Emergências e Desastres
Emergências e Desastres
Emergências e Desastres
ÀS EMERGÊNCIAS E DESASTRES
Psicologia
RESUMO
O presente artigo tem como intuito apresentar a atuação do psicólogo nas diferentes
fases do desastre, trazendo a trajetória da Psicologia das Emergências e Desastres em
seu contexto histórico até os tempos de hoje. O artigo aborda a contribuição da De-
fesa Civil à prática psicológica na área das emergências e desastre, que despertou o
interesse de muitos psicólogos em atribuir o seu trabalho em situações imprevisíveis.
Este trabalho objetiva-se refletir sobre a prática da psicologia no campo das emer-
gências e desastres. Para a construção teórica deste artigo foi realizada uma pesquisa
bibliográfica, acerca de outras pesquisas realizadas sobre este tema. A atuação do
psicólogo nas emergências e desastres apresenta-se um tema bastante pertinente a
ser discutido no momento, pois o número de eventos catastróficos vem aumentando
cada vez mais, não só no Brasil, mas no mundo inteiro. Todavia, esse estudo possibi-
litou uma maior reflexão da importância da inserção dos psicólogos nessas situações
e de sua contribuição para a sociedade e mesmo com poucos estudos desenvolvidos
algumas instituições como o grupo Intervenções Psicológicas em Emergências (IPE)
e a Associação Brasileira de Psicologia de Emergências e Desastres (ABRAPED) estão
buscando o aperfeiçoamento e a capacitação desses profissionais para que possam
estar preparados para a sua atuação.
Palavras-chave
1 INTRODUÇÃO
Assim, Benevides (2015, p. 24) vem contribuir com seus estudos sobre a atuação
do psicólogo nessas situações, onde:
seus soldados para continuarem seus serviços, dando início aos estudos das patologias
apresentadas nessas situações, como o Transtorno de Estresse Pós-traumático que em
uma das citações acima o autor o enfatiza como um fenômeno que vinha sendo mani-
festado pelos soldados e que sofreu várias mudanças em sua nomenclatura.
Segundo Coêlho (2006, p. 61) “A perspectiva de análise da Psicologia nos anos
60 e 70 foi voltada para as reações individuais. Contemplava reações extremas, tanto
que se discute muito estresse pós-traumático e casos graves”. Como as respostas a
um desastre são bastante imprevisíveis, não se faz possível determinar um tempo
para que pessoas traumatizadas possam se recuperar. Existem vários elementos que
podem favorecer ou não a recuperação, como a presença de grupos de assistência
dentro e fora da população comprometida, o que reforça o valor do auxílio psicológi-
co exclusivamente voltado para estas necessidades (FRANCO, 2005).
aumentando suas atividades para auxiliar nos casos de emergências e desastres, e vários
órgãos estão direcionando a atenção para o tema, oferecendo congressos e seminários
com o desejo de unir profissionais com interesse em abordar e aprender sobre este tema.
Contudo a trajetória da Psicologia nas emergências e desastres no Brasil esteve
atrelada a busca por seu território, unindo-se a órgãos com o propósito de contribuir
com o seu trabalho, onde os seminários serviram como um instigador de mudanças
e possibilidades de seu serviço.
Desta forma o psicólogo vem contribuir, auxiliar e desenvolver meios para fortalecer
as comunidades para as situações adversas que exigem do ser humano mais daquilo que
o permita fazer, precisando então da ajuda não só dos Psicólogos e da Defesa civil, mais de
outros serviços que juntos possam reestabelecer a normalidade social (BRASIL, 2010).
O CFP proporcionou a elaboração de uma Rede Latino-Americana de Emer-
gências e Desastres, onde possibilitou reuniões na Argentina, no Chile, em Cuba e no
Brasil, propondo trabalhos referentes ao tema em vários eventos, congresso. Assim
vários Conselhos Regionais de Psicologia planejaram ou estiveram em ações que per-
mitiram um diálogo a respeito do tema ou elaboraram reportagens em jornais e sites,
como por exemplo, CRP-04, CRP07, CRP-12, CRP-16 e outros (CFP, 2011).
Esta ligação com a defesa civil colaborou para a construção da atuação do psi-
cólogo em situações de desastre, possibilitando caminhos para a prática não só no
pós-desastre como em seu histórico vem se falando, mas também antes e durante o
desastre. O Conselho Federal de Psicologia voltou seu olhar para essas possibilidades,
agregando o seu fazer à Defesa Civil, porém muita coisa ainda deve ser feita para que
esta área torne cada vez mais eficaz que faz pensar no que está sendo feito, pois, to-
das essas pesquisas e seminários têm por volta de 10 anos, e o que de inovador está
sendo feita para essa nova área.
5 A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
Nessa primeira etapa, Mattedi (2008) afirma que o trabalho da Psicologia neste
momento é de participar na construção de uma sociedade protegida e hábil para for-
mar apoio e enfrentar os desastres naturais. Assim, Ruiz (2003 apud ALVES; LACERDA;
LEGAL, 2012) salienta que o trabalho do psicólogo deve ser elaborado por meio de
um olhar sistemático, ou seja, o psicólogo deve avaliar a forma com que o sujeito re-
laciona com a família, com seus grupos sociais seja na escola ou vizinhança, como é
a realidade da comunidade em que esse sujeito está inserido e como é a cidade deste
sujeito, para que projetos sejam tomados onde possam abranger as dificuldades que
circunda a experiência de um desastre.
No pré-desastre as intervenções são direcionadas a prevenção e a minimiza-
ção dos prejuízos futuros (KOBIYAMA et al., 2004). Por meio da “educação preventiva,
treinamento realístico com exercício e prática, e/ou treinamento de inoculação de
necessidade da população atingida para que assim haja a elaboração dos planos de
intervenções psicológicas (SILVA, 2013).
Assim, Melle (2015, p. 57) vem citar um conjunto de seis intervenções:
8 ATUAÇÃO PÓS-DESASTRE
miciliar, sem locais específicos para o seu atendimento, sempre visando medidas que
possa assegurar a saúde do indivíduo a curto, médio e longo prazo, promovendo a
resiliência diante de novas situações que possa afetar a saúde mental deste indivíduo
(COSTA et al., 2015).
O psicólogo utilizará vários métodos e técnicas para ajudar a população em si-
tuação de crise, como entrevista, questionários, inventários e outros. Alguns métodos
de intervenção psicológica que ganha destaque nessas situações por sua eficácia são o
Debriefing e o Defusing (GUIMARÃES et al., 2007). Além dessas duas intervenções, tam-
bém pode ser utilizado o coping coletivo, que Suls e outros autores (1996 apud KRUM;
BANDEIRA, 2008) vem classificar como um quadro de estratégias aplicadas pelas pes-
soas para responderem as condições desastrosas e para que elas possam se adaptar.
O defusing é a intervenção utilizada depois do ocorrido em até 24 horas, de
forma breve, tem como intuito minimizar a gravidade de respostas sobre a situação
e analisa as necessidades para a continuação de tratamento. Normalmente depois
da primeira sessão de defusing segue a execução do debriefing. O debriefing é uma
entrevista mais profunda que tem como objetivo provocar o ajustamento de experi-
ências traumáticas pertencente ao evento, suscitando a melhora do sujeito, seu equi-
líbrio e seu desenvolvimento pessoal. Podendo ser aplicada em dias após o ocorrido
em médio e longo prazo, individual ou em grupo onde irá relatar tudo o que está
vivendo (GUIMARÃES et al., 2007).
Já o coping é considerado como esforços cognitivos e comportamentais con-
tínuos e inconstantes, empregados pelos indivíduos para responder as necessidades
internas ou externas inerentes, classificadas como estressores, ou seja, estímulos que
sobrecarregam seu equilíbrio pessoal (KRUM; BANDEIRA, 2008).
Folkman e outros autores (1986a apud KRUM; BANDEIRA, 2008) destaca que o
coping atua em duas funções, focado na emoção e focado no problema. Referente à
emoção, caracteriza-se por meios que possibilitem a regulação do estado emocional do
indivíduo que está associado ao estímulo estressor, voltado para o nível somático tem
como objetivo minimizar as sensações desagradáveis, por meio da minimização, atenção
seletiva, autocontrole, atribuição dos ganhos positivos diante dos aspectos negativos.
Em relação ao problema, as estratégias utilizadas visam atuar no episódio que
resultou no estresse, no propósito de modificá-lo, participando desde a construção
do que é o problema e a formação de possibilidades de soluções até a análise de
custo-benefício. Neste caso a atuação com as vítimas, será na reestruturação cogniti-
va como na mudança do nível de ansiedade, diminuição do envolvimento; ou com o
ambiente, na solução de conflitos interpessoais e na busca de recursos.
Assim, o psicólogo irá fazer uma avaliação diagnóstica das condições do ambien-
te para assim utilizar a técnica e a intervenção que melhor se adeque a situação que
as vítimas estão vivenciando, sempre visando à preservação do acompanhamento às
vítimas após o evento, prevenindo respostas intensas diante de um novo desastre.
As intervenções realizadas no pós-desastre têm por propósito analisar o so-
frimento psíquico e auxiliar as vítimas, minimizando os impactos provocados pelo
desastre, bem como a contribuir para atuações mais eficientes (ALVES; LACERDA;
9 METODOLOGIA
10 CONCLUSÃO
que estão vivendo, desenvolvendo cartilhas, jornais, panfletos para serem distribuídos
àqueles que foram vítimas dos desastres ou que estão em situações de risco, sempre
buscando a conscientização.
O trabalho desperta também outros questionamentos, onde podemos levan-
tar inúmeras hipóteses como: Só o psicólogo poderá fazer esse trabalho? Um terapeuta
ocupacional poderá utilizar dos meios utilizados por esse profissional da psicologia? Sabe-
mos que as técnicas evidenciadas no artigo podem ser utilizadas por qualquer profissional,
mas a forma com que o psicólogo irá trabalhar será única, porém ainda não temos proto-
colos regulamentados onde tragam técnicas específicas apenas do fazer do psicólogo.
Assim, devido ao pouco referencial teórico e ao pouco tempo de pesquisa onde
diante dos achados podemos perceber um longo tempo entre uma pesquisa e outra,
também entre os seminários e congressos realizados, a formação desses profissionais
ainda está sendo construída e que por meio de algumas instituições como o grupo
IPE e a ABRAPED, estão buscando, o aperfeiçoamento e a capacitação da prática des-
ses profissionais para que possam estar preparados para a sua atuação.
REFERÊNCIAS
ALVES, R.B.; LACERDA, M.C.; LEGAL, E.J. A atuação do psicólogo diante dos desastres
naturais: uma revisão. Psicologia em Estudo, v.17, n.2, p.307-315, 2012. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/pe/v17n2/v17n2a13.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2016.
COGO, A.S. et al. A psicologia diante de emergências e desastres. In: FRANCO, Maria
Helena Pereira (Org.). A intervenção psicológica em emergências: Fundamentos
para a prática. São Paulo: Summus, 2015. p.17- 60.
1 Psicóloga social e comunitária do Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS; Psicóloga
pelo Centro Universitário Tiradentes – UNIT/AL. E-mail: [email protected]
2 Especialista em Psicologia Hospitalar pelo Centro Universitário de Volta Redonda – UniFOA -RJ e em Gestão de
Empresas Faculdade Figueiredo Costa – FIC-Al; Professor do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes
– UNIT/AL; Membro do Concelho Regional de Psicologia (15º Região). E-mail: [email protected]