Livro Pericia
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ARBITRAGEM E
ATUÁRIA
Link: <http://lattes.cnpq.br/8141003354179820>.
CURRÍCULO
Professor Robinson Pereira Santos
Graduado em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá
(1998), especialização em Gestão Estratégica de Negócios (2003) e
especializando em Planejamento Tributário (2011). Atua como executivo
de empresas na área de Administração, com ênfase em Administração
Financeira, Custos, Negócios e Contabilidade.
LInk: <http://lattes.cnpq.br/2920108110293172>.
Link: <http://lattes.cnpq.br/0551257296562180>.
APRESENTAÇÃO
SEJA BEM-VINDO(A)!
Seja bem-vindo(a) ao livro de Perícia, Arbitragem e Atuária. Será um grande prazer tra-
balhar junto com você estes assuntos tão importantes para a sua formação acadêmica.
Certamente, o próprio título já desperta curiosidade, pois não são palavras de uso co-
mum. Apesar do pouco conhecimento do público em geral sobre os conceitos de Arbi-
tragem e Atuária, eles estão presentes o tempo todo em nossas vidas.
Você perceberá que temos a influência da arbitragem nas situações de conflito e da
atuária no recolhimento das nossas contribuições para a Previdência Social, no seguro
de nosso carro ou de nossa casa, no seguro patrimonial de empresas, enfim, o campo
de atuação é enorme.
Evidentemente que não é nossa pretensão torná-lo(a) especialista nestas áreas, mas
proporcionar conhecimento suficiente para conhecer conceitos, normas e modelos.
Para você ter uma noção geral do que abordaremos, veja uma breve apresentação das
unidades:
Na Unidade I, faremos uma introdução ao assunto da Perícia, informando qual a sua
abrangência. Além da área contábil, conheceremos os tipos de perícia existentes ou pra-
ticados; entramos na regulamentação e normatização da prática da Perícia em nosso
país, verificando a legislação correspondente ao assunto.
Na Unidade II, serão expostas as aplicações da Perícia Contábil nos diversos assuntos
que envolvem a contabilidade.
O importante conhecimento sobre a operacionalização da Perícia Contábil, no âmbito
judicial, que, compulsoriamente, deve se ser uma burocracia que faz parte da boa con-
dução do trabalho. Citamos e comentos, nessa unidade, assuntos como os atos prepara-
tórios e de execução do trabalho pericial, os quesitos, diligências, parecer e o laudo, que
é o produto final da perícia.
Por fim, concluiremos o assunto falando de “dinheiro”, de como são fixados os honorá-
rios e como é a sua formalização no âmbito judicial.
Na Unidade III, iniciaremos o assunto de Arbitragem. Apesar de relevante e importante
para o desenvolvimento jurídico e econômico de nosso país, a Arbitragem é um tema
novo, não bem explorado no dia a dia e de pouco conteúdo bibliográfico, principalmen-
te, no âmbito da contabilidade, sendo mais encontrado nas publicações de Direito.
Mesmo assim, apresentaremos o assunto dedicando esta Unidade III, na introdução, à
Arbitragem, trazendo conceitos e definições gerais, citando outras formas de resolução
de conflitos (uma vez que o conflito é o cerne da Arbitragem) e comentando sobre a
Arbitragem institucional.
APRESENTAÇÃO
UNIDADE I
PERÍCIA
17 Introdução
18 Perícia
21 Perícia Contábil
30 Considerações Finais
35 Referências
36 Gabarito
UNIDADE II
39 Introdução
72 Considerações Finais
77 Referências
78 Gabarito
12
SUMÁRIO
UNIDADE III
ARBITRAGEM CONTÁBIL
105 Introdução
138 Referências
140 Gabarito
UNIDADE IV
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
143 Introdução
182 Referências
184 Gabarito
UNIDADE V
187 Introdução
225 Referências
227 Gabarito
228 CONCLUSÃO
Professora Me. Juliana Moraes da Silva
Professor Esp. Robinson Pereira Santos
I
UNIDADE
PERÍCIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Apresentar os conceitos relacionados à Perícia, bem como os
principais dispositivos reguladores vigentes.
■■ Desenvolver conhecimentos conceituais e fundamentais a serem
utilizados no campo da Perícia.
■■ Conhecer a estrutura das Normas Brasileiras de Contabilidade – NBCs.
■■ Compreender a estrutura da Perícia Contábil e do perito-contador de
acordo com as NBCs que tratam do assunto.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Perícia
■■ Perícia Contábil
■■ Legislação Aplicada à Perícia e ao Perito Contábil
■■ Normas da Perícia Contábil e do Perito Contábil
17
INTRODUÇÃO
A expressão perícia advém do latim, peritia, que, em seu sentido próprio, sig-
nifica conhecimento adquirido pela experiência. Segundo D’Áurea et al. (1953),
a perícia é o testemunho de uma ou mais pessoas técnicas, no sentido de fazer
conhecer um fato cuja existência não pode ser acertada ou juridicamente apre-
sentada se não apoiada em especiais conhecimentos científicos ou técnicos.
A perícia tem grande importância por examinar e trazer clareza, revelando
a verdade de fatos obscuros sobre determinado assunto. Ela está vinculada ao
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
18 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PERÍCIA
PERÍCIA
19
TIPOS DE PERÍCIA
Perícia
20 UNIDADE I
qual reúne provas com dados ou informações que sirva para dar suporte a uma
“instância decisória”.
Sistemicamente, pode-se entender perícia como um trabalho de natureza
específica, executada por um expert, com conhecimentos profundos na área que
está executando, independentemente se na área contábil ou não.
A perícia, segundo o ambiente de atuação o qual ela é solicitada, é classificada
em quatro tipos detectáveis e, de acordo com cada tipo, serão determinados o modo
de execução e o objetivo final (laudo ou parecer). São estes os tipos:
a) Perícia Judicial
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Quando realizada por requerimento ou necessidade dos agentes do Poder
Judiciário e deve obedecer às regras legais específicas. Esse tipo, ainda, se
divide em duas formas, segundo a sua finalidade apontada pelo processo
judicial: a prova ou o arbitramento. A prova será quando sua finalidade
for trazer a verdade real, demonstrada científica ou tecnicamente, e que
subsidiará a decisão do juiz. O arbitramento se dá quando sua finalidade
é quantificar a obrigação segundo critério técnico.
b) Perícia Semijudicial
É aquela realizada dentro do aparato institucional do Estado, mas externa
ao Poder Judiciário. Sua finalidade é ser prova nos ordenamentos insti-
tucionais usuários, que podem ser policial, parlamentar (comissões de
inquérito), administração tributária ou conselhos de contribuintes. É
assim classificada porque esses usuários têm relativo poder jurisdicio-
nal, apenas assemelhados aos judiciais.
c) Perícia Extrajudicial
Realizada fora do âmbito do Estado e da esfera judicial, solicitada por par-
tes do ambiente privado (empresas ou pessoas físicas). É subdividida em:
■■ Demonstrativa: mostra a veracidade ou não do fato.
■■ Discriminativa: levanta os termos justos do fato em que duvida do
quantum.
■■ Comprobativa: comprova fraudes, desvios, simulações etc.
d) Perícia Arbitral
Quando for realizada no âmbito de instância decisória, criada pelas par-
tes envolvidas e não se enquadrar nos tipos anteriormente descritos. Pode
ser probante quando sua finalidade é ser prova na decisão, ou pode ser
decisória quando seu produto é a própria arbitragem da controvérsia.
PERÍCIA
21
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
PERÍCIA CONTÁBIL
O Estudo da Perícia Contábil no Brasil tem início com o Código de Processo Civil
(CPC) em 1939, o qual já estabelecia regras muito vagas sobre perícia. Em 1946,
por meio do Decreto-Lei n. 9.295, criou-se o Conselho Federal de Contabilidade
(CFC) em que definiu as atribuições do contador e, consequentemente, institu-
cionalizou-se a perícia contábil no Brasil.
Com o advento da Lei n. 13.105/2015 (Código de Processo Civil – CPC),
as perícias judiciais têm uma legislação ampla, clara e aplicável, tendo em vista
que foram inseridas todas as normas disciplinadoras, incluindo também a dis-
ciplina sobre a pessoa do perito e em relação à perícia.
Segundo Ornelas (2003, p. 19), “prova pericial contábil é um dos meios
que as pessoas naturais e jurídicas têm à sua disposição, garantido constitucio-
nalmente, de se defenderem ou exigirem direitos nas mais variadas situações
econômicas e sociais”.
A prova pericial pode ser requerida para “ganhar tempo” ou, para o objetivo rele-
vante de provar, pelos fatos contábeis, as questões submetidas pelo Poder Judiciário.
Relações empregatícias, operações de créditos e, aquisição de bens são alguns
exemplos de conflitos que buscam direitos no Judiciário.
Considerando que a contabilidade possui todos os dados e informações acerca
das transações financeiras, o contador é o profissional hábil para desenvolver um
Perícia Contábil
22 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
isto é, o patrimônio. Por isso, quando se trata de trazer elucidação a respeito de
fatos que feriram ou influenciaram o patrimônio de uma pessoa jurídica ou física,
é necessária a opinião, ou laudo (como veremos adiante), de um perito-contador.
A perícia está diretamente relacionada a discussões judiciais, as quais aquele
izue exerce o juízo avalia informações e depoimentos apresentados pelas partes
envolvidas: o autor e o réu. Na busca pela verdade dos fatos, invariavelmente,
o juízo necessitará de um terceiro parecer, imparcial e técnico, para emitir seu
posicionamento e decisão. Entretanto, cabe salientar que a perícia é exercida
também fora do âmbito judicial, como veremos mais adiante.
A imagem seguinte, que foi reproduzida, se presta a esquematizar, numa
visão acadêmica, como os fatos e as verdades são apresentados ou sustentados, e o
necessário equilíbrio para uma justa solução do litígio estabelecido entre as partes.
Fatos do
Juiz
Perícia na
busca de
fatos e das
verdades
Fatos do Fatos do
Réu Autor
PERÍCIA
23
Perícia Contábil
24 UNIDADE I
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LEGISLAÇÃO APLICADA À PERÍCIA E AO PERITO
CONTÁBIL
PERÍCIA
25
AUDITORIA X PERÍCIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
[...] a perícia é a prova elucidativa dos fatos, já a auditoria é mais re-
visão, verificação, tende a ser necessidade constante repetindo-se de
tempo em tempo, com menos rigores metodológicos pois utiliza-se da
amostragem. A perícia repudia a amostragem como critério e tem ca-
ráter de eventualidade e só trabalha com o universo completo, onde a
opinião é expressada com rigores de cem por cento de análise.
Quadro 1 - Diferenças entre perícia e auditoria
Do exposto, tem-se que tanto a perícia como a auditoria são áreas distintas de
atuação do contador.
PERÍCIA
27
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Auditoria Interna - NBC TI.
■■ Perícia - NBC TP.
■■ Auditoria Governamental - NBC TAG.
Importante salientar que as NBCs, principalmente depois de aprovada a Lei n.
11.638/2007, estão em harmonização com as Normas Internacionais de Contabilidade
emitidas pelo IASB – Comitê Internacional de Normas de Contabilidade, as
Normas Internacionais de Auditoria e Asseguração, e as Normas Internacionais de
Contabilidade para o Setor Público emitidas pela IFAC – Federação Internacional
de Contadores.
É importante você saber, caro(a) aluno(a), que a perícia serve a uma época, a
um questionamento, a uma necessidade; a auditoria tende a ser necessidade
constante, atingindo um número muito maior de interessados, sem necessida-
de de rigores metodológicos tão severos; basta dizer que a auditoria consagra
a amostragem e a perícia a repele, como critério habitual.
Fonte: Sá (2013).
PERÍCIA
29
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta unidade teve como propósito mostrar pra você, aluno(a) de Ciências
Contábeis, uma importante área profissional em que o contador pode atuar. Além
de contador autônomo, analista financeiro, contabilista de empresas públicas e
privadas, controller ou auditor, você pode exercer a função de perito contábil.
No decorrer desta unidade, você foi apresentado(a) à matéria da Perícia
de forma geral e abrangente, conhecendo sua aplicação nas diversas áreas do
conhecimento, a legislação correspondente, os tipos de perícia e o que a difere
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
da auditoria contábil.
Assim como em outras áreas contábeis, para atuar no ramo da Perícia, é
essencial conhecer a legislação contábil de forma geral, e a específica, de forma
detalhada. As normas brasileiras de contabilidade devem ser rigorosamente
observadas no exercício da função sob pena de multas, sanções e até perda do
registro profissional.
O que deve ser ressaltado é que perito contábil não é profissão, mas sim, uma
função, exercida pelo profissional formado em Ciências Contábeis. Enquanto
profissional de determinada área, quando necessário, este pode realizar apura-
ções e exames em determinada matéria ou determinado assunto que envolva sua
especialidade e, principalmente, sua experiência.
Nesta unidade, procuramos levar o conhecimento à existência das Normas
Brasileiras de Contabilidade aplicadas à perícia contábil, ao perito-contador e
ao Exame de Qualificação do Perito.
Na próxima unidade, traremos as normas de forma a relacionar o escrito
com a prática da função. Não há como se falar em Perícia expurgando as NBCs,
que não só parametrizam a sua execução, como delimitam seus objetivos e sua
aplicação.
PERÍCIA
31
Um dos fatores que levam à abertura de processos éticos e disciplinares nos Conselhos
Regionais de Contabilidade é o desconhecimento das NBCs por parte dos profissionais.
O link a seguir apresenta todas as normas.
Disponível em: <https://cfc.org.br/tecnica/normas-brasileiras-de-contabilidade/>.
35
REFERÊNCIAS
NORMAS DA PERÍCIA
II
UNIDADE
CONTÁBIL APLICADA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer e compreender a norma contábil acerca da perícia e do
laudo pericial.
■■ Entender a função do perito contador, seus direitos e obrigações.
■■ Compreender o procedimento de exame de qualificação técnica do
perito contábil.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Norma da Perícia Contábil - NBC TP 01
■■ Norma do Perito Contábil - NBC PP 01
■■ Norma do Exame de Qualificação Técnica do Perito Contábil - NBC PP
02
39
INTRODUÇÃO
Introdução
40 UNIDADE II
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NORMA DA PERÍCIA CONTÁBIL - NBC TP 01
Olá, caro(a) aluno(a), para atuar na área contábil, é necessário conhecer toda a
legislação e as normas brasileiras de contabilidade. Quando o objetivo é o ramo
pericial, a demanda de conhecimento é ainda maior, além das normas gerais, é
essencial compreender as normas técnicas e profissionais. O Conselho Federal
de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais e regimentais, aprova
a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) TP 01 em 27 de fevereiro de 2015,
que dispõe sobre a Perícia Contábil.
Segue a NBC TP 01 (CFC, 2015, p. 2):
Objetivo
Conceito
■■ A informação fidedigna.
■■ A certificação, o exame e a análise do estado circunstancial do objeto.
■■ O esclarecimento e a eliminação de dúvidas suscitadas sobre o objeto.
■■ O fundamento científico da decisão.
■■ A formulação de opinião ou juízo técnicos.
■■ A mensuração, a análise, a avaliação ou o arbitramento sobre o quantum
monetário do objeto.
■■ Trazer à luz o que está oculto por inexatidão, erro, inverdade, má-fé, astú-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cia ou fraude.
EXECUÇÃO
Ao ser intimado para dar início aos trabalhos periciais, o perito do juízo deve
comunicar às partes e aos assistentes técnicos a data e o local de início da pro-
dução da prova pericial contábil, exceto se designados pelo juízo.
(a) Caso não haja, nos autos, dados suficientes para a localização dos assis-
tentes técnicos, a comunicação deve ser feita aos advogados das partes
e, caso estes também não tenham informado endereço nas suas peti-
ções, a comunicação deve ser feita diretamente às partes e/ou ao juízo.
(b) O perito-assistente pode, tão logo tenha conhecimento da perícia,
manter contato com o perito do juízo, colocando-se à disposição para
a execução da perícia em conjunto.
(c) Na impossibilidade da execução da perícia em conjunto, o perito do
juízo deve permitir aos peritos-assistentes o acesso aos autos e aos
elementos de prova arrecadados durante a perícia, indicando local e
hora para exame pelo perito-assistente.
(d) O perito-assistente pode entregar ao perito do juízo o cópia do seu
parecer técnico-contábil, previamente elaborado, planilhas ou memó-
rias de cálculo, informações e demonstrações que possam esclarecer
ou auxiliar o trabalho a ser desenvolvido pelo perito do juízo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
acesso a eles mesmos (itens 8, 10 e 13).
■■ Foco no objeto em questão e no tempo a ser respeitado (item 9).
■■ Observação da legislação e normas para o trabalho (item 12).
■■ Registro de todos os atos, fatos e a circunstância que envolvem o exame
(item 15).
PROCEDIMENTOS
PLANEJAMENTO
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da impugnação, aos documentos juntados pelas partes e aos quesitos elabora-
dos pelo juízo pelas partes. Veja o que diz o item 30.
30. O planejamento da perícia é a etapa do trabalho pericial que antecede
diligências, pesquisas, cálculos e respostas aos quesitos, na qual o perito do juízo
estabelece a metodologia dos procedimentos periciais a serem aplicados, elabo-
rando-o a partir do conhecimento do objeto da perícia.
Objetivos: observe que a norma contábil é muito clara ao auxiliar o contador
na função de perito. Estes itens que se referem ao propósito do planejamento da
perícia auxiliam o profissional a manter o foco e o objetivo do trabalho.
31. Os objetivos do planejamento da perícia são:
(a) Conhecer o objeto e a finalidade da perícia, a fim de permitir a adoção de
procedimentos que conduzam à revelação da verdade, a qual subsidiará
o juízo, o árbitro ou o interessado a tomar a decisão a respeito da lide.
(b) Definir a natureza, a oportunidade e a extensão dos procedimentos a
serem aplicados, em consonância com o objeto da perícia.
(c) Estabelecer condições para que o trabalho seja cumprido no prazo esta-
belecido.
(d) Identificar potenciais problemas e riscos que possam vir a ocorrer no
andamento da perícia.
(e) Identificar fatos importantes para a solução da demanda, de forma que
não passem despercebidos ou não recebam a atenção necessária.
(f) Identificar a legislação aplicável ao objeto da perícia.
DESENVOLVIMENTO
32. Os documentos dos autos servem como suporte para obtenção das informa-
ções necessárias à elaboração do planejamento da perícia.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RISCOS E CUSTOS
EQUIPE TÉCNICA
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perito, que responderá pelos trabalhos executados, exclusivamente, por sua
equipe de apoio.
O item 14 da respectiva norma já previa a utilização de uma equipe téc-
nica. Não podemos esquecer que o trabalho da perícia é pessoal, não pode ser
responsabilidade de uma “empresa” de perícia, mas sim, do profissional (Pessoa
Física). Entretanto, não quer dizer que o esse professional não utilize de lau-
dos auxiliares de profissionais de outras áreas, bem como de outros contadores
como assistentes.
É elementar ressaltar que para os prazos serem cumpridos (e o trabalho
pericial envolvê-los, necessariamente) são necessarios a elaboração e o acom-
panhamento de um cronograma de atividades. A norma contábil não é omissa
neste sentido.
39. O perito do juízo deve levar em consideração que o planejamento da perí-
cia, quando for o caso, inicia-se antes da elaboração da proposta de honorários,
considerando-se que, para apresentá-la ao juízo ou aos contratantes, há neces-
sidade de se especificarem as etapas do trabalho a ser realizadas. Isto implica
que o perito deve ter conhecimento prévio de todas as etapas, salvo aquelas que
somente serão identificadas quando da execução da perícia.
40. No cronograma de trabalho, devem ficar evidenciados, quando aplicá-
veis, todos os itens necessários à execução da perícia, como: diligências a serem
realizadas, deslocamentos, necessidade de trabalho de terceiros, pesquisas que
serão feitas, elaboração de cálculos e planilhas, respostas aos quesitos, prazo para
apresentação do laudo e/ou oferecimento do parecer, de forma a assegurar que
todas as etapas necessárias à realização da perícia sejam cumpridas.
TERMO DE DILIGÊNCIA
ESTRUTURA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
organizacional do diligenciado e o local de guarda dos documentos;
(g) A indicação da data e hora para sua efetivação, após atendidos os requi-
sitos da alínea (e) quando o exame dos livros, documentos, coisas e
elementos tiver de ser realizado perante a parte ou o terceiro que detém
em seu poder tais provas.
(h) Local, data e assinatura.
47. O Decreto-Lei n. 9.295/1946, na alínea “c” do Art. 25, determina que o laudo
pericial contábil e o parecer técnico-contábil somente sejam elaborados por
contador ou pessoa jurídica, se a lei assim permitir, que estejam devidamente
registrados e habilitados em Conselho Regional de Contabilidade. A habilita-
ção é comprovada mediante Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos
Conselhos Regionais de Contabilidade.
PARECER TÉCNICO-CONTÁBIL
TERMINOLOGIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ção do laudo e do parecer, mediante termo de diligência, desde que tais provas
não estejam colacionadas aos autos. Ainda são consideradas diligências as comu-
nicações às partes, aos peritos-assistentes ou a terceiros, ou petições judiciais.
58. Critério: é a faculdade que tem o perito de distinguir como proceder em
torno dos fatos alegados para julgar ou decidir o caminho que deve seguir na
elaboração do laudo e do parecer.
59. Metodologia: conjunto dos meios dispostos convenientemente para
alcançar o resultado da perícia por meio do conhecimento técnico-científico,
de maneira que possa, ao final, inseri-lo no corpo técnico do laudo e parecer.
60. Conclusão: é a quantificação, quando possível, do valor da demanda,
podendo reportar-se a demonstrativos apresentados no corpo do laudo e do
parecer ou em documentos. É na conclusão que o perito registra outras infor-
mações que não constaram na quesitação, porém, encontrou-as na busca dos
elementos de prova inerentes ao objeto da perícia.
61. Apêndices: são documentos elaborados pelo perito contábil; e anexos
são documentos entregues a estes pela partes e por terceiros, com o intuito de
complementar a argumentação ou elementos de prova.
62. Palavras e termos ofensivos: o perito que se sentir ofendido por expres-
sões injuriosas, de forma escrita ou verbal, no processo, poderá tomar as seguintes
providências:
(a) sendo a ofensa escrita ou verbal, por qualquer das partes, peritos ou
advogados, o perito ofendido pode requerer da autoridade competente
que mande riscar os termos ofensivos dos autos ou cassada a palavra.
(b) as providências adotadas, na forma prevista na alínea (a), não impedem
outras medidas de ordem civil ou criminal.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ESTRUTURA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(f) Transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o laudo peri-
cial contábil.
(g) Transcrição dos quesitos e suas respectivas respostas para o parecer téc-
nico-contábil, onde houver divergência das respostas formuladas pelo
perito do juízo.
(h) Conclusão.
(i) Termo de encerramento, constando a relação de anexos e apêndices.
(j) Assinatura do perito: deve constar sua categoria profissional de contador,
seu número de registro em Conselho Regional de Contabilidade, com-
provado mediante Certidão de Regularidade Profissional (CRP) e sua
função: se laudo, perito do juízo e se parecer, perito-assistente da parte.
É permitida a utilização da certificação digital, em consonância com a
legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura de Cha-
ves Públicas Brasileiras - ICP-Brasil.
(k) Para elaboração de parecer, aplicam-se o disposto nas alíneas anterior-
mente, no que couber.
ASSINATURA EM CONJUNTO
66. Quando se tratar de laudo pericial contábil, assinado em conjunto pelos peri-
tos, há responsabilidade solidária sobre o referido documento.
A partir deste tópico, a norma irá se direcionar aos quesitos, que são as perguntas
levantadas pelas partes para entenderem e se posicionarem quanto aos laudos/
pareceres dos peritos envolvidos na matéria em exame.
68. Esclarecimentos são informações prestadas pelo perito aos pedidos de
esclarecimento sobre laudo e parecer, determinados pelas autoridades compe-
tentes, por motivos de obscuridade, incompletudes, contradições ou omissões.
Os esclarecimentos podem ser prestados de duas maneiras:
(a) De forma escrita: os pedidos de esclarecimentos deferidos e apresenta-
dos ao perito, no prazo legal, devem ser prestados por escrito.
(b) De forma oral: os pedidos de esclarecimentos deferidos e apresentados
no prazo legal ao perito, para serem prestados em audiência, podem ser
de forma oral ou escrita.
Quesitos e respostas
69. O perito deve observar as perguntas efetuadas pelo juízo e/ou pelas partes,
no momento próprio dos esclarecimentos, pois tal ato se limita às respostas aos
quesitos integrantes do laudo ou do parecer e às explicações sobre o conteúdo
da lide ou sobre a conclusão.
Modelos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NORMA DO PERITO CONTÁBIL - NBC PP 01
Uma das funções que podem ser exercidas pelo profissional contábil é a de perito
contábil. No tópico anterior, você conheceu a norma dos procedimentos de rea-
lização de uma perícia. Mas quem pode ser um perito?
O objetivo deste tópico é identificar quem pode ser perito, quais são as obri-
gações deste profissional perante o CFC, bem como informar as penalidades que
está sujeito caso descumpra as normas.
O Conselho Federal de Contabilidade, no exercício de suas atribuições legais
e regimentais, aprovada a Norma Brasileira de Contabilidade (NBC) PP 01, em
27 de fevereiro de 2015, que dispõe sobre o perito contábil.
Segue a NBC PP 01(CFC, 2015):
OBJETIVO
CONCEITO
ALCANCE
HABILITAÇÃO PROFISSIONAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
7. O perito deve comprovar sua habilitação como perito em contabilidade por
intermédio de Certidão de Regularidade Profissional emitida pelos Conselhos
Regionais de Contabilidade. O perito deve anexá-la no primeiro ato de sua mani-
festação e na apresentação do laudo ou parecer para atender ao disposto no
Código de Processo Civil. É permitida a utilização da certificação digital, em con-
sonância com a legislação vigente e as normas estabelecidas pela Infraestrutura
de Chaves Públicas Brasileiras – ICP-Brasil.
8. A indicação ou a contratação de perito-assistente ocorre quando a parte
ou a contratante desejar ser assistida por contador, ou comprovar algo que
dependa de conhecimento técnico-científico, razão pela qual o profissional só
deve aceitar o encargo se reconhecer estar capacitado com conhecimento sufi-
ciente, discernimento, com irrestrita independência e liberdade científica para
a realização do trabalho.
IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO
10. Para que o perito possa exercer suas atividades com isenção, é fator
determinante que ele se declare impedido, após nomeado ou indicado, quando
ocorrerem as situações previstas nesta Norma, nos itens a seguir.
11. Quando nomeado, o perito do juízo deve dirigir petição, no prazo legal,
justificando a escusa ou o motivo do impedimento ou da suspeição.
12. Quando indicado pela parte e não aceitando o encargo, o perito-assis-
tente deve comunicar a ela sua recusa, devidamente justificada por escrito, com
cópia ao juízo.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
13. O perito do juízo deve se declarar impedido quando não puder exercer suas
atividades, observados os termos do Código de Processo Civil.
14. O perito-assistente deve declarar-se suspeito quando, após contratado,
verificar a ocorrência de situações que venham suscitar suspeição em função da
sua imparcialidade ou independência e, dessa maneira, comprometer o resul-
tado do seu trabalho.
15. O perito do juízo ou assistente deve se declarar suspeito quando, após
nomeado ou contratado, verificar a ocorrência de situações que venham suscitar
suspeição em função da sua imparcialidade ou independência e, desta maneira,
comprometer o resultado do seu trabalho em relação à decisão.
16. Os casos de suspeição a que está sujeito o perito do juízo são os seguintes:
(a) ser amigo íntimo de qualquer das partes;
(b) ser inimigo capital de qualquer das partes;
(c) ser devedor ou credor em mora de qualquer das partes, dos seus cônju-
ges, de parentes destes em linha reta ou em linha colateral até o terceiro
grau ou entidades das quais esses façam parte de seu quadro societário
ou de direção;
(d) ser herdeiro presuntivo ou donatário de alguma das partes ou dos seus
cônjuges;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
RESPONSABILIDADE
ZELO PROFISSIONAL
25. O termo “zelo”, para o perito, refere-se ao cuidado que ele deve dispensar
na execução de suas tarefas, em relação à sua conduta, aos documentos, prazos,
tratamento dispensado às autoridades, aos integrantes da lide e aos demais pro-
fissionais, de forma que sua pessoa seja respeitada, seu trabalho levado a bom
termo e, consequentemente, o laudo pericial contábil e o parecer técnico-con-
tábil dignos de fé pública.
26. O zelo profissional do perito na realização dos trabalhos periciais
compreende:
(a) cumprir os prazos fixados pelo juiz em perícia judicial e nos termos con-
tratados em perícia extrajudicial, inclusive arbitral;
(b) assumir a responsabilidade pessoal por todas as informações prestadas,
quesitos respondidos, procedimentos adotados, diligências realizadas,
valores apurados e conclusões apresentadas no laudo pericial contábil e
no parecer técnico-contábil;
(c) prestar os esclarecimentos determinados pela autoridade competente,
respeitados os prazos legais ou contratuais;
(d) propugnar pela celeridade processual, valendo-se dos meios que garan-
tam eficiência, segurança, publicidade dos atos periciais, economicidade,
o contraditório e a ampla defesa;
(e) ser prudente, no limite dos aspectos técnico-científicos, e atento às con-
sequências advindas dos seus atos;
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
fixado pelo juiz, deve o perito do juízo requerer a sua dilação antes de vencido
aquele, apresentando os motivos que ensejaram a solicitação.
30. Na perícia extrajudicial, o perito deve estipular os prazos necessários
para a execução dos trabalhos junto com a proposta de honorários e com a des-
crição dos serviços a executar.
31. A realização de diligências durante a elaboração do laudo pericial, para
a busca de provas, quando necessária, deve ser comunicada às partes para ciên-
cia de seus assistentes.
Honorários
ELABORAÇÃO DE PROPOSTA
QUESITOS SUPLEMENTARES
35. O perito deve ressaltar, em sua proposta de honorários, que esta não contem-
pla os honorários relativos a quesitos suplementares e, se estes forem formulados
pelo juiz e/ou pelas partes, pode haver incidência de honorários complementares
a serem requeridos, observando os mesmos critérios adotados para elaboração
da proposta inicial.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
LEVANTAMENTO DOS HONORÁRIOS
38. O perito pode requerer a liberação parcial dos honorários quando julgar
necessário para o custeio de despesas durante a realização dos trabalhos.
39. Os honorários periciais fixados ou arbitrados e não quitados podem ser exe-
cutados, judicialmente, pelo perito em conformidade com os dispositivos do
Código de Processo Civil.
40. Nos casos em que houver necessidade de desembolso para despesas superve-
nientes, como viagens e estadas, para a realização de outras diligências, o perito
deve requerer ao juízo ou solicitar ao contratante o pagamento das despesas,
apresentando a respectiva comprovação, desde que não estejam contempladas
ou quantificadas na proposta inicial de honorários.
ESCLARECIMENTOS
41. O perito deve prestar esclarecimentos sobre o conteúdo do laudo pericial contábil
ou do parecer técnico-contábil, em atendimento à determinação do juiz ou árbitro
que preside o feito, os quais podem não ensejar novos honorários periciais, se forem
apresentados para obtenção de detalhes do trabalho realizado, uma vez que as par-
tes podem formulá-los com essa denominação, mas serem quesitos suplementares.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
MODELOS
Caro(a) aluno(a), conforme você pode observar, para ser perito contábil, faz-
-se necessário o registro no Conselho Regional de Contabilidade, bem como ser
detentor de conhecimento técnico específico na esfera que pretende atuar. Além
do conhecimento, assim como em todos as funções exercidas pelo profissional
contábil, a conduta ética profissional do perito deve ser exigida constantemente.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NORMA DO EXAME DE QUALIFICAÇÃO TÉCNICA DO
PERITO CONTÁBIL - NBC PP 02
CONCEITUAÇÃO E OBJETIVOS
1. O Exame de Qualificação Técnica (EQT) para perito contábil tem por objetivo
aferir o nível de conhecimento e a competência técnico-profissional necessários
ao contador que pretende atuar na atividade de perícia contábil.
ADMINISTRAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
(c) encaminhar ao plenário os assuntos que dependam da sua deliberação
e/ou aprovação.
Será que vale a pena levar a perícia contábil para seu escritório?
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A perícia contábil pode ser uma boa para você, contador pessoa física. E tam-
bém para ser levada ao seu escritório, mas essa é uma decisão bastante parti-
cular, para a qual você deve analisar os pontos positivos e negativos, colocan-
do tudo na balança. Se, de um lado, você tem mais um trabalho para ofertar,
por outro, a remuneração, nem sempre condiz com o volume e dificuldade de
trabalho realizado.
Fonte: os autores.
APROVAÇÃO E PERIODICIDADE
13. O candidato será aprovado se obtiver, no mínimo, 60% (sessenta por cento)
dos pontos das questões objetivas e 60% (sessenta por cento) dos pontos das
questões dissertativas previstos na prova.
14. A prova deve ser aplicada, pelo menos, uma vez por ano, em data e hora
fixadas no edital.
CERTIDÃO DE APROVAÇÃO
RECURSOS
16. O candidato inscrito no Exame pode interpor recurso sobre o teor das provas
e/ou sobre o resultado final publicado pelo CFC, sem efeito suspensivo, dentro
dos prazos e instâncias definidos em edital.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
17. O CFC e os CRCs, seus conselheiros efetivos e suplentes, seus funcionários,
seus delegados, seus representantes, os integrantes de suas Comissões e de Grupos
de Trabalho de Perícia e os integrantes da CAE não podem oferecer ou apoiar, a
qualquer título, cursos preparatórios para os candidatos ao EQT para perito con-
tábil ou deles participar, a qualquer título ou função, exceto na condição de aluno.
18. Os membros efetivos da CAE não podem se submeter ao EQT para perito
contábil de que trata esta norma, no período em que estiverem nessa condição.
19. O descumprimento do disposto no item anterior caracteriza infração de
natureza ética, sujeitando-se o infrator às penalidades previstas no Código de
Ética Profissional do Contador.
DIVULGAÇÃO
BANCO DE QUESTÕES
DISPOSIÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
especializado ou para atender o pedido de uma das partes.
De acordo com a NBC, a perícia contábil é o conjunto de procedimentos técni-
cos com o objetivo de emitir laudo ou parecer sobre questões contábeis, mediante
exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação ou certificado.
O contador, na função de perito, deve manter adequado nível de compe-
tência profissional, ser atualizado sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade
(NBC) e das técnicas contábeis, especialmente as aplicáveis à perícia.
Conforme abordado nesta unidade, o trabalho do perito contábil tem como
base a análise de livros, de registros de transações e documentos que envolvem
os fatos a serem investigados.
Vale ressaltar que o perito é indicado pelo juiz e possui sua confiança, devendo
realizar o trabalho e apresentar o laudo por escrito, respondendo aos quesitos
determinados pelo juiz ou pelas partes interessadas.
Por fim, o perito precisa estar imbuído de conhecimento técnico. O exame
de qualificação corresponde a uma forma de avaliar a competência do perito
para atuar na esfera da perícia judicial.
Antes de ser perito contábil, é preciso ser contador. Fique atento as Normas Brasileiras
de Contabilidade. Conhecê-las é pressuposto básico para iniciar sua carreira na área
de perícia contábil. Disponível em: <https://www.contabeis.com.br/noticias/37655/
conhecer-as-normas-brasileiras-de-contabilidade-pode-evitar-processos-eticos-e-
disciplinares/>.
77
REFERÊNCIAS
1. C.
2. B.
3. D.
4. B.
5. A.
Professora Me. Juliana Moraes da Silva
Professor Esp. Robinson Pereira Santos
III
UNIDADE
ARBITRAGEM CONTÁBIL
Objetivos de Aprendizagem
■■ Proporcionar conceitos e procedimentos da arbitragem.
■■ Desenvolver conhecimentos conceituais e experimentais para que
sejam utilizados no campo da arbitragem.
■■ Diferenciar as formas de resolução de conflitos.
■■ Conhecer a legislação aplicada e compreender a atuação do
profissional contábil na arbitragem.
■■ Desenvolver conhecimentos técnicos para desmembrar arbitragem
institucional e internacional.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Definição e Conceitos
■■ Alternativas de Resolução de Conflitos
■■ Elementos de Arbitragem
■■ Arbitragem e a Profissão Contábil
■■ Arbitragem Institucional e Internacional
81
INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), estamos iniciando mais uma unidade, com mais uma possibi-
lidade de atuação do contador. Veja como a carreira profissional do contabilista
é fantástica, tem um campo de trabalho muito amplo e diversificado.
Agora você já sabe, mas talvez, antes de iniciar a leitura deste material, você
nem sequer possuía conhecimento sobre a atuação do contador como perito.
As opções de trabalho para o contabilista não param aqui. Nesta Unidade III,
você irá conhecer a Arbitragem, um meio alternativo de solucionar conflitos,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
82 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DEFINIÇÃO E CONCEITOS
Oriente Médio, ano 2000 a.C., deserto com sol escaldante, 650.000 pessoas
peregrinando com um propósito: conquistar e se estabelecer em um território
próspero, mas de habitantes inóspitos. No caminho, imprevistos. A viagem de
400 km que deveria durar aproximadamente três meses foi retardada por percal-
ços no caminho. Muita gente, muitos desgastes, muitos conflitos, reclamações,
indagações, perdas e ganhos.
Um homem sereno, manso, culto, vivido, com 82 anos de idade, forte como
um homem de meia-idade e que gozava respeito desta gente toda, era o líder
da multidão.
Início de um dia qualquer, ao romper da manhã, esse homem se assenta
numa pedra, num lugar estratégico, e atende a um considerável número de pes-
soas que demandam os mais variados conflitos negociais e pessoais. Ele então
lhes orienta, a cada um, com base no que diz a Lei e o bom senso.
Desgaste imenso, quem pode subsistir desta forma? Neste contexto, um
outro homem intervém. É o seu sogro que, observador, experiente e inconfor-
mado com o que vê, lhe dá o seguinte conselho:
Que é isto, que tu fazes ao povo? Não é bom o que fazes. Totalmente
desfalecerás, assim tu como este povo que está contigo; porque este ne-
gócio é mui difícil para ti; tu só não o podes fazer. Ouve agora minha
voz, eu te aconselharei. Declara-lhes os estatutos e as leis, e faze-lhes
saber o caminho em que devem andar, e a obra que devem fazer. E tu
ARBITRAGEM CONTÁBIL
83
Se isto fizeres, poderás então subsistir; assim também todo este povo
em paz irá ao seu lugar (ÊXODO 18, 14-26).
Definição e Conceitos
84 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
de conflito, quando o Estado foi incapaz de conduzir o processo, quer por impos-
sibilidade ou por negligência.
A arbitragem foi regulamentada pela Lei n. 9.307, no Brasil, em 1996, pois,
apesar de existir desde 1824, não se oferecia quaisquer garantias jurídicas nas
suas sentenças. Essa lei, que a partir de agora, será a base principal de nossos
estudos neste trabalho, prevê a criação de ambientes propícios para o seu exer-
cício, chamados de Câmaras de Mediação e Arbitragem.
Vê-se que é relativamente novo o exercício da arbitragem em nosso país,
por isso, o conteúdo didático sobre o assunto ainda é escasso, limitando-se a
tomar uma “carona” na disciplina de perícia ou na generalidade do Direito para
permitir seu estudo. Além disso, a literatura disponível é baseada na legislação
legal sobre o assunto.
O secretário-geral da Comissão de Arbitragem da OAB/DF, advogado
Asdrubal Junior, sobre a prática da arbitragem, esclareceu que a lei da Arbitragem
regula a possibilidade do cidadão e também das empresas utilizarem um método
alternativo de solução de conflitos, permitindo que se utilize a arbitragem para
resolver conflitos que envolvem bens patrimoniais disponíveis ao invés de se
socorrer no Poder Judiciário, o qual é mais demorado, complexo e caro.
Em aspectos gerais, nas seguintes podemos entender que a arbitragem está
enquadrada nos seguintes aspectos e características:
■■ Surge quando as partes não conseguem resolver sua(s) demanda(s) de
forma amigável.
■■ É um procedimento de natureza contenciosa e informal.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
85
Definição e Conceitos
86 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Especialidade: os árbitros são profissionais especializados nas demandas
que lhes são submetidas, o que torna as sentenças arbitrais mais objeti-
vas e precisas.
■■ Confidencialidade: a condução do procedimento arbitral, assim como o
resultado da sua decisão, são de conhecimento restrito das partes, árbitros
e Instituição Arbitral, exceto se as partes autorizarem a sua veiculação e
publicação. Esse princípio, de cunho universal, além de preservar a imagem
de cada parte envolvida na controvérsia, evita que documentos estratégi-
cos sejam expostos publicamente.
■■ Autonomia da Vontade: a lei de arbitragem faculta às partes a escolha
do árbitro, bem como a Instituição Arbitral encarregada de administrar
o procedimento, o que possibilita melhor qualidade e segurança para a
solução da demanda.
■■ Segurança Jurídica: a sentença arbitral possui a mesma eficácia de uma
sentença judicial, independe de homologação do Poder Judiciário e, sendo
condenatória, constitui título executivo.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
87
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
NEGOCIAÇÃO
MEDIAÇÃO
Principais características:
■■ É um processo: – porque tem um desenvolvimento lógico e organizado.
■■ Terceiro imparcial: – é aquela pessoa ou aquelas pessoas que, de maneira
neutra, auxiliam as partes em conflito a buscar uma solução que seja do
interesse de ambas.
■■ Comunicação produtiva: – o mediador deve levar as partes a se expressa-
rem de forma clara e a explicitarem o conflito. O mediador abre o canal
de comunicação entre as pessoas envolvidas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) estimula a mediação. De acordo com
o Código de Processo Civil (CPC) de 2016, a mediação tem que respeitar os
princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da
confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada, tudo
conforme dispõe o Art. 166.
A Lei n. 13.140/2015 dispõe sobre mediação no Brasil e a define como uma
“atividade técnica exercida por terceiro imparcial sem poder decisório, que esco-
lhido ou aceito pelas partes, auxilia-as e estimula a identificar ou desenvolver
soluções consensuais para a controvérsia” (BRASIL, 2015, on-line), logo a media-
ção é uma alternativa legal na resolução de um conflito. Nesta modalidade, as
partes envolvidas podem escolher um terceiro, que não possua interferência no
caso, para ajudar as partes a chegarem a um senso comum.
O mediador não atua com juiz, não é necessária nem uma formação especí-
fica, pois a decisão não caberá a ele, e sim, às próprias partes envolvidas. Para ser
mediador judicial, é preciso realizar um curso de formação de mediadores ofere-
cido pelos tribunais ou por instituições credenciadas pelos Núcleos Permanentes
de Métodos Consensuais de Soluções de Conflitos (Nupemec).
De acordo com a Lei de Mediação e com o Código de Processo Civil, cabe
aos tribunais fixar os valores a serem pagos pelas partes aos mediadores.
Atualmente, a mediação e a conciliação podem ser feitas tanto pela Justiça
quanto por câmaras privadas, se o conciliador não precisa ser necessariamente
uma pessoa formada em Direito, mas deve ser capacitada.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
89
O uso dos meios alternativos não partirá apenas de uma parcela da sociedade. A
busca pela resolução de conflitos no âmbito extrajudicial deverá ocorrer não só
pelas vantagens apresentadas, mas também pela necessidade de alcançar no-
vos caminhos que não apenas levem ao Poder Judiciário. Para o Ministro Ricardo
Lewandowski, devemos estimular formas alternativas de solução de conflitos,
compartilhando essas técnicas com a sociedade, afinal, somos todos responsá-
veis pela recomposição da ordem jurídica que se apresenta rompida.
Fonte: Silva (2017, p. 18).
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CONCILIAÇÃO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ELEMENTOS DE ARBITRAGEM
A legislação Lei da Arbitragem, Lei n. 9.307 de 1996, limita quais são os assuntos
que podem ser julgados pelos árbitros. Esses assuntos são aqueles que se enqua-
dram nos direitos patrimoniais disponíveis, ou seja, que podem ser avaliados e
quantificados, economicamente, bem como as partes podem se transigir, dis-
por, desistir, abrir mão ou contratar.
OBJETO DA ARBITRAGEM
ARBITRAGEM CONTÁBIL
91
Assim, entende-se que podem ser decididos por meio de arbitragem os litígios
relativos aos direitos patrimoniais disponíveis que envolvam bens e/ou direitos
que, segundo Marcondes (2004), envolvem:
■■ Títulos de crédito, comerciais e industriais (compra, venda, troca, alu-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Diante desses argumentos, e somados ao que diz o Art. 852 do Código Civil,
questões de direito pessoal de família e outros que não tenham caráter estrita-
mente patrimonial não podem ser objeto de solução pela arbitragem.
Quando diz em respeito às questões trabalhistas e questões de consumo,
ambas, ainda, não têm um entendimento pacífico do pleno direito do uso da
arbitragem para dirimir pendências. Por isso, nosso estudo será sempre focali-
zado na matéria patrimonial e, logicamente, nos bens disponíveis.
Elementos de Arbitragem
92 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
AS PARTES NA ARBITRAGEM
ARBITRAGEM CONTÁBIL
93
CONVENÇÃO DE ARBITRAGEM
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Elementos de Arbitragem
94 UNIDADE III
Os pontos anteriores são obrigatórios para tal convenção, enquanto que, facul-
tativamente, os elementos a seguir podem ainda constar da referida:
■■ Local do desenvolvimento da arbitragem.
■■ Autorização para que o árbitro ou os árbitros julguem por equidade.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
■■ Prazo para apresentação da sentença arbitral.
■■ Indicação da lei nacional ou das regras corporativas aplicáveis à arbitragem.
■■ Declaração da responsabilidade pelo pagamento dos honorários e das
despesas com a arbitragem.
■■ Fixação dos honorários do(s) árbitro(s).
ARBITRAGEM CONTÁBIL
95
O ÁRBITRO
área do Direito, sendo mais salutar que o árbitro goze do conhecimento especí-
fico da matéria do que o conhecimento da legislação.
O parágrafo 6º do Art. 13, também ressalta que o árbitro deve exercer sua
função com os seguintes atributos:
■■ Imparcialidade: não privilegiar uma parte em detrimento da outra.
■■ Independência: dissociação em relação a qualquer das partes.
■■ Competência: capacidade técnica e ética para dirimir as questões.
■■ Diligência: zelo no planejamento e na execução da tarefa.
■■ Descrição: guarda das informações que envolvem a matéria e as partes.
PROCEDIMENTO ARBITRAL
Elementos de Arbitragem
96 UNIDADE III
Instauração Arbitral
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Na situação da Cláusula Compromissória, o processo já promove certo grau
de complexidade.
Lembremo-nos dos tipos de cláusulas (cheia e vazia). Em casos de cláusula
vazia, há dois direcionamentos:
Ambas as partes concordam em submeter a matéria à arbitragem (neste caso,
assina-se um compromisso arbitral e iniciar-se-á a arbitragem).
Discordância das partes: neste caso, uma das partes recorrerá ao Judiciário,
solicitando a instauração da arbitragem.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
97
Procedimento Arbitral
Qualquer que seja o procedimento adotado, este deverá obedecer aos princípios
do Direito, que visam a assegurar um justo julgamento e respeito ao processo
legal. São eles:
1. Princípio do Contraditório: que institui a cada uma das partes a defesa
plena de seus interesses e concede ao juiz os elementos necessários ao
alcance da verdade real.
2. Princípio da Igualdade das Partes: às partes devem ser asseguradas as
mesmas oportunidades de alegação e de prova, cabendo-lhes iguais direi-
tos, ônus, obrigações e faculdades.
3. Princípio da Imparcialidade do Árbitro: não se exibir de forma tenden-
ciosa para qualquer das partes.
4. Princípio do Livre Convencimento: o árbitro tem liberdade para decidir
acerca de seu conteúdo da forma que considerar mais adequada, dentro
dos limites impostos pela lei e pela Constituição.
Um quesito importante é que a parte que pretender arguir questões que se referem
aos atributos do árbitro deverá se manifestar na primeira oportunidade, depois
de instituída a arbitragem. Essas questões devem estar amparadas pelo Art. 20,
que se refere a questões relativas à competência, suspeição ou impedimento do
árbitro, ou nulidade, invalidade e ineficácia da convenção de arbitragem.
Elementos de Arbitragem
98 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Sentença Arbitral
Segundo Cavalcanti (2010, p.137), a sentença é o “ato por meio do qual o árbitro ou
tribunal põe fim ao procedimento, seja por meio do julgamento do mérito ou não”.
O Art. 18 da Lei da Arbitragem equiparou as sentenças arbitrais às judiciais,
assim, estas possuem as mesmas características e efeitos daquelas e não estão sujei-
tas à homologação do Judiciário, bem como o Art. 31 confirma este dispositivo.
É imposto que as sentenças arbitrais atendam às seguintes exigências:
■■ Devem ser escritas.
■■ Proferidas no prazo estipulado, sendo este:
a) Estipulado pelas partes.
b) Em seis meses da instituição da arbitragem, ou da substituição do
árbitro.
■■ Contenham um relatório com informações:
a) Qualificação das partes.
b) Histórico do litígio.
c) Fundamentos da decisão.
d) Dispositivo que baseou as decisões.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
99
Elementos de Arbitragem
100 UNIDADE III
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ARBITRAGEM E A PROFISSÃO CONTÁBIL
ARBITRAGEM CONTÁBIL
101
Além disso, o próprio Decreto-Lei 9.295/1946 diz, no seu Art. 26: “a perícia arbi-
tral é aquela exercida sob o controle da lei de arbitragem”.
O fato da constante nomeação de profissionais da contabilidade pelo juiz para
atuarem como peritos, auxiliando-os em processos judiciais, principalmente, na
fase de liquidação de sentença, mostra como este profissional está preparado e
capacitado para atuar em processos de arbitragem, tanto para auxiliar na solu-
ção de conflito quanto na própria formação do árbitro.
O que é importante destacar é que o contador pode atuar como perito na
arbitragem ou mesmo como juiz arbitral. Esta afirmativa se baseia nos seguin-
tes argumentos:
■■ Jurídico: enquadrado no Art. 13 da Lei 9.307/1996.
■■ Área de conhecimento: o objeto de estudo da contabilidade é o patrimô-
nio das entidades, exatamente aquilo que a lei prevê como sendo o objeto
da arbitragem.
■■ Técnico-vivencial: nos conhecimentos e nas habilidades que o contador
possui como perito-contador.
Para ocupar esta demanda, que será cada vez mais crescente em nossa sociedade,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
recomendamos que o profissional da contabilidade tenha:
■■ Profundo conhecimento na área contábil e demais assuntos, tanto nacio-
nais como internacionais.
■■ Independência profissional.
■■ Adequado nível cultural.
■■ Boa conduta e moral.
■■ Tradição profissional.
■■ Capacidade legal.
■■ Habilidade relacional.
■■ Atenção às mudanças.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
103
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ARBITRAGEM INTERNACIONAL
ARBITRAGEM CONTÁBIL
105
Quanto ao laudo arbitral internacional, cabe informar que lhe foi retirado
o requisito do duplo grau de homologação para a produção de efeitos, ou seja,
que fosse homologado pelo Judiciário em ambos os países dos envolvidos. Isto
estava previsto na Constituição Federal de 1988, em seu Art. 105. Anteriormente
à Lei 9.307/1996, somente eram reconhecidas pelo Supremo Tribunal Federal as
sentenças arbitrais estrangeiras homologadas pelo Judiciário do país de origem.
Esta questão foi suprida pela orientação jurisprudencial baseada na homologa-
ção de sentenças judiciais estrangeiras.
A parte interessada é que deve solicitar a homologação do laudo estrangeiro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
em nosso Judiciário, atentando que as causas que podem levar à rejeição da homo-
logação estão descritas nos Art. 38 e 39 da nossa Lei da Arbitragem, a saber:
■■ As partes na convenção de arbitragem eram incapazes.
■■ A convenção de arbitragem não era válida segundo a lei à qual as partes
a submeteram, ou, na falta de indicação, em virtude da lei do país onde
a sentença arbitral foi proferida.
■■ Não foi notificado da designação do árbitro ou do procedimento de arbitra-
gem, ou tenha sido violado o princípio do contraditório, impossibilitando
a ampla defesa.
■■ A sentença arbitral foi proferida fora dos limites da convenção de arbi-
tragem, e não foi possível separar a parte excedente daquela submetida
à arbitragem.
■■ A instituição da arbitragem não está de acordo com o compromisso arbi-
tral ou cláusula compromissória.
■■ A sentença arbitral não se tenha, ainda, tornado obrigatória para as par-
tes, tenha sido anulada, ou, ainda, tenha sido suspensa por órgão judicial
do país em que a sentença arbitral for prolatada.
■■ Segundo a lei brasileira, o objeto do litígio não é suscetível de ser resol-
vido por arbitragem.
■■ A decisão ofende a ordem pública nacional.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
107
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
versus benefícios que ela produz. Não há como retroceder, é um movimento uni-
versal no qual o Brasil está inserido e a demanda de profissionais para atender
a esse momento é crescente.
É importante ressaltar, nesta unidade, que a arbitragem é tão abrangente
quanto a existência de conflitos que existem ou que possam vir a existir. Também
é um instrumento de estabelecimento de justiça e, principalmente, de bom senso.
Os profissionais da contabilidade têm muito a contribuir, e a comunidade
internacional já clama por esta forma de resolução de conflitos. Assim, ques-
tões como a Convenção de Arbitragem, o árbitro e o assunto no nível contábil
e internacional devem ser aprofundados pelos acadêmicos que vislumbram um
mercado a ser explorado nesta área (como de fato o é).
Finalizamos esta unidade em que a Arbitragem foi explanada de forma geral,
mas com a finalidade de levantar bases do conhecimento deste assunto ainda
pouco explorado em nosso país.
Na próxima unidade, será abordada uma área pouco conhecida pelos aca-
dêmicos, mas com uma demanda enorme de trabalho, tendo em vista o baixo
número de profissionais gabaritados para atuar com atuária, especificamente no
segmento de seguros.
ARBITRAGEM CONTÁBIL
109
1. Certo dia, Ronaldo descobre que tem um aneurisma cerebral e que necessita
de tratamento sério. Ciente disso, ele entra em contato com seu plano de saú-
de para que este arque com todos os custos iniciais do referido tratamento,
que custaria R$ 1.500,00 para os exames iniciais. Acionado, o plano se posicio-
na no sentido de não pagar o tratamento. Ronaldo, então, resolve ajuizar uma
ação judicial contra seu segurador.
Iniciada a ação, o réu requer a produção de perícia médica, que custará R$
2.000,00 para analisar se o tratamento é realmente necessário.
Percebe-se, por meio do exposto, que o valor para instituir o processo e dar
seguimento a ele (custa + R$ 2.000,00) é maior do que o valor da causa.
Em uma situação como esta, em que o custo do processo se torna maior do
que o valor da causa, o Judiciário deve desestimular a instauração desses pro-
cessos. Será que esta é uma saída viável?
2. Pedro e Joana casaram-se em 1973. Após 35 anos de casados, Pedro decidiu
separar-se. Ao longo de todos esses anos, Joana dedicou-se apenas a cuidar
do marido, dos filhos e da casa, sem exercer qualquer profissão. Aos 60 anos
de idade, não se sente ela apta a iniciar vida profissional que possa provê-la
devido sustento e, em razão disso, pretende pleitear do marido o pagamento
de pensão.
Pedro, tentando evitar um litígio que poderia trazer maiores desgastes à rela-
ção do casal em processo de separação, com reflexo nos filhos, concorda em
pagar alimentos a Joana. Entretanto, os dois não conseguem chegar a um acor-
do a respeito do montante dos alimentos que deverão ser pagos mensalmente
à Joana.
Diante dessa lide, os dois decidem submeter a questão referente ao valor dos
alimentos devidos à arbitragem, escolhendo, para árbitro, Antônio, padre que
celebrou o casamento deles e acompanhou o casal ao longo de toda a vida
conjunta.
Pergunta pode a questão relativa à estipulação do valor dos alimentos a serem
pagos a Joana ser submetida à arbitragem?
110
Servidor do Judiciário não pode atuar como mediador extrajudicial, diz CNJ
O servidores públicos do Poder Judiciário não podem atuar como mediadores extraju-
diciais. A determinação é do Conselho Nacional de Justiça, que julgou duas consultas
nesta terça-feira (19/6/18) sobre essa questão.
Em uma delas, o servidor do tribunal paraibano alegou que desejava atuar como media-
dor extrajudicial, com remuneração pelo serviço prestado, em comarca diversa daquela
em que desempenha suas atribuições públicas. O servidor disse, ainda, dispor de tempo
livre após o término de sua jornada e que não haveria impedimento ao desempenho
conjunto das atividades, pois a mediação seria atividade eminentemente privada, o que
não implicaria acumulação de funções públicas.
Já na outra, um servidor do TJ-ES expôs não haver norma legal que expressamente vede
o exercício conjunto das atividades e que a Constituição Federal estabelece ser “livre o
exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissio-
nais prevista em lei”.
Para o conselheiro relator Márcio Schiefler, a mera presença, em procedimento privado de
mediação extrajudicial, de servidor dos quadros do Poder Judiciário na condição de me-
diador, acaba por ensejar nos participantes uma injusta expectativa de benefício ou des-
vantagem na hipótese de a demanda ser levada à Justiça, em caso de um acordo frustrado.
“Em outras palavras, inevitável as empresas e consumidores que hoje participam de pro-
cedimento de mediação em determinada região se encontram algum tempo depois, em
comarca distinta, no polo ativo ou passivo de ações judiciais”, disse.
De acordo com o voto, seguido pelos demais conselheiros do CNJ, embora a Lei
13.140/2015 e o Código de Processo Civil não estabeleçam vedação expressa à atuação
de servidor público do Judiciário em atividade particular de mediação, o código cuidou
de evitar a influência de interesse particular na atuação pública ao vedar a atuação de
advogados no juízo em que atuam como conciliadores e mediadores judiciais.
Ao responder negativamente às consultas, no sentido de não ser possível a atuação de
servidores do Poder Judiciário como mediadores extrajudiciais, o conselheiro destacou
o intuito de resguardar o interesse público, manter a confiança dos jurisdicionados nas
atividades do Poder Judiciário e observar os princípios constitucionais da isonomia, da
impessoalidade e da moralidade administrativa. Com informações da Assessoria de Im-
prensa do STJ.
Consultas 0005301-30.2015.2.00.0000 e 0009881-35.2017.2.00.0000
Fonte: Conjur (2018, on-line)2.
MATERIAL COMPLEMENTAR
7 Anos (2016)
Sinopse: conta uma história que explora os dilemas dos
relacionamentos e da própria existência humana. O filme começa
com quatro sócios de uma empresa da área de tecnologia que se
descobrem investigados pela Receita Federal espanhola. Como
de fato eles cometeram crimes contra o fisco, terão que tomar
uma decisão crucial: qual deles deve assumir a culpa, livrando
os outros três da prisão e assegurando a sobrevivência de sua
companhia? O título do filme se refere ao tempo de cárcere que
o responsável irá cumprir. Para tomar o que julgam ser a decisão
mais justa, convocam um mediador.
Material Complementar
114
REFERÊNCIAS
Referência On-line
1
Em: <https://www.yumpu.com/pt/document/view/20579270/1-a-arbitragem-e-
-a-profissao-contabil-alonso>. Acesso em: 21 set. 2018.
2
Em: <https://www.conjur.com.br/2018-jun-21/servidor-judiciario-nao-atuar-me-
diador-extrajudicial>. Acesso em: 21 set. 2018.
GABARITO
IV
UNIDADE
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conceituar e contextualizar a origem da atuária.
■■ Verificar o desenvolvimento dos seguros.
■■ Conhecer a legislação de seguros.
■■ Compreender a classificação dos seguros.
■■ Identificar os seguros que estão presentes na rotina das pessoas
físicas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Definição e Conceitos
■■ Seguros no Brasil
■■ Legislação de Seguros
■■ Classificação de Seguros
■■ Seguros de Pessoas
119
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), peço que você olhe à sua volta. Muitas coisas que você está
vendo neste exato momento só estão aí por conta de uma ferramenta muito
importante: o seguro. Pense, por exemplo, no computador que você utiliza para
assistir às aulas do EAD. Por trás desta máquina, pode existir uma indústria
muito grande, em que enormes investimentos foram feitos.
Você imagina um empresário fazendo um investimento de milhões de reais
em máquinas, equipamentos e estrutura se não tivesse como assegurar que este
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Introdução
120 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
DEFINIÇÃO E CONCEITOS
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
121
Definição e Conceitos
122 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
e Japão. Segundo o IBA, no Brasil, hoje, não há mais do que dez atuários traba-
lhando com isso. E o número de empresas na bolsa de valores já passa de 300.
Principais áreas de atividade do atuário:
■■ Empresas Seguradoras: nas atividades de cálculo de prêmios, acompa-
nhamento de contratos de apólices, planejamento de produtos, avaliação
atuarial dos planos, assessoria técnica.
■■ Entidades Fechadas de Previdência Privada ou Fundos de Pensão: nas
atividades de avaliação e acompanhamento atuarial, estudos de novos
planos de benefícios, avaliação de desempenho de carteira de aplicações.
■■ Entidades Abertas de Previdência Privada e Bancos: nas atividades de
avaliação e acompanhamento atuarial, desenvolvimento de produtos (pla-
nos de benefícios), avaliação de desempenho de carteira de aplicações.
■■ Órgãos Governamentais do ramo de seguro (tais como IRB - Instituto de
Resseguros do Brasil, SUSEP - Superintendência de Seguros Privados e
Secretaria de Previdência Complementar): que aprovam planos previden-
ciários e de seguros em geral e acompanham e normatizam essas áreas.
■■ Empresas de Capitalização: desenvolvendo produtos e elaborando notas
técnicas.
■■ Mercado Financeiro: na avaliação dos riscos financeiros, rating de empre-
sas financeiras, estratégia de investimentos.
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
123
Definição e Conceitos
124 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
camelos, no caso da perda de um barco, os demais navegadores se juntariam e
construiriam outro para reduzir as perdas mútuas.
Na História, consta que no século XII d.C. surgiu uma modalidade de seguro
chamada de Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo, firmado em contrato entre duas
pessoas, sendo que uma das partes adiantava ao navegador o valor referente ao barco
e às mercadorias transportadas que, em caso de perda destes bens, não era devolvido.
Caso contrário, na volta da viagem, o dinheiro seria restituído acrescido de juros.
Apesar de prático, esta ação não era bem vista pela Igreja Católica e, em razão
disso, em 1234, o papa Gregório IX proibiu este tipo de transação na Europa.
Para driblar esta proibição, foi dada uma nova roupagem ao que já vinha sendo
praticado no antigo Contrato de Dinheiro e Risco Marítimo. Agora uma das
partes, geralmente um banqueiro, “comprava” o navio e a carga, repassando o
recurso ao navegador. Caso houvesse naufrágio, o banqueiro perderia esses recur-
sos. Caso o navio voltasse intacto, a venda era “desfeita”, e o dinheiro, devolvido
acrescido de juros.
Claramente percebemos que é a segurança econômica que mantinha esse
tipo de contrato e que se tornou a base para os seguros da forma como hoje os
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
125
Definição e Conceitos
126 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SEGUROS NO BRASIL
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
127
(essa companhia foi adquirida em 1973 pela americana Chubb e passa a chamar-
-se, a partir de 1992, de Chubb do Brasil Companhia de Seguros). Sobre seguro de
vida, é interessante que até a segunda metade do século XIX essa modalidade era
proibida, sendo permitida apenas para os escravos que eram tratados pela lei como
“objetos passíveis de propriedade”, já dizia o código da escravatura que: “desde que o
homem é reduzido à condição de cousa, sujeito ao poder e domínio ou propriedade
de um outro, é havido por morto, privado de todos os direitos, e não tem representa-
ção alguma, como já havia decidido o Direito Romano” (MALHEIROS, 1866, p. 1).
Assim, o ano de 1855 marca a fundação da Companhia de Seguros
Tranquilidade no Rio de Janeiro, comercializando, pela primeira vez, o seguro
de vida. Os anos seguintes marcam a chegada de companhias seguradoras estran-
geiras que trazem sua experiência ao Brasil.
Com o crescimento acentuado do comércio, temos, no início do século
XX, a presença de mais de 60 empresas seguradoras, focando, principalmente,
o ramo de seguros marítimos. Devido a este elevado número de empresas atu-
ando no país, em 1901, houve a criação da Superintendência Geral de Seguros,
com subordinação ao Ministério da Fazenda, que, entre suas atribuições, pos-
suía a prerrogativa de fiscalização das operações de seguro.
A regulamentação oficial dos seguros no país só ocorre em janeiro de 1917,
com a promulgação do Código Civil Brasileiro, que estabelecia, entre outras obri-
gações e outros direitos, as do segurador e do segurado. Com isso, os seguros
terrestres passam a ter uma regulamentação específica. Em 1930, o nacionalista
Seguros no Brasil
128 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
resseguro no Brasil (o tema de resseguros será abordado mais adiante) era contra-
tado em companhias estrangeiras. Em 1966, temos a publicação do Decreto-Lei n.
73, que institui o Sistema Nacional de Seguros Privados (SNSP), que tem o obje-
tivo de coordenar a política de seguros e preservar a liquidez das seguradoras.
A criação do SNSP gera a criação de um órgão normativo, o Conselho Nacional
de Seguros Privados (CNSP) e dois órgãos executivos: o IRB (reformulado) e a
Superintendência de Seguros Privados (SUSEP), que passa a exercer as funções
do agora extinto Departamento Nacional de Seguros Privados e Capitalização
(DNSPC).
Outros avanços são elencados por Souza (2007, p. 9):
Nos anos 1970, o Brasil passou a adotar uma política de reciprocidade
de negócios e a promover o intercâmbio internacional do seguro bra-
sileiro. Como resultados, tivemos o superávit na conta de Seguros do
Balanço de Pagamentos, a aceitação de negócios do exterior em volume
correspondente a 60% dos resseguros cedidos, a criação de uma empre-
sa especializada em segurança de crédito, a regulamentação do seguro
saúde, dos fundos de pensão e a expansão do seguro rural.
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
129
IRB
Indenização
Indenização
Prêmios
Prêmios
Riscos
Riscos
Prêmios
SEGURADORAS CO-SEGURADORA
Indenização
Indenização
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Comissão
Prêmios
Riscos
CORRETORES
SEGURADOS
Figura 1 - A mecânica do mercado segurador
Fonte: Souza (2007).
CLASSIFICAÇÃO DE SEGUROS
Classificação de Seguros
130 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Interessante que a palavra apólice tem origem no vocábulo francês police e do
italiano polizza, termos que por sua vez têm origem no latim pollicitatio que sig-
nifica basicamente “promessa” que, no nosso caso, é a promessa de pagar uma
indenização pela perda que o segurado pode sofrer e que foi contratada mediante
o pagamento de um determinado valor. Geralmente, a apólice tem prazo de vali-
dade de um ano, e em vários casos, é automaticamente renovada, caso não haja
manifestação em contrário pelas partes.
Antes da emissão da apólice, as condições para contratação são acertadas
entre as partes por meio de uma proposta, um documento em que o proponente
(pessoa física ou jurídica) manifesta o interesse da contratação das coberturas de
risco mediante o pagamento de um valor nas condições acordadas.
Quando falamos sobre o seguro de vida, existe, ainda, outro elemento que
faz parte da contratação. Trata-se da Declaração Pessoal de Saúde (DPS). Este
documento serve para que o proponente declare sua condição pessoal de saúde
e alguns hábitos que poderiam ensejar na não aceitação do seguro por parte da
seguradora.
Como você pode perceber, isso é um dos fundamentos da atuária, as condi-
ções sociais dos participantes influenciam as condições do risco. É evidente que
as seguradoras têm interesse na contratação dos seguros. No entanto elas não
querem assumir um risco maior do que as boas regras estatísticas recomendam.
Assim, em algumas circunstâncias, o risco não é aceitável ou, caso seja, seu custo
será calculado de forma não massificada.
Vamos ver mais alguns elementos que estão contidos na frase definidora de
seguros que vimos anteriormente?
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
131
Isso significa dizer que a seguradora pode e deve se cercar de cuidados para con-
tratação do seguro, pois o objetivo não é enriquecer o segurado no caso de um
sinistro, mas restabelecer o equilíbrio econômico em caso de um infortúnio. Faz
parte dessa arguição mencionada no texto do Decreto-Lei a própria Declaração
Pessoal de Saúde, mas não precisa, necessariamente, ficar restrita a esta. Outros
documentos ou declarações podem ser solicitados, dependendo das circunstâncias.
Para a recusa da proposta de seguro, a seguradora dispõe de 15 dias após o
recebimento desse documento e, após este prazo, caso não se manifeste em con-
trário, é entendida legalmente sua aceitação.
Lembra-se que na definição de seguros, falamos de outro personagem? É
o segurado. A SUSEP define “segurado” como a “pessoa física ou jurídica que,
tendo interesse segurável, contrata o seguro em seu benefício pessoal ou de ter-
ceiro” (SUSEP, 2006, p. 7). Souza (2007, p. 24) amplia este conceito por dizer que:
O segurado é a pessoa física ou jurídica, em nome de quem se faz o se-
guro. Ele transfere para a seguradora, mediante pagamento do prêmio,
o risco de um evento aleatório atingir o bem de seu interesse. Caso o se-
gurado não pague o prêmio previsto, ele perde os direitos à indenização
prevista no contrato. A pessoa que contrata o seguro com a seguradora
é também conhecida como estipulante.
Classificação de Seguros
132 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Vamos considerar mais alguns elementos? Já vimos, anteriormente, o termo
indenização e, como você pôde ter concluído corretamente, a indenização é o
valor que é pago ao segurado ou beneficiários pelos prejuízos decorrentes do
sinistro. Observação importante: a indenização em nenhuma circunstância é
superior à importância segurada.
O segurado, para adquirir o direito à indenização, paga por este serviço um
valor chamado de prêmio que, ao contrário do que é senso comum, não reverte
para o segurado, ou seja, no caso de seguros, o prêmio é direcionado para a segu-
radora, portanto, é um custo para o segurado. O valor do prêmio pago depende
de algumas variáveis, por exemplo, o prazo do seguro, a exposição ao risco, qual
a importância a ser segurada e, ainda, faz parte do prêmio total as despesas admi-
nistrativas e de produção, como a comissão e o agenciamento, além dos impostos
e da remuneração do capital dos acionistas.
Se você tem um automóvel com seguro, sem dúvida já ouviu falar de outro
termo bastante comum, que é a franquia. O conceito de franquia tem a ver com o
limite de participação do segurado em eventual prejuízo que resulta de um sinis-
tro. Utilizando o exemplo do seguro de automóveis, na contratação, o proponente
pode escolher uma modalidade que tenha uma franquia reduzida. Neste caso, é evi-
dente que o prêmio do seguro será maior. No caso inverso, quanto maior a franquia
menor o valor do prêmio a ser pago. A franquia tem algumas finalidades impor-
tantes. Uma delas é conscientizar o segurado sobre a necessidade de cuidados na
preservação do bem. Algumas pessoas parecem descuidar-se na condução e na
segurança de um automóvel, por exemplo, por saber que o bem está segurado. A
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
133
franquia serve para “lembrar” que o segurado, também, é responsável pela inte-
gridade do bem. Também em casos de pequenos danos, se o valor de reparo for
menor do que a franquia, não compensaria para o segurado acionar o seguro.
Outra palavra que já usamos ao longo desta unidade é sinistro. Essa palavra
tem sua raiz na palavra latina sinistra que significa esquerda, e que antigamente,
sempre era associada a coisas negativas, danosas. No mundo dos seguros, sinis-
tro é o fato concretizado do risco que foi previsto no contrato de seguro, e que
resulta em perdas para o segurado e/ou seus beneficiários. O sinistro pode ser
total quando ocorre a perda total do bem segurado ou parcial quando somente
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Veja, então, que o risco é uma possibilidade (não uma certeza) de que um evento
inesperado aconteça, e que por consequência, trará algum tipo de prejuízo ou
desequilíbrio econômico, danos materiais ou pessoais. Esse evento, por ser incerto,
com data incerta, não depende da vontade do segurado ou do segurador. Por isso,
dizemos que o risco é incerto, aleatório, possível, real, lícito e fortuito (SOUZA,
2007, p. 30). Mesmo no caso de seguros de vida em que a morte é certa, já dizia
o filósofo que as únicas coisas certas na vida são a morte e os impostos, esse
evento é em data ou circunstância incerta, por isso, pode ser objeto de seguro.
De acordo com Souza (2007), são também características de um seguro o
mutualismo, a incerteza e previdência. Sobre mutualismo, nos referimos a um
grupo de pessoas (que muitas vezes nem se conhecem), mas que têm interes-
ses comuns e que são seguráveis e que, por conta disso, constituem uma reserva
financeira para suprir as necessidades dos componentes desse grupo que, por-
ventura, sejam afetados por um acontecimento possível, porém incerto.
Classificação de Seguros
134 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Tábua de Comutação – é um dos principais instrumentos utilizados
pelos atuários para o cálculo dos prêmios. É mais poderosa que a tábua
de mortalidade, pois contempla determinada taxa de juros. Assim, po-
demos ter diversas tábuas de comutação apenas mantendo-se a tábua
de mortalidade e variando-se a taxa de juros.
LEGISLAÇÃO DE SEGUROS
Apesar de a maioria de nós não ter formação legal, alguns conceitos de legisla-
ção são importantes para que tenhamos segurança ao lidar com contratos sobre
ela. Veremos, a partir de agora, as leis e decretos mais pertinentes que regula-
mentam as operações de seguros.
Uma das principais leis sobre o setor de seguro já é bastante antiga. Os segu-
ros obrigatórios, por exemplo, são regulados pelo Decreto-Lei n. 73/1966 e pelo
Decreto 61.867/1967. Nessa legislação, impõe-se a contratação de alguns tipos
de seguros, chamados seguros obrigatórios.
De acordo com Souza (2007, p. 27-28), esses seguros obrigatórios
[...] compreendem uma vasta gama de eventos, como danos pessoais
causados por veículos de via terrestre ou de carga, a pessoas transpor-
tadas ou não, e a passageiros de aeronaves comerciais; responsabilidade
civil do construtor de imóveis em zonas urbanas por danos a pessoas
ou coisas; bens dados em garantia de empréstimo ou financiamento de
instituições financeiras públicas; garantia de pagamento a cargo do mu-
tuário da construção civil; incêndio e transporte de bens pertencentes às
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
135
Vamos falar um pouco mais do instrumento jurídico que formaliza o seguro: o con-
trato de seguro. Juridicamente, contrato, conforme o Direito Romano, é o mútuo
consenso de duas ou mais pessoas sobre o mesmo objeto. Um contrato tem por
objetivo criar, modificar, transferir, conservar ou extinguir direitos e obrigações.
Nesse documento, as partes envolvidas (seguradora e segurado) estabelecem
as condições mútuas das obrigações e dos direitos. Por esse contrato, a seguradora
obriga-se perante o segurado, a indenizá-lo se o fato futuro previsto no contrato
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Legislação de Seguros
136 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Um contrato de seguro é um documento composto, geralmente, por mais de um
elemento. Podemos elencar os instrumentos que são a composição de um con-
trato de seguro, como: a proposta, a apólice, o endosso, os aditivos e as averbações.
Alguns desses elementos já tratamos nesta unidade. Por exemplo, já vimos a
respeito da proposta e da apólice. Complementando as informações que vimos
sobre apólice, este documento deve conter “nome, endereço e CPF/RG do segu-
rado; especificação do risco; bem segurado; valor da importância segurada;
valor do prêmio e as condições da cobertura. Ela pode ser coletiva ou indivi-
dual” (SOUZA, 2007, p. 29).
Algumas cláusulas contratuais, conforme Souza (2007, p. 29), podem ser
subdivididas em:
■■ Condições gerais: cláusulas que têm aplicação geral aos riscos de mesma
natureza.
■■ Condições especiais: disposições que modificam as condições gerais,
ampliando ou restringindo sua extensão.
■■ Condições particulares: específica para cada contrato. Particularizam
determinados tópicos ou coberturas.
■■ Cláusula limitativa: limita a obrigação do segurador.
■■ Cláusula abusiva: restringe ou elimina a responsabilidade do segura-
dor, decorrente de uma obrigação que por ele foi regularmente assumida.
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
137
O Código Civil, nos seus artigos de 1449 a 1457, prevê que o segurado tem a
obrigação de pagar o prêmio do seguro, evitar tudo que possa aumentar os ris-
cos durante o período de vigência do contrato, além de comunicar à seguradora
qualquer incidente que possa agravar o risco e comunicar a ocorrência do sinistro
tão logo este ocorra. No caso do segurador, este é obrigado a pagar em dinheiro
o prejuízo resultante do risco assumido e, conforme as circunstâncias, o valor
total da coisa segura (SOUZA, 2007).
A legislação também prevê as condições de rescisão contratual. Conforme
Souza (2007, p. 31):
O contrato de seguro pode ser rescindido total ou parcialmente, a qual-
quer momento, mediante acordo entre as partes ou com o pagamento
do valor da apólice ao segurado. Quando esse cancelamento é decidido
unilateralmente, só pelo segurado ou só pelo segurador, ocorre a resci-
são do contrato de seguro. Sempre que a rescisão ocorrer por iniciativa
do segurado, a seguradora deterá o prêmio de acordo com a tabela de
prazo curto. Já quando a rescisão ocorrer por parte da seguradora, esta
reterá, do prêmio recebido, a parte proporcional ao tempo decorrido.
Entretanto, para que o contrato possa ser rescindido é necessária uma
cláusula prevendo esta possibilidade.
Legislação de Seguros
138 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CLASSIFICAÇÃO DE SEGUROS
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
139
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
SEGUROS DE PESSOAS
Seguros de Pessoas
140 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1. Corretoras de seguros, seus sócios, dirigentes, administradores, empre-
gados, prepostos ou representantes.
2. Corretores.
3. Sociedades seguradoras, seus dirigentes, administradores, empregados,
prepostos ou representantes.
2. Morte acidental.
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
141
11. Auxílio Funeral: reembolso das despesas com o funeral até o limite
do capital segurado. Ainda que a seguradora ofereça a alternativa de
prestação de serviços, é garantida a livre escolha dos prestadores de
serviço pelos beneficiários, com o respectivo reembolso das despe-
sas efetuadas.
Seguros de Pessoas
142 UNIDADE IV
Vamos falar um pouco mais sobre seguros coletivos. O mais conhecido, sem
dúvida, é o Seguro de Vida em Grupo. Esta modalidade de seguro difere, essen-
cialmente, do seguro individual por ter um grande número de pessoas que
dividem a mesma apólice, sendo, dessa forma, válido para mais de uma pessoa.
Neste caso, conforme falamos anteriormente, temos a figura de um intermedia-
dor entre a seguradora e o segurado e, na forma mais comum, temos as empresas
intermediando para seus funcionários. Então, nesse caso, a empresa serve como esti-
pulante. Conforme Azevedo (2008, p. 35), estipulante é a “pessoa física ou jurídica
que contrata apólice coletiva de seguro, ficando investida dos poderes de represen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tação dos segurados perante a seguradora nos termos da regulamentação em vigor”.
Uma característica muito interessante no caso de Seguros de Vida em Grupo
é que, justamente por ter vários participantes, seu custo mensal para o segurado,
geralmente, é menor do que seria na contratação de um seguro individual. Além
disso, não é necessária a emissão de nova apólice na admissão ou no desliga-
mento de participantes. Basta a comunicação formal à seguradora.
Uma advertência para o segurado quanto a esse tipo de seguro é o fato de não
ser possível manter o seguro quando há o desligamento do participante do seu
vínculo com o estipulante. Quando o empregado desliga-se da empresa, então
encerra-se o seguro. Isto pode causar algum transtorno se o desligamento ocorrer
quando o participante já tiver adquirido certa idade, o que dificultaria a contratação
de um novo seguro – individual, neste caso – pois o custo do prêmio seria elevado.
Temos, ainda, outros seguros comercializados no mercado, conforme tabela
seguinte:
Quadro 2 - Coberturas dos Seguros
TIPOS DE
COBERTURAS
SEGUROS
Tem por objetivo garantir aos segurados, durante período de viagem
previamente determinado, o pagamento de indenização quando da ocor-
rência de riscos previstos e cobertos, nos termos das condições gerais e
Seguro especiais contratadas. Este seguro deve oferecer, no mínimo, as cobertu-
viagem ras básicas de morte acidental e/ou invalidez permanente, total ou parcial
por acidente, podendo ser oferecidas outras coberturas, desde que estas
estejam relacionadas com viagem, como, por exemplo, cobertura por
perda ou roubo de bagagem.
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
143
Seguros de Pessoas
144 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
ções quanto à existência de outras apólices contratadas.
Embora sejam raros os casos em que isso ocorra, a legislação prevê que, na
falta de indicação de beneficiário, ou na impossibilidade de prevalecer a indi-
cação feita, metade do capital segurado será devida ao cônjuge que não esteja
separado judicialmente, sendo o restante pago aos herdeiros do segurado, sem-
pre obedecendo a ordem da vocação hereditária.
Se não existirem esses beneficiários, poderão ser constituídos beneficiá-
rios os que provarem que a morte do segurado os privou dos meios necessários
à subsistência. Sempre que houver a intenção de substituição de beneficiário, a
seguradora deve formalmente ser notificada e um endosso deverá ser realizado.
Caso contrário, a seguradora não reconhecerá essa substituição, pagando a inde-
nização ao indicado originalmente na apólice.
Um dos principais trabalhos do atuário em relação ao seguro está relacio-
nado com a precificação. Levando em consideração diversos fatores, entre eles a
expectativa de vida, o atuário elaborará uma tabela de comercialização que será
utilizada pelos corretores. Esses valores são corrigidos, periodicamente, utilizan-
do-se, para isso, de algum índice de correção pactuado e estipulado em contrato.
Entre os fatores que contribuem para os reajustes dos valores, além do índice
de correção, evidentemente, são fatos de natureza social, como o aumento da
idade do segurado. As tabelas de seguros, geralmente, estabelecem faixas de idade
em que os prêmios permanecem inalterados pelo critério idade. Com o segu-
rado avançando de uma faixa para outra, esses valores reajustados.
Veja o exemplo a seguir:
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Seguros de Pessoas
145
146 UNIDADE IV
Observe que o custo mensal, ou seja, os prêmios pagos, vão sendo majora-
dos à medida que a faixa etária do participante aumenta.
Outra questão importante e que deve ser mencionada, é que não existe auto-
mática relação entre a concessão de aposentadoria por invalidez, por meio da
previdência social, com o pagamento de indenização por invalidez por parte da
seguradora. São processos distintos e a seguradora solicitará a documentação
constante na apólice para essa concessão, o que, via de regra, envolve a compro-
vação médica da condição de inválido. Em alguns casos, a seguradora pode até
solicitar a constituição de uma junta médica para avaliar a condição. Essa exi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
gência deverá ser comunicada ao segurado.
Um tipo de seguro não muito conhecido do ramo vida, mas que é muito
interessante é o seguro dotal. Este é um tipo de seguro por sobrevivência, que
constitui uma renda ao segurado. Vamos conhecer um pouco mais sobre esse
tipo de seguro.
A palavra dotal vem de dote, que, geralmente, era o preço pago por uma
noiva, ou seja, um valor a que se tinha o direito por um determinado ato (no
caso da noiva, o casamento era esse ato).
No caso do seguro dotal, a ideia é a mesma, só que, neste caso, o “dote” a ser
pago é pelo fato do segurado sobreviver após uma idade estipulada. Pelo seguro
dotal, o participante constituirá uma reserva, que será atualizada atuarialmente, e
a que terá direito a partir de sua sobrevivência após a idade constante no contrato.
O seguro dotal tem algumas variações. Uma delas é o seguro dotal misto.
Nesse tipo de seguro dotal, são previstos tanto a sobrevivência como a morte do
participante. No caso de morte, permite que seus beneficiários recebam a impor-
tância segurada prevista para este evento e, em caso de sobrevivência ao período
estipulado, é o segurado quem receberá a importância segurada. A precificação do
seguro dotal misto é diferente do seguro dotal convencional, pois, no caso deste
último, se ocorrer a morte do participante antes da data estipulada, não existem
valores a ser pagos pela seguradora. No caso do seguro dotal misto, sempre haverá
uma situação de pagamento, o que deve influenciar no seu custo ao participante.
Novamente, aqui vemos o trabalho do atuário. Veja só o que acontece: o atu-
ário, para precificar um seguro, utiliza-se de uma tábua de mortalidade. Para
preservar a solvência da seguradora, é preciso ser conservador nos seus cálculos.
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
147
Seguros de Pessoas
148 UNIDADE IV
SEGURO INCÊNDIO
Embora não ocorram com frequência, os incêndios são uma realidade que
devem preocupar principalmente possuidores de imóveis e empresas. O seguro
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
por incêndio visa a indenizar o segurado na eventualidade de danos que decor-
ram pela propagação do fogo.
A forma mais comum de contratação do seguro para incêndio é a compre-
ensiva, na qual essa cobertura é contratada juntamente com outras, como raio,
explosão, vendaval, entre outras. Estas são as chamadas coberturas básicas.
Dependendo da cidade e do tipo de imóvel, trata-se de um seguro relativa-
mente acessível e, portanto, é altamente recomendável a sua contratação. Esse
custo sofre um aumento significativo quando se incorpora a cláusula de roubos,
devido ao seu elevado risco.
Os seguros multirriscos patrimoniais, também chamados de compreensivos,
por serem produtos massificados e amplamente comercializados, facilitam a ade-
são de empresas de diversos segmentos, destes pequenos negócios até empresas de
grande porte. A facilidade é oferecida à empresa pelo fato de poder contratar, numa
única apólice, as coberturas para a maioria dos riscos a que está sujeito. As apólices
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
149
SEGURO DPVAT
Seguros de Pessoas
150 UNIDADE IV
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
• Se o pagamento do Seguro DPVAT não estiver em dia, o veículo não
será considerado devidamente licenciado e o proprietário deixa de ter
direito à cobertura. Mas as vítimas estarão cobertas.
É importante frisar que o DPVAT somente cobre danos pessoais causados por
acidentes de trânsito. Não é coberto nenhum tipo de danos materiais.
Em, os valores estabelecidos para indenização pelo DPVAT, por vítima, são
os seguintes:
• Morte R$ 13.500,00
• Invalidez Permanente até R$ 13.500,00
• DAMS (Despesas Médicas e Hospitalares) até R$ 2.700,00
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
151
Você sabia que ao pagar o DPVAT (seguro), não garante apenas o pagamen-
to de indenização para si, mas também para os passageiros e pedestres, em
caso de acidente envolvendo o seu veículo? Você também contribui com a
saúde brasileira e com campanhas de prevenção de acidentes de trânsito.
Pagar o Seguro DPVAT é mais do que estar em dia com a lei. É estar em dia
com a cidadania.
Para saber mais, acesse: <https://www.seguradoralider.com.br/Pages/infor-
macoes-gerais-sobre-o-pagamento.aspx>.
fonte: os autores.
Seguros de Pessoas
152 UNIDADE IV
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Caro(a) aluno(a), esta unidade te levou a conceitos que, tenho certeza, foram
novos. Afinal, não é muito comum falar sobre atuária e seguro.
O mundo dos seguros é fascinante, mas também é um pouco mais complexo
do que você tinha imaginado! É perfeitamente possível entendermos as bases da
arquitetura desses seguros, dessas rendas e suas vantagens.
Nesta unidade, você obteve o conceito de seguro dotal. Na verdade, trata-se, a
grosso modo, de uma aposta do segurado contra a seguradora. O segurado “aposta”
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que vai sobreviver até uma idade x e, neste caso, receber em vida a importância segu-
rada. A seguradora “aposta” que isso não vai acontecer e, portanto, não terá que pagar
esta importância segurada. É um seguro de pagamento único e com data estipu-
lada para recebimento da indenização, caso o segurado sobreviva, evidentemente.
Há diversos outros tipos de seguros que são comercializados. Cada qual leva
em conta as necessidades e expectativas dos segurados. Alguns, como o próprio
seguro dotal, também abre para a possibilidade de que a indenização seja paga
para beneficiários indicados em caso de morte do segurado. O seguro no caso
de morte é o mais conhecido no mercado do ramo vida.
Para os empregados de algumas empresas, abre-se a possibilidade da con-
tratação de um seguro de vida em grupo, o que é muito interessante, pois os
prêmios pagos pelos segurados costumam ser menores do que seguros indivi-
duais, pela força de negociação que um grupo tem com a seguradora. Mas um
alerta: caso o empregado se desligue da empresa, não há como manter o vínculo
ao seguro, pois ele tem como estipulante a empresa a cujo quadro funcional a
pessoa não pertence mais.
Esperamos que você tenha percebido que todos os cálculos demonstrados na
unidade têm uma lógica simples, embora sejam cálculos financeiros que exigem
atenção: a questão de fluxo de caixa, ou seja, as rendas obtidas em relação aos
desembolsos programados. Tudo isso, é claro, acrescido da devida taxa de juros.
Na próxima unidade, veremos produtos financeiros, que têm grande ade-
são por investidores de todos os tipos e, sim, utilizam também a atuária para
sua comercialização.
Bons estudos!
INTRODUÇÃO À ATUÁRIA
153
Contabilidade Atuarial
Silney Souza
Editora: Intersaberes
Sinopse: atualmente, no Brasil, percebemos que o mercado
para profissionais que atuam com contabilidade atuarial vem
se expandindo consideravelmente. Trata-se, no entanto, de
uma área que ainda suscita muitos questionamentos, os quais
carecem de explicações objetivas e simples. Esclareça aqui suas
dúvidas sobre diversos aspectos relacionados ao segmento
atuarial, conhecendo sua origem e evolução histórica, e saiba
como funciona a previdência social brasileira e os benefícios
disponibilizados ao contribuinte. Com base nisso, você poderá
compreender melhor as atribuições e responsabilidades do
atuário.
Material Complementar
158
REFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS ON-LINE
1
Em: <http://www.tudosobreseguros.org.br/>. Acesso em: 22 set. 2018.
2
Em: <http://www.santiagoseguros.com.br/ansef/tabela.php>. Acesso em: 24 set.
2018.
3
Em: <https://simuladorfinanciamento.info/seguro-dpvat/>. Acesso em: 22 set.
2018.
4
Em: <http://www.tudosobreseguros.org.br/tss-tipos-de-seguros/>. Acesso em: 22
set. 2018.
GABARITO
1. D.
2. A.
3. Pelo seguro dotal, o participante constituirá uma reserva, que será atualizada
atuarialmente, e a que terá direito a partir de sua sobrevivência após a idade
constante no contrato.
4. Pelo seguro dotal, o participante constituirá uma reserva, que será atualizada
atuarialmente, e a que terá direito a partir de sua sobrevivência após a idade
constante no contrato.
5. No caso de seguros por sobrevivência, se a tábua prevê um índice de mortali-
dade baixo numa determinada idade, o atuário precificará o valor dos prêmios
levando em conta esse fato, o que acarretará valores mais elevados de prêmios a
serem pagos. Isso porque o pagamento da renda vitalícia ao sobrevivente pode
ser por um período extenso, que deve ser considerado. Caso isso não seja feito,
os valores constituídos como reserva para pagamento dessa renda não serão
suficientes, implicando em prejuízos para a seguradora.
Professora Me. Juliana Moraes da Silva
Professor Me. Paulo Pardo
V
PRODUTOS FINANCEIROS
UNIDADE
E GERENCIAMENTO DE
RISCOS ATUARIAIS
Objetivos de Aprendizagem
■■ Conhecer os principais produtos financeiros disponíveis no mercado.
■■ Entender os riscos associados a produtos financeiros.
■■ Conceituar e contextualizar o risco atuarial.
■■ Compreender os tipos de riscos envolvidos em seguridade.
■■ Estabelecer a importância da gestão de risco atuarial.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■■ Produtos Financeiros
■■ Riscos do Investimento em Fundos
■■ Provisões Técnicas e Limites Operacionais
■■ Exposição aos Riscos
■■ A Gestão de Risco Atuarial
163
INTRODUÇÃO
do que outra. Pode ser que um cliente tenha interesse em aplicar seus recursos
em um fundo de investimento qualquer. Quem determinará a rentabilidade desse
fundo? Quem irá calcular os riscos envolvidos na carteira desse fundo de inves-
timento? Isso mesmo: é o atuário.
Outro objeto importante das ciências atuariais tem a ver com o equilíbrio
econômico-financeiro das empresas seguradoras e das empresas de previdência.
Pense na importância disso. São contratos firmados por pessoas ou empresas
com seguradoras que preveem um horizonte de tempo bastante extenso. Alguns
casos podem chegar a 30, 40 anos ou mais de vinculação a um seguro ou plano
de previdência.
Já pensou se no momento de exercer o direito a uma indenização ou benefí-
cio, a empresa seguradora não tiver condições de arcar com esse compromisso?
IsTo seria desastroso! O sistema cairia em descrédito. As pessoas se sentiriam
inseguras e desesperadas. Um caos!
Bem, pensando sobre isso, os atuários calculam níveis de risco a que suas
empresas estarão expostas e procuram precificar os produtos comercializados
de forma que seja possível remunerar as empresas pelos seus serviços, ao mesmo
tempo em que constituem as reservas destinadas aos pagamentos dos riscos.
Nesta última unidade, vamos conhecer alguns produtos financeiros e consi-
derar como são constituídas as reservas pelas empresas, que ferramentas existem
para mitigar os riscos de seguros e alguns conceitos importantes sobre riscos.
Bons estudos!
Introdução
164 UNIDADE V
PRODUTOS FINANCEIROS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
CERTIFICADO DE DEPÓSITO
BANCÁRIO (CDB)
POUPANÇA
Produtos Financeiros
166 UNIDADE V
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
contratadas a taxas de mercado.
■■ 20% em encaixe obrigatório do Banco Central.
■■ Os recursos remanescentes em disponibilidades financeiras e em outras
operações admitidas nos termos da legislação e da regulamentação em
vigor.
Fonte: os autores.
FUNDOS DE INVESTIMENTO
Produtos Financeiros
168 UNIDADE V
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com o menor nível de risco. Dependendo do tipo de fundo, as carteiras, geralmente,
podem ser mais diversificadas ou menos diversificadas, podendo conter ativos de
diversos tipos, tais como ações, títulos de renda fixa, títulos cambiais, derivativos ou
commodities negociadas em bolsas de mercadorias e futuros, dentre outros.
Todo o dinheiro aplicado nos fundos é convertido em cotas, que são distribuídas
entre os aplicadores ou cotistas, que passam a ser proprietários de partes da carteira,
proporcionais ao capital investido. O valor da cota é atualizado diariamente, e o cál-
culo do saldo do cotista é feito multiplicando o número de cotas adquiridas pelo
valor da cota no dia. O dinheiro aplicado nos fundos é utilizado para a compra de
títulos diversos, por exemplo, ações, títulos públicos, certificados de depósitos ban-
cários (CDB) etc., conforme a política de investimento de cada fundo.
Uma das principais vantagens de se investir em fundos é a comodidade para
o investidor, que prefere deixar sob os cuidados de especialistas a gestão de seus
recursos. Uma equipe de gestores acompanha e analisa o mercado diariamente
em busca de boas oportunidades de investimento, o que, muitas vezes, o investi-
dor não tem tempo e nem condições de fazer. Em virtude do volume de dinheiro
que capta, o fundo consegue taxas mais vantajosas em várias operações do que
um pequeno e médio investidor individualmente conseguiria.
Os fundos são investimentos com alta liquidez, o que permite, na grande
maioria dos casos, saques a qualquer momento sem nenhum tipo de carência. A
exceção mais importante é no caso dos fundos fechados, os quais não admitem
resgate de cotas, apenas a venda das cotas no mercado secundário. A rentabili-
dade de cada fundo é determinada pela estratégia de investimento adotada pelo
gestor, que deve respeitar as características definidas no seu estatuto. Existem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Retorno e risco são duas variáveis que andam juntas no mundo dos investi-
mentos. Quanto maior a possibilidade de retorno maior o risco envolvido. Por
exemplo, fundos que investem mais do que seu patrimônio no mercado futuro
e que podem ter alta rentabilidade em certos períodos, trazem consigo um alto
risco e a possibilidade de rendimentos negativos durante algum período. Os fun-
dos mais conservadores procuram garantir mais segurança aos seus investidores
e, portanto, rentabilidades menores.
Sem dúvida, uma regra que confere uma transparência maior ao investidor, tem
a ver com a gestão dos recursos em fundos de investimento. Você sabia, por
exemplo, que os fundos de investimento têm que ter uma escrituração contábil
própria, para evitar conflito de interesses e também para assegurar a segrega-
ção entre a gestão dos recursos da instituição administradora e os recursos de
terceiros, ou seja, o patrimônio do fundo? Essa regra é conhecida no mercado
financeiro como Chinese Wall, ou Muralha da China.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A instituição administradora do fundo de investimento é a responsável pela
contabilização e pelo controle do ativo e passivo do fundo. No caso do passivo,
representa as fontes de recursos do fundo, o qual é constituído dos valores devidos
aos cotistas mais as taxas e demais encargos a pagar. No caso do ativo, repre-
sentam-se as aplicações financeiras do fundo em títulos e valores mobiliários.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
recebíveis, e esses fundos possuem uma regulamentação própria (Instru-
ção CVM 356/2001 e 399/2003 e suas modificações).
Conforme Souza (2007), essa classificação pode ser descrita da seguinte forma:
Provisões Técnicas Comprometidas: englobam os prêmios não ga-
nhos e os sinistros ocorridos, mas ainda não pagos. A provisão de sinis-
tros a liquidar é constituída com base em estimativas do valor provável
dos pagamentos, baseada nos avisos recebidos até a data do balanço.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
corresponder, na data de sua avaliação, à quantia total das indeniza-
ções a pagar por sinistros ocorridos, relativos aos seguros, cosseguros,
resseguros e retrocessões aceitos pela sociedade, deduzidas as parcelas
correspondentes às recuperações de resseguros cedidas.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Outra situação é a diferença entre o preço de seguros para homens e mulhe-
res. Geralmente, o custo para as mulheres é menor, pois elas são consideradas
mais prudentes, envolvem-se menos em colisões, e quando estas acontecem,
geralmente são danos de menor monta do que para os homens, além do que as
mulheres costumam não dirigir após beber.
Essa diferença de preços é a filosofia atual das seguradoras, que contratam seguros
com base no perfil do contratante. Esta é uma atitude prudente das segurado-
ras, que se resguardam em se expor a riscos elevados demais, os quais poderiam
comprometer sua capacidade econômico-financeira.
De acordo com Souza (2007), podemos identificar dois elementos essenciais
quando falamos de riscos em seguros. São esses:
[...] os riscos ordinários – os riscos que podem ser segurados – e riscos
extraordinários – os riscos não seguráveis, ou seja, que não se subme-
tem a uma regularidade estatística, por serem tão incontroláveis e im-
previsíveis, reduzindo sobremaneira ou, mesmo, anulando as chances
de se encaixarem nos planos de seguro.
Como saber a exposição máxima ao risco que uma seguradora pode assumir?
Algumas considerações devem ser feitas; uma delas é considerar sua capacidade
operacional. Souza (2007, p. 71) menciona que o grau máximo de responsabi-
lidade que uma seguradora pode assumir “está diretamente relacionado ao seu
patrimônio líquido ajustado (PLA) (Resolução CNSP 82/02), isto é, capital
social e reservas, livres de quaisquer ônus”.
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Este valor é que determinará, na verdade, qual será seu limite operacional.
Esse limite é calculado a cada trimestre, baseando-se nos ativos de 30 de junho
a 31 de dezembro de cada ano e vigora de 01 de outubro do mesmo ano ao dia
01 de abril do ano seguinte (SOUZA, 2007).
Sobre limite operacional, temos ainda outra classificação:
O Limite Técnico: são limites fixados por ramo de seguros e que variam entre
10% a 100% do limite operacional. O IRB estabelece um limite técnico mínimo
por ramo de seguro e as seguradoras não podem estabelecer seus limites técni-
cos em valores inferiores a essa referência. Conforme Souza (2007), a companhia
seguradora deve requerer semestralmente à SUSEP a aprovação do limite opera-
cional, e para o IRB, o limite técnico que pretende operar em cada ramo de seguro.
Algumas situações de seguro podem ser encaradas pela seguradora como
acima de sua capacidade ou com risco elevado demais para sua política de segu-
ros. No entanto, negocialmente falando, pode ser um bom negócio.
Imagine quanto custaria o seguro de uma plataforma de petróleo, de um
navio de cargas, de uma planta industrial, por exemplo. Sem dúvida, analisando
pelo aspecto negocial, o retorno para a seguradora pode ser muito interessante.
No entanto assumir sozinha este risco, e caso o sinistro ocorra, as consequên-
cias poderiam ser catastróficas. Como lidar com situações assim? Na verdade, as
seguradoras valem-se de alguns mecanismo que elencamos na Quadro 2 seguinte:
MECANISMOS
DE MITIGAÇÃO CARACTERÍSTICAS OPERACIONALIZAÇÃO
DE RISCO
Operação na qual se reparte O segurador oferece participação a uma
um determinado risco de um ou mais congêneres. Esta aceitando,
determinado segurado entre o segurador torna-se líder e emite a
duas ou mais seguradoras. apólice cobrindo totalmente o risco e
No cosseguro, são emitidas mencionando expressamente no seu
tantas apólices quantas contexto, em folha separada, os nomes
forem as seguradoras envol- e percentuais de cada participante. As
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
vidas, ou apenas uma apólice responsabilidades das seguradoras
para uma das companhias, vigoram, dessa forma, simultaneamen-
denominada líder. te, sobre os mesmos bens e cobrindo os
Assim, no cosseguro, há sem- mesmos riscos proporcionalmente.
pre mais de um segurador. O procedimento de repasse do valor
Cosseguro Cada um deles será responsá- do prêmio arrecadado pela empre-
vel por uma parte do total se- sa líder (segurador) é efetuado por
gurado e do total do prêmio intermédio do banco recebedor dos
(dividido de acordo com a prêmios de seguro e repassado para as
quota de cada segurador). companhias seguradoras participantes
dos prêmios de acordo com posição
informada pela seguradora líder.
O segurado não necessariamente toma
ciência dessa operação, já que é a ope-
radora líder que fará o pagamento.
Em caso de não ser honrado por uma
das seguradoras, as demais se respon-
sabilizam pela cota de indenização.
Souza (2007) informa que a seguradora não é obrigada a aceitar toda a retro-
cessão, porém é obrigada a aceitar, no mínimo, 50% do que lhe foi oferecido.
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A GESTÃO DE RISCO ATUARIAL
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
A dificuldade do trabalho do atuário justamente está nos fenômenos sociais
mutáveis e num componente sobre o qual ele consegue apenas fazer previsões:
o futuro. Infelizmente, não temos ainda uma máquina do tempo que nos possa
dizer exatamente que eventos ocorrerão no futuro. É preciso estimá-los. Esta
estimativa é tão mais difícil quanto maior o horizonte de tempo considerado.
Se dizer se haverá chuva ou sol
nos próximos sete dias é teme-
rário, imagine prever como será
a perspectiva da população num
futuro de 30, 50 ou 100 anos.
É exatamente esta falta de
precisão que dá ao trabalho
do atuário uma responsabili-
dade enorme, pois lida com a
saúde financeira da empresa que
está vinculado e com a vida e
o patrimônio de todos os que
confiaram na companhia segu-
radora ou de previdência para
lhes dar tranquilidade.
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Especulativos Comercial
Financeiro
RISCOS DE MERCADO
RISCO DEFINIÇÃO
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RISCOS OPERACIONAIS
RISCO DEFINIÇÃO
Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de
Equipamento terceiros devido a falhas nos seus sistemas (telefônicos, elétricos, com-
putacionais etc.).
Perdas potenciais de uma empresa de administração de recursos de
Obsolescência terceiros devido à obsolescência de seus sistemas (de software, de
hardware, telefônicos, elétricos etc.).
RISCOS DE CRÉDITO
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do pagamento, não honra o compromisso assumido.
No Brasil, as elevadas taxas de inadimplência verificadas pelas instituições
bancárias são uma prova de que este é um risco bem real e frequente.
Veja algumas subáreas do risco de crédito:
Quadro 5 - Terminologia de risco de crédito
RISCO DEFINIÇÃO
Perdas potenciais decorrentes de uma contraparte não
INADIMPLÊNCIA poder fazer os pagamentos devidos de juros ou principal no
vencimento destes.
Perdas potenciais devido ao rebaixamento do rating de uma
DEGRADAÇÃO
contraparte.
Perdas potenciais devido à redução do valor de mercado das
GARANTIA
garantias de um empréstimo.
Perdas potenciais decorrentes de uma mudança na política
SOBERANO nacional de um país que afete sua capacidade de honrar
compromissos.
Perdas potenciais diante da concentração da exposição de
CONCENTRAÇÃO
crédito em poucas contrapartes.
Fonte: Duarte Júnior (2008).
RISCOS LEGAIS
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Com a finalidade de entender a análise e o cálculo do risco pelo atuário, veja-
mos: uma pessoa de 40 anos pretende receber por cinco anos uma quantia de-
terminada em contrato, para isso, está previsto nas cláusulas do contrato que o
segurado pagará por 20 anos para a seguradora o valor do prêmio, após o tér-
mino do período de diferimento, o segurado receberá o valor (anual) estipulado
em contrato. No prêmio que a pessoa pagará, será acrescido o valor das despe-
sas e custos envolvidos na operação. O atuário irá adicionar valores ao prêmio
sobre alguns riscos que a seguradora está exposta, tais como: risco biométrico;
risco de mercado; risco operacional; risco atuarial.
Fonte: Weintraub, et. al. (2015, on-line).
Numa instituição financeira, por exemplo, poderia ocorrer uma situação em que
os clientes perdessem recursos num fundo de investimentos e entrassem com
uma ação na Justiça contestando as condições do Termo de Adesão ao fundo.
Veja algumas subáreas do risco legal:
Quadro 6 - Terminologia de risco legal
RISCO DEFINIÇÃO
Perdas potenciais devido a penalidades impostas por regulamen-
LEGISLAÇÃO tação ou processos de clientes contra a empresa de administra-
ção de recursos de terceiros.
Perdas potenciais decorrentes da criação de novos tributos ou da
TRIBUTÁRIO
mudança na interpretação dos tributos existentes.
Perdas potenciais decorrentes de contratos omissos ou mal redi-
CONTRATO
gidos (sem o devido amparo legal).
Fonte: Duarte Júnior (2008).
Os outros dois tipos de riscos para planos de benefício que destacamos são:
Quadro 7 - Tipos de riscos
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
quanto a outra parte, que terá o ônus decorrente das ações da contraparte.
São riscos de correlação entre entes econômicos, no caso, coligados:
a) Fundo de Pensão: a má administração de ativos em um Fundo
de Pensão pode fazer com que o patrocinador tenha de arcar com
aportes ou novos fluxos de capital em direção ao seu Fundo de Pen-
Risco Institu- são, fazendo com que haja perda de eficiência em seus resultados.
cional A consequência direta será a perda de valor da empresa patrocina-
dora.
b) Patrocinador: a incapacidade de o patrocinador honrar compro-
missos com o seu Fundo de Pensão ou retrair seu interesse em man-
tê-lo como estímulo à qualificação e manutenção de mão-de-obra,
pode levar o Fundo de Pensão a perder valor (credibilidade) frente a
seus participantes. Estes tenderão a não mais investir seus recursos
em contribuições, podendo retirar seu direito acumulado pela via
da portabilidade ou não aderir ao Plano de Benefícios.
Corresponde à possibilidade de as premissas assumidas pelo atuário
Risco Biomé-
para eventos como mortalidade, invalidez e morbidez dos participan-
trico
tes não se realizarem como previsto.
Fonte: adaptado de Rodrigues (2008).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a)! Tenho certeza que ao final desta unidade, você relembrou
suas visitas ao seu banco, das conversas que talvez tenha tido com seu gerente
sobre investimentos. Mesmo que você não tenha uma conta em banco, os pro-
dutos que tratamos nesta unidade não são desconhecidos. Na verdade, muitos
são bastante populares.
Tome o caso do CDB. O CDB é um produto muito popular entre investi-
dores que têm perfil conservador. Ele é bastante tradicional e oferece ganhos,
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Considerações Finais
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Para você conhecer esse “mundo atuarial” completo, assista a este documentário.
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=NhYZtOQOmcg>.
201
REFERÊNCIAS
1. O aluno deverá pesquisar sobre a área atuarial, que não é nova, mas o mercado
é carente de profissionais.
2. O investidor recebe, no vencimento, a remuneração negociada, conhecida ante-
cipadamente e constante no contrato. Nesta modalidade, não existe exigência
legal de prazo mínimo. Esta definição fica a cargo de cada instituição financeira.
3. C.
4. C.
5. E.
CONCLUSÃO
Bem, caro(a) aluno(a), espero que você tenha de fato aproveitado o conteúdo des-
tas unidades. A pesquisa que procuramos fazer é apenas um recorte do imenso
campo de estudos que são as ciências atuariais, a perícia contábil e a arbitragem.
Focamos mais nos conceitos, na legislação e nas normativas, não consideramos,
propositalmente, os cálculos periciais nem os atuariais. Vamos lembrar um pouco
do que vimos nessas unidades?
Na Unidade I, você foi apresentado(a) à perícia contábil, área fascinante e de gran-
de expansão no mercado nacional. Abordamos conceitos e formas de perícia, bem
como a evolução da legislação acerca da área.
Por sua vez, na Unidade II, continuamos a tratar sob perícia contábil, mas direciona-
mos os nossos estudos para as normas brasileiras de contabilidade técnicas, apre-
sentando você como devem ser adotados os procedimentos de planejamento e
execução da perícia contábil.
A arbitragem, mediação e negociação, são modelos de resolução de conflitos abor-
dados na unidade III. A arbitragem, enquanto função regulamentada, corresponde
a uma grande possibilidade profissional para pessoas dotadas de grande conheci-
mento técnico.
Na unidade IV, demos um giro de 360°, vimos o desenvolvimento das ciências atu-
ariais e do conceito de seguros como o conhecemos atualmente. Foi importante
considerar que a origem dos seguros tem a ver com o desejo natural humano da
preservação pessoal e dos seus bens ou patrimônio.
Na unidade V consideramos os produtos financeiros em cuja formatação está pre-
sente os estudos atuariais. Muitos desses produtos você já certamente conhecia.
No entanto, saber que a precificação dos serviços e a rentabilidade são fruto do
trabalho do atuário pode ter sido novidade para muitos de nós. Estudamos também
a importância do papel do atuário para mensuração dos riscos e as principais estra-
tégias utilizadas para gerenciar os riscos.
Assim, concluímos esta disciplina cientes de que não exploramos totalmentes as
funções de perito, árbitro e atuário, mas com a certeza de que ela lhe será útil na sua
vida profissional. O trabalho do perito, árbitro ou atuário, somente estará completo
quando entender a multidisciplinaridade em que está mergulhado.
É assim, que você vai crescer profissionalmente.
Muito sucesso!
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