Projeto Político Pedagógico IFPE

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PROJETO

POLÍTICO PEDAGÓGICO
INSTITUCIONAL - PPPI

2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO

PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO


INSTITUCIONAL - PPPI

Recife, 2012
Presidente da República Federativa do Brasil
Dilma Rousseff
Ministro de Estado da Educação
Aloizio Mercadante
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica
Marco Antonio de Oliveira

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO


Reitora
Profª. Cláudia da Silva Santos

Chefe de Gabinete Direção-Geral dos Campi


Rineide Gonçalves de Andrade
Campus Afogados da Ingazeira
Pró-Reitoria de Ensino Prof. Marco Antônio Maciel
Profª. Edilene Rocha Guimarães
Campus Barreiros
Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação Prof. Jorge Nascimento de Carvalho
Profª. Anália Keila Rodrigues Ribeiro
Campus Belo Jardim
Pró-Reitoria de Extensão Prof. Geraldo Vieira da Costa
Profª. Cristiane Maria Pereira Conde
Campus Caruaru
Pró-Reitoria de Administração Sr. George Alberto Gaudêncio de Melo
Profª. Maria José Amaral Moraes
Campus Ipojuca
Pró-Reitoria de Desenvolvimento Prof. Enio Camilo de Lima
Institucional
Prof. Iran José Oliveira da Silva Campus Garanhuns
Prof. José Carlos de Sá Junior

Campus Pesqueira
Prof. Mário Antônio Alves Monteiro

Campus Recife
Prof. Valbérico Albuquerque Cardoso

Campus Vitória de Santo Antão


Prof. Sérgio Paulo D'Oleron Barreto
Comissão para Finalização do Documento referente
ao Projeto Político Pedagógico Institucional
Portaria nº 449/2010-GR

Reitoria
Emely Albuquerque de Souza (PRODEN)
Josenilde Bezerra Gaspar (PRODEN)
Roberto Oliveira Batista Júnior (PRODEN)

Campus Barreiros
Cristiane Maria Pereira Conde Campus Garanhuns
Fátima Cristina R. de F. Gonçalves Márcia Girlene e Silva
Fernanda Maria Lira de Menezes
Campus Ipojuca
Campus Belo Jardim Ulisses César Teixeira da Costa
Paulo Henrique Marques de Queiroz Maria Isailma Barros Pereira
Guedes
Rosa Maria Oliveira Teixeira de Campus Pesqueira
Vasconcelos Mário Antônio Alves Monteiro
Kelderlange Bezerra Alves
Campus Caruaru
Kalina Cúrie Tenório Fernandes Rêgo Campus Recife
Barros Hercilene da Siva Santos
Cíntia Valéria Batista Pereira Roseilda Santos Patriota Queiroz
Rodrigo Fernandez Pinto
Campus Vitória de Santo Antão
João Pereira da Silva Filho
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO.....................................................................................................07

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................08

2. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO.............................................................................11

2.1. CAMPUS RECIFE …..........................................................................................11

2.2. CAMPUS BARREIROS .....................................................................................12

2.3. CAMPUS VITÓRIA DE SANTO ANTÃO ...........................................................13

2.4. CAMPUS BELO JARDIM...................................................................................15

2.5. CAMPUS PESQUEIRA .....................................................................................17

2.6. CAMPUS IPOJUCA ...........................................................................................20

2.7. CAMPI CARUARU, GARANHUNS E AFOGADOS DA INGAZEIRA …............22

3. ÁREA DE ABRANGÊNCIA...................................................................................27

4. ÂMBITO DE ATUAÇÃO........................................................................................30

5. A OPERACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO PPPI: METODOLOGIA


PARTICIPATIVA.........................................................................................................31

6. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS..............................................................................34

7. FUNÇÃO SOCIAL.................................................................................................36

8. PROPOSTA PEDAGÓGICA..................................................................................36

8.1 PROPOSTAS E AÇÕES......................................................................................37

9. A ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL....................................................................38

9.1 PROPOSTAS E AÇÕES......................................................................................42

9.1.1. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DO IFPE …................43

9.1.2. PROGRAMA DE APOIO À PESQUISA E À EXTENSÃO ….........................44

9.1.3. PROGRAMA DE GESTÃO COMPARTILHADA …....................................... 44

9.1.4. PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA DOS


PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO …......................................................................45
9.1.5. PROGRAMA DE INCLUSÃO, DIVERSIDADE E CIDADANIA ….................46

9.1.6. PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO ENTRE SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E


TRABALHO …..........................................................................................................47

10. O SISTEMA DE GESTÃO...................................................................................47

10.1 PROPOSTAS E AÇÕES....................................................................................49

11. UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A DEMOCRATIZAÇÃO DO


ENSINO SUPERIOR.….............................................................................................52

11.1 PROPOSTAS E AÇÕES.…...............................................................................55

12. FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA


EDUCAÇÃO..............................................................................................................58

12.1 PROPOSTAS E AÇÕES.…...............................................................................60

12.1.1. PERFIL IDENTITÁRIO PARA OS TÉCNICOS ADMINISTRATIVOS ...........61

12.1.2. PERFIL IDENTITÁRIO PARA OS DOCENTES............................................63

13. CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO.…..................................................................66

13.1. PROPOSTAS E AÇÕES.…..............................................................................76

CONSIDERAÇÕES FINAIS.…..................................................................................82

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................83

ANEXOS …...............................................................................................................86

Portaria nº 449/2011 – GR.….................................................................................................87


ANEXO Portaria nº 449/2011 – GR........................................................................................88
Portaria nº 518/2012 – GR.....................................................................................................89
Portaria nº 1265/2010 – GR...................................................................................................90
ANEXO Portaria nº 1265/2010 – GR.....................................................................................91
Portaria nº 366/2011 – GR.....................................................................................................92
Portaria nº 1428/2010 – GR...................................................................................................93
Portaria nº 258/2010 – GR.....................................................................................................94
Portaria nº 420/2009 – GR.....................................................................................................95
APRESENTAÇÃO

Com carinho e satisfação, entregamos à Comunidade Acadêmica do Instituto


Federal de Pernambuco, o seu PPPI – Projeto Político Pedagógico Institucional. Este
documento estabelece políticas para o nosso fazer acadêmico, norteando as ações
educacionais, com vistas à consolidação da Missão institucional e do fortalecimento das
dimensões do Ensino, da Pesquisa e da Extensão.
Gestado de forma democrática e participativa, vem somar-se aos demais
documentos norteadores da gestão educacional: Plano de Desenvolvimento Institucional,
Termo de Metas, Plano de Ação, demandas emanadas pela SETEC/MEC, em sintonia
com as políticas públicas do Governo Federal e as da própria Instituição.
Trata-se de um documento vivo, orgânico, inserido em uma realidade dinâmica,
portanto, espaço de construção, reconstrução e compartilhamento de valores e práticas.
Pautando-se, desde o nascedouro, pela revisão constante e necessidade em ser
revisitado, por todos nós, permanentemente. Essa é a essência de sua elaboração e a
tessitura de sua vivência no cotidiano de nossas práticas.
O PPPI representa um trabalho de reflexão conjunta sobre planos de trabalho,
execuções, problemas e soluções relacionados à aprendizagem dos estudantes e ao
funcionamento da Instituição. Apresentamos, neste importante documento, um
diagnóstico que permite identificarmos nossas possibilidades de ação, e isso é liberdade.
Configura-se, ainda, em apontar transformações alicerçadas em aspectos
pedagógicos, cultural, tecnológico e metodológico, na perspectiva de constituir-se
efetivamente em um documento promotor de uma Educação democrática, de qualidade e
afetiva. Educação essa promotora da emancipação humana, cuja dinâmica social seja
considerada e esteja presente na formação dos nossos educadores e em sintonia com o
tecido social em que estamos inseridos. Para tanto, tivemos uma equipe multidisciplinar,
com atuação transdisciplinar, na feitura deste Projeto Político Pedagógico Institucional.

Cláudia da Silva Santos

7
1. INTRODUÇÃO

Em todo o mundo, muitos foram e ainda são os movimentos em defesa da


conquista e garantia da democracia e dos direitos humanos. Sair das amarras
imperialistas e totalitárias de modelos ditatoriais para modelos em que o coletivo
prevaleça requer o embate de forças pelo poder com foco no direito coletivo, em busca
da garantia de participação nas escolhas e decisões a serem tomadas em torno da vida
privada, social e planetária.
Sendo assim, os embates que ocorrem na sociedade também acontecem no
âmbito educacional. A luta pelo poder, os conflitos de ideias, as diferentes possibilidades
de caminhos a serem tomados não ficam fora das instituições educacionais, sejam elas
escolas, faculdades, institutos, centros de educação, universidades e outros espaços de
formação.
A luta pelo direito de participar dos processos decisórios também nas instituições
educacionais tem permitido uma mudança de paradigma, no sentido de que cada casa de
educação possa construir seu projeto pedagógico coletivamente, buscando envolver
todos os que fazem a comunidade escolar, não se submetendo a projetos pré-
estabelecidos.
Nesse sentido, as instituições educacionais passam da condição de subalternas a
um regime totalitário, opressor e ditador para vivenciar um processo democrático na
construção de sua própria autonomia política, administrativa e pedagógica.
No Brasil, por força do princípio da gestão democrática, garantido na Constituição
de 1988, as escolas devem definir sua identidade, seu rumo, assim como que tipo de ser
humano, de sociedade e de mundo desejam. É por esse caminho que a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96), em seu artigo 12, inciso I, prevê o
processo do pensar, planejar e administrar as instituições de educação através da
reflexão-construção-ação do fazer e viver o Projeto Político Pedagógico – PPP em toda a
rede de educação pública e privada do país.
O PPP é a expressão da identidade institucional. Nele, os atores sociais, partícipes
do processo de reconstrução das práticas sociais cotidianas, devem realizar
conjuntamente a leitura da realidade em que estão imersos, definir sua filosofia
educacional, a concepção de pessoa, de sociedade, currículo, planejamento, avaliação e
outras concepções e princípios que devem nortear o cotidiano da instituição.

8
Por sua relevância, o PPP se configura num documento que todos os membros da
comunidade escolar devem consultar como referência para a tomada de decisões. Mais
do que um documento, esse projeto se evidencia, efetivamente, quando posto em prática
através de ações político-pedagógicas.
A União, em resposta aos anseios da sociedade civil organizada, encampou o
Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação no Brasil, possibilitando a formação
dos Institutos Federais de Educação – IFEs a partir da adesão voluntária dos Centros
Federais de Educação Tecnológica, Escolas Agrotécnicas Federais e Escolas Técnicas
Federais vinculadas às Universidades ao novo modelo de educação profissional proposto
no Decreto nº 6.095, de 24 de abril de 2007.
Nesse sentido, as instituições que optassem por participar desse novo modelo
deveriam apresentar termo de aprovação por sua instância máxima superior, assim como
o Projeto Político Pedagógico – PPP e o Projeto de Desenvolvimento Institucional – PDI,
especificando as condições atuais da instituição, a perspectiva de desenvolvimento e os
meios para a efetivação do que ficou definido no PPP. O modelo proposto teve a adesão
esperada: os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia foram criados
através da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Entre eles, figurava o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE, que, para poder
funcionar de acordo com os trâmites legais, também teria que apresentar seu PPP e PDI,
conforme o estabelecido no decreto.
O IFPE, funcionando a princípio com seis campi, deflagrou o processo de
construção do seu PDI. Em seguida, começaram os trabalhos relativos ao PPPI, a partir
da constituição de Comissões de Coordenação Geral e Comissões Locais, para
cumprimento das exigências legais a sua institucionalidade. Contudo, mesmo antes de
constituído o IFPE, existiram processos de luta pela construção do PPP em algumas das
instituições antes da adesão ao modelo de instituto.
O presente trabalho é o documento final do PPP, elaborado inicialmente com a
participação direta de representantes dos seis campi (Recife, Barreiros, Vitória de Santo
Antão, Belo Jardim, Pesqueira e Ipojuca) que compunham o Instituto. Posteriormente,
contou-se com a colaboração de representantes dos recém-criados campi de Caruaru e
Garanhuns.
O Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI) do IFPE está assim estruturado:
1- Histórico da instituição; 2- Área de abrangência; 3- Âmbito de atuação; 4- A
operacionalização da construção do PPPI: metodologia participativa; 5- Princípios

9
pedagógicos; 6- Função social; 7- Proposta pedagógica; 8- A organização institucional; 9-
O sistema de gestão; 10- Universalização da educação básica e a democratização do
ensino superior; 11- Formação e valorização dos profissionais da educação; 12-
Concepções de currículo.
As considerações finais apresentam a avaliação do processo de construção do
PPPI, propostas para possíveis reformulações e os limites do projeto. Ao mesmo tempo,
evidenciarão o caráter inconcluso deste processo, dada sua complexidade e amplitude.
Tais considerações têm como objetivo ressaltar os caminhos possíveis para a
construção de um projeto político-pedagógico ao mesmo tempo que a Comissão de
Finalização do PPPI faz suas sugestões e recomendações necessárias a um novo
processo de revisão, reelaboração e reconstrução. Entende-se que só através do diálogo,
da democracia, da unidade em busca de alcançar os objetivos comuns e do embate de
ideias pode-se sentir pertencente a um processo coletivo de decisões.

10
2. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO

Objetivando estabelecer uma estrutura mais abrangente, voltada para o


atendimento das demandas sociais e educacionais no estado de Pernambuco, foi criado
– a partir da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008, que instituiu a Rede de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica –, o Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE, constituído atualmente por nove campi, a
saber: as unidades do antigo CEFET-PE (Recife, Ipojuca e Pesqueira); as antigas
Escolas Agrotécnicas Federais (Barreiros, Belo Jardim e Vitória de Santo Antão) e; os
campi de Afogados da Ingazeira, Caruaru e Garanhuns, criados em 2010.

2.1. Campus Recife:

Dentre as unidades que compõem atualmente o IFPE, o campus Recife é aquela


que tem história mais longeva. Criado em 23 de setembro de 1909, pelo então Presidente
da República Nilo Peçanha – Decreto nº 7.566 –, nasceu com o nome de Escola de
Aprendizes Artífices1, com o objetivo de ministrar o ensino profissional primário e
gratuito, tendo por foco a formação de operários e contramestres2.
As Escolas de Aprendizes Artífices foram reformuladas em 1918 – Decreto nº
13.064, de 12 de junho –, conservando, contudo, seu projeto original de caráter social,
voltado para um público com poucas oportunidades. Em 1937 – Lei nº 378, de 13 de
janeiro –, essas escolas passaram a ser denominadas Liceus Industriais. A Lei
Orgânica do Ensino Industrial – Decreto-Lei nº 4.073, de 30 de janeiro de 1942 –
modificou radicalmente as antigas Escolas de Aprendizes Artífices, que, a partir de
então, passaram a oferecer ensino secundário (hoje denominado de ensino médio) e, aos
poucos, foram se reconfigurando como instituições abertas a todas as classes sociais.
Assim, a partir de 1942, o ensino industrial abrangia concomitantemente dois ciclos: o
básico e o técnico3.
Outra modificação importante ocorreu no ano de 1959 – Lei nº 3.552 –, com a
ampliação das estruturas do ensino profissional industrial. Posteriormente, a Lei de

1 Contudo, vale destacar que mesmo antes desse período, entre 1840 a 1859, foram criadas, em 10
províncias brasileiras, as Casas de Educandos e Artífices, voltadas para crianças e adolescentes que
moravam na rua.
2 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 17. A escola iniciou suas
atividades em 16 de fevereiro de 1910. O curso era oferecido sob o regime de externato, funcionando das
10 às 16 horas.
3 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 17 - 20.

11
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 – e
a de Expansão e Melhoria do Ensino – Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 – também
reformularam o ensino profissional no Brasil4. Nesse sentido, com as mudanças
supracitadas, o atual campus Recife do IFPE recebeu as denominações sucessivas de
Escola de Aprendizes Artífices, Liceu Industrial de Pernambuco, Escola de Ensino
Industrial do Recife, Escola Técnica do Recife e Escola Técnica Federal de
Pernambuco – ETFPE (à época da última denominação, contava com as unidades
descentralizadas de Petrolina e Pesqueira5).
Em 1999 – através do Decreto s/n de 18/01/1999 –, a ETFPE recebe a
denominação de Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (CEFET-
PE), ampliando seu portfólio de cursos, podendo também atuar na Educação Superior
(cursos de formação de tecnólogos, licenciaturas, pós-graduação lato e stricto sensu).
No processo de transformação da ETFPE para o CEFET-PE, a UNED Petrolina,
em fusão com a Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Brandão Vilela – EAFDABV
(Decreto Presidencial de 26 de novembro de 1999), passou a compor o CEFET Petrolina.
A UNED Pesqueira, no Agreste Central – Portaria Ministerial nº 1.533, de 19/10/1992 –,
bem como a UNED Ipojuca – Portaria Ministerial nº 851, de 03/09/2007 –, na Região
Metropolitana do Recife, passaram a compor, junto com a UNED Recife, o CEFET-PE.
A constituição histórica do IFPE se deu igualmente com a integração das escolas
agrotécnicas federais de Barreiros, Belo Jardim e Vitória de Santo Antão ao CEFET-PE
(Recife, Pesqueira e Ipojuca).

2.2. Campus Barreiros:

A história do atual campus Barreiros do IFPE começou em 1923, quando o então


Presidente Arthur Bernardes criou o Patronato Agrícola Dr. João Antônio Coimbra na

4 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 18.


5 Até hoje, o atual campus Recife do IFPE funcionou em três locais diferentes: entre 1910 e 1923, teve
como sede o antigo Mercado Delmiro Gouveia, onde funciona atualmente o Quartel da Polícia Militar de
Pernambuco, no bairro do Derby; a segunda sede da escola localizou-se na parte posterior do antigo
Ginásio Pernambucano, na rua da Aurora; a partir do início de 1933, passou a funcionar na rua Henrique
Dias, 609, mais uma vez no bairro do Derby, sendo a sede oficialmente inaugurada em 18 de maio de
1934. Uma nova mudança aconteceu em 17 de janeiro de 1983, quando a ETFPE passou a funcionar na
avenida Professor Luís de Barros Freire, 500, no bairro do Curado, local da sede atual. Plano de
Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 18.

12
Vila Tamandaré – Decreto nº 16.105, de 21 de julho –, no município de Rio Formoso 6. Em
1934, a escola passou a chamar-se Aprendizado Agrícola João Coimbra. Oferecia
então o curso de Iniciação Agrícola, que conferia ao estudante a formação em capataz
rural. Apenas em 1941 o Aprendizado Agrícola foi transferido para a Fazenda Sapé, no
município de Barreiros7.
Com o Decreto nº 22.506, de 22/01/1947, a denominação da Instituição mudou
para Escola Agrícola João Coimbra. Além do curso de Iniciação Agrícola, passou a
ofertar também o curso em Mestria Agrícola. Três anos mais tarde, nova mudança em
sua denominação, passando a Ginásio Agrícola João Coimbra, e novo curso – o de
Técnico Agrícola – somado aos já oferecidos8.
Com o Decreto nº 53.558, de 13/02/1964, modificou-se mais uma vez sua
denominação, passando a Colégio Agrícola João Coimbra. Na época, eram oferecidos
os cursos Ginasial Agrícola e Técnico Agrícola. Já em 1967, os formados pela instituição
passaram a ser denominados de técnicos agrícolas. A partir de 1968, as instituições de
ensino agrícola passam a ser subordinadas ao Ministério da Educação. A denominação
Escola Agrotécnica Federal de Barreiros (EAFB) foi estabelecida pelo Decreto nº
83.935, de 04/09/19799.
Em dezembro de 2008, trinta e um centros federais de educação tecnológica
(CEFETs), setenta e cinco unidades descentralizadas de ensino (UNEDs), sete escolas
técnicas federais e oito escolas vinculadas a universidades, além de trinta e nove escolas
agrotécnicas – entre as quais a antiga EAFB –, deixaram de existir, passando a compor
os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Dessa forma, passava a existir
o campus Barreiros do IFPE.

2.3. Campus Vitória de Santo Antão:

O atual campus de Vitória de Santo Antão foi criado em 2 de junho de 1954, com o
nome original de Escola de Magistério de Economia Rural Doméstica, pela então

6 A instituição foi inaugurada e entrou em funcionamento em 5 de novembro do ano seguinte.


7 Fonte: http://barreiros.ifpe.edu.br/index.php?grp=8&pag=147. Acesso em 20/03/2011.
8 Fonte: http://barreiros.ifpe.edu.br/index.php?grp=8&pag=147. Acesso em 20/03/2011.
9 Em 1993, as Escolas Agrotécnicas foram transformadas em autarquias federais, ficando vinculadas à
então Secretaria do Ensino Médio e Tecnológico (SEMTEC), que, por sua vez, substituiu a extinta
Coordenação Nacional de Ensino Agropecuário (COAGRI). Mais tarde, a SEMTEC passou a se chamar
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (SETEC).

13
Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário, órgão vinculado ao Ministério da
Agricultura10.
No ano de 1962, a Instituição foi renomeada, passando a se chamar Colégio de
Economia Doméstica Rural, cuja finalidade era ministrar cursos agrícolas de 1º e 2º
ciclos, bem como cursos de aperfeiçoamento. Em 1967, o colégio passou por novas
mudanças, sendo incorporado à Diretoria de Ensino Agrícola – DEA, do Ministério da
Educação e Cultura. Nesse contexto, houve também uma reformulação da filosofia do
ensino agrícola no país, a partir do processo de implantação da metodologia do “Sistema
Escola-Fazenda”, que se baseava no princípio “Aprender a Fazer e Fazer para
Aprender”11.
Em 1979, o colégio recebeu a denominação de Escola Agrotécnica Federal de
Vitória de Santo Antão e implantou o curso técnico em Agropecuária, passando, então,
a oferecer duas habilitações técnicas. As atividades pedagógicas da Escola Agrotécnica,
que eram realizadas onde atualmente funciona o Centro Acadêmico de Vitória da
Universidade Federal de Pernambuco, foram transferidas, em 1985, para um complexo
situado na zona rural da cidade. Assim, implementou-se, na prática, o Sistema Escola-
Fazenda.
Em 1993, a Instituição foi transformada em autarquia, cabendo à SEMTEC as
atribuições de estabelecer as políticas para a educação tecnológica e exercer a
supervisão do ensino técnico federal12. Em 1997, foi implantado o curso técnico em
Agroindústria.
Em 2001, acompanhando as reformas da educação profissional no país, a
Instituição passou a oferecer o ensino médio desvinculado do ensino profissional, sendo
este organizado em regime modular. Passaram a ser oferecidas, então, quatro
habilitações técnicas: Agropecuária, Agroindústria, Agricultura e Zootecnia, na
modalidade de concomitância interna, externa ou subsequente. No mesmo ano, a
EAFVSA, através de portaria, regulamentou a criação da Seção de Cursos Técnicos
Especiais – SCTE. A partir daí, começou a oferecer cursos básicos de curta duração,
visando à qualificação e requalificação de trabalhadores.
Em maio de 2004, por força do Decreto nº 4.877, de 13 de novembro de 2003, que
regulamentou o processo de escolha dos diretores-gerais das Instituições Federais de

10 Fonte: http://vitoria.ifpe.edu.br/. Acesso em 20/03/2011.


11 Fonte: http://vitoria.ifpe.edu.br/. Acesso em 20/03/2011.
12 Trata-se de processo idêntico ao que ocorreu com Barreiros. Ver nota número 9.

14
Ensino (IFEs), a instituição elegeu, com a participação de todos os segmentos da
comunidade escolar, a sua Direção-Geral. Ainda em 2004, a SEMTEC passa a ser
denominada Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica – SETEC, encarregada
de implementar as políticas de educação profissional no país, desvinculando a educação
profissional do ensino médio. Com a nova estrutura, a definição das políticas do ensino
médio passou a ser competência da Secretaria da Educação Básica – SEB13.
Em 2005, a instituição voltou a oferecer cursos no sistema de currículo integrado:
cursos técnicos em Agropecuária e em Agroindústria, mantendo a modularização apenas
no nível subsequente (cursos voltados para quem já concluiu o Ensino Médio), com as
habilitações técnicas em Agricultura, Zootecnia e Agroindústria. Em 2008, com a criação
do IFPE, a Escola Agrotécnica Federal de Vitória de Santo Antão passou a ser campus
dessa Instituição.

2.4. Campus Belo Jardim:

A então Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim iniciou sua trajetória com a
celebração de um convênio entre o Governo Federal e o Governo do Estado de
Pernambuco – em 27 de junho de 1958 –, que autorizou a instalação da escola no
município. Com o Decreto nº 53.558 – de 13 de fevereiro de 1964 –, foi-lhe dada a
denominação prístina de Ginásio Agrícola de Belo Jardim. Em maio de 1967 – com o já
citado Decreto nº 60.731 –, houve a transferência do “Ginásio” do âmbito administrativo
do Ministério da Agricultura para o do Ministério da Educação14. Na ocasião, houve ainda
mudança em sua denominação, passando a Colégio Agrícola de Belo Jardim (em 7 de
agosto de 1968)15. Em 4 de setembro de 1979, com mais uma mudança em sua
denominação, passou a Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim – EAFBJ16.
Em novembro de 1993, a EAFBJ transformou-se em autarquia federal – instituída
pela Lei nº 8.731 –, passando a ser dotada de autonomia administrativa, financeira,

13 Trata-se de um processo que atingiu todas as instituições de educação profissional do país.


14 Processo também comum a todas as escolas agrotécnicas do Brasil.
15 Entretanto, só em 13 de agosto de 1969 o seu funcionamento é autorizado. A inauguração se dá em 5
de maio de 1970. Fonte: http://belojardim.ifpe.edu.br/index.php?grp=12&pag=31. Acesso em 20/03/2011.
16 Conforme já se adiantou quando tratamos de Barreiros e Vitória de Santo Antão, em 1993 as EAFs
transformam-se em autarquias federais, instituídas pela Lei nº 8.731, passando a ser dotadas de autonomia
administrativa, financeira, patrimonial, didática e disciplinar, compatível com sua personalidade jurídica e de
acordo com seus atos normativos.

15
patrimonial, didática e disciplinar, compatível com sua personalidade jurídica e de acordo
com seus atos normativos.
Em 29 de dezembro de 2008 – através da Lei nº 11.892 –, sancionada pelo
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a Escola Agrotécnica Federal de Belo
Jardim transforma-se no campus Belo Jardim do IFPE.
O campus Belo Jardim conta atualmente com cursos de distintas áreas do
conhecimento, oferecidos em variados níveis e modalidades. Os primeiros cursos
técnicos foram, respectivamente, Agropecuária e Agroindústria, ambos ofertados
atualmente nas modalidades integrado e subsequente, sendo o segundo também
ofertado na modalidade PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos). O curso
técnico em Informática é oferecido nas modalidades integrado e subsequente, e o curso
de Enfermagem é ofertado na modalidade subsequente. O campus conta, desde 2011,
com o curso superior de Licenciatura, que prepara professores para atuar na educação
básica, em escolas especializadas de música (conservatórios, centros de educação
musical, escolas de música) ou em espaços não formais onde o ensino de música ocorra
(igrejas, ONGs, projetos culturais etc.). Além disso, a formação possibilita ao estudante a
atuação no mercado da música popular, como intérprete instrumental ou vocal, ou em
outras atividades e campos, instituídos e emergentes, das manifestações culturais
ligadas à música popular. O curso também incentiva a produção de pesquisa relacionada
à performance musical e à educação musical.
O campus Belo Jardim dispõe de instalações diversas, tais como: salas de aula;
salas-ambiente nos setores de Agricultura, Zootecnia, Agroindústria e Mecanização
Agrícola; laboratórios de Informática, Química, Biologia e Topografia; laboratório de
Inclusão Digital; biblioteca; Centro de Tecnologia; dois auditórios; refeitório; prédio da
administração; alojamentos femininos e masculinos; quadra poliesportiva; sala de jogos;
oficina de arte; guarita; oficinas diversas, além da estrutura própria para os cursos de
Informática e Enfermagem. Estão previstas reformas em algumas instalações, visando à
otimização do uso da estrutura do campus em face do seu crescimento, e ampliação de
atendimento à comunidade local, mediante a oferta de novos cursos.

16
2.5. Campus Pesqueira:

A UNED Pesqueira da Escola Técnica Federal de Pernambuco teve a sua origem


em 1987, através do processo nº 23000.013424/1987-37, dentro do Programa de
Expansão do Ensino Técnico elaborado pelo Ministro Marco Maciel durante o Governo
José Sarney. Tal programa tinha como objetivo interiorizar essa modalidade de ensino,
dando oportunidade aos jovens do interior do país de acessar o Ensino Técnico,
possibilitando uma qualificação da mão de obra regional.
Entre as 90 cidades selecionadas para fazer parte do programa, Pesqueira foi escolhida
como o primeiro município a sediar uma escola técnica no agreste pernambucano.
Essa unidade de ensino, apesar de autorizada a funcionar em 1992, através da
Portaria do MEC nº 1.533, de 19 de outubro de 1992, assinada pelo Ministro Murílio de
Avellar Hingel, só iniciou suas atividades em 1993, após o prefeito do município de
Pesqueira, Sr. Evandro Maciel, ter-lhe cedido dependências, por meio de comodato.
Em 5 de abril de 1994, a UNED Pesqueira da Escola Técnica Federal de
Pernambuco iniciou suas atividades com os cursos técnicos integrados de Eletrotécnica e
Edificações, recebendo seus primeiros 320 alunos. O esforço e a crença dos primeiros
técnicos administrativos e professores fizeram com que a semente plantada começasse a
brotar e a se expandir. A escola tinha se unido para crescer e enfrentar os obstáculos que
foram surgindo. Assim se via concretizado o sonho daquelas pessoas que acreditaram no
potencial da região. E Pesqueira, denominada pelo Cardeal Arcoverde como “Atenas do
Sertão”, viu renascer a sua vocação educacional.
Após um breve período sob a direção da sede, Recife, a UNED Pesqueira passou a
ter um diretor próprio, com gestão de novembro de 1994 a 21 de fevereiro de 1996. No
período compreendido entre os anos de 1996 a 2002, a estrutura física dessa unidade de
ensino foi consideravelmente ampliada e reestruturada, com a construção da cantina,
passarela entre os diversos setores, conclusão da obra do ginásio poliesportivo,
construção da guarita do ginásio e perfuração de um poço artesiano para atender às
necessidades de abastecimento. Foram implantados novos laboratórios de Física,
Química, Biologia, Informática, Eletrotécnica, Eletroeletrônica, práticas de Enfermagem,
Audiovisual e oficina de Música.
Em 9 de outubro de 1998, através da Portaria nº 681-GD, foi criada a Unidade
Gestora em favor da UNED Pesqueira, tendo em vista a necessidade de descentralizar
os atos administrativos.

17
Em 18 de janeiro de 1999, através do Decreto s/n assinado pelo Presidente
Fernando Henrique Cardoso, em comunhão com o Ministro da Educação Paulo Renato
de Souza, a Escola Técnica Federal de Pernambuco passou a ser Centro Federal de
Educação Tecnológica de Pernambuco. A partir dessa data, surgiram os cursos técnicos
de Eletroeletrônica, Enfermagem e Turismo pós-médio.
Em 4 de outubro de 2003, assume uma nova direção na UNED Pesqueira, como
resultado de uma “Consulta Pública” promovida pelo Diretor Geral do CEFET-PE, o
professor Sérgio Gaudêncio Portela de Melo.
Em novembro de 2003, a UNED Pesqueira do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Pernambuco completou 10 anos de atividades administrativas e
pedagógicas, cumprindo com a sua atual missão: “Ser um Centro de Referência para os
Sistemas de Ensino, atuando como polo de excelência para a Educação Profissional no
Estado de Pernambuco, oportunizando ao cidadão ingresso e permanência no mundo
produtivo”.
Em 1º de outubro de 2004, através do Decreto nº 5.224, assinado pelo Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o CEFET-PE foi autorizado a ministrar Ensino Superior de
Graduação e de Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu, visando à formação de
profissionais e especialistas na área tecnológica.
Em 6 de fevereiro de 2007, ocorreu a aula inaugural do curso de Licenciatura em
Matemática, no auditório da UNED Pesqueira do CEFET-PE. O evento contou com a
participação da Dr.ª Heloísa Flora Brasil Nóbrega Bastos, professora da UFRPE, que
presidiu a palestra “Professor de Matemática - Desafios do Futuro”.
A primeira turma do curso foi formada por 50 alunos selecionados no processo
seletivo de 2007, cujo primeiro colocado foi o aluno Thiago de Oliveira Coelho, com
média de 80,75 pontos. Em 20 de setembro de 2007, assume uma nova direção da
UNED Pesqueira, através da Portaria nº 652-GD, eleita em 28/08/2007.
Em novembro de 2008, a UNED Pesqueira do CEFET-PE comemorou seus 15 anos
de história, os quais foram marcados pela qualidade na educação profissional e
tecnológica, através do ensino, da pesquisa e da extensão. Para comemorar o momento,
foi realizado um culto ecumênico e uma palestra sobre os quinze anos da instituição.
Durante o período de comemorações, ocorreu a exposição “Conquistas e
Reconhecimento do CEFET-PE, Unidade Pesqueira”; a apresentação da Cantata de
Natal, com a participação do Coral da Unidade Pesqueira; uma exposição fotográfica
contando a história da unidade; a exposição fotográfica “Um Olhar em Preto e Branco”,

18
produzida pelos estudantes da turma do PROEJA, sob a coordenação dos professores
José Reginaldo e Maria do Rosário. A culminância, encerramento da programação,
ocorreu em 5 de dezembro de 2008, com o Baile Comemorativo dos 15 Anos.
Em 29 de dezembro de 2008, através da Lei nº 11.892, sancionada pelo Presidente
da República Luiz Inácio Lula da Silva, a UNED Pesqueira do CEFET-PE transforma-se
em campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco. Os institutos federais são entidades de educação superior, básica e
profissional, pluricurriculares e multicampi, especializadas na oferta de educação
profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na
conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas
pedagógicas.
Mesmo sem ter como meta principal a aprovação em vestibular, devido ao foco da
instituição ser ainda o ensino profissional, o campus Pesqueira ficou em 8º lugar em
Pernambuco no ranking das escolas públicas, no ano de 2009.
O curso de Licenciatura em Matemática do campus Pesqueira venceu todas as
instituições do Nordeste na avaliação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
- ENADE 2008 (resultado divulgado no final de 2009). A média geral atingida pelos
estudantes superou inclusive a média geral do Brasil. Os estudantes foram melhores
tanto nas disciplinas específicas como nas de formação geral. O campus Pesqueira teve
ainda a 2ª melhor nota individual de Pernambuco (estudante Paulo Virgílio Batista Silva).
No início de 2009, o campus Pesqueira conseguiu implementar o curso de
Licenciatura em Física. O até então curso técnico em Enfermagem transforma-se em
curso de Bacharelado em Enfermagem em meados de 2011. Em 2010, foi também
implementado o curso de Licenciatura em Matemática – PARFOR, o qual visa à formação
de professores das escolas públicas que já atuam como docentes, mas que ainda não
têm formação superior.
Com base nas informações divulgadas em meados de setembro de 2011 pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o
campus Pesqueira do IFPE alcançou significativo resultado no Exame Nacional do
Ensino Médio 2010 (ENEM 2010): a 103ª colocação no ranking das instituições públicas
e privadas de todo o Brasil, com uma média geral de 625.03, considerando uma taxa de
participação de 32,5%. Por conseguinte, houve um significativo aumento com relação à
média do ENEM 2009, quando a Instituição obteve 606.23 pontos, o que elevou o

19
campus Pesqueira à melhor colocação na cidade de Pesqueira e ao segundo melhor
desempenho entre os campi do IFPE.
No dia 30 de novembro de 2011, tomou posse uma nova direção-geral no campus
Pesqueira, a qual foi eleita no dia 8 de junho de 2011 pela comunidade acadêmica e
administrativa para a gestão da escola no quadriênio 2011-2015.
Atualmente, o campus Pesqueira dispõe dos cursos técnicos em Edificações,
Eletrotécnica e Eletroeletrônica; dos cursos superiores de Licenciatura em Matemática e
em Física e do Bacharelado em Enfermagem, além do curso técnico em Eletrotécnica na
modalidade PROEJA, que compreende a educação de jovens e adultos.
O campus Pesqueira, por sua vez, tem investido não só no campo do ensino, mas
também na pesquisa e na extensão, como forma de aperfeiçoamento do processo de
ensino-aprendizagem. Prova disso têm sido os vários artigos de estudantes e
pesquisadores aprovados e publicados em revistas científicas, congressos nacionais e
internacionais, evidenciando o efetivo trabalho dos quatro grupos de pesquisa atualmente
credenciados junto à Propesq/IFPE e ao CNPq. Isso sem contar as bolsas de iniciação
científica, de iniciação à docência, as bolsas de extensão, inclusive com projetos
aprovados pelos: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPp), Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS), Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do
Estado de Pernambuco (FACEPE).
Como projetos de ensino e extensão em andamento voltados para a comunidade,
além dos cursos de curta duração ministrados por professores da casa, destacam-se os
cursos oferecidos pelo Programa Mulheres Mil e pelo Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC.
Dentro da perspectiva de ensino, pesquisa e extensão, encontra-se em andamento
no campus Pesqueira o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –
PIBID, que é uma parceria do IFPE com a CAPES, e o projeto do observatório
astronômico da Instituição, o qual é desenvolvido, principalmente, pelo Clube de
Astronomia Vega.

2.6. Campus Ipojuca:

Situado próximo ao complexo industrial de SUAPE, o campus Ipojuca começou


efetivamente a ser implantado no ano de 2006, a partir da doação e terraplenagem de

20
uma área de 10 hectares pela Prefeitura Municipal do Ipojuca. O funcionamento,
enquanto Unidade de Ensino Descentralizada, foi autorizado pela Portaria nº 851, de 3 de
setembro de 2007, do Ministro de Estado da Educação Fernando Haddad. O início das
obras ocorreu no dia 27 de novembro de 2006, já a conclusão da 1ª etapa de
acabamento dos blocos do campus Ipojuca se deu em março de 200817. Inicialmente, as
atividades do campus Ipojuca foram realizadas no ano de 2007,em prédio cedido pela
Prefeitura de Ipojuca, localizado no centro do município, a fim de ser aguardada a
conclusão da 1ª etapa das obras estruturais do campus.
Sua criação, enquanto Unidade Descentralizada de Ensino do CEFET-PE no
município de Ipojuca/PE, insere-se no processo de expansão do CEFET-PE. A aula
inaugural dos cursos técnicos (os primeiros foram Automação, Química e Segurança do
Trabalho) do campus ocorreu no dia 31/10/2007, na quadra coberta do Centro
Experimental Prefeito Jaime Lins, no centro do município de Ipojuca18.
Em 12 de maio de 2008, foi dado início às atividades acadêmicas no prédio
construído como sede do campus Ipojuca, localizado na PE 60, Km 14. Em 11 de
setembro de 2009, o campus Ipojuca foi inaugurado oficialmente, com a presença do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais autoridades.
Considerando o arranjo produtivo e a vocação econômica locais, o campus Ipojuca
promove atualmente 5 cursos técnicos subsequentes (Automação Industrial, Química,
Segurança do Trabalho, Petroquímica e Construção Naval) e 1 curso superior
( Licenciatura em Química).
O Campus Ipojuca encontra-se em fase de expansão estrutural, tendo em seu projeto
arquitetônico final a seguinte estrutura física:

• 12 salas de aula;
• 1 laboratório de CAD e Ship Constructor;
• 1 laboratório de Informática;
• 6 laboratórios de Automação Industrial;
• 4 laboratórios de Segurança do Trabalho;
• 4 laboratórios de Química;
• 1 bloco administrativo;

17 Fonte: http://ipojuca.ifpe.edu.br/conteudo.php?cat=10&sub=4. Acesso em 20/03/2011.

18 Fonte: http://ipojuca.ifpe.edu.br/conteudo.php?cat=10&sub=4. Acesso em 20/03/2011.

21
• 1 bloco de biblioteca e auditório;
• 1 bloco de Construção Naval com 2 pavimentos;
• 1 bloco de Inclusão Digital e Profissional;
• 1 Centro de Treinamento e Referência em Segurança, Saúde e Meio Ambiente.

2.7. Campi Caruaru, Garanhuns e Afogados da Ingazeira:

Em 2010, dando continuidade à expansão da educação profissional no país (Plano


de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, instituído pela Lei nº
11.195/2005), no que se refere ao IFPE, ocorreu a criação dos campi de Caruaru,
Garanhuns e Afogados da Ingazeira.
Criado em 1857, o município de Caruaru é considerado a capital do agreste por ser o
maior centro metropolitano daquela região. Com privilegiada localização, é possível
afirmar que Caruaru tem naturalmente vantagens competitivas importantes para diversas
atividades, tais como os setores de serviços, comércio e indústria. A vocação para a
indústria têxtil, por exemplo, e a auspiciosa perspectiva de desenvolvimento econômico
foram, sem dúvida, algumas das razões da inserção do município de Caruaru, em 2007,
na segunda fase do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, cuja
meta é oferecer cursos de qualificação, de ensino técnico, superior e de pós-graduação
sintonizados com as necessidades de desenvolvimento local e regional.
Uma vez contemplada pela Chamada Pública nº 001/2007 – MEC/SETEC, a
Prefeitura Municipal de Caruaru promoveu uma reunião no dia 11 de novembro de 2007,
na Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL, com representantes de órgãos importantes do
município. A finalidade dessa reunião era promover uma discussão para escolha dos
cursos que pudessem ser oferecidos pelo campus Caruaru do IFPE, após sua completa
instalação. Inicialmente, foram listadas quatorze opções de cursos técnicos, dentre os
quais cinco foram priorizados: técnico em Mecatrônica, em Eletrônica, em Segurança do
Trabalho, em Edificações e em Radiologia.
Decorridos dezesseis meses, no dia 20 de março de 2009, foi realizada a segunda
reunião, na sala de reuniões da Associação Comercial e Empresarial de Caruaru, com a
finalidade de referendar a proposta apresentada na primeira reunião de discussão citada
no parágrafo anterior. Participaram do encontro os secretários municipais e
representantes de órgãos comerciais do município, além de representantes do IFPE. A

22
reunião foi motivada por uma ampla discussão, sendo reconhecido unanimemente pelos
presentes que a demanda local seria atendida com os cursos técnicos em Mecatrônica,
Segurança do Trabalho e Edificações, na modalidade subsequente.
A audiência pública realizada em 15 de abril de 2009, no plenário da Câmara
Municipal de Caruaru, sob a coordenação da Comissão de Educação, Ciência e
Tecnologia, consolidou a escolha dos três cursos apresentados na última reunião. Nessa
audiência, foram colocadas em pauta a instalação do campus Caruaru e as tendências
da vocação profissional da população local e das regiões circunvizinhas, com ampla
participação da sociedade, de representantes de instituições de formação profissional
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial – SENAC etc.), de representação dos empresários (Associação
Comercial de Caruaru – ACIC, Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL etc.), do poder
público municipal e do IFPE, dentre outros. Nessa audiência, ficou referendado que, no
primeiro momento, o campus ofertaria os três cursos técnicos antes mencionados.
O campus Caruaru do IFPE foi inaugurado em 27 de agosto de 2010, com a
presença do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, representantes dos
governos municipal e estadual, representantes do IFPE, comunidade acadêmica,
servidores e estudantes, bem como da comunidade local e circunvizinha. Ainda nesse
semestre, foram matriculados 216 estudantes, os quais iniciaram suas aulas no dia 30 de
agosto de 2010.
A partir da reunião realizada no município de Garanhuns, no dia 11 de junho de 2007,
no auditório da AESGA – Autarquia de Ensino Superior de Garanhuns, onde o diretor
geral do então CEFET/PE fez uma palestra informativa sobre a Chamada Pública
MEC/SETEC Nº 001/2007, representantes de diversas entidades da sociedade civil e
prefeitos dos municípios situados no entorno de Garanhuns, comprometeram-se cada
um, a contribuir com o que fosse possível para a implantação do Campus Garanhuns.
As principais razões para implantação do Campus Garanhuns em 2008, conforme
documento da Chamada Pública foram: A geografia, por situar-se na área central do
estado, onde ainda não existia nenhum CEFET implantado, enquanto que as duas
extremidades do estado (Recife e Petrolina) já foram contempladas; Pela demografia,
área mais habitada no Agreste Meridional com população estimada de 600.389
habitantes abrangendo Garanhuns e entorno; Pela vocação educacional do município,
considerado um dos grandes pólos educacionais do interior do Nordeste, embora não
tenha vocação industrial, transformou-se no grande pólo prestador de serviços

23
(educacionais, médicos, governamentais, turísticos, comércio, etc.); Pela pobreza, oito de
seus municípios de abrangência, ostentando os piores indicadores sociais do estado
(Índice de Desenvolvimento Humano - IDH), sendo de grande importância sócio-
econômica seja do ponto de vista educacional, seja das oportunidades econômicas que
cria a implantação; Pelos cursos na área de Tecnologia da Informação (TI) como
estrategicamente importantes para a região e para o estado pela falta de mão-de-obra
especializada nesta área de TI e pelo apoio unânime dos prefeitos da região.
O município de Garanhuns faz parte da Região de Desenvolvimento do Agreste
Meridional, localizada na mesorregião do Agreste Pernambucano no Planalto da
Borborema, distante 230 km da capital do Estado, com uma área de 10.756 km²,
representando 10,96% do território estadual (IBGE 2009). A região constitui-se de 26
municípios com uma população de mais de 561.940 habitantes (Agência Estadual de
Planejamento e Pesquisas de Pernambuco - CONDEPE-FIDEM, 2010).
Além disso, o clima e o relevo se apresentam como alguns dos maiores
diferenciais da região, em relação ao resto do Estado, propiciando diversidade de cultivos
e oferecendo diversas opções de turismo, que também se caracteriza como importante
atividade econômica.
A maior e mais expressiva atividade econômica do Agreste Meridional é a pecuária
leiteira e de corte. Garanhuns é o maior centro de captação de leite do Estado,
responsável pelo processamento de 70% da produção da bacia leiteira de Pernambuco,
destacando-se na produção artesanal, semiartesanal e industrial de laticínios. O comércio
da região é significativo, sobretudo nos municípios de Garanhuns e Lajedo.
Com relação ao nível de escolaridade da população do município, existe um
percentual de 73,45% dos jovens de 15 a 17 anos e 56,92% dos jovens entre 18 e 24
anos com menos de 8 anos de estudo, com um total de 51.078 estudantes matriculados
para o ensino fundamental e 14.824 estudantes matriculados no ensino médio para o ano
de 2007 segundo dados do CONDEPE-FIDEM (2010 b).
A essa demanda de estudantes em idade e nível de escolaridade compatíveis ao curso
técnico em meio ambiente, em informática e em eletroeletrônica, soma-se o fato de só
haver a oferta do curso em cidades com grande distância de Garanhuns.
Com a aula inaugural ocorrida em 23 de agosto de 2010 entrou em funcionamento
um dos mais novos campi do IFPE, localizado na cidade de Garanhuns. O evento
aconteceu na Gerência Regional de Educação (GRE) da cidade. O novo Campus
recebeu inicialmente cerca de 80 estudantes dos cursos Técnico em Meio Ambiente e

24
Técnico em Informática, e em 2011.2 foi inaugurado mais um curso ofertado pelo
campus, o Curso Técnico em Eletroeletrônica com a entrada de 80 estudantes
distribuídos em duas turmas. Em 2012 será ofertada uma nova modalidade de ensino,
com o Curso Técnico Integrado na área de Eletroeletrônica.
A proposta de criação do Curso Técnico em Informática deu-se em relação à
demanda por profissionais com a formação técnica nesta área. Várias pesquisas e
levantamentos de dados indicam a carência no mercado regional e nacional. O setor de
Informática tem crescido três vezes mais rápido que o restante da economia brasileira,
constituindo-se no principal componente que impulsiona a chamada nova economia.
Além disso, Pernambuco se destaca no mercado nacional e mundial por meio do
Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), que é um centro
privado de inovação que cria produtos, serviços e empresas com Tecnologia da
Informação e Comunicação (TICs). O C.E.S.A.R também faz parte do Porto Digital do
Recife, ambiente de empreendedorismo, inovação e negócios de tecnologias da
informação e comunicação do estado de Pernambuco que reúne mais de 100 empresas
no polo do Bairro do Recife.
O IFPE – Campus Garanhuns, por meio do Curso Técnico em Informática na
modalidade Subseqüente, objetiva preparar profissionais para o mundo do trabalho
globalizado e competitivo, e, além disso, contempla áreas inovadoras do conhecimento e
abrange tecnologias modernas, contextualizadas na ciência da informação, além de
estimular empreendimentos em Informática atraídos pelos nichos de mercado existentes
na região.
Já a proposta de criação do curso de Técnico em Meio Ambiente, vem da
necessidade tanto do município sede do Campus do IFPE como dos municípios vizinhos
de superar suas carências de mão de obra qualificada na área ambiental, como mostra o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002) onde apenas 6% dos
municípios brasileiros possuíam secretarias encarregadas exclusivamente de meio
ambiente, enquanto em 26% dos municípios a questão ambiental é tratada em
secretarias conjuntas com outras áreas, como é o caso de Garanhuns onde a secretaria
responsável pelo tema é a de Agricultura, Abastecimento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos. Além disso, a produção agropecuária, importante atividade econômica da
região, caminha para aumentar o nível de adequação de suas atividades a legislação
ambiental no intuito de atingir mercados consumidores mais exigentes, o que demanda
cada vez mais, profissionais capacitados na área.

25
A preservação de mananciais estratégicos para assegurar a qualidade de vida e a
sobrevivência dos municípios da Microrregião do Agreste Meridional; Proteger os
recursos hídricos e os maciços vegetais, compreendendo: as nascentes e corpos d’água
que compõem as bacias dos rios Mundaú e Canhoto; e a implementação do Parque do
Inhumas, são motivos suficientes para a implantação do Curso técnico em Meio
ambiente.
Quanto à implantação do curso Técnico em Eletroeletrônica, esta foi embasada
tanto na carência de mão de obra qualificada em controle e processos industriais no
município sede e nos municípios vizinhos, quanto na oferta deste curso em cidades com
grande distância de Garanhuns, já mensionada anteriormente.
O campus de Afogados da Ingazeira insere-se nesse processo de expansão que
também contemplou a criação dos campi de Caruaru e Garanhuns.
Em 24 de abril de 2007, foi realizada uma chamada pública para instalação de uma
nova unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco no
sertão de Pernambuco. Várias cidades da região candidataram-se e passaram a
concorrer como sede da nova unidade do IFPE.
A cidade de Afogados da Ingazeira foi selecionada para acomodar o IFPE, tendo
início a obra em 1º de junho de 2009. Entretanto, o campus pertence aos municípios do
CIM - Pajeú.
O orçamento inicial era de 3,5 milhões de reais, porém foram gastos cerca de 3
milhões e 400 mil reais na construção. A direção do campus participou de praticamente
todas as etapas de construção.
Em agosto de 2010, as obras da primeira fase são concluídas. No dia 29 do mesmo
mês, é realizada a aula inaugural no Cine Teatro São José, tendo início, efetivamente, as
aulas no dia 13 de setembro. Ainda no dia 21 de setembro, sai a autorização para o
funcionamento do instituto, publicada no Diário Oficial da União (Portaria nº 1.170). No
dia 29 de novembro, é realizada, em Brasília/DF, a inauguração oficial.
Três cursos são oferecidos, escolhidos de acordo com a necessidade da região. São
eles: Agroindústria, Eletroeletrônica e Saneamento.
O campus do IFPE em Afogados da Ingazeira é recém-construído, graças ao apoio e
incentivo das 17 cidades do Sertão do Pajeú: Afogados da Ingazeira (sede do campus),
Brejinho, Calumbi, Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Carnaíba, Quixaba, Santa Cruz
da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José do Egito, Serra Talhada, Solidão,
Tabira,Triunfo e Tuparetama.

26
Com relação ao quadro de funcionários, o campus Afogados da Ingazeira possui um
total de 43 servidores, sendo 24 professores e 19 administrativos, além, claro, dos
terceirizados. É previsto um total de 100 funcionários efetivos para o instituto quando ele
atingir seu funcionamento pleno.
A segunda fase estava prevista para ter início em janeiro de 2012, com a construção
de mais dois anexos, uma biblioteca e um auditório.

3. ÁREA DE ABRANGÊNCIA

A constituição dos diversos campi que compõem o IFPE foi estabelecida tomando-se
por base o critério territorial de atuação e a caracterização das regiões de
desenvolvimento onde eles estão situados. Assim, os referidos campi estão localizados
em cinco regiões de desenvolvimento do estado, a saber: na Região Metropolitana do
Recife (RMR), na Região da Mata Sul (RMS), na Região do Agreste Central (RAC), na
Região do Agreste Meridional (RAM) e na Região do Sertão do Pajeú (RSP), como
mostra a figura a seguir:

Região Metropolitana do Recife:

Na Região Metropolitana do Recife, localizam-se os campi do Recife e Ipojuca. A


região se constitui atualmente na principal área de desenvolvimento do estado de
Pernambuco, compondo-se de dezoito municípios, dentre os quais se destacam a capital,
Recife, além de Jaboatão dos Guararapes, Olinda, Paulista e Ipojuca, que juntos são

27
responsáveis por 76% da renda gerada no estado. A região comporta ampla
infraestrutura logística, com destaque para o Porto de SUAPE, o Aeroporto Internacional
do Recife/Guararapes, bem como a ampla malha rodoviária e ferroviária19.
Sua economia diversificada apresenta cadeias produtivas consolidadas, destacando-
se os setores de Turismo, Ensino Superior e Pesquisas, Intermediação Financeira e
Varejo Moderno, sem falar no polo médico (terceiro maior do país) e de Tecnologia da
Informação (considerado o segundo melhor do Brasil). Também fazem parte das cadeias
produtivas da RMR os setores de Alimentos e Bebidas, Produtos Têxteis e Vestuário,
Movelaria, Indústria Sucroalcooleira, Indústria de Transformação e Avicultura20.
Apesar de todo esse potencial, a RMR apresenta graves problemas
socioeconômicos, sendo o principal deles a distribuição de renda desigual. Cerca de 60%
dos seus mais de três milhões de habitantes vivem na linha da pobreza, com renda
mensal de até um salário mínimo, e mais da metade da população economicamente ativa
(acima de 15 anos de idade) trabalha no setor informal. São também pontos negativos o
alto índice de violência, os serviços de saneamento precários e a saturação do espaço
físico, ocasionando a ocupação desordenada em áreas consideradas de risco e
insalubres21.

Região da Mata Sul:

Na região da Mata Sul pernambucana, situam-se os campi de Barreiros e Vitória de


Santo Antão. Essa região, por sua vez, localiza-se na mesorregião da Mata
Pernambucana, compreendendo uma área de 5.208,6 km2 (5,26% do território estadual).
Sua população é predominantemente urbana – apresenta baixa taxa de crescimento
devido ao fluxo migratório em direção aos grandes centros urbanos, onde se acomoda na
periferia em habitações precárias e, na sua maioria, subnormais. Sua economia é
majoritariamente agrícola, tendo como base a produção de cana-de-açúcar e produtos
derivados, como o açúcar, o álcool, o melaço e a aguardente. Dentre os municípios da
Mata Sul, destacam-se Vitória de Santo Antão (o mais populoso, com cerca de 130.000
habitantes)22, Palmares e Barreiros, os quais apresentam tendência à diversificação de
atividades econômicas, com destaque para a Fruticultura, o Plantio de Seringueiras, a

19 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 20-26.


20 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 20-26.
21 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 20-26.
22 Fonte: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1. Acesso em 29/03/2011.

28
Pecuária, a Indústria de Transformação, o Comércio Varejista e a Prestação de Serviços.
Vale salientar que Barreiros é um polo comercial que atende, também, a municípios
circunvizinhos, principalmente os do norte de Alagoas. Situado numa região próxima ao
litoral, o município tem também no Turismo um elemento de solidificação de sua
economia.

Região do Agreste Central:

Na região do Agreste central, concentra-se o maior número de campi do IFPE (Belo


Jardim, Pesqueira e Caruaru). Trata-se de uma região inserida na mesorregião do
Agreste pernambucano. Caruaru é sua principal cidade, sendo também um centro de
conexão, pois está localizada na interseção das rodovias BR 232 e BR 104, por onde
circulam praticamente toda a produção e abastecimento da região. Como principais
atividades econômicas da RAC, destacam-se o ramo de confecção (vestuário e têxteis) e
a pecuária leiteira e de corte, que se desenvolvem junto com o tradicional cultivo de
milho, feijão, mandioca e algodão, a avicultura e o turismo de lazer, religioso e rural.
Também são significativos os setores de comércio e de serviços, além de importante polo
moveleiro. Vale registrar que o Agreste se caracteriza, sobretudo, pelo predomínio da
policultura com uso intensivo da mão de obra familiar, incipiente uso da tecnologia e
insumos, o que resulta em baixa produtividade e precariedade das condições de vida da
população das pequenas propriedades rurais.

Região do Agreste Meridional:

A região do Agreste meridional conta com o campus de Garanhuns. O município de


Garanhuns também está localizado na mesorregião do Agreste pernambucano. A cidade
é o maior centro de captação de leite do estado, responsável pelo processamento de
70% da produção da bacia leiteira de Pernambuco, destacando-se igualmente na
produção artesanal, semiartesanal e industrial de laticínios. Além da pecuária, a cultura
de subsistência é desenvolvida na região, principalmente com o cultivo de feijão, milho e
mandioca. Nas áreas de brejo, aparecem a cafeicultura, a fruticultura e o plantio de
hortaliças. A olericultura e a floricultura também representam algumas das atividades do
Agreste meridional. O comércio da região é significativo, sobretudo nos municípios de
Garanhuns e Lajedo. Além de sua importância comercial, Garanhuns desenvolve

29
atividades ligadas à hospitalidade e lazer, em função do seu clima de baixas
temperaturas.

Região do Sertão do Pajeú:

Também a região Sertão do Pajeú conta com uma unidade do IFPE. Trata-se do
campus de Afogados da Ingazeira. O Sertão constitui a parte do semiárido
pernambucano com condições climáticas mais adversas ao desenvolvimento da
agropecuária tradicional e do cultivo com base no regime de chuvas. As culturas mais
expressivas — de milho e de feijão — são de alto risco climático para as condições de
clima e tempo predominantes. A atividade pecuária, tanto bovina como de caprinos e
ovinos, sempre é desenvolvida de forma extensiva, à base de pastos naturais, cultivo da
palma forrageira e com pouca tecnologia de manejo.
Especificamente a RSP participa com 1,8% no Produto Interno Bruto (PIB) de
Pernambuco, e seus arranjos produtivos se concentram na caprinovinocultura, na
pecuária de corte, na prestação de serviços, na indústria de doces e na apicultura. O
setor de serviços tem o maior peso na economia local, principalmente nos municípios de
maior PIB da região, como Serra Talhada.

4. ÂMBITO DE ATUAÇÃO

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco tem como


responsabilidade social o desenvolvimento do ensino tecnológico em todos os seus
níveis e modalidades, conforme preceitua a Lei nº 11.892/2008, em seu artigo 1º, § 2º:
“No âmbito de sua atuação, os Institutos Federais exercerão o papel de instituições
acreditadoras e certificadoras de competências profissionais”. Sendo assim, o IFPE se
constitui como um dos maiores institutos do país, colaborando com a formação de
profissionais qualificados para atuar, com competência humanística, técnica e científica,
no mundo do trabalho, respeitando as peculiaridades e demandas locais e regionais.
A expansão dos Institutos Federais, enquanto política governamental, possibilita o
aumento da oferta dos cursos técnicos de nível médio integrados, subsequentes, do
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), da Formação Inicial e

30
Continuada (FIC), tecnológicos, bacharelados, licenciaturas, pós-graduações (lato sensu
e stricto sensu) e especialização de nível técnico, contemplando as comunidades das
regiões urbanas e rurais, como também o desenvolvimento de ações nas áreas do
ensino, pesquisa e extensão.

5. A OPERACIONALIZAÇÃO DA CONSTRUÇÃO DO PPPI: METODOLOGIA


PARTICIPATIVA

A construção do projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI) com a participação


dos segmentos da comunidade escolar é de fundamental importância no contexto de uma
gestão participativa, porque, desenvolvida dessa forma, permite que as pessoas
ressignifiquem as suas experiências, reflitam sobre as suas práticas, explicitem os seus
sonhos e utopias, demonstrem os seus saberes, reafirmem as suas identidades,
estabeleçam novas relações de convivência e indiquem um horizonte de novos
caminhos, possibilidades e propostas de ação.
Nesse contexto, a operacionalização da construção do PPPI deu-se em cumprimento
à exigência legal23, na intenção de realizar discussões com a comunidade do IFPE, na
qual foi possível identificar as necessidades e anseios dos que fazem essa instituição.
Foram realizados inicialmente Fóruns Temáticos e, posteriormente, Conferências. O
presente documento foi construído a partir da constituição de quatro comissões:
Coordenação Geral Responsável pela Articulação da Construção do PPPI (Portaria nº
420/2009), Comissões Locais (por campi), Comissão Responsável pela Conferência do
Projeto Político Pedagógico do IFPE (Portaria nº 258/2010) e Comissão para Finalização
do Documento referente ao PPPI (Portaria nº 1.265/2010).
Cada comissão citada teve atribuições inerentes a sua finalidade24. A Comissão da
Coordenação Geral Responsável pela Articulação da Construção do PPPI (Portaria nº
420/2009) teve como atribuições gerais coordenar o processo de
construção/reconstrução do PPPI. Cabia-lhe, entre outras ações específicas: a
organização e preparação dos Fóruns Temáticos, através da sensibilização dos atores
envolvidos, e a avaliação do processo de construção do referido documento. Nessa
comissão, discutiu-se a sistemática de organização dos fóruns, desde a questão

23 Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008.


24 Em anexo, as portarias nº 420/2009, 258/2010 e 1.265/2010 e suas respectivas atribuições.

31
estrutural até aquelas que envolviam a dinâmica dos trabalhos dos grupos, considerando
que cada Fórum Temático era organizado com base em perguntas norteadoras, visando
a dar andamento às leituras realizadas anteriormente e às discussões posteriores,
proporcionadas pelos palestrantes.
As Comissões Locais (por campus) tiveram como finalidade propiciar a discussão e a
reflexão sobre a importância do PPPI, bem como a preparação dos seus representantes
para a participação nos Fóruns Temáticos25.
A Comissão Responsável pela Conferência do PPPI-IFPE (Portaria nº 258/2010) teve
como objetivo a organização e sistematização das deliberações dos Fóruns Temáticos, e
a Comissão para Finalização do Documento referente ao PPPI (Portaria nº 1.265/2010)
incumbiu-se de organizar o documento final.
Em junho de 2009, os Fóruns Temáticos deram início ao processo de construção do
documento, de que participaram quatro categorias de representatividade dos campi,
conforme o Regimento Interno dos Fóruns de Construção da Conferência do PPPI do
IFPE:

• Integrantes das comissões dos campi e Coordenação-Geral;


• Delegados dos campi (docentes, discentes e técnicos administrativos);
• Convidados;
• Ouvintes.

Os Fóruns Temáticos foram realizados de forma itinerante, organizados com base em


grupos de trabalho (GT). Cada GT era constituído por um mediador e um relator
escolhidos pelo grupo. Os eixos temáticos que orientaram os fóruns tiveram como
referência o texto da Conferência Nacional de Educação (CONAE), que destaca os
seguintes temas:
• Papel do Estado na garantia do direito à educação de qualidade;
• Organização e regulação da educação nacional;
• Qualidade da educação, gestão democrática e avaliação;
• Democratização do acesso, permanência e sucesso escolar;

25 Cada campus teve autonomia para operacionalizar os Ciclos de Estudos necessários para o
encaminhamento das discussões dos Fóruns Temáticos. Assim, foram realizados, diferentemente em cada
campus, reuniões, encontros pedagógicos, pré-fóruns, entre outros momentos, visando à preparação para
os Fóruns Temáticos.

32
• Formação e valorização dos profissionais da educação;
• Financiamento da educação e controle social;
• Justiça social, educação e trabalho: inclusão, diversidade e igualdade.
Ainda de acordo com o Regimento Interno dos Fóruns de Construção da Conferência
do PPPI do IFPE, cada fórum era iniciado por uma palestra que abordava o eixo temático
que iria nortear a discussão do evento. Em seguida, eram formados os GTs, nos quais os
participantes discutiam e elaboravam suas propostas. A finalização do encontro acontecia
com uma Plenária Geral. O quadro abaixo destaca as informações relativas a cada
Fórum Temático:
Fórum Local Data Palestrante Palestra
Temático
I Campus 03/06/09 Prof. Dante Moura (IFRN) Proposta Pedagógica dos
Recife Institutos Federais de
Educação, Ciência e
Tecnologia
II Campus 09/07/09 Prof.ª Edla de Araújo Lira A Organização Institucional e
Vitória de Soares o Papel das Instâncias de
Santo Governo e da Sociedade
Antão
III Campus 30/09/09 Prof. Dante Moura (IFRN) O Sistema de Gestão e a
Belo (Manhã) Educação Profissional e
Jardim Tecnológica
IV Campus 30/09/09 Prof. Gaudêncio Frigotto A Relação da Educação
Belo (Tarde) (UERJ/ UFF) Profissional e Tecnológica
Jardim com a Universalização da
Educação Básica e a
Democratização do Ensino
Superior
V Campus 20/10/09 Prof.ª Ilma Passos (UnB) Valorização e Formação de
Ipojuca Profissionais da Educação
VI Campus 19/11/09 Prof.ª Bernardina Santos, Proposta Curricular – As
Belo Prof.ª Edilene Guimarães Diversas Dimensões do
Jardim e Prof.ª Nubia Frutuoso Currículo: Reflexões para a
(Parceria (IFPE) Construção do PPPI
com o
Campus
Pesqueira)

O Documento Referência do Projeto Político Pedagógico do IFPE foi o resultado das


discussões dos seis fóruns, o qual foi disponibilizado a todos os campi para que eles o
apreciassem e dessem suas contribuições em forma de emendas, que poderiam ser:
SUPRESSIVAS (negrito, em vermelho tachado), ADITIVAS (negrito, em itálico azul),

33
NOVAS PROPOSTAS (negrito, em verde sublinhado). Para as sugestões concernentes
aos AJUSTES DE REDAÇÃO, foi inserida a expressão “acordo de redação”. Em
seguida, nas Conferências de Construção do PPPI - CONFEPPPI26, o Documento
Referência do Projeto Político Pedagógico do IFPE foi debatido e aprovado. Seguem
abaixo as informações acerca das Conferências:

CONFEPPPI: Local: Datas: Eixos temáticos discutidos:


I Campus Recife 20/04/10 I e II
II Campus Vitória 20/05/10 III e IV
III Campus Recife 17/08/10 V e VI

Nessa perspectiva, a metodologia aplicada ao PPPI foi construída e vivenciada com


base na representação participativa dos segmentos do IFPE, favorecendo a capacidade
de delineamento da identidade escolar. Isso significou resgatar “a escola como espaço
público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva” (VEIGA, 2004, p.14).
Por outro lado, objetivou, ainda, instituir diretrizes para a consolidação da função social
do IFPE, tendo em vista o desenvolvimento de uma educação de qualidade social que
integre o ensino, a pesquisa e a extensão.

6. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS

No contexto educacional brasileiro, não é fácil construir um conceito de educação de


qualidade, que vise à formação integral e integrada para a cidadania. Essa reflexão é
imperativa e faz com que seja de fundamental importância que o IFPE organize,
selecione, direcione saberes e desenvolva uma prática pedagógica de forma integrada,
capaz de contribuir com a efetivação desse papel. Assim, faz-se necessário repensar
continuamente a sua função social, compreendida também enquanto prestação de
serviços à sociedade, a partir da formação profissional em vários níveis e modalidades de
ensino, contribuindo para que o estudante possua sólidos conhecimentos científicos e
tecnológicos, como também em sua formação para a cidadania, a fim de se
concretizarem as aspirações da sociedade no que se refere a sua formação: maior
qualidade de educação, maior igualdade e formas democráticas de convívio, com o
26 O tema central foi “Construindo o Projeto Político Pedagógico do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Pernambuco: Diretrizes para a Consolidação da Função Social do IFPE”.

34
objetivo de construir e consolidar não só a qualificação profissional, mas, sobretudo, a
formação humana.
Nesse sentido, na perspectiva de cumprir as finalidades do instituto, deve estar
presente o cuidado em assegurar a aplicação e o desenvolvimento dos princípios
filosóficos, políticos, estéticos, éticos e pedagógicos.
Os princípios pedagógicos são eixos estruturadores do ensino-aprendizagem que
possibilitam a materialização do desempenho do futuro profissional, capaz de vincular a
educação à prática social e ao mundo do trabalho, relacionar teoria e prática, estar
preparado para o exercício da cidadania, explicar adequadamente os processos
científicos e tecnológicos dos processos produtivos, apresentar autonomia intelectual e
pensamento crítico e ser flexível frente a novas condições de ocupação no mundo do
trabalho.
Para tanto, o ambiente mais favorável à aprendizagem é o interdisciplinar,
considerando que as práticas interdisciplinares contribuem para a formação simultânea
do estudante nos aspectos técnico e prático, pluralista e crítico, implicando uma
qualidade social e política, pois, por INTERDISCIPLINARIDADE, enquanto princípio
pedagógico, compreende-se que todo conhecimento é construído em um processo
dialógico permanente com outros conhecimentos que se completam, apontando para a
necessidade do seu domínio, com vistas a que essas conexões entre si se efetivem.
Outro princípio pedagógico é a CONTEXTUALIZAÇÃO enquanto transposição
didática, em que o professor relaciona o conhecimento científico às experiências do
estudante, ou seja, transforma essa vivência em conhecimento e transfere o aprendido a
novas vivências.
O contexto da lei de criação dos institutos aponta para outro princípio pedagógico, a
INDISSOCIABILIDADE entre ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO, para fortalecer, dentro
e fora do ambiente escolar, a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa
individual e coletiva, assim como as diversas formas de práticas profissionais e a
participação em atividades de extensão, as quais permitirão ao futuro profissional
possibilidades de superar os desafios de renovadas condições do exercício profissional e
de produção do conhecimento.
Com essa compreensão, o IFPE se propõe a adotar esses princípios pedagógicos,
amplamente contemplados na LDB (Lei nº 9.394/96) e nas legislações específicas, a
partir de uma visão dinâmica e inovadora, aberta às mudanças e às transformações do
mundo contemporâneo.

35
7. FUNÇÃO SOCIAL

A função social do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de


Pernambuco é promover uma educação pública de qualidade, gratuita e transformadora,
que atenda às demandas sociais e que impulsione o desenvolvimento socioeconômico da
região, considerando a formação para o trabalho a partir de uma relação sustentável com
o meio ambiente. Para tanto, deve proporcionar condições igualitárias de êxito a todos os
cidadãos que constituem a comunidade do IFPE, visando à inserção qualitativa no mundo
socioambiental e profissional, fundamentado em valores que respeitem a formação, a
ética, a diversidade, a dignidade humana e a cultura de paz.

8. PROPOSTA PEDAGÓGICA

Tema: Proposta Pedagógica dos Institutos Federais de Educação, Ciência e


Tecnologia.

As propostas pedagógicas aqui apresentadas foram objeto de discussão por ocasião


do I Fórum de Construção do PPPI, em que o Professor Dante Henrique Moura, do
Instituto Federal do Rio Grande do Norte, proferiu a palestra “IFPE: que projeto político-
pedagógico a comunidade quer construir coletivamente?”, destacando o histórico papel
social dos institutos, a função social deles e sua relação com o currículo materializado no
instituto.
Foi de extrema importância a discussão conceitual e a distinção entre missão e
função social. Destacou-se que a função social está mais intrinsecamente relacionada
com as instituições públicas e a missão, com as instituições privadas. A instituição
pública aspira à universalidade. Dante Moura, citando Marilena Chauí, afirma que

a organização sabe que sua eficácia e seu sucesso dependem de sua


particularidade. Isso significa que a instituição tem a sociedade como seu
princípio e sua referência normativa e valorativa, enquanto a organização tem
apenas a si mesma como referência, num processo de competição com
outras que fixaram os mesmos objetivos particulares27.

27 Fala do Professor Dante Henrique Moura, em palestra realizada no dia 3 de junho de 2009, no I Fórum
de Construção do Projeto Político Pedagógico do IFPE.

36
A empresa privada de ensino, segundo o Professor Dante, tem um foco particular no
que se refere ao grupo populacional ao qual pretende prestar seus serviços e adota como
critério mais objetivo o valor da mensalidade/anuidade que esse grupo se dispõe a pagar.
Portanto, está na gênese dessas organizações o fato de que sua ação não se destina a
toda a sociedade, mas apenas àqueles grupos que podem pagar e se dispõem a tanto
pelo serviço prestado, estabelecendo-se uma relação de consumo.
As questões abaixo nortearam as propostas pedagógicas e ações a seguir:
• A partir das potencialidades e fragilidades identificadas, que instituição educativa
queremos?
• A instituição que queremos contempla quais concepções de ser humano, de
sociedade e de educação?
• Qual deve ser a missão do instituto28?
• Qual deve ser a função social do instituto?

8.1 PROPOSTAS E AÇÕES

• Gestão democrática, aberta à participação da comunidade interna e externa,


através de regulamentação específica;
• Formação adequada aos profissionais de educação, bem como a adequação do
espaço físico escolar e recursos didático-pedagógicos, visando ao atendimento eficiente
e eficaz aos discentes com necessidades educacionais específicas;
• Gestão cidadã, que promova a formação humanística e profissional, contribuindo
para a construção da cidadania;
• Indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão que reveja o próprio conceito
de extensão, que busque a sustentabilidade em todos os níveis, que seja mais integrada
com a sociedade, que considere as particularidades regionais, as diferenças e atenda às
necessidades da sociedade em suas demandas;
• Oportunização de cursos de formação objetivando a apropriação das legislações
vigentes referentes a todos os níveis de ensino;
• Organização pedagógica que também incentive um fazer pedagógico que promova
a interação estudante-professor nas atividades de ensino, pesquisa e extensão numa
28 Questão extraída do relatório do I Fórum.

37
perspectiva de formação holística, que valorize o potencial crítico e criativo e que veja o
estudante como um ser de possibilidades, construtor do seu conhecimento, promovendo
uma maior integração e comunicação entre os campi, comprometida com a produção do
conhecimento científico, tecnológico e cultural, capaz de influenciar nas mudanças
sociais e nas definições de políticas de Estado na esfera da educação;
• Instituição mais flexível no seu processo permanente de mudança conceitual de
educação profissional e humana e dos processos políticos, socioambientais, acadêmicos
e culturais, caminhando de forma coerente com as linhas definidas em seu projeto
político-pedagógico institucional;
• A função social do instituto é promover uma educação pública de qualidade,
gratuita e transformadora, que atenda às demandas sociais, impulsionando, assim, o
desenvolvimento socioeconômico, considerando uma formação para o trabalho a partir
de uma relação sustentável com o meio ambiente. Para tanto, deve proporcionar
condições igualitárias de êxito a todos os cidadãos que constituem a comunidade do
IFPE, visando à inserção qualitativa no mundo socioambiental e profissional,
fundamentado em valores que respeitem a formação, a ética, a diversidade, a dignidade
humana e a cultura de paz;
• A missão do IFPE é promover a educação profissional, científica e tecnológica em
todos os seus níveis e modalidades, fundamentada no princípio da indissociabilidade das
ações de ensino, pesquisa e extensão, comprometida com uma prática cidadã e
inclusiva, de modo a contribuir para a formação integral do ser humano e para o
desenvolvimento sustentável da sociedade.

9. A ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Tema: Organização Institucional e o Papel das Instâncias de Governo e da


Sociedade Civil nos Institutos Federais.

A palestra da Professora Edla de Araújo Lira Soares, do Conselho Estadual de


Educação de Pernambuco, Construindo o Sistema Nacional Articulado de Educação: o
Plano Nacional de Educação, Diretrizes e Estratégias de Ação, proferida no II Fórum,
apontou a importância da construção do PPPI como espaço dialogado de compreensões,
valores, concepções e princípios, destacando o desafio de construir consensos,

38
respeitando as diversidades em benefício de uma educação de qualidade social e do
bem comum. Durante a apresentação, a palestrante ressaltou a Igualdade, a Diversidade
e a Justiça Social como princípios norteadores da Organização Institucional, princípios
esses que devem estar explícitos no PPPI.
A palestrante destacou que um dos maiores problemas a ser enfrentados na
construção do projeto político pedagógico é a diversidade de propostas e a necessidade
democrática de negociar, no conjunto dessas propostas, um acordo que permita
desenvolver uma política pública, cuja finalidade geral seja o bem-estar, o bem comum
da sociedade.
Ao analisar o tema do fórum, a Professora Edla apontou, ainda, que o projeto da
Instituição não deve ser restrito a uma política de governo, tampouco prescindir da
participação da sociedade civil. A passagem de uma política de governo para uma
política de Estado depende do apoio e da articulação que a instituição vai construir junto
com a sociedade civil.
Outro aspecto ressaltado pela palestrante refere-se à construção de uma nova
identidade do Instituto. Nesse sentido, a construção do projeto político pedagógico pode
contribuir nessa passagem complexa de reinvenção de uma identidade, a partir das
identidades institucionais já existentes. A construção dessa identidade, por ser histórica,
é um movimento permanente, que só é possível ser realizado coletivamente, tendo a
comunidade escolar assumido sua condição legítima de protagonista. Essa identidade é
histórica e se constitui à medida que determinadas possibilidades efetivam-se
historicamente. Nesse sentido, o fórum traduz uma concepção de que podemos nos
juntar para fazer essa passagem e, assim, fortalecer nossa atual identidade.
Para a palestrante, o fórum diz respeito aos institutos, sua nova identidade ou
reinvenção de sua identidade, frente à possibilidade histórica que se concretizou através
de uma política de governo, que exige uma mudança de identidade. O que está em pauta
é como transformar uma política de governo em uma política pública de Estado,
consistente e democrática, numa sociedade também democrática. O discurso é da
política e do poder, e não da conversão. É por isso que nessa reinvenção da identidade é
necessário abrir um espaço para a questão da diversidade.
Sobre a diversidade, destacou que, dentro de uma perspectiva que não permite o
acolhimento da diferença e da diversidade, estudantes de diferentes níveis sociais são
tratados como iguais: o mesmo dever de casa, o mesmo trabalho escolar, o mesmo livro,
a mesma avaliação, as mesmas oportunidades, ainda que venham de realidades sociais

39
diferenciadas, quando o que precisam é de oportunidades diversas e variadas, para que,
mesmo diante de origens e de situações sociais distintas, possam aprender na mesma
medida. Eleger a diversidade como um dos princípios norteadores do PPPI, e assim
trazer esse tema para discussão no II Fórum, é reconhecer que somos seres históricos e
que a idade não deve ser o princípio organizador do ensino.
Para a palestrante, a elaboração do projeto político pedagógico é um exercício político
que pode ser feito de forma autoritária ou de forma dialogada. Essa segunda
possibilidade vai permitir que apareçam várias oportunidades de projetos, exigindo a
negociação de conceitos e princípios, a partir dos quais é possível construir um quadro
de compromissos coletivos que respeite as diversidades e as histórias dos atores
envolvidos.
Outro aspecto importante destacado pela palestrante é que os conceitos que estão nos
documentos que orientam a organização dos institutos remetem a um novo discurso em
processo no Brasil, o qual envolve a sociedade civil organizada, com vistas à Conferência
Nacional de Educação – CONAE, prevista para 2010, e cuja temática será o Sistema
Nacional Articulado. Para o debate sobre a construção do Sistema Nacional Articulado de
Educação, a CONAE propõe 6 (seis) eixos, a saber:

• EIXO I: Papel do Estado na Garantia do Direito à Educação de Qualidade:


Organização e Regulação da Educação Nacional;
• EIXO II: Qualidade da Educação, Gestão Democrática e Avaliação;
• EIXO III: Democratização do Acesso, Permanência e Sucesso Escolar;
• EIXO IV: Formação e Valorização dos Profissionais da Educação;
• EIXO V: Financiamento da Educação e Controle Social;
• EIXO VI: Justiça Social, Educação e Trabalho: Inclusão, Diversidade e Igualdade.

Para a palestrante, o discurso de construção de um Sistema Nacional Articulado tem a


ver com a forma de organização da educação. A proposta desse sistema é que, em 2010,
a educação seja responsabilidade de todos os entes federativos, mas mediante um
regime de colaboração, que está previsto na Constituição e que até hoje não foi
regulamentado. Com isso, fica um pergunta para reflexão: o Brasil tem ou não tem um
Sistema Nacional Articulado?

40
Sobre essa questão, ressaltando que existem grupos que respondem positiva e
negativamente a ela, a palestrante se posicionou entre os que defendem a posição de
que não existe um sistema nacional de ensino constitucionalmente assegurado. O
argumento é que a Constituição de 1988 marcou uma ruptura com a ditadura, tendo uma
linha de orientação que se opunha à centralização do Executivo. Entretanto, apesar de o
texto constitucional estar marcado pela proposição de descentralizar, assegurar a
participação e fortalecer o conjunto dos entes federativos, num movimento de ruptura
com o Estado autoritário, o regime de colaboração, previsto no artigo 211 da
Constituição, até hoje não foi regulamentado pelo Congresso. Portanto, todas as
atribuições que seriam do sistema nacional foram assumidas pela União, terminando por
se recompor o “Executivo Imperial” da União, pois é ela quem coordena a política, a
economia etc. Nesse sentido, a Constituição não legitima um Sistema Nacional
Articulado, e, por não termos um sistema nacional articulado, a União veio e se instalou
para assumir as atribuições que pertencem a esse sistema.
É nesse contexto que a palestrante instigou o IFPE a se posicionar e marcar sua
presença na Conferência de Educação de Pernambuco – CONEPE, e, posteriormente,
na CONAE, em 2010. Qual será a posição do IFPE em relação ao Sistema Nacional
Articulado? Quais são as concepções que irão sustentar o Sistema? Qual a concepção
de educação aí subjacente?
Discorrendo sobre esses eixos do documento de referência da CONAE, a palestrante
alertou sobre a importância de o IFPE assumir a educação como um direito, no seu PPPI.
Nessa perspectiva, chamou a atenção para a contribuição da migração da concepção de
direitos humanos para o âmbito da educação, pela sua natureza interdependente,
universal e indivisível. Se a educação é um direito humano, podemos considerar que tais
direitos e também a nossa identidade não estão dados, eles vão ser historicamente
construídos diante das possibilidades que a sociedade cria em face da injustiça social.
A educação como direito humano é um espaço de igualdade, porque potencializa, nas
práticas sociais, as bases de uma nova sociabilidade, em que as relações expressam o
reconhecimento de todos os sujeitos e, portanto, de iguais. É inerente ao processo de
humanização, na medida em que contribui para o movimento permanente de construção
de uma sociedade fundada no compromisso com a justiça social e o bem-estar coletivo,
assegurando, dessa forma, uma condição indispensável ao efetivo exercício dos direitos
humanos nas sociedades democráticas. Nesse sentido, a concepção de educação deve
ter como referência maior a justiça social e, portanto, uma sociedade de iguais, onde a

41
diferença é entendida como um componente a ser respeitado na sociedade. A política
pública, fundada na justiça social, promove a igualdade e o respeito às diferenças.
Outro aspecto ressaltado pela Professora Edla foi o da compreensão da escola como
um dos primeiros espaços de convivência com as diferenças e a diversidade. Ou a escola
se transforma em um meio de convivência com a diversidade e as diferenças ou não
haverá a possibilidade de se exercer a democracia, sendo necessário construir um
imaginário do qual professores e estudantes também façam parte, que considere essa
possibilidade.
Por muito tempo, os principais formadores foram a escola e a família. Na segunda
metade do século XX, a sociedade brasileira rompeu com os marcos regulatórios
brasileiros e reconheceu que os tempos eram outros, pondo em pauta, na LDB de 1996,
que a educação passa pela vida familiar, pela convivência humana, pelo trabalho, pelas
instituições de ensino, pela pesquisa e pelos movimentos sociais. A escola, portanto, não
seria apenas um prolongamento da família. Para a palestrante, esse assunto cabe na
elaboração do projeto político pedagógico, pois trata do reconhecimento dos conjuntos
dos processos formativos, que vão além da dualidade escola-família.
A palestrante pontuou, ainda, a ética, os costumes, as tradições e os comportamentos
coletivos de um grupo social como elementos da convivência coletiva. A ética, como uma
reflexão crítica sobre os costumes individuais e coletivos, contribui para a definição de
quais deles serão compartilhados. Nesse sentido, o maior desafio do projeto político
pedagógico é garantir, ao mesmo tempo, um espaço privado da moral individual do
cidadão e um conjunto dos valores coletivos e compartilhados em toda sociedade
democrática.
A questão abaixo norteou as propostas e ações a seguir:

• Quais devem ser as políticas/ações expressas no PPPI do IFPE que concorram


para a justiça social, educação e trabalho, considerando a inclusão, a diversidade e a
igualdade?

9.1 PROPOSTAS E AÇÕES


• Assegurar que as ações de ensino, pesquisa, extensão e administração do IFPE
sejam voltadas para a justiça social, educação e trabalho, considerando a inclusão, a
cultura de paz, a diversidade e a igualdade.

42
• Repensar a organização acadêmica a partir das categorias de justiça e inclusão
social.
• Intensificar o diálogo entre os campi para a troca de experiências e elaboração de
diretrizes das políticas do instituto, contemplando os aspectos de inclusão, cidadania e
justiça social, bem como as especificidades locais.
• Elaborar políticas de inclusão que priorizem o estudante oriundo de escola pública,
de forma a garantir não apenas o acesso, mas a permanência e o êxito escolar desse
estudante.
• Implementar políticas de educação para o desenvolvimento sustentável.

Além disso, foi proposto que o PPPI observe uma organização a partir dos seguintes
programas:
9.1.1. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DO IFPE (dimensões:
infraestrutura, humana, curricular: formação integral, práticas cidadãs):

• Reestruturar os currículos dos cursos para atender às demandas emergentes.


• Incentivar a revisão/elaboração de planos de curso, através da criação de um
núcleo comum, que permita a mobilidade do educando entre os campi, evitando
possíveis evasões.
• Reorganizar o currículo, contemplando em todos os cursos temáticas
contemporâneas: direitos humanos, cidadania, ética, inclusão, justiça social, diversidade,
multiculturalismo etc.
• Incentivar e valorizar, em termos de currículo, expressões de trabalho comunitário,
cultural e de inclusão, promovendo a interação com a sociedade.
• Estruturar os cursos do PROEJA na modalidade integrada.
• Garantir a equidade entre o tempo/espaço do ensino-aprendizagem no PROEJA,
tendo em vista a especificidade do programa, e também nos demais cursos do IFPE.
• Contemplar, nos currículos do PROEJA, metodologias e materiais didáticos que
atendam à especificidade de cada curso, tendo em vista a qualidade da formação
oferecida.
• Promover o diálogo constante e sistemático entre os professores da formação
geral e profissional para a escolha relevante de conteúdos significativos e para o
encaminhamento pedagógico deles.

43
• Analisar os critérios e a forma de acesso dos estudantes ao IFPE.
• Desenvolver atividades/mecanismos de permanência do educando no IFPE,
através de programas preparatórios e de aprofundamento de conteúdos básicos,
esportes e lazer, atividades culturais, entre outras.
• Instituir uma política de inclusão para o acesso, permanência e êxito dos discentes.
• Oferecer cursos de qualificação profissional.
• Possibilitar, através do esforço acadêmico, a viabilização de projetos que visem à
inclusão, permanência e êxito dos discentes.

9.1.2. PROGRAMA DE APOIO À PESQUISA E À EXTENSÃO:

• Priorizar a pesquisa e a extensão como forma de oferecer educação científica,


profissional e tecnológica a segmentos sociais que não são usualmente assistidos pelo
IFPE.
• Ampliar a oferta de programas de extensão para as comunidades interna e
externa, a partir dos arranjos produtivos locais, criando estratégias para que os
professores possam disponibilizar um percentual do esforço acadêmico para esse fim.
• Criar uma política de pesquisa junto aos órgãos de fomento que contemple a
especificidade de cada campus, utilizando também estratégias para que os professores
possam disponibilizar um percentual do esforço acadêmico para esse fim.
• Criar e/ou reestruturar núcleos de pesquisa aplicada nos campi, através da
melhoria da infraestrutura (laboratórios, ambientes de estudo etc.), de forma a contribuir
com o desenvolvimento regional.
• Preparar o trabalho docente, administrativo e a infraestrutura para a inclusão
política de extensão, associada à realidade local, de acordo com a situação produtiva da
região.

9.1.3. PROGRAMA DE GESTÃO COMPARTILHADA:

• Garantir a realização do orçamento participativo como prática cidadã no IFPE, com


a participação paritária de representantes das comunidades interna e externa.

44
• Fortalecer a relação intercampi de forma a garantir a uniformização de
procedimentos e adequação das políticas às necessidades e/ou especificidades de cada
campus do IFPE.
• Estruturar os campi física, humana e pedagogicamente, para a implementação das
políticas de inclusão.
• Criar e/ou fortalecer as instâncias de representação estudantil do IFPE.
• Implementar mecanismos de acompanhamento e avaliação das ações que visem à
realização e à efetividade das políticas de inclusão, diversidade e igualdade do IFPE.
• Implantar uma sistemática de avaliação institucional, participativa e contínua, com
definição clara do que, do por que, do para que e do como avaliar.
• Criar e/ou reativar colegiados ou instâncias equivalentes em cada campus, de
modo a garantir a participação efetiva na gestão compartilhada.

9.1.4. PROGRAMA DE VALORIZAÇÃO E FORMAÇÃO CONTINUADA DOS


PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO:

• Criar uma política de reconhecimento, valorização e desenvolvimento dos


profissionais em educação.
• Implementar políticas de valorização dos servidores e colaboradores do IFPE.
• Desenvolver uma política permanente de formação continuada de docentes e
técnicos administrativos em todos os níveis, garantindo e respeitando as especificidades
de cada curso, objetivando a qualidade de ensino, contemplando as práticas inclusivas e
ajustando, para isso, os currículos e a estrutura física da Instituição.
• Implementar ações de qualificação docente e administrativa para atender aos
estudantes do sistema de cotas, com necessidades especiais, de modo a viabilizar a
permanência e o êxito do estudante.
• Promover políticas de formação dos professores do PROEJA as quais tenham
repercussão direta e efetiva nas ações pedagógicas da sala de aula.
• Garantir recursos didático-pedagógicos, inclusive livros didáticos, nos cursos
PROEJA compatíveis com os conteúdos e metodologias propostas nos projetos
pedagógicos dos cursos.
• Ofertar curso de licenciatura aos bacharéis do IFPE.

45
• Implementar uma política de integração e formação didático-pedagógica e
humanística obrigatória para os novos docentes concursados.

9.1.5. PROGRAMA DE INCLUSÃO, DIVERSIDADE E CIDADANIA (atendimento,


assistência ao estudante, cotas etc.):

• Ampliar programas de inclusão que superem a improvisação e as limitações da


participação das pessoas com necessidades especiais na integralidade das atividades
pedagógicas vivenciadas no Instituto.
• Garantir atendimento especializado (apoio psicopedagógico, assistência social)
condizente com a demanda do Instituto.
• Garantir a indissociabilidade entre as políticas que valorizem a diversidade,
especialmente no que se refere às questões étnicas, culturais, de gênero, religiosas etc.,
promovendo trabalhos educativos para o desvelamento e diminuição dos estigmas.
• Criar ou intensificar ações afirmativas que possibilitem o acesso de populações até
agora excluídas do IFPE. Ex.: creche para filhos de mães estudantes e funcionárias,
complemento de renda, bolsa de estudo, auxílio-transporte, auxílio-alimentação e
ampliação de vagas nos internatos femininos (nos campi que possuam internatos).
• Criar canais de acesso às comunidades locais (indígenas, quilombolas, por
exemplo).
• Definir políticas de inclusão a serem implementadas no IFPE, no que se refere às
comunidades indígenas e quilombolas nos municípios de sua abrangência, bem como a
outras diversidades;
• Adequar ações educativas já previstas nas políticas públicas acerca da
diversidade, inclusão e igualdade. Ex.: lei da questão étnica racial.
• Estabelecer uma política de combate ao racismo e ao sexismo no IFPE.
• Promover eventos culturais e científicos, com temáticas que incluam as
diversidades.
• Promover ações socioeducativas para a promoção da cultura de paz no IFPE.

46
9.1.6. PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO ENTRE SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E
TRABALHO:

• Manter diálogo permanente, contínuo, sistemático e institucional com as instâncias


da sociedade civil organizada, tendo em vista práticas educativas voltadas para a
inclusão, diversidade e cidadania.
• Criar uma política de incentivo à participação ativa nas discussões dos fóruns e
conferências da sociedade civil organizada.
• Criar uma política de relacionamento com as redes estadual e municipal, de forma
a garantir a inserção do IFPE na construção do processo educacional das regiões,
através da participação em conselhos, congressos, fóruns e conferências.
• Estabelecer uma rede de cooperação entre o IFPE e as redes estadual e municipal
de ensino, visando ao intercâmbio e à troca de experiências na formação continuada do
corpo docente.
• Realizar parcerias com empresas e governos estadual e municipal, tendo em vista
o apoio às atividades de estágio, oferecendo como contrapartida ações de integração da
família e da comunidade local na comunidade acadêmica.
• Ampliar a celebração de convênios com os setores público e privado, através do
fortalecimento da relação Instituição-comunidade.
• Desenvolver ações efetivas de integração com o mundo do trabalho.
• Criar políticas de identificação de demandas dos arranjos produtivos locais para a
avaliação de oferta de cursos e estabelecimento de parcerias com as empresas.

10. O SISTEMA DE GESTÃO

Tema: O Sistema de Gestão e a Educação Profissional e Tecnológica.

Na palestra, proferida pelo Professor Dante Henrique Moura, do Instituto Federal do


Rio Grande do Norte, intitulada “O Sistema de Gestão e Educação Profissional e
Tecnológica”, foi enfatizada a importância de se discutir a relação do projeto político
pedagógico com a gestão democrática no contexto de construção do IFPE, enquanto
nova instituição, chamando-se a atenção para a complexidade de se discutir a gestão
democrática no contexto da educação brasileira, em razão da complexidade do Estado e

47
do sistema educacional, bem como devido à falta de um sistema nacional de educação
articulado.
O palestrante considera que a gestão democrática não pode ser pensada a partir da
vontade de alguma instituição ou instância administrativa, quer seja ela estadual, federal
ou municipal, uma vez que é um princípio do ensino público consagrado na Constituição
Brasileira. Se temos o direito à gestão democrática, não podemos esperar que a
materialização desse direito seja da vontade individual de um dirigente: ela é conquistada
no dia a dia, é algo que vem sendo colocado na sociedade brasileira há algum tempo.
Nos anos 1980, temos um período de redemocratização no Brasil, por isso não podemos
descolar esse evento do contexto internacional, no qual vem sendo tecida uma
determinada concepção de gestão democrática.
O conceito de gestão democrática na educação é construído no meio de profundas
mudanças, fim de pós-guerra, crise na economia mundial, “crise do capitalismo”, entre
outros aspectos. Nesse contexto, o Estado garante os chamados direitos básicos da
cidadania, como: saúde, acesso à educação, segurança pública, moradia e transporte
público de qualidade. É uma lógica que não rompe com o modo de produção capitalista.
O chamado “bem-estar social” nasce dentro da lógica de valorização do capital.
Por sua vez, a perspectiva gerencialista e hegemônica da gestão, que pensa ser
possível gerenciar os problemas da educação como se esta fosse uma empresa,
fundamentada no pensamento neoliberal, que coloca no mercado a capacidade e o poder
de resolver todas as questões da sociedade, onde tudo se resume à lei da oferta e da
procura, que é uma lei do mercado, submetia o campo dos direitos sociais também a
essa lógica.
Nessa ótica, se fortalece o discurso de descentralização: transferência de
responsabilidades dos sistemas de ensino para as escolas, atribuindo-lhes autonomia
sem as condições concretas para o exercício dessa autonomia. A educação, nesse
sentido, vira um serviço, e a iniciativa privada pode e deve atuar, ofertando uma
prestação de serviço que corresponde a uma contrapartida: o pagamento. Assim, a lógica
da competitividade entra nos sistemas e instituições de ensino, tanto no âmbito da rede
privada coma na esfera pública, potencializando a competição entre as escolas,
contrariamente ao que diz a Constituição: os sistemas de ensino devem funcionar em
regime de mútua cooperação.
O professor Dante Moura esclarece que uma gestão democrática não é simplesmente
efetuar eleição direta: esta é um elemento necessário, mas não é uma garantia de

48
direitos. Democracia pressupõe um conflito no campo das ideias, que vai gerar um
diálogo.

10.1 PROPOSTAS E AÇÕES

Questões norteadoras:

• Quais os desafios da gestão da Educação Profissional e Tecnológica (EPT) no


IFPE?
• Quais são as proposições para a superação dos desafios identificados?

O tema do III Fórum foi desenvolvido pelo Professor Dante Henrique Moura, do
Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Ele enfatizou, inicialmente, a importância de se
definir a relação do projeto político-pedagógico com a gestão democrática no contexto de
reconstrução do IFPE, enquanto nova instituição. Porém, deve-se atentar para a
dificuldade de se discutir a gestão democrática no contexto da educação brasileira, dada
a complexidade do Estado e do sistema educativo, bem como a falta de um sistema
nacional de educação articulado.
Segundo o palestrante, a gestão democrática é algo que vem sendo colocado na
sociedade brasileira há algum tempo. Nos anos 1980, experimenta-se um período de
democratização brasileira. Convém destacar que não podemos descolar esse evento do
contexto internacional, no qual vem sendo tecida uma determinada concepção de gestão
democrática. Nesse contexto, apresentam-se duas concepções desse tipo de gestão: a
vigente, considerada hegemônica, construída ao longo dos últimos anos; e a outra,
gerada nas discussões acadêmicas.
O conceito de gestão democrática na educação é tecido em meio a profundas
mudanças: fim do pós-guerra, contexto de crise na economia mundial, “crise do
capitalismo”, entre outras. Nessa realidade, o Estado garante os chamados direitos
básicos da cidadania, como saúde, acesso à educação, segurança pública, moradia e
transporte público de qualidade. É uma lógica que não rompe com o modo de produção
capitalista (o chamado “bem-estar social” nasce dentro da lógica de valorização do
capital).
Os GTs identificaram os seguintes desafios da gestão da EPT no IFPE:

49
• Construir uma gestão democrática, garantindo decisões colegiadas, harmonizando
as determinações externas com a autonomia interna.
• Aplicar instrumentos de avaliação que garantam a qualidade da gestão.
• Superar a desarticulação entre os chefes de departamentos, coordenadores,
professores e entre os diversos departamentos.
• Criar um plano de gestão democrática do IFPE.
• Planejar uma gestão que contemple a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.
• Estabelecer os limites disciplinares do IFPE com a participação de todos os
segmentos.
• Potencializar a eficiência da comunicação de cada campus e entre os campi,
melhorando a comunicação interna e externa na instituição.
• Utilizar mecanismos para assegurar a participação democrática (colegiados,
conselhos, representatividade), com bases legais.
• Ampliar o número de bolsas para iniciação científica e a participação dos
estudantes em eventos.
• Desenvolver o planejamento pedagógico em todos os níveis, garantindo o
financiamento do ensino, da pesquisa e da extensão.
• Elaborar instrumentos de avaliação que garantam a qualidade da educação.
• Implantar avaliação interna envolvendo os discentes dos cursos técnicos.
• Implantar sistema de avaliação dos cursos técnicos semelhante ao modelo da
matriz do SINAES e instituir no calendário institucional a avaliação de gestão.
• Orientar pedagogicamente os docentes para desenvolverem a formação integral
dos estudantes, garantindo a qualidade na educação.
• Promover a oferta de cursos de qualificação para os docentes, considerando os
aspectos didáticos e metodológicos dos diferentes perfis dos professores.
• Promover a formação inicial compulsória em nível de licenciatura, oferecida pelo
IFPE, para os docentes ingressantes que não tenham essa formação.
• Promover a formação pedagógica inicial, quando for o caso, e continuada para
docentes em plano de carreira no IFPE.
• Definir os cursos de acordo com a realidade local e suas perspectivas, contratando
para esse fim pesquisas de demanda.

50
• Proporcionar formação científica e técnico-pedagógica aos servidores técnicos, a
fim de que possam contribuir com a formação integral dos estudantes e com uma
educação de qualidade.

Diante desses desafios, foram apresentadas as seguintes proposições para sua


superação:

• Harmonizar o projeto educativo com a função social/missão do PPPI, promovendo


a revisão dos documentos institucionais após a conclusão do PPPI (PDI, Plano de
Capacitação e Organização Didática, Esforço Acadêmico e outros), através de comissões
intercampi.
• Criar, além dos conselhos já existentes, o Conselho Diretor, os Conselhos de
Ensino, Pesquisa e Extensão, os Conselhos Departamentais e o Colegiado de Cursos
Técnicos e Superiores, com base no art. 9° e 24 do Estatuto do IFPE, como assegura a
LDB (Lei nº 9.394/96) e a Constituição Federal.
• Criar mecanismos para melhorar a comunicação interna e externa de cada
campus.
• Sinalizar os espaços do IFPE com placas que indiquem os ambientes.
• Criar rádios comunitárias, reestruturar a página do IFPE e garantir sua constante
atualização.
• Reativar os endereços eletrônicos institucionais em todos os campi.
• Utilizar os meios de comunicação para dar publicidade aos atos institucionais,
garantindo transparência às ações e propostas dos gestores.
• Promover uma melhor articulação entre os setores do instituto, principalmente
entre a pedagogia, psicologia e serviço social.
• Criar e/ou reestruturar o projeto pedagógico dos cursos do IFPE de forma coletiva
e participativa, instituindo comissões dentro dos cursos para a reestruturação deles.
• Discutir e aprovar os projetos curriculares nas instâncias de colegiados de cada
curso.
• Elaborar o planejamento pedagógico, garantindo o financiamento do ensino,
pesquisa e extensão, bem como a formação continuada dos profissionais da educação.
• Elaborar um projeto didático que garanta a função social do IFPE, harmonizando
objetivos, metodologias, recursos e avaliações. Para contribuir com essa ação,

51
disponibilizar no site institucional a matriz e ementa das disciplinas, assim como
promover reuniões pedagógicas sistemáticas e o planejamento de cursos e aulas.
• Estabelecer horário geral de aula de acordo com os princípios pedagógicos para
tal fim, com acompanhamento pedagógico.
• Promover a articulação entre o calendário acadêmico e o sistema de controle
acadêmico em relação a prazos e objetivos.
• Garantir a democratização do acesso ao IFPE através de processos
comprometidos com a ética da inclusão, da permanência e conclusão dos cursos com
êxito. Para tal fim, implantar política de apoio aos estudantes de escolas públicas para
participarem do processo de seleção. Após a entrada, propiciar apoio aos estudantes
ingressos que apresentarem defasagem de conteúdo.
• Garantir a elevação do nível de ensino e o atendimento às especificidades dos
cursos de cada campus.
• Elaborar planos de ensino que atendam às necessidades específicas de cada
componente curricular e do estudante.
• Garantir que o currículo esteja articulado com o mundo do trabalho através de
levantamento de demandas, facilitando a inserção dos estudantes egressos e
estabelecendo novas parcerias que ampliem a oportunidade de estágios.
• Garantir transparência e participação no planejamento, administração e aplicação
dos recursos financeiros, através da prestação de contas periódica à comunidade
escolar.
• Instituir grupos de trabalho intersetoriais e intercampi de modo a propiciar o
planejamento participativo e a tomada de decisão coletiva.
• Instituir os cargos de coordenador de curso e área com gratificação.
• Formalizar procedimentos administrativos.

11. UNIVERSALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A DEMOCRATIZAÇÃO DO


ENSINO SUPERIOR

Tema: A Relação da EPT com a Universalização da Educação Básica e a


Democratização do Ensino Superior.

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Na palestra proferida pelo Professor Gaudêncio Frigotto, da Universidade Federal
Fluminense, intitulada “A Relação da EPT com a Universalização da Educação Básica e
a Democratização do Ensino Superior”, foram apresentados alguns dados contextuais
para a compreensão do panorama geral em que se encontra a educação brasileira:
somente 1% dos jovens brasileiros consegue ter acesso ao ensino federal, constituído
pelas Instituições Federais de Educação; 25% conseguem concluir o ensino médio em
idade normal e 25% realizam o ensino médio em condições precárias.
O palestrante relatou fatos de uma pesquisa que vem realizando sobre o que
acontece com os jovens depois de acabarem o ensino médio até entrarem na
universidade. Em sua pesquisa, constatou que alguns jovens tentam romper com sua
trajetória de exclusão, retomando seus estudos, através de programas como o PROEJA.
Entre esses, alguns conseguem chegar a concluir seu curso universitário.
Após esse panorama contextual, o palestrante falou sobre a importância de se refletir
sobre a educação básica, educação tecnológica e superior a partir dos seguintes
princípios: a) nenhuma modalidade da educação está separada da sociedade, cada qual
faz parte da sociedade; então, a escola não é uma instituição estática, ela depende dos
sujeitos, de sua intencionalidade, de projetos, de utopias; b) a educação tecnológica ou
profissional sem a educação básica não atende às dimensões científica, sociopolítica e,
muito menos, cidadã.
O Professor Frigotto considera que a educação não está desvinculada de aspectos
mais gerais da sociedade, por isso toma como referência a ideia de Celso Furtado: o
subdesenvolvimento não é uma etapa do desenvolvimento, é uma forma societária do
desenvolvimento. Assim, o Brasil pode passar de um país subdesenvolvido ou em
desenvolvimento para um país desenvolvido.
O palestrante considera que o capitalismo central nos impede de crescer. Como
consequência, temos estatísticas de analfabetismo, trabalho informal, hipertrofia do
trabalho simples e pouca adesão ao consumo, indicadores clássicos e tradicionais para
medir desenvolvimento.
Ainda como crítica da razão dualista, o palestrante citou Francisco de Oliveira, que
escreveu nos anos 1970 um texto chamado “Ornitorrinco” – animal que ao mesmo tempo
é pássaro e mamífero, que não pode se desenvolver nem como pássaro nem como
mamífero: há uma impossibilidade genética. Ele considera que o Brasil é um ornitorrinco
com contradições extremas: ricos e pobres, analfabetos, sem-terra, boias-frias, PROEJA,
Fome Zero, políticas de inclusão etc.

53
Lembrou ainda que Florestan Fernandes refina essa ideia, explicando mais a
realidade, trazendo o conceito de capitalismo dependente e desenvolvimento desigual,
mostrando que a burguesia brasileira associa-se aos grupos econômicos do capitalismo
hegemônico, surgindo assim alianças e conflitos de classe.
De acordo com Frigotto, no Brasil, são escassos os investimentos na educação
profissional e tecnológica. Em consequência, são produzidos poucos conhecimentos e
tecnologias, considerando-se que essa produção, para uma classe dirigente, torna-se
irrelevante, uma vez que conhecimentos e tecnologias podem ser importados de outros
países.
Isso é uma contradição quando, por exemplo, a PETROBRAS e a Vale do Rio Doce
necessitam de jovens técnicos que dominem química, física, que possam ler a base
científica e técnica existente na eletrônica, na mecatrônica, na saúde do trabalhador e
não os encontram. Enquanto isso, dos milhares de jovens que saem das instituições de
ensino técnico, alguns vão para o exterior em busca de trabalho. Já os jovens de classe
média oriundos de um Ensino Médio de qualidade prosseguem seus estudos na
universidade ou vão para fora do país, disputar os postos de trabalho com melhor
remuneração. Por outro lado, estudantes que fazem a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) não têm as especificidades para enfrentar o mundo do trabalho de base
tecnológica. Essa é uma contradição que necessita ser explicada.
Então, o que é uma educação básica de qualidade? A qualidade tem dois elementos:
materialidade e concepção. Vivemos numa sociedade que contrapõe qualidade à
quantidade. Como é possível qualidade para poucos? O palestrante defendeu que, se
houvesse educação de qualidade para todos, poderia haver emprego para todos.
Democracia seria também qualificar a quantidade. Então, é preciso que a escola básica
seja democrática, para que se concretize a democracia na sociedade.
Ele recordou que existe um trabalho muito interessante sobre a escola pública para
os “pobres”, a escola que se alarga para menos, acrescentando que há um poema de
Manuel de Barros que nos ajuda a entender a sua fala: “A vida me fez crescer pra
menos”. E o que é uma escola que cresce para menos? É a escola que faz tudo, menos
ser escola. Ela tem que dar conta da violência, da gravidez precoce, da fome e de todos
esses problemas que os alunos enfrentam.
Outra tendência atual é inventar uma disciplina para cada nova questão que se
apresenta. Assim, vai se confundir questão com problema. A questão é uma pergunta, e
o problema é algo para o qual nós ainda não temos base para responder. Daí a

54
preocupação do palestrante em dizer que, quanto mais clássica é a escola, mais enxuto o
currículo, mais potente é a aula, porque se tem a capacidade de trabalhar a unidade no
diverso. Fazer um trabalho interdisciplinar não é juntar as disciplinas nem criar uma
superdisciplina, é o diálogo de negociação de sentido e significado do processo de
conhecimento. Como a história pode dialogar com a matemática, como a arte pode
dialogar com a química etc.
Frigotto diz ainda que método ativo é aquele que motiva e ativa. Também é aquele
que pode gerar conhecimento: quando se começa a entender algo, desperta-se o
interesse. Então, uma das maiores dificuldades de nossa cultura é relacionar a parte com
o todo, por exemplo: o próprio currículo. Se o professor de matemática tem um método
de ensino e o de geografia outro, esse aspecto não é posto em discussão, pois se
considera que cada professor tem sua didática. Como é que fica essa situação na cabeça
do estudante?
Na concepção do Professor Frigotto, não existem alunos que têm mais dificuldades
de aprendizagem que outros, ou alunos mais inteligentes. Muitas vezes, há um engano
em relação aos estudantes que se mostram desinteressados. Portanto, a educação deve
aproximar-se, cada vez mais, da realidade do estudante para, com isso, facilitar sua
aprendizagem.
Educação democrática é aquela que tem critérios. Onde não existe critério, existe
autoritarismo. Por isso que “o diretor da escola não é o dono da escola”, mas sim aquele
que cumpre o projeto político-pedagógico. Um projeto tem que ser negociado, discutido
na pluralidade dos sujeitos que estão nessa escola. Um PPP que tenha a dimensão
democrática.

11.1 PROPOSTAS E AÇÕES

Questão norteadora:

• Que desafios se colocam para o IFPE no que se refere à contribuição para a


educação básica, educação técnica e educação superior?

O tema foi desenvolvido pelo Professor Gaudêncio Frigotto, da Universidade Federal


Fluminense, que fez uma reflexão sobre a Educação Básica, Técnica e Superior a partir
dos seguintes eixos: a) nenhuma modalidade da educação está pendurada na sociedade,

55
ela é sociedade; então, a escola não é uma instituição parada, ela depende dos sujeitos,
de sua intencionalidade, de projetos, de utopias; b) a educação tecnológica ou
profissional sem o ensino básico é uma educação que não atende às dimensões
científica, sociopolítica e, muito menos, cidadã.
Então, o que é uma educação básica de qualidade? A qualidade tem dois elementos:
materialidade e concepção. Vivemos numa sociedade que contrapõe qualidade e
quantidade. Como é possível qualidade para poucos? Defende-se que, se tivéssemos
uma boa escolaridade para todos, haveria, consequentemente, emprego para todos.
Democracia é qualificar a quantidade. Então, é preciso que a escola básica também seja
democrática, para que se concretize a democracia na sociedade.
As contribuições dos GTs para esse eixo organizam-se como propostas para a
educação básica, técnica e superior no IFPE, a partir da construção do conhecimento na
perspectiva de uma formação integral para a cidadania que considere os seguintes
aspectos:

• O trabalho como princípio educativo, permitindo a compreensão do significado


econômico, biopsicossocial, ambiental, histórico, político e cultural das ciências, das
tecnologias e das artes.
• A abordagem interdisciplinar.
• A prática profissional como eixo integrador entre conhecimentos gerais e
específicos, de forma a garantir os fundamentos das diferentes tecnologias que
caracterizam o setor produtivo.

As propostas sistematizadas e apresentadas em plenária para a educação básica foram


as seguintes:

• Considerar o curso de educação profissional técnica de nível médio, realizado na


forma integrada com o ensino médio, como um curso único.
• Reestruturar as propostas pedagógicas, bem como as abordagens metodológicas
do ensino integrado.
• Estabelecer uma política de acompanhamento e assistência aos discentes, para
um melhor desenvolvimento do seu processo formativo.

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• Oferecer tratamento integrado a todos os componentes curriculares, nos termos do
projeto pedagógico da instituição de ensino. Por isso mesmo, essa nova circunstância e
esse novo arranjo curricular podem possibilitar uma economia na carga horária mínima
exigida, uma vez que é necessário o desenvolvimento de competências cognitivas e
profissionais que podem ser facilitadas exatamente por essa integração curricular. Não se
pode, portanto, organizar o curso integrado com duas partes distintas – a primeira
concentrando-se na formação do ensino médio e a segunda, de um ano ou mais, na
formação do técnico, pois o estabelecimento de ensino não estará ofertando dois cursos
à sua clientela: trata-se de um único curso, com projeto pedagógico único, com proposta
curricular única e com matrícula única. Como se trata de um curso único, realizado de
forma integrada e independente, não será possível concluir o ensino médio de forma
independente da conclusão do ensino técnico de nível médio e, muito menos, o inverso
(Parecer CNE/CEB n° 39/2004).

As propostas sistematizadas e apresentadas em plenária para o ensino técnico foram as


seguintes:

• Construir a identidade dos cursos oferecidos no IFPE, procurando integrar a


formação técnica e a formação geral de nível médio.
• Instituir e implementar políticas, programas e ações voltados para a valorização
dos conhecimentos prévios, bem como para a integração das atividades acadêmicas.
• Proporcionar a atualização tecnológica dos cursos, como também o envolvimento
dos docentes na melhoria da qualidade desses cursos, estabelecendo relações com o
mundo do trabalho.
• Estabelecer um sistema de avaliação anual de demanda por cursos, para avaliar a
pertinência das formações oferecidas pelo IFPE, tendo em vista as necessidades
geradas pela demanda social.
• Instituir novas ações pedagógicas visando ao aperfeiçoamento do sistema de
cotas, a exemplo do PRO-IFPE, objetivando o acesso, permanência e êxito do estudante.
• Ampliar as ações complementares do PRO-IFPE, no sentido da otimização de
módulos básicos complementares para ingressantes com defasagem de aprendizagem
nos componentes curriculares de Português, Física e Matemática e demais componentes
curriculares, de acordo com o que o acompanhamento pedagógico sinalizar.

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• Proporcionar aulas de revisão de conteúdos durante o curso, ministradas por
estudantes monitores.
• Continuar assegurando o desenvolvimento da prática profissional (estágio), com a
criação de mecanismos que proporcionem um acompanhamento mais eficaz e em
consonância com o mercado.
• Ampliar os projetos de extensão existentes e criar novos, com o objetivo de
melhorar o diálogo com as comunidades locais.

As propostas sistematizadas e apresentadas em plenária para a educação superior foram


as seguintes:
• Implementar as licenciaturas.
• Criar política de verticalização do ensino superior que contemple os cursos de pós-
graduação (stricto e lato sensu).
• Construir a identidade dos cursos oferecidos no IFPE.
• Buscar o reconhecimento dos cursos no mundo do trabalho e nos seus respectivos
órgãos regulamentadores (conselhos).
• Buscar o reconhecimento acadêmico para inserção na pós-graduação
(tecnológicos).
• Elaborar programa de divulgação dos cursos superiores.
• Redimensionar o tempo pedagógico dos cursos de nível tecnológico, visando a um
maior reconhecimento deles no meio acadêmico, no mundo do trabalho e no registro
profissional desses cursos.
• Avaliar a evasão e a retenção por curso.

12. FORMAÇÃO E VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Tema: Formação e Valorização de Professores.

A palestrante Professora Ilma Passos de Alencastro Veiga, da Universidade de


Brasília, proferiu a palestra “Formação e Valorização de Professores”, destacando a
profissão, o profissionalismo e a profissionalização.

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Iniciou sua fala discorrendo sobre a profissão docente, conceituando-a como uma
palavra de construção social; que não é neutra, nem científica; que é uma realidade
dinâmica e contingente, calcada em ações dos atores sociais. Além de conceituá-la como
um produto de um determinado conteúdo ideológico, enfatizou algumas questões
relativas aos traços específicos, como conhecimento especializado, formação em nível
superior, autonomia, prestígio social, controle de qualidade e código de ética. Nesse
contexto, foram feitas algumas reflexões sobre as condições de trabalho e remuneração
do professor e sobre o modo como o conhecimento é produzido e avaliado nas
instituições educativas.
No que se refere ao profissionalismo, ele é entendido como as características e
capacidades específicas da profissão, a expressão da especificidade do exercício
profissional, o conjunto de conhecimentos, atuações, destrezas, atitudes e valores que
constituem o específico do ser professor. Refere-se ainda à construção coletiva do
professor e seus estudantes, contemplando as subjetividades do professor e dos
estudantes inseridos na prática, a contestação do profissionalismo técnico-instrumental,
utilitarista e pragmático, centrado na ideia de competências (o novo profissionalismo
docente deve alicerçar-se em orientações éticas e epistemológicas, teóricas e práticas).
A palestrante mencionou ainda a profissionalização como um processo socializador
de aquisição das características e capacidades específicas da profissão, que deve ser
entendido no bojo de um conceito de profissão mais social, complexo e multidimensional,
que percorre outros caminhos que não são garantidos somente pela formação
profissional, mas envolvem alternativas que garantem melhores condições de trabalho e
remuneração e a consideração social de seus membros (dignidade e status).
A profissionalização é fundamentada nos valores da cooperação entre os indivíduos
e no progresso social, não se resumindo à formação profissional, mas envolvendo
alternativas que garantem melhores condições de trabalho e ações políticas de
resistência e contestação.
A Professora Ilma Passos falou também sobre o professor como tecnólogo do
ensino, citando a lógica norteadora (poder constituído), o tipo de formação centrada em
competências, cujo objetivo apresenta a formação fragmentada, a característica
aligeirada e o conhecimento desvinculado do contexto, a ação docente utilizando meios e
estratégias solitárias. Eis aí a concepção de professor como tecnólogo do ensino.
Discorreu, ainda, sobre o professor como agente social que utiliza a lógica
norteadora através da concepção crítica de educação, a formação centrada na política

59
global, com o objetivo de construir um projeto coletivo. Um tipo de formação
fundamentada no trabalho e centrada na escola e uma ação docente coletiva e solidária.
Fez parte também da fala da palestrante a questão da identidade profissional do
professor em um contexto sociopolítico constituído sobre: os saberes profissionais, as
atribuições de ordem ética e deontológica, a cultura do grupo de pertença profissional.
Segundo ela, o professor desenvolve sua atividade ao longo de sua vida, desde a
escolha de sua profissão, passando pela formação inicial e pelos diferentes espaços
onde se dá a formação continuada.
Referenciou ainda o significado que o professor oferece à docência, através de
dimensões complementares e do significado social da profissão e seu estatuto,
defendendo o seu espaço como um espaço de construção de maneiras de ser e estar na
profissão. Quanto ao contexto sociopolítico relacionado à identidade profissional,
configura-se como uma forma de ser e fazer a profissão.
Por fim, enfatizou que os fatores determinantes do processo de desenvolvimento
profissional do docente são: política educacional definida a partir do projeto político-
pedagógico, instituições formativas, definição do papel do professor como indivíduo a
partir das diretrizes curriculares e consideração das forças sociais.

12.1 PROPOSTAS E AÇÕES

Questões norteadoras:

• Que perfis devem constituir a identidade dos profissionais de educação do IFPE?


• Que propostas podem ser contempladas no PPPI para a melhoria da política de
valorização e de formação dos profissionais da educação?

O Eixo Temático V teve a contribuição da palestrante Professora Ilma Passos de


Alencastro Veiga, da Universidade de Brasília, que proferiu palestra sobre “Formação e
Valorização de Professores”, destacando em sua fala a profissão, o profissionalismo e a
profissionalização. Foram realizadas algumas reflexões sobre as condições de trabalho e
remuneração do professor e sobre o modo como o conhecimento é produzido e avaliado
nas instituições educativas.
No que se refere ao profissionalismo, ele é entendido como as características e
capacidades específicas da profissão, a expressão da especificidade do exercício

60
profissional, o conjunto de conhecimentos, atuações, destrezas, atitudes e valores que
constituem o específico do ser professor, a construção coletiva do professor e seus
estudantes, contemplando as subjetividades do professor e dos estudantes inseridos na
prática, a contestação do profissionalismo técnico-instrumental, utilitarista e pragmático,
centrado na ideia de competências (o novo profissionalismo docente deve alicerçar-se
em orientações éticas e epistemológicas, teóricas e práticas).
A profissionalização deve ser considerada como um processo socializador de
aquisição das características e capacidades específicas da profissão, que deve ser
entendido no bojo de um conceito de profissão mais social, complexo e multidimensional,
que percorre outros caminhos que não são garantidos somente pela formação
profissional, mas envolvem alternativas que garantem melhores condições de trabalho e
remuneração e a consideração social de seus membros (dignidade e status).
A profissionalização é fundamentada nos valores da cooperação entre os indivíduos
e no progresso social, não se resumindo à formação profissional, mas envolvendo
alternativas que garantem melhores condições de trabalho e ações políticas de
resistência e contestação.
É importante ressaltar o papel do professor como agente social que utiliza a lógica
norteadora através da concepção crítica de educação, a formação centrada na política
global, com o objetivo de construir um projeto coletivo. Um tipo de formação
fundamentada no trabalho e centrada na escola e uma ação docente coletiva e solidária.
Os fatores determinantes do processo de desenvolvimento profissional do docente
são: política educacional definida a partir do projeto político pedagógico, instituições
formativas, definição do papel do professor como indivíduo a partir das diretrizes
curriculares e consideração das forças sociais.
As propostas referentes aos perfis que devem constituir a identidade dos
profissionais de educação do IFPE foram organizadas a partir de segmentos de atuação
profissional no Instituto:

12.1.1. PERFIL IDENTITÁRIO PARA OS TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS

• Perfil emocional: ser proativo, emocionalmente ético, empático, criativo, intuitivo,


motivado, coerente.
• Ser comprometido com os processos, projetos e programas, tendo em vista a
função social da Instituição.

61
• Ser informado sobre a cultura, a organização e os processos institucionais.
• Ser participante da ética do cuidado, no que diz respeito à sua formação pessoal e
profissional, tendo em vista a construção da cidadania.
• Ser conhecedor do campo do saber da educação profissional e tecnológica.
• Ser atualizado na área específica de atuação profissional e em tecnologias da
informação e comunicação.
• Apresentar qualidade no atendimento e acompanhamento dos estudantes.
• Estar capacitado para atender com qualidade ao público.
• Ser planejador e executor de ações para a organização institucional.
• Assumir postura de educador.
• Dominar o conteúdo da área de atuação.
• Ter formação em educação e gestão educacional.
Propostas para o desenvolvimento do Perfil desejado do corpo de Técnico-
administrativos:
• Perfil que deve constituir a identidade dos profissionais de Educação do IFPE.
• Incluir, na política de formação continuada, um currículo de educação emocional e
de relações interpessoais.
• Garantir as construções democráticas, coletivas e colegiadas dos processos
institucionais no IFPE.
• Qualificar e democratizar a dinâmica de informação no IFPE, para que todos
tenham acesso à informação.
• Instituir política de formação que contemple as necessidades dos vários
segmentos e dos vários servidores, concebida a partir da ética do cuidado.
• Proporcionar formação continuada acerca de EPT para os servidores do IFPE e
atrelar, nos editais de seleção, a partir de agora, a formação em EPT.
• Instituir programa de incentivo e orientação à produção autoral, bem como de
acompanhamento dela, nos mais diversos gêneros acadêmicos.
• Instituir programa de formação permanente nas tecnologias da informação e
comunicação.
• Compatibilizar, visando a um acompanhamento de qualidade, a relação entre o
número de servidores administrativos e o de estudantes atendidos.
• Identificar a formação prévia dos servidores, tendo em vista a adequação entre as
suas aptidões e o exercício do seu trabalho no IFPE.

62
• Construir espaço de convivência e de diálogo no IFPE.
• Proporcionar reconhecimento do profissional e valorização financeira.
• Propiciar condições de trabalho adequadas (ambiente confortável, seguro, com os
recursos materiais necessários).
• Estimular a participação nos processos decisórios, como fóruns, conselhos,
associações etc.
• Incentivar a participação em cursos, eventos e processos formativos.
• Ofertar cursos de formação voltados para a tecnologia assistiva (Libras, por
exemplo).
• Instituir política de formação para atuar no processo de verticalização do ensino,
como o oferecimento de cursos de mestrado e doutorado.
• Realizar levantamento das necessidades de formação dos técnicos
administrativos.
• Aperfeiçoar o processo de avaliação do período probatório.
• Instituir processos de formação, abordando a qualidade no atendimento ao público
(interno e externo).
• Instituir avaliação institucional da atuação dos técnicos administrativos pelos
estudantes e professores, com sistematização de indicadores, de forma a subsidiar
processos de formação desses profissionais.
• Desenvolver políticas para que os servidores técnicos administrativos assumam
cargos compatíveis com a sua formação.
• Possibilitar formação específica para os servidores técnicos administrativos, de
forma a buscar as ferramentas necessárias ao desempenho de suas funções, conforme
lotação de trabalho, através de congressos, palestras, cursos de qualificação, graduação
e/ou pós-graduação, entre outros, dentro do período de estágio probatório do profissional.
• Trabalhar com terapias ocupacionais, visando à saúde do profissional.

12.1.2. PERFIL IDENTITÁRIO PARA OS DOCENTES

• Perfil pedagógico: ser conhecedor dos saberes didático-pedagógicos de como


construir o conhecimento de seu objeto específico em sala de aula.
• Estabelecer carga horária compatível com os processos de formação e com outras
atividades inerentes à docência (pesquisa e extensão).

63
• Definir quantitativo de estudantes atendidos: qualidade no acompanhamento do
estudante.
• Ser leitor de bibliografia atualizada de sua área específica e dos saberes didático-
pedagógicos.
• Manter-se atualizado quanto às temáticas contemporâneas e trabalhar
coletivamente na perspectiva da inter e/ou transdisciplinaridade.
• Gostar do que faz e empenhar-se em executar de maneira satisfatória a sua
função.
• Dominar os conhecimentos e o processo de ensino-aprendizagem, bem como a
organização do trabalho pedagógico.
• Ter uma visão de mundo comprometida com as transformações sociais, além de
dominar um campo de conhecimento específico.
• Ter coerência entre o discurso e a prática, assumindo uma postura ética e flexível,
aberta ao diálogo, considerando que o conhecimento é construído coletivamente.
• Ser político, democrático, envolvido na dinâmica social e escolar.
• Estar aberto aos processos de mudanças que ocorrem na sociedade, avaliando-as
de forma crítica e reflexiva.
• Possuir formação humanística, sólida formação pedagógica e específica.
• Ter disposição para buscar atualização constante dos conhecimentos de sua área,
considerando as exigências do mundo do trabalho.
• Ter compromisso com os estudantes, com a instituição, com as atividades
docentes, administrativo-pedagógicas e com os projetos institucionais.
• Considerar os discentes como sujeitos ativos e em constante processo de
construção dos seus conhecimentos.
• Ter conhecimento sobre as legislações educacionais e demais temas referentes
aos princípios e regras que regem a educação nacional e o IFPE, em especial.
• Atuar com metodologias diferenciadas, pertinentes à sua área de atuação,
promovendo uma maior interação e participação dos estudantes.
• Conhecer a cultura organizacional.
• Comprometer-se com a função social da Instituição.

Propostas para o desenvolvimento do perfil desejado do corpo docente:

64
• Acompanhar pedagógica e sistematicamente o tempo-espaço de formação de
saberes, contabilizados no esforço acadêmico com pontuação suficiente.
• Redimensionar a relação entre número de estudantes e número de professores, a
fim de possibilitar uma lógica de qualidade de construção do conhecimento em todos os
âmbitos da função social do IFPE.
• Promover a aquisição e disponibilização constante de acervo bibliográfico,
periódicos e de conhecimento veiculado em outras mídias.
• Socializar experiências pedagógicas entre os professores, com vistas ao
planejamento dos diversos conteúdos, na perspectiva do ensino integrado e da
consideração do estado da arte das várias áreas do conhecimento.
• Construir espaço de convivência e de diálogo.
• Possibilitar o reconhecimento do profissional e valorização financeira dele.
• Propiciar condições de trabalho adequadas (ambiente confortável, seguro, com os
recursos materiais necessários).
• Estimular a participação nos processos decisórios, como fóruns, conselhos,
associações etc.
• Incentivar a participação em cursos, eventos e processos formativos.
• Ofertar cursos de formação voltados para a tecnologia assistiva (Libras, por
exemplo).
• Institucionalizar a avaliação da atuação docente pelos estudantes com
sistematização de indicadores, de forma a subsidiar processos de formação dos
professores.
• Aperfeiçoar os processos seletivos de entrada do professor na instituição,
considerando o perfil desejado.
• Aperfeiçoar o processo de avaliação do período probatório.
• Estimular os professores do PROEJA a fazer especialização ou capacitação nessa
área.
• Estabelecer, em edital de concurso, a obrigatoriedade de capacitação docente
antes das atividades em sala de aula, caso o professor não seja licenciado.
• Estabelecer políticas de inclusão tecnológica.
• Incentivar ações no sentido de ampliar as atividades de pesquisa e extensão.
• Estruturar o esforço acadêmico, de modo a garantir a atuação do docente em
atividades de ensino, pesquisa e extensão.

65
13. CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO

Tema: Proposta curricular – As diversas dimensões do currículo: reflexões para a


construção do PPPI.

A palestrante Maria Núbia Medeiros de Araújo Frutuoso, do IFPE, proferiu a palestra


“Reflexões sobre Currículo”, discorrendo desde o seu significado etimológico até o seu
conceito mais amplo. Segundo ela, o currículo é entendido “como um conjunto de
esforços pedagógicos desenvolvidos com intenção educativa”. Na sequência, apresentou
algumas abordagens de currículo na perspectiva das Políticas Educativas Nacionais; das
Diretrizes Curriculares Nacionais; dos Planos Pedagógicos; dos conteúdos a serem
ensinados e aprendidos; dos Processos de Avaliação e, finalmente, dos Livros Didáticos.
Aprofundando as reflexões, a palestrante apresentou diversas concepções de
currículo presentes no discurso pedagógico contemporâneo:
• currículo como política cultural, considerando que ele não transmite apenas fatos e
conhecimentos objetivos, mas também constrói significados e valores socioculturais;
• currículo como espaço em que se concentram e se desdobram as lutas em torno
dos diferentes significados sobre o contexto sociopolítico;
• currículo como território de lutas em torno de significados, constituído por valores,
saberes e competências, representações que fazem parte do cotidiano da escola sem
jamais figurarem nos programas oficiais;
• currículo como cristalização de saberes práticos, receitas de “sobrevivência” ou
valores de contestação, florescendo das sombras do currículo oficial e,
consequentemente, escapando de todo controle institucional.

Nessa última perspectiva, o currículo se caracteriza como uma “caixa preta”, sendo
papel da teoria curricular desvelar o que se passa no interior da sala de aula e da escola,
e não somente aquilo que se passa na entrada e na saída. O que se passa no interior da
escola deve ser compreendido como um conjunto de processos interacionais entre os
indivíduos que ocupam diferentes posições institucionais e sociais.
A palestrante destacou ainda os modos de regulação institucional do currículo oficial,
bem como a regulação do trabalho do professor mediante o enquadramento de suas

66
práticas pedagógicas pela formação. Tal perspectiva tem como agravante a fragilização
da autonomia profissional do trabalho organizado (sindicatos).
O debate se situou no processo de globalização, destacando seus impactos na
autonomia institucional, bem como a qualidade para a “concorrência” no trabalho
educativo, quando os objetivos são definidos centralmente. Nesse cenário, vem
ganhando destaque o currículo transnacionalizado. Tal perspectiva tem apontado para
três mudanças significativas que vêm influenciando profundamente os sistemas
educativos:

• Mudanças no contexto político mais abrangente – o Estado não é mais o detentor


do monopólio da educação, o que significa que o “nacional” deixa de ser o único plano de
análise e governo dos sistemas educativos;
• Mudanças na arquitetura dos sistemas educativos – eles passam a ser construídos
a partir da modernidade, problemas fundamentais do capitalismo, “gramática da escola” e
educação das sociedades contemporâneas;
• Mudanças quanto ao valor atribuído aos sistemas educativos para satisfação das
exigências criadas.
A partir desse contexto, a palestrante apresentou a interdisciplinaridade como uma
proposta filosófica mundial, capaz de romper barreiras, possibilitando a inovação e o trato
dos novos conhecimentos. Isso porque a ação colaborativa que a interdisciplinaridade
requer sugere a escolha de novos caminhos para a construção do conhecimento e da
pesquisa, além da construção de novos cenários pedagógicos.
Ressaltou ainda que conceitos como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade,
transdisciplinaridade e interdisciplinaridade supõem diferentes níveis de diálogo entre os
saberes presentes na dinâmica social.
A segunda palestra foi proferida por Edilene Rocha Guimarães, do IFPE, com o
tema “A (Re)Significação do Projeto Educativo do Ensino Médio”. A palestrante
apresentou a concepção de formação politécnica para desenvolver a temática da
palestra. Segundo a professora, a proposta de escola única para todo o ensino médio,
através de uma formação politécnica que considere o “trabalho como princípio educativo”,
foi alvo de discussão na Câmara dos Deputados durante o processo de tramitação da
LDB em vigor. Com a noção de politecnia, pretendia-se

67
a superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre
instrução profissional e instrução geral. Tratava-se de estender ao ensino
médio processos de trabalho real, possibilitando-se a assimilação não
apenas teórica, mas também prática dos princípios científicos que estão na
base da produção moderna (CIAVATTA, 2005, p.84).

Segundo Saviani (1997), a ideia de politecnia que havia orientado a elaboração da


proposta preliminar foi descaracterizada ao longo do processo, restando no documento
aprovado da LDB – Lei nº 9.394/1996 – apenas o proposto no inciso IV do artigo 35, que
proclama, como finalidade do ensino médio, “a compreensão dos fundamentos científico-
tecnológicos dos processos produtivos”. Isso é reiterado no inciso I do parágrafo 1º do
artigo 36 da mesma lei, que cita o “domínio dos princípios científicos e tecnológicos que
presidem a produção moderna”.
Assim, o texto aprovado da LDB – Lei nº 9.394/1996 –, de acordo com a palestrante,
acabou retomando a dualidade entre educação geral e formação profissional, dispondo
sobre o oferecimento da educação profissional de nível técnico apenas em “articulação”
com o ensino médio.
No início dos anos 2000, com a instalação do Governo Lula, houve a preocupação
de se estabelecer um debate amplo com a sociedade civil sobre o ensino médio e a
educação profissional, resgatando o ideário da politecnia e o princípio da formação
humana em sua totalidade, presente no projeto inicial da LDB. Nessa perspectiva, a
educação profissional estaria vinculada a uma formação ampla e integral, não estando
pautada, portanto, pelos interesses do mercado.
A palestrante também destacou a existência de correntes teóricas favoráveis a uma
escola que respeite as diferenças e que seja universal e unitária, numa ressignificação da
politecnia na perspectiva defendida por Gramsci, bem como de abordagens que
questionam a validade universal de qualquer conhecimento transmitido pela escola e,
consequentemente, a possibilidade de um currículo nacional. Além disso, discutiu uma
terceira abordagem, segundo a qual a objetivação da escola politécnica no sistema
capitalista constitui uma impossibilidade histórica. Nesse sentido, a proposição é que se
formulem políticas afirmativas específicas para os trabalhadores enquanto conquistas
parciais, promovendo um processo de transição que vise à superação da dualidade
estrutural presente no capitalismo.
Questionando a profissionalização do adolescente no ensino médio, uma vez que, no
projeto pedagógico de Gramsci, o ensino secundário privilegia o trabalho como “princípio
educativo”, a palestrante adotou a defesa de que a profissionalização deve ser reservada

68
ao ensino superior. Nesse sentido, a integração do ensino médio com o ensino técnico é
compreendida como uma necessidade social e histórica, e uma possibilidade concreta de
efetivação da educação tecnológica para os trabalhadores e de formação integral,
constituindo-se numa transição necessária rumo ao ensino médio politécnico.
Citando Ramos (2005, p. 108), a palestrante apresentou os pressupostos para o
currículo do ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio, com
base no Decreto nº 5.154/2004:
• Conceber o sujeito como ser histórico-social concreto, capaz de transformar a
realidade em que vive;
• Visar à formação humana como síntese de formação básica e formação para o
trabalho;
• Ter o trabalho como princípio educativo, no sentido de que o trabalho permite,
concretamente, a compreensão do significado econômico, social, histórico, político e
cultural das ciências e das artes;
• Ser baseado numa epistemologia que considere a unidade de conhecimentos
gerais e conhecimentos específicos e numa metodologia que permita a identificação das
especificidades desses conhecimentos quanto à sua historicidade, finalidades e
potencialidades;
• Estar baseado numa pedagogia que vise à construção conjunta de conhecimentos
gerais e específicos, no sentido de que os primeiros fundamentam os segundos, e esses
evidenciam o caráter produtivo concreto dos primeiros;
• Ser centrado nos fundamentos das diferentes técnicas que caracterizam o
processo de trabalho moderno, tendo como eixos o trabalho, a ciência e a cultura.

De acordo com a Professora Edilene Rocha, a integração curricular surge como


proposição da política curricular nos anos 2000. O Decreto nº 5.154/2004 trouxe de volta
toda uma discussão sobre integração curricular, (re)significando conceitos com vistas à
superação da fragmentação do conhecimento e da dualidade historicamente constituída
entre conhecimento geral e específico no ensino médio.
A integração coloca as disciplinas numa perspectiva relacional, na qual as fronteiras
entre as disciplinas tornam-se pouco nítidas, promove maior autonomia de professores e
estudantes, mais integração dos saberes escolares com os saberes cotidianos
(BERNSTEIN, 1996). O currículo integrado vem sendo proposto como tentativa de

69
contemplar uma compreensão global do conhecimento e de promover maiores parcelas
de interdisciplinaridade na sua construção, contribuindo para a superação da
fragmentação do ensino, tendo em vista a formação integral dos estudantes.
Nessa direção, importa que o currículo no ensino médio integrado contemple as
diferentes dimensões para a formação integral, a saber: a formação do homem coletivo, a
formação do homem-indivíduo, a formação do homem histórico e a formação do homem
ecológico. Essas dimensões da formação são sustentadas nos princípios da
solidariedade, ética, pluralidade cultural e sustentabilidade, que estão imbricados em
complexas relações socioambientais, as quais promovem inter-relações entre trabalho,
ciência, cultura e meio ambiente, objetivando o exercício de uma cidadania ativa, numa
concepção de educação que visa ao desenvolvimento social e emocional do homem.
De acordo com a abordagem defendida pela palestrante, constituem princípios para a
integração curricular (GUIMARÃES, 2008):
• Compreensão da complexidade da relação entre política e prática curricular e,
nela, a construção do conhecimento escolar;
• Compreensão da cidadania como o centro do processo educativo;
• Concepção de homem como ser histórico, social e ecológico, capaz de transformar
a realidade em que vive;
• Concepção de educação em direitos humanos, visando ao desenvolvimento social
e emocional do homem;
• Concepção de trabalho como princípio educativo, permitindo a compreensão do
significado econômico, social, ambiental, histórico, político e cultural das ciências, das
tecnologias e das artes;
• Contextualização dos saberes escolares na articulação entre os saberes científicos
e os saberes cotidianos;
• Abordagem interdisciplinar que considera a prática profissional como eixo
integrador da relação conhecimentos gerais e específicos;
• Priorização dos fundamentos das diferentes tecnologias que caracterizam os
processos produtivos;
• Integração entre ensino, pesquisa e extensão, tendo como eixos integradores o
trabalho, a ciência, a cultura e o meio ambiente, numa perspectiva socioambiental.
O currículo integrado pensado nesses termos é, na visão da palestrante, composto
por uma rede de relações complexas que envolvem a formação integral. A cidadania

70
aparece como centro do processo educativo, como forma de garantir as dimensões da
formação integral do homem coletivo, individual, histórico, ecológico, que são
sustentadas nos princípios da solidariedade, ética, pluralidade cultural e sustentabilidade.
O trabalho, a ciência, a cultura e o meio ambiente são caracterizados como eixos
integradores do currículo, os quais estão imbricados em relações socioambientais. As
inter-relações desenvolvidas entre prática profissional, base comum, base diversificada e
base tecnológica, as quais perpassam todo o desenvolvimento do currículo, objetivam o
exercício de uma cidadania ativa, como forma de intervir nas condições socioambientais
das comunidades locais.
A partir dessa rede de relações, a palestrante propôs um caminho metodológico para
a integração curricular que compreende o conhecimento como algo complexo e
provisório, que se renova a partir do diálogo entre as diversas áreas do saber e cultiva o
prazer cultural e a postura crítica, criativa e investigativa. O problema a ser estudado
surge da realidade através da coleta de dados, que são inseridos no processo de
reprodução e produção do conhecimento pelos alunos e professores, para análise
científica em laboratórios e nas salas de aula. Os resultados desse diálogo voltam para a
realidade concreta, através de ações de intervenção crítica na vida cotidiana das
comunidades locais.
A proposta de integração curricular apresentada para o ensino médio integrado
preserva as disciplinas e organiza o currículo por unidades didáticas integradas,
desenvolvidas no período de um ano letivo. O tempo total do curso (quatro anos)
possibilitaria a vivência de quatro unidades didáticas integradas, que terão a prática
profissional como eixo integrador da relação teoria e prática, conforme descrito a seguir:

• 1ª Unidade Didática Integrada: Concepções teóricas e estudos empíricos sobre


trabalho, ciência, cultura e meio ambiente. Tempo total: 1 ano = 1º semestre letivo + 2º
semestre letivo;
• 2ª Unidade Didática Integrada: Intervenção crítica no contexto comunitário local
solidário. Tempo total: 1 ano = 3º semestre letivo + 4º semestre letivo;
• 3ª Unidade Didática Integrada: Intervenção crítica no contexto dos movimentos
sociais e das organizações governamentais e não governamentais. Tempo total: 1 ano =
5º semestre letivo + 6º semestre letivo;

71
• 4ª Unidade Didática Integrada: Apropriação de tecnologias específicas no
contexto da produção material. Tempo total: 1 ano = 7º semestre letivo + 8º semestre
letivo.

1ª Unidade Didática Integrada: Concepções teóricas e estudos empíricos sobre


trabalho, ciência, cultura e meio ambiente.
Essa unidade didática integrada busca desenvolver estudos teóricos contextualizados
com dados empíricos sobre as inter-relações entre trabalho, ciência, cultura e meio
ambiente, numa perspectiva socioambiental, abordando temas como: aquecimento
global, resíduos sólidos, energias alternativas, economia solidária, poluição ambiental,
saúde ambiental, educação ambiental, unidades de conservação, biodiversidade da
fauna e flora regional, cultura popular, paisagens nordestinas, entre outros. Podem-se
realizar aulas de campo para coleta de dados empíricos (ex.: visita a uma unidade de
conservação) e palestras de profissionais especialistas no tema abordado, criar projetos
de iniciação científica e atividades de extensão que visem à participação dos alunos em
empreendimentos ou projetos de interesse social ou cultural. O trabalho de conclusão da
unidade didática integrada pode ser apresentado em forma de artigo científico.

2ª Unidade Didática Integrada: Intervenção crítica no contexto comunitário local


solidário.

Essa unidade didática integrada pretende realizar uma intervenção crítica nas
comunidades vizinhas ao ambiente escolar, como forma de contribuir com a melhoria da
qualidade de vida das populações locais. De acordo com a área profissional do curso,
podem-se realizar oficinas de: educação ambiental, saúde coletiva, economia solidária,
manutenção de equipamentos, projetos de construção civil, análises bioquímicas,
prevenção de riscos ambientais, turismo ecológico, entre outras. Da mesma forma,
podem-se criar projetos comunitários de inovação tecnológica, que visem a
ecoempreendimentos solidários, bem como programas de estágio de contato com o
mundo do trabalho. O trabalho de conclusão da unidade didática integrada pode ser
apresentado em forma de relato de experiência.

3ª Unidade Didática Integrada: Intervenção crítica no contexto dos movimentos sociais


e das organizações governamentais e não governamentais.

72
Essa unidade didática integrada visa a realizar uma intervenção crítica no contexto
dos movimentos sociais e das organizações governamentais e não governamentais,
como forma de contribuir com os processos internos desenvolvidos por essas
instituições. De acordo com a área profissional do curso, podem-se desenvolver:
programas de saúde coletiva, programas de prevenção de riscos ambientais, programas
de gerenciamento de energia, programas de saneamento ambiental, programas de
gerenciamento de resíduos, programas de certificação de qualidade ambiental,
programas de gerenciamento de eventos, entre outros. Do mesmo modo, podem-se criar
projetos de inovação tecnológica, que visem à otimização de processos organizacionais,
assim como programas de estágio de prestação de serviço civil. O trabalho de conclusão
da unidade didática integrada pode ser apresentado em forma de relatório técnico-
científico.

4ª Unidade Didática Integrada: Apropriação de tecnologias específicas no contexto da


produção material.

Essa unidade didática integrada tem em vista a realização de atividades pedagógicas


no contexto da produção material, para a apropriação pelo aluno das tecnologias
específicas das linhas de produção. De acordo com a área profissional do curso, podem-
se desenvolver: práticas em laboratório, visitas técnicas, palestras com profissionais
especialistas nas tecnologias específicas, oficinas tecnológicas promovidas por
representantes da produção material, entre outras iniciativas. Assim também, podem-se
criar projetos de inovação tecnológica, que visem à otimização de processos produtivos,
bem como criar programas de estágio profissional supervisionado. O trabalho de
conclusão da unidade didática integrada pode ser apresentado em forma de relatório
técnico-científico.
O desenho do currículo integrado proposto pela palestrante supõe que haja diálogo
entre as quatro unidades didáticas integradas, para que não se configurem elas como
unidades estanques e, assim, promovam níveis de integração entre saberes mais
complexos, como forma de alcançar a compreensão global do conhecimento, a qual será
garantida na região de intersecção denominada de integração global, na qual serão
desenvolvidas atividades relacionadas ao Trabalho de Conclusão de Curso – TCC, que
pode ser apresentado na forma de relatório monográfico, com objetivos definidos de
acordo com a área profissional do curso.

73
Por último, nas suas considerações finais, a palestrante destacou que,
necessariamente, essa proposta de integração curricular para o ensino médio integrado
tem que passar pelo debate no território do cotidiano escolar, incorporando novos
entendimentos e proposições que contribuam com a construção de um currículo
integrado, que vise à formação integral, que pode incluir a modalidade educação de
jovens e adultos (PROEJA). Como contribuição, tais proposições não estariam
concluídas: elas apenas vislumbram a (re)construção das concepções da política no
campo recontextualizador oficial e, também, incitam o início de um processo participativo
de (re)construção dos projetos educativos, curricular e didático para o ensino médio
integrado.
A última palestra foi proferida por Bernardina Santos de Araújo Sousa, do IFPE, que
destacou, dentro da estrutura de sua apresentação, temas como a abordagem sócio-
histórica do currículo, sua gênese e desenvolvimento; a formação de professores e a
construção da contraesfera pública, discutindo, também, alguns aspectos da Nova
Sociologia do Currículo ou do Neomarxismo.
Segundo a palestrante, essa discussão sustenta-se teoricamente em pensadores do
campo da Nova Sociologia do Currículo ou do Neomarxismo, tais como Henry Giroux e
Peter McLaren, Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva. Tais concepções são
ancoradas em dimensões sociopolíticas e epistemológicas, enfocando as relações de
poder e controle tão presentes na organização do conhecimento escolar, distanciando-se
de uma abordagem técnica, considerando o currículo como artefato social e cultural
produtor de identidades individuais e coletivas.
Pensar o currículo a partir da sua gênese é, de acordo com a palestrante, entendê-lo
como resultado da diversidade de interações humanas, algo pensado e gestado em meio
a essas experiências que não são dadas aprioristicamente. A renovação nas concepções
da sociedade tem exigido, ao longo da história, que a escola reformule sua pauta de
discussão, a fim de cumprir a função de facilitar os processos e ajustes das gerações e
as mudanças demandadas pelas transformações sociais, econômicas e culturais. Essa
característica tem orientado e ressignificado a área de currículo como um importante
campo de estudos na atualidade.
As concepções pedagógicas sustentadas em discursos que transitaram entre a
tradicional, a escolanovista, a tecnicista e a progressista representavam importantes
arranjos que contemplavam tendências sociais assumidas em determinados contextos
históricos. Em muitos desses momentos, essas tendências tentavam adaptar a escola à

74
ordem capitalista. Configuradas de diferentes maneiras, essas concepções produziram
diferentes respostas para atender aos interesses capitalistas.
O aumento das injustiças sociais e a intensificação das desigualdades forçaram
importantes denúncias sobre o papel da escola, de modo que alguns estudiosos
inconformados resolveram defender os interesses de grupos oprimidos. Assim, a Escola
de Frankfurt, a Nova Sociologia da Educação, a Psicanálise, a Etnometodologia e a
Fenomenologia produziram novas teorias que abriram um importante campo de reflexão
e possibilidades para as discussões acerca do currículo.
No que tange à formação de professores e à construção da contraesfera pública, a
palestrante salienta que, apesar de não assumir espaço relevante de debate na
contemporaneidade, essa pauta de discussão deveria resgatar o sentido social para
professores e estudantes e alimentar as discussões sobre a contraesfera pública
democrática. A forma como a cultura curricular está posta atualmente, para a
formação de professores, não define o fortalecimento do poder docente, colocando
ênfase nas ideologias tecnocratas e corporativistas próprias das sociedades dominantes.
São intelectuais que operam a serviço dos interesses do Estado. A formação de
professores deverá estar voltada para a formação de intelectuais comprometidos com a
soberania, com um projeto emancipatório de sociedade. Ou melhor, o projeto político
pedagógico deverá elaborar esses discursos e trazê-los para a pauta da cultura escolar
ou curricular.
Outro campo de discussão diz respeito aos avanços para além do estado da crítica.
Nesse sentido, de acordo com a palestrante, Giroux e McLaren tecem uma crítica
contundente aos pensadores de esquerda e outros educadores pela sua incapacidade de
ultrapassar a linguagem da crítica. As tramas tecidas nas práticas curriculares
representam quais interesses? Tais tramas articulam-se com quais propósitos? Afinal,
apenas teorizar sobre as escolas e não para as escolas não gera a contraesfera
necessária à pauta escolar.
A resistência e a contra-hegemonia representam importantes ações políticas que se
distanciam no campo conceitual e na capacidade de articulação e abrangência política,
dada pela segunda e desperdiçada pela primeira. Nessa perspectiva, a contra-hegemonia
estará presente no projeto político-pedagógico, no plano de intenções, na pauta de
discussão da instituição. Nesse sentido, falta à formação uma teoria social adequada que
ofereça base para se repensar a dimensão política do trabalho do professor e do papel
da formação.

75
A formação enfatiza fortemente as questões metodológicas, que se mantêm
distanciadas das discussões em torno das relações de poder, da produção cultural e
ideológica e de como essas relações têm produzido as experiências dos grupos de
estudantes e professores. Os autores citados tecem grandes críticas à ausência da
Teoria Social Crítica para ajudar os professores a formular compreensões acerca dos
valores que os estudantes constroem sobre si mesmos e sobre a escola. Há uma falta de
entendimento sobre as questões de classe, de gênero, de raça e de etnia presentes na
prática pedagógica.
Há, atualmente, nos Estados Unidos, uma forte influência de teóricos e pesquisadores
que conseguem trazer para a pauta de discussão e reflexão outra tomada de posição
frente às questões aqui destacadas. A influência desse aspecto contemporâneo de
pesquisa tem estimulado fortemente essa tomada de consciência por parte da formação.
O movimento dos pesquisadores pós-estruturalistas nos permite produzir novas
interpretações das subjetividades construídas pelos estudantes e expressas através da
linguagem, dos símbolos e dos gestos. Segundo Giroux e McLaren (2005, p. 137),
a voz do aluno é um desejo nascido da biografia pessoal e da história
sedimentada; é a necessidade de construir-se e afirmar-se em uma
linguagem capaz de reconstruir a vida privada e conferir-lhe um significado,
assim como de legitimar e confirmar a própria existência no mundo. Logo,
calar a voz de um aluno é destituí-lo de poder.

A formação radical deverá apontar para a apropriação teórica de entendimento que dê


conta de um novo campo de interpretação dos significados e representações sociais
contemporâneos. Quanto às práticas de regulação social e moral, deverão ser
consolidadas na construção de um currículo que aponte para o entendimento da
linguagem e da subjetividade – o discurso da vida cotidiana, a organização das escolas
enquanto espaços de derrota do desalento e de viabilidade da esperança.

13.1 PROPOSTAS E AÇÕES

Tema: Proposta curricular – As diversas dimensões do currículo: reflexões para a


construção do PPPI.

Questões norteadoras:
• Que concepção de currículo deve fundamentar a construção da identidade do
IFPE?

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• Que organização curricular pode assegurar uma identidade comum aos cursos do
IFPE e, ao mesmo tempo, as especificidades dos níveis e modalidades de ensino?
• Como podemos articular as diversas propostas curriculares dos campi do IFPE?

O Eixo Temático VI foi desenvolvido pelas palestrantes Professora Bernardina Santos,


Professora Edilene Guimarães e Professora Núbia Frutuoso, docentes do IFPE.
A primeira palestrante, Professora Maria Núbia Medeiros de Araújo Frutuoso, do IFPE,
proferiu a palestra “Reflexões sobre Currículo”, discorrendo sobre currículo desde o seu
significado etimológico, destacando ainda o conceito de currículo numa visão mais ampla.
Segundo ela, o currículo é entendido “como um conjunto de esforços pedagógicos
desenvolvidos com intenção educativa”. Na sequência, apresentou algumas abordagens
de currículo na perspectiva das Políticas Educativas Nacionais, das Diretrizes
Curriculares Nacionais, dos Planos Pedagógicos, dos conteúdos a serem ensinados e
aprendidos, dos Processos de Avaliação e, finalmente, dos Livros Didáticos.
A palestrante apresentou a interdisciplinaridade como uma proposta filosófica mundial,
capaz de romper barreiras, possibilitando a inovação e o trato dos novos conhecimentos.
Isso porque a ação colaborativa que a interdisciplinaridade requer sugere a escolha de
novos caminhos para a construção do conhecimento e da pesquisa, além da construção
de novos cenários pedagógicos.
Conceitos como multidisciplinaridade, pluridisciplinaridade, transdisciplinaridade e
interdisciplinaridade, segundo a palestrante, supõem diferentes níveis de diálogo entre os
saberes presentes na dinâmica social.
O ensino secundário privilegia o trabalho que é “princípio educativo”. A palestrante
adotou a defesa de que a profissionalização deve ser reservada ao ensino superior.
Nesse sentido, a integração do ensino médio com o ensino técnico é compreendida
como uma necessidade social e histórica e uma possibilidade concreta de efetivação da
educação tecnológica para os trabalhadores e de formação integral, constituindo-se
numa transição necessária rumo ao ensino médio politécnico.
O currículo integrado, segundo a Professora Edilene, vem sendo proposto como
tentativa de contemplar uma compreensão global do conhecimento e de promover
maiores parcelas de interdisciplinaridade na sua construção, contribuindo para a
superação da fragmentação do ensino, tendo em vista a formação integral dos
estudantes.

77
Nessa direção, nas afirmações da palestrante, importa que o currículo no ensino médio
integrado contemple as diferentes dimensões para a formação integral, a saber: a
formação do homem coletivo, a formação do homem-indivíduo, a formação do homem
histórico e a formação do homem ecológico. Essas dimensões da formação são
sustentadas nos princípios da solidariedade, ética, pluralidade cultural e sustentabilidade,
que estão imbricados em complexas relações socioambientais, as quais promovem inter-
relações entre trabalho, ciência, cultura e meio ambiente, objetivando o exercício de uma
cidadania ativa, numa concepção de educação que visa ao desenvolvimento social e
emocional do homem.
A palestra da Professora Bernardina Santos tratou dos seguintes aspectos: a)
abordagem histórica sobre o currículo: sua gênese e desenvolvimento; b) a formação de
professores e a construção da contraesfera pública.
Segundo a palestrante, pensar o currículo a partir da sua gênese é entendê-lo como
resultado da diversidade de interações humanas, algo pensado e gestado em meio a
essas experiências que não são dadas aprioristicamente.
Para ela, a renovação nas concepções da sociedade tem exigido, ao longo da história,
que a escola reformule sua pauta de discussão, a fim de cumprir a função de facilitar os
processos e ajustes das gerações, as transformações demandadas pelas transformações
sociais, econômicas e culturais. Essa característica tem orientado e ressignificado a área
de currículo como um importante campo de estudos na atualidade.
Apesar de não assumir espaço relevante de debate na contemporaneidade, consoante
as afirmações da Professora Bernardina, essa pauta de discussão deveria resgatar o
sentido do social para professores e estudantes e alimentar as discussões sobre a
contraesfera pública democrática. Para ela, a forma como a cultura curricular para a
formação de professores está posta atualmente não define o fortalecimento do poder
docente, colocando ênfase nas ideologias tecnocratas e corporativistas próprias das
sociedades dominantes. São intelectuais que operam a serviço dos interesses do Estado.
Sobre concepção de currículo, alguns caminhos foram apontados nos GTs. O primeiro
refere-se à utilização do termo concepções, mais adequado ao modo como se pensa o
currículo, e não apenas concepção, como foi utilizado na pergunta norteadora. O
segundo sugere que, como se trata de concepção, o mais adequado é que a discussão
se desenvolva em torno dos elementos que se espera sejam contemplados no currículo.
Finalmente, recomenda-se que esses elementos sejam analisados por especialistas da

78
área, para o estabelecimento de relações entre os elementos pontuados e as
perspectivas teóricas sobre currículo.
As propostas de concepção de currículo que fundamentarão a construção da identidade
do IFPE referem-se:

• À promoção da educação profissional, tecnológica e científica em todos os seus


níveis e modalidades;
• Ao atendimento ao princípio da indissociabilidade das ações de ensino, pesquisa e
extensão;
• À flexibilidade, no sentido de envolver ensino, pesquisa e extensão em todos os
níveis de ensino;
• À consolidação do compromisso da instituição com uma prática cidadã e inclusiva,
com a formação integral do ser humano e com o desenvolvimento sustentável da
sociedade;
• À garantia do estudo das questões ambientais, despertando a consciência na
comunidade no sentido de se vivenciar uma cidadania ativa, voltada também ao
desenvolvimento sustentável;
• À consideração da identidade histórica e contextual nos diversos campi dos cursos
oferecidos, dos conhecimentos construídos e das comunidades nas quais os campi se
inserem;
• À incorporação de algumas atividades relevantes que já são desenvolvidas de
forma organizada e sistemática pelos estudantes nos campi ou junto à comunidade local,
de natureza cultural, técnica ou científica, como, por exemplo, a banda musical ou o coral
de vozes;
• À consideração das dimensões social, ética, laboral, econômica, cultural e
ambiental na construção da identidade do IFPE;
• À valorização dos saberes vivenciais do indivíduo, das diversidades sociais,
artísticas, culturais, étnicas, religiosas, de gênero, de condições físicas, emocionais e
mentais, de necessidades educacionais especiais, privilegiando a dimensão humanística;
• À consideração do esporte, da cultura, do lazer e da arte como práticas
eminentemente pedagógicas;
• À observância da importância da afetividade e da educação emocional, tendo
como base a ética do cuidado e a cultura de paz;

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• À perspectiva de currículo integrado para a promoção da formação integral do ser
humano;
• À estruturação ou reestruturação dos planos de curso, com conteúdos
significativos e privilegiando a realidade concreta;
• À contemplação da formação profissional com qualidade socioambiental, em
sintonia com o mundo do trabalho, visando ao desenvolvimento sustentável a partir dos
arranjos produtivos locais;
• À articulação entre teoria e prática;
• À garantia da contextualização, da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade;
• À utilização de múltiplas estratégias e linguagens que facilitem a aprendizagem;
• Ao respeito ao ritmo de aprendizagem de cada estudante;
• À avaliação processual, formativa e contínua.

Assim, na perspectiva do respeito ao ritmo de aprendizagem de cada estudante, uma


das sugestões refere-se à criação de programas de apoio pedagógico para os discentes
que apresentem dificuldade de aprendizagem ou necessidades educacionais especiais.
Além disso, surgiram indicações no sentido de que as propostas curriculares dos
diversos campi considerem, na sua construção, o princípio da equivalência de conteúdos
e cargas horárias dos componentes curriculares, respeitando as peculiaridades de cada
campus, de modo a facilitar as transferências dos estudantes no âmbito do IFPE.
Finalmente, foi destacado o entendimento de que o currículo deve ser concebido de
forma a buscar a materialização do compromisso com as questões da comunidade local
e com a sua sustentabilidade, em consonância com a missão do IFPE.
Quanto à organização curricular que assegure uma identidade comum aos cursos do
IFPE, foram apresentadas as seguintes propostas:

• Organização por eixos temáticos que tratem de questões contemporâneas (meio


ambiente, direitos humanos etc.) comuns a todos os campi e cursos;
• Articulação entre os campi por eixo temático, como forma de assegurar a
identidade dos cursos, respeitando cada localidade.
Nesse sentido, a articulação das diversas propostas curriculares dos campi do IFPE
deve contemplar os seguintes aspectos:

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• Intensificação do processo de articulação dos vários setores de ensino dos
diversos campi;
• Importância da existência de uma orientação única e comum para a elaboração
dos planos de curso;
• Elaboração, de forma coletiva, de documento norteador que dê embasamento às
propostas curriculares;
• Definição de uma mesma orientação para os professores de todos os campi sobre
práticas pedagógicas e relações humanas;
• Realização de ações pedagógicas intercampi sob a forma de encontros,
seminários ou congressos específicos etc., de forma sistemática e periódica;
• Criação de uma pró-reitoria voltada para as ciências agrárias, que compreenda as
particularidades da área, garantindo equidade nas tomadas de decisão.

81
CONSIDERAÇÕES FINAIS

Consideramos que este Projeto Político Pedagógico Institucional – PPPI se


materializa como um instrumento resultante de um processo democrático. Os atores
responsáveis pela sua construção tiveram por objetivo um documento que representasse
a organização do pensar e do fazer pedagógico do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE de maneira identitária, em que todos os
sujeitos se reconhecessem.
No processo de construção do referido documento, vários desafios foram enfrentados,
entre eles, o de articular as singularidades dos diversos campi que formam o IFPE com o
que preconizam as políticas educacionais oficiais, considerando as especificidades locais
e regionais.
Com vistas ao caráter colegiado e participativo da dinâmica do processo construtivo
deste PPPI, várias foram as discussões, contribuições e encaminhamentos que
constituíram a estrutura dos fóruns e conferências e, ao final do processo, legitimaram
todo o documento que ora se apresenta.
As propostas e ações construídas coletivamente para este PPPI são extremamente
importantes e necessárias à existência de um compromisso de todos a respeito dos
princípios que vão orientar o trabalho educativo, considerando sua especificidade. Dessa
forma, percebemos o Projeto Político Pedagógico Institucional como indispensável no
processo educacional, pois, a partir dele, se ramificam as demais ações a serem
desenvolvidas pela instituição.
Sendo assim, este documento nos orienta para as propostas e ações presentes nele com
o objetivo de que seja avaliado periodicamente e desdobrado em projetos, levando-se em
conta a missão e a função social do instituto. Portanto, o PPPI do IFPE constitui-se na
construção contínua de um projeto de sociedade e de educação.

82
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