Ciencia Do Ambiente
Ciencia Do Ambiente
Ciencia Do Ambiente
AMBIENTE
GRADUAÇÃO
Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
ISBN 978-85-459-1126-5
CDD - 22 ed. 363.7
CIP - NBR 12899 - AACR/2
<http://lattes.cnpq.br/1379816809384173>.
<http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4400997J9>
APRESENTAÇÃO
CIÊNCIAS DO AMBIENTE
SEJA BEM-VINDO(A)!
Estima-se que a vida na Terra existe há cerca de 3,5 bilhões de anos, no entanto, apenas
há duzentos anos que a vida humana tornou-se mais confortável devido aos grandes
avanços na área tecnológica. Nesses duzentos anos, a população mundial aumentou
significativamente, a sociedade tornou-se cada vez mais consumista e com isso houve
um aumento no consumo de recursos naturais que estão se tornando cada vez mais
escassos.
A história do homem no planeta é diferente se compararmos com os demais, pois o ho-
mem se apropria da natureza para satisfazer suas necessidades, criando sistemas mais
elaborados, embasados em tecnologias que nem sempre são sustentáveis, que podem
ocorrer de forma tão acelerada que os sistemas naturais não conseguem repor tudo
com a mesma agilidade em que são consumidos.
Nosso planeta, a água, o ar e o solo estão deteriorando qualitativamente, colocando em
evidência o prejuízo biológico de muitas espécies, das quais o homem está incluído.
Como exemplos de degradação ambiental podemos citar: as queimadas, o consumo
de combustíveis fósseis, o desflorestamento, a poluição das águas, do ar, do solo, entre
outros, que na maioria das vezes têm origem antrópica.
Dessa forma, quando estudamos as questões ambientais, nós estudamos temas muito
importantes para a formação acadêmica, tanto que a interdisciplinaridade é essencial
para compreensão do tema e exige esforços de profissionais nas mais diversas áreas do
conhecimento. Nesse sentido, procuramos contribuir na disciplina de Ciências do Am-
biente para vocês que estão cursando conosco a Engenharia.
Diante desse contexto, trataremos dos nossos estudos de Ciências do Ambiente que
foram divididos em cinco unidades.
Na primeira Unidade, estudaremos o meio ambiente e o desenvolvimento sustentável -
veremos os conceitos de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, apresentando
seu histórico bem como as questões do meio ambiente no meio econômico com bens
e serviços ambientais.
Na segunda Unidade, estudaremos sobre o gerenciamento e tratamento de águas e
efluentes - abordaremos os conceitos de águas subterrâneas, as questões da qualidade
da água e as formas de tratamento de efluentes.
Na terceira Unidade, abordaremos a questão de resíduos sólidos, desde a geração, a
coleta, o acondicionamento, o transporte, o tratamento e a destinação final dos resíduos
sólidos.
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
15 Introdução
36 Dinâmicas Ambientais
56 Considerações Finais
68 Gabarito
UNIDADE II
70 Introdução
97 Considerações Finais
109 Gabarito
10
SUMÁRIO
UNIDADE III
113 Introdução
150 Gabarito
UNIDADE IV
153 Introdução
198 Gabarito
11
SUMÁRIO
UNIDADE V
201 Introdução
252 Gabarito
253 Conclusão
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
I
O MEIO AMBIENTE E O
UNIDADE
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer as vertentes históricas associadas às alterações ambientais
de origem antrópica.
■■ Conceituar Sustentabilidade e Desenvolvimento Sustentável.
■■ Conhecer as diferentes dinâmicas ambientais naturais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O meio ambiente e as alterações de origem antrópica
■■ A sustentabilidade e o desenvolvimento sustentável
■■ Dinâmicas ambientais
15
INTRODUÇÃO
Introdução
16 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O MEIO AMBIENTE E AS ALTERAÇÕES DE ORIGEM
ANTRÓPICA
consciência ambiental coletiva, uma vez que, em sua conclusão, foram apresen-
tados indícios de que em uma projeção fictícia, caso fossem mantidos os níveis
de industrialização, poluição e exploração de recursos, o limite de desenvolvi-
mento do planeta seria atingido em até 100 anos.
Entretanto, apesar das discussões e controvérsias envolvendo o conceito de
meio ambiente, o mesmo somente foi disposto em nosso país no art. 3º, I, da Lei
nº. 6.938/81, que discorre acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, que
definiu meio ambiente como: “o conjunto de condições, leis, influências e inte-
rações de ordem física, química e biológica, que permitem, abrigam e regem a
vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981, on-line). Porém, analisando esse
conceito, é comum nos remetermos apenas a ambientes naturais, paisagens, ecos-
sistemas e outros meios de obtenção de recursos naturais que sejam possíveis.
Apesar de correto, o conceito apresentado deveria ser mais abrangente,
englobando ambientes “naturais” oriundos da intervenção antrópica, conforme
postulado por Silva (2004, p. 20), o qual compreende que
[...] a natureza, o artificial e o original, bem como os bens culturais
correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as
belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico
e arquitetônico.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(Art. 225, § 1°, (Art. 5°, XXIII, (Art. 225, § 1° e § 2 º) (Art. 7°, XXXIII, e art.
I e VII) art. 21, XX e art. 200)
182)
Fonte: Alencastro (2012).
Essa nova definição de meio ambiente que apresenta caráter amplo e generalista
nos leva a uma reflexão sobre nosso próprio posicionamento enquanto seres
humanos e como “parte” constituinte do meio ambiente. Em um contexto his-
tórico, a vertente teórica do homem enquanto centro do universo, surgiu e foi
evidenciada com o antropocentrismo, concepção criada em resposta ao posi-
cionamento teocentrista da idade média.
Na concepção antropocentrista, o homem passa a considerar a humanidade
como ponto central do universo, pressupondo que o meio ambiente e as demais
espécies existem para servir e satisfazer suas necessidades (PIRES et al., 2014).
Essa vertente, em um contexto moderno, está intimamente associada à desvalori-
zação e degradação do meio ambiente e das outras espécies, uma vez que dentro
de seu contexto e momento histórico, o antropocentrismo considera a natureza
e todos os seus componentes subordinados a espécie humana.
Assim, observa-se que a destruição intrínseca a presença humana no ambiente
está atrelada a um comportamento patológico, prejudicial à sobrevivência humana
e de outras formas de vida. Portanto, os impactos causados ao meio ambiente
não serão solucionados apenas com o advento do cenário tecnológico, mas por
uma ação conjunta de avanços no paradigma científico e mudanças comporta-
mentais (PIRES et al., 2014).
Nesse sentido, dentre as várias contribuições voltadas a esta perspectiva
Cabe ressaltar que, dentre as espécies que habitam nosso planeta, os seres humanos
(Homo sapiens sapiens) se destacaram em função de sua capacidade de transforma-
ção do ambiente. Tal fato não significa que as demais espécies, aqui presentes, não
sejam providas de intelecto, porém o ser humano em uma perspectiva evolutiva
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Entretanto, independentemente da razão, ainda de acordo com os autores, o ser
humano apresenta certas características que os tornam únicos em um sistema
natural, sendo elas: crenças, consciência da própria morte; razão; moral; domí-
nio tecnológico apurado; capacidade de aprendizagem; adaptabilidade; cultura
e sociedade e, em especial, a capacidade de alteração ou modificação do meio
em que vive.
Seria de grande pretensão listar todos os fatos, acontecimentos e passos evolu-
tivos que garantiram ou possibilitaram o sucesso do ser humano até os dias atuais,
entretanto, minha intenção aqui é ressaltar que, independente do acontecimento
ou passo evolutivo, a capacidade de análise do ambiente a sua volta, sua capa-
cidade de modificá-lo e sua dinâmica com o mesmo é que promoveu tal passo.
Em face desta capacidade, a dinâmica do homem com o ambiente foi sendo
constantemente alterada, os meios naturais que já possuíam dinâmicas próprias,
inerentes a influência do homem e caracterizadas principalmente pela presença
de um fluxo de energia e matéria entre seus elementos constituintes, passaram a
ser substituídos por ambientes artificiais, voltadas à produção em ampla escala
de bens e serviços (CORTEZ; ORTIGOZA, 2009).
Findada uma explicação inicial e não extensiva sobre a capacidade do ser
humano de alterar o meio ambiente, torna-se essencial discorrer sobre os impac-
tos e modificações sobre uma perspectiva ambiental. É fato que, historicamente,
as ações antrópicas foram responsáveis por inúmeras modificações ambien-
tais e tais alterações apresentaram diversas vertentes positivas e negativas, um
exemplo notório desta afirmação é representado pela Revolução Industrial,
período no qual houve intensa e extensiva exploração de recursos naturais e,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de
solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo.
A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva
Ambiental de Kuznets que estabelece uma relação direta entre a distribuição indi-
vidual de renda e a degradação ambiental. Mediante a informações referentes ao
crescimento e distribuição de renda dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha,
o autor Kuznets formulou uma curva em “U invertido”, que, teoricamente, indica
que a distribuição individual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do
desenvolvimento econômico, entretanto, fatores como alterações na composição
da produção e do consumo, aumento do nível educacional e da conscientização
relacionada às questões ambientais, bem como sistemas políticos mais abertos,
em teoria, a partir de determinado ponto, resultam em tendências ambien-
tais favoráveis, proporcionando um crescimento da renda per capita, ou seja,
melhor distribuição de renda e, consequentemente, um consumo mais racio-
nal dos recursos naturais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
hipótese de poluição de portos. Tal hipótese gira em torno da relação entre o
comércio, desenvolvimento e o meio ambiente e, basicamente, segundo Feijó
(2001) e Azevedo (2009) sugerem que a utilização de políticas ambientais aumenta
os custos de produção e assim reduz a possibilidade de especialização de alguns
países na produção de bens que exigem atividades poluidoras, em outras palavras,
países com políticas ambientais menos rígidas apresentam vantagem comparativa
aumentada em relação à produção de bens ambientalmente sensíveis (produzi-
dos por indústrias “sujas” ou altamente poluidoras) (SIEBERT, 1977).
Historicamente, e pautadas nos princípios desta hipótese, as indústrias con-
sideradas poluidoras ou “sujas” deslocaram-se do norte para o sul, ou em uma
analogia plausível dos países desenvolvidos para os em desenvolvimento. Porém,
evidências empíricas não sustentam essa hipótese, especialmente em relação à
competitividade entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento e a van-
tagens comparativas (AZEVEDO, 2009). Dentre os fatores que “desqualificam”
essa vantagem competitiva/comparativa em termos de mercado econômico
internacional figuram não somente os custos de controle ambiental, mas tam-
bém a estabilidade política, acesso ao mercado, qualificação e especialização de
mão de obra, custos com logística e transporte e incentivos fiscais (ANDERSON,
1996). Nessa perspectiva, independente do modelo teórico utilizado para a com-
preensão do desenvolvimento, é fato que deve haver uma harmonização entre
o desenvolvimento/crescimento econômico e a exploração de recursos naturais
ou, em outras palavras, sustentabilidade!
A SUSTENTABILIDADE E O DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁVEL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] promovendo a seleção rigorosa dos mais aptos para realizar as tare-
fas; a fragmentação e hierarquização do trabalho. Investiu nos estudos
de tempos e movimentos para melhorar a eficiência do trabalhador e
propôs que as atividades complexas fossem divididas em partes mais
simples facilitando a racionalização e padronização. Propõe incen-
tivos salariais e prêmios pressupondo que as pessoas são motivadas
exclusivamente por interesses salariais e materiais de onde surge o ter-
mo ‘homo economicus’ [...].
Outra corrente teórica relevante foi desenvolvida por Henry Ford, por volta de
1913, pautada nos mesmos princípios de Taylor, entretanto, com uma abordagem
abrangente de organização da produção, contemplando extensa mecanização,
como o uso de máquinas e ferramentas especializadas em uma linha de montagem
e formato de esteira rolante e crescente divisão do trabalho (LARANJEIRA, 1999).
Tais modelos, apesar de relevantes, com o passar do tempo foram se tor-
nando insatisfatórios e deram espaço para o surgimento de diversos modelos de
gestão administrativas, em especial devido às singularidades e situações especí-
ficas de cada segmento.
Logo, as indústrias não teriam mais que se adaptar aos modelos sugeridos
pelos gestores, e sim os gestores passaram a se adaptar às necessidades dos pro-
cessos e das empresas, buscando torná-las competitivas e, sobretudo, lucrativas
(FRANCISCO, 2015, on-line)1.
Em face dos desafios existentes, os profissionais deste segmento passaram a
se deparar não somente às necessidades de cada empresa, mas também com as
peculiaridades do mercado consumidor, com as legislações voltadas à produção,
à segurança do trabalhador, à vigilância sanitária e, também, com as limitações
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inter-relações de pessoas, recursos, meio ambiente e desenvolvimento
(DRUMMOND, S. D. on-line)2.
Para alcançar esses objetivos, Filho (2008) sugere que os países em desenvolvi-
mento priorizem políticas que fomentem: a reciclagem, o uso eficiente de energia,
a conservação, a recuperação de áreas degradadas, a busca pela equidade, justiça,
redistribuição e geração de riquezas. Ao seguir tais recomendações o desenvolvi-
mento alcançado será diferente do crescimento econômico, indo além da “riqueza”
material, alcançando metas e reparando desigualdades passadas.
Segundo Barbieri e Cajazeira (2009), o desenvolvimento sustentável se ampara
nos pilares:
■■ Sustentabilidade social: que representada a equidade na distribuição
dos bens e da renda para melhorar os direitos e condições da população
e reduzir as distâncias entre os padrões de vida das pessoas.
E A SUSTENTABILIDADE?
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tindo assim o desenvolvimento sustentável (WCED, 1987).
As mais diversas reflexões sobre desenvolvimento sustentável e sustentabi-
lidade buscam, em geral, possibilitar a construção de processos econômicos e
sustentáveis dentro dos mais variados segmentos, como por exemplo a agricul-
tura sustentável, indústria sustentável, sociedade sustentável, dentre outros. Em
uma analogia simples, Merico (2002), sugere que ser sustentável é tornar as “coi-
sas” permanentes ou duráveis.
Portanto, caro(a) aluno(a), a transição de uma simples consciência susten-
tável social para o desenvolvimento sustentável propriamente dito se caracteriza
como um processo bastante lento, que requer paciência, tempo e sobretudo,
participação ativa da sociedade na construção de projetos, leis e políticas públi-
cas. Exato, a cidadania e a ética se fazem mais que relevantes quando se discute
estas temáticas!
Desde a revolução industrial, tais temas têm sido enfoque de eventos, con-
ferências e debates, em especial por se tratar de um desafio coletivo e de escala
global. Tal afirmação se faz relevante, pois a coletividade, mencionada ante-
riormente, contempla os mais variados “setores” da sociedade, em especial o
coorporativo (XAVIER et al., 2015). Na Tabela 2 estão sumarizados diversos
marcos históricos relevantes para a definição destes conceitos:
Tabela 2 - Marcos históricos que contribuíram para o desenvolvimento dos conceitos sustentabilidade e
desenvolvimento sustentável.
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diferentes localidades geográficas, a agenda concilia
métodos de eficiência econômica, proteção ambiental
e justiça social.
Protocolo de 1997 Também considerado um grande marco, o protocolo
Kyoto estabeleceu metas para a redução da emissão de ga-
ses causadores do efeito estufa e propôs mecanismos
adicionais de implementação para que este objetivo
fosse alcançado. Dentre os mecanismos propostos en-
contrava-se o mecanismo de desenvolvimento limpo
(MDL), que possibilitava a participação de países em
desenvolvimento em cooperação com países desen-
volvidos. O objetivo deste mecanismo consistia na
redução das emissões mediante ao investimentos em
tecnologias eficientes, a substituição de fontes tradi-
cionais de energia fósseis por renováveis, a racionaliza-
ção do uso de energia, o reflorestamento, entre outros.
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tais da época, em 1994, Elkington criou o termo “Triple Bottom Line” ou Tripé
da Sustentabilidade, definindo sustentabilidade como o equilíbrio os pilares:
ambiental, social e econômico. Dando origem à famosa imagem da sustentabi-
lidade amplamente utilizada no segmento empresarial.
No contexto empresarial, espera-se que as empresas contribuam de forma
progressiva com a sustentabilidade, sobretudo quando precisam de mercados
estáveis e, para tanto, elas devem possuir habilidades tecnológicas, financei-
ras e de gerenciamento, que possibilitem a transição rumo ao desenvolvimento
sustentável (ELKINGTON, 2001). Temos aqui, caro(a) aluno(a), uma segunda
visão, diferente da primeira: em que o desenvolvimento sustentável é o objetivo
a ser alcançado e a sustentabilidade é o processo para atingir, se atingir o desen-
volvimento sustentável.
Iremos explorar as ferramentas da sustentabilidade no contexto empresa-
rial em um segundo momento!
O relevante, aqui, é compreender que ambas as abordagens estão corretas e
que o amplo interesse e busca por estes conceitos fez com diversas abordagens
ambientais surgissem nos mais variados segmentos, como economia, engenharia,
ecologia, administração e outros, sendo as estratégias listadas a seguir, segundo
Glavi e Lukman (2007), “derivadas” destes conceitos:
■■ Produção mais limpa;
■■ Controle de poluição;
■■ Eco-eficiência;
■■ Gestão Ambiental;
■■ Responsabilidade Social;
■■ Ecologia Industrial;
■■ Investimentos éticos;
■■ Economia Verde;
■■ Eco-design;
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■■ Reúso;
■■ Consumo sustentável;
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DINÂMICAS AMBIENTAIS
Conhecer estes níveis hierárquicos se torna relevante, pois nos auxilia a com-
preender a dimensão dos impactos causados e a extensão biológica do mesmo.
Sendo assim, vamos às definições, com enfoque nos níveis superiores, iniciando
nos organismos!
Organismo: uma forma de vida individual e livre composta pela associa-
ção de sistemas, órgãos e tecidos que operam e realizam suas funções de forma
conjunta para proporcionar as condições favoráveis à vida. Para a ecologia, tra-
ta-se de uma unidade fundamental de estudos.
Populações: populações podem ser definidas como grupos de indivíduos
pertencentes a uma mesma espécie presentes e ocupantes de uma determinada
área por um período de tempo. Além disso, uma população apresenta como
característica uma ampla probabilidade de realiza cruzamento entre si, quando
consideramos fatores como localização geográfica e outros fatores favoráveis.
DINÂMICAS AMBIENTAIS
38 UNIDADE I
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formações vegetais se destacam como características, assim como suas as especi-
ficidades climáticas. São exemplos de biomas brasileiros: a Caatinga, o Cerrado,
a floresta amazônica, a mata atlântica, o Pantanal, os pampas, dentre outros.
Biosfera: a biosfera se caracteriza como a junção das interações que ocor-
rem entre a atmosfera, hidrosfera e a litosfera. Sendo cada uma delas, segundo
Rosa et al. (2003) correspondente às seguintes porções:
■■ Atmosfera: porção gasosa da Terra e seus componentes.
O conhecimento apropriado sobre estes conceitos nos faz refletir sobre a propor-
ção dos impactos causados, não só em uma escala empresarial/industrial, mas
também como nossas atitudes cotidianas podem desencadear impactos mais
amplos e significativos do que o imaginado. Para realizar um manejo adequado
de uma atividade impactante, segundo Peroni e Hernandéz (2011), é essencial
considerar todas as características e dinâmicas das populações, comunidades e
ecossistemas envolvidos, especialmente quando as ações humanas podem favo-
recer o desenvolvimento de uma população, enquanto outras podem aumentar
o número de mortes.
DINÂMICAS AMBIENTAIS
40 UNIDADE I
Temperatura
O fator temperatura se destaca como um dos mais relevantes, pois afeta direta-
mente na distribuição de espécies animais e vegetais, influenciando todas as fases
do ciclo vital dos seres vivos. Atualmente, existe grande discussão acerca dos
efeitos que são observados e que serão observados no futuro devido às mudan-
ças climáticas geradas pela liberação excessivas de gases relacionados ao efeito
estufa na atmosfera.
Para os vegetais, a temperatura influi grandemente o rendimento de tubér-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
culos, uma vez que afeta a fotossíntese e respiração. A magnitude do seu efeito
depende de quanto influencia no desenvolvimento da parte aérea, na distribui-
ção da matéria seca produzida e, consequentemente, na qualidade de suporte
do solo (LOVATO, 1993).
No caso dos animais para a temperatura ambiente são definidas zonas de
conforto térmico e de termoneutralidade específicas para as diferentes espécies
de animais (PORTUGAL et al., 2000).
Umidade
É fato que a umidade e o acesso à água são dois fatores primordiais para a distri-
buição da fauna e da flora global. Porém a umidade é diretamente influenciada
pela disponibilidade de recursos hídricos, pela temperatura e pela intensidade
luminosa. Quando associado o fator temperatura, torna-se responsável pelo con-
forto térmico de animais e pelo fator determinante na respiração e transpiração
vegetal. Na agricultura de precisão, por exemplo, a umidade do solo torna-se
um fator limitante e imprescindível, especialmente quando se tem por objetivo
um manejo adequado do solo visando ao aumento na produção.
Recursos
pH e salinidade
CICLOS BIOGEOQUÍMICOS
Neste sub tópico, caro(a) aluno(a), iremos conhecer as dinâmicas elementares exis-
tentes na biosfera, mencionadas logo no início desta unidade. Desconsiderando
DINÂMICAS AMBIENTAIS
42 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
desenvolvimento dos seres fotossintetizantes. Neste contexto, e em face destas
alterações, a complexidade das reações e interações bioquímicas, ou ciclos bio-
geoquímicos, que acontecem na biosfera terrestre passaram a ser diferentes, ao
passo que pouquíssimas reações do nosso planeta ocorrem sem influência direta
ou direta da biosfera.
Por tanto, podemos definir ciclo biogeoquímico segundo Rosa et al. (2003,
p. 9):
[...]Os ciclos biogeoquímicos são processos que por diversos meios
reciclam vários elementos em diferentes formas químicas, do meio
ambiente para os organismos e depois, fazem o processo contrário, ou
seja, trazem esses elementos dos organismos para o ambiente. Desta
forma a água, o carbono, o oxigênio, o nitrogênio, o fósforo, o cálcio e
outros elementos, percorrem esses ciclos, unindo todos os componen-
tes vivos e não vivos da Terra.
O Ciclo da Água
DINÂMICAS AMBIENTAIS
44 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por arrefecimento.
Vaporização Transição do estado líquido para o gasoso, no qual
o ponto de ebulição da água é alcançado em 100
ºC. Dentro deste processo destacam-se também
a ebulição e a evaporação que relacionam-se a
velocidade de aquecimento, sendo rápida ou lenta,
respectivamente.
Fonte: adaptado de Peruzzo e Canto (2003).
dos na Figura 3:
CONDENSAÇÃO
PRECIPITAÇÃO
TRANSPIRAÇÃO
EVAPORAÇÃO
PERCOLAÇÃO
DINÂMICAS AMBIENTAIS
46 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
como um recurso abundante, sua ausência ou um déficit hídrico representaria
uma limitação na produtividade primária do planeta (SAUTCHUCK, 2004),
impactando também em sistemas agronômicos (BERNARDO, 2002), pecuários
e nos mais variados processos de beneficiamento.
Por fim, se faz relevante considerar a utilização e a reutilização que se dá a
este recurso, aliás, caro(a) leitor(a), essa preocupação ganhou espaço conside-
rável no cenário mundial nas últimas décadas “unificando” diversas áreas do
conhecimento, na busca/desenvolvimento de soluções interdisciplinares para
a recuperação/tratamento e soluções de problemáticas voltadas a este recurso.
Outras informações acerca das técnicas de tratamento de água serão exploradas
na Unidade II deste material didático.
O ciclo do Carbono: o carbono é o elemento mais essencial para a vida na
Terra, em específico por ampla sua disponibilidade e capacidade de associação/
formação de até 4 ligações covalentes. Essa capacidade possibilitou a esse elemento
constituir ou estar presente em uma ampla variedade de moléculas inorgânicas,
orgânicas e compostos essenciais, como proteínas, lipídios, carboidratos e pig-
mentos (SOUZA et al., 2012). Além das moléculas, o carbono está presente na
atmosfera terrestre em uma de suas associações mais simples, na forma CO2.
O que se faz muito relevante em relação ao ciclo do carbono, é que o mesmo
está presente nos inúmeros processos naturais que realizam interações com a
atmosfera, bem como nas interações dos processos do continente com os oce-
anos, ou seja, relacionam-se aos seres vivos quando os seres fotossintetizantes
utilizam o CO2 atmosférico ou os carbonatos e bicarbonatos dissolvidos na água
na síntese de compostos orgânicos que irão suprir suas necessidades (ROSA et al.,
DINÂMICAS AMBIENTAIS
48 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tróficos, como no caso de uma cadeia alimentar, pode ser utilizado para exem-
plificar o fluxo de carbono em uma escala minimalista, conforme ilustrado no
fluxograma da Figura 5.
CICLO DO CARBONO
LUZ SOLAR
CICLO DO EMISSÕES DE
FÁBRICAS E VEÍCULOS
FOTOSSÍNTESE
RESPIRAÇÃO
DAS PLANTAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RESPIRAÇÃO
ANIMAL
CARBONO RESPIRAÇÃO
ORGANISMOS
DECOMPOSITORES
ORGÂNICO DAS RAÍZES
MORTE DE INDIVÍDUOS E
DECOMPOSIÇÃO DE
REJEITOS METABÓLICOS.
FÓSSEIS E
COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS
INFORMAÇÕES/FONTES QUANTIDADE
DINÂMICAS AMBIENTAIS
50 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fluxo de Carbono entre oceano e 90 Pg
atmosfera anualmente
1 Pg (peta grama) = 1 bilhão de toneladas.
Fonte: adaptado de Schlesinger, (1997); Grace, (2001); Aduan et al., (2004).
Disponibilização de
amônio (NH4+)
DINÂMICAS AMBIENTAIS
52 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Nitração 2HNO2 + 2O2 Transformação da amônia em
2HNO3 + Energia nitrito.
Nitrosação 2NH3 + O2 Transformação do íon nitrito em íon
2HNO2 + 2H2O + nitrato, que podem ser absorvidos
Energia e metabolizados pelas plantas.
Denitrificação Devolução de nitrogênio já meta-
Transformação de bolizado para a atmosfera na forma
amônia (NH3) em N2 N2, normalmente realizado por bac-
térias ditas desnitrificantes (Pseu-
domonas desnitrificans), torna-se
necessária para não saturar o solo
Indisponibilização de com íons nitrogenados.
amônia (NH3)
Disponibilização de N2
A queima de matéria orgânica pelo fogo é responsável pela indisponibilização
de nitrogênio.
Amonificação Disponibilização de Degradação de produtos meta-
amônia (NH3) bólicos como uréia, ácido úrico,
proteínas e outros compostos por
microrganismos decompositores
para formação de amônia.
Fonte: adaptado de Hamilton (1976), Rosa et al., (2003), Aduan et al., (2004).
Ciclo do Nitrogênio
Fixação por
fenômenos físicos Fixação biológica
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ntes
iliza
Fert
Escoamento
Bactéria fixadora
de nitrogênio
DINÂMICAS AMBIENTAIS
54 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
manutenção dos sistemas biológicos dos organismos vivos. Este elemento tam-
bém é utilizado como base para síntese de diversos produtos industrializados
como fertilizantes e detergentes (QUEVEDO, PAGANINI, 2011).
Os reservatórios atuais existentes de fósforo (litosfera), foram formados ao
longo de eras geológicas e diferente de outros ciclos, em nenhum momento o
ciclo deste elemento resulta na formação de gás para manutenção de reservas
atmosféricas, sendo suas fontes naturais oriundas de processos erosivos da bacia
de contribuição, da decomposição dos organismos aquáticos e dos vegetais que
compõem as matas ciliares, do assoreamento do corpo d’água, do intemperismo
das rochas e da intensidade das trocas ocorridas entre o sedimento e a coluna
d’água (QUEVEDO, PAGANINI, 2011).
Para Aduan e colaboradores (2004), a maior parte do fósforo presente nos
ecossistemas é proveniente do intemperismo dos minerais, este processo pode
ser acelerado pela ação de substâncias provenientes das raízes de plantas associa-
das a microrganismos, entretanto no ciclo do fósforo, nenhuma ação biológica
(como as observadas no ciclo do hidrogênio) pode aumentar significativamente
a disponibilidade deste elemento em ambientes em que ele se encontra em bai-
xas quantidades.
Em face da escassez deste recurso os organismos presentes na biota terres-
tre contam com um eficiente ciclo de fósforo a partir de suas formas orgânicas.
O fósforo é liberado por meio de processos erosivos e intempéries, sendo este
elemento e suas formas fosfatadas (PO4-3) limitantes em sistemas agronômicos.
A figura a seguir representa as etapas do ciclo natural e de influência antró-
pica do fósforo.
Ciclo de Fósforo
Deposição
atmosférica (poeira)
Colheitas
dejetos de animais
e biossólidos
resíduos de plantas
Fosfatos em solução
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DINÂMICAS AMBIENTAIS
56 UNIDADE I
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a conhecemos. Como visto, o advento da produção fomentada pela revolução
industrial e as conquistas sociais influenciadas por este período afetam positi-
vamente nosso modelo social até os dias atuais.
Em um segundo momento, conceituamos sustentabilidade e desenvolvimento
sustentável e conhecemos algumas de suas normas de representação empresarial/
corporativa que correspondem, dentre outras normas, apresentadas, as tão dese-
jadas certificações ISO, voltadas à eficiência sócio-ambiental, representadas pelas
ISO da série 14000 e 26000. Já, em um último momento, exploramos alguns con-
ceitos voltados à ecologia, que nos proporcionaram uma noção mais realista da
amplitude de níveis hierárquicos que as ações antrópicas podem alcançar, sejam
estas associadas à alteração das condições ambientais próximas ou à diminuição
da capacidade de suporte de ambientes específicos, ecossistemas e/ou biomas.
Entretanto, todo o conteúdo apresentado nesta unidade objetiva iniciar uma
percepção ambiental sensibilizada e humana, que busca despertar, em você, futuro
profissional do segmento, uma visão holística dos mais variados processos pro-
dutivos, desde o consumo de insumos, dos possíveis impactos gerados pela sua
produção e o atendimento das legislações específicas para o descarte dos resíduos.
Sustentar a nossa geração e aquelas que seguirão à nossa: a Terra é suficiente para cada
geração desde que esta estabeleça uma relação de sinergia e de cooperação com ela e
distribua os bens e serviços com equidade. O uso desses bens deve se reger pela solida-
riedade generacional. As futuras gerações têm o direito de herdarem uma Terra e uma
natureza preservadas.
A sustentabilidade se mede pela capacidade de conservar o capital natural, permitir que
se refaça e ainda, através do gênio humano, possa ser enriquecido para as futuras ge-
rações. Esse conceito ampliado e integrador de sustentabilidade deve servir de critério
para avaliar o quanto temos progredido ou não rumo à sustentabilidade e nos deve
igualmente servir de inspiração ou de idéia-geradora para realizar a sustentabilidade
nos vários campos da atividade humana. Sem isso a sustentabilidade é pura retórica
sem consequências.
Fonte: Boff (2012, on-line)3.
59
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: <http://www.spell.org.br/documentos/download/33045>. Acesso em: 20
mar. 2018.
2 Em: <https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-
-estudos/outras-publicacoes/temas-e-agendas-para-o-desenvolvimento-susten-
tavel/comercio-internacional-e-desenvolvimento-sustentavel>. Acesso em: 20
mar. 2018.
3 Em: <https://leonardoboff.wordpress.com/2012/01/15/sustentabilidade-tentati-
va-de-definicao/>. Acesso em: 12 mar. 2018.
GABARITO
1. D.
2. A.
3. V, V, F, F e V.
4. C.
5. pH e salinidade, umidade, temperatura, luz e recursos.
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
II
GERENCIAMENTO E
UNIDADE
TRATAMENTO DE ÁGUA E
EFLUENTES
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os princípios de qualidade, captação e tratamento de água.
■■ Compreender as especificidades associadas aos efluentes sanitários e
industriais.
■■ Conhecer os diferentes tratamentos associados aos efluentes
sanitários e industriais.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O consumo e a utilização da água
■■ Caracterização e especificidades das águas residuárias
■■ Os diferentes tratamentos e suas aplicações
INTRODUÇÃO
Após uma breve introdução a alguns dos conceitos que se fazem relevantes
sobre meio ambiente e de conhecermos um pouco acerca de sua dinâmica na
Unidade I, este material didático em suas unidades seguintes irá apresentá-los
efetivamente às ações que devem ser realizadas no contexto empresarial/indus-
trial para que ocorra a redução dos impactos causados. Introduzindo assim, as
ferramentas sejam elas de gestão, manejo ou de tratamento pertinentes e condi-
zentes com as questões ambientais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
presentes nessa mesma região. Além disso, discutir acerca da utilização cons-
ciente dos recursos naturais disponíveis e da necessidade de um manejo/gestão
adequados objetivam garantir o direito das gerações vindouras de acesso a um
ambiente equilibrado.
É fato que a dimensão ambiental, segundo Santos e Miguel (2002), vem
sendo incorporada aos diferentes processos produtivos das indústrias e à gestão
empresarial, inclusive como ferramenta para redução de custos e aumentos de
lucratividade, por meio de diferentes medidas para minimização, reuso e reciclo
dos efluentes líquidos gerados pelos diversos processos industriais.
Entretanto, apesar desse eminente despertar da consciência ambiental que
se observa nas últimas décadas, algumas atividades antrópicas figuram como
grandes consumidoras de elevado volume de água potável, uma vez que, lamen-
tavelmente, torna-se quase utópico afirmar que exista algum processo produtivo
ou de beneficiamento que não requer um grande volume de água em sua cadeia
produtiva.
Para Pena ([2018], on-line)1, conforme dados da Organização mundial das
nações unidas para a alimentação (FAO), a pecuária, e as atividades relacionadas
a ela, consome cerca de 70% da água do mundo, em uma perspectiva nacional,
esse número alcança 72% do volume consumido pelo nosso país que se des-
taca nesse setor da economia. Voltando à escala global, ainda segundo o autor,
depois do setor agrícola, a atividade das indústrias são responsáveis por 22% do
volume, seguido de 8% atribuído à utilização doméstica. A Tabela 1, apresenta
uma perspectiva do volume de água consumida nas indústrias.
Apesar da vasta capacidade hídrica de nosso país, evidenciada pela gama de cor-
pos hídricos, aquíferos, mananciais e rios flutuantes, dados do instituto Trata
Brasil ([2018] on-line)3, indicaram que, em 2015, 35 milhões de brasileiros ainda
sofrem com a falta de abastecimento de água. Todavia, como em um país cuja a
extensão territorial é privilegiada com um grande potencial hídrico a população,
em sua totalidade, ainda não possui acesso a água de qualidade? As respostas
para esse questionamento giram em torno da gestão deste recurso e das políti-
cas que regulamentam o desenvolvimento de tecnologias e investimentos para
assegurar o direito a água com elevado grau de potabilidade a todos.
Quais ações posso tomar para reduzir o consumo de água potável em minha
residência?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vel para atendimento das necessidades humanas, sempre foi uma preocupação.
Embora o conhecimento científico só tenha esclarecido/diferenciado padrões de
qualidade da água mediante ao advento da tecnologia. O homem nos primór-
dios da história já era capaz de distinguir a água de qualidade, sem cor, odor ou
sabor daquela que apresentava características atrativas.
O aporte pontual ou difuso de substâncias xenobióticas, organismos ou de
matéria orgânica em excesso a água podem resultar em uma série de agravos ao
meio ambiente, como, por exemplo, a poluição, contaminação e a eutrofização.
Como reflexo da evolução do conhecimento acerca da salubridade ambien-
tal, o abastecimento de água de fontes seguras e o despejo do esgoto passaram
a ocorrer em localidades diferentes dos corpos hídricos (manancial próximo a
cidade), essa mudança teve como principal objetivo evitar doenças relaciona-
das a condições impróprias de saneamento, caracterizando um período histórico
denominado higienista (TUCCI, 2008).
Entretanto, qual fonte de água é utilizada para atender nossas necessidades atu-
ais? Os mananciais das águas urbanas são as fontes de água para abastecimento
que visam atender as necessidades humanas, animais e industriais. Essas fontes
podem ser superficiais (redes de rios da bacia hidrográfica da região) e sub-
terrâneas (aquíferos), cuja a disponibilidade de água, especialmente das fontes
superficiais, podem variar conforme sazonalidade, uma vez que a disponibili-
dade hídrica depende da capacidade do rio de se regularizar ao longo do tempo
(COSTA et al., 2012).
Outro questionamento que se faz relevante consiste em: como determinar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se um corpo hídrico é apto para a captação de água? Além dos padrões de qua-
lidade, a disponibilidade hídrica é mensurada mediante uma série de fatores ou
condicionantes naturais, tais como: vazão, características da precipitação, eva-
potranspiração (total, variabilidade temporal e espacial) e da superfície do solo,
fatores considerados para uma distribuição estatística temporal.
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pela portaria 2914 do Ministério da Saúde, considerando os custos de implemen-
tação, manutenção e operação mais viáveis possível. Além disso, para o autor,
a escolha da tecnologia deve ser permeada por algumas premissas, sendo elas:
a. As características da água bruta disponível para captação;
b. Os custos envolvidos;
d. Flexibilidade operacional;
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suspensão (material insolúvel) presentes na de turbidez) ou
água e que impedem a passagem de luz NTU (Unidade
nefelométrica
de turbidez).
pH Indica a natureza ácida ou básica da água. É 6,0 a 9,5
monitorado durante as etapas de tratamento
e na rede de distribuição, evitando os proces-
sos de corrosão nas canalizações
Cor Parâmetro de aspecto estético de aceitação 15 Unidade
ou rejeição do produto. A cor indica a presen- Hazen (mg
ça de substâncias dissolvidas ou finamente PtCo/L).
divididas que conferem coloração específica
à água
Teor de Flúor Composto químico que é adicionado à água 1,5 mg/L
tratada para prevenção da proliferação de
microrganismos indesejados
Fonte: Ministério da Saúde (BRASIL, 2011).
Por fim, estes são apenas alguns dos temas principais associados ao tratamento
de água, esgotar esta temática em apenas um material didático seria muita pre-
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Segundo Von Sperling (2005), os efluentes domésticos são compostos de, apro-
ximadamente, 99% de água, enquanto a fração restante corresponde a uma
associação de sólidos orgânicos e inorgânicos, suspensos ou dissolvidos, nos
quais são encontrados uma série de organismos e microrganismos patogênicos
como vírus, bactérias, protozoários e helmintos. A associação destes compostos
aos dejetos humanos faz com que esse tipo de efluente apresente características
próprias, como odor característico e temperatura levemente elevada, devido a
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atividade microbiológica.
A Tabela 3 apresenta as principais característica físico-químicas, comumente,
observadas nos efluentes domésticos/sanitários.
PARÂMETRO DESCRIÇÃO
voláteis dos.
Sólidos Fração de sólidos orgânicos e inorgânicos que possuem peso
Sedimentá- molecular suficiente para sedimentar em um período de 1 hora. É
veis analisado em cone Imhoff.
Matéria Refere-se aos compostos orgânicos, sendo os principais compo-
Orgânica nentes: Proteínas, Carboidratos e Lipídios. Para sua determinação
normalmente são analisadas as demandas químicas e bioquími-
cas de oxigênio ou via carbono orgânico total.
Nitrogênio Inclui as formas de nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e nitrato.
Total Componentes orgânicos da matéria orgânica, sua presença em
efluentes está relacionada à decomposição.
Fósforo É um nutriente essencial presente na composição de várias
substâncias orgânicas e inorgânicas. Sua presença em esgoto
doméstico está relacionada a decomposição destas substâncias
e a sua disponibilidade no meio é preocupante pois esses
nutrientes são essenciais para o desenvolvimento de microrga-
nismos, algas e plantas.
pH Indica se a característica do esgoto é ácida ou básica. A variação
neste parâmetro pode influenciar a eficiência dos tratamentos
para este tipo de efluente. Valores ácidos de pH tornam o efluen-
te corrosivos ao passo que valores ácidos aceleram a incrustação
destes efluentes pela tubulação do sistema de esgotamento
sanitário.
Alcalinida- Representa a capacidade de um sistema aquoso de neutralizar
de ácidos sem que haja a perturbação de forma extrema das ativida-
des biológicas que nele decorrem. Está relacionada a presença de
carbonatos, bicarbonatos e hidroxilas, sódio e cálcio.
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Fonte: adaptado de Von Sperling (2005) e Who (1993).
A legislação que dispõe especificamente sobre os padrões que devem ser atingi-
dos para o lançamento de efluentes é a Resolução do CONAMA 430/2011. Esta
legislação rege parâmetros, diretrizes e padrões para o despejo de efluentes domés-
ticos/sanitários e industriais em corpos receptores. O artigo 21º desta legislação
preconiza que o lançamento direto de efluentes oriundos de sistemas de trata-
mento de esgotos sanitários deve atender os padrões expressos na tabela a seguir:
pH Entre 5 e 9.
Demanda Máximo de 120 mg/L, sendo que este valor poderá ser ultrapassa-
Bioquímica do no caso de efluente de sistema de tratamento com eficiência
de Oxigênio de remoção mínima de 60% de DBO, ou mediante estudo de
(DBO5) autodepuração do corpo hídrico que comprove atendimento às
metas do enquadramento do corpo receptor.
Fonte: Resolução Conama 430/2011 (BRASIL, 2011).
Lembrando que existem ressalvas para os efluentes sanitários, que recebem lixi-
viados de aterros sanitários, neste caso, o órgão ambiental competente deverá
indicar quais os parâmetros da Tabela I do art. 16, inciso II da Resolução 430/2011
do Conama que deverão ser atendidos e monitorados.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RELAÇÃO DQO/DBO INDICAÇÃO DE TRATAMENTO
Baixa (< a 2,5) A fração biodegradável do efluente é elevada podendo
ser indicado tratamento biológico.
Intermediária (entre A fração biodegradável não é elevada, sendo necessário
cerca de 2,5 a 3,5) realizar alguns estudos de tratabilidade para verificar a
viabilidade do tratamento biológico.
Elevada (entre cerca de A fração inerte (não biodegradável) é elevada, possível
3,5 a 4,0 ou superior) indicação para tratamento físico-químico.
Fonte: Adaptado de Von Sperling (2005).
EFLUENTES INDUSTRIAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Provenientes Podem ser classificados em duas categorias, uma relacionada
dos Serviços aos usos rotineiros, de higiene e sanitários, enquanto a outra
de Saúde classificação refere-se a pesquisas e utilização de formulações
química e de fármacos. Normalmente possuem pH diferentes
em relação aos esgotos sanitários comuns, devido a presença
de excretas contaminadas, líquidos biológicos, resíduos de me-
dicamentos, solventes, corantes, dentre outros (BOILLOT et al.,
2008) O tratamento dos efluentes dos serviços de saúde estão
sujeitos a exigências especiais previstas por legislação.
Lixiviado Em geral em sua composição encontram-se matéria orgânica
(Chorume) dissolvida e solubilizada, produtos intermediários da digestão
anaeróbia de microrganismos, substâncias químicas per-
sistentes oriundas dos agrotóxicos ou demais xenobióticos
(BASSANI, 2010). A concentração dos metais nos lixiviados está
relacionada a composição dos materiais destinados aos aterros
ou aos lixões.
Indústria têxtil Grandes consumidores de água e de corantes sintéticos, gera-
dores de efluentes volumosos e complexos com elevada carga
orgânica, aliada ao elevado teor de sais inorgânicos (KAMIDA
et al., 2005).
Fonte: adaptado de Silva (2007); Boillot et al., (2008); Bassani, (2010); Kamida et al., (2005).
Quanto ao seu descarte, o artigo 16º desta legislação preconiza que os efluen-
tes de qualquer fonte poluidora poderão ser lançados em corpos hídricos, desde
que atendam os parâmetros na Tabela 7:
Reparem que estes padrões são muito próximos aos padrões estabelecidos pela
mesma resolução para o despejo de efluentes sanitários em corpos receptores.
Entretanto, cabe destacar que, tanto para os efluentes industriais como para os
domésticos, a legislação estadual ou municipal podem apresentar variações em
relação aos valores impostos pelo Conama, devendo ser atendida sempre aquela
legislação que se apresentar mais restritiva.
Ainda sobre a resolução 430/2011 do Conama, em um segundo momento,
ainda no artigo 16, são apresentados os padrões de lançamento de efluentes em
relação aos parâmetros inorgânicos e orgânicos, expresso na Tabela 8:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cianeto livre 0,2 mg/L CN
Cobre dissolvido 1,0 mg/L Cu
Cromo hexavalente 0,1 mg/L Cr+6
Cromo trivalente 1,0 mg/L Cr+3
Estanho total 4,0 mg/L Sn
Ferro dissolvido 15,0 mg/L Fe
Fluoreto total 10,0 mg/L F
Manganês dissolvido 1,0 mg/L Mn
Mercúrio total 0,01 mg/L Hg
Níquel total 2,0 mg/L Ni
Nitrogênio amoniacal total 20,0 mg/L N
Prata total 0,1 mg/L Ag
Selênio total 0,30 mg/L Se
Sulfeto 1,0 mg/L S
Zinco total 5,0 mg/L Zn
Parâmetros orgânicos Valor máximo permitido
Benzeno 1,2 mg/L
Clorofórmio 1,0 mg/L
Dicloroeteno (somatório de 1,1 + 1,2cis + 1,2 1,0 mg/L
trans)
Estireno 0,07 mg/L
Etilbenzeno 0,84 mg/L
Fenóis totais (substâncias que reagem com 4-ami- 0,5 mg/L C6H5OH
noantipirina)
Tetracloreto de carbono 1,0 mg/L
Tricloroeteno 1,0 mg/L
Tolueno 1,2 mg/L
Xileno 1,6 mg/L
■■ Tratamento Primário.
■■ Tratamento Secundário.
■■ Tratamento Terciário.
Sendo cada uma destas etapas caracterizadas por uma série de processos, espe-
cificados a seguir. Porém, inicialmente, vamos apresentar uma planta modelo
de uma estação de tratamento de efluentes. Lembrando que a estação de trata-
mento de uma indústria pode variar quando a proporção não ficar localizada
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 01 - estação de tratamento industrial
TRATAMENTO PRIMÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
sejam impulsionadas para a parte superior do tanque após a coagulação, pos-
sibilitando a retirada mecânica das mesmas por pás ou sistema automatizado.
TRATAMENTO SECUNDÁRIO
Sujeito a interferência
climática.
Lagoa Aerada Fácil construção, operação e manu- Elevado consumo ener-
Facultativa tenção. gético.
Não requer tanta extensão de terri- Necessidade de equi-
tório. pamento e maquinário.
Eficiente da remoção da demanda Baixa remoção de coli-
bioquímica de oxigênio. formes.
Manutenção para
remoção de lodo peri-
ódica.
Tanque Sép- Resistência à variação de carga. Baixa eficiência aos
tico Não requer extensão territorial nutrientes relacionados
elevada. à eutrofização.
Eficiente remoção da demanda bio- Gera odores fortes e
química de oxigênio. desagradáveis.
Necessita de pós trata-
mento.
Reator UASB Baixos requisitos de área e energia. Necessita de pós trata-
Eficiente para a remoção da deman- mento.
da bioquímica de oxigênio. Baixa eficiência aos
Possibilita reuso do Biogás. nutrientes relacionados
à eutrofização.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
estiver sendo aplicado, preferencialmente quando sua atividade biológica for
reduzida devido a intensa utilização. Antes de seu descarte, todo esse lodo resi-
dual deverá ser tratado antes de receber uma destinação final adequada.
TRATAMENTO TERCIÁRIO
Fotocatálise
H20
CO2
Poluente orgânico
TiO2
lente
A filtração por meio de membranas, atualmente, tem sido objeto de grande aten-
ção nos processos de tratamento de água potável. Dentre os motivos para tal
atenção, destacam-se as legislações cada vez mais rígidas e a pressão social para
melhoria do padrão de saúde.
Dentre os diferentes tipos de membranas utilizadas no tratamento de água,
destacam-se as membranas de microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e a
de osmose reversa. Tais membranas podem ser diferenciadas pelo diâmetro dos
poros e resistência a pressão que promove a separação dos contaminantes. As
membranas de osmose reversa são mais seletivas e as de microfiltração são as
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
menos seletivas.
A deposição de material em suspensão sobre a superfície da membrana oca-
siona a formação da torta, podendo ocorrer a acúmulo da solução na região,
contribuindo com a resistência devido a formação de um gel. Uma problemática
relacionada ao uso de membranas no tratamento de efluentes está relacionada
ao acúmulo de substâncias na superfície da membrana ocasionando o fouling
ou entupimento da membrana. Para solucionar tal problema, limpezas devem
ser incorporadas ao sistema de operação como forma de prevenir o fouling
(LAUTENSCHLAGER et al., 2009).
Para László et al. (2009), a filtração por membranas é um método eficiente
para redução de DQO, entretanto, amostras com elevado teor de matéria orgânica
ocasionam o fouling da membrana e reduzem drasticamente o fluxo de perme-
ado. Tal fato dificulta a utilização de membranas em escala industrial.
Porém países desenvolvidos já vêm aplicando com sucesso o tratamento
com membranas em amostras com menor teor de sólidos e menor carga orgâ-
nica, as membranas filtrantes ainda são encontradas nas indústrias alimentícias
como ferramenta para recuperação de insumos proteicos, demonstrando que
essa tecnologia emergente apresenta tendências de adaptabilidade e, em um
futuro próximo, poderão ser empregadas com sucesso no tratamento efluentes
(MATEUS et al., 2017a; MATEUS et al., 2017b).
Vale ressaltar que, dependendo do objetivo a ser alcançado, para o efluente
a ser tratado, nem todas essas etapas precisam ser realizadas, por exemplo, caso
você busque apenas alcançar os padrões especificados para o descarte de efluentes,
normalmente a associação de tratamentos preliminares, primário e secundário
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
98 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
se faz tão relevante para indústria, especialmente por ser a última etapa para
adequar os efluentes aos padrões desejados e esperados para seu despejo, possi-
bilitando ainda condições de reutilização do efluente tratado dentro da própria
indústria. Sendo assim, conhecer todos os processos da indústria nunca foi tão
importante, pois, desta forma, é possível conhecer a composição do efluente final
e buscar dentre as alternativas de tratamento disponível/existentes aquela que
melhor se adequa a realidade financeira e operacional da indústria.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
TUCCI, C. E. M. Águas urbanas. Estud. av., São Paulo, v. 22, n. 63, p. 97-112, 2008.
VON SPERLING, M. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgo-
tos. 3. ed. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental -
UFMG, 2005. 462p.
WHO, World Health Organization. Guidelines for drinking-water quality. Geneva:
WHO, 2. ed., 188p, 1993.
REFERÊNCIAS ONLINE
1 Em: <http://brasilescola.uol.com.br/geografia/atividades-que-mais-consomem-
-agua.htm>. Acesso em: 20 mar. 2018.
2 Em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/evento275768/monica-barth-
-1987-curitiba-pr>. Acesso em: 20 mar. 2018.
3 Em: <http://www.tratabrasil.org.br/o-cenario-atual-do-saneamento-ambiental-
-no-brasil-marilia-notic>. Acesso em: 20 mar. 2018.
109
GABARITO
1. A.
2. E.
3. Dentre os diferentes tipos de membranas utilizadas no tratamento de água des-
tacam-se as membranas de microfiltração, ultrafiltração, nanofiltração e a de
osmose reversa. Tais membranas podem ser diferenciadas pelo diâmetro dos
poros e resistência a pressão que promove a separação dos contaminantes. As
membranas de osmose reversa são mais seletivas, e as de microfiltração são
as menos seletivas. A deposição de material em suspensão sobre a superfície
da membrana ocasiona a formação da torta, podendo ocorrer a acúmulo da
solução na região, contribuindo com a resistência devido a formação de um
gel. Uma problemática relacionada ao uso de membranas no tratamento de
efluentes está relacionada ao acúmulo de substâncias na superfície da mem-
brana ocasionando o fouling ou entupimento da membrana. Para solucionar
tal problema, limpezas devem ser incorporadas ao sistema de operação como
forma de prevenir o fouling. A filtração por membranas é um método eficiente
para redução de DQO, entretanto, amostras com elevado teor de matéria orgâ-
nica ocasionam o fouling da membrana e reduzem drasticamente o fluxo de
permeado. Tal fato dificulta a utilização de membranas em escala industrial.
4. Em todos os tipos de tratamento secundário citados é necessário fazer a gestão
adequada do lodo gerado, sendo que o lodo resultante da atividade biológica
eventualmente e conforme a necessidade, deverá ser retirado da lagoa em que
estiver sendo aplicado, preferencialmente quando sua atividade biológica for
reduzida devido a intensa utilização. Antes de seu descarte, todo esse lodo resi-
dual deverá ser tratado antes de receber uma destinação final adequada.
5. V, F, V, V e F.
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
III
UNIDADE
SÓLIDOS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar conceitos iniciais voltados à temática resíduos sólidos
e relacionar sua geração com mudanças culturais, tecnológicas e
comportamentais da sociedade.
■■ Conceituar e diferenciar aterro sanitário e aterro de resíduos
perigosos/inertes.
■■ Conceituar e classificar os resíduos perigosos.
■■ Conceituar resíduos radioativos e apresentar as diferentes formas de
manejo e disposição destes resíduos.
■■ Apresentar as diferentes técnicas utilizadas no tratamento dos
resíduos sólidos.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Geração, Coleta e Transporte de Resíduos Sólidos.
■■ Processamento e Disposição Final de Resíduos.
■■ Gestão de Resíduos Perigosos.
■■ Gestão de Resíduos Radioativos.
■■ Técnicas de Tratamento de Resíduos Sólidos.
113
INTRODUÇÃO
Introdução
114 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GERAÇÃO, COLETA E TRANSPORTE DE RESÍDUOS
A palavra lixo é derivada do latim lix, que significa cinza. No dicionário, ela
é definida como sujeira, imundície, coisa ou coisas inúteis, velhas, sem valor.
De acordo com Rocha, Rosa e Cardoso (2009), lixo é considerado como sendo
restos das atividades humanas consideradas pelos geradores como inúteis, des-
cartáveis ou indesejáveis.
Enquanto para Philippi Jr. e Aguiar (2005), os resíduos constituem os subpro-
dutos da atividade humana com características específicas, definidas, geralmente,
pelo processo que os gerou. Já os rejeitos são todos os resíduos que não têm apro-
veitamento econômico por nenhum processo tecnológico disponível e acessível.
A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), por meio da Norma
Regulamentadora NBR 10.004/2004, define resíduos sólidos como sendo:
aqueles que resultam de atividades de origem industrial, doméstica,
hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e varrição. Ficam incluí-
dos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento
de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle
de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades
tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos
Os resíduos sólidos (Figura 1) são gerados por quase todas as atividades huma-
nas, compreendem uma grande diversidade de materiais, nos quais se incluem
restos de alimentos, computadores, garrafas, plástico, papelão, bagaço de cana,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Outros fatores que influenciam a geração dos resíduos sólidos no meio urbano são:
■■ Variações sazonais;
■■ Condições climáticas;
■■ Nível educacional;
■■ Poder aquisitivo;
■■ Área relativa de produção;
■■ Sistematização na origem;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Número de habitantes do local;
■■ Segregação na origem;
■■ Leis e regulamentações específicas;
■■ Tipo de equipamentos de coleta;
■■ Hábitos e costumes da população.
As classificações mais utilizadas dos resíduos sólidos são quanto aos riscos poten-
ciais de contaminação do meio ambiente e quanto à natureza ou origem.
A ABNT NBR 10.004/2004 estabelece que a classificação dos resíduos pode ser
feita com base nos critérios de periculosidade. Podemos observar essa classifi-
cação na Figura 2:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a necessidade de que amostras deles sejam submetidas a ensaios tecnológicos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Além disso, para manusear os resíduos infectantes, devem ser utilizados os
seguintes equipamentos de proteção individual (EPI): avental plástico, luvas,
bota ou sapato fechado, óculos, máscara. Os resíduos de serviços de saúde devem
ser acondicionados diretamente nos sacos plásticos regulamentados pela norma
NBR 9.191/2000 da ABNT, sustentados por suportes metálicos, para que não
haja contato direto dos funcionários com os resíduos, e os suportes são opera-
dos por pedais.
No gerenciamento dos resíduos de saúde, devem estar previstos, além do
manejo, a segregação, o tratamento, o acondicionamento, a identificação, coleta
e transporte interno, o armazenamento temporário, a coleta externa e a dispo-
sição final (DUARTE, 2010).
Os resíduos de portos, aeroportos e terminais rodoviários, são gerados
em terminais, dentro de navios, aviões e veículos de transporte. Resíduos de
aeroportos e portos podem ser decorrentes do consumo dos passageiros e sua
periculosidade está no risco de transmissão de doenças que já foram erradicadas
no país. A transmissão pode ocorrer também por meio de cargas que podem estar
contaminadas, tais como animais, plantas e carnes (MONTEIRO et al., 2001).
Os resíduos agrícolas são compostos por embalagens de fertilizantes e defen-
sivos agrícolas, rações, resíduos de colheita e outros. Assim, o manuseio deles
deve seguir as mesmas rotinas e utilizar os mesmos recipientes empregados para
resíduos classe I (Perigosos), no caso de embalagens de agrotóxicos.
Os resíduos industriais são aqueles gerados pelas atividades industriais, são
muito variados e apresentam características diversificadas, pois estas dependem
do tipo de produto manufaturado. Portanto, devem ser estudados caso a caso e
para estes casos, será necessário analisar parâmetros indiretos ou realizar bioen-
saios. A NBR 10.004/04 apresenta um fluxograma simples com etapas necessárias
para classificação de um resíduo, que podemos visualizar na Figura 3.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
especializado, para que façam testes que permitam verificar essas especificações
(SILVA, 2008).
Os Resíduos da Construção Civil são compostos por materiais de demo-
lições, entulhos, solos de escavações, além disso, podem conter componentes
tóxicos como resíduos de tintas, solventes e peças de Amiantos. São classifica-
dos de acordo com a Resolução do CONAMA 307/02, que podemos visualizar
no Quadro 2:
Quadro 2 - Classificação dos Resíduos de Construção Civil
COLETA E TRANSPORTE
Coleta regular
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 4 - Sacos plásticos para acondicionamento de resíduos
Coleta especial
Existem vários tipos de resíduos que não devem ser misturados aos RSU, como:
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) e Resíduos da Construção Civil (RCC). Para
alguns resíduos, como é o caso dos RCC, pode ser aplicada a logística reversa,
que consiste no processo de retornar um material do consumidor ao fabri-
cante. De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), a Lei nº
12.305/2010, a logística reversa é:
o conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a
coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para re-
aproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra
destinação final ambientalmente adequada (BRASIL, 2010, on-line).
Outros exemplos de materiais que estão sujeitos à logística reversa são os agro-
tóxicos, pilhas, baterias, lâmpadas fluorescentes e outros.
Coleta seletiva
CORES MATERIAL
Azul Papel/Papelão
Vermelho Plástico
Verde Vidro
Amarelo Metal
Preto Madeira
Laranja Resíduos perigosos
■■ Geração de empregos;
■■ Renda para comercialização dos recicláveis.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
TRANSPORTE
Dentre as técnicas para disposição final de resíduos sólidos, temos a forma ina-
dequada, que são os lixões, e as formas apropriadas e recomendadas, que são os
aterros sanitários e industriais, que veremos cada um deles, a seguir.
LIXÕES
terrenos baldios, que fica exposto sem nenhum tratamento, provocando intensa
proliferação de moscas, baratas e ratos, vetores de doenças por meio de organis-
mos patogênicos, poluindo o solo e os corpos d’água com o chorume, líquido
que, além de exalar mau cheiro pelos gases produzidos, é um detrimento visual
das cidades.
Phillip Jr. e Aguiar (2005) afirmam que os lixões são considerados locais ou
formas de disposição final e de tratamento totalmente inadequados do ponto
de vista social, sanitário e ecológico, pois, no conjunto, propiciam a proliferação
de vetores e o aparecimento de doenças em animais e em seres humanos, além
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 5 - Lixão
ATERROS CONTROLADOS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
diária entre lixão e aterro sanitário. Neste caso, após a cobertura dos resíduos,
verifica-se que o impacto visual e o odor são muito menores se comparados ao
lixão, graças à cobertura que é feita. Além disso, essa cobertura contribui para
impedir a proliferação de insetos e outros animais que visitam o local em busca
de alimentos.
ATERROS
ATERRO SANITÁRIO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 6 - Aterro Sanitário
Quando não tratado, ele pode atingir lençóis freáticos, rios e córregos, levando
a contaminação para estes recursos hídricos e interferindo na vida da fauna e
da flora. Nesta situação, os peixes podem ser contaminados e, caso a água seja
usada na irrigação agrícola, a contaminação pode chegar aos alimentos. A esco-
lha de um local para a implantação de um aterro sanitário não é tão simples,
pois, devido ao alto grau de urbanização das cidades, a ocupação intensiva do
solo pode restringir a disponibilidade de áreas próximas aos locais de geração
de lixo e com as dimensões requeridas para se implantar um aterro sanitário
que atenda às necessidades dos municípios (MONTEIRO et al., 2001). Também
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
é preciso pensar no aspecto de vida útil do aterro, visto que é difícil encontrar
novos locais para disposição de resíduos sólidos urbanos.
Tratamento do Lixiviado
Biogás
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gerar energia para o próprio aterro ou serem vendidos para companhias elétricas.
Esses gases são compostos por metano, dióxido de carbono e outros em quanti-
dades em traços. Os gases presentes nos aterros de resíduos incluem o metano
(CH4), dióxido de carbono (CO2), amônia (NH3), hidrogênio (H2), gás sulfídrico
(H2S), nitrogênio (N2) e oxigênio (O2). O metano e o dióxido de carbono são os
principais gases provenientes da decomposição anaeróbia dos compostos bio-
degradáveis dos resíduos orgânicos (PHILIPPI JR., 2005).
Diante disso, a captação e a utilização do gás produzido em aterros é uma
boa opção para a redução de gases do efeito estufa. Além disso, o metano possui
grande energia contida nos seus átomos que faz com que o gás possa ser usado
para a produção de energia elétrica por meio de sua combustão dentro de moto-
geradores que movem turbinas (SILVA; CAMPOS, 2008).
Projetos deste tipo são importantes, pois diferentes fontes de energia alterna-
tiva podem diversificar ou incrementar a matriz energética atualmente existente,
tais como a eólica, a solar, a biomassa e também a proveniente do biogás. Nesse
sentido, as vantagens da transformação do lixo energia são muitas, tais como:
■■ diminuição do volume de resíduos em aterros sanitários e em lixões;
■■ menor produção de gases poluentes;
■■ menores riscos ao meio ambiente e a saúde pública;
■■ mais economia e geração de empregos.
ATERROS INDUSTRIAIS
Os aterros industriais podem ser classificados nas classes I, II-A ou II-B, de acordo
com a periculosidade dos resíduos a serem dispostos, isto é, aterros Classe I
podem receber resíduos industriais; Classe II-A resíduos não-inertes, enquanto
aterro Classe II-B resíduos inertes. Esta classificação dos resíduos sólidos quanto
à periculosidade foi abordada no tópico anterior.
No Aterro Classe I, são destinados os resíduos considerados perigosos de
alta periculosidade, como resíduos inflamáveis, cinzas de incineradores, tóxi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cos e outros. Esse tipo de aterro precisa ser operado com cobertura total com o
intuito de evitar a formação de percolado, devido à ocorrência de águas pluviais,
para isso, possui sistema de dupla impermeabilização com manta polietileno
de alta densidade (PEAD), protegendo o solo e as águas subterrâneas. O aterro
Classe I deve estar de acordo com o estabelecido pela NBR-10157, que define
as exigências quanto aos critérios de projeto, construção e operação de aterros
industriais Classe I (SILVA, 2008).
O Aterro Classe II compreende a destinação final de resíduos não perigosos
e não inertes e tem as seguintes características: impermeabilização com argila e
geomembrana de PEAD, sistema de drenagem e tratamento de efluentes líqui-
dos e gasosos e completo programa de monitoramento ambiental.
O Aterro Classe II-B compreende a destinação final de resíduos inertes.
Devido à característica inerte dos resíduos dispostos, esse tipo de aterro dis-
pensa a impermeabilização do solo, no entanto, possui sistema de drenagem de
águas pluviais e um programa de monitoramento ambiental.
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GESTÃO DE RESÍDUOS PERIGOSOS
Resíduo perigoso é o nome dado ao material que, quando deve ser descartado,
atende a um ou dois critérios, a saber:
1. Contém um ou mais dos critérios de poluentes ou de substâncias quími-
cas que foram listadas como perigosas;
2. O resíduo pode ser assim definido (por testes de laboratório) como tendo
pelo menos uma das seguintes características:
a. Inflamabilidade;
b. Reatividade;
c. Corrosividade;
d. Toxicidade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GESTÃO DE RESÍDUOS RADIOATIVOS
A separação desses resíduos deve ser feita no mesmo local em que foram pro-
duzidos, levando em conta as seguintes características: se são sólidos, líquidos e
gasosos, meia vida curta ou longa; se são ou não compatíveis; orgânicos ou inor-
gânicos; putrescíveis ou patogênicos e outras características como explosividade,
combustibilidade, inflamabilidade, piroforicidade, corrosividade e toxicidade
química (DUARTE, 2010).
Para Calijuri e Cunha (2013), o fato de uma alternativa apresentar um custo alto
em termos absolutos, como um incinerador, não é razão suficiente para que seja
descartada, pois talvez seja a mais barata e eficaz para tratar um determinado
resíduo industrial ou de serviços de saúde quando comparadas a outras tecno-
logias existentes.
COMPOSTAGEM
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 7 - Aterro Sanitário
VERMICOMPOSTAGEM
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 9 - Vermicompostagem
INCINERAÇÃO
APROVEITAMENTO ENERGÉTICO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta unidade, abordamos a problemática dos resíduos sólidos bem como suas
formas de gerenciamento. Vimos aspectos pertinentes à geração, estudamos que
a mudança de comportamento da população, a economia, a sazonalidade, hábitos
de consumo, mudanças tecnológicas, mudanças culturais, influenciam direta-
mente na geração de resíduos, pois à medida que há crescimento e mudança,
consequentemente, há uma aumento na quantidade de resíduos. Estudamos que
uma das formas de minimizar a quantidade de resíduos sólidos é a redução na
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
142
REAPROVEITAMENTO DE ENERGIA
A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) acaba de patentear uma
inovação que possibilita aproveitar o calor gerado pelo sistema de refrigeração da gela-
deira para aquecer a água da torneira de cozinha e chuveiro. Concebido pelo professor
José Roberto Simões Moreira, coordenador do Laboratório de Sistemas Energéticos Al-
ternativos (SISEA), do Departamento de Engenharia Mecânica da Poli, e pelo aluno de
graduação Lucas Zuzarte, o projeto resultou em dispositivo que pode ser usado tanto
em residências como em estabelecimentos comerciais.
“Basicamente, o sistema que desenvolvemos capta o calor que é naturalmente produzi-
do no processo de refrigeração”, resume Simões. Na prática, funciona assim: no processo
de circulação do gás refrigerante da geladeira, o gás é aspirado pelo compressor e com-
primido, o que resulta em aumento da pressão e temperatura do gás. Em seguida, ele
prossegue para um condensador – uma espécie de serpentina que fica na parte poste-
rior da geladeira doméstica, onde o calor é dissipado.
“O que fizemos foi aproveitar a energia térmica gerada no processo de compressão, que
atinge cerca de 60 °C”, explica o professor. “Inserimos um tanque de água entre o com-
pressor e o condensador, permitindo, assim, que o calor do gás quente fosse transferido
para a água em vez de ser dissipado para o ambiente em que se encontra a geladeira”,
acrescenta. Embora pareça simples, o desenvolvimento do dispositivo consumiu cerca
alguns meses de testes, tendo sido construído um protótipo de uma geladeira comercial
do tipo balcão vertical.
Economia e eficiência - Nos testes em laboratório, feitos com uma geladeira comercial
de 565 litros e um tanque de 25 litros de água acoplado ao sistema, a temperatura final
da água chegou a 55º C (média de aumento de 5º por hora). Comparando o custo de
aquecer este volume de água com aquecedores elétricos, a economia com o dispositivo
seria superior a R$ 35,00 ao mês. “Além de garantir água quente, a instalação do equi-
pamento melhora o desempenho da geladeira”, garante. Nos testes, o coeficiente de
performance do refrigerador (COP), que mensura sua eficiência energética, aumentou
mais de 13%. Já o consumo de energia do compressor caiu entre 7% e 18%.
A capacidade de aquecimento do equipamento, no entanto, depende de algumas va-
riáveis. “Da potência da geladeira e do regime de uso do refrigerador”, resume Simões.
Por outro lado, o custo de todos os equipamentos do sistema não é alto. No caso de um
sistema com tanque de 25 litros, o retorno do investimento ocorreria em, aproximada-
mente, um ano.
Simões pondera que o processo é mais eficiente em refrigeradores comerciais por cau-
sa da potência dos aparelhos. “Creio que para restaurantes, lojas de conveniência de
postos combustíveis e outros pontos comerciais do gênero será uma inovação muito
bem-vinda, porque pode otimizar a economia de energia de fato, mas em residências,
sua aplicação também pode ser viabilizada”. Além disso, o sistema tem como vantagem
ser fácil e barato de instalar. “Pode ser facilmente instalado por qualquer técnico de re-
143
frigeração”, diz. Compreende, basicamente, um tanque que, no caso dos testes, foi feito
em aço inox, mas pode ser confeccionado com material mais barato e alguns tubos de
cobre e de PVC. “Um técnico não cobraria mais do que R$ 400,00, incluindo material e
mão de obra, se o tanque for produzido em escala industrial”, calcula.
Simões tem planos mais ambiciosos para o sistema. “A princípio, a ideia é apresentar o
sistema aos fabricantes de geladeiras, que teriam condições de oferecê-lo como opcio-
nal na compra do aparelho”, conta. Potencial de mercado é o que não falta. Segundo
o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), só no Brasil existem mais de 50
milhões de refrigeradores em uso.
Fonte: Acadêmica Agência de Comunicação. Reaproveitamento de energia. Disponível
em:<http://www.poli.usp.br/pt/comunicacao/noticias/destaques/1550-reaproveita-
mento-de-energia.html>. Acesso em: 22 mar. 2018.
144
2. Consiste em uma área licenciada por órgãos ambientais, que é destinada a re-
ceber os resíduos sólidos urbanos, de forma planejada, em que os resíduos são
compactados e cobertos por terra, formando diversas camadas. Esta técnica
trata-se de:
a. Lixões.
b. Aterro sanitário.
c. Aterro industrial.
d. Compostagem.
e. Reciclagem.
a. I e II, apenas.
a. I e III, apenas.
a. II e III, apenas.
a. I, II e III, apenas.
a. II, III e IV, apenas.
146
Engenharia Ambiental
Maria do Carmo Calijuri; Davi Gasparini Fernandes Cunha
Editora: Elsevier
Sinopse: livro pioneiro na área, “Engenharia Ambiental:
Conceitos, Tecnologia e Gestão”, reúne material didático
proveniente de diversos campos de conhecimento para
oferecer uma boa base aos alunos de cursos de graduação
em Engenharia Ambiental. O livro busca uma transição
das engenharias “hard” para uma engenharia que leva
explicitamente em conta a vida no planeta e representa um acordar para a Engenharia Ambiental de
maneira fluida, reforçando a responsabilidade da engenharia para com o meio ambiente. Dividido
em cinco eixos temáticos, desde fundamentos até gestão ambiental, varrendo os ecossistemas,
impactos ambientais e ações mitigadoras, o livro apresenta de forma didática os conceitos modernos
como os da microbiologia e as suas técnicas. São ressaltados os serviços proporcionados por diversos
ecossistemas e as estratégias sustentáveis para os usos humanos.
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ONLINE
1 Em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/quimica/diferenca-entre-lixao-ater-
ro-controlado-aterro-sanitario.htm>. Acesso em: 22 mar. 2018.
GABARITO
1) B
2) B
3) A
4) C
5) D
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
CONTROLE E QUALIDADE DE
IV
UNIDADE
EMISSÕES ATMOSFÉRICAS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conceituar poluição atmosférica, apresentar os principais poluentes
atmosféricos e suas fontes.
■■ Apresentar os diferentes métodos de controle de emissão de
poluentes atmosféricos.
■■ Apresentar os diferentes parâmetros de qualidade presentes na
legislação.
■■ Conceituar Ruído e apresentar suas diferentes classificações.
■■ Correlacionar os diferentes ruídos existentes com a saúde laboral e
coletiva.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Poluição do Ar e Fontes de Emissão
■■ Métodos de Controle
■■ Padrões de Qualidade
■■ Poluição Sonora
■■ Redução e Controle de Ruídos
153
INTRODUÇÃO
Introdução
154 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
POLUIÇÃO DO AR E FONTES DE EMISSÃO
POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PRINCIPAIS POLUENTES DO AR
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Constituem esta classe: dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono
(CO), óxidos de nitrogênio (NOx) e hidrocarbonetos (HC).
■■ Poluentes secundários: formados pela reação química entre poluentes
primários ou destes com constituintes naturais da atmosfera. Como exem-
plos pertencentes desta classe podemos citar: ozônio (O3), peróxido de
hidrogênio (H2O2), aldeídos (RCHO), peroxiacetilnitrato (PAN).
Materiais particulados
Poluentes gasosos
Os poluentes gasosos incluem substâncias que são gases a uma temperatura e pres-
são normais, assim como vapores de substâncias líquidas ou sólidas sob condições
normais. Dentre estes poluentes, os que apresentam maior relevância são: monó-
xido de carbono, hidrocarbonetos, ácido sulfúrico, óxidos de nitrogênio, ozônio
e outros. O Quadro 1 apresenta-nos alguns poluentes gasosos presentes no ar:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ácido sulfí- H2S Odor de ovo estragado Altamente venenoso.
drico em baixas concentra-
ções, inodoro a altas
concentrações.
Óxido nitroso N2O Gás incolor, utilizado Relativamente inerte;
como gás de transpor- não produzido na com-
te em produtos com bustão.
aerossol.
Óxido nítrico NO Gás incolor. Produzido em combus-
tão a altas temperaturas
e pressão, oxida para
NO2.
Dióxido de NO2 Gás de cor marrom a Principal componente
nitrogênio alaranjada. na formação de névoa
fotoquímica
Monóxido de CO Incolor e inodoro. Produtos de combustões
carbono incompletas, venenoso.
Dióxido de CO2 Incolor e inodoro. Formado durante com-
carbono bustões completas; gás
do efeito estufa.
Ozônio O3 Altamente reativo. Perigo para vegetações
e propriedades; produ-
zido, principalmente,
durante a formação de
névoa fotoquímica.
Hidrocarbo- CxHy ou HC Diversas. Emitido por automóveis
neto e indústrias, formado na
atmosfera.
FONTES DE POLUIÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
As fontes fixas de poluição atmosféricas são aquelas que ocupam uma área relativa-
mente limitada, que permitem uma análise direta na fonte. As fontes classificadas
como fixas são referentes às atividades industriais de transformação, mineração
e produção de energia através de usinas termelétricas (MMA, 2017a, on-line)1.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Cada fonte industrial de poluição do ar apresenta problemas específicos de
poluição, pois as emissões são decorrentes de características inerentes do pro-
cesso de produção, das quais podemos citar: matérias-primas e combustíveis,
processos e operações adotados, produtos fabricados, eficiência do processo
industrial e medidas de controle utilizadas pela indústria.
De acordo com Derisio (2012), as indústrias, normalmente, são classificadas
em categorias (metalúrgicas, mecânicas, têxteis, bebidas, alimentícias, químicas
e outras) por meio das quais se pode calcular o potencial de poluição atmosfé-
rica por categoria. O Quadro 2 apresenta-nos os tipos de indústrias bem como
os tipos de poluentes emitidos por elas.
Quadro 2 - Tipos de indústrias e tipos de poluentes
TIPOLOGIA DA
NATUREZA DA ATIVIDADE TIPOS DE POLUENTES
INDÚSTRIA
Indústria de minerais Os principais processos e ope- Poeiras - principalmen-
não metálicos - rações poluidores são cons- te provenientes de
Incluem indústrias tituídos pelas operações de operações de redução
que fabricam pro- redução de tamanho, pela ma- de tamanho;
dutos de material nipulação e pelo transporte de Fumaça e fumos - prin-
cerâmico e refratá- matéria-prima, por processos cipalmente prove-
rio, cimento, vidro, de desidratação, calcinação, nientes dos processos
concreto, produtos de oxidação da matéria orgânica de combustão e de
gesso e abrasivos. e íon ferroso e formação de secagem e cozimento
silicatos em estufas e fornos, em fornos.
por operações e acabamento
como de esmaltação.
utilizado.
Indústrias metalúrgi- Envolvem indústrias que pro- Fumos metálicos,
cas - produtos duzem peças forjadas, lamina- poeiras das fundições,
das, trefiladas e extrudadas. névoas e vapores de
solventes provenientes
da aplicação do reves-
timento de proteção
nos departamentos de
acabamento.
Indústria de madeira Indústrias de desdobramento, Material particulado,
e mobiliário compensação e produção de gotícula de tinta,
chapas de madeira prensada, solventes e fumaça
de fabricação de peças e estru- de equipamentos que
turas de madeira aparelhada, queimam resíduos.
fabricação de artigos de tan-
cara e de cortiça, fabricação de
artigos diversos de madeiras e
produtos afins.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tos farmacêuticos e outros. estima-se uma emis-
são de 9 a 32 kg de
SO2 e de 0,14 a 3,40
kg de névoas ácidas
por tonelada de ácido
produzida.
Fabricação de ácido
fosfórico: por meio do
processo unido esti-
ma-se uma emissão de
compostos de flúor de
9 a 27 kg por tonelada
de P2O5 produzida.
Indústria de produ- Incluem beneficiamento, torre- Diferentes poluentes e
tos alimentares e fação e moagem de produtos odores podem ocorrer
bebidas alimentares, preparação de nas fases do processa-
conservas de frutas, legumes, mento dos produtos.
especiarias, pasteurização de Poeiras são emitidas
leite e fabricação de laticínios, das operações de
fabricação e refino de açúcar, beneficiamento e
fabricação de balas, produtos moagem.
de padaria e outros produtos.
Indústrias de papel e Fabricação de papel e papelão. Material particulado e
papelão substâncias odoríferas
(mercaptanas e sulfeto
de hidrogênio).
Fonte: adaptado de Derisio (2012).
Fontes móveis
Danos à saúde
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crianças e pessoas idosas.
1948 Estados Região de indústrias metalúrgicas onde ocorreu 17
Unidos - inversão de temperatura, provocando congestão
Donnora das vias respiratórias.
1950 México - Compostos de enxofre emitidos por uma indústria 32
Poza Rica provocaram a internação de 320 pessoas acometi-
das de problemas respiratórios e nervosos, durante
uma inversão de temperatura.
1952 Brasil - Doenças respiratórias agudas em 150 pessoas, pro- 9
Bauru vocadas por alergia ao pó de semente de mamona,
utilizada na fabricação de óleo.
1957 Inglaterra Smog (mistura de fumaça com neblina). 1.000
1960 Inglaterra Smog 800
1962 Inglaterra Smog 700
Fonte: adaptado de Derisio (2012).
A poluição atmosférica também pode causar danos aos materiais, tais como: a
deposição sobre materiais, abrasão, remoção, ataques químicos diretos e indi-
retos e a corrosão eletroquímica.
atmosférica. Para Derisio (2012), a visibilidade urbana pode ser afetada, princi-
palmente, por fatores meteorológicos, a saber:
■■ Altura de inversão e velocidade dos ventos;
■■ Elevadas condições de umidade.
Danos à vegetação
As plantas podem ser afetadas por poluentes atmosféricos tais como: necrose
de tecidos de folhas, redução da penetração de luz (isso reduz a capacidade da
fotossíntese), penetração de poluentes pelos estômatos das plantas, redução da
taxa de crescimento, aumento na suscetibilidade de doenças, interrupções do
processo reprodutivo da planta (DALLAROSA, 2005).
Danos à economia
Para controlar e/ou remover a poluição atmosférica, os efeitos adversos são extre-
mamente onerosos para os habitantes de áreas urbanas industrializadas (DERISIO,
2012). O custo é complexo, entretanto podemos fazer certas estimativas.
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MÉTODOS DE CONTROLE
CONTROLE DE PARTICULADOS
Câmara gravitacional
É um modelo simples e um dos mais antigos para controle da poluição do ar, que
consiste, basicamente, em uma câmara de expansão, na qual ocorre a redução
da velocidade do gás até um ponto em que as partículas nele em suspensão são
capturadas pela ação da gravidade (sedimentação) (MARRA JUNIOR, 2013).
Quanto maior for a partícula, maior será a taxa de sedimentação. Em uma dada
corrente gasosa, as partículas maiores sedimentam mais rápido do que as maiores.
Ciclone
Conhecidos como separadores centrífugos (Figura 2), os ciclones são bem utili-
zados no controle de particulados, em especial quando partículas relativamente
grandes precisam ser coletadas (MARRA JUNIOR, 2013).
MÉTODOS DE CONTROLE
168 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Modelo de um ciclone
Filtros de saco
Também conhecidos como filtros de tecido, utilizados para coletar a poeira, que
deve ser retirada do saco periodicamente. Segundo Marra Junior (2013), em
aplicações industriais, o meio material poroso é, geralmente, um tecido (pano),
com que se confecciona uma estrutura de formato tubular, semelhante a uma
manga de camisa.
Precipitador eletrostático
Lavador Venturi
MÉTODOS DE CONTROLE
170 UNIDADE IV
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O seu funcionamento ocorre da seguinte maneira: o líquido de lavagem é introdu-
zido com pressão na “garganta” (vena contracta), por meio de bicos atomizadores
em que são geradas pequenas gotas. O gás sujo, contaminado por materiais par-
ticulados, atravessa essa região em alta velocidade, em torno de 30 m/s a 120
m/s (MARRA JUNIOR, 2013), o que ajuda na dispersão das gotas de líquido e
na captura do material particulado.
Nesse equipamento, tem-se a necessidade de introduzir uma corrente gasosa
(que é a que será tratada) e uma corrente líquida (corrente de tratamento). Podem
ser empregados no controle de emissão de partículas oriundas de indústrias quími-
cas de produtos minerais, polpa e papel, alumínio, ferro e outros tipos de resíduos
sólidos de origem tóxica, abrasiva, corrosiva e até mesmo explosiva (COSTA,
2002). Em aplicações industriais há muitas vantagens, a saber (COSTA, 2002):
■■ Alta eficiência na coleta de partículas finas e ultrafinas (respiráveis);
■■ É compacto, exige pouco espaço físico nas indústrias;
■■ Capacidade de trabalhar com particulados explosivos, inflamáveis, pega-
josos e aderentes, pelo fato de operar como coletores úmidos;
■■ Pode-se trabalhar com a limpeza simultânea de gases tóxicos e particulados;
■■ Reaproveitamento do efluente líquido gerado, por trabalhar em um sis-
tema fechado;
■■ Pode trabalhar no tratamento de gases a altas temperaturas e altas
umidades.
Costa (2002) também elenca algumas desvantagens na sua utilização, tais como:
■■ Pode necessitar de um sistema de tratamento de efluentes líquidos;
■■ O material é coletado a úmido dificultando a sua reutilização;
■■ Mais suscetível a problemas de corrosão;
■■ Perda de carga alta para altas eficiências de coleta;
■■ Pode apresentar problemas de incrustação.
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Condensador
MÉTODOS DE CONTROLE
172 UNIDADE IV
Absorvedor
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
líquido (chamado de absorvente ou solvente). A condição necessária
para a aplicação da absorção para o controle da poluição é a solubilida-
de dos poluentes no líquido. Em um processo de absorção, colocamos
em contato íntimo a corrente gasosa e o líquido, mais favorável é a con-
dição para a absorção, pois, sendo este um processo de transferência de
massa, a elevada área inferfacial líquido-gás colabora com o fenômeno.
O mecanismo principal de transferência de massa é a difusão entre os
constituintes das fases gasosa e líquida. Consequentemente, a taxa de
absorção é determinada pelas taxas de difusão nas fases. O processo
de transferência de massa ocorre até que o equilíbrio seja atingido
(equilíbrio de fases).
Adsorvedor
Incinerador
MÉTODOS DE CONTROLE
174 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A Figura 4 apresenta a forma simplificada de um incinerador:
Separador de membranas
PADRÕES DE QUALIDADE
PADRÕES DE QUALIDADE
176 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A inversão térmica é um fenômeno que dificulta a dispersão dos poluentes
gerados nos centros urbanos. Ela é consequência do rápido aquecimento e
resfriamento da superfície. Esse fenômeno pode ocorrer naturalmente ou
ser causado pela maneira como a cidade está estruturada. Conheça melhor
o fenômeno da inversão térmica, acessando o link a seguir: <https://www.
ecycle.com.br/component/content/article/63-meio-ambiente/4175-inver-
sao-termica-fenomeno-poluicao-do-ar-problemas-saude-centros-urbanos-
-fontes-emissoras-dispersao-chamine-fabricas-topografia-direcao-ventos-
-clima-transportes-combustao-poluentes-troposfera-temperatura-medi-
das-diminuicao.html>.
Acesso: 29/12/2017
Fonte: Equipe eCycle (2017, on-line)3.
QUALIDADE DO AR
INDICADORES DE QUALIDADE
PADRÕES DE QUALIDADE DO AR
PADRÕES DE QUALIDADE
178 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de gerenciar a qualidade do ar (MMA, 2017b, on-line)4.
Aqui no Brasil, os padrões de qualidade do ar foram estabelecidos pela
Resolução CONAMA nº 3/1990 sendo de acordo com esta resolução divididos
em padrões primários e secundários, a saber:
■■ São padrões primários de qualidade do ar: as concentrações de poluen-
tes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser
entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluen-
tes atmosféricos, constituindo-se em metas de curto e médio prazo
(CONAMA, 1990c).
■■ São padrões secundários de qualidade do ar: as concentrações de poluen-
tes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre
o bem-estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora,
aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como
níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta
de longo prazo (CONAMA, 1990c).
PADRÕES DE QUALIDADE
180 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
beleceu um sistema de disciplinamento da ocupação do solo baseado no
licenciamento prévio das fontes de poluição, por meio do qual o impacto
de atividades poluidoras deve ser analisado previamente, prevenindo a
deterioração descontrolada da qualidade do ar.
■■ Inventário Nacional de Fontes e Poluentes do Ar: estabeleceu a criação,
objetivando desenvolver metodologias que permitam o cadastramento e
a estimativa das emissões bem como o devido processamento dos dados
referentes às fontes de poluição do ar.
■■ Gestões Políticas: estabeleceu que o IBAMA coordene gestões junto aos
órgãos da Administração Pública Direta ou Indireta, Federais, Estaduais
ou Municipais e Entidades Privadas, no intuito de se manter permanente
canal de comunicação, visando viabilizar a solução de aplicação de medi-
das de controle da poluição do ar nos diferentes setores da sociedade.
■■ Desenvolvimento Nacional na Área de Poluição do Ar: promover junto
aos órgãos ambientais meios de estruturação de recursos humanos e labo-
ratoriais a fim de se desenvolver programas regionais que viabilizarão o
atendimento dos objetivos estabelecidos no PRONAR.
■■ Ações de Curto, Médio e Longo Prazo: definiu metas de curto, médio
e longo prazo para as ações, considerando:
■■ Curto Prazo: definição dos limites de emissão para fontes poluidoras
prioritárias; definição dos padrões de qualidade do ar; enquadramento
das áreas na classificação de usos pretendidos; apoio à formulação dos
Programas Estaduais de Controle de Poluição do Ar; capacitação labo-
ratorial e capacitação de recursos humanos.
PADRÕES DE QUALIDADE
182 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Observa-se que, apesar da abordagem mais moderna sobre o tema, ainda per-
siste a ênfase no comando e controle. Complementarmente à legislação federal
vigente, os Estados também possuem uma série de instrumentos legais destinados
a medidas de controle da poluição e prevenção da degradação da qualidade do ar.
POLUIÇÃO SONORA
SOM
O som puro é descrito como ondas de pressão que se propagam em um meio (ar)
(VESILIND; MORGAN, 2011) e nos permite comunicar, faz-nos alertas ou pre-
vine em muitas circunstâncias. De acordo com Saliba (2009), o som é qualquer
20.000 Hz, uma ampla faixa. Os sons de baixa frequência são graves, enquanto
de alta frequência são mais agudos.
De acordo com Rosa (2007), as ondas sonoras são as que possuem frequên-
cia de vibração entre 20 e 20.000 Hz, sendo recebidas e processadas por nosso
sistema auditivo e se originam a partir de vibrações do ar que são captadas pelo
tímpano com frequência e amplitudes pré-definidas. Pessoas jovens e saudáveis
podem ouvir frequências muito altas, que geralmente incluem os sinais de por-
tas automáticas. Com a idade, infelizmente, com os danos causados, a habilidade
de detectar uma ampla faixa de frequências diminui.
A amplitude (A) representa a intensidade do som que percebemos. A sua
variação é proporcionalmente relativa à variação da pressão atmosférica causada
pela onda (pressão sonora) representada pela diferença de seus valores, máximo
e médio, no tempo e num determinado ponto do espaço, ou, também, ao longo
do espaço num determinado instante de tempo (SALIBA, 2009).
Frequência (f) é o número de oscilações (vibrações completas) por segundo
de uma determinada onda, sendo que a unidade de medida da frequência no
Sistema Internacional (SI) é o hertz (Hz), que corresponde à frequência de um
som que executa vibração completa ou um ciclo por segundo. Para uma onda
sonora em propagação, a frequência é o número de ondas que passam por um
determinado referencial em um intervalo de tempo (SALIBA, 2009).
POLUIÇÃO SONORA
184 UNIDADE IV
MEDIÇÃO DO SOM
O som é medido com um instrumento que converte a energia das ondas de pres-
são em um sinal elétrico. Um microfone capta as ondas de pressão, e um medidor
lê o nível de pressão sonora, diretamente calibrado para decibéis. Os dados obti-
dos dessa forma com um medidor de nível de pressão sonora representam uma
medição precisa do nível de energia do ar (VESILIND; MORGAN, 2011).
Mas esse nível de pressão não é necessariamente o que os ouvidos humanos
escutam, conforme já mencionado em tópico anterior, que o ouvido humano
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
detecta frequências entre 20 e 20.000 Hz. A escala decibel (dB) usa o limiar da
audição µPa como seu ponto de partida ou pressão de referência. Isso é definido
como ser igual a 0dB. Cada vez que se multiplica por 10 a pressão sonora em Pa,
adiciona-se 20 dB; assim, 200 µPa corresponde a 20 dB; 2.000 µPa corresponde
a 40 dB e assim sucessivamente (DERISIO, 2012).
FONTES DE RUÍDO
POLUIÇÃO SONORA
186 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
REDUÇÃO E CONTROLE DE RUÍDOS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A NBR 10.151 (ABNT, 2000) dispõe sobre a avaliação do ruído em áreas habita-
das, visando ao conforto da comunidade. Esta Norma fixa as condições exigíveis
para a avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, independentemente
da existência de reclamações.
Além da NBR 10.151, tem-se a NBR 10.152 (ABNT, 1987), que trata dos
níveis de ruídos para conforto acústico, estabelecendo os limites máximos em
decibéis a serem adotados em determinados locais. Exemplificando, em um res-
taurante o nível de ruído não deve ultrapassar os 50 decibéis estabelecidos pela
NBR 10.152. Vale lembrar que a NBR 10.152 referente à acústica de edificações
sofreu alterações no ano de 2017.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) considerando que o
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
monóxido de carbono, hidrocarbonetos, ácido sulfúrico, óxidos de nitrogênio,
ozônio e outros.
Vimos que as fontes fixas de poluição do ar são aquelas que ocupam uma área
relativamente limitada e que podem ser avaliadas diretamente na fonte, como
indústrias, mineração e produção de energia por meio de usinas termelétricas.
Enquanto as fontes móveis são aquelas que não podem ser avaliadas diretamente
na fonte, como veículos, aviões, trens e outros. Além disso, estudamos que os
efeitos da poluição do ar podem ser caracterizados de acordo com a alteração
das condições normais da atmosfera ou por aumento de problemas já existentes
e que de uma forma geral, os efeitos causados pela poluição do ar são manifes-
tados por muitos danos à saúde humana, materiais, propriedades da atmosfera,
vegetação e economia.
Também vimos as formas de controlar as emissões atmosféricas e os aspectos
legais, estudamos os indicadores de qualidade do ar, os padrões de qualidade do
ar e os programas de prevenção da qualidade do ar. Definimos, por fim, polui-
ção sonora como a emissão de barulhos, ruídos e sons em limites perturbadores
da comodidade auditiva, as suas consequências para a saúde humana e algumas
técnicas de controle para o controle de ruídos, que podem ser feitas na própria
fonte, percurso e receptor.
QUALIDADE DO AR
Os processos industriais e de geração de energia, os veículos automotores e as queima-
das são, dentre as atividades antrópicas, as maiores causas da introdução de substâncias
poluentes à atmosfera, muitas delas tóxicas à saúde humana e responsáveis por danos
à flora e aos materiais.
A poluição atmosférica pode ser definida como qualquer forma de matéria ou energia
com intensidade, concentração, tempo ou características que possam tornar o ar im-
próprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos
materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e ao gozo da propriedade e
à qualidade de vida da comunidade. De forma geral, a qualidade do ar é produto da in-
teração de um complexo conjunto de fatores dentre os quais se destacam a magnitude
das emissões, a topografia e as condições meteorológicas da região, favoráveis, ou não,
à dispersão dos poluentes.
Frequentemente, os efeitos da má qualidade do ar não são tão visíveis comparados a
outros fatores mais fáceis de serem identificados. Contudo os estudos epidemiológicos
têm demonstrado correlações entre a exposição aos poluentes atmosféricos e os efeitos
de morbidade e mortalidade, causadas por problemas respiratórios (asma, bronquite,
enfisema pulmonar e câncer de pulmão) e cardiovasculares, mesmo quando as concen-
trações dos poluentes na atmosfera não ultrapassam os padrões de qualidade do ar
vigentes. As populações mais vulneráveis são as crianças, os idosos e as pessoas que já
apresentam doenças respiratórias.
A poluição atmosférica traz prejuízos não somente à saúde e à qualidade de vida das
pessoas, mas também acarretam maiores gastos do Estado, decorrentes do aumento
do número de atendimentos e internações hospitalares, além do uso de medicamentos,
custos esses que poderiam ser evitados com a melhoria da qualidade do ar dos centros
urbanos. A poluição de ar pode também afetar, ainda, a qualidade dos materiais (corro-
são), do solo e das águas (chuvas ácidas), além de afetar a visibilidade.
A gestão da qualidade do ar tem como objetivo garantir que o desenvolvimento socio-
econômico ocorra de forma sustentável e ambientalmente segura. Para tanto, fazem-se
necessárias ações de prevenção, combate e redução das emissões de poluentes e dos
efeitos da degradação do ambiente atmosférico.
Gestão da Qualidade do Ar no Ministério do Meio Ambiente
A gestão deste tema no MMA é atribuição da Gerência de Qualidade do Ar (GQA), vin-
culada ao Departamento de Qualidade Ambiental na Indústria. Esta gerência foi criada
com o objetivo de formular políticas e executar as ações necessárias, no âmbito do Go-
verno Federal, à preservação e à melhoria da qualidade do ar. A GQA tem como atri-
buições formular políticas de apoio e fortalecimento institucional aos demais órgãos
do SISNAMA, responsáveis pela execução das ações locais de gestão da qualidade do
ar, que envolvem o licenciamento ambiental, o monitoramento da qualidade do ar, a
192
Material Complementar
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1 Em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/fontes-fi-
xas>. Acesso em: 19 mar. 2018.
2 Em: <http://gizmodo.uol.com.br/formacao-nevoeiro-londres/>. Acesso em: 19
mar. 2018.
3 Em: <https://www.ecycle.com.br/component/content/article/63-meio-ambien-
te/4175-inversao-termica-fenomeno-poluicao-do-ar-problemas-saude-centros-
-urbanos-fontes-emissoras-dispersao-chamine-fabricas-topografia-direcao-ven-
tos-clima-transportes-combustao-poluentes-troposfera-temperatura-medidas-
-diminuicao.html>. Acesso em: 19 mar. 2018.
4 Em: <http://www.mma.gov.br/cidades-sustentaveis/qualidade-do-ar/padroes-
-de-qualidade-do-ar>. Acesso em: 19 mar. 2018.
GABARITO
1. A
2. B
3. A
4. C
5. A
Professor Me. Gustavo Affonso Pisano Mateus
Professora Me. Renata Cristina de Souza Chatalov
A POLÍTICA AMBIENTAL
V
UNIDADE
NO BRASIL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a legislação ambiental pertinente.
■■ Conceituar Gestão Ambiental Empresarial e suas diferentes
aplicações. Bem como as certificações da família ISO.
■■ Conceituar produção mais limpa.
■■ Apresentar e conceituar Auditoria Ambiental, bem como as
normatizações envolvidas nos processos de certificação.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Legislação Pertinente
■■ A Gestão Ambiental de Empresas
■■ Produção mais limpa
■■ Auditoria Ambiental
201
INTRODUÇÃO
Introdução
202 UNIDADE V
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
corretivas e não preventivas, a partir da década de 1970, tiveram início algumas
medidas preventivas através de políticas governamentais.
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
204 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
dignidade humana. O meio ambiente como um todo é considerado patrimônio
público que deve ser protegido, tendo em vista o uso coletivo (BRASIL, 1981).
Com essa Lei, foi instituído o Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA),
responsável pela proteção e melhoria do meio ambiente e constituído por órgãos e
entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Podemos
observar os componentes do SISNAMA no Quadro 1.
ÓRGÃO COMPONENTE
II - o zoneamento ambiental;
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
206 UNIDADE V
fesa Ambiental;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
doras e/ou utilizadoras dos recursos ambientais.
Essa lei tem com principal objetivo proteger o meio ambiente, define que o poder
público deve disciplinar e fiscalizar o uso racional do solo, da água, da fauna e
da flora. O Estado também deve realizar zoneamentos agroecológicos, buscando
ordenar a ocupação de atividades produtivas, desenvolver programas de educa-
ção ambiental e incentivar a produção de mudas de espécies nativas.
Também conhecida como a Lei dos Recursos Hídricos ou Lei das Águas, que
instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de
Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH). Segundo a Lei das Águas, a
Política Nacional de Recursos Hídricos tem seis fundamentos. A água é consi-
derada um bem de domínio público e um recurso natural limitado, dotado de
valor econômico, sendo sua gestão baseada em usos múltiplos (abastecimento,
energia, irrigação, indústria etc.) (BRASIL, 1997).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O instrumento legal prevê que a gestão dos recursos hídricos deve propor-
cionar os usos múltiplos das águas, de forma descentralizada e participativa,
contando com a participação do Poder Público, dos usuários e das comunida-
des. O consumo humano e de animais é prioritário em situações de escassez
(BRASIL, 1997).
LEGISLAÇÃO PERTINENTE
208 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 1 - Reciclagem e aproveitamento de resíduos
■■ novos produtos;
GESTÃO AMBIENTAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a administração do uso dos recursos ambientais, por meio de ações ou
medidas econômicas, investimentos e potenciais institucionais e jurídi-
cos, com a finalidade de manter ou recuperar a qualidade de recursos
e desenvolvimento social. Dessa maneira, temos uma sociedade e em-
presas mais preocupadas e conscientes de suas responsabilidades frente
à exploração dos recursos naturais, assim, surgiu a necessidade de uma
gestão mais especializada, com uma visão estratégica no que diz respei-
to à exploração dos recursos de maneira mais racional.
Dessa forma, podemos afirmar que a gestão ambiental iniciou a partir da necessi-
dade de o homem organizar sua maneira de relacionar-se com o meio ambiente.
De acordo com Valle (2002, p. 39), a gestão ambiental consiste em:
um conjunto de medidas e procedimentos definidos e adequadamente
aplicados que visam reduzir e controlar os impactos introduzidos por
um empreendimento sobre o meio ambiente.
ANO DESCRIÇÃO
1996 Emissão da norma ISO 14001 (primeira versão) - teve adesões sem
escala crescente por parte das empresas internacionais e nacionais.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
formas de desenvolvimento que não sejam prejudiciais ao Planeta.
2012 Rio + 20: uma das grandes discussões da Conferência foi acerca do
papel de uma instância global que seja capaz de unir as metas de
preservação do meio ambiente com as necessidades contínuas de
progresso econômico, isto é, progredir sem agredir o meio ambiente.
Existem três diferentes abordagens de que as empresas podem se valer para lida-
rem com problemas ambientais: controle da poluição, prevenção da poluição e
estratégica. O Controle da poluição, para Barbieri (2016), é caracterizado por
práticas administrativas e operacionais que têm por intuito impedir os efeitos
da poluição gerada por certo processo produtivo. Aqui as ações ambientais são
c) aumento da produtividade;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
f) melhores relações com autoridades públicas, comunidade e grupos
ambientais ativistas;
ABORDAGEM DO
ABORDAGEM DA A B O R D A G E M
CARACTERÍSTICAS CONTROLE DA
POLUIÇÃO ESTRATÉGICA
POLUIÇÃO
Preocupação Cumprir legisla- Uso eficiente dos Ccompetitividade
básica ção e respostas insumos.
as pressões da
comunidade.
Postura reativa reativa e proativa reativa e proativa
Ações típicas Corretivas; uso de Corretivas e Corretivas, pre-
tecnologias de re- preventivas; ventivas e anteci-
mediação e fim de conservação e patórias.
tubo; aplicações substituição de
de normas de insumos; tecnolo-
saúde e segurança gias limpas.
do trabalho.
Percepção dos custo adicional Redução do custo; Vantagens compe-
empresários aumento de pro- titivas.
dutividade.
LICENCIAMENTO AMBIENTAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tante compreendermos que essas licenças não dispensam o empreendedor da
obtenção de outras autorizações ambientais específicas junto aos órgãos compe-
tentes, a depender da natureza do empreendimento e dos recursos ambientais
envolvidos. Por exemplo, se temos uma indústria que for utilizar algum recurso
hídrico em sua atividade, também é necessária a outorga de direito de uso do
recurso hídrico, de acordo os preceitos da Lei 9.433/97, que institui a Política
Nacional de Recursos Hídricos.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
rão de limite para o funcionamento do empreendimento ou da atividade;
3. Especifica as condicionantes determinadas para a operação do empre-
endimento, cujo cumprimento é obrigatório, sob pena de suspensão ou
cancelamento da operação.
Cada uma das licenças ambientais tem prazos de validade que estão apresenta-
das no Quadro 4.
Quadro 4 - Prazos de validade das Licenças ambientais
TIPO DE PRAZO
PRAZO MÍNIMO
LICENÇA MÁXIMO
Licença 5 anos Prazo estabelecido pelo cronograma de planos, pro-
Prévia (LP) gramas e projetos relativos à atividade ou ao empre-
endimento. Esse prazo poderá ser prorrogado desde
que não ultrapasse o prazo máximo da licença.
Licença de 6 anos
Instalação
(LI)
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Uso de recursos naturais (silvicultura, exploração econômica da madeira
ou lenha e subprodutos florestais, atividade de manejo de fauna exótica e
criadouro de fauna silvestre e outros).
As normas ISO 14000 são uma família de normas que procuram estabelecer
ferramentas e sistemas para gestão ambiental de uma organização, buscam a
padronização de algumas ferramentas-chave de análise, tais como a auditoria
NORMA DESCRIÇÃO
ISO 14024 Rotulagem Ambiental - Guia para Certificação com Base em Análi-
se Multicriterial
A principal norma da família ISO 14000 é a ISO 14001, que estabelece os requi-
sitos necessários para implementação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA),
que tem por objetivo gerir a organização dentro de um SGA certificável, estru-
turado e integrado à atividade geral de gestão, buscando apresentar requisitos
que sejam aplicáveis a qualquer tipo e tamanho de organização (SEIFFERT,
2011). Segundo Barbieri (2016), de forma sucinta, o SGA proposto deve cum-
prir estes requisitos:
■■ Política Ambiental;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Planejamento;
■■ Implementação e Operação;
■■ Verificação e Ação Corretiva.
No que diz respeito à Política Ambiental, é preciso que a alta administração defina
sua política ambiental e assegure que ela (BRASIL, 2015, p. 8):
• seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de
suas atividades, produtos ou serviços;
ISO 14001
A ISO 14001 pode ser implementada e aplicada por qualquer tipo de organiza-
ção de todos os portes e segmentos. É uma norma aplicável para empresas que
desejam (ROBLES JR, 2003, p. 136):
A primeira edição da ISO 14001 foi no ano de 1996, a segunda edição em 2004,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ISO 14001:2015
Após onze anos da publicação da última revisão da norma ISO 14001 (em 2004),
no segundo semestre de 2015, ocorreu o lançamento oficial da ISO 14001:2015,
que estabelece os requisitos para implementação e certificação do Sistema de
Gestão Ambiental (SGA). Essa nova versão teve várias modificações que ocor-
reram para adaptar a norma de acordo com a estrutura do Anexo SL, que tem
por intuito criar uma estrutura padrão para todas as normas que orientam a
implantação e a certificação dos sistemas de gestão.
O prazo final para transição das empresas que têm a certificação ISO
14001:2004 é até o final de 2018. As empresas certificadas pela versão de
2004, da ISO 14001, precisam fazer a transição em 2018.
Fonte: adaptado de ABNT (2017).
Dessa maneira, de acordo com a ABNT (2015), a nova estrutura da ISO 14001,
também proposta no anexo SL é:
■■ Introdução;
■■ Escopo;
■■ Referência normativa;
■■ Termos e definições;
■■ Contexto da organização;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Liderança;
■■ Planejamento;
■■ Apoio;
■■ Operação;
■■ Avaliação de desempenho;
■■ Melhoria.
Essa estrutura da nova versão é a mesma ISO 9001 que aborda o Sistema de
Gestão de Qualidade (SGQ). A estrutura que sustenta um SGA é baseada no
ciclo PDCA (Plan-Do-Check-Act). O ciclo PDCA fornece um processo interativo
utilizado pelas organizações para alcançar a melhoria contínua. Esse ciclo pode
ser aplicado a um sistema de gestão ambiental e a cada um dos seus elementos
individuais (ABNT, 2015). A Figura 3 apresenta-nos a estrutura da norma ISO
14001:2015 integrada ao ciclo PDCA:
0. Introdução
1. Escopo
2. Referências normativas
3. Termos e definições
4. Contexto da organização:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
4.1 Entendendo a organização e seu contexto.
7. Apoio
7.1 Recursos
7.2 Competência
7.3 Conscientização
7.4 Comunicação
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
7.4.1 Generalidades
7.5.1 Generalidades
8. Operação
9. Avaliação de desempenho
9.1.1 Generalidades
9.2.1 Generalidades
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
9.2.2 Programa de auditoria interna
10. Melhoria
10.1 Generalidades
AGIR
10.2 Não conformidade e ação corretiva
Durante o ano de 1989, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA) introduziu o conceito de produção mais limpa para definir a apli-
cação contínua de uma estratégia ambiental preventiva e integral que envolve
processos, produtos e serviços, de maneira que se previnam ou reduzam os ris-
cos de curto ou longo prazo para o ser humano e o meio ambiente (DIAS, 2017).
A produção mais limpa (P+L) adota os procedimentos, a saber:
■■ Processos de produção: conservando as matérias-primas e energia, eli-
minando aquelas que são tóxicas bem como reduzindo a quantidade e a
toxicidade de todas as emissões e resíduos.
■■ Produtos: buscando reduzir os impactos ambientais negativos ao longo
do ciclo de vida do produto, desde a extração da matéria-prima até a dis-
posição final.
■■ Serviços: incorporando as preocupações ambientais no projeto e forne-
cimento de serviços.
Para o CNTL (1999), a produção mais limpa é uma aplicação contínua de uma
estratégia ambiental, econômica e tecnológica que está integrada aos processos
e produtos, com o intuito de aumentar a eficiência no uso de matérias-primas,
energia, água, por meio da não geração, minimização ou reciclagem de resíduos
gerados. A Figura 4 apresenta-nos os níveis de P+L:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Emissões e ruídos que continuam sendo gerados nos processos devem ser reu-
tilizados internamente, como apresentado no nível 2. Já no nível 3, quando não
existe a possibilidade do resíduo ou da emissão ser utilizado na própria uni-
dade produtiva que o gerou, pode ser feita a reciclagem externa, por meio de
doações ou venda. Caso isso ainda não seja possível, podem ser tratados para
serem assimilados no meio ambiente, como a compostagem (ciclos biogênicos)
(BARBIERI, 2016).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Qualidade Total (TQM). A Administração da Qualidade Total (TQM) tem
como meta o defeito zero, e a Administração da Qualidade Ambiental Total tem
como meta a poluição zero. Para alcançar seus objetivos ambientais, a TQEM
utiliza ferramentas típicas da qualidade, como diagrama de causa e efeito, ben-
chmarking, diagramas de fluxos de processos, gráfico de Pareto e ciclo PDCA
(BARBIERI, 2016). Veja no Quadro 7:
FERRAMENTA DESCRIÇÃO
Ciclo PDCA Do inglês, plan, do, check, act, propõe a análise dos processos
com vistas à sua melhoria.
Diagrama de Sua representação é comparada a uma espinha de peixe, em
causa e efeito que, na coluna do meio, sinalizada por uma seta, é representado
o efeito ou a consequência e, na parte lateral, acima e abaixo da
seta, estão as causas que interferem no processo.
Gráfico de Pode ser utilizado, para classificar causas que atuam em um pro-
Pareto cesso com maior ou menor intensidade, ou, ainda, com diferen-
tes níveis de importância.
Lista de É um método pelo qual se faz a constatação de quantas vezes
verificação algo ocorre e mostra a frequência de sua ocorrência. Também,
(checklist) é conhecida como folha de checagem. É uma das ferramentas
mais simples e mais eficientes para analisar o desenvolvimento
de atividades ao longo de um processo.
Ecoeficiência
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
humana e/ou na melhoria da qualidade de vida.
2. Fornecerem informação aos tomadores de decisão, com o objetivo de
melhorar o desempenho da organização.
3. Reconhecerem a diversidade inerente a cada negócio.
4. Apoiarem o benchmarking e monitorarem a evolução do desempenho.
5. Serem claramente definidos, mensuráveis, transparentes e verificáveis.
6. Serem compreensíveis e significativos para as várias partes interessadas.
7. Basearem-se em uma avaliação geral da atividade da empresa, dos produ-
tos e dos serviços, concentrando-se, principalmente, nas áreas controladas
diretamente pela gestão.
8. Levarem em consideração questões relevantes e significativas, relacio-
nadas com as atividades da empresa, a montante (ex.: fornecedores) e a
jusante (ex.: utilização do produto) (BARBIERI, 2016).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AUDITORIA AMBIENTAL
Agora que vimos as formas de gestão ambiental, veremos como funciona a cer-
tificação e a auditoria ambiental.
CERTIFICAÇÃO
O SGA pode ser criado e implementado para alcançar diversos objetivos. A norma
ISO 14001 pode ser aplicada a qualquer organização que deseja (DIAS, 2017):
■■ Estabelecer, implementar e aprimorar um SGA;
■■ Assegurar sua conformidade com a Política Ambiental;
■■ Demonstrar conformidade com essa norma ao: fazer uma autodeclaração
ou autoafirmação; buscar confirmação da sua conformidade por partes
interessadas na organização; buscar confirmação de sua autodeclaração
por meio de uma organização externa; buscar certificação ou registro de
AUDITORIA AMBIENTAL
238 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Simplificar e uniformizar procedimentos administrativos e operacionais;
■■ Consolidar a credibilidade junto a clientes, fornecedores e colaboradores.
Em auditorias ambientais, os critérios devem ser realizados com base na ISO NBR
14001 e também na resolução do CONAMA 306/2002, que estabelece os requi-
sitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais.
Quanto aos tipos, as auditorias ambientais podem ser: de conformidade legal,
AUDITORIA AMBIENTAL
240 UNIDADE V
de fornecedores.
As auditorias focadas em questões ambientais, para Barbieri (2016), são
específicas e utilizadas para detectar problemas e oportunidades em áreas ou
atividades, a saber:
■■ Fontes de controle de poluição;
■■ Uso de energia;
■■ Pesquisas e desenvolvimento;
■■ Uso, armazenagem, manuseio, transporte de produtos controlados;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Subprodutos e desperdícios;
■■ Sítios contaminados;
■■ Estações de tratamento de águas residuárias;
■■ Reformas e manutenções de prédios e instalações;
■■ Panes, acidentes e medidas de emergência;
■■ Saúde ocupacional e segurança do trabalho.
A Norma Técnica 19011 (ABNT, 2012) consiste nas Diretrizes para Auditorias
de Sistemas de Gestão. Essa norma tem como escopo fornecer as orientações
acerca das auditorias de sistemas de gestão. Nela, estão incluídos os princípios
de auditoria, a gestão de um programa de auditoria, a realização de auditorias
de sistema de gestão, assim como orientação acerca da avaliação da competência
de pessoas envolvidas no processo de auditoria, incluindo a pessoa que gerencia
o programa, os auditores e a equipe de auditoria (BRASIL, 2012).
A ISO 19011:2012 não estabelece requisitos, entretanto oferece as diretrizes
a respeito da gestão de um programa de auditoria, do planejamento e da rea-
lização de uma auditoria de sistema de gestão bem como da competência e da
avaliação de um auditor e de uma equipe auditora (ABNT, 2012). Essa norma
AUDITORIA AMBIENTAL
242 UNIDADE V
pode ser aplicável a qualquer tipo de organização que necessita realizar audi-
torias internas e/ou externas de sistemas de gestão ou gerenciar um programa
de auditoria. A ABNT 2012 define auditoria como sendo “processo sistemático,
documentado e independente para obter evidência de auditoria e avaliá-las,
objetivamente, para determinar a extensão na qual os critérios da auditoria são
atendidos” (ABNT, 2012, p. 6).
De acordo com a norma ABNT NBR ISO 19011:2012, temos:
■■ Evidência de auditoria: registros, apresentação de fatos ou outras infor-
mações pertinentes aos critérios de auditoria e verificáveis.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Critério de auditoria: conjunto de políticas, procedimentos ou requisitos
usados como uma referência na qual a evidência de auditoria é comparada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
244
2. “Informação que se requer que seja controlada e mantida por uma organiza-
ção e ao meio no qual ela está contida”. Estamos falando do(a):
a. Informação documentada.
b. Risco.
c. Requisito.
d. Política Ambiental.
e. ISO 14001.
247
4. Atuar (Act)
( ) Refere-se à correção de erros ou falhas.
A sequência correta é:
a. 1, 2, 3, 4.
b. 4, 3, 2, 1.
c. 3, 4, 2, 1.
d. 2, 3, 1, 4.
e. 2, 4, 1, 3.
MATERIAL COMPLEMENTAR
Material Complementar
REFERÊNCIAS
1) C.
2) A.
3) A.
4) A.
5) D.
253
CONCLUSÃO