Contabilidade Gerencial

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Contabilidade

Gerencial

www.esab.edu.br
Contabilidade Gerencial

Vila Velha (ES)


2013
Escola Superior Aberta do Brasil

Diretor Geral
Nildo Ferreira
Diretora Acadêmica
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Núcleo de Educação a Distância
Beatriz Christo Gobbi
Coordenadora do Curso de Administração EAD
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Coordenador do Curso de Pedagogia EAD
Claudio David Cari
Coordenador do Curso de Sistemas de Informação EAD
David Gomes Barboza

Produção do Material Didático-Pedagógico


Delinea Tecnologia Educacional / Escola Superior Aberta do Brasil

Diretoria Executiva Design Educacional


Charlie Anderson Olsen Aline Batista
Larissa Kleis Pereira Marlete Vieira
Margarete Lazzaris Kleis Revisão Gramatical
Conteudista Bárbara Seger Zeni
Daniel Sonaglio Daniela Piantola
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Tiago Costa Pereira
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Supervisão de Revisão Gramatical Neri Gonçalves Ribeiro
Andréa Borges Minsky
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Coqueiral de Itaparica - Vila Velha, ES
CEP 29102-040
Apresentação
Caro estudante,

Seja bem-vindo à disciplina de Contabilidade Gerencial. No decorrer deste estudo


veremos a importância dessa área contábil no processo diário de administração de
uma entidade e como a Contabilidade está relacionada com a Administração. Elas
andam de mãos dadas na administração de empreendimentos em todas as áreas,
sejam privados, públicos ou organizações sem fins lucrativos. Você já descobriu que
a contabilidade é a ciência que tem como objeto de estudos o patrimônio. E, como
futuro administrador, provavelmente você terá o patrimônio de uma entidade para
gerir. Então, aproveite ao máximo esta disciplina, cujo conteúdo tem como finalidade
despertar você para a sinergia que há entre essas duas belas ciências. Neste material,
utilizaremos as obras dos autores Atkinson et al. (2010), Horngren, Datar e Foster
(2004), Matarazzo (2010), Müller (2009) e Padoveze (2010).

Bom estudo!
Objetivo
Compreender os fundamentos da contabilidade gerencial, diferenciando-a da
contabilidade financeira.

Habilidades e competências
• Identificar o que é contabilidade gerencial.
• Interpretar os demonstrativos financeiros das organizações.
• Analisar a situação econômico-financeira das organizações através dos diversos
índices.
• Compreender a estrutura das demonstrações econômicas e financeiras.
• Entender a consolidação das demonstrações econômicas e financeiras.
• Entender os índices de avaliação de empresa.

Ementa
Contabilidade gerencial. Estrutura das demonstrações econômicas e financeiras.
Preparação e consolidação das demonstrações. Análise vertical e horizontal. Saldo
de tesouraria. Efeito tesoura. Análise e controle financeiro. Liquidez. Rentabilidade.
Sumário
1. Entendendo a contabilidade gerencial.............................................................................7
2. A contabilidade gerencial como sistema de informação contábil...................................14
3. Monitoramento da estratégia: Balanced Scorecard e Gestão de Riscos............................22
4. Revisando as principais contas do Balanço Patrimonial..................................................29
5. Revisando as principais contas da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)........36
6. Revisando as principais contas da Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC)..................40
7. Consolidação das demonstrações financeiras.................................................................46
8. Procedimentos para consolidação das demonstrações financeiras.................................51
9. Principais ajustes na consolidação das demonstrações financeiras................................55
10. Exercícios resolvidos.......................................................................................................63
11. Objetivos da análise das demonstrações financeiras......................................................70
12. Padronização das demonstrações financeiras................................................................75
13. Modelo de padronização das demonstrações financeiras...............................................81
14. Análise vertical – parte I................................................................................................88
15. Análise vertical – parte II...............................................................................................92
16. Análise horizontal – parte I............................................................................................96
17. Análise horizontal – parte II.........................................................................................101
18. Relação entre análise vertical e análise horizontal.......................................................107
19. Exercícios resolvidos.....................................................................................................114
20. Análise referencial.......................................................................................................126
21. Análise através de índices............................................................................................131
22. Análise financeira básica..............................................................................................137
23. Tesouraria líquida.........................................................................................................146
24. Ativo e Passivo de tesouraria........................................................................................151
25. Saldo de tesouraria......................................................................................................155
26. Efeito tesoura...............................................................................................................160
27. Efeito tesoura como indicador de tendências...............................................................164
28. Overtrade ou overtrading..............................................................................................169
29. O papel dos índices de balanço....................................................................................173
30. Descrição detalhada dos índices...................................................................................178
31. Conceito de necessidade de capital de giro..................................................................185
32. Causas da modificação da necessidade de capital de giro............................................191
33. Análise da necessidade de capital de giro....................................................................199
34. Administração do capital de giro..................................................................................206
35. Exercícios resolvidos.....................................................................................................211
36. Indicadores de liquidez................................................................................................220
37. Liquidez geral..............................................................................................................226
38. Liquidez corrente.........................................................................................................231
39. Liquidez seca...............................................................................................................236
40. Liquidez imediata........................................................................................................243
41. Exercícios resolvidos.....................................................................................................248
42. Índice de solvência.......................................................................................................255
43. Indicadores de rentabilidade........................................................................................261
44. Giro do Ativo e Margem Líquida...................................................................................265
45. Rentabilidade do Ativo (ROA ou ROI)............................................................................272
46. Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE).................................................................278
47. Alavancagem financeira...............................................................................................284
48. Exercícios resolvidos.....................................................................................................290
Glossário.............................................................................................................................298
Referências.........................................................................................................................305
Entendendo a contabilidade
1 gerencial
Objetivo
Compreender o que é contabilidade gerencial.

Na disciplina de Contabilidade você aprendeu que o objeto de estudo


dessa disciplina é o patrimônio de uma entidade. Essa entidade pode ser
uma empresa, uma pessoa física, uma organização sem fins lucrativos, um
órgão público, entre outras. O importante é que seja possível identificar e
separar o patrimônio dessa entidade dos demais patrimônios.

A partir desta unidade, vamos juntos desvendar a contabilidade


gerencial e aprender como ela contribui para a gestão de uma entidade.

Também é importante que você consiga identificar quem são os usuários


da informação contábil. Normalmente, quando se fala em demonstrativos
contábeis, rapidamente associamos a relatórios com muitos números e
com algumas palavras um pouco distantes do nosso dia a dia.

Esses relatórios são os chamados demonstrativos financeiros, e toda entidade é


obrigada a emiti-los para atender a legislação comercial, a legislação societária e, em
alguns casos, legislações específicas ao setor em que a entidade está atuando – por
exemplo, uma empresa de distribuição de energia elétrica deverá atender a legislação
emanada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).

Os demonstrativos financeiros obrigatórios têm a função de atender


o chamado público (usuário) externo à entidade, como acionistas,
bancos, governo, agências reguladoras, investidores, financiadores, entre
outros. Esses demonstrativos são apresentados de uma forma resumida
(sintética), sem detalhar informações sobre a operação da entidade.

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Os demonstrativos obrigatórios, conforme a Lei nº 6.404/76, são:

• Balanço Patrimonial (BP);


• Demonstração de Resultado do Exercício (DRE);
• Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA);
• Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC);
• Demonstração do Valor Adicionado (DVA).
A Lei nº 6.404/76 rege as chamadas Sociedades por Ações, que podem
ser de capital fechado ou capital aberto. As empresas de capital aberto
são aquelas cujas ações são negociadas em Bolsa de Valores. Essa Lei foi
atualizada recentemente pelas Leis 11.638/07 e 11.941/09, com vistas
à adaptação ao novo padrão das normas contábeis brasileiras que estão
em processo de convergência ao padrão internacional de contabilidade,
conhecido como IFRS.

Neste momento, podemos falar de uma das características que


diferenciam a contabilidade geral da contabilidade gerencial: os usuários.
Enquanto a primeira é destinada ao usuário externo, a segunda é
destinada ao usuário interno.

E quem seriam os usuários internos?

Podemos dizer que todos os colaboradores são usuários de algum tipo


de informação contábil gerencial, desde a área mais operacional até o
comando geral da entidade.

Você pode associar o seguinte exemplo para a informação contábil


gerencial: imagine um posto de combustível que faça parte de uma rede
de postos e que esteja próximo da sua residência. Ele tem no seu quadro
de funcionários os seguintes cargos: frentista, gerente de posto, gerente-
geral da rede de postos e os proprietários (sócios).

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Cada um desses usuários terá necessidades específicas de informação
contábil gerencial para a execução de seu trabalho. O frentista precisa
saber diariamente como está sua meta de vendas, quantas unidades
do óleo lubrificante e de palhetas ele vendeu no dia anterior e se está
no caminho para atingir seus objetivos de venda do mês e alcançar a
comissão a ser recebida com o próximo salário. Ou seja, um relatório
simples de unidades vendidas atende as suas demandas de informação.

O gerente de posto precisa saber como está a produção de vendas


de todos os frentistas, da loja de conveniência e da troca de óleo. As
informações são um pouco mais resumidas e abrangem toda a operação
do posto. Já o gerente-geral tem interesse em saber as informações de cada
posto da rede, para detectar qual deles está com melhor rentabilidade,
qual está necessitando de um ajuste no fluxo de caixa ou investimentos.
Para os proprietários, o interesse está na rentabilidade e na lucratividade
da rede de postos, está em saber se o capital investido é remunerado
conforme desejado, se o planejamento estratégico é executado conforme
se deseja e se os objetivos traçados estão sendo alcançados.

Perceba que cada um desses usuários tem necessidades de informação


diferentes. Essas informações que são retiradas da contabilidade e
tratadas com a intenção de atender as necessidades informacionais de um
determinado usuário são o que chamamos de informações contábeis
gerenciais. São informações tratadas porque o seu nível de detalhamento
é maior quando comparado ao dos demonstrativos obrigatórios.
Também podem ser elaboradas de maneiras diferentes, porque não serão
enviadas para nenhum usuário externo. São informações que circulam
dentro da entidade.

“Contabilidade gerencial é o processo de identificar, mensurar, reportar e analisar


informações sobre os eventos econômicos das empresas.” (ATKINSON et al., 2010, p. 36).

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Conforme a Associação Nacional dos Contadores dos Estados Unidos,
como descrito por Padoveze (2010, p. 33) e por Atkinson et al. (2010,
p. 67), citando o Institute of Management Accounting (Instituto de
Contadores Gerenciais), a contabilidade gerencial é definida como:

[…] o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação,


interpretação e comunicação de informações financeiras usadas pela administração
para planejar, avaliar e controlar dentro de uma empresa e assegurar uso apropriado e
responsável de seus recursos.

Veja a extensão da definição dada para a contabilidade gerencial. Você, na


condição de futuro administrador de uma entidade, já deve ter percebido
o quão importante é ter essa ferramenta para auxiliá-lo nas tomadas de
decisão dentro da entidade que irá administrar.

Anthony Atkinson (1979 apud PADOVEZE, 2010, p. 33) é objetivo


ao afirmar que “[...] a contabilidade gerencial [...] preocupa-se com a
informação contábil útil à administração”.

Ou seja, informações sem utilidade não trazem benefícios. A informação


tem que ser útil e ser desejada. Outro fator importante é o custo para
elaborar determinada informação. Se buscarmos determinada informação
e ela custar mais do que o benefício que ela traria, é necessário rever a
efetiva necessidade dessa informação.

1.1 Técnica ou ação


É importante lembrar a você que somente haverá contabilidade gerencial
dentro de uma entidade, independentemente do seu tamanho e de
sua atividade, se houver mão de obra qualificada que consiga traduzir
os conceitos contábeis em atuação prática. A contabilidade gerencial
está diretamente associada à gestão da informação contábil. Lembre-se
de que gerenciamento é uma ação! Portanto, contabilidade gerencial
significa o uso da contabilidade como instrumento da administração, ou
seja, se temos a contabilidade e temos a informação contábil, mas não
as utilizamos no processo administrativo, no processo gerencial, então
temos apenas uma contabilidade financeira (PADOVEZE, 2010).

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A principal função da contabilidade gerencial é auxiliar a gerência na tomada de
decisões. Identificar e quantificar os fatos contábeis para delimitar as ações dos
administradores deve ser o dia a dia do contador gerencial.

A informação contábil gerencial engloba dados financeiros e operacionais


sobre processos, atividades, unidades operacionais, produtos, serviços
e clientes. Como exemplo, podemos citar o custo calculado de um
produto, de uma atividade ou de um departamento, relativo a um
período de tempo recente (ATKINSON et al., 2010).

Há discussões quanto à efetiva classificação da contabilidade gerencial.


Seria ela um ramo da contabilidade ou seria um elo entre a contabilidade
e outras ciências? É importante destacar que a contabilidade gerencial, no
seu desenvolvimento em busca das informações úteis, utiliza-se de outros
ramos da própria contabilidade, da mesma forma que a contabilidade
financeira e a contabilidade de custos se utilizam de outras ciências, como
a economia, a administração, a estatística e as ciências comportamentais.
O importante é que, aplicados os conceitos da contabilidade gerencial,
essa ciência atinja seu objetivo, que é levar informação precisa e
atualizada aos diversos usuários, dando-lhes base para suas tomadas de
decisão, visando ao melhor desempenho da entidade.

A contabilidade gerencial trata a informação como um produto ou um


serviço da organização e considera seu maior cliente o público interno,
independentemente da posição hierárquica. Para o administrador ou
um tomador de decisões, seja na área operacional ou na área gerencial,
quanto mais detalhada for a informação utilizada na sua tomada de
decisão, mais precisos serão os resultados alcançados.

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1.2 Contabilidade financeira x contabilidade gerencial
É difícil saber ao certo quando a contabilidade gerencial nasceu. No
entanto, no início do século XX, a necessidade maior de controle das
indústrias fez nascer a contabilidade de custos, que pode ser considerada
a mãe da contabilidade gerencial, pois a partir dela as necessidades de
informação foram aumentando e lapidando os sistemas informacionais.

Para você visualizar melhor as diferenças básicas entre a contabilidade


financeira e a contabilidade gerencial, apresentamos a seguir (Quadro 1)
algumas características de ambas:

Contabilidade financeira Contabilidade gerencial


Externa: acionistas, credores, Interna: funcionários,
Clientela
autoridades tributárias. administradores, executivos.
Informar decisões internas tomadas
Reportar o desempenho passado pelos funcionários e gerentes; feedback
Propósito às partes externas; contratos com e controle sobre desempenho
proprietários e credores. operacional; contratos com
proprietários e credores.
Data Histórica, atrasada. Atual, orientada para o futuro.
Desregulamentada: sistemas e
Regulamentada: dirigida por regras
informações determinadas pela
e princípios fundamentais da
Restrições administração para satisfazer
contabilidade e por autoridades
necessidades estratégicas e
governamentais.
operacionais.
Mensuração física e operacional de
Tipo de Somente para mensuração
processos, tecnologia, fornecedores e
informação financeira.
competidores.
Natureza da Objetiva, auditável, confiável, Mais subjetiva e sujeita a juízo de
informação consistente, precisa. valor, válida, relevante, acurada.
Muito agregada; reporta dados de Desagregada; informa as decisões e
Escopo
toda a empresa. ações locais.

Quadro 1 – Características básicas das contabilidades financeira e gerencial.


Fonte: Adaptado de Atkinson et al. (2010).

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No quadro anterior conhecemos as diferenças entre as características
básicas das contabilidades financeira e gerencial, quanto a sua clientela e
suas necessidades.

Estudo complementar
Caro estudante, clique aqui para realizar a leitura
do artigo “Diferenciação entre a contabilidade
financeira e a contabilidade gerencial: uma
pesquisa empírica a partir de pesquisadores de
vários países”, e conheça mais sobre as principais
diferenças entre a Contabilidade Gerencial e a
Contabilidade Financeira.

Nesta unidade compreendemos o que é contabilidade gerencial e como


ela contribui para a gestão de uma entidade. Na próxima unidade
entenderemos como a contabilidade gerencial pode ser reconhecida como
sistema de informação contábil.

Pronto para seguir adiante?

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A contabilidade gerencial como
2 sistema de informação contábil
Objetivos
Entender como a contabilidade gerencial pode ser reconhecida como
sistema de informação contábil.

Na unidade anterior, você entendeu o que é a contabilidade gerencial e


como ela subsidia as tomadas de decisão, baseada em informações úteis
fornecidas aos diversos usuários internos. Ao final desta unidade, você
terá condições de entender como um sistema de informação gerencial
devidamente organizado entrega o produto, no caso a informação útil
e desejada, para quem é destinado dentro da entidade, a um custo
adequado e interessante.

Iniciemos com uma colocação de Padoveze (2010, p. 47):

[...] para se fazer, então, contabilidade gerencial, é mister a construção de um Sistema


de Informação Contábil Gerencial. Em outras palavras, é possível fazer e é possível ter
contabilidade gerencial dentro de uma entidade, desde que se construa um Sistema
de Informação Contábil.

Na unidade 1 você aprendeu que para existir contabilidade gerencial


em uma entidade é necessária a ação de implantar seus métodos,
suas ferramentas e seus artefatos, visto que administrar é gerenciar, e
gerenciar envolve agir. Diferentemente da contabilidade financeira,
cuja obrigatoriedade faz com que toda e qualquer entidade realize-a, a
contabilidade gerencial depende da administração. Vamos voltar um pouco
ao exemplo do posto de combustível, que abordamos na unidade 1.

Se o proprietário não está preocupado em atingir os objetivos, por que ele iria cobrar
mais informações ao gerente-geral?

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Na sequência, o gerente-geral não teria interesse em informações mais
detalhadas sobre a operação de cada unidade, e assim sucessivamente,
chegando até o frentista, que neste exemplo não teria nenhuma meta de
venda a ser cumprida e não teria a mínima noção de quantos produtos
automotivos vende por dia. Isso porque a empresa não tem foco na
excelência da administração e muito menos num sistema de informação
em funcionamento.

Atkinson et al. (1997 apud PADOVEZE, 2010, p. 34, grifo nosso)


conceituam o termo “contabilidade gerencial” e o associam à ideia de
sistemas de informação contábil:

Contabilidade gerencial – informação que cria valores – Sistemas contábeis


gerenciais efetivos podem criar valor considerável, pelo fornecimento de
informações acuradas e oportunas sobre as atividades necessárias para o sucesso
das organizações de hoje.

Nesse contexto, a tempestividade é outro fator importante a ser


considerado. A informação deve ser gerada e comunicada no tempo
certo. A contabilidade financeira, ou tradicional, traz consigo o peso de
estar sempre informando o passado.

Hoje, com softwares desenvolvidos para atender essa demanda de


informações, temos as informações praticamente on-line. Então, é
necessária a correta tabulação dessas informações para atender o público–
alvo, e é nesse momento que a figura do contador gerencial entra em cena.

A Federação Internacional dos Contadores (IFAC – International


Federation of Accountants), localizada nos Estados Unidos, apresenta
a evolução dos estágios da informação gerencial, conforme descrito por
Padoveze (2010). Desse modo, o campo da atividade organizacional
abarcado pela contabilidade gerencial foi desenvolvido por meio de
quatro estágios reconhecíveis:

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Estágio 1
Antes de 1950
O foco estava presente na determinação do custo e controle
financeiro, por meio do uso das tecnologias de orçamento e
contabilidade de custos.
Estágio 2
Por volta de 1965
O foco passou a ser o fornecimento de informações para o controle e
planejamento gerencial, por meio do uso de tecnologias, como
análise de decisão e contabilidade por responsabilidade.
Estágio 3
Por volta de 1985
A atenção foi focada na redução do desperdício de recursos usados
nos processos de negócios, por meio do uso das tecnologias de análise
do processo e administração estratégica de custos.
Estágio 4
Por volta de 1995
A ênfase foi atribuída à geração ou criação de valor por meio do uso
efetivo dos recursos e das tecnologias, tais como exame dos
direcionadores de valor ao cliente, valor para o acionista e inovação
organizacional.

O IFAC destaca, ainda, que cada estágio representa uma evolução da


contabilidade gerencial em resposta a novas realidades enfrentadas pelas
empresas. Desse modo, é uma evolução que considera as tecnologias
utilizadas até a fase anterior, acrescentando algo de novo, perfazendo
uma combinação entre o velho e o novo para atender ao novo ambiente
gerencial.

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2.1 Fundamentos de um sistema de informação
contábil
Para que um sistema de informação contábil consiga atingir seus
objetivos dentro de uma entidade, são necessários três pontos
fundamentais: operacionalidade, integração e custo da informação
(PADOVEZE, 2010).

Operacionalidade

É necessário que todos que trabalham com informação contábil


utilizem procedimentos padronizados para a coleta, o tratamento e
o armazenamento das informações. Apresentam características de
operacionalidade relatórios:

• concisos;
• elaborados de acordo com as necessidades dos usuários;
• formados a partir de informações objetivas e de imediato
entendimento pelo usuário;
• que não permitam uma dúvida sequer, ou que possibilitem pergunta
indicando falta de alguma informação sobre o objeto do relatório;
• que possuam apresentação visual e manipulação adequadas.

Integração e navegabilidade dos dados

Frequentemente, as informações não estão integradas dentro de


uma entidade. As informações contábeis estão em um sistema de
contabilidade, as informações da produção estão em um sistema de
custos, as financeiras estão em sistema próprio, as do orçamento em
outro sistema e assim por diante. Observe que, dessa forma, é necessário
um retrabalho para inserir o mesmo dado em sistemas diferentes. Além
disso, no momento de efetuar um lançamento de dado, a interpretação
pode variar de responsável para responsável.

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Para que possamos caracterizar um sistema de informação contábil
integrado, é necessário que o mesmo dado circule ou navegue por todos
os sistemas. Ou seja, a partir da inserção de um determinado dado,
torna-se desnecessário que cada sistema faça individualmente a sua
inserção. Os demais sistemas aproveitam o dado cadastrado, mantendo
fiéis suas características e a classificação contábil aplicada a ele. Hoje,
devido ao poder computacional, temos à disposição vários sistemas
integrados que atendem a esse ponto fundamental.

Custo da informação

A relação custo versus benefício deve ser levada em consideração quando


se analisa a busca de determinada informação. O custo para conseguir
a informação não pode ser superior ao benefício que ela trará para uma
entidade.

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Veja na Figura 1 como os dados navegam em um sistema de informação
contábil integrado com sistemas operacionais da entidade.

Sistema de informação Contábil


Análise de Análise de Gestão de
balanço Fluxo de caixa tributos

Controle patrimonial Contabilidade Contabilidade em


societária e fiscal outras moedas
Sistema de valorização
Consolidação de balanços Correção monetária integral
de inventários

Contabilidade por Sistema de custos


Sistema
responsabilidade Preço de venda
orçamentário
Centro de lucros Análise de custos
Unidade de negócios

Acompanhamento de negócio
Balanced scarecard e gestão de risco
(Dados físicos concorrentes)

Sistema de operacionais integrados


Sistemas de Sistemas de Sistemas de
entrada compras invetário e produção saídas faturamento
Recebimentos Processo Comercialização
Escrituração fiscal Engenharia Escrituração fiscal

Sistemas de Sistemas de Sistemas de


Execução financeira planejamento financeiro recursos humanos

Contas a receber Financiamentos Folha de pagamento


Contas a pagar Excedentes de caixa

Figura 1 – Sistema de Informação Contábil Gerencial – visão geral.


Fonte: Adaptada de Padoveze (2010).

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A contabilidade gerencial trata a informação como um produto ou
serviço da organização e considera seu maior cliente o público interno,
independentemente da posição hierárquica, para que ele possa ter
informações úteis às tomadas de decisão.

2.2 Contador gerencial – controller


Até este momento, vimos que a contabilidade gerencial utiliza-se de
diversas ciências e técnicas para atingir seus objetivos, e que é necessário
um sistema de informação contábil-gerencial para que os dados sejam
transformados em informações úteis para tomada de decisão.

Para administrar o sistema de contabilidade gerencial, é necessário um


profissional que atenda ao perfil específico. A esse profissional é dado o
nome de contador gerencial ou de controller. Dependendo do porte da
instituição, pode haver mais de um profissional atuando. Por exemplo,
se a entidade operar em diversos estados ou em diferentes países, os
profissionais serão responsáveis por áreas geográficas específicas.

Dentre as características particulares desejadas em um profissional


responsável pela contabilidade gerencial, destacamos as seguintes:

• bons conhecimentos do ramo de atividade ao qual pertence a


entidade;
• bons conhecimentos da história da entidade, dos seus objetivos, das
suas metas, políticas e possibilidades estratégicas;
• habilidade para analisar dados contábeis e estatísticos e transformá-
los em informações;
• conhecimento dos princípios contábeis e das implicações fiscais;
• conhecimento dos processos de custos e sua gestão;
• conhecimento de informática;
• habilidade de expressar-se bem, através de adequada comunicação
oral e escrita;

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• conhecimento do mercado financeiro e do seu comportamento;
• capacidade de adaptação a novos ambientes e novas situações;
• disposição para o aprendizado contínuo;
• habilidades interpessoais, inteligência emocional e capacidade de
trabalhar em equipe.
Diante disso, percebemos que a competência do profissional está
vinculada ao saber (conhecimento), à habilidade (saber fazer) e à atitude
(querer fazer). Lembre-se de que administrar é agir (atitude)!

Estudo complementar
Caro estudante, clique aqui e acesse um artigo da
Revista Científica Eletrônica de Ciências Contábeis,
intitulado “Contabilidade Gerencial como
Ferramenta no Processo de Tomada de Decisão”.
Esse artigo discute como a Contabilidade Gerencial
pode auxiliar os profissionais de Administração
com o fornecimento de informações para tomada
de decisão.

Nesta unidade entendemos como a contabilidade gerencial pode ser


reconhecida como sistema de informação contábil. Na próxima unidade
conheceremos o sistema de monitoramento da estratégia e os seus
benefícios para as empresas.

Vamos avançar mais um pouco? Esperamos que você esteja gostando do


assunto!

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Monitoramento da estratégia:
3 Balanced Scorecard e Gestão de
Riscos
Objetivos
Apresentar o sistema de monitoramento da estratégia e os seus
benefícios para as empresas.

Após o entendimento de como a contabilidade gerencial pode ser


reconhecida como sistema de informação gerencial, apresentamos a você
o Balanced Scorecard (BSC), uma ferramenta de controle gerencial. Ao
longo do curso, você terá a oportunidade de aprofundar o conhecimento
sobre este assunto. Entretanto, faz-se necessário destacar que, nesta
unidade, o BSC será apenas relacionado com uma ferramenta útil à nossa
disciplina. Durante o seu curso, você terá oportunidade e a capacidade de
aprofundar os estudos no assunto.

O Balanced Scorecard, cuja tradução literal é “cartão de marcação


balanceado”, pode ser entendido como um painel de controle da
entidade formado por diversos indicadores de desempenho (financeiros
ou não) das diferentes áreas da entidade.

Por analogia, imagine o painel de instrumentos de um veículo, cuja função


é manter o motorista atualizado com informações importantes sobre a
sua condução: o velocímetro informa a velocidade atual; o tacômetro, ou
conta-giros, informa a rotação do motor, que ajuda a determinar o melhor
momento de troca de marchas; o termômetro apresenta a temperatura
do motor durante a condução, servindo de alerta para situações de
superaquecimento que podem prejudicar o motor; o nível de combustível
tem a função de informar quanto combustível há estocado no tanque para
rodar determinada distância. Além desses principais, um painel automotivo
possui outros indicadores, todos com a finalidade de manter o condutor
informado sobre o que acontece no veículo.

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Assim, o Balanced Scorecard, ou simplesmente BSC, como é também
conhecido, tem como objetivo traduzir a estratégia da entidade em
diversos indicadores, para que possa haver o acompanhamento da
execução da estratégia pelas diversas partes interessadas e responsáveis
pela implementação dos objetivos e metas traçados.

O BSC foi desenvolvido por Robert S. Kaplan, professor da Harvard


Business School, e David Norton. É considerado um sistema de gestão
estratégica para atingir propósitos de curto, médio e longo prazos, que
integra as perspectivas empresariais relevantes, enfocando o alinhamento
da organização, dos indivíduos e das iniciativas interdepartamentais.
Apoia-se no conceito de que “o que não é medido não é gerenciado”.
Em se tratando de uma entidade cujo sistema de indicadores é atuante, o
comportamento dos indivíduos envolvidos é fortemente afetado, dentro
e fora dela (PADOVEZE, 2010, p. 603).

Horngren, Datar e Foster (2004, p. 421) afirmam que “o Balanced


Scorecard não se preocupa apenas em alcançar objetivos financeiros. Ele
também realça objetivos não financeiros que uma organização precisa
alcançar para cumprir seus objetivos financeiros”.

3.1 As quatro perspectivas do Balanced Scorecard


O BSC está dividido em quatro grandes áreas ou, como afirmam
Horngren, Datar e Foster (2004), quatro perspectivas de desempenho:
perspectiva financeira; perspectiva do cliente; perspectiva do processo
interno do negócio; e perspectiva de aprendizagem e crescimento.

Para implantar o BSC, a empresa inicialmente precisa especificar quais


são os objetivos, as iniciativas, as ações e as medidas para alcançar os
grandes objetivos traçados no planejamento estratégico para o próximo
exercício. Os indicadores de desempenho são desenvolvidos a partir
destas especificações:

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• perspectiva financeira: avalia a rentabilidade da estratégia,
avaliando custos, lucro operacional, retorno sobre o capital;
• perspectiva do cliente: identifica os segmentos de mercado
almejados e mede a participação e o sucesso nesses segmentos;
verifica a retenção e a satisfação dos clientes;
• perspectiva do processo interno do negócio: é voltada às operações
internas que contribuem para criar valor para os clientes e aumentar
o valor para os acionistas. Segundo Horngren, Data, Foster (2004),
a perspectiva do processo interno do negócio é composta de três
subprocessos:
• o processo de inovação: voltado para a criação de produtos,
de serviços e de processos que irão atender as necessidades dos
clientes;
• o processo das operações: voltado para a produção e a entrega de
produtos e serviços existentes que irão atender as necessidades dos
clientes;
• o processo de pós-venda: dedicado a proporcionar serviço e apoio
ao cliente após a venda de um produto ou serviço.

• perspectiva de aprendizagem e crescimento: é focada nas


capacidades que a organização precisa destacar para obter processos
internos melhorados que criem valor para os clientes e acionistas;
mede a capacidade dos funcionários, através dos níveis de ensino e
qualificação; mede a capacidade dos sistemas de informação; e mede
a motivação, através da satisfação de funcionários.
Vamos entender um pouco mais o BSC? Na figura a seguir encontramos
o exemplo de um esquema de BSC, com as quatro perspectivas, com
as medidas, as iniciativas e o comparativo entre o desempenho-meta
(desejado) e o desempenho real alcançado.

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Desempenho- Desempenho
Objetivos Medidas Iniciativas
meta real
Perspectiva financeira
Lucro
Aumetar o valor operacional Gerenciar custos e
$ 2 000 000 $ 2 1000 000
do acionista de ganhos da capacidade
produtividade
Lucro
Construir fortes laços
operacional do $ 3 000 000 $ 3 420 000
com os clientes
crescimento
Crescimento das Construir fortes laços
6% 6,48%
receitas com os clientes

Desempenho- Desempenho
Objetivos Medidas Iniciativas
meta real
Perspectiva do cliente
Participação
Identificar
Aumentar a no mercado
necessidades
participação no no segmento 6% 7%
futuras de
mercado de redes de
clientes
comunicação
Aumentar a Identificar novos
satisfação do Clientes novos segmentos de 1 1b
cliente cliente-alvo
90% dos clientes 87% dos clientes
Pesquisa de Aumentar o foco
estão na duas estão nas duas
satisfação do no cliente na
classificações classificações
cliente organização
mais altas mais altas

Desempenho- Desempenho
Objetivos Medidas Iniciativas
meta real
Perspectiva dos processos internos
Melhorar
Identificar causas
qualidade de
Produtividade de problemas e 78% 79,3%
produção e
melhorar a qualidade
produtividade
Reduzir tempo Tempo de Reengenharia do
de entrega aos entrega do precesso de entrega 30 dias 30 dias
clientes pedido do pedido
Cumprir as datas Reengenharia do
Entregas
de entrega precesso de entrega 92% 90%
pontuais
especificadas do pedido

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Números de
Organizar equipes
melhorias
de P&D/ produção
Melhorar significativas
e vendas para 5 5
processos nos processos
modificar os
de produção e
processos
de negócios
Organizar equipes
Porcentagem
Melhorar de P&D/ produção
de processos
capacidade de e vendas para 75% 75%
com controles
produção implementar os
avançados
processos

Desempenho- Desempenho
Objetivos Medidas Iniciativas
meta real
Perspectiva da aprendizagem e crescimento
Programa de
80% dos 88% dos
Alinhar sugestão e
Pesquisa de funcionários funcionários
metas de participação
satisfação do estão na duas estão nas duas
funcionários e dos funcionários
funcionário classificações classificações
da organização para desenvolver
mais altas mais altas
trabalho em equipe
Porcentagem
de funcionários
Desenvolver Programas de
treinados nos
habilidades nos treinamento para 90% 92%
processos e
processos funcionários
na gestão da
qualidade
Porcentagem de
Outorgar Ter supervisores
funcionários de
autoridade agindo como coaches
linha outorgados 85% 90%
à equipe de em vez de tomadores
a gerenciar
trabalho de decisão
processos
Porcentagem
Realçar
de processos
capacidades Melhorar a coleta de
de produção 80% 80%
do sistema de dados on e off-line
com feedback em
informações
tempo real

Figura 2 – Balanced Scorecard.


Fonte: Adaptada de Horngren, Data e Foster (2004).

Agora, faça uma análise das setas indicativas na Figura 2. Veja que o
sentido das setas inicia na perspectiva da aprendizagem e crescimento
terminando na perspectiva financeira, ou seja, uma relação de causa
e efeito: o aprendizado contínuo e o crescimento dos colaboradores

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levam à melhoria dos processos internos, o que transparece num melhor
relacionamento com o cliente (satisfação com produtos e serviços),
levando um desempenho financeiro superior para a entidade.

Para sua reflexão


Caro estudante, reflita durante alguns instantes
a respeito da gestão de uma empresa. Veja como
é enorme o número de informações a gerem
gerenciadas, diariamente, para que os objetivos da
organização sejam alcançados. Para alcançá-los,
é necessário planejamento, execução, controle e
ação, ou seja, é necessário administrá-los.
Você, na condição de futuro administrador, terá
um interessante desafio pela frente, que é conduzir
o painel de comando, como visto no BSC, de
empresas, contribuindo para o progresso da nação.
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

3.2 Gestão de Riscos


Toda entidade, com ou sem fins lucrativos, está sujeita a diversos tipos
de risco, cujas origens nem sempre são financeiras e merecem uma gestão
igualmente importante. A relação com clientes, fornecedores, recursos
humanos, tecnologia, câmbio, governo, comunidade, entre outros,
envolve riscos e deve ser considerada dentro de um modelo geral de risco
empresarial ou risco corporativo (PADOVEZE, 2010).

O perfil de risco de uma organização apresenta características específicas


e pode ser reconhecido sob algumas perspectivas:

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• risco com oportunidade: vale aquela máxima de que quanto maior
o risco, maior o retorno; porém, se não houver sucesso, a perda será
proporcional, ou seja, grande;
• risco como perigo ou ameaça: envolve eventos potencialmente
negativos, tais como: perdas financeiras, fraudes, danos à reputação,
roubo ou furto, morte ou injúria, falha de sistemas ou processos
judiciais;
• risco como incerteza: procura diminuir a diferença entre os resultados
propostos e os resultados reais, gerindo cenários positivos ou negativos.
Em uma correta Gestão de Riscos é preciso efetuar a identificação e
a avaliação desses riscos. Para cada risco identificado, deve-se fazer a
avaliação do possível impacto e da probabilidade de ocorrência, como
indica Padoveze (2010).

Quanto ao impacto Quanto à probabilidade de


Alto ocorrência
Moderado Alta – provável
Baixo Moderada – possível
Baixa – remota

Dentro dessas classificações, cada entidade deverá elaborar uma matriz


ou um mapa de riscos, identificando quais ações deverá tomar a fim de
minimizar futuras perdas.

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

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Revisando as principais contas do
4 Balanço Patrimonial
Objetivos
Revisar a estrutura de contas do Balanço Patrimonial e suas relações.

Na unidade 3 conhecemos sobre o sistema de monitoramento da


estratégia e os seus benefícios para as empresas. Nesta unidade, nosso
objetivo é ajudá-lo a relembrar o conteúdo aprendido na disciplina de
contabilidade referente à demonstração financeira denominada Balanço
Patrimonial. Segundo Matarazzo (2010, p. 26), Balanço Patrimonial “é a
demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa – Ativo
–, assim como as obrigações – Passivo Exigível –, em determinada data.
A diferença entre Ativo e Passivo é chamada Patrimônio Líquido [...]”.

O Balanço Patrimonial apresenta a posição patrimonial de uma


entidade em uma determinada data. Normalmente essa data é o dia
31 de dezembro de cada ano, porém, pode variar de acordo com a
necessidade ou obrigatoriedade de apresentação, de acordo com cada
entidade. Por exemplo, as empresas listadas na Bolsa de Valores são
obrigadas a publicar trimestralmente as demonstrações financeiras, entre
elas o Balanço Patrimonial. Já uma pequena empresa, cuja prestação
de contas está restrita ao proprietário, via de regra, faz a emissão anual
dessa demonstração. Como visto na unidade 1, essa demonstração tem
como público-alvo o chamado público externo – bancos, fornecedores,
investidores, governo, entre outros; reporta sempre o passado; e os dados
apresentados se referem àquela data específica. É uma posição estática.

A apresentação gráfica do Balanço Patrimonial se dá, normalmente, em


duas colunas, sendo a do lado esquerdo formada pelo Ativo e a do lado
direito formada pelo Passivo, conforme podemos verificar no Quadro 2.

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ATIVO PASSIVO
• Bens
• Obrigações
• Direitos

Quadro 2 – Bens, direitos e obrigações.


Fonte: Adaptado de Horngren, Data e Foster (2004).

O Ativo é formado pelo conjunto de bens e direitos da entidade.


Entre os exemplos de bens, podemos destacar: estoques, máquinas,
equipamentos, veículos, terrenos, prédios, entre outros. Pode ser
caracterizado direito aquilo que a entidade tem a receber de terceiros, por
força de contrato ou outro instrumento, por exemplo: contas a receber
de vendas a prazo, depósitos em conta corrente, poupança, aplicações
financeiras, aluguéis a receber, apólices de seguros, entre outros.

O Passivo é formado pelas chamadas obrigações. Essas obrigações


podem ser exigíveis por terceiros à entidade (fornecedores, funcionários,
impostos, financiadores etc.), ou seja, pessoas que têm o direito
de receber valores devidos pela entidade, ou não exigíveis, sendo
encontradas no Patrimônio Líquido, em que temos o capital social, que
é o investimento feito pelos sócios na entidade. Também encontramos as
reservas de lucros e de capital, além dos prejuízos acumulados, quando
necessário, que decorrem do resultado da operação da entidade. De
modo geral, é assim que bens, direitos e obrigações são identificados no
Balanço Patrimonial.

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4.1 Conceitos de curto e longo prazo (circulante e não
circulante)
Outra classificação dos elementos de um Balanço Patrimonial diz
respeito ao seu grau de realização. Entende-se por realização o ato de
baixar algum item do Balanço Patrimonial, seja pelo recebimento de
algum direito, pelo pagamento de alguma obrigação ou pela venda de
bens ou direitos.

O Ativo apresenta uma ordem decrescente de grau de liquidez, ou seja,


aquilo que é conversível mais rapidamente em dinheiro está listado nas
primeiras linhas, depois vêm os demais itens, decrescendo conforme menor
velocidade de conversão em dinheiro. Por isso chamamos de liquidez,
trata-se da capacidade de tornar líquidos (dinheiro) bens e direitos.

Assim, na parte inicial do Ativo encontramos as contas Caixa e bancos,


passando pelas Contas a Receber, pelos estoques e descendo para as
contas cuja conversão é mais lenta, como a venda de imobilizados.

O Passivo apresenta uma ordem de exigibilidade, ou seja, aquelas


obrigações cujos vencimentos estão mais próximos da data de publicação
do Balanço Patrimonial. Observe que as primeiras contas são os
compromissos com fornecedores, folha de pagamento, empréstimos
bancários. Segundo Matarazzo (2010, p. 28), “o Passivo Exigível tem
valor líquido e certo no que se refere àquelas dívidas assumidas junto a
terceiros, como bancos, fornecedores, empregados”.

No Patrimônio Líquido encontramos as contas que são consideradas não


exigíveis, representadas pelo capital social investido pelos sócios e pelas
variações ocorridas entre o Ativo e o Passivo (resultado).

Além dessa classificação de curto e longo prazo, baseada nos graus de


liquidez e de exigibilidade, os itens de um Balanço Patrimonial são
classificados em circulante e não circulante.

www.esab.edu.br 31
Veja no Quadro 3 o esquema de circulante e não circulante, em que estão
destacados também os graus de liquidez e de exigibilidade.

Ativo Passivo

Ativo circulante Passivo circulante

(+) Grau de exigibilidade (-)


(+) Grau de liquidez (-)

Passivo não circulante

Ativo não circulante


Patrimônio líquido

Quadro 3 – Grau de liquidez e exigibilidade.


Fonte: Adaptado de Horngren, Data e Foster (2004).

Pelas normas de contabilidade, emanadas pelo Conselho Federal de


Contabilidade (CFC) e pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis
(CPC), são classificados como circulante todos os bens ou direitos que
serão realizados dentro dos próximos meses, ou seja, se a empresa vende
a prazo em 10 parcelas, esse direito estará registrado dentro do Ativo
Circulante. Agora imagine uma grande loja que vende em 18 parcelas:
ela deverá registrar no Ativo Circulante 12 parcelas e no Ativo Não
Circulante o saldo de 6 parcelas.

O mesmo vale para o Passivo. Uma obrigação assumida cujo vencimento


ocorra depois de 12 meses deverá ser registrada no Passivo Não Circulante.

www.esab.edu.br 32
4.2 Origens e aplicações de recursos
Na condição de administrador de uma entidade, é importante que você
tenha os conceitos de origem e de aplicação de recursos delineados, pois é
fato que alguém sempre financia as operações de uma entidade. Pode ser:

• o sócio, que investiu na empresa, através de dinheiro ou bens ou de


direitos;
• um agente financiador (bancos);
• o fornecedor que vende a prazo;
• o funcionário, que trabalha durante 30 dias para receber no próximo
mês;
• o governo, através dos impostos, que serão pagos no próximo mês e
não no ato do fato gerador.
Enfim, esses são alguns exemplos sobre a origem de recursos para o
funcionamento da entidade.

Já as aplicações desses recursos estão distribuídas no Ativo, nos bens


e nos direitos. Pode ser a imobilização de máquinas, equipamentos,
móveis, edifícios, como também pode estar aplicado em estoques, em
financiamento para clientes (vendas a prazo) e para o capital de giro.

No Quadro 4 você pode ver o esquema das origens e das aplicações de


recursos:

www.esab.edu.br 33
Ativo Passivo
Ativo circulante Passivo circulante
Aplicação de recursos Origem de recursos

Passivo não circulante


Ativo não circulante
Patrimônio líquido
Aplicação de recursos Origem de recursos

Quadro 4 – Origem e aplicação de recursos.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

4.3 Capital próprio e capital de terceiros


Também podemos classificar as origens de recursos de uma entidade em
capital próprio e capital de terceiros. O capital próprio é proveniente
do aporte de capital efetuado pelos sócios e dos resultados da operação
(lucros). Essas contas estão localizadas no Patrimônio Líquido. Já o
capital de terceiros está localizado no Passivo Circulante e no Passivo Não
Circulante, e são todos os compromissos assumidos com terceiros pela
entidade, tais como: fornecedores, funcionários, instituições bancárias,
entre outros. Veja no Quadro 5, a seguir:

Ativo Passivo

Ativo circulante Passivo circulante


Capital de
terceiros
Passivo não circulante

Ativo não circulante


Patrimônio líquido Capital
próprio

Quadro 5 – Capital próprio e capital de terceiros.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 34
No quadro anterior, localizamos o capital de terceiros no Passivo
Circulante e no Passivo Não Circulante. Já no Patrimônio Líquido
localizamos o capital próprio. A seguir, veja no Quadro 6 um modelo de
Balanço Patrimonial.

ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
Disponibilidades Empréstimos e financiamentos
Clientes Debêntures
Outros créditos Fornecedores
Investimentos temporários Obrigações fiscais
Estoques Outras obrigações
Despesas do exercício seguinte pagas
Outras provisões
antecipadamente
ATIVO NÃO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE
Realizável a longo prazo Exigível a longo prazo
Investimentos Receitas diferidas
Imobilizado PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Intangível Capital social
Reservas de capital
Ajustes de avaliação patrimonial
Reservas de lucros
Ações em tesouraria
Prejuízos acumulados

Quadro 6 – Modelo de Balanço Patrimonial.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

No modelo de Balanço Patrimonial é importante identificarmos as


contas de origem e de aplicação de recurso, os capitais próprios e de
terceiros, o grau de liquidez e o grau de exigibilidade.

Nesta unidade você relembrou que o Balanço Patrimonial tem como


objetivo demonstrar a situação do patrimônio de uma entidade,
ou seja, o conjunto de bens, direitos e obrigações, em uma data
determinada. Agora vamos avançar para a próxima unidade e relembrar a
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

www.esab.edu.br 35
Revisando as principais contas da
5 Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE)
Objetivos
Revisar a estrutura de contas da Demonstração do Resultado do
Exercício.

A DRE, como é chamada a Demonstração do Resultado do Exercício,


tem como objetivo apresentar o confronto das contas de receitas e de
despesas de um determinado período, decorrentes das operações de
uma entidade. Esse período poderá ser mensal, bimestral, trimestral,
semestral, anual, dependendo da obrigatoriedade exigida por lei e
também do grau de exigência da administração.

Se a lei exige que a apresentação seja anual, nada impede que um bom
administrador acompanhe mensalmente o desempenho da entidade
através da apresentação da DRE mensal.

Lembre-se de que as empresas de capital aberto, com ações negociadas


em bolsa de valores, são obrigadas por força de lei a apresentar as
demonstrações financeiras a cada trimestre.

A Demonstração do Resultado retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo


monetário (fluxo de dinheiro). Para a Demonstração do Resultado não importa (em
princípio) se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que
afete o Patrimônio Líquido. (MATARAZZO, 2010, p. 30)

Ou seja, se uma entidade efetuou uma venda (receita) para um


consumidor em 3 parcelas, sem entrada, isso quer dizer que no mês da
venda não houve nenhum ingresso de dinheiro em caixa; porém, para a

www.esab.edu.br 36
DRE, o registro da receita foi efetivado no valor total da transação (fluxo
econômico). Na contabilidade, essa forma de registro das operações de
uma entidade é chamada de Princípio da Competência.

A seguir, vamos retomar dois eventos econômicos já citados, as receitas e


as despesas. Posteriormente, entraremos na elaboração da DRE.

5.1 Receitas
Segundo Müller (2009, p. 36), “Receita pode ser explicada como um
fluxo de elementos para o Ativo, sem correspondente aumento de
Passivo, na forma de dinheiro, Títulos a Receber ou outros tipos de bens
e dinheiro provenientes de terceiros [...]”.

As receitas podem ser classificadas em:

• receitas de serviços;
• receitas de aluguel;
• receitas de vendas;
• receitas financeiras etc.
Ainda segundo Müller (2009), os termos a seguir podem ser utilizados
como sinônimos de receita.

• Receita operacional: corresponde ao evento econômico relacionado


com as principais atividades da empresa, independentemente de sua
frequência.
• Receita não operacional: corresponde aos eventos econômicos aditivos
ao Patrimônio Líquido, não associados com a atividade ou as atividades
principais da empresa, independentemente de sua frequência.
• Ganho: corresponde ao evento econômico aditivo ao Patrimônio
Líquido, não associado com atividades operacionais.
• Receita extraordinária (ou lucro extraordinário): é o evento
econômico aditivo ao Patrimônio Líquido que não resulta das
operações típicas da empresa, sendo, consequentemente, de natureza
eventual.

www.esab.edu.br 37
5.2 Despesas
Ao contrário das receitas, as despesas representam diminuição nos Ativos
ou aumento nos Passivos; são reconhecidas de acordo com os Princípios de
Contabilidade, em virtude do resultado das atividades da entidade, e podem
alterar a posição do Patrimônio Líquido (MÜLLER, 2009).

Os termos a seguir podem ser empregados como sinônimos de despesa.

• Custo: é o preço pago por um bem, direito ou serviço. O custo mais


conhecido é o Custo da Mercadoria Vendida (CMV), que representa
o valor do bem que foi revendido para um cliente. Caso a empresa seja
prestadora de serviço, o custo será o Custo do Serviço Prestado (CPS).
• Despesa operacional: são as despesas necessárias para que a
entidade consiga operar e atingir os seus objetivos.
• Despesa não operacional: são as despesas que não têm vinculação
com as atividades-fim da entidade.
• Perda: corresponde ao reconhecimento das baixas decorrentes de
má utilização, obsolescência, furto, matéria-prima que não tem mais
condições de ser utilizada na produção de mercadorias, entre outros.

5.3 Elaboração da DRE


A DRE é composta por contas de resultado e contas patrimoniais.
As contas de resultado apresentadas na DRE são todas aquelas que
representam as receitas, os custos e as despesas, respeitando o Princípio
da Competência. Já as contas patrimoniais são aquelas que representam
deduções e participações no resultado. Podemos exemplificar com
as Contas de Provisão de Imposto de Renda e Contribuição Social,
Participações, Contribuições e Lucro ou Prejuízo do Exercício.

Veja, no Quadro 7, uma apresentação da DRE com suas contas. Esta


apresentação está alinhada com a Lei nº 6.404/76.

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Receita Bruta das Vendas e Serviços
(-) Devoluções
(-) Abatimentos
(-) Impostos
(=) Receita Líquida das Vendas e Serviços
(-) Custos das mercadorias e serviços vendidos
(=) Lucro Bruto
(-) Despesas com vendas
(-) Despesas financeiras (deduzidas das receitas financeiras)
(-) Despesas gerais e administrativas
(-) Outras despesas operacionais
(+) Outras receitas operacionais
Lucro ou Prejuízo Operacional
(-) Outras despesas
(+) Outras receitas
(=) Lucro antes do Imposto de Renda e da Contribuição Social
(-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social
(=) Lucro Líquido do Exercício
(-) Participações
(-) Contribuições
(=) Lucro ou Prejuízo Líquido do Exercício
Lucro ou Prejuízo por Ação

Quadro 7 – Demonstração do Resultado do Exercício.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Como a DRE é apresentada de modo dedutivo, iniciando pelas receitas,


depois deduzindo os custos e na sequência as despesas, o resultado
do exercício aparece naturalmente ao final da apresentação. Dessa
forma, podemos concluir que o resultado de uma entidade decorre do
confronto das receitas com as despesas ocorridas num determinado
período, utilizando-se o Princípio da Competência no reconhecimento
das transações.

Nesta unidade revisamos a estrutura de contas da Demonstração do


Resultado do Exercício. Na próxima unidade conheceremos a estrutura
de contas da Demonstração dos Fluxos de Caixa.

www.esab.edu.br 39
Revisando as principais contas da
6 Demonstração dos Fluxos de Caixa
(DFC)
Objetivos
Revisar a estrutura de contas da Demonstração dos Fluxos de Caixa.

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) foi instituída pela Lei n°


11.638/07 em substituição à Demonstração das Origens e Aplicação de
Recursos (DOAR). Ela objetiva apresentar as movimentações ocorridas
em um determinado período que afetaram o saldo da conta Caixa e da
conta Equivalentes de Caixa.

É utilizada para analisar a situação financeira e a capacidade de


pagamento de uma entidade. Por meio dela, os investidores em potencial
e os demais usuários interessados conseguem verificar como a entidade
está gerindo seus recursos de caixa e de equivalentes de caixa.

Diferentemente da DRE, que utiliza o Princípio da Competência, visto na


unidade 5, a DFC utiliza o Princípio de Caixa: está interessada somente
nas entradas e nas saídas efetivas de caixa ou de equivalentes de caixa. Por
caixa leia-se dinheiro. Por equivalente de caixa, leia-se dinheiro depositado
em contas-correntes, poupanças e em aplicações de liquidez imediata.

Dica
Você lembra o conceito de liquidez para a
classificação das contas do Ativo? Se não lembra,
revisite a unidade 4!

www.esab.edu.br 40
Os usuários da DFC podem extrair informações importantes da gestão
de uma entidade, dentre elas:

• a capacidade da entidade em gerar caixa e equivalentes de caixa;


• se a geração de fluxos de caixa é positiva ou negativa;
• demonstra as necessidades de caixa;
• demonstra de onde vem (origem) e onde está sendo investido o
dinheiro (destino).
Segundo Matarazzo (2010), a DFC deve ser apresentada em três grandes
áreas. Vejamos:

• atividades operacionais: são as principais geradoras de caixa de


uma entidade, pois representam as receitas recebidas oriundas da
atividade-fim e as despesas pagas no período;
• atividades de investimento: são referentes à compra e venda de
Ativos de longo prazo e investimentos não incluídos nos equivalentes
de caixa, ou seja, envolvem os dados do Exigível a Longo Prazo e do
Patrimônio Líquido;
• atividades de financiamento: resultam da captação e pagamento de
recursos junto a instituições financeiras e também junto aos sócios.
A DFC também pode ser apresentada de duas maneiras: pelo método
direto e pelo método indireto. O método direto tem como ponto de
partida as entradas de caixa e equivalentes de caixa, e na sequência vai
conciliando com as saídas de caixa e equivalentes de caixa. O método
indireto tem como ponto de partida o resultado do exercício (lucro
ou prejuízo) e vai reconciliando todas as contas envolvidas, efetuando
acréscimos ou decréscimos ao resultado.

Para que você tenha uma melhor visualização dos dois métodos que
a entidade pode adotar, apresentaremos a seguir o Quadro 8, com o
método direto, e o Quadro 9, com o método indireto.

www.esab.edu.br 41
Exemplo numérico - Método direto
Quadro 2.4 - Fluxo de caixa em moeda corrente
Período 1 ($) Período 2 ($) Período 3 ($)
I - Das atividades operacionais
Entradas 13.829.429 17.561.023 31.390.452
Recebimento de clientes 13.829.429 17.561.023 31.390.452
Saídas 12.409.652 16.841.550 29.251.202
Pagamentos e fornecedores 4.293.281 6.550.685 10.843.966
Impostos recolhidos 1.435.200 1.836.348 3.271.548
Pagamentos ao pessoal 4.791.829 5.826.767 10.618.596
Despesas gerais 1.659.342 2.000.524 3.659.866
Impostos sobre o lucro 230,000 627.226 857.226
Saldo das atividades operacionais 1.419.777 719.473 2.139.250
II - Das atividades de investimento
Saídas 460,000 1.104.000 1.564.000
Investimentos no permanente 460,00 1.104.000 1.564.000
Investimento no realizável a longo prazo 0 0 0
Entradas 0 0 0
Valor de venda de permanentes 0 0
Saldo das atividades de investimento (460.00) (1.104.000) (1.564.000)
III - Atividades de financiamento
Entradas 575.000 1.000.000 1.575.000
Novos empréstimos 0 1.000.000 1.000.000
Integrações de capital 575.000 0 575.000
Saídas 805.700 1.061.159 1.866.859
Amortizações de empréstimos 724.500 832.140 1.556.640
Despesas (-) receitas financeiras (68.800) (260.462) (329.262)
Resultados distribuídos 150.000 489.481 639.481
Saldos das atividades de financiamento (230.700) (61.159) (291.859)
Saldo do período 729.077 (445.686) 283.391
(+) Saldo inicial Caixa/Bancos/Aplic.
400.000 1.129.077 400.000
financeiras
= Saldo final Caixa/Bancos/Aplic. financeiras 1.129.077 683.391 683.391

Quadro 8 – DFC: método direto.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

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Não é necessário utilizar o método direto e o método indireto
simultaneamente. Nenhum método é superior (melhor) em relação ao
outro, apenas são formas diferentes de apresentar a movimentação nas
contas de caixa e equivalentes de caixa. Apresentamos agora o Quadro 9.

Quadro 2.4 - Fluxo de caixa em moeda corrente - Método indireto (FAS 95)
Período 1 ($) Período 2 ($) Período 3 ($)
Das atividades operacionais
Lucro líquido (antes da distribuição de
652.641 581.217 1.233.858
resultados)
Ajustes para reconciliar o lucro líquido
para fluxo de caixa líquido oriundo das
operações
Depreciações e amortizações 891.250 1.179.900 2.071.150
(+/-) Correção monetária de balanço (102.630) 43.884 (58.746)
(+/-) Equivalência patrimonial (13.800) (27.600) (41.400)
Despesas financeiras - Exigível longo prazo 850.500 1.080.540 1.931.040
(+/-) Resultado não operacional 0 0 0
Variações nos ativos e passivos circulantes
Aumento em clientes (437.943) (1.097.884) (1.535.827)
Aumento nos estoques (1.529.731) (1.916.547) (3.446.278)
Aumentos de fornecedores 2.336 451.014 453.350
Aumento de impostos a recolher 401.148 231.811 632.959
Aumento de salários/encargos a pagar 439.751 451.129 890.880
Aumento de outras contas a pagar 12.367 72.200 84.567
Aumento de impostos s/ lucros a pagar 322.688 0 322.688
Diminuição de impostos s/ lucros a pagar 0 (69.729) (69.729)
Total dos ajustes 835.936 398.718 1.234.654
Fluxo de caixa líquido das operações 1.488.577 979.935 2.468.512
Das atividades de investimentos
Investimentos no ativo permanente (460.000) (1.104.000) (1.564.000)
Resultados não operacionais 0 0 0
Aplicações no realizável a longo prazo 0 0 0
Fluxo de caixa utilizado para investimentos (460.000) (1.104.000) (1.564.000)
Das atividades de financiamentos
Novos empréstimos 0 1.000.000 1.000.000
Amortizações de empréstimos (724.500) (832.140) (1.556.640)

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Integralizações de capital 575.000 0 575.000
Resultados distribuídos (150.000) (489.481) (639.481)
Fluxo de caixa líquido de financiamentos (299.500) (321.621) (621.121)
Aumento (diminuição) de caixa e equivalentes
729.077 (445.686) 283.391
de caixa no período
Caixa e equivalentes de caixa - Início do
400.000 1.129.077 400.000
periodo
Caixa e equivalentes de caixa - Fim do
1.129.077 683.391 683.391
período

Quadro 9 – DFC: método indireto.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Chegamos ao final de mais uma unidade. Esperamos que você tenha


aumentado seu conhecimento sobre esta peça contábil tão útil no
processo decisório, tanto para os usuários internos quanto para os
usuários externos. Na próxima unidade trataremos sobre o processo de
consolidação das demonstrações financeiras.

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Resumo

Nestas primeiras unidades, procuramos apresentar as principais


características da contabilidade gerencial, com seus objetivos e métodos
de trabalho, destacando que para termos contabilidade dentro de uma
entidade é necessário que haja ação, visto que essa área está associada
diretamente com os atos de gerenciar e administrar.

Também destacamos como um sistema de informação contábil e financeiro


subsidia as tomadas de decisão por parte dos usuários das informações
gerenciais. Avançamos mais um pouco nos conceitos e chegamos
ao Balanced Scorecard e seu painel de monitoramento da estratégia,
apresentando em tempo real ao administrador a situação da entidade.

Além disso, tratamos sobre a Gestão de Riscos, cuja função é atenuar os


futuros desembolsos decorrentes dos mais variados riscos que podem vir
a afetar uma entidade.

E por fim, revisitamos algumas das principais demonstrações financeiras,


entre elas o Balanço Patrimonial (BP), a Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE) e a Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC), para
relembrarmos as principais estruturas de contas, os seus objetivos e o que
apresentam ao usuário da informação.

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Consolidação das demonstrações
7 financeiras
Objetivo
Entender o processo de consolidação das demonstrações financeiras.

Nas unidades anteriores estudamos a importância da Contabilidade


Gerencial para uma entidade. Falamos muito sobre a entidade contábil,
que pode ser uma empresa, uma pessoa natural, um órgão público,
uma entidade sem fins lucrativos; porém, limitamo-nos a falar no
singular. Agora que vamos aprender um pouco sobre consolidação das
demonstrações financeiras, veremos que consolidar, neste sentido, refere-
se a agrupar informações das demonstrações financeiras de diversas
empresas que pertencem a um mesmo grupo.

Você verá que podemos agrupar os demonstrativos financeiros (Balanço


Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício) de diversas
empresas pertencentes a um determinado grupo empresarial, ou um
conglomerado de empresas, como pode ser chamado, para analisar
o desempenho desse grupo em um determinado período de tempo e
para conhecer a totalidade do patrimônio (conjunto de bens, direitos e
obrigações) pertencente a esse mesmo grupo.

Se você analisar as empresas que estão ao seu redor, verá que muitas delas
pertencem a um determinado grupo empresarial. Alguns desses grupos
são do ramo metal-metalúrgico, outros do ramo de produtos eletrônicos,
de exploração de petróleo e gás, além daqueles grupos do ramo de
alimentos e do ramo da construção civil. Alguns ultrapassam a marca de
50 empresas que os compõem, inclusive atuando em segmentos diversos.
Cada uma das empresas que compõe um grupo, individualmente, tem
a sua personalidade jurídica devidamente constituída e publica suas
demonstrações financeiras de acordo com a legislação vigente.

www.esab.edu.br 46
Agora, imagine-se administrando um desses grupos empresariais. Como
você consegue administrar e saber a situação econômico-financeira
do grupo? Individualmente, cada empresa prepara e publica as suas
demonstrações. Porém, se você quiser visualizar as informações sobre todas
as empresas em um único documento, deverá utilizar o procedimento
contábil denominado consolidação das demonstrações financeiras. Ele
tem como objetivo revelar a posição econômico-financeira da empresa
controladora e de suas controladas, como se o grupo fosse uma única
empresa, ou seja, como se as controladas fossem filiais da controladora.

Antes de aprofundarmos o assunto, vamos exemplificar como é


constituído um grupo empresarial, também chamado de conglomerado.
As empresas que constituem um grupo são classificadas em “empresa
controladora” e “empresas controladas”. Outra nomenclatura utilizada
é “empresa investidora” e “empresas investidas”. A controladora tem
participação societária em todas as suas controladas, mesmo que
indiretamente. Ou seja, vamos imaginar o seguinte cenário:

A controladora é dona da empresa B, e a empresa B é dona da empresa C. Dessa


forma, indiretamente a controladora é dona da empresa C.

Como exemplo disso, observe a Figura 3, que apresenta a composição


societária da Metalúrgica Gerdau S.A., tradicional grupo empresarial do
ramo da metalurgia, conhecida no Brasil e no exterior.

Para sua reflexão


Pare um instante seus estudos e reflita sobre as
grandes empresas com as quais você tenha vínculos
ou relacionamentos, ou somente admiração.
Como você as vê? Você sabia que a maioria delas
pertence a grandes grupos empresariais? Consegue
identificar algum desses grupos?
A resposta a essa reflexão forma parte de sua
aprendizagem e é individual, não precisando ser
comunicada ou enviada aos tutores.

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Matelúrgica Gerdau S.A.
40.7%
Gerdau S.A.

94,2% 86,7% 94,0% 94,0% 95,9%


Gerdau Empresa
Gerdau Gerdau Aços Gerdau Aços
America Latina siderúgica Del
Açominas S.A. Longos S.A. Especiais S.A.
Participações S.A. Peru S.A.A. peru
68,2% 96,0%
9,7% Gerdau 20,6% Gerdau
Internacional
Comercial de
Empreendimentos LTDA.
Aços S.A.
100,0%
Indústrias
Nacionales 49,0% 99,9% Sipar Aceros S.A. Gerdau Holdings
C. por A. Argentina Europa S.A.
Rep. Dominicana Espanha

Corporacion
Centroamericana 30.0% 100,0% Gerdau Laisa S.A. 100,0% 94,7%
Del Acero S.A. Uruguai Sidenor Kalyani
Guatemala Industrial S.A. Gerdau Steel LTD.
Espanha Índia
Diaco S.A. 99,3% 100,0% Gerdau Aza S.A.
Colômbia Chile

Siderúgica 100,0% 100,0% Siderúgica Tultitlán


Zuliana C.A.
S.A. de Cv México
Venezuela

Gerdau 100,0% 49,0% Corsa


Mac Steel Inc. Controladora
EUA S.A. de Cv México
6,7%
Gerdau 93,3%
Ameri Steel Corp.
EUA
50,0%
Gallatin
Steel Inc.
EUA

Figura 3 – Estrutura de empresas da Metalúrgica Gerdau S.A.


Fonte: <www.ri.gerdau.com>.

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Veja que a controladora está no topo e é dona de todas as demais
empresas. Em algumas dessas empresas, ela detém 100% de participação
societária e, em outras, uma participação menor.

A empresa que é considerada controladora em um grupo empresarial


também pode ser reconhecida ou denominada como holding. A holding
tem como atividade empresarial a participação e a administração de outras
empresas, além de desenvolver alguma outra atividade, caso queira.

Portanto, a consolidação das demonstrações financeiras tem a finalidade


de reunir os saldos das contas contábeis das empresas do mesmo grupo,
eliminando as operações comuns entre elas – chamadas de operações
intercompanhias. Ela reúne, ao final, um somatório que identifica o
patrimônio total da empresa investidora e de suas investidas.

Após essa breve explicação sobre grupos empresariais, retomaremos nosso


estudo sobre a consolidação das demonstrações financeiras. Conforme
Padoveze (2010, p. 297):

O objetivo básico da consolidação de balanços é apresentar o patrimônio empresarial


e os resultados do grupo de companhias distintas juridicamente, como se fosse uma
única só empresa (uma entidade econômica).

Quando falamos em consolidação de demonstrações financeiras, estamos


falando em produção de informações para tomada de decisão.

Porém, nem todo grupo de empresas é obrigado a fazer a consolidação.


Caso seja um grupo empresarial composto por empresas de capital
fechado, ou seja, cujas ações não são negociadas em bolsa de valores,
não há a necessidade legal de efetuar a consolidação. Nesse caso, a
consolidação é para uso gerencial, para ser utilizada em tomada de
decisão interna. Como demonstrado por Padoveze (2010), trata-se de
uma ferramenta que fornece informações como:

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• patrimônio do grupo empresarial;
• receita operacional do grupo empresarial;
• lucro líquido e rentabilidade do grupo empresarial;
• ajustes nos saldos de vendas intercompanhias, apresentando a receita
operacional vinda exclusivamente de terceiros etc.
Já um grupo empresarial que possua alguma empresa com ações negociadas
em bolsa de valores obrigatoriamente deverá consolidar suas demonstrações
financeiras para publicação (voltada para o público externo). Assim exige a
Lei nº 6.404/76, em seus artigos 249 e 275, no caso de:

• companhia aberta que possuir mais de trinta por cento do valor


do seu patrimônio líquido representado por investimentos em
sociedades controladas;
• grupos empresariais constituídos formalmente em grupos de
sociedades.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também possui legislação
específica sobre a obrigatoriedade de as empresas de capital aberto
efetuarem a consolidação das demonstrações financeiras.

Nesta unidade estudamos o processo de consolidação das demonstrações


financeiras. A seguir, compreenderemos as etapas para a elaboração de
demonstrações financeiras consolidadas. Até breve!

Saiba mais
Para conhecer um pouco mais sobre o mercado de
ações, clique aqui e navegue no site da Comissão
de Valores Mobiliários (CVM), e visite o site da
BM&F Bovespa clicando aqui.

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Procedimentos para consolidação
8 das demonstrações financeiras
Objetivos
Compreender as etapas para elaboração de demonstrações
financeiras consolidadas.

Para melhor entendimento da relação entre a empresa controladora


e as empresas controladas (também conhecidas como investidora e
investidas), a consolidação das demonstrações contábeis permite aos
usuários dessas demonstrações uma visão clara do grupo econômico,
detalhando as operações comuns entre elas e eliminando-as (quando
houver saldo) das referidas demonstrações. Esse procedimento
identifica o quadro acionário e suas participações em todas as empresas,
apontando, ao final, o resultado conciliado dessas sociedades no período.
Como vimos na unidade 7, a consolidação das demonstrações contábeis
permite conhecer a posição financeira da empresa controladora e das
demais empresas do grupo como sendo uma única entidade econômica.

Agora, procuraremos compreender as etapas da consolidação, como a


eliminação de saldos, investimentos, vendas e lucros intercompanhias,
a participação societária dos minoritários, e demais ajustes necessários à
consolidação.

É importante lembrar que uma demonstração financeira consolidada é um ato


contábil paralelo à contabilidade de uma empresa. É feita em papéis de trabalho
específicos, não afetando a contabilidade individual de cada empresa participante do
grupo empresarial. O procedimento de consolidação é chamado de extracontábil.

Consolidar demonstrações financeiras de um grupo econômico requer


uma série de métodos e procedimentos, os quais são emanados da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), pela Lei nº 6.404/76, e dos
pronunciamentos do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC).

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Normalmente, um grupo empresarial possui transações entre suas
empresas, que podem ser de fornecimento de mercadorias e serviços, de
transações de empréstimos, entre outras. Essas movimentações, quando
da consolidação, devem ser eliminadas para que se possa chegar a um
número que reflita o todo, e não somente a visão de uma ou outra
empresa do grupo.

Dentre essas eliminações intercompanhias, destacamos, de acordo com


Padoveze (2010), as apresentadas a seguir.

Saiba mais
O Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC),
criado por meio da Resolução CFC nº 1.055/05,
tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão
de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos
de contabilidade e a divulgação de informações
dessa natureza. Conheça um pouco mais sobre o
CPC clicando aqui.

8.1 Eliminação dos saldos a receber e a pagar


intercompanhias
Em um grupo de empresas é normal que ocorram transações entre elas,
principalmente porque possuem interesses em comum. Por exemplo,
uma empresa de um grupo pode ser uma indústria de móveis e outra
empresa do mesmo grupo pode ter como atividade o transporte de
mercadorias. Dessa forma, a transportadora prestará serviços para a
indústria, gerando contas a receber e contas a pagar, respectivamente.
Na consolidação, os valores que uma empresa tem a pagar ou a receber
para outra empresa do mesmo grupo devem ser anulados, assim como os
empréstimos intercompanhias.

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8.2 Eliminação dos investimentos em controladas
A participação da investidora nas empresas investidas do grupo deverá ser
eliminada na consolidação, porque os patrimônios líquidos de todas as
empresas serão agrupados em uma única demonstração.

8.3 Eliminação das vendas intercompanhias


As vendas feitas de uma empresa para outra do mesmo grupo, com lucro
ou não, possuem duas destinações: ou as mercadorias vão para o estoque
de quem compra, ou são revendidas por quem compra. Quando são
revendidas, elas formam o custo da mercadoria vendida da empresa que
efetuou a venda. Ou seja, o lançamento de ajuste deve eliminar o mesmo
valor de venda como custo dos produtos vendidos.

8.4 Eliminação dos lucros nos estoques de vendas


intercompanhias
Nos casos em que a mercadoria vendida intercompanhias tenha ficado
no estoque da compradora, é necessário ajustar o seu valor eliminando o
lucro que a vendedora teve ao vender para a compradora, ou seja, trazer
ao valor de custo da mercadoria que não foi revendida.

8.5 Participação minoritária no balanço patrimonial e


na demonstração de resultados
Ao efetuarmos os ajustes dos investimentos em controladas, o patrimônio
líquido total do grupo empresarial também sofre ajuste, apresentando a
posição de cada sócio ou acionista de forma consolidada. Normalmente
há participação de sócios minoritários, os quais têm direito a uma
parcela do patrimônio líquido do grupo empresarial. Nesse caso, é feito o
reconhecimento (ajuste) do valor a que esse grupo de sócios tem direito,
destacando-o na demonstração consolidada.

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8.6 Outras eliminações
Segundo Padoveze (2010), outras eliminações e tratamentos devem
ser realizados em um trabalho completo de consolidação de balanços.
Dentre eles, destacamos os seguintes exemplos, não nos limitando a eles:

• eliminação dos juros, comissões e outras receitas intercompanhias;


• dividendos distribuídos intercompanhias;
• lucros ou prejuízos não realizados nas vendas de Ativos Permanentes;
• tratamento do ágio ou deságio da aquisição de investimento;
• reavaliação de Ativos existentes;
• consolidação dos impostos;
• provisões para perdas existentes;
• a primeira consolidação após a aquisição de controlada.
Nesta unidade você estudou os ajustes necessários para unir informações
de diversas empresas pertencentes a um mesmo grupo empresarial.
Na unidade 9 o assunto continuará com exemplos do processo de
consolidação.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

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Principais ajustes na consolidação
9 das demonstrações financeiras
Objetivos
Identificar quais os ajustes necessários na elaboração de
demonstrações financeiras consolidadas.

Nas unidades 7 e 8, vimos que a consolidação das demonstrações


financeiras precisa efetuar ajustes extracontábeis para alcançar o seu
objetivo, que é demonstrar a posição econômico-financeira de um grupo
de empresas. Nesta unidade identificaremos que, para efetuar esses
ajustes, duas situações devem ser observadas em sua elaboração: técnicas
de consolidação e uniformidade de critérios contábeis.

9.1 Técnicas de consolidação


Conforme Padoveze (2010), a consolidação das demonstrações
financeiras consiste, basicamente, na soma dos valores de cada elemento
contábil semelhante existente nas demonstrações das empresas que serão
consolidadas, efetuando-se as seguintes exclusões:

• das participações de uma sociedade em outra;


• dos saldos de quaisquer contas entre as sociedades;
• dos valores correspondentes aos resultados, ainda que não realizados,
de negócios entre empresas do grupo, que constem no resultado do
exercício, no custo dos estoques ou de Ativo Não Circulante das
respectivas demonstrações contábeis.

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9.2 A uniformidade de critérios contábeis
As empresas do grupo empresarial devem manter um padrão contábil
para proceder à consolidação, destacando:

• o plano de contas contábil deve ser padronizado para facilitar a


consolidação;
• deve haver o controle das transações entre as empresas do grupo;
• deve ser feito o controle dos saldos intercompanhias;
• a conciliação das contas intercompanhias deve ser efetuada
periodicamente.
Vamos apresentar a você ajustes efetuados na consolidação, utilizando o
exemplo conceitual adaptado da elaboração de Padoveze (2010).

O exemplo é fundamentado em duas empresas (denominadas A e B). A empresa


controladora (A) detém 80% do controle acionário da empresa controlada (B).
Elas efetuam transações entre si, no caso em questão, vendas da empresa B para a
empresa A.

No quadro a seguir, é apresentado o Balanço Patrimonial (BP) e a


Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) das duas empresas (A e B).

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Empresa A Empresa B
Balanço patrimonial
controladora controlada
Ativo $ $
Disponibilidade 84.000 10.000
Contas a receber
- de terceiros 220.000 30.000
- de empresas do grupo (a) 5.000 (b) 20.000
Estoques 145.000 30.000
Investimentos em controladas
- Participação 80% empresa B 80.000 -
Imobilizado 570.000 70.000
Ativo Total 1.104.000 160.000
Passivo
Contas a pagar
- a terceiros 284.000 55.000
- a empresas do grupo (b) 20.000 (a) 5.000
Patrimônio líquido
Capital social 500.000 80.000
Reservas 100.000 -
Lucros acumulados 200.000 20.000
Passivo total 1.104.000 160.000
Empresa A
Demosntração do resultado do exercício
controladora
$ $
Vendas 1.200.000 200.000
(-) Custos das vendas 700.000 120.000
(-) Despesas 300.000 60.000
Lucro líquido 200.000 20.000

Quadro 10 – BP e DRE das empresas do grupo.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

As operações entre elas estão relacionadas no Ativo (Contas a Receber


e Investimento em Controladas), no Passivo (Contas a Pagar), no
Patrimônio Líquido (Capital Social, Reservas e Lucros Acumulados).

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Eliminação dos saldos a pagar e a receber intercompanhias

Todos os valores a pagar ou a receber para empresas do grupo devem


ser anulados mediante ajuste nos saldos das respectivas contas. Os
lançamentos de eliminação dos saldos intercompanhias, em destaque no
exemplo do Quadro 10, serão apresentados no Quadro 11 a seguir.

Débito $ Crédito $
Contas a pagar (fornecedores) Empresa A (b) 20.000
a Contas a receber (clientes) Empresa B (b) 20.000
Contas a pagar (outras) Empresa B (a) 5.000
a Contas a receber (outras) Empresa A (a) 5.000

Quadro 11 – Lançamentos de eliminação: saldos a pagar e a receber intercompanhias.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Os lançamentos contábeis de ajuste do Quadro 11 evidenciam o débito


de $ 20.000,00 (b) que a conta Contas a Pagar na empresa A deverá
receber, e o Crédito que a conta Contas a Receber na empresa B deverá
receber. O contrário acontece com o valor de $ 5.000,00 (a). O Quadro
12 apresentará os saldos ajustados por esses lançamentos.

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Empresa A Empresa B Eliminações Saldos
Balanço patrimonial
controladora controladora Débito Crédito consolidados
Ativo $ $ $ $ $
Disponibilidade 84.000 10.000 94.000
Contas a receber
- de terceiros 220.000 30.000 250.000
(a+b)
- de empresas do grupo 5.000 20.000 -
25.000
Estoques 145.000 30.000 175.000
Investimentos em
controladas
- participação 80% empresa B (c) 80.000 - 80.000
Imobilizado 570.000 70.000 640.000
Ativo total 1.104.000 160.000 - 25.000 1.239.000
Passivo
Contas a pagar
- a terceiros 284.000 55.000 339.000
25.000
- a empresas do grupo 20.000 5.000 -
(a+b)
Patrimônio líquido
Capital social 500.000 (c) 80.000 580.000
Reservas 100.000 - 100.000
Lucros acumulados 200.000 (c) 20.000 220.000
Passivo total 1.104.000 160.000 25.000 - 1.239.000

Quadro 12 – BP e DRE após eliminação: saldos a pagar e a receber intercompanhias.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Veja em destaque no Quadro 12 os lançamentos de eliminação (a+b). Na


última coluna (Saldos Consolidados), é apresentado o valor do grupo, ou
seja, a consolidação.

O exemplo ainda contempla os ajustes de eliminação das contas


Investimentos em Controladas (Ativo) e Capital Social e Lucros
Acumulados (Patrimônio Líquido), identificados pela letra (c).

www.esab.edu.br 59
A empresa A, quando adquiriu 80% da empresa B, reconheceu em seu
balanço esse investimento. Isso quer dizer que, do total do Patrimônio
Líquido da empresa B, 80% pertencem à empresa A e o saldo de 20%
pertence a sócios minoritários.

Quando é feita a consolidação, é necessário reconhecer essa participação,


eliminando-a do valor total do grupo.

Os valores são:

Capital Social empresa B: $ 80.000 × 80%: $ 64.000


Lucros Acumulados empresa B: $ 20.000 × 80%: 16.000

Veja no Quadro 13 os lançamentos necessários.

Débito Crédito
$ $
Capital social (c) 64.000
Lucros acumulados (c) 16.000
Investimentos Empresa A (c) 80.000

Quadro 13 – Lançamentos de eliminação: Investimentos em Controladas e Patrimônio Líquido intercompanhias.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Dica
Note que no quadro 13 há uma letra “a” antes do
“Investimentos Empresa A”. Isso é uma convenção
contábil: na frente de uma conta contábil,
significa que a conta em questão está sofrendo um
crédito.

www.esab.edu.br 60
Com esses lançamentos efetuados no Quadro 13, chegamos ao final da
consolidação do nosso exemplo conceitual. Se o Ativo das duas empresas
fosse somado, desconsiderando os ajustes da consolidação, chegaríamos
ao valor total de $ 1.264.000 ($ 1.104.000,00 + $160.000).

Empresa A Empresa A Eliminações Saldos


Balanço patrimonial
controladora controladora Débito Crédito consolidados
Ativo $ $ $ $ $
Disponibilidade 84.000 10.000 94.000
Contas a receber
- de terceiros 220.000 30.000 250.000
- de empresas do grupo 5.000 20.000 25.000 -
Estoques 145.000 30.000 175.000
Investimentos em
controladas
(c)
-participação 80% empresa B 80.000 - -
80.000
Imobilidade 570.000 70.000 640.000
Ativo total 1.104.000 160.000 - 105.000 1.159.000
Passivo
Contas a pagar
- a terceiros 284.000 55.000 339.000
- a empresas do grupo 20.000 5.000 25.000 -
Patrimônio líquido
(c)
Capital social 500.000 80.000 516.000
64.000
Reservas 100.000 - 100.000
(c)
Lucros acumulados 200.000 20.000 204.000
16.000
Passivo total 1.104.000 160.000 105.000 - 1.159.000

Quadro 14 – BP e DRE consolidados após eliminação saldos intercompanhias.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

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Porém, ao apresentar o balanço patrimonial consolidado, conforme o
Quadro 14, o valor do Ativo corresponde a $ 1.159.000. A diferença
de $ 105.000 diz respeito às eliminações de saldos intercompanhias, no
qual, a diferença de menor valor $ 25.000 é referente a Contas a Pagar
e Contas a Receber, e o valor de $ 80.000 é referente à Investimento em
Controladas.

Dica
A partir da Lei nº 11.941/09, que alterou diversos
artigos da Lei nº 6.404/76, a conta denominada
Lucros Acumulados não pode mais ser utilizada
em publicação de Balanço Patrimonial. Passou
a ser considerada uma conta transitória até que
a decisão da destinação dos lucros do exercício
seja tomada. O saldo dessa conta deve ser
destinado para pagamento de dividendos, para a
criação ou aumento de reservas de lucro, ou para
integralização do capital social.

Nesta unidade, identificamos quais os principais ajustes necessários para


a elaboração de demonstrações financeiras consolidadas. Na próxima
unidade, conheceremos exercícios resolvidos sobre as unidades 1 a 9.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 1 a 9. Para isso, acesse
o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

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10 Exercícios resolvidos

Objetivos
Exercícios comentados sobre as unidades 1 a 9.

Na unidade 9, estudamos as principais técnicas de consolidação e


a importância da uniformidade dos critérios contábeis adotados na
elaboração da consolidação das demonstrações financeiras. Nesta
unidade, vamos relembrar conteúdos estudados nas unidades 1 a 9, por
meio de exercícios comentados. Vamos lá?

1. Com base em Padoveze (2010), o que é um sistema de informação


contábil gerencial?

Resposta: Um sistema de informação contábil é considerado gerencial


quando possui características de operacionalidade de tal forma que
atenda a todas as necessidades de informação dos administradores para o
gerenciamento de uma entidade.

2. O que se pode dizer com relação ao equilíbrio custo x benefício de um


sistema ou de uma informação, considerando as concepções de Padoveze
(2010)?

Resposta: Na construção de um sistema incorre-se em custos para


obtenção de seus componentes. A informação é um recurso que tem
custo como qualquer outro recurso de que a empresa necessita. Assim,
um sistema de informação deve render mais do que custa para a empresa,
para validar a sua construção. Desse modo, deve-se ter cuidado para
não construir sistemas de informação exageradamente complexos ou
detalhados, cujos benefícios gerados sejam menores que o custo para sua
implantação e manutenção.

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3. A Cia. Revolução apresentava em 31/12/2011 o seguinte conjunto de
bens, direitos e obrigações:

Dinheiro em caixa 60.000,00


Duplicatas a receber 48.900,00
Contas a pagar 20.000,00
Estoque 91.100,00
Máquinas 120.000,00
Empréstimos a pagar 80.000,00
Imóveis 800.000,00
Fornecedores 120.000,00
Encargos a pagar 90.000,00

Pede-se:

a. o total de bens;
b. o total de direitos;
c. o total de obrigações;
d. o Patrimônio Líquido;
e. o total dos bens tangíveis;
f. o total dos bens intangíveis;
g. o total dos bens móveis;
h. o total dos bens imóveis.

Antes de apresentar as respostas, vamos relembrar os conceitos de:

a. Bens: são os objetos úteis, capazes de satisfazer as necessidades


humanas e das empresas e são suscetíveis de avaliação econômica.
Do ponto de vista contábil, bens são todos os objetos que uma
empresa possui, seja para uso, para troca ou para o consumo. Os
bens também se classificam em materiais (tangíveis) e em imateriais
(intangíveis).
• Os bens materiais (ou tangíveis) são aqueles que possuem
corpo, matéria e são palpáveis. Por exemplo, temos: veículos,
imóveis, estoques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios,
computadores, ferramentas, entre outros.

www.esab.edu.br 64
• Os bens imateriais (ou intangíveis) correspondem àqueles que,
embora considerados bens, não possuem corpo ou matéria.
Marcas, patentes de invenção e fundo de comércio são exemplos
de bens intangíveis.

Além da classificação de tangíveis e intangíveis, os bens podem ser


divididos em:

• Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser
retirados sem destruição ou danos: terrenos, edifícios, construções
etc.;
• Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos do seu lugar:
mesas, veículos, computadores, dinheiro, mercadorias etc.

b. Direitos: são os valores que a empresa tem para receber de terceiros.


Os direitos originam-se não só das vendas de mercadorias a prazo,
como também das vendas a prazo de outros bens e serviços ou,
ainda, em decorrência de outras transações, como aluguel de bens,
empréstimo de dinheiro a terceiros e créditos de impostos.
c. Obrigações: são dívidas com outras empresas, bancos, financiadores
e demais credores. Em Contabilidade, tais dívidas são denominadas
obrigações exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados e
exigidos para que seja efetuado o pagamento.
Respostas com memória de cálculo:

a. O total de bens

Dinheiro em caixa 60.000,00


Estoque 91.100,00
Máquinas 120.000,00
Imóveis 800.000,00
TOTAL 1.071.100,00

b. O total de direitos

Duplicatas a receber 48.900,00

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c. O total de obrigações

Contas a Pagar 20.000,00


Empréstimos a Pagar 80.000,00
Fornecedores 120.000,00
Encargos a Pagar 90.000,00
TOTAL 310.000,00

d. O Patrimônio Líquido

(+) Total Bens 1.071.100,00


(+) Total Direitos 48.900,00
(-) Total Obrigações (310.000,00)
(=) Patrimônio Líquido 810.000,00

e. O total dos bens tangíveis

Dinheiro em caixa 60.000,00


Estoque 91.100,00
Máquinas 120.000,00
Imóveis 800.000,00
TOTAL 1.071.100,00

f. O total dos bens intangíveis

Não há bem intangível

g. O total dos bens móveis

Dinheiro em caixa 60.000,00


Estoque 91.100,00
Máquinas 120.000,00
TOTAL 271.100,00

h. O total dos bens imóveis

Imóveis 800.000,00

www.esab.edu.br 66
4. O que é consolidação de balanços e qual seu objetivo básico, de
acordo com Padoveze (2010)?

Resposta: Consolidação de balanços é uma técnica utilizada para


aglutinar em um só corpo de relatórios os balanços e as demonstrações de
resultados de empresas de um mesmo grupo empresarial, com o objetivo
de apresentar os relatórios contábeis como se o grupo fosse uma entidade
única.

5. Quais as empresas que são obrigadas a fazer consolidação de balanços


para fins societários, conforme Padoveze (2010)?

Resposta: As companhias abertas que têm mais de 30% do seu


Patrimônio Líquido investido em controladas e os grupos de sociedades
formalmente constituídos.

6. Cite as finalidades gerenciais da consolidação de balanços, conforme


Padoveze (2010).

Resposta: Além das finalidades tradicionais da consolidação, as


finalidades gerenciais buscam provocar estudos sobre tributação
adicional decorrente da estrutura em diversas empresas, avaliar o grau
de endividamento e rentabilidade do grupo, avaliar o desempenho dos
gestores etc.

7. De acordo com Padoveze (2010), quais os principais ajustes a serem


feitos na consolidação?

Resposta: Eliminação dos saldos intercompanhias, dos investimentos e


da equivalência patrimonial, das vendas e custos intercompanhias, dos
Lucros não Realizados nos estoques, entre outros.

8. Por que o lucro nos estoques de vendas intercompanhias deve ser


eliminado?

www.esab.edu.br 67
Resposta: Quando uma empresa do grupo vende à outra com lucro
e esse produto ainda não foi vendido para terceiros, existe um lucro
embutido na transferência que está estocado na recebedora desse
produto. Deve-se eliminar esse lucro porque o que vale é o lucro de
venda para terceiros, sob pena de se avaliar incorretamente o lucro do
grupo empresarial.

9. A empresa X é controladora da empresa Y e detém 75% de suas ações.


Com os demonstrativos a seguir, evidencie a eliminação do Investimento
em Controlada, bem como a participação minoritária no Passivo, no
balanço consolidado (PADOVEZE, 2010).

Empresa X – Controladora Empresa Y – Controlada

ATIVO
Circulante 8.000 7.000
Investimento em Controlada 18.000 0
Imobilizado 25.000 25.000
Total 51.000 32.000
PASSIVO
Circulante 6.000 8.000
Patrimônio Líquido
Capital Social 40.000 22.000
Reservas e Lucros 5.000 2.000
Total 51.000 32.000

Resposta:

1ª eliminação: o valor do investimento de $ 18.000 (a) é eliminado na


controladora e ajustado no Patrimônio Líquido.

2ª eliminação: o PL da controlada é de $ 24.000. A parte da


controladora corresponde a $ 18.000 (75% x $ 24.000) (a) e a parte
dos sócios minoritários corresponde a $ 6.000 (25% x $ 24.000)
(b). Dessa forma, os 25% dos minoritários, representando $ 6.000,
foram transferidos do PL para uma conta transitória, entre o Passivo

www.esab.edu.br 68
e o Patrimônio Líquido, chamada de Participação de Minoritários. O
total do Patrimônio Líquido (a+b) da empresa Y foi ajustado com estes
lançamentos.

Veja como ficou:

Empresa X Empresa Y Eliminações Total


Controladora Controlada Débito Crédito Consolidado
Ativo Circulante 8.000 7.000 15.000
Investimento em
18.000 0 (a)18.000 0
Controlada
Imobilizado 25.000 25.000 50.000
Total Ativo 51.000 32.000 65.000
Passivo Circulante 6.000 8.000 14.000
Participação de
(b) 6.000 6.000
Minoritários
Patrimônio Líquido
Capital Social 40.000 22.000 22.000 40.000
Reservas e Lucros 5.000 2.000 2.000 5.000
Total Passivo 51.000 32.000 65.000

Caro aluno, esta unidade apresentou alguns exercícios que exigiram


a revisão e a aplicação de conteúdos estudados nas unidades 1 a 9.
Ao acompanhar a resolução deles, você teve a possibilidade de testar
os conhecimentos adquiridos sobre os assuntos aqui abordados. Na
sequência, partiremos para a análise das demonstrações financeiras. Até lá!

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Objetivos da análise das
11 demonstrações financeiras
Objetivos
Analisar as informações contábeis para fins de interpretação e
avaliação da situação financeiro-econômica da organização.

Nas unidades 7 a 9 estudamos a consolidação das demonstrações


financeiras, que é a divulgação em uma única demonstração dos valores
de diversas empresas distintas entre si e pertencentes a um determinado
grupo empresarial, ajustados com as eliminações das transações
intercompanhias.

Nesta unidade estudaremos o que é a análise das demonstrações e como


ela pode contribuir na avaliação de uma entidade pelas diferentes partes
interessadas nela. Dentre essas partes interessadas, também conhecidas
como stakeholders, podemos destacar os acionistas, os bancos e os
fornecedores, a administração (dirigentes), entre outros.

Os acionistas estão interessados na capacidade de geração de dividendos,


o que remunera o seu investimento na empresa (análise de risco e
retorno). Os bancos e os fornecedores estão interessados na capacidade
da empresa de honrar os compromissos assumidos (liquidez). A
administração está preocupada em manter a empresa saudável
financeiramente, monitorando a operação através de diversos índices
(GITMAN; MADURA, 2008).

Segundo Matarazzo (2010, p. 3), “A Análise de Balanços objetiva extrair


informações das demonstrações financeiras para a tomada de decisões”,
ou seja, deseja abastecer tomadores de decisões com informações úteis
que fundamentem suas ações. As demonstrações financeiras possuem
diversos dados sobre a empresa, e a análise de balanço transforma esses
dados em informações.

www.esab.edu.br 70
É importante entender os conceitos de dados e de informações. Dados são números
que isoladamente não contribuem para a formação de uma opinião. Já informações
são dados que foram analisados, tratados e apresentados de forma tal que permitem
a formação de opiniões para a tomada de decisões.

As demonstrações contábeis apresentam um número expressivo de


dados numéricos. Para um leigo em contabilidade é difícil e complicado
fazer uma leitura da situação em que se encontra determinada empresa
baseando-se somente nesses dados. Mas se esse mesmo leigo tiver acesso a
um relatório de análise das demonstrações financeiras, terá condições de
fazer uma leitura aprofundada da empresa em questão, devido ao fato de
que os dados foram compilados, tratados e apresentados de uma forma
voltada à geração de informação (MATARAZZO, 2010).

Veja, na figura a seguir, o fluxo do processo de análise.

Fatos ou eventos
econômico-financeiros
Processo
contábil
Demonstrações
financeiras = dados
Técnicas de análise
de balanços
Informações
financeiras para a
tomada de decisões

Figura 4 – Sequência do processo de análise.


Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 71
O trabalho de análise começa após o término do trabalho efetuado
pelo contador. O contador finaliza sua parte com a publicação das
demonstrações financeiras. O analista de balanços começa o seu trabalho
a partir dessa publicação.

O relatório de análise deve utilizar uma linguagem descomplicada, clara


e objetiva. Também é aconselhada, dentro do possível, a utilização de
gráficos para melhor interpretação das informações geradas. Um relatório
de análise deve evitar transformar dados em outros dados, conforme o
exemplo apresentado por Matarazzo (2010, p. 5):

O índice de endividamento é de 220%; isto significa que para cada $ 100 de capital
próprio existem $ 220 de terceiros. Esse índice mostra um crescimento de 10% em
relação ao ano anterior, que, por sua vez, já crescera 18%. Os recursos de terceiros
são predominantemente de curto prazo (85%). Já os índices de liquidez encontrados
foram respectivamente: liquidez geral – 1,25; liquidez corrente – 1,40; e liquidez seca
– 1,01, o que mostra que a empresa tem mais cruzeiros realizáveis do que dívidas de
curto prazo.

Agora veja os dados do modelo anterior de relatório de análise


devidamente interpretados e transformados em informação útil para a
tomada de decisão:

O grau de endividamento da empresa encontra-se em nível razoável em relação ao


ramo de atividade; entretanto, vem crescendo de maneira indesejável, pois há dois
anos podia ser considerado bom. A composição do endividamento mostra um perfil
de dívida insatisfatório devido à excessiva participação das obrigações de curto prazo.
Já a liquidez da empresa pode ser considerada boa. (MATARAZZO, 2010, p. 6)

Conforme Matarazzo (2010, p. 6), as informações geradas pela análise


das demonstrações financeiras podem ser classificadas em:

• situação financeira;
• situação econômica;
• desempenho;
• eficiência na utilização dos recursos;
• pontos fortes e fracos;

www.esab.edu.br 72
• tendências e perspectivas;
• quadro evolutivo;
• adequação das fontes às aplicações de recursos;
• causas das alterações na situação financeira;
• causas das alterações na rentabilidade;
• evidência de erros na administração;
• providências que deveriam ser tomadas e não foram;
• avaliação de alternativas econômico-financeiras futuras.
O processo de análise utiliza-se de raciocínio científico para elaborar
suas informações, da mesma forma que um médico utiliza índices
de referência para diagnosticar doenças, por exemplo, ao medir a
temperatura de um paciente cujo resultado apresentou 39ºC de
temperatura corporal. Ao comparar com um índice padrão (no caso a
temperatura do corpo humano, que é de 36ºC), o médico tem condições
de chegar a um diagnóstico: febre. Ele também consegue tomar uma
decisão, que é receitar um antitérmico para esse paciente. Na figura a
seguir, você pode visualizar esse fluxo do processo de tomada de decisão:

Etapas: 1 2 3 4
Escolha de Comparação Diagnóstico ou
Decisões
indicadores com padrões conclusões

Análise
Figura 5 – Processo de tomada de decisão.
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 73
Ainda conforme Matarazzo (2010), assim como o médico utilizou um
processo racional de análise de informações, o analista de balanços utiliza
o mesmo raciocínio para analisar as demonstrações financeiras. Vejamos
os passos a seguir.

• Extraem-se índices das demonstrações financeiras.


• Comparam-se esses índices com os índices-padrão.
• A análise é feita sobre os resultados encontrados e um diagnóstico é
elaborado.
• Decisões são tomadas com base nas informações obtidas.

Para sua reflexão


Caro estudante, reflita sobre a importância de
efetuar análises. As decisões que tomamos, sobre
qualquer assunto, requerem nosso julgamento para
que decidamos a favor ou contra. E este julgamento
está baseado na quantidade de informações que
temos a respeito do assunto em questão.
Desta forma, em uma empresa, a análise das
demonstrações financeiras tem a função de levar
os analistas de crédito, os gestores da empresa,
os investidores, os bancos, a refletirem sobre a
situação econômico-financeira. Assim, refletir
está associado a conhecer mais sobre o cenário
que se apresenta nas informações contidas nas
demonstrações contábeis.
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

Nesta unidade, conhecemos os objetivos da análise das demonstrações


financeiras. Na próxima unidade, entenderemos as técnicas para
padronização das demonstrações financeiras.

www.esab.edu.br 74
Padronização das demonstrações
12 financeiras
Objetivos
Entender as técnicas para elaboração da padronização para análise
das demonstrações financeiras.

Na unidade anterior estudamos sobre a análise das demonstrações


financeiras e o modo como ocorre o processo de transformar dados
em informações úteis para tomada de decisões. Agora conheceremos
as técnicas utilizadas para analisar as demonstrações financeiras. Mas
antes veremos um pouco sobre a história da análise das demonstrações
financeiras.

12.1 História da análise das demonstrações


financeiras
Ela tem início no final do século XIX, quando os banqueiros americanos
começaram a solicitar informações contábeis das empresas tomadoras
de empréstimos. Os relatórios eram muitas vezes vagos, e não havia
um padrão adotado pelas empresas. Também não havia técnica para
a análise desses dados. Depois de diversas evoluções na forma de
apresentar os dados, o Banco Central dos Estados Unidos publicou
em 1918 um livreto que continha formulários padronizados para
balanço e demonstração de lucros e perdas, como também um esboço
de procedimentos de auditoria e de elaboração de demonstrações
financeiras. Em 1931, a empresa Dun & Bradstreet iniciou a preparação
e divulgação de índices-padrão para diversos ramos de atividades nos
Estados Unidos. Nos anos 1930, dentro da empresa DuPont surgiu um
modelo de análise da rentabilidade, fragmentando a taxa de retorno em
taxas de margem de lucro e giro dos negócios, conhecido como análise
do ROI (Return on Investment). Esse modelo é utilizado desde então e
hoje também é conhecido como Sistema DuPont.

www.esab.edu.br 75
Em 1968 foi criada no Brasil a Serasa, cuja atividade era operar como
central de Análise de Balanços de bancos comerciais, tendo como
organizador Dante Carmine Matarazzo. Até essa data, no Brasil a análise
de demonstrações financeiras era uma ferramenta pouco conhecida e
pouco utilizada (MATARAZZO, 2010).

É fato que os EUA possuem um mercado de ações (bolsa de valores)


com aproximadamente 200 anos de atividade, com um grande número
de empresas listadas em bolsa de valores. Desse modo, o número de
demonstrações financeiras auditadas ofertadas aos analistas de balanços é
elevado. No Brasil, temos poucas empresas listadas em bolsa de valores,
o que diminui a oferta de demonstrações financeiras auditadas. E qual
a diferença entre uma demonstração auditada e uma demonstração não
auditada? Segurança e credibilidade. Quando uma demonstração financeira
é auditada, significa que uma empresa de auditoria verificou e analisou o
processo de registro das operações de uma empresa e que esse processo está
de acordo com as práticas contábeis e com a legislação pertinente.

Diversas são as técnicas utilizadas para diagnosticar a situação


econômico-financeira de uma empresa. Vamos conhecê-las?

12.2 Técnicas utilizadas para diagnosticar a situação


econômico-financeira
Análise por meio de índices

Para um analista de balanços, principalmente se ele é funcionário de


uma instituição financeira, a análise de diversos índices de uma empresa
permite formar opinião sobre conceder ou não empréstimo. Esses
índices permitem uma visão global da empresa analisada, fornecendo
informações genéricas sobre diferentes aspectos.

Com o passar dos anos, também se podem formar opiniões sobre


os resultados apresentados para cada índice, ou seja, hoje é possível
atrelar pesos conforme a importância de cada um. Caso a análise
requeira maior profundidade, é necessária a aplicação de outras técnicas
(MATARAZZO, 2010).

www.esab.edu.br 76
Os índices são classificados basicamente em índices de estrutura de
capital, de liquidez e de rentabilidade.

Análise vertical e horizontal

De acordo com Matarazzo (2010), este tipo de análise ainda não é


extensamente utilizado para o diagnóstico de situações econômico-
financeiras. Porém, pesquisas recentes com insolvência de pequenas e
médias empresas têm destacado a utilidade da análise vertical e horizontal
como instrumento de análise. Também se destaca a utilização desse tipo
de análise como ferramenta para estudo de tendências.

Análise do capital de giro

Segundo Matarazzo (2010), é possível a construção de um modelo de


análise de investimentos e financiamento do capital de giro a partir de
índices de rotação ou de prazos médios (recebimento, pagamento e
estocagem).

Análise de rentabilidade

Também conhecida como Retorno sobre o Investimento (ROI –


Return on Investiment), ou Retorno sobre o Ativo Total (ROA – Return
on Total Assets), esta análise mede a eficiência geral da administração
em gerar lucros com os Ativos à disposição, ou seja, utiliza dados da
Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial. Já o
Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE – Return on Common Equity)
mede o ganho sobre o investimento feito pelos acionistas, conforme
Gitman e Madura (2008).

Análise da alavancagem financeira

Esta análise faz a comparação do custo das diferentes alternativas


de capitais de terceiros com o custo do capital próprio. É utilizada
para tomada de decisão quanto às captações de financiamento
(MATARAZZO, 2010).

www.esab.edu.br 77
Sistema DuPont

Gitman e Madura (2008) afirmam que o Sistema DuPont analisa as


demonstrações financeiras e o desempenho financeiro da empresa.
Apresenta índices como a margem líquida, o giro do Ativo, o
multiplicador da alavancagem financeira, a taxa de Retorno sobre o Ativo
e a taxa de Retorno sobre o Patrimônio Líquido.

Em sua estrutura, o Sistema DuPont apresenta a demonstração do


resultado e o Balanço Patrimonial e, fundindo essas demonstrações,
apresenta ao final duas taxas de retorno: Retorno do Ativo Total (ROA) e
Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE).

Ainda segundo Gitman e Madura (2008), uma vantagem considerável


do Sistema DuPont é que ele permite à empresa desdobrar o seu Retorno
sobre o Patrimônio Líquido em três componentes: rentabilidade das
vendas (margem líquida), eficiência no uso dos Ativos (giro do Ativo
Total) e uso da alavancagem (impacto do uso do capital de terceiros).

Análise comparativa setorial

Uma das abordagens da análise das demonstrações financeiras é


comparar o desempenho da empresa com os índices das demais empresas
do mesmo setor. Alguns setores possuem publicações específicas
que divulgam os índices médios para que as empresas possam fazer
benchmarking (GITMAN; MADURA, 2008).

Benchmarking é uma dos diversos processos e métodos de boas práticas de gestão.


Ele compara o desempenho da empresa (interno) com o desempenho das melhores
empresas do segmento (externo) para estudar possibilidade de melhorias em seus
processos, produtos e serviços.

www.esab.edu.br 78
Análise série-temporal

Segundo Gitman e Madura (2008), esta análise avalia o desempenho


dos índices no tempo. Permite acompanhar a evolução da empresa no
decorrer de sua existência, identificando possíveis problemas em virtude
de bruscas mudanças de um ano para outro.

Estudo complementar
Caro estudante, acesse a Análise Financeira e
Demonstrações Contábeis de 2012 da empresa
Petrobrás, disponível aqui. Não se preocupe
em entender todos os detalhes desse relatório,
o objetivo é que você entre em contato e se
familiarize à estrutura apresentada.

As técnicas utilizadas na análise financeira não se limitam àquelas


apresentadas anteriormente. Além da diversidade, o uso de várias
técnicas, simultaneamente, permite uma análise profunda da realidade
financeira. No decorrer das próximas unidades veremos na prática a
aplicabilidade de algumas das análises apresentadas aqui. Vamos lá!

www.esab.edu.br 79
Resumo

Vimos neste caderno de estudos o processo de consolidação das


demonstrações financeiras das diversas empresas que formam um
conglomerado (ou grupo empresarial), para que o administrador consiga,
em um demonstrativo, visualizar o resultado e o patrimônio total do
grupo, com os devidos ajustes decorrentes dos procedimentos necessários
para consolidar as demonstrações.

Também tivemos a oportunidade de acompanhar os exercícios


comentados das unidades 1 a 9, contribuindo para a absorção do
conhecimento adquirido durante o estudo.

E para finalizar, estudamos sobre a análise das das demonstrações


financeiras, entendendo como transformar dados em informações e
conhecendo os objetivos dessas informações, a quem elas se destinam,
bem como as diversas técnicas utilizadas para analisar as informações
econômico-financeiras.

www.esab.edu.br 80
Modelo de padronização das
13 demonstrações financeiras
Objetivo
Preparar o papel de trabalho para a realização da padronização das
demonstrações financeiras.

Olá, estudante! Nas unidades anteriores estudamos as demonstrações


financeiras. Agora vamos avançar nossos estudos conhecendo como
padronizá-las, para que análises sejam feitas a partir das informações
extraídas dessas demonstrações. Para isso, vamos utilizar como principais
referenciais teóricos os trabalhos de Matarazzo (2010) e Padoveze (2010).

Para efetuarmos a análise das demonstrações financeiras, conforme


estudado na unidade 11, é necessário um ferramental adequado para a
execução do trabalho. As demonstrações financeiras publicadas de acordo
com a legislação contábil e societária, apesar de atenderem as exigências
legais, precisam passar por um processo de padronização para que seja
possível analisá-las.

Nesta unidade, você verá que o trabalho do analista das demonstrações


financeiras inicia pela reclassificação de determinadas contas contábeis
dessas demonstrações, e o agrupamento de outras, através de um modelo
previamente definido do Balanço Patrimonial (BP) e da Demonstração
do Resultado do Exercício (DRE) apresentados por Matarazzo (2010)
e definidos como padronização, sendo uma crítica às contas das
demonstrações financeiras.

A análise é entendida como um meio de conhecer a estrutura econômico-


financeira de outras empresas, tais como concorrentes, fornecedores e
clientes, através das demonstrações publicadas (PADOVEZE, 2010).

www.esab.edu.br 81
Ao voltarmos à essência da contabilidade gerencial – que é fornecer
informações úteis para tomada de decisão –, essa análise deve ser
estendida também para uso interno, ou seja, para o autoconhecimento
da empresa, para ver como está o seu desempenho, comparando-o com
outras empresas do setor, e como esse desempenho tem se comportado
com o passar dos anos.

Os motivos apresentados para a padronização, de acordo com Matarazzo


(2010), são listados a seguir.

Simplificação

Devido ao elevado número de informações que são apresentadas em cada


demonstração, e ao analisar dois ou três anos, a quantidade de números
pode ultrapassar a casa de 500 números. Ao utilizar o modelo padrão
sugerido, a quantidade de números é reduzida expressivamente.

Comparabilidade

Cada empresa tem seu plano de contas, adaptado a sua necessidade.


Com exceção daquelas empresas que são obrigadas a seguir a
legislação específica do setor em que atuam (seguradoras, bancos,
telecomunicações, energia etc.), as demais podem ter planos de contas
similares, porém não idênticos. A padronização permite enquadrar e
nivelar todas as informações de empresas diferentes, facilitando a análise,
até porque a análise deve ser comparativa.

Adequação aos objetivos da análise

A conta Duplicatas Descontadas era listada como uma conta redutora


dentro do Ativo, diminuindo o saldo da conta Duplicatas a Receber.
Como sua essência é um empréstimo bancário, ou seja, a empresa vai
até o banco e toma esse recurso emprestado, deixando duplicatas como
garantia, deve ser reclassificada para o Passivo Circulante.

www.esab.edu.br 82
Precisão nas classificações de contas

É rotineiro balanços e demonstrações apresentarem falhas na


classificação de contas, como investimentos permanentes que deveriam
ser classificados no Ativo Não Circulante, mas aparecerem no Ativo
Circulante. Os gastos, que deveriam ser lançados como despesas
do período, aparecem como Ativo Diferido, o que hoje não é mais
permitido pelas normas de contabilidade. O analista de balanço deve
ficar alerta a números que visam “embelezar” balanços de empresas. Se
houver dúvidas quanto aos critérios adotados pela empresa para emissão
dos demonstrativos, o analista deverá solicitar informações adicionais
para esclarecer e padronizar corretamente as contas.

Descoberta de erros

Os erros encontrados podem ser intencionais, ou não. O cruzamento


de informações entre o BP e a DRE permite identificar erros. A seguir,
listamos alguns dos erros que podem ocorrer:

• os estoques finais ou iniciais da DRE não coincidem com os


estoques do BP;
• a Provisão para Devedores Duvidosos (PDD) do BP não coincide
com o valor apresentado na DRE;
• a conciliação entre o Patrimônio Líquido Inicial com os resultados
do exercício e o Patrimônio Líquido Final não confere.

Intimidade do analista com as demonstrações financeiras da empresa

O analista é forçado a refletir sobre todas as contas e a decidir sobre a


sua consistência com outras contas enquanto faz a transcrição para o
papel de trabalho, no caso, o modelo predefinido de padronização. Desta
forma, acaba ambientado com os números da empresa, e com isto poderá
enxergar detalhes que antes não lhe eram percebidos.

www.esab.edu.br 83
Perceba que o modelo de padronização apresentado por Matarazzo
(2010) apresenta características que visam atender o trabalho de análise
do BP e da DRE. Dentre essas características, destacamos:

• o Ativo apresenta apenas as contas essenciais, divididas em


Financeiro e Operacional;
• o Passivo Circulante é dividido em Operacional e Financeiro, sendo
que as “Duplicatas Descontadas” fazem parte deste último;
• no lado do Passivo é apresentado um subtotal formado por Capitais
de Terceiros (Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo);
• no Patrimônio Líquido apenas o “Capital Social” é apresentado, já
deduzido de eventuais “Capitais a Realizar” e somado às Reservas.
Veja a seguir o modelo de padronização apresentado para o Balanço
Patrimonial. Nesse modelo, o Ativo apresenta somente sete contas e o
Passivo, oito. As demais são contas títulos (subtotais) e totais. Faça uma
análise visual do modelo.

MODELO DE PADRONIZAÇÃO

BALANÇOS EM:
31-12-X1 31-12-X2 31-12-X3
VA AV AH VA AV AH VA AV AH
ATIVO
CIRCULANTE
FINANCEIRO
Disponível
Aplicações Financeiras
SOMA
OPERACIONAL
Clientes
Estoques
SOMA
Total do Ativo Circulante
REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

www.esab.edu.br 84
PERMANENTE
Investimentos
Imobilizado
Diferido
Total do Ativo Permanente
TOTAL DO ATIVO
PASSIVO
CIRCULANTE
OPERACIONAL
Fornecedores
Outras obrigações
SOMA
FINANCEIRO
Empréstimos Bancários
Duplicatas Descontadas
SOMA
Total de Passivo Circulante
EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
Empréstimos
Financiamentos
Total do Exigível a Longo Prazo
CAPITAIS DE TERCEIROS
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital e Reservas
Lucros Acumulados
Total do Patrimônio Líquido
TOTAL DO PASSIVO
Simbologia: VA = Valores Absolutos; AV = Análise Vertical; AH = Análise Horizontal

Quadro 15 – Modelo de Padronização de Balanço Patrimonial.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Visualizando o Quadro 15, não ficou mais objetiva a análise das


informações do Balanço Patrimonial em virtude da concentração dos
valores em poucas contas? Essa objetividade atende àquelas análises feitas
externamente por credores, financiadores, entre outros.

Para o uso interno, essas informações poderiam manter-se reduzidas


conforme apresentado, ou poderiam ser detalhadas de tal forma que o

www.esab.edu.br 85
gestor tenha conhecimento do desempenho de cada conta do Balanço
Patrimonial e da DRE.

Na mesma linha de trabalho, veja as características apresentadas para a


padronização da DRE:

• a DRE evidencia, da mesma forma que o BP, somente os valores


fundamentais para a análise;
• a rubrica Receita Líquida de Vendas está deduzida das Devoluções e
Abatimentos e dos Impostos;
• as Receitas e Despesas Financeiras estão líquidas dos efeitos
inflacionários (MATARAZZO, 2010).
O modelo de padronização da DRE apresenta poucas contas, como
visualizado a seguir. Poucas, porém necessárias para que o trabalho de
análise seja efetuado e atenda à necessidade de informação do avaliador.

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO X1 X2 X3
EXERCÍCIO FINDO EM VA AV AH VA AV AH VA AV AH
RECEITA LÍQUIDA
(-) Custo dos Produtos Vendidos
= Lucro Bruto
(-) Despesas Operacionais
(±) Outras Rec./Desp. Operacionais
= LUCRO OPERACIONAL (antes dos
Resultados Financeiros)
(+) Receitas Financeiras
(-) Despesas Financeiras
= LUCRO OPERACIONAL
(-) Resultado não Operacional
LUCRO ANTES DO I. R. E CONTRIB. SOCIAL
LUCRO LÍQUIDO
Simbologia: VA = Valores Absolutos; AV = Análise Vertical; AH = Análise Horizontal

Quadro 16 – Modelo de Padronização da Demonstração do Resultado do Exercício.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

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Nesta unidade, você já entendeu como funciona a padronização das
demonstrações financeiras e como ela contribui para a geração de
informações da empresa analisada.

Vamos avançar mais um pouco e conhecer a Análise Vertical? Até a


próxima unidade!

Saiba mais
O plano de contas contábil tem como finalidade
atender às necessidades informacionais, através
da classificação de cada ato ou fato contábil,
direcionando a informação para a conta contábil
correta, podendo ser ela de Resultado (despesa
ou receita) ou Patrimonial (Ativo ou Passivo). Um
plano de contas elaborado corretamente contribui
para uma boa gestão. Clique aqui e veja no link do
CRC-SP (Conselho Regional de Contabilidade de
São Paulo) uma explicação e um modelo de plano
de contas.

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14 Análise vertical – parte I
Objetivo
Compreender como é elaborada a análise vertical e quais informações
pode-se extrair para a análise do desempenho da organização.

Na unidade 13, estudamos como padronizar as demonstrações


financeiras. Nesta unidade, daremos um novo passo e estudaremos a
elaboração da análise vertical e a análise de desempenho da organização.
Teremos como principais referenciais as ideias de Matarazzo (2010) e
Padoveze (2010).

A análise vertical tem como função apresentar a participação de cada


conta do Balanço Patrimonial na composição total do patrimônio. É
uma ferramenta para análise do comportamento passado da empresa,
visto que compara as demonstrações financeiras que apresentam
exercícios já finalizados. É sabido que a análise e o conhecimento do
passado podem auxiliar a predizer o futuro, se mantidos os cenários e as
condições em que o passado ocorreu.

Segundo Matarazzo (2010), a análise vertical demonstra a importância


de cada conta em relação à demonstração financeira a que pertence e,
através da comparação com percentuais da própria empresa ou padrões
do ramo no qual a empresa está inserida, permite identificar se há itens
fora dos padrões normais.

Como todo instrumento de avaliação, saiba que essa análise deve ser
usada com cautela e em conjunto com os demais índices de mensuração
do desempenho econômico-financeiro da empresa (PADOVEZE, 2010).
O cálculo para apurar a participação de cada conta é feito por meio da
divisão do valor da conta pelo valor do Ativo total do exercício analisado.

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A análise vertical pode ser usada para um rápido reconhecimento da
composição patrimonial por parte do usuário da informação contábil.
Ao receber uma análise vertical, conforme o exemplo do Quadro 17, o
administrador rapidamente consegue identificar onde está aplicada a maior
parte dos recursos da empresa, quais são as fontes dos recursos e quais foram
as alterações sofridas nessa composição durante os períodos em análise.

Quadro 17 – Análise Vertical do Balanço Patrimonial.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 89
Usando o exemplo do Quadro 17, cujo Ativo Total do exercício 2009 é
de $2.609.984, e cuja conta Disponível apresenta saldo no exercício no
valor de $39.400, temos a seguinte memória de cálculo para verificarmos
a participação da conta no total do Ativo:

Valor do Ativo Total – 2009: $2.609.984

Valor da conta Disponível – 2009: $39.400

Aplicando o cálculo: Disponível / Ativo Total x 100 = 39.400 /


2.609.984 x 100 = 1,51%

Isso significa que do total de 100% do Ativo para o exercício 2009,


1,51% estão alocados na conta Disponível. Analisando a conta
Disponível para os exercícios seguintes, 2010 e 2011, veremos que,
apesar de aumentar em valores nominais, a participação percentual
perante o total do Ativo sofreu redução, passando de 1,51% em 2009
para 0,68% em 2011. Ao efetuarmos a mesma memória de cálculo para
as demais contas do Balanço Patrimonial, veremos a participação de cada
uma perante a formação do patrimônio.

No exemplo estudado, é perceptível a imobilização em andamento


nos períodos analisados. No primeiro período, o Ativo Circulante
representava 65,47% do total do Ativo. Porém, no último período
sua participação na formação do Ativo total retraiu para 51,39%. E o
Ativo Não Circulante, formado pelas contas Realizável a Longo Prazo,
Investimentos e Diferido, passou de 34,53% para 48,61% no último
período da análise.

As origens de recursos, que são encontradas no Passivo, também sofreram


alteração na sua composição. No exercício de 2009, as dívidas de curto
prazo (Passivo Circulante) representavam 43,67% e as dívidas de longo
prazo (Passivo Não Circulante), 21,45% das origens de recursos. Dois
anos após, o perfil da dívida mudou, aumentando a participação de
longo prazo, o que normalmente é bom, passando para 38,85%. Já as
dívidas de curto prazo reduziram para 33,02% da composição.

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Atenção: o Balanço Patrimonial utilizado como exemplo no Quadro 17
já passou pelo processo de padronização, conforme estudado na unidade
13. Veja que as informações estão consolidadas em poucas contas.

Nesta unidade iniciamos o assunto de análise vertical. Vimos como ela


é elaborada e sua importância para apresentar cada conta do Balanço
Patrimonial. Na próxima unidade, continuaremos com esse assunto e nos
aprofundaremos um pouco mais.

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15 Análise vertical – parte II
Objetivo
Compreender como é elaborada a análise vertical e quais informações
pode-se extrair para a análise do desempenho da organização.

Iniciamos o estudo de análise vertical na unidade anterior e agora vamos


procurar nos aprofundar mais neste assunto. Novamente, teremos como
referencial o trabalho de Padoveze (2010).

Assim como o Balanço Patrimonial estudado na unidade 14, a


Demonstração do Resultado do Exercício também tem sua composição
apresentada em percentuais através das informações extraídas da análise
vertical, o que conduz à evidenciação da estrutura de custos e despesas
da empresa, comparado com o total de receitas. Busca demonstrar a
lucratividade da empresa (PADOVEZE, 2010).

A base para comparações é a linha da Receita Líquida, que já está


ajustada com a dedução de impostos incidentes sobre as vendas, os
abatimentos e as devoluções incondicionais.

Da mesma forma como a estrutura de Ativos é parecida em empresas


do mesmo setor, a estrutura de custos e despesas também. Os casos em
que a disparidade entre os índices chama a atenção do analista merecem
ser tratados com mais profundidade, fazendo com que este busque
informações adicionais sobre a motivação de tais diferenças encontradas.

Como a análise vertical tem poder preditivo, cenários podem ser


desenhados com base nas previsões extraídas das análises. Olhando
o Quadro 18, cuja demonstração da empresa-modelo servirá como
instrução do conteúdo, veremos as alterações de custos e despesas
ocorridas nos três exercícios analisados.

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Quadro 18 – Análise Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Ao “passar os olhos” sobre a linha do Lucro Bruto, o analista de balanços


verá que houve crescimento contínuo nos três anos analisados, passando
de 24,44% para 27,91%. Poderá interpretar que houve aumento no preço
de venda da mercadoria, ou que houve redução no custo dos produtos
vendidos ou, ainda, ocorreram simultaneamente as duas situações.

A memória de cálculo para apuração dos índices terá como base 100 ou 1, a
linha da Receita Líquida. Veja o índice apurado para 2010 do Lucro Bruto:

Valor da Receita Líquida – 2010: $4.647.159


Valor do Lucro Bruto – 2010: $1.209.953

Aplicando o cálculo: Lucro Bruto / Receita Líquida × 100 = 1.209.953 /


4.647.159 × 100 = 26,03%

www.esab.edu.br 93
Isso quer dizer que em cada $1,00 de venda líquida, a empresa teve um
lucro bruto de $0,26. Analisando os três períodos, percebe-se que os
valores nominais cresceram, como o Custo dos Produtos Vendidos, que
em 2009 era de $2.616.555, representando 75,56% da receita líquida,
e em 2011 chegou em $4.640.538, porém representando 72,09% da
receita líquida, ou seja, melhorando seu desempenho. O mix de produtos
vendidos pode ter influenciado nessa redução.

As despesas operacionais também tiveram melhora no desempenho, caindo


gradativamente; primeiro de 12,17% para 9,65% e depois para 8,51%
no terceiro período. Outra linha que merece destaque é a linha do lucro
operacional antes do resultado financeiro, cuja evolução, positiva, foi de
12,06% no primeiro período, e chegou a 18,92% no terceiro período.

Infelizmente nem todos os resultados são positivos. As despesas


financeiras influenciaram negativamente o desempenho geral da
empresa. Em virtude do aumento de vendas, o que gerou a necessidade
de compras maiores de estoque e a necessidade de capital de giro para
financiar as vendas a prazo, e também a forte imobilização ocorrida no
Ativo, a empresa tomou empréstimos no mercado financeiro para fazer
frente às suas necessidades de Caixa.

O custo financeiro desses empréstimos, e as demais despesas financeiras,


subiram de 6,98% para 10,01% no segundo ano, e atingiu 14,75% no
terceiro ano analisado, derrubando a margem final da empresa, que era
de 2,91% no primeiro período e ficou em 2,32% no terceiro período.

Perceba como a análise vertical, cuja concepção é simples de ser


executada, fornece informações claras, objetivas e rápidas para o
administrador, permitindo uma melhor compreensão da estrutura de
custos, despesas e lucratividade.

Nos Quadros 17 e 18, foram apresentados demonstrativos já


padronizados para facilitar a análise. Mas podemos afirmar que o maior
uso dessa ferramenta é dentro da empresa, analisando contas de forma
analítica e não somente de forma sintética, como abordado no exemplo.

www.esab.edu.br 94
Imagine-se como administrador da Cia. Modelo S/A. Você gostaria que
o contador lhe apresentasse as despesas financeiras por tipo, por banco,
pelas taxas de juros e prazo contratado. Será que seria possível efetuar
uma análise vertical somente dessa conta? Claro que sim! A base 100, que
na análise da DRE completa é a linha da Receita Líquida, neste caso será
a linha da Despesa Financeira. Abaixo dela estariam todas as despesas
detalhadas. Dessa forma, você saberá quais são os maiores credores, quais
os menores, entre outras informações.

Utilizamos as duas últimas unidades para tratar de análise vertical. Em


seguida, estudaremos a análise horizontal a fim de relacionar essas duas
análises posteriormente.

www.esab.edu.br 95
16 Análise horizontal – parte I
Objetivo
Compreender como é elaborada a análise horizontal e quais
informações pode-se extrair para a análise do desempenho da
organização.

Nas unidades 14 e 15 estudamos a análise vertical das demonstrações


financeiras. Agora vamos estudar e conhecer a análise horizontal, e
novamente teremos como referencial os trabalhos de Padoveze (2010) e
Matarazzo (2010).

A análise horizontal utiliza o tempo como base de informação. O tempo,


neste caso, são os períodos (exercícios) a que se referem as demonstrações
analisadas. Períodos esses que podem ser mensais, trimestrais, anuais,
entre outros, de acordo com a necessidade de informação que o analista
precisa analisar.

Normalmente, em uma análise de desempenho econômico-financeira,


o exercício (tempo) é anual. O exemplo adotado para ilustrarmos a
memória de cálculo utiliza três exercícios anuais (2009, 2010 e 2011).
A análise horizontal tem como objetivo demonstrar o comportamento
das contas de um exercício para outro, se houve acréscimo ou se houve
redução no valor nominal da conta analisada.

Segundo Padoveze (2010), a análise horizontal é o instrumental que


mede a variação percentual de um período para outro, e correlações
podem ser efetuadas entre as variações apuradas; por exemplo, se houve
aumento de vendas, deverá ter ocorrido, em certa proporcionalidade, um
aumento no custo da mercadoria vendida.

www.esab.edu.br 96
A análise horizontal pode ser efetuada de duas maneiras: encadeada
ou anual. Vamos entendê-las melhor? Matarazzo (2010) leciona que a
análise horizontal encadeada é aquela que usa um determinado exercício
como ano-base para a análise das variações ocorridas nos próximos anos;
e anual a análise horizontal que utiliza o ano anterior como referência
para o cálculo da variação ocorrida.

Vejamos o exemplo de uma análise horizontal encadeada, utilizando o


ano 2008 como ano-base para cálculo das variações ocorridas nos anos
seguintes na conta Duplicatas a Receber:

2008 2009 2010 2011


Duplicatas a Receber 1.250.250 1.470.000 1.050.750 1.250.250
Análise Horizontal Encadeada 100% 118% 84% 100%

Quadro 19 – Análise Horizontal Encadeada.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Valor de Duplicatas a Receber – 2008: $1.250.250


Valor de Duplicatas a Receber – 2011: $1.250.250
Aplicando o cálculo: 1.250.250 / 1.250.250 x 100 = 100%

No comparativo de 2011 com o ano-base 2008, a conclusão é de que


não houve variação na conta Duplicatas a Receber, visto ter o mesmo
valor nominal nos dois períodos analisados. Já ao comparar o ano
2010 com o ano-base 2008, você concluirá que houve uma redução
na conta analisada, a qual representa 84% do valor do ano-base, como
demonstrado na memória de cálculo:

Valor de Duplicatas a Receber – 2008: $1.250.250


Valor de Duplicatas a Receber – 2010: $1.050.750

Aplicando o cálculo: 1.050.750 / 1.250.250 × 100 = 84% (o


resultado apresentado está configurado sem casas decimais e com
arredondamento).

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Utilizando a mesma base de dados, vamos calcular a análise horizontal
anual. Perceba que, neste caso, a base é sempre o ano anterior e não um
determinado ano.

Ao calcular a variação ocorrida em 2011, você descobrirá que houve um


aumento na conta quando comparada com o exercício anterior, no caso o
ano de 2010.

2008 2009 2010 2011


Duplicatas a Receber 1.250.250 1.470.000 1.050.750 1.250.250
Análise Horizontal Anual 100% 118% 71% 119%

Quadro 20 – Análise Horizontal Anual.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Vamos à memória de cálculo:

Valor de Duplicatas a Receber – 2011: $1.250.250


Valor de Duplicatas a Receber – 2010: $1.050.750

Aplicando o cálculo: 1.250.250 / 1.050.750 × 100 = 119% (o


resultado apresentado está configurado sem casas decimais e com
arredondamento).

Esse resultado pode levar a certa euforia por parte de quem recebe a
informação, pois representa um aumento de 19% de um ano para
outro. Porém, ao utilizar a análise horizontal encadeada, a informação
apresentada levará em consideração o ano-base de 2008, o que
evidenciará que não houve redução ou acréscimo na conta analisada.

A análise horizontal deve ser usada com prudência e em conjunto com


outros indicadores para avaliar o desempenho econômico-financeiro.

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Um dos cuidados necessários é a escolha da base a ser utilizada, seja um
ano ou um mês. O cuidado reside no fato de que a base escolhida pode
ser de um período atípico da empresa, com baixo movimento, ou com
elevado movimento, fora da normalidade das operações. Dessa maneira,
as comparações com um período anormal não representarão um retrato
próximo da realidade. Saiba que outro fator que tem forte influência na
análise horizontal é a inflação (PADOVEZE, 2010).

Na abordagem de Padoveze (2010), em economias nas quais a inflação


perdura, a análise horizontal real deverá ser elaborada, expurgando
os efeitos inflacionários para que a informação reflita o valor do poder
aquisitivo da moeda no tempo. Também deverá ser observado com
devido critério o índice utilizado para analisar a inflação do período.

É chamada de análise horizontal nominal aquela cujos valores são os


apresentados nas demonstrações financeiras, sem nenhuma correção
inflacionária ou aplicação de qualquer índice de correção.

Aqui vale destacar que a inflação pode ser definida como a diminuição
do poder de compra da moeda com o decorrer do tempo. O Brasil
historicamente já sofreu muito com a inflação, inclusive atravessando
períodos com hiperinflação, e nesses períodos era normal atingir 200%
em um ano.

Diante deste cenário, a contabilidade foi criando mecanismos para poder


registrar (contabilizar) os efeitos da inflação. Esses mecanismos foram
extintos em 1995 através de lei, em virtude da estabilidade do Plano
Real. Independentemente da estabilidade, a inflação não possui valor
zero (0,00%), o que impacta quando é feita uma avaliação histórica de
demonstrativos.

www.esab.edu.br 99
Estudo complementar
Para aprofundar o conhecimento sobre a influência
da inflação nos demonstrativos contábeis, faça
uma leitura do artigo apresentado em 2012 no
12º Congresso de Controladoria e Contabilidade
da Universidade de São Paulo (USP). Na
fundamentação teórica, o artigo apresenta o
histórico do relacionamento da inflação com a
contabilidade no Brasil. Acesse o link (clicando aqui)
e boa leitura!

Vamos continuar os estudos sobre Análise Horizontal? Aguardamos você


na próxima unidade.

www.esab.edu.br 100
17 Análise horizontal – parte II
Objetivo
Compreender como é elaborada a análise horizontal e quais
informações pode-se extrair para a análise do desempenho da
organização.

Nesta unidade, vamos continuar nossos estudos sobre a análise


horizontal, pautando-nos em Matarazzo (2010). A Cia. Modelo S/A,
cujos dados do Balanço Patrimonial e da DRE estão sendo utilizados
como exemplo do processo de análise das variações ocorridas nas contas
entre um determinado período e outro, apresenta alteração na estrutura
patrimonial no decorrer dos três exercícios. Vamos analisá-las? Visualize
no Quadro 21 as informações utilizadas para o trabalho de análise.

www.esab.edu.br 101
Quadro 21 – Análise Horizontal do Balanço Patrimonial.
Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 102
A variação ocorrida entre os exercícios 2009 e 2011 do Total Financeiro
do Ativo Circulante é:

Valor Total Financeiro – 2009: $149.023


Valor Total Financeiro – 2011: $166.300
Aplicando o cálculo: $166.300 / 149.023 × 100 = 111,59%

O resultado representa um aumento de 11,59% (exclui-se a base 100) no


período 2011/2009. Já ao analisar o período 2010/2009, fica evidenciada
uma redução de 25,89% (100% - 74,11%), sendo que o saldo de 2010
representava apenas 74,11% do saldo de 2009.

Dentro do grupo de contas do Ativo Circulante, o ano de 2011


apresentou crescimento nas contas Clientes e Estoques, o que pode ser
correlacionado com a conta Receita Líquida na DRE.

Ao analisar o grupo de contas do Ativo Não Circulante (Realizável a


Longo Prazo, Investimentos e Imobilizado) identifica-se o expressivo
aumento ocorrido com essas contas, chegando a 448,20% de variação
positiva na conta Imobilizado, passando de $589.430 em 2009 para
$2.641.812 em 2011.

E como foram financiados esses aumentos nas contas do Ativo? As


aplicações de recursos já estão identificadas.

Agora vamos identificar as origens destes recursos. Assim como o Ativo


Total teve uma variação positiva de 249,85%, obrigatoriamente o Passivo
Total terá a mesma variação.

Explorando o Passivo podemos identificar quais as contas que sofreram


maiores variações. Veja o Passivo Circulante (fonte de recurso de curto
prazo) que teve uma variação de 188,89% no período 2011/2009.
Algumas das contas que o compõem sofreram maiores variações
que outras, como as contas Empréstimos Bancários e Duplicatas
Descontadas.

www.esab.edu.br 103
Outras duas fontes foram utilizadas para captar recursos: o Exigível
a Longo Prazo (como o próprio nome diz, são empréstimos cujo
pagamento é diluído em longo período) e a conta Capital Social +
Reservas, que recebe recursos dos sócios ou acionistas, e também da
própria operação da empresa (lucros).

E quais as informações que podem ser extraídas da análise horizontal da


DRE da Cia. Modelo S/A? Veja o Quadro 22 e identifique as variações
ocorridas nos três exercícios apresentados.

Quadro 22 – Análise Horizontal da Demonstração do Resultado do Exercício.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 104
A Receita Líquida teve uma variação positiva de 185,87% no período
2011/2009. Acompanhe a memória de cálculo:

Receita Líquida – 2011: 6.436.744


Receita Líquida – 2009: 3.463.031

Aplicando o cálculo: Receita Líquida 2011 / Receita Líquida 2009 x 100:


6.436.744 / 3.463.031 x 100: 185,87%

Já o CPV (Custo dos Produtos Vendidos) não acompanhou o aumento


na receita, o que é considerado bom, refletindo positivamente no Lucro
Bruto, cuja variação foi de 212,20% no período analisado.

As despesas operacionais tiveram uma variação menor quando


comparadas com a variação da receita líquida, o que reforça a melhora no
Lucro Operacional antes do resultado financeiro. Atente para o detalhe
da conta Outras Rec. Desp. Operacionais. Ao analisarmos a variação,
que foi de expressivos 428,29%, a sensação é que afeta agressivamente o
desempenho do lucro operacional, porém, ao analisar o valor nominal,
percebe-se que sua influência é pequena.

Agora veja o grande vilão dessa empresa: a conta Despesas Financeiras.


A empresa trabalhou e cuidou muito bem das compras de mercadorias,
reduzindo o CPV, ajustou as despesas operacionais, readequando
diversos procedimentos, porém não teve o mesmo êxito com as despesas
financeiras, que tiveram uma variação expressiva na casa de 392,26% no
período 2011/2009. Essa variação afetou negativamente o resultado final
(Lucro Líquido), que teve uma variação de apenas 148,24%, enquanto a
Receita Líquida teve variação positiva de 185,87% no mesmo período.

A título de ilustração, faça uma comparação entre a linha do Lucro


Operacional sem Resultado Financeiro e a linha do Lucro Líquido.
Enquanto o primeiro teve variação de 291,52%, o segundo teve variação
de apenas 148,24% em decorrência das despesas financeiras.

www.esab.edu.br 105
Ou seja, na sua operação, seja comprando e vendendo, ou
industrializando e vendendo, a empresa é saudável. Porém, ao descarregar
a despesa financeira na DRE, a lucratividade sofre brusca redução em
virtude do alto custo de capital.

Dessa forma, finalizamos a unidade 17, que completou os estudos sobre


análise horizontal. Na próxima unidade teremos a oportunidade de
relacionar os assuntos tratados nas últimas unidades: análise vertical e
análise horizontal.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 106
Relação entre análise vertical e
18 análise horizontal
Objetivo
Identificar a correlação entre a análise vertical e a análise horizontal
para a determinação das causas dos desvios encontrados nas análises.

Nas últimas quatro unidades, fizemos um estudo aprofundado sobre


análise vertical e análise horizontal. Nesta unidade, vamos nos dedicar a
relacionar essas análises. Para nos auxiliar a fazer essa relação, contaremos
com o trabalho de Matarazzo (2010).

Para que melhores resultados sejam obtidos, é recomendado que as


duas análises – vertical e horizontal – sejam efetuadas em conjunto.
Nas unidades anteriores, observamos que boa dose de prudência deve
ser utilizada ao interpretar informações extraídas das análises vertical e
horizontal, assim como essas análises devem ser combinadas com outras
ferramentas para avaliação do desempenho.

Uma conta pode apresentar variação expressiva na análise vertical de um


período para outro. Porém, ao verificar a análise horizontal, essa mesma
conta poderá apresentar pequena variação, o que pode demonstrar que
a empresa tem mantido a estrutura de contas (participação de cada
conta) apresentada na demonstração financeira do período anterior
(MATARAZZO, 2010).

Observe a seguir uma Análise Horizontal e Vertical do Balanço


Patrimonial.

www.esab.edu.br 107
CIA MODELO S/A
ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL DOS BALANÇOS

OBS: (2009 = 100) 31/12/09 AV AH 31/12/10 AV AH 31/12/11 AV AH

ATIVO
CIRCULANTE
Financeiro
Disponível 39.400 1,51% 100,00% 27.098 0,63% 68,78% 44.300 0,68% 112,44%
Aplicações Financeiras 109.623 4,20% 100,00% 83.342 1,94% 76,03% 122.000 1,87% 111,29%
Total Financeiro 149.023 5,71% 100,00% 110.440 2,57% 74,11% 166.300 2,55% 111,59%
Operacional
Clientes 888.794 34,05% 100,00% 1.156.187 26,89% 130,08% 1.681.967 25,79% 189,24%
Estoques 638.525 24,47% 100,00% 1.070.618 24,90% 167,67% 1.449.265 22,23% 226,97%
Outros 32.450 1,24% 100,00% 39.500 0,92% 121,73% 53.325 0,82% 164,33%
Total Operacional 1.559.769 59,76% 100,00% 2.266.305 52,71% 145,30% 3.184.557 48,84% 204,17%
TOTAL CIRCULANTE 1.708.792 65,47% 100,00% 2.376.745 55,28% 139,09% 3.350.857 51,39% 196,10%

REALIZ. LP E PERM.
Realizável a Longo Prazo 250.350 9,59% 100,00% 198.255 4,61% 79,19% 277.369 4,25% 110,79%
Permanente
Investimentos 61.412 2,36% 100,00% 161.169 3,75% 262,44% 250.882 3,85% 408,52%
Imobilizado 589.430 22,58% 100,00% 1.563.033 36,36% 265,18% 2.641.812 40,51% 448,20%
Diferido 0 0,00% 100,00% 0 0,00% 0,00% 0 0,00% 0,00%
TOTAL REALIZ. LP E PERM. 901.192 34,53% 100,00% 1.922.457 44,72% 213,32% 3.170.063 48,61% 351,76%
TOTAL ATIVO 2.609.984 100,00% 100,00% 4.299.202 100,00% 164,72% 6.520.920 100,00% 249,85%

PASSIVO
CIRCULANTE
Financeiro
Empréstimos Bancários 56.240 2,15% 100,00% 85.931 2,00% 152,79% 173.848 2,66% 309,12%
Duplicatas Descontadas 247.038 9,47% 100,00% 405.701 9,44% 164,23% 744.368 11,42% 301,32%
Total Financeiro 303.278 11,62% 100,00% 491.632 11,44% 162,11% 918.216 14,08% 302,76%
Operacional
Fornecedores 602.255 23,08% 100,00% 658.236 15,31% 109,30% 757.670 11,62% 125,81%
Outros 234.279 8,97% 100,00% 298.388 6,94% 127,36% 477.117 7,32% 203,65%
Total Operacional 836.534 32,05% 100,00% 956.624 22,25% 114,36% 1.234.787 18,94% 147,61%
TOTAL PASSIVO CIRCULANTE 1.139.812 43,67% 100,00% 1.448.256 33,69% 127,06% 2.153.003 33,02% 188,89%

EXIGÍVEL LONGO PRAZO E PL


Exigível a Longo Prazo
Empréstimos/Financiamentos 326.362 12,50% 100,00% 1.322.485 30,76% 405,22% 2.450.000 37,57% 750,70%
Outros 233.579 8,96% 100,00% 79.059 1,84% 33,85% 83.307 1,28% 35,67%
TOT. EXIG. LP 559.941 21,46% 100,00% 1.401.544 32,60% 250,30% 2.533.307 38,85% 452,42%

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital + Reservas 558.520 21,40% 100,00% 1.229.981 28,61% 220,22% 1.485.913 22,79% 266,04%
Lucros Acumulados 351.711 13,47% 100,00% 219.421 5,10% 62,39% 348.697 5,34% 99,14%
TOTAL PATRIMÔNIO LÍQUIDO 910.231 34,87% 100,00% 1.449.402 33,71% 159,23% 1.834.610 28,13% 201,55%
TOTAL PASSIVO 2.609.984 100,00% 100,00% 4.299.202 100,00% 164,72% 6.520.920 100,00% 249,85%

Quadro 23 – Análise Horizontal e Vertical do Balanço Patrimonial.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

O Quadro 23 apresenta o Balanço Patrimonial da Cia. Modelo S/A


com as análises vertical e horizontal, destacadas em cores para facilitar a
visualização.

www.esab.edu.br 108
Veja a conta Estoques. Em 2011, a análise horizontal apresenta
expressivos 226,97% de variação positiva no período 2011/2009. Porém,
ao fazer a análise vertical, percebe-se que sua participação dentro do
Ativo tem diminuído no decorrer dos três anos: em 2009, representava
24,46%; em 2010, aumentou para 24,90%; e em 2011, reduziu para
22,22% do total do Ativo, apesar do crescimento na análise horizontal.

Matarazzo (2010) apresenta os objetivos da Análise Vertical/Horizontal


sob duas perspectivas: objetivos genéricos e objetivos específicos.

Genericamente, os objetivos são os seguintes:

• análise vertical: apresentar a importância de cada conta em relação à


demonstração financeira a qual pertença, e efetuar comparações com
padrões de anos anteriores da própria empresa e com padrões do
mercado ou segmento, procurando identificar anormalidades;
• análise horizontal: mostrar a evolução, no decorrer dos exercícios, de
cada conta, comparando-as entre si para acompanhar o desempenho
da empresa e emitir conclusões a respeito.
Já como objetivos específicos da Análise Vertical/Horizontal, Matarazzo
(2010) destaca os seguintes:

1. Indicar a estrutura de Ativo e Passivo e suas modificações

Entre as diversas funções do Balanço Patrimonial, uma delas é apresentar


as origens e as aplicações de recursos, e outra é diferenciar as contas em
curto e longo prazo (Circulante e Não Circulante). No lado do Passivo,
a análise vertical mostra qual a participação de capitais de terceiros
(bancos, fornecedores etc.) e de capitais próprios, na formação do total
do Passivo. Também evidencia quanto dessas origens de recursos está no
Circulante e quanto está no Não Circulante.

Já no Ativo, a análise vertical evidencia onde foram aplicados os recursos


oriundos do Passivo. O Ativo Circulante apresenta a participação
de cada conta. Alguns segmentos possuem determinados padrões de
comportamento na aplicação de recursos, por exemplo, empresas do

www.esab.edu.br 109
comércio, cujo Ativo Circulante terá maior participação que o Ativo Não
Circulante. Já uma empresa industrial tem uma maior participação no
Ativo Não Circulante, em virtude do parque fabril. Utilizar padrões de
comportamento permite ao analista de balanços identificar quando há
alguma anormalidade nos demonstrativos de uma empresa, requerendo
estudo aprofundado para entender o motivo da anormalidade.

A análise horizontal, tanto para o Ativo quanto para o Passivo, permite


evidenciar quais contas estão recebendo maior atenção da empresa, ou
por captação de recursos (Passivo) ou por aplicação de recursos (Ativo).

Os seguintes comparativos podem apresentar informações interessantes


no processo de análise:

• o crescimento dos totais do Ativo Não Circulante e Circulante, e de


cada uma das contas que os compõe;
• o crescimento do Patrimônio Líquido comparado ao crescimento do
Exigível Total (Passivo Circulante e Passivo Não Circulante);
• o crescimento do Patrimônio Líquido mais o Exigível a Longo Prazo
comparado ao crescimento do Ativo Permanente;
• o crescimento do Ativo Circulante comparado com o crescimento
do Passivo Circulante.

2. Analisar em detalhes o desempenho da empresa

Matarazzo (2010) afirma que a utilidade máxima da análise vertical é


atingida quando aplicada na Demonstração do Resultado do Exercício
– DRE, pois a vida de uma empresa gira em torno de suas receitas
(vendas). As vendas é que determinarão a participação das demais contas
na composição do resultado. Cada conta da DRE será comparada com
a linha das receitas. Da mesma forma que no Balanço Patrimonial são
encontrados padrões de composição do Ativo conforme o segmento,
também na DRE são encontrados padrões de custos e despesas por
segmento. Margens de lucro também seguem certos padrões de
comportamento.

www.esab.edu.br 110
Também no plano orçamentário daquelas empresas que o adotam,
podem ter critérios definidos de participação máxima de cada despesa
comparada com as receitas, por exemplo, as despesas administrativas não
podem ultrapassar a marca de 10% das vendas.

No Quadro 24, podemos visualizar a DRE da Cia. Modelo S/A com a


análise vertical/horizontal para os três períodos:

CIA MODELO S/A


ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL DA DEMONSTRAÇÃO DE RESULTADO

OBS: (2009 = 100) 31/12/09 AV AH 31/12/10 AV AH 31/12/11 AV AH

RECEITA LÍQUIDA 3.463.031 100,00% 100,00% 4.647.159 100,00% 134,19% 6.436.744 100,00% 185,87%

(-) Custo dos Produtos Vendidos 2.616.555 75,56% 100,00% 3.437.206 73,96% 131,36% 4.640.538 72,09% 177,35%

(=) LUCRO BRUTO 846.476 24,44% 100,00% 1.209.953 26,04% 142,94% 1.796.206 27,91% 212,20%

(-) Despesas Operacionais 421.594 12,17% 100,00% 448.586 9,65% 106,40% 547.827 8,51% 129,94%
(+/-) Outras Rec. Desp. Oper. 7.134 0,21% 100,00% 18.460 0,40% 258,76% 30.554 0,47% 428,29%

(=) LUCRO OPER. (sem Resultado Financeiro) 417.748 12,06% 100,00% 742.907 15,99% 177,84% 1.217.825 18,92% 291,52%

(+) Receitas Financeiras 9.231 0,27% 100,00% 7.940 0,17% 86,01% 6.528 0,10% 70,72%
(-) Despesas Financeiras 241.661 6,98% 100,00% 464.956 10,01% 192,40% 949.627 14,75% 392,96%

(=) LUCRO OPERACIONAL (com Resultado Financ.) 185.318 5,35% 100,00% 285.891 6,15% 154,27% 274.726 4,27% 148,25%

(+/-) Resultado Não Operacional 0 0,00% 100,00% 1.230 0,03% 0,00% 0 0,00% 0,00%

(=) LUCRO ANTES DO I.R. 185.318 5,35% 100,00% 284.661 6,13% 153,61% 274.726 4,27% 148,25%

(-) Imposto de Renda e CSLL 84.583 2,44% 100,00% 129.926 2,80% 153,61% 125.392 1,95% 148,25%

LUCRO LÍQUIDO 100.735 2,91% 100,00% 154.735 3,33% 153,61% 149.334 2,32% 148,24%

Quadro 24 – Análise Horizontal e Vertical da Demonstração do Resultado do Exercício.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Perceba que, ao efetuar a análise em conjunto (vertical e horizontal),


a riqueza de informações é maior, pois permite visualizar o
comportamento das mutações sofridas pelas contas entre os exercícios
(períodos) analisados.

Usando o Quadro 24, podemos perceber que no exercício de 2010, a


Receita Líquida foi de $ 4.647.159 (primeira linha do demonstrativo) e
o Lucro Líquido foi de $ 154.735 (última linha do demonstrativo).

www.esab.edu.br 111
Agora, vamos efetuar a análise vertical do Lucro Líquido? Para a análise
vertical a base é sempre a Receita Líquida. A fórmula é:

Lucro Líquido / Receita Líquida × 100 = $ 154.735 / 4.647.159 x 100 = 3,33%

Ou seja, para cada $ 1,00 de receita líquida, essa empresa teve $ 0,03 de
lucro líquido.

Para a análise horizontal, a base será o exercício anterior, no caso, o


exercício de 2009. A fórmula para calcular a evolução do Lucro Líquido
de 2010 em relação ao Lucro Líquido de 2009 é:

Lucro Líquido de 2010 / Lucro Líquido de 2009 = $ 154.735 / 100.735 = 153,61.

Dessa forma é possível afirmar que o lucro líquido de 2010 equivale a


153,61% do lucro líquido apurado no exercício de 2009, ou seja, ele
cresceu 53,61% no período.

Faça uma reflexão, com calma, analisando visualmente o Quadro 24.


Perceba como as contas sofrem mudanças no decorrer do tempo. Será
que você concluirá que a empresa embolsou mais lucros no período (em
volume de dinheiro), porém sua margem líquida reduziu em porcentagem?

Com essa análise, podemos seguir para a próxima unidade, que trará
diversos exercícios resolvidos. Esperamos que possam lhe auxiliar a
melhor refletir sobre os conceitos tratados até aqui.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 10 a 18. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

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Resumo

Na unidade 13, você aprendeu como padronizar as informações das


demonstrações financeiras para efetuar a avaliação do desempenho das
empresas.

Já nas unidades 14 e 15, foi apresentada a análise vertical e sua utilidade


na identificação da participação de cada conta na formação do Balanço
Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício.

Nas unidades 16 e 17, você estudou a análise horizontal, compreendendo


como a evolução com o decorrer do tempo pode ser extraída a partir das
informações contidas nas demonstrações financeiras.

E por fim, na unidade 18, foi apresentada a importância das análises


verticais e horizontais ocorrerem simultaneamente, aumentando o nível
informacional do analista das demonstrações financeiras.

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19 Exercícios resolvidos

Objetivo
Exercícios comentados sobre as unidades 11 a 19.

Olá, estudante! Através de exercícios resolvidos e comentados, vamos


revisar o conteúdo estudado nas unidades 11 a 19, visando melhorar a
fixação do conhecimento. Os exercícios são apresentados em forma de
pergunta e resposta. Acompanhe atentamente o desenvolvimento das
questões. Bons estudos!

Objetivos da análise das demonstrações financeiras

Exercício 1

Qual é o objetivo da análise das demonstrações financeiras?

Resposta: Como vimos na unidade 11, o objetivo da análise das


demonstrações financeiras é fornecer informação útil para tomada de
decisão. Para que a informação seja útil, é necessário transformar os
dados apresentados nas demonstrações em informações que possam ser
interpretadas pelos usuários e utilizadas como suporte em suas decisões.
Dentre as informações úteis que podem ser extraídas da análise das
demonstrações financeiras, relacionamos algumas:

• situação financeira;
• situação econômica;
• desempenho;
• tendências e perspectivas;
• evidências de erros da administração;
• causas da alteração na rentabilidade.

www.esab.edu.br 114
Exercício 2

Qual é a diferença entre dados e informação?

Resposta: Vimos esse assunto na unidade 12. Dados se referem à


apresentação numérica ou descritiva de algum evento, ou de alguma
situação, cuja análise individual não permite emitir julgamentos a
respeito, ou formar uma opinião para decisão.

Já informação é a transformação de dados em conhecimento que sirva


de base para julgamento e tomada de decisão de determinado usuário.

Imagine dizer que a frota de veículos do Brasil é composta de 5 milhões


de veículos. Isso é um dado ou uma informação? Neste momento,
é apenas um dado. Mas, ao melhorar a apresentação desse dado,
poderemos transformá-lo em informação.

Se dissermos que, desse total de 5 milhões de veículos, 5% possuem


ar-condicionado e estão licenciados na cidade de São Paulo, ocorre
uma melhora significativa. Um empresário que esteja estudando um
plano de negócio para abrir uma oficina especializada em manutenção
de ar-condicionado automotivo na cidade de São Paulo, já possui uma
informação útil a ser considerada: sabe que um universo de 250.000
veículos (5 milhões x 5%) são possíveis futuros clientes. Ao melhorar
sua pesquisa, explorando as informações disponíveis, poderá descobrir
que desses 250.000 veículos, 40% estão com mais de 3 anos de uso.
Retirando 40% de 250.000 (250.000 × 0,40), esse empresário poderá
visualizar um universo de 100.000 veículos que poderão ser clientes,
devido ao fato de que eles estão licenciados na cidade de São Paulo,
possuem mais de 3 anos de uso, possuem ar-condicionado e, com o
decorrer do tempo, será necessária a revisão do equipamento. Dessa
forma, esses 100.000 veículos são potenciais clientes para essa empresa.
Isso não quer dizer que todos serão, porém, essa informação serve para
orientar o plano de negócios neste momento.

www.esab.edu.br 115
Exercício 3

Quais são os métodos utilizados na análise das demonstrações


financeiras?

Resposta: Vimos esse assunto na unidade 11. A análise das


demonstrações baseia-se no raciocínio científico, ou seja, utiliza-se de
uma sequência lógica para extrair informações úteis. Esta sequência é:

1. extrair índices das demonstrações financeiras;


2. comparar esses índices com os padrões;
3. diagnosticar/concluir, com base na comparação;
4. agir – tomar decisões com base no diagnóstico ou na conclusão.
A análise das demonstrações financeiras deve levar em consideração a
correta aplicação das etapas descritas. Caso contrário, não terá condições
de alcançar o seu objetivo.

Exercício 4

O que são os índices-padrão?

Resposta: São índices de referência para um determinado segmento


ou determinada atividade, conforme visto na unidade 12. Isto quer
dizer que o comportamento de empresas que têm a mesma atividade
econômica e porte parecido apresentam índices relativamente próximos,
o que caracteriza determinado segmento.

Um exemplo é a imobilização de ativos. Para a indústria, o tamanho


do imobilizado perante o total de ativos é relativamente grande, devido
à necessidade de construir seu parque fabril. Já para uma empresa
prestadora de serviços, o tamanho do imobilizado é pequeno, pois para
realizar seu objeto social não são necessárias grandes imobilizações.

www.esab.edu.br 116
Esses índices-padrão são encontrados em empresas especializadas em
coletar e divulgar informações econômico-financeiras. Nos Estados
Unidos, a partir de 1931, a empresa Dun & Bradstreet começou a
elaboração e divulgação de índices-padrão. No Brasil, em 1968, foi
fundada a empresa Serasa, cuja atividade também é a de coletar e
divulgar diversas informações e índices (MATARAZZO, 2010).

Saiba mais
A Dun & Bradstreet fornece o chamado número
D-U-N-S (Data Universal Numbering System),
que é comparado a um CNPJ global, válido para
transações internacionais entre empresas. Para
saber mais, clique aqui:

Exercício 5

Quem são os usuários da análise das demonstrações financeiras? Vimos


esse assunto na unidade 11.

Resposta: Podemos dizer que os usuários do produto extraído das


análises (informações) são todos aqueles que têm interesse na empresa
analisada. Entre os interessados, destacamos os usuários mais comuns:

• bancos: ao conceder crédito, as instituições financeiras se utilizam


das informações extraídas das demonstrações financeiras para
analisar a capacidade de pagamento do empréstimo que está
concedendo ao seu cliente;
• fornecedores: quando vende a prazo, o fornecedor também está
financiando as operações de seu cliente. Para fornecer esse crédito,
também utiliza as informações extraídas das demonstrações
financeiras, para verificar se o seu cliente terá condições de honrar os
compromissos assumidos;
• investidores: querem conhecer o comportamento da empresa na
qual estão dispostos a investir seu capital;

www.esab.edu.br 117
• dirigentes: as informações extraídas podem (e devem) ser utilizadas
pelos gestores, a fim de melhorar continuamente a operação
da empresa sob seu comando. Inclusive, em nível gerencial, as
informações podem ser ainda mais analíticas do que aquelas que
constam nas demonstrações financeiras obrigatórias. É mais uma
ferramenta que contribui para a gestão.

Exercício 6

Qual é o objetivo da administração financeira? Esse assunto foi visto na


unidade 11.

Resposta: Segundo Matarazzo (2010), o objetivo da administração


financeira é proporcionar a maximização do patrimônio dos acionistas
(sócios). O acionista, ao aplicar seu capital em uma determinada
empresa, espera que esse capital tenha uma remuneração. No caso, a
remuneração se dá através do pagamento de dividendos, e os dividendos
têm como base os lucros que a empresa obteve em determinado período.
Dessa forma, a administração financeira é responsável pelas boas práticas
de gestão, o que contribui para o resultado positivo (lucros).

Exercício 7

Quais são as diferenças entre o contador, o administrador financeiro e


o analista de demonstrações financeiras? Vale destacar que esse assunto
foi estudado na unidade 11.

Resposta: O contador é o profissional responsável pela elaboração das


demonstrações financeiras, respondendo civil e criminalmente pelas
informações apresentadas nelas.

O administrador financeiro é o profissional que orienta as decisões de


investimento e financiamento a serem tomadas pelos dirigentes de uma
empresa.

Já o analista das demonstrações financeiras é o profissional responsável por


extrair as informações das demonstrações para serem utilizadas em tomadas
de decisão. O seu trabalho inicia quando acaba o trabalho do contador.

www.esab.edu.br 118
Padronização das demonstrações financeiras

Exercício 8

O que é a padronização das demonstrações financeiras?

Resposta: Como vimos na unidade 12, padronizar é dar o mesmo


tratamento, formato ou critério, para determinado assunto ou
informação. No caso da análise das demonstrações financeiras, a
padronização significa utilizar os mesmos critérios e as mesmas
classificações das contas contábeis, com a finalidade de facilitar a
extração de informações. É sabido que cada empresa possui um plano
de contas que atenda à sua necessidade. Por mais que exista um modelo
padrão, esses planos de contas diferem de uma empresa para outra. A
padronização visa também eliminar essas distorções.

Exercício 9

Quais são os motivos para efetuar a padronização das demonstrações


financeiras?

Resposta: Na unidade 12, estudamos que os motivos que levam à


padronização são: simplificação, comparabilidade, adequação aos objetivos
da análise, precisão nas classificações de contas e descobertas de erros.

Modelo de padronização de balanço patrimonial

Exercício 10

Efetue a padronização do balanço patrimonial da empresa Petrobrás, para


que se proceda às análises vertical e horizontal da referida demonstração.

Resposta: Na unidade 13, vimos que Matarazzo (2010) desenvolveu um


modelo padronizado para a elaboração das análises das demonstrações
financeiras, a fim de poder comparar, de forma simples e adequada,

www.esab.edu.br 119
as demonstrações financeiras da empresa analisada (vistas na questão
anterior). Agora, vamos efetuar uma padronização? Começamos
preparando o documento de trabalho para que as análises possam ser
efetuadas. No Quadro 25, veja os dados extraídos do balanço patrimonial
da empresa Petrobrás, em sua apresentação original, conforme divulgado
pela própria empresa:

www.esab.edu.br 120
Quadro 25 − Balanço Patrimonial.
Fonte: Adaptado de Petrobrás (2013).

Solução:

1. utilizando o modelo de padronização, vamos classificar as diversas


contas do balanço patrimonial original;
2. o Ativo Circulante é reclassificado em dois grupos − Financeiro e
Operacional. Para tanto, é necessária a identificação correta de cada
conta do Ativo Circulante;

www.esab.edu.br 121
3. no Ativo Circulante Financeiro, as contas são classificadas em
Disponível e Aplicações Financeiras;
4. no Ativo Circulante Operacional, as contas foram reclassificadas em
Clientes, Estoques e Outros;
5. o Passivo Circulante também é reclassificado em dois grupos –
Financeiro e Operacional;
6. no Passivo Circulante Financeiro, as contas apresentadas são
Empréstimos Bancários e Duplicatas Descontadas (nesse balanço
não há duplicatas descontadas);
7. no Passivo Circulante Operacional, as demais contas são classificadas
em Fornecedores e Outros.

Análise Vertical:

1. a participação de cada conta dentro da estrutura patrimonial é


calculada utilizando o Ativo Total para conhecer sua participação.
Por exemplo, o Ativo Circulante Financeiro (Caixa e Equivalentes
de Caixa somado aos Títulos e Valores Mobiliários) representava, em
2011, 9% do total de ativos. Em 2012, reduziu sua participação para
7% do total de ativos;
2. o mesmo critério vale para as contas do Passivo. Veja a conta
Empréstimos/Financiamentos, localizada no Exigível a Longo
Prazo: em 2011, correspondia a 23%. Em 2012, aumentou sua
participação para 27% do total do Passivo.

Análise Horizontal:

1. a evolução de cada conta com o decorrer do tempo é calculada


dividindo o valor da conta em um determinado exercício pelo valor
do exercício anterior;
Por exemplo, veja a conta Imobilizado: no período 2011-2012 ela
cresceu 22%. Em 31/12/2012, ela representa 122% do valor apresentado
em 31/12/2011.

www.esab.edu.br 122
Quadro 26 − Balanço Patrimonial Consolidado.
Fonte: Adaptado de Petrobrás (2013).

www.esab.edu.br 123
Análise vertical

O que é a análise vertical de uma demonstração financeira?

Resposta: Estudamos esse assunto nas unidades 14 e 15. A análise


vertical tem como finalidade apresentar a participação de cada conta
(contábil) de uma demonstração financeira perante o total de ativo
(no caso do balanço patrimonial) ou da receita líquida (no caso da
demonstração do resultado do exercício).

Dessa forma, é possível identificar a distribuição patrimonial da


empresa analisada verificando onde estão as origens e as aplicações de
recursos (balanço patrimonial), e também conhecer sua composição
de custos e despesas, frente à sua receita líquida (demonstração do
resultado do exercício).

Análise horizontal

O que é a análise horizontal de uma demonstração financeira?

Resposta: Nas unidades 16 e 17, vimos que a análise horizontal das


demonstrações financeiras apresenta a evolução de cada conta com
o passar do tempo, ou seja, faz o comparativo entre períodos, para
verificar se houve aumento ou redução em relação ao período anterior.
Diferentemente da análise vertical, que estuda o exercício em questão,
a análise horizontal estuda dois ou mais exercícios, para evidenciar o
histórico da empresa.

Com o conhecimento de como a empresa se comportou durante seu


histórico de análise, é possível predizer o futuro, desde que as condições
sejam mantidas. Como toda ferramenta que visa oferecer informações
para tomada de decisão, a análise horizontal deve ser usada em conjunto
com outras ferramentas, entre elas a análise vertical. Zelo e atenção
também devem ser observados pelo analista ao elaborar os relatórios de
desempenho de uma empresa.

www.esab.edu.br 124
Caro estudante, vimos nesta unidade uma breve revisão de importantes
conceitos. Vamos avançar um pouco mais? Até breve.

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 125
20 Análise referencial
Objetivo
Compreender o conceito de análise referencial dentro do contexto das
análises vertical e horizontal.

Olá, estudante. A partir da unidade 14, você estudou a análise vertical


e a análise horizontal do balanço patrimonial e da demonstração do
resultado do exercício. Agora, você verá a análise referencial, cujo
conceito terá como base a tese de doutorado de Saporito (2005). Ao
contrário da análise horizontal, cujo objetivo é avaliar a evolução no
decorrer dos exercícios de uma determinada conta contábil – como,
por exemplo, a conta de estoques do balanço patrimonial –, a análise
referencial possibilita a comparação com outros indicadores de outras
demonstrações em uma só tabela.

Segundo Matarazzo (2010), a análise vertical fundamenta-se em valores


percentuais das demonstrações financeiras, enquanto a análise horizontal
pauta-se na evolução de cada conta de uma série de demonstrações
financeiras em relação à demonstração anterior, e/ou em relação a uma
demonstração financeira básica, geralmente a mais antiga da série.

Com o objetivo de facilitar a apresentação dos demonstrativos


financeiros, Saporito (2005) desenvolveu um novo tipo de análise,
denominada análise referencial. A análise referencial é uma técnica que
objetiva a comparação simultânea de contas e grupos de contas das várias
espécies de demonstrações contábeis, em diversas datas ou períodos.

Na análise referencial não há necessidade de isolar a espécie de


demonstração contábil para aplicá-la. A técnica, segundo seu criador,
permite incluir, além dos balanços patrimoniais, as outras demonstrações
com as quais o usuário considere importante fazer uma comparação.

www.esab.edu.br 126
A análise referencial diferencia-se da análise vertical e da horizontal
por conservar uma única base para todas as demonstrações contábeis
estudadas, em qualquer data ou época. Mas atenção: o valor do ativo
total mais recente funciona como base única de comparação. O
autor cita como vantagem para a utilização dessa análise a facilidade de
visualização por parte do tomador de decisão.

As comparações propostas pela análise referencial são feitas sempre em


relação ao ativo total do balanço mais recente, que se estabelece como
base 100. Todos os números são expressos em termos equivalentes ao
ativo total do balanço mais recente. Quando analisado os dados do
balanço mais recente, a análise referencial equivale à análise vertical.
Quando analisados os balanços anteriores e as demonstrações contábeis,
as contas e os grupos continuam sendo comparados ao ativo total do
balanço mais recente.

Dessa forma, quanto menores forem os números dos ativos totais de


balanços anteriores na análise referencial, maiores serão os crescimentos.
Passa-se a compreender de que nível a empresa saiu para chegar aos
atuais 100. Por serem originados da relação entre os valores monetários
originais das demonstrações contábeis e o ativo total mais recente, que
funciona como constante, os números da análise referencial podem ser
comparados entre si (SAPORITO, 2005). Vamos a um exemplo?

Exemplos

A análise referencial é uma só para o balanço patrimonial e para a


demonstração do resultado. Saporito (2005) acredita que a análise
referencial é uma forma simplificada de oferecer uma visão da empresa,
possibilitando ao analista perceber aspectos que, a partir dos números
originais ou de outras técnicas, seriam de difícil percepção.

Vamos colocar a análise referencial em prática. Acompanhe os


demonstrativos da empresa modelo referente ao período de 2008 a 2012,
no quadro a seguir.

www.esab.edu.br 127
BALANÇO PATRIMONIAL, EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo 2008 2009 2010 2011 2012
Ativo Circulante 3.572.429 4.871.493 7.339.717 9.994.183 12.670.542
Ativo Não Circulante 7.051.943 9.616.286 14.488.537 18.605.965 33.015.865
TOTAL ATIVO 10.624.372 14.487.779 21.828.254 28.600.148 45.686.407
Passivo 2008 2009 2010 2011 2012
Passivo Circulante 3.532.383 4.816.886 7.257.441 7.786.838 15.333.134
Passivo Não Circulante 2.649.737 3.613.278 5.444.006 9.062.764 13.062.259
Patrimônio Líquido 4.442.252 6.057.615 9.126.807 11.750.546 17.291.014
TOTAL PASSIVO 10.624.372 14.487.779 21.828.254 28.600.148 45.686.407

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO, EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO


2008 2009 2010 2011 2012
Receita Líquida de Vendas 10.730.428 14.632.402 22.046.153 27.343.798 38.780.263
(-) Custo Mercadoria Vendida -8.103.706 -11.050.509 -16.649.433 -20.277.097 -28.628.569
(=) Resultado Bruto 2.626.722 3.581.893 5.396.720 7.066.701 10.151.694
(-) Despesas Operacionais -2.015.368 -2.748.229 -4.140.664 -5.100.024 -6.708.540
(=) Resultado antes Resultado Financeiro e 611.354 833.664 1.256.056 1.966.677 3.443.154
(+/-) Resultado financeiro líquido -196.337 -267.733 -403.384 -728.793 -928.005
(=) Resultado antes impostos 415.017 565.931 852.672 1.237.884 2.515.149
(-) IR/CSLL -23.817 -32.477 -48.933 -131.108 -375.470
(=) Resultado do exercício 391.200 533.454 803.739 1.106.776 2.139.679

Quadro 27 − Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício – Empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

No Quadro 28, temos o BP e a DRE da empresa modelo. O Total do


Ativo de 2012, destacado em amarelo, no valor de $ 45.686.407 é a base
100 que deverá ser utilizada para efetuar todos os cálculos da análise
referencial. Todos os demais valores deverão ser divididos pelo Ativo
Total para apurar o comportamento da empresa.

www.esab.edu.br 128
ANÁLISE REFERENCIAL - BALANÇO PATRIMONIAL E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
BALANÇO PATRIMONIAL, EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo 2008 2009 2010 2011 2012
Ativo Circulante 7,81% 10,66% 16,07% 21,88% 27,73%
Ativo Não Circulante 15,44% 21,05% 31,71% 40,72% 72,27%
TOTAL ATIVO 23,25% 31,71% 47,78% 62,60% 100,00%
Passivo 2008 2009 2010 2011 2012
Passivo Circulante 7,73% 10,54% 15,89% 17,04% 33,56%
Passivo Não Circulante 5,80% 7,91% 11,91% 19,84% 28,59%
Patrimônio Líquido 9,72% 13,26% 19,98% 25,72% 37,85%
TOTAL PASSIVO 23,25% 31,71% 47,78% 62,60% 100,00%

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO, EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO


2008 2009 2010 2011 2012
Receita Líquida de Vendas 23,49% 32,03% 48,26% 59,85% 84,88%
(-) Custo Mercadoria Vendida -17,74% -24,19% -36,45% -44,38% -62,66%
(=) Resultado Bruto 5,75% 7,84% 11,81% 15,47% 22,22%
(-) Despesas Operacionais -4,41% -6,02% -9,06% -11,17% -14,68%
(=) Resultado antes Resultado Financeiro e 1,34% 1,82% 2,75% 4,30% 7,54%
(+/-) Resultado financeiro líquido -0,43% -0,58% -0,88% -1,59% -2,03%
(=) Resultado antes impostos 0,91% 1,24% 1,87% 2,71% 5,51%
(-) IR/CSLL -0,05% -0,07% -0,11% -0,29% -0,83%
(=) Resultado do exercício 0,86% 1,17% 1,76% 2,42% 4,68%

Quadro 28 − Análise Referencial do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício –


Empresa modelo.
Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Veja no Quadro 28 o resultado da análise referencial da empresa modelo.


Acompanhe a memória de cálculo da conta Ativo Total, no decorrer do
período, através da fórmula:

Conta a ser analisada / Ativo Total do último exercício * 100

Aplicando a fórmula:

Ativo Total 2008 / Ativo Total 2012 × 100


$ 10.624.372 / 45.686.407 × 100 = 23,25%

www.esab.edu.br 129
Ou seja: em 2008, o Ativo Total da empresa modelo equivalia a 23,25%
do Ativo Total de 2012. Aplicando a fórmula da análise referencial a
todas as contas, é possível ver a evolução da empresa, o quanto ela cresceu
no período. Quanto menor for o resultado da fórmula, maior será o
crescimento. Veja a última linha da DRE – do Resultado do Exercício –
passou de 0,86% em 2008 para 4,68% do Ativo Total em 2012.

É importante lembrar que a análise referencial não deve ser utilizada


sozinha para verificar o desempenho de uma empresa, nem tampouco os
demais indicadores estudados anteriormente.

Caro aluno, encerramos esta unidade, na qual estudamos o conceito de


análise referencial, cuja vantagem está em utilizar uma mesma base para
todas as demonstrações financeiras.

Na próxima unidade, abordaremos a importância dos índices na análise


do desempenho das empresas.

www.esab.edu.br 130
21 Análise através de índices
Objetivo
Entender como uma organização pode ser avaliada através dos
diversos índices

Olá! Nesta unidade, você irá conhecer como uma empresa pode ter seu
desempenho avaliado através do acompanhamento de indicadores, que
também são chamados de índices. Vários autores escreveram sobre o
assunto e, por isso, a oferta de literatura é ampla, o que ocasiona pequenas
diferenças entre os conceitos apresentados pelos especialistas. Neste curso,
utilizaremos os trabalhos de Matarazzo (2010) e Padoveze (2010).

Já vimos nas unidades anteriores os índices extraídos da análise vertical,


que apresentam a participação de cada conta em relação a uma base (o
total de ativos, no caso do balanço patrimonial e a receita líquida, no
caso da demonstração do resultado do exercício). Além disso, vimos os
índices extraídos da análise horizontal, que apresentam o comportamento
da empresa analisada no decorrer do tempo.

Índice, segundo Matarazzo (2010, p. 81), “[...] é a relação entre


contas ou grupo de contas das Demonstrações Financeiras, que visa
evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira
de uma empresa”. Esse autor ainda faz uma comparação da análise das
demonstrações financeiras com os exames que um médico aplica em seu
paciente. Para saber se o quadro clínico em que o paciente se encontra
é normal, o médico utiliza padrões para efetuar comparação com as
informações extraídas dos exames feitos em seu paciente, como por
exemplo, a pressão arterial ou a temperatura corporal.

No caso de uma empresa, os índices extraídos da análise devem ser


comparados com índices do setor e com o próprio histórico da empresa.
Caso o médico não esteja satisfeito com os resultados dos exames
apresentados (informação genérica), poderá requerer mais exames e

www.esab.edu.br 131
aprofundar o conhecimento sobre o quadro clínico do seu paciente.
Nas empresas não é diferente; nesse caso, o analista das demonstrações
financeiras poderá requerer outras informações complementares e
específicas com a clara intenção de formar sua opinião a respeito do
comportamento econômico-financeiro da empresa analisada, sem
limitar-se aos índices genéricos.

Para Padoveze (2010), basicamente a análise dos índices tem como


finalidade demonstrar a situação atual da empresa, assim como predizer
o seu futuro, se forem mantidos os índices apurados. Já o seu uso como
ferramenta gerencial (uso interno) contribui para que os administradores
possam efetuar ajustes na estrutura patrimonial ou na estrutura de
resultados da empresa, quando a análise apresentar situações anormais de
comportamento.

Estrutura
Situação
Financeira
Liquidez

Situação
Rentabilidade
Econômica

Quadro 29 – Principais aspectos revelados pela análise de índices.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Matarazzo (2010) apresenta os índices em duas divisões: análise da


situação financeira e análise da situação econômica. Primeiro, analisa-
se a situação financeira separada da análise da situação econômica.
Posteriormente, juntam-se os resultados apresentados, permitindo assim
a caracterização dos índices financeiros e dos índices econômicos. Ainda
para os índices financeiros, o autor os subdivide em índices de estrutura
de capital e em índices de liquidez. Acompanhe, no esquema do Quadro
29, a distribuição dos índices: os índices de estrutura e de liquidez estão
associados à capacidade de pagamento da empresa, enquanto os índices
de rentabilidade medem o desempenho do resultado do exercício.

www.esab.edu.br 132
Com base na divisão apresentada no Quadro 29, Matarazzo (2010)
elaborou o quadro-resumo dos índices de análise das demonstrações
financeiras. Faça uma pausa e reflita, analisando calmamente o Quadro
30, apresentado a seguir, procurando identificar como os índices são
elaborados. Mentalmente, procure montar a fórmula de cada índice,
tentando identificar onde estão as informações necessárias para calcular
o índice − se elas estão localizadas no balanço patrimonial, ou se estão
localizadas na demonstração do resultado do exercício.

Índice Fórmula Indica Interpretação


Estrutura de capital
1. CT/PL
Quando a empresa
Participação
Capitais de Terceiros tomou da capitais
de Capitais × 100 Quanto menor,
de terceiros para
de Terceiros Patrimônio Líquido melhor.
cada $ 100 de
(endividamento)
capital próprio.
2. PC/CT
Qual o percentual
Passivo Circulante de obrigações
Composição do × 100 Quanto menor,
a curto prazo
Endividamento Capitais de Terceiros melhor.
em relação às
obrigações totais.
3. AP/PL
Quantod $ a
empresa aplicou
Imobilização Ativo não Circulante
× 100 no Ativo Não Quanto menor,
do patrimônio
Patrimônio Líquido Circulante para melhor.
Líquido
cada $ 100 de
Patrimônio Líquido.
4. AP/PL + ELP
Que percentual
dos Recursos
não correntes
Imobilização Ativo não Circulante
× 100 (Patrimônio Líquido Quanto menor,
dos recursos não Patrimônio Líquido +
Exigível a Longo Prazo e Exigivel a Longo melhor.
Correntes
Prazo) foi destinado
ao Ativo Não
Circulante.

www.esab.edu.br 133
Liquidez
5. LG

Ativo Circulante + Quanto a empresa


Realizável a Longo Prazo possui de Ativo
Circulante + Quanto maior,
Liquidez Geral Passivo Circulante +
Realizável a Longo melhor.
Exigível a Longo Prazo
Capitais de Terceiros Prazo para cada $ 1
de dívida total.
6. LC
Quanto a empresa
possui de Ativo
Liquidez Ativo Circulante Quanto maior,
Circulante para
Corrente Passivo Circulante melhor.
cada $ 1 de Passivo
Circulante.
7. LS
Disponível + Títulos a Receber Quanto a empresa
possui de Ativo
+ Outros Quanto maior,
Liquidez Seca Líquido para cada
Ativos de Rápida Conversibilidade melhor.
$ 1 de Passivo
Passivo Circulante Circulante.
Rentabilidade (ou Resultados)
8. V/AT
Quanto a empresa
Vendas Líquidas vendeu para cada $ Quanto maior,
Giro do Ativo
Ativo 1 de investimento melhor.
total.
9. LL/V
Quanto a empresa
Lucro Líquido obtém de lucro Quanto maior,
Margem Líquida × 100
Vendas Líquidas para casa $ 100 melhor.
vendidos.
10. LL/AT
Quanto a empresa
Rentabilidade Lucro Líquido obtém de lucro Quanto maior,
× 100
do Ativo Ativo para cada $ 100 de melhor.
investimento total.

www.esab.edu.br 134
11. LL/PL
Quanto a empresa
obtém de lucro
Rentabilidade Lucro Líquido
× 100 para cada $ 100 Quanto maior,
do Patrimônio
Patrimônio Líquido Médio de capital próprio melhor.
Líquido
investido, em
média, no exercício.

Quadro 30 – Quadro-resumo de índices.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Veja que no Quadro 30 são apresentados 11 índices, distribuídos em


três categorias (Estrutura de Capital, de Liquidez e de Rentabilidade).
Os indicadores de Estrutura de Capital e de Liquidez utilizam dados
extraídos do balanço patrimonial. Já os indicadores de Rentabilidade
buscam dados na demonstração do resultado do exercício e também no
balanço patrimonial. Conseguiu mentalmente visualizar onde estão os
dados necessários para o cálculo de cada fórmula?

Para visualizar os indicadores de Estrutura de Capital, é necessário


utilizar o Patrimônio Líquido (capital próprio) e o Passivo (circulante
e não circulante), para ver a participação dos capitais de terceiros na
empresa (financiadores).

Para os indicadores de Liquidez, é necessário utilizar o Ativo Circulante


e o Ativo Realizável a Longo Prazo, comparando-os com o Passivo
Circulante e o Passível Exigível a Longo Prazo.

Para os indicadores de Rentabilidade, é necessário utilizar o Lucro


Líquido (ou Prejuízo) apresentado na DRE (demonstração do resultado
do exercício) para compará-lo com as Receitas (lucratividade) e com o
total de Ativo e Patrimônio Líquido (rentabilidade).

Para Padoveze (2010), outro autor renomado, os índices são apresentados


em cinco categorias diferentes:

• indicadores de capacidade de pagamento;


• indicadores de atividade;
• indicadores de rentabilidade;

www.esab.edu.br 135
• análise da rentabilidade – Método Dupont;
• análise de valor da ação.
Isto não quer dizer que o modelo de um autor é melhor que o modelo de
outro autor. Basicamente, as informações extraídas pelos diversos modelos
são as mesmas. Alguns modelos podem trazer um número maior ou
menor de informação do que o outro. O importante é que as informações
extraídas sejam confiáveis e úteis para tomada de decisão por parte do
usuário. A informação que não agrega valor e, principalmente, se para
obtê-la houve um custo elevado (às vezes maior do que o benefício gerado
pela disponibilidade de referida informação), ela não terá utilidade.

Nesta unidade, vimos como o uso de indicadores extraídos do Balanço


Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício podem
apresentar o comportamento de uma empresa em determinados períodos.
O conhecimento desses indicadores serve para que diferentes usuários
possam fundamentar suas decisões em relação à empresa analisada.

Na próxima unidade, você aprenderá detalhadamente sobre os índices de


análise das demonstrações financeiras. Até breve!

www.esab.edu.br 136
22 Análise financeira básica
Objetivo
Analisar a situação de uma organização através da aplicação de
índices básicos de avaliação.

Como visto na unidade 21, uma empresa pode ter sua situação
econômico-financeira avaliada através de índices extraídos das suas
demonstrações financeiras, para que o analista consiga emitir uma
opinião sobre a situação atual e também possa, com base no histórico da
empresa analisada, predizer qual será seu comportamento futuro, desde
que mantidas as condições apresentadas na análise.

Vamos utilizar como base didática os índices destacados por Matarazzo


(2010), conforme visto no Quadro 30 da unidade 21, para conhecer a
Estrutura de Capital, a Liquidez e a Rentabilidade de uma empresa.

Esses índices estão separados em três grandes grupos: índices de estrutura


de capital, índices de liquidez e índices de rentabilidade. Vejamos.

Estrutura de Capitais
Esses indicadores (índices) apresentam o estado em que se encontra
a estrutura de origens e aplicações de recursos, e a movimentação
ocorrida de um exercício para outro. Em relação às origens, apresenta a
participação de capitais de terceiros sobre o capital próprio. Já quanto às
aplicações, evidencia onde a empresa está alocando seus recursos: em ativos
imobilizados, em financiamento de clientes ou em estoques. São eles:

• participação de capitais de terceiros;


• composição do endividamento;
• imobilização do patrimônio líquido;
• imobilização dos recursos não correntes.

www.esab.edu.br 137
Participação de Capitais de Terceiros: CT/PL
Capitais de Terceiros
Fórmula: ×100
Patrimônio Líquido
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Capitais de terceiros $ 1.720.540 $ 1.045.980
Patrimônio líquido $ 820.000 $ 700.000
Índice de participação de capitais de terceiros: 209,82% 149,43%

Os índices extraídos mostram que em 2012 para cada $ 100,00 de


capital próprio, a empresa tinha $ 209,82 de capitais de terceiros. Em
2011, o índice era melhor, pois para cada $ 100,00 de capital próprio a
empresa tinha $ 149,43 de capitais de terceiros (empréstimos). Sabemos
que houve uma piora, de 2011 para 2012, pois o índice aumentou.
Mas por outro lado, não temos como omitir uma opinião acerca de se
esse índice está dentro da normalidade para a empresa, pois não há
informações de comparação dos índices do setor de atuação. Para tanto,
outras informações seriam necessárias.

Composição do Endividamento: PC/CT


Passivo Circulante
Fórmula: ×100
Capitais de Terceiros
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Passivo circulante $ 625.350 $ 453.650
Capitais de terceiros $ 1.720.540 $ 1.045.980
Índice de composição do endividamento 36,35% 43,37%

Esse índice tem a função de informar a participação de capital de curto


prazo (empréstimos) sobre o total de capitais de terceiros. Quanto menor
for o índice, melhor é para a estrutura de capital da empresa.

www.esab.edu.br 138
No exemplo, percebe-se que houve uma melhora no período 2011-
2012: sendo que para cada $ 100,00 de endividamento, tinha $ 43,37
de dívidas de curto prazo em 2011; e, em 2012, para cada $ 100,00 de
endividamento, tinha $ 36,35.

Imobilização do Patrimônio Líquido: AP/PL


Ativo Permanente
Fórmula: ×100
Patrimônio Líquido
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Ativo permanente $ 798.360 $ 539.400
Patrimônio líquido $ 820.000 $ 700.000
Índice de imobilização do patrimônio líquido 97,36% 77,06%

Esse índice informa quanto a empresa tem aplicado no ativo permanente


comparado ao patrimônio líquido total. Quanto menor o índice, melhor
é para a empresa, pois corresponde a dizer que o patrimônio líquido,
além de financiar o ativo permanente, também consegue financiar parte
do ativo circulante.

No exemplo houve uma piora: pois em 2011, para cada $ 100,00 do


ativo permanente, $ 77,06 era financiado pelo patrimônio líquido. Já em
2012, para cada $ 100,00 do ativo permanente, $ 97,35 são financiados
pelo patrimônio líquido.

Imobilização dos Recursos Não Correntes: AP/(PL+ELP)


Ativo Permanente
Fórmula: ×100
Patrimônio Líquido + Exigível a Longo Prazo

www.esab.edu.br 139
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Ativo permanente $ 798.360 $ 539.400
Exigível a Longo Prazo $ 1.095.190 $ 592.330
Patrimônio líquido $ 820.000 $ 700.000
Índice de imobilização de recursos não correntes 41,69% 41,74%

A finalidade desse índice é informar quanto a empresa tem aplicado no


ativo permanente financiado pelos recursos não correntes (patrimônio
líquido e passivo exigível a longo prazo). A empresa analisada
apresentou, respectivamente para 2011 e 2012, $ 41,74 e $ 41,69 para
cada $ 100,00 aplicados em ativos permanentes. A variação em % foi
pequena, comparativamente ao valor nominal. Isto ocorreu porque
ambos tiveram aumentos nominais (origens = PL + ELP e aplicações =
ativo permanente).

Liquidez
Os índices de liquidez apresentam o confronto das dívidas (passivo
circulante) com o ativo circulante, para medir as condições de pagamento
de uma empresa. Quanto maior forem os índices de liquidez, melhor é
para a empresa analisada, visto que apresenta um ativo circulante maior
comparado ao seu passivo. São eles:

• liquidez geral;
• liquidez corrente;
• liquidez seca.
Veja em detalhes os índices:

Liquidez Geral: LG
Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
Fórmula:
Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

www.esab.edu.br 140
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Ativo Circulante $ 1.320.980 $ 788.850
Realizável a Longo Prazo $ 421.200 $ 417.730
Passivo Circulante $ 625.350 $ 453.650
Exigível a Longo Prazo $ 1.095.190 $ 592.330
Liquidez Geral 1,01 1,15

O índice de Liquidez Geral para a empresa analisada evidencia que


houve uma piora, pois em 2011 para cada $ 1,00 de dívida, tinha $ 1,15
de ativo realizável a curto prazo. Já para 2012, o índice reduziu, e para
cada $ 1,00 de dívida, tinha somente $ 1,01 de ativos. A margem de
1,15 
folga que havia de 15%   foi praticamente eliminada, devido,
 1 × 100 
em boa parte, ao aumento no Exigível a Longo Prazo.

Liquidez Corrente: LC
Ativo Circulante
Fórmula:
Passivo Circulante
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Ativo Circulante $ 1.320.980 $ 788.850
Passivo Circulante $ 625.350 $ 453.650
Liquidez Corrente 2,11 1,74

Esse índice indica quanto a empresa possui no ativo circulante para cada
$ 1,00 de dívida do passivo circulante. A empresa analisada está com
bons índices de liquidez corrente, visto que em 2012 para cada $ 1,00 de
dívida, ela apresentou $ 2,11 de ativo circulante. Em 2011, o resultado
não foi tão bom quanto o de 2012, porém também era expressivo. Pois
para cada $ 1,00 de dívida, havia $ 1,74 de ativo circulante.

www.esab.edu.br 141
Liquidez Seca: LS
Disponível + Aplicações Financeiras
Fórmula:
Passivo Circulante
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Disponível + aplicações financeiras $ 451.310 $ 217.780
Passivo Circulante $ 625.350 $ 453.650
Liquidez Seca 0,72 0,48

A liquidez seca apresenta quanto a empresa dispõe em valores imediatos


(dinheiro em caixa, depósitos em contas correntes, poupanças e em
aplicações financeiras de liquidez imediata) para cada $ 1,00 de dívida
do passivo circulante. É um índice que reforça outro índice: o da
liquidez corrente.

Veja que, ao calcularmos o índice de liquidez seca, chegamos à


conclusão de que para cada $ 1,00 de dívida em 2011, a empresa tinha
somente $ 0,48 em disponibilidade imediata. Para 2012 houve uma
melhora, passando para $ 0,72 de disponibilidade imediata para cada $
1,00 de dívida.

Rentabilidade
Os índices de rentabilidade apresentam o desempenho da empresa em
relação ao faturamento e à lucratividade das operações comparadas com
o ativo e com o patrimônio líquido. São eles:

• giro do ativo;
• margem líquida;
• rentabilidade do ativo;
• rentabilidade do patrimônio líquido.

www.esab.edu.br 142
Veja em detalhes os índices:

Giro do Ativo: V/AT

Vendas líquidas
Fórmula:
Ativo
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Vendas líquidas $ 4.448.000 $ 3.682.000
Ativo $ 2.540.540 $ 1.745.980
Giro do Ativo 1,75 2,11

Quanto maior for o índice de giro do ativo, melhor. Em 2011, para cada $
1,00 de ativo, a empresa teve $ 2,11 de faturamento. Para 2012 houve uma
redução nesse índice: para cada $ 1,00 de ativo a empresa faturou $ 1,75.

Margem Líquida: LL/V


Lucro líquido
Fórmula: ×100
Vendas líquidas
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Vendas líquidas $ 4.448.000 $ 3.682.000
Lucro líquido $ 1.590.350 $ 1.260.000
Margem líquida 35,75% 34,22%

A margem líquida mede o desempenho da empresa utilizando a DRE


(demonstração do resultado do exercício). Apresenta quanto de lucro foi
gerado para cada $ 1,00 de faturamento. Na empresa modelo, percebe-
se que houve uma pequena melhora na margem líquida, passando de
34,22% (em 2011) para 35,75% (em 2012), o que representa $ 34,22
(em 2011) e $ 35,75 (em 2012) para cada $ 100,00 de faturamento.

www.esab.edu.br 143
Rentabilidade do Ativo: LL/AT

Lucro líquido
Fórmula: ×100
Ativo
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Ativo $ 2.540.540 $ 1.745.980
Lucro líquido $ 1.590.350 $ 1.260.000
Rentabilidade do Ativo 62,60% 72,17%

A rentabilidade do ativo apresenta quanto a empresa teve de lucro


líquido por $ 1,00 de ativo. A empresa analisada teve uma pequena
diminuição na rentabilidade de um ano para o outro, passando de
72,17% para 62,60%, o que corresponde a $ 72,17 e $ 62,60 de lucro
líquido para cada $ 100,00 de ativo total.

Rentabilidade do Patrimônio Líquido: LL/PL


Lucro Líquido
Fórmula: ×100
Patrimônio Líquido Médio
Exemplo:

31/12/2012 31/12/2011
Lucro líquido $ 1.590.350 $ 1.260.000
Patrimônio Líquido Inicial $ 700.000 $ 620.000
Patrimônio Líquido Final $ 820.000 $ 700.000
Patrimônio Líquido Médio $ 760.000 $ 660.000
Rentabilidade do Patrimônio Líquido 209,26% 190,91%

Note que a rentabilidade do ativo apresenta quanto a empresa teve


de lucro líquido por $ 1,00 de patrimônio líquido médio. A empresa
analisada teve uma melhora no período, passando de 190,91% para
209,26%, de um ano para o outro, o que corresponde a dizer que para
cada $ 100,00 de patrimônio líquido médio, houve uma rentabilidade de
$ 190,91 e $ 209,26 respectivamente.

www.esab.edu.br 144
Estamos finalizando a unidade 22. Vimos que é possível enriquecer
a análise de uma empresa ao utilizar os conceitos apresentados por
Matarazzo, através da aplicação de diversos índices fundamentados nas
demonstrações financeiras (balanço patrimonial e demonstração do
resultado do exercício). Esses índices (ou indicadores) apresentam a
estrutura de capital, a liquidez e a rentabilidade, informações úteis para a
tomada de decisão.

Na próxima unidade, continuaremos nossos estudos através das


demonstrações financeiras. Até breve!

www.esab.edu.br 145
23 Tesouraria líquida

Objetivo
Entender o conceito de tesouraria líquida e como é formada.

Olá, estudante! Nas unidades anteriores você aprendeu como uma


empresa pode ser analisada através da extração de informações dos seus
demonstrativos financeiros. Agora, nesta unidade, você compreenderá
o que é tesouraria, como ela é formada e o que é chamado de tesouraria
líquida. Para estudar esse assunto, vamos nos apoiar nos trabalhos de
Gitman e Madura (2008) e Horngren, Datar e Foster (2004).

Tesouraria, em sentido amplo, é o departamento responsável por


efetuar os pagamentos devidos pela empresa para terceiros, captar
recursos em instituições financeiras para fazer frente às necessidades
de caixa, e também efetuar os recebimentos de valores. O profissional
responsável por esse departamento é o tesoureiro e este é subordinado
ao diretor financeiro, ou ao gerente financeiro, dependendo da estrutura
organizacional e do porte de cada empresa.

Veja, na Figura 6, um exemplo de estrutura organizacional, adaptado de


Horngren, Datar e Foster (2004), no qual a tesouraria está subordinada
ao diretor financeiro, e na mesma linha de atuação do Controller (para
relembrar o conceito de controller, visite a unidade 2).

www.esab.edu.br 146
Chairman
Board de diretores
Chief Executive Officer (CEO)
Presidente
Chief Operating Officer
(COO)
Chief Financial Officer (CFO)

Controller Auditoria Impostos Tesouraria

Administração Planejamento Relacionamento


de riscos financeiro com investidores
Figura 6 – Estrutura hierárquica.
Fonte: Adaptada de Horngren, Datar e Foster (2004).

Perceba que além do controller e da Tesouraria, outras áreas estão


ligadas diretamente ao Diretor Financeiro, aqui nomeado de CFO
(Chief Financial Officer), tais como as áreas de auditoria, impostos,
administração de riscos, relacionamento com investidores e planejamento
financeiro.

Já para Gitman e Madura (2008), a estrutura hierárquica apresenta uma


pequena variação, colocando todas as atividades financeiras sob apenas
duas perspectivas: a do tesoureiro e a do controller.

www.esab.edu.br 147
Diretor Presidente
(CEO)

www.esab.edu.br
Diretor de Diretor
Diretor de Diretor de Diretor de
recursos financeiro
produção marketing informações
humanos (CFO)

Tesoureiro Controller

Figura 7 – Estrutura hierárquica.


Gerente de Gerente de
Gerente de Gerente de Gerente de

Fonte: Adaptada de Gitman e Madura (2008).


dispêndios impostos
crédito câmbio contabilidade
de capital (tributos)

Gerente de Gerente de captação Gerente de Gerente de


Gerente de
fundos de de recursos e de contabilidade contabilidade
caixa
pensão planejamento financeiro corporativa financeira

148
Veja no Figura 7 que as responsabilidades do tesoureiro envolvem
desembolsos com despesas de capital, análise de crédito para os clientes,
operações cambiais, captação de recursos e planejamento financeiro,
gerenciamento de caixa e de fundos de pensão. Já as responsabilidades
do controller envolvem a gestão de impostos, da contabilidade, das boas
práticas de contabilidade financeira e da contabilidade corporativa.

Segundo Gitman e Madura (2008), as principais atribuições da


tesouraria envolvem:

• captação de capital (financiamento) para as operações da empresa, de


curto ou de longo prazo;
• relacionamento com as instituições financeiras;
• liberação de crédito para clientes e a operacionalização da cobrança;
• decisões sobre investimentos;
• decisões sobre seguros.
Dessa forma, as atividades da tesouraria influenciam e são influenciadas
diretamente pela operação da empresa. Por exemplo, ao analisar a
capacidade de pagamento de um cliente e aprovar o crédito para que ele
proceda às compras, a tesouraria está contribuindo para a manutenção
do negócio, permitindo que as operações ocorram. De outro lado,
caso as vendas venham a ter um aumento expressivo, esse movimento
da operação irá afetar a tesouraria, fazendo com que ela busque mais
recursos para financiar esse aumento da necessidade (seja para comprar
mais estoques, seja para financiar mais clientes).

A formação da tesouraria, dentro do balanço patrimonial, envolve separar


as contas do ativo circulante e do passivo circulante em dois grupos:
contas que estão vinculadas diretamente às atividades da empresa, e
contas que envolvem recursos financeiros.

Acompanhe o Quadro 31 para visualizar as contas vinculadas às


operações da empresa no ativo:

www.esab.edu.br 149
Ativo
Contas que envolvem os recursos
Contas vinculadas às operações da empresa:
financeiros:
estoque, clientes, impostos a recuperar,
caixa, bancos, aplicações financeiras de
antecipação das despesas do exercício seguinte,
liquidez imediata e outras contas a receber.
entre outras.

Quadro 31 – Contas Ativo Circulante.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Já para o passivo:

Passivo
Contas vinculadas às operações da empresa: Contas que envolvem os recursos financeiros:
empréstimos a pagar, em que os
fornecedores, adiantamento a fornecedores,
financiamentos obtidos junto às instituições
salários, encargos a pagar e impostos a pagar.
financeiras estão contabilizados.

Quadro 32− Contas Passivo Circulante.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Tesouraria líquida

A tesouraria líquida corresponde à diferença entre os valores do ativo


e do passivo, formado pelas contas que envolvam recursos financeiros.
Corresponde a afirmar que, se a soma das contas da caixa e dos bancos é
maior que a soma das contas dos empréstimos e financiamentos a pagar,
a tesouraria líquida será positiva. Se ocorrer o inverso, teremos uma
situação de tesouraria líquida negativa, visto que os ativos financeiros não
conseguem cobrir os passivos financeiros.

Esse saldo tem sua atualização diária, visto que uma empresa, no decorrer
de um dia normal de atividade, possui diversos lançamentos nessas
contas, seja recebendo valores e/ou efetuando pagamentos.

Caro estudante, nesta unidade você aprendeu como se forma o saldo de


tesouraria, além de compreender outros conceitos voltados à gestão de
tesouraria. Aguardamos você na próxima unidade para aprofundarmos
nosso conhecimento nos ativos e passivos de tesouraria. Até breve!

www.esab.edu.br 150
24 Ativo e Passivo de tesouraria
Objetivo
Reconhecer os principais Ativos e Passivos utilizados no processo de
gestão de tesouraria.

Olá, estudante. Como visto na unidade anterior, a gestão de tesouraria


de uma empresa merece atenção e dedicação por parte do profissional
responsável. Agora, nesta unidade, vamos dar continuidade ao estudo
da tesouraria, conhecendo os principais ativos e passivos utilizados no
processo de gestão da tesouraria. Para isso, utilizaremos os trabalhos de
Padoveze (2010).

Na unidade 23 você aprendeu que o valor de tesouraria é calculado


através da diferença entre algumas contas do ativo e algumas contas do
passivo. Essas contas estão localizadas no ativo circulante e no passivo
circulante. Aumentando o nível de detalhes, podemos inferir que as
contas utilizadas para calcular o valor de tesouraria são classificadas em:

• contas vinculadas com as atividades operacionais da empresa


(clientes, estoques, impostos a recuperar, entre outras, no ativo
circulante. Fornecedores, salários a pagar, impostos a pagar, entre
outras, no passivo circulante);
• as contas que registram movimentações financeiras (caixa, bancos,
aplicações financeiras, no ativo circulante. Empréstimos bancários a
pagar, no passivo circulante).
A análise da tesouraria líquida tem como finalidade o conhecimento da
capacidade (sobra ou falta) de pagamento oriunda da diferença apurada
entre as contas que registram movimentações financeiras do ativo e as
contas que registram movimentações financeiras do passivo. Isso quer dizer
que o gestor financeiro pode verificar a possibilidade de investir o valor
excedente (tesouraria líquida positiva), ou buscar recursos financeiros no
mercado para fazer frente às necessidades (tesouraria líquida negativa).

www.esab.edu.br 151
Vamos utilizar o balanço patrimonial do Quadro 33 para visualizarmos
como se dá o reconhecimento dos principais ativos e passivos utilizados
na gestão da tesouraria.
ATIVO PASSIVO
CIRCULANTE 851.186 CIRCULANTE 314.979
Caixa e equivalentes de caixa 193.470 Empréstimos e financiamentos 24.555
Contas a receber de clientes 429.482 Fornecedores 154.688
Estoques 210.996 Salários e encargos sociais 36.191
Impostos a recuperar 13.241 Parcelamento tributário e previd. 7.527
Outras contas a receber 3.574 IR e CSLL a pagar 29.876
Despesas antecipadas 423 Obrigações tributárias 20.683
Provisões para riscos 22.033
NÃO CIRCULANTE 331.148 Obrigações por incentivos fiscais 11.614
Aplicações financeiras restritas 1.016 Dividendos e juros cap própria a pagar 443
Impostos a recuperar 9.189 Outras contas a pagar 7.369
Impostos diferidos 18.491
Outras contas a receber 6.798 NÃO CIRCULANTE 83.355
Imobilizado 256.486 Empréstimos e financiamentos 152
Intangivel 39.168 Parcelamento tributário e previd. 14.772
Provisões para riscos 11.747
Benefícios a empregados 19.121
Obrigações por incentivos fiscais 37.241
Outras contas a pagar 322

PATRIMÔNIO LÍQUIDO 784.000


Capital social 235.974
Reserva de capital 6.602
Reservas de lucro 413.371
Ajuste de avaliação patrimonial 8.170
Dividendos adicionais propostos 119.883
TOTAL ATIVO 1.182.334 TOTAL PASSIVO 1.182.334

Quadro 33 – Balanço Patrimonial em 31/12/2012.


Fonte: Adaptado de Cia. Hering (2013).

Reflita sobre o balanço patrimonial apresentado no Quadro 33. Ele foi


extraído das demonstrações financeiras publicadas pela Cia. Hering,
tradicional indústria do vestuário. Representa a posição patrimonial
consolidada em 31/12/2012. Antes de avançar, faça uma leitura rápida
sobre os totalizadores do ativo (circulante e não circulante) e compare
com os totalizadores do passivo (circulante e não circulante). É possível
detectar que a empresa tem um total de ativo circulante superior ao total
de passivo circulante, o que demonstra que a sua liquidez é maior do que
1, demonstrando que para cada $ 1,00 de dívida, a empresa possui mais
de $ 1,00 de ativos para fazer frente ao pagamento.

Agora, analisando pela ótica da tesouraria líquida, o que queremos


descobrir é qual é o valor excedente (tesouraria líquida positiva) ou

www.esab.edu.br 152
qual é o valor deficitário (tesouraria líquida negativa), para que o gestor
financeiro (tesoureiro) possa fazer algo a respeito. Para tanto, será
necessário identificar quais são as contas localizadas no ativo circulante e
no passivo circulante que registram essas movimentações financeiras.

Analisando o balanço patrimonial, encontramos no ativo circulante as


seguintes contas classificadas como ativos de tesouraria:

Caixa e equivalentes de caixa: $ 193.470


Outras contas a receber: $ 3.574
Total de ativos de tesouraria: $ 197.044

Já no passivo circulante, encontramos as seguintes contas classificadas


como passivos de tesouraria:

Empréstimos e financiamentos: $ 24.555


Dividendos e juros sobre capital próprio: $ 443
Outras contas a pagar: $ 7.369
Total de passivos de tesouraria: $ 32.367
Aplicando a fórmula, encontraremos o resultado de:
(=) TESOURARIA LÍQUIDA POSITIVA DE $ 164.677 ($ 197.044 - $ 32.367)

Fundamentado na apuração da tesouraria líquida é possível deduzir


que a situação de tesouraria da empresa analisada é saudável, possuindo
um valor excedente elevado. Nesse caso, o ideal é que esse excesso
seja depositado em aplicações financeiras de curto prazo e de rápida
conversão, para que esse valor tenha remuneração enquanto não seja
aplicado em outros ativos.

Caro estudante, nesta unidade você estudou os ativos e passivos


utilizados na gestão de tesouraria de determinada empresa.

Ao encerrarmos estas seis unidades – nas quais apresentamos a você


diversos conceitos envolvendo a tesouraria, além de revisarmos o
conteúdo sobre análise vertical e análise horizontal – queremos convidá-
lo a continuar seus estudos, em que teremos a oportunidade de abordar
os conceitos de tesouraria e o efeito tesoura, entre outros assuntos
interessantes. Até breve!

www.esab.edu.br 153
Resumo

Nas últimas unidades, revisamos inicialmente os conceitos estudados


nas unidades anteriores, através de exercícios resolvidos e comentados
na unidade 19. Esses exercícios tinham como base a avaliação de uma
empresa através da aplicação da análise vertical e da análise horizontal.

Já na unidade 20 foi apresentado o conceito de análise referencial,


que utiliza a mesma base, no caso, o ativo total do último balanço
patrimonial para comparar todos os demonstrativos financeiros.

Na unidade 21, foram apresentados os conceitos dos índices de estrutura


de capital, de liquidez e de rentabilidade, conforme o modelo praticado
por Matarazzo. Fundamentados nesses índices, na unidade 22, vimos sua
aplicação na análise básica de uma empresa, conhecendo como calcular e
como analisar os demonstrativos financeiros.

E para finalizar, nas unidades 23 e 24, vimos os conceitos de tesouraria


e tesouraria líquida e tivemos a oportunidade de conhecer os chamados
ativos e passivos de tesouraria. Nossa jornada na avaliação das empresas
através de diversos índices (ou indicadores) continua.

www.esab.edu.br 154
25 Saldo de tesouraria
Objetivo
Compreender o conceito de saldo de tesouraria e como ele influencia
o desempenho.

Olá, estudante! Na unidade anterior, você estudou as contas do


Balanço Patrimonial, que são denominadas de Ativos e de Passivos de
tesouraria. Nesta unidade que estamos iniciando, você irá compreender
como o saldo de tesouraria pode influenciar o desempenho de uma
entidade no decorrer de suas operações. Naturalmente, é necessário
que essa ferramenta seja utilizada pelos gestores financeiros, pois, do
contrário, não há benefícios (ou conhecimentos) sobre a estrutura
de disponibilidades financeiras da empresa. Teremos como principal
referencial nesta unidade o trabalho de Padoveze (2012).

Caixa mínimo

Segundo Padoveze (2012), o conceito de caixa mínimo envolve elaborar


políticas de manutenção de valores em caixa, bancos e aplicações
de liquidez imediata, para fazer frente aos pagamentos de contas
(fornecedores, impostos, salários e demais contas do passivo). Esses
pagamentos deverão ocorrer nos próximos períodos. Cada empresa
define sua política de períodos, os quais oscilam de empresa para
empresa, podendo ser diário, semanal, mensal, trimestral. O importante
é que atenda à necessidade informacional da empresa. É uma gestão de
curto prazo utilizada pelo responsável financeiro, o que muitas vezes é
feito pelo tesoureiro.

www.esab.edu.br 155
Claro que esta necessidade de caixa mínimo (em valores absolutos)
oscila de acordo com cada empresa e também de acordo com o ramo
da empresa. Aquela empresa que possui ciclos curtos de compra e
venda tem uma necessidade diferente de caixa daquela cujo ciclo é mais
longo. Naturalmente, o gestor financeiro estará alinhado com a política
estabelecida pela empresa para efetuar a gestão de caixa de forma que
atenda às necessidades financeiras e aos objetivos definidos.

Contas erráticas e contas cíclicas

Outra classificação dada às contas do Balanço Patrimonial que são


utilizadas para calcular o saldo de tesouraria de uma empresa é
reclassificá-las em contas erráticas e em contas cíclicas.

Padoveze (2012) explica que as contas do Ativo e do Passivo Circulante,


cuja vinculação com as atividades da empresa é direta, são chamadas de
contas cíclicas; e aquelas contas do Ativo e do Passivo Circulante que
contabilizam recursos financeiros são classificadas como contas erráticas.
Ainda segundo o autor, Michel Fleuriet, professor e autor francês que
esteve lecionando no Brasil, foi quem desenvolveu essa classificação e
introduziu-a aqui no País.

De acordo com essa classificação, o saldo de tesouraria se dá pela


diferença entre as contas erráticas do Ativo Circulante e as contas
erráticas do Passivo Circulante.

Veja no Quadro 34 como o Balanço Patrimonial é apresentado após a


reclassificação das contas do Ativo e do Passivo Circulante em erráticas e
em cíclicas.

www.esab.edu.br 156
Contas erráticas 2.013.800,00 Contas erráticas 2.276.260,00
Caixa/bancos 200,00 Títulos descontados -
Impostos a recolher sobre
Aplicações financeiras 2.010.000,00 825.360,00
lucros
Impostos a recuperar (sobre
3.600,00 Empréstimos 1.250.000,00
lucros)
Dividendos a pagar 200.900,00
Contas cíclicas 9.366.553,00 Contas cíclicas 4.282.442,00
Contas a receber 3.298.000,00 Fornecedores 2.444.250,00
Salários e encargos a
Provisão devedores duvidosos (64.500,00) 390.000,00
pagar
Estoques 6.000.753,00 Contas a pagar 79.852,00
Impostos a recolher s/
Adiantamentos a fornecedores 120.300,00 1.002.440,00
mercadorias
Despesas do exercício
12.000,00 Adiantamento de clientes 365.900,00
seguinte
Realizável a longo prazo 365.000,00 Exigível a longo prazo 8.966.456,00
Investimento, imobilizado e
10.025.950,00 Patrimônio líquido 6.246.145,00
intangível
Ativo total 21.771.303,00 Passivo total 21.771.303,00

Quadro 34 – Balanço Patrimonial – modelo Fleuriet.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2012).

O modelo adotado por Padoveze (2012) classifica o Ativo em quatro


grandes grupos: Contas erráticas, Contas cíclicas, Realizável a longo
prazo e as demais contas (Investimento, Imobilizado e Intangível) em
somente um grupo. Para o Passivo, a classificação também se dá em
quatro grandes grupos: Contas erráticas, Contas cíclicas, Exigível a longo
prazo e Patrimônio líquido.

Utilizando os dados contidos no Balanço Patrimonial do Quadro 34,


podemos apurar o saldo de tesouraria da empresa modelo de acordo com
a fórmula a seguir:

Saldo de tesouraria = ativos erráticos – passivos erráticos

www.esab.edu.br 157
Transformando em números:

Saldo de tesouraria = $ 2.013.800 – $ 2.276.260


Saldo de tesouraria = ($ 262.460)

A empresa modelo do Quadro 29 apresentou um saldo de tesouraria


negativo. Nessa condição, uma das opções do tesoureiro ou do
responsável financeiro é providenciar recursos para que o pagamento
de todas as obrigações assumidas da empresa seja honrado no prazo
acordado. Outra alternativa é concentrar esforços e efetuar vendas (e
recebê-las a curto prazo) do estoque, visto o alto valor apresentado na
conta do Balanço Patrimonial, o que denota que a empresa tem uma
política de manutenção elevada de estoques ou está em um momento
recessivo de vendas. É visível também o valor elevado de contas a receber
no valor de $ 3.298.000,00. Se houver o recebimento dessas contas no
curto prazo, isto contribuirá para que se tenha caixa para liquidação dos
pagamentos de terceiros.

Quando o saldo de tesouraria se apresenta negativo, como é o caso da


empresa modelo, provavelmente haverá um acréscimo nas suas despesas
oriundo do custo do dinheiro (juros) captado de terceiros (bancos e
outras instituições financeiras) para equilibrar as contas.

As empresas que possuem valores altos nas contas Estoques e Contas a


receber, comparados ao total do Ativo, provavelmente apresentam saldo
de tesouraria negativo. A gestão de tesouraria tem influência nas políticas
de manutenção de saldo mínimo de caixa, de manutenção de estoques
e nas políticas comerciais, aumentando ou diminuindo o prazo de
pagamento ofertado aos clientes. Quanto maior for o saldo dessas contas,
maior será a necessidade de tesouraria, em virtude da alocação de recursos
em ativos cíclicos (ativos vinculados com as atividades da empresa).

Se essa situação perdurar durante muito tempo, poderá deixar a empresa


em situação desconfortável, haja vista o custo financeiro que afeta
negativamente o resultado.

www.esab.edu.br 158
Para sua reflexão
Caro estudante, pare um instante as suas
atividades e visualize as atividades que
um gestor financeiro tem que desenvolver
durante sua atividade profissional. É ele
quem deve providenciar o bom andamento
dos pagamentos das contas (e isso envolve o
pagamento dos funcionários, dos impostos
e dos fornecedores), envolve a gestão dos
recebimentos dos clientes (a análise de crédito
requer métodos e procedimentos estruturados,
para diminuir a inadimplência), envolve também
o relacionamento com os bancos.
Além destas atividades, o gestor financeiro
também deve atender às expectativas dos
empresários, donos do capital.
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

Vimos nesta unidade as contas contábeis extraídas do Balanço Patrimonial


utilizadas na formação do saldo de tesouraria. Também vimos que
determinadas políticas de gestão influenciam no saldo de tesouraria, como
as políticas de vendas a prazo e de manutenção de estoques.

Na próxima unidade, conheceremos os efeitos que a gestão de tesouraria


pode apresentar durante a operação de uma empresa, conhecido como
efeito tesoura. Aguardamos você. Até breve!

www.esab.edu.br 159
26 Efeito tesoura

Objetivo
Compreender o conceito de efeito tesoura e como ele é elaborado.

Nas unidades anteriores, você estudou a composição dos saldos de


tesouraria e como podem ser classificadas as contas localizadas no Ativo
e no Passivo Circulante. Também foi visto que se uma empresa apresenta
saldo de tesouraria negativo, ela está em uma situação provável de
utilização de recursos financeiros, o que gera despesa financeira (juros).

Outro cenário possível é a tesouraria apresentar saldo positivo ao longo


do tempo (o que teoricamente é bom para a empresa), porém pode-se
perceber que esse saldo está sofrendo redução exercício após exercício,
diminuindo a folga financeira. Nesta unidade vamos apresentar o efeito
tesoura e como ele se forma; para isso, utilizaremos os trabalhos de
Matarazzo (2010) e Padoveze (2012).

Mas antes, é necessário que você compreenda outros dois conceitos que
utilizam informações disponibilizadas pelo Balanço Patrimonial e que
influenciam o efeito tesoura: a Necessidade de Capital de Giro (NCG) e
o Capital de Giro (CDG).

Necessidade de Capital de Giro (NCG)

Segundo Matarazzo (2010, p. 283), “A Necessidade de Capital de Giro é


a chave para a administração financeira de uma empresa”. Para apurar a
NCG de uma empresa, a seguinte fórmula é utilizada:

NCG = Ativo Circulante Operacional (ativo cíclico) – Passivo Circulante Operacional


(passivo cíclico)

www.esab.edu.br 160
A NCG tem a finalidade de apresentar quanto a empresa precisa de
capital de giro para financiar suas atividades operacionais (processo de
compra/produção/estocagem/venda/ entrega/recebimento). Matarazzo
(2010) afirma que a fonte de financiamento da NCG é formada
normalmente por três tipos:

• capital circulante próprio;


• empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo;
• empréstimos bancários de curto prazo e duplicatas descontadas.
Ao apresentar uma necessidade de capital de giro positiva, a empresa
deverá buscar financiamento para suas operações. Caso a necessidade
apresentada seja negativa, significa dizer que a empresa tem recursos
sobrando e poderá aplicá-los em ativos imobilizados ou em aplicações
financeiras, gerando receitas financeiras sobre esse valor excedente de giro.

Capital de Giro (CDG)

O Capital de Giro, segundo Padoveze (2012), é quanto a empresa dispõe


de capital próprio financiando as atividades operacionais (e que não
esteja financiando o Ativo Não Circulante – realizável a longo prazo,
investimentos, imobilizado e intangível). A fórmula para apurar o CDG
é apresentada a seguir.

CDG = Patrimônio Líquido – Ativo Fixo (Não Circulante)

Matarazzo (2010) denomina o capital de giro de Capital Circulante


Líquido (CCL), ao invés de Capital de Giro (CDG).

De posse dessas definições conceituais, podemos avançar nossos estudos


e conhecermos como o efeito tesoura atua. Vamos utilizar o Quadro 35
para desenvolvermos nosso raciocínio a respeito do assunto.

www.esab.edu.br 161
O Balanço Patrimonial apresentado já está com suas contas patrimoniais
classificadas em contas erráticas, contas cíclicas, ativo fixo e patrimônio
líquido. As informações apresentadas são dos últimos quatro exercícios
da empresa modelo.

Exercícios 2009 ($) 2010 ($) 2011 ($) 2012 ($)


Ativo
Contas erráticas 8.300 6.300 4.700 4.300
Contas cíclicas 6.800 8.400 9.200 9.800
Ativo fixo 7.200 8.500 10.000 11.500
Total Ativo 22.300 23.200 23.900 25.600
Passivo
Contas erráticas 5.500 6.000 8.200 10.800
Contas cíclicas 6.200 6.200 4.200 3.000
Patrimônio líquido 10.600 11.000 11.500 11.800
Total Ativo 22.300 23.200 23.900 25.600
ST (Saldo de tesouraria) 2.800 300 -3.500 -6.500
NCG (Necessidade de Capital de Giro) 600 2.200 5.000 6.800
CDG (Capital de Giro) 3.400 2.500 1.500 300

Quadro 35 – Balanço Patrimonial – modelo Fleuriet.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2012).

As fórmulas utilizadas para apurar os valores do ST, da NCG e do CDG


foram:

• ST: ativo errático – passivo errático;


• NCG: ativo cíclico – passivo cíclico;
• CDG: patrimônio líquido – ativo fixo.
Perceba a evolução (positiva ou negativa) de cada resultado apresentado.
A NCG foi aumentando a cada exercício. Muito provavelmente esse
crescimento está ligado com o aumento de estoques e com o aumento
de vendas a prazo, pois ambas as contas estão localizadas no ativo cíclico
(operacional). Isso acontece com as empresas cujo crescimento é muito
rápido e que não possuem capital próprio financiando essa expansão.

www.esab.edu.br 162
O efeito contrário acontece com o Capital de Giro e é perceptível que ele
está diminuindo a cada exercício, e também está associado ao fato de o
patrimônio líquido não financiar a evolução dessa empresa. Veja o gráfico
apresentado na Figura 8:

8.000
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
2009 2010 2011 2012
CDG (capital de giro) NCG (necessidade de capital de giro)

Figura 8 – Efeito tesoura.


Fonte: Adaptada de Padoveze (2012).

O efeito tesoura acontece quando o CDG e a NCG se cruzam (visível


no exercício de 2010) e continuam mantendo a evolução (negativa e
positiva, respectivamente) afastando o resultado de um índice de outro,
o que graficamente forma a imagem de uma tesoura, como você pode
perceber analisando o gráfico da Figura 8.

Agora que você viu como o efeito tesoura é formado e aprendeu novos
conceitos, vamos avançar até a próxima unidade para aprofundarmos o
conhecimento sobre ele.

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 163
Efeito tesoura como indicador de
27 tendências
Objetivo
Utilizar o conceito de efeito tesoura para a identificação de tendências
de uma organização.

Caro estudante, na unidade anterior vimos como nasce o efeito tesoura a


partir da movimentação das contas patrimoniais de um exercício para outro.
Agora, nesta unidade, por meio do trabalho de Padoveze (2012), veremos
como o efeito tesoura pode ser utilizado como um indicador de tendências.

No decorrer da disciplina, diversos índices ou indicadores de medição


de desempenho das empresas têm sido apresentados a você, para que ao
chegar ao mercado de trabalho, depois de formado, você consiga efetuar
análises sobre o comportamento econômico-financeiro de determinada
empresa ou entidade.

Importante ainda é reforçar que os índices devem ser utilizados com


devida cautela e precaução, e principalmente em conjunto com outros
índices, com a intenção de reforçar os resultados obtidos. Também
reforçamos que os índices têm uma função preditiva, ou seja, ao analisar
o comportamento passado está-se projetando o comportamento futuro,
desde que as situações em que o passado ocorreu se mantenham estáveis.

Não será diferente com o uso do efeito tesoura como um indicador de


tendência. O resultado apresentado na análise deve ser confrontado com
outros indicadores para reforçar a conclusão do estudo.

www.esab.edu.br 164
O efeito tesoura, de acordo com Padoveze (2012), tem como causadores
as seguintes situações:

• crescimento das vendas com fraca geração de lucros;


• imobilização excessiva (investimentos no ativo imobilizado);
• imobilização com recursos de curto prazo;
• distribuição excessiva de lucros;
• descontrole do ciclo financeiro;
• prejuízos.
Como visto na unidade 26, o efeito tesoura acontece quando o Capital de
Giro (CDG) vai diminuindo continuamente e a Necessidade de Capital
de Giro (NCG) vai aumentando continuamente, distanciando a diferença
entre o resultado dos dois índices. Se a NCG está aumentando, é esperado
que essa empresa tivesse problemas com sua liquidez, pois a empresa é
afetada negativamente em decorrência da busca de capitais de terceiros
(empréstimos bancários) de curto prazo para financiar as operações.

Se esse cenário é transitório, ou seja, se a empresa está atravessando


um período de crescimento de vendas com o consequente aumento
no financiamento aos seus clientes (vendas a prazo), e esse cenário
não perdurar durante muito tempo, a empresa poderá diminuir o
efeito tesoura, ou até eliminá-lo. Para tanto, novas políticas de venda
(diminuição no prazo ofertado para o cliente) e prazos maiores
fornecidos pelos fornecedores para pagamento dos estoques de
mercadorias contribuirão para a melhoria.

Lembre-se: gerenciar é uma ação, e uma ação (ou sequência de ações)


pode levar uma empresa ao sucesso ou à falência.

No Balanço Patrimonial apresentado no Quadro 36, podemos entender a


movimentação de uma empresa cuja expansão das suas atividades ocorreu
de forma rápida, em que o efeito tesoura começou a aparecer, porém a
gestão assertiva permitiu reverter o quadro.

www.esab.edu.br 165
Exercícios 2009 2010 2011 2012
Ativo
Contas erráticas 21.100 29.025 28.320 33.033
Contas cíclicas 20.848 18.200 19.025 20.000
Ativo fixo 28.200 31.048 37.245 51.174
Total Ativo 70.148 78.273 84.590 104.207
Passivo
Contas erráticas 20.058 24.003 23.840 29.320
Contas cíclicas 21.000 20.010 21.750 22.800
Patrimônio líquido 29.090 34.260 39.000 52.087
Total Ativo 70.148 78.273 84.590 104.207
ST (Saldo de tesouraria) 1.042 5.022 4.480 3.713
NCG (Necessidade de Capital de Giro) -152 -1.810 -2.725 -2.800
CDG (Capital de Giro) 890 3.212 1.755 913

Quadro 36 – Balanço patrimonial – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Analise as informações e perceba que ambos os indicadores (ST, NCG


e CDG) possuem evoluções, sendo que o ST teve crescimento positivo,
a NCG teve crescimento negativo e o CDG está oscilando no período
estudado.

No gráfico da Figura 9, é possível visualizar essas movimentações, e


também verificar a não incidência do efeito tesoura no decorrer dos
quatro exercícios analisados (2009 a 2012).

www.esab.edu.br 166
4.000
3.000
2.000
1.000
0
-1.000 2009 2010 2011 2012
-2.000
-3.000
-4.000
CDG (capital de giro) NCG (necessidade de capital de giro)
Figura 9 – Acompanhamento do CDG x NCG – empresa modelo.
Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

Veja que o Balanço Patrimonial da empresa modelo apresentado no


Quadro 36 possui NCG negativa. Isso se deve ao fato de sobrar origens
de recursos operacionais (passivo cíclico maior que ativo cíclico). Essa
diferença (excesso de origens de financiamentos) está investida no ativo
errático (financeiro). O CDG é positivo em virtude de o patrimônio
líquido financiar todo o ativo fixo e, com o valor excedente, aplica
(financia) parte dos ativos errático e cíclico.

Comparando com o gráfico da Figura 8 na unidade 26 (efeito tesoura),


perceba que, quando ocorre o efeito, o distanciamento é crescente entre
a NCG e o CDG. Já no gráfico da Figura 9 é possível verificar que o
distanciamento entre os dois indicadores oscila, porém não cresce o
distanciamento, inclusive há redução em determinados períodos, como
em 2012.

Para o analista das demonstrações financeiras, o cenário ruim é aquele


em que a situação da empresa denota o efeito tesoura crescendo exercício
após exercício, e também apresenta o Saldo de Tesouraria (ST) crescendo
negativamente, o que caracteriza índices de liquidez ruins. Permanecendo
esse cenário, a ida da empresa ao estado de insolvência é praticamente
inevitável, levando-a à falência.

Dessa forma, é possível inferir que a utilização dessa ferramenta auxilia


o gestor no tocante a preservar a empresa com uma saúde financeira
equilibrada, mantendo as operações normalmente.

www.esab.edu.br 167
Vimos nesta unidade que o efeito tesoura é um indicador que pode
contribuir para a gestão da empresa, sinalizando tendências e, dessa
forma, permitindo que ações sejam tomadas para manter o rumo
saudável. Aguardamos você na próxima unidade para vermos os conceitos
de overtrade e overtrading!

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 19 a 27. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 168
28 Overtrade ou overtrading
Objetivo
Compreender os conceitos de como uma organização pode ser levada
ao overtrade.

Olá, estudante! Nas unidades anteriores foi visto o conceito do efeito


tesoura, que tem como base a Necessidade de Capital de Giro (NCG)
e no Capital de Giro (CDG) de uma empresa. Agora vamos estudar o
conceito de overtrading.

Podemos dizer que overtrading é um conceito, uma situação, e não


propriamente um índice. É o ato de fazer negócios superiores à
capacidade de financiamento da Necessidade de Capital de Giro, ou seja,
é a condição de impossibilidade de financiamento do efeito tesoura. É
dar um passo acima das reais possibilidades da empresa. Está associado
diretamente às atitudes tomadas pelos gestores.

Consiste em manter certo nível de operações comerciais sem os recursos


financeiros suficientes. Como visto na unidade 27, a tendência do efeito
tesoura é entrar em estado de insolvência, se o efeito perdurar em ritmo
de crescimento por diversos períodos.

Nas organizações não é difícil saber os motivos que levam à crise, ao


insucesso, ao não cumprimento do índice de liquidez e rentabilidade,
resultando em deficiência econômico-financeira.

Dois são os caminhos principais que levam à crise e são conhecidos nos
meios empresariais americanos: overtrading e undertrading. Overtrading
refere-se às negociações excessivas e undertrading refere-se às negociações
insuficientes. A razão mais comum para as organizações praticarem
o overtrading reside na busca por economias de escala no processo de
produção, viabilizadas pela existência de capacidade ociosa na empresa.

www.esab.edu.br 169
Assim como o ser humano, as empresas apresentam um ciclo de vida,
ou seja, constituem-se (nascem), alicerçam-se no mercado (vivem) e,
consequentemente, “morrem” – e essa morte nada mais é que a falência.
Diversos fatores contribuem para essa “morte”, e isso ocorre quando o
volume de operações da empresa cresce muito e fica desproporcional com
seu capital de giro, ou seja, quando crescem com relação um ao outro
de uma forma desigual. Isso acontece geralmente quando uma empresa
tenta comercializar uma produção bastante superior a sua real capacidade
de atuação mercadológica.

A causa mais frequente de overtrading é a dedicação excessiva por parte


de gerente ou administradores, procurando ampliar mais e mais os
volumes de negócios. É justamente quando tudo parece caminhar bem
que indústrias ou comerciantes, na ânsia de aproveitar ao máximo as
possibilidades que aparecem, expandem suas atividades, exercendo-a em
campo cada vez mais vasto.

A origem do overtrading é lançada nos anos fartos, e os que sofrem são


aqueles que ignoram os indícios, expondo-se cada vez aos seus efeitos
devastadores. É, em grande parte, uma questão de ter ou não o “sentido
de negócio”, de saber quando convém parar e de seguir, nesse momento,
a força de caráter para fazê-lo sem hesitações. Novamente podemos
verificar que é a ação que faz a diferença na gestão de uma empresa.
Neste caso, a ação é danosa para a saúde financeira.

Se o overtrading se concretizar, é necessário que haja um tratamento


muito rigoroso no sentido de sustar novos endividamentos e tentar
sanar os compromissos já efetivados. Caso contrário, o empresário estará
colocando a situação financeira da organização em crise e levará sua
empresa fatalmente à falência.

O Overtrading é um tema com uma bibliografia muito escassa.


Para saber se a empresa está entrando na dinâmica de overtrading, é
necessário analisar os índices de liquidez. Se a queda for constante,
pode significar complicações financeiras, e caso não sejam tomadas
providências as consequências podem ser fatais. A baixa disponibilidade
tendo como contrapartida a constante tomada de empréstimos pode
indicar ameaça ao negócio ou apenas uma demonstração da verdade. O

www.esab.edu.br 170
alto nível de endividamento pode implicar a não quitação de dívidas,
isto é, tornar-se inadimplente.

Se os gestores não perceberem que a empresa está entrando nessa


situação e não tomarem as devidas providências, a empresa entrará em
uma grave crise financeira, levando-a a um regime falimentar. Indícios
de desequilíbrio econômico-financeiro podem ser verificados por meio
do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício,
especialmente quando se observa o comportamento histórico dos
indicadores aqui estudados. Pode-se dizer que overtrading é o estágio
anterior à concordata ou falência. Já overtrade é quando a empresa entrou
em falência ou em concordata.

A diminuição de Capital de Giro indica uma difícil situação em que


a empresa está inserida, isto é, o ativo permanente atrofia o Ativo
Circulante, tomando o capital de giro. A diminuição constante de lucro
é outro sinal de alerta. Nesse caso, pode ser em decorrência do fato de a
empresa ter um alto custo dos produtos que comercializa, diminuindo
a margem de lucro. Também pode ser causado por investimentos em
produtos com pouca aceitação pelos clientes, ou até mesmo por mero
desconhecimento mercadológico dos gestores de determinada empresa.

O Ativo Circulante pode ser considerado a base do conceito de


overtrading, ou desequilíbrio econômico e financeiro. A empresa que
possui um Ativo Circulante atrofiado pode apresentar deficiência
de capital de giro e uma série de fatores que futuramente podem
comprometer sua situação de liquidez perante o mercado.

Se as contas patrimoniais Estoques, Clientes (contas) a receber e


Fornecedores a pagar forem mal gerenciadas, podem desestabilizar o
equilíbrio do patrimônio. Veja como.

• Estoques: alto índice de estoque merece atenção especial por parte


dos gestores, visto que pode significar que não está havendo uma
absorção do mesmo nível pelas vendas.
• Clientes a receber: os direitos a receber junto a terceiros também
merecem uma atenção especial. Uma alta participação dessa conta

www.esab.edu.br 171
no Ativo Circulante obviamente poderá significar a inadimplência de
clientes, empatando novamente o capital de giro, fazendo a empresa
enfrentar sérios problemas de liquidez. Por isso, é indispensável que
haja uma compatibilidade entre recebimentos e pagamentos.
• Fornecedores a pagar: a conta Fornecedores merece atenção por
parte do gestor, pois pode ficar seriamente comprometida por causa
da inadimplência de terceiros para com a empresa. A empresa deve
evitar operar com a conta fornecedores, pois refletirá um maior grau
de endividamento e, caso não honre esses compromissos, um maior
nível de descrédito perante o mercado.
Outro fator importante é caso o endividamento do Ativo Circulante
cresça na mesma ou em menor proporção que o volume de vendas.
Isso pelo fato de que, se ocorrer o inverso, a empresa teoricamente não
auferirá receita suficiente para saldar seus compromissos inteiramente a
contento. É importante que a empresa procure operar menos com vendas
a prazo em virtude de o risco ser menor quando se trabalha com vendas
à vista. O departamento de marketing pode contribuir nessa questão,
estudando formas para incentivar vendas à vista ou em prazos curtos.

É fundamental que o analista procure tomar medidas de precaução no


momento da constatação dos fatos, ou seja, se o decréscimo dos índices
de análise são frutos de uma estratégia administrativa premeditada ou se
é decorrência da utilização de alternativas de investimento inadequadas.
A precoce constatação de irregularidade e principalmente de erros pode
significar ainda possibilidades de recuperação, caso contrário pode ser
tarde demais para o retrocesso dos fatos.

Os conceitos de overtrading e liquidez se complementam, pois refletem


a situação operacional da empresa, em que um é a causa ou sintoma,
e o outro é a consequência, o que nos remete novamente ao modo de
gerenciar, pois, ao fazer determinadas escolhas, o gestor poderá levar a
empresa ao estado de overtrading.

Fechando esta unidade, podemos reforçar que uma empresa é levada à


condição de overtranding por ação de seus administradores. Encontramo-
nos na próxima unidade, na qual veremos a importância dos índices de
balanço na gestão de uma organização.

www.esab.edu.br 172
29 O papel dos índices de balanço
Objetivo
Compreender a importância dos índices de análise a partir dos
demonstrativos financeiros para o acompanhamento do desempenho
da organização.

Olá, estudante! Você está construindo o seu conhecimento sobre como


a contabilidade gerencial pode contribuir para que uma empresa (ou
entidade) possa desenvolver o seu negócio, proporcionando mecanismos
e meios para as boas práticas de gestão. Na unidade anterior, vimos como
organizações podem ser levadas ao overtrade.

Entre os diversos caminhos proporcionados pela contabilidade geral,


o uso de índices e indicadores permite que julgamentos sejam feitos
sobre o comportamento econômico-financeiro de uma empresa com
base nas informações extraídas dos demonstrativos financeiros. Também
permitem que estratégias de compra de matérias-primas e estratégias
de vendas sejam desenhadas com base nas informações fornecidas
pela contabilidade gerencial. Nesta unidade, a partir do trabalho de
Matarazzo (2010), você verá os índices utilizados para mensurar os
prazos médios (em dias) de compra, de recebimento, de estocagem e de
pagamento, seus conceitos e o que eles podem fornecer de informação ao
analista das demonstrações financeiras e também ao administrador.

Matarazzo (2010, p. 260) expressa sua admiração pelas informações


advindas dos demonstrativos financeiros:

[...] uma das descobertas mais interessantes da Análise de Balanços é a de que,


através dos dados das demonstrações financeiras, podem ser calculados, por exemplo,
quantos dias, em média, a empresa terá de esperar para receber suas duplicatas.

Ainda segundo o autor, os índices de prazos médios são classificados em:

• PMRV: Prazo médio de recebimento de vendas;

www.esab.edu.br 173
• PMPC: Prazo médio de pagamento de compras;
• PMRE: Prazo médio de renovação de estoques.
Vamos entender um pouco mais sobre cada índice de prazo médio?

Prazo médio de recebimento de vendas

Para calcular o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV), é


utilizada a seguinte fórmula:

PMRV = Duplicatas a Receber / Vendas * 360

Em que:

• Duplicatas a receber: é o saldo constante no Balanço Patrimonial


(BP).
• Vendas: é o valor das receitas com vendas, encontrado na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), deduzido das
devoluções e abatimentos.
• 360: é o número de dias considerado para o ano comercial; para
calcular o prazo médio é necessário apurar o valor diário de vendas,
motivo pelo qual é utilizado o valor de 360, que representa um ano
de vendas.
Exemplificando:

Saldo das contas Demonstrativo 2009 2010 2011 2012


Duplicatas a receber BP 1.250 2.020 3.445 4.490
Vendas (-) devoluções e abatimentos DRE 13.445 14.550 14.980 18.200
PMRV 33 50 83 89

Quadro 37 – PMRV – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

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Acompanhe a memória de cálculo para o ano de 2009.

PMRV: Duplicatas a receber / Vendas * 360.


PMRV: $ 1.250 / $ 13.445 * 360.
PMRV: 33 dias.

Para os demais exercícios (2010, 2011 e 2012), foram efetuados os


mesmos cálculos. Perceba que a empresa analisada apresentou forte
crescimento no seu PMRV nos 4 anos, quase que triplicando o prazo
médio. É um caminho perigoso, pois da mesma forma que aumenta o
prazo médio para ela receber o valor de suas vendas, também aumentará
a sua necessidade de recursos para financiar esse prazo maior. E
analisando os resultados, é perceptível a tendência de crescimento no
prazo médio.

Nesse exemplo, os administradores dessa empresa precisariam tomar


medidas de precaução para reduzir o PMRV.

Prazo médio de pagamento de compras

Para calcular o Prazo Médio de Pagamento de Compras (PMPC), a


fórmula utilizada é a seguinte:

PMPC = Fornecedores / Compras * 360

Em que:

• Fornecedores: é o saldo constante no Balanço Patrimonial (BP).


• Compras: considerando que esta informação não está disponível
nos demonstrativos financeiros publicados (BP e DRE), é necessário
solicitar a informação. Alternativamente, pode-se calcular o valor
da compra utilizando o CMV apresentado na DRE, adicionando

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o saldo final da conta estoque (BP) e, por fim, subtraindo o saldo
inicial da conta estoque (BP).
• 360: é o número de dias considerado para o ano comercial.

No nosso exemplo, vamos considerar que a empresa disponibilizou as


informações necessárias das compras de mercadorias efetuadas em cada
exercício:

Saldo das contas Demonstrativo 2009 2010 2011 2012


Fornecedores BP 590 890 1.800 2.850
Compras livro-razão 8.739 9.458 9.737 11.830
PMPC 24 34 67 87

Quadro 38 – PMPC – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Ao analisar as informações extraídas do PMPC, o analista de balanços


verá que o prazo médio de pagamento tem aumento no decorrer dos
exercícios analisados, mais que triplicando. Isso pode ser bom para a
empresa. Como podemos dizer se é? Faça um comparativo entre os
Quadros 37 e 38. Se o PMPC é maior que o PMRV, significa dizer que
os fornecedores têm financiado boa parte dos estoques dessa empresa.

Prazo médio de renovação de estoques

Para calcular o prazo médio de renovação de estoques (PMRE), a


seguinte fórmula é utilizada:

PMRE = Estoques / CMV (custo da mercadoria vendida) X 360

Em que:

• Estoque: é o saldo constante no Balanço Patrimonial (BP).

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• CMV: é o valor do custo das mercadorias vendidas, informação
encontrada na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).
• 360: é o número de dias considerado para o ano comercial.
Vejamos o exemplo ilustrativo:

Valores Demonstrativo 2009 2010 2011 2012


Estoque BP 1.009 1.290 1.620 1.870
CMV DRE 8.067 8.730 8.988 10.920
PMRE 45 53 65 62

Quadro 39 – PMRE – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Analisando as informações extraídas do PMRE, o analista concluirá


que houve aumento significativo no prazo para renovação dos estoques.
As origens desse aumento podem ser vinculadas com o aumento de
mercadorias em estoque sem o respectivo acompanhamento das vendas.

Nesta unidade você estudou os prazos médios (renovação de estoques,


pagamento de compras e recebimento de vendas), os quais servem para
analisar a gestão da empresa em relação a estas três contas: Estoques,
Fornecedores a pagar e Receitas com vendas.

Na próxima unidade, veremos a descrição detalhada dos índices do Ciclo


Operacional e do Ciclo de Caixa. Até lá!

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30 Descrição detalhada dos índices

Objetivo
Identificar os índices para avaliação do desempenho da organização.

Olá, estudante! Na unidade 29 vimos os conceitos dos prazos médios –


de renovação de estoques, de pagamento de compras e de recebimento de
vendas. Agora vamos estudar como essas informações são utilizadas para
o conhecimento dos ciclos de uma determinada empresa.

Segundo Matarazzo (2010), para aquelas empresas cuja atividade é


somente comercial, o Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE)
representa o tempo médio de estocagem de mercadorias. E para aquelas
empresas cuja atividade é industrial, representa o tempo médio de
produzir e de estocar as mercadorias.

Já o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) representa o


tempo entre a venda e o recebimento desta.

O Ciclo Operacional é a soma desses dois prazos, que vai da compra da


mercadoria ao recebimento da venda. Veja a ilustração:

Ciclo operacional

Compra Venda Recebimento

PMRE PMRV

Figura 10 – Ciclo operacional.


Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

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O ciclo operacional compreende os dois extremos: em uma ponta
encontramos a compra da mercadoria (ou matéria-prima), e na outra
ponta encontramos o recebimento da venda efetuada.

O PMRE e o PMRV estão localizados entre esses dois extremos. A


habilidade do gestor está em tirar o melhor proveito desses prazos em
favor da empresa, melhorando o desempenho econômico-financeiro.

Uma opção é utilizar o próprio fornecedor de mercadorias como o


financiador das atividades da empresa. De que forma? Efetuando a venda
para o cliente e recebendo por essa venda antes de efetuar o pagamento
para o fornecedor. Ou seja, o ideal é que o prazo para pagamento
das compras de mercadorias seja efetuado após o recebimento das
vendas. Matarazzo (2010) afirma que se o Prazo Médio de Pagamento
de Compras (PMPC) for maior que o Prazo Médio de Renovação
de Estoques (PMRE), uma parte das vendas da empresa está sendo
financiada pelos fornecedores.

Veja na Figura 11 a representação gráfica dessa alternativa:

Ciclo operacional

Compra Venda Pagamento Recebimento

PMRE PMRV

PMPC Ciclo de caixa

Figura 11 – Ciclo operacional – financiamento total dos estoques pelos fornecedores.


Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 179
O ciclo de caixa (ciclo financeiro) está compreendido entre o pagamento
feito para o fornecedor e o recebimento do valor devido pelo cliente.
No exemplo da Figura 11, a venda ocorreu antes do pagamento ao
fornecedor, o que diminui o ciclo de caixa.

Já na Figura 12 temos o exemplo em que a venda ocorre depois do


pagamento ao fornecedor. O ciclo de caixa é maior, o que força a
empresa a buscar formas de financiar este período. Lembrando que, ao
captar recursos em instituições financeiras, a empresa é onerada com as
despesas de juros.

Ciclo operacional

Compra Pagamento Venda Recebimento

PMRE PMRV

PMPC Ciclo de caixa

Figura 12 – Ciclo operacional – financiamento parcial dos estoques pelos fornecedores.


Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

Faça uma comparação entre as Figuras 11 e 12 e identifique a diferença


do ciclo de caixa entre os dois exemplos. Na Figura 11, o ciclo de caixa
é menor em decorrência do maior prazo para pagamento dos estoques
(PMPC), o que é considerado bom. Já na Figura 12, em virtude do
PMPC menor, o ciclo de caixa é maior, necessitando mais financiamento
por parte da empresa.

www.esab.edu.br 180
Calculando o ciclo operacional e o ciclo de caixa

Segundo Matarazzo (2010), para calcular a quantidade de dias do ciclo


operacional de uma empresa, basta somar o Prazo Médio de Renovação
de Estoques (PMRE) com o Prazo Médio de Recebimento de Vendas
(PMRV). Veja:

Ciclo Operacional = PMRE + PMRV

Para calcular o ciclo de caixa (financeiro), é necessário diminuir do


resultado obtido do ciclo operacional o Prazo Médio de Pagamento de
Compras (PMPC):

Ciclo de Caixa = PMRE + PMRV – PMPC

Utilizando as informações da empresa modelo estudada da unidade 29,


podemos elaborar o quadro resumo a seguir, e podemos calcular os ciclos
operacionais e de caixa:

Prazo Médio: 2009 2010 2011 2012


PMRV 33 50 83 89
PMPC 24 34 67 87
PMRE 45 53 65 62

Quadro 40 – Quadro resumo dos prazos médios em dias – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 181
Vamos calcular o ciclo operacional? Para o exercício de 2009, a memória
de cálculo é:

Ciclo operacional = PMRE + PMRV


Ciclo operacional = 45 + 33
Ciclo operacional = 78 dias

Agora vamos calcular o ciclo de caixa para o exercício de 2009.


Acompanhe a memória de cálculo:

Ciclo de caixa = PMRE + PMRV - PMPC


Ciclo de caixa = 45 + 33 – 24
Ciclo de caixa = 54 dias

Analisando as informações extraídas do ciclo operacional, podemos


concluir que a empresa modelo leva 78 dias entre a compra de
mercadorias e o recebimento da venda destas. Já o seu ciclo de caixa
corresponde a 54 dias, entre o pagamento da compra da mercadoria e o
recebimento da venda dessa mercadoria. É o período em que a empresa
precisa “cobrir” com recursos próprios ou com recursos financeiros
obtidos junto aos bancos.

Vamos finalizar a unidade calculando o ciclo operacional e de caixa dos


demais períodos? Veja no Quadro 41 o comportamento da empresa
modelo nos quatro exercícios apresentados:

Ciclo 2009 2010 2011 2012


Operacional 78 103 148 151
Caixa 54 69 81 64

Quadro 41 – Quadro resumo do ciclo operacional e ciclo de caixa – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

De posse desta nova informação a respeito da empresa modelo, podemos


identificar que, no decorrer dos quatro exercícios estudados, ela foi
aumentando o tamanho do seu ciclo operacional, passando de 78 dias
para 151. Os motivos? Provavelmente sua política de manutenção

www.esab.edu.br 182
de estoques sofreu alteração, permitindo manter maiores volumes de
mercadorias estocadas. Também pode ser associado a este aumento de
estoques um baixo desempenho nas vendas, contribuindo para que o
saldo de estoque permaneça elevado.

Já o ciclo de caixa apresentou crescimento no número de dias nos três


primeiros exercícios, recuperando-se no 4º exercício. O ciclo de caixa
representa a quantidade de dias em que a empresa precisa financiar suas
vendas, seja através de capital próprio, seja através de financiamento
bancário.

Para sua reflexão


Caro estudante, veja como a análise, a reflexão
e o planejamento de uma determinada ação,
influencia positivamente no seu resultado.
Usando como exemplo os prazos médios
(estocagem, vendas, pagamento de fornecedores
e recebimento de clientes), entendemos como
é possível melhorar a saúde financeira de uma
empresa. O efeito contrário também é válido, pois
caso estes ‘ajustes’ não sejam bem elaborados, a
saúde financeira poderá piorar, levando até para
o leito de morte (falência) dita empresa. Será que
boa parte das pequenas empresas levam estes
prazos médios em consideração? Reflita a respeito.
As respostas a essas reflexões formam parte de sua
aprendizagem e são individuais, não precisando
ser comunicadas ou enviadas aos tutores.

Chegamos ao final de mais uma unidade, na qual estudamos os prazos


médios e os ciclos operacionais e de caixa. Vamos à próxima unidade, na
qual veremos a Necessidade de Capital de Giro. Até mais!

www.esab.edu.br 183
Resumo

Caro aluno, nestas últimas seis unidades, você aprendeu sobre saldo de
tesouraria e sua influência, assim como compreendeu o efeito tesoura,
o qual é constituído a partir da análise do Capital de Giro (CDG) e
da Necessidade de Capital de Giro (NCG) de uma empresa. A sua
utilização como um indicador e como forma preditiva de tendências
de uma organização contribui para o julgamento a respeito da situação
econômico-financeira.

Avançamos um pouco mais e apresentamos o conceito de overtrading e


como uma empresa pode ser levada ao overtrade (concordata). Também
foi apresentado o papel dos índices de balanço e sua importância para
acompanhamento do desempenho da organização. Encerrando este
caderno de estudos, você teve a oportunidade de visitar os conceitos dos
prazos médios – PMRE, PMPC e PMRE – e como eles formam o ciclo
operacional e de caixa de uma empresa. Esperamos que esteja apreciando
o assunto e vamos seguir em frente!

www.esab.edu.br 184
Conceito de necessidade de capital
31 de giro
Objetivo
Compreender como é identificada a necessidade de capital de giro da
organização.

Olá! Na unidade anterior, foram vistos os conceitos dos prazos médios:


Prazo Médio de Renovação de Estoques (PMRE), Prazo Médio de
Pagamento de Compras (PMPC) e Prazo Médio de Recebimento de
Vendas (PMRV). A partir de agora, você verá como esses prazos médios
influenciam na necessidade de capital de giro de uma empresa.

Para Padoveze (2010, p. 117, grifo nosso), “a palavra giro vem da


movimentação contínua dos principais elementos formadores das
transações da empresa (dos negócios da empresa) onde ela basicamente
forma seus lucros”. Esse autor também classifica o giro em positivo e
negativo. Aquelas movimentações que envolvem contas do ativo, como
Estoques e Duplicatas a Receber, são classificadas como capital de giro
positivo. Já as movimentações que envolvem Empréstimos a Pagar e
Fornecedores a Pagar, cuja localização é no passivo, são classificadas como
capital de giro negativo.

Os autores Gitman e Madura (2003) apresentam o capital de giro como


sendo o montante pelo qual o ativo circulante de uma empresa excede
seu passivo circulante. Dessa forma, é esperado que o ativo circulante
aumentasse mais do que o passivo circulante no decorrer das operações
de uma empresa, devido aos lucros decorrentes dessas operações.

www.esab.edu.br 185
Necessidade de Capital de Giro (NCG)

Matarazzo (2010) reforça que o conhecimento e a utilização da


necessidade de capital de giro são fundamentais para a administração
financeira. O autor defende uma análise da NCG fundamentada na
classificação do ativo circulante e do passivo circulante em dois grandes
blocos: operacional e financeiro. Para relembrar essa classificação, revisite
a unidade 13.

Sendo assim, a fórmula para calcular a NCG de uma empresa, segundo


Matarazzo (2010), é a seguinte:

NCG = Ativo Circulante Operacional (ativo cíclico) – Passivo Circulante Operacional


(passivo cíclico)

A NCG tem a finalidade de apresentar quanto a empresa precisa de


capital de giro para financiar suas atividades operacionais (processo de
compra/produção/estocagem/venda/ entrega/recebimento da venda).
Representa aquilo que o financiamento operacional não consegue cobrir.

Determinando a NCG

De posse do balanço patrimonial padronizado, conforme o modelo da


unidade 13, é possível determinar qual a necessidade de capital de giro
de uma empresa, aplicando a fórmula apresentada anteriormente.

A diferença entre o ativo circulante operacional (ACO) e o passivo


circulante operacional (PCO) é o valor que a empresa precisa para
financiar o seu giro. Com base nessa premissa, os cenários que podem
ocorrer são:

• ACO > PCO: o ativo circulante operacional é maior do que


o passivo circulante operacional. É um cenário considerado (e
esperado) normal de uma empresa. A NCG decorrente desse

www.esab.edu.br 186
cenário deve ser financiada de forma apropriada para a manutenção
financeira saudável.
• ACO = PCO: nesse cenário, o ativo circulante operacional é igual
ao passivo circulante operacional e, sendo assim, não há necessidade
de capital de giro.
• ACO < PCO: aqui, o ativo circulante operacional é menor que
o passivo circulante operacional. Significa que está sobrando
financiamento (captação de recursos). Essa sobra pode ser investida
em aplicações financeiras ou em imobilizados, como o aumento de
uma unidade de produção.

Veja no Quadro 42 a memória de cálculo da NCG de uma determinada


empresa.

  2010 2011 2012


Ativo Circulante Operacional  
Clientes 725.625 550.000 825.825
Estoques 455.000 475.625 500.000
Soma (1) 1.180.625 1.025.625 1.325.825
 
Passivo Circulante Operacional  
Fornecedores 541.566 600.075 596.000
Outras Obrigações 567.000 500.250 543.750
Soma (2) 1.108.566 1.100.325 1.139.750
 
NCG (1) - (2) 72.059 -74.700 186.075

Quadro 42 – Cálculo NCG – empresa modelo.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

A NCG calculada no Quadro 42 apresentou, no decorrer dos 3 exercícios


analisados, uma oscilação, sendo que no primeiro e no último exercício
a NCG foi positiva. Já para o exercício de 2011, apresentou uma NCG
negativa, o que representa excesso de financiamento (ACO < PCO).

www.esab.edu.br 187
Provavelmente, uma alteração na política de vendas a prazo, como
redução na quantidade de dias ofertada ao cliente, tenha afetado a NCG
nesse período.

Financiamento da NCG

Matarazzo (2010) afirma que a fonte de financiamento da NCG é


formada normalmente por três tipos de recursos:

• capital circulante próprio (CCP);


• empréstimos e financiamentos bancários de longo prazo;
• empréstimos bancários de curto prazo e duplicatas descontadas.
Na Figura 13, é possível visualizar onde, no balanço patrimonial, estão
localizadas as fontes de financiamento da NCG.

Duplicatas descont.
Empréstimos bancários Fontes de
Financiamentos bancários financiamento
de longo prazo da NCG

Ativo permanente Patrimônio líquido


Ativo fixo

Figura 13 – Fontes de financiamento da NCG.


Fonte: Matarazzo (2010, p. 286).

A distribuição das fontes de financiamento apresentada na Figura 13


não é fixa, ou seja, pode ser que a empresa não desconte duplicatas ou
pode ser que o patrimônio líquido não tenha folga para financiar parte
da NCG, como exposto no exemplo. O mix de fontes de financiamento
oscila de empresa para empresa, respeitando a estrutura patrimonial e
a política de financiamento de cada uma. Diante dessa diversidade de

www.esab.edu.br 188
financiamento, Matarazzo (2010) apresenta o esquema do financiamento
da NCG, independentemente da configuração. Veja na Figura 14:

PL

CCP menos

CCL mais RPL + AP

NCG mais ELP

EBCP

Figura 14 – Esquema do financiamento da NCG.


Fonte: Matarazzo (2010, p. 287).

As legendas das siglas utilizadas no esquema são as seguintes:

• NCG: Necessidade de Capital de Giro;


• CCL: Capital Circulante Líquido;
• EBCP: Empréstimos Bancários de Curto Prazo (incluindo
Duplicatas Descontadas);
• CCP: Capital Circulante Próprio;
• ELP: Exigível a Longo Prazo (passivo);
• PL: Patrimônio Líquido;
• AP: Ativo Permanente (Investimento + Imobilizado + Intangível);
• RLP: Realizável a Longo Prazo (ativo).

Perceba que a apresentação gráfica na Figura 14 é referente ao


financiamento da NCG, e não como ela é calculada (NCG = ACO –
PCO). Dessa forma, fica evidente que o financiamento é diferente para
cada empresa, visto as inúmeras possibilidades de configuração.

www.esab.edu.br 189
Dessa forma, finalizamos a unidade 31, na qual vimos o conceito da
NCG, a forma de apurá-la e seu financiamento.

Na próxima unidade, veremos quais são as causas que modificam a


necessidade de capital de giro. Até mais!

Fórum
Caro estudante, dirija-se ao Ambiente Virtual de
Aprendizagem da Instituição e participe do nosso
Fórum de discussão. Lá você poderá interagir com
seus colegas e com seu tutor de forma a ampliar,
por meio da interação, a construção do seu
conhecimento. Vamos lá?

www.esab.edu.br 190
Causas da modificação da
32 necessidade de capital de giro
Objetivo
Compreender as movimentações que modificam a necessidade de
capital de giro.

Olá, estudante! Na unidade anterior, você estudou como calcular a NCG


e como ela é financiada, através do esquema apresentado por Matarazzo
(2010). Agora, iremos apresentar a você como a NCG pode sofrer
modificações no decorrer das atividades da empresa. Para isso, vamos utilizar
as principais ideias de Matarazzo (2010) e Gitman e Madura (2003).

A NCG possui ligação direta com o Ciclo de Caixa (CC) e com o


financiamento da sua necessidade. A fórmula para calcular o CC já
foi estudada na unidade 30, caso precise revisar o conhecimento. De
qualquer forma, vamos reapresentá-la a seguir:

Ciclo de Caixa (CC) = PMRE + PMRV – PMPC

Dessa forma, as alterações que venham a ocorrer em qualquer dos


prazos médios afetarão a necessidade de capital de giro da empresa.
Segundo Gitman e Madura (2003), o processo de produzir e vender um
produto inclui a compra das matérias primas e seus insumos durante
o processo produtivo, o que vai aumentando o passivo circulante e
consequentemente influenciando o cálculo do CC.

Matarazzo (2010) apresenta outra forma de se calcular a NCG de uma


empresa, utilizando informações vindas do ciclo de caixa, das vendas e de
pequenos ajustes. A fórmula é apresentada a seguir:

www.esab.edu.br 191
NCG = CC x Vd + A

Sendo que:

• NCG: Necessidade de Capital de Giro: é o valor que a empresa


precisa para financiar seu processo produtivo (comprar, produzir,
estocar, vender);
• CC: Ciclo de Caixa, calculado através dos prazos médios: CC =
PMRE + PMRV – PMPC (revisite a unidade 30 para reforçar o
conhecimento);
• Vd: Vendas diárias, calculadas da seguinte forma: vendas anuais /
360;
• A: Ajustes: é o resultado de Outros Ativos Circulantes menos Outros
Passivos Circulantes (representam pequenas contas em geral, sendo
um ajuste na NCG).

Para Matarazzo (2010), essa é uma forma simples de se apurar a


necessidade de capital de giro de uma empresa. Porém, ao necessitar (ou
querer) um aprofundamento sobre o assunto, é necessário levantar mais
informações sobre os prazos médios.

Veja a Figura 15:

Ciclo operacional: 137

PMRE: 74 PMRV: 63

PMPC: 85 CC = Ciclo de caixa: 52

Figura 15 – Gráfico tradicional ciclo operacional.


Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 192
Analisando o ciclo operacional da Figura 15, podemos observar que
ele tem a duração de 137 dias, período que compreende o tempo
entre a compra da mercadoria e a data do recebimento da venda dessa
mercadoria. O período do CC (ciclo de caixa) apresentado é de 52
dias, o que quer dizer que a empresa precisa de financiamento para
suprir suas necessidades financeiras nesse período. Esse financiamento
pode ser através de capital próprio (patrimônio líquido) ou de capital
de terceiros (desconto de duplicatas, empréstimos bancários de curto
prazo, entre outros).

Como visto na unidade 30, durante o período do PMPC, há um


financiamento parcial por parte dos fornecedores, o que significa dizer
que a empresa trabalha com os fornecedores financiando uma parte de
suas operações. Porém, como dito, o financiamento é parcial e, sendo
assim, é necessário buscar a complementação desse período.

Veja no gráfico da Figura 16 a movimentação dentro dos prazos médios.


Em resumo, dos 137 dias do ciclo operacional do exemplo, 52 dias são
completamente financiados pela empresa e 85 dias são parcialmente
financiados pela empresa.

www.esab.edu.br 193
US$
Ciclo operacional: 137 dias

Compra Início da Início da Recebimento


produção armazenagem
dos produtos
acabados Venda Pagamento

PMRE: 74 dias PMRV: 63 dias

fase 4
fase 3
fase 2

fase 1
Investimento
Ciclo de caixa:
PMPC: 85 dias
52 dias
Financiamento
0 74 85

Fase 1: Prazo médio de estocagem de matérias-primas. dias


Fase 2: Prazo médio de estocagem de produtos em processo.
Fase 3: Prazo médio de estocagem de produtos acabados.
Figura 16 – Gráfico ciclo operacional revisado.
Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

Vamos analisar o gráfico da Figura 16: localize a linha Financiamento,


que está identificada no lado inferior esquerdo. Veja que a linha é dupla
durante o PMPC (uma linha contínua e uma linha tracejada). No Ciclo
de Caixa, ela é somente tracejada e isto quer dizer que nesse período
a empresa está financiando sozinha a sua operação. Já no intervalo no

www.esab.edu.br 194
qual a linha é dupla, é aquele período em que os fornecedores financiam
parcialmente a NCG dessa empresa.

Agora, analise a linha do Investimento. Ela está em crescimento e


dividida em quatro fases, pois durante a sua vida dentro da empresa, a
mercadoria ou matéria-prima vai sofrendo acréscimos de investimentos,
seja por transformação (produção), seja por estocagem. Segundo
Matarazzo (2010), cada fase tem uma finalidade.

• Fase 1: Prazo médio de estocagem de matérias-primas: nesse


período, a empresa somente estoca as matérias-primas e conta com
financiamento integral dos fornecedores.
• Fase 2: Prazo médio de estocagem de produtos em processo: a
partir de determinada data, a empresa começa a industrializar essa
matéria-prima, o que irá demorar um número x de dias e também
irá consumir recursos nesse processo de transformação (além da
matéria-prima).
• Fase 3: Prazo médio de estocagem de produtos acabados: depois de
ter industrializado a matéria-prima e a transformado em produto
acabado, a empresa necessita investir em estocagem até que a venda
se realize. Esse período é de y dias e também consome recursos. Essa
fase é financiada parcialmente pelos fornecedores. No exemplo, as
três fases iniciais totalizam 74 dias.
• Fase 4: Prazo médio do recebimento de vendas: é o prazo entre a
venda e o recebimento do valor dessa venda. No gráfico, podemos
ver que é de 63 dias, dos quais 52 dias são financiados sozinhos pela
empresa.

Resumindo:
Fase 1: totalmente financiada pelos fornecedores;
Fase 2: parcialmente financiada pelos fornecedores;
Fase 3: parcialmente financiada pelos fornecedores;
Fase 4: totalmente financiada pela empresa.

www.esab.edu.br 195
Dessa forma, fica claro que a empresa financia uma determinada
quantidade de dias (x) da fase 2 e outra quantidade de dias (y) da fase 3.
O desafio é descobrir qual o número de dias que estão sendo financiados
pela empresa nessas 2 fases.

Matarazzo (2010) apresenta a seguinte fórmula para o cálculo:

Ciclo de caixa = ax + by + 52

Em que:

• a: % de dias a ser financiada pela empresa na fase 2;


• b: % de dias a ser financiada pela empresa na fase 3;
• x: número de dias da fase 2;
• y: número de dias da fase 3.

Vamos utilizar o exemplo de Matarazzo (2010, p. 291).

Supondo, “[...] que a fase 2 durasse 40 dias, nos quais a empresa tivesse
que financiar 15% dos investimentos, e que a fase 3 durasse 20 dias, em
que a empresa financiasse 35% dos investimentos”. Logo:

Ciclo de Caixa = 15% de 40 dias + 35% de 20 dias + 52 dias = total de 85 dias.

Essa informação (ciclo de caixa), resultante da aplicação da fórmula,


é um número teórico, não correspondendo a 85 dias de calendário.
Serve como base para calcular a NCG de uma empresa da forma
mais assertiva possível. E por isso é denominada de Ciclo de Caixa
Equivalente (CCeq).

www.esab.edu.br 196
Ciclo de Caixa Equivalente

Para apurar o ciclo de caixa equivalente, será necessário converter os três


prazos médios também em prazos equivalentes (utilizando uma mesma
base), para que se possa efetuar a apuração da NCG.

A base utilizada é o valor das vendas, sendo que o PMRV não precisa de
conversão, pois já utiliza as vendas como base.

Para converter o PMRE, o valor apurado inicialmente (número de dias)


deverá ser multiplicado pelo percentual do custo de mercadorias vendidas
apurado sobre as vendas:

PMREeq = PMRE x % CMV/V

Para converter o PMPC, o valor inicial (número de dias) deverá ser


multiplicado pelo percentual de compras sobre as vendas:

PMPCeq = PMPC x % C/V

Com essas informações, chegamos à fórmula do Ciclo de Caixa


Equivalente (CCeq) que é:

CCeq = PMREeq + PMRV – PMPCeq

E a fórmula da Necessidade de Capital de Giro (NCG), utilizando ciclo


de caixa equivalente, é:

NCG = CCeq x Vd + A

www.esab.edu.br 197
Em que:

• NCG: Necessidade de Capital de Giro;


• CCeq: Ciclo de Caixa Equivalente;
• Vd: Vendas Diárias;
• A: Ajuste.

Nesta unidade, vimos como as movimentações do processo comprar/


estocar/transformar /estocar/vender/receber influenciam na necessidade
de capital de giro de uma empresa. Também vimos como calcular de
modo mais assertivo essa necessidade, aprofundando o conhecimento
sobre a composição do capital de giro.

Aguardamos você na próxima unidade para ver como é mapeada a


Necessidade de Capital de Giro (NCG). Até mais!

www.esab.edu.br 198
Análise da necessidade de capital
33 de giro
Objetivo
Mapear a necessidade de capital de giro da organização.

Continuando os estudos das unidades 31 e 32, veremos nesta unidade


como identificar as causas que afetam a Necessidade de Capital de Giro
(NCG) de uma empresa e também veremos como ela é financiada.

Lembramos que as informações necessárias para o cálculo da NCG são


extraídas do Balanço Patrimonial (BP) e da Demonstração do Resultado
do Exercício (DRE). Nas unidades anteriores, foram apresentadas
diversas fórmulas para a apuração da NCG. Agora, vamos aplicar essas
fórmulas em um esquema de cálculo, o que facilitará a interpretação e a
análise das informações.

Nossa referência bibliográfica é o trabalho de Matarazzo (2010) e é a


partir dele que apresentamos o esquema da Figura 17, no qual a origem
da NCG é detalhada.

www.esab.edu.br 199
PMRV

+
CMV / V

CCeq PMREeq x

PMRE
x -

NCG Vd PMPCeq C/V

x
+
V PMPC
A
/

360

Figura 17– Esquema da origem da Necessidade de Capital de Giro.


Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

A partir da Figura 17 é possível “desmembrar” visualmente a origem da


NCG. Vamos analisá-la detalhadamente?

A NCG se origina da multiplicação do ciclo de caixa equivalente (CCeq)


pela venda diária (Vd) e sobre esse resultado é somado o ajuste de
pequenas contas (A).

O ciclo de caixa equivalente (CCeq) é calculado através da soma entre


o prazo médio de recebimento de vendas (PMRV) e o prazo médio de
renovação de estoques equivalente (PMREeq) e diminuído do prazo
médio de pagamento de compras equivalente (PMPCeq).

www.esab.edu.br 200
Para apurarmos o prazo médio de renovação de estoques equivalentes
(PMREeq), é necessário multiplicarmos o percentual da divisão do custo
da mercadoria vendida (CMV) sobre o total de vendas pelo prazo médio
de renovação de estoque (PMRE).

Para o prazo médio de pagamento de compras equivalente (PMPCeq), é


necessário calcular o percentual resultante da divisão do total de compras
(C) sobre o total de vendas (V) multiplicado pelo prazo médio de
pagamento de compras (PMPC).

Para calcularmos o valor da venda diária (Vd), é preciso dividir o total de


vendas do ano (V) por 360.

Já os ajustes (A) referem-se a valores de pequenas contas do ativo e do


passivo circulante operacional, os quais devem ser apurados pelo seu
valor líquido e depois lançados como ajuste na fórmula da NCG.

Agora, de posse desse esquema e da explicação de como ele é montado,


faça uma análise crítica sobre a figura a seguir, verificando que com
valores é possível materializar a formação da NCG da empresa modelo.
Siga a formação de cada valor (da direita para a esquerda) até chegar
na NCG.

www.esab.edu.br 201
PMRV
Exerc 2010 2011 2012
Dias 63 67 70

www.esab.edu.br
% CMV / V
AH 100% 106% 111% Exerc 2010 2011 2012
+
CCeq PMRV % 61 54 54
Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 89% 89%
Dias 66 91 99 Dias 45 62 60 x
PMRE
AH 100% 138% 150% AH 100% 138% 133% Exerc 2010 2011 2012
-
PMPCeq Dias 74 114 112
NCG
Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 154% 151%
Exerc 2010 2011 2012
x Dias 42 38 31
R$ 820 1239 1714
AH 100% 90% 74% %C/V
AH 100% 151% 209% Exerc 2010 2011 2012
Vd Vendas realizadas % 50 46 43

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).


Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 92% 86%
x
R$ 16,6 16,8 21,7 R$ 5960 6043 7820 PMPC
AH 100% 101% 131% AH 100% 101% 131% Exerc 2010 2011 2012
- /

Figura 18 – Variações da Necessidade de Capital de Giro – empresa modelo.


Dias 85 83 73
A 360
Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 98% 86%
R$ 276 290 434

202
AH 100% 105% 157%
Analisando a Figura 18, é possível, através da análise horizontal da NCG,
identificar que esta sofreu aumento expressivo entre os exercícios 2010
– 2012, representando 209% do valor original, saltando de R$ 820 para
R$ 1.714.

Ao buscarmos onde está a origem de boa parte desse aumento, podemos


perceber que o Prazo Médio de Recebimento de Vendas (PMRV) sofreu
um aumento de 111% e o Prazo Médio de Renovação de Estoques
Equivalente (PMREeq) também aumentou para 133%, aumentando
sobremaneira o Ciclo de Caixa Equivalente (CCeq), o que naturalmente
irá requerer maior financiamento por parte da empresa.

Agora, perguntamos a você: de que forma essa necessidade de capital de


giro está sendo financiada na empresa modelo durante os três exercícios
analisados? Veja na figura a seguir o esquema para desmembrar e
apresentar o financiamento da NCG.

www.esab.edu.br 203
PL
Exerc 2010 2011 2012
R$ 1079 1412 1660

www.esab.edu.br
CCP
Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 131% 154%
R$ 313 -302 -1060 -
CCL AP
Exerc 2010 2011 2012 AH - - - Exerc 2010 2011 2012
R$ 627 869 966 AV 38% -24% -62% R$ 766 1714 2720
AH 100% 139% 154% + AH 100% 224% 355%
AV 76% 70% 56% ELP
+ Exerc 2010 2011 2012
NCG PCF R$ 314 1171 2026
Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 373% 645%
R$ 820 1239 1714 R$ 357 477 835 AV 38% 96% 118%
AH 100% 151% 209% AH 100% 134% 234%

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).


AV 100% 100% 100% AV 44% 38% 49%
-
ACF
Exerc 2010 2011 2012
R$ 164 107 87

Figura 19 – Esquema de Financiamento da Necessidade de Capital de Giro – empresa modelo.


AH 100% 65% 53%
AV -20% -9% -5%

204
Analisando o financiamento da NCG através do esquema apresentado,
fica muito claro que a empresa incorreu em imobilização (AP) durante
os três anos, de forma agressiva perante a sua estrutura de capital. No
primeiro exercício, ela tinha Capital Circulante Próprio (CCP) positivo,
porém nos exercícios seguintes o valor apresentado é negativo. Isso
significa que ela não aumentou o patrimônio líquido (capital próprio) na
mesma proporção que aumentou o seu ativo permanente.

E como ela financiou então a compra desse ativo? Veja o crescimento do


Exigível a Longo Prazo (ELP) e do Passivo Circulante Financeiro (PCF).
A empresa buscou capitais de terceiros (de curto e de longo prazo) para
financiar não só a imobilização, mas também para financiar o aumento
no prazo fornecido aos seus clientes e para financiar o aumento no prazo
de renovação de seus estoques, como vimos na Figura 19.

Nesta unidade, constatamos como a NCG sofre alterações em virtude


da gestão de estoques e do prazo concedido nas vendas. Também vimos
como a NCG é financiada a partir da compreensão das diversas fórmulas
em um esquema de cálculo, visando facilitar a interpretação e a análise
das informações.

Na próxima unidade, veremos como administrar o capital de giro de uma


empresa, analisando a viabilidade de expansão desta. Até mais!

www.esab.edu.br 205
34 Administração do capital de giro

Objetivo
Entender como administrar o capital de giro de uma organização.

Olá! Nas unidades anteriores, vimos os conceitos de formação da NCG,


a origem da necessidade, as suas fontes de financiamento e como se
relacionam. Segundo Matarazzo (2010, p. 299), “[...] a NCG é função
do ciclo de caixa e das vendas de uma empresa. Isto significa que para
cada volume de vendas existirá uma NCG, supondo-se que o ciclo de
caixa permaneça contaste”.

O que veremos nesta unidade é a variação da NCG em função da


variação das vendas de uma empresa, visando assimilar o conhecimento
sobre a administração de capital de giro.

Para discorrermos a respeito, vamos utilizar as seguintes informações


disponibilizadas por uma determinada empresa modelo: Necessidade de
Capital de Giro (NCG), Vendas Anuais (VA), Capital Circulante Próprio
(CCP), Ativo Permanente (AP), Patrimônio Líquido (PL), Empréstimos
Bancários (EB) e Lucro Capitalizado no exercício (LC).

Também vamos estudar dois cenários distintos de operação dessa


empresa modelo:

• cenário A – vendas estáveis;


• cenário B – grande crescimento de vendas.

Cenário A: vendas estáveis

Nesse cenário, as vendas da empresa permanecem estáveis durante o


exercício, sem crescimento em relação ao exercício anterior. Os dados
disponibilizados são os seguintes:

www.esab.edu.br 206
Tabela 1 – Variáveis vendas estáveis
Início do exercício Fim do exercício
VA 1.200 1.200
NCG 200 200
CCP 50 86
EB 150 114
PL 230 266
AP 180 180
LC - 36

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

Utilizando os dados disponibilizados na Tabela 1, vamos proceder aos


cálculos dos índices do Quadro 43.

  Início do Exercício Fim do Exercício


Endividamento Bancário = EB/PL = 150 / 230 = 65% = 114 / 266 = 43%
Imobilização do Patrimônio Líquido = AP/PL = 180 / 230 = 78% = 180 / 266 = 68%
Financiamento Próprio da NCG = CCP/NCG = 50 / 200 = 25% = 86 / 200 = 43%

Quadro 43 – Quadro de índices – vendas estáveis – empresa modelo.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Esse cenário tem uma característica de estabilidade, visto que as vendas


não sofreram aumento no decorrer do exercício, o que não elevou a
NCG. Também é possível identificar que o lucro contribuiu ao aumento
do patrimônio líquido (PL), refletindo no crescimento do capital
circulante próprio (CCP), saltando de $ 50 (no início do exercício) para
$ 86 (ao final do exercício). Se o CCP teve aumento, o financiamento
próprio da NCG também sofreu aumento, passando de 25% para 43%.

Consequentemente, o capital tomado de terceiros reduziu, o que é


percebido no índice de endividamento bancário, que reduziu de 65%
para 43%. Não é considerando um cenário ótimo. Pois, se não houve
crescimento de vendas, significa dizer que a empresa está diminuindo
sua participação no mercado, visto que a própria inflação corrói a
rentabilidade do negócio.

www.esab.edu.br 207
Cenário B: grande crescimento de vendas

Nesse cenário, a empresa teve crescimento de 50% nas vendas, saltando


de $ 1.200 para $ 1.800. Veja a tabela com os dados disponibilizados:

Tabela 2 – Variáveis de grande crescimento nas vendas


Início do exercício Fim do exercício
VA 1.200 1.800
NCG 200 300
CCP 50 14
EB 150 286
PL 230 284
AP 180 270
LC - 54

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

De posse dos dados da Tabela 2, vamos proceder ao cálculo dos índices,


conforme mostra o Quadro 44.

  Início do Exercício Fim do Exercício


Endividamento Bancário = EB/PL = 150 / 230 = 65% = 286 / 284 = 101%
Imobilização do Patrimônio Líquido = AP/PL = 180 / 230 = 78% = 270 / 284 = 95%
Financiamento Próprio da NCG = CCP/NCG = 50 / 200 = 25% = 14 / 300 = 5%

Quadro 44 – Quadro de índices – grande crescimento de vendas – empresa modelo.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Analise com calma e perceba o quanto foi danoso para essa empresa
crescer suas vendas em 50% no exercício. Ela precisou recorrer a
financiamentos bancários, aumentando o índice de endividamento
de 65% para 101%. Devido ao crescimento de vendas, foi necessário
investir em estrutura, aumentando a imobilização do PL, cujo índice
evoluiu de 78% para 95%. E, assim, sobraram somente 5% do PL para
financiar com recursos próprios a sua necessidade de capital de giro.

www.esab.edu.br 208
Qual a solução? Uma solução viável seria o aumento de capital próprio,
através da integralização de novos sócios ou do aumento da participação
dos sócios atuais.

E se essa empresa continuasse mantendo o ritmo de crescimento de 50%


para o próximo exercício? Vamos ver como ficariam os índices. Veja a
Tabela 3 com os dados.

Tabela 3 – Variáveis crescimento vendas em 50% em 2 exercícios seguidos


Início do exercício 1 Fim do exercício 1 Fim do exercício 2
VA 1.200 1.800 2.700
NCG 200 300 450
CCP 50 14 -40
EB 150 286 490
PL 230 284 365
AP 180 270 405
LC - 54 81

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

A primeira constatação é de que o CCP (Capital Circulante Próprio),


ao final do exercício 2, passou a ser negativo, decorrente do excesso de
imobilização frente ao patrimônio líquido. No Quadro 45, podemos
examinar o desempenho dos índices.

  Início do Exercício Fim do Exercício 1 Fim do Exercício 2


Endividamento Bancário
= 150 / 230 = 65% = 286 / 284 = 101% 490 / 365 = 134%
= EB/PL
Imobilização do
Patrimônio Líquido = = 180 / 230 = 78% = 270 / 284 = 95% 405 / 365 = 111%
AP/PL
Financiamento Próprio
= 50 / 200 = 25% = 14 / 300 = 5% -40 / 450 = -9%
da NCG = CCP/NCG

Quadro 45 – Quadro de índices – grande crescimento de vendas – empresa modelo.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 209
Perceba como os índices foram influenciados pelo crescimento constante
de 50% em 2 exercícios. O endividamento bancário que era de
apenas 65% no início do exercício 1, chega ao final do exercício 2 em
expressivos 134% sobre o valor do PL. A NCG, que tinha participação
de capital próprio em seu financiamento da ordem de 25%, passou
ao final para uma participação negativa de 9%, ou seja, a empresa não
financia nada da sua necessidade de capital de giro. Ela é financiada na
totalidade por capitais de terceiros.

Para que essa empresa consiga sobreviver no longo prazo, necessário


seria tomar medidas de gestão, entre elas, diminuir o ativo imobilizado,
reduzir as vendas, aumentar o capital próprio, entre outras. Caso
contrário, poderá entrar em estado de insolvência.

Estudo complementar
Caro estudante, leia o artigo intitulado “Gestão do
Capital de Giro em Micro e Pequenas Empresas:
Estudo de casos em empresas do comércio
varejista de Passos - MG”. Este artigo aborda a
administração do capital de giro em 15 empresas
de pequeno porte do comércio varejista.
Disponível aqui.

Nesta unidade, vimos que a necessidade de capital de giro está


relacionada ao volume de vendas, e que as movimentações envolvendo
aumentos no ativo permanente (imobilização) e nas vendas requerem
planejamento estruturado por parte dos gestores, para que o quadro
financeiro da empresa mantenha-se estável.

Na próxima unidade, veremos exercícios resolvidos sobre a análise da


NCG. Aguardamos você. Até breve!

www.esab.edu.br 210
35 Exercícios resolvidos

Objetivo
Exercícios comentados sobre as unidades 31 a 34.

Olá, estudante. Nas unidades 31 a 34, estudamos a movimentação da


Necessidade de Capital de Giro (NCG) de uma empresa. Na unidade 33,
foi visto como a necessidade de caixa se forma no decorrer das operações
de uma empresa e, na unidade 34, foi estudado como é financiada a
NCG, através dos recursos próprios e de terceiros.

Nesta unidade, através de um exercício resolvido, vamos revisar o


conhecimento, elaborando a origem e o financiamento da NCG de uma
determinada empresa. Mãos à obra!

Atividade:

A Empresa Modelo disponibilizou os demonstrativos financeiros


(balanço patrimonial e demonstração do resultado do exercício) dos
exercícios de 2010, 2011 e 2012. Foi solicitado a você que analise a
situação da Necessidade do Capital de Giro e sistematize uma opinião ao
final da análise.

www.esab.edu.br 211
Informações:

Tabela 4 – Balanço Patrimonial – Empresa Modelo


EMPRESA MODELO
BALANÇO PATRIMONIAL
Ativo 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012
Ativo Circulante 6.495.323 7.458.346 7.158.498
Caixa e Equivalentes de Caixa 2.021.212 2.678.100 3.323.881
Contas a Receber 2.175.303 2.023.878 1.089.971
Estoques 1.809.242 2.202.179 2.452.602
Tributos a recuperar 418.326 475.779 222.771
Despesas Antecipadas 67.607 57.965 34.610
Outros Ativos Circulantes 3.633 20.445 34.663
Ativo Não Circulante 12.821.715 13.885.048 18.653.031
Realizável a Longo Prazo 1.936.009 2.136.434 2.942.425
  Investimentos 4.581.805 4.946.308 7.747.006
  Imobilizado 5.522.298 5.835.805 6.689.267
Intangível 781.603 966.501 1.274.333
TOTAL ATIVO 19.317.038 21.343.394 25.811.529
Passivo 31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012
Passivo Circulante 6.422.515 5.811.073 8.662.789
Obrigações Sociais e Trabalhistas 296.970 341.895 380.517
Fornecedores 2.552.654 2.905.949 3.210.107
Obrigações Fiscais 165.469 79.467 116.734
Empréstimos e Financiamentos 2.381.235 1.744.121 1.631.680
Outras Obrigações 1.018.859 724.740 3.295.518
Provisões 7.328 14.901 28.233
Passivo Não Circulante (ELP) 4.817.704 6.763.257 7.379.808
  Patrimônio Líquido 8.076.820 8.769.064 9.768.934
TOTAL PASSIVO 19.317.038 21.343.394 25.811.530

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 212
Tabela 5 – Demonstração do Resultado do Exercício – Empresa Modelo
EMPRESA MODELO
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
31/12/2010 31/12/2011 31/12/2012
Receita Líquida de Vendas 19.509.870 20.405.820 21.909.753
(-) Custo Mercadoria Vendida -14.734.012 -15.132.162 -16.174.333
(=) Resultado Bruto 4.775.858 5.273.658 5.735.420
(-) Despesas Operacionais -3.664.305 -3.805.988 -3.790.135
Despesas com vendas -2.731.306 -2.924.787 -3.217.977
Despesas gerais e administrativas -614.605 -685.815 -740.407
Outras despesas operacionais -486.795 -626.274 -526.012
Resultado de equivalência patrimonial 168.401 430.888 694.261
(=) Resultado antes Resultado Financeiro 1.111.553 1.467.670 1.945.285
(+/-) Resultado financeiro líquido -356.977 -543.875 -523.297
(=) Resultado antes impostos 754.576 923.795 1.420.988
(-) IR/CSLL -43.303 -97.842 -212.130
(=) Resultado do exercício 711.273 825.953 1.208.858

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

Pede-se:

1. Quais as origens da NCG da Empresa Modelo?


2. Como é financiada a NCG da Empresa Modelo?

Informações complementares disponibilizadas pela Empresa Modelo.

Tabela 6 – Informações Complementares – Empresa Modelo


EMPRESA MODELO
INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES
  2010 2011 2012
Compras 14.983.562 15.525.099 16.424.755
Ajustes 998.928 606.584 3.528.749

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 213
Resolução:

Para a resolução da atividade, é necessário utilizarmos os esquemas de


origem (visite unidade 33) e de financiamento da NCG (visite unidade
32), conforme Matarazzo (2010).

Ao iniciar a elaboração do esquema de origem da NCG, é necessário


calcular os prazos médios utilizando as fórmulas:

PMRE: Estoques / CMV * 360


PMPC: Fornecedores / Compras * 360
PMRV: Duplicatas a Receber / Vendas * 360

Lembre-se de começar a elaboração da direita para a esquerda utilizando


o esquema em branco, alimentando os campos com as informações
extraídas do BP e da DRE, além das informações complementares
disponibilizadas pela empresa.

Após calcular os prazos médios, poderá calcular os prazos médios


equivalentes, seguindo o raciocínio do esquema.

As vendas estão localizadas na DRE. Depois, divida por 360 (como


indicado) e alimente o campo Vd. Para alimentar o campo Ajustes,
utilize as informações disponibilizadas pela empresa na Tabela 6.

Para alimentar o esquema do financiamento da NCG, as informações


estão disponibilizadas nos demonstrativos. Para o Ativo Circulante
Financeiro (ACF) e para o Passivo Circulante Financeiro (PCF) utilize,
respectivamente, as contas Caixa e Equivalentes de Caixa e Empréstimos
e Financiamentos.

www.esab.edu.br 214
PMRV
Exerc 2010 2011 2012
Dias

www.esab.edu.br
% CMV / V
AH Exerc 2010 2011 2012
+
CCeq PMRV %
Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH
Dias Dias x
PMRE
AH AH Exerc 2010 2011 2012
-
PMPCeq Dias
NCG
Exerc 2010 2011 2012 AH
Exerc 2010 2011 2012
x Dias
R$
AH %C/V
AH Exerc 2010 2011 2012
Vd Vendas realizadas %

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).


Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH
x
R$ R$ PMPC
AH AH Exerc 2010 2011 2012

Figura 20 – Esquema da origem da Necessidade de Capital de Giro (NCG).


- / Dias
A 360
Exerc 2010 2011 2012 AH
R$

215
AH
PL
Exerc 2010 2011 2012
R$

www.esab.edu.br
CCP
Exerc 2010 2011 2012 AH
R$ -
CCL AP
Exerc 2010 2011 2012 AH Exerc 2010 2011 2012
R$ AV R$
AH + AH
AV ELP
+ Exerc 2010 2011 2012
NCG PCF R$
Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH
R$ R$ AV
AH AH

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).


AV AV
-
ACF
Exerc 2010 2011 2012

Figura 21 – Esquema do financiamento da Necessidade de Capital de Giro (NCG).


R$
AH
AV

216
PMRV
Exerc 2010 2011 2012
Dias 40 36 18

www.esab.edu.br
% CMV / V
AH 100% 89% 45% Exerc 2010 2011 2012
NCG +
Exerc 2010 2011 2012 PMREeq % 76 74 74
R$ 432.832 713.293 -3.196.491 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 98% 98%
Dias 33 39 40 x
AH 100% 165% -739% PMRE
AH 100% 116% 121% Exerc 2010 2011 2012
-
CCeq PMPCeq Dias 44 52 55
Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 119% 123%
Dias 26 23 5 Dias 47 51 53
AH 100% 88% 21% AH 100% 109% 112% %C/V
x Exerc 2010 2011 2012
Vd Vendas realizadas % 77 76 75

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).


Resposta 1) Origem da NCG – Empresa Modelo

Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 99% 98%
x
R$ 54.194 56.683 60.860 R$ 19.509.870 20.405.820 21.909.753 PMPC
AH 100% 105% 112% AH 100% 101% 131% Exerc 2010 2011 2012
- / Dias 61 67 70

Figura 22 – Origem da Necessidade de Capital de Giro (NCG) – Empresa Modelo.


A 360
Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 110% 115%
R$ 998.928 606.584 3.528.749

217
AH 100% 61% 353%
www.esab.edu.br
PL
Exerc 2010 2011 2012
CCP R$ 8.076.820 8.769.064 9.768.934
Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 109% 121%
CCL R$ -4.744.894 -5.115.984 -8.884.097 -
AP + RLP
Exerc 2010 2011 2012 AH - - - Exerc 2010 2011 2012
R$ 72.810 1.647.273 -1.504.290 AV -1096% -717% -278% R$ 12.821.715 13.885.048 18.653.031
AH 100% 2262% -2066% + AH 100% 108% 145%
AV 17% 231% 47% ELP
+ Exerc 2010 2011 2012
NCG PCF R$ 4.817.704 6.763.257 7.379.808
Exerc 2010 2011 2012 Exerc 2010 2011 2012 AH 100% 140% 153%
R$ 432.832 713.293 -3.196.491 R$ 2.381.235 1.744.121 1.631.680 AV 1113% 948% -231%
AH 100% 165% -739% AH 100% 73% 69%
AV 100% 100% 100% AV 550% 245% -51%

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).


-
ACF
Exerc 2010 2011 2012
R$ 2.021.212 2.678.100 3.323.881
2012
1.631.680
AH 100% 132% 164%
69%
AV
-51% -467% -375% 104%
Resposta 2) Financiamento da NCG – EMPRESA MODELO

Figura 23 – Financiamento da Necessidade de Capital de Giro (NCG) – Empresa Modelo.

218
Caro aluno, o exercício apresentado nesta unidade tinha como finalidade
fixar o conhecimento sobre a origem e o financiamento da Necessidade
de Capital de Giro. Na próxima unidade, você verá como os índices de
liquidez, em conjunto com outros indicadores, contribuem na gestão de
uma empresa. Até breve!

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

www.esab.edu.br 219
36 Indicadores de liquidez
Objetivo
Compreender como os indicadores de liquidez são utilizados para a
avaliação da capacidade de pagamento da organização.

Nesta unidade, iremos estudar como os indicadores de liquidez podem


ser utilizados para a avaliação da capacidade de pagamento de uma
organização. Para isso, partiremos das principais ideias dos trabalhos de
Gitman e Madura (2003), Padoveze (2010) e Matarazzo (2010).

Os indicadores de liquidez são utilizados pelas empresas para analisar as


demonstrações contábeis. Quando calculados vários índices em conjunto,
permite gerar uma gama de informações, permitindo assim, conhecer a
“saúde” financeira e econômica de uma empresa.

Os índices de liquidez são utilizados para verificar, por meio de


cálculos e interpretações, a capacidade de solvência da empresa, ou seja,
permitem saber a base financeira da empresa, se a organização possui
condições para arcar com suas despesas. Segundo Matarazzo (2010),
é comum as pessoas confundirem índices de liquidez com índices de
capacidade de pagamento. Os índices de liquidez, tal como Matarazzo
(2010, p. 99) explica:

Não são índices extraídos do fluxo de caixa que comparam as entradas com as saídas
de dinheiro. Os índices de liquidez são índices que a partir do confronto dos Ativos
Circulantes com as Dívidas procuram medir quão sólida é a base financeira da empresa.
Uma empresa que apresenta bons índices de liquidez tem condições de ter boa
capacidade de pagar suas dívidas, mas não estará, obrigatoriamente, pagando suas
dívidas em dia em função de outras variáveis como prazo, renovação de dívidas etc.

Com liquidez, a empresa terá recursos para saldar em tempo hábil os


compromissos assumidos com terceiros e obter descontos nas transações,
ter credibilidade e aproveitar as oportunidades no mercado. A liquidez

www.esab.edu.br 220
é eficaz quando os meios de pagamento suprem tempestivamente as
necessidades de pagamentos, ou seja, quando esses meios podem ser
convertidos rapidamente em dinheiro a tempo de cobrir as obrigações
que a empresa possui.

Perceba que a liquidez envolve a contínua conversão de Ativos ao longo


do tempo, a fim de satisfazer as obrigações nos respectivos prazos. As
organizações de modo geral deveriam estar atentas à estrutura de seu
negócio, principalmente nos aspectos relacionados à liquidez, uma vez
que para honrar os compromissos de curto prazo é necessário possuir
disponibilidade de recursos suficientes para cobrir essas obrigações.

Ou seja, as empresas devem possuir uma base financeira sólida para


depender cada vez menos de capitais de terceiros para gerir o seu negócio.
Pagar as contas em dia não quer dizer que a empresa possui um alto
ou bom padrão de liquidez, pois existe diferença entre a capacidade de
pagamento e liquidez.

Os indicadores de liquidez demonstram a situação financeira de


uma empresa frente a seus diversos compromissos financeiros, isto é,
constituem uma opinião sobre a capacidade que a empresa possui para
liquidar suas obrigações, considerando-se o longo prazo, o curto prazo ou
prazo imediato.

Conforme Gitman e Madura (2003), como uma liquidez baixa


ou declinante é um precursor comum de dificuldades financeiras e
falência, esses índices são vistos como bons indicadores de problemas
de fluxo de caixa.

É a partir da análise dos índices de liquidez que é possível observar


que quanto maior a liquidez da empresa, melhor será a sua situação
financeira. Uma empresa que possui índices de liquidez elevados, mas
em contrapartida mantém elevados estoques de mercadoria por períodos
longos, recebe suas vendas a prazo com atraso ou mantém duplicatas
incobráveis na conta dos clientes, poderá ter dificuldades em cumprir
com seus compromissos nos devidos vencimentos.

www.esab.edu.br 221
A finalidade dos índices é evidenciar a relação entre contas ou grupo de
contas das demonstrações contábeis, com o objetivo de determinar os
aspectos da situação econômica e financeira para que se possa chegar
a um parecer sobre a empresa analisada. Na literatura, encontramos
diferentes autores com alguns pontos em comum quanto aos principais
grupos de índices e nota-se que existem algumas diferenças em suas
classificações. Cada autor apresenta um agrupamento de índices que
difere dos demais e, conforme Matarazzo (2010), mesmo com relação aos
índices que constam em praticamente todas as obras e trabalhos, sempre
há algumas pequenas diferenças, inclusive de fórmulas. Porém, essas
diferenças não chegam a afetar propriamente a análise.

Portanto, é extremamente importante as empresas verificarem a


temporalidade em que os recursos estarão disponíveis, bem como a
temporalidade em que as obrigações terão de ser pagas. No entanto,
vale lembrar mais uma vez que: em vista do tipo de informação que a
organização precisa obter, é que se vai selecionar qual índice extrair.

Matarazzo (2010) classifica os índices de liquidez em três tipos: Liquidez


Geral, Liquidez Corrente e Liquidez Seca. Vamos entender cada um deles.

Liquidez Geral (LG)

A fórmula é:

Ativo Circulante + Realizável a Longo / Passivo Circulante + Exigível a Longo Prazo

Indica quanto a empresa possui de ativos circulantes + realizáveis a longo


prazo para cada $ 1,00 de dívida total. Quanto maior o índice, melhor
para a empresa. É a análise sobre o longo prazo.

www.esab.edu.br 222
Liquidez Corrente (LC)

A fórmula é:

Ativo Circulante / Passivo Circulante

Indica quanto a empresa possui de ativos circulantes para cada $ 1,00 de


dívida total. Quanto maior o índice, melhor para a empresa. É a análise
de curto prazo.

Liquidez Seca (LS)

A fórmula é:

Disponível + Títulos a Receber + Outros Ativos de Rápida Conversibilidade / Passivo


Circulante

Indica quanto a empresa possui de ativos líquidos para cada $ 1,00 de


dívida total. Quanto maior o índice, melhor para a empresa. É a análise
de liquidez imediata.

Padoveze (2010) apresenta quatro índices de liquidez: Geral, Corrente,


Seca, Imediata. A diferença conceitual reside na liquidez seca. Para
calculá-la, o autor apresenta a fórmula:

Liquidez Seca: Ativo Circulante – Estoques / Passivo Circulante

www.esab.edu.br 223
Liquidez Imediata (LI)

Já para a Liquidez Imediata, a fórmula apresentada por Padoveze (2010) é:

Liquidez Imediata: Disponibilidades (Caixa/Bancos/Aplicações Financeiras) / Passivo


Circulante

Nesta unidade, vimos os indicadores de liquidez, entre eles o de liquidez


corrente, de liquidez geral e as diferenças conceituais entre os autores
Matarazzo (2010) e Padoveze (2010) sobre os índices de liquidez seca e
de liquidez imediata.

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 28 a 36. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 224
Resumo

Caro aluno, nestas últimas seis unidades, tivemos a oportunidade de


conhecer a movimentação de capital de giro decorrente das atividades
de uma empresa. Na unidade 31, vimos os conceitos da Necessidade
de Capital de Giro e como ela é calculada a partir dos ativos e passivos
circulantes operacionais.

O financiamento da necessidade de capital de giro foi explorado ainda


na unidade 31, apresentando as fontes que financiam o giro através de
um esquema que envolve os capitais próprios (patrimônio líquido) e os
capitais de terceiros (empréstimos de curto e de longo prazo).

Na unidade 32, revisamos conceitos dos prazos médios de renovação


de estoques, de pagamento de compras e de recebimento de vendas,
além do ciclo de caixa. Ainda nessa unidade, foram vistos os conceitos
de equivalência, os quais permitem um cálculo assertivo da NCG. Na
unidade 33, através do trabalho de Matarazzo (2010), estudamos as
origens da necessidade de capital de giro e o seu financiamento foram
apresentados através de esquemas, o que facilita a análise do desempenho.

Na unidade 34, vimos a elaboração e o desenvolvimento de um exercício


envolvendo a análise da NCG de uma empresa modelo permitiu a
fixação do conhecimento.

Na unidade 35, foi estudado como o crescimento rápido de uma empresa


pode ser perigoso para sua saúde financeira, se as ações corretas não
forem tomadas. Finalizando estas unidades, vimos de forma abrangente
como os índices de liquidez são utilizados para avaliar o comportamento
das empresas.

www.esab.edu.br 225
37 Liquidez geral
Objetivo
Entender como é feita a elaboração do Índice de Liquidez Geral da
organização através das informações disponibilizadas no Balanço
Patrimonial.

Na unidade 36 você estudou o conceito de liquidez e suas variações


conforme o posicionamento dos autores de referência. A partir
desta unidade, veremos em detalhes cada um dos índices de liquidez
apresentados na unidade anterior, a partir das contribuições teóricas de
Matarazzo (2010).

O Índice de Liquidez Geral é utilizado para medir a liquidez de curto


e de longo prazo, ou seja, apresenta a base financeira da empresa
relacionando tudo o que ela converterá em dinheiro (a curto e longo
prazo) com tudo o que ela já assumiu como dívida (a curto e longo
prazo). Também se pode dizer que a liquidez geral indica o quanto de
dinheiro a empresa tem (dinheiro, bens e direitos realizáveis a curto e
longo prazo) para saldar suas dívidas.

Conforme Matarazzo (2010), liquidez geral é o índice que mede os


recursos circulantes para suprir dívidas, ou seja, se a aplicação da fórmula
para o cálculo do índice apresentar um resultado final maior que 1
significa que para cada 1,00 (um) real de dívidas, a empresa tem 1,00
(um) real ou mais de investimentos realizáveis a curto prazo. Esse excesso
pode ser considerado uma margem de segurança (folga). Contudo,
se o resultado final for inferior a 1, isso indica que os atuais recursos
da empresa são insuficientes para pagar suas dívidas, acarretando a
necessidade de geração de recursos para pagá-las.

www.esab.edu.br 226
Vejamos, segundo Matarazzo (2010), qual é a fórmula para calcular o
Índice de Liquidez Geral (ILG). Observe:

Quociente Fórmula

Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo


Liquidez Geral = ILG
Passivo Circulante + Passivo Não Circulante

Quadro 46 – Índice de Liquidez Geral (ILG).


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Podemos nos perguntar: quanto a empresa possui no Ativo Circulante e


Realizável a Longo Prazo para cada $1,00 de dívida total? Quanto maior
for o resultado, melhor para a empresa (MATARAZZO, 2010).

A liquidez geral indicará quanto a empresa possui no Ativo Circulante


e no Realizável a Longo Prazo para cada 1,00 (um) real de dívida total
para com terceiros. Isto é, o Índice de Liquidez Geral revela o quanto
de $ a empresa possui para cada $ 1,00 de dívida geral. Se ao calcular a
liquidez geral o índice for $ 1,50, significa que a empresa consegue, a
longo prazo, pagar suas dívidas e ainda sobra $ 0,50, a cada $ 1,00 pago.
Neste exemplo, o Índice de Liquidez Geral é satisfatório, pois existe uma
margem de segurança.

Porém, se o Índice de Liquidez Geral encontrado fosse $ 0,70, a empresa


não estaria em condições satisfatórias, pois a cada $ 1,00 de dívida total
lhe faltariam $ 0,30. No entanto, se o vencimento das dívidas tiver
um prazo superior ao necessário para que os recursos do ativo sejam
convertidos em dinheiro, isso significa que a empresa depende de geração
futura de recursos e que isso pode ser alcançado.

Na concepção de Matarazzo (2010), o Índice de Liquidez Geral tem


como objetivo evidenciar de forma quantitativa a representatividade do
Ativo Circulante somado com o Realizável a Longo Prazo em relação ao
passivo diminuído de seu patrimônio líquido. Esse índice demonstra a
base financeira da empresa, representada pelo curto e longo prazo.

www.esab.edu.br 227
Veja um exemplo de cálculo do Índice de Liquidez Geral da Empresa da
Turma (Quadro 47).

EMPRESA DA TURMA
BALANÇO PATRIMONIAL EXERCÍCIOS ENCERRADOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo 2010 2011 2012
Ativo Circulante 5.650.933 6.787.095 9.889.131
Caixa e Equivalentes de Caixa 1.758.455 2.437.071 3.077.296
Contas a Receber 1.892.514 1.841.729 3.311.899
Estoques 1.574.041 2.003.983 2.754.571
Tributos a recuperar 363.944 432.959 636.902
Despesas Antecipadas 58.818 52.748 102.932
Outros Ativos Circulantes 3.161 18.605 5.531
Ativo Não Circulante 11.154.892 12.635.394 20.389.095
Realizável a Longo Prazo 1.684.328 1.944.155 3.815.608
Contas a Receber 1.010.597 1.166.493 1.768.544
Empréstimo a coligadas 673.731 777.662 2.047.064
Investimentos 3.986.170 4.501.140 6.975.798
 
Imobilizado 4.804.399 5.310.583 8.407.698
 
Intangível 679.995 879.516 1.189.991
TOTAL ATIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226
Passivo 2010 2011 2012
Passivo Circulante 5.587.587 5.288.076 10.646.312
Obrigações Sociais e Trabalhistas 258.364 311.124 452.137
Fornecedores 2.220.809 2.644.413 4.250.520
Obrigações Fiscais 143.958 72.315 251.926
Empréstimos e Financiamentos 2.071.674 1.587.150 4.129.360
Outras Obrigações 886.407 659.514 1.551.212
Provisões 6.375 13.560 11.157
Passivo Não Circulante 4.191.403 6.154.564 7.334.955
Empréstimos e Financiamentos 3.143.552 4.615.923 5.501.216
Outras Obrigações 1.047.851 1.538.641 1.833.739
  Patrimônio Líquido 7.026.835 7.979.849 12.296.959
TOTAL PASSIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226

Quadro 47 – Balanço Patrimonial – Empresa da Turma.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 228
A partir das informações presentes no Quadro 47 referentes aos
exercícios de 2010, 2011 e 2012, podemos calcular o Índice de Liquidez
Geral (ILG) da Empresa da Turma.

Retomando a fórmula utilizada para apurar o Índice de Liquidez Geral


(Quadro 46), temos: ILG: Ativo Circulante + Realizável a Longo Prazo
/ Passivo Circulante + Passivo Não Circulante. Localize no Balanço
Patrimonial (Quadro 47) as contas destacadas com a borda em vermelho,
para acompanhar o desenvolvimento do cálculo.

Para o exercício de 2010, os valores apurados são:

5.650.933 + 1.684.328
ILG=
5.587.587 + 4.191.403
7.335.261
=
9.778.990
= 0,75

Para o exercício de 2011, os valores apurados são:

6.787.095 + 1.944.155
ILG =
5.288.076 + 6.154.564
8.731.250
=
11.442.640
= 0,76

E para o exercício de 2012, os valores apurados são:

9.889.131 + 3.815.608
ILG =
10.646.312 + 7.334.955
13.704.739
=
17.981.267
= 0,76

www.esab.edu.br 229
Resumindo os resultados apurados, teremos o seguinte quadro de Índice
de Liquidez Geral da Empresa da Turma:

Índice de Liquidez Geral 2010 2011 2012


ILG 0,75 0,76 0,76

Quadro 48 – Quadro-resumo ILG.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013)

A Empresa da Turma apresentou nos três exercícios analisados (2010,


2011 e 2012) um Índice de Liquidez Geral constante, sofrendo pequena
variação, passando de 0,75 em 2010 para 0,76 em 2011, repetindo este
indicador em 2012. Isso corresponde a dizer que para cada $ 1,00 de
dívida contraída (de curto e de longo prazo), a empresa tem, em Ativo
Circulante e em ativo Realizável a Longo Prazo, a quantia de $ 0,75 em
2010, e de $ 0,76 nos exercícios de 2011 e 2012.

Caro estudante, nesta unidade vimos como calcular o Índice de Liquidez


Geral utilizando as informações do Balanço Patrimonial. Aguardamos
você na próxima unidade para apresentar o Índice de Liquidez Corrente.

www.esab.edu.br 230
38 Liquidez corrente
Objetivo
Entender como é feita a elaboração do Índice de Liquidez Corrente
da organização através das informações disponibilizadas no Balanço
Patrimonial.

Olá, estudante! Na unidade 37 aprendemos a obter o Índice de Liquidez


Geral, que considera o Ativo Circulante e o Realizável a Longo Prazo de
um lado e, de outro, o Passivo Circulante e o Passivo Não Circulante,
caracterizando assim curto e longo prazo. Já a liquidez corrente, que
é o tema desta unidade, trabalha somente com o curto prazo (Ativo
Circulante e Passivo Circulante). Utilizaremos as principais ideias dos
trabalhos de Matarazzo (2010) para estudar a liquidez corrente. Relembre
os conceitos de curto e de longo prazo, apresentados na unidade 4.

A liquidez corrente verifica quanto a empresa possui em Ativo Circulante


para cada $ 1,00 de Passivo Circulante. Tem a finalidade de evidenciar
a estrutura financeira na data do demonstrativo financeiro (Balanço
Patrimonial). Matarazzo (2010) enfatiza que os índices de liquidez
não podem ser confundidos com índices de capacidade de pagamento.
Segundo esse autor, os índices de liquidez, entre eles o Índice de Liquidez
Corrente, têm a finalidade de apresentar ao analista das demonstrações
financeiras quantos $ existem para $ 1,00 de dívida com terceiros em
determinada data (da publicação do balanço), o que não garante o seu
pagamento. São diversos os motivos que podem levar ao não pagamento
das dívidas da empresa. Um deles é a dificuldade de converter bens e
direitos (estoques e clientes a receber) em dinheiro (disponível).

Ao analisar o Balanço Patrimonial, o analista poderá ver um ativo com


valor expressivo, porém esse valor está distribuído em contas como estoques
e clientes a receber, e, caso não venha a vender o estoque ou a receber os
valores dos clientes, consequentemente terá dificuldades em honrar as suas
dívidas, visto o pouco numerário disponível. Devemos considerar que
esta é uma informação que reflete uma posição em uma determinada data
(passada) e pode ter sofrido alterações até o momento da análise.

www.esab.edu.br 231
Até porque, para transformar todos os ativos circulantes em dinheiro
(estoques, duplicatas a receber, adiantamento a funcionários), seria
necessário um grande esforço por parte da empresa. No dia a dia é difícil
vender todo o estoque que uma empresa possui, assim como também é
difícil, ou até impossível, antecipar todos os valores que tem a receber
futuramente de seus clientes, para uma data presente.

Matarazzo (2010) apresenta a fórmula para calcular o Índice de Liquidez


Corrente (ILC).

Quociente Fórmula

Ativo Circulante
Liquidez Corrente = ILC
Passivo Circulante

Quadro 49 – Índice de Liquidez Corrente (ILC).


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Utilizando o exemplo da Empresa da Turma, apresentado na unidade


anterior, e a fórmula para o cálculo do Índice de Liquidez Corrente
(Quadro 49), vamos desenvolver nosso raciocínio para calcular o Índice
de Liquidez Corrente dessa empresa. As informações referentes aos
exercícios de 2010, 2011 e 2012 (Quadro 50) serão utilizadas para a
elaboração do índice.

www.esab.edu.br 232
EMPRESA DA TURMA
BALANÇO PATRIMONIAL EXERCÍCIOS ENCERRADOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo  2010 2011 2012
Ativo Circulante 5.650.933 6.787.095 9.889.131
Caixa e Equivalentes de Caixa 1.758.455 2.437.071 3.077.296
Contas a Receber 1.892.514 1.841.729 3.311.899
Estoques 1.574.041 2.003.983 2.754.571
Tributos a recuperar 363.944 432.959 636.902
Despesas Antecipadas 58.818 52.748 102.932
Outros Ativos Circulantes 3.161 18.605 5.531
Ativo Não Circulante 11.154.892 12.635.394 20.389.095
Realizável a Longo Prazo 1.684.328 1.944.155 3.815.608
Contas a Receber 1.010.597 1.166.493 1.768.544
Empréstimo a coligadas 673.731 777.662 2.047.064
Investimentos 3.986.170 4.501.140 6.975.798
Imobilizado 4.804.399 5.310.583 8.407.698
Intangível 679.995 879.516 1.189.991
TOTAL ATIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226
Passivo  2010 2011 2012
Passivo Circulante 5.587.587 5.288.076 10.646.312
Obrigações Sociais e Trabalhistas 258.364 311.124 452.137
Fornecedores 2.220.809 2.644.413 4.250.520
Obrigações Fiscais 143.958 72.315 251.926
Empréstimos e Financiamentos 2.071.674 1.587.150 4.129.360
Outras Obrigações 886.407 659.514 1.551.212
Provisões 6.375 13.560 11.157
Passivo Não Circulante 4.191.403 6.154.564 7.334.955
Empréstimos e Financiamentos 3.143.552 4.615.923 5.501.216
Outras Obrigações 1.047.851 1.538.641 1.833.739
  Patrimônio Líquido 7.026.835 7.979.849 12.296.959
TOTAL PASSIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226

Quadro 50 – Balanço Patrimonial – Empresa da Turma.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 233
Para calcular o Índice de Liquidez Corrente (ILC) da Empresa da Turma,
vamos utilizar a fórmula do Quadro 49: ILC: Ativo Circulante / Passivo
Circulante. No Balanço Patrimonial do Quadro 50, localize as linhas em
destaque cuja representação são os valores necessários para efetuarmos o
cálculo.

Ao efetuarmos a aplicação da fórmula, chegaremos aos seguintes Índices


de Liquidez Corrente para o período 2010-2012.

Exercício de 2010:

5.650.933
=ILC = 1,01
5.587.587

Exercício de 2011:
6.787.095
=ILC = 1,28
5.288.076

E para o exercício de 2012, o índice apresentado é:

9.889.131
=ILC = 0,93
10.646.312

De forma resumida, temos o seguinte quadro de Índice de Liquidez


Corrente da Empresa da Turma:

2010 2011 2012


ILC 1,01 1,28 0,93

Quadro 51 – Quadro-resumo ILC.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 234
Você percebe que o Índice de Liquidez Corrente da Empresa da Turma
é maior e, portanto, melhor que o índice geral apresentado na unidade
37, ou seja, o índice de curto prazo apresenta um desempenho melhor
que o índice de longo prazo. Também é possível perceber que houve
uma melhora no período 2010-2011 e depois o índice recuou, sofrendo
redução no período de 2011-2012. Algumas justificativas para esse
comportamento econômico-financeiro podem ser plausíveis, entre elas
o aumento de financiamento no curto prazo em 2012 ou, ainda, a baixa
de estoques e de clientes a receber, o que pode denotar que a empresa
imobilizou uma parte maior do seu ativo.

Finalizando esta unidade, vimos que o Índice de Liquidez Corrente


apresenta o comportamento do curto prazo de uma empresa, envolvendo
o seu Ativo Circulante e o seu Passivo Circulante. Na próxima unidade,
veremos como calcular o Índice de Liquidez Seca. Até breve!

www.esab.edu.br 235
39 Liquidez seca
Objetivo
Entender como é feita a elaboração do Índice de Liquidez Seca da
organização através das informações disponibilizadas no Balanço
Patrimonial.

Anteriormente, você estudou o Índice de Liquidez Corrente, que


considera o cenário de curto prazo, representado pelo Ativo Circulante e
pelo Passivo Circulante de uma determinada empresa. Neste momento,
você irá estudar o Índice de Liquidez Seca, cuja função é analisar
quanto a empresa tem de ativos circulantes de alta liquidez e rápida
conversão em dinheiro para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo
(Passivo Circulante). Podemos dizer que é a análise de quanto a empresa
tem efetivamente em dinheiro somado com os ativos que ela poderá
rapidamente converter em dinheiro, como as aplicações financeiras de
resgate automático e duplicatas a receber de fácil conversão, seja por
desconto de duplicatas em bancos, seja pela possibilidade de antecipar o
recebimento do cliente através da oferta de desconto financeiro.

Nesta unidade iremos tratar de dois conceitos de liquidez seca,


apresentados por Matarazzo (2010) e Padoveze (2010), em decorrência
de pequena diferença de interpretação sobre o Índice de Liquidez Seca.

Para Matarazzo (2010, p.108), o Índice de Liquidez Seca (ILS) “[...] é um


teste de força aplicado à empresa; visa medir o grau de excelência da sua
situação financeira”. Ainda segundo esse autor, o Índice de Liquidez Seca
ser analisado em conjunto com o Índice de Liquidez Corrente, reforçando
o resultado da análise, conforme evidenciado no Quadro 52 a seguir.

www.esab.edu.br 236
Liquidez Liquidez Corrente
Nível Alta Baixa
Situação financeira em princípio
insatisfatória, mas atenuada pela boa
Alta Situação financeira boa
liquidez seca. Em certos casos pode até
ser considerada razoável

Liquidez Situação financeira em princípio


Seca satisfatória. A baixa liquidez
seca não indica necessariamente
Baixa comprometimento da situação Situação financeira insatisfatória
financeira. Em certos casos
pode ser sintoma de excessivos
estoques encalhados

Quadro 52 – Liquidez seca x liquidez corrente.


Fonte: Matarazzo (2010, p. 108).

Como já foi comentado no decorrer da disciplina, toda e qualquer


análise efetuada sobre os demonstrativos financeiros de uma determinada
empresa precisa ser feita com cautela e zelo, além de requerer a utilização
de mais de um índice ou indicador para validar o resultado da análise.
Nenhum indicador deverá ser utilizado isoladamente!

Observe a fórmula apresentada por Matarazzo (2010) para apurar o ILS.

Quociente Fórmula

Disponível + Aplicações Financeiras +


Liquidez Seca = ILS Clientes de Rápida Conversibilidade em Dinheiro
Passivo Circulante

Quadro 53 – Índice de Liquidez Seca (ILS).


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Ao analisar a fórmula do Quadro 53, podemos verificar que o autor


se atém somente aos ativos circulantes que podem ser transformados
em dinheiro, ou seja, o próprio dinheiro em caixa, os valores em conta
corrente, a poupança, as aplicações financeiras de liquidez imediata
e aqueles clientes a receber cuja conversibilidade em dinheiro possa
ocorrer rapidamente.

www.esab.edu.br 237
Agora analise a fórmula para o cálculo do Índice de Liquidez Seca (ILS)
adotada pelo autor Padoveze (2010) e apresentada no Quadro 54.

Quociente Fórmula

Ativo Circulante - Estoques


Liquidez Seca = ILS
Passivo Circulante

Quadro 54 – Índice de Liquidez Seca (ILS).


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Veja que, ao efetuar a análise do índice de liquidez seca, o referido autor


elimina somente a conta de estoques do Ativo Circulante, mantendo as
demais, independentemente de quais sejam suas composições.

Agora, de posse dessas duas fórmulas, vamos aplicá-las ao Balanço


Patrimonial da Empresa da Turma? Acompanhe esse desenvolvimento,
sendo que os valores utilizados na fórmula adotada por Matarazzo (2010)
estão destacados em vermelho, e os valores utilizados na fórmula adotada
por Padoveze (2010) estão destacados em azul no Quadro 55.

www.esab.edu.br 238
EMPRESA DA TURMA
BALANÇO PATRIMONIAL EXERCÍCIOS ENCERRADOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo 2010 2011 2012
Ativo Circulante 5.650.933 6.787.095 9.889.131
Caixa e Equivalentes de Caixa 1.758.455 2.437.071 3.077.296
Contas a Receber 1.892.514 1.841.729 3.311.899
Estoques 1.574.041 2.003.983 2.754.571
Tributos a recuperar 363.944 432.959 636.902
Despesas Antecipadas 58.818 52.748 102.932
Outros Ativos Circulantes 3.161 18.605 5.531
Ativo Não Circulante 11.154.892 12.635.394 20.389.095
Realizável a Longo Prazo 1.684.328 1.944.155 3.815.608
Contas a Receber 1.010.597 1.166.493 1.768.544
Empréstimo a coligadas 673.731 777.662 2.047.064
Investimentos 3.986.170 4.501.140 6.975.798
 
Imobilizado 4.804.399 5.310.583 8.407.698
 
Intangível 679.995 879.516 1.189.991
TOTAL ATIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226
Passivo 2010 2011 2012
Passivo Circulante 5.587.587 5.288.076 10.646.312
Obrigações Sociais e Trabalhistas 258.364 311.124 452.137
Fornecedores 2.220.809 2.644.413 4.250.520
Obrigações Fiscais 143.958 72.315 251.926
Empréstimos e Financiamentos 2.071.674 1.587.150 4.129.360
Outras Obrigações 886.407 659.514 1.551.212
Provisões 6.375 13.560 11.157
Passivo Não Circulante 4.191.403 6.154.564 7.334.955
Empréstimos e Financiamentos 3.143.552 4.615.923 5.501.216
Outras Obrigações 1.047.851 1.538.641 1.833.739
  Patrimônio Líquido 7.026.835 7.979.849 12.296.959
TOTAL PASSIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226

Quadro 55 – Balanço Patrimonial – Empresa da Turma.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 239
Para o cálculo do Índice de Liquidez Seca da Empresa da Turma,
iniciaremos com a fórmula adotada por Matarazzo (2010): ILS:
Disponível + Aplicações Financeiras + Clientes de Rápida
Conversibilidade em Dinheiro / Passivo Circulante. No Balanço
Patrimonial (Quadro 55), localize as linhas em destaque em vermelho
(caixa e equivalentes de caixa + contas a receber). Nesse contexto, foi
considerado que o total de contas a receber é passível de rápida conversão
em dinheiro. Então, teremos os seguintes valores para os Índices de
Liquidez Seca:

Para o exercício de 2010:

1.758.455 + 1.892.514
ILS =
5.587.587
3.650.969
=
5.587.587
= 0,65

Para o exercício de 2011:

2.437.071+1.841.729
ILS=
5.288.076
4.278.800
=
5.288.076
=0,81

Para o exercício de 2012:

3.077.296 + 3.311.899
ILS =
10.646.312
6.389.195
=
10.646.312
= 0,60

www.esab.edu.br 240
Já para Padoveze (2010), a fórmula adotada para o cálculo de liquidez
seca é: ILS: Ativo Circulante - Estoques / Passivo Circulante. Para
aplicarmos essa fórmula, é necessário utilizar o valor do Ativo Circulante
menos o valor da conta estoques. Veja no Quadro 55 os destaques em cor
azul. Vejamos o resultado da aplicação dessa fórmula para a Empresa da
Turma, considerando o período de 2010-2012:

Para o exercício de 2010:

5.650.933 − 1.574.041
ILS =
5.587.587
4.076.892
=
5.587.587
= 0,73

Para o exercício de 2011:

6.787.095 − 2.003.983
ILS =
5.288.076
4.783.112
=
5.288.076
= 0,90

Para o exercício de 2012:

9.889.131 − 2.754.671
ILS =
10.646.312
7.134.560
=
10.646.312
= 0,67

Após aplicarmos as fórmulas propostas por Padoveze (2010) e Matarazzo


(2010), vamos elaborar um quadro-resumo do Índice de Liquidez Seca
para que possamos identificar o resultado obtido pela Empresa da Turma.
Veja o quadro a seguir.

www.esab.edu.br 241
Índice de Liquidez Seca - Autor 2010 2011 2012
ILS – Matarazzo (2010) 0,65 0,81 0,60
ILS – Padoveze (2010) 0,73 0,90 0,67

Quadro 56 – Quadro-resumo ILS.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Analisando os resultados obtidos, percebe-se que a fórmula adotada por


Padoveze (2010) apresenta um melhor resultado quanto ao desempenho,
pois somente a conta estoques é excluída do Ativo Circulante, ao passo
que a fórmula adotada por Matarazzo (2010) elimina diversas contas do
Ativo Circulante, restando somente aquelas que contêm disponibilidades,
aplicações financeiras e clientes de rápida conversão em dinheiro. O
analista dos demonstrativos financeiros, ao efetuar seu trabalho, deverá
optar pela fórmula que melhor atender aos seus objetivos de análise. Não
há fórmula correta ou incorreta. Ambas as fórmulas servem para analisar
o comportamento da empresa analisada.

Nesta unidade, vimos como calcular o Índice de Liquidez Seca a partir


das fórmulas apresentadas por dois renomados autores. Esperamos você
na próxima unidade para vermos a liquidez imediata. Até lá!

www.esab.edu.br 242
40 Liquidez imediata
Objetivo
Entender como é feita a elaboração do Índice de Liquidez Imediata
da organização através das informações disponibilizadas no Balanço
Patrimonial.

Na unidade anterior conhecemos diferentes formas de se obter o


Índice de Liquidez Seca, apresentadas pelos autores Matarazzo (2010) e
Padoveze (2010). Nesta unidade você verá o Índice de Liquidez Imediata,
incluindo seu conceito e como ele é elaborado a partir das informações
do Balanço Patrimonial.

Vamos ao conceito de Índice de Liquidez Imediata? Para Padoveze (2010,


p. 218), o Índice de Liquidez Imediata “[...] é o indicador mais claro de
liquidez, uma vez que considera apenas os ativos financeiros efetivamente
disponíveis para serem utilizados na execução de qualquer pagamento
de curto prazo”. Esse índice demonstra quanto efetivamente a empresa
tem em dinheiro (seja em caixa ou em bancos) na data de publicação do
Balanço Patrimonial, para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo (Passivo
Circulante). Reforçando a afirmação do autor, é o índice que representa
quanto a empresa efetivamente tem de liquidez naquele momento, sem a
necessidade de contar com a venda de seus estoques e sem a necessidade
de esperar o recebimento das vendas efetuadas a prazo ou de antecipar
esses recebimentos.

Observe a seguir a fórmula apresentada por Padoveze (2010) para o


cálculo da liquidez imediata.

www.esab.edu.br 243
Quociente Fórmula

Disponibilidades (Caixa / Bancos /


Liquidez Imediata = ILI Aplicações Financeiras)
Passivo Circulante

Quadro 57 – Índice de Liquidez Imediata (ILI).


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

No cálculo da liquidez imediata, quanto maior for o resultado obtido,


melhor será para a empresa. Segundo Padoveze (2010), não há um
número que possa ser utilizado como base de comparação. Lembremos
que o resultado deve ser analisado em conjunto com os demais
indicadores do comportamento econômico-financeiro da empresa
analisada.

Vamos utilizar o Balanço Patrimonial da Empresa da Turma para


aplicarmos a fórmula. Veja, no Quadro 58, as informações destacadas em
vermelho (Caixa e Equivalentes de Caixa e Passivo Circulante).

www.esab.edu.br 244
EMPRESA DA TURMA
BALANÇO PATRIMONIAL EXERCÍCIOS ENCERRADOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo  2010 2011 2012
Ativo Circulante 5.650.933 6.787.095 9.889.131
Caixa e Equivalentes de Caixa 1.758.455 2.437.071 3.077.296
Contas a Receber 1.892.514 1.841.729 3.311.899
Estoques 1.574.041 2.003.983 2.754.571
Tributos a recuperar 363.944 432.959 636.902
Despesas Antecipadas 58.818 52.748 102.932
Outros Ativos Circulantes 3.161 18.605 5.531
Ativo Não Circulante 11.154.892 12.635.394 20.389.095
Realizável a Longo Prazo 1.684.328 1.944.155 3.815.608
Contas a Receber 1.010.597 1.166.493 1.768.544
Empréstimo a coligadas 673.731 777.662 2.047.064
Investimentos 3.986.170 4.501.140 6.975.798
 
Imobilizado 4.804.399 5.310.583 8.407.698
 
Intangível 679.995 879.516 1.189.991
TOTAL ATIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226
Passivo  2010 2011 2012
Passivo Circulante 5.587.587 5.288.076 10.646.312
Obrigações Sociais e Trabalhistas 258.364 311.124 452.137
Fornecedores 2.220.809 2.644.413 4.250.520
Obrigações Fiscais 143.958 72.315 251.926
Empréstimos e Financiamentos 2.071.674 1.587.150 4.129.360
Outras Obrigações 886.407 659.514 1.551.212
Provisões 6.375 13.560 11.157
Passivo Não Circulante 4.191.403 6.154.564 7.334.955
Empréstimos e Financiamentos 3.143.552 4.615.923 5.501.216
Outras Obrigações 1.047.851 1.538.641 1.833.739
  Patrimônio Líquido 7.026.835 7.979.849 12.296.959
TOTAL PASSIVO 16.805.825 19.422.489 30.278.226

Quadro 58 – Balanço Patrimonial – Empresa da Turma.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 245
Como vimos anteriormente, a fórmula adotada para o cálculo do
Índice de Liquidez Imediata é: ILI: Disponibilidades (Caixa/Banco/
Aplicações Financeiras) / Passivo Circulante. Vejamos o resultado da
aplicação dessa fórmula na Empresa da Turma, considerando o período
de 2010-2012:

Para o exercício de 2010:

1.758.455
=ILI = 0,31
5.587.587

Para o exercício de 2011:

2.437.071
=ILI = 0, 46
5.288.076

Para o exercício de 2012:

3.077.296
=ILI = 0,29
10.646.312

Vemos que a Empresa da Turma apresentou no balanço de 2010 $ 0,31


de caixa e equivalentes de caixa para cada $ 1,00 de dívida de curto
prazo. No exercício seguinte, o índice teve uma melhora no desempenho
atingindo $ 0,46 para cada $ 1,00 de dívida. Porém, em 2012,
apresentou redução para $ 0,29 para cada $ 1,00 de dívida de curto
prazo. Veja o resumo do Índice de Liquidez Imediata no Quadro 59:

Índice de Liquidez Imediata – Autor 2010 2011 2012


ILI – Padoveze (2010) 0,31 0,46 0,29

Quadro 59 – Quadro-resumo ILI.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Diante desse resultado, podemos montar um quadro-resumo com todos


os índices de liquidez da Empresa da Turma estudados desde a unidade
37. Acompanhe a seguir.

www.esab.edu.br 246
Índice 2010 2011 2012
Índice de Liquidez Geral (ILG) 0,75 0,76 0,76
Índice de Liquidez Corrente (ILC) 1,01 1,28 0,93
Índice de Liquidez Seca (ILS) - Matarazzo (2010) 0,65 0,81 0,60
Índice de Liquidez Seca (ILS) – Padoveze (2010) 0,73 0,90 0,67
Índice de Liquidez Imediata (ILI) 0,31 0,46 0,29

Quadro 60 – Quadro-resumo dos índices de liquidez da Empresa da Turma.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

De posse desse quadro-resumo, o analista das demonstrações financeiras


poderá emitir seu julgamento sobre a situação da empresa analisada,
inclusive detectando tendências. Por exemplo, veja a liquidez geral,
cujo comportamento é estável no decorrer dos três anos analisados,
demonstrando que a empresa tem mantido sua política para curto e
longo prazo. Já o Índice de Liquidez Imediata oscila no período analisado
e pode ser influenciado por políticas de manutenção de estoques ou
investimento em oferta maior de crédito aos seus clientes.

Perceba que o cuidado maior reside na liquidez corrente que, de modo


geral, cuida dos compromissos totais de curto prazo da empresa. O
ano de 2011 apresentou uma significativa melhora, porém em 2012
decaiu para um patamar menor do que tinha em 2010. Esse tipo de
cenário pode fazer com que o analista solicite explicações acerca desse
desempenho.

Caro aluno, ao finalizarmos esta unidade, encerramos a análise dos


índices de liquidez, os quais foram estudados em detalhes desde a
unidade 37. Na próxima unidade você irá reforçar o conhecimento
adquirido por meio de exercícios comentados sobre o assunto. Vamos lá?

www.esab.edu.br 247
41 Exercícios resolvidos

Objetivo
Exercícios comentados sobre as unidades 36 a 40.

Nas unidades anteriores você estudou os índices de liquidez, entre eles a


liquidez geral, a liquidez corrente, a liquidez seca e a liquidez imediata.
Neste ponto de nossos estudos vamos colocar em prática o conhecimento
adquirido sobre esse tema.

Acompanhe os exercícios a seguir, cujo objetivo é contribuir para a


fixação do conhecimento. Antes, porém, vamos relembrar algumas siglas
que aparecem nos exercícios.

ILG – Índice de Liquidez Geral


ILC – Índice de Liquidez Corrente
ILS – Índice de Liquidez Seca
ILI – Índice de Liquidez Imediata

Exercício 1

Qual é a diferença entre o ILG e o ILC?

Solução:

O Índice de Liquidez Geral apresenta a estrutura de longo prazo, pois


relaciona o Ativo Circulante e o Realizável a Longo Prazo com o Passivo

www.esab.edu.br 248
Circulante e o Exigível a Longo Prazo, o que é representado pela fórmula
= AC + RLP / PC + ELP. Quanto maior for o resultado, melhor. É
esperado que o resultado fosse maior que 1, significando que para cada $
1,00 de dívida, a empresa possui no mínimo $ 1,00 de ativo.

Já o Índice de Liquidez Corrente apresenta somente a estrutura de


curto prazo, relacionando o Ativo Circulante com o Passivo Circulante,
representado pela fórmula AC / PC.

Exercício 2

Qual é o comportamento dos índices de liquidez quando uma empresa


tem em estoque uma quantidade elevada de itens obsoletos?

Os índices de liquidez geral e de liquidez corrente apresentarão um


resultado positivo, pois esses estoques influenciam no valor total do
Ativo Circulante, aumentando-o. Porém, o resultado apresentado não
está refletindo a realidade dessa empresa. Aquele valor registrado na
conta estoques não irá contribuir com o pagamento das dívidas, pois
dificilmente será convertido em dinheiro através de vendas.

Exercício 3

Qual é o comportamento dos índices de liquidez quando uma empresa


diminuir o seu estoque por falta de mercadorias?

Solução:

Neste cenário a empresa está vendendo boa parte dos seus estoques e não
está repondo novas mercadorias. O Índice de Liquidez Seca será diretamente
afetado para melhor, pois o valor que constava na conta Estoques migrou
para as contas Caixa, Bancos ou Clientes a Receber (vendas a prazo).
De outro lado, como a empresa não comprou novas mercadorias, não
aumentou o seu Passivo Circulante – Fornecedores a Pagar.

www.esab.edu.br 249
Exercício 4

A Empresa da Turma Ltda. apresentou uma evolução crescente do


seu Índice de Liquidez Corrente e uma evolução decrescente do seu
Índice de Liquidez Seca. Assinale a alternativa que apresenta a melhor
explicação para esse fato.

a. Elevação dos estoques.


b. Redução da conta fornecedores.
c. Redução das vendas.
d. Aumento das vendas.
e. Manutenção de vendas estáveis.

Solução:

Alternativa A. O aumento da conta Estoques influencia positivamente


a liquidez corrente e negativamente a liquidez seca. Na primeira opção,
eleva o total do Ativo Circulante, que é base da liquidez corrente. Já a
liquidez seca diminui a conta Estoque do Ativo Circulante, para chegar
ao seu resultado. Quanto menor for o estoque, maior será a liquidez seca.
Neste caso, como o estoque aumentou, refletiu negativamente no índice.

Exercício 5

A Empresa da Turma Ltda. teve aumento em todos os seus ativos,


melhorando o Índice de Liquidez Corrente – ILC. Já o Índice de
Liquidez Seca – ILS sofreu diminuição no período. Diante desse cenário
é incorreto afirmar:

a. Os estoques crescerem menos que os demais Ativos Circulantes.


b. Estoques e Ativo Circulante cresceram de forma diferente.
c. Passivo Circulante e Ativo Circulante cresceram de forma diferente.
d. O crescimento do Ativo Circulante foi maior do que o do Passivo
Circulante.

www.esab.edu.br 250
Solução:

Alternativa A. O aumento de estoques influencia positivamente


a liquidez corrente, pois aumenta o Ativo Circulante, porém se as
contas que envolvem liquidez imediata (disponíveis – Caixa e Bancos)
não aumentarem na mesma proporção, a liquidez seca será afetada
negativamente.

Exercício 6

A Empresa da Turma Ltda. vendeu à vista uma parcela substancial dos


seus estoques. O preço de venda foi igual ao preço de custo unitário de
aquisição. O que é correto afirmar?

a. O Ativo Circulante diminuiu.


b. O Índice de Liquidez Corrente aumentou.
c. O Ativo Circulante aumentou.
d. O Índice de Liquidez Seca aumentou.

Solução:

Alternativa D. Considerando que a venda dos estoques foi efetuada pelo


mesmo valor do custo, não houve aumento no Ativo Circulante. Porém,
como a venda foi à vista, houve aumento na conta Caixa/Bancos, o que
melhorou o Índice de Liquidez Seca.

Exercício 7

Determinada empresa apresenta os mesmos valores de liquidez corrente


(ILC) e liquidez seca (ILS) todos os anos. O que pode explicar esse fato?

a. Estoques altos.
b. Estoques inexistentes.
c. Ativos maiores do que passivos.
d. Estoques baixos.

www.esab.edu.br 251
Solução:

Alternativa B. A Liquidez Seca elimina da conta o valor dos estoques. Se


não houver estoques, o resultado será o mesmo para os dois indicadores:
liquidez corrente e liquidez seca.

Exercício 8

A Empresa da Turma Ltda. possui ILC = 1,40 e ILS = 1,15. Sabendo que
o Passivo Circulante da empresa é igual a $ 80.000 calcule:

• Valor do Ativo Circulante.


• Valor do Estoque.

Solução:

• Valor do Ativo Circulante: $112.000


• Valor do Estoque: $ 92.000
Com as informações do PC e dos índices de liquidez corrente e de
liquidez seca, podemos calcular o valor do Ativo Circulante – AC e
do estoque. Se para cada $ 1,00 de PC a empresa detém $ 1,40 de AC
(ILC), é necessário:

Multiplicar o valor do PC pelo ILC = $80.000 × 1,40 = $112.000.

Para o ILS, corresponde dizer que para cada $ 1,00 de dívida a empresa
detém $ 1,15 de Ativo Circulante deduzido dos estoques. Desta forma
você deve:

Multiplicar o valor do PC pelo ILS = $80.000 × 1,15 = $92.000. Esse


resultado é o valor correspondente das disponibilidades da empresa. Para
calcular o valor do estoque, utilize o valor apurado do ILC deduzindo o
valor apurado do ILS:

www.esab.edu.br 252
Estoques: Ativo Circulante – Disponibilidades
Estoques: $ 112.000 – $ 92.000
Estoques: $ 20.000

Exercício 9

As contas patrimoniais da Empresa da Turma Ltda. apresentavam os


seguintes saldos em 31/12/2012: Bancos: $4.000; Clientes: $6.400;
Empréstimos de Curto Prazo: $6.000; Estoques: $12.000; Fornecedores:
$3.000; Imóveis: $3.000; Empréstimos de Longo Prazo: $9.000. Pede-se:

a. apure o valor do Patrimônio Líquido;

Solução:

Valor do Patrimônio Líquido: para a resolução do exercício pode-se


aplicar a fórmula do patrimônio: Bens + Direitos – Obrigações, ou
também se pode elaborar o Balanço Patrimonial e apurar pela diferença
entre Ativo e Passivo.

Com a aplicação da fórmula, temos:

Bens (estoques + imóveis + bancos + clientes – empréstimos de curto prazo –


fornecedores – empréstimos de longo prazo) = PL

$12.000 + $3.000 + $ 4.000 + $6.400 - $6.000 - $3.000 - $9.000 = PL = $7.400

Banco R$ 4.000,00 Empréstimos CP R$ 6.000,00


Clientes R$ 6.400,00 Fornecedores R$ 3.000,00
Estoques R$ 12.000,00 Empréstimos LP R$ 9.000,00
Imóvel R$ 3.000,00 PL R$ 7.400,00
Total Ativo R$ 25.400,00 Total Passivo R$ 25.400,00

Quadro 61 – Balanço patrimonial.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 253
b. calcule os Índices de Liquidez Geral, de Liquidez Corrente, de
Liquidez Seca e de Liquidez Imediata.

Solução:

ILG: AC + RLP / PC + ELP


$4.000 + $6.400 + $2.000
$6.000 + $3.000 + $9.000
ILG = 0,69

ILC: AC / PC
$4.000 + $6.400 + $12.000
$6.000 + $3.000
ILC = 2,49

ILS: AC – ESTOQUES / PC
$4.000 + $6.400
$6.000 + $3.000
ILS = 1,16

ILI: DISPONIBILIDADES / PC
$ 4.000
$ 6.000 + $3.000
ILI = 0,44

Caro aluno, chegamos ao final de mais uma unidade, em que tivemos


a oportunidade de praticar o conhecimento adquirido nas unidades
anteriores. Na próxima unidade vamos conhecer o Índice de Solvência.
Vamos avançar para o próximo conteúdo?

www.esab.edu.br 254
42 Índice de solvência
Objetivo
Compreender como a análise de longo prazo de uma organização
pode ser elaborada com base na solvência.

Das unidades 36 a 41 você teve a oportunidade de estudar os índices de


liquidez extraídos do Balanço Patrimonial de determinada empresa. Nesta
unidade veremos o índice de solvência que, do ponto de vista econômico,
significa dizer que a empresa possui um ativo maior do que o passivo. Isso
significa que o Índice de Solvência da empresa é positivo e que ela apresenta
uma situação patrimonial e uma expectativa de lucros que garantem a sua
sobrevivência no futuro. Gitman e Madura (2003) e Matarazzo (2010) são
os autores que fundamentam teoricamente esta unidade.

Primeiramente, vamos entender o que significa solvência. Gitman


e Madura (2003) definem a solvência como a facilidade com que a
empresa pode pagar suas contas.

Os índices de solvência são utilizados para avaliar a capacidade de


pagamento da empresa, ou seja, constituem uma apreciação sobre a
capacidade de a empresa saldar seus compromissos com terceiros (Passivo
Exigível). Esses índices são avaliados pelo critério de quanto maior,
melhor e não medem a efetiva capacidade de a empresa liquidar seus
compromissos nos vencimentos, apenas evidenciam o grau de solvência
em caso de encerramento das atividades.

Uma empresa com um alto índice de liquidez não necessariamente


possui uma boa saúde financeira. O cumprimento das obrigações no
prazo previsto depende de uma boa administração. É necessário que
tanto os prazos de recebimento quanto os prazos de pagamento tenham
um planejamento adequado, evitando choques e atrasos.

www.esab.edu.br 255
Sob o ponto de vista econômico-financeiro da empresa deve haver certa
coerência entre a natureza dos investimentos e a origem dos recursos
financeiros. A prudência e a lógica aconselham que os investimentos de
longo prazo sejam financiados por capitais permanentes (capital social
+ reserva de lucros + passivos de longo prazo). Tenha em mente que uma
dívida de curto prazo nunca deve financiar um bem imobilizado.

Os capitais permanentes não só devem financiar o Ativo Fixo, mas


também uma parte do Ativo Circulante. A parte do Ativo Circulante
financiada com capitais permanentes constitui o chamado capital de
giro. O excesso de capital permanente sobre o Ativo Fixo, que é o capital
de giro, constitui uma margem de garantia ou de segurança (solvência)
financeira que permite compensar os desajustes entre os fluxos
financeiros de entrada e saída provocados pelo ciclo operacional.

O índice de solvência é o resultado do equilíbrio entre o fluxo de receitas e das


despesas ou entre o capital econômico e os recursos disponíveis.

Para Gitman e Madura (2003, p. 194), a liquidez de uma organização “[...]


é medida por sua capacidade de satisfazer suas obrigações de curto prazo no
vencimento. A liquidez se refere à solvência da posição financeira geral da
empresa – a facilidade com a qual ela pode pagar suas contas”.

É comum ouvirmos que a empresa está insolvente, isto é, com


dificuldades financeiras, incapaz de pagar suas contas no vencimento. Ao
analisarmos uma empresa, tomamos por base índices que são indicadores
da situação econômico-financeira da empresa. Os índices são usados
para verificar o desenvolvimento empresarial em diversos pontos ou
áreas como, por exemplo, a liquidez da organização, a rentabilidade do
negócio e a solvência da empresa.

www.esab.edu.br 256
Todos os índices são importantes, no entanto, um deles atrai maior atenção,
pois denuncia a capacidade de pagamento da empresa, evidenciando o
grau de solvência em caso de término total das atividades. Esse índice é o
indicador de solvência. O Índice de Solvência oferece a melhor informação
sobre a potencial insolvência, isto é, apresenta correlação mais forte com os
eventos de insolvência e com antecipação, pois de nada adianta verificar tais
índices depois de ocorrida a insolvência legal.

O Índice de Solvência está relacionado à saúde financeira da empresa,


ou seja, ele representa o desempenho positivo da atividade. O mesmo
raciocínio aplica-se ao estado de insolvência, no entanto, este indica um
desempenho negativo da instituição.

A insolvência de uma empresa pode surgir devido ao excesso de


imobilizações ou de estoques, à concessão de prazos muito longos aos
clientes para pagamento de suas dívidas ou, ainda, à utilização de fontes
de financiamento inadequadas. Observa-se, então, que a capacidade de
a empresa cumprir seus compromissos financeiros é afetada tanto pela
composição das fontes de origens de recursos quanto pela composição
dos ativos (aplicação dos recursos).

Uma empresa solvente indica que está sendo bem gerenciada, indica que
as ações gerenciais estão sendo desenvolvidas de modo acertado, pois o
efeito financeiro está sendo positivo. Estar solvente não significa uma
garantia às partes interessadas, pois existem vários fatores que podem
influenciar o desempenho da empresa, entre eles a própria questão da
política monetária do País, pois já houve confisco dos valores depositados
em contas bancárias, e uma ação como essa pode mudar drasticamente o
cenário da empresa. Porém, é dever do gestor manter o controle. É dele
a responsabilidade de garantir que o desempenho da empresa seja bom e
atrativo aos investidores.

A partir do momento em que a empresa se torna insolvente, ela perde seu


potencial de garantia para assumir novos compromissos e, caso nenhuma
atitude seja tomada, caminha em direção à falência.

www.esab.edu.br 257
Matarazzo (2010) apresenta cinco modelos de previsão de solvência,
sintetizados no Quadro 61. Esses modelos podem contribuir para a
emissão de julgamento sobre o longo prazo da empresa analisada. Os
modelos utilizam estatística para analisar as informações extraídas dos
demonstrativos financeiros. Segundo Matarazzo (2010), alguns estudiosos
efetuaram, no Brasil, testes utilizando a técnica de análise discriminante,
cujos resultados encontram-se, resumidamente, na tabela a seguir:

Tabela 7 – Modelos de previsão de insolvência


% Empresas Insolventes
% Empresas Solventes classificadas
Modelo classificadas corretamente pelo
corretamente pelo modelo
modelo
Kanitz 80% 68%
Altman 83% 77%
Elizabetsky 74% 63%
Matias 70% 77%
Pereira 90% 86%

Fonte: Matarazzo (2010).

Os dados apresentados na Tabela 7 constatam que o modelo utilizado por


Pereira foi eficaz na classificação correta de 90% das empresas solventes,
e teve 86% de acerto na classificação das empresas insolventes. O maior
índice de acerto do modelo elaborado por Pereira deve-se ao fato da
divisão de empresas comerciais e industriais e também pela divisão
temporal. Sabemos que a maioria das empresas industriais possui um ativo
imobilizado maior do que o ativo imobilizado de uma empresa comercial.

Matarazzo (2010) afirma que os índices de solvência não podem ser


efetuados isoladamente, pois, como exposto na Tabela 7, há oscilação
nos resultados apresentados, dependendo do modelo. Alguns modelos
apresentam mais acertos do que outros.

www.esab.edu.br 258
Estudo complementar
Aprofunde seus conhecimentos sobre solvência
e conheça alguns dos métodos utilizados para
realizar a sua previsão, entre eles os Modelos de
Elizabetsky e Kanitz, clicando aqui.

Nesta unidade vimos que o índice de solvência possui diversos modelos


a serem aplicados na análise de uma empresa com relação à sua
tendência de solvência ou não. Na sequência, estudaremos os índices de
rentabilidade.

www.esab.edu.br 259
Resumo

Estimado aluno, avançamos mais um pouco em nossos estudos sobre


a Contabilidade Gerencial. Nestas últimas seis unidades, tivemos a
oportunidade de entender como é feita a elaboração dos índices de
liquidez. Nas unidades 37, 38, 39 e 40 aprendemos que o Índice de
Liquidez Geral (ILG), o Índice de Liquidez Corrente (ILC), o Índice de
Liquidez Seca (ILS) e o Índice de Liquidez Imediata (ILI) são calculados
a partir das informações disponibilizadas no Balanço Patrimonial da
empresa. Vimos que por meio de fórmulas específicas é possível saber
quais informações do Balanço Patrimonial são necessárias para o cálculo
dos índices de liquidez e como utilizá-las para identificar a situação
financeira da empresa analisada.

Na unidade 41 foram apresentados exercícios para facilitar o seu


entendimento e para melhor fixação dos conteúdos abordados nas
unidades anteriores. Por fim, na unidade 42, falamos sobre o índice de
solvência. Conhecemos os cinco modelos apresentados por Matarazzo
(2010) que podem ser utilizados para o cálculo do índice de solvência.
Vimos que o indicador de solvência denuncia a capacidade de pagamento
da empresa, evidenciando o grau de solvência em caso de término total
das atividades.

www.esab.edu.br 260
43 Indicadores de rentabilidade
Objetivo
Avaliar os resultados de rentabilidade alcançados por uma
organização por meio de informações extraídas das demonstrações
financeiras.

Olá, estudante! Seja bem-vindo às últimas unidades de estudo da


nossa disciplina. Esta é uma boa oportunidade para relembrarmos a
importância da Contabilidade Gerencial para as entidades, sejam elas
empresas, órgãos públicos, entidades sem fins lucrativos, entre outras. A
Contabilidade Gerencial tem como “produto” a entrega de informação
útil para a tomada de decisão por parte dos diversos usuários internos.
Revisite as unidades 1 e 2 para ampliar e consolidar seu entendimento
sobre as informações que são geradas pela Contabilidade Gerencial.

Nas unidades anteriores, foram vistos os índices de liquidez, os quais são


extraídos do Balanço Patrimonial da empresa, o qual passa pela análise
da sua situação econômico-financeira. Agora, nesta unidade, vamos
utilizar os trabalhos de Padoveze (2010) para apresentar os indicadores
de rentabilidade, que são extraídos da Demonstração do Resultado do
Exercício (DRE) e do Balanço Patrimonial (BP).

Segundo Padoveze (2010, p. 226), “[...] os indicadores de rentabilidade


tendem a propiciar análises e conclusões de caráter mais generalizante e
de comparabilidade com terceiros”. A análise da rentabilidade tem, entre
outras finalidades, a de permitir que o dono do capital possa efetuar a
comparação do retorno que está auferindo em determinada empresa,
com outros tipos de investimentos. Esses outros investimentos podem ser
aplicações financeiras em instituições bancárias, imóveis para locação ou,
até mesmo, o retorno ofertado por outra empresa, de diferente setor, cuja
rentabilidade é maior e remunera melhor o seu capital.

Resumindo, o dono do capital visa sempre remunerar melhor o


seu dinheiro, e suas escolhas dependem das análises a respeito de
determinada oportunidade de investimento.

www.esab.edu.br 261
Os índices de rentabilidade também são do tipo “quanto maior, melhor”.
Padoveze (2010) apresenta quatro indicadores de rentabilidade:

• margem operacional sobre vendas;


• margem líquida sobre vendas;
• rentabilidade do ativo total;
• rentabilidade do patrimônio líquido.
Os dois primeiros indicadores utilizam somente a DRE, enquanto os
dois últimos cruzam informações da DRE com o BP. Vamos conhecer
cada indicador?

Margem operacional sobre vendas

Este indicador é extraído utilizando somente a Demonstração do


Resultado do Exercício, buscando a linha do Lucro Operacional Antes
dos Impostos, também conhecido como Lucro Antes Imposto de Renda
(LAIR) por meio da aplicação da fórmula a seguir.

Quociente Fórmula

Margem operacional sobre vendas

Quadro 62 – Margem operacional sobre vendas.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

A margem operacional sobre vendas mostra quanto cada $ 1,00 de venda


está deixando de lucro operacional antes da retenção do Imposto de
Renda e da contribuição social sobre o lucro líquido.

Margem líquida sobre vendas

Este indicador também é extraído utilizando somente a Demonstração


do Resultado do Exercício, porém o que interessa é a linha do Lucro
Líquido apurado após a retenção dos impostos, também conhecido como
Lucro Após Dedução Imposto Renda (LADIR), aplicando a fórmula:

www.esab.edu.br 262
Quociente Fórmula

Margem líquida sobre vendas

Quadro 63 – Margem líquida sobre vendas.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010)

Além disso, esse indicador apresenta quanto cada $ 1,00 de vendas


(receita líquida) deixou de lucro líquido. Veja que é praticamente
a análise vertical da DRE, porém são analisados somente os dois
indicadores: Margem operacional sobre vendas e Margem líquida sobre
vendas.

Ao revisitar a unidade 15, você poderá analisar o Quadro 20 e identificar


esses dois indicadores nas duas últimas linhas da DRE do referido
quadro.

Rentabilidade do ativo total

Este indicador de rentabilidade utiliza informações extraídas da DRE


e do BP. Da DRE se utiliza a linha do lucro líquido após retenção dos
impostos e do BP, o valor total do ativo. Podemos calcular o índice de
rentabilidade do ativo total a partir da fórmula do Quadro 64:

Quociente Fórmula

Rentabilidade do ativo total

Quadro 64 – Rentabilidade do ativo total.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Ele também apresenta quanto de lucro (rentabilidade) a empresa teve


para cada $ 1,00 investido no ativo.

www.esab.edu.br 263
Rentabilidade do patrimônio líquido

Assim como o indicador da rentabilidade do ativo total, a rentabilidade


do patrimônio líquido utiliza informações extraídas da DRE e do BP. A
diferença é que este indicador utiliza o valor do patrimônio líquido por
meio da aplicação da fórmula a seguir.

Quociente Fórmula

Rentabilidade do patrimônio líquido

Quadro 65 – Rentabilidade do patrimônio líquido.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

A rentabilidade do patrimônio líquido apresenta quanto cada $ 1,00


de patrimônio líquido teve de remuneração no período analisado.
Considerando que o patrimônio líquido é o capital próprio da empresa,
corresponde afirmar que o indicador apresenta a rentabilidade do sócio
ou acionista.

De posse dessa informação, o “dono” do capital poderá analisar o


desempenho da rentabilidade da empresa e compará-lo com outras
alternativas, por exemplo, a própria poupança, cujo rendimento anual é
pouco maior que 6%; ou investimentos de renda fixa, cujo rendimento
anual oscila entre 9 e 12% ao ano.

Seguindo essa linha de raciocínio, o capital investido em uma empresa


deverá ter remuneração melhor que essa para que possa receber aportes
de capital de investidores (PADOVEZE, 2010).

Caro estudante, nesta unidade iniciamos os estudos sobre os índices de


rentabilidade, na qual conhecemos os quatro indicadores de rentabilidade
apresentados por Padoveze (2010) e como calculá-los: margem
operacional sobre vendas; margem líquida sobre vendas; rentabilidade do
ativo total; e rentabilidade do patrimônio líquido. Na próxima unidade
veremos em detalhes os índices de Giro do Ativo e Margem Líquida.

www.esab.edu.br 264
44 Giro do Ativo e Margem Líquida
Objetivo
Identificar como é calculado o Giro do Ativo e a Margem Líquida
através das informações disponibilizadas na Demonstração do
Resultado do Exercício (DRE) e no Balanço Patrimonial.

Caro estudante, na unidade anterior vimos os indicadores de


rentabilidade apresentados pelo autor Padoveze (2010). Nesta unidade,
vamos continuar nossos estudos sobre a rentabilidade de uma empresa.
Veremos a análise da rentabilidade utilizando em conjunto dois
indicadores: o Giro do Ativo e a Margem Líquida.

Segundo Matarazzo (2010, p. 336), “[...] sendo o lucro o principal


objetivo de uma empresa, nada mais lógico que estudar detalhadamente
como a empresa o obteve”. Ainda conforme o renomado autor, os
maiores interessados em conhecer a taxa de retorno de uma empresa,
além da gerência, são os investidores de longo prazo e os acionistas.

As fórmulas apresentadas por Matarazzo (2010) para cálculo da Margem


Líquida e do Giro do Ativo são as apresentadas no Quadro 66 e Quadro
67, respectivamente. As informações necessárias são disponibilizadas
na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e no Balanço
Patrimonial (BP):

Margem Líquida (margem de lucro)

Quociente Fórmula

Margem Líquida (margem de lucro)

Quadro 66 – Margem Líquida.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 265
O índice da Margem Líquida apresenta o percentual do lucro auferido
pela empresa no decorrer de um exercício.

Giro do Ativo

Quociente Fórmula

Giro do Ativo

Quadro 67 – Giro do Ativo.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Este indicador apresenta quantas vezes o ativo líquido foi renovado


totalmente no decorrer do exercício. Quanto maior for o número,
melhor é para a empresa analisada. Como destacado por Matarazzo
(2010), o valor do Ativo Total utilizado nas fórmulas merece tratamento
para que possa representar fielmente a estrutura patrimonial da empresa
analisada. Dessa forma, é necessário efetuar ajustes no Ativo Total,
diminuindo deste o valor do Passivo Operacional (fornecedores e outras
obrigações que não são remuneradas). Para relembrar a classificação entre
Operacional e Financeiro para ativos e passivos circulantes, revisite a
unidade 13.

A fórmula para calcular o Ativo Líquido é:

Quociente Fórmula
Ativo Líquido Ativo Total – Passivo Operacional

Quadro 68 – Ativo Líquido.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 266
Com os índices de Giro do Ativo e Margem Líquida, é possível apurar a
taxa de Retorno sobre o Ativo Líquido (RsAL), por meio da fórmula
apresentada no Quadro 69.

Taxa de Retorno sobre o Ativo Líquido

Quociente Fórmula
Taxa de retorno sobre o ativo líquido (RsAL) Giro do Ativo x Margem Líquida

Quadro 69 – Taxa de retorno sobre o ativo líquido (RsAL).


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Veja a seguir o esquema de desdobro da origem do Giro do Ativo e


da origem da Margem Líquida. Faça uma análise acompanhando o
desenrolar de cada indicador.

www.esab.edu.br 267
Ativo Circulante
+
Ativo realizável

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Ativo Total
a Longo Prazo
Vendas
+
Giro / – Ativo Permante
Ativo
Resultado Líquido Fornecedores
sobre Ativo Passivo +
Líquido Operacional
Outras
Obrigações
RsAL ×
CMV
+
De Vendas
Vendas Despesas
+

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).


Lucro dos Operacionais
– Administrativas
Margem Ativos + +
Despesas
Líquida / e Custos IR s/ lucro dos Gerais
Vendas ativos

Figura 24 – Esquema de desdobro da Taxa de retorno sobre o ativo líquido (RsAL).


+
Outras receitas
Despesas

268
Comece pelo canto direito superior, com a formação do Ativo Total,
o qual é representado pela soma do Ativo circulante, Ativo realizável
a longo prazo e Ativo Permanente. Já o Passivo Operacional é a soma
da conta Fornecedores e das demais obrigações. Dividindo o valor
das vendas pelo Ativo Líquido, teremos o índice do Giro do Ativo no
exercício analisado. Para acompanhar a elaboração do índice da Margem
Líquida, comece analisando do canto inferior direito, onde as despesas
operacionais (vendas, administrativas, gerais) são adicionadas ao imposto
de renda, às outras despesas e ao Custo da Mercadoria Vendida (CMV).
Esse total (despesas + custos) é diminuído do total de vendas, apurando
o valor dos lucros do período em questão. Com o valor dos lucros
apurados, basta dividi-lo pelo valor das vendas, apurando o índice da
Margem Líquida.

Com os dois índices apurados, efetue a multiplicação de um pelo outro,


chegando ao resultado do Retorno sobre o Ativo Líquido da empresa
analisada.

A Figura 25 apresenta o esquema de desdobro da origem do Giro


do Ativo e da origem da Margem Líquida utilizando as informações
extraídas da DRE e do BP de uma empresa modelo.

www.esab.edu.br 269
Vendas Ativo Total Ativo Circulante
2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012
R$ 4.793 R$ 4.425 R$ 5.851 R$ 2.400 R$ 3.353 R$ 4.817 Fornecedores R$ 1.648 R$ 2.114 R$ 2.601
Giro
100%

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2010 2011 2012 92% 122% 100% 140% 201% 2010 2011 2012 100% 128% 158%
/ – R$ 639 R$ 673 R$ 663 +
3,22 1,83 1,54 Ativo realizável a Longo Prazo
Ativo Líquido Passivo Operacional
100% 57% 48% 100% 105% 104%
2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012
+
R$ 1.489 R$ 2.418 R$ 3.793 R$ 911 R$ 935 R$ 1.024 Outras Obrigações R$ - R$ - R$ -
100% 162% 255% 100% 103% 112% 2010 2011 2012
R$ 272 R$ 262 R$ 361 +
Ativo Permanente
100% 96% 133%
2010 2011 2012
R$ 752 R$ 1.239 R$ 2.216
× CMV 100% 165% 295%
RsAL 2010 2011 2012
2010 2011 2012 R$ 3.621 R$ 3.273 R$ 4.218
23% 15% 16% 100% 90% 116%
100% 65% 68% +
Vendas Despesas Operacionais De Vendas
2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012
Lucro dos Ativos R$ 4.793 R$ 4.425 R$ 5.851 R$ 496 R$ 427 R$ 478 R$ 270 R$ 225 R$ 264

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).


2010 2011 2012 100% 92% 122% 100% 86% 96% 100% 83% 98%
Margem R$ 339 R$ 358 R$ 589 – + +
2010 2011 2012 100% 106% 174% Custos e Despesas IR s/ lucro dos ativos Administrativas
7,07% 8,09% 10,07% 2010 2011 2012 2010 2011 2012 2010 2011 2012
/
100% 114% 142% Vendas R$ 4.454 R$ 4.067 R$ 5.262 R$ 317 R$ 342 R$ 533 R$ 206 R$ 181 R$ 193
2010 2011 2012 100% 91% 118% 100% 108% 168% 100% 88% 94%
R$ 4.793 R$ 4.425 R$ 5.851 + +
100% 92% 122% Outras Receitas e Despesas Gerais
2010 2011 2012 2010 2011 2012
R$ 20 R$ 25 R$ 33 R$ 20 R$ 21 R$ 21

Figura 25 – Esquema de desdobro da Taxa de retorno sobre o ativo líquido (RsAL) – Empresa Modelo.
100% 125% 165% 100% 105% 105%

270
Localize no esquema o Giro do Ativo e faça uma análise. Perceba que
no decorrer de três exercícios, a empresa apresentou uma redução de
mais de 50%. Em 2010, o Giro do Ativo apresentava índice de 3,22 e
em 2012 apresentou somente 1,54. Agora localize a Margem Líquida.
Ao contrário do giro do ativo, ela apresentou uma evolução no período,
representando em 2012 142% do que representava em 2010. Veja que
o esquema também apresenta a análise horizontal de cada índice, o que
nos facilita identificar a evolução no decorrer dos três exercícios de cada
informação disponibilizada.

Quais são as origens dessas oscilações? De um lado, a empresa apresentou


evolução na margem líquida, porém, de outro, o giro do ativo teve uma
forte retração. Essa disparidade nos índices reforça o comentário de
diversos autores, entre eles Matarazzo (2010), Padoveze (2010), Gitman
e Madura (2003), sobre a análise das demonstrações financeiras: um
índice não deve ser utilizado isoladamente. Ele deve ser utilizado em
conjunto com os demais indicadores.

Nesse exemplo, podemos perceber que a empresa teve evolução nas


vendas, melhorou seu lucro, porém teve forte imobilização de ativos, o
que derrubou o índice de giro do ativo, e, como efeito cascata, afetou
a taxa do Retorno sobre o Ativo Líquido, o que representou em 2012
somente 68% do que representava em 2010.

Caro aluno, nesta unidade, você estudou dois indicadores importantes


que são utilizados em conjunto para elaborar um terceiro. Abordamos
o Giro do Ativo e a Margem Líquida; a multiplicação de um pelo
outro cria o terceiro índice abordado nesta unidade, que é o Retorno
sobre o Ativo Líquido. Aguardamos você na próxima unidade, em que
trataremos sobre o índice de rentabilidade do ativo. Até breve!

www.esab.edu.br 271
Rentabilidade do Ativo
45 (ROA ou ROI)
Objetivo
Compreender a elaboração do índice de Rentabilidade do Ativo
através das informações disponibilizadas no Balanço Patrimonial e na
Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Nas unidades anteriores, estudamos os indicadores de rentabilidade,


entre eles o giro do ativo e a margem líquida. Nesta unidade, com o
apoio teórico dos trabalhos de Gitman e Madura (2003), Matarazzo
(2010) e Padoveze (2010), iremos aprofundar o conhecimento sobre o
indicador que apresenta o desempenho do ativo (balanço patrimonial)
com base no lucro líquido (demonstração do resultado do exercício).

Gitman e Madura (2003) tratam o índice de rentabilidade do ativo


com a nomenclatura de Retorno sobre o Ativo Total (ROA – Return
On Total Assets), que é utilizado para medir a eficiência geral da
administração em gerar lucros com seus ativos disponíveis. O ROA,
segundo Gitman e Madura (2003), também é chamado de Retorno
sobre o Investimento (ROI – Return On Investiment), e, do mesmo
modo que o ROA, mede a eficiência geral da administração em gerar
lucros com seus ativos disponíveis.

De acordo com Padoveze (2010), o ROI é um índice que evidencia


quanto uma empresa obteve de Lucro Líquido em relação ao seu ativo,
que é uma medida do potencial, ou seja, da capacidade de geração
de lucro da parte da empresa. Além disso, o ROA é uma medida de
desempenho da empresa que pode ser comparada ano a ano.

www.esab.edu.br 272
Quanto maior for o retorno sobre o ativo total da empresa, melhor. O
ROA é um indicador muito útil para o acompanhamento da evolução
da empresa ao longo do tempo. A porcentagem resultante mostra a
eficiência da aplicação dos ativos e quanto lucro eles estão gerando – e
quanto for maior a porcentagem, melhor.

O retorno sobre o ativo total, segundo Padoveze (2010), é calculado por


meio da fórmula expressa no Quadro 70.

Quociente Fórmula

Retorno sobre o ativo total = ROA

Quadro 70 – Retorno sobre o ativo total – ROA.


Fonte: Adaptado de Padoveze (2010).

Para facilitar seu entendimento, vamos buscar as informações no Balanço


Patrimonial e na DRE e calcular o retorno sobre o ativo total.

www.esab.edu.br 273
Tabela 7 – Balanço Patrimonial (BP)
BALANÇO PATRIMONIAL, EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo 2008 2009 2010 2011 2012
Ativo Circulante 1.732.270 2.036.783 4.648.526 4.189.726 2.553.380
Caixa e Equivalentes de
494.900 640.472 1.278.778 1.516.207 1.191.362
Caixa
Contas a Receber 636.061 689.299 1.756.143 1.145.819 390.673
Estoques 487.591 573.304 1.308.444 1.246.763 879.074
Tributos a recuperar 112.739 132.557 302.534 269.362 79.074
Outros Ativos
979 1.151 2.627 11.575 12.424
Circulantes
Ativo Não Circulante 3.244.809 3.815.210 8.707.409 7.313.835 6.228.961
Realizável a Longo
521.754 613.473 1.400.122 1.209.542 1.054.639
Prazo
Investimentos 1.234.796 1.451.859 3.313.561 2.800.352 2.776.721
Imobilizado 1.488.259 1.749.878 3.993.726 3.303.941 2.397.601
TOTAL ATIVO 4.977.079 5.851.993 13.355.935 11.503.561 8.782.341
Passivo 2008 2009 2010 2011 2012
Passivo Circulante 1.730.867 2.035.134 4.644.762 3.289.939 3.104.959
Obrigações Sociais e
80.033 94.102 214.769 193.564 136.387
Trabalhistas
Fornecedores 687.940 808.872 1.846.079 1.645.203 1.150.582
Obrigações Fiscais 44.594 52.433 119.667 44.990 41.840
Empréstimos e
641.743 754.554 1.722.109 987.434 584.835
Financiamentos
Outras Obrigações 274.582 322.851 736.839 410.312 1.181.196
Provisões 1.975 2.322 5.299 8.436 10.119
Passivo Não Circulante (ELP) 1.854.816 2.348.631 6.690.971 5.028.250 1.827.379
  Patrimônio Líquido 1.391.396 1.468.228 2.020.202 3.185.372 3.850.003
TOTAL PASSIVO 4.977.079 5.851.993 13.355.935 11.503.561 8.782.341

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 274
Tabela 8 – Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO,
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
2008 2009 2010 2011 2012
Receita Líquida de
8.047.821 10.974.302 16.975.538 16.406.279 19.390.131
Vendas
(-) Custo Mercadoria
-6.077.780 -8.287.882 -12.820.063 -12.166.258 -14.314.284
Vendida
(=) Resultado Bruto 1.970.041 2.686.420 4.155.475 4.240.021 5.075.847
(-) Despesas
-1.509.151 -2.240.066 -3.286.222 -3.452..398 -3.968.691
Operacionais
Despesas com vendas -1.081.597 -1.638.784 -2.376.510 -2.351.529 -2.847.910
Despesas gerais e
-253.525 -345.715 -486.152 -597.345 -655.260
administrativas
Outras despesas
-174.029 -255.567 -423.560 -503.524 -465.521
operacionais
(=) Resultado antes
460.890 446.354 869.253 787.623 1.107.156
Resultado Financeiro
(+/-) Resultado
-141.363 -200.800 -310.606 -437.276 -464.002
financeiro líquido
(=) Resultado antes
319.527 245.554 558.647 350.347 643.154
impostos
(-) IR/CSLL -17.863 -24.358 -37.678 -78.665 -187.735
(=) Resultado do exercício 301.664 221.196 520.969 271.682 455.419

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

Exemplo:

ROA2008 = Lucro líquido / Ativo × 100


ROA2008 = (301.664 / 4.977.079) × 100
ROA2008 = 6,06%

www.esab.edu.br 275
Utilizando a mesma fórmula para todos os exercícios, podemos elaborar
o Quadro 71.

  2008 2009 2010 2011 2012


ROA 6,06% 3,78% 3,90% 2,36% 5,19%

Quadro 71– Retorno sobre o ativo total – ROA.


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Com os resultados apurados, podemos elaborar um gráfico para


visualizar o comportamento do índice durante os exercícios analisados.
Veja a Figura 26 e acompanhe a análise.

ROA
7,00%
6,00%
5,00%
4,00%
3,00%
2,00%
2008 2009 2010 2011 2012
Figura 26 – Gráfico do comportamento do Retorno sobre o Ativo Total (ROA).
Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

De 2008 a 2011, a empresa analisada apresentou uma queda constante


no ROA e chegou a pouco mais de 2% em 2011, o que é considerado
um retorno muito baixo se comparado com a caderneta de poupança,
cujo rendimento é maior que 6% ao ano. Em 2012, a empresa começou
um processo de recuperação, o que poderá ser confirmado quando as
informações de 2013 estiverem disponíveis.

O retorno sobre o ativo total é um dos indicadores mais enfatizados


para a análise da rentabilidade de investimentos. Padoveze (2010) afirma
que, em função do ativo total normalmente não ser financiado de
modo completo por capital próprio, essa rentabilidade tem sua análise
prejudicada se feita de forma direta como fizemos.

www.esab.edu.br 276
Como exemplo disso, Padoveze (2010) cita que, no Brasil, os juros
pagos aos credores de empréstimos e financiamentos são considerados
como despesa, e não como remuneração de cedentes de capital. Por esse
motivo, o lucro sobre o ativo total perde um pouco o significado de ser
analisado de forma simplista.

Segundo Matarazzo (2010), esse índice indica quanto a empresa obtém


de lucro para cada $ 100,00 de investimento total. Em última análise,
quanto maior melhor.

Estamos finalizando mais uma unidade. Vimos que o ROA é um


indicador que permite acompanhar o desempenho da gestão de uma
entidade a partir da avaliação do retorno obtido sobre os ativos.

Na próxima unidade, continuaremos o assunto sobre rentabilidade,


apresentando o índice de Rentabilidade do Patrimônio Líquido (ROE).
Aguardamos você.

www.esab.edu.br 277
Rentabilidade do Patrimônio
46 Líquido (ROE)
Objetivo
Compreender a elaboração do índice de Rentabilidade do Patrimônio
Líquido através das informações disponibilizadas no Balanço
Patrimonial e na Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).

Na unidade anterior, você estudou o Retorno sobre o Ativo Total (ROA),


cuja função é avaliar o rendimento (lucro líquido) sobre o ativo. Nesta
unidade, veremos outro indicador analisado em conjunto com o ROA:
o índice de rentabilidade do patrimônio líquido – denominado ROE
(Return On Common Equity) – , que objetiva medir o retorno do
capital investido no empreendimento. Usaremos como base teórica para
esta unidade o trabalho de Matarazzo (2010).

Para avaliar o retorno do capital próprio investido pelos colaboradores


de uma empresa, utiliza-se o indicador financeiro denominado ROE. O
papel desse índice é demonstrar qual é o rendimento proporcionado aos
societários e proprietários de uma empresa que investiram capital social
nela. Matarazzo (2010) afirma que essa taxa pode ser comparada com a
de outros rendimentos alternativos no mercado para poder avaliar se a
empresa oferece rentabilidade superior ou inferior às opções disponíveis.

O índice de rentabilidade do patrimônio líquido, segundo Matarazzo


(2010), é calculado por meio da seguinte fórmula:

Quociente Fórmula

Rentabilidade do Patrimônio Líquido = ROE

Quadro 72 – Retorno sobre o Ativo Total (ROA).


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

www.esab.edu.br 278
Segundo Matarazzo (2010), esse índice indica quanto a empresa obteve
de lucro para cada $ 1,00 de Capital Próprio investido. Em última
análise, quanto maior melhor.

O ROE indica o quanto a empresa obteve de lucro para cada $ 100 de


Capital Próprio investido. A partir desse indicador, o analista poderá
identificar a rentabilidade da empresa levando em consideração o lucro
líquido em relação a certa quantidade de capital próprio investido. É
importante observar que o cálculo da Rentabilidade do Patrimônio
Líquido permite saber quanto a administração, através do uso dos ativos,
obteve de rendimento com a respectiva estrutura de despesas financeiras,
considerando-se o nível de relacionamento percentual entre o capital
próprio e o de terceiros. Em última instância, evidencia qual a taxa de
rendimento do Capital Próprio.

Para Matarazzo (2010), o papel do índice de Rentabilidade do


Patrimônio Líquido é mostrar qual a taxa de rendimento do capital
próprio. Essa taxa pode ser comparada com a de outros rendimentos
alternativos no mercado, como caderneta de poupança, CDBs, letras
de câmbio, ações, aluguéis, fundos de investimentos etc. Com isso,
podemos avaliar se a empresa oferece rentabilidade superior ou inferior a
essas opções.

Vamos ver na prática? Acompanhe as demonstrações financeiras das


Tabelas 9 e 10 a seguir.

www.esab.edu.br 279
Tabela 9 – Balanço Patrimonial (BP)
BALANÇO PATRIMONIAL, EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
Ativo 2008 2009 2010 2011 2012
Ativo Circulante 1.732.270 2.036.783 4.648.526 4.189.726 2.553.380.
Caixa e Equivalentes
494.900 640.472 1.278.778 1.516.207 1.191.362
de Caixa
Contas a Receber 636.061 689.299 1.756.143 1.145.819 390.673
Estoques 487.591 573.304 1.308.444 1.246.763 879.074
Tributos a recuperar 112.739 132.557 302.534 269.362 79.847
Outros Ativos
979 1.151 2.627 11.575 12.424
Circulantes
Ativo Não Circulante 3.244.809 3.815.210 8.707.409 7.313.835 6.228.961
Realizável a Longo
521.754 613.473 1.400.122 1.209.542 1.054.639
Prazo
Investimentos 1.234.796 1.451.859 3.313.561 2.800.352 2.776.721
Imobilizado 1.488.259 1.749.878 3.993.726 3.303.941 2.397.601
TOTAL ATIVO 4.977.079 5.851.993 13.355.935 11.503.561 8.782.341
Passivo 2008 2009 2010 2011 2012
Passivo Circulante 1.730.867 2.035.134 4.644.762 3.289.939 3.104.959
Obrigações Sociais e
80.033 94.102 214.769 193.564 136.387
Trabalhistas
Fornecedores 687.940 808.872 1.846.079 1.645.203 1.150.582
Obrigações Fiscais 44.594 52.433 119.667 44.990 41.840
Empréstimos e
641.743 754.554 1.722.109 987.434 584.835
Financiamentos
Outras Obrigações 274.582 322.851 736.839 410.312 1.181.196
Provisões 1.975 2.322 5.299 8.436 10.119
Passivo Não Circulante (ELP) 1.854.816 2.348.631 6.690.971 5.028.250 1.827.379
  Patrimônio Líquido 1.391.396 1.468.228 2.020.202 3.185.372 3.850.003
TOTAL PASSIVO 4.977.079 5.851.993 13.355.935 11.503.561 8.782.341

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

www.esab.edu.br 280
Tabela 10 – Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO,
EXERCÍCIOS FINDOS EM 31 DE DEZEMBRO
2008 2009 2010 2011 2012
Receita Líquida de
8.047.821 10.974.302 16.975.538 16.406.279 19.390.131
Vendas
(-) Custo Mercadoria
-6.077.780 -8.287.882 -12.820.063 -12.166.258 -14.314.284
Vendida
(=) Resultado Bruto 1.970.041 2.686.420 4.155.475 4.240.021 5.075.847
(-) Despesas
-1.509.151 -2.240.066 -3.286.222 -3.452..398 -3.968.691
Operacionais
Despesas com vendas -1.081.597 -1.638.784 -2.376.510 -2.351.529 -2.847.910
Despesas gerais e
-253.525 -345.715 -486.152 -597.345 -655.260
administrativas
Outras despesas
-174.029 -255.567 -423.560 -503.524 -465.521
operacionais
(=) Resultado antes
460.890 446.354 869.253 787.623 1.107.156
Resultado Financeiro
(+/-) Resultado
-141.363 -200.800 -310.606 -437.276 -464.002
financeiro líquido
(=) Resultado antes
319.527 245.554 558.647 350.347 643.154
impostos
(-) IR/CSLL -17.863 -24.358 -37.678 -78.665 -187.735
(=) Resultado do exercício 301.664 221.196 520.969 271.682 455.419

Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

Exemplo:

ROE2008 = Lucro líquido / Patrimônio Líquido × 100


ROE2008 = (301.664/1.391.396) × 100
ROE2008 = 21,68%

Com a fórmula utilizada para calcular o ROE, podemos efetuar o cálculo


para cada um dos exercícios apresentados, montando o Quadro 73:

www.esab.edu.br 281
  2008 2009 2010 2011 2012
ROE 21,68% 15,07% 25,79% 8,53% 11,83%

Quadro 73 – Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE).


Fonte: Elaborado pelo autor (2013).

Veja que o ROE apresentado pela empresa é razoável, oscilando entre


ótimo (próximo de 26%) a fraco (pouco mais de 8%). Pode-se dizer
que a remuneração do capital próprio dessa empresa é melhor que a
remuneração ofertada pela caderneta de poupança (>6%). Assim, o
investidor passa a se interessar, havendo a possibilidade de investir parte
de seu capital nessa empresa.

Com os dados do Quadro 73, podemos elaborar um gráfico para


visualizar a evolução do ROE no decorrer dos anos. Observe a Figura 27.

ROE
28,00%
23,00%
18,00%
13,00%
8,00%
2008 2009 2010 2011 2012

Figura 27 – Gráfico da evolução do Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE).


Fonte: Elaborada pelo autor (2013).

O que chama a atenção nessa empresa em particular é a oscilação no


ROE, considerada grande. Um analista de demonstrações contábeis
solicitaria maiores informações à empresa para identificar os motivos que
levaram às variações na ROE no período analisado. Uma das explicações
é o baixo resultado apresentado em 2011, com as vendas praticamente
idênticas a 2010, porém com despesas mais elevadas.

www.esab.edu.br 282
Estudo complementar
Caro estudante, leia o artigo “Relação dos modelos
DuPont com o retorno das ações no mercado
brasileiro”, sobre o comportamento do ROA e do
ROE nas empresas brasileiras listadas na Bolsa de
Valores. Acesse o link e veja na íntegra o texto.
Não se preocupe em entender todos os detalhes
desse artigo, o objetivo é que você entre
em contato e se familiarize com o conteúdo
apresentado.

Caro estudante, nesta unidade, você conheceu o índice que mede o


desempenho do patrimônio líquido, conhecido como ROE (Return On
Common Equity). Aguardamos você na próxima unidade para apresentar
o conceito de alavancagem financeira. Até lá!

www.esab.edu.br 283
47 Alavancagem financeira
Objetivo
Identificar como é elaborado o grau de alavancagem financeira de
uma organização.

Estamos iniciando a última unidade com conteúdo teórico em nossa


disciplina, na qual você irá estudar sobre alavancagem financeira. Para
isso, vamos utilizar os trabalhos de Matarazzo (2010) e Gitman e Madura
(2003). Nas unidades anteriores, foram vistos os índices de rentabilidade,
entre eles o ROA (Rentabilidade do Ativo) e o ROE (Rentabilidade do
Patrimônio Líquido).

Padoveze (2010, p. 230, grifo nosso) explica que “[...] o termo


alavancagem financeira designa o uso de capital de terceiros
(empréstimos, financiamentos) como elemento financiador dos
investimentos (ativo operacional)”. Ainda segundo esse autor, a
alavancagem financeira se explicita de duas maneiras:

• com o aumento do volume das vendas, refletindo na margem de


contribuição, mantendo os custos fixos dos empréstimos;
• com o custo de capital de terceiros inferior à rentabilidade
operacional, melhorando a rentabilidade aos acionistas (remunerar o
capital próprio).

Matarazzo (2010, p. 320) define que “[...] alavancagem financeira é


o efeito da estrutura de financiamento no lucro dos acionistas”. Por
sua vez, Gitman e Madura (2003) destacam que quanto maior for a
utilização de capitais de terceiros na estrutura de origens de recursos
de uma empresa, maior será sua alavancagem financeira. Dessa forma,
podemos dizer que a empresa que não utilizar capital de terceiros
remunerados (pagamento de juros, como em empréstimos bancários)
não tem alavancagem financeira. Ou seja, a alavancagem financeira
analisa o comportamento dos empréstimos tomados de terceiros e se eles

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influenciam no lucro (margem sobre o patrimônio líquido). Ela pode ser
classificada em:

• alavancagem financeira NULA: O GAF é igual a 1,00;


• alavancagem financeira FAVORÁVEL: O GAF é superior a 1,00;
• alavancagem financeira DESFAVORÁVEL: O GAF é inferior a 1,00.
Matarazzo (2010) utiliza a seguinte fórmula para calcular o Grau de
Alavancagem Financeira (GAF) de uma empresa:

Em que:

• GAF: Grau de Alavancagem Financeira


• RsPL: Retorno sobre Patrimônio Líquido
• RsA: Retorno sobre o Ativo

O Retorno sobre o Ativo (RsA) considera o lucro líquido antes das


despesas financeiras, diferentemente do Retorno sobre o Patrimônio
Líquido (RsPL), que considera o lucro líquido do exercício
(MATARAZZO, 2010).

Acompanhe o raciocínio do cálculo da GAF conforme os demonstrativos


financeiros apresentados na Tabela 11.

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Tabela 11 – Balanço Patrimonial (BP) e Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
Balanço Patrimonial 2011 2012
ATIVO TOTAL 1.000 1.220
 
Empréstimos bancários 400 400
Patrimônio Líquido 600 820
PASSIVO TOTAL 1.000 1.220
Demonstração Resultado Exercício 2012
Vendas Líquidas 2.500
CMV -1.500
Lucro Bruto 1.000
Despesas Operacionais (menos financeiras)  -200
Lucro antes despesas financeiras 800
Despesas financeiras -80
Lucro líquido 720

Fonte: Adaptada de Matarazzo (2010).

Vamos calcular o GAF da empresa para o ano de 2012.

Primeiramente, vamos apurar o Resultado sobre o Ativo:

• RsA: Lucro antes das despesas financeiras / ativo total x 100


• RsA: 800 / 1000 x 100
• RsA: 80%
Agora vamos apurar o Resultado sobre o Patrimônio Líquido para o ano
2012:

• RsPL: Lucro líquido / Patrimônio Líquido x 100


• RsPL: 720 / 600 x 100
• RsPL: 120%
Veja que a remuneração do capital próprio (RsPL) é maior que a
remuneração do ativo total (RsA).

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Agora vamos proceder com o cálculo do GAF para 2012:

• GAF: RsPL / RsA


• GAF: 120% / 80%
• GAF: 1,5
Considerando que o GAF apurado é maior que 1, pode-se afirmar que
a alavancagem financeira da empresa analisada é FAVORÁVEL, ou seja,
ela aproveita o capital de terceiros para remunerar melhor o seu capital
próprio. Vamos analisar um pouco mais essa informação?

O Custo da Dívida (CD) é o valor que a empresa desembolsou a título


de juros sobre os empréstimos para financiar suas operações. Analisando
a empresa da Tabela 11, ela pagou $ 80 de despesa financeira (CD) no
exercício.

Se calcularmos quanto representa esse valor, chegaremos ao Custo da


Dívida:

• CD: despesa financeira / empréstimos bancários × 100


• CD: $ 80 / $ 400 × 100
• CD: 20%
Compare o resultado do CD com o resultado do RsPL. Veja que o
retorno sobre o patrimônio líquido remunera em 120% o capital
próprio, enquanto os capitais de terceiros (empréstimos bancários) estão
sendo remunerados em “apenas” 20%. A alavancagem financeira para
essa empresa é extremamente favorável, pois os sócios/acionistas são
beneficiados com uma boa rentabilidade.

Matarazzo (2010, p. 320) afirma que a “[...] alavancagem financeira é


o efeito da estrutura de financiamento no lucro dos acionistas”. Vamos
acompanhar o esquema do Quadro 74.

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Taxa de Endividamento traz
Custo da Diz-se que a Alavancagem é
Retorno do Versus benefício?
Dívida
Ativo Sim Não Favorável Desfavorável
RsA > CD X X
RsA < CD X X
RsA = CD Neutro Neutra

Quadro 74 – Esquema Alavancagem Financeira.


Fonte: Adaptado de Matarazzo (2010).

Em síntese, o Quadro 74 reforça o que foi apresentando anteriormente,


caso o retorno sobre o ativo seja maior que o custo da dívida, a
alavancagem financeira é favorável para a empresa, da mesma forma que
se o retorno for menor, a alavancagem será desfavorável.

A dosagem entre os capitais de terceiros e os capitais próprios é o que


influenciará no retorno ao acionista.

Podemos concluir que uma empresa não gera lucro somente com sua
atividade-fim, mas também pode gerar lucros por meio de uma boa
gestão financeira, a partir de informações úteis fornecidas pelo sistema
de contabilidade gerencial, devidamente configurado para atender aos
interesses dos administradores.

Estudo complementar
Caro estudante, faça a leitura desta apresentação
que aborda o início da fase moderna dos estudos
de alavancagem financeira, e posiciona o Brasil
neste contexto. Clique aqui para acessar o artigo e
boa leitura!

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Na próxima, e última, unidade faremos exercícios comentados e
resolvidos para fixar o conhecimento. Até mais!

Tarefa dissertativa
Caro estudante, convidamos você a acessar o
Ambiente Virtual de Aprendizagem e realizar a
tarefa dissertativa.

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48 Exercícios resolvidos

Objetivo
Exercícios comentados sobre as unidades 42 a 47.

Olá, estudante. Chegamos à última unidade da disciplina Contabilidade


Gerencial, na qual você poderá fixar o conhecimento sobre as últimas
unidades trabalhadas por meio de exercícios resolvidos. Para isso,
utilizaremos o trabalho de Padoveze (2010). Mãos à obra!

Exercício 1

A análise da rentabilidade de um período envolve dois aspectos


principais. Quais são eles? Comente a relação entre eles e o que deve ser
enfatizado para um aumento de rentabilidade (PADOVEZE, 2010).

Resposta:

A análise da rentabilidade envolve o giro e a margem. A margem é


quanto a empresa ganha em cada unidade vendida; o giro, quanto a
empresa consegue vender com os ativos (produtividade dos ativos ou do
investimento). Quanto maior o giro, menor a margem necessária para
recuperar o investimento. Deve-se buscar a maior margem e o maior
giro, e, consequentemente, a maior rentabilidade.

Exercício 2

O que se objetiva medir com os Indicadores de Liquidez (Solvência) e de


Endividamento (PADOVEZE, 2010)?

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Resposta:

Com a liquidez, objetiva-se verificar a capacidade de saldar as dívidas. Com


o endividamento, objetiva-se avaliar a estrutura de capital, a maior ou
menor participação de capitais de terceiros nas fontes de recursos.

Exercício 3

Calcule os seguintes índices com os demonstrativos a seguir, indicando,


em sua opinião, se são bons ou não (PADOVEZE, 2010).

a. Liquidez corrente
b. Endividamento
c. Giro do ativo
d. Rentabilidade do ativo
e. Rentabilidade do PL

Tabela 12 – Balanço Patrimonial


Ativo Circulante R$ 42.000 Passivo Circulante R$ 28.000
Ativo Não Circulante R$ 58.000 Exigível a Longo Prazo R$ 12.000
    Patrimônio Líquido R$ 60.000
Total Ativo R$ 100.000 Total Passivo R$ 100.000
Demonstração Resultado Exercício
Vendas R$ 120.000
(-) Custos e Despesas -R$ 111.000
Lucro Líquido R$ 9.000

Fonte: Adaptada de Padoveze (2010).

www.esab.edu.br 291
Resposta:

a. Liquidez corrente
= ativo circulante / passivo circulante
= $ 42.000 / $ 28.000
= 1,5 – bom

Para cada $ 1,00 de dívida de curto prazo, a empresa possui $ 1,5 em


ativo de curto prazo.

b. Endividamento
= capital de terceiros (passivo circulante e exigível longo prazo) / capital próprio
(patrimônio líquido)
= ($ 28.000 + $ 12.000) / $ 60.000
= 0,67 – bom

Para cada $ 1,00 de capital próprio, a empresa tem $ 0,67 de capital de


terceiros financiando sua operação.

c. Giro do ativo
= vendas / total ativo
= $ 120.000 / $ 100.000
= 1,2 – segundo o autor, se for indústria é razoável, se for comércio ou
serviços é considerado fraco.

Quanto faturou no período para cada $ 1,00 de ativo total.

d. Rentabilidade do ativo
= lucro líquido / ativo total x 100
= $ 9.000 / $ 100.000
=0,09 x 100
= 9,00% - razoável

Apresenta quanto cada $ 1,00 de ativo total teve de lucro no exercício,


no caso $ 0,09.

www.esab.edu.br 292
e. Rentabilidade do PL
= lucro líquido / patrimônio líquido x 100
= $ 9.000 / $ 60.000
= 0,15 x 100
= 15,00% - boa

Apresenta quanto cada $ 1,00 de patrimônio líquido teve de lucro no


exercício, no caso $ 0,15.

Exercício 4

Considere os seguintes dados de uma empresa (PADOVEZE, 2010):

• um ativo total de $ 200.000;


• um giro do ativo de 1,25;
• custos e despesas totais do período de $ 245.000;
• um ativo não circulante de 85% do ativo total;
• um exigível a longo prazo de $ 10.000 (não tem realizável a longo
prazo);
• um capital próprio representando 60% do ativo.

Pede-se:

a. Calcule o índice de liquidez corrente.


b. Calcule e analise a rentabilidade.

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Resposta:

Tabela 13 – Balanço Patrimonial


Vendas = Giro x Ativo 1,25 x 200.000 = 250.000
(-) Custos e Despesas -245.000
(=) Lucro = 5.000

Ativo Não Circulante 85% x 200.000 = 170.000


Patrimônio Líquido - Capital Próprio 60% x 200.000 = 120.000

Ativo Total 200.000


(-) Realizável a longo prazo 0
(-) Ativo Não Circulante -170.000
(=) Ativo Circulante = 30.000

Passivo Total 200.000


(-) Exigível a longo prazo -10.000
(-) Patrimônio Líquido -120.000
(=) Passivo Circulante = 70.000

LIQUIDEZ CORRENTE 0,43 = 30.000 / 70.000


Considerada ruim

RENTABILIDADE DO PL 4,17% = 5.000 / 120.000


Considerada fraca

Fonte: Adaptada de Padoveze (2010).

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Exercício 5

Considere que (PADOVEZE, 2010):

• uma empresa vendeu $ 120.000 em um período (Receita


Operacional Líquida) e obteve um lucro de $ 11.000;
• essa empresa tem um giro do ativo de 1,25;
• a participação do capital próprio no ativo total é igual a 60%;
• o restante do passivo está dividido em 70% de circulante e 30% de
Exigível a longo prazo;
• essa empresa tem um Índice de Liquidez Corrente (ILC) de 1,5.

Pede-se:

a. Qual o valor de seu ativo não circulante.


b. Calcular e analisar a rentabilidade.

Resposta:

Tabela 14 – Balanço Patrimonial


Ativo = Vendas / Giro 120.000 / 1,25 = 96.000
(-) Custos e Despesas -85.000
(=) Lucro = 11.000

Patrimônio Líquido - Capital Próprio 60% x 96.000 = 57.600


Restante do Passivo 96.000 - 57.600 = 38.400
Passivo Circulante 70% x 38.400 = 26.880
Exigível a Longo Prazo 30% x 38.400 = 11.520
Ativo Circulante = LC x PC 1,50 x 26.880 = 40.320
ATIVO NÃO CIRCULANTE 96.000 - 40.320 = 55.680

RENTABILIDADE DO PL 11.000 / 57.600 = 19,10%


Considerada ótima

Fonte: Adaptada de Padoveze (2010).

www.esab.edu.br 295
Portanto, o valor do ativo não circulante é de $ 40.320 e a rentabilidade
é de 19,10%, considerada ótima.

Nesta última unidade resolvemos exercícios sobre rentabilidade do ativo e


do patrimônio líquido, além dos índices de liquidez e de giro, e podemos
perceber a importância dessas análises para o correto julgamento da
gestão da entidade.

Finalizamos o caderno de estudos da nossa disciplina, momento no


qual podemos parar por alguns instantes e refletir sobre o crescimento
intelectual ocorrido no decorrer do semestre, em que você teve a
oportunidade de conhecer a Contabilidade Gerencial e sua atuação na
gestão dos negócios. Como futuro administrador, desejamos a você que
sempre paute suas decisões com zelo, prudência e, acima de tudo, que
elas sejam apoiadas em informações precisas e confiáveis, extraídas de um
sólido sistema de informações.

Caro aluno, ao encerrar a disciplina Contabilidade Gerencial, queremos


externar nossa satisfação em tê-lo conosco nesta jornada. Desejamos
sucesso em sua trajetória!

Atividade
Chegou a hora de você testar seus conhecimentos
em relação às unidades 37 a 48. Para isso, dirija-
se ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
responda às questões. Além de revisar o conteúdo,
você estará se preparando para a prova. Bom
trabalho!

www.esab.edu.br 296
Resumo

Na unidade 43, tivemos a oportunidade de avaliar os resultados de


rentabilidade alçados por uma organização por meio de informações
extraídas das demonstrações financeiras. Na unidade 44, vimos como
calcular o Giro do Ativo e a Margem Líquida elaborando a taxa de
Retorno sobre o Ativo Líquido, conforme modelo apresentado por
Matarazzo (2010).

Na unidade 45, você estudou o Return On Assets (ROA), que é o índice


de rentabilidade do ativo, cruzando informações do Balanço Patrimonial
com a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e, na sequência,
na unidade 46, o Return On Comon Equity (ROE), que é o índice de
rentabilidade do patrimônio líquido.

Encerrando, na unidade 47 identificamos como é elaborado o grau de


alavancagem financeira de uma organização; e para fixar todos esses
assuntos, na unidade 48 vimos exercícios resolvidos.

Desejamos sucesso e uma excelente caminhada!

www.esab.edu.br 297
Glossário

Acuradas
Feitas com cuidado, esmeradas. R

Ágio
É a diferença positiva entre o valor contábil de uma empresa e o valor
efetivamente pago por ela; é um prêmio pago para quem vende; o valor
pago é maior que o valor contábil. R

Analogia
Os conceitos de associação, comparação, correspondência, metáfora,
semelhança e similitude estão relacionados à analogia. R

ANEEL
Agência Nacional de Energia Elétrica, responsável pela regulação do
mercado de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Tem
legislação específica, a qual as empresas atuantes no setor são obrigadas a
seguir. R

Apreciação
Do verbo apreciar; analisar, contemplar, refletir, julgar, avaliar. R

Ativo Cíclico
São as contas do Ativo Circulante que registram as movimentações
operacionais da empresa, tais como estoques e clientes a receber. R

www.esab.edu.br 298
Auferindo
Do verbo auferir, que significa: colher, obter, ter, receber ou oferecer
vantagem, auferir vantagens; auferir lucros de um empréstimo. R

Benchmarking
É um processo contínuo de comparação de produtos, serviços e práticas
empresariais entre os mais fortes concorrentes ou empresas reconhecidas
como líderes. R

Capital de giro
É o capital disponível em caixa e em bancos necessário para manter a
operação normal da empresa. R

CDB
Certificado de Depósito Bancário. São títulos negociados pelos bancos
para captação de recursos. O investidor compra o CDB e recebe
remuneração sobre o capital. Pode ser negociado (comprado e vendido) a
qualquer instante. R

CFO (Chief Financial Officer)


Diretor financeiro. R

Concordata
É um ato jurídico em que é estendido o benefício legal à empresa para
que ela possa pagar suas dívidas de acordo com a sua capacidade sem
entrar em falência. R

Confisco
Retirar, apreender. R

Contas cíclicas
São aquelas contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante
relacionadas com o nível de atividade operacional da empresa. R

www.esab.edu.br 299
Contas erráticas
São aquelas contas do Ativo Circulante e do Passivo Circulante
relacionadas com a parte financeira, não estando ligadas à parte
operacional da empresa. R

Debêntures
É uma forma de captar recursos financeiros para financiar as operações
ou novos investimentos. Normalmente são títulos de longo prazo. Uma
das vantagens é que podem ser convertidas em ações da companhia ao
final do prazo, transformando o credor em acionista. R

Deságio
Diferença negativa entre o valor contábil de uma empresa e o valor pago
efetivamente por ela. Ou seja, é quando o valor da empresa negociada é
menor do que o seu valor contábil. R

Disparidade
Qualidade do que é díspar; diferença entre dois seres, duas coisas;
desigualdade; dessemelhança. R

Dividendos
É a parte do lucro destinado para pagamento aos sócios ou acionistas.
R

Duplicatas descontadas
É uma forma de captação de recursos financeiros de curto prazo. A
empresa antecipa os valores de suas vendas a prazo através da entrega dos
títulos que tem a receber de seus clientes para o seu banco, recebendo no
ato o valor líquido (subtraídos os juros cobrados). R

Emanados
Proveniente de; emitido por; originado por. R

www.esab.edu.br 300
Equivalente
É ficar no mesmo peso ou na mesma proporção. R

Estrutura organizacional
Apresenta a hierarquia dentro de uma empresa. R

Evidenciação
Colocar em evidência. Em contabilidade, significa divulgar com clareza.
R

IFRS
International Financial Reporting Standard. Traduzido para o português,
esse termo significa Padrões de Relatórios Financeiros Internacionais. É a
harmonização dos relatórios financeiro-contábeis em todo o mundo. O
Brasil iniciou a convergência em 2007. R

Imobilização
Dentro do contexto contábil, significa que novos investimentos estão
sendo feitos em máquinas, equipamentos, imóveis, planta fabril, entre
outros, aumentando o Ativo Imobilizado. R

Injúria
Fazer falsa acusação. R

Insolvência
Impossibilidade de pagar uma dívida. R

Método Dupont
É uma técnica de avaliação de empresas. Foi desenvolvida por Pierre
DuPont a partir de 1921 dentro das indústrias Dupont e General
Motors. R

www.esab.edu.br 301
Mix
Composição de diversos itens, como produtos (mix de produtos) ou
serviços (mix de serviços). R

Mix de produtos
É um conjunto de mercadorias ou produtos para venda. Também pode
ser mix de serviços. Quanto mais conhecimento sobre o seu público-alvo,
melhor poderá ser a oferta de diferentes produtos (mix de produtos),
gerando novos negócios. R

Obsoleto
Que é antigo, defasado, fora de uso, ultrapassado. R

Omitir
Deixar de fazer ou dizer; falhar em uma enumeração. Deixar de lado,
passar em silêncio. R

Oscilação
Do verbo oscilar, que significa: mover-se altamente em sentidos opostos.
Movimento de vaivém. Estado de incerteza. R

Overtrading

É o ato de fazer negócios superiores à capacidade de financiamento da


Necessidade de Capital de Giro, situação que pode levar a empresa à
falência (overtrade). R

Partes interessadas
Também conhecidas como stakeholders, compreendem todos os
envolvidos com uma empresa, como acionistas, gerentes, funcionários,
governo, fornecedores, credores em geral, bancos, sindicatos,
comunidade. R

www.esab.edu.br 302
Passivo Cíclico
São as contas do Passivo Circulante que registram as movimentações
operacionais da empresa, tais como fornecedores a pagar, salários a pagar,
entre outras. R

Pessoa física
É a pessoa que o estado garante direitos e institui obrigações. É a pessoa
natural, ou seja, todo homem ou mulher, desde o nascimento até a
morte. R

Preditivo
Capacidade de predizer com base em informações passadas. R

Predizer
Dizer antecipadamente o que vai acontecer, seja por meio de regras
certas, seja por pretensa adivinhação, seja por conjectura. R

Simplista
Uso de meios ou processos demasiadamente simples. R

Sócios minoritários
São aqueles sócios que detêm uma participação (menor) na sociedade,
que não lhes dá poderes de decisão. É o contrário de sócio majoritário,
que detém uma participação (maioria das ações ou quotas) na sociedade,
que lhe dá poderes de decisão. R

Stakeholders
Partes interessadas. R

Subsidia
Do verbo subsidiar – ajudar, apoiar, incentivar, patrocinar. R

www.esab.edu.br 303
Tabulação
Do verbo tabular – organizar dados. R

Tempestividade
Está associada ao tempo, ou seja, ocorre dentro do prazo, no momento
certo. Por exemplo, se a informação não for tempestiva, não terá
utilidade, visto que foi fornecida fora do prazo desejado. R

Tendência
Inclinação, vocação, propensão; aproximar-se. R

www.esab.edu.br 304
Referências

ATKINSON, A. A. et al. Contabilidade gerencial. São Paulo: Atlas, 2010.

GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem


gerencial. São Paulo: Pearson, 2003

GITMAN, L. J.; MADURA, J. Administração financeira: uma abordagem


gerencial. São Paulo: Pearson, 2008.

HORNGREN, C. T.; DATAR, S. M.; FOSTER, G. Contabilidade de custos:


uma abordagem gerencial. 11. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2004. 2 v.

MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem básica e


gerencial. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

MÜLLER, A. N. Contabilidade básica: fundamentos essenciais. São Paulo:


Pearson Prentice Hall, 2009.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial: um enfoque em sistema de


informação contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

PADOVEZE, C. L. Contabilidade gerencial. Curitiba: IESDE Brasil, 2012.

SAPORITO, A. Análise referencial: proposta de um instrumento facilitador da


análise a longo prazo de demonstrações contábeis. 2005. 191 f. Tese (Doutorado
em Ciências Contábeis), USP, 2005. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/
teses/disponiveis/12/12136/tde-19062005-151909/pt-br.php>. Acesso em: 5
maio 2013.

www.esab.edu.br 305

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