Análise Das DC

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ANÁLISE DAS

DEMONSTRAÇÕES
CONTÁBEIS

Professor Me. José Manoel da Costa

GRADUAÇÃO

Unicesumar
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor Executivo de EAD
William Victor Kendrick de Matos Silva
Pró-Reitor de Ensino de EAD
Janes Fidélis Tomelin
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi

NEAD - Núcleo de Educação a Distância


Diretoria Executiva
Chrystiano Mincoff
James Prestes
Tiago Stachon
Diretoria de Design Educacional
Débora Leite
Diretoria de Graduação e Pós-graduação
Kátia Coelho
Diretoria de Permanência
Leonardo Spaine
Head de Produção de Conteúdos
Celso Luiz Braga de Souza Filho
Gerência de Produção de Conteúdo
Diogo Ribeiro Garcia
Gerência de Projetos Especiais
Daniel Fuverki Hey
Supervisão do Núcleo de Produção
de Materiais
Nádila Toledo
Supervisão Operacional de Ensino
Luiz Arthur Sanglard
Coordenador de Conteúdo
Juliana Moraes da Silva
Designer Educacional
Kaio Vinicius Cardoso Gomes
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a
Arte Capa
Distância; COSTA, José Manoel da.
Arthur Cantareli Silva
Análise das Demonstrações Contábeis. José Manoel da Costa. Ilustração Capa
Maringá-Pr.: UniCesumar, 2017. Reimpresso em 2021. Bruno Pardinho
216 p.
Editoração
“Graduação - EaD”.
Kleber Ribeiro da Silva
1. Análise. 2. Demonstrações Contábeis. 3. EaD. I. Título. Qualidade Textual
Silvia Caroline Gonçalves
ISBN 978-85-459-0878-4 Cintia Prezoto Ferreira
CDD - 22 ed. 657
Ilustração
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Marta Sayuri Kakitani
Marcelo Yukio Goto

Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário


João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828

Impresso por:
Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos
com princípios éticos e profissionalismo, não so-
mente para oferecer uma educação de qualidade,
mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in-
tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos
em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e
espiritual.
Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos
de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de
100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil:
nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba,
Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos
EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e
pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros
e distribuímos mais de 500 mil exemplares por
ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma
instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos
consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos
educacionais do Brasil.
A rapidez do mundo moderno exige dos educa-
dores soluções inteligentes para as necessidades
de todos. Para continuar relevante, a instituição
de educação precisa ter pelo menos três virtudes:
inovação, coragem e compromisso com a quali-
dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de
Engenharia, metodologias ativas, as quais visam
reunir o melhor do ensino presencial e a distância.
Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é
promover a educação de qualidade nas diferentes
áreas do conhecimento, formando profissionais
cidadãos que contribuam para o desenvolvimento
de uma sociedade justa e solidária.
Vamos juntos!
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está
iniciando um processo de transformação, pois quando
investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou
profissional, nos transformamos e, consequentemente,
Pró-Reitor de
Ensino de EAD
transformamos também a sociedade na qual estamos
inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu-
nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de
alcançar um nível de desenvolvimento compatível com
os desafios que surgem no mundo contemporâneo.
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo
Diretoria de Graduação
e Pós-graduação este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica
e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con-
tribuindo no processo educacional, complementando
sua formação profissional, desenvolvendo competên-
cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em
situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado
de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal
objetivo “provocar uma aproximação entre você e o
conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento
da autonomia em busca dos conhecimentos necessá-
rios para a sua formação pessoal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cresci-
mento e construção do conhecimento deve ser apenas
geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos
que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita.
Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu
Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns
e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis-
cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe
de professores e tutores que se encontra disponível para
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
AUTOR

Professor Me. José Manoel da Costa


Mestrado em Metodologias para o Ensino de Linguagens e suas Tecnologias
(UNOPAR, 2014/2016). Especialização em Contabilidade Geral e Auditoria
(UEL, 1994/1995). Graduação em Ciências Contábeis (UEL, 1987/1993). Atua
como coordenador dos Cursos Superior de Tecnologia em Gestão Financeira
e em Marketing na UNICNEC CEAD a partir de abr-2018. Ex-coordenador
dos cursos Bacharelado em Ciências Contábeis e Superior de Tecnologia
em Gestão Financeira do Núcleo de Educação a Distância da UNICESUMAR
- Maringá de dez-2014 a mar-2018.Ex-coordenador (graduação) do Curso
Bacharelado em Ciências Contábeis, ex-coordenador (pós-graduação)
dos cursos Especialização em Contabilidade, Perícia e Auditoria e MBA em
Finanças Empresariais (UNOPAR, 2007-2014). Professor e autor de mais de 20
livros didáticos de diversas disciplinas nas áreas contábil e administrativa, tais
como: Contabilidade Básica, Contabilidade Geral, Contabilidade Introdutória,
Contabilidade Empresarial e Trabalhista, Contabilidade Industrial, Análise das
Demonstrações Contábeis, Administração Financeira e Orçamentária, Ética
e Legislação Profissional, etc. Atua na área contábil administrativa desde
1983 em empresas de diversos ramos de atividades econômicas: cooperativa
agropecuária, indústria cervejeira e moveleira, usina de açúcar e álcool,
concessionária de veículos, comércio, agropecuária etc. Tem experiência na
área de Administração, com ênfase em Contabilidade e Finanças, atuando
principalmente nos seguintes temas: indústria, ensino, tecnologia, comércio
e prestação de serviços. Palestrante de Finanças Pessoais.

http://lattes.cnpq.br/8720424420446751
APRESENTAÇÃO

ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

SEJA BEM-VINDO(A)!
Caro(a) aluno(a), este será o nosso material de estudo. Ele não é exclusivo aos alunos de
contabilidade, mas é importante que você já tenha estudado os conceitos fundamen-
tais de contabilidade, o processo contábil e as demonstrações financeiras ou contábeis.
Além dos profissionais da contabilidade, todos os demais envolvidos na gestão, princi-
palmente a gestão financeira, precisam saber interpretar e analisar as demonstrações
para que a tomada de decisões seja feita de forma assertiva, contribuindo na gestão
empresarial.
Para rever os conteúdos já estudados sobre as demonstrações e facilitar o desenvolvi-
mento deste estudo, vamos trazer, na Unidade I, os conceitos e fundamentos das de-
monstrações obrigatórias e a estrutura para análise dos aspectos práticos das demons-
trações Balanço Patrimonial e Demonstrações de Resultados, visto que a continuidade
dos estudos tratará destas demonstrações como base para cálculos e contextualização
prática. No Balanço Patrimonial, vamos encontrar informações para realizar, além das
análises vertical e horizontal, os estudos sobre a situação financeira e patrimonial da em-
presa, e as informações das Demonstrações de Resultados serão utilizadas para analisar
a situação econômica. Assim, todo o estudo sobre a saúde financeira, estrutura patrimo-
nial e resultado econômico poderão ser estudados com demonstração prática dos cál-
culos e interpretação dos índices tomando como base as demonstrações da Unidade I.
Na Unidade II, vamos comentar sobre as principais técnicas de análise utilizadas, tendo
em vista que há diversos indicadores de análise e técnicas. Entretanto, mais relevante é a
utilidade da informação aos usuários internos e externos, já que cada um deles tem uma
necessidade específica ao analisar as demonstrações: enquanto o acionista se preocupa
mais com o retorno, as instituições financeiras, por sua vez, volta-se à condição da em-
presa em pagar seus compromissos. Nesta unidade, vamos conceituar análise vertical e
horizontal e utilizar as demonstrações da Unidade I para calcular tais análises, realizan-
do, também, uma análise conjunta, misturando a vertical e horizontal.
Um ponto importante na análise empresarial é a análise da própria gestão, isto é, aná-
lise da empresa feita pelos seus gestores. O objetivo principal da análise da gestão dos
recursos é verificar se o planejado está sendo realizado, pois tal prática serve para medir
a eficiência e eficácia da gestão empresarial.
Na Unidade III, faremos a análise da gestão dos recursos, calculando o giro dos recursos
e os prazos médios de realização. O objetivo principal é calcularmos o ciclo operacional
e financeiro, pois, dessa forma, podemos saber se o planejamento estratégico está sen-
do operacionalizado como planejado.
Ao chegarmos na Unidade IV, vamos ao ponto focal na análise empresarial: a análise
pelos índices econômico-financeiros, mas sem desconsiderar os estudos das outras uni-
dades, uma vez que cada uma tem a sua finalidade neste estudo.
É nesta unidade que vamos radiografar detalhadamente a empresa para verificarmos se
existe o equilíbrio ideal dos recursos em três aspectos primordiais: a situação financeira,
APRESENTAÇÃO

a situação patrimonial e a situação econômica. Se houver deficiência em um destes


pilares, o equilíbrio ideal da empresa estará comprometido. É possível encontrar-
mos, por exemplo, empresas com a situação financeira favorável, mas com a patri-
monial e econômica deficitárias. Desse modo, os índices servirão para mostrar os
pontos a serem melhorados, a fim de que o equilíbrio se restabeleça; caso contrário,
a continuidade dos negócios, em pouco tempo, ficará comprometida. Isso também
pode acontecer em quaisquer outras situações deficitárias, como a situação econô-
mica favorável e a financeira e patrimonial deficitárias.
Vamos estudar, na Unidade V, além dos índices-padrão, a consolidação dos índices
já calculados e analisados. É como se colocássemos à mesa diversos exames labo-
ratoriais de um mesmo paciente para verificarmos a correlação entre eles e, então,
identificarmos as necessidades de medicação ou intervenção cirúrgica para viabili-
zar a ele uma saúde plena. Para isso, uma ferramenta muito importante é a fórmula
Dupont de análise empresarial; ela não traz um índice novo, mas uma nova forma
de analisar a empresa com os índices já calculados. Em sua utilização original, ana-
lisamos o ROA por enfoques diferentes, e na utilização ajustada é feita a análise do
ROE para que todos os aspectos relacionados aos recursos econômicos, financeiros
e patrimoniais sejam minuciosamente verificados.
Nesta unidade, estudaremos, também, o termômetro de Kanitz, o qual é fruto de
um estudo feito há mais de quatro décadas, mas que nos dá uma boa base para
analisarmos estatisticamente a empresa por meio da análise discriminante, na qual
é feita a ponderação de uma cesta de índices para encontrarmos um índice novo,
um índice geral da empresa.
Para finalizarmos a Unidade V, estudaremos a análise financeira dinâmica, que nos
dará informações importantes sobre a empresa por meio do Capital Circulante Lí-
quido, Investimento Operacional em Giro e Saldo de Tesouraria. Assim, você terá
conteúdos que o levará ao aprendizado completo sobre a análise das demonstra-
ções financeiras ou contábeis, iniciando com a estrutura das principais demonstra-
ções, passando pela análise vertical e horizontal, análise das situações financeira,
patrimonial e econômica e finalizando com os cálculos de índices-padrão e análise
financeira dinâmica.
Vamos aos estudos? Sucesso sempre!
09
SUMÁRIO

UNIDADE I

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E


ADEQUAÇÕES

15 Introdução

16 Balanço Patrimonial

25 Demonstrações de Resultados

30 Outras Demonstrações

40 Adequações para Análise

44 Considerações Finais

51 Referências

52 Gabarito

UNIDADE II

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL

55 Introdução

56 O Que é a Análise das Demonstrações?

60 Análise Vertical

67 Análise Horizontal

77 Visão Conjunta: Av-Ah

82 Considerações Finais

87 Referências

88 Gabarito
10
SUMÁRIO

UNIDADE III

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO

91 Introdução

92 Giro dos Recursos

98 Prazos Médios

107 Ciclo Completo de Atividades

117 Considerações Finais

123 Referências

124 Gabarito

UNIDADE IV

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL

127 Introdução

128 Situação Financeira

137 Situação Patrimonial

149 Situação Econômica

164 Considerações Finais

170 Referências

171 Gabarito


11
SUMÁRIO

UNIDADE V

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL

175 Introdução

176 Índices-Padrão

185 Relatório da Análise

191 Fórmula Dupont

196 Análise Financeira Dinâmica

207 Considerações Finais

213 Referências

214 Gabarito

215 CONCLUSÃO
Professor Me. José Manoel da Costa

I
DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

UNIDADE
OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA
E ADEQUAÇÕES

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar a estrutura do BP para entender os grupos de contas.
■■ Entender o resultado da empresa por meio do conhecimento da
estrutura da DRP e da DRA.
■■ Considerar as demais demonstrações contábeis na análise
empresarial.
■■ Conhecer as principais necessidades de adequações das
demonstrações para fins de análise.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Balanço Patrimonial
■■ Demonstrações de Resultados
■■ Outras Demonstrações
■■ Adequações para Análise
15

INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), vamos começar os estudos sobre a análise das demonstrações


financeiras ou contábeis por meio desta unidade, a qual é dedicada a rever alguns
conceitos e dar um enfoque prático sobre as principais demonstrações que ser-
vem de base para a análise.
Na contabilidade, utilizamos os fatos contábeis como matéria-prima, os quais
são processados de acordo as normas contábeis para chegarmos ao produto final
da contabilidade: as demonstrações ou relatórios contábeis, que visam evidenciar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a situação financeira, patrimonial e econômica de uma organização empresarial.


No meio empresarial, o produto final de uma indústria, muitas vezes, é a
matéria-prima de outra. Na contabilidade, as demonstrações - produto final do
processo contábil - são matérias-primas (dados) para a análise empresarial. As
demonstrações financeiras ou contábeis são utilizadas por diversos usuários, cada
um com o seu objetivo, devendo proporcionar informações relevantes e fide-
dignas sobre a situação patrimonial - ativos, passivos e patrimônio líquido - e
sobre a situação econômica - receitas, custos, despesas e o resultado do período.
Todos os gestores precisam entender as demonstrações financeiras ou contá-
beis para utilizá-las da forma correta nas tomadas de decisões. A contabilidade,
as demonstrações e a análise das demonstrações não são temas restritos aos estu-
dantes e profissionais da contabilidade, mas são indicados a todos os gestores,
principalmente os da área financeira, que devem compreender as demonstrações
para fazerem a interpretação e análise correta da situação financeira, patrimo-
nial e econômica.
Abordaremos, nesta primeira unidade, aspectos conceituais e práticos sobre
as principais demonstrações utilizadas para análise. Iremos aprender, também,
a ajustar valores nas demonstrações, preparando-as para a análise de acordo
com a necessidade de cada usuário. Os valores das demonstrações que utiliza-
remos têm como base uma empresa real, no entanto, fizemos alguns ajustes para
melhorar o aspecto didático.
Vamos em frente? Bom estudo!

Introdução
16 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial é uma demonstração financeira obrigatória, segundo a


Lei 6.404/76 (BRASIL, 1976), com alterações posteriores, que corresponde a um
dos relatórios mais importantes no processo decisório, podendo ser comparado,
de forma figurativa, à “fotografia” de uma empresa em uma determinada data.
O Balanço Patrimonial reflete a posição da estrutura patrimonial em deter-
minada data. É um relatório que informa a situação dos elementos patrimoniais
do ativo, passivo e patrimônio líquido. Podemos defini-lo como a representação
estática do patrimônio de uma entidade.
O fato de o Balanço Patrimonial evidenciar o valor do patrimônio em uma
determinada data implica que, no momento seguinte, um fato relevante sub-
sequente poderá alterar este balanço, positiva ou negativamente, por isso a
necessidade de elaborar demonstrações mensalmente.
Ao avaliar se um item se enquadra na definição de ativo, passivo ou patrimô-
nio líquido, deve-se atentar para a sua essência subjacente e realidade econômica
e não apenas para sua forma legal. Assim, por exemplo, no caso do arrendamento
mercantil financeiro, a essência subjacente e a realidade econômica são a de que
o arrendatário adquire os benefícios econômicos do uso do ativo arrendado pela

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


17

maior parte da sua vida útil, em contraprestação de aceitar a obrigação de pagar


por esse direito um valor próximo do valor justo do ativo e o respectivo encargo
financeiro. Dessa forma, o arrendamento mercantil financeiro dá origem a itens
que satisfazem a definição de ativo e de passivo e, portanto, devem ser reconhe-
cidos como tais no balanço patrimonial do arrendatário.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ATIVO

De forma simples, podemos afirmar que os bens e direitos compõem os ativos


de uma empresa, sendo assim, dinheiro em caixa, saldo em bancos, mercadorias
em estoques, contas a receber, veículos, móveis, imóveis, máquinas e outros bens
e direitos formam os ativos, mas, conceitualmente, na NBC TG - ESTRUTURA
CONCEITUAL, aprovada pela Resolução CFC nº 1.374/11, vemos que “ativo
é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e
do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade”
(CFC, 2011).
Uma característica do ativo é o fato de ser resultado de eventos passados.

Balanço Patrimonial
18 UNIDADE I

Normalmente, uma entidade obtém ativos por meio de sua compra ou produ-
ção, mas um bem móvel ou imóvel recebido em doação, seja de pessoas físicas
ou jurídicas ou de ente governamental também é exemplo de eventos passados.
A principal característica que se pode visualizar em um ativo é o benefício
futuro que pode advir desse bem ou direito. Quando dizemos que para ser con-
siderado um ativo devemos ter expectativa de futuros benefícios econômicos,
estamos nos referindo ao potencial que um determinado elemento patrimonial
tem em contribuir, direta ou indiretamente, na geração de caixa para a entidade,
esse potencial pode ser produtivo ou na capacidade de reduzir saídas de caixa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ou reduzir os custos de produção.
O lado esquerdo do balanço patrimonial mostra a aplicação dos recursos
à disposição da gestão, no qual é possível ver o que foi feito com o dinheiro ou
onde os recursos da empresa estão.

Quadro 1 - Balanço Patrimonial - Lado esquerdo

ATIVO x3 x2 x1
Ativo Circulante 2.963.415 3.319.459 3.365.369

Caixa e Equivalentes 202.452 590.400 391.763


Títulos e Valores Mobiliários 566.954 497.623 450.979
Clientes 419.616 430.549 616.585
Estoques 1.336.954 1.343.741 1.465.553
Partes relacionadas 51.078 88.140 93.895
Tributos a Recuperar 291.719 333.475 295.205
Outros ativos Circulantes 94.642 35.531 51.389
Ativo Não Circulante 2.208.610 2.238.114 1.892.003
Realizável a Longo Prazo 745.925 755.647 516.168
Investimentos 439.669 440.930 364.397
Imobilizado 558.193 577.811 565.358
Intangível 464.823 463.726 446.080
TOTAL DO ATIVO 5.172.025 5.557.573 5.257.372
Fonte: o autor.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


19

Pensando que o ativo é formado por bens e direitos, como você classificaria
os recursos em contas correntes bancárias? São bens ou direitos? Por quê?

Circulante

Representa todos os bens e direitos considerados como ativo da empresa e que


possam ser transformados em dinheiro no chamado curto prazo, ou seja, até doze
meses após a data do balanço. Esse grupo também é conhecido como “Capital
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

de Giro” da entidade e, como o próprio nome expressa, contribuirá para o giro,


a realização das atividades necessárias da entidade.
O Ativo Circulante pode ser classificado em quatro subgrupos:
■■ Disponibilidades:
■■ Recursos (dinheiro) em caixa.
■■ Recursos em contas correntes bancárias.
■■ Recursos em aplicações de resgate imediato.
■■ Outros equivalentes.
■■ Créditos:
■■ Valores a receber de clientes.
■■ Valores pagos antecipadamente a fornecedores.
■■ Valores adiantados aos empregados.
■■ Valores de impostos a compensar.
■■ Outros equivalentes.
■■ Estoques:
■■ Produtos produzidos pela empresa.
■■ Produtos em produção.
■■ Materiais a utilizar na produção ou consumo.
■■ Mercadorias para revenda.

Balanço Patrimonial
20 UNIDADE I

■■ Outros:
■■ Pagamentos antecipados diversos.
■■ Juros a apropriar em períodos seguintes.

Mais à frente, vamos classificar os valores do Ativo Circulante em Financeiro


e Operacional.

Não Circulante

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Representa todos os Bens e Direitos considerados como Ativo da empresa e
que possam ser transformados em dinheiro no chamado longo prazo, ou seja,
após doze meses da data do balanço, os valores que constam como Ativo Não
Circulante, subgrupo Realizável a Longo Prazo no Balanço Patrimonial levan-
tado em 31/12/2017, tem a expectativa de realização, conversão em dinheiro, a
partir de 01/01/2019. Além dos valores recebíveis a longo prazo, no Ativo Não
Circulante são classificados os recursos não recebíveis, os recursos aplicados para
manutenção da atividade da entidade, os investimentos permanentes em outras
empresas, os bens que serão utilizados na produção ou na manutenção das ati-
vidades empresariais e os ativos intangíveis.
Assim sendo, a classificação do Ativo Não Circulante é feita da seguinte forma:
■■ Realizável a Longo Prazo.
■■ Investimentos.
■■ Imobilizado.
■■ Intangível.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


21

Os valores dos bens que estarão no subgrupo Imobilizado estão líquidos, o


custo de aquisição menos a depreciação acumulada até a data de elabora-
ção das demonstrações.
O controle e a depreciação dos bens deverão ser feitos por cada item do
ativo Imobilizado com custo significativo, não sendo recomendável agrupar
itens que necessitem de controle específico.
Para calcular a depreciação, é necessário ter duas informações: valor depre-
ciável e vida útil do bem. O primeiro é obtido a partir do valor do bem, de-
duzindo se seu valor residual e a vida útil podem ser estimadas em função
da recomendação técnica do fabricante, histórico de bem similar ou pela
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

determinação da receita federal. Para fins de cálculo, a depreciação se inicia


quando o bem estiver disponível para uso em condições plenas de funcio-
namento e se encerra quando o bem for baixado ou transferido para o Ativo
Circulante como mantido para venda.
Fonte: o autor.

PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Tanto o Passivo quanto


o Patrimônio Líquido
representam origens de
recursos para a atividade
empresarial: enquanto
o patrimônio líquido
representa os recursos
de propriedade dos
sócios ou acionistas
investidos na empresa,
o passivo representa os
recursos de terceiros que
são por ela utilizados.

Balanço Patrimonial
22 UNIDADE I

Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos


passados, cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da
entidade capazes de gerar benefícios econômicos (CFC, 2011).

Portanto, o passivo é composto por dívidas que devem ser pagas aos credores,
independentemente do resultado do negócio.
De outra forma, o Patrimônio Líquido – que também representa origem de
recursos, mas não pode ser considerado uma dívida (ou passivo), pois depende
do resultado do negócio e da saída de recursos para sua liquidação – aconte-
cerá somente em caso de dissolução da sociedade. “Patrimônio Líquido é o

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus pas-
sivos” (CFC, 2011).
Quadro 2 - Balanço Patrimonial - Lado direito

PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO x3 x2 x1


Passivo Circulante 2.924.425 2.859.611 2.820.630
Empréstimos e Financiamentos 980.727 568.220 591.051
Fornecedores 1.522.038 1.885.251 1.784.902
Obrigações Sociais e Trabalhistas 181.837 150.419 164.739
Obrigações Fiscais 31.642 29.497 44.008
Partes Relacionadas 94.109 110.186 143.082
Outras Contas a Pagar 114.072 116.038 92.848
Passivo Não Circulante 1.551.292 2.035.750 1.682.275
Fornecedores 519.234 550.910 315.866
Empréstimos e Financiamentos 773.305 1.254.830 1.120.184
Outras Obrigações 258.753 230.010 246.225
Patromônio Líquido 696.308 662.212 754.467
Capital Social 606.505 606.505 606.505
Reservas de Capital 17.914 14.567 10.103
Reservas de Lucro 76.400 52.342 159.316
Outros Resultados Abrangentes 1.386 -1.628 -1.262
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -9.574 -20.195
TOTAL DO PASSIVO +
5.172.025 5.557.573 5.257.372
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Fonte: o autor.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


23

Passivo Circulante

No Passivo Circulante são classificadas as dívidas a pagar a curto prazo, isso


quer dizer: vencíveis ou exigíveis no período de até 12 meses da data de elabo-
ração das demonstrações. Exemplificando: os valores que constarem no Passivo
Circulante no Balanço Patrimonial elaborado em 31/12/2017 são dívidas com
vencimento até 31/12/2018.
O Passivo Circulante pode ser classificado em quatro subgrupos:
■■ Obrigações por Financiamento:
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Recursos obtidos junto às instituições financeiras.


■■ Obrigações por Funcionamento:
■■ Valor das compras de materiais e mercadorias para pagamento a prazo.
■■ Consumo de água, luz e outros a serem pagos no período seguinte.
■■ Aluguel de espaço utilizado no período que será pago no mês seguinte.
■■ Outros equivalentes.
■■ Obrigações Trabalhistas e Sociais:
■■ Salários a pagar.
■■ Encargos (INSS e FGTS) a pagar.
■■ Outras obrigações trabalhistas e sociais.
■■ Obrigações Fiscais:
■■ Impostos a recolher.
■■ Imposto de renda a pagar.
■■ Contribuições a pagar.
■■ Outras obrigações fiscais.
■■ Provisões:
■■ Provisão para o 13º salário.
■■ Provisão para as férias.

Mais à frente, vamos classificar os valores do Passivo Circulante em Financeiro


e Operacional.
Balanço Patrimonial
24 UNIDADE I

Passivo não Circulante

Neste grupo de contas são registradas as dívidas com vencimento após o perí-
odo de 12 meses, posteriormente à elaboração das demonstrações. Portanto, os
valores que constarem como Passivo Não Circulante no Balanço Patrimonial de
31/12/2017 são dívidas com vencimento a partir de 01/01/2019.
Os subgrupos que formam o Passivo Não Circulante são os mesmos que
compõem o Passivo Circulante; a diferença está no vencimento da dívida. Se
a empresa comprar mercadorias a prazo, com vencimento até 365 dias após a

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
elaboração das demonstrações, deverá constar como Fornecedores no Passivo
Circulante. No entanto, se a mesma mercadoria for comprada com um prazo de
367 dias ou mais, deverá constar como Fornecedores no Passivo Não Circulante.
O valor mais representativo do Passivo Não Circulante, normalmente, refe-
re-se a Empréstimos e Financiamentos, pois não é comum compras com mais
de 12 meses para pagar.
A cada período, uma parte da dívida a longo prazo deve ser reclassificada
para o Passivo Circulante, por passar a ser de curto prazo. Por isso, os pagamen-
tos são feitos no circulante, salvo se houver uma liquidação antecipada.

Patrimônio Líquido

O Patrimônio Líquido representa


os recursos próprios da empresa, ou
seja, aqueles valores remanescentes
de suas atividades que pertencem aos
seus sócios. Exatamente pelo pertenci-
mento desses valores aos proprietários
das entidades, tal patrimônio também
é conhecido como Capital Próprio ou
Obrigações não Exigíveis. É como se
uma empresa (pessoa jurídica) tivesse
uma dívida com os seus sócios (pessoas físicas), mas, uma vez que essa empresa
pertence a seus sócios, não podemos considerar dívidas, pois estes não poderão

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


25

exigir os recursos de volta, haja vista que tal prática representaria a dissolução
da sociedade (não existe sociedade sem sócios, nem empresa sem dono).
As contas pertencentes ao Patrimônio Líquido estão distribuídas nos seguin-
tes grupos:
■■ Capital social.
■■ Reservas de capital.
■■ Reservas de lucros.
■■ Ações em tesouraria.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Prejuízos acumulados.

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS

O resultado de uma empresa deve ser demonstrado de acordo com as nor-


mas brasileiras de contabilidade. O resultado da atividade empresarial deve ser
demonstrado na Demonstração do Resultado do Período, mas, em algumas
empresas, existem Outros Resultados Abrangentes; neste caso, é necessário publi-
car, também, a Demonstração do Resultado Abrangente.

Demonstrações de Resultados
26 UNIDADE I

A maioria das pequenas e médias empresas não têm outros resultados abran-
gentes; neste caso, o resultado apurado na Demonstração do Resultado do Período
será igual ao resultado apurado na Demonstração do Resultado Abrangente.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO

A Demonstração do Resultado do Período, como o próprio nome já evidencia,


tem a função primordial de apresentar a situação econômica de uma institui-
ção, seja Lucro ou Prejuízo. Trata-se de um relatório contábil apurado de forma

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vertical, por meio do qual são deduzidas, das vendas brutas da empresa, todas
as estimativas pertinentes (custos e despesas) para apurar o resultado líquido.
Quadro 3 - Demonstração do Resultado do Período

APURAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO x3 x2 x1


RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 9.204.103 8.872.845 9.692.286
(-) Custos das Vendas -6.379.561 -6.369.372 -7.066.328
(=) LUCRO BRUTO 2.824.542 2.503.473 2.625.958
(-) DESPESAS / RECEITAS OPERACIONAIS -2.457.883 -2.194.264 -2.165.359
Despesas com Vendas -1.523.575 -1.711.504 -1.737.443
Despesas Gerais e Administrativas -945.896 -431.100 -417.997
Depreciação e Amortização -72.372 -155.795 -136.443
Resultado de Equivalência Patrimonial 61.708 88.948 102.010
Outras Despesas/Receitas Operacionais 22.252 15.187 24.514
(=) RESULT. OPERAC. ANTES RES. FINANCEIRO 366.659 309.209 460.599
(+) Receitas Financeiras 111.495 145.359 124.982
(-) Despesas Financeiras -349.024 -435.264 -296.548
(=) RESULTADO OPERAC. ANTES IRPJ/CSLL 129.130 19.304 289.033
(-) Imposto de Renda sobre Lucro -13.451 -7.331 -52.730
(-) Contribuição Social sobre Lucro Líquido -8.070 -4.214 -24.766
(=) RESULT. LÍQ. DAS OPER. CONTINUADAS 107.609 7.759 211.537
(=/-) Result. Líq. das Operações Descontinuadas
(=/-) Resultado Líq. Mensuração ao Valor Justo
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 107.609 7.759 211.537
Fonte: o autor.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


27

A gestão empresarial utiliza o resultado, seja bruto, operacional ou líquido,


como forma de avaliar o desempenho dos gestores. O resultado líquido tam-
bém servirá de base para o cálculo do retorno dos ativos totais e o retorno do
investimento dos sócios.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE

A NBC TG 26 (R4) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, que define


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

sobre as características das demonstrações contábeis – deixa claro sobre as ter-


minologias corretas para demonstrar a situação econômica de uma entidade.
Vamos ver algumas delas (CFC, 2016a):
Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio
líquido durante um período que resulta de transações e outros
eventos que não derivados de transações com os sócios na sua
qualidade de proprietários. Resultado abrangente compreende
todos os componentes da “demonstração do resultado” e da
“demonstração dos outros resultados abrangentes”.
Resultado do período é o total das receitas deduzido das des-
pesas, exceto os itens reconhecidos como outros resultados
abrangentes no patrimônio líquido.
Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e
despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são reco-
nhecidos na demonstração do resultado como requerido ou
permitido pelas normas, interpretações e comunicados técni-
cos emitidos pelo CFC. Os componentes dos outros resultados
abrangentes incluem:
a. variações na reserva de reavaliação quando permitidas
legalmente (ver a NBC TG 27 – Ativo Imobilizado e a
NBC TG 04 – Ativo Intangível);
b. ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com
benefício definido reconhecidos conforme item 93A
da NBC TG 33 – Benefícios a Empregados;

Demonstrações de Resultados
28 UNIDADE I

c. ganhos e perdas derivados de conversão de demons-


trações contábeis de operações no exterior (ver a NBC
TG 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e
Conversão de Demonstrações Contábeis);
d. ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros
disponíveis para venda (ver a NBC TG 38 – Instrumen-
tos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração);
e. efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumen-
tos de hedge em hedge de fluxo de caixa (ver também

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
a NBC TG 38).

Deste modo, podemos dizer que:


[...] a demonstração do resultado e outros resultados abrangentes (de-
monstração do resultado abrangente) devem apresentar, além das se-
ções da demonstração do resultado e de outros resultados abrangentes:
a. o total do resultado (do período);
b. total de outros resultados abrangentes;
c. r esultado abrangente do período, sendo o total do resultado e de
outros resultados abrangentes (CFC, 2016a).

Como no item anterior, já temos a Demonstração do Resultado que deduziu os


custos e despesas das receitas para apurar o resultado (lucro) líquido do período
(R$107.609,00 em x3). Vamos agora, na Demonstração do Resultado Abrangente,
partir desse lucro já apurado e adicionar detalhadamente os Outros Resultados
Abrangentes (R$1.386,00 em x3), para chegarmos ao Resultado Abrangente do
Período (R$108.995 em x3).

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


29

Quadro 4 - Demonstração do Resultado Abrangente

APURAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE x3 x2 x1


RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 107.609 7.759 211.537
OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES 1.386 -1.628 -1.262
Variações na reserva de reavaliação
Ganhos e perdas atuariais em planos de
pensão
Ganhos e perdas derivados de conversão
de demonstrações contábeis de opera-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

ções no exterior
Ganhos e perdas na remensuração de 1.386 -1.628 -1.262
ativos financeiros disponíveis para venda
Ativos Financeiros disponíveis para a venda -2.959 -2.103 -2.740
provinientes de investimento de período
anterior.
Efeitos Fiscais Ativos Financeiros disponíveis 1.331 841 1.096
para a venda provenientes de investimento
de período anterior.
Ativos Financeiros disponíveis para a venda 5.480 -856 637
provenientes de investimento do período.
Efeitos Fiscais Ativos Financeiros disponíveis -2.466 490 -255
para a venda provenientes de investimento
do período.
Parcela efetiva de ganhos ou perdas
advindos de instrumentos de hedge em
operação de hedge de fluxo de caixa.
(=) RESULT. ABRANGENTE DO PERÍODO 108.995 6.131 210.275
Fonte: o autor.

Demonstrações de Resultados
30 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
OUTRAS DEMONSTRAÇÕES

Todas as demonstrações são igualmente importantes para comunicar a situa-


ção geral da empresa aos usuários das informações. Neste material de estudo,
no entanto, a ênfase dada é maior ao Balanço Patrimonial e as Demonstrações
de Resultado, pois são elas que embasam a análise econômica-financeira –
objeto deste estudo – isto não quer dizer que o analista deva desprezar as outras
demonstrações, muito ao contrário, para fazer um boa análise, o analista deve
considerar todas as demonstrações, inclusive as Notas Explicativas e outras infor-
mações subjetivas adicionais.
Vamos, aqui, rever os conceitos de algumas outras demonstrações, sem, no
entanto, explorar o aspecto prático das mesmas. Então temos:

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO


PATRIMÔNIO LÍQUIDO - DMPL

É a demonstração que vai comunicar aos usuários o que ocorreu com as con-
tas que compõem o Patrimônio Líquido, para que o saldo do início do período

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


31

mudasse para o saldo do final do período. Em outras palavras, quais foram as


mudanças (mutações) que ocorreram durante o período que motivaram a alte-
ração do saldo das contas.
Como já vimos, as principais contas (ou subgrupos de contas) do Patrimônio
Líquido são:
■■ Capital social;
■■ Reservas de capital;
■■ Reservas de lucros;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

■■ Ações em tesouraria;
■■ Prejuízos acumulados;

Então, são as mutações dos saldos dessas contas que a DMPL deve mostrar.
Somente para exemplificar, no Balanço Patrimonial que estamos utilizando,
temos os seguintes saldos das contas do Patrimônio Líquido:
Quadro 5 - Patrimônio Líquido

Subgrupos x3 x2 x1
Capital Social 606.505 606.505 606.505
Reservas de Capital 17.914 14.567 10.103
Reservas de Lucro 76.400 52.342 159.316
Outros Resultados Abrangentes 1.386 -1.628 -1.262
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -9.574 -20.195
TOTAL DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 696.308 662.212 754.467

Fonte: o autor.

A DMPL, de acordo com o item 106 da NBC TG26(R4), deve conter as seguin-
tes informações (CFC, 2016a):
a. o resultado abrangente do período, apresentando separada-
mente o montante total atribuível aos proprietários da entidade
controladora e o montante correspondente à participação de
não controladores;
b. para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da
aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva,
reconhecidos de acordo com a NBC TG 23;[...]
Outras Demonstrações
32 UNIDADE I

d. para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do


saldo no início e no final do período, demonstrando-se sepa-
radamente as mutações decorrentes:
i. do resultado líquido;

ii. de cada item dos outros resultados abrangentes;

iii. de transações com os proprietários realizadas na condição de pro-


prietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as
distribuições realizadas, bem como modificações nas participações
em controladas que não implicaram perda do controle.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Segue um exemplo de DMPL:
Quadro 6 - Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido

Reservas Reservas Outros Total do


Capital Social Preju. Ações em
Eventos/Contas de de Resultados Patrimônio
integralizado Acum. Tesouraria
Capital Lucro Abrangentes Líquido

Saldos em
606.505 10.103 159.316 0 -1.262 -20.195 754.467
01/01/x2

Aumento de
0
Capital

Ações em
Tesouraria 33.272 33.272
Adquiridas

Ações em
Tesouraria -22.651 -22.651
Vendidas

Dividendo 0

Outros Resul-
tados Abran- -366 -366
gentes

Lucro Líquido
107.609 107.609
do Período

Utilização das
-214.583 -214.583
Reservas

Constituição de
4.464 4.464
Reservas

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


33

Saldos em
606.505 14.567 52.342 0 -1.628 -9.574 662.212
31/12/x2

Aumento de
0
Capital

Ações em
Tesouraria 18.690 18.690
Adquiridas

Ações em
Tesouraria -15.013 -15.013
Vendidas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Dividendo 0
Outros Resul-
tados Abran- 3.014 3.014
gentes
Lucro Líquido
7.759 7.759
do Período
Constituição de
3.347 16.229 19.646
Reservas
Saldos em
606.505 17.914 76.400 0 1.386 -5.897 696.308
31/12/x3

Fonte: o autor.

Considerando o nosso PL, na coluna do Capital Social Integralizado, temos o


valor de 606.505 na linha “Saldos em 01/01/x2”, “Saldos em 31/12/x2” e na linha
“Saldos em 31/12/x3”, pois não houve mutação nesta conta, mas na coluna da
Reserva de Capital, na linha “Saldos em 01/01/x2”, temos 10.103, que alterou
para 14.567 no final de x2 e para 17.914 no final de x3, essas mutações devem a
aumentos ou reduções das reservas durante os períodos.

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA - DFC

A Demonstração do Fluxo de Caixa tem o objetivo de evidenciar as saídas e entra-


das de recursos no caixa da empresa e mostrar o resultado desse fluxo.
A DFC deve ser elaborada classificando as atividades em três grandes áreas:

Outras Demonstrações
34 UNIDADE I

I. Atividades Operacionais

São as movimentações dos fluxos de caixa oriundas do resultado líquido apu-


rado com base nas receitas, custos e despesas decorrentes da industrialização,
comercialização ou prestação de serviços da empresa.

II. Atividades de Investimento

São as saídas de recursos dos gastos referentes a aumento no Ativo Não Circulante,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
seja nos recebíveis a longo prazo ou nos investimentos, imobilizado ou Intangível.
Também mostra as entradas oriundas das vendas dos ativos não circulantes.

III. Atividades de Financiamento

São as entradas dos recursos oriundos de aumento nas contas de Empréstimos e


Financiamentos a Curto e Longo Prazo, as outras contas do Passivo Não Circulante
e todas as entradas oriundas de aumento do Patrimônio Líquido. Também mos-
tra as saídas que correspondem à amortização das dívidas pagas a terceiros e os
dividendos e distribuição de lucros aos sócios ou acionistas.
O item 111 da NBC TG26(R4) diz que:
[...] a informação sobre fluxos de caixa proporciona aos usuários das
demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade da enti-
dade para gerar caixa e seus equivalentes e as necessidades da entidade
para utilizar esses fluxos de caixa (CFC, 2016a).

A NBC TG 03 (R3) – Demonstração dos Fluxos de Caixa – define detalhada-


mente as características de cada grupo de atividades (CFC, 2016b). Nesta norma
contábil, também vemos que podemos utilizar o método direto ou indireto para
elaboração da DFC:
Método Direto: segundo o qual as principais classes de recebimentos bru-
tos e pagamentos brutos são divulgadas.
Método Indireto: segundo o qual o lucro líquido ou o prejuízo é ajustado
pelos efeitos de transações que não envolvem caixa, pelos efeitos de quaisquer
diferimentos ou apropriações por competência sobre recebimentos de caixa ou

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


35

pagamentos em caixa operacionais, passados ou futuros, e pelos efeitos de itens


de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investi-
mento ou de financiamento.
Como não temos embasamento para elaboração da DFC, se considerarmos
o que estudamos até agora, ficariam muitos itens sem preenchimento. Por isso,
retratamos, a seguir, os modelos da DFC método direto e DFC método indireto:
Quadro 7 - Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo método direto

Atividades Operacionais
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Recebimento de clientes
Pagamentos a fornecedores e empregados
Caixa gerado pelas operações
Juros Pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Atividades de Investimento
Compra de ativo imobilizado
Recebimento de venda de ativo imobilizado
Juros recebidos
Dividendos recebido
Atividades de Financiamento
Recebimento pela emissão de ações
Recebimento por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por arrendamento
Dividendos pagos
Aumento líquido das disponibilidades
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período
Fonte: o autor.

Outras Demonstrações
36 UNIDADE I

Quadro 8 - Demonstração dos Fluxos de Caixa pelo método indireto

Atividades Operacionais
Lucro Líquido antes do IR e CSLL
Itens de ajustes do Lucro líquido:
Depreciação
Perda Cambial
Resultado de equivalência patrimonial
Despesas de Juros

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Aumento nas contas a receber
Diminuição nos estoques
Diminuição nas contas a pagar
Caixa gerado pelas operações
Juros Pagos
Imposto de renda e contribuição social pagos
Imposto de renda na fonte sobre dividendos recebidos
Atividades de Investimento
Compra de ativo imobilizado
Recebimento de venda de ativo imobilizado
Juros recebidos
Dividendos recebidos
Atividades de Financiamento
Recebimento pela emissão de ações
Recebimento por empréstimo a longo prazo
Pagamento de passivo por arrendamento
Dividendos pagos
Aumento líquido das disponibilidades
Caixa e equivalentes de caixa no início do período
Caixa e equivalentes de caixa no fim do período
Fonte: o autor.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


37

DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO - DVA

O Valor Adicionado representa a riqueza criada pela empresa, de forma geral


medida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de ter-
ceiros. A DVA, além de demonstrar o Valor Adicionado, também demonstra a
forma de distribuição do Valor Adicionado.
Ela está baseada na macroeconomia, apresenta a contribuição que a enti-
dade dá para a formação do Produto Interno Bruto (PIB), toma como base as
receitas da entidade, deduzindo delas os insumos adquiridos de terceiros que
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

são vendidos ou consumidos; a diferença é o Valor Adicionado pela entidade.


O item 9 da NBC TG 09 – Demonstração do Valor Adicionado –, aprovada
pela Resolução CFC nº 1.138/08 (CFC, 2008), com alterações aprovadas pela
Resolução CFC nº 1.162/09 (CFC, 2009), define alguns termos utilizados na DVA:
Valor adicionado representa a riqueza criada pela empresa,
de forma geral medida pela diferença entre o valor das vendas
e os insumos adquiridos de terceiros. Inclui também o valor
adicionado recebido em transferência, ou seja, produzido por
terceiros e transferido à entidade.
Receita de venda de mercadorias, produtos e serviços repre-
senta os valores reconhecidos na contabilidade a esse título
pelo regime de competência e incluídos na demonstração do
resultado do período.
Outras receitas representam os valores que sejam oriundos,
principalmente, de baixas por alienação de ativos não-cir-
culantes, tais como resultados na venda de imobilizado, de
investimentos, e outras transações incluídas na demonstração
do resultado do exercício que não configuram reconhecimento
de transferência à entidade de riqueza criada por outras enti-
dades.[...]
Insumo adquirido de terceiros representa os valores relati-
vos às aquisições de matérias-primas, mercadorias, materiais,
energia, serviços etc., que tenham sido transformados em des-
pesas do período. Enquanto permanecerem nos estoques, não
compõem a formação da riqueza criada e distribuída.

Outras Demonstrações
38 UNIDADE I

Depreciação, amortização e exaustão representam os valores


reconhecidos no período e normalmente são utilizados para
conciliação entre o fluxo de caixa das atividades operacionais
e o resultado líquido do exercício.
Valor adicionado recebido em transferência representa a
riqueza que não tenha sido criada pela própria entidade, e
sim por terceiros, e que a ela é transferida, como por exemplo
receitas financeiras, de equivalência patrimonial, dividendos,
aluguel, royalties etc. Precisa ficar destacado, inclusive para
evitar dupla-contagem em certas agregações (CFC, 2008).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na primeira parte, a DVA apresenta de forma detalhada a riqueza criada pela
entidade. Na segunda parte apresenta, também de forma detalhada, a distribui-
ção da riqueza criada.
Como não temos todas as informações para elaboração da DVA, vamos
mostrar, a seguir, o seu modelo:
Quadro 9 - Demonstração do Valor Adicionado

(1) RECEITAS
Vendas de Mercadorias, Produtos e Serviços
Provisão para créditos duvidosos
Outras Receitas e Outras Despesas Não Operacionais
(2) INSUMOS ADQUIRIDOS DE TERCEIROS
Custos dos Produtos das Mercadorias e Serviços Vendidos
Materiais, energia, serviços de terceiros e outros
Perda/Recuperação de Ativos
Outros

(3) VALOR ADICIONADO BRUTO (1-2)

(4) RETENÇÕES
Depreciação, amortização e exaustão

(5) VALOR ADIC. LÍQUIDO PRODUZIDO PELA ENTIDADE (3-4)

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


39

(6) VALOR ADICIONADO RECEBIDO EM TRANSFERÊNCIA


Resultado de equivalência patrimonial
Receitas financeiras
Outros

(7) VALOR ADICIONADO TOTAL A DISTRIBUIR (5+6)

(8) DISTRIBUIÇÃO DO VALOR ADICIONADO


Pessoal e encargos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Remuneração Direta
Benefícios
FGTS
Impostos, Taxas e Contribuições
Federais
Estaduais
Municipais
Remuneração de Capital de Terceiros
Juros
Aluguéis
Outros
Remuneração de Capital Próprio
Juros sobre capital próprio
Dividendos
Lucros retidos/Prejuízo do período
Fonte: o autor.

Outras Demonstrações
40 UNIDADE I

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ADEQUAÇÕES PARA ANÁLISE

As demonstrações contábeis publicadas precisam ser ajustadas para que a análise


seja feita. Isto porque as demonstrações são padronizadas por lei para atender
ao interesse do usuário externo, seguindo normas contábeis. No entanto, para
fins de análise, é necessário deixar as demonstrações com informações adequa-
das para que os índices sejam confiáveis.
As informações são reagrupadas para melhorar a eficiência das demonstra-
ções e a eficácia da análise. A inexistência da reclassificação pode fazer com que
a análise fique distorcida em alguns índices importantes para a compreensão
da situação geral da empresa. A adequação para análise também é chamada de
padronização e tem como objetivo simplificar o trabalho do analista.
Quando o analista quer fazer a análise dinâmica do capital, um ajuste obri-
gatório é a classificação do ativo e passivo circulante em financeiro e operacional.
Neste material de estudo, este ajuste foi feito, pois na Unidade V faremos essa
análise.
Os outros ajustes mais recomendados se referem a valores que, de acordo com
a percepção do analista, precisam ser retirados das demonstrações. Considerando

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


41

que o analista observe que nas contas a receber de clientes tem um valor ven-
cido, com pequenas possibilidades de recebimento, ele pode decidir pela exclusão
deste valor dos ativos, pois o que não vai trazer benefícios futuros para a enti-
dade não pode constar nos ativos.
Outro ponto de atenção dos analistas está na Demonstração do Resultado.
Caso as despesas e receitas financeiras estejam fazendo parte do resultado ope-
racional, é necessário ajustar para considerar como não operacional, já que
uma empresa tem despesas financeiras por necessidade de capital e tem recei-
tas financeiras por sobras de capital; nem uma coisa e nem outra são inerentes
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

às atividades operacionais da empresa.


Para fazer ajustes diminuindo ativos, por considerar valores perdidos, é neces-
sário ajustar, também, o Patrimônio Líquido. Para exemplificar, suponhamos,
como único ajuste, que R$15.000,00 a receber de clientes sejam considerados per-
didos. Então, do valor de R$ 419.616,00, diminuímos R$15.000,00, ficando como
saldo da conta Clientes o valor de R$ 404.616,00. Ao considerarmos a perda de
ativos, temos que diminuir o valor do Patrimônio Líquido, pois os recursos dos
sócios serão menores. Para isso, criamos a conta Ajustes para fins de análise;
assim, o total do PL passará de R$ 696.308,00 para R$ 681.308,00 com a redu-
ção do valor de R$15.000,00. A nova situação do Balanço Patrimonial é o que
consta na coluna “Ajustado”.
Seguem as demonstrações Balanço Patrimonial e Demonstração de Resultado
do Período, somente com o ano X3, no formato específico para adequações.
Quadro 10 - Balanço Patrimonial - Lado esquerdo - Ajustes

X3
ATIVO
PUBLICADO AJUSTES AJUSTADO
Ativo Circulante 2.963.415 -15.000 2.948.415
Caixa e Equivalentes 202.452 202.452
Títulos e Valores Mobiliários 566.954 566.954
Partes relacionadas 51.078 51.078
Clientes 419.616 -15.000 404.616
Estoques 1.336.954 1.336.954

Adequações para Análise


42 UNIDADE I

Tributos a Recuperar 291.719 291.719


Outros Ativos Circulantes 94.642 94.642
Ativo Não Circulante 2.208.610 0 2.208.610
Realizável a Longo Prazo 745.925 745.925
Investimentos 439.669 436.669
Imobilizado 558.193 558.193
Intangível 464.823 464.823
TOTAL DO ATIVO 5.172.025 -15.000 5.157.025

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Fonte: o autor.
Quadro 11 - Balanço Patrimonial - Lado direito - Ajustes

X3
PASSIVO E PATR. LÍQUIDO
PUBLICADO AJUSTES AJUSTADO
Passivo Circulante 2.924.425 0 2.924.425
Empréstimos e Financiamentos 980.727 980.727
Partes relacionadas 94.109 94.109
Fornecedores 1.522.038 1.522.038
Obrigações Sociais e Trabalhistas 181.837 181.837
Obrigações Fiscais 31.642 31.642
Outras Contas a Pagar 114.072 114.072
Passivo Não Circulante 1.551.292 0 1.551.292
Fornecedores 519.234 519.234
Empréstimos e Financiamentos 773.305 773.305
Outras Obrigações 258.753 258.753
Patrimônio Líquido 696.308 -15.000 681.308
Capital Social 606.505 606.505
Reservas de Capital 17.914 17.914
Reservas de Lucro 76.400 76.400
Outros Resultados Abrangentes 1.386 1.386
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -5.897
Ajustes para fins de análise 0 -15.000 -15.000
TOTAL DO PASSIVO + PATR. LÍQUIDO 5.172.025 -15.000 5.157.025
Fonte: o autor.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


43

Na Demonstração do Resultado do Período, já temos o Resultado Operacional


antes das despesas e receitas financeiras. Por isso, não faremos nenhum ajuste
para fins de análise.
Quadro 12 - Demonstração do Resultado do Período

X3
APURAÇÃO DO RESULTADO
PUBLICADO AJUSTES AJUSTADO
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 9.204.103 9.204.103
(-) Custos das Vendas -6.379.561 -6.379.561
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(=) LUCRO BRUTO 2.824.542 0 2.824.542


(-) DESPESAS/RECEITAS OPERAC. -2.457.883 0 -2.457.883
Despesas com Vendas -1.523.575 -1.523.575
Despesas Gerais e Administrativas -945.896 -945.896
Depreciação e Amortização -72.372 -72.372
Resultado de Equivalência Patrimonial 61.708 61.708
Outras Despesas/Receitas Operacionais 22.252 22.252
(=) RESULT. OPERAC. ANTES RES. FINANC. 366.659 0 366.659
(+) Receitas Financeiras 111.495 111.495
(-) Despesas Financeiras -349.024 -349.024
(=) RESULTADO OPERAC. ANTES IRPJ/CSLL 129.130 0 129.130
(-) Imposto de Renda sobre Lucro -13.451 -13.451
(-) Contribuição Social sobre Lucro Líquido -8.070 -8.070
(=) RESULT. LÍQUIDO DAS OPER. CONTINUA. 107.609 0 107.609
(=/-) Result. Líq. das Operações Descontin. 0
(=/-) Result. Líq. Mensuração ao Valor Justo 0
(=) RESULTADO LÍQUIDO DO PERÍODO 107.609 0 107.609
Fonte: o autor.

Fizemos e demonstramos como fazer um ajuste de redução de valor de uma


conta do ativo e seu reflexo no Patrimônio Líquido. Nas próximas unidades, ao
utilizarmos as técnicas de análise, vamos considerar as demonstrações sem ade-
quações, com o intuito de que todos os estudantes cheguem ao mesmo resultado
e possam acompanhar e entender os índices, pois se aprofundássemos nas ade-
quações, provavelmente cada um teria um resultado diferente.

Adequações para Análise


44 UNIDADE I

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Iniciamos os estudos sobre a análise das demonstrações financeiras ou contá-


beis, revimos, nesta unidade, diversos conceitos das demonstrações financeiras e
como adequá-las para fins de análise. Para que você possa compreender melhor
as demonstrações, além dos conceitos, utilizamos demonstrações para que na
prática o aprendizado se complete. Na contabilidade, utilizamos os fatos contá-
beis como matéria-prima. Estes fatos são processados de acordo com as normas
contábeis para chegarmos ao produto final da contabilidade: as demonstrações

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ou relatórios contábeis, que visam evidenciar a situação financeira, patrimonial
e econômica de uma organização empresarial.
Com o estudo cuidadoso dos conteúdos desta unidade, você percebeu a
importância das demonstrações: elas devem proporcionar informações rele-
vantes e fidedignas sobre a situação patrimonial - ativos, passivos e patrimônio
líquido - e sobre a situação econômica - receitas, custos, despesas e o resultado
do período -, tendo em vista que a utilização das demonstrações são feitas por
diversos usuários, cada um com o seu objetivo.
Seja você um futuro profissional contábil ou não, deve entender que todos
os gestores precisam conhecer as demonstrações financeiras, pois somente assim
poderão tomar decisões assertivas na gestão empresarial. Por isso, afirmamos
mais uma vez, sem medo de errar, que a contabilidade, as demonstrações e a
análise das demonstrações não são temas restritos aos estudantes e profissio-
nais da contabilidade, mas destina-se a todos os gestores, principalmente os da
área financeira, os quais devem compreender as demonstrações para fazerem a
interpretação e análise correta da situação financeira, patrimonial e econômica.
A partir da próxima unidade deste livro, vamos iniciar na prática a análise
das demonstrações com base nas informações financeiras, patrimoniais e eco-
nômicas que aqui estudamos.
Vamos em frente.

DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS OU FINANCEIRAS: ESTRUTURA E ADEQUAÇÕES


45

1. O Balanço Patrimonial é uma demonstração financeira obrigatória, segundo a


Lei 6.404/76 – Lei das Sociedades por Ações (BRASIL, 1976) – com alterações pos-
teriores que correspondem a um dos relatórios mais importantes no processo
decisório, podendo ser comparado, de forma figurativa, à “fotografia” de uma
empresa em uma determinada data. Escolha a alternativa que descreve ade-
quadamente os grupos de contas do passivo.
a) Circulante, Não Circulante e Patrimônio Líquido.
b) Circulante, Realizável a Longo Prazo e Patrimônio Líquido.
c) Circulante, Não Circulante e Capital Social.
d) Circulante e Não Circulante.
e) Circulante e Realizável a Longo Prazo.
2. O passivo representa origens de recursos de terceiros para a atividade empresa-
rial; portanto, são as dívidas que a empresa tem com pessoas que estão fora da
sociedade, mas que também contribuem com a atividade. Um grupo importante
de recursos são os obtidos junto às instituições financeiras. Sobre esses recursos,
analise as afirmações a seguir:
I- Estes recursos estão no Balanço Patrimonial com o nome de fornecedores.
II- São chamados no Balanço Patrimonial de empréstimos e financiamentos.
III- Podem aparecer no Passivo Circulante e no Passivo Não Circulante.
IV- Estão no grupo Realizável a Longo Prazo no lado esquerdo do Balanço Pa-
trimonial.
Assinale a alternativa correta:
a) Apenas I e II estão corretas.
b) Apenas II e III estão corretas.
c) Apenas I está correta.
d) Apenas II, III e IV estão corretas.
e) Nenhuma das alternativas está correta.
3. O Balanço Patrimonial reflete a posição da estrutura patrimonial em determi-
nada data. É um relatório que informa a situação dos elementos patrimoniais
do ativo, passivo e patrimônio líquido. Podemos defini-lo como a representação
estática do patrimônio de uma entidade. Sobre o conceito de Passivo, analise as
afirmações a seguir e assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F):
46

( ) É um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos pas-


sados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a
entidade.
( ) É o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzidos todas
as dívidas, são os recursos dos sócios investidos no negócio, é a soma do investi-
mento inicial com os resultados da atividade.
( ) É uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados,
cuja liquidação se espera que resulte na saída de recursos da entidade capazes
de gerar benefícios econômicos.
Assinale a alternativa correta:
a) V, V, V.
b) V, V, F.
c) F, F, V.
d) V, F, V.
e) F, F, F.
4. A NBC TG 26 (R4) – Apresentação das Demonstrações Contábeis, que define so-
bre as características das demonstrações contábeis – deixa claro sobre as ter-
minologias corretas para demonstrar a situação econômica de uma entidade.
Descreva Resultado do Período, Outros Resultados Abrangentes e Resulta-
do Abrangente.
5. Esta demonstração evidencia a riqueza criada pela empresa, de forma geral me-
dida pela diferença entre o valor das vendas e os insumos adquiridos de ter-
ceiros e também demonstra a forma de distribuição dessa riqueza. Sobre qual
demonstração o excerto se refere?
a) DFC.
b) DRA.
c) DMPL.
d) DRP.
e) DVA.
6. As demonstrações contábeis publicadas são padronizadas por lei para atender
ao interesse do usuário externo, seguindo normas contábeis, são também audi-
tadas, e o relatório da auditoria e as notas explicativas também fazem parte das
demonstrações publicadas. Descreva a adequação das demonstrações para
fins de análise.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Manual de contabilidade societária: aplicável a


todas as Sociedades
FIPECAFI
Editora: Atlas
Sinopse: o Manual de Contabilidade Societária busca
orientar as empresas e profissionais da contabilidade sobre
os Pronunciamentos, as Interpretações e as Orientações
do CPC e conforme as normas internacionais de
contabilidade emitidas pelo IASB. É texto complementar
para as disciplinas Contabilidade Geral, Contabilidade Comercial, Contabilidade Intermediária,
Contabilidade Avançada, Teoria da Contabilidade, Contabilidade Internacional e Estrutura e Análise
de Balanços dos cursos de Ciências Contábeis e Administração. Leitura de relevância profissional
para consulta e atualização.
Comentário: considerada a publicação mais importante no meio contábil, pois traz em uma única
obra todas as normatizações sobre a contabilidade no Brasil.

O objetivo da NBC TG 26 (R4) é definir a base para a apresentação das demonstrações


contábeis e estabelecer requisitos gerais para a apresentação das demonstrações contábeis,
diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo.
Para saber mais sobre o assunto, acesse o conteúdo disponível em: <http://www1.cfc.org.br/
sisweb/SRE/docs/NBCTG26R4.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.

Material Complementar
48

Nesta unidade de estudo, verificamos a estrutura das demonstrações contábeis. Considero


importante, neste momento, você fazer novamente a leitura da NBC TG ESTRUTURA
CONCEITUAL, aprovada pela Resolução CFC nº 1.374/11, principalmente os itens a seguir,
que tratam sobre as características da informação contábil financeira.

Características qualitativas da informa- resultados. A informação contábil-finan-


ção contábil-financeira útil ceira não precisa ser uma predição ou uma
projeção para que possua valor preditivo. A
QC4. Se a informação contábil-financeira informação contábil-financeira com valor
é para ser útil, ela precisa ser relevante e preditivo é empregada pelos usuários ao
representar com fidedignidade o que se fazerem suas próprias predições.
propõe a representar. A utilidade da infor-
mação contábil-financeira é melhorada se QC9. A informação contábil-financeira
ela for comparável, verificável, tempestiva tem valor confirmatório se retro-alimen-
e compreensível. tar – servir de feedback – avaliações prévias
(confirmá-las ou alterá-las).
Características qualitativas fundamentais
QC10. O valor preditivo e valor confirmató-
QC5. As características qualitativas funda- rio da informação contábil-financeira estão
mentais são relevância e representação inter-relacionados. A informação que tem
fidedigna. valor preditivo muitas vezes também tem
valor confirmatório. Por exemplo, a infor-
Relevância mação sobre receita para o ano corrente,
a qual pode ser utilizada como base para
QC6. Informação contábil-financeira rele- predizer receitas para anos futuros, tam-
vante é aquela capaz de fazer diferença nas bém pode ser comparada com predições de
decisões que possam ser tomadas pelos receita para o ano corrente que foram feitas
usuários. A informação pode ser capaz de nos anos anteriores. Os resultados dessas
fazer diferença em uma decisão mesmo no comparações podem auxiliar os usuários a
caso de alguns usuários decidirem não a corrigirem e a melhorarem os processos que
levar em consideração, ou já tiver tomado foram utilizados para fazer tais predições.
ciência de sua existência por outras fontes. [...]

QC7. A informação contábil-financeira é Representação fidedigna


capaz de fazer diferença nas decisões se
tiver valor preditivo, valor confirmatório QC12. Os relatórios contábil-financeiros
ou ambos. representam um fenômeno econômico
em palavras e números. Para ser útil, a
QC8. A informação contábil-financeira tem informação contábil-financeira não tem
valor preditivo se puder ser utilizada como só que representar um fenômeno rele-
dado de entrada em processos emprega- vante, mas tem também que representar
dos pelos usuários para predizer futuros com fidedignidade o fenômeno que se
49

propõe representar. Para ser representa- dade significa que diferentes observadores,
ção perfeitamente fidedigna, a realidade cônscios e independentes, podem chegar
retratada precisa ter três atributos. Ela tem a um consenso, embora não cheguem
que ser completa, neutra e livre de erro. É necessariamente a um completo acordo,
claro, a perfeição é rara, se de fato alcan- quanto ao retrato de uma realidade econô-
çável. O objetivo é maximizar referidos mica em particular ser uma representação
atributos na extensão que seja possível. fidedigna. Informação quantificável não
[...] necessita ser um único ponto estimado
para ser verificável. Uma faixa de possí-
Características qualitativas de melhoria veis montantes com suas probabilidades
respectivas pode também ser verificável.
QC19. Comparabilidade, verificabilidade, [...]
tempestividade e compreensibilidade são
características qualitativas que melhoram Tempestividade
a utilidade da informação que é relevante
e que é representada com fidedignidade. QC29. Tempestividade significa ter infor-
As características qualitativas de melhoria mação disponível para tomadores de
podem também auxiliar a determinar qual decisão a tempo de poder influenciá-los
de duas alternativas que sejam considera- em suas decisões. Em geral, a informação
das equivalentes em termos de relevância mais antiga é a que tem menos utilidade.
e fidedignidade de representação deve ser Contudo, certa informação pode ter o
usada para retratar um fenômeno. seu atributo tempestividade prolongado
após o encerramento do período contá-
Comparabilidade bil, em decorrência de alguns usuários, por
exemplo, necessitarem identificar e avaliar
QC20. As decisões de usuários implicam tendências.
escolhas entre alternativas, como, por exem-
plo, vender ou manter um investimento, ou Compreensibilidade
investir em uma entidade ou noutra. Con-
sequentemente, a informação acerca da QC30. Classificar, caracterizar e apresentar
entidade que reporta informação será mais a informação com clareza e concisão tor-
útil caso possa ser comparada com informa- na-a compreensível.
ção similar sobre outras entidades e com
informação similar sobre a mesma enti- QC31. Certos fenômenos são ineren-
dade para outro período ou para outra data. temente complexos e não podem ser
[...] facilmente compreendidos. A exclusão de
informações sobre esses fenômenos dos
Verificabilidade relatórios contábil-financeiros pode tor-
nar a informação constante em referidos
QC26. A verificabilidade ajuda a assegurar relatórios mais facilmente compreendida.
aos usuários que a informação representa Contudo, referidos relatórios seriam con-
fidedignamente o fenômeno econômico siderados incompletos e potencialmente
que se propõe representar. A verificabili- distorcidos (misleading).
50

QC32. Relatórios contábil-financeiros mados e diligentes podem sentir a


são elaborados para usuários que têm necessidade de procurar ajuda de con-
conhecimento razoável de negócios e sultor para compreensão da informação
de atividades econômicas e que revisem sobre um fenômeno econômico complexo.
e analisem a informação diligentemente. [...]
Por vezes, mesmo os usuários bem infor-
Fonte: CFC (2011).
51
REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por


Ações. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.
htm>. Acesso em: 12 jun. 2017.
CFC (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Resolução nº 1.138, de 21 de no-
vembro de 2008. Aprova a NBC TG 09 – Demonstração do Valor Adicionado. Dispo-
nível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1138.pdf>. Acesso em: 10
jun. 2017.
______. Resolução 2016/NBC TG 03 (R3), de 19 de agosto de 2016. 2016b. Altera
a NBC TG 03 (R2) que dispõe sobre a demonstração dos fluxos de caixa. Disponível
em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG03(R3).pdf>. Acesso em: 12
jun. 2017.
______. Resolução 2016/NBC TG 26 (R4), de 19 de agosto de 2016. 2016a. Altera
a NBC TG 26 (R3) que dispõe sobre a apresentação das demonstrações contábeis.
Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/NBCTG26R4.pdf>. Aces-
so em: 10 jun. 2017.
______. Resolução nº 1.162, de 27 de março de 2009. Altera o item 3 da NBC T
3.7- Demonstração do Valor Adicionado. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/
sisweb/SRE/docs/RES_1162.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.
______. Resolução nº 1.374, de 08 de dezembro de 2011. Dá nova redação à NBC
TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação
de Relatório Contábil-Financeiro. Disponível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/
SRE/docs/Res_1374.pdf>. Acesso em: 10 jun. 2017.
GABARITO

1. A alternativa correta é a “D”, pois o Passivo, segundo a Lei 6.404 é dividido em


dois grupos: Circulante e Não Circulante.
2. A alternativa correta é a “B”, pois os recursos obtidos junto às instituições finan-
ceiras são chamados, no Balanço Patrimonial, de empréstimos e financiamentos,
e podem aparecer no Passivo Circulante (se o vencimento for até 12 meses após
a elaboração das demonstrações) e no Passivo Não Circulante (se o vencimento
for após o período de 12 meses após a elaboração das demonstrações).
3. A alternativa correta é a “C”, pois Ativo é um recurso controlado pela entidade
como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros
benefícios econômicos para a entidade. O Patrimônio Líquido é o interesse re-
sidual nos ativos da entidade depois de deduzidos todas as dívidas. O Passivo é
uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos passados, cuja liqui-
dação se espera que resulte na saída de recursos da entidade, capazes de gerar
benefícios econômicos.
4. Padrão de Resposta: resultado do período é o total das receitas deduzido das
despesas, exceto os itens reconhecidos como outros resultados abrangentes no
patrimônio líquido.
Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa (in-
cluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração
do resultado como requerido ou permitido pelas normas, interpretações e co-
municados técnicos emitidos pelo CFC.
Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante
um período que resulta de transações e outros eventos que não derivados de
transações com os sócios na sua qualidade de proprietários. Resultado abran-
gente compreende todos os componentes da “demonstração do resultado” e da
“demonstração dos outros resultados abrangentes”.
5. Alternativa correta é a “E” - A DVA evidencia a riqueza criada e distribuída pela
empresa, DFC.
6. Padrão de Resposta: as informações que constam nas demonstrações, muitas
vezes, precisam ser ajustadas e reagrupadas para melhorar a eficiência das de-
monstrações e a eficácia da análise. A inexistência da adequação pode com-
prometer a análise distorcendo alguns índices importantes. A adequação para
análise também é chamada de padronização e tem como objetivo simplificar o
trabalho do analista.
Professor Me. José Manoel da Costa

VISÃO GERAL DA ANÁLISE

II
UNIDADE
EMPRESARIAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar as técnicas de análise das demonstrações.
■■ Verificar a representatividade dos recursos perante o valor referencial.
■■ Analisar a evolução dos recursos de um para outro período.
■■ Entender as alterações de recursos por meio da utilização conjunta
da Análise Vertical e Horizontal.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ O que é a análise das demonstrações?
■■ Análise Vertical
■■ Análise Horizontal
■■ Visão Conjunta: AV-AH
55

INTRODUÇÃO

A importância da análise das demonstrações contábeis está, principalmente, em


dar condições de transformar os números contidos nas demonstrações contábeis
em informações que atendam seus mais diferentes usuários em suas necessida-
des de informações e comparações. Nesta unidade, vamos começar descrevendo
um pouco sobre a análise das demonstrações, com o objetivo de responder a per-
gunta: o que é a análise das demonstrações?
Para tanto, precisamos conhecer a estrutura das demonstrações e tam-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

bém considerar o processo contábil, desde o fato contábil até a publicação das
demonstrações, já que agora estas serão dados para gerar novas informações
por meio da análise.
É importante considerar que as primeiras informações geradas pela análise
vêm por meio da análise vertical e da análise horizontal. As informações geradas
por essas técnicas apresentam um panorama geral das demonstrações, princi-
palmente do Balanço Patrimonial e da Demonstração de Resultado.
A análise vertical compara os valores das contas, subgrupos e grupos de con-
tas com um valor referencial, que, no caso do lado esquerdo do balanço, é o total
do ativo e, no caso do lado direito, pode ser feito com dois enfoques: o total de
passivo mais patrimônio líquido em conjunto ou o valor do passivo separado
do valor do patrimônio líquido. Nas contas de resultado, o referencial é o valor
da receita ou vendas líquidas.
A análise horizontal mostra a evolução das contas, subgrupos e grupos de
contas entre um período e outro, podendo ser feita de duas formas: considerando
sempre o mesmo ano base (em que teremos a evolução sempre a partir de um
determinado ano inicial) ou anualmente (em que teremos a evolução ano a ano;
assim, cada ano é a base para a evolução até o outro).
A partir da estrutura e adequações das demonstrações estudadas na Unidade
I, vamos buscar aprender a como analisar as demonstrações.
Prontos(as) para este passo importante na análise das demonstrações? Vamos
em frente!

Introdução
56 UNIDADE II

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O QUE É A ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES?

A Análise das Demonstrações Contábeis ou Financeiras representa a consolida-


ção das informações contidas nas demonstrações publicadas pelas organizações.
Essa consolidação é realizada por meio de técnicas e índices que buscam apresen-
tar a empresa em diversos aspectos, principalmente quanto à situação financeira,
patrimonial e econômica. Assim como os fatos contábeis são dados que ali-
mentam o processo contábil para “produzir” demonstrações, as informações
contidas nas demonstrações são dados que alimentam o processo de análise das
demonstrações para “produzir” indicadores que retratam as situações financei-
ras, patrimonial e econômica da empresa.
Dados são números que, no caso das demonstrações, mostram qualitativa e
quantitativamente a situação financeira, patrimonial e econômica da empresa,
mas, isoladamente, não provocam nenhuma ou pouca reação no leitor. Assim,
as demonstrações contábeis ou financeiras apresentam números que, sob a
ótica da contabilidade, é uma informação pronta, porém, para a Análise das
Demonstrações, esses números são apenas dados, os quais precisarão ser ade-
quados, analisados e calculados em comparação com outros números, para que

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


57

sejam extraídas informações úteis e precisas para conhecer a empresa e tomar


decisões que a envolvam.
Portanto, analisando de maneira prática, os fatos ou eventos que ocorrem
na empresa diariamente alteram a posição patrimonial da entidade, esses fatos
são registrados pela contabilidade no que chamamos de processo contábil e são
acumulados e evidenciados nas demonstrações contábeis. A partir daí, para
obter informações que auxiliarão na tomada de decisões, utilizamos as técni-
cas de análise.
Existem diversos indicadores de análise e técnicas; todos buscam demonstrar
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

uma situação atual ou um possível cenário futuro, demonstrar uma informa-


ção útil aos diversos usuários internos e externos. O acionista quer saber qual
o retorno que ele poderá ter investindo na empresa; o fornecedor, se a empresa
tem condição de lhe pagar; o banco, se a empresa terá condições de pagar um
empréstimo de longo prazo; o funcionário, se a empresa se manterá ativa nos
próximos anos; um gerente, se um determinado segmento é viável ou não, entre
outros exemplos, sendo que sempre há um indicador que possa revelar tal infor-
mação. A técnica de análise mais empregada é relacionar as contas ou grupos
das demonstrações, transformando esta relação em índices; portanto, os índices
econômico-financeiros constituem a técnica de análise mais empregada. A aná-
lise das demonstrações contábeis utiliza-se de diferentes áreas do conhecimento
além da contabilidade, como a matemática e estatística. Podemos relacionar as
técnicas de análise das demonstrações contábeis ou financeiras da seguinte forma:
■■ Análise Vertical;
■■ Análise Horizontal;
■■ Liquidez;
■■ Estrutura Patrimonial;
■■ Rentabilidade;
■■ Gestão dos Recursos.

O Que é a Análise das Demonstrações?


58 UNIDADE II

As informações geradas na análise das demonstrações pode atender a diver-


sos objetivos, dependendo do interesse dos usuários, mas podemos dizer que:
[...] o objetivo da análise das demonstrações contábeis compreende
a indicação de informações numéricas, preferencialmente de dois ou
mais períodos regulares, de modo a auxiliar ou instrumentalizar gesto-
res, acionistas, clientes, fornecedores, instituições financeiras, governo,
investidores e outras pessoas interessadas em conhecer a situação da
empresa ou tomar decisão (PADOVEZE; BENEDICTO, 2010, p. 90).
Em termos mais objetivos, Matarazzo (2010) assevera que os objetivos da aná-
lise das demonstrações é extrair informações para a tomada de decisões. Afirma,

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também, que o papel da análise é converter os dados das demonstrações em
informações.
As informações representam, portanto, uma comunicação que pode produ-
zir reação ou decisão, acompanhada de um efeito-surpresa. As demonstrações
financeiras demonstram que a empresa tem um determinado valor de dívidas,
isto é um dado. Porém, a conclusão se essa dívida é excessiva ou se é normal, de
que a empresa pode ou não pagá-la, é uma informação.
Se os níveis de endividamento estiverem altos, o gestor da empresa deverá
tomar decisões para tentar reduzi-los ou controlá-los, para que isso não afete
demasiadamente a saúde financeira da empresa, comprometendo, assim, o for-
necimento de crédito por parte dos bancos ou fornecedores.
A importância da contabilidade ao longo do tempo vem se apresentando
como uma importante fonte de informação para a tomada de decisão, porém, os
demonstrativos contábeis da maneira como são elaborados fornecem algumas
informações, mas não todas as desejáveis, podendo, ainda, ser possível explorar
as demonstrações para se obter um número maior de informações.

Observando as demonstrações publicadas, podemos saber qual é o valor


que a empresa tem a receber e a pagar, mas é possível saber qual a relação
entre eles?

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


59

Marion (2009) enfatiza que um grupo de indicadores pode ser considerado o


tripé da análise, pois considera os pontos fundamentais da empresa. Nesse tripé,
verificamos a situação financeira por meio dos indicadores de liquidez, a situa-
ção econômica mediante os indicadores de rentabilidade e a situação patrimonial
com os indicadores de endividamento.
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Figura 1 - Tripé da Análise


Fonte: o autor.

Estes três enfoques representam o equilíbrio empresarial, pois mesmo se somente


a situação econômica estiver abaixo do nível necessário, a tendência é de com-
prometimento da situação financeira e patrimonial nos próximos períodos. O
mesmo ocorre com quaisquer outras situações de desequilíbrio. Utilizaremos
uma unidade de estudo para tratarmos do equilíbrio ideal, a partir do qual apro-
fundaremos os estudos destas três situações.

O Que é a Análise das Demonstrações?


60 UNIDADE II

ANÁLISE VERTICAL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 2 - Total/Referência
Fonte: o autor.

A análise vertical é uma técnica importante que ajudará na identificação de algu-


mas concentrações dos recursos dentro do Balanço Patrimonial e Demonstração
do Resultado do Exercício, entre outras demonstrações. A análise vertical é apli-
cada com mais frequência no balanço patrimonial e na demonstração de resultado
de exercício, porém, poderá ser aplicada na DFC e DVA também.
A análise vertical ou vertical analysis ou, ainda, common-size analysis tem
como objetivo estudar a estrutura de composição dos elementos patrimoniais e
de resultado. Para isso, assume como referencial (ou seja 100%) o total dos ativos
para analisar as contas do ativo, o total dos passivos e patrimônio líquido conjunta
ou separadamente, para mostrar a participação de cada item da demonstração
em relação a esse referencial. Para calcular a representatividade ou participação
de uma conta, precisamos dividir o valor da conta pelo valor referencial e mul-
tiplicar por 100.
Muitas vezes, a análise vertical não esclarece, não traz uma informação
definitiva, mas sempre desperta no analista a necessidade de se aprofundar
a análise. Este aprofundamento se dará pela utilização de outras técnicas.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


61
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CONTAS DO ATIVO

Para calcular a representatividade ou participação das contas do ativo, precisamos


dividir o valor da conta pelo valor referencial e multiplicar por 100. Assim, saberemos
quanto cada recurso aplicado na empresa representa perante o total dos recursos.
Quadro 1 - Análise Vertical do Ativo

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado esquerdo


ATIVO x3 $ x3 AV x2 $ x2 AV x1 $ x1 AV
Ativo Circulante 2.963.415 57,30% 3.319.459 59,73% 3.365.369 64,01%
Caixa e Equivalentes 202.452 3,91% 590.400 10,62% 391.763 7,45%
Títulos e Val. Mobiliários 566.954 10,96% 497.623 8,95% 450.979 8,58%

Partes relacionadas 51.078 0,99% 88.140 1,59% 93.895 1,79%


Clientes 419.616 8,11% 430.549 7,75% 616.585 11,73%
Estoques 1.336.954 25,85% 1.343.741 24,18% 1.465.553 27,88%
Tributos a Recuperar 291.719 5,64% 333.475 6,00% 295.205 5,62%
Outros Ativos Circulantes 94.642 1,83% 35.531 0,64% 51.389 0,98%
Ativo Não Circulante 2.208.610 42,70% 2.238.114 40,27% 1.892.003 35,99%
Realizável a Longo Prazo 745.925 14,42% 755.647 13,60% 516.168 9,82%
Investimentos 439.669 8,50% 440.930 7,93% 364.397 6,93%
Imobilizado 558.193 10,79% 577.811 10,40% 565.358 10,75%
Intangível 464.823 8,99% 463.726 8,34% 446.080 8,48%
TOTAL DO ATIVO 5.172.025 100,00% 5.557.573 100,00% 5.257.372 100,00%

Fonte: o autor.

Análise Vertical
62 UNIDADE II

Por esta simples análise, percebe-se que os ativos a receber no longo prazo repre-
sentam em 9,82%, 13,60% e 14,42% em X1, X2 e X3 respectivamente. Esses
percentuais mostram que os recursos aplicados no Realizável a Longo Prazo estão
com representatividade maior a cada ano; isto é, sem dúvida, um sinal de atenção.
O comportamento da conta estoques (normalmente mais representativa, prin-
cipalmente em empresas comerciais) nos três anos mostrou que a representatividade
destes recursos são 27,88%, 24,18% e 25,85% em X1, X2 e X3 respectiva-
mente. Esses percentuais mostram poucas alterações de um ano para outro.
Vimos, então, na prática, a estrutura de composição dos elementos do ativo e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
comentamos o Realizável a Longo Prazo e Estoques. Você, como analista, pode
fazer a análise das contas que considerar mais importantes.

CONTAS DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO JUNTAS

Os recursos que estão do lado direito do balanço representam as origens de recur-


sos que os sócios ou acionistas e também os terceiros investiram na empresa. A
análise vertical das origens de recursos pode ser feita de duas formas: passivo e
patrimônio líquido em conjunto, considerando como referencial o total do lado
direito do balanço; ou em separado: passivo, considerando o valor do passivo
como referencial, e patrimônio líquido, em que o valor do patrimônio líquido
é o referencial.
Vamos analisar, agora, as contas do Passivo e Patrimônio Líquido, conside-
rando o total de todos os recursos, sejam próprios (patrimônio líquido) ou de
terceiros (passivo). Assim, a grandeza referencial base para comparação é o total
do passivo e patrimônio líquido.
Quadro 2 - Análise Vertical do Passivo e Patrimônio Líquido em conjunto

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado direito


PASSIVO E PATR. LÍQUIDO x3 $ x3 AV x2 $ x2 AV x1 $ x1 AV
Passivo Circulante 2.924.425 56,54% 2.859.611 51,45% 2.820.630 53,65%
Emprést. e Financiamentos 980.727 18.96% 568.220 10,22% 591.051 11,24%

Partes Relacionadas 94.109 1,82% 110.186 1,98% 143.082 2,72%

Fornecedores 1.522.038 29,43% 1.885.251 33,92% 1.784.902 33,95%

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


63

Obrig. Sociais e Trabalhistas 181.837 3,52% 150.419 2,71% 164.739 3,13%


Obrigações Fiscais 31.642 0,61% 29.497 0,53% 44.008 0,84%
Outras Contas a Pagar 114.072 2,21% 116.038 2,09% 92.848 1,77%
Passivo Não Circulante 1.551.292 29,99% 2.035.750 36,63% 1.682.275 32,00%
Fornecedores 519.234 10,04% 550.910 9,91% 315.866 6,01%
Emprést. e Financiamentos 773.305 14,95% 1.254.830 22,58% 1.120.184 21,31%
Outras Obrigações 258.753 5,00% 230.010 4,14% 246.225 4,68%
Patrimônio Líquido 696.308 13,46% 662.212 11,92% 754.467 14,35%
Capital Social 606.505 11,73% 606.505 10,91% 606.505 11,54%
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Reservas de Capital 17.914 0,35% 14.567 0,26% 10.103 0,19%


Reservas de Lucro 76.400 1,48% 52.342 0,94% 159.316 3,03%
Outros Result. Abrangentes 1.386 0,03% -1.628 -0,03% -1.262 -0,02%
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -0,11% -9.574 -0,17% -20.195 -0,38%
TOTAL DO PASSIVO +
5.172.025 100,00% 5.557.573 100,00% 5.257.372 100,00%
PATR. LÍQUIDO

Fonte: o autor.

Na análise das contas que representam origens de recursos, podemos analisar o


comportamento de cada uma das contas e grupos perante o montante total dos
recursos recebidos.
Se analisarmos as dívidas com compras a prazo, ou seja, a conta fornecedores
do passivo circulante, temos os seguintes percentuais: 33,95%, 33,92% e 29,43%
em X1, X2 e X3, respectivamente. Esses percentuais mostram poucas alterações
de um ano para outro, mas temos a informação de que um grande volume das
origens de recursos são de dívidas para os fornecedores da empresa.
Podemos, também, verificar que a conta empréstimos e financiamentos
com exigibilidade a longo prazo (Passivo Não Circulante) representam 21,31%,
22,58% e 14,95% em X1, X2 e X3 respectivamente. Isso dá ao analista uma infor-
mação importante: a representatividade dos recursos a pagar a longo prazo com
empréstimos e financiamentos diminuiu significativamente em X3, o que poderá
refletir em outros indicadores.

Análise Vertical
64 UNIDADE II

CONTAS DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO SEPARADAS

Podemos, também, realizar a análise vertical em duas etapas: considerando o


total do passivo como referencial para as contas do passivo circulante e não
circulante e o valor do patrimônio líquido como referencial para as contas do
patrimônio líquido.
Desta forma, é mais fácil verificar a participação de cada conta perante o seu
grupo de contas; como consideramos que o patrimônio líquido não faz parte do
passivo, é coerente que consideremos qual a composição relativa de cada item

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do passivo e do patrimônio líquido em separado.

Contas Somente do Passivo

Vamos, agora, analisar verticalmente as contas do Passivo, considerando o valor


do passivo (passivo circulante mais passivo não circulante) como referencial.
Veremos, neste enfoque, como fica a representatividade das duas contas que
estudamos anteriormente: Fornecedores (Passivo Circulante) e Empréstimos e
Financiamentos (Passivo Não Circulante).
Quadro 3 - Análise Vertical do Passivo Separado

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado direito


PASSIVO x3 $ x3 AV x2 $ x2 AV x1 $ x1 AV
Passivo Circulante 2.924.425 63,34% 2.859.611 58,41% 2.820.630 62,64%
Emprést. e Financiamentos 980.727 21,91% 568.220 11,61% 591.051 13,13%
Partes Relacionadas 94.109 2,10% 110.186 2,25% 143.082 3,18%
Fornecedores 1.522.038 34,01% 1.885.251 38,51% 1.784.902 39,64%
Obrig. Sociais e Trabalhistas 181.837 4,06% 150.419 3,07% 164.739 3,66%
Obrigações Fiscais 31.642 0,71% 29.497 0,60% 44.008 0,98%
Outras Contas a Pagar 114.072 2,55% 116.038 2,37% 92.848 2,06%
Passivo Não Circulante 1.551.292 34,66% 2.035.750 41,59% 1.682.275 37,36%
Fornecedores 519.234 11,60% 550.910 11,25% 315.866 7,01%
Emprést. e Financiamentos 773.305 17,28% 1.254.830 25,63% 1.120.184 24,88%
Outras Obrigações 258.753 5,78% 230.010 4,70% 246.225 5,47%
TOTAL DO PASSIVO 4.475.717 100,00% 4.895.361 100,00% 4.502.905 100,00%

Fonte: o autor.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


65

Analisando a conta Fornecedores (Passivo Circulante) perante o valor do pas-


sivo total, temos os seguintes percentuais: 39,64%, 38,51% e 34,01% em X1, X2
e X3 respectivamente. Esses percentuais também mostram pequenas alterações
de um ano para outro, mas como o referencial agora é o total do passivo, os per-
centuais são maiores que na análise em conjunto.
Na conta empréstimos e financiamentos (Passivo Não Circulante), encon-
tramos os seguintes percentuais: 24,88%, 25,63% e 17,28% em X1, X2 e X3
respectivamente, o que evidencia a mesma tendência de representatividade,
pequena variação de X1 para X2 e uma redução significativa de X2 para X3.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Contas Somente do Patrimônio Líquido


Iremos analisar verticalmente as contas do Patrimônio Líquido, considerando o
valor do patrimônio líquido como referencial. Vamos ver neste enfoque como fica
a representatividade das contas do patrimônio líquido em relação a ele mesmo.
Quadro 4 - Análise Vertical do Patrimônio Líquido Separado

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado direito


PATRIMÔNIO LÍQUIDO x3 $ x3 AV x2 $ x2 AV x1 $ x1 AV
Capital Social 606.505 87,10% 606.505 91,59% 606.505 80,39%
Reservas de Capital 17.914 2,57% 14.567 2,20% 10.103 1,34%
Reservas de Lucro 76.400 10,97% 52.342 7,90% 159.316 21,12%
Outros Result. Abrangentes 1.336 0,20% -1.628 -0,25% -1.262 -0,17%
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -0,85% -9.574 -1,45% -20.195 -2,68%
TOTAL PATRIM. LÍQUIDO 696.308 100,00% 662.212 100,00% 754.467 100,00%

Fonte: o autor.

Das contas do Patrimônio Líquido, o que chama mais a atenção são as Reservas
de Lucro que representava 21,12% em X1 e diminui para 7,90% em X2. Isto evi-
dencia utilização dos recursos, mas voltou a aumentar em X3. As demais contas
do Patrimônio Líquido têm poucas variações.

CONTAS DE RESULTADO
Nos itens anteriores, tomamos como grandeza referencial para fazer a análise: o
total do ativo, o total do passivo e patrimônio líquido, o total do passivo isola-
damente e, finalmente, o total do patrimônio líquido isoladamente.

Análise Vertical
66 UNIDADE II

Na análise vertical das contas de resultado, a grandeza referencial é o valor


das receitas líquidas. Deve ser assim porque as receitas brutas são acrescidas ou
diminuídas em função dos impostos sobre vendas e outras deduções. Já a receita
líquida representa a receita efetiva da empresa depois de expurgados os itens
que majoraram a receita por conta de repasse de impostos ou vendas frustradas.
Quadro 5 - Análise Vertical das Contas de Resultado

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO


APURAÇÃO DO RESULTADO x3 $ x3 AV x2 $ x2 AV x1 $ x1 AV
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 9.204.103 100,00% 8.872.845 100,00% 9.692.286 100,00%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(-) Custos das Vendas -6.379.561 -69,31% -6.369.372 -71,79% -7.066.328 -72,91%
(=) LUCRO BRUTO 2.824.542 30,69% 2.503.473 28,21% 2.625.958 27,09%
(-) DESPESAS/RECEITAS OPER. -2.457.883 -26,70% -2.194.264 -24,73% -2.165.359 -22,34%
Despesas com Vendas -1.523.575 -16,55% -1.711.504 -19,29% -1.737.443 -17,93%
Despesas Gerais e Adminstrat. -945.896 -10,28% -431.100 -4,86% -417.997 -4,31%
Depreciação e Amortização -72.372 -0,79% -155.795 -1,76% -136.443 -1,41%
Result. de Equivalência Patrim. 61.708 0,67% 88.948 1,00% 102.010 1,05%
Outras Despesas/Receitas Oper. 22.252 0,24% 15.187 0,17% 24.514 0,25%
(=) RESULTADO OPERAC.
366.659 3,98% 309.209 3,48% 460.599 4,75%
ANTES RES. FINANCEIRO
(+) Receitas Financeiras 111.495 1,21% 145.359 1,64% 124.982 1,29%
(-) Despesas Financeiras -349.024 -3,79% -435.264 -4,91% -296.548 -3,06%
(=) RESULTADO OPERAC.
129.130 1,40% 19.304 0,22% 289.033 2,98%
ANTES IRPJ/CSLL
(-) Imposto Renda sobre Lucro -13.451 -0,15% -7.331 -0,08% -52.730 -0,54%
(-) Contr. Social sobre Lucro Líq. -8.070 -0,09% -4.214 -0,05% -24.766 -0,26%
(=) RESULTADO LÍQUIDO das
107.609 1,17% 7.759 0,09% 211.537 2,18%
OPER. CONTINUADAS
(=/-) Res. Líq. Oper. Descontin.
(=/-) Res. Líq. Mens. Valor Justo
(=) RESULTADO LÍQUIDO
107.609 1,17% 7.759 0,09% 211.537 2,18%
DO PERIODO

Fonte: o autor.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


67

Vamos utilizar essa análise para entendermos o comportamento dos custos


das vendas e das despesas no decorrer dos três períodos. Primeiramente, vere-
mos o Custo das Vendas: a sua representatividade perante as vendas líquidas é
de 72,91%, 71,79% e 69,31% em X1, X2 e X3 respectivamente, o que evidencia
uma tendência de redução dos custos; isso deve refletir na Margem Bruta, além
de outros itens de rentabilidade.
No entanto, a pequena diminuição no custo das vendas não ocorreu em
outros itens do resultado, pois o resultado líquido foi de 2,18% em X1, 0,09%
em X2 e 1,17% em X3. No resultado líquido, houve uma piora significativa em
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

X2, mas em X3 já mostra uma boa recuperação.

ANÁLISE HORIZONTAL

A análise horizontal ou horizontal analysis ou percent change analysis tem como


objetivo mostrar a evolução histórica de cada uma das contas entre os períodos.
É uma análise da estrutura de um conjunto de recursos, sejam patrimoniais ou de
resultado, dependendo da demonstração analisada. Quando temos demonstra-
ções de vários períodos, podemos comparar todos tomando como referencial o
primeiro deles, ou podemos tomar como referencial sempre o período anterior.
Camargo (2007) contribui com este estudo ao afirmar que:
[...] a análise horizontal é a comparação que se faz com os saldos de
uma mesma conta de demonstrativo (balanço ou DRE) ao longo de
períodos consecutivos. Isso permite avaliar a evolução de um mesmo
elemento contábil ao longo do tempo e evidenciar tendências de cres-
cimento ou redução (CAMARGO, 2007, p. 214).

Esta comparação pode ser feita considerando o ano mais antigo da série anali-
sada (análise horizontal ano-base); assim, teremos um percentual que mostra a
evolução da conta de X1 para X2 e de X1 para X3 ou considerando o ano anterior
como base para o ano seguinte (análise horizontal anual). Deste modo, teremos
um percentual que mostra a evolução da conta de X1 para X2 e de X2 para X3.

Análise Horizontal
68 UNIDADE II

Na análise horizontal, é mais evidente a necessidade de elaborar as demonstra-


ções contábeis observando a característica qualitativa de melhoria da informação
contábil comparabilidade.

ANÁLISE HORIZONTAL ANO-BASE

Na análise horizontal ano-base, vamos verificar a evolução ocorrida entre o ano


base (o mais antigo) e o ano da análise; assim, teremos a evolução entre X1 e X2 e

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
entre X1 e X3. Quanto mais períodos tivermos, melhor será a análise horizontal.

Contas do Ativo

Vamos analisar as contas do ativo com a finalidade de verificar a evolução entre


os valores de cada período; desta forma, saberemos o quanto cada recurso, repre-
sentado pelas contas, aumentou ou diminuiu de X1 para X2 e de X1 para X3.
Quadro 6 - Análise Horizontal Ano-Base - contas do ativo

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado esquerdo


AH AH
ATIVO x3 $ x2 $ x1 $
x1 - x3 x1 - x2
Ativo Circulante 2.963.415 -11,94% 3.319.459 -1,36% 3.365.369
Caixa e Equivalentes 202.452 -48,32% 590.400 50,70% 391.763
Títulos e Valores Mobiliários 566.954 25,72% 497.623 10,34% 450.979
Partes relacionadas 51.078 -45,60% 88.140 -6,13% 93.895
Clientes 419.616 -31,95% 430.549 -30,17% 616.585
Estoques 1.336.954 -8,77% 1.343.741 -8,31% 1.465.553
Tributos a Recuperar 291.719 -1,18% 333.475 12,96% 295.205
Outros Ativos Circulantes 94.642 84,17% 35.531 -30,86% 51.389
Ativo Não Circulante 2.208.610 16,73% 2.238.114 18,29% 1.892.003
Realizável a Longo Prazo 745.925 44,51% 755.647 46,40% 516.168
Investimentos 439.669 20,66% 440.930 21,00% 364.397
Imobilizado 558.193 -1,27% 577.811 2,20% 565.358
Intangível 464.823 4,20% 463.726 3,96% 446.080
TOTAL DO ATIVO 5.172.025 -1,62% 5.557.573 5,71% 5.257.372
Fonte: o autor.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


69

Percebemos nessa análise que o valor da conta Títulos e Valores Mobiliários –


que representa aplicação financeira de recursos – está com uma tendência de
aumento, pois teve evolução positiva de X1 para X2 de 10,34% e de X1 para X3
de 25,72%. Esses recursos não estão na atividade da empresa que é comércio,
portanto é um ponto de atenção.
Já a conta Estoques – que representa os recursos investidos em mercadorias
para revenda – está com uma leve tendência de diminuição, pois teve evolução
negativa de X1 para X2 de 8,31% e de X1 para X3 de 8,77%. Esses recursos estão
diretamente ligados à atividade fim da empresa que é comércio; essa diminuição
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

pode ser uma estratégia, como também é um ponto de atenção.

Contas do Passivo e Patrimônio Líquido

Vamos analisar as contas do passivo e patrimônio líquido com a finalidade de


verificar a evolução entre os valores de X1 para X2 e de X1 para X3. Verificaremos,
assim, a tendência dos elementos patrimoniais que representam as origens de
recursos.

Análise Horizontal
70 UNIDADE II

Quadro 7 - Análise Horizontal Ano-Base - contas do passivo e patrimônio líquido

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado direito


AH AH
PASSIVO E PATR. LÍQUIDO x3 $ x2 $ x1 $
x1 - x3 x1 - x2
Passivo Circulante 2.924.425 3,68% 2.859.611 1,38% 2.820.630
Empréstimos e Financiamentos 980.727 65,93% 568.220 -3,86% 591.051
Partes Relacionadas 94.109 -34,23% 110.186 -22,99% 143.082
Fornecedores 1.522.038 -14,73% 1.885.251 5,62% 1.784.902
Obrigações Sociais e Traba-
181.837 10,38% 150.419 -8,69% 164.739

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
lhistas
Obrigações Fiscais 31.642 -28,10% 29.497 -32,97% 44.008
Outras Contas a Pagar 114.072 22,86% 116.038 24,98% 92.848
Passivo Não Circulante 1.551.292 -7,79% 2.035.750 21,01% 1.682.275
Fornecedores 519.234 64,38% 550.910 74,41% 315.866
Empréstimos e Financiamentos 773.305 -30,97% 1.254.830 12,02% 1.120.184
Outras Obrigações 258.753 5,09% 230.010 -6,59% 246.225
Patrimônio Líquido 696.308 -7,71% 662.212 -12,23% 754.467
Capital Social 606.505 0,00% 606.505 0,00% 606.505
Reservas de Capital 17.914 77,31% 14.567 44,18% 10.103
Reservas de Lucro 76.400 -52,04% 52.342 -67,15% 159.316
Outros Resultados Abrangen-
1.386 -209,83% -1.628 29,00% -1.262
tes
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -70,80% -9.574 -52,59% -20.195
TOTAL DO PASSIVO +
5.172.025 -1,62% 5.557.573 5,71% 5.257.372
PATR. LÍQUIDO

Fonte: o autor.

No Passivo, o que chama muito a minha atenção como analista é o movimento


das contas Empréstimos e Financiamentos no Circulante e no Não Circulante: de
X1 para X2 ocorreu uma diminuição no Circulante de 3,86% e no Não Circulante
um aumento de 12,02%, o que é um bom sinal, isto é, diminuir as dívidas de
curto prazo e aumentar as de longo. Entretanto, considerando o período de X1
a X3, foi o contrário e em proporções muito maiores: ocorreu um aumento no
Circulante de 65,93% e uma diminuição no Não Circulante de 30,97%. Minha

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


71

expectativa quanto às outras técnicas de análise estão totalmente aguçadas, pre-


cisamos verificar melhor esta situação.
No Patrimônio Líquido, percebemos que não houve evolução no Capital
Social, mas houve uma evolução positiva nas Reservas de Capital de 44,18% de
X1 para X2 e de 77,31% de X1 para X3. Neste caso, as notas explicativas iriam
nos auxiliar na compreensão dos motivos dessa variação.

Contas de Resultado
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A Análise Horizontal das contas de resultado nos ajuda na compreensão do


resultado empresarial, pois mostra a evolução de cada conta de receita, custos e
despesas utilizadas para apuração do lucro bruto, operacional e líquido.
A interpretação dos percentuais calculados na análise horizontal do resultado
precisa considerar que aumento nas contas de receitas representa contribuição
positiva para o resultado; porém, aumento nas contas de custos e despesas repre-
senta contribuição negativa para o resultado.
Uma empresa que teve diminuição de 5% nas vendas, mas teve diminuição
de 10% nos custos e despesas está melhor que outra que teve aumento de 5% nas
vendas, mas teve aumento de 10% nos custos e despesas.
Quadro 8 - Análise Horizontal Ano-Base - contas de resultado

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO


AH AH
APURAÇÃO DO RESULTADO x3 $ x2 $ x1 $
x1 - x3 x1 - x2
RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 9.204.103 -5,04% 8.872.845 -8,45% 9.692.286
(-) Custos das Vendas -6.379.561 -9,72% -6.369.372 -9,86% -7.066.328
(=) LUCRO LÍQUIDO 2.824.542 7,56% 2.503.473 -4,66% 2.625.958
(-) DESPESAS/RECEITAS OPER. -2.457.883 13,51% -2.194.264 1,33% -2.165.359
Despesas com Vendas -1.523.575 -12,31% -1.711.504 -1,49% -1.737.443
Despesas Gerais e Adminstrativas -945.896 126,29% -431.100 3,13% -417.997
Depreciação e Amortização -72.372 -46,96% -155.795 14,18% -136.443
Resultado de Equivalência Patrim. 61.708 -39,51% 88.948 -12,80% 102.010
Outras Despesas/Receitas Oper. 22.252 -9,23% 15.187 -38,05% 24.514

Análise Horizontal
72 UNIDADE II

(=) RESULTADO OPERAC.


366.659 -20,40% 309.209 -32,87% 460.599
ANTES RES. FINANCEIRO
(+) Receitas Financeiras 111.495 -10,79% 145.359 16,30% 124.982
(-) Despesas Financeiras -349.024 17,70% -435.264 46,78% -296.548
(=) RESULTADO OPERAC.
129.130 -55,32% 19.304 -93,32% 289.033
ANTES IRPJ/CSLL
(-) Imp. Renda sobre Lucro -13.451 -74,49% -7.331 -86,10% -52.730
(-) Contr. Social sobre Lucro Líq. -8.070 -67,42% -4.214 -82,98% -24.766
(=) RESULTADO LÍQUIDO das
107.609 -49,13% 7.759 -96,33% 211.537
OPER. CONTINUADAS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(=/-) Res. Líq. Oper. Descontin.
(=/-) Res. Líq. Mens. ao Valor Justo
(=) RESULTADO LÍQUIDO
107.609 -49,13% 7.759 -96,33% 211.537
DO PERÍODO
Fonte: o autor.

Nesta empresa, houve diminuição nos valores das vendas líquidas (8,45% de X1
para X2 e de 5,04% de X1 para X3), mas os custos das vendas diminuíram signi-
ficativamente (9,86% de X1 para X2 e 9,72%, de X1 para X3). Portanto, o lucro
bruto evoluiu positivamente (7,56%) de X1 para X3. Após considerar todas as
contas de receitas, custos e despesas, o Lucro Líquido diminuiu muito de X1
para X2 (96,33%), recuperou bastante em X3, mas no acumulado de X1 para
X3 ainda representa uma diminuição de 49,13%. A análise horizontal anual vai
melhorar este entendimento.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


73

RECEITA LÍQUIDA
Muitas demonstrações de resultado publicadas começam com a Receita
Líquida de Vendas, pois é a receita efetiva da empresa. Para encontrar a Re-
ceita Líquida, deduzimos da Receita Operacional Bruta, os descontos e aba-
timentos, as devoluções de vendas e os impostos incidentes sobre venda.
Vamos ver um pouco sobre estes itens:
Receita operacional bruta
A Receita é denominada operacional porque decorre das operações da em-
presa, e é denominada bruta porque é o valor mais vultuoso do resultado.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Deduções da receita operacional bruta


• Descontos e abatimentos – não serão recebidos do cliente por liberali-
dade da empresa, tais como promoções.
• Devoluções de venda – ocorre quando o cliente devolve os produtos ou
mercadorias por quaisquer motivos.
• Impostos Incidentes sobre as Vendas: são valores que a empresa está
obrigada a recolher ao fisco sobre as suas vendas brutas.
Fonte: o autor.

ANÁLISE HORIZONTAL ANUAL (ANO A ANO)

Na análise horizontal anual, vamos verificar a evolução ocorrida ano a ano; assim,
teremos a evolução entre X1 e X2 e entre X2 e X3. Muitos analistas preferem este
tipo de análise horizontal, por mostrar melhor acompanhamento da evolução de
cada conta, evidenciando os aumentos e diminuições ano a ano.

Contas do Ativo

Analisaremos as contas do ativo com a finalidade de verificar a evolução ano a ano,


período a período. Desta forma, saberemos o comportamento de cada recurso.

Análise Horizontal
74 UNIDADE II

Quadro 9 - Análise Horizontal Anual - contas do Ativo

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado esquerdo


AH AH
ATIVO x3 $ x2 $ x1 $
x2 - x3 x1 - x2
Ativo Circulante 2.963.415 -10,73% 3.319.459 -1,36% 3.365.369
Caixa e Equivalentes 202.452 -65,71% 590.400 50,70% 391.763
Títulos e Valores Mobiliários 566.954 13,93% 497.623 10,34% 450.979
Partes relacionadas 51.078 -42,05% 88.140 -6,13% 93.895
Clientes 419.616 -2,54% 430.549 -30,17% 616.585

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Estoques 1.336.954 -0,51% 1.343.741 -8,31% 1.465.553
Tributos a Recuperar 291.719 -12,52% 333.475 12,96% 295.205
Outros Ativos Circulantes 94.642 166,36% 35.531 -30,86% 51.389
Ativo Não Circulante 2.208.610 -1,32% 2.238.114 18,29% 1.892.003
Realizável a Longo Prazo 745.925 -1,29% 755.647 46,40% 516.168
Investimentos 439.669 -0,29% 440.930 21,00% 364.397
Imobilizado 558.193 -3,40% 577.811 2,20% 565.358
Intangível 464.823 0,24% 463.726 3,96% 446.080
TOTAL DO ATIVO 5.172.025 -6,94% 5.557.573 5,71% 5.257.372
Fonte: o autor.

Percebemos, nessa análise, que o valor da conta Títulos e Valores Mobiliários,


o qual representa aplicação financeira de recursos, está com uma tendência de
aumento, visto que teve evolução positiva de X1 para X2 de 10,34% e de X2
para X3 de 13,93%. Precisamos dar atenção à evolução da conta Empréstimos
e Financiamentos.
Já a conta Estoques, como já verificado na análise horizontal ano base, está
com uma leve tendência de diminuição, pois teve evolução negativa de X1 para
X2 de 8,31% e também negativa de X2 para X3 de 0,51%.

Contas do Passivo e Patrimônio Líquido


Vamos analisar as contas do passivo e patrimônio líquido com a finalidade de ave-
riguar a evolução entre os valores de X1 para X2 e de X2 para X3. Verificaremos,
assim, ano a ano, a tendência dos elementos patrimoniais que representam as ori-
gens de recursos.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


75

Quadro 10 - Análise Horizontal Anual - contas do Passivo e Patrimônio Líquido

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado direito


AH AH
PASSIVO E PATR. LÍQUIDO x3 $ x2 $ x1 $
x2 - x3 x1 - x2
Passivo Circulante 2.924.425 2,27% 2.859.611 1,38% 2.820.630
Empréstimos e Financiamentos 980.727 72,60% 568.220 -3,86% 591.051
Partes Relacionadas 94.109 -14,59% 110.186 -22,99% 143.082
Fornecedores 1.522.038 -19,27% 1.885.251 5,62% 1.784.902
Obrigações Sociais e Trabal. 181.837 20,89% 150.419 -8,69% 164.739
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Obrigações Fiscais 31.642 7,27% 29.497 -32,97% 44.008


Outras Contas a Pagar 114.072 -1,69% 116.038 24,98% 92.848
Passivo Não Circulante 1.551.292 -23,80% 2.035.750 21,01% 1.682.275
Fornecedores 519.234 -5,75% 550.910 74,41% 315.866
Empréstimos e Financiamentos 773.305 -38,37% 1.254.830 12,02% 1.120.184
Outras Obrigações 258.753 12,50% 230.010 -6,59% 246.225
Patrimônio Líquido 696.308 5,15% 662.212 -12,23% 754.467
Capital Social 606.505 0,00% 606.505 0,00% 606.505
Reservas de Capital 17.914 22,98% 14.567 44,18% 10.103
Reservas de Lucro 76.400 45,96% 52.342 -67,15% 159.316
Outros Resultados Abrangen. 1.386 -185,14% -1.628 29,00% -1.262
(-) Ações em Tesouraria -5.897 -38,41% -9.574 -52,59% -20.195
TOTAL DO PASSIVO +
5.172.025 -6,94% 5.557.573 5,71% 5.257.372
PATR. LÍQUIDO
Fonte: o autor.

No Passivo, vamos ver as mesmas contas já analisadas na análise horizontal ano-


-base: Empréstimos e Financiamentos a pagar no curto prazo diminui 3,86% de
X1 para X2, mas aumentou 72,60% de X2 para X3, e a mesma conta a pagar a
longo prazo aumento 12,02% de X1 para X2, mas diminuiu 38,37% de X2 para
X3. Certamente isso irá refletir no perfil da dívida da empresa.
No Patrimônio Líquido, as Reservas de Capital aumentaram em 44,18% de
X1 para X2 e em 22,98% de X2 para X3; esta conta merece atenção.

Análise Horizontal
76 UNIDADE II

Contas de Resultado

Vamos, agora, responder perguntas como: qual foi o aumento das receitas com
vendas? E os custos das vendas? Se o aumento das receitas for menor que o dos
custos, compromete o resultado; a análise horizontal na DRP é muito utilizada,
pois mostra a evolução de cada um dos itens que compõem o resultado.
Quadro 11 - Análise Horizontal Anual - contas de Resultado

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AH AH
APURAÇÃO DO RESULTADO x3 $ x2 $ x1 $
x2 - x3 x1 - x2

RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS 9.204.103 3,73% 8.872.845 -8,45% 9.692.286


(-) Custos das Vendas -6.379.561 0,16% -6.369.372 -9,86% -7.066.328
(=) LUCRO BRUTO 2.824.542 12,82% 2.503.473 -4,66% 2.625.958
(-) DESPESAS/RECEITAS OPER. -2.457.883 12,01% -2.194.264 1,33% -2.165.359
Despesas com Vendas -1.523.575 -10,98% -1.711.504 -1,49% -1.737.443
Despesas Gerais e Adminstrativas -945.896 119,41% -431.100 3,13% -417.997
Depreciação e Amortização -72.372 -53,55% -155.795 14,18% -136.443
Result. de Equivalência Patrim. 61.708 -30,62% 88.948 -12,80% 102.010
Outras Despesas/Receitas Oper. 22.252 46,52% 15.187 -38,05% 24.514
(=) RESULTADO OPERAC.
366.659 18,58% 309.209 -32,87% 460.599
ANTES RES. FINANCEIRO

(+) Receitas Financeiras 111.495 -23,30% 145.359 16,30% 124.982


(-) Despesas Financeiras -349.024 -19,81% -435.264 46,78% -296.548
(=) RESULTADO OPERAC.
129.130 568,93% 19.304 -93,32% 289.033
ANTES IRPJ/CSLL

(-) Imp. Renda sobre Lucro -13.451 83,48% -7.331 -86,10% -52.730
(-) Contr. Social sobre Lucro Líq. -8.070 91,50% -4.214 -82,98% -24.766
(=) RESULTADO LÍQUIDO das
107.609 1286,89% 7.759 -96,33% 211.537
OPER. CONTINUADAS

(=/-) Res. Líq. Oper. Descontin.

(=/-) Res. Líq. Mens.ao Valor Justo

(=) RESULTADO LÍQUIDO


107.609 1286,89% 7.759 -96,33% 211.537
DO PERÍODO

Fonte: o autor.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


77

Nesta empresa, houve diminuição nos valores das vendas líquidas de X1 para X2
em 8,45%, mas de X2 para X3 aumentou em 3,73%; por outro lado, os custos das
vendas diminuíram significativamente de X1 para X2 em 9,86%, mas de X2 para
X3 aumentou em 0,16%. Isso refletiu diretamente na evolução do Lucro Bruto.

VISÃO CONJUNTA: AV-AH


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

A análise vertical pode, também, demonstrar como o saldo de cada conta pode
interferir no resultado de um indicador, mas não conseguirá explicar a variação
ou alteração deste indicador ou, até mesmo, a alteração da representatividade
de uma conta no balanço ou da DRP de um ano para outro.
A análise horizontal mostra a evolução do valor dos recursos passando pelas
demonstrações de diversos períodos, mas não faz a comparação com o total dos
recursos daquele grupo, que também pode ter diminuído ou aumentado.
A partir da análise conjunta dos indicadores, é possível encontrar explica-
ções para as variações patrimoniais e também para o aumento ou diminuição
no resultado final da empresa. Com relação ao lucro, fatores externos podem ser
diretamente relacionados ao seu aumento ou redução.

CONTAS DO ATIVO

Vamos, agora, juntar as duas análises, vertical e horizontal, para termos infor-
mações mais relevantes a respeito das demonstrações sobre as contas do ativo.

Visão Conjunta: Av-Ah


78 UNIDADE II

Quadro 12 - Visão Conjunta da AV-AH - contas do Ativo

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado esquerdo


ATIVO x3 $ x3 AV x3-AH-x2 x2 $ x2 AV x2-AH-x1 x1 $ x1 AV
Ativo Circulan. 2.963.415 57,30% -10,73% 3.319.459 59,73% -1,36% 3.365.369 64,01%
Caixa e Equival. 202.452 3,91% -65,71% 590.400 10,62% 50,70% 391.763 7,45%

Tít. e Val. Mobil. 566.954 10,96% 13,93% 497.623 8,95% 10,34% 450.979 8,58%

Partes relacio. 51.078 0,99% -42,05% 88.140 1,59% -6,13% 93.895 1,79%
Clientes 419.616 8,11% -2,54% 430.549 7,75% -30,17% 616.585 11,73%
Estoques 1.336.954 25,85% -0,51% 1.343.741 24,18% -8,31% 1.465.553 27,88%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Trib. a Recuper. 291.719 5,64% -12,52% 333.475 6,00% 12,96% 295.205 5,62%
Outr. Ativ. Circ. 94.642 1,83% 166,36% 35.531 0,64% -30,86% 51.389 0,98%
Ativo Não Circ. 2.208.610 42,70% -1,32% 2.238.114 40,27% 18,29% 1.892.003 35,99%
Real. Long. Praz. 745.925 14,42% -1,29% 755.647 13,60% 46,40% 516.168 9,82%
Investimentos 439.669 8,50% -0,29% 440.930 7,93% 21,00% 364.397 6,93%
Imobilizado 558.193 10,79% -3,40% 577.811 10,40% 2,20% 565.358 10,75%
Intangível 464.823 8,99% 0,24% 463.726 8,34% 3,96% 446.080 8,48%
TOTAL ATIVO 5.172.025 100,00% -6,94% 5.557.573 100,00% 5,71% 5.257.372 100,00%

Fonte: o autor.

A análise vertical mostra que os ativos a receber no longo prazo representam 9,82%,
13,60% e 14,42% em X1, X2 e X3 respectivamente. Esses percentuais mostram que os
recursos aplicados no Realizável a Longo Prazo estão com representatividade maior
a cada ano; isso é, sem dúvida, um sinal de atenção. Contudo, a análise horizontal
mostra que houve um aumento de 46,40% de X1 para X2 e diminuiu 1,29% de X2
para X3, pois o ativo total aumentou 5,71% de X1 para X2 e diminuiu 6,94% de X2
para X3. Confirmamos, então, que realmente a empresa está com mais recursos apli-
cados em contas a receber no longo prazo, são mais recursos fora do giro da empresa.
A conta estoque, pela análise vertical, mostra a representatividade de 27,88%,
24,18% e 25,85% em X1, X2 e X3 respectivamente. Esses percentuais mostram
poucas alterações de um ano para outro. A análise horizontal mostra evolução
negativa de X1 para X2 de 8,31% e diminuição de X2 para X3 de 0,51%.
De uma forma geral, a análise vertical e horizontal das nossas contas do ativo
se confirmam; isso ocorre quando não há grandes alterações no total dos recur-
sos, o valor do ativo total mudou pouco nos três anos.

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


79

CONTAS DO PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

Vamos utilizar as análises, vertical e horizontal, numa visão conjunta, para ter-
mos informações mais relevantes a respeito das contas que representam as origens
de recursos da empresa.
Quadro 13 - Visão Conjunta da AV-AH - contas do Passivo e Patrimônio Líquido

BALANÇO PATRIMONIAL - Lado direito


PASSIVO E
x3 $ x3 AV x3-AH-x2 x2 $ x2 AV x2-AH-x1 x1 $ x1 AV
PATR. LÍQUIDO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Passivo Circulant. 2.924.425 56,54% 2,27% 2.859.611 51,45% 1,38% 2.820.630 53,65%
Emprést. e Financ. 980.727 18.96% 72,60% 568.220 10,22% -3,86% 591.051 11,24%

Partes relacion. 94.109 1,82% -14,59% 110.186 1,98% -22,99% 143.082 2,72%

Fornecedores 1.522.038 29,43% -19,27% 1.885.251 33,92% 5,62% 1.784.902 33,95%


Obr. Sociais e Trab. 181.837 3,52% 20,89% 150.419 2,71% -8,69% 164.739 3,13%
Obrigações Fiscais 31.642 0,61% 7,27% 29.497 0,53% -32,97% 44.008 0,84%
Outr. Contas a Pag. 114.072 2,21% -1,69% 116.038 2,09% 24,98% 92.848 1,77%
Passivo Não Circ. 1.551.292 29,99% -23,80% 2.035.750 36,63% 21,01% 1.682.275 32,00%
Fornecedores 519.234 10,04% -5,75% 550.910 9,91% 74,41% 315.866 6,01%
Emprést. e Financ. 773.305 14,95% -38,37% 1.254.830 22,58% 12,02% 1.120.184 21,31%
Outras Obrigações 258.753 5,00% 12,50% 230.010 4,14% -6,59% 246.225 4,68%
Patrimônio Líq. 696.308 13,46% 5,15% 662.212 11,92% -12,23% 754.467 14,35%
Capital Social 606.505 11,73% 0,00% 606.505 10,91% 0,00% 606.505 11,54%
Reserv. de Capital 17.914 0,35% 22,98% 14.567 0,26% 44,18% 10.103 0,19%
Reservas de Lucro 76.400 1,48% 45,96% 52.342 0,94% -67,15% 159.316 3,03%
Outros Res. Abran. 1.386 0,03% -185,14% -1.628 -0,03% 29,00% -1.262 -0,02%
(-) Ações em Tes. -5.897 -0,11% -38,41% -9.574 -0,17% -52,59% -20.195 -0,38%
TOTAL PASSIVO +
5.172.025 100,00% -6,94% 5.557.573 100,00% 5,71% 5.257.372 100.00%
PATR. LÍQUIDO

Fonte: o autor.

Na análise horizontal anual, vimos que a conta Empréstimos e Financiamentos


no Passivo Circulante diminuiu 3,86% de X1 para X2, mas aumentou 72,60%
de X2 para X3, e no Passivo Não Circulante aumentou 12,02% de X1 para X2,
mas diminuiu 38,37% de X2 para X3. Analisando a mesma conta pela análise
vertical, no Passivo Circulante encontramos os seguintes percentuais: 11,24%,

Visão Conjunta: Av-Ah


80 UNIDADE II

10,22% e 18,96% em X1, X2 e X3 respectivamente; e no Passivo Não Circulante:


21,31%, 22,58% e 14,95% respectivamente. Temos, então, a mesma tendência na
análise vertical e horizontal.

CONTAS DE RESULTADO

Em uma visão conjunta da análise vertical e horizontal anual, vamos analisar


as contas de receitas, custos e despesas. Será que teremos a repetição do que

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ocorreu com as contas patrimoniais? Será que a análise horizontal confirmará
a tendência da vertical?
Quadro 14 - Visão Conjunta da AV-AH - contas de Resultado

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO


APURAÇÃO DO
x3 $ x3 AV x3-AV-x2 x2 $ x2 AV x2-AH-x1 x1 $ x1 AV
RESULTADO
Rec. Líq. Vendas 9.204.103 100,00% 3,73% 8.872.845 100,00% -8,45% 9.692.286 100,00%
(-) Custos Vendas -6.379.561 -69,31% 0,16% -6.369.372 -71,79% -9,86% -7.066.328 -72,91%
(=) Lucro Bruto 2.824.542 30,69% 12,82% 2.503.473 28,21% -4,66% 2.625.958 27,09%
(-) Desp./Rec.
-2.457.883 -26,70% 12,01% -2.194.264 -24,73% 1,33% -2.165.359 -22,34%
Operacionais
Desp. com Venda -1.523.575 -16,55% -10,98% -1.711.504 -19,29% -1,49% -1.737.443 -17,93%
Desp. Ger. e Adm. -945.896 -10,28% 119,41% -431.100 -4,86% 3,13% -417.997 -4,31%
Deprec. e Amort. -72.372 -0,79% -53,55% -155.795 -1,76% 14,18% -136.443 -1,41%
Res. de Equiv. Pat. 61.708 0,67% -30,62% 88.948 1,00% -12,80% 102.010 1,05%
Out. Des./Rec. Op 22.252 0,24% 46,52% 15.187 0,17% -38,05% 24.514 0,25%
(=) Res. Operac.
366.659 3,98% 18,58% 309.209 3,48% -32,87% 460.599 4,75%
Antes Res. Fin.
(+) Receit. Financ. 111.495 1,21% -23,30% 145.359 1,64% 16,30% 124.982 1,29%
(-) Desp. Financ. -349.024 -3,79% -19,81% -435.264 -4,91% 46,78% -296.548 -3,06%
(=) Res. Operac.
129.130 1,40% 568,93% 19.304 0,22% -93,32% 289.033 2,98%
Antes IRPJ/CSLL
(-) Imp. Renda
-13.451 -0,15% 83,48% -7.331 -0,08% -86,10% -52.730 -0,54%
sobre Lucro

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


81

(-) Contrib. Social


-8.070 -0,09% 91,50% -4.214 -0,05% -82,98% -24.766 -0,26%
sobre Lucro Líq.
(=) Res. Líq. Ope.
107.609 1,17% 1286,89% 7.759 0,09% -96,33% 211.537 2,18%
Continuadas
(=/-) Res. Líq.
Oper. Descont.
(=/-) Res. Líq.
Mensur. Val Justo
(=) Res. Líq.
107.609 1,17% 1286,89% 7.759 0,09% -96,33% 211.537 2,18%
Período

Fonte: o autor.

Nos custos das vendas pela análise horizontal anual, vemos uma significativa dimi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

nuição de X1 para X2 (9,86%), mas pela análise vertical tivemos uma pequena
oscilação na representatividade (72,91% em X1 e de 71,79% em X2), a discre-
pância maior está na evolução de X2 para X3. Pela análise horizontal, tivemos
um aumento em 0,16%, mas pela análise vertical tivemos uma diminuição, pois
foi de 71,79% em X2 e 69,31% em X3.
Isso ocorreu porque as vendas líquidas aumentaram 3,73% de X2 para X3 e
os custos das vendas somente 0,16%; então, o valor referencial da análise verti-
cal ficou bem acima do valor analisado.

Visão Conjunta: Av-Ah


82 UNIDADE II

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desta unidade, podemos afirmar que aprendemos os aspectos teóricos


da análise das demonstrações e suas técnicas, da análise vertical, da análise hori-
zontal ano-base e da análise horizontal anual e, também, uma visão conjunta das
análises vertical e horizontal anual.
Além dos aspectos conceituais, vimos os aspectos práticos da análise vertical,
nos quais calculamos a representatividade de cada conta patrimonial e de resul-
tado. Também vimos a evolução horizontal das contas, considerando o ano-base

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e considerando anualmente. Logo após, juntamos a análise vertical e a análise
horizontal anual em uma única demonstração para, nesta visão conjunta, termos
informações conjuntas sobre a representatividade das contas e sobre a evolução
ano a ano dos mesmos elementos patrimoniais e de resultado.
Como ponto de partida para a análise das demonstrações, agora sabemos, na
teoria e na prática, que a análise vertical compara os valores das contas, subgru-
pos e grupos de contas com um valor referencial, que no caso do lado esquerdo
do balanço é o total do ativo e no caso do lado direito pode ser feito com dois
enfoques: o total de passivo mais patrimônio líquido em conjunto ou o valor
do passivo separado do valor do patrimônio líquido. Nas contas de resultado, o
referencial é o valor da receitas ou vendas líquidas.
Sabemos, também, que a análise horizontal nos mostra a evolução das con-
tas, subgrupos e grupos de contas entre um período e outro. Estudamos esta
evolução de duas formas: considerando sempre o mesmo ano base ou anual-
mente, considerando a referência ano a ano.
Neste desenvolvimento prático, comentamos alguns cálculos, tanto da análise
vertical quanto da horizontal ano-base e horizontal anual, fizemos comentários
também sobre a visão conjunta vertical x horizontal.
Agora, temos uma base importante para continuarmos nossos estudos sobre
a análise das demonstrações contábeis ou financeiras. Você está preparado?
Vamos em frente!

VISÃO GERAL DA ANÁLISE EMPRESARIAL


83

1. O analista precisa explicar ao gestor da empresa o que ocorreu com a conta for-
necedores, pois há 5 anos, a empresa devia R$150.000,00 aos fornecedores e, no
ano passado, estava devendo R$ 285.000,00. Considerando que o que importa
ao gestor é um único percentual, assinale a alternativa que representa a
análise a ser feita.
a) Análise Vertical.
b) Análise Horizontal Ano-Base.
c) Análise Vertical Ano a Ano.
d) Análise Horizontal Ano a Ano.
e) Análise Vertical Ano-Base.
2. A análise vertical tem como objetivo estudar a estrutura de composição dos ele-
mentos patrimoniais e de resultado. Para isso, assume como referencial (ou seja,
100%) o total dos ativos para analisar as contas do ativo. Descreva como devem
ser feitos os cálculos na análise vertical.
3. É uma análise da estrutura de um conjunto de recursos, sejam patrimoniais ou
de resultado, dependendo da demonstração analisada. Quando temos vários
períodos, podemos comparar todos tomando como referencial o primeiro deles,
ou podemos tomar como referencial sempre o período anterior. Essa descrição
se refere a qual análise?
4. Se uma empresa apresenta nas demonstrações o saldo da conta imobilizado de
R$500.000,00 e o total do ativo de R$1.250.000,00, calcule e assinale a alterna-
tiva que mostra a representatividade do imobilizado no total dos recursos.
a) 250%.
b) 150%.
c) 100%.
d) 50%.
e) 40%.
5. A empresa Boa Ltda. apresentou, nas demonstrações dos três últimos anos, as se-
guintes informações: imobilizado, saldo de R$550.00,00 em 20x7, R$520.000,00
em 20x8 e R$500.000,00 em 20x9. Calcule e assinale a alternativa que mostra
a evolução horizontal ano-base do imobilizado dessa empresa.
a) Positiva de 9,09%.
b) Negativa de 9,09%.
c) Positiva de 10,00%.
d) Negativa de 5,45% de 20x7 para 20x8 e de 3,85% de 20x8 para 20x9.
e) Positiva de 5,45% de 20x7 para 20x8 e de 3,85% de 20x8 para 20x9.
84

Características qualitativas da informa- Diferentemente de outras características


ção contábil-financeira útil qualitativas, a comparabilidade não está
relacionada com um único item. A compa-
QC4: se a informação contábil-finan- ração requer no mínimo dois itens.
ceira é para ser útil, ela precisa ser
relevante e representar com fidedigni- QC22: consistência, embora esteja relacio-
dade o que se propõe a representar. A nada com a comparabilidade, não significa
utilidade da informação contábil-finan- o mesmo. Consistência refere-se ao uso dos
ceira é melhorada se ela for comparável, mesmos métodos para os mesmos itens,
verificável, tempestiva e compreensível. tanto de um período para outro conside-
[...] rando a mesma entidade que reporta a
informação, quanto para um único perí-
Características qualitativas de melhoria odo entre entidades. Comparabilidade é
o objetivo; a consistência auxilia a alcan-
QC19: comparabilidade, verificabilidade, çar esse objetivo.
tempestividade e compreensibilidade são
características qualitativas que melhoram QC23: comparabilidade não significa uni-
a utilidade da informação que é relevante formidade. Para que a informação seja
e que é representada com fidedignidade. comparável, coisas iguais precisam parecer
As características qualitativas de melhoria iguais e coisas diferentes precisam parecer
podem também auxiliar a determinar qual diferentes. A comparabilidade da informa-
de duas alternativas que sejam considera- ção contábil-financeira não é aprimorada
das equivalentes em termos de relevância ao se fazer com que coisas diferentes pare-
e fidedignidade de representação deve ser çam iguais ou ainda ao se fazer coisas iguais
usada para retratar um fenômeno. parecerem diferentes.

Comparabilidade QC24: algum grau de comparabilidade é


possivelmente obtido por meio da satis-
QC20: as decisões de usuários implicam fação das características qualitativas
escolhas entre alternativas, como, por fundamentais. A representação fidedigna
exemplo, vender ou manter um investi- de fenômeno econômico relevante deve
mento, ou investir em uma entidade ou possuir naturalmente algum grau de
noutra. Consequentemente, a informação comparabilidade com a representação
acerca da entidade que reporta informa- fidedigna de fenômeno econômico rele-
ção será mais útil caso possa ser comparada vante similar de outra entidade que reporta
com informação similar sobre outras enti- a informação.
dades e com informação similar sobre a
mesma entidade para outro período ou QC25: muito embora um fenômeno eco-
para outra data. nômico singular possa ser representado
com fidedignidade de múltiplas formas, a
QC21: comparabilidade é a característica discricionariedade na escolha de métodos
qualitativa que permite que os usuários contábeis alternativos para o mesmo fenô-
identifiquem e compreendam similari- meno econômico diminui a comparabilidade.
dades dos itens e diferenças entre eles. [...]
85

Aplicação das características qualitati- que não segue uma ordem preestabelecida.
vas de melhoria Algumas vezes, uma característica qualita-
tiva de melhoria pode ter que ser diminuída
QC33: características qualitativas de melho- para maximização de outra característica
ria devem ser maximizadas na extensão qualitativa. Por exemplo, a redução tempo-
possível. Entretanto, as características rária na comparabilidade como resultado
qualitativas de melhoria, quer sejam indivi- da aplicação prospectiva de uma nova
dualmente ou em grupo, não podem tornar norma contábil-financeira pode ser vanta-
a informação útil se dita informação for irre- josa para o aprimoramento da relevância ou
levante ou não for representação fidedigna. da representação fidedigna no longo prazo.
Divulgações apropriadas podem parcial-
QC34: a aplicação das características quali- mente compensar a não comparabilidade.
tativas de melhoria é um processo iterativo
Fonte: CFC (2011).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Gestão contábil para contadores e não contadores


Carlos Alberto de Ávila
Editora: Ibpex
Sinopse: Gestão Contábil para Contadores e Não Contadores, de
Carlos Alberto de Ávila, é uma obra que apresenta uma abordagem
nitidamente didática, voltada a ajudar quem está ou não inserido na
área de contabilidade a fazer relatórios contábeis, de tributação, de
análise e de demonstrações contábeis por meio de explicações e de
exercícios para fixação do conteúdo.

Saber elaborar e analisar uma análise vertical e horizontal das demonstrações


financeiras contribui muito com o estudo da análise vertical e horizontal de forma
conceitual, explicativa e prática.
Para saber mais, acesse o conteúdo disponível em: <http://www.cavalcanteassociados.com.br/
utd/UpToDate294.pdf>. Acesso em: 12 jun. 2017.
87
REFERÊNCIAS

CAMARGO, Camila. Análise de investimentos e demonstrativos financeiros. Curi-


tiba: Ibpex, 2007.
CFC (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Resolução nº 1.374, de 08 de de-
zembro de 2011. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Dispo-
nível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1374.pdf>. Acesso em: 12
jun. 2017.
MARION, José Carlos. Contabilidade empresarial. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e
gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise das demonstra-
ções financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
GABARITO

1. B. Análise Horizontal Ano-Base.


2. Para calcular a representatividade ou participação de uma conta, precisamos di-
vidir o valor da conta pelo valor referencial e multiplicar por 100.
3. Análise Horizontal
4. E. 40%.
5. B. negativa de 9,09%.
Professor Me. José Manoel da Costa

III
GESTÃO DOS RECURSOS:

UNIDADE
CICLO OPERACIONAL E
FINANCEIRO

Objetivos de Aprendizagem
■■ Verificar o desempenho da gestão por meio do giro dos recursos.
■■ Calcular os prazos médios para acompanhar o desempenho da
gestão dos recursos.
■■ Analisar a gestão empresarial por meio do ciclo econômico,
operacional e financeiro a partir dos prazos médios.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Giro dos Recursos
■■ Prazos Médios
■■ Ciclo Completo de Atividades
91

INTRODUÇÃO

Quando falamos em indicadores da gestão dos recursos, estamos nos referindo


à análise da eficiência e eficácia da gestão. A gestão financeira de uma empresa
deve ser desenvolvida com base no planejamento prévio, e os indicadores con-
tribuem para mostrar se o planejado foi realizado. Para isso, utilizamos alguns
grupos de indicadores: os giros de recursos, os prazos médios, o ciclo econô-
mico, o ciclo operacional e o ciclo financeiro.
Este grupo de indicadores é de grande interesse dos gestores, principalmente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

os gestores financeiros, pois mostram a realização da gestão, possibilitando a


comparação do planejado com o realizado. Além de ser mais útil para os gesto-
res, usuários internos das demonstrações, ainda temos que levar em conta que
para calcular com maior precisão, precisaremos de informações que não encon-
tramos facilmente nas demonstrações publicadas, como o valor das compras
brutas, as devoluções de vendas e de compras, além do saldo médio dos esto-
ques, dos valores a receber de clientes e dos valores a pagar aos fornecedores,
visto que o saldo médio é necessário para abarcar possíveis sazonalidades da ati-
vidade empresarial que refletem no valor dos recursos.
Os indicadores dos giros dos recursos mostram quantas vezes um deter-
minado recurso foi renovado durante um determinado período, normalmente
consideramos o período de um ano. Os prazos médios utilizam os mesmos valo-
res já utilizados para calcular os giros dos recursos, mas o enfoque é determinar
quantos dias, em média, um determinado recurso leva para ser renovado. Os
resultados obtidos no cálculo dos prazos médios serão utilizados para calcular
o ciclo operacional e o ciclo financeiro.
Como estamos utilizando demonstrações contábeis elaboradas no final
dos períodos para desenvolvermos os cálculos dos indicadores, vamos simular
informações complementares para calcularmos os giros dos recursos e os pra-
zos médios; assim, teremos um aprendizado completo, com enfoque teórico e
prático. Vamos em frente!

Introdução
92 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
GIRO DOS RECURSOS

A análise do Giro dos Recursos busca medir a performance das atividades ope-
racionais da empresa, tais como: estoques, compras e vendas, pagamentos e
recebimentos. O nível dessas atividades normalmente é definido no planeja-
mento estratégico da empresa, os indicadores vão mostrar se o planejamento
está sendo realizado ou se temos muitas variações.
É necessário entender como os recursos se renovam por meio dos giros
encontrados pela análise dos valores das contas que representam estes recur-
sos, porque a gestão destes afetam diretamente os diferentes ciclos do negócio.
O grau de utilização dos ativos na geração das receitas é refletido na rotação
ou giros dos recursos: quanto mais eficiente o uso dos ativos, maior benefício
trará a liquidez e a rentabilidade da empresa. Neste grupo de análise, utiliza-
mos contas que representam a situação financeira e patrimonial em comparação
com contas que representam a situação econômica. Como os valores das contas
de resultado (situação econômica) se referem, normalmente, a um período de
um ano, é recomendável usar o saldo médio dos valores das contas do Balanço
Patrimonial. Para isso, é necessário termos balanços mensais para calcular a
média dos recursos; desta forma, estaremos eliminando os efeitos sazonais.
Devemos entender como saldo médio a média aritmética das demonstra-
ções intermediárias do período. Por exemplo: se temos no ano doze balanços ou
balancetes mensais, soma-se o saldo dos doze e divide-se por doze, encontrando,
assim, uma média dos recursos utilizados durante o ano todo.

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


93

GIRO DOS ESTOQUES TOTAIS

O giro dos estoques totais indica o número de vezes em que os estoques foram
renovados por causa das vendas, durante um período. Se houver estoques com
diversas características, o
índice refletirá a média glo-
bal ponderada de todos os
valores mantidos na conta
estoque.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Para amenizar os possí-


veis problemas de distorção,
calcula-se um valor médio
dos estoques durante o perí-
odo; assim, a comparação
fica mais razoável. Quando
é impossível obter informa-
ções para calcular a média, podemos utilizar o valor das demonstrações do final
do período, mas devemos ter ciência que, caso haja sazonalidade, o índice encon-
trado não será tão confiável.
É calculado pela razão entre o custo das vendas e o valor médio dos esto-
ques, normalmente, quanto maior a rotatividade, melhor a situação da empresa.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

CUSTO DAS VENDAS


GET =
SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES

Para o cálculo prático, consideremos que conseguimos as demonstrações men-


sais junto à empresa. Com base nos saldos mensais dos estoques, vamos, então,
calcular o SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES no quadro a seguir:

Giro dos Recursos


94 UNIDADE III

Quadro 1 - Saldo médio dos estoques

CÁLCULO SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES


Meses x3 x2 x1
JAN 1.287.303 1.443.569 1.582.797
FEV 1.306.613 1.434.908 1.560.226
MAR 1.311.839 1.426.298 1.537.977
ABR 1.298.721 1.417.741 1.516.046
MAI 1.279.240 1.409.234 1.494.427
JUN 1.272.844 1.400.779 1.473.116

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
JUL 1.293.547 1.392.374 1.502.579
AGO 1.354.445 1.384.020 1.517.604
SET 1.361.217 1.375.716 1.547.957
OUT 1.381.533 1.367.461 1.532.477
NOV 1.363.693 1.359.257 1.547.802
DEZ 1.336.954 1.343.741 1.465.553
Média 1.320.662,42 1.396.258,17 1.523.213,42
Fonte: o autor.

Vamos calcular o Giro dos Estoques Totais, considerando o Custo das Vendas
do período de 12 meses, obtido nas demonstrações publicadas, e o Saldo Médio
dos Estoques calculados de acordo com as demonstrações mensais:
Quadro 2 - Cálculo do GET

x3 x2 x1
6.379.561,00 6.369.372,00 7.066.328,00
GET = 1.320.662,42 1.396.258,17 1.523.213,42
4,83 4,56 4,64
vezes vezes vezes
Fonte: o autor.

Os índices encontrados significam quantas vezes os estoques foram renovados


durante cada período: quanto maior o giro, melhor; percebemos, então, que o
pior ano foi x2 com giro de 4,56 vezes e o melhor ano foi x3 com giro de 4,83
vezes.Demonstrando graficamente:

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


95

Giro dos Estoques Totais


4,83

4,64
4,56
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

x3 x2 x1

Figura 1 - Giro dos Estoques Totais


Fonte: o autor.

Empresas comerciais compram e vendem; empresas industriais compram,


transformam e vendem. Esta diferença está ligada ao ciclo de produção e
tem reflexo direto no giro do ativo. Empresas comerciais tendem a ter giro
do ativo maior, e empresas industriais, menor. O giro do ativo mostra a ve-
locidade em que os ativos são transformados em volume de vendas e a ren-
tabilidade depende do volume de vendas. Assim, vemos uma relação direta
entre giro do ativo e taxas de retorno, pois a margem líquida pequena pode
ser compensada com grande volume de vendas.
O gestor financeiro deve mostrar que o capital está sendo bem remune-
rado e a melhor forma de fazer isso é utilizando o giro do ativo total e a
rentabilidade dos ativos. A melhor forma de comparar o giro do ativo com o
de outras empresas, ainda, é o padrão setorial; no entanto, a empresa deve
sempre buscar rotações ou giros maiores, pois quanto maior for o giro dos
ativos, maior será a eficiência da empresa e maior a rentabilidade.
Fonte: o autor.

Giro dos Recursos


96 UNIDADE III

GIRO DO ATIVO
TOTAL

O giro do ativo total


indica a eficiência
com a qual a empresa usa
seus ativos para gerar vendas.
Normalmente, quanto maior esse índice,
maior a eficiência no uso dos ativos. “Um dos

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
mais importantes indicadores de giro é representado
pelo índice de giro dos ativos” (BRUNI, 2010, p. 179).
Deve-se tomar cuidado ao usar este indicador para fins comparativos, pois
é baseado nos custos históricos do total de ativos. Como algumas empresas têm
ativos mais novos ou mais velhos que outras, essa comparação pode ser enga-
nosa. Empresas com ativos mais novos tendem a ter giros menores que aquelas
com ativos mais velhos. A diferença no giro pode ser resultado de ativos mais
caros e não de eficiência operacional. É calculado pela razão entre as vendas e o
total de ativos da empresa. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA


GAT =
SALDO MÉDIO DO ATIVO TOTAL

Para o cálculo prático, vamos considerar que conseguimos as demonstrações men-


sais junto à empresa. Com base nos saldos mensais do ativo total, calculamos o
SALDO MÉDIO DO ATIVO TOTAL no quadro a seguir:

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


97

Quadro 3 - Saldo médio do ativo total

CÁLCULO SALDO MÉDIO DO ATIVO TOTAL


Meses x3 x2 x1
JAN 5.441.381 5.245.885 5.363.024
FEV 5.117.004 5.311.412 5.285.120
MAR 5.137.470 5.477.141 5.208.328
ABR 5.086.097 5.543.081 5.232.633
MAI 5.009.805 5.609.221 5.158.015
JUN 5.084.756 5.575.567 5.084.460
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

JUL 5.165.834 5.542.112 5.186.152


AGO 5.304.325 5.508.861 5.238.011
SET 5.430.846 5.575.808 5.342.774
OUT 5.410.408 5.542.950 5.289.345
NOV 5.340.542 5.610.296 5.342.239
DEZ 5.172.025 5.557.573 5.257.372
Média 5.225.041,08 5.508.325,58 5.248.956,08
Fonte: o autor.

Vamos calcular o Giro do Ativo Total considerando a Receita Líquida das Vendas
do período de 12 meses, obtido nas demonstrações publicadas, e o Saldo Médio
do Ativo Total calculados de acordo com as demonstrações mensais:
Quadro 4 - Cálculo do GAT

x3 x2 x1
9.204.103,00 8.872.845,00 9.692.286,00
GAT = 5.225.041,08 5.508.325,58 5.248.956,08
1,76 1,61 1,85
vezes vezes vezes
Fonte: o autor.

Os índices encontrados significam quantas vezes o ativo total girou em função


das vendas líquidas durante cada período: quanto maior o giro, melhor; perce-
bemos, então, que o pior ano foi x2 com giro de 1,61 vezes e o melhor ano foi x1
com giro de 1,85 vezes. Demonstrando graficamente:

Giro dos Recursos


98 UNIDADE III

Giro do Ativo Total


1,85
1,76

1,61

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 2 - Giro do Ativo Total


Fonte: o autor.

PRAZOS MÉDIOS

No grupo de indicadores
que mostram como está a
eficácia da gestão dos recursos,
analisamos o resultado da
gestão por dois enfoques: o giro
de recursos e os prazos médios
de realização dos recursos. No
subgrupo giro dos recursos,
analisamos os estoques e o ativo
total; aqui vamos ver os estoques, as contas a receber de clientes e as contas a
pagar a fornecedores. Estes indicadores têm como principal objetivo mostrar
aos gestores, usuários internos, qual é o resultado da gestão, possibilitando a
comparação com o planejamento estratégico e operacional.

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


99
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PRAZO MÉDIO DE RENOVAÇÃO DOS ESTOQUES

Período médio que decorre da compra até a venda de um determinado estoque.


Tem efeitos diferentes para comércio e indústria; enquanto no comércio se com-
pra e já expõe para venda, na indústria é comprado e transformado para só após
o processo produtivo ser vendido. O critério de análise é “quanto menor, melhor”,
pois o objetivo é negociar rapidamente os estoques, evitando obsoletismo.
O Prazo Médio de Renovação dos Estoques – PMRE – indica a média do
número de dias para venda dos estoques. É calculada pela divisão do valor dos
estoques (média do período) pelo custo das vendas do período, pois o registro
das baixas de estoques vendidos é feito em contrapartida no custo das vendas.
Como é medido em dias, o resultado deverá ser multiplicado pelo número de
dias do período. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES


PMRE = X360
CUSTO DAS VENDAS

Para o cálculo prático, vamos considerar que conseguimos as demonstrações


mensais junto à empresa. Com base nos saldos mensais dos estoques, vamos,
então, calcular o SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES no quadro a seguir:

Prazos Médios
100 UNIDADE III

Quadro 5 - Saldo médio dos estoques

CÁLCULO SALDO MÉDIO DOS ESTOQUES


Meses x3 x2 x1
JAN 1.287.303 1.443.569 1.582.797
FEV 1.306.613 1.434.908 1.560.226
MAR 1.311.839 1.426.298 1.537.977
ABR 1.298.721 1.417.741 1.516.046
MAI 1.279.240 1.409.234 1.494.427
JUN 1.272.844 1.400.779 1.473.116

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
JUL 1.293.547 1.392.374 1.502.579
AGO 1.354.445 1.384.020 1.517.604
SET 1.361.217 1.375.716 1.547.957
OUT 1.381.533 1.367.461 1.532.477
NOV 1.363.693 1.359.257 1.547.802
DEZ 1.336.954 1.343.741 1.465.553
Média 1.320.662,42 1.396.258,17 1.523.213,42
Fonte: o autor.

Vamos calcular o Prazo Médio de Renovação dos Estoques considerando o Custo


das Vendas do período de 12 meses, obtido nas demonstrações publicadas, e o
Saldo Médio dos Estoques calculados de acordo com as demonstrações mensais:

Quadro 6 - Cálculo do PMRE

x3 x2 x1
1.320.662,42 1.396.258,17 1.523.213,42
x 360 x 360 x 360
PMRE = 6.379.561,00 6.369.372,00 7.066.328,00

74,53 78,92 77,60


dias dias dias
Fonte: o autor.

Os índices encontrados nos informam em quantos dias os estoques foram reno-


vados durante cada período, como esse prazo é do tipo “quanto menor o período,
melhor”, percebemos, então, que o pior ano foi x2 com período de 78,92 dias e o
melhor ano foi x3 com período 74,53 dias. Demonstrando graficamente:

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


101

Prazo Médio de Renov. dos Est.


78,92
77,60

74,53
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

x3 x2 x1

Figura 3 - Prazo Médio de Renovação dos Estoques


Fonte: o autor.

PRAZO MÉDIO DE
RECEBIMENTO DOS
CLIENTES

O prazo médio de rece-


bimento dos clientes é o
período médio compre-
endido entre a venda e o
recebimento dos clientes. É
o prazo efetivo e não o prazo
para pagamento concedido
por ocasião da venda. Se houver atrasos ou antecipação do recebimento, o prazo
médio será diferente da política de prazos da empresa. O critério de análise é
“quanto menor, melhor”, pois o objetivo é receber as vendas o mais rápido pos-
sível, evitando a necessidade de mais capital; quanto antes a empresa receber as
vendas, mais recursos disponíveis para o giro dos recursos a empresa terá.
O Prazo Médio de Recebimentos dos Clientes – PMRC – é usado para avaliar
as políticas de crédito e cobrança da empresa. Para calcular o PMRC, é necessário

Prazos Médios
102 UNIDADE III

entendermos que o ponto de partida é o saldo médio das contas a receber dos
clientes (Ativo Circulante). O reflexo nas contas de resultado é a conta Receita
Operacional Bruta, mas precisamos considerar alguns ajustes, pois as possíveis
devoluções de vendas e abatimentos não serão recebidos dos clientes. Logo, não
faz sentido considerarmos estes valores que formam o saldo da receita bruta,
mas que representam deduções logo em seguida.
Como é medido em dias, o resultado deverá ser multiplicado pelo número
de dias do período. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SALDO MÉDIO DE CLIENTES
PMRC = X360
VENDAS BRUTAS AJUSTADAS

Para o cálculo prático, vamos considerar que conseguimos informações adicionais


junto à empresa. Então, com base nos saldos mensais da conta clientes, vamos
calcular o SALDO MÉDIO A RECEBER DOS CLIENTES no quadro a seguir:
Quadro 7 - Saldo médio dos valores a receber dos clientes

CÁLCULO SALDO MÉDIO A RECEBER DE CLIENTES


Meses x3 x2 x1
JAN 434.854 628.916 653.580
FEV 439.203 622.627 640.508
MAR 443.595 610.174 627.698
ABR 448.031 591.869 615.144
MAI 452.511 568.194 602.841
JUN 447.986 539.785 590.784
JUL 443.506 507.398 578.968
AGO 439.071 487.102 590.548
SET 434.680 457.876 602.359
OUT 430.333 430.403 614.406
NOV 426.030 443.315 626.694
DEZ 419.616 430.549 616.585
Média 438.284,67 526.517,33 613.342,92
Fonte: o autor.

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


103

Já calculamos o Saldo Médio a Receber de Clientes, mas, neste caso, precisa-


mos de outras informações adicionais, porque o reflexo das contas a receber
nas contas de resultado não é com as receitas líquidas, mas sim com as brutas,
deduzidas pelas devoluções de vendas e abatimentos. Como não temos estas
informações nas demonstrações publicadas, vamos considerar que temos um
bom relacionamento com a empresa e conseguimos as informações necessárias,
consolidando-as conforme exposto:
Quadro 8 - Cálculo da Receita Bruta Ajustada

INFORMAÇÕES COMERCIAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Detalhamento x3 x2 x1
RECEITA BRUTA 10.789.509 10.660.936 11.615.740
DEVOLUÇÕES 246.038 378.147 250.421
ABATIMENTOS 47.257 84.803 59.123
RECEITA BRUTA AJUSTADA 10.496.214 10.197.986 11.306.196
Fonte: o autor.

Vamos calcular o Prazo Médio de Recebimento dos Clientes com base nas Vendas
Brutas Ajustadas (Vendas Brutas - Devoluções de Vendas - Abatimentos) do
período de 12 meses, de acordo com as informações adicionais obtidas com a
empresa e o Saldo Médio de Clientes a Receber, calculados de acordo com as
demonstrações mensais:
Quadro 9 - Cálculo do PMRC

x3 x2 x1
438.284,67 526.517,33 613.342,92
x 360 x 360 x 360
PMRC = 10.496.214,00 10.197.986,00 11.306.196,00

15,03 18,59 19,53


dias dias dias
Fonte: o autor.

Os índices encontrados nos informam o período médio em dias que são neces-
sários para receber as vendas dos clientes após a realização das vendas. Como
este prazo é do tipo “quanto menor, melhor”, percebemos, então, que o pior ano
foi x1 com período de 19,53 dias e o melhor ano foi x3 com período 15,03 dias.

Prazos Médios
104 UNIDADE III

Os índices encontrados representam quantos dias, em média, as vendas leva-


ram para ser recebidas; não é exatamente a mesma coisa que o prazo médio que
a empresa concede aos seus clientes, pois aqui é considerado o efetivo recebi-
mento das vendas, incluindo, também, as vendas à vista e os recebimentos em
atraso. Demonstrando graficamente:

Prazo Médio de Rec. de Clientes

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
18,59 19,53
15,03

x3 x2 x1

Figura 4 - Prazo Médio de Recebimento dos Clientes


Fonte: o autor.

PRAZO MÉDIO DE
PAGAMENTO A
FORNECEDORES

O prazo médio de pagamento


aos fornecedores é o período
entre a compra e o efetivo
pagamento aos fornecedores.
No sentido oposto aos dois
prazos médios anteriores, o critério de análise é “quanto maior, melhor”, pois o
objetivo para fluxo de caixa é que tenhamos mais prazo para pagar os fornece-
dores, ja que, como é um passivo não oneroso, tem papel importante no ciclo

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


105

financeiro da empresa. O Período Médio de Pagamento a Fornecedores – PMPF


– é usado para avaliar as políticas de prazo de pagamento das compras. É obtido
dividindo-se o saldo médio da conta fornecedores pelas compras brutas do perí-
odo menos as devoluções e abatimentos de compras.
Como é medido em dias, o resultado deverá ser multiplicado pelo número
de dias do período. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

SALDO MÉDIO DE FORNECEDORES


PMPF = X360
COMPRAS BRUTAS AJUSTADAS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Para o cálculo prático, consideremos que conseguimos informações adicionais


junto à empresa. Então, com base nos saldos mensais da conta fornecedores,
vamos, então, calcular o SALDO MÉDIO DE FORNECEDORES, conforme o
quadro a seguir:
Quadro 10 - Saldo médio da conta fornecedores

CÁLCULO SALDO MÉDIO DA CONTA FORNECEDORES


Meses x3 x2 x1
JAN 1.922.956 1.820.600 1.793.826
FEV 1.865.267 1.765.982 1.740.011
MAR 1.809.309 1.713.002 1.687.811
ABR 1.755.030 1.661.612 1.637.177
MAI 1.702.379 1.611.764 1.588.061
JUN 1.651.307 1.635.940 1.611.882
JUL 1.601.768 1.660.479 1.636.060
AGO 1.553.715 1.685.386 1.660.601
SET 1.507.104 1.710.667 1.685.510
OUT 1.522.175 1.736.327 1.710.793
NOV 1.552.618 1.762.372 1.736.455
DEZ 1.522.038 1.885.251 1.784.902
Média 1.663.805,50 1.720.781,83 1.689.424,08
Fonte: o autor.

Prazos Médios
106 UNIDADE III

Após calcularmos o Saldo Médio de Fornecedores, ainda precisaremos de outras


informações adicionais, porque o reflexo das contas a pagar está nas compras
brutas ajustadas pelas devoluções de compras e abatimentos. Estas informações
não temos nas demonstrações publicadas, então, vamos considerar que conse-
guimos as necessárias, vamos consolidá-las conforme a seguir:
Quadro 11 - Cálculo das Compras Brutas Ajustadas

INFORMAÇÕES COMERCIAIS
Detalhamento x3 x2 x1

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
COMPRAS BRUTAS 7.591.679 7.716.940 8.267.603
DEVOLUÇÕES 84.712 75.928 96.809
ABATIMENTOS 9.657 4.297 13.067
COMPRAS BRUTAS AJUSTADAS 7.497.310 7.636.715 8.157.727
Fonte: o autor.

Vamos calcular o Prazo Médio de Pagamento a Fornecedores, com base nas


Compras Brutas Ajustadas (Compras Brutas - Devoluções de Compras -
Abatimentos) do período de 12 meses, conforme as informações adicionais
obtidas com a empresa e o Saldo Médio de Fornecedores, calculados de acordo
com as demonstrações mensais:
Quadro 12 - Cálculo do PMPF

x3 x2 x1
1.663.805,50 1.720.781,83 1.689.424,08
x 360 x 360 x 360
PMPF = 7.497.310,00 7.636.715,00 8.157.727,00

79,89 81,12 74,55


dias dias dias
Fonte: o autor.

Os índices encontrados nos informam o período médio em dias que a empresa


paga as compras aos fornecedores, como se refere a desembolso ou desencaixe
financeiro, este índice é do tipo “quanto maior, melhor”; percebemos, então, que
o pior ano foi x1 com período de 74,55 dias e o melhor ano foi x2 com período
81,12 dias. Demonstrando graficamente:

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


107

Prazo Médio de Pag. aos Fornec.


81,12
79,89

74,55
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

x3 x2 x1

Figura 5 - Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores


Fonte: o autor.

CICLO COMPLETO DE ATIVIDADES

Os indicadores do ciclo de atividades abarcam três aspectos: econômico, ope-


racional e financeiro. O analista, principalmente como usuário interno, precisa
compreender o ciclo completo de cada atividade da empresa, o qual representa
momentos dos eventos mais relevantes na linha do tempo das atividades, sendo,
a mais comum, a mensuração em dias, mas podem ser utilizadas outras unida-
des de tempo.
O ciclo econômico mostra os eventos econômicos no momento da ocor-
rência e evidencia a sua mensuração econômica, sendo, portanto, utilizado para
medir o desempenho das atividades. O ciclo operacional corresponde às ações
para a realização das atividades; esse processo inclui o planejamento, a execu-
ção e o controle. O ciclo financeiro envolve a necessidade de capital de giro; é
o processo da efetivação financeira de cada evento econômico (PADOVEZE;
BENEDICTO, 2010).

Ciclo Completo de Atividades


108 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CICLO ECONÔMICO

O ciclo econômico se caracteriza pelo consumo de recursos para produção ou


para manutenção em estoques das mercadorias disponíveis para venda; por-
tanto, é o período médio gasto para produzir e vender, no caso da indústria, ou
para vender as mercadorias, no caso do comércio.
É um cálculo fácil de fazer, pois leva em conta a entrada dos materiais ou
mercadorias em estoque até a data da venda. Esse ciclo contribui no controle do
estoque da empresa, já que a diminuição ou o aumento no volume de compras
podem levar à alteração no resultado.
Como equivale ao período médio de estocagem, pode ser representado pela
seguinte fórmula:

CICLO ECONÔMICO = PMRE

Vamos considerar o PMRE já calculado no tópico anterior:


Quadro 13 - Cálculo do ciclo Econômico

CICLO ECONÔMICO
x3 x2 x1
PMRE 74,53 78,92 77,60
PERÍODO EM DIAS 74,53 78,92 77,60
Fonte: o autor.

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


109

O ciclo econômico vai refletir diretamente no ciclo operacional e financeiro:


quanto maior o ciclo econômico, maior a necessidade de recursos para manu-
tenção das atividades empresariais. Logo, o desempenho desse indicador é
fundamental para a gestão empresarial. Demonstrando graficamente:

Ciclo Econômico
78,92
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

77,60

74,53

x3 x2 x1

Figura 6 - Ciclo Econômico


Fonte: o autor.

CICLO
OPERACIONAL

O ciclo operacional é o
período necessário para
que uma operação se
complete. Em uma
empresa comercial, cor-
responde ao período em
que inicia a compra das
mercadorias, encerrando
no recebimento das vendas dos clientes. Para calcular o ciclo operacional, pre-
cisamos utilizar os prazos médios já vistos no tópico anterior, pois o ciclo

Ciclo Completo de Atividades


110 UNIDADE III

operacional é o período decorrido entre o momento em que a empresa compra


materiais para linha de produção ou compra mercadorias para revenda até o ins-
tante em que o dinheiro da venda do produto acabado é arrecadado. Soma-se,
então, o prazo médio de estocagem ao prazo médio de recebimento dos clientes
para encontrarmos o período que representa o ciclo operacional. Pode-se utili-
zar a seguinte fórmula:

CICLO OPERACIONAL = PMRE + PMRC

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Vamos demonstrar o cálculo do ciclo operacional a partir dos prazos médios já
calculados no tópico anterior:

Quadro 14 - Cálculo do Ciclo Operacional

CICLO OPERACIONAL
x3 x2 x1
PMRE 74,53 78,92 77,60
PMRC 15,03 18,59 19,53
PERÍODO EM DIAS 89,56 97,51 97,13
Fonte: o autor.

Os índices encontrados representam em quantos dias, em média, a empresa inicia


e finaliza uma operação: quanto mais rápido o Ciclo Operacional ocorrer, maior
possibilidade de sucesso. Logo, podemos dizer que quanto menor, melhor. Assim
sendo, a empresa teve o pior período em x2, 97,51 dias, praticamente igual a x1
e o melhor período em x3, 89,56 dias. Demonstrando graficamente:

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


111

Ciclo Operacional
97,51 97,13

89,56

x3 x2 x1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 7 - Ciclo Operacional


Fonte: o autor.

CICLO FINANCEIRO

É o período que compreende o prazo entre o


pagamento das compras aos fornecedores
e o recebimento das vendas dos clientes.
Quanto mais prazo a empresa obtiver dos
fornecedores e quanto menos prazos con-
ceder aos clientes, menor será o Ciclo
financeiro, podendo, inclusive, ser nega-
tivo, caso o ciclo operacional seja menor
do que o PMPF. O Ciclo financeiro nega-
tivo é observado quando o volume e o prazo
das fontes espontâneas de recursos excedem a
duração do ciclo operacional. Quando o Ciclo finan-
ceiro é positivo (normal), a empresa deve buscar estratégias que o minimizem,
sem perder receita ou prejudicar seu crédito no mercado.

Ciclo Completo de Atividades


112 UNIDADE III

Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

CICLO FINANCEIRO = PMRE + PMRC - PMPF

Vamos demonstrar o cálculo do ciclo financeiro a partir dos prazos médios já


calculados no tópico anterior:
Quadro 15 - Cálculo do Ciclo Financeiro

CICLO FINANCEIRO

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1
PMRE 74,53 78,92 77,60
PMRC 15,03 18,59 19,53
PMPF 79,89 81,12 74,55
PERÍODO EM DIAS 9,67 16,39 22,58
Fonte: o autor.

Os índices encontrados representam em quantos dias, em média, a empresa pre-


cisa suprir o caixa, pois paga os fornecedores antes de receber as vendas; quanto
menor o Ciclo Financeiro, menor necessidade de capital. Portanto, é possível dizer
que quanto menor, melhor, podendo, inclusive, ser negativo quando o prazo de
pagamento aos fornecedores é maior do que o ciclo operacional. Neste nosso
desenvolvimento prático, o pior período foi x1, 22,58 dias e o melhor período
foi x3, 9,67 dias. Demonstrando graficamente:

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


113

Ciclo Financeiro
22,58

16,39
9,67
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

x3 x2 x1

Figura 8 - Ciclo Financeiro


Fonte: o autor.

O gestor financeiro deve desenvolver ações que reduzam o ciclo financeiro,


pois, com isso, reduzirá o volume de capitais necessários. O PMRE menor
contribuirá para reduzir o ciclo financeiro?

DEMONSTRAÇÃO CONSOLIDADA DO CICLO COMPLETO DE


ATIVIDADES

A gestão dos recursos foi vista, nesta unidade, pelo enfoque dos giros e pelos
prazos médios. Os prazos médios foram utilizados para calcular os ciclos: econô-
mico, operacional e financeiro. Isso permite uma análise dos ciclos de atividades
apresentadas de diversas maneiras diferentes. Finalizando o tópico Ciclo de
Atividades, apresentamos uma consolidação dos ciclos calculados a partir dos
prazos médios.

Ciclo Completo de Atividades


114 UNIDADE III

Resumo dos prazos médios e ciclos de atividades

Nesta tabela, podemos ter uma visão conjunta dos prazos médios e dos ciclos
de atividades.
Quadro 16 - Ciclo Completo de Atividades

CICLO COMPLETO DE ATIVIDADES


x3 x2 x1
PMRE 74,53 78,92 77,60

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PMRC 15,03 18,59 19,53
PMPF 79,89 81,12 74,55
CICLO ECONÔMICO 74,53 78,92 77,60
CICLO OPERACIONAL 89,56 97,51 97,13
CICLO FINANCEIRO 9,67 16,39 22,58
Fonte: o autor.

Gráfico dos ciclos de atividades

Neste gráfico, temos a visão conjunta dos ciclos de atividades: econômico, ope-
racional e financeiro dos três períodos calculados: x3, x2 e x1.

Ciclo Completo de Atividades


97,51 97,13
89,56
74,53 78,92 77,60

22,58
9,67 16,39

x3 x2 x1

CICLO ECONÔMICO CICLO OPERACIONAL CICLO FINANCEIRO

Figura 9 - Ciclo Completo de Atividades


Fonte: o autor.

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


115

Prazos médios e ciclos de atividades anuais

Para melhor aprendizado sobre a composição dos prazos médios e dos ciclos
de atividades, vamos verificar três gráficos diferentes, um para cada período.
Assim, perceberemos que o PMRE equivale ao Ciclo Econômico e somado com
o PMRC forma o Ciclo Operacional. Podemos verificar, também, que o Ciclo
Financeiro é igual ao Ciclo Operacional menos o PMPF, ou podemos calcular
somando o PMRE com o PMRC e subtraindo o PMPF.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Ciclo Completo de Atividades


116 UNIDADE III

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 10 - Ciclo Completo de Atividades
Fonte: o autor.

Assim, finalizamos esta unidade demonstrando de várias maneiras os prazos


médios e os ciclos de uma empresa. É importante que você veja, nestas várias
formas de demonstração, que algumas contas do Balanço Patrimonial e da
Demonstração do Resultado do Período são relevantes para entender os prazos
médios e os ciclos de atividades.

GESTÃO DOS RECURSOS: CICLO OPERACIONAL E FINANCEIRO


117

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Aprendemos sobre a importância da gestão dos recursos para medir a eficiência


e eficácia da gestão. Para fazer a análise, é necessário comparar alguns elemen-
tos patrimoniais com componentes do resultado e com informações adicionais.
Assim, calculamos na prática os giros de recursos: dos estoques e do ativo total;
os prazos médios: de estocagem, de recebimento das vendas; e de pagamento das
compras, os ciclos de atividades: econômico, operacional e financeiro.
Estudamos que a análise do Giro dos Recursos busca medir a performance
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

das atividades operacionais da empresa e que o nível padrão desses indicadores


deve ser de acordo com as definições do planejamento estratégico da empresa.
Os indicadores vão mostrar se o planejamento está sendo realizado ou se temos
muitas variações.
Utilizamos informações complementares às demonstrações financeiras para
calcular o saldo médio dos estoques, das contas a receber de clientes, do ativo
total e da conta fornecedores. Isso é necessário para calcular os giros e os pra-
zos médios; caso não seja possível obter essas informações, podemos utilizar o
saldo do final do período. Devemos, no entanto, ter ciência que, caso haja sazo-
nalidade, o índice encontrado não será tão confiável.
Aprendemos a calcular os prazos médios de estoques, contas a receber de
clientes e contas a pagar aos fornecedores, utilizados, também, para calcular os
indicadores do ciclo de atividades nos aspectos: econômico, operacional e finan-
ceiro. O ciclo completo de atividades representa momentos dos eventos mais
relevantes na linha do tempo das atividades; o mais comum é ser mensurado
em dias, podem ser utilizadas outras unidades de tempo.
No final desta unidade, demonstramos os ciclos de atividades de várias manei-
ras, para que o aprendizado seja eficaz e você não tenha dúvidas sobre este tema
tão importante na análise das demonstrações.
Vamos em frente! Sucesso sempre.

Considerações Finais
118

1. Aprendemos a calcular os prazos médios de estoques, contas a receber de clien-


tes e contas a pagar aos fornecedores, utilizados, também, para calcular os indi-
cadores do ciclo de atividades nos aspectos: econômico, operacional e financei-
ro. Sobre os saldos médios dos recursos, analise as afirmativas a seguir:
I- Calcula-se os saldos médios dos recursos para amenizar os possíveis proble-
mas de distorção, causados, principalmente, pela sazonalidade.
II- Os saldos médios são utilizados para calcular os giros e os prazos médios,
refletindo diretamente nos ciclos de atividades.
III- Se não for possível calcular os saldos médios, é impossível calcular os giros e
prazos médios, pois os índices encontrados seriam totalmente inúteis.
IV- O saldo médio de um recurso é a soma dos valores encontrados em de-
monstrações mensais.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I e II.
b) II e III.
c) III e IV.
d) I e III.
e) II e IV.
2. A análise do Giro dos Recursos busca medir a performance das atividades ope-
racionais da empresa, tais como: estoques, compras e vendas, pagamentos e re-
cebimentos. O nível dessas atividades normalmente é definido no planejamen-
to estratégico da empresa. Os indicadores vão mostrar se o planejamento está
sendo realizado ou se temos muitas variações. Considerando que uma empresa
apresenta os seguintes valores para dois períodos consecutivos de 12 meses:
Saldo médio dos estoques ano 1: R$32.466,00
Saldo médio dos estoques ano 2: R$36.852,00
Custos das vendas ano 1: R$189.780,00
Custos das vendas ano 2: R$226.820,00
Assinale a alternativa correta.
a) O GET do ano 2 é de 6,15 vezes e do ano 1 é de 5,85 vezes, portanto esse
índice foi melhor no ano 2.
b) O GET do ano 2 é de 6,15 vezes e do ano 1 é de 5,85 vezes, portanto esse
índice foi melhor no ano 1.
c) O GET do ano 2 é de 6,99 vezes e do ano 1 é de 5,15 vezes, portanto esse
índice foi melhor no ano 2.
d) O GET do ano 2 é de 6,15 vezes e do ano 1 é de 6,99 vezes, portanto esse
índice foi melhor no ano 1.
119

e) O GET do ano 2 é de 0,88 vezes e do ano 1 é de 0,84 vezes, portanto esse


índice foi melhor no ano 2.
3. Os indicadores de prazos médios estão diretamente ligados ao giro dos recur-
sos, com a diferença que naquele se calcula quantas vezes o recurso se renovou
em um determinado período e neste em quantos dias, em média, o recurso foi
renovado. Sobre os prazos médios, analise as afirmativas a seguir e responda “V”
(verdadeiro) ou “F” (falso).
( ) O PMRE é o período médio que decorre da compra até a venda de um
determinado estoque.
( ) O PMRC é o período médio compreendido entre a venda e o recebimento
dos clientes.
( ) Para calcular o PMRE, devemos dividir o saldo médio dos estoques pelas
compras brutas ajustadas e multiplicar pelo número de dias do período.
( ) Para calcular o PMRC, devemos dividir o saldo médio dos valores a receber
de clientes pelas compras brutas ajustadas e multiplicar pelo número de dias do
período.
( ) O PMRE indica a média do número de dias para venda dos estoques e
recebimento das vendas.
( ) O PMPF é o período médio que decorre da compra e o efetivo pagamento
aos fornecedores.
Assinale a alternativa que representa a ordem correta das afirmativas ver-
dadeiras ou falsas.
a) V, V, V, V, V, V.
b) F, V, F, V, F, V.
c) V, F, V, F, V, F.
d) F, V, V, F, F, V.
e) V, V, F, F, F, V.
4. Os indicadores do ciclo de atividades abarcam três aspectos: econômico, ope-
racional e financeiro. O analista, principalmente como usuário interno, precisa
compreender o ciclo de cada atividade da empresa. Os ciclos representam mo-
mentos dos eventos mais relevantes na linha do tempo das atividades; o mais
comum é ser mensurado em dias, mas podem ser utilizadas outras unidades de
tempo. Descreva o Ciclo Operacional identificando o período e como se cal-
cula.
5. Quando o Ciclo Financeiro é positivo (normal), a empresa deve buscar estraté-
gias que o minimizem, sem perder receita ou prejudicar seu crédito no mercado.
Descreva o Ciclo Financeiro e explique Ciclo Financeiro Negativo.
120

Como esta unidade mostra indicadores que estão ligados diretamente à gestão financeira
das empresas, trago como leitura complementar três tópicos importantes sobre este tema:

Objetivos do Administrador Financeiro uma maneira justa e honesta”.

Os recursos sob responsabilidade do admi- Função Financeira Nas Empresas


nistrador financeiro são objeto de interesse
de diversas partes, naturais e jurídicas (os A função financeira é um aspecto presente
stakeholders). Por isso, quanto mais ali- em todas as organizações empresariais,
nhados seus objetivos, maior segurança e independentemente do porte ou ramo de
menores incertezas oferecem. Ainda assim, atividade. Isso significa que o administra-
cada uma das partes envolvidas terá uma dor financeiro representa o manejo de um
perspectiva distinta. Senão, vejamos os conjunto de recursos referentes à atividade
acionistas, por exemplo: independente- da empresa, com vista ao cumprimento de
mente se majoritários ou minoritários, ao metas pré-estabelecidas no planejamento
investirem seus recursos na empresa, abrem estratégico e, por conseguinte, no orça-
mão de outras aplicações. Nesse sentido, o mento empresarial. Sendo assim, de acordo
objetivo do administrador financeiro em com Braga (1995, p. 26) cabe à função finan-
relação aos acionistas é o de maior remune- ceira duas tarefas básicas: (1) a obtenção de
ração possível sobre o capital empregado recursos buscando os menores custos e os
na organização (empresa). maiores prazos e (2) a alocação eficiente
desses recursos na empresa.
Contudo, o administrador financeiro
não toma apenas o objetivo dos acionis- Os recursos próprios, que pertencem aos
tas como parâmetro de ação. Considera acionistas (sócios da empresa), envolvem
também, por exemplo, a prosperidade um custo de emprego importante para
e o desenvolvimento da região onde a administrador financeiro. Quem investe
empresa está instalada, buscando envol- numa companhia têm expectativa de lucro.
vimento ambiental e social responsável, Ademais, os recursos de terceiros têm cus-
o nível de investimento requerido pelo tos que precisam estar contemplados na
setor, as premissas e condições econômicas taxa de retorno dos ativos da empresa.
locais, regionais e mundiais, entre muitas Dizemos que quanto mais capital de ter-
outras relações. Outros stakeholders impor- ceiros em um negócio, mais alavancado
tantes, contemplados no estabelecimento ele está.
dos objetivos financeiros do administrador,
são as instituições financeiras, fornecedo- Meta da Administração Financeira
res, clientes, empregados, dentre outros.
De modo a corroborar com esse raciocínio Quando uma pessoa decide investir seus
sobre os stakeholders, Weston e Brigham recursos em uma empresa, seja na compra
(2000, p. 17) destacam que “altos padrões de ações de companhias abertas (listadas
de comportamento ético requerem que na bolsa de valores) ou na compra de quo-
uma empresa trate cada participante de tas de uma empresa limitada, está disposta
121

uma relação entre risco e retorno. Quanto tomadas pela empresa; c) “escolher a maxi-
maior for o risco a que o capital investido mização dos preços das ações como uma
está exposto, maior é a expectativa de função objetiva nos permite fazer afirma-
retorno. ções categóricas sobre a melhor forma de
selecionar projetos e financiá-los”.
O retorno dos recursos dos investido-
res pode acontecer pela distribuição dos Segundo Braga (1995, p. 32), o adminis-
dividendos ou pelo aumento do valor de trador financeiro deve considerar a real
mercado da empresa (ganho de capital), amplitude da meta da administração finan-
cuja realização depende da venda dos direi- ceira, que vai além dos lucros da empresa.
tos de participação no capital social. Para Essa meta coincide com o objetivo básico
Damodaran (2002), na busca da maximiza- dos proprietários ou acionistas. As decisões
ção do valor da empresa (preço das ações) financeiras são orientadas para o aumento
há três razões para dar atenção: a) o preço do valor de mercado da empresa. Por-
das ações é o melhor indicador do valor tanto, a meta da administração financeira
da empresa, pois é atualizado diariamente é a maximização da riqueza dos acionistas
pelo mercado; b) a longo prazo, o preço das que constitui algo mais amplo e profundo
ações tende a refletir os efeitos das decisões do que a maximização dos lucros.
Fonte: o autor.
MATERIAL COMPLEMENTAR

Análise das Demonstrações Financeiras


Clóvis Luís Padoveze e Gideon Carvalho Benedicto
Editora: Cengage Learning
Sinopse: a análise financeira, ou análise de balanço, como é
mais conhecida, é um dos principais instrumentos de análise
de investimentos, administração financeira e controladoria
para compreender o desempenho econômico-financeiro de
uma empresa e sua situação patrimonial. Esse instrumento
é útil para os interessados externos à empresa (stakeholders), que necessitam de informações
sobre a situação desta e para o analista interno, responsável por esse segmento da contabilidade
gerencial dentro das entidades.

Princípios do Ciclo Financeiro


Este artigo contribui com a compreensão da administração financeira e o capital de giro
das empresas e com o entendimento do ciclo de conversão de caixa ou ciclo financeiro
e outras temas complementares.
Acesse o conteúdo disponível em: <http://www.administradores.com.br/artigos/negocios/principios-
do-ciclo-financeiro/25319/>. Acesso em: 13 jun. 2017.
123
REFERÊNCIAS

BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Pau-


lo: Atlas, 1995.
BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
DAMODARAN, Aswath. Finanças corporativas aplicadas. Porto Alegre: Bookman,
2002.
PADOVEZE, Clóvis Luís; BENEDICTO, Gideon Carvalho de. Análise das demonstra-
ções financeiras. 3. ed. São Paulo: Cengage Learning, 2010.
WESTON, J. Fred; BRIGHAM, Eugene F. Fundamentos da administração financeira.
Tradução Sidney Stancatti. Revisão Técnica Fabio Gallo Garcia e Luis Alberto Bertuc-
ci. 10. ed. São Paulo: MAKRON Books, 2000.
GABARITO

1. Estão corretas somente as afirmativas I e II, portanto, alternativa a).


2. a) O GET do ano 2 é de 6,15 vezes e do ano 1 é de 5,85 vezes, portanto esse índice
foi melhor no ano 2.
3. A ordem correta das afirmativas verdadeiras ou falsas está na alternativa e) V, V,
F, F, F, V.
4. O ciclo operacional é o período necessário para que uma operação se complete.
Em uma empresa comercial, é o período que inicia na compra das mercadorias e
encerra no recebimento das vendas dos clientes. Para calcular o ciclo operacio-
nal, precisamos utilizar os prazos médios, pois o ciclo operacional é o período
decorrido entre o momento em que a empresa compra materiais para linha de
produção ou compra mercadorias para revenda até o instante em que o dinheiro
da venda do produto acabado é arrecadado. Soma-se, então, o prazo médio de
estocagem ao prazo médio de recebimento dos clientes para encontrarmos o
período que representa o ciclo operacional.
5. O Ciclo Financeiro é o período que compreende o prazo entre o pagamento das
compras aos fornecedores e o recebimento das vendas dos clientes. Caso o ci-
clo operacional seja menor do que o PMPF, o ciclo financeiro será negativo, isto
ocorre quando o volume e o prazo das fontes espontâneas de recursos excedem
a duração do ciclo operacional.
Professor Me. José Manoel da Costa

IV
ÍNDICES ECONÔMICO-

UNIDADE
FINANCEIROS: O
EQUILÍBRIO IDEAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Analisar a situação financeira empresarial por meio de índices de
liquidez.
■■ Analisar a situação patrimonial empresarial por meio de indicadores
da estrutura patrimonial.
■■ Analisar a lucratividade das vendas e a rentabilidade dos recursos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Situação Financeira
■■ Situação Patrimonial
■■ Situação Econômica
127

INTRODUÇÃO

Nesta unidade, vamos estudar o que podemos considerar como o “ponto alto”
ou “tripé” da análise empresarial. Foi dado o subtítulo “o equilíbrio ideal” porque
estudaremos a análise empresarial por três enfoques de vital importância para
o equilíbrio das contas da empresa: o financeiro, o patrimonial e o econômico.
A análise da situação financeira avalia a capacidade de pagamento dos passivos
já assumidos. A capacidade de pagamento de uma empresa tem diversas formas
de análise; a diferença entre elas são os prazos de exigibilidade das dívidas. Por
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

outro lado, os ativos recebíveis também têm prazos previstos de recebimentos.


Assim, para entendermos melhor a situação financeira da empresa, utilizare-
mos índices que mostram a liquidez somente de curto prazo e de curto e longo
prazos juntos.
A análise da situação patrimonial avalia a composição do patrimônio, envol-
vendo o endividamento e seus detalhamentos, o comprometimento dos capitais
próprios e recursos não correntes com capitais imobilizados. Mostram, a partir
de índices, como está a estrutura patrimonial da empresa, pois uma estrutura
desequilibrada poderá comprometer o equilíbrio empresarial.
A análise da situação econômica avalia o resultado da – atividades por dois
enfoques: o primeiro mostra as margens de lucro em diversos níveis, desde a
representatividade do lucro bruto até o lucro líquido, e o segundo é a representa-
tividade do resultado em relação aos recursos utilizados, sejam os recursos totais
(ativos) ou somente os recursos dos sócios (patrimônio líquido).
Com esta abordagem tripla, o analista tem uma visão geral que evidencia o
equilíbrio da empresa; se a empresa estiver com deficiências em uma destas três
situações, ela deve corrigir urgentemente para não comprometer as outras duas
em curto espaço de tempo.
Vamos em frente! Chegou a hora de estudarmos o cerne da análise das
demonstrações.

Introdução
128 UNIDADE IV

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SITUAÇÃO FINANCEIRA

A situação financeira é o grupo mais conhecido e utilizado na análise das


demonstrações devido à sua simplicidade e praticidade ao avaliar um dos pontos
fundamentais em uma empresa: a capacidade de pagamento dos compromissos.
Evidencia o grau de liquidez da empresa em caso de descontinuidade ou encer-
ramento total das atividades. Marion (2002, p. 83) diz que “são utilizados para
avaliar a capacidade de pagamento da empresa”.
Para a interpretação, o número encontrado (não é percentual) indica quanto
a empresa tem, de acordo com os recursos comparados em cada índice, para
quitar um real de dívida. Os índices, neste subgrupo, são escritos em números
naturais que representam expressões monetárias e têm por característica serem
do tipo “quanto maior, melhor”.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


129
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 1 - Tripé da Análise - Situação Financeira


Fonte: o autor.

LIQUIDEZ GERAL

A liquidez geral (Current and long term assets to liabilities) mede a situação finan-
ceira da empresa na hipótese de receber todos os seus créditos a curto e a longo
prazos, vender todos os bens constantes no ativo circulante e realizável a longo
prazo, quais serão as condições de pagar todas as suas dívidas que estão no pas-
sivo circulante e no exigível a longo prazo. O índice de liquidez geral indica
quanto a empresa tem em ativos recebíveis a curto e longo prazos para pagar
cada R$1,00 de dívida de curto e longo prazos. Este índice deve ser analisado
com cautela, pois muitos fatos futuros poderão afetá-lo. Pode-se utilizar a seguinte
fórmula:

AC + ARLP
LG =
PC + PNC
Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.

Situação Financeira
130 UNIDADE IV

Quadro 1 - Cálculo da Liquidez Geral

X3 X2 X1
2.963.415 + 745.925 3.319.459 + 755.647 3.365.369 + 516.168
LG =
2.924.425 + 1.551.292 2.859.611 + 2.035.750 2.820.630 + 1.682.275
3.709.340 4.075.106 3.881.537
LG =
4.475.717 4.895.361 4.502.905

LG = 0,83 0,83 0,86


Fonte: o autor.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Os índices encontrados nos mostram quanto a empresa tem (em reais) de bens
e direitos (ativos) recebíveis a curto e a longo prazos, para pagar cada R$1,00 de
dívidas exigíveis a curto e a longo prazos. Como este índice é do tipo “quanto
maior, melhor”, temos, então, a situação melhor em X1, com 0,86 e X2 e X3 em
situação pior, com 0,83. Nos três anos, esse índice mostra dificuldades no paga-
mento dos compromissos assumidos. Demonstrando graficamente:

Liquidez Geral
0,86

0,83 0,83

x3 x2 x1

Figura 2 - Liquidez Geral


Fonte: o autor.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


131

LIQUIDEZ CORRENTE

A Liquidez Corrente (Current ratio) considera apenas os recursos que serão rea-
lizados e exigidos a curto prazo, ou seja, os bens e direitos do Ativo Circulante
e as obrigações do Passivo Circulante. Este índice é o mais conhecido e utilizado
entre os índices de solvência e merece atenção, porém, no que diz respeito à qua-
lidade dos estoques, tendo em vista que uma empresa com valores de estoques
altos pode abrigar estoques obsoletos que não serão realizados. O índice de liqui-
dez corrente indica quanto a empresa tem em ativos recebíveis a curto prazo
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

para pagar cada R$1,00 de dívida de curto prazo. É um índice muito utilizado
para concessão de créditos com vencimentos a curto prazo. Pode-se utilizar a
seguinte fórmula:
AC
LC =
PC
Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Colocaremos os valores de acordo
com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 2 - Cálculo da Liquidez Corrente

X3 X2 X1
2.963.415 3.319.459 3.365.369
LC =
2.924.425 2.859.611 2.820.630

LC = 1,01 1,16 1,19


Fonte: o autor.

Os índices encontrados significam o valor que a empresa tem, considerando a


realização dos recursos a curto prazo para quitar R$1,00 da dívida a curto prazo.
Como esse índice é do tipo “quanto maior, melhor”, podemos dizer que o
melhor período foi X1, com 1,19 e o pior foi X3, com 1,01. Mesmo estando acima
de 1, percebemos uma diminuição ano a ano; se continuar essa tendência, prova-
velmente X4 estará abaixo de 1, o que representa um problema de caixa a curto
prazo. Demonstrando graficamente:

Situação Financeira
132 UNIDADE IV

Liquidez Corrente
1,19
1,16

1,01

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 3 - Liquidez Corrente


Fonte: o autor.

LIQUIDEZ SECA

A Liquidez seca (Acid test) é um índice muito parecido com a liquidez corrente,
mas considera-se o risco de não realização dos estoques. Então, o índice de liqui-
dez seca mostra quanto a empresa tem em ativos recebíveis a curto prazo, sem
considerar o valor dos estoques para liquidar cada R$1,00 das dívidas a curto
prazo. Na prática, é o analista considerando que todo o estoque será classifi-
cado para perdas.
Nessa condição, como ficaria a situação financeira da empresa para quitar as
suas dívidas a curto prazo (Passivo Circulante), sem a realização dos estoques?
Podem ser utilizadas variações na aplicação desse índice como, por exemplo,
excluir do ativo circulante apenas um determinado percentual dos estoques que
o analista avalie como de difícil realização.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


133

AC - Estoques
LS =
PC

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 3 - Cálculo da Liquidez Seca

X3 X2 X1
2.963.415 - 1.336.954 3.319.459 - 1.343.741 3.365.369 - 1.465.553
LS =
2.924.425 2.859.611 2.820.630
1.626.461 1.975.718 1.899.816
LS =
2.924.425 2.859.611 2.820.630

LS = 0,56 0,69 0,67


Fonte: o autor.

Os índices encontrados significam o valor que a empresa tem, considerando a


realização dos recursos a curto prazo, exceto os estoques para quitar R$1,00 da
dívida a curto prazo.
Como este índice é do tipo “quanto maior, melhor”, nas demonstrações que
aqui estamos analisando, podemos dizer, então, que o melhor período foi X2,
com 0,69 e o pior foi X3, com 0,56; novamente o período X3 inspira cuidados.
Demonstrando graficamente:

Situação Financeira
134 UNIDADE IV

Liquidez Seca
0,69 0,67
0,56

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 4 - Liquidez Seca


Fonte: o autor.

LIQUIDEZ IMEDIATA

A liquidez imediata (Quick ratio), de forma muito pessimista, considera que,


além de não realizar os estoques (caso da liquidez seca), a empresa também não
receberá os créditos dos seus credores. Portanto, o índice de liquidez imediata
mostra a capacidade de pagamento da empresa utilizando somente recursos dis-
poníveis para quitar as dívidas a curto prazo e indica quanto a empresa tem em
recursos disponíveis (caixa, conta corrente bancária, aplicações com liquidez
imediata) para quitar cada R$1,00 de dívidas a curto prazo.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

Disponibilidades
LI = PC

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


135

Quadro 4 - Cálculo da Liquidez Imediata

X3 X2 X1
202.452 + 566.954 590.400 + 497.623 391.763 + 450.979
LI =
2.924.425 2.859.611 2.820.630
769.406 1.088.023 842.742
LI =
2.924.425 2.859.611 2.820.630

LI = 0,26 0,38 0,30


Fonte: o autor.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Os índices encontrados significam o valor que a empresa tem, considerando ape-


nas os recursos disponíveis para quitar R$1,00 da dívida a curto prazo.
Esse índice, isoladamente, pouco contribui para o analista e, considerando
numa análise preliminar, que “quanto maior, melhor”, podemos dizer que em X3
foi o pior desempenho da empresa, com 0,26 e em X2 foi o melhor, com 0,38.
Demonstrando graficamente:

Liquidez Imediata
0,38
0,30
0,26

x3 x2 x1

Figura 5 - Liquidez Imediata


Fonte: o autor.

Situação Financeira
136 UNIDADE IV

COBERTURA DE JUROS

O índice de cobertura de juros (Times interest earned ratio), conforme Silva


(2013), indica a situação de cobertura de juros (despesas financeiras) pelo lucro
antes dos juros e impostos. É uma forma de identificar a capacidade que o resul-
tado operacional tem para suportar as despesas financeiras, principalmente para
suportar juros de novos empréstimos e financiamentos. Vamos considerar a forma
tradicional de cálculo que utiliza o LAJIR (Lucro antes dos juros e imposto de
renda) como lucro base para cobertura dos juros Silva (2013) diz que internacio-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
nalmente se calcula com base no LAJIR, mas alguns analistas utilizam o LAJIDA
(Lucro antes dos Juros, impostos, depreciação e amortização) como lucro base.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

LAJIR
CJ = DF
Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 5 - Cálculo da Cobertura de Juros

X3 X2 X1
366.659 309.209 460.599
CJ =
349.024 435.264 296.548

CJ = 1,05 0,71 1,55


Fonte: o autor.

Percebemos pelos cálculos que a empresa tinha capacidade de cobertura de juros


de 1,55 vezes em X1. Esse índice diminuiu drasticamente em X2 para 0,71 vezes
e em X3 voltou a ficar acima de uma vez, evidenciando a grande dependência de
recursos de terceiros na estrutura patrimonial. Assim, precisamos ter cautela e
analisar outros índices para termos um parecer mais embasado. Demonstrando
graficamente:

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


137

Cobertura de Juros

1,55

1,05
0,71
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

x3 x2 x1

Figura 6 - Cobertura de Juros


Fonte: o autor.

SITUAÇÃO
PATRIMONIAL

Na análise da situação
patrimonial, o ana-
lista busca indicadores
da composição patri-
monial que envolve as
origens e aplicações de
recursos, por meio do
endividamento, do perfil da dívida, da utilização de recursos próprios com recur-
sos imobilizados, entre outros.
Considerando que o capital de terceiros tem custos financeiros que deverão
ser liquidados - independentemente do resultado da empresa, muito embora são
os capitais de terceiros que alavancam financeiramente a empresa -, a composição

Situação Patrimonial
138 UNIDADE IV

da estrutura de capital com um peso muito grande para o capital de terceiros


pode tornar a empresa vulnerável, podendo levar a empresa à descontinuidade.
As empresas que recorrem a capitais de terceiros como um complemento
do capital próprio e se preocupam com os custos financeiros, tendo como limite
máximo de juros taxas menores que o retorno dos ativos, não terão problemas
de solvabilidade.
Esse subgrupo normalmente é expresso em percentuais.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 7 - Tripé da Análise - Situação Patrimonial
Fonte: o autor.

ENDIVIDAMENTO GERAL

O Endividamento Geral (Debt ratio) mostra a dependência da empresa com


recursos externos à sociedade; é o percentual dos ativos totais que está sendo
financiado com recursos externos. Na empresa, temos recursos próprios e de
terceiros e a soma dessas duas origens de recursos estão à disposição da admi-
nistração para utilizar na atividade da empresa. Esse índice mostra quanto os
recursos de terceiros representam percentualmente no total dos recursos apli-
cados nos ativos da empresa. Indica a representatividade da dívida no total dos
recursos; por isso, é do tipo “quanto menor, melhor”. Porém, Bruni (2010, p. 152)

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


139

contribui com nosso estudo ao dizer que “conclusões significativas somente deve-
riam ser apresentadas após uma análise completa dos demais indicadores e da
situação macro da empresa”.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

PC + PNC
EG = AT
X 100

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 6 - Cálculo do Endividamento Geral

X3 X2 X1
2.924.425 + 1.551.292 2.859.611 + 2.035.750 2.820.630 + 1.682.275
EG = 5.172.025
X 100
5.557.573
X 100
5.257.372
X 100

4.475.717 4.895.361 4.502.905


EG= X 100 X 100 X 100
5.172.025 5.557.573 5.257.372

EG = 86,54% 88,08% 85,65%


Fonte: o autor.

A dívida total da empresa ao longo dos três períodos ficou acima de 85%. Esse
percentual representa a dívida da empresa perante o valor dos recursos totais
que são utilizados na empresa. Comparamos, então, duas grandezas: capitais
de terceiros exigíveis a curto e longo prazos com o total dos recursos que estão
aplicados na empresa.
Considerando, numa análise preliminar, que “quanto menor, melhor”, pode-
mos afirmar que o melhor período foi X1 com 85,65% e o pior foi X2 com 88,08%.
Esses índices mostram a dependência da empresa com recursos de terceiros.
Demonstrando graficamente:

Situação Patrimonial
140 UNIDADE IV

Endividamento Geral
88,08%

86,54%
85,65%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 8 - Endividamento Geral


Fonte: o autor.

COMPOSIÇÃO DO ENDIVIDAMENTO

A Composição do endividamento (Debt profile) nos mostra o perfil da dívida,


pois, ao analisarmos o endividamento de forma geral, podemos entender que a
dívida da empresa é muito alta e, assim, avaliarmos como situação não desejá-
vel. Porém, nem toda dívida é ruim, pois se a menor parte da dívida será exigida
a curto prazo, significa que a empresa terá condições de gerar recursos suficien-
tes para quitar as dívidas a longo prazo.
A composição do endividamento mostra o perfil da dívida evidenciando a
dívida de curto prazo perante a dívida total, isto é, mostra o percentual da dívida
ruim. Dizemos que a dívida a longo prazo é uma dívida boa porque, além de dar
tempo para geração de recursos pela rentabilidade da atividade, ela normalmente
tem taxas de juros menores. Se a empresa tiver uma dívida geral baixa, é acei-
tável que a dívida de curto prazo seja alta, mas se a dívida total for muito alta e
o perfil da dívida a curto prazo também, com certeza é um sinal de alerta, pois
pode representar um desequilíbrio. Por representar a dívida com prazo menor
e custo maior, esse índice é do tipo “quanto menor, melhor”.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


141

Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

PC
CE = PC + PNC
X 100

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Colocaremos os valores de acordo
com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Quadro 7 - Cálculo da Composição do Endividamento

X3 X2 X1
2.924.425 2.859.611 2.820.630
CE = 2.924.425 + 1.551.292
X 100
2.859.611 + 2.035.750
X 100
2.820.630 + 1.682.275
X 100

2.924.425 2.859.611 2.820.630


CE= X 100 X 100 X 100
4.475.717 4.895.361 4.502.905

CE = 65,34% 58,41% 62,64%


Fonte: o autor.

A dívida a curto prazo da empresa representou 62,64% em X1, 58,41% em X2


e 65,34% em X3. Esse percentual representa o perfil da dívida de curto prazo
perante a dívida total da empresa. Comparamos, então, duas grandezas: capitais
de terceiros exigíveis a curto com o total de capitais de terceiros, de curto e longo
prazos. Considerando, numa análise preliminar, que “quanto menor, melhor”,
podemos afirmar que o melhor período foi X2 com 58,41% e o pior foi X3 com
65,34%. Demonstrando graficamente:

Situação Patrimonial
142 UNIDADE IV

Composição do Endividamento
65,34%
62,64%

58,41%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 9 - Composição do Endividamento


Fonte: o autor.

PARTICIPAÇÃO DOS CAPITAIS DE TERCEIROS

O índice da participação dos capitais de terceiros (Debt to equity ratio) também


se refere ao endividamento, mas o endividamento do patrimônio líquido, pois a
comparação do passivo total é feita com os recursos próprios, o que evidencia a
garantia que os terceiros credores da empresa terão em eventual liquidação da
empresa. Leva-se em conta, ainda, somente a responsabilidade dos sócios com
o capital subscrito na sociedade; muito embora exista um hiato na fórmula for-
mada pelo capital a integralizar, reflete a garantia baseada no Patrimônio Líquido.
Esse índice é do tipo “quanto menor, melhor”, sendo muito utilizado pelas insti-
tuições financeiras na análise de concessão de crédito para as empresas.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


143

PC + PNC
PCT = PL
X 100

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 8 - Cálculo da Participação dos Capitais de Terceiros

X3 X2 X1
2.924.425 + 1.551.292 2.859.611 + 2.035.750 2.820.630 + 1.682.275
PCT =
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

X 100 X 100 X 100


696.308 662.212 754.467

4.475.717 4.895.361 4.502.905


PCT= X 100 X 100 X 100
696.308 662.212 754.467

PCT = 642,78% 739,24% 596,83%


Fonte: o autor.

Os recursos de terceiros representaram 596,83% em X1, 739,24% em X2 e 642,78%


em X3 perante os recursos próprios; portanto, considerando somente a respon-
sabilidade dos sócios na sociedade, em uma eventual liquidação da empresa,
muitos credores ficarão sem receber seus recursos, a menos que existam avais
pessoais, uma vez que, mesmo no melhor ano (X1), os recursos de terceiros
representam 596,83% dos Patrimônios Líquidos. Considerando, numa análise
preliminar, que “quanto menor, melhor”, podemos afirmar que o melhor perí-
odo (ou período menos ruim) foi X1 com 596,83% e o pior foi X2 com 739,24%.
Demonstrando graficamente:

Situação Patrimonial
144 UNIDADE IV

Participação dos Capitais de Terceiros


739,24%
642,78% 596,83%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 10 - Participação dos Capitais de Terceiros


Fonte: o autor.

ALAVANCAGEM DOS RECURSOS PRÓPRIOS

O índice de Alavancagem dos Recursos Próprios, de acordo com Bruni (2010, p.


154), “analisa a relação entre os recursos totais investidos na entidade e a parcela
investida pelos sócios”; portanto, indica quanto foi investido na empresa para
cada R$1,00 de capital próprio. Também como uma forma de analisar a utiliza-
ção de recursos de terceiros, tem a mesma tendência do índice participação dos
capitais de terceiros, mas é medido em valores nominais e considera o total dos
recursos (não somente o passivo) para dividir pelo Patrimônio Líquido. Ainda
segundo Bruni (2010), este índice representa a alavancagem dos recursos pró-
prios perante a totalidade dos recursos aplicados na empresa. Considerando que
este índice representa a capacidade de captação de recursos, podemos dizer que
“quanto maior, melhor”, mas como é um índice que acompanha a tendência dos
índices de endividamento, temos que ter muita cautela em fazer essa afirmação,
pois alavancagem maior é igual a dívida maior.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


145

Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

AT
ARP = PL
Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 9 - Cálculo da Alavancagem dos Recursos Próprios

X3 X2 X1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

5.172.025 5.557.573 5.257.372


ARP =
696.308 662.212 754.467

ARP = 7,43 8,39 6,97


Fonte: o autor.

Encontramos os índices de alavancagem dos recursos próprios que mostram


quantos reais foram investidos na empresa para cada R$1,00 de recursos pró-
prios, incluindo este. Em X1, para cada R$1,00 de PL, temos R$6,97 de ativos; em
X2, para cada R$1,00 de PL, temos R$8,39 de ativos; e em X3, para cada R$1,00
de PL, temos R$7,43 de ativos. Demonstrando graficamente:

Alavancagem dos Recursos Próprios


8,39
7,43 6,97

x3 x2 x1

Figura 11 - Alavancagem dos Recursos Próprios


Fonte: o autor.

Situação Patrimonial
146 UNIDADE IV

IMOBILIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

O índice Imobilização do Patrimônio Líquido mostra a representatividade


dos recursos imobilizados perante o PL: representa o percentual do PL que está
investido em recursos imobilizados, ou seja, é capital fora do giro. Todas as
empresas, independentemente do ramo de atividade e de volume de recursos,
precisam de estrutura para desenvolvimento das suas atividades. Algumas delas
obtêm linhas de financiamentos incentivadas para aquisição de bens do imobi-
lizado; por isso é muito comum que este índice seja maior que 100%, ou seja, os

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
recursos imobilizados são maiores do que os recursos próprios. A imobilização
é necessária para a estrutura da empresa e os investimentos em empresas estra-
tégicas para a atividade. Além do valor do ativo imobilizado, consideramos como
recursos imobilizados os investimentos permanentes em outras empresas e os
recursos aplicados em ativos intangíveis. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

Invest + Imob + Intang


IPL = PL
X 100

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos colocar os valores de acordo
com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 10 - Cálculo da Imobilização do Patrimônio Líquido

X3 X2 X1
439.669 + 558.193 + 464.823 440.930 + 577.811 + 463.726 364.397 + 565.358 + 446.080
IPL = 696.308
X 100
662.212
X 100
754.467
X 100

1.462.685 1.482.467 1.375.835


IPL= X 100 X 100 X 100
696.308 662.212 754.467

IPL = 210,06% 223,87% 182,36%


Fonte: o autor.

Como antecipado, encontramos percentuais superiores a 100%, isto quer dizer


que os recursos imobilizados são bem maiores do que os recursos próprios. Temos

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


147

que em X1 os recursos imobilizados representavam 182,36% dos recursos pró-


prios, 223,87% em X2 e 210,06% em X3. Isso é um ponto de atenção, pois, além
dos recursos próprios, temos também terceiros financiando recursos que estão
fora do capital de giro. Demonstrando graficamente:

Imobilização do Patrimônio Líquido


223,87%
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

210,06%
182,36%

x3 x2 x1

Figura 12 - Imobilização do Patrimônio Líquido


Fonte: o autor.

IMOBILIZAÇÃO DOS RECURSOS NÃO CORRENTES

O índice Imobilização dos Recursos não Correntes mostra a representatividade dos


recursos imobilizados perante os recursos não correntes: patrimônio líquido e pas-
sivo não circulante. Esse índice tem mais relevância na análise das demonstrações de
indústrias, já que elas necessitam de muitos recursos para máquinas modernas e de
alto custo; quase sempre é possível conseguir linhas de crédito com prazos longos e
carências para início de amortização. Muitas empresas com essas características têm
o índice de imobilização do capital próprio muito alto, pois utilizam muitos recursos
de terceiros para aplicação no ativo imobilizado. O índice de imobilização dos

Situação Patrimonial
148 UNIDADE IV

recursos não correntes é utilizado com maior propriedade nestes casos, uma vez que,
além dos recursos próprios (capitais não exigíveis), também considera os recursos de
terceiros a longo prazo (exigibilidade distante). Pode-se utilizar a seguinte fórmula:
Invest + Imob + Intang
IRNC = X 100
PL + PNC
Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quadro 11 - Cálculo da Imobilização dos Recursos Não Correntes

X3 X2 X1
439.669 + 558.193 + 464.823 440.930 + 577.811 + 463.726 364.397 + 565.358 + 446.080
IRNC= 696.308 + 1.551.292
X 100 X 100
754.467 + 1.682.275
X 100
662.212 + 2.035.750

1.462.685 1.482.467 1.375.835


IRNC= X 100 X 100 X 100
2.247.600 2.697.962 2.436.742

IRNC= 65,08% 54,95% 56,46%


Fonte: o autor.

Diferentemente do Índice de Imobilização do Patrimônio Líquido, aqui encontramos


percentuais bem inferiores a 100%, o que significa que os recursos imobilizados são
bem menores que os recursos não correntes. Temos a representatividade dos recur-
sos imobilizados perante os recursos não correntes de 56,46% em X1, 54,95% em
X2, 65,08% em X3. Representam o comprometimento do patrimônio líquido mais
passivo não circulante com recursos imobilizados: investimentos permanentes em
outras empresas, ativo imobilizado e ativo intangível. Demonstrando graficamente:

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


149

Imobilização dos Recursos Não Correntes

65,08%

54,95% 56,46%

x3 x2 x1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 13 - Imobilização dos Recursos Não Correntes


Fonte: o autor.

SITUAÇÃO
ECONÔMICA

Quando estudamos a rentabilidade de uma empresa, a primeira palavra de que


lembramos é lucro, sem o qual não existe lucratividade e, sem lucratividade, não
existe rentabilidade, visto que somente teremos retorno dos recursos se as ativida-
des empresariais gerarem resultado positivo. A utilização de índices para medir a
situação econômica é necessária porque, segundo Marion (2002), a rentabilidade

Situação Econômica
150 UNIDADE IV

expressa em termos absolutos não tem utilidade informativa, pois o fato de uma
empresa apurar 5 bilhões de reais de lucro e outra apenas 100 mil reais não quer
dizer que a primeira deu mais retorno do que a segunda.
Neste tópico, vamos analisar a situação econômica por dois enfoques: as
margens de lucratividade sobre as vendas e as taxas de retorno sobre os recur-
sos investidos. O primeiro é uma verificação de vários níveis de resultado em
relação às vendas líquidas. Já o segundo é a representatividade do resultado em
relação aos recursos utilizados para a gestão da empresa na busca dos resulta-
dos. Guerreiro (2006) afirma que a equação do lucro total se resume em receitas

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
totais menos custos totais. É preciso lembrar que as despesas estão incluídas nes-
tes custos totais. Podemos considerar que o lucro é formado pelas receitas totais,
menos custos totais, menos despesas totais.

Figura 14 - Tripé da Análise - Situação Econômica


Fonte: o autor.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


151

LUCRATIVIDADE DAS VENDAS

Sempre utilizamos a expressão lucra-


tividade, uma vez que o objetivo das
empresas é obter lucro com a gestão dos
recursos. No entanto, é possível que o
resultado, principalmente o líquido, seja
negativo, o qual denominamos prejuízo.
Mesmo neste caso, é possível calcular as
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

margens sobre venda; poderíamos utili-


zar, então, a expressão “resultatividade”,
por se tratar de análise do resultado e não somente do lucro.
As margens de lucratividade são calculadas, também, na análise vertical, pois
medem as proporções dos valores dos resultados parciais e final em relação à
receita operacional líquida, por ser esta a que realmente representa as vendas
da empresa.
As vendas líquidas são a grandeza que devemos usar como referência para
calcular as margens de lucratividade, já que o objetivo é analisar o percentual de
determinado resultado em função das vendas. Ressaltamos que as vendas que
realmente constituem receita da empresa é a receita líquida, já que representa as
receitas brutas totais menos as deduções ocorridas com impostos diretos sobre
venda e expurgo das vendas frustradas: devoluções e abatimentos.

Margem Bruta

A margem bruta é o cálculo da lucratividade no nível do resultado operacio-


nal bruto, que representa o percentual do remanescente da receita operacional
líquida após a dedução dos custos das vendas, ou seja, o lucro bruto. A margem
bruta mostra o percentual do que sobrou após a empresa pagar os custos dos
produtos ou mercadorias vendidas; quanto mais alta, melhor a situação econô-
mica bruta da empresa, pois equivale à ocorrência de menores custos das vendas.
Consideramos este resultado para apurar a Margem Bruta pela divisão entre
o Resultado Bruto e a Receita Líquida. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

Situação Econômica
152 UNIDADE IV

LB
MB = X 100
RL

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 12 - Cálculo da Margem Bruta

X3 X2 X1

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2.824.542 2.503.473 2.625.958
MB = X 100 X 100 X 100
9.204.103 8.872.845 9.962.286

MB = 30,69% 28,21% 27,09%


Fonte: o autor.

Neste índice, a empresa mantém uma tendência muito positiva, pois, sem con-
siderar o mérito se o índice é bom ou ruim, percebemos uma gradativa elevação
período a período. Como o objetivo das empresas é lucro e, se possível, maiores,
podemos dizer que o melhor ano foi X3 com margem bruta de 30,69% sobre as
vendas. Demonstrando graficamente:

Margem Bruta
30,69%

28,21%
27,09%

x3 x2 x1

Figura 15 - Margem Bruta


Fonte: o autor.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


153

Mark-up Global

O Mark-up é utilizado para calcular de forma rápida o preço de venda: representa


o percentual que será acrescido diretamente sobre os custos para se encontrar
o preço de venda de um produto; representa o percentual sobre os custos das
vendas da empresa, considerando todos os produtos; e representa o percentual
agregado aos custos das vendas para se encontrar a receita líquida.
Muito embora lembre os valores adicionados demonstrados na DVA, não
pode ser confundido com aquela demonstração, haja vista que os custos aqui
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

utilizados são totais e não somente bens adquiridos de terceiros.


Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

LB
MG = X 100
CV

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Colocaremos os valores de acordo
com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 13 - Cálculo do Mark-up Global

X3 X2 X1
2.824.542 2.503.473 2.625.958
MG = X 100 X 100 X 100
6.379.561 6.369.372 7.066.328

MG = 44,27% 39,30% 37,16%


Fonte: o autor.

Encontramos que em X1 devemos aplicar 37,16% sobre o custo das vendas para
encontrar as vendas líquidas, em X2 esse percentual foi 39,30% e em X3 44,27%.
A tendência desse índice sempre será a mesma da margem bruta, pois o enfoque
é diferente, mas os itens analisados são os mesmos. Demonstrando graficamente:

Situação Econômica
154 UNIDADE IV

Markup Global
44,27%

39,30%
37,16%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 16 - Mark-up Global


Fonte: o autor.

Margem Operacional

A margem operacional é o cálculo da lucratividade do resultado operacional


líquido, que representa o percentual do remanescente do resultado bruto após
deduzidas as despesas operacionais, ou seja, o lucro operacional. É importante
lembrar que, caso as receitas e despesas financeiras estejam consideradas como
operacionais, é necessário fazer a adequação, pois o resultado financeiro não
faz parte do resultado operacional, haja vista que decorrem da sobra ou falta de
capital e não da atividade operacional da empresa.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

LO
MO= X 100
RL

Para o cálculo prático, consideraremos as informações que estão nas demons-


trações que estamos utilizando neste livro. Vamos colocar os valores de acordo
com o conceito do índice espelhado na fórmula.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


155

Quadro 14 - Cálculo da Margem Operacional

X3 X2 X1
366.659 309.209 460.599
MO = 9.204.103
X 100
8.872.845
X 100
9.692.286
X 100

MO = 3,98% 3,48% 4,75%


Fonte: o autor.

Encontramos uma margem operacional com tendência diferente da margem


bruta, sendo X1 4,75%, X2 3,48% e X3 3,98%; não existe uma tendência de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

melhorias período a período. Esse resultado indica que, após deduzir os cus-
tos das vendas e as despesas operacionais, sobraram esses percentuais da venda
líquida. Considerando que esse índice é do tipo “quanto maior, melhor”, o ano
X1 foi o melhor. Demonstrando graficamente:

Margem Operacional
4,75%
3,98%
3,48%

x3 x2 x1

Figura 17 - Margem Operacional


Fonte: o autor.

Situação Econômica
156 UNIDADE IV

Margem do EBITDA

EBITDA - Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization —


em tradução direta, LAJIDA - Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação
e Amortização. O EBITDA é uma medida aproximada do fluxo de caixa ope-
racional de uma empresa com base em dados da demonstração de resultados.
Considera como lucro as receitas menos custos e despesas operacionais, sendo
que nas despesas operacionais não se inclui o resultado da equivalência patri-
monial, o resultado financeiro, os impostos, a depreciação e a amortização. Essa

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
forma de apuração do resultado operacional é muito utilizada quando as empre-
sas têm muitos bens imobilizados - os quais geram altos valores de despesas com
depreciação - ou quando têm muita dependência com recursos onerosos de ter-
ceiros, o que gera altos valores de despesas financeiras.
No EBITDA, os efeitos da depreciação e de despesas financeiras não são refle-
tidos. Os investidores utilizam como boa maneira de comparar empresas com
estrutura de capital diferentes e estrutura de atividades semelhantes. É mais útil
para avaliar grandes empresas, em pequenas empresas com valor baixo de ativo
imobilizado e pequena dependência de empréstimos e financiamentos - a dife-
rença entre EBITDA e Lucro Operacional é pequena.
A margem do EBITDA é a representatividade do EBITDA perante a receita
líquida. Tem uma semelhança com a Margem Operacional; a diferença está na
exclusão da depreciação, amortização e equivalência patrimonial do resultado
operacional.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

EBITDA
ME= X 100
RL

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


157

Primeiramente, calcularemos o EBITDA; para isso, vamos partir do Resultado


Operacional Antes do Resultado Financeiro (LAJIR ou EBIT) da nossa DRP,
que já não considera o resultado financeiro para apurar este resultado, e vamos
deduzir a Equivalência Patrimonial (que é receita), somando à Depreciação e
amortização (que é despesa).
Quadro 15 - Cálculo do EBITDA

EBITDA - Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization


Cálculo x3 $ x2 $ x1 $
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

RESULT. OPERAC. ANTES RES. FINANC. 366.659 309.209 460.599


(-) Resultado de Equivalência Patrimonial -61.708 -88.948 -102.010
(+) Depreciação e Amortização 72.372 155.795 136.443
(=) EBITDA / LAJIDA 377.323 376.056 495.032
Fonte: o autor.

Vamos, agora, considerar o cálculo do EBITDA anterior para calcular a Margem


do EBITDA.
Quadro 16 - Cálculo da Margem do Ebitda

X3 X2 X1
377.323 376.056 495.032
ME = X 100 X 100 X 100
9.204.103 8.872.845 9.692.286

ME = 4,10% 4,24% 5,11%


Fonte: o autor.

Encontramos um índice com tendência de diminuição nestes três períodos. Isso


evidencia menor lucratividade operacional de acordo com as características do
EBITDA. Como se trata de resultado, podemos dizer que também é do tipo
“quanto maior, melhor”, logo, o melhor ano foi X1 com 5,11%, tem uma queda
para X2 com 4,24% e continuando a tendência de queda em X3 com 4,10%.
Demonstrando graficamente:

Situação Econômica
158 UNIDADE IV

Margem EBITDA
5,11%
4,10% 4,24%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
x3 x2 x1

Figura 18 - Margem do Ebitda


Fonte: o autor.

Conhecendo a Margem Operacional e a Margem do EBITDA, qual você con-


sideraria para avaliar a compra de uma empresa comercial que fatura, apro-
ximadamente, 2 milhões de reais por ano? Por quê?

Margem Líquida

A margem líquida é o cálculo de lucratividade do lucro líquido, que representa


o percentual do remanescente do resultado operacional após deduzidas as des-
pesas não operacionais, os impostos sobre lucro e as participações. A margem
líquida já é a medida final de margem de lucro, pois compara o lucro líquido
com as vendas líquidas, e o lucro líquido é o resultado da apuração final. Dito
de outro modo, das Receitas Brutas se constata as Deduções da Receita Bruta e
obtém-se a Receita Líquida; deduz-se os Custos das Vendas e encontramos o
Resultado ou Lucro Bruto; em seguida, deduzimos as Despesas Operacionais e
obtém-se o Resultado ou Lucro Operacional e, posteriormente, deduzimos ou
somamos o Resultado Financeiro, o Resultado das Atividades Descontinuadas,

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


159

os Impostos e Contribuições sobre o Lucro, as Participações e obtém-se o


Resultado ou Lucro Líquido. Pode-se utilizar a seguinte fórmula:
LL
ML= X 100
RL

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 17 - Cálculo da Margem Líquida
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

X3 X2 X1
107.609 7.759 211.537
ML = X 100 X 100 X 100
9.204.103 8.872.845 9.692.286

ML = 1,17% 0,09% 2,18%


Fonte: o autor.

Encontramos, então, a Margem Líquida, o percentual que sobrou das vendas após
a apuração final do resultado, encontramos 2,18% em X1, 0,09% em X2 e 1,17%
em X3, não podemos dizer que há uma tendência, pois houve queda acentuada
de X1 para X2, voltando a dar sinais de melhoria em X3.
Demonstrando graficamente:

Margem Líquida
2,18%

1,17%

0,09%

x3 x2 x1

Figura 19 - Margem Líquida


Fonte: o autor.

Situação Econômica
160 UNIDADE IV

RENTABILIDADE DOS
INVESTIMENTOS

Estes indicadores informam


o percentual da remunera-
ção dos recursos durante o
exercício social. Somente
haverá retorno e remunera-
ção se houver lucro líquido.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É a medida da eficácia da
gestão, pois representam o
resultado obtido em decor-
rência da gestão financeira e,
de certa forma, representam
a maximização da riqueza dos sócios. É considerado pelos administradores e
acionistas o grupo de índices de maior importância.

Retorno Sobre Os Ativos (investimento)

A Taxa de retorno sobre os ativos ou investimentos, chamada em inglês de


ROA - Return on Assets ou ROI – Return on Investment – considera o per-
centual de remuneração do lucro líquido ao total dos recursos aplicados na
empresa. Representa a remuneração dos capitais próprios e de terceiros. Os
administradores veem neste índice uma medida da eficiência de suas ges-
tões, pois eles administram tanto recursos dos acionistas quanto de terceiros.
O Retorno sobre os Ativos indica a eficiência global da empresa em gerar resul-
tados com seus ativos. É calculado pela razão entre o Lucro Líquido e o Total
de Ativos.
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


161

LL
ROI= X 100
AT

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Colocaremos os valores de acordo
com o conceito do índice espelhado na fórmula.
Quadro 18 - Cálculo do Retorno dos Investimentos

X3 X2 X1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

107.609 7.759 211.537


ROI = X 100 X 100 X 100
5.172.025 5.557.573 5.257.372

ROI = 2,08% 0,14% 4,02%


Fonte: o autor.

Em decorrência do baixo lucro líquido, em X2 houve uma queda acentuada de


4,02% em X1 para 0,14% em X2, voltando a elevar um pouco em X3 para 2,08%.
Esses percentuais representam a maximização dos recursos da atividade em fun-
ção do resultado da própria atividade. Demonstrando graficamente:

Retorno dos Investimentos


4,02%

2,08%

0,14%

x3 x2 x1

Figura 20 - Retorno dos Investimentos


Fonte: o autor.

Situação Econômica
162 UNIDADE IV

Geralmente, qualquer ROI positivo é considerado um bom retorno. Isso


significa que o custo total do investimento foi recuperado, além de alguns
lucros restantes. Um retorno negativo sobre o investimento significa que
as receitas não foram suficientes para cobrir os custos totais. O cálculo ROI
é extremamente versátil e pode ser usado para qualquer investimento. Os
gerentes podem usá-lo para medir o retorno sobre o capital investido; os
investidores podem usá-lo para medir o desempenho de suas ações; e os
indivíduos podem usá-lo para medir seu retorno sobre os ativos, como suas
casas. É bom lembrar que o ROI não leva em consideração o valor do dinhei-
ro no tempo o que faz toda diferença para o cálculo de um ativo fixo que
leva em conta o retorno futuro. É por isso que a parcela de lucro simplista

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
original da fórmula é geralmente alterada com um cálculo de valor presente.
Fonte: o autor.

Retorno Sobre o Patrimônio Líquido

A Taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido ou ROE – Return on equity,


em inglês – considera o percentual de remuneração do lucro líquido aos recur-
sos dos sócios investidos na empresa. Representa a remuneração dos acionistas
e tem uma atenção maior dos investidores, pois representa o rendimento de seus
recursos. A taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido mede o retorno sobre
o investimento dos proprietários da empresa (PL). É calculada pela razão entre
o Lucro Líquido e o Investimento dos proprietários (PL):
Pode-se utilizar a seguinte fórmula:

LL
ROE= X 100
PL

Para o cálculo prático, vamos considerar as informações que estão nas demons-
trações que estamos utilizando neste livro. Vamos, então, colocar os valores de
acordo com o conceito do índice espelhado na fórmula.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


163

Quadro 19 - Cálculo do Retorno do Patrimônio Líquido

X3 X2 X1
107.609 7.759 211.537
ROE= 696.308
X 100
662.212
X 100
754.467
X 100

ROE= 15,45% 1,17% 28,04%


Fonte: o autor.

Também em decorrência do baixo lucro líquido, assim como ocorreu na Taxa de


Retorno dos Ativos, em X2 houve uma queda acentuada de 28,04% em X1 para
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

1,17% em X2, voltando a elevar um pouco em X3 para 15,45%. Esses percentuais


representam a maximização dos recursos dos sócios investidos na empresa em
função do resultado da própria atividade. É a remuneração do capital dos sócios.
Demonstrando graficamente:

Retorno do Patrimônio Líquido


28,04%

15,45%

1,17%

x3 x2 x1

Figura 21 - Retorno do Patrimônio Líquido


Fonte: o autor.

Situação Econômica
164 UNIDADE IV

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, aprendemos os conceitos dos índices econômico-financeiros mais


importantes para a análise das demonstrações financeiras ou contábeis. Se esses
índices estiverem equilibrados positivamente, mostrarão ao analista o equilíbrio
nas áreas mais importantes da empresa: financeira, patrimonial e econômica.
No aspecto financeiro, é avaliada a capacidade de pagamento dos passivos da
empresa. Fizemos a aplicação prática dos índices: liquidez geral, que indica quanto
a empresa tem em ativos recebíveis a curto e longo prazo para pagar cada R$1,00

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de dívida com exigibilidade a curto e longo prazo; liquidez corrente, que indica
quanto a empresa tem em ativos recebíveis a curto prazo para pagar cada R$1,00
de dívida com exigibilidade a curto prazo; liquidez seca e liquidez imediata, que
também indicam capacidade de pagamento das dívidas exigíveis a curto prazo.
No aspecto patrimonial, é avaliada a composição das origens de recursos e
do seu comprometimento com aqueles imobilizados. Calculamos o endivida-
mento geral, o qual indica percentualmente a utilização de recursos de terceiros
perante o total dos recursos na empresa. Calculamos, também, a composição do
endividamento - que indica o perfil da dívida a curto prazo perante a dívida total
- e a utilização do patrimônio líquido com recursos imobilizados.
No aspecto econômico, calculamos as margens de lucratividade, que indi-
cam a representatividade dos resultados bruto, operacional e líquido perante a
receita líquida. Também calculamos as taxas de retorno dos investimentos e dos
recursos próprios, que são importantes para os gestores e acionistas da empresa.
No final dos estudos desta unidade, você deve ter segurança no aprendizado
quanto ao equilíbrio das áreas financeira, patrimonial e econômica, que envol-
vem a empresa por meio dos índices econômico-financeiros.
Vamos em frente! Sucesso em nosso aprendizado.

ÍNDICES ECONÔMICO-FINANCEIROS: O EQUILÍBRIO IDEAL


165

No quadro a seguir são formadas palavras sobre a análise empresarial: situação fi-
nanceira, patrimonial e econômica. As palavras podem estar no sentido horizontal,
vertical ou diagonal, leitura normal ou invertida. Responda as perguntas 1, 2 e 3 com
base nas palavras encontradas.

1. A situação financeira é o grupo mais conhecido e utilizado na análise das de-


monstrações pela sua simplicidade e praticidade ao avaliar um dos pontos fun-
damentais em uma empresa: a capacidade de pagamento dos compromissos.
Sobre a análise da situação financeira, encontre três palavras e descreva o
que significam.
2. Na análise da situação patrimonial, o analista busca indicadores da composição
patrimonial que envolve as origens e aplicações de recursos, por meio do endi-
vidamento, do perfil da dívida, da utilização de recursos próprios com recursos
imobilizados, entre outros. Sobre a análise da situação patrimonial, encontre
quatro palavras e escreva sobre elas.
3. A utilização de índices para medir a situação econômica é necessária porque a
rentabilidade expressa em termos absolutos não tem utilidade informativa, pois
o fato de uma empresa apurar 5 bilhões de reais de lucro e outra apenas 100 mil
reais não quer dizer que a primeira deu mais retorno do que a segunda. Sobre a
análise da situação econômica, encontre cinco palavras e escreva sobre elas.
166

4. Uma empresa apresenta, em suas demonstrações, os seguintes saldos:


Lucro Líquido – R$10.000,00
Ativo Total – R$1.000.000,00
Patrimônio Líquido – R$400.000,00
Receitas Brutas – R$2.400.000,00
Deduções da Receita Bruta – R$400.000,00
Escolha a alternativa que indica corretamente a Margem Líquida e o ROE.
a) ML, 0,5% e ROE, 1%.
b) ML, 0,5% e ROE, 2,5%.
c) ML, 1,0% e ROE, 2,5%.
d) ML, 0,4% e ROE, 2,5%.
e) ML, 0,4% e ROE, 1,0%.
5. Uma empresa apresenta, em suas demonstrações, os seguintes saldos:
Ativo Total – R$1.000.000,00
Ativo Realizável a Longo Prazo – R$60.000,00
Patrimônio Líquido – R$400.000,00
Ativo Circulante – R$600.000,00
Passivo Não Circulante – R$200.000,00
Escolha a alternativa que indica corretamente a Liquidez Corrente (LC), a
Liquidez Geral (LG) e a Imobilização do Patrimônio Líquido (IPL).
a) LC, 1,0, LG, 1,1 e IPL, 85%.
b) LC, 1,0, LG, 1,7 e IPL, 85%.
c) LC, 1,5, LG, 1,6 e IPL, 100%.
d) LC, 1,5, LG, 1,1 e IPL, 85%.
e) LC, 1,5, LG, 1,7 e IPL, 100%.
167

Avaliação dos índices técnicas para análise de balanço, sendo as


mais conhecidas e mais eficientes, segundo
Os tipos de avaliações de índices contábeis Miguel (2009, p. 11), a análise horizontal,
mais comuns são: análise vertical, análise dos índices e quo-
cientes; sendo estes últimos melhores para
Avaliação Intrínseca: que configura a analisar a saúde financeira das empresas.
análise de elementos qualitativos inter-
nos, correspondendo, assim, aos fatores Análise Horizontal: indica o crescimento
que circunscrevem o balanço patrimonial, de itens dos balanços e resultados de
tais como estoque, aplicações financeiras, acordo com os períodos.
investimentos etc.
Análise Vertical: refere-se à avaliação da
Avaliação por índice-padrão: tem como estrutura de itens, bem como o crescimento
finalidade comparar um determinado e evolução no tempo.
índice da empresa com um modelo padrão,
buscando, a partir disso, analisar se a ele- Análise de Liquidez e do Endividamento:
vação de um índice é negativa ou positiva, esse tipo de análise relaciona as contas do
estabelecendo, nesse procedimento, res- balanço, indicando se a organização utiliza
postas aos valores encontrados. mais recurso de bandos ou fornecedores
e/ou se a mesma utiliza recursos próprios,
Comparação temporal: este tipo de ava- se os recursos de terceiros têm seu venci-
liação fundamenta a análise dos dados da mento previsto em maior parte em curto
empresa em períodos sequenciais, pos- prazo ou em longo prazo.
sibilitando observar possíveis oscilações
e rendimentos. Este tipo de avaliação Análise da Rotatividade: diz respeito ao
também tem a finalidade de mapear e tempo que os recursos patrimoniais se
acompanhar possíveis evoluções e declí- renovam em um período de tempo.
nios dos elementos e recursos patrimoniais
e também apresenta os resultados obtidos Análise de Rentabilidade: são quocientes
pela empresa em determinado período de que comparam a lucratividade com vendas
tempo (WALCZAC, 2008, p. 25 e DUARTE; líquidas, o retorno sobre o investimento e
LAMOUNIER, 2007, p. 9-28). também sobre o patrimônio líquido.

Análises de balanços e suas finalidades Retorno Sobre o Investimento: indica os


lucros obtidos pela empresa em relação a
Assaf Neto (2003, p. 97) diz que a aná- toda a sua aplicação.
lise de balanços visa descrever a posição
econômica da empresa, embasada nas Retorno sobre o Patrimônio Líquido:
informações contábeis, prevendo tendên- expressa os resultados globais da empresa
cias futuras e evolução. no que tange os recursos próprios e de ter-
ceiros.
Para a extração de informações financei-
ras, patrimoniais e econômicas de uma Análise do Fluxo de Caixa: este tipo de
organização, se faz necessário algumas análise evidencia se a empresa terá condi-
168

ções de cumprir com seus compromissos sado, presente e futuro de uma empresa,
fiscais e financeiros ou, por outro lado, se com base nos demonstrativos determi-
está buscando recursos que venham incre- nando, muitas vezes, possível evolução
mentar a insuficiência de caixa. da empresa.

Compreende-se que por meio das interpre- Nesse sentido, Silva (1999, p. 21-22) infere
tações das análises transforma um conjunto expressando que para que uma empresa
de dados em informações, passando, assim, evolua e obtenha ascensão em seus negó-
a ter valores determinantes para servir de cios são imprescindíveis que sejam levados
ponto de partida para delinear perspecti- em consideração seus aspectos de organi-
vas futuras. zação interna e externa, tais como projetos,
nível de economia do país, clientes, forne-
Fortes (2001, p. 52) considera que ainda não cedores, funcionários etc.
existe nenhuma ferramenta ou sistema de
registro, controle e análise patrimonial que O autor ainda pontua diversos fatores que
seja mais eficaz no contexto empresarial do estão intrinsecamente atrelados às ques-
que a contabilidade. As diferentes decisões tões contábeis de uma empresa, pois é
empresariais, muitas vezes, dependem dos evidente que o que move um empre-
aspectos contábeis. endimento são os fatores econômicos e
financeiros dos mesmos, ou seja, a empresa
O autor citado chama a atenção dos proce- deve levar em consideração todas as suas
dimentos contábeis como imprescindível ações e contar com o auxílio de métodos
para o desenvolvimento satisfatório de um contábeis eficazes para melhor gerir suas
empreendimento, certa vez que a contabi- ações econômicas e realizar suas projeções
lidade é uma ciência específica para auxiliar de maneira assertiva.
nos procedimentos que envolvam con-
trole, gastos, fluxo, capital de giro etc., daí Matarazzo (1998, p. 19) diz que “os relatórios
sua importância para dar suporte ao setor de análise devem ser elaborados como se
administrativo de uma organização. fossem dirigidos a leigos, ainda que não o
sejam, isto é, sua linguagem deve ser inteli-
Perez Jr e Begalli (1999, p. 195) afirmam gível por qualquer dirigente de nível médio
que, em geral, o objetivo da análise é o de de empresa, gerente de banco ou gerente
extrair dados das demonstrações contábeis, de crédito”.
a fim de articular as tomadas de decisões,
conhecendo, assim, a estruturação e saúde É importante destacar, a partir da citação
financeira da organização, bem como seu que a análise é de interesse e de importân-
desenvolvimento operacional. cia significativa para todos os públicos com
os quais a empresa se relaciona. Por esse
A partir das palavras de Assaf Neto (1998, motivo, a “linguagem e a forma demonstra-
p. 12), pode-se considerar que a análise tiva” dos relatórios devem ser acessíveis a
das demonstrações contábeis tem o intuito todos, de maneira com que todos compre-
de apresentar informações acerca do pas- endam os dispostos.

Fonte: adaptado de Gomes et al. ([2017], on-line)1.


MATERIAL COMPLEMENTAR

A análise contábil e financeira


Adriano Leal Bruni
Editora: Atlas
Sinopse: este livro apresenta a análise das
demonstrações contábeis de forma simples e didática,
com muitos exemplos, casos e exercícios. Revisa
conceitos importantes de contabilidade, discutindo os
principais aspectos envolvidos no uso das informações
contábeis. Tece considerações sobre as diferentes
visões das informações contábeis e financeiras.

Neste link do Sebrae temos um material bem simples sobre endividamento: como calcular
e avaliar o endividamento da sua empresa!
Acesse o conteúdo disponível em: <http://blog.pr.sebrae.com.br/financas/como-calcular-e-avaliar-
o-endividamento-da-sua-empresa>. Acesso em: 14 jun. 2017.

Material Complementar
170
REFERÊNCIAS

BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
GUERREIRO, Reinaldo. Gestão do lucro. São Paulo: Atlas, 2006.
MARION, José Carlos. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade em-
presarial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2002.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 12. ed. São Paulo: Atlas,
2013.

REFERÊNCIA ON-LINE

1Em: <http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/gestao_foco/artigos/
ano2015/importancia_analise_demonstr.pdf>. Acesso em: 13 jun. 2017.
171
REFERÊNCIAS
GABARITO

1. GERAL – A análise da capacidade de pagamento que considera os ativos recebíveis


a curto e longo prazo para quitar as dívidas a curto e longo prazo é a liquidez geral.
ESTOQUES – Na liquidez seca, devemos deduzir o valor dos estoques do Ativo
Circulante e dividir pelo Passivo Circulante.
CORRENTE – O índice de liquidez corrente mostra quanto a empresa tem (em
reais) em recebíveis a curto prazo para pagar cada R$1,00 de dívida a curto prazo.
2. ENDIVIDAMENTO – É o ponto principal da análise patrimonial. É analisado o en-
dividamento geral, a composição do endividamento e a participação do capital
de terceiros.
TERCEIROS – Os recursos de terceiros são as dívidas da empresa e motivam o
cálculo dos índices de endividamento.
PATRIMÔNIO – A estrutura do patrimônio demonstrada no balanço patrimonial
é a base para análise do endividamento e da imobilização.
IMOBILIZADOS – Os recursos imobilizados, formados por investimentos perma-
nentes em capitais de outras empresas, bens do imobilizado e ativo intangível
são utilizados para calcular o índice de imobilização do patrimônio líquido e dos
recursos não correntes.
GABARITO

3. LUCRATIVIDADE – São indicadores que mostram as margens de lucro sobre


vendas.
RENTABILIDADE – São indicadores que mostram a remuneração dos recursos
aplicados na empresa.
RETORNO – São estudadas duas formas de retorno: sobre os ativos e sobre os
capitais próprios.
EBITDA – É o lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.
OPERACIONAL – Expressão atribuída a atividade da empresa, também é utiliza-
da como uma margem de lucro sobre vendas.
4. b) ML, 0,5% e ROE, 2,5%.
5. d) LC, 1,5, LG, 1,1 e IPL, 85%.
Professor Me. José Manoel da Costa

TÓPICOS ESPECIAIS DA

V
UNIDADE
ANÁLISE EMPRESARIAL

Objetivos de Aprendizagem
■■ Entender os cálculos e os objetivos dos índices-padrão.
■■ Apresentar um relatório geral dos índices. Avaliar os índices de
acordo com os índices-padrão.
■■ Verificar o desempenho da empresa por meio da decomposição da
ROE.
■■ Analisar os recursos de curto prazo por meio da análise financeira
dinâmica.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Índices-padrão
■■ Relatório da análise
■■ Fórmula Dupont
■■ Análise financeira dinâmica
175

INTRODUÇÃO

Nesta unidade, vamos conhecer alguns tópicos que contribuirão com a análise
das demonstrações por meio de enfoques diferentes e complementares aos vis-
tos nas unidades anteriores. Trataremos, aqui, dos índices-padrão, do relatório
da análise, do método Dupont e da análise financeira dinâmica.
Veremos que os índices-padrão refletem o comportamento de um índice
- podemos ter um padrão calculado pela mediana que separa um grupo de empre-
sas em duas partes: melhor e pior que o padrão. Porém, vamos utilizar padrões
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

múltiplos com base nos decis; assim, é possível atribuir notas e conceitos, não
nos restringindo à informação de melhor ou pior. O nosso enfoque será con-
ceitual e prático: veremos os cuidados na definição do universo e da amostra de
empresas, utilizaremos quatro índices já calculados neste estudo para encontrar
o padrão pela mediana e depois pelos decis, teremos as notas e conceitos de cada
um destes quatro índices. No enfoque prático, faremos a comparação do padrão
com os índices da nossa empresa.
Depois de aprendermos sobre os índices-padrão, teremos condições de fazer
o relatório da análise das demonstrações, no qual iremos, primeiramente, resumir
todos os índices calculados até aqui e encontrar mais um: o fator de solvabili-
dade de Kanitz para, a partir disso, elaborarmos um relatório final de análise.
Para contribuir com o relatório da análise, aprenderemos, também, o método
Dupont, o qual reúne em uma única avaliação todas as áreas responsáveis pela
performance financeira da empresa.
Para finalizar esta unidade e este livro, estudaremos a análise financeira dinâ-
mica, que é uma forma de administrar com foco na sustentabilidade financeira
e econômica de curto e longo prazo, para tomar decisões que preservem a capa-
cidade de pagamento, a lucratividade e a criação de valor ao acionista.
Vamos, agora, aprender tópicos que farão a diferença no processo de aná-
lise e na utilização para tomada de decisão.

Introdução
176 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ÍNDICES-PADRÃO

De acordo com Braga (1995), os índices-padrão refletem o comportamento de


um índice e cada decil definirá um conceito. Assim, além de avaliarmos se a
empresa está abaixo ou acima do padrão, também saberemos qual o conceito ou
nota do mesmo, de acordo com a amostra de empresas utilizadas.
Um índice calculado traz uma informação que deve ser explicada de acordo
com seu conceito, mas sem um referencial para comparação não temos como
avaliar se o valor encontrado é bom ou ruim. Para suprir essa necessidade de ava-
liação, podemos calcular os índices-padrão pois, desta forma, mesmo sabendo
que eles não representam padrões ideais, podemos identificar se a empresa ana-
lisada está melhor ou pior do que o padrão referencial.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


177

A Análise de Balanços através de índices só adquire consistência e ob-


jetividade quando os índices são comparados com padrões, pois, do
contrário, as conclusões se sujeitam à opinião e, não raro, ao humor do
analista de balanços (MATARAZZO, 2010, p. 187).

Na prática, devemos calcular o padrão de todos os índices; aqui, para efeitos


didáticos, vamos calcular quatro índices: liquidez geral, endividamento geral,
retorno sobre os capitais próprios e ciclo operacional. Neste estudo, além dos
índices-padrão obtidos pelo cálculo da mediana de uma série de empresas, vamos
aprender sobre a avaliação dos índices com base em notas e conceitos obtidos
por meio dos decis.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

CUIDADOS NA DEFINIÇÃO DO UNIVERSO

Uma decisão importante do analista quanto aos índices-padrão é sobre o uni-


verso que será considerado para calcular o padrão. Essa decisão pode levar em
conta aspectos quanto à região geográfica, setor de atuação, porte da empresa,
entre outros. Silva (2013) diz que a região geográfica deve ser levada em conta se
os fatores relacionados ao clima, política ou recursos regionais afetarem a econo-
mia local, a estrutura da empresa e o seu desempenho, pois se estes fatores não
forem relevantes para o desempenho da empresa, o melhor padrão será conside-
rar empresas nacionais ou até internacionais de porte ou atividades semelhantes.
Não é importante saber que a empresa tem o índice de endividamento geral
mais alto do que as empresas locais, se na região onde está instalada quase a tota-
lidade das empresas são pequenas com dependência muito grande do capital dos
sócios. Pouco importa, também, saber se a empresa é a pior avaliada quanto ao
ROI das empresas do setor, se todas as outras são maiores e com captação de
recursos do exterior.
Portanto, o universo de análise deve ser o mais adequado às necessidades da
análise. O analista deve responder a uma pergunta fundamental para a escolha do
universo de empresas que serão utilizadas para cálculo dos índices-padrão: qual
o melhor referencial de comparação para os índices desta empresa? Em outras
palavras: eu preciso saber se esta empresa está melhor ou pior que a média ou
mediana de quais empresas?

Índices-Padrão
178 UNIDADE V

Neste estudo, vamos utilizar 30 empresas do mesmo setor de atividades e


ramo econômico e de patrimônio líquido semelhantes para calcular quatro índi-
ces-padrão escolhidos.
Quadro 1 - Dados do universo de empresas

DADOS DO UNIVERSO DE EMPRESAS


SITUAÇÃO FINANCEIRA
0,83 1,01 0,67 0,56 1,19 1,18 1,19 0,84 0,83 0,86
ÍNDICES 30
LG EMPRESAS
1,54 0,89 0,99 1,00 1,22 0,87 0,99 1,10 0,80 0,75
1,33 1,05 1,20 2,00 1,09 0,68 0,95 1,40 0,79 0,76

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SITUAÇÃO PATRIMONIAL
86.54% 78,32% 65,00% 45,99% 88,90% 68,45% 89,43% 65,00% 34,90% 78,43%
ÍNDICES 30
EG EMPRESAS
53,21% 91,56% 23,46% 82,43% 61,01% 88,40% 90,56% 81,30% 85,43% 77,77%
39,50% 65,98% 49,22% 79,79% 79,97% 67,40% 91,23% 70,32% 79,45% 76,91%

SITUAÇÃO ECONÔMICA
15,45% 28,32% 25,00% 15,99% 18,80% 15,86% 34,89% 25,11% 11,70% 28,04%
ÍNDICES 30
ROE EMPRESAS
21,53% 21,56% 23,46% 12,43% 11,01% 8,40% 1,56% 13,80% 15,34% 27,77%
19,50% 14,98% 12,49% 19,23% 11,97% 12,67% 11,23% 20,32% 29,45% 26,91%

GESTÃO DOS RECURSOS


89,56 77,51 102,10 46,50 89,20 68,00 89,32 65,10 86,21 78,43
ÍNDICE 30
CO EMPRESAS
53,50 123,70 73,45 82,28 61,00 88,40 91,43 97,51 85,40 78,64
91,56 89,43 86,54 83,00 90,80 97,13 91,20 70,70 89,70 64,90
Fonte: o autor.

No Quadro 1, os índices coletados estão na ordem das empresas. Para fins de


cálculo, é necessário ordená-los do menor para o maior conforme veremos mais
adiante.

CÁLCULO DA MEDIANA

A mediana é uma medida separatriz que divide um conjunto de números em


duas partes; quando a quantidade de números é ímpar, a mediana será exata-
mente o número do meio e quando for par, a mediana será a média dos dois
números do meio do conjunto.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


179

Segundo Figueiredo et al. (2009), a mediana é o valor que, após a ordena-


ção da amostra em ordem crescente, tem 50% de itens inferiores e 50% de itens
superiores. Para calcular os índices-padrão pela mediana, devemos colocar em
ordem crescente os índices das 30 empresas da amostra. Como a amostra tem
números pares, vamos calcular a média dos dois números centrais.
Após colocar em ordem crescente os índices de liquidez geral, tivemos como
décimo quinto número 0,99 e como décimo sexto também 0,99. O índice-padrão
encontrado é a média desses dois números, portanto 0,99. A nossa empresa, uti-
lizada para desenvolvimento prático, está pior que o padrão, pois teve índice de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

liquidez geral de 0,83 em X3, 0,83 em X2 e 0,86 em X1.


No endividamento geral, tivemos como décimo quinto número 77,77% e
como décimo sexto 78,32%. O índice-padrão encontrado é a média desses dois
números, portanto 78,05%. A nossa empresa, utilizada para desenvolvimento
prático, está pior que o padrão, pois teve o índice de endividamento geral de
86,54% em X3, 88,08% em X2 e 85,65% em X1.
No retorno do patrimônio líquido, tivemos como décimo quinto número
15,99% e como décimo sexto 18,80%, o índice padrão encontrado é a média
desses dois números, portanto 17,40%. A nossa empresa, utilizada para desen-
volvimento prático, está pior que o padrão em X3 (15,45%) e em X2 (1,17%) e
melhor que o padrão em X1 (28,04%).

Quadro 2 - Índices-padrão: Mediana

ÍNDICES-PADRÃO: MEDIANA
SITUAÇÃO FINANCEIRA
0,83 1,01 0,67 0,56 1,19 1,18 1,19 0,84 0,83 0,86
ÍNDICES 30
1,54 0,89 0,99 1,00 1,22 0,87 0,99 1,10 0,80 0,75
EMPRESAS
1,33 1,05 1,20 2,00 1,09 0,68 0,95 1,40 0,79 0,76
0,56 0,75 0,80 0,84 0,89 0,99 1,05 1,18 1,20 1,40
LG ÍNDICES
0,67 0,76 0,83 0,86 0,95 1,00 1,09 1,19 1,22 1,54
EM ORDEM
0,68 0,79 0,83 0,87 0,99 1,01 1,10 1,19 1,33 2,00
LG MEDIANA
PADRÃO 0,99

Índices-Padrão
180 UNIDADE V

SITUAÇÃO PATRIMONIAL
86.54% 78,32% 65,00% 45,99% 88,90% 68,45% 89,43% 65,00% 34,90% 78,43%
ÍNDICES 30
53,21% 91,56% 23,46% 82,43% 61,01% 88,40% 90,56% 81,30% 85,43% 77,77%
EMPRESAS
39,50% 65,98% 49,22% 79,79% 79,97% 67,40% 91,23% 70,32% 79,45% 76,91%
23,46% 45,99% 61,01% 65,98% 70,32% 78,32% 79,79% 82,43% 88,40% 90,56%
EG ÍNDICES
34,90% 49,22% 65,00% 67,40% 76,91% 78,43% 79,97% 85,43% 88,90% 91,23%
EM ORDEM
39,50% 53,21% 65,00% 68,45% 77,77% 79,45% 81,30% 86,54% 89,43% 91,56%
EG MEDIANA
PADRÃO 78,05%
SITUAÇÃO ECONÔMICA
15,45% 28,32% 25,00% 15,99% 18,80% 15,86% 34,89% 25,11% 11,70% 28,04%
ÍNDICES 30

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
21,53% 21,56% 23,46% 12,43% 11,01% 8,40% 1,56% 13,80% 15,34% 27,77%
EMPRESAS
19,50% 14,98% 12,49% 19,23% 11,97% 12,67% 11,23% 20,32% 29,45% 26,91%
1,56% 11,23% 12,43% 13,80% 15,45% 18,80% 20,32% 23,46% 26,91% 28,32%
ROE ÍNDICES
8,40% 11,70% 12,49% 14,98% 15,86% 19,23% 21,53% 25,00% 27,77% 29,45%
EM ORDEM
11,01% 11,97% 12,67% 15,34% 15,99% 19,50% 21,56% 25,11% 28,04% 34,89%
ROE MEDIANA
PADRÃO 17,40%
GESTÃO DOS RECURSOS
89,56 77,51 102,10 46,50 89,20 68,00 89,32 65,10 86,21 78,43
ÍNDICE 30
53,50 123,70 73,45 82,28 61,00 88,40 91,43 97,51 85,40 78,64
EMPRESAS
91,56 89,43 86,54 83,00 90,80 97,13 91,20 70,70 89,70 64,90
46,50 64,90 70,70 78,43 83,00 86,54 89,32 89,70 91,43 97,51
CO ÍNDICES
53,50 65,10 73,45 78,64 85,40 88,40 89,43 90,80 91,56 102,10
EM ORDEM
61,00 68,00 77,51 82,28 86,21 89,20 89,56 91,20 97,13 123,70
CO MEDIANA
PADRÃO 86,38%

Fonte: o autor.

No ciclo operacional, tivemos como décimo quinto número 86,21 dias e como
décimo sexto 86,54 dias, o índice padrão encontrado é a média desses dois núme-
ros, portanto 86,38 dias. A nossa empresa, utilizada para desenvolvimento prático,
está pior que o padrão em todos os períodos, pois em X3 foi de 89,56 dias, em
X2 97,51 dias e em X1 97,13 dias.
Considerando esses quatro índices-padrão, temos alguns sinais de alerta,
pois somente o ROE de X1 está melhor que o índice-padrão.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


181

Podemos calcular os índices-padrão com base na média ou mediana de uma


série de índices. Na sua opinião qual é a melhor? Por quê?

CÁLCULO DOS DECIS

Vimos que a mediana divide a série de dados em duas partes; com isso, encon-
tramos um padrão e duas partes, uma abaixo do padrão e outra acima. Além da
mediana, existem outras medidas separatrizes: os quartis, que separam a série
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

em quatro partes; os decis, que separam a série em dez partes; e os percentis, que
separam a série em cem partes. Como o nosso objetivo é separar a série com a
finalidade de atribuir notas e conceitos, vamos usar os decis.
Nos decis, a série é dividida em dez partes iguais, com o mesmo núme-
ro de elementos, de tal forma que cada intervalo do decil contenha 10%
dos elementos coletados (TIBONI, 2010, p. 187).

Para calcular os decis, temos que, após a ordenação da série em ordem crescente,
fazer a separação em 10 partes, então podemos calcular os 9 decis ou separadores,
com base na média ou mediana das duas partes de dados que o mesmo divide.
Aqui, utilizaremos a média; se calcularmos os decis pela mediana, o quinto decil
seria exatamente igual às medianas calculadas anteriormente.
Para calcular o primeiro decil do índice de liquidez geral, somamos os índices
0,56 + 0,67 + 0,68 + 0,75 + 0,76 + 0,79 e encontramos 4,21, então encontramos
a média aritmética 0,70 (4,21 / 6), que é o primeiro decil.
Para calcular o quinto decil do índice de endividamento geral. somamos os
índices 70,32% + 76,91% + 77,77% + 78,32% + 78,43% + 79,45% e encontra-
mos 461,20%, então encontramos a média aritmética 76,87% (461,20% / 6), que
é o quinto decil.
Para calcular o segundo decil do retorno do patrimônio líquido (ROE)
somamos os índices 11,23% + 11,70% + 11,97% + 12,43% + 12,49% + 12,67% e
encontramos 72,49%, então encontramos a média aritmética 12,08% (72,49% /
6), que é o segundo decil.

Índices-Padrão
182 UNIDADE V

Quadro 3 - Índices-padrão: Decis

ÍNDICES-PADRÃO: DECIS
SITUAÇÃO FINANCEIRA
0,56 0,75 0,80 0,84 0,89 0,99 1,05 1,18 1,20 1,40
ÍNDICES EM
0,67 0,76 0,83 0,86 0,95 1,00 1,09 1,19 1,22 1,54
ORDEM
0,68 0,79 0,83 0,87 0,99 1,01 1,10 1,19 1,33 2,00
LG 1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
0,70 0,84 0,97 1,13 1,45
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
0,79 0,90 1,04 1,22
SITUAÇÃO PATRIMONIAL

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
23,46% 45,99% 61,01% 65,98% 70,32% 78,32% 79,79% 82,43% 88,40% 90,56%
ÍNDICES EM
34,90% 49,22% 65,00% 67,40% 76,91% 78,43% 79,97% 85,43% 88,90% 91,23%
ORDEM
39,50% 53,21% 65,00% 68,45% 77,77% 79,45% 81,30% 86,54% 89,43% 91,56%
EG 1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
41,05% 65,47% 76,87% 82,58% 90,01%
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
56,57% 71,14% 79,54% 86,86%
SITUAÇÃO ECONÔMICA
1,56% 11,23% 12,43% 13,80% 15,45% 18,80% 20,32% 23,46% 26,91% 28,32%
ÍNDICES EM
8,40% 11,70% 12,49% 14,98% 15,86% 19,23% 21,53% 25,00% 27,77% 29,45%
ORDEM
11,01% 11,97% 12,67% 15,34% 15,99% 19,50% 21,56% 25,11% 28,04% 34,89%
ROE 1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
9,31% 13,62% 17,47% 22,83% 29,23%
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
12,08% 15,24% 20,16% 26,05%
GESTÃO DOS RECURSOS
46,50 64,90 70,70 78,43 83,00 86,54 89,32 89,70 91,43 97,51
ÍNDICES EM
53,50 65,10 73,45 78,64 85,40 88,40 89,43 90,80 91,56 102,10
ORDEM
61,00 68,00 77,51 82,28 86,21 89,20 89,56 91,20 97,13 123,70
CO 1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
59,83 76,84 86,46 90,00 100,57
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
69,94 82,33 88,74 91,97

Fonte: o autor.

Para calcular o sétimo decil do ciclo operacional, somamos os índices 89,32 +


89,43 + 89,56 + 89,70 + 90,80 + 91,20 e encontramos 540,01, então encontramos
a média aritmética 90 dias (540,01 / 6), que é o sétimo decil.
No Quadro 3 estão calculados os nove decis de cada um dos quatro índices

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


183

que estamos considerando como exemplos deste estudo. Assim, aprendemos na


prática sobre como calcular os decis e agora você sabe calcular para os demais
índices.

ESCALA DE CONCEITOS

A escala de conceitos é uma forma de avaliar a empresa em função dos decis.


Logo, não teremos somente duas notas: ruim ou boa (isso é possível com o índice
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

padrão pela mediana), mas teremos até nove conceitos, de acordo com os decis.
A partir do cálculo dos decis, podemos estabelecer notas ou conceitos para os
intervalos de empresas utilizadas para calcular o padrão; teremos, então, uma
nota ou conceito para a nossa empresa em cada índice.
As definições de notas e conceitos podem ser feitas livremente pelo ana-
lista, pois, como já vimos anteriormente, a análise das demonstrações não é uma
atividade normatizada, e sim gerencial. Por essa razão, fizemos as seguintes pon-
derações para definições:
Para os índices do tipo “quanto maior, melhor” consideramos nota 1 o inter-
valo de zero até o 1º decil, nota 2 o intervalo do 1º até o 2º decil, nota 3 o intervalo
do 2º até o 3º decil, nota 4 o intervalo do 3º até o 4º decil, nota 5 o intervalo do 4º
até o 5º decil, nota 6 o intervalo do 5º até o 6º decil, nota 7 o intervalo do 6º até
o 7º decil, nota 8 o intervalo do 7º até o 8º decil e nota 9 o intervalo acima do 8º
decil, consideramos o conceito INSUFICIENTE para as notas 1 e 2; REGULAR
para as notas 3 e 4; BOM, para as notas 5 e 6; MUITO BOM para as notas 7 e 8;
e EXCELENTE para a nota 9.
Para os índices do tipo “quanto menor, melhor” consideramos nota 1 o inter-
valo acima do 9º decil, nota 2 o intervalo do 8º até o 9º decil, nota 3 o intervalo
do 7º até o 8º decil, nota 4 o intervalo do 6º até o 7º decil, nota 5 o intervalo
do 5º até o 6º decil, nota 6 o intervalo do 4º até o 5º decil, nota 7 o intervalo
do 3º até o 4º decil, nota 8 o intervalo do 2º até o 3º decil e nota 9 o intervalo
até o 2º decil. Quanto aos conceitos, consideramos, da mesma forma, conceito
INSUFICIENTE para as notas 1 e 2; REGULAR para as notas 3 e 4; BOM para
as notas 5 e 6; MUITO BOM para as notas 7 e 8; e EXCELENTE para a nota 9.

Índices-Padrão
184 UNIDADE V

Quadro 4 - Índices-padrão: Conceitos

ÍNDICES-PADRÃO: CONCEITOS
SITUAÇÃO FINANCEIRA
1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
0,70 0,84 0,97 1,13 1,45
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
LG 0,79 0,90 1,04 1,22
NOTAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9
CONCEITOS Insuficiente Regular Bom Muito Bom Excelente
SITUAÇÃO PATRIMONIAL
1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
41,05% 65,47% 76,87% 82,58% 90,01%
DECIS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
EG 56,57% 71,14% 79,54% 86,86%
NOTAS 9 8 7 6 5 4 3 2 1
CONCEITOS Excelente Muito Bom Bom Regular Insuficiente
SITUAÇÃO ECONÔMICA
1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
9,31% 13,62% 17,47% 22,83% 29,23%
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
ROE 12,08% 15,24% 20,16% 26,05%
NOTAS 1 2 3 4 5 6 7 8 9
CONCEITOS Insuficiente Regular Bom Muito Bom Excelente
GESTÃO DOS RECURSOS
1º decil 3º decil 5º decil 7º decil 9º decil
59,83 76,84 86,46 90,00 100,57
DECIS
2º decil 4º decil 6º decil 8º decil
CO 69,94 82,33 88,74 91,97
NOTAS 9 8 7 6 5 4 3 2 1
CONCEITOS Excelente Muito Bom Bom Regular Insuficiente
Fonte: o autor.

A nossa empresa de estudo prático, nestes quatro índices-padrão, apresentou um


comportamento mediano no período X3, conforme próximo quadro.
Quadro 5 - Índices-padrão: Conceitos

ÍNDICE X3 PADRÃO NOTA CONCEITO


LG Liquidez Geral 0,83 0,99 3 Regular
EG Endividamento Geral 86,54% 78,05% 3 Regular
ROE Retorno sobre o P.L. 15,45% 17,40% 5 Bom
CO Ciclo Operacional 89,56 86,38 4 Regular
Fonte: o autor.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


185
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

RELATÓRIO DA ANÁLISE

Vamos colocar em uma única tabela todos os indicadores que vimos neste estudo.
Isso nos ajudará a termos uma visão geral da situação da empresa, envolvendo
os aspectos econômicos e estruturais do patrimônio, a situação econômico-fi-
nanceira, as margens de lucratividade, a estrutura de capitais e os retornos sobre
recursos do ativo e do patrimônio líquido. O relatório da análise
[...] é o instrumento utilizado para a tomada de decisões, que resumirá,
de forma clara, a situação econômico-financeira organizacional e seu
desempenho ao longo do tempo [...] (CAMARGO, 2007, p. 237).

Para resumir de forma clara a situação econômico-financeira de uma empresa e


contribuir efetivamente com o usuário que irá tomar decisões não basta somente
explicar os índices encontrados, é necessário opinar.
Com base nos índices-padrão calculados pela mediana, podemos avaliar a
situação de cada índice de uma empresa para sabermos se a situação dela está
melhor ou pior que o padrão e, com base nas notas e conceitos calculados pelos
decis, podemos avaliar o nível de cada índice perante o padrão, já que, conforme

Relatório da Análise
186 UNIDADE V

Ávila (2011), o relatório de análise deve conter todas as conclusões sobre a empresa
analisada, de acordo com a necessidade do usuário solicitante.

RESUMO DOS ÍNDICES CALCULADOS

Na quando, com o resumo dos índices calculados neste estudo, está identificado
o comportamento de cada índice de X1 para X2 e de X2 para X3. Esse apon-
tamento não mostra se o índice aumentou ou diminuiu, mas se melhorou ou

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
piorou em relação ao ano anterior.
O resumo a seguir não identifica o posicionamento da empresa em relação ao
padrão, uma vez que, para isso, é necessário calcular o índice-padrão para todos
os vinte e seis índices calculados. Neste trabalho, para efeito didático, calcula-
mos somente quatro índices-padrão, já comparados anteriormente e avaliados
como pior que o padrão. Assim, recomenda-se o cálculo dos índices-padrão
como imprescindíveis para empresas nesta situação.
Quadro 6 - Resumo dos índices

PERÍODO / ANO
RESUMO DOS ÍNDICES
X3 X2 X1
SITUAÇÃO FINANCEIRA
LG Liquidez Geral 0,83 0,83 0,86
LC Liquidez Corrente 1,01 1,16 1,19
LS Liquidez Seca 0,56 0,69 0,67
LI Liquidez Imediata 0,26 0,38 0,30
CJ Cobertura de Juros 1,05 0,71 1,55

SITUAÇÃO PATRIMONIAL
EG Endividamento Geral 86,54% 88,08% 85,65%
CE Composição do Endividamento 65,34% 58,41% 62,64%
PCT Participação dos Capitais de Terceiros 642,78% 739,24% 596,83%
ARP Alavancagem dos Recursos Próprios 7,43 8,39 6,97
IPL Imobilização do Patrimônio Líquido 210,06% 223,87% 182,36%
IRNC Imobilização dos Recursos não Correntes 65,08% 54,95% 56,46%

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


187

SITUAÇÃO ECONÔMICA
MB Margem Bruta 30,69% 28,21% 27,09%
MG Mark-up Global 44,27% 39,30% 37,16%
MO Margem Operacional 3,98% 3,48% 4,75%
ME Margem do Ebitda 4,10% 4,24% 5,11%
ML Margem Líquida 1,17% 0,09% 2,18%
ROI Retorno sobre os Investimentos 2,08% 0,14% 4,02%
ROE Retorno sobre o Patrimônio Líquido 15,45% 1,17% 28,04%

GESTÃO DOS RECURSOS


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

GET Giro dos Estoques Totais 4,83 4,56 4,64


GAT Giro dos Ativos Totais 1,76 1,61 1,85
PMRE Prazo Médio de Renovação dos Estoques 74,53 78,92 77,60
PMRC Prazo Médio de Recebimentos dos Clientes 15,03 18,59 19,53
PMPF Prazo Médio de Pagamento aos Fornecedores 79,89 81,12 74,55
CE Ciclo Econômico 74,53 78,92 77,60
CO Ciclo Operacional 89,56 97,51 97,13
CF Ciclo Financeiro 9,67 16,39 22,58

Fonte: o autor.

MODELO DE KANITZ

Quando resumimos os índices calculados, quase sempre percebemos que alguns


aumentam e outros diminuem com o passar do tempo. Entretanto, o principal
desafio é realizarmos uma avaliação geral da empresa, visto que é necessário
fazer diversas combinações entre eles, pois cada índice tem um enfoque de aná-
lise: enquanto um índice de liquidez mostra a capacidade de a empresa quitar
seus compromissos, o de retorno do capital próprio demonstra a rentabilidade
que os acionistas alcançaram durante o período naquela empresa.
No Brasil, Kanitz (1978) realizou um estudo que, apesar de ter aproximada-
mente quarenta anos, ainda é muito utilizado pelos analistas, cujo objetivo é de
previsão de falências. Kanitz utilizou cinco índices: retorno do capital próprio,
liquidez geral, liquidez seca, liquidez corrente e garantia do capital de terceiros.

Relatório da Análise
188 UNIDADE V

A partir de uma técnica de regressão múltipla e análise discriminante, elaborou


uma equação matemática, dando pesos a cada um dos cinco índices. Para isso,
utilizou como base uma grande amostra de empresas, metade com problemas
de continuidade e metade com bom equilíbrio e sem problemas de falência, e
fez um grande trabalho de pesquisa para avaliar o risco de insolvência, encon-
trando um indicador do que poderia acontecer no futuro, caso a empresa não
mudasse a sua gestão: o fator de solvabilidade.
A equação desenvolvida foi a seguinte:

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
FS = 0,05 X1 + 1,65 X2 + 3,55 X3 – 1,06 X4 – 0,33 X5

Quadro 7 - Fator de solvabilidade de Kanitz

Fator de Solvabilidade de Kanitz


Composição do Índice X3 X2 X1
X1 = LL / PL 107.609 / 696.308 7.759 / 662.212 211.537 / 754.467
0,154542243 x 0,05 0,011716792 x 0,05 0,280379394 x 0,05
0,007727112 0,00058584 0,01401897
X2 = (AC + ARLP) / (PC + PNC) 3.709.340 / 4.475.717 4.075.106 / 4.895.361 3.881.537 / 4.502.905
0,828770005 x 1,65 0,832442388 x 1,65 0,862007304 x 1,65
1,367470508 1,37352994 1,422312052
X3 = (AC - estoques) / PC 1.626.461 / 2.924.425 1.975.718 / 2.859.611 1.899.816 / 2.820.630
0,556164374 x 3,55 0,690904462 x 3,55 0,673543145 x 3,55
1,974383528 2,452710841 2,391078163
X4 = AC / PC 2.963.415 / 2.924.425 3.319.459 / 2.859.611 3.365.369 / 2.820.630
1,013332535 x 1,06 1,160807886 x 1,06 1,193126713 x 1,06
1,074132488 1,230456359 1,264714316
X5 = (PC + PNC) / PL 4.475.717 / 696.308 4.895.361 / 662.212 4.502.905 / 754.467
6,427783395 x 0,33 7,392437769 x 0,33 5,968325984 x 0,33
2,12116852 2,439504464 1,969547575
FATOR DE SOLVABILIDADE 0,154280141 0,156865797 0,593147295
FATOR DE SOLVABILIDADE = 0,05 X1 + 1,65 X2 + 3,55 X3 - 1,06 X4 - 0,33 X5
Fonte: o autor.

Neste modelo, o objetivo é dar uma nota média geral para a empresa, que conso-
lide diversos índices. Depois de aplicada a fórmula, verifica-se em qual intervalo
do Termômetro se enquadra o Fator de Solvabilidade encontrado.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


189

Com base no modelo desenvol- TERMÔMETRO DE SOLVABILIDADE


vido por Kanitz, a nossa empresa
X3 7
analisada está no intervalo de sol- 0,154280141 6
vência do termômetro, pois nos três X2 5

períodos está com nota entre zero 0,156865797 SITUAÇÃO DE 4


X1 SOLVÊNCIA 3
e 7, mas, mesmo assim, vemos um 0,593147295 2
sinal de alerta, pois está por três 1
anos consecutivos muito próximo 0
do intervalo de penumbra e a cada -1
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

SITUAÇÃO DE
-2
ano está diminuindo. PENUMBRA
-3
Figura 1 - Termômetro de Solvabilidade -4
Fonte: o autor. -5
SITUAÇÃO DE
INSOLVÊNCIA -6
-7

RELATÓRIO FINAL DA
ANÁLISE

Na tabela com o resumo dos índices calculados neste estudo, identificamos o


comportamento de cada índice em relação ao período anterior. No termômetro
de Kanitz, identificamos que a empresa está no intervalo de solvência, mas bem
próximo do intervalo de penumbra. Como, neste estudo, calculamos somente
quatro índices padrão, vamos elaborar um relatório final com base, principal-
mente, nos índices, notas e conceitos calculados.
Silva (2013) assevera que a estrutura e a extensão do relatório, a profundi-
dade da análise e a apresentação de cada item no relatório ocorre em função do
objetivo do relatório, do volume dos negócios e dos riscos inerentes às decisões
que serão tomadas com base no mesmo.
Portanto, o relatório que desenvolvemos a seguir leva em conta uma empresa
simulada, usuários sem um foco específico e a limitação dos índices-padrão.
■■ A empresa apresenta uma situação financeira preocupante, isto é,
evidenciado no índice de liquidez geral, abaixo de 1 nos três perí-
odos, e o índice de cobertura de despesas financeira menor que 1
em x2. No curto prazo (circulante), vemos uma situação razoável

Relatório da Análise
190 UNIDADE V

em X1, mas houve piora ano a ano, chegando em x3 muito pró-


ximo de 1. Considerando o índice padrão do índice de liquidez
geral, vemos a empresa bem pior do padrão e conceito regular.
■■ A empresa apresenta uma situação patrimonial muito preocupante,
com endividamento alto, perfil da dívida de curto prazo muito
ruim, a participação de capitais de terceiros perante o patrimônio
líquido em x2 passou de 700%, o que mostra uma dependência
muito grande com recursos de terceiros. Considerando o índice
padrão do índice de endividamento geral, vemos a empresa bem

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
pior do padrão pela mediana e ao utilizarmos os decis, a empresa
está no 8º decil, o que representa nota 3 e conceito regular.
■■ A empresa apresenta uma situação econômica instável, pois mesmo
com resultado líquido positivo nos três períodos, o período x2 remu-
nera os recursos dos acionistas em apenas 1,17% enquanto o padrão
pela mediana é de 17,40%. Considerando que o conceito do ROE em
X1 foi excelente e em X3 foi bom, a situação econômica é a menos
preocupante. No entanto, como sabemos que o desequilíbrio empre-
sarial afeta até as áreas que ainda estão boas, o gestor desta empresa
precisa redirecionar as ações para recuperar a empresa.
■■ A empresa apresenta ciclo econômico muito alto, ciclo opera-
cional também alto, mas o ciclo financeiro está em níveis baixos.
Percebemos, então, que a correção não está muito difícil: ao com-
pararmos o ciclo operacional com o padrão, a nossa empresa
está sempre pior - X2 é o pior ano com 97,51 dias. Enquanto o
padrão é 86,38 dias, na escala de conceitos, em X2, chegamos a
Insuficiente, o que preocupa.
■■ Utilizando o Termômetro de Solvabilidade de Kanitz, vemos uma
empresa ainda no intervalo de solvência, mas nos três períodos
muito próximo do intervalo de penumbra e o pior: o índice está
a cada ano menor.

■■ O analista não recomenda fazer investimentos nesta empresa e


nem ter ativos a receber da mesma.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


191
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

FÓRMULA DUPONT

O modelo de análise Dupont, segundo Braga (1995, p. 168), “[...] considera a


taxa de retorno dos recursos investidos como o resultado do produto da mar-
gem de lucratividade das vendas pelo giro dos ativos”. É um método calculado
a partir de informações do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado
do Período para avaliar minuciosamente a situação financeira das empresas e
ver se um aumento ou redução no retorno teve mais influência da lucratividade
das vendas ou da eficiência no uso dos ativos.
Essa técnica reúne, em uma única avaliação, todas as áreas responsáveis pela
performance financeira da empresa e, nas palavras de Braga (1995, p. 168), “[...]
permite integrar todos os elementos formadores do resultado econômico com os
investimentos realizados nos ativos”. Gitman (2010) afirma que o sistema Dupont
é usado pelos administradores financeiros há muitos anos para avaliar a situ-
ação econômico-financeira da empresa a partir das demonstrações contábeis.

Fórmula Dupont
192 UNIDADE V

MÉTODO DUPONT ORIGINAL - ROA

A análise DuPont representa uma imagem da empresa no que se refere à obtenção


do retorno sobre os investimentos, ou seja, sobre os ativos. Pode-se acompanhar
a evolução do ROA no decorrer dos períodos e analisar as causas e efeitos na ren-
tabilidade da empresa. Uma diminuição no retorno dos ativos é decorrente de
um decréscimo na margem ou no giro. Se o problema for o decréscimo da mar-
gem, é porque o lucro diminuiu em relação ao montante das vendas. Se o lucro
diminuiu, é porque as vendas diminuíram ou os custos aumentaram ou, ainda,

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
uma combinação de ambos.
Na figura a seguir, temos os elementos patrimoniais e de resultado que
influenciam o ROI ou ROA.

Os cálculos e demonstração gráfica do método Du-


Pont original da empresa de nosso estudo prático
pode ser visualizada pelo QR Code.

http://www.manoel.pro.br/DuPont_Original.pdf

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


193

FÓRMULA DUPONT
Vendas
Líquidas

-
Custo das Lucro
Vendas Líquido
Margem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

- / Líquida
Despesas Vendas
Operacionais Líquidas
Taxa de Retorno
DRP

+- sobre os
X Investimentos
Resultado
Financeiro

-
Impostos Giro do
sobre Lucro / Ativo Total

+-
Operações
Descon-
tinuadas

Ativo
Circulante
Ativo
+
BP

Total
Ativo Não
Circulante

Figura 2 - Fórmula DuPont


Fonte: o autor.

Fórmula Dupont
194 UNIDADE V

MÉTODO DUPONT AJUSTADO - ROE

A partir do cálculo do ROA, podemos utilizar o Passivo e o Patrimônio Líquido


(parte do Balanço Patrimonial não utilizada no cálculo do ROA) para calcular a
Alavancagem dos Recursos Próprios e encontrar o ROE. Assim, reunimos em um
só contexto a taxa de retorno sobre o ativo total, a taxa de retorno sobre o patri-
mônio líquido, a margem líquida e o giro total do ativo. Essa análise evidencia o
já exposto: quanto maior o retorno sobre o investimento total, medido em função
dos ativos, e menor a participação dos proprietários, maior será o grau de alavan-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cagem e, em decorrência, o retorno auferido pelos proprietários.

Os cálculos e a demonstração gráfica do método Du-


Pont ajustado da empresa de nosso estudo prático
pode ser visualizada pelo QR Code.

http://www.manoel.pro.br/DuPont_Modificada.pdf

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


195

FÓRMULA DUPONT MODIFICADA


Vendas
Líquidas

-
Custo das Lucro
Vendas Líquido
Margem
- / Líquida
Despesas Vendas
Operacionais Líquidas
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Taxa de Retorno
DRP

+- sobre os
X Investimentos
Resultado
Financeiro

-
Impostos Giro do
sobre Lucro / Ativo Total

+-
Operações
Descon- Taxa de Retorno
tinuadas sobre os Recursos
X Próprios
Ativo
Circulante
Ativo
+ Total
Ativo Não
Circulante

Passivo
BP

Circulante
Passivo
+ Total
Recursos
Alavancagem dos
Terceiros e
Passivo Não Recursos Próprios
Próprios
Circulante
+
/
Patrimônio
Líquido

Figura 3 - Fórmula DuPont


Fonte: o autor.

Relatório da Análise
196 UNIDADE V

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ANÁLISE FINANCEIRA DINÂMICA

Os índices calculados na análise financeira tradicional consideram a compara-


ção de valores estáticos, pois os valores constantes no ativo e passivo circulante,
na prática, nunca serão integralmente realizados ou quitados, mas o cálculo dos
índices de liquidez partem desta premissa.
A análise financeira dinâmica, também conhecida como modelo Fleuriet,
é uma forma de administrar com foco na sustentabilidade financeira e econô-
mica de curto e longo prazo, para tomar decisões que preservem a capacidade de
pagamento, a lucratividade e a criação de valor ao acionista. Esse modelo de aná-
lise financeira dinâmica foi desenvolvido na década de 70 pelo francês Michael
Fleuriet, com a colaboração ativa de profissionais brasileiros.
Conforme Bruni (2010, p. 251), “[...] o grande foco do estudo da análise
dinâmica consiste no Capital de Giro das empresas e na sua forma de financia-
mento”. Então, vamos começar reclassificando o Balanço Patrimonial.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


197

Elementos das demonstrações contábeis


Item 4.2 da NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL
As demonstrações contábeis retratam os efeitos patrimoniais e financeiros
das transações e outros eventos, por meio do agrupamento dos mesmos
em classes amplas de acordo com as suas características econômicas. Essas
classes amplas são denominadas de elementos das demonstrações con-
tábeis. Os elementos diretamente relacionados à mensuração da posição
patrimonial e financeira no balanço patrimonial são os ativos, os passivos e
o patrimônio líquido. Os elementos diretamente relacionados com a men-
suração do desempenho na demonstração do resultado são as receitas e as
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

despesas. A demonstração das mutações na posição financeira usualmente


reflete os elementos da demonstração do resultado e as alterações nos ele-
mentos do balanço patrimonial. Assim, esta Estrutura Conceitual não identi-
fica qualquer elemento que seja exclusivo dessa demonstração.
Fonte: CFC (2011).

RECLASSIFICANDO O BALANÇO PATRIMONIAL

A reclassificação do grupo circulante do ativo e do passivo em financeiro ou


errático e operacional ou cíclico é necessária para encontramos o Investimento
Operacional em Giro e o Saldo de Tesouraria. Isso porque a capacidade finan-
ceira da empresa, segundo Bruni (2010), será função de fatores operacionais e
consequência de decisões estratégicas da administração. É por essa razão que a
análise funcional se diferencia da análise contábil tradicional.
A análise financeira dinâmica, também conhecida como modelo Fleuriet,
é uma forma de administrar com foco na sustentabilidade financeira e econô-
mica de curto e longo prazo, para tomar decisões que preservem a capacidade
de pagamento, a lucratividade e a criação de valor ao acionista.
De acordo com Fleuriet e Zeidan:
Na realidade dinâmica das empresas, as contas do ativo e do passivo
são classificadas conforme o tempo que levam para realização de um
ciclo. Algumas contas apresentam movimentação mais lenta, podendo
ser consideradas permanentes ou não cíclicas (FLEURIET; ZEIDAN,
2015, p. 19).

Análise Financeira Dinâmica


198 UNIDADE V

Considerando essa realidade dinâmica da nossa empresa, podemos fazer a


seguinte reclassificação do Ativo circulante:
Quadro 8 - Ativo Circulante reclassificado

ATIVO x3 x2 x1
Ativo Circulante 2.963.415 3.319.459 3.365.369
Ativo Circulante Financeiro (errático) 820.484 1.176.163 936.637
Caixa e Equivalentes 202.452 590.400 391.763
Títulos e Valores Mobiliários 566.954 497.623 450.979

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Partes relacionadas 51.078 88.140 93.895
Ativo Circulante Operacional (cíclico) 2.142.931 2.143.296 2.428.732
Clientes 419.616 430.549 616.585
Estoques 1.336.954 1.343.741 1.465.553
Tibutos a Recuperar 291.719 333.475 295.205
Outros ativos Circulantes 94.642 35.531 51.389
Fonte: o autor.

Temos, agora, o Ativo Circulante Financeiro de R$820.484,00 em X3,


R$1.176.163,00 em X2 e R$936.637,00 em X1 e o Ativo Circulante Operacional
de R$2.142.931,00 em X3, R$2.143.296,00 em X2 e R$2.428.732,00 em X1.
Da mesma forma, o Passivo circulante pode ser reclassificado assim:
Quadro 9 - Passivo Circulante reclassificado

PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO x3 x2 x1


Passivo Circulante 2.924.425 2.859.611 2.820.630
Passivo Circulante Financ. (errático) 1.074.836 678.406 734.133
Empréstimos e Financiamentos 980.727 568.220 591.051
Partes Relacionadas 94.109 110.186 143.082
Passivo Circulante Operac. (cíclico) 1.849.589 2.181.205 2.086.497
Fornecedores 1.522.038 1.885.251 1.784.902
Obrigações Sociais e Trabalhistas 181.837 150.419 164.739
Obrigações Fiscais 31.642 29.497 44.008
Outras Contas a Pagar 114.072 116.038 92.848
Fonte: o autor.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


199

Quanto às origens de recursos de terceiros de curto prazo, temos agora o


Passivo Circulante Financeiro de R$1.074.836,00 em X3, R$678.406,00 em X2 e
R$734.133,00 em X1 e o Passivo Circulante Operacional de R$1.849.589,00 em
X3, R$2.181.205,00 em X2 e R$2.086.497,00 em X1.

CAPITAL CIRCULANTE LÍQUIDO - CCL

O capital circulante líquido ou capital de giro líquido é a diferença entre os ati-


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

vos circulantes e passivos circulantes. Para este cálculo, não é necessário separar
os ativos e passivos circulantes em financeiro e operacional, portanto, sem-
pre que os ativos circulantes se apresentarem
maiores do que passivos circulantes, teremos
CCL positivo. Já vimos anteriormente que
essa situação também fará com que o Índice
de Liquidez Corrente - ILC seja maior que 1;
de maneira geral, quanto maior for o CCL e o
ILC, maior será a capacidade da empresa hon-
rar seus compromissos de curto prazo. Porém,
isso depende muito do ramo da empresa, pois
empresas com Ciclo Financeiro - CF muito
baixos ou negativos têm comportamentos
diferentes.

Figura 4 - Capital Circulante Líquido


Fonte: o autor.

Uma empresa com CCL positivo pode apresentar dificuldades de liquidez; isso
decorre do conceito de curto prazo, pois uma empresa que tem ativos a receber
em onze meses e passivos a pagar em um mês, mesmo que apresente CCL posi-
tivo e ILC maior que 1, com certeza terá problemas financeiros.
Podemos calcular o CCL utilizando a seguinte fórmula:

Análise Financeira Dinâmica


200 UNIDADE V

CCL = AC - PC
Considerando os valores das demonstrações da nossa empresa, encontramos
os seguintes valores:
Quadro 10 - Capital Circulante Líquido

X3 X2 X1

CCL= 2.963.415 - 2.924.425 3.319.459 - 2.859.611 3.365.369 - 2.820.630

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CCL= 38.990,00 459.484,00 544.739,00
Fonte: o autor.

Temos, então, um sinal de alerta bem aceso, pois houve uma pequena redução
no valor do CCL de X1 para X2; contudo de X2 para X3, a redução foi acentu-
ada, muito embora não tenha sido negativo em X3, mas seguindo esta tendência
será muito negativo em X4. Demonstrando graficamente:

Capital Circulante Líquido


544.739,00
459.848,00

38.990,00

x3 x2 x1

Figura 5 - Capital Circulante Líquido


Fonte: o autor.

Veremos, a seguir, outros dois conceitos que representam um desdobra-


mento do CCL.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


201

INVESTIMENTO OPERACIONAL EM GIRO - IOG

O investimento operacional em giro ou necessidade de capital de giro tem


grande utilidade na determinação da saúde financeira da empresa, pois fornece
uma visão sistêmica
do reflexo de diver-
sas áreas de decisão
na empresa e de suas
interações (SILVA,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

2013). O IOG consi-


dera itens operacionais
que são classificados
inicialmente no ativo
e passivo circulantes,
que têm relação com
o ciclo operacional.
Figura 6 - Investimento Operacional em Giro
Fonte: o autor.

O IOG é a parcela permanente do capital de giro e corresponde aos investimen-


tos operacionais (estoques e clientes, principalmente), menos os financiamentos
operacionais (fornecedores, obrigações trabalhistas, sociais e fiscais, principal-
mente). O IOG se difere do CCL, pois considera somente os ativos e passivos
circulantes operacionais ou cíclicos para o seu cálculo, enquanto o CCL consi-
dera todo o ativo e o passivo circulante.
Podemos calcular o IOG utilizando a seguinte fórmula:

IOG = ACO - PCO


Considerando os valores das demonstrações da nossa empresa, encontramos
os seguintes valores:

Análise Financeira Dinâmica


202 UNIDADE V

Quadro 11 - Investimento Operacional em Giro

X3 X2 X1

IOG= 2.142.931 - 1.849.589 2.143.296 - 2.181.205 2.428.732 - 2.086.497

IOG= 293.342,00 -37.909,00 342.235,00


Fonte: o autor.

Temos uma oscilação muito grande entre os três anos: inicialmente, pode-
mos considerar que em X2 houve uma “anormalidade” com IOG negativo de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
R$37.909,00, pois em X1 (R$342.235,00) e X3 (R$293.342,00), temos valores
muito parecidos, não apontando, assim, para uma tendência desenhada para
X4. Demonstrando graficamente:

Investimento Operacional em Giro


342.235,00
293.342,00

-37.909,00

x3 x2 x1

Figura 7 - Investimento Operacional em Giro


Fonte: o autor.

SALDO DE TESOURARIA - ST

O saldo de tesouraria é a melhor forma de demonstrar a situação financeira de


curto prazo de uma empresa, pois apresenta em valores o que é evidenciado em
tempo (dias) no ciclo financeiro ou ciclo de caixa. Se o saldo de tesouraria for
positivo, indica que, no curtíssimo prazo, a empresa está com uma situação de
caixa tranquila. Já se for negativa, indica que a empresa está utilizando recursos
de terceiros para financiar atividades operacionais.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


203
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

Figura 8 - Saldo de Tesouraria


Fonte: o autor.

O ST considera itens financeiros do ativo e passivo circulantes, dentre eles as dis-


ponibilidades, aplicações financeiras e empréstimos de curto prazo.
Podemos calcular o ST utilizando a seguinte fórmula:

ST = ACF - PCF
Considerando os valores das demonstrações da nossa empresa, encontramos os
seguintes valores:

Quadro 12 - Saldo de Tesouraria

X3 X2 X1

ST = 820.484 - 1.074.836 1.176.163 - 678.406 936.637 - 734.133

ST = -254.352,00 497.757,00 202.504,00


Fonte: o autor.

Temos um grande aumento no ST de X1 para X2: R$202.504,00 em X1 e


R$497.757,00 em X2 e uma grande diminuição de X2 para X3, chegando a
R$254.352,00 negativo. Desse modo, não é possível estimar uma tendência para
X4. Demonstrando graficamente:

Análise Financeira Dinâmica


204 UNIDADE V

Saldo de Tesouraria
497.757,00

202.504,00
-254.352,00

x3 x2 x1

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Figura 9 - Saldo de Tesouraria
Fonte: o autor.

TIPOS DE EMPRESAS

O modelo de análise financeira dinâmica possibilita apresentar seis estruturas


de empresas (FLEURIET; ZEIDAN, 2015), as quais veremos a seguir:
■■ Empresas tipo 1

Tipo 1 Têm como característica prin-


PCF CCL positivo AC > PC cipal o financiamento do ativo
circulante por recursos perma-
ACF
PCO nentes. O principal exemplo
IOG negativo ACO < PCO deste tipo é empresa super-
mercado varejista, com ciclo
ACO
financeiro pequeno ou nega-
PNC
PL tivo, possibilitando ganhos no
ST positivo ACF > PCF
ANC mercado financeiro.

Figura 10 - Empresa tipo 1


Fonte: o autor.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


205

■■ Empresas tipo 2

Têm como característica prin- Tipo 2

cipal a insuficiência de passivos PCF


CCL positivo AC > PC
ACF
circulantes operacionais para
financiar os ativos circulan- PCO

tes operacionais. Apresentam


IOG positivo ACO > PCO
uma sólida posição financeira
ACO
de curto prazo.
PNC
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PL
ST positivo ACF > PCF
ANC

Figura 11 - Empresa tipo 2


Fonte: o autor.

■■ Empresas tipo 3

Têm como característica Tipo 3


principal o capital circulante ACF
PCF CCL positivo AC > PC
líquido inferior ao investi-
mento operacional em giro.
Isso causa dependência de PCO
empréstimos bancários de ACO
IOG positivo ACO > PCO
curto prazo, o que leva a um
saldo de tesouraria negativo.
PNC
Apresentam uma situação PL
financeira insatisfatória; a ST negativo ACF < PCF
ANC
nossa empresa simulada utili-
zada para os aspectos práticos,
em X3, é deste tipo.
Figura 12 - Empresa tipo 3
Fonte: o autor.

Análise Financeira Dinâmica


206 UNIDADE V

■■ Empresas tipo 4

Tipo 4 Têm como característica prin-


ACF cipal o financiamento de ativos
CCL negativo AC < PC
PCF não circulantes com dívidas
circulantes ou de curto prazo,
apresentam uma situação
ACO
IOG positivo ACO > PCO financeira ruim causada pelo
PCO desequilíbrio entre fonte e apli-
cações de recursos. Por isso, são

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
consideradas empresas com
PNC ST negativo ACF < PCF
ANC problemas de solvência.
PL

Figura 13 - Empresa tipo 4


Fonte: o autor.

Tipo 5
ACF
■■ Empresas tipo 5
PCF CCL negativo AC < PC

Têm como característica prin-


cipal o recebimento de mais
ACO IOG negativo ACO < PCO financiamentos operacionais
PCO do que os investimentos ope-
racionais que realiza. Não é
uma situação financeira tão
ST negativo ACF < PCF
ANC PNC ruim, mas indica necessidade
de expansão das atividades.

Figura 14 - Empresa tipo 5


Fonte: o autor.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


207

■■ Empresas tipo 6

Têm como característica prin-


Tipo 6
cipal o desvio de recursos de ACF
curto prazo para ativos não cir- CCL negativo AC < PC
PCF
culantes, mantendo saldo de
tesouraria positivo. Apresentam
alto risco de insolvência, pois ACO
IOG negativo ACO < PCO
uma queda de vendas deixaria PCO

IOG positivo e ST negativo.


Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

PNC ST positivo ACF > PCF


ANC
PL

Figura 15 - Empresa tipo 6


Fonte: o autor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nesta unidade, aprendemos alguns tópicos importantes para a análise das demons-
trações com enfoques diferentes e complementares aos vistos nas unidades
anteriores. Tratamos dos índices-padrão, do relatório da análise, do método
Dupont e da análise financeira dinâmica.
Vimos que os índices-padrão refletem o comportamento dos índices de
diversas empresas selecionadas para fins de comparação. Calculamos o padrão
de quatro índices pela mediana e pelos decis, sendo possível atribuir notas e con-
ceitos às empresas, além de saber se estão abaixo ou acima do padrão. Nosso
enfoque foi conceitual e prático: definimos um universo de empresas simula-
das e fizemos os cálculos e as comparações com o padrão e com os conceitos.
Utilizando todos os índices calculados, fizemos um demonstrativo resumo
para facilitar a visualização, calculamos o termômetro de solvabilidade de Kanitz;
calculamos e demonstramos o método Dupont original, que tem como foco o

Considerações Finais
208 UNIDADE V

ROA; e o método modificado, que tem como foco o ROE, pois, assim, reunimos
em uma única avaliação todas as áreas responsáveis pela performance financeira
da empresa.
Estudamos, também, a análise financeira dinâmica, que é uma forma de
administrar com foco na sustentabilidade financeira e econômica de curto e
longo prazo, para tomar decisões que preservem a capacidade de pagamento, a
lucratividade e a criação de valor ao acionista. Assim, vimos que nossa empresa
tem um Capital Circulante Líquido positivo, Investimento Operacional em Giro
positivo e Saldo de Tesouraria negativo.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
É muito importante que você aprofunde pontos específicos deste estudo, pois
a pesquisa mostra uma visão mais ampla sobre o tema, possibilitando a análise
de opiniões e enfoques diferentes dos autores.
Continue em frente! Somente o aprendizado pode levar ao conhecimento,
e o conhecimento à liberdade de opiniões.

TÓPICOS ESPECIAIS DA ANÁLISE EMPRESARIAL


209

1. Os decis dividem a série de dados em dez partes iguais, com o mesmo número
de elementos, de tal forma que cada intervalo do decil contenha 10% dos ele-
mentos coletados. No que diz respeito aos índices-padrão, analise as afirmativas
a seguir:
I- Os decis são utilizados para calcular a mediana da série.
II- Os decis são utilizados para calcular as notas e os conceitos.
III- Para calcular os decis não é necessário organizar a série em ordem crescente.
IV- Quando o índice é do tipo “quanto menor, melhor” as empresas classificadas
no decil 1 são melhores conceituadas.
Estão corretas somente as afirmativas:
a) I e II.
b) II e III.
c) I e IV.
d) II e IV.
e) III e IV.
2. O método Dupont é uma técnica que reúne em uma única avaliação todas as
áreas responsáveis pela performance financeira da empresa. Escolha a alterna-
tiva que mostra os índices finais do método Dupont original e modificado.
a) PMRE e PMC.
b) LG e LS.
c) EG e IRP.
d) ROA e ROE.
e) MB e MO.
3. Considerando que a análise financeira dinâmica, também conhecida como mo-
delo Fleuriet, é uma forma de administrar com foco na sustentabilidade financei-
ra e econômica de curto e longo prazos, explique a necessidade de reclassifi-
car o ativo e o passivo circulante.
4. Na análise dinâmica financeira, encontramos o IOG, que representa a necessida-
de de capital de giro. Descreva CCL e IOG evidenciando as diferenças entre
eles.
5. Kanitz utilizou, para encontrar a fórmula do Fator de Solvabilidade, uma amostra
de empresas, metade com problemas de continuidade e metade com bom equi-
líbrio e sem problemas. Descreva qual o objetivo do Termômetro de Kanitz.
210

ANÁLISE DE RENTABILIDADE UTILIZANDO O MODELO DUPONT:


ESTUDO DE CASO EM UMA OPERADORA DE PLANOS DE SAÚDE

Item 4 - MÉTODO DUPONT do investimento, atualmente conhecida


como método Dupont. De acordo com Silva
Em 1903, em um cenário de empresas (2013, p. 264), o método Dupont é “uma
com apenas um ramo de atividade e a forma gráfica e analítica de demonstrar o
preocupação voltada apenas para a ava- retorno sobre o investimento, a partir da
liação dos processos internos, foi criada integração entre os índices de atividade
a DuPont Powder Company. Os primos (giro do ativo) e a margem líquida”. “O sis-
DuPont desenvolveram uma nova estrutura tema DuPont de análise é utilizado para
administrativa com o objetivo de avaliar e dissecar as demonstrações financeiras da
controlar a eficiência e rentabilidade de empresa e avaliar sua situação financeira”
sua recém-adquirida companhia (Johnson (Gitman, 2010, p. 60). O modelo possibi-
& Kaplan, 1993). lita, ainda, identificar como o retorno do
investimento é afetado pela mudança em
Como a diversidade de atividades exer- qualquer elemento, seja do balanço, por
cidas naquela época era praticamente meio do giro do ativo, ou pela demonstra-
inexistente, os projetos e os procedimen- ção de resultados que pode ser verificada
tos de gerenciamento da Dupont foram pelos dados operacionais.
os divisores de águas, possibilitando a
compreensão e preocupação do retorno A ideia da fórmula de retorno do investi-
do investimento. Sobre a visão dos ges- mento da DuPont teve origem, pelo que se
tores da empresa sobre o retorno do sabe, com F. Donaldson Brown (Johnson &
investimento, Johnson e Kaplan (1993) Kaplan, 1993). F. Donaldson era graduado
destacam que os executivos da Powder em engenharia elétrica e atuava como ven-
Company também percebiam que um item dedor de equipamentos elétricos. A criação
produzido em uma fábrica barata poderia do modelo ocorreu quando, em 1909, foi
exibir um índice de retorno do investimento trabalhar no departamento de vendas da
maior que outro item vendido pelo dobro Dupont e se tornou, em 1914, tesoureiro
do custo, mas produzido numa fábrica cara, auxiliar da empresa. De acordo com Pado-
percebendo, então, que o que demons- veze e Benedicto (2007, p. 112), somente
tra se o lucro está alto ou baixo demais é em 1930 esse importante instrumento foi
a taxa de retorno do dinheiro investido no apresentado à comunidade acadêmica e
negócio. empresarial dos Estados Unidos.

Segundo Johnson e Kaplan (1993), o intuito O sistema Dupont é a lucratividade da


de avaliar cada aspecto das atividades da empresa sobre as vendas junto com o uso
empresa em termos do preço do capital dos seus ativos que geram essas vendas.
levou os fundadores da DuPont Powder Brigham e Houston (1999, p. 94) descre-
Company a criarem uma fórmula do retorno vem que “a margem líquida multiplicada
211

pelo giro do ativo é chamada de Fórmula possibilitando identificar o retorno da ati-


DuPont, e fornece a taxa de retorno sobre vidade da empresa, porém esse índice não
os ativos”. A fórmula Dupont original é considera o investimento que foi neces-
composta pelo retorno do investimento sário para o exercício da atividade. Para
calculado pela rotação do investimento suprir essa necessidade, existe o cálculo
multiplicado pela margem líquida. Pado- de rotação do investimento em que é feita a
veze e Benedicto (2007, p. 109) afirmam divisão das vendas pelo investimento total
que, “se a margem é o elemento para obter que engloba desde o maquinário inves-
a rentabilidade, o caminho é o giro”. tido na operação até o capital disponível
da empresa. Como o cálculo de rotação
O cálculo da margem líquida envolve de investimento considera apenas as ven-
todas as receitas, custos e despesas do pro- das, ao multiplicá-lo pela margem líquida, é
cesso de operação da empresa por meio possível verificar o retorno do investimento,
da divisão do lucro líquido pelas vendas, demonstrando a rentabilidade da empresa.
Fonte: Fernandes, Ferreira e Rodrigues (2014, on-line)1.
MATERIAL COMPLEMENTAR

O Modelo Dinâmico de Gestão


Financeira
Michel Fleuriet e Rodrigo Zeidan.
Editora: Alta Books
Sinopse: o Modelo Dinâmico de Gestão
Financeira (mais conhecido como Modelo
Fleuriet) é uma forma inteligente de administrar
uma empresa com foco na sustentabilidade
financeira e econômica de curto e longo prazo,
e não somente uma análise do desempenho
econômico-financeiro da empresa. A partir da
identificação simples de variáveis fundamentais
contidas nas demonstrações financeiras tradicionais, é possível tomar melhores decisões que
preservem a capacidade de pagamento, lucratividade da empresa e, consequentemente, a criação
de valor para o acionista. Uma abordagem moderna e integrada às melhores práticas mundiais,
com exemplos de várias empresas do Brasil e do mundo!

O site apresenta o modelo de análise dinâmica financeira desenvolvido por Michel


Fleuriet para as empresas brasileiras na década de 70 de forma sempre atualizada.
Aperfeiçoe-se! Dê uma conferida no conteúdo disponível em: <http://www.modelo-fleuriet.
com/>. Acesso em: 16 jun. 2017.
213
REFERÊNCIAS

ÁVILA, Carlos Alberto de. Gestão contábil para contadores e não contadores. 2.
ed. Curitiba: Ibpex, 2011.
BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Pau-
lo: Atlas, 1995.
CFC (CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE). Resolução nº 1.374, de 08 de de-
zembro de 2011. Dá nova redação à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura
Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro. Dispo-
nível em: <http://www1.cfc.org.br/sisweb/SRE/docs/Res_1374.pdf>. Acesso em: 16
jun. 2017.
BRUNI, Adriano Leal. A análise contábil e financeira. São Paulo: Atlas, 2010.
CAMARGO, Camila. Análise de investimentos e demonstrativos financeiros. Curi-
tiba: Ibpex, 2007.
FIGUEIREDO, Fernanda et al. Estatística descritiva e probabilidades. 2. ed. Portu-
gal: Escolar Editora, 2009.
FLEURIET, Michel; ZEIDAN, Rodrigo. O modelo dinâmico de gestão financeira. Rio
de Janeiro: Alta Books, 2015.
GITMAN, Lawrence Jeffrey. Princípios de administração financeira. 12. ed. São
Paulo: Addison Wesley, 2010.
KANITZ, Stephen Charles. Como prever falências. São Paulo: McGraw Hill, 1978.
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica e
gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas. 12. ed. São Paulo: Atlas,
2013.
TIBONI, Conceição Gentil Rebelo. Estatística básica: para os cursos de administra-
ção, ciências contábeis, tecnológicos e de gestão. São Paulo: Atlas, 2010.

REFERÊNCIA ON-LINE

1
Em: <https://dialnet.unirioja.es/descarga/articulo/5037429.pdf>. Acesso em: 16
jun. 2017.
GABARITO

1. d) II e IV.
2. d) ROA e ROE.
3. Para encontrar o IOG e o ST precisamos saber qual é o valor do Ativo Circulante
Financeiro, Ativo Circulante Operacional, Passivo Circulante Financeiro e Passivo
Circulante Operacional.
4. O IOG se difere do CCL, pois considera somente os ativos e passivos circulantes
operacionais ou cíclicos para o seu cálculo, enquanto o CCL considera todo o
ativo e o passivo circulante.
5. O objetivo é a previsão de falências; para isso utiliza um termômetro com in-
tervalos que demonstram que a empresa está em situação de insolvência ou
penumbra ou solvente. O fator de solvabilidade representa a nota da empresa,
consolidando diversos índices em um.
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CONCLUSÃO

Começamos os estudos deste livro revendo diversos conceitos das demonstrações


financeiras para saber interpretá-las e, assim, poder adequá-las para fins de análise.
Inicialmente, percebemos a importância das demonstrações para a gestão empre-
sarial, mas percebemos, também, que com índices (novas informações geradas a
partir dos dados das demonstrações), a tomada de decisões empresariais fica mais
ágil e eficaz.
Buscamos o aprendizado dos aspectos teóricos da análise das demonstrações e suas
técnicas, começando com a análise vertical e horizontal, depois avançamos para os
índices que mostram a situação financeira, a situação patrimonial e econômica, mas
tomamos o cuidado de fazer a aplicação prática de tudo que aprendemos, pois as-
sim o aprendizado se completa.
Antes de analisarmos os três aspectos que identificam o equilíbrio dos recursos,
analisamos a gestão dos recursos para medir a eficiência e eficácia da gestão, pois o
gestor interno precisa de indicadores do ciclo econômico, operacional e financeiro
para o acompanhamento do planejamento estratégico, a fim de saber se a execução
está ocorrendo de acordo com o planejamento.
Como ponto nevrálgico da análise, estudamos os índices de liquidez, o endivida-
mento e a estrutura patrimonial e a rentabilidade da empresa, visto que é neces-
sário saber se a empresa tem condições de pagar os seus compromissos, tanto a
curto quanto a longo prazo. É muito importante, também, saber se os elementos do
patrimônio estão em harmonia, com endividamento e imobilização dos recursos,
contribuindo para o melhor resultado e a melhor liquidez.
O estudo dos tópicos adicionais nos levou aos conteúdos dos índices-padrão, que
servem de parâmetro para a análise: o método Dupont, que reúne em uma única
avaliação todas as áreas responsáveis pelo desempenho financeiro, e a análise fi-
nanceira dinâmica, que contribui com a análise das finanças empresariais.
Estude muito, pois o conhecimento é fundamental, e uma vez adquirido, ninguém
o toma.
ANOTAÇÕES

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