar fornecem
a infraestrutura necessária, mas também têm expectativas em relação ao com-
portamento socioambiental correto da organização.
E quanto aos consumidores ou clientes? Esse público, do ponto de vista da
empresa, tem expectativas em relação à qualidade dos produtos e serviços for-
necidos, que esses tenham uma relação de valor que lhes pareça compensadora.
Evidentemente, os gestores precisam levar em consideração os interesses
de todos esses públicos. Não é simples e, muitas vezes, nem é possível atender
Hill e Jones (2012, p. 44) esclarecem que a análise de impacto sobre os stake-
holders segue as seguintes etapas:
1. Identificação dos stakeholders.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma definição clara da missão é razão de existir da organização e torna possí-
veis, claros e realistas os objetivos da empresa”.
O nível de importância que uma missão bem formulada pode adquirir é expresso
muito bem por outro nome de referência, dessa vez no campo do Marketing, Philip
Kotler (2005 apud LUCCA, 2013, p. 3), para quem:
Uma missão bem difundida desenvolve nos funcionários um senso co-
mum de oportunidade, direção, significância e realização. Uma missão
bem explícita atua como uma mão invisível que guia os funcionários
para um trabalho independente, mas coletivo, na direção da realização
dos potenciais da empresa.
Torna-se claro que a declaração da missão empresarial não deve ser um exercício
de marketing interno ou mesmo externo, em que uma bela frase é colocada no site
da organização ou emoldurada nas salas dos diversos departamentos. Deve, sim,
ter um significado profundo, sendo um direcionador dos esforços da organização
em atender os seus stakeholders.
Oliveira (2013, p. 50, grifo nosso), falando sobre missão da empresa, pontua que:
Missão é a determinação do motivo central da existência da empresa, ou
seja, a determinação de “quem a empresa atende” com seus produtos e
serviços. Corresponde a um horizonte dentro do qual a empresa atua ou
poderá atuar. Portanto, a missão representa a razão de ser da empresa.
SIGLA QUESTÃO
WHAT O que a empresa faz?
WHO Para quem a empresa faz?
WHY Por que a empresa deve fazer?
WHERE Para onde a empresa faz?
WHEN Há quanto tempo se faz?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
HOW Como a empresa faz?
HOW MUCH Quanto custa?
Fonte: Lucca (2013, p. 3).
Se você analisar com cuidado, perceberá que responder essas perguntas vai reque-
rer uma profunda análise dos processos empresariais em vigência ou aqueles que
se pretende implantar. Muitos gestores se surpreendem quando descobrem que
muitas coisas que se realizam na empresa contribuem muito pouco ou quase
nada para a realização da missão da organização.
Hill e Jones (2012, p. 45) pontuam que, na declaração de missão, deveria ser
possível responder às seguintes perguntas: “qual é o nosso negócio? Qual será o
nosso negócio? Qual deveria ser o nosso negócio?”.
Assim, para esses autores,
[...] a empresa deveria definir seu negócio em três dimensões: quem
está sendo satisfeito (que grupos de consumidores), o que está sendo
satisfeito (que necessidades dos consumidores) e como os consumido-
res estão sendo satisfeitos (por meio de que habilidades, conhecimen-
tos ou competências). (HILL; JONES, 2012, p. 45).
Como as
necessidades
dos consumidores
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
são atendidas?
Competência
distintivas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
p. 5) informa que, “diferentemente da missão, que objetiva expressar a razão de
existir da organização somada aos seus valores e diferenciais competitivos, a visão
é um macro objetivo estratégico a ser alcançado pela organização no futuro”.
A visão declara para onde a organização deseja ir, para qual rumo ela dire-
cionará a empresa. Oliveira (2013, p. 65) estabelece que visão
[...] é conceituada como os limites que os proprietários e principais exe-
cutivos da empresa conseguem enxergar dentro de um período de tem-
po mais longo e uma abordagem mais ampla. Nesse contexto, a visão
proporciona o grande delineamento do planejamento estratégico a ser
desenvolvido e implementado pela empresa. A visão representa o que a
empresa quer ser no futuro próximo ou distante, de acordo com o ho-
rizonte de tempo que os executivos da empresa conseguem visualizar,
com adequada competência estratégica.
Talvez você já tenha ouvido ou lido uma frase famosa na gestão da qualidade
total: “quem não sabe para onde vai, qualquer lugar serve”. A autoria dessa frase
é contestada, mas, de qualquer forma, ela guarda uma verdade fundamental:
é preciso ter um direcionamento, um rumo a seguir, de modo que os esforços
sejam realmente envidados para chegar nesse norte estabelecido.
Vamos apresentar algumas declarações de visão de empresas, presentes no
Relatório anual da Petroleum Intelligence Weekly – PIW, que você provavelmente
conhece.
CEMIG: consolidar-se, nesta década, como o maior grupo do setor elétrico
nacional em valor de mercado, com presença em gás, líder mundial em sus-
tentabilidade, admirado pelo cliente e reconhecido pela solidez e performance.
ORGANIZAÇÕES GLOBO: queremos ser o ambiente onde todos se encontram.
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respeito, ética, entre outros. No entanto nem todas as pessoas têm o mesmo sis-
tema de valores, justamente porque as pessoas são diferentes.
Como as organizações são construtos sociais, levam para dentro de si um
contingente de pessoas que possuem valores individuais, mas que, uma vez tra-
balhando em um mesmo ambiente, terão que cooperar para que os objetivos
da organização sejam atendidos. É razoável concluir que seria impossível que a
organização deixasse totalmente livre a expressão dos valores de cada indivíduo.
Na verdade, a organização estabelecerá um conjunto de valores corporativos,
segundo os quais ela espera que os indivíduos se adequem e respeitem. Como
Nogueira (2014, p. 43) bem pontua,
[...] ao restringir uma lista de valores desejados a serem praticados pe-
los seus membros, a organização determina um padrão esperado de
conduta. Esse padrão possui um forte poder de normatizar e padroni-
zar a maneira como as pessoas agem em uma organização. É como mis-
turar cores diferentes e analisar qual pigmento se sobressai na mistura.
Assim, ao analisar essa questão, encontramos valores que são cultivados e pra-
ticados pela organização de forma corporativa, que se sobrepõem aos valores
individuais de seus membros.
Oliveira (2013, p. 68) afirma que esses valores “representam o conjunto dos
princípios, crenças e questões éticas fundamentais de uma empresa, bem como
fornecem sustentação para todas as suas principais decisões”.
Você pode concluir que os valores se constituem na base do que se conven-
ciona chamar de cultura organizacional, que expressa esse conjunto de valores
adotado pela organização, bem como suas normas e padrões que irão controlar
como os funcionários trabalharão para cumprir a missão estabelecida, bem como
atingir os objetivos traçados para essa mesma organização. Como afirmam Hill
e Jones (2012, p. 48), os valores de uma empresa “declaram como seus funcio-
nários e gestores devem se comportar, como devem fazer negócios e, ainda, que
tipo de organização deve construir para ajudá-la a cumprir sua missão”.
Reforçando essa ligação entre os valores adotados pela empresa com a mis-
são corporativa, Lucca (2013, p. 6) afirma que
Os valores são um conjunto de crenças e sentimentos que constroem
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Assim, podemos encontrar nos valores uma aplicação prática para atender a mis-
são da organização. Como Sertek, Guindani e Martins (2012, p. 57) confirmam,
[..] os valores são critérios de ação que direcionam as decisões das pesso-
as entre várias alternativas que possam atender a missão, condicionando
ou orientando o seu modo de realização. A empresa, por exemplo, pode
definir sua missão como “prover alimentos saudáveis e diferenciados
aos seus clientes”, e o modo de realização define como valor a integrida-
de e o cumprimento dos requisitos da legislação alimentar pertinente.
Dessa forma, considerando que a missão deve levar em conta os interesses dos
stakeholders da organização, caso essa organização venha a atuar em locais ou
regiões que possuam uma cultura e um sistema de valores diferentes da empresa,
provavelmente haverá a necessidade de adaptação por parte da organização para
respeitar essas características locais. Isso pode até mesmo impactar na forma
como a organização fabrica seus produtos e nos processos de trabalho.
Por exemplo, em um abatedouro de aves da região onde moro, os gestores
contrataram vários funcionários que são muçulmanos. Para respeitar a prática da
crença religiosa de seus colaboradores, esse abatedouro disponibilizou uma sala
especial, com todos os itens necessários para que esses funcionários pratiquem
suas orações nas horas determinadas pelo Alcorão. Sem dúvida, um exemplo de
respeito a um dos seus principais stakeholders, que são os funcionários.
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• A liderança se faz pelo exemplo.
Algumas empresas fazem questão de publicar seu sistema de valores para todos
• Somos inovadores no que fazemos.
os interessados, por meio de seus portais na Internet.
Humanismo
Essa prática pode ser muito
bem avaliada pelos diversos
Valoriza aopúblicos
máximo asinteressados, denotando
relações e o potencial transparência
humano. Respeita e de
estimula a individualidade que enriquece a diversidade.
comportamento e açõesBusca por partepara
contribuir da organização.
o aperfeiçoamento da sociedade e da qualidade
Veja alguns exemplos:
das relações em cada uma de suas ações.
Criatividade
Figura 3 – Valores de algumas empresas
Ousar, inovar
•Busca
Ter a soluções inovadoras
preferência com alegria, ousadia, determinação e
do CLIENTE.
•paixão.
SEGURANÇA das pessoas acima de tudo.
•Objetiva
PESSOAS o aperfeiçoamento contínuo comeintuição,
respeitadas, comprometidas sensibilidade e
realizadas.
conhecimento.
• EXCELÊNCIA com SIMPLICIDADE. Equilíbrio
•Harmonia,
Foco em RESULTADOS.
interdependência
•Inspira-se
INTEGRIDADE com todos
no equilíbrio os públicos.
e dinâmica da natureza. Percebe o homem
•como
SUSTENTABILIDADE econômica,
parte da natureza, com a qualsocial e ambiental.
deve se harmonizar, e valoriza a
interação com ela.
• Nosso trabalho é importante para a sociedade.
Busca aliar consciência e competência, discurso e prática, saber e
• Temos orgulho de trabalhar na Caixa.
fazer, ética e estética.
• Juntos podemos mais.
Transparência
•Claro,
Nossas atividades
evidente, sãodeixa
que se pautadas pela ética.
conhecer
•Vive
Respeitamos as ideias, as opções e as diferenças
seus processos abertamente. É franca, à vontade.de toda a
sociedade.
É contra ambiguidades, manipulações e discriminação em todas as
•relações.
A liderança
Buscasecom
faz pelo exemplo.a qualidade e reconhece suas
determinação
•imperfeições.
Somos inovadores no que
Compartilha suas fazemos.
dúvidas e a busca de respostas.
Humanismo
• A experiência dos consumidores está no centro de tudo o que
Valoriza
fazemos. ao máximo as relações e o potencial humano. Respeita e
•estimula
Temos um a individualidade
compromissoque comenriquece
as nossasa pessoas.
diversidade.
Busca contribuir para o aperfeiçoamento da sociedade companhia
• Acreditamos no Sistema McDonald's: franquiados, e da qualidade
das relações em cada uma de suas ações.
e fornecedores.
Criatividade
• Gerimos e desenvolvemos o nosso negócio de forma ética.
Ousar, inovar
•Busca
Retribuímos
soluçõesas nossas comunidades.
inovadoras com alegria, ousadia, determinação e
•paixão.
Desenvolvemos o nosso negócio com rentabilidade.
•Objetiva
Procuramos melhorar continuamente.
o aperfeiçoamento contínuo com intuição, sensibilidade e
conhecimento.
Equilíbrio
Harmonia,
ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL interdependência
- DIAGNÓSTICO E PROPOSIÇÕES
Inspira-se no equilíbrio e dinâmica da natureza. Percebe o homem
como parte da natureza, com a qual deve se harmonizar, e valoriza a
• Nosso trabalho é importante para a sociedade.
• Temos orgulho de trabalhar na Caixa.
• Juntos podemos mais. 95
• Nossas atividades são pautadas pela ética.
• Respeitamos as ideias, as opções e as diferenças de toda a
sociedade.
• A liderança se faz pelo exemplo.
• Somos inovadores no que fazemos.
Humanismo
Valoriza ao máximo as relações e o potencial humano. Respeita e
estimula a individualidade que enriquece a diversidade.
Busca contribuir para o aperfeiçoamento da sociedade e da qualidade
das relações em cada uma de suas ações.
Criatividade
Ousar, inovar
Busca soluções inovadoras com alegria, ousadia, determinação e
paixão.
Objetiva o aperfeiçoamento contínuo com intuição, sensibilidade e
conhecimento.
Equilíbrio
Harmonia, interdependência
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A ideia de ter objetivos é tão comum em nossas vidas, está tão internalizada,
que às vezes nem pensamos muito nesse assunto. Os objetivos corriqueiros são
estabelecidos sem um grande esforço de planejamento. Na verdade, muitos
deles perseguimos “no piloto automático”. Quando pensamos em uma organi-
zação, principalmente no nível estratégico, o “piloto automático” não funciona
muito bem. É necessário um esforço consciente e a utilização de ferramentas
para atingir esses objetivos. Por exemplo, ao projetar um futuro desejado, um
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gestor de uma organização está, de forma natural, estabelecendo objetivos. Mas
o que são objetivos? Oliveira (2013, p. 149) oferece a seguinte descrição para o
termo “objetivo”:
[...] é o alvo ou ponto quantificado, com prazo de realização e respon-
sável estabelecidos, que se pretende alcançar através de um esforço ex-
tra. [...] Os objetivos podem ser conceituados como o estado, situação
ou resultado futuro que o executivo pretende alcançar. Na realidade, o
termo objetivo relaciona-se a tudo que implica na obtenção de um fim
ou resultado final.
Na prática, os gestores usam muito a palavra meta para relacioná-la aos obje-
tivos organizacionais. Particularmente, gosto muito desse uso. Como gestor
em organizações por muitos anos, constatei que os colaboradores entendem
mais rapidamente seu significado e compreendem mais claramente os números
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evidente que atingir a visão da organização é um trabalho que leva muito tempo e
não é atingido de imediato. Por conta disso, as metas intermediárias servem como
“degraus” em uma escalada contínua rumo à meta maior da visão organizacional.
Porém não critico visões que não estabelecem esse ponto no tempo. São
maneiras diferentes de mostrar que a organização possui um objetivo de exce-
lência a ser atingido. Muito provavelmente, no caso de não estar declarado um
marco temporal na declaração da visão, esse marco está em outros documentos
que guiam o planejamento estratégico dos gestores.
As organizações – como já pontuamos diversas vezes – são formadas por
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pessoas e as pessoas têm seus objetivos e valores individuais. Por conta disso,
Oliveira (2013) lembra que os objetivos organizacionais precisam guardar alinha-
mento com os objetivos dos indivíduos. Isso porque dificilmente uma pessoa se
engajará em atingir um objetivo se este não estiver alinhado minimamente com
os seus próprios objetivos individuais. Pense, por um momento, como ficaria o
comprometimento de um colaborador em atingir um objetivo organizacional
que vai resultar na extinção do setor em que esse colaborador trabalha! Seria
muito difícil, não concorda? A possibilidade de “sabotagem” seria bem grande.
Nos apontamentos de Hill e Jones (2012), que vimos anteriormente, das qua-
tro características que os objetivos devem possuir, notamos também a questão
de que os objetivos devam estar relacionados a questões cruciais. Você já deve
ter presenciado ou vivenciado situações em que vários objetivos estabelecidos
pelos gestores não tinham um grau de importância significativo, que, no final,
só resultaram em perda de tempo e dinheiro. Um desperdício inaceitável nes-
ses tempos de racionalização de recursos e alta competitividade, com certeza!
Geralmente, segundo pontua Oliveira (2013), os gestores têm dificuldade
em estabelecer ou diferenciar os objetivos em curto, médio e longo prazo. Não se
tem, segundo esse autor, na mente dos gestores, quais são claramente os objeti-
vos de longo prazo, ou seja, os objetivos estratégicos na organização. No entanto
os objetivos são essenciais, pois servem aos seguintes propósitos:
■■ Fornecer às pessoas um sentimento específico e adequado de seu
papel na empresa;
Se você procurar saber quais objetivos cruciais uma organização deve atingir, a
resposta dependerá em muito do tipo de organização que estivermos conside-
rando. Se o caso for de uma organização empresarial, sem dúvida, o retorno ao
acionista ou proprietários é um objetivo crucial a ser atingido. Se a organiza-
ção for sem fins lucrativos, os objetivos provavelmente não estarão vinculados
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Oliveira (2013) menciona que, nessa fase inicial, ainda não há uma grande
preocupação com mensuração, ou seja, ainda não estão estabelecidas as metas
exatas que se pretende atingir, mas há, sim, um direcionamento em relação
aos setores e recursos que serão envolvidos.
Veja como isso se dá na figura 4, a seguir.
Figura 4 - Hierarquia dos objetivos e desafios da empresa
Missão da empresa
Postura
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Propósito
Estratégica
Objetivos da empresa
Objetivos funcionais
Recursos
Marketing Produção Finanças
Humanos
FORMA OU CRITÉRIO DE
ESTABELECIMENTO DE DETALHAMENTO
OBJETIVOS
Considerado a forma ideal. Para isso, o diagnóstico
Cruzamento de fatores
estratégico da empresa deve ser muito bem realiza-
externos e internos
do.
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A dinâmica desse processo todo pode ser visualizada na figura 5, a seguir.
Figura 5 - Processo de estabelecimento dos objetivos e desafios na organização
Alta administração
• Objetivos da empresa
(1º nível)
AC G H
Percebemos que chegará o momento em que tudo o que foi proposto, os objeti-
vos que foram estabelecidos deverão ganhar o mundo real e ser acompanhados
passo a passo para se garantir sua efetivação, não descuidando, é claro, de even-
tuais ajustes e calibração que certamente ocorrerão ao longo do caminho.
Esse acompanhamento exigirá, então, um sistema de gestão de resultados,
que envolverá ferramentas administrativas, possibilitando ao gestor a tomada
assertiva de decisão.
Veremos mais a respeito desses sistemas de gestão nas próximas unidades.
Até lá!
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerações Finais
104
2. Cada pessoa é um indivíduo único, a ponto de podermos afirmar que não exis-
tem duas pessoas exatamente iguais no mundo, mesmo que fisicamente sejam
idênticas. Também as pessoas possuem valores próprios, exclusivos, porém as
empresas não podem deixar que ocorra a expressão livre dos valores de cada
indivíduo. Explique como os valores corporativos restringem os valores in-
dividuais dos componentes de uma organização.
Também estão incorporados à gestão da JBS a busca pela modernização, qualidade dos
produtos e matérias-primas, construção de mais e melhores relações com parceiros,
clientes, colaboradores e sociedade, a satisfação de seus acionistas e o compromisso
com questões de responsabilidade socioambiental. Será possível manter esses objeti-
vos nos próximos anos?
Fonte: Certo e Peter (2010, p. 71-72).
MATERIAL COMPLEMENTAR
O jogo da imitação
Sinopse: durante a Segunda Guerra Mundial, o governo britânico monta
uma equipe que tem por objetivo quebrar o Enigma, o famoso código
que os alemães usam para enviar mensagens aos submarinos. Um de seus
integrantes é Alan Turing (Benedict Cumberbatch), um matemático de
27 anos estritamente lógico e focado no trabalho, que tem problemas de
relacionamento com praticamente todos à sua volta. Não demora muito
para que Turing, apesar de sua intransigência, lidere a equipe. Seu grande
projeto é construir uma máquina que permita analisar todas as possibilidades
de codificação do Enigma em apenas 18 horas, de forma que os ingleses
conheçam as ordens enviadas antes que elas sejam executadas. Entretanto,
para que o projeto dê certo, Turing terá que aprender a trabalhar em equipe
e tem Joan Clarke (Keira Knightley) como sua grande incentivadora.
Material Complementar
108
REFERÊNCIAS
IV
PLANEJANDO
UNIDADE
AS ESTRATÉGIAS
EMPRESARIAIS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Demonstrar a natureza da vantagem competitiva.
■■ Discutir a forma de construção da vantagem competitiva.
■■ Conhecer as estratégias de Unidades de Negócios
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Natureza da vantagem competitiva
■■ Construindo a vantagem competitiva nas organizações
■■ Estratégias de Unidades de Negócio
113
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), neste ponto dos nossos estudos, é necessário pensar sobre
como as empresas constroem sua vantagem competitiva perante seus concor-
rentes. Essa vantagem competitiva segue a lógica de uma estratégia competitiva
bem formulada, levando em consideração uma análise do setor em que a orga-
nização está inserida.
Os setores apresentam uma lógica própria, o que significa dizer que a estratégia
competitiva de uma organização que atua, por exemplo, no setor de restaurantes
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Introdução
114 UNIDADE IV
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capital que colocaram em risco.
Agora pense que, no caso das empresas, sua situação de atuação no mercado
pode ser bem variada. Se tomarmos como exemplo países capitalistas, é possível
esperar que encontremos diversas empresas atuando no mesmo segmento eco-
nômico, competindo pelos mesmos clientes. Como você já pode ter notado, essa
competição pode excluir do mercado diversos concorrentes. A pergunta é: por
que alguns competidores se saem melhor que outros? Sem dúvida, algum tipo de
vantagem se estabeleceu de uns competidores sobre os outros. Mas como pode-
mos entender o que é vantagem competitiva? Como ela se estabelece?
Primeiramente, temos que entender que a competição que ocorre acontece
por setores. Por setor, podemos entender como “um grupo de empresas que ofe-
rece produtos ou serviços que são substitutos próximos uns dos outros, ou seja,
produtos ou serviços que satisfazem as mesmas necessidades básicas do consu-
midor” (HILL; JONES, 2012, p. 86).
Dessa forma, a empresa compete em um setor que atende certas necessida-
des, em comum, de consumidores. Mas como saber em qual setor a empresa está
inserida? Hill e Jones (2012) recomendam que os gestores não façam essa análise
pelo produto e sim pela visão do consumidor. Dessa forma, teremos como fron-
teiras ou limites do setor, segundo esses autores, as necessidades básicas atendidas
por um mercado. Quando essa leitura não é feita adequadamente, esses limi-
tes podem ser estreitos demais ou amplos demais. Como exemplo, Hill e Jones
(2012) citam que a Coca-Cola, durante muito tempo, encarou que era líder do
mercado de refrigerantes.
O modelo foi desenvolvido com o objetivo inicial de avaliar a competição entre indús-
trias, mas podemos pensar em aplicar também em outros segmentos econômicos. De
qualquer forma, precisamos distinguir, a partir de agora, essas cinco forças descritas
por Porter, para entender como se forma a vantagem competitiva das organizações.
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com a escolha da estratégia que será empregada.
Falar em estabelecer altas barreiras de entrada pode parecer simples, mas viabi-
lizar que isso ocorra requer competências bem específicas dos gestores. Vamos
conhecer algumas possíveis barreiras à entrada no quadro 1, a seguir:
TIPO DE
BARREIRA DE DETALHAMENTO FORMAS DE OBTENÇÃO
ENTRADA
1) Redução de custos por meio da
produção em massa de produtos pa-
Economias de escala dronizados; 2) descontos em grandes
acontecem quando o cus- compras de matérias-primas e com-
Economias
to unitário cai, à medida ponentes; 3) diluição de custos fixos
de escala
que a empresa aumenta de produção por grande volume de
sua produção. produtos fabricados; 4) redução de
gastos com marketing na diluição
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com um grande volume de produtos.
Publicidade contínua de produtos
com a marca e nome da empresa;
Estabelece-se quando os
patentes de produtos; inovação em
Fidelidade à consumidores têm prefe-
produtos com auxilio de Pesquisa
marca rência pelos produtos de
e Desenvolvimento: ênfase na alta
empresas estabelecidas.
qualidade dos produtos; bom atendi-
mento pós-venda.
1) Processos e operações de produ-
ção superiores, devido a experiência,
patentes ou processos; 2) controle
Estrutura de custos das de insumos necessários à produção,
Vantagens
empresas estabelecidas como mão de obra, materiais, equi-
absolutas em
muito superior a de po- pamentos ou habilidades de gestão,
custos
tenciais entrantes que existam em quantidade limitada;
3) acesso a financiamento mais bara-
to devido a oferecer risco menor aos
agentes financeiros.
Acontece quando o
consumidor precisa
gastar tempo, energia e Quando os custos mudança são tão
Custos de
dinheiro para mudar os altos, os consumidores podem ficar
mudança
produtos oferecidos por presos aos produtos oferecidos pelas
para o con-
uma empresa estabeleci- empresas estabelecidas. Exemplo:
sumidor
da para outros produtos sistemas para computadores.
oferecidos por uma nova
empresa.
Regulamen- Regulamentações go-
Acontece normalmente onde há mo-
tação gover- vernamentais protegem
nopólio estabelecido pelo governo.
namental setores já estabelecidos.
Fonte: adaptado de Hill e Jones (2012) e Barney (2011).
No mercado brasileiro, você já deve ter se deparado com situações como as rela-
tadas no quadro 1. O Brasil já teve um mercado altamente regulado pelo governo,
com alta concentração de setores inteiros nas mãos de poucas empresas ou até
mesmo de apenas uma. Esse foi o caso da telefonia de longa distância que era
dominada por uma única empresa estatal e, nos Estados, a maioria só possuía
uma única empresa telefônica de propriedade do Estado. Com a privatização do
setor, assistimos, em um primeiro momento, a entrada de várias companhias com-
petindo, mas, com o tempo, o mercado está sofrendo uma nova concentração,
não mais na forma de monopólios, mas com apenas poucos concorrentes diretos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Uma situação que exige uma gestão estratégica efetiva acontece quando a empresa
já atua há algum tempo no setor e enfrenta a concorrência de outras organiza-
ções que também estão consolidadas. Não se trata de ameaça de novos entrantes,
mas sim do equilíbrio de forças entre os players que já estão estabelecidos.
Nesse caso, acontece o que está previsto no modelo de 5 forças de Porter
como rivalidade entre empresas estabelecidas. Por rivalidade, Hill e Jones (2012,
p. 94) entendem como “a disputa competitiva entre empresas de um setor, que
buscam tirar participação de mercado umas das outras”. Barney (2011, p. 35)
indica que essa rivalidade entre empresas pode reduzir seus lucros econômicos:
Altos níveis de rivalidade em um setor são indicados por ações como
cortes constantes de preços (por exemplo, descontos nos bilhetes aére-
os), lançamento frequente de novos produtos (por exemplo, introdução
contínua de produtos eletrônicos de consumo), campanhas de publi-
cidade acirradas (por exemplo, Pepsi versus Coca) e ações e reações
competitivas rápidas (empresas aéreas acompanhando rapidamente os
descontos das concorrentes).
Dessa forma, “uma rivalidade mais intensa implica preços mais baixos ou maio-
res gastos com armas de competição não relativas ao preço ou ambas as coisas”
(HILL; JONES, 2012, p. 94). Essa competição pode rebaixar os lucros de todo o
setor com o rebaixamento dos preços e aumento dos custos. O caminho contrá-
rio também é verdade, ou seja, com a rivalidade pouco intensa, os preços tendem
a subir, os custos a se reduzir e os lucros se tornam maiores.
Barney (2011) lista os seguintes motivos para a intensa rivalidade:
Quadro 2 - Motivos para intensa rivalidade entre empresas estabelecidas
MOTIVOS EXEMPLOS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Grande número de empresas con-
Grandes empresas fabricantes de com-
correntes que são praticamente do
putadores pessoais e laptops.
mesmo tamanho.
Crescimento lento do setor. Redes de fast foods.
Falta de diferenciação do produto. Transporte aéreo de passageiros.
Adição de capacidade em grandes Aumento de um parque produtivo de
incrementos. uma indústria.
Fonte: adaptado de Barney (2011).
Hill e Jones (2012, p. 94) colocam que a intensidade da rivalidade está ligada a
quatro fatores:
1. Estrutura competitiva do setor.
2. Condições de demanda.
3. Condições de custos.
4. Altura das barreiras de saída do setor.
FATOR DETALHAMENTO
Refere-se ao número e a distribuição do tamanho das empresas
que fazem parte da estrutura competitiva do setor. Pode-se
Estrutura apresentar um setor fragmentado, constituído por grande
competitiva número de pequenas e médias empresas, sem que nenhuma
do setor seja capaz de terminar os preços do setor ou setor consolidado,
dominado por um oligopólio ou por monopólio, no qual as
empresas conseguem determinar os preços do setor.
O crescimento da demanda pela chegada de novos consumido-
res ou pelo aumento das compras dos consumidores já presen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ao explicar a questão das barreiras de saída do setor, Hill e Jones (2012) escla-
recem que elas incluem:
■■ Investimentos em bens como máquinas, equipamentos e unidades ope-
racionais específicos que são de pequeno ou de nenhum valor para usos
alternativos ou que não podem ser vendidos. Se uma empresa quiser sair
do setor, ela precisa amortizar de seu patrimônio os valores de seus bens.
■■ Altos custos de saída, como indenizações, benefícios de saúde e pensões,
que terão de ser pagos a empregados cujo trabalho se torna desnecessá-
rio quando uma empresa deixa de operar.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mos encontrar empresas que atuam em serviços muito focados, como entregas
de correspondência. A EBCT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), por
exemplo, tem o compromisso de entregar encomendas e correspondências em
todo o território nacional, independente de qual localidade for. Isso quer dizer
que a empresa não pode abandonar uma rota de entrega, mesmo que ela seja
deficitária, para cumprir sua função social. Muitas outras empresas igualmente
precisam manter estruturas de atendimento em locais distantes dos grandes cen-
tros, por imposição legal, como é o caso de postos de atendimento de empresas
distribuidoras de energia elétrica. Essas unidades são, quase sempre, deficitárias,
mas não podem ser abandonadas.
Na maior parte das vezes, as empresas não possuem uma estrutura totalmente
verticalizada, ou seja, não conduz, com os próprios recursos, todos os processos
relativos à sua produção. Na verdade, na atualidade, a tendência é pela horizon-
talização, quando a empresa se vale de diversos fornecedores para alimentar seus
processos. Assim, temos fornecedores de matérias-primas, insumos, produtos
semiacabados, entre outros bens. Barney (2011, p. 36) afirma que os fornece-
dores podem
ameaçar o desempenho de empresas em um setor aumentando o preço
ou reduzindo a qualidade de seus suprimentos. Quaisquer lucros que
estiverem sendo auferidos em um setor podem ser transferidos para
fornecedores dessa maneira.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
reduzir os preços desses insumos. (HILL; JONES, 2012, p. 102).
Desse modo, esse componente do modelo de 5 forças de Porter deve ser seria-
mente considerado.
As empresas sabem, desde sempre, que a figura mais importante em seus proces-
sos é o cliente - aquele que adquire os produtos ou serviços de uma organização.
Hill e Jones (2012, p. 100) definem o poder de barganha dos compradores como
“a habilidade dos compradores de baixar, por meio de barganha, os preços cobra-
dos por empresas de um setor e de aumentar os custos dessas empresas pela
exigência de maior qualidade de seus produtos e serviços”.
Podemos ter compradores na forma de consumidores finais de produtos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
material de várias empresas fornecedoras de uma vez só, de maneira que
eles possam jogar as empresas de um setor umas contra as outras.
■■ Os compradores podem ameaçar entrar no setor e, assim, passar a pro-
duzir para atender as próprias necessidades, o que também é uma tática
para forçar uma baixa dos preços.
Todos nós, como consumidores, temos alguma preferência por certos produtos
e serviços que atendem alguma necessidade ou desejo que tenhamos. As tec-
nologias têm alterado a forma como satisfazemos nossas necessidades. Muitas
vezes, temos mais de uma opção para nosso consumo.
Cito o caso daqueles que amam música. Podemos ouvir música em rádio,
CD ou em algum serviço on-line, como o Spotify, por exemplo. Percebe como
essas opções podem representar uma ameaça para certos setores?
Por produtos substitutos, Hill e Jones (2012 p. 103) classificam aqueles “de
diferentes empresas ou setores que podem satisfazer necessidades semelhantes
dos consumidores”. Barney (2011, p. 36) complementa por afirmar que os subs-
titutos “impõem um teto aos preços que as empresas de um setor podem cobrar
e aos lucros que podem auferir. Em última análise, os substitutos tomam o lugar
de produtos e serviços de um setor”.
As empresas precisam avaliar se atualmente existem ofertas de substitutos
que podem ocupar o lugar daqueles produtos e serviços oferecidos por elas. Os
grandes laboratórios, por exemplo, têm produtos “similares” e “genéricos” que
podem ser a opção de compra para os clientes. O custo desses substitutos tende a
ser menor, pois os laboratórios não investem de forma tão intensa em pesquisa e
desenvolvimento como fizeram os laboratórios que produziram o medicamento
pela primeira vez. De qualquer forma, é uma ameaça que tem até mesmo o apoio
governamental, no caso do Brasil.
O modelo das 5 forças de Porter nos auxilia a pensar que as estratégias de uma
organização precisam levar em conta diversos fatores, muitos dos quais não estão
sob o controle direto dos gestores.
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competitiva quando sua lucratividade é maior do que a média da lucratividade
do setor, e tem uma vantagem competitiva sustentada quando é capaz de man-
ter essa lucratividade superior por vários anos”. Como exemplo, os autores citam
o Walmart, que tem conseguido uma vantagem competitiva sustentada já por
várias décadas, refletida em uma lucratividade em alta. O Walmart é, simples-
mente, o maior varejista do planeta.
Uma empresa conseguirá um lucro maior basicamente em duas situações:
pelo valor que os seus clientes atribuem aos bens e serviços adquiridos e se houver
uma boa gestão em relação aos seus custos de produção (HILL; JONES, 2012).
Aqui, vale um apontamento muito importante: o preço cobrado por um deter-
minado produto não é o mesmo que o valor percebido pelo cliente. Há diversas
teorias econômicas para explicar esse desalinhamento, mas podemos entender de
forma mais fácil de enxergarmos o seguinte: quando compramos um determinado
produto em qualquer canal de venda, desembolsamos um valor por ele, que é o
preço. No entanto, os benefícios que o produto pode nos proporcionar e que nos
traz a satisfação de uma necessidade ou desejo é uma expressão de valor subjetivo.
Em sendo um valor subjetivo, é diferente de uma pessoa para outra, ou seja,
pode ser que, ao adquirir um produto, esse trouxe uma sensação de satisfação
tão plena, que eu posso acreditar que o que me foi cobrado (preço) é inferior ao
que de fato aquele produto vale (conceito subjetivo). Para outra pessoa, a ava-
liação pode não ser tão positiva. Já pagou por algo um preço que você, ao final
das contas, chegou à conclusão de que o produto não valia?
Na figura 2, a seguir, temos uma noção de como se forma o valor, preço e
custo de um produto.
Na figura 2, temos diversas leituras a serem feitas, sendo algumas delas muito
importantes para a definição da estratégia. Quando se menciona, na figura, o
item excedente do consumidor, entende-se que é a diferença entre o preço
médio praticado no mercado pelo produto ou serviço e aquilo que o consumi-
dor avalia como sendo o valor real que o produto deveria valer. O conceito de
margem de lucro é relativamente fácil: basta deduzir o custo de produção do
preço cobrado. Toda vez que a empresa consegue ter um Preço (P) maior que
o custo (C), ela terá lucro, que será tanto maior quanto menor for o custo (C).
No mundo ideal (do ponto de vista da empresa, é claro!), ela deveria poder
cobrar um preço (P) idêntico ao valor (V) percebido pelo cliente. Mas, na prá-
tica, isso não acontece, pelo simples motivo das pressões da competição que o
setor exerce. Quanto maior a pressão, o preço (P) tende a se reduzir para alinhar-
-se com a concorrência, mesmo que o valor (V) continue elevado.
Como se forma o valor (V) de um produto? Hill e Jones (2012, p. 130) expli-
cam que
o valor criado por uma empresa é medido pela diferença entre V e C
(V – C). Uma empresa cria valor convertendo insumos que custam C
em um produto ao qual os consumidores atribuem um valor V. Uma
empresa pode criar mais valor para seus consumidores baixando C ou
fazendo o produto mais atraente por meio de design, funcionalidade,
qualidade ou outros atributos em nível superior, a fim de que os con-
sumidores atribuam um valor maior a ele (V aumenta) e, consequente-
mente, se disponham a pagar um preço maior (P sobe).
Dessa forma, o grande “pulo do gato” para que as empresas criem e mantenham
uma vantagem competitiva frente aos seus concorrentes, justamente, está na
criação de valor aos seus produtos e serviços. Quanto maior o valor (V) que os
clientes percebam naquilo que estão adquirindo, mais distância a empresa cria
em relação às ofertas de valor de seus concorrentes.
Tendo em vista essas questões, Porter (1986 apud SERTEK; GUINDANI;
MARTINS, 2012) oferece três estratégias para lidar com as forças competitivas
que se apresentam, quais sejam:
■■ Liderança em custo.
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■■ Diferenciação e enfoque.
■■ Nicho de mercado.
ESTRATÉGIA DETALHAMENTO
A empresa visa oferecer o produto ou o serviço a um custo
mais baixo e tem escopo amplo, devendo atender a vários
Liderança em
segmentos empresariais. Ela ainda comanda os preços do setor,
custo
mas precisa de paridade ou proximidade com a diferenciação
relativa aos seus concorrentes.
A empresa objetiva ser a única em seu setor e em algumas dimen-
sões amplamente valorizadas pelos compradores, devendo esco-
lher atributos que sejam realmente diferentes. No entanto, precisa
Diferenciação de paridade ou proximidade de custos em relação aos seus
e enfoque concorrentes. Servindo a um mercado limitado, a empresa que se
utiliza da estratégia do enfoque pode buscar liderança em custos
ou em diferenciação nesse segmento, com as mesmas vantagens
e desvantagens dos líderes de custo e dos diferenciadores.
É a busca de um segmento específico do mercado total, que
Nicho de mer- pode ser definido pela singularidade geográfica, por exigências
cado especiais no uso do produto ou por atributos particulares do pro-
duto com força de apelo para um determinado e restrito público.
Fonte: adaptado de Sertek, Guindani e Martins (2012).
Diante de cada uma das estratégias escolhidas, decisões sobre produtos, mercados
e competências devem ser tomadas. Isso pode ser resumido no quadro 5, a seguir:
Quadro 5 - Decisões sobre produto/mercado/competências distintivas em estratégias competitivas genéricas
LIDERANÇA EM
DIFERENCIAÇÃO FOCO (NICHO)
CUSTO
Alta (principal-
DIFERENCIAÇÃO Baixa (principal- Baixa à alta (preço
mente pela singu-
DE PRODUTO mente pelo preço) ou singularidade)
laridade)
Alta (muitos
SEGMENTAÇÃO DE Baixa (mercado de Baixa (um ou pou-
segmentos de
MERCADO massa) cos segmentos)
mercado)
Pesquisa e desen- Qualquer tipo
COMPETÊNCIAS Produção e gestão
volvimento, ven- de competência
DISTINTIVAS de materiais
das e marketing distintiva
Fonte: Hill e Jones (2012, p. 186).
LIDERANÇA EM CUSTOS
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dutos e serviços a custos mais baixos que os da concorrência, o objetivo central de
toda a estratégia” (CAMPOS, 2016, p. 176).
Com essa estratégia em andamento, todas as ações da empresa se voltarão para
uma gestão eficiente e eficaz dos seus custos, independente de que área se considere.
Essas ações poderão envolver economias de escala, combate aos desperdícios, eficiência
operacional, entre outras. De acordo com Campos (2016), isso confere a possibilidade
de a organização ser flexível em relação às suas margens, proporcionando vantagens
em relação aos concorrentes que têm estruturas de custo mais rígidas e inflexíveis.
As economias de escala obtidas permitem produzir mais a custos cada vez
menores. Nesse caso, temos uma quantificação da experiência medida pela chamada
curva de experiência que, conforme Campos (2016, p. 178), “indica a duplicação
do volume acumulado de produção e a redução a uma porcentagem constante e
previsível do custo de fabricação”.
Esse comportamento da curva de experiência é mostrado no gráfico 1, a seguir:
Gráfico 1 - Curva de experiência
Custo por
unidade
Produção acumulada
Fonte: Campos (2016, p. 178).
Para obter essa vantagem competitiva em custos, a empresa precisa ter uma
boa posição de participação no mercado e facilidade para obtenção de insumos
e matérias-primas. Além disso, a empresa precisa cuidar constantemente de
sua formação de custos de produção, investindo em máquinas e equipamentos
que possam continuar gerando essa redução de custos, bem como em pesquisa
e desenvolvimento. Como vantagens dessa estratégia, Campos (2016, p. 178)
elenca duas principais:
1. Como a empresa tem custos baixos, pode ser mais lucrativa que
seus concorrentes mais próximos.
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Um exemplo não muito antigo no Brasil é o da Gol Linhas Aéreas, que inves-
tiu em uma entrada de mercado baseada em uma estratégia por custo total.
De maneira rápida e eficaz, a empresa conquistou o nicho de duas outras
empresas comerciais que eram fortes no país – TAM e Varig. A organização
realizou essa estratégia com a otimização de rotas aéreas, a utilização de
vendas on-line e a redução dos serviços aéreos. A GOL conseguiu reduzir
a quantidade de funcionários e os custos operacionais, como manutenção
de aeronaves e pessoal em solo, posicionando-se como líder em custos na
aviação comercial no país.
Fonte: Campos (2016, p. 177).
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ESTRATÉGIA DA DIFERENCIAÇÃO
tégia para diferenciar seus produtos e serviços. No caso das marcas mencionadas
anteriormente, a diferenciação coloca esses produtos naquilo que poderíamos
classificar como de categoria premium.
Mas há outras formas de diferenciação que poderíamos considerar para os
produtos e serviços de uma organização. Nesse ponto, diferentes autores ofere-
cem vários mecanismos de diferenciação. Por exemplo, Campos (2016, p. 181)
lista os seguintes tipos de diferenciação possíveis:
Diferenciação de preço – trata-se da maneira mais básica de diferen-
ciação de um produto: a cobrança de preço baixo.
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tinuar fazendo o produto ou fornecendo o serviço. A diferenciação é
determinada por adjetivos e é julgada por quem está lhe pagando.
Hill e Jones (2012) destacam que a diferenciação pode ocorrer em três segmen-
tos diferentes: qualidade, inovação e resposta ao consumidor. Vamos entender,
suscintamente, como se dá a diferenciação, considerando esses três segmentos
no quadro 6, a seguir:
Quadro 6 - Diferenciação por qualidade, inovação e resposta ao consumidor
Daí vem a ideia de oferecer uma imagem de status, realização e prestígio que
algumas marcas oferecem.
A inovação também traz uma sensação de realização aos consumidores de
certos produtos. Basta você notar o que acontece quando uma empresa como a
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ESTRATÉGIA DE NICHO
Não faltam exemplos para ilustrar essa proposta estratégica. Veja o caso das
pessoas que valorizam uma alimentação saudável, por exemplo, para esses, há
alimentos orgânicos, alimentos e bebidas detox, alimentos com fibras, sem açú-
cares, isentos de adições químicas, entre outros.
Se você focar o nicho dos jovens e pessoas descoladas e atletas (mesmo que
amadores) há linhas variadas de produtos, como para skatistas, surfistas, ciclis-
tas, praticantes de running, esportes radicais e outras tantas atividades que se
vinculam a este estilo de vida.
Se o foco for para pessoas “da melhor idade”, temos cada vez mais empresas
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ofertando um produto ou serviço como um benefício de bem estar, uma solu-
ção para uma dificuldade, uma opção de qualidade de vida, entre tantas outras
possibilidades.
Esse tipo de estratégia é, geralmente, vinculado a uma ou outra das duas
estratégias vistas anteriormente, que são a estratégia de diferenciação e a lide-
rança em custos. Isso porque, uma vez definido o nicho, muito provavelmente
a empresa não estará sozinha para atender esse segmento de consumidores, de
modo que será necessário aliar a estratégia de diferenciação ou de liderança em
custo para ganhar vantagem sobre os concorrentes (HILL; JONES, 2012).
Podemos visualizar esta estratégia em operação, comparada com as estraté-
gias de diferenciação e de liderança em custos, na figura 4, a seguir:
Figura 4 - Tipos de estratégias de nível de negócios
Oferece produtos apenas Oferece produtos para
para um grupo de muitos tipos de
consumidores consumidores
Oferece produtos de
Estratégia focada de Estratégia de
preço baixo para os
consumidores
liderança em custo liderança em custo
Hill e Jones (2012, p. 196) frisam que, basicamente, “uma empresa focada é especia-
lizada em diferenciação ou em liderança em custos”, ou seja, a estratégia de nicho
quase em todas as situações está associada a uma ou outra estratégia genérica.
Já McKeown (2013, p. 89) coloca dessa forma a estratégia de nicho:
[...] é um tipo de diferenciação, já que você se concentra numa parte do
mercado e mantém os outros concorrentes longe. Isso pode se dever a
restrições geográficas naturais - tal como ser o único cabeleireiro na sua
área. Com frequência, o foco é alcançado porque você faz uma diferen-
ciação em relação a quem você tem como alvo ao elaborar propagandas
e processos de satisfação em torno dos clientes desse nicho. E, a longo
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Por conta disso, os gestores de empresas focadas podem realmente obter vanta-
gens por atuar com esta estratégia.
Fechando este tópico, apresentamos, no quadro 7, a seguir, os principais ris-
cos associados a cada uma das estratégias genéricas:
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Concorrentes amplamen-
te visados dominam o
segmento
Perda da proximidade na Perda da proximidade de • as diferenças do seg-
diferenciação. custos. mento em relação a
outros se estreitam;
• as vantagens de uma li-
nha ampla aumentam.
Os que enfocam nos Os que enfocam na dife-
Novos concorrentes que
custos conseguem custos renciação conseguem di-
enfocam subsegmentos
ainda mais baixos em ferenciação ainda maior
da indústria.
segmentos de indústria. em segmentos.
Fonte: Certo e Peter (2010, p. 95).
Esse quadro nos reforça a ideia de que não há uma estratégia perfeita, livre de
riscos. Todas elas embutem algum tipo de risco para a organização que devem
ser avaliados com bastante critério por parte dos gestores.
Conforme vimos em nossa unidade II, após o planejamento estratégico ter sido
elaborado, há um desdobramento natural para o planejamento tático, onde consi-
deramos as Unidades de Negócio (UNs) das organizações. Uma organização pode
ter diversas Unidades de Negócios que, em seu âmbito de atuação, atendem diferen-
tes necessidades de mercado. Uma corporação pode ter várias unidades de negócio
que, sendo efetivas, trarão resultados positivos para a corporação como um todo.
• Setor maduro.
• Setor em declínio.
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tado anteriormente. Podemos, de forma sintética, apresentar essas estratégias
no quadro 8, a seguir:
Quadro 8 - Estratégias para Unidades de Negócio
SITUAÇÃO OU FASE
ESTRATÉGIA
DO SETOR
Como as tecnologias ainda não estão maduras, os
concorrentes tentarão melhorar designs e processos já
existentes ou combiná-los com a próxima geração de
tecnologia. Ser pioneiro, ou seja, lançar o produto ou ser-
Setor emergente
viço antes dos concorrentes pode formar uma vantagem
pelo ineditismo. Os pioneiros podem conseguir lançar os
padrões dos produtos subsequentes. É preciso aproveitar
as janelas de oportunidade.
Setor fragmentado Montar cadeias, franquias, fusão horizontal, utilização da
ou em crescimento internet.
A estratégia gira em torno da compreensão de como as
grandes empresas tentar reduzir coletivamente a gran-
Setor maduro
deza das 5 forças da competição no setor para preservar
tanto a lucratividade do setor quanto da empresa.
Pode ser montada uma estratégia em 4 frentes: (1) estra-
tégia de liderança, em que a empresa busca ser a líder no
setor em declínio; (2) estratégia de nicho, concentrada em
bolsões de demanda que estão em declínio mais lento
Setor em declínio
que o restante do setor; (3) estratégia de aproveitamento
imediato dos resultados, também chamada de colheita,
que otimiza o fluxo de caixa; (4) estratégia de desinvesti-
mento, em que a empresa vende o negócio para terceiros.
Ao ler o quadro anterior, você pode ter pensado em várias empresas que adota-
ram essas estratégias. Pode-se afirmar que, em alguma medida, a Apple é uma
empresa que se posiciona em um setor ainda emergente, pois as tecnologias
estão em constante evolução e construção. O ineditismo é parte de seu negócio.
O setor de franquias é muito forte no mundo, especialmente no Brasil, mos-
trando que em setores fragmentados, podemos ter essa estratégia funcionando
muito bem. Um setor maduro, como é o caso da TV aberta, coloca os gran-
des players em constante embate por audiência, tentando levantar barreiras de
entrada para novos, como, por exemplo, por deter a maior parte da verba publi-
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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dor, de ser a melhor, ou a mais em conta, ou a mais rápida, ou a mais inovadora,
enfim, podem ser diversos os fatores de preferência, mas que são pensados na
gestão estratégica da organização.
Além disso, uma organização pode competir em diversas áreas, por meio
de suas Unidades de Negócio. Podemos ter uma organização, como a Globo, no
Brasil, por exemplo, que tem unidades em TV aberta, TV fechada, revistas, jor-
nais, portais de internet, cinema, entre outros. Em cada Unidade de Negócio será
necessário que a organização estabeleça sua estratégia.
Devemos considerar também, como vimos, que os setores têm suas próprias
dinâmicas, por estarem, muitas vezes, em diferentes estágios de maturação do
negócio. Alguns podem ser iniciantes, outros mercados maduros, outros ainda
mercados fragmentados e, por último, mercados em declínio. Percebemos que
os gestores precisam elaborar estratégias para cada setor, de acordo com suas
características.
Esse conteúdo é fundamental, pois as organizações procuram estabelecer e
proteger suas posições perante seus concorrentes o tempo todo. Os movimentos
dos concorrentes também podem iniciar movimentos de reação das organiza-
ções, que inicialmente não estavam previstos. Enfim, é um tabuleiro de xadrez,
em um jogo extremamente complexo, mas desafiador! Por isso, o gestor deve ser
um eterno aprendiz, tanto com as experiências passadas em sua própria organi-
zação, como aprender pela experiência de outras organizações que enfrentaram
desafios semelhantes. Bons estudos!
3. A organização está diante de uma competição constante e cada vez mais inten-
sa. Para enfrentar essa realidade, ela pode valer-se de 3 estratégias, que são: lide-
rança em custo, diferenciação e enfoque e nicho de mercado. Relate como se dá
a vantagem pela estratégia de nicho de mercado.
146
Material Complementar
148
REFERÊNCIAS
1. Hill e Jones (2012) recomendam que os gestores não façam essa análise pelo
produto e sim pela visão do consumidor. Assim, teremos como fronteiras ou li-
mites do setor, segundo esses autores, as necessidades básicas atendidas por
um mercado. Quando essa leitura não é feita adequadamente, esses limites po-
dem ser estreitos demais ou amplos demais.
2. São mecanismos que tornam pouco interessante para uma organização tornar-se
uma nova entrante em um setor. Hill e Jones (2011, p. 89), classificam essas barrei-
ras de entrada como “fatores que inviabilizam para empresas entrar em um setor”.
V
FERRAMENTAS PARA
UNIDADE
O PLANEJAMENTO
ESTRATÉGICO
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as ferramentas para análise do ambiente.
■■ Compreender a cadeia de valor e a visão baseada em recursos.
■■ Conhecer a ferramenta Balanced Scorecard (BSC).
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Ferramentas para análise do ambiente
■■ A cadeia de valor e a visão baseada em recursos (VBR)
■■ O Balanced Scorecard (BSC)
153
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), esta última unidade tratará de alguns aspectos muito impor-
tantes para o planejamento estratégico e a gestão estratégica organizacional.
Vamos apresentar e discutir ferramentas para a formulação estratégica, análise
do ambiente e estratégias baseadas em perspectivas que vão além da simples
questão financeira.
As estratégias podem ser formuladas de diversas formas, levando-se em
consideração os recursos que a organização tem disponíveis. Dependendo do
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Introdução
154 UNIDADE V
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Na unidade II, apresentei a você que um contingente importante (mais de
50% das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune) utiliza a análise de
cenários como um mecanismo de planejamento estratégico.
Zenaro (2002, apud SERTEK; GUINDANI; MARTINS, 2012, p. 146) sugere
que os gestores elaborem um número máximo de 3 cenários possíveis, dentro
de uma lógica que seria:
1. CENÁRIO OTIMISTA: em que se imagina a melhor situação pos-
sível para o negócio.
Fatores Fatores
Estratégia da empresa
Fonte: Certo e Peter (2010, p. 40).
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Rejuvenescimento
Observe que o produto passa por fases específicas, desde sua concepção até que
seja retirado do mercado por deixar de ser atrativo para os clientes. Vamos enten-
der isso no quadro 1, a seguir:
Quadro 1 - Fases do ciclo de vida de um produto
FASE DO CICLO
EXPLANAÇÃO
DE VIDA
É caracterizada por elevados investimentos, sendo o plane-
jamento um fator crítico de sucesso. Nessa fase, a empresa
precisa fazer com que seus produtos e serviços se tornem mais
INTRODUÇÃO
rentáveis. Dessa forma, os investimentos ainda devem conti-
nuar elevados. É uma fase que pode tornar o mercado atrativo
para potenciais concorrentes.
O mercado se aproxima de sua capacidade máxima, crescendo
agora em um ritmo lento. Nesse estágio do ciclo de vida, o
MATURIDADE número de concorrentes é elevado e o marketing dever ser co-
locado como atividade central para conquistar novas parcelas
de mercado.
Não se pode esperar que esse modelo seja aplicável a qualquer segmento de negó-
cios. Alguns produtos não apresentam uma fase de declínio tão acentuada em
curto espaço de tempo. Há produtos muito longevos, como é o caso da Coca-
Cola, que está no mercado há mais de 100 anos e não mostra sinais aparentes de
declínio. Vez por outra, a empresa pode adotar estratégias de um setor maduro,
como vimos na unidade IV, para manter sua participação.
Favorável Prejudicial
Forças Fraquezas
Ambiente
DIMENSÃO AMBIENTAL
Interno
S W
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Oportunidades Ameaças
Ambiente
Externo
O T
Fonte: Lucca (2013, p. 26).
Para entendermos a aplicação dessa ferramenta, observe que existem duas dimensões
ambientais. Na dimensão do AMBIENTE INTERNO, a organização pode apre-
sentar forças e fraquezas, ou seja, pontos em que ela é muito boa, com performance
de processos ou qualidade superiores, ou um produto reconhecidamente melhor
frente aos concorrentes. Sertek, Guindani e Martins (2012, p. 151) afirmam que os
pontos fortes “são os aspectos que correspondem às vantagens internas da empresa
em relação às concorrentes”. Já os pontos fracos são deficiências que se apresentam e
que podem prejudicar a performance da organização em um mercado competitivo.
No AMBIENTE EXTERNO, temos oportunidades e ameaças que Sertek,
Guindani e Martins (2012, p. 151-152) explicam da seguinte forma:
Oportunidades – referem-se aos aspectos positivos do ambiente que
envolvem a empresa e que possuem potencial para lhe trazer vantagem
competitiva.
Podemos, para efetuar essa análise dos aspectos do ambiente externo e interno,
utilizar um guia dos fatores que impactam em ambos os ambientes, por meio
do quadro 2, a seguir:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Assim, a ferramenta pode ser um direcionador importante de análise, desde que
tomados os devidos cuidados quanto à importância relativa de cada questão.
O objetivo principal dessa análise é determinar o que se convenciona chamar
de FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO, que são aqueles essenciais, vitais, para
o sucesso das estratégias organizacionais. Sertek, Guindani e Martins (2012) lis-
tam alguns fatores críticos de sucesso, que os consumidores ou clientes atribuem
valor, quais sejam: preço, rapidez, confiabilidade, tradição, simpatia, atendimento e
exclusividade. Como exemplo, os autores citam um fast food que possui, em essên-
cia, cinco fatores críticos de sucesso: rapidez, preço, higiene, local e praticidade.
Um desdobramento prático da análise SWOT é mostrado na figura 4, a seguir:
Figura 4 - Modelo aplicado da análise SWOT
Análise interna
A B
Oportunidades
Análise externa
Capitalizar Melhorar
C D
Ameaças
Monitorar Eliminar
Muito interessante, não acha? Uma ferramenta que aparentemente é simples, mas
cujos resultados podem ser extremamente úteis para a organização.
MATRIZ BCG
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em uma estrutura sistemática. A intenção era nada menos do que uma
tentativa de análise estratégica - uma “aplicação de estratégia decisiva”,
para parafrasear um termo que se tornou popular posteriormente. Use
a matriz de crescimento-participação, insiste Bruce Handerson, fun-
dador do BCG e criador da matriz, e você não precisará de algo mais:
Um único diagrama, com uma posição projetada para cinco anos, é
suficiente para prever a lucratividade, a capacidade de endividamento,
o potencial de crescimento e a força competitiva da empresa.
* ?
Alto Estrela Criança-problema
Sequência de
Sucesso
Baixo $ X
Vaca leiteira Cão
Alta Baixa
Mintzberg (2010) destaca que a empresa, para ter sucesso, precisa ter produ-
tos com diferentes taxas de crescimento e também diferentes participações no
mercado. É por meio da comercialização dos produtos e serviços que se geram
fluxos de caixa para a empresa. Por isso, Mintzberg (2010, p. 100) salienta que:
■■ As margens e o caixa gerado são funções da participação de mercado. Altas
margens e alta participação de mercado vão lado a lado. Este é um assunto
de observação comum, explicado pelo efeito da curva de experiência.
■■ O crescimento requer recursos para financiar os ativos adicionais. Esses
recursos são uma função das taxas de crescimento
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Por isso, precisamos identificar os produtos que compõem a matriz. Mas, antes,
vamos apresentar uma “versão” diferente da matriz BCG, que também é muito
utilizada. Veja na figura 6, a seguir:
Figura 6 - Matriz BCG
Baixa Alta
Quetionamento Estrela
CRESCIMENTO DE MERCADO
Alto
QUADRANTE EXPLICAÇÃO
Também conhecido como “ponto de interrogação” ou
“criança-problemática”, tem uma situação delicada quanto
ao retorno sobre o investimento. Produtos nesse quadran-
te precisam receber investimentos para aumentarem sua
participação em mercado promissor e crescente e neste
Questionamento
caso tornarem-se um produto “estrela”. Por outro lado, caso
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a decisão seja a de não investir no produto para mudar sua
participação de mercado, o tempo de ciclo do mercado
poderá expirar e o produto terá absorvido um grande inves-
timento, tornando-se um “abacaxi”.
Os produtos “estrela” são referências no mercado, possuem
alta participação em um mercado promissor e crescente.
São lucrativos, embora exijam grandes investimentos e com
taxas de crescimento potencialmente elevadas. A melhor
Estrela
decisão estratégica é garantir os investimentos para que o
produto não perca sua participação no mercado, pois quan-
do a potencialidade de crescimento do mercado perder sua
força com o tempo, ele pode se tornar uma “vaca leiteira”.
Nesse quadrante, estão os produtos mais lucrativos da em-
presa. Com o baixo crescimento do mercado, esses produtos
Vaca leiteira não exigem grandes investimentos e já detêm uma alta taxa
de participação no mercado. Geralmente, são esses produ-
tos que sustentam o desempenho atual da organização.
Também conhecido como “cão”, “vira-lata” ou “animal de es-
timação”, deve ser evitado e minimizado nas empresas. São
produtos que não são lucrativos, pois têm baixa participa-
Abacaxi
ção no mercado, e não possuem expectativa de crescimen-
to. Quando não houver mais rentabilidade, a melhor decisão
estratégica será abandonar o produto.
Fonte: adaptado de Lucca (2013).
McKeown (2013) afirma que, apesar das vantagens da matriz BCG, é preciso
tomar cuidado, pois mercados não são definidos de forma tão clara e participa-
ção de mercado não é sinônimo de lucratividade e, por conta disso, esse autor
recomenda que é muito mais interessante analisar o crescimento da receita e o
lucro gerado por cada produto comercializado.
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como matriz de nove células da GE, são compreensíveis, pela própria estrutura
que se apresenta visualmente na figura 7, a seguir:
Figura 7 - Modelo da matriz McKinsey ou Matriz GE
Participação
no mercado
Alta
A A M Avançar e defender
A
a posição
Média
Manter-se na
A M D M
posição
D Deixar de investir
Baixa
M D D
Atração
do setor
Alta Média
Fonte: Sertek, Guindani e Martins (2012, p. 158).
Fatores de mercado
Tamanho (dinheiro, unidade ou ambos) Sua participação (na mesma medida)
Tamanho dos segmentos-chave Sua participação nos segmentos-chave
Taxa de crescimento por ano Sua taxa de crescimento anual
Total Total
Segmentos Segmentos
Diversidade de mercado Diversidade de sua participação
Sensibilidade a preços, características Sua influência sobre o mercado
Repetitividade Atrasos e adiantamentos de vendas
Sazonalidade
Poder de barganha de fornecedores Poder de barganha de seus fornecedo-
poderosos res
Poder de barganha de fornecedores
Poder de barganha de seus clientes
“amigos”
Concorrência
Onde você está, como você se com-
para no que diz respeito a produtos,
Tipos de concorrentes capacidade de marketing, serviços,
pontos fortes na produção e finanças, e
administração
Grau de concentração
Mudanças no tipo e no mix
Segmentos em que você entrou ou dos
Entradas e saídas no mercado
quais saiu
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financeiras como não financeiras)
Utilização da capacidade Sua utilização da capacidade
Fatores tecnológicos
Maturidade e flexibilidade Sua capacidade de enfrentar mudanças
Complexidade Seu grau de experiência
Diferenciação Tipos de sua experiência tecnológica
Patentes e direitos Sua proteção de patentes
Processo tecnológico de manufatura
Sua tecnologia de manufatura
exigido
Fatores sociopolíticos em seu ambiente
Atitudes e tendências sociais Resposta e flexibilidade de sua empresa
Capacidade de sua empresa em com-
Leis e regulamentos de agências
petir
Influência sobre grupos de pressão e
Agressividade de sua empresa
representantes do governo
Fatores humanos, tais como sindicaliza-
Relacionamento de sua empresa
ção e aceitação pela comunidade
Fonte: Certo e Peter (2010, p. 87-88).
A CADEIA DE VALOR
Estamos tão habituados a ter nossas necessidades e desejos atendidos por organi-
zações que, por vezes, não percebemos qual papel uma determinada organização
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Figura 8 - Composição de uma cadeia de valor
Infraestrutura da empresa
Atividades de apoio
Margem
Menos uso de matérias-primas prejudiciais. Especificações ao meio ambiente
natural. Escolha de fornecedores com operações menos poluidoras.
Serviço
Logística Operações Logística Marketing
Atividades primárias
ATIVIDADES PRIMÁRIAS
ATIVIDADE EXPLANAÇÃO
Constitui-se nas atividades associadas às operações
Logística de entrada de recebimento, armazenamento, controle e distri-
buição interna dos insumos.
Refere-se às ações de transformação dos insumos em
Manufatura
produto acabado para os clientes.
Diz respeito às operações associadas à manipulação
dos produtos finais destinados aos clientes, como os
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Com a visão da cadeia de valor, os gestores podem tomar decisões importantes, como
focar nas atividades primárias e terceirizar certas atividades de apoio, por exemplo. É
claro que isso não é uma receita aplicável a qualquer organização, mas muitas seguem
por esse caminho. Ou, ao menos, procuram tornar eficientes as áreas de apoio com uso
adequado e racional dos recursos de modo que os custos sejam os menores possíveis.
Dentro da lógica de uma cadeia de valor, temos outro fundamento importan-
tíssimo para a gestão estratégica que é o de competências. As atividades em que a
organização demonstra grande força e habilidade são chamadas de competências
essenciais. São chamadas assim aquelas competências que trazem alguma vantagem
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competitiva para a organização (CAMPOS, 2016).
Conceitualmente, definem-se competências essenciais como “um conjunto de
recursos que, articulados de forma adequada, são difíceis de imitar, são versáteis
e contribuem para o desempenho do empreendimento” (CAMPOS, 2016, p. 96).
O exercício, de acordo com Campos (2016), é realizar análises periódicas das
competências da organização, visando assegurar que essas ainda são essenciais para
o negócio. As perguntas a serem feitas, para realizar essas análises, são:
• Nossa competência essencial provê acesso a mercados variados?
As empresas fazem uma avaliação de sua cadeia de valor para assegurar que essa
contribui de fato para a geração de valor para o cliente. O Banco do Brasil, por exem-
plo, tem a seguinte postura em relação à sua cadeia de valor: “trabalhar com a visão
de cadeia de valor significa considerar todas as etapas dos processos de produção
e de distribuição que agregam valor a produtos e serviços até o consumidor final”.
Fonte: adaptado de Campos (2016, p. 97).
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Sertek, Guindani e Martins (2012, p. 167-168) explicam, assim, os recursos
no modelo VRIO:
Recursos valiosos: atendem à necessidade de a empresa ter uma es-
tratégia de criação de valor, ou seja, um recurso deve possibilitar essa
valoração do produto ou da empresa por meio da superação de seus
concorrentes ou reduzindo suas próprias fraquezas. Uma coisa relevan-
te nesse critério é que os custos para obter esse recurso não podem ser
superiores aos benefícios futuros que serão trazidos por ele.
Recursos raros: para possuir valor, um recurso deve ser, por definição,
raro.
A EMPRESA
NÃO NÃO IMPLICAÇÕES
POSSUI O VALIOSO RARO
IMITÁVEL SUBSTITUÍVEL COMPETITIVAS
RECURSO?
Desvantagem
Não – – – –
competitiva
Desvantagem
Sim Não – – –
competitiva
Pariedade
Sim Sim Não – –
competitiva
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Vantagem
Sim Sim Sim Não – competitiva
temporária
Pariedade
Sim Sim Sim Sim Não
competitiva
Vantagem
Sim Sim Sim Sim Sim competitiva
sustentável
Fonte: Sertek, Guindani e Martins (2012, p. 169).
Obter a vantagem competitiva sustentável, como pode ser percebido pelo qua-
dro 6, é responder afirmativamente a todos os requisitos quanto aos recursos
no modelo VRIO.
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clientes, processos internos e aprendizagem e crescimento”.
Alves e Vieira (2011, p. 3) explicam, dessa forma, essas quatro perspectivas:
1. Perspectiva Financeira: com o BSC as medidas financeiras deixam
de ser o foco principal, mas são preservadas devido à importância que
têm no que se refere às consequências econômicas imediatas de ações
consumadas;
A evolução que se deu nessa ferramenta, ao longo dos anos, sendo inserida para
a gestão empresarial, possibilitou novos usos e aplicações ao BSC, tornando-se
um verdadeiro “modelo organizacional e um processo de mudança organizacio-
nal voltado para o alinhamento e foco estratégico” (ALVES; VIEIRA, 2011, p. 4).
Lucro
Implantar sistema de
Perspectiva Melhorar o atendimento
relacionamento com
dos clientes aos clientes
clientes
Percebe, na figura 9, que toda a estratégia converte para o lucro, que é, em última
análise, um dos principais objetivos de uma organização empresarial, mas que
somente poderá ser assegurado, de forma sustentável, na integração de todas as
perspectivas do BSC.
Na figura 10, a seguir, conseguimos visualizar essas perspectivas abarcadas
pelo BSC:
Figura 10 - Perspectivas do Balanced Scorecard (BSC)
Financeiro
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Para ter sucesso financeiro,
como nós devemos
aparecer para os nossos
investidores?
Processos internos
Cliente do negócio
Para alcançar nossa visão, Visão e
como devemos ser vistos Para satisfazer os clientes,
estratégia
pelos nossos clientes? em quais processos
devemos nos sobressair?
Aprendizado e
Crescimento
Para alcançar nossa visão
como sustentar a habilidade
de mudar e progredir?
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), finalizamos esta unidade e, com toda certeza, foi bastante
proveitosa para nós, não é mesmo?
Estudar a respeito de ferramentas e práticas de gestão estratégica nos habilita
a conhecer como as organizações se mantêm no mercado, estabelecendo um posi-
cionamento que lhes dá uma vantagem competitiva frente aos seus concorrentes.
Muito já se escreveu sobre esse tema. A literatura é abundante. Há também
diferentes perspectivas quando falamos em planejamento e gestão estratégica.
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Isso só comprova que é necessário sempre avançarmos em nossas pesquisas e
estudos, não é mesmo?
Porém foi possível verificar que certas ferramentas auxiliam, de forma bastante
significativa, para que os gestores promovam uma análise ambiental abrangente,
tanto do ponto de vista interno quanto externo. Também são fundamentais para
a decisão estratégica quanto aos produtos de seu portfólio em relação ao mer-
cado. Essas decisões podem envolver, por exemplo, o investimento mais intenso
em produtos com boas perspectivas de crescimento e participação no mercado,
enquanto que outros produtos, por não apresentarem retorno, terão sua oferta
descontinuada.
Também pudemos avaliar a ferramenta BSC, talvez uma das mais usadas e
populares ferramentas de formulação estratégica e estabelecimento de indica-
dores que estão vinculados à missão e visão organizacional. Muitas empresas
que foram agraciadas com prêmios de Qualidade (tal como o PNQ, no Brasil),
implantaram com bastante sucesso o BSC. Há muitas vantagens na utilização
dessa ferramenta, pois se torna, além de uma ferramenta de formulação estra-
tégica, também um mecanismo gerencial, que possibilita o acompanhamento
das ações que impactam no retorno financeiro e no atendimento às expectati-
vas dos stakeholders da organização.
Acesse bons materiais sobre os temas que abordamos aqui nesta unidade.
Você só tem a ganhar! Sucesso!
2. A ferramenta que ficou conhecida como análise ou matriz SWOT foi desenvolvida
por Albert Humphrey e tem, entre os seus propósitos, nortear a análise do am-
biente interno e externo à organização. Assim sendo, pela matriz SWOT, relate o
que pode ser entendido como OPORTUNIDADES e AMEAÇAS.
Truque de mestre
Sinopse: trata-se de um filme do gênero thriller centrado em uma equipe de
ilusionistas que começa executar roubos espetaculares durante os seus shows.
Em Truque de Mestre, quatro profissionais juntam as suas forças para criar o
mais impressionante espetáculo ilusionista já visto. O grupo que se intitula
“Os Quatro Cavaleiros” ganha notoriedade ao praticar roubos considerados
impossíveis durante as suas apresentações. O agente do FBI Dylan Rhodes
(Ruffalo) ao lado da oficial da Interpol Alma Dray (Laurent) tem que perseguir
e prender esses criminosos com habilidades fora do comum.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
3. Deve ser evitado e minimizado nas empresas. São produtos que não são lucrati-
vos, pois têm baixa participação no mercado e não possuem expectativa de cres-
cimento. Quando não houver mais rentabilidade, a melhor decisão estratégica
será abandonar o produto.
CONCLUSÃO
Prezado(a) aluno(a), ao final desta obra, podemos refletir sobre alguns pontos re-
levantes que consideramos ao longo das cinco unidades. Você percebeu como as
organizações – independente de seu porte ou setor de atuação – precisam definir
propósitos para sua atuação, ou seja, precisam ter uma missão claramente definida,
que vai guiar os esforços dos gestores em direção ao cumprimento dessa missão e
da realização da visão de longo prazo.
Nenhum empreendedor inicia um novo negócio para fechar as portar depois de
apenas alguns anos (em alguns casos, meses!) de atuação. A ideia sempre é que a
organização se mantenha ao longo do tempo e, de preferência, que prospere, ge-
rando, assim, benefícios para os seus diversos públicos atendidos, bem como aos
seus controladores.
A realidade, porém, é que muitos empreendimentos não conseguem obter êxito,
pois as forças externas, provenientes do ambiente, podem ser contrárias à atuação
da organização e os gestores não tiveram a competência de reverter esses obstácu-
los e aproveitar das oportunidades que esse mesmo ambiente oferece. Isso pode
decorrer de uma análise deficiente das próprias forças e fraquezas da organização,
que são aspectos internos, muitas vezes, despercebidos.
Assim, consideramos a importância da gestão e do planejamento estratégico para
que a organização possa concorrer nesse ambiente cada vez mais competitivo.
Ao longo das 5 unidades, tratamos de conceitos fundamentais, como a origem e
aplicação da estratégia nas organizações, a importância da definição de uma missão
e visão empresarial, a formulação das estratégias nos diversos níveis da estrutura
organizacional, a natureza e o estabelecimento da vantagem competitiva, as ferra-
mentas mais usuais e conhecidas da gestão estratégica, entre tantos outros tópicos
relevantes.
Espero que a disciplina tenha lhe sido de proveito, que tenha despertado em você o
interesse de conhecer ainda mais esses fundamentos apresentados.
Foi uma honra trabalhar essa disciplina com você! Sucesso!
Professor Me. Paulo Pardo.