Projeto Político Pedagógico IFPE
Projeto Político Pedagógico IFPE
Projeto Político Pedagógico IFPE
POLÍTICO PEDAGÓGICO
INSTITUCIONAL - PPPI
2012
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE PERNAMBUCO
Recife, 2012
Presidente da República Federativa do Brasil
Dilma Rousseff
Ministro de Estado da Educação
Aloizio Mercadante
Secretário de Educação Profissional e Tecnológica
Marco Antonio de Oliveira
Campus Pesqueira
Prof. Mário Antônio Alves Monteiro
Campus Recife
Prof. Valbérico Albuquerque Cardoso
Reitoria
Emely Albuquerque de Souza (PRODEN)
Josenilde Bezerra Gaspar (PRODEN)
Roberto Oliveira Batista Júnior (PRODEN)
Campus Barreiros
Cristiane Maria Pereira Conde Campus Garanhuns
Fátima Cristina R. de F. Gonçalves Márcia Girlene e Silva
Fernanda Maria Lira de Menezes
Campus Ipojuca
Campus Belo Jardim Ulisses César Teixeira da Costa
Paulo Henrique Marques de Queiroz Maria Isailma Barros Pereira
Guedes
Rosa Maria Oliveira Teixeira de Campus Pesqueira
Vasconcelos Mário Antônio Alves Monteiro
Kelderlange Bezerra Alves
Campus Caruaru
Kalina Cúrie Tenório Fernandes Rêgo Campus Recife
Barros Hercilene da Siva Santos
Cíntia Valéria Batista Pereira Roseilda Santos Patriota Queiroz
Rodrigo Fernandez Pinto
Campus Vitória de Santo Antão
João Pereira da Silva Filho
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.....................................................................................................07
1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................08
2. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO.............................................................................11
3. ÁREA DE ABRANGÊNCIA...................................................................................27
4. ÂMBITO DE ATUAÇÃO........................................................................................30
6. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS..............................................................................34
7. FUNÇÃO SOCIAL.................................................................................................36
8. PROPOSTA PEDAGÓGICA..................................................................................36
9. A ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL....................................................................38
CONSIDERAÇÕES FINAIS.…..................................................................................82
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................83
ANEXOS …...............................................................................................................86
7
1. INTRODUÇÃO
8
Por sua relevância, o PPP se configura num documento que todos os membros da
comunidade escolar devem consultar como referência para a tomada de decisões. Mais
do que um documento, esse projeto se evidencia, efetivamente, quando posto em prática
através de ações político-pedagógicas.
A União, em resposta aos anseios da sociedade civil organizada, encampou o
Plano Nacional de Desenvolvimento da Educação no Brasil, possibilitando a formação
dos Institutos Federais de Educação – IFEs a partir da adesão voluntária dos Centros
Federais de Educação Tecnológica, Escolas Agrotécnicas Federais e Escolas Técnicas
Federais vinculadas às Universidades ao novo modelo de educação profissional proposto
no Decreto nº 6.095, de 24 de abril de 2007.
Nesse sentido, as instituições que optassem por participar desse novo modelo
deveriam apresentar termo de aprovação por sua instância máxima superior, assim como
o Projeto Político Pedagógico – PPP e o Projeto de Desenvolvimento Institucional – PDI,
especificando as condições atuais da instituição, a perspectiva de desenvolvimento e os
meios para a efetivação do que ficou definido no PPP. O modelo proposto teve a adesão
esperada: os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia foram criados
através da Lei nº 11.892, de 29 de dezembro de 2008. Entre eles, figurava o Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco – IFPE, que, para poder
funcionar de acordo com os trâmites legais, também teria que apresentar seu PPP e PDI,
conforme o estabelecido no decreto.
O IFPE, funcionando a princípio com seis campi, deflagrou o processo de
construção do seu PDI. Em seguida, começaram os trabalhos relativos ao PPPI, a partir
da constituição de Comissões de Coordenação Geral e Comissões Locais, para
cumprimento das exigências legais a sua institucionalidade. Contudo, mesmo antes de
constituído o IFPE, existiram processos de luta pela construção do PPP em algumas das
instituições antes da adesão ao modelo de instituto.
O presente trabalho é o documento final do PPP, elaborado inicialmente com a
participação direta de representantes dos seis campi (Recife, Barreiros, Vitória de Santo
Antão, Belo Jardim, Pesqueira e Ipojuca) que compunham o Instituto. Posteriormente,
contou-se com a colaboração de representantes dos recém-criados campi de Caruaru e
Garanhuns.
O Projeto Político Pedagógico Institucional (PPPI) do IFPE está assim estruturado:
1- Histórico da instituição; 2- Área de abrangência; 3- Âmbito de atuação; 4- A
operacionalização da construção do PPPI: metodologia participativa; 5- Princípios
9
pedagógicos; 6- Função social; 7- Proposta pedagógica; 8- A organização institucional; 9-
O sistema de gestão; 10- Universalização da educação básica e a democratização do
ensino superior; 11- Formação e valorização dos profissionais da educação; 12-
Concepções de currículo.
As considerações finais apresentam a avaliação do processo de construção do
PPPI, propostas para possíveis reformulações e os limites do projeto. Ao mesmo tempo,
evidenciarão o caráter inconcluso deste processo, dada sua complexidade e amplitude.
Tais considerações têm como objetivo ressaltar os caminhos possíveis para a
construção de um projeto político-pedagógico ao mesmo tempo que a Comissão de
Finalização do PPPI faz suas sugestões e recomendações necessárias a um novo
processo de revisão, reelaboração e reconstrução. Entende-se que só através do diálogo,
da democracia, da unidade em busca de alcançar os objetivos comuns e do embate de
ideias pode-se sentir pertencente a um processo coletivo de decisões.
10
2. HISTÓRICO DA INSTITUIÇÃO
1 Contudo, vale destacar que mesmo antes desse período, entre 1840 a 1859, foram criadas, em 10
províncias brasileiras, as Casas de Educandos e Artífices, voltadas para crianças e adolescentes que
moravam na rua.
2 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 17. A escola iniciou suas
atividades em 16 de fevereiro de 1910. O curso era oferecido sob o regime de externato, funcionando das
10 às 16 horas.
3 Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) do IFPE (2009-2013), p. 17 - 20.
11
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 – e
a de Expansão e Melhoria do Ensino – Lei nº 5.692, de 11 de agosto de 1971 – também
reformularam o ensino profissional no Brasil4. Nesse sentido, com as mudanças
supracitadas, o atual campus Recife do IFPE recebeu as denominações sucessivas de
Escola de Aprendizes Artífices, Liceu Industrial de Pernambuco, Escola de Ensino
Industrial do Recife, Escola Técnica do Recife e Escola Técnica Federal de
Pernambuco – ETFPE (à época da última denominação, contava com as unidades
descentralizadas de Petrolina e Pesqueira5).
Em 1999 – através do Decreto s/n de 18/01/1999 –, a ETFPE recebe a
denominação de Centro Federal de Educação Tecnológica de Pernambuco (CEFET-
PE), ampliando seu portfólio de cursos, podendo também atuar na Educação Superior
(cursos de formação de tecnólogos, licenciaturas, pós-graduação lato e stricto sensu).
No processo de transformação da ETFPE para o CEFET-PE, a UNED Petrolina,
em fusão com a Escola Agrotécnica Federal Dom Avelar Brandão Vilela – EAFDABV
(Decreto Presidencial de 26 de novembro de 1999), passou a compor o CEFET Petrolina.
A UNED Pesqueira, no Agreste Central – Portaria Ministerial nº 1.533, de 19/10/1992 –,
bem como a UNED Ipojuca – Portaria Ministerial nº 851, de 03/09/2007 –, na Região
Metropolitana do Recife, passaram a compor, junto com a UNED Recife, o CEFET-PE.
A constituição histórica do IFPE se deu igualmente com a integração das escolas
agrotécnicas federais de Barreiros, Belo Jardim e Vitória de Santo Antão ao CEFET-PE
(Recife, Pesqueira e Ipojuca).
12
Vila Tamandaré – Decreto nº 16.105, de 21 de julho –, no município de Rio Formoso 6. Em
1934, a escola passou a chamar-se Aprendizado Agrícola João Coimbra. Oferecia
então o curso de Iniciação Agrícola, que conferia ao estudante a formação em capataz
rural. Apenas em 1941 o Aprendizado Agrícola foi transferido para a Fazenda Sapé, no
município de Barreiros7.
Com o Decreto nº 22.506, de 22/01/1947, a denominação da Instituição mudou
para Escola Agrícola João Coimbra. Além do curso de Iniciação Agrícola, passou a
ofertar também o curso em Mestria Agrícola. Três anos mais tarde, nova mudança em
sua denominação, passando a Ginásio Agrícola João Coimbra, e novo curso – o de
Técnico Agrícola – somado aos já oferecidos8.
Com o Decreto nº 53.558, de 13/02/1964, modificou-se mais uma vez sua
denominação, passando a Colégio Agrícola João Coimbra. Na época, eram oferecidos
os cursos Ginasial Agrícola e Técnico Agrícola. Já em 1967, os formados pela instituição
passaram a ser denominados de técnicos agrícolas. A partir de 1968, as instituições de
ensino agrícola passam a ser subordinadas ao Ministério da Educação. A denominação
Escola Agrotécnica Federal de Barreiros (EAFB) foi estabelecida pelo Decreto nº
83.935, de 04/09/19799.
Em dezembro de 2008, trinta e um centros federais de educação tecnológica
(CEFETs), setenta e cinco unidades descentralizadas de ensino (UNEDs), sete escolas
técnicas federais e oito escolas vinculadas a universidades, além de trinta e nove escolas
agrotécnicas – entre as quais a antiga EAFB –, deixaram de existir, passando a compor
os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Dessa forma, passava a existir
o campus Barreiros do IFPE.
O atual campus de Vitória de Santo Antão foi criado em 2 de junho de 1954, com o
nome original de Escola de Magistério de Economia Rural Doméstica, pela então
13
Superintendência do Ensino Agrícola e Veterinário, órgão vinculado ao Ministério da
Agricultura10.
No ano de 1962, a Instituição foi renomeada, passando a se chamar Colégio de
Economia Doméstica Rural, cuja finalidade era ministrar cursos agrícolas de 1º e 2º
ciclos, bem como cursos de aperfeiçoamento. Em 1967, o colégio passou por novas
mudanças, sendo incorporado à Diretoria de Ensino Agrícola – DEA, do Ministério da
Educação e Cultura. Nesse contexto, houve também uma reformulação da filosofia do
ensino agrícola no país, a partir do processo de implantação da metodologia do “Sistema
Escola-Fazenda”, que se baseava no princípio “Aprender a Fazer e Fazer para
Aprender”11.
Em 1979, o colégio recebeu a denominação de Escola Agrotécnica Federal de
Vitória de Santo Antão e implantou o curso técnico em Agropecuária, passando, então,
a oferecer duas habilitações técnicas. As atividades pedagógicas da Escola Agrotécnica,
que eram realizadas onde atualmente funciona o Centro Acadêmico de Vitória da
Universidade Federal de Pernambuco, foram transferidas, em 1985, para um complexo
situado na zona rural da cidade. Assim, implementou-se, na prática, o Sistema Escola-
Fazenda.
Em 1993, a Instituição foi transformada em autarquia, cabendo à SEMTEC as
atribuições de estabelecer as políticas para a educação tecnológica e exercer a
supervisão do ensino técnico federal12. Em 1997, foi implantado o curso técnico em
Agroindústria.
Em 2001, acompanhando as reformas da educação profissional no país, a
Instituição passou a oferecer o ensino médio desvinculado do ensino profissional, sendo
este organizado em regime modular. Passaram a ser oferecidas, então, quatro
habilitações técnicas: Agropecuária, Agroindústria, Agricultura e Zootecnia, na
modalidade de concomitância interna, externa ou subsequente. No mesmo ano, a
EAFVSA, através de portaria, regulamentou a criação da Seção de Cursos Técnicos
Especiais – SCTE. A partir daí, começou a oferecer cursos básicos de curta duração,
visando à qualificação e requalificação de trabalhadores.
Em maio de 2004, por força do Decreto nº 4.877, de 13 de novembro de 2003, que
regulamentou o processo de escolha dos diretores-gerais das Instituições Federais de
14
Ensino (IFEs), a instituição elegeu, com a participação de todos os segmentos da
comunidade escolar, a sua Direção-Geral. Ainda em 2004, a SEMTEC passa a ser
denominada Secretaria da Educação Profissional e Tecnológica – SETEC, encarregada
de implementar as políticas de educação profissional no país, desvinculando a educação
profissional do ensino médio. Com a nova estrutura, a definição das políticas do ensino
médio passou a ser competência da Secretaria da Educação Básica – SEB13.
Em 2005, a instituição voltou a oferecer cursos no sistema de currículo integrado:
cursos técnicos em Agropecuária e em Agroindústria, mantendo a modularização apenas
no nível subsequente (cursos voltados para quem já concluiu o Ensino Médio), com as
habilitações técnicas em Agricultura, Zootecnia e Agroindústria. Em 2008, com a criação
do IFPE, a Escola Agrotécnica Federal de Vitória de Santo Antão passou a ser campus
dessa Instituição.
A então Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim iniciou sua trajetória com a
celebração de um convênio entre o Governo Federal e o Governo do Estado de
Pernambuco – em 27 de junho de 1958 –, que autorizou a instalação da escola no
município. Com o Decreto nº 53.558 – de 13 de fevereiro de 1964 –, foi-lhe dada a
denominação prístina de Ginásio Agrícola de Belo Jardim. Em maio de 1967 – com o já
citado Decreto nº 60.731 –, houve a transferência do “Ginásio” do âmbito administrativo
do Ministério da Agricultura para o do Ministério da Educação14. Na ocasião, houve ainda
mudança em sua denominação, passando a Colégio Agrícola de Belo Jardim (em 7 de
agosto de 1968)15. Em 4 de setembro de 1979, com mais uma mudança em sua
denominação, passou a Escola Agrotécnica Federal de Belo Jardim – EAFBJ16.
Em novembro de 1993, a EAFBJ transformou-se em autarquia federal – instituída
pela Lei nº 8.731 –, passando a ser dotada de autonomia administrativa, financeira,
15
patrimonial, didática e disciplinar, compatível com sua personalidade jurídica e de acordo
com seus atos normativos.
Em 29 de dezembro de 2008 – através da Lei nº 11.892 –, sancionada pelo
Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, a Escola Agrotécnica Federal de Belo
Jardim transforma-se no campus Belo Jardim do IFPE.
O campus Belo Jardim conta atualmente com cursos de distintas áreas do
conhecimento, oferecidos em variados níveis e modalidades. Os primeiros cursos
técnicos foram, respectivamente, Agropecuária e Agroindústria, ambos ofertados
atualmente nas modalidades integrado e subsequente, sendo o segundo também
ofertado na modalidade PROEJA (Programa Nacional de Integração da Educação
Profissional com a Educação Básica na Modalidade de Jovens e Adultos). O curso
técnico em Informática é oferecido nas modalidades integrado e subsequente, e o curso
de Enfermagem é ofertado na modalidade subsequente. O campus conta, desde 2011,
com o curso superior de Licenciatura, que prepara professores para atuar na educação
básica, em escolas especializadas de música (conservatórios, centros de educação
musical, escolas de música) ou em espaços não formais onde o ensino de música ocorra
(igrejas, ONGs, projetos culturais etc.). Além disso, a formação possibilita ao estudante a
atuação no mercado da música popular, como intérprete instrumental ou vocal, ou em
outras atividades e campos, instituídos e emergentes, das manifestações culturais
ligadas à música popular. O curso também incentiva a produção de pesquisa relacionada
à performance musical e à educação musical.
O campus Belo Jardim dispõe de instalações diversas, tais como: salas de aula;
salas-ambiente nos setores de Agricultura, Zootecnia, Agroindústria e Mecanização
Agrícola; laboratórios de Informática, Química, Biologia e Topografia; laboratório de
Inclusão Digital; biblioteca; Centro de Tecnologia; dois auditórios; refeitório; prédio da
administração; alojamentos femininos e masculinos; quadra poliesportiva; sala de jogos;
oficina de arte; guarita; oficinas diversas, além da estrutura própria para os cursos de
Informática e Enfermagem. Estão previstas reformas em algumas instalações, visando à
otimização do uso da estrutura do campus em face do seu crescimento, e ampliação de
atendimento à comunidade local, mediante a oferta de novos cursos.
16
2.5. Campus Pesqueira:
17
Em 18 de janeiro de 1999, através do Decreto s/n assinado pelo Presidente
Fernando Henrique Cardoso, em comunhão com o Ministro da Educação Paulo Renato
de Souza, a Escola Técnica Federal de Pernambuco passou a ser Centro Federal de
Educação Tecnológica de Pernambuco. A partir dessa data, surgiram os cursos técnicos
de Eletroeletrônica, Enfermagem e Turismo pós-médio.
Em 4 de outubro de 2003, assume uma nova direção na UNED Pesqueira, como
resultado de uma “Consulta Pública” promovida pelo Diretor Geral do CEFET-PE, o
professor Sérgio Gaudêncio Portela de Melo.
Em novembro de 2003, a UNED Pesqueira do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Pernambuco completou 10 anos de atividades administrativas e
pedagógicas, cumprindo com a sua atual missão: “Ser um Centro de Referência para os
Sistemas de Ensino, atuando como polo de excelência para a Educação Profissional no
Estado de Pernambuco, oportunizando ao cidadão ingresso e permanência no mundo
produtivo”.
Em 1º de outubro de 2004, através do Decreto nº 5.224, assinado pelo Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o CEFET-PE foi autorizado a ministrar Ensino Superior de
Graduação e de Pós-Graduação lato sensu e stricto sensu, visando à formação de
profissionais e especialistas na área tecnológica.
Em 6 de fevereiro de 2007, ocorreu a aula inaugural do curso de Licenciatura em
Matemática, no auditório da UNED Pesqueira do CEFET-PE. O evento contou com a
participação da Dr.ª Heloísa Flora Brasil Nóbrega Bastos, professora da UFRPE, que
presidiu a palestra “Professor de Matemática - Desafios do Futuro”.
A primeira turma do curso foi formada por 50 alunos selecionados no processo
seletivo de 2007, cujo primeiro colocado foi o aluno Thiago de Oliveira Coelho, com
média de 80,75 pontos. Em 20 de setembro de 2007, assume uma nova direção da
UNED Pesqueira, através da Portaria nº 652-GD, eleita em 28/08/2007.
Em novembro de 2008, a UNED Pesqueira do CEFET-PE comemorou seus 15 anos
de história, os quais foram marcados pela qualidade na educação profissional e
tecnológica, através do ensino, da pesquisa e da extensão. Para comemorar o momento,
foi realizado um culto ecumênico e uma palestra sobre os quinze anos da instituição.
Durante o período de comemorações, ocorreu a exposição “Conquistas e
Reconhecimento do CEFET-PE, Unidade Pesqueira”; a apresentação da Cantata de
Natal, com a participação do Coral da Unidade Pesqueira; uma exposição fotográfica
contando a história da unidade; a exposição fotográfica “Um Olhar em Preto e Branco”,
18
produzida pelos estudantes da turma do PROEJA, sob a coordenação dos professores
José Reginaldo e Maria do Rosário. A culminância, encerramento da programação,
ocorreu em 5 de dezembro de 2008, com o Baile Comemorativo dos 15 Anos.
Em 29 de dezembro de 2008, através da Lei nº 11.892, sancionada pelo Presidente
da República Luiz Inácio Lula da Silva, a UNED Pesqueira do CEFET-PE transforma-se
em campus Pesqueira do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Pernambuco. Os institutos federais são entidades de educação superior, básica e
profissional, pluricurriculares e multicampi, especializadas na oferta de educação
profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na
conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas
pedagógicas.
Mesmo sem ter como meta principal a aprovação em vestibular, devido ao foco da
instituição ser ainda o ensino profissional, o campus Pesqueira ficou em 8º lugar em
Pernambuco no ranking das escolas públicas, no ano de 2009.
O curso de Licenciatura em Matemática do campus Pesqueira venceu todas as
instituições do Nordeste na avaliação do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes
- ENADE 2008 (resultado divulgado no final de 2009). A média geral atingida pelos
estudantes superou inclusive a média geral do Brasil. Os estudantes foram melhores
tanto nas disciplinas específicas como nas de formação geral. O campus Pesqueira teve
ainda a 2ª melhor nota individual de Pernambuco (estudante Paulo Virgílio Batista Silva).
No início de 2009, o campus Pesqueira conseguiu implementar o curso de
Licenciatura em Física. O até então curso técnico em Enfermagem transforma-se em
curso de Bacharelado em Enfermagem em meados de 2011. Em 2010, foi também
implementado o curso de Licenciatura em Matemática – PARFOR, o qual visa à formação
de professores das escolas públicas que já atuam como docentes, mas que ainda não
têm formação superior.
Com base nas informações divulgadas em meados de setembro de 2011 pelo
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o
campus Pesqueira do IFPE alcançou significativo resultado no Exame Nacional do
Ensino Médio 2010 (ENEM 2010): a 103ª colocação no ranking das instituições públicas
e privadas de todo o Brasil, com uma média geral de 625.03, considerando uma taxa de
participação de 32,5%. Por conseguinte, houve um significativo aumento com relação à
média do ENEM 2009, quando a Instituição obteve 606.23 pontos, o que elevou o
19
campus Pesqueira à melhor colocação na cidade de Pesqueira e ao segundo melhor
desempenho entre os campi do IFPE.
No dia 30 de novembro de 2011, tomou posse uma nova direção-geral no campus
Pesqueira, a qual foi eleita no dia 8 de junho de 2011 pela comunidade acadêmica e
administrativa para a gestão da escola no quadriênio 2011-2015.
Atualmente, o campus Pesqueira dispõe dos cursos técnicos em Edificações,
Eletrotécnica e Eletroeletrônica; dos cursos superiores de Licenciatura em Matemática e
em Física e do Bacharelado em Enfermagem, além do curso técnico em Eletrotécnica na
modalidade PROEJA, que compreende a educação de jovens e adultos.
O campus Pesqueira, por sua vez, tem investido não só no campo do ensino, mas
também na pesquisa e na extensão, como forma de aperfeiçoamento do processo de
ensino-aprendizagem. Prova disso têm sido os vários artigos de estudantes e
pesquisadores aprovados e publicados em revistas científicas, congressos nacionais e
internacionais, evidenciando o efetivo trabalho dos quatro grupos de pesquisa atualmente
credenciados junto à Propesq/IFPE e ao CNPq. Isso sem contar as bolsas de iniciação
científica, de iniciação à docência, as bolsas de extensão, inclusive com projetos
aprovados pelos: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPp), Petróleo Brasileiro S/A (PETROBRAS), Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior (CAPES) e Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do
Estado de Pernambuco (FACEPE).
Como projetos de ensino e extensão em andamento voltados para a comunidade,
além dos cursos de curta duração ministrados por professores da casa, destacam-se os
cursos oferecidos pelo Programa Mulheres Mil e pelo Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego – PRONATEC.
Dentro da perspectiva de ensino, pesquisa e extensão, encontra-se em andamento
no campus Pesqueira o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência –
PIBID, que é uma parceria do IFPE com a CAPES, e o projeto do observatório
astronômico da Instituição, o qual é desenvolvido, principalmente, pelo Clube de
Astronomia Vega.
20
uma área de 10 hectares pela Prefeitura Municipal do Ipojuca. O funcionamento,
enquanto Unidade de Ensino Descentralizada, foi autorizado pela Portaria nº 851, de 3 de
setembro de 2007, do Ministro de Estado da Educação Fernando Haddad. O início das
obras ocorreu no dia 27 de novembro de 2006, já a conclusão da 1ª etapa de
acabamento dos blocos do campus Ipojuca se deu em março de 200817. Inicialmente, as
atividades do campus Ipojuca foram realizadas no ano de 2007,em prédio cedido pela
Prefeitura de Ipojuca, localizado no centro do município, a fim de ser aguardada a
conclusão da 1ª etapa das obras estruturais do campus.
Sua criação, enquanto Unidade Descentralizada de Ensino do CEFET-PE no
município de Ipojuca/PE, insere-se no processo de expansão do CEFET-PE. A aula
inaugural dos cursos técnicos (os primeiros foram Automação, Química e Segurança do
Trabalho) do campus ocorreu no dia 31/10/2007, na quadra coberta do Centro
Experimental Prefeito Jaime Lins, no centro do município de Ipojuca18.
Em 12 de maio de 2008, foi dado início às atividades acadêmicas no prédio
construído como sede do campus Ipojuca, localizado na PE 60, Km 14. Em 11 de
setembro de 2009, o campus Ipojuca foi inaugurado oficialmente, com a presença do
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais autoridades.
Considerando o arranjo produtivo e a vocação econômica locais, o campus Ipojuca
promove atualmente 5 cursos técnicos subsequentes (Automação Industrial, Química,
Segurança do Trabalho, Petroquímica e Construção Naval) e 1 curso superior
( Licenciatura em Química).
O Campus Ipojuca encontra-se em fase de expansão estrutural, tendo em seu projeto
arquitetônico final a seguinte estrutura física:
• 12 salas de aula;
• 1 laboratório de CAD e Ship Constructor;
• 1 laboratório de Informática;
• 6 laboratórios de Automação Industrial;
• 4 laboratórios de Segurança do Trabalho;
• 4 laboratórios de Química;
• 1 bloco administrativo;
21
• 1 bloco de biblioteca e auditório;
• 1 bloco de Construção Naval com 2 pavimentos;
• 1 bloco de Inclusão Digital e Profissional;
• 1 Centro de Treinamento e Referência em Segurança, Saúde e Meio Ambiente.
22
reunião foi motivada por uma ampla discussão, sendo reconhecido unanimemente pelos
presentes que a demanda local seria atendida com os cursos técnicos em Mecatrônica,
Segurança do Trabalho e Edificações, na modalidade subsequente.
A audiência pública realizada em 15 de abril de 2009, no plenário da Câmara
Municipal de Caruaru, sob a coordenação da Comissão de Educação, Ciência e
Tecnologia, consolidou a escolha dos três cursos apresentados na última reunião. Nessa
audiência, foram colocadas em pauta a instalação do campus Caruaru e as tendências
da vocação profissional da população local e das regiões circunvizinhas, com ampla
participação da sociedade, de representantes de instituições de formação profissional
(Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, Serviço Nacional de
Aprendizagem Comercial – SENAC etc.), de representação dos empresários (Associação
Comercial de Caruaru – ACIC, Câmara de Dirigentes Lojistas – CDL etc.), do poder
público municipal e do IFPE, dentre outros. Nessa audiência, ficou referendado que, no
primeiro momento, o campus ofertaria os três cursos técnicos antes mencionados.
O campus Caruaru do IFPE foi inaugurado em 27 de agosto de 2010, com a
presença do então Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, representantes dos
governos municipal e estadual, representantes do IFPE, comunidade acadêmica,
servidores e estudantes, bem como da comunidade local e circunvizinha. Ainda nesse
semestre, foram matriculados 216 estudantes, os quais iniciaram suas aulas no dia 30 de
agosto de 2010.
A partir da reunião realizada no município de Garanhuns, no dia 11 de junho de 2007,
no auditório da AESGA – Autarquia de Ensino Superior de Garanhuns, onde o diretor
geral do então CEFET/PE fez uma palestra informativa sobre a Chamada Pública
MEC/SETEC Nº 001/2007, representantes de diversas entidades da sociedade civil e
prefeitos dos municípios situados no entorno de Garanhuns, comprometeram-se cada
um, a contribuir com o que fosse possível para a implantação do Campus Garanhuns.
As principais razões para implantação do Campus Garanhuns em 2008, conforme
documento da Chamada Pública foram: A geografia, por situar-se na área central do
estado, onde ainda não existia nenhum CEFET implantado, enquanto que as duas
extremidades do estado (Recife e Petrolina) já foram contempladas; Pela demografia,
área mais habitada no Agreste Meridional com população estimada de 600.389
habitantes abrangendo Garanhuns e entorno; Pela vocação educacional do município,
considerado um dos grandes pólos educacionais do interior do Nordeste, embora não
tenha vocação industrial, transformou-se no grande pólo prestador de serviços
23
(educacionais, médicos, governamentais, turísticos, comércio, etc.); Pela pobreza, oito de
seus municípios de abrangência, ostentando os piores indicadores sociais do estado
(Índice de Desenvolvimento Humano - IDH), sendo de grande importância sócio-
econômica seja do ponto de vista educacional, seja das oportunidades econômicas que
cria a implantação; Pelos cursos na área de Tecnologia da Informação (TI) como
estrategicamente importantes para a região e para o estado pela falta de mão-de-obra
especializada nesta área de TI e pelo apoio unânime dos prefeitos da região.
O município de Garanhuns faz parte da Região de Desenvolvimento do Agreste
Meridional, localizada na mesorregião do Agreste Pernambucano no Planalto da
Borborema, distante 230 km da capital do Estado, com uma área de 10.756 km²,
representando 10,96% do território estadual (IBGE 2009). A região constitui-se de 26
municípios com uma população de mais de 561.940 habitantes (Agência Estadual de
Planejamento e Pesquisas de Pernambuco - CONDEPE-FIDEM, 2010).
Além disso, o clima e o relevo se apresentam como alguns dos maiores
diferenciais da região, em relação ao resto do Estado, propiciando diversidade de cultivos
e oferecendo diversas opções de turismo, que também se caracteriza como importante
atividade econômica.
A maior e mais expressiva atividade econômica do Agreste Meridional é a pecuária
leiteira e de corte. Garanhuns é o maior centro de captação de leite do Estado,
responsável pelo processamento de 70% da produção da bacia leiteira de Pernambuco,
destacando-se na produção artesanal, semiartesanal e industrial de laticínios. O comércio
da região é significativo, sobretudo nos municípios de Garanhuns e Lajedo.
Com relação ao nível de escolaridade da população do município, existe um
percentual de 73,45% dos jovens de 15 a 17 anos e 56,92% dos jovens entre 18 e 24
anos com menos de 8 anos de estudo, com um total de 51.078 estudantes matriculados
para o ensino fundamental e 14.824 estudantes matriculados no ensino médio para o ano
de 2007 segundo dados do CONDEPE-FIDEM (2010 b).
A essa demanda de estudantes em idade e nível de escolaridade compatíveis ao curso
técnico em meio ambiente, em informática e em eletroeletrônica, soma-se o fato de só
haver a oferta do curso em cidades com grande distância de Garanhuns.
Com a aula inaugural ocorrida em 23 de agosto de 2010 entrou em funcionamento
um dos mais novos campi do IFPE, localizado na cidade de Garanhuns. O evento
aconteceu na Gerência Regional de Educação (GRE) da cidade. O novo Campus
recebeu inicialmente cerca de 80 estudantes dos cursos Técnico em Meio Ambiente e
24
Técnico em Informática, e em 2011.2 foi inaugurado mais um curso ofertado pelo
campus, o Curso Técnico em Eletroeletrônica com a entrada de 80 estudantes
distribuídos em duas turmas. Em 2012 será ofertada uma nova modalidade de ensino,
com o Curso Técnico Integrado na área de Eletroeletrônica.
A proposta de criação do Curso Técnico em Informática deu-se em relação à
demanda por profissionais com a formação técnica nesta área. Várias pesquisas e
levantamentos de dados indicam a carência no mercado regional e nacional. O setor de
Informática tem crescido três vezes mais rápido que o restante da economia brasileira,
constituindo-se no principal componente que impulsiona a chamada nova economia.
Além disso, Pernambuco se destaca no mercado nacional e mundial por meio do
Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (C.E.S.A.R), que é um centro
privado de inovação que cria produtos, serviços e empresas com Tecnologia da
Informação e Comunicação (TICs). O C.E.S.A.R também faz parte do Porto Digital do
Recife, ambiente de empreendedorismo, inovação e negócios de tecnologias da
informação e comunicação do estado de Pernambuco que reúne mais de 100 empresas
no polo do Bairro do Recife.
O IFPE – Campus Garanhuns, por meio do Curso Técnico em Informática na
modalidade Subseqüente, objetiva preparar profissionais para o mundo do trabalho
globalizado e competitivo, e, além disso, contempla áreas inovadoras do conhecimento e
abrange tecnologias modernas, contextualizadas na ciência da informação, além de
estimular empreendimentos em Informática atraídos pelos nichos de mercado existentes
na região.
Já a proposta de criação do curso de Técnico em Meio Ambiente, vem da
necessidade tanto do município sede do Campus do IFPE como dos municípios vizinhos
de superar suas carências de mão de obra qualificada na área ambiental, como mostra o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002) onde apenas 6% dos
municípios brasileiros possuíam secretarias encarregadas exclusivamente de meio
ambiente, enquanto em 26% dos municípios a questão ambiental é tratada em
secretarias conjuntas com outras áreas, como é o caso de Garanhuns onde a secretaria
responsável pelo tema é a de Agricultura, Abastecimento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos. Além disso, a produção agropecuária, importante atividade econômica da
região, caminha para aumentar o nível de adequação de suas atividades a legislação
ambiental no intuito de atingir mercados consumidores mais exigentes, o que demanda
cada vez mais, profissionais capacitados na área.
25
A preservação de mananciais estratégicos para assegurar a qualidade de vida e a
sobrevivência dos municípios da Microrregião do Agreste Meridional; Proteger os
recursos hídricos e os maciços vegetais, compreendendo: as nascentes e corpos d’água
que compõem as bacias dos rios Mundaú e Canhoto; e a implementação do Parque do
Inhumas, são motivos suficientes para a implantação do Curso técnico em Meio
ambiente.
Quanto à implantação do curso Técnico em Eletroeletrônica, esta foi embasada
tanto na carência de mão de obra qualificada em controle e processos industriais no
município sede e nos municípios vizinhos, quanto na oferta deste curso em cidades com
grande distância de Garanhuns, já mensionada anteriormente.
O campus de Afogados da Ingazeira insere-se nesse processo de expansão que
também contemplou a criação dos campi de Caruaru e Garanhuns.
Em 24 de abril de 2007, foi realizada uma chamada pública para instalação de uma
nova unidade do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco no
sertão de Pernambuco. Várias cidades da região candidataram-se e passaram a
concorrer como sede da nova unidade do IFPE.
A cidade de Afogados da Ingazeira foi selecionada para acomodar o IFPE, tendo
início a obra em 1º de junho de 2009. Entretanto, o campus pertence aos municípios do
CIM - Pajeú.
O orçamento inicial era de 3,5 milhões de reais, porém foram gastos cerca de 3
milhões e 400 mil reais na construção. A direção do campus participou de praticamente
todas as etapas de construção.
Em agosto de 2010, as obras da primeira fase são concluídas. No dia 29 do mesmo
mês, é realizada a aula inaugural no Cine Teatro São José, tendo início, efetivamente, as
aulas no dia 13 de setembro. Ainda no dia 21 de setembro, sai a autorização para o
funcionamento do instituto, publicada no Diário Oficial da União (Portaria nº 1.170). No
dia 29 de novembro, é realizada, em Brasília/DF, a inauguração oficial.
Três cursos são oferecidos, escolhidos de acordo com a necessidade da região. São
eles: Agroindústria, Eletroeletrônica e Saneamento.
O campus do IFPE em Afogados da Ingazeira é recém-construído, graças ao apoio e
incentivo das 17 cidades do Sertão do Pajeú: Afogados da Ingazeira (sede do campus),
Brejinho, Calumbi, Flores, Iguaraci, Ingazeira, Itapetim, Carnaíba, Quixaba, Santa Cruz
da Baixa Verde, Santa Terezinha, São José do Egito, Serra Talhada, Solidão,
Tabira,Triunfo e Tuparetama.
26
Com relação ao quadro de funcionários, o campus Afogados da Ingazeira possui um
total de 43 servidores, sendo 24 professores e 19 administrativos, além, claro, dos
terceirizados. É previsto um total de 100 funcionários efetivos para o instituto quando ele
atingir seu funcionamento pleno.
A segunda fase estava prevista para ter início em janeiro de 2012, com a construção
de mais dois anexos, uma biblioteca e um auditório.
3. ÁREA DE ABRANGÊNCIA
A constituição dos diversos campi que compõem o IFPE foi estabelecida tomando-se
por base o critério territorial de atuação e a caracterização das regiões de
desenvolvimento onde eles estão situados. Assim, os referidos campi estão localizados
em cinco regiões de desenvolvimento do estado, a saber: na Região Metropolitana do
Recife (RMR), na Região da Mata Sul (RMS), na Região do Agreste Central (RAC), na
Região do Agreste Meridional (RAM) e na Região do Sertão do Pajeú (RSP), como
mostra a figura a seguir:
27
responsáveis por 76% da renda gerada no estado. A região comporta ampla
infraestrutura logística, com destaque para o Porto de SUAPE, o Aeroporto Internacional
do Recife/Guararapes, bem como a ampla malha rodoviária e ferroviária19.
Sua economia diversificada apresenta cadeias produtivas consolidadas, destacando-
se os setores de Turismo, Ensino Superior e Pesquisas, Intermediação Financeira e
Varejo Moderno, sem falar no polo médico (terceiro maior do país) e de Tecnologia da
Informação (considerado o segundo melhor do Brasil). Também fazem parte das cadeias
produtivas da RMR os setores de Alimentos e Bebidas, Produtos Têxteis e Vestuário,
Movelaria, Indústria Sucroalcooleira, Indústria de Transformação e Avicultura20.
Apesar de todo esse potencial, a RMR apresenta graves problemas
socioeconômicos, sendo o principal deles a distribuição de renda desigual. Cerca de 60%
dos seus mais de três milhões de habitantes vivem na linha da pobreza, com renda
mensal de até um salário mínimo, e mais da metade da população economicamente ativa
(acima de 15 anos de idade) trabalha no setor informal. São também pontos negativos o
alto índice de violência, os serviços de saneamento precários e a saturação do espaço
físico, ocasionando a ocupação desordenada em áreas consideradas de risco e
insalubres21.
28
Pecuária, a Indústria de Transformação, o Comércio Varejista e a Prestação de Serviços.
Vale salientar que Barreiros é um polo comercial que atende, também, a municípios
circunvizinhos, principalmente os do norte de Alagoas. Situado numa região próxima ao
litoral, o município tem também no Turismo um elemento de solidificação de sua
economia.
29
atividades ligadas à hospitalidade e lazer, em função do seu clima de baixas
temperaturas.
Também a região Sertão do Pajeú conta com uma unidade do IFPE. Trata-se do
campus de Afogados da Ingazeira. O Sertão constitui a parte do semiárido
pernambucano com condições climáticas mais adversas ao desenvolvimento da
agropecuária tradicional e do cultivo com base no regime de chuvas. As culturas mais
expressivas — de milho e de feijão — são de alto risco climático para as condições de
clima e tempo predominantes. A atividade pecuária, tanto bovina como de caprinos e
ovinos, sempre é desenvolvida de forma extensiva, à base de pastos naturais, cultivo da
palma forrageira e com pouca tecnologia de manejo.
Especificamente a RSP participa com 1,8% no Produto Interno Bruto (PIB) de
Pernambuco, e seus arranjos produtivos se concentram na caprinovinocultura, na
pecuária de corte, na prestação de serviços, na indústria de doces e na apicultura. O
setor de serviços tem o maior peso na economia local, principalmente nos municípios de
maior PIB da região, como Serra Talhada.
4. ÂMBITO DE ATUAÇÃO
30
Continuada (FIC), tecnológicos, bacharelados, licenciaturas, pós-graduações (lato sensu
e stricto sensu) e especialização de nível técnico, contemplando as comunidades das
regiões urbanas e rurais, como também o desenvolvimento de ações nas áreas do
ensino, pesquisa e extensão.
31
estrutural até aquelas que envolviam a dinâmica dos trabalhos dos grupos, considerando
que cada Fórum Temático era organizado com base em perguntas norteadoras, visando
a dar andamento às leituras realizadas anteriormente e às discussões posteriores,
proporcionadas pelos palestrantes.
As Comissões Locais (por campus) tiveram como finalidade propiciar a discussão e a
reflexão sobre a importância do PPPI, bem como a preparação dos seus representantes
para a participação nos Fóruns Temáticos25.
A Comissão Responsável pela Conferência do PPPI-IFPE (Portaria nº 258/2010) teve
como objetivo a organização e sistematização das deliberações dos Fóruns Temáticos, e
a Comissão para Finalização do Documento referente ao PPPI (Portaria nº 1.265/2010)
incumbiu-se de organizar o documento final.
Em junho de 2009, os Fóruns Temáticos deram início ao processo de construção do
documento, de que participaram quatro categorias de representatividade dos campi,
conforme o Regimento Interno dos Fóruns de Construção da Conferência do PPPI do
IFPE:
25 Cada campus teve autonomia para operacionalizar os Ciclos de Estudos necessários para o
encaminhamento das discussões dos Fóruns Temáticos. Assim, foram realizados, diferentemente em cada
campus, reuniões, encontros pedagógicos, pré-fóruns, entre outros momentos, visando à preparação para
os Fóruns Temáticos.
32
• Formação e valorização dos profissionais da educação;
• Financiamento da educação e controle social;
• Justiça social, educação e trabalho: inclusão, diversidade e igualdade.
Ainda de acordo com o Regimento Interno dos Fóruns de Construção da Conferência
do PPPI do IFPE, cada fórum era iniciado por uma palestra que abordava o eixo temático
que iria nortear a discussão do evento. Em seguida, eram formados os GTs, nos quais os
participantes discutiam e elaboravam suas propostas. A finalização do encontro acontecia
com uma Plenária Geral. O quadro abaixo destaca as informações relativas a cada
Fórum Temático:
Fórum Local Data Palestrante Palestra
Temático
I Campus 03/06/09 Prof. Dante Moura (IFRN) Proposta Pedagógica dos
Recife Institutos Federais de
Educação, Ciência e
Tecnologia
II Campus 09/07/09 Prof.ª Edla de Araújo Lira A Organização Institucional e
Vitória de Soares o Papel das Instâncias de
Santo Governo e da Sociedade
Antão
III Campus 30/09/09 Prof. Dante Moura (IFRN) O Sistema de Gestão e a
Belo (Manhã) Educação Profissional e
Jardim Tecnológica
IV Campus 30/09/09 Prof. Gaudêncio Frigotto A Relação da Educação
Belo (Tarde) (UERJ/ UFF) Profissional e Tecnológica
Jardim com a Universalização da
Educação Básica e a
Democratização do Ensino
Superior
V Campus 20/10/09 Prof.ª Ilma Passos (UnB) Valorização e Formação de
Ipojuca Profissionais da Educação
VI Campus 19/11/09 Prof.ª Bernardina Santos, Proposta Curricular – As
Belo Prof.ª Edilene Guimarães Diversas Dimensões do
Jardim e Prof.ª Nubia Frutuoso Currículo: Reflexões para a
(Parceria (IFPE) Construção do PPPI
com o
Campus
Pesqueira)
33
NOVAS PROPOSTAS (negrito, em verde sublinhado). Para as sugestões concernentes
aos AJUSTES DE REDAÇÃO, foi inserida a expressão “acordo de redação”. Em
seguida, nas Conferências de Construção do PPPI - CONFEPPPI26, o Documento
Referência do Projeto Político Pedagógico do IFPE foi debatido e aprovado. Seguem
abaixo as informações acerca das Conferências:
6. PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS
34
objetivo de construir e consolidar não só a qualificação profissional, mas, sobretudo, a
formação humana.
Nesse sentido, na perspectiva de cumprir as finalidades do instituto, deve estar
presente o cuidado em assegurar a aplicação e o desenvolvimento dos princípios
filosóficos, políticos, estéticos, éticos e pedagógicos.
Os princípios pedagógicos são eixos estruturadores do ensino-aprendizagem que
possibilitam a materialização do desempenho do futuro profissional, capaz de vincular a
educação à prática social e ao mundo do trabalho, relacionar teoria e prática, estar
preparado para o exercício da cidadania, explicar adequadamente os processos
científicos e tecnológicos dos processos produtivos, apresentar autonomia intelectual e
pensamento crítico e ser flexível frente a novas condições de ocupação no mundo do
trabalho.
Para tanto, o ambiente mais favorável à aprendizagem é o interdisciplinar,
considerando que as práticas interdisciplinares contribuem para a formação simultânea
do estudante nos aspectos técnico e prático, pluralista e crítico, implicando uma
qualidade social e política, pois, por INTERDISCIPLINARIDADE, enquanto princípio
pedagógico, compreende-se que todo conhecimento é construído em um processo
dialógico permanente com outros conhecimentos que se completam, apontando para a
necessidade do seu domínio, com vistas a que essas conexões entre si se efetivem.
Outro princípio pedagógico é a CONTEXTUALIZAÇÃO enquanto transposição
didática, em que o professor relaciona o conhecimento científico às experiências do
estudante, ou seja, transforma essa vivência em conhecimento e transfere o aprendido a
novas vivências.
O contexto da lei de criação dos institutos aponta para outro princípio pedagógico, a
INDISSOCIABILIDADE entre ENSINO, PESQUISA e EXTENSÃO, para fortalecer, dentro
e fora do ambiente escolar, a articulação da teoria com a prática, valorizando a pesquisa
individual e coletiva, assim como as diversas formas de práticas profissionais e a
participação em atividades de extensão, as quais permitirão ao futuro profissional
possibilidades de superar os desafios de renovadas condições do exercício profissional e
de produção do conhecimento.
Com essa compreensão, o IFPE se propõe a adotar esses princípios pedagógicos,
amplamente contemplados na LDB (Lei nº 9.394/96) e nas legislações específicas, a
partir de uma visão dinâmica e inovadora, aberta às mudanças e às transformações do
mundo contemporâneo.
35
7. FUNÇÃO SOCIAL
8. PROPOSTA PEDAGÓGICA
27 Fala do Professor Dante Henrique Moura, em palestra realizada no dia 3 de junho de 2009, no I Fórum
de Construção do Projeto Político Pedagógico do IFPE.
36
A empresa privada de ensino, segundo o Professor Dante, tem um foco particular no
que se refere ao grupo populacional ao qual pretende prestar seus serviços e adota como
critério mais objetivo o valor da mensalidade/anuidade que esse grupo se dispõe a pagar.
Portanto, está na gênese dessas organizações o fato de que sua ação não se destina a
toda a sociedade, mas apenas àqueles grupos que podem pagar e se dispõem a tanto
pelo serviço prestado, estabelecendo-se uma relação de consumo.
As questões abaixo nortearam as propostas pedagógicas e ações a seguir:
• A partir das potencialidades e fragilidades identificadas, que instituição educativa
queremos?
• A instituição que queremos contempla quais concepções de ser humano, de
sociedade e de educação?
• Qual deve ser a missão do instituto28?
• Qual deve ser a função social do instituto?
37
perspectiva de formação holística, que valorize o potencial crítico e criativo e que veja o
estudante como um ser de possibilidades, construtor do seu conhecimento, promovendo
uma maior integração e comunicação entre os campi, comprometida com a produção do
conhecimento científico, tecnológico e cultural, capaz de influenciar nas mudanças
sociais e nas definições de políticas de Estado na esfera da educação;
• Instituição mais flexível no seu processo permanente de mudança conceitual de
educação profissional e humana e dos processos políticos, socioambientais, acadêmicos
e culturais, caminhando de forma coerente com as linhas definidas em seu projeto
político-pedagógico institucional;
• A função social do instituto é promover uma educação pública de qualidade,
gratuita e transformadora, que atenda às demandas sociais, impulsionando, assim, o
desenvolvimento socioeconômico, considerando uma formação para o trabalho a partir
de uma relação sustentável com o meio ambiente. Para tanto, deve proporcionar
condições igualitárias de êxito a todos os cidadãos que constituem a comunidade do
IFPE, visando à inserção qualitativa no mundo socioambiental e profissional,
fundamentado em valores que respeitem a formação, a ética, a diversidade, a dignidade
humana e a cultura de paz;
• A missão do IFPE é promover a educação profissional, científica e tecnológica em
todos os seus níveis e modalidades, fundamentada no princípio da indissociabilidade das
ações de ensino, pesquisa e extensão, comprometida com uma prática cidadã e
inclusiva, de modo a contribuir para a formação integral do ser humano e para o
desenvolvimento sustentável da sociedade.
9. A ORGANIZAÇÃO INSTITUCIONAL
38
respeitando as diversidades em benefício de uma educação de qualidade social e do
bem comum. Durante a apresentação, a palestrante ressaltou a Igualdade, a Diversidade
e a Justiça Social como princípios norteadores da Organização Institucional, princípios
esses que devem estar explícitos no PPPI.
A palestrante destacou que um dos maiores problemas a ser enfrentados na
construção do projeto político pedagógico é a diversidade de propostas e a necessidade
democrática de negociar, no conjunto dessas propostas, um acordo que permita
desenvolver uma política pública, cuja finalidade geral seja o bem-estar, o bem comum
da sociedade.
Ao analisar o tema do fórum, a Professora Edla apontou, ainda, que o projeto da
Instituição não deve ser restrito a uma política de governo, tampouco prescindir da
participação da sociedade civil. A passagem de uma política de governo para uma
política de Estado depende do apoio e da articulação que a instituição vai construir junto
com a sociedade civil.
Outro aspecto ressaltado pela palestrante refere-se à construção de uma nova
identidade do Instituto. Nesse sentido, a construção do projeto político pedagógico pode
contribuir nessa passagem complexa de reinvenção de uma identidade, a partir das
identidades institucionais já existentes. A construção dessa identidade, por ser histórica,
é um movimento permanente, que só é possível ser realizado coletivamente, tendo a
comunidade escolar assumido sua condição legítima de protagonista. Essa identidade é
histórica e se constitui à medida que determinadas possibilidades efetivam-se
historicamente. Nesse sentido, o fórum traduz uma concepção de que podemos nos
juntar para fazer essa passagem e, assim, fortalecer nossa atual identidade.
Para a palestrante, o fórum diz respeito aos institutos, sua nova identidade ou
reinvenção de sua identidade, frente à possibilidade histórica que se concretizou através
de uma política de governo, que exige uma mudança de identidade. O que está em pauta
é como transformar uma política de governo em uma política pública de Estado,
consistente e democrática, numa sociedade também democrática. O discurso é da
política e do poder, e não da conversão. É por isso que nessa reinvenção da identidade é
necessário abrir um espaço para a questão da diversidade.
Sobre a diversidade, destacou que, dentro de uma perspectiva que não permite o
acolhimento da diferença e da diversidade, estudantes de diferentes níveis sociais são
tratados como iguais: o mesmo dever de casa, o mesmo trabalho escolar, o mesmo livro,
a mesma avaliação, as mesmas oportunidades, ainda que venham de realidades sociais
39
diferenciadas, quando o que precisam é de oportunidades diversas e variadas, para que,
mesmo diante de origens e de situações sociais distintas, possam aprender na mesma
medida. Eleger a diversidade como um dos princípios norteadores do PPPI, e assim
trazer esse tema para discussão no II Fórum, é reconhecer que somos seres históricos e
que a idade não deve ser o princípio organizador do ensino.
Para a palestrante, a elaboração do projeto político pedagógico é um exercício político
que pode ser feito de forma autoritária ou de forma dialogada. Essa segunda
possibilidade vai permitir que apareçam várias oportunidades de projetos, exigindo a
negociação de conceitos e princípios, a partir dos quais é possível construir um quadro
de compromissos coletivos que respeite as diversidades e as histórias dos atores
envolvidos.
Outro aspecto importante destacado pela palestrante é que os conceitos que estão nos
documentos que orientam a organização dos institutos remetem a um novo discurso em
processo no Brasil, o qual envolve a sociedade civil organizada, com vistas à Conferência
Nacional de Educação – CONAE, prevista para 2010, e cuja temática será o Sistema
Nacional Articulado. Para o debate sobre a construção do Sistema Nacional Articulado de
Educação, a CONAE propõe 6 (seis) eixos, a saber:
40
Sobre essa questão, ressaltando que existem grupos que respondem positiva e
negativamente a ela, a palestrante se posicionou entre os que defendem a posição de
que não existe um sistema nacional de ensino constitucionalmente assegurado. O
argumento é que a Constituição de 1988 marcou uma ruptura com a ditadura, tendo uma
linha de orientação que se opunha à centralização do Executivo. Entretanto, apesar de o
texto constitucional estar marcado pela proposição de descentralizar, assegurar a
participação e fortalecer o conjunto dos entes federativos, num movimento de ruptura
com o Estado autoritário, o regime de colaboração, previsto no artigo 211 da
Constituição, até hoje não foi regulamentado pelo Congresso. Portanto, todas as
atribuições que seriam do sistema nacional foram assumidas pela União, terminando por
se recompor o “Executivo Imperial” da União, pois é ela quem coordena a política, a
economia etc. Nesse sentido, a Constituição não legitima um Sistema Nacional
Articulado, e, por não termos um sistema nacional articulado, a União veio e se instalou
para assumir as atribuições que pertencem a esse sistema.
É nesse contexto que a palestrante instigou o IFPE a se posicionar e marcar sua
presença na Conferência de Educação de Pernambuco – CONEPE, e, posteriormente,
na CONAE, em 2010. Qual será a posição do IFPE em relação ao Sistema Nacional
Articulado? Quais são as concepções que irão sustentar o Sistema? Qual a concepção
de educação aí subjacente?
Discorrendo sobre esses eixos do documento de referência da CONAE, a palestrante
alertou sobre a importância de o IFPE assumir a educação como um direito, no seu PPPI.
Nessa perspectiva, chamou a atenção para a contribuição da migração da concepção de
direitos humanos para o âmbito da educação, pela sua natureza interdependente,
universal e indivisível. Se a educação é um direito humano, podemos considerar que tais
direitos e também a nossa identidade não estão dados, eles vão ser historicamente
construídos diante das possibilidades que a sociedade cria em face da injustiça social.
A educação como direito humano é um espaço de igualdade, porque potencializa, nas
práticas sociais, as bases de uma nova sociabilidade, em que as relações expressam o
reconhecimento de todos os sujeitos e, portanto, de iguais. É inerente ao processo de
humanização, na medida em que contribui para o movimento permanente de construção
de uma sociedade fundada no compromisso com a justiça social e o bem-estar coletivo,
assegurando, dessa forma, uma condição indispensável ao efetivo exercício dos direitos
humanos nas sociedades democráticas. Nesse sentido, a concepção de educação deve
ter como referência maior a justiça social e, portanto, uma sociedade de iguais, onde a
41
diferença é entendida como um componente a ser respeitado na sociedade. A política
pública, fundada na justiça social, promove a igualdade e o respeito às diferenças.
Outro aspecto ressaltado pela Professora Edla foi o da compreensão da escola como
um dos primeiros espaços de convivência com as diferenças e a diversidade. Ou a escola
se transforma em um meio de convivência com a diversidade e as diferenças ou não
haverá a possibilidade de se exercer a democracia, sendo necessário construir um
imaginário do qual professores e estudantes também façam parte, que considere essa
possibilidade.
Por muito tempo, os principais formadores foram a escola e a família. Na segunda
metade do século XX, a sociedade brasileira rompeu com os marcos regulatórios
brasileiros e reconheceu que os tempos eram outros, pondo em pauta, na LDB de 1996,
que a educação passa pela vida familiar, pela convivência humana, pelo trabalho, pelas
instituições de ensino, pela pesquisa e pelos movimentos sociais. A escola, portanto, não
seria apenas um prolongamento da família. Para a palestrante, esse assunto cabe na
elaboração do projeto político pedagógico, pois trata do reconhecimento dos conjuntos
dos processos formativos, que vão além da dualidade escola-família.
A palestrante pontuou, ainda, a ética, os costumes, as tradições e os comportamentos
coletivos de um grupo social como elementos da convivência coletiva. A ética, como uma
reflexão crítica sobre os costumes individuais e coletivos, contribui para a definição de
quais deles serão compartilhados. Nesse sentido, o maior desafio do projeto político
pedagógico é garantir, ao mesmo tempo, um espaço privado da moral individual do
cidadão e um conjunto dos valores coletivos e compartilhados em toda sociedade
democrática.
A questão abaixo norteou as propostas e ações a seguir:
42
• Repensar a organização acadêmica a partir das categorias de justiça e inclusão
social.
• Intensificar o diálogo entre os campi para a troca de experiências e elaboração de
diretrizes das políticas do instituto, contemplando os aspectos de inclusão, cidadania e
justiça social, bem como as especificidades locais.
• Elaborar políticas de inclusão que priorizem o estudante oriundo de escola pública,
de forma a garantir não apenas o acesso, mas a permanência e o êxito escolar desse
estudante.
• Implementar políticas de educação para o desenvolvimento sustentável.
Além disso, foi proposto que o PPPI observe uma organização a partir dos seguintes
programas:
9.1.1. PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO DO ENSINO DO IFPE (dimensões:
infraestrutura, humana, curricular: formação integral, práticas cidadãs):
43
• Analisar os critérios e a forma de acesso dos estudantes ao IFPE.
• Desenvolver atividades/mecanismos de permanência do educando no IFPE,
através de programas preparatórios e de aprofundamento de conteúdos básicos,
esportes e lazer, atividades culturais, entre outras.
• Instituir uma política de inclusão para o acesso, permanência e êxito dos discentes.
• Oferecer cursos de qualificação profissional.
• Possibilitar, através do esforço acadêmico, a viabilização de projetos que visem à
inclusão, permanência e êxito dos discentes.
44
• Fortalecer a relação intercampi de forma a garantir a uniformização de
procedimentos e adequação das políticas às necessidades e/ou especificidades de cada
campus do IFPE.
• Estruturar os campi física, humana e pedagogicamente, para a implementação das
políticas de inclusão.
• Criar e/ou fortalecer as instâncias de representação estudantil do IFPE.
• Implementar mecanismos de acompanhamento e avaliação das ações que visem à
realização e à efetividade das políticas de inclusão, diversidade e igualdade do IFPE.
• Implantar uma sistemática de avaliação institucional, participativa e contínua, com
definição clara do que, do por que, do para que e do como avaliar.
• Criar e/ou reativar colegiados ou instâncias equivalentes em cada campus, de
modo a garantir a participação efetiva na gestão compartilhada.
45
• Implementar uma política de integração e formação didático-pedagógica e
humanística obrigatória para os novos docentes concursados.
46
9.1.6. PROGRAMA DE ARTICULAÇÃO ENTRE SOCIEDADE, EDUCAÇÃO E
TRABALHO:
47
do sistema educacional, bem como devido à falta de um sistema nacional de educação
articulado.
O palestrante considera que a gestão democrática não pode ser pensada a partir da
vontade de alguma instituição ou instância administrativa, quer seja ela estadual, federal
ou municipal, uma vez que é um princípio do ensino público consagrado na Constituição
Brasileira. Se temos o direito à gestão democrática, não podemos esperar que a
materialização desse direito seja da vontade individual de um dirigente: ela é conquistada
no dia a dia, é algo que vem sendo colocado na sociedade brasileira há algum tempo.
Nos anos 1980, temos um período de redemocratização no Brasil, por isso não podemos
descolar esse evento do contexto internacional, no qual vem sendo tecida uma
determinada concepção de gestão democrática.
O conceito de gestão democrática na educação é construído no meio de profundas
mudanças, fim de pós-guerra, crise na economia mundial, “crise do capitalismo”, entre
outros aspectos. Nesse contexto, o Estado garante os chamados direitos básicos da
cidadania, como: saúde, acesso à educação, segurança pública, moradia e transporte
público de qualidade. É uma lógica que não rompe com o modo de produção capitalista.
O chamado “bem-estar social” nasce dentro da lógica de valorização do capital.
Por sua vez, a perspectiva gerencialista e hegemônica da gestão, que pensa ser
possível gerenciar os problemas da educação como se esta fosse uma empresa,
fundamentada no pensamento neoliberal, que coloca no mercado a capacidade e o poder
de resolver todas as questões da sociedade, onde tudo se resume à lei da oferta e da
procura, que é uma lei do mercado, submetia o campo dos direitos sociais também a
essa lógica.
Nessa ótica, se fortalece o discurso de descentralização: transferência de
responsabilidades dos sistemas de ensino para as escolas, atribuindo-lhes autonomia
sem as condições concretas para o exercício dessa autonomia. A educação, nesse
sentido, vira um serviço, e a iniciativa privada pode e deve atuar, ofertando uma
prestação de serviço que corresponde a uma contrapartida: o pagamento. Assim, a lógica
da competitividade entra nos sistemas e instituições de ensino, tanto no âmbito da rede
privada coma na esfera pública, potencializando a competição entre as escolas,
contrariamente ao que diz a Constituição: os sistemas de ensino devem funcionar em
regime de mútua cooperação.
O professor Dante Moura esclarece que uma gestão democrática não é simplesmente
efetuar eleição direta: esta é um elemento necessário, mas não é uma garantia de
48
direitos. Democracia pressupõe um conflito no campo das ideias, que vai gerar um
diálogo.
Questões norteadoras:
O tema do III Fórum foi desenvolvido pelo Professor Dante Henrique Moura, do
Instituto Federal do Rio Grande do Norte. Ele enfatizou, inicialmente, a importância de se
definir a relação do projeto político-pedagógico com a gestão democrática no contexto de
reconstrução do IFPE, enquanto nova instituição. Porém, deve-se atentar para a
dificuldade de se discutir a gestão democrática no contexto da educação brasileira, dada
a complexidade do Estado e do sistema educativo, bem como a falta de um sistema
nacional de educação articulado.
Segundo o palestrante, a gestão democrática é algo que vem sendo colocado na
sociedade brasileira há algum tempo. Nos anos 1980, experimenta-se um período de
democratização brasileira. Convém destacar que não podemos descolar esse evento do
contexto internacional, no qual vem sendo tecida uma determinada concepção de gestão
democrática. Nesse contexto, apresentam-se duas concepções desse tipo de gestão: a
vigente, considerada hegemônica, construída ao longo dos últimos anos; e a outra,
gerada nas discussões acadêmicas.
O conceito de gestão democrática na educação é tecido em meio a profundas
mudanças: fim do pós-guerra, contexto de crise na economia mundial, “crise do
capitalismo”, entre outras. Nessa realidade, o Estado garante os chamados direitos
básicos da cidadania, como saúde, acesso à educação, segurança pública, moradia e
transporte público de qualidade. É uma lógica que não rompe com o modo de produção
capitalista (o chamado “bem-estar social” nasce dentro da lógica de valorização do
capital).
Os GTs identificaram os seguintes desafios da gestão da EPT no IFPE:
49
• Construir uma gestão democrática, garantindo decisões colegiadas, harmonizando
as determinações externas com a autonomia interna.
• Aplicar instrumentos de avaliação que garantam a qualidade da gestão.
• Superar a desarticulação entre os chefes de departamentos, coordenadores,
professores e entre os diversos departamentos.
• Criar um plano de gestão democrática do IFPE.
• Planejar uma gestão que contemple a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e
extensão.
• Estabelecer os limites disciplinares do IFPE com a participação de todos os
segmentos.
• Potencializar a eficiência da comunicação de cada campus e entre os campi,
melhorando a comunicação interna e externa na instituição.
• Utilizar mecanismos para assegurar a participação democrática (colegiados,
conselhos, representatividade), com bases legais.
• Ampliar o número de bolsas para iniciação científica e a participação dos
estudantes em eventos.
• Desenvolver o planejamento pedagógico em todos os níveis, garantindo o
financiamento do ensino, da pesquisa e da extensão.
• Elaborar instrumentos de avaliação que garantam a qualidade da educação.
• Implantar avaliação interna envolvendo os discentes dos cursos técnicos.
• Implantar sistema de avaliação dos cursos técnicos semelhante ao modelo da
matriz do SINAES e instituir no calendário institucional a avaliação de gestão.
• Orientar pedagogicamente os docentes para desenvolverem a formação integral
dos estudantes, garantindo a qualidade na educação.
• Promover a oferta de cursos de qualificação para os docentes, considerando os
aspectos didáticos e metodológicos dos diferentes perfis dos professores.
• Promover a formação inicial compulsória em nível de licenciatura, oferecida pelo
IFPE, para os docentes ingressantes que não tenham essa formação.
• Promover a formação pedagógica inicial, quando for o caso, e continuada para
docentes em plano de carreira no IFPE.
• Definir os cursos de acordo com a realidade local e suas perspectivas, contratando
para esse fim pesquisas de demanda.
50
• Proporcionar formação científica e técnico-pedagógica aos servidores técnicos, a
fim de que possam contribuir com a formação integral dos estudantes e com uma
educação de qualidade.
51
disponibilizar no site institucional a matriz e ementa das disciplinas, assim como
promover reuniões pedagógicas sistemáticas e o planejamento de cursos e aulas.
• Estabelecer horário geral de aula de acordo com os princípios pedagógicos para
tal fim, com acompanhamento pedagógico.
• Promover a articulação entre o calendário acadêmico e o sistema de controle
acadêmico em relação a prazos e objetivos.
• Garantir a democratização do acesso ao IFPE através de processos
comprometidos com a ética da inclusão, da permanência e conclusão dos cursos com
êxito. Para tal fim, implantar política de apoio aos estudantes de escolas públicas para
participarem do processo de seleção. Após a entrada, propiciar apoio aos estudantes
ingressos que apresentarem defasagem de conteúdo.
• Garantir a elevação do nível de ensino e o atendimento às especificidades dos
cursos de cada campus.
• Elaborar planos de ensino que atendam às necessidades específicas de cada
componente curricular e do estudante.
• Garantir que o currículo esteja articulado com o mundo do trabalho através de
levantamento de demandas, facilitando a inserção dos estudantes egressos e
estabelecendo novas parcerias que ampliem a oportunidade de estágios.
• Garantir transparência e participação no planejamento, administração e aplicação
dos recursos financeiros, através da prestação de contas periódica à comunidade
escolar.
• Instituir grupos de trabalho intersetoriais e intercampi de modo a propiciar o
planejamento participativo e a tomada de decisão coletiva.
• Instituir os cargos de coordenador de curso e área com gratificação.
• Formalizar procedimentos administrativos.
52
Na palestra proferida pelo Professor Gaudêncio Frigotto, da Universidade Federal
Fluminense, intitulada “A Relação da EPT com a Universalização da Educação Básica e
a Democratização do Ensino Superior”, foram apresentados alguns dados contextuais
para a compreensão do panorama geral em que se encontra a educação brasileira:
somente 1% dos jovens brasileiros consegue ter acesso ao ensino federal, constituído
pelas Instituições Federais de Educação; 25% conseguem concluir o ensino médio em
idade normal e 25% realizam o ensino médio em condições precárias.
O palestrante relatou fatos de uma pesquisa que vem realizando sobre o que
acontece com os jovens depois de acabarem o ensino médio até entrarem na
universidade. Em sua pesquisa, constatou que alguns jovens tentam romper com sua
trajetória de exclusão, retomando seus estudos, através de programas como o PROEJA.
Entre esses, alguns conseguem chegar a concluir seu curso universitário.
Após esse panorama contextual, o palestrante falou sobre a importância de se refletir
sobre a educação básica, educação tecnológica e superior a partir dos seguintes
princípios: a) nenhuma modalidade da educação está separada da sociedade, cada qual
faz parte da sociedade; então, a escola não é uma instituição estática, ela depende dos
sujeitos, de sua intencionalidade, de projetos, de utopias; b) a educação tecnológica ou
profissional sem a educação básica não atende às dimensões científica, sociopolítica e,
muito menos, cidadã.
O Professor Frigotto considera que a educação não está desvinculada de aspectos
mais gerais da sociedade, por isso toma como referência a ideia de Celso Furtado: o
subdesenvolvimento não é uma etapa do desenvolvimento, é uma forma societária do
desenvolvimento. Assim, o Brasil pode passar de um país subdesenvolvido ou em
desenvolvimento para um país desenvolvido.
O palestrante considera que o capitalismo central nos impede de crescer. Como
consequência, temos estatísticas de analfabetismo, trabalho informal, hipertrofia do
trabalho simples e pouca adesão ao consumo, indicadores clássicos e tradicionais para
medir desenvolvimento.
Ainda como crítica da razão dualista, o palestrante citou Francisco de Oliveira, que
escreveu nos anos 1970 um texto chamado “Ornitorrinco” – animal que ao mesmo tempo
é pássaro e mamífero, que não pode se desenvolver nem como pássaro nem como
mamífero: há uma impossibilidade genética. Ele considera que o Brasil é um ornitorrinco
com contradições extremas: ricos e pobres, analfabetos, sem-terra, boias-frias, PROEJA,
Fome Zero, políticas de inclusão etc.
53
Lembrou ainda que Florestan Fernandes refina essa ideia, explicando mais a
realidade, trazendo o conceito de capitalismo dependente e desenvolvimento desigual,
mostrando que a burguesia brasileira associa-se aos grupos econômicos do capitalismo
hegemônico, surgindo assim alianças e conflitos de classe.
De acordo com Frigotto, no Brasil, são escassos os investimentos na educação
profissional e tecnológica. Em consequência, são produzidos poucos conhecimentos e
tecnologias, considerando-se que essa produção, para uma classe dirigente, torna-se
irrelevante, uma vez que conhecimentos e tecnologias podem ser importados de outros
países.
Isso é uma contradição quando, por exemplo, a PETROBRAS e a Vale do Rio Doce
necessitam de jovens técnicos que dominem química, física, que possam ler a base
científica e técnica existente na eletrônica, na mecatrônica, na saúde do trabalhador e
não os encontram. Enquanto isso, dos milhares de jovens que saem das instituições de
ensino técnico, alguns vão para o exterior em busca de trabalho. Já os jovens de classe
média oriundos de um Ensino Médio de qualidade prosseguem seus estudos na
universidade ou vão para fora do país, disputar os postos de trabalho com melhor
remuneração. Por outro lado, estudantes que fazem a Educação de Jovens e Adultos
(EJA) não têm as especificidades para enfrentar o mundo do trabalho de base
tecnológica. Essa é uma contradição que necessita ser explicada.
Então, o que é uma educação básica de qualidade? A qualidade tem dois elementos:
materialidade e concepção. Vivemos numa sociedade que contrapõe qualidade à
quantidade. Como é possível qualidade para poucos? O palestrante defendeu que, se
houvesse educação de qualidade para todos, poderia haver emprego para todos.
Democracia seria também qualificar a quantidade. Então, é preciso que a escola básica
seja democrática, para que se concretize a democracia na sociedade.
Ele recordou que existe um trabalho muito interessante sobre a escola pública para
os “pobres”, a escola que se alarga para menos, acrescentando que há um poema de
Manuel de Barros que nos ajuda a entender a sua fala: “A vida me fez crescer pra
menos”. E o que é uma escola que cresce para menos? É a escola que faz tudo, menos
ser escola. Ela tem que dar conta da violência, da gravidez precoce, da fome e de todos
esses problemas que os alunos enfrentam.
Outra tendência atual é inventar uma disciplina para cada nova questão que se
apresenta. Assim, vai se confundir questão com problema. A questão é uma pergunta, e
o problema é algo para o qual nós ainda não temos base para responder. Daí a
54
preocupação do palestrante em dizer que, quanto mais clássica é a escola, mais enxuto o
currículo, mais potente é a aula, porque se tem a capacidade de trabalhar a unidade no
diverso. Fazer um trabalho interdisciplinar não é juntar as disciplinas nem criar uma
superdisciplina, é o diálogo de negociação de sentido e significado do processo de
conhecimento. Como a história pode dialogar com a matemática, como a arte pode
dialogar com a química etc.
Frigotto diz ainda que método ativo é aquele que motiva e ativa. Também é aquele
que pode gerar conhecimento: quando se começa a entender algo, desperta-se o
interesse. Então, uma das maiores dificuldades de nossa cultura é relacionar a parte com
o todo, por exemplo: o próprio currículo. Se o professor de matemática tem um método
de ensino e o de geografia outro, esse aspecto não é posto em discussão, pois se
considera que cada professor tem sua didática. Como é que fica essa situação na cabeça
do estudante?
Na concepção do Professor Frigotto, não existem alunos que têm mais dificuldades
de aprendizagem que outros, ou alunos mais inteligentes. Muitas vezes, há um engano
em relação aos estudantes que se mostram desinteressados. Portanto, a educação deve
aproximar-se, cada vez mais, da realidade do estudante para, com isso, facilitar sua
aprendizagem.
Educação democrática é aquela que tem critérios. Onde não existe critério, existe
autoritarismo. Por isso que “o diretor da escola não é o dono da escola”, mas sim aquele
que cumpre o projeto político-pedagógico. Um projeto tem que ser negociado, discutido
na pluralidade dos sujeitos que estão nessa escola. Um PPP que tenha a dimensão
democrática.
Questão norteadora:
55
ela é sociedade; então, a escola não é uma instituição parada, ela depende dos sujeitos,
de sua intencionalidade, de projetos, de utopias; b) a educação tecnológica ou
profissional sem o ensino básico é uma educação que não atende às dimensões
científica, sociopolítica e, muito menos, cidadã.
Então, o que é uma educação básica de qualidade? A qualidade tem dois elementos:
materialidade e concepção. Vivemos numa sociedade que contrapõe qualidade e
quantidade. Como é possível qualidade para poucos? Defende-se que, se tivéssemos
uma boa escolaridade para todos, haveria, consequentemente, emprego para todos.
Democracia é qualificar a quantidade. Então, é preciso que a escola básica também seja
democrática, para que se concretize a democracia na sociedade.
As contribuições dos GTs para esse eixo organizam-se como propostas para a
educação básica, técnica e superior no IFPE, a partir da construção do conhecimento na
perspectiva de uma formação integral para a cidadania que considere os seguintes
aspectos:
56
• Oferecer tratamento integrado a todos os componentes curriculares, nos termos do
projeto pedagógico da instituição de ensino. Por isso mesmo, essa nova circunstância e
esse novo arranjo curricular podem possibilitar uma economia na carga horária mínima
exigida, uma vez que é necessário o desenvolvimento de competências cognitivas e
profissionais que podem ser facilitadas exatamente por essa integração curricular. Não se
pode, portanto, organizar o curso integrado com duas partes distintas – a primeira
concentrando-se na formação do ensino médio e a segunda, de um ano ou mais, na
formação do técnico, pois o estabelecimento de ensino não estará ofertando dois cursos
à sua clientela: trata-se de um único curso, com projeto pedagógico único, com proposta
curricular única e com matrícula única. Como se trata de um curso único, realizado de
forma integrada e independente, não será possível concluir o ensino médio de forma
independente da conclusão do ensino técnico de nível médio e, muito menos, o inverso
(Parecer CNE/CEB n° 39/2004).
57
• Proporcionar aulas de revisão de conteúdos durante o curso, ministradas por
estudantes monitores.
• Continuar assegurando o desenvolvimento da prática profissional (estágio), com a
criação de mecanismos que proporcionem um acompanhamento mais eficaz e em
consonância com o mercado.
• Ampliar os projetos de extensão existentes e criar novos, com o objetivo de
melhorar o diálogo com as comunidades locais.
58
Iniciou sua fala discorrendo sobre a profissão docente, conceituando-a como uma
palavra de construção social; que não é neutra, nem científica; que é uma realidade
dinâmica e contingente, calcada em ações dos atores sociais. Além de conceituá-la como
um produto de um determinado conteúdo ideológico, enfatizou algumas questões
relativas aos traços específicos, como conhecimento especializado, formação em nível
superior, autonomia, prestígio social, controle de qualidade e código de ética. Nesse
contexto, foram feitas algumas reflexões sobre as condições de trabalho e remuneração
do professor e sobre o modo como o conhecimento é produzido e avaliado nas
instituições educativas.
No que se refere ao profissionalismo, ele é entendido como as características e
capacidades específicas da profissão, a expressão da especificidade do exercício
profissional, o conjunto de conhecimentos, atuações, destrezas, atitudes e valores que
constituem o específico do ser professor. Refere-se ainda à construção coletiva do
professor e seus estudantes, contemplando as subjetividades do professor e dos
estudantes inseridos na prática, a contestação do profissionalismo técnico-instrumental,
utilitarista e pragmático, centrado na ideia de competências (o novo profissionalismo
docente deve alicerçar-se em orientações éticas e epistemológicas, teóricas e práticas).
A palestrante mencionou ainda a profissionalização como um processo socializador
de aquisição das características e capacidades específicas da profissão, que deve ser
entendido no bojo de um conceito de profissão mais social, complexo e multidimensional,
que percorre outros caminhos que não são garantidos somente pela formação
profissional, mas envolvem alternativas que garantem melhores condições de trabalho e
remuneração e a consideração social de seus membros (dignidade e status).
A profissionalização é fundamentada nos valores da cooperação entre os indivíduos
e no progresso social, não se resumindo à formação profissional, mas envolvendo
alternativas que garantem melhores condições de trabalho e ações políticas de
resistência e contestação.
A Professora Ilma Passos falou também sobre o professor como tecnólogo do
ensino, citando a lógica norteadora (poder constituído), o tipo de formação centrada em
competências, cujo objetivo apresenta a formação fragmentada, a característica
aligeirada e o conhecimento desvinculado do contexto, a ação docente utilizando meios e
estratégias solitárias. Eis aí a concepção de professor como tecnólogo do ensino.
Discorreu, ainda, sobre o professor como agente social que utiliza a lógica
norteadora através da concepção crítica de educação, a formação centrada na política
59
global, com o objetivo de construir um projeto coletivo. Um tipo de formação
fundamentada no trabalho e centrada na escola e uma ação docente coletiva e solidária.
Fez parte também da fala da palestrante a questão da identidade profissional do
professor em um contexto sociopolítico constituído sobre: os saberes profissionais, as
atribuições de ordem ética e deontológica, a cultura do grupo de pertença profissional.
Segundo ela, o professor desenvolve sua atividade ao longo de sua vida, desde a
escolha de sua profissão, passando pela formação inicial e pelos diferentes espaços
onde se dá a formação continuada.
Referenciou ainda o significado que o professor oferece à docência, através de
dimensões complementares e do significado social da profissão e seu estatuto,
defendendo o seu espaço como um espaço de construção de maneiras de ser e estar na
profissão. Quanto ao contexto sociopolítico relacionado à identidade profissional,
configura-se como uma forma de ser e fazer a profissão.
Por fim, enfatizou que os fatores determinantes do processo de desenvolvimento
profissional do docente são: política educacional definida a partir do projeto político-
pedagógico, instituições formativas, definição do papel do professor como indivíduo a
partir das diretrizes curriculares e consideração das forças sociais.
Questões norteadoras:
60
profissional, o conjunto de conhecimentos, atuações, destrezas, atitudes e valores que
constituem o específico do ser professor, a construção coletiva do professor e seus
estudantes, contemplando as subjetividades do professor e dos estudantes inseridos na
prática, a contestação do profissionalismo técnico-instrumental, utilitarista e pragmático,
centrado na ideia de competências (o novo profissionalismo docente deve alicerçar-se
em orientações éticas e epistemológicas, teóricas e práticas).
A profissionalização deve ser considerada como um processo socializador de
aquisição das características e capacidades específicas da profissão, que deve ser
entendido no bojo de um conceito de profissão mais social, complexo e multidimensional,
que percorre outros caminhos que não são garantidos somente pela formação
profissional, mas envolvem alternativas que garantem melhores condições de trabalho e
remuneração e a consideração social de seus membros (dignidade e status).
A profissionalização é fundamentada nos valores da cooperação entre os indivíduos
e no progresso social, não se resumindo à formação profissional, mas envolvendo
alternativas que garantem melhores condições de trabalho e ações políticas de
resistência e contestação.
É importante ressaltar o papel do professor como agente social que utiliza a lógica
norteadora através da concepção crítica de educação, a formação centrada na política
global, com o objetivo de construir um projeto coletivo. Um tipo de formação
fundamentada no trabalho e centrada na escola e uma ação docente coletiva e solidária.
Os fatores determinantes do processo de desenvolvimento profissional do docente
são: política educacional definida a partir do projeto político pedagógico, instituições
formativas, definição do papel do professor como indivíduo a partir das diretrizes
curriculares e consideração das forças sociais.
As propostas referentes aos perfis que devem constituir a identidade dos
profissionais de educação do IFPE foram organizadas a partir de segmentos de atuação
profissional no Instituto:
61
• Ser informado sobre a cultura, a organização e os processos institucionais.
• Ser participante da ética do cuidado, no que diz respeito à sua formação pessoal e
profissional, tendo em vista a construção da cidadania.
• Ser conhecedor do campo do saber da educação profissional e tecnológica.
• Ser atualizado na área específica de atuação profissional e em tecnologias da
informação e comunicação.
• Apresentar qualidade no atendimento e acompanhamento dos estudantes.
• Estar capacitado para atender com qualidade ao público.
• Ser planejador e executor de ações para a organização institucional.
• Assumir postura de educador.
• Dominar o conteúdo da área de atuação.
• Ter formação em educação e gestão educacional.
Propostas para o desenvolvimento do Perfil desejado do corpo de Técnico-
administrativos:
• Perfil que deve constituir a identidade dos profissionais de Educação do IFPE.
• Incluir, na política de formação continuada, um currículo de educação emocional e
de relações interpessoais.
• Garantir as construções democráticas, coletivas e colegiadas dos processos
institucionais no IFPE.
• Qualificar e democratizar a dinâmica de informação no IFPE, para que todos
tenham acesso à informação.
• Instituir política de formação que contemple as necessidades dos vários
segmentos e dos vários servidores, concebida a partir da ética do cuidado.
• Proporcionar formação continuada acerca de EPT para os servidores do IFPE e
atrelar, nos editais de seleção, a partir de agora, a formação em EPT.
• Instituir programa de incentivo e orientação à produção autoral, bem como de
acompanhamento dela, nos mais diversos gêneros acadêmicos.
• Instituir programa de formação permanente nas tecnologias da informação e
comunicação.
• Compatibilizar, visando a um acompanhamento de qualidade, a relação entre o
número de servidores administrativos e o de estudantes atendidos.
• Identificar a formação prévia dos servidores, tendo em vista a adequação entre as
suas aptidões e o exercício do seu trabalho no IFPE.
62
• Construir espaço de convivência e de diálogo no IFPE.
• Proporcionar reconhecimento do profissional e valorização financeira.
• Propiciar condições de trabalho adequadas (ambiente confortável, seguro, com os
recursos materiais necessários).
• Estimular a participação nos processos decisórios, como fóruns, conselhos,
associações etc.
• Incentivar a participação em cursos, eventos e processos formativos.
• Ofertar cursos de formação voltados para a tecnologia assistiva (Libras, por
exemplo).
• Instituir política de formação para atuar no processo de verticalização do ensino,
como o oferecimento de cursos de mestrado e doutorado.
• Realizar levantamento das necessidades de formação dos técnicos
administrativos.
• Aperfeiçoar o processo de avaliação do período probatório.
• Instituir processos de formação, abordando a qualidade no atendimento ao público
(interno e externo).
• Instituir avaliação institucional da atuação dos técnicos administrativos pelos
estudantes e professores, com sistematização de indicadores, de forma a subsidiar
processos de formação desses profissionais.
• Desenvolver políticas para que os servidores técnicos administrativos assumam
cargos compatíveis com a sua formação.
• Possibilitar formação específica para os servidores técnicos administrativos, de
forma a buscar as ferramentas necessárias ao desempenho de suas funções, conforme
lotação de trabalho, através de congressos, palestras, cursos de qualificação, graduação
e/ou pós-graduação, entre outros, dentro do período de estágio probatório do profissional.
• Trabalhar com terapias ocupacionais, visando à saúde do profissional.
63
• Definir quantitativo de estudantes atendidos: qualidade no acompanhamento do
estudante.
• Ser leitor de bibliografia atualizada de sua área específica e dos saberes didático-
pedagógicos.
• Manter-se atualizado quanto às temáticas contemporâneas e trabalhar
coletivamente na perspectiva da inter e/ou transdisciplinaridade.
• Gostar do que faz e empenhar-se em executar de maneira satisfatória a sua
função.
• Dominar os conhecimentos e o processo de ensino-aprendizagem, bem como a
organização do trabalho pedagógico.
• Ter uma visão de mundo comprometida com as transformações sociais, além de
dominar um campo de conhecimento específico.
• Ter coerência entre o discurso e a prática, assumindo uma postura ética e flexível,
aberta ao diálogo, considerando que o conhecimento é construído coletivamente.
• Ser político, democrático, envolvido na dinâmica social e escolar.
• Estar aberto aos processos de mudanças que ocorrem na sociedade, avaliando-as
de forma crítica e reflexiva.
• Possuir formação humanística, sólida formação pedagógica e específica.
• Ter disposição para buscar atualização constante dos conhecimentos de sua área,
considerando as exigências do mundo do trabalho.
• Ter compromisso com os estudantes, com a instituição, com as atividades
docentes, administrativo-pedagógicas e com os projetos institucionais.
• Considerar os discentes como sujeitos ativos e em constante processo de
construção dos seus conhecimentos.
• Ter conhecimento sobre as legislações educacionais e demais temas referentes
aos princípios e regras que regem a educação nacional e o IFPE, em especial.
• Atuar com metodologias diferenciadas, pertinentes à sua área de atuação,
promovendo uma maior interação e participação dos estudantes.
• Conhecer a cultura organizacional.
• Comprometer-se com a função social da Instituição.
64
• Acompanhar pedagógica e sistematicamente o tempo-espaço de formação de
saberes, contabilizados no esforço acadêmico com pontuação suficiente.
• Redimensionar a relação entre número de estudantes e número de professores, a
fim de possibilitar uma lógica de qualidade de construção do conhecimento em todos os
âmbitos da função social do IFPE.
• Promover a aquisição e disponibilização constante de acervo bibliográfico,
periódicos e de conhecimento veiculado em outras mídias.
• Socializar experiências pedagógicas entre os professores, com vistas ao
planejamento dos diversos conteúdos, na perspectiva do ensino integrado e da
consideração do estado da arte das várias áreas do conhecimento.
• Construir espaço de convivência e de diálogo.
• Possibilitar o reconhecimento do profissional e valorização financeira dele.
• Propiciar condições de trabalho adequadas (ambiente confortável, seguro, com os
recursos materiais necessários).
• Estimular a participação nos processos decisórios, como fóruns, conselhos,
associações etc.
• Incentivar a participação em cursos, eventos e processos formativos.
• Ofertar cursos de formação voltados para a tecnologia assistiva (Libras, por
exemplo).
• Institucionalizar a avaliação da atuação docente pelos estudantes com
sistematização de indicadores, de forma a subsidiar processos de formação dos
professores.
• Aperfeiçoar os processos seletivos de entrada do professor na instituição,
considerando o perfil desejado.
• Aperfeiçoar o processo de avaliação do período probatório.
• Estimular os professores do PROEJA a fazer especialização ou capacitação nessa
área.
• Estabelecer, em edital de concurso, a obrigatoriedade de capacitação docente
antes das atividades em sala de aula, caso o professor não seja licenciado.
• Estabelecer políticas de inclusão tecnológica.
• Incentivar ações no sentido de ampliar as atividades de pesquisa e extensão.
• Estruturar o esforço acadêmico, de modo a garantir a atuação do docente em
atividades de ensino, pesquisa e extensão.
65
13. CONCEPÇÕES DE CURRÍCULO
Nessa última perspectiva, o currículo se caracteriza como uma “caixa preta”, sendo
papel da teoria curricular desvelar o que se passa no interior da sala de aula e da escola,
e não somente aquilo que se passa na entrada e na saída. O que se passa no interior da
escola deve ser compreendido como um conjunto de processos interacionais entre os
indivíduos que ocupam diferentes posições institucionais e sociais.
A palestrante destacou ainda os modos de regulação institucional do currículo oficial,
bem como a regulação do trabalho do professor mediante o enquadramento de suas
66
práticas pedagógicas pela formação. Tal perspectiva tem como agravante a fragilização
da autonomia profissional do trabalho organizado (sindicatos).
O debate se situou no processo de globalização, destacando seus impactos na
autonomia institucional, bem como a qualidade para a “concorrência” no trabalho
educativo, quando os objetivos são definidos centralmente. Nesse cenário, vem
ganhando destaque o currículo transnacionalizado. Tal perspectiva tem apontado para
três mudanças significativas que vêm influenciando profundamente os sistemas
educativos:
67
a superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre
instrução profissional e instrução geral. Tratava-se de estender ao ensino
médio processos de trabalho real, possibilitando-se a assimilação não
apenas teórica, mas também prática dos princípios científicos que estão na
base da produção moderna (CIAVATTA, 2005, p.84).
68
ao ensino superior. Nesse sentido, a integração do ensino médio com o ensino técnico é
compreendida como uma necessidade social e histórica, e uma possibilidade concreta de
efetivação da educação tecnológica para os trabalhadores e de formação integral,
constituindo-se numa transição necessária rumo ao ensino médio politécnico.
Citando Ramos (2005, p. 108), a palestrante apresentou os pressupostos para o
currículo do ensino médio integrado à educação profissional técnica de nível médio, com
base no Decreto nº 5.154/2004:
• Conceber o sujeito como ser histórico-social concreto, capaz de transformar a
realidade em que vive;
• Visar à formação humana como síntese de formação básica e formação para o
trabalho;
• Ter o trabalho como princípio educativo, no sentido de que o trabalho permite,
concretamente, a compreensão do significado econômico, social, histórico, político e
cultural das ciências e das artes;
• Ser baseado numa epistemologia que considere a unidade de conhecimentos
gerais e conhecimentos específicos e numa metodologia que permita a identificação das
especificidades desses conhecimentos quanto à sua historicidade, finalidades e
potencialidades;
• Estar baseado numa pedagogia que vise à construção conjunta de conhecimentos
gerais e específicos, no sentido de que os primeiros fundamentam os segundos, e esses
evidenciam o caráter produtivo concreto dos primeiros;
• Ser centrado nos fundamentos das diferentes técnicas que caracterizam o
processo de trabalho moderno, tendo como eixos o trabalho, a ciência e a cultura.
69
contemplar uma compreensão global do conhecimento e de promover maiores parcelas
de interdisciplinaridade na sua construção, contribuindo para a superação da
fragmentação do ensino, tendo em vista a formação integral dos estudantes.
Nessa direção, importa que o currículo no ensino médio integrado contemple as
diferentes dimensões para a formação integral, a saber: a formação do homem coletivo, a
formação do homem-indivíduo, a formação do homem histórico e a formação do homem
ecológico. Essas dimensões da formação são sustentadas nos princípios da
solidariedade, ética, pluralidade cultural e sustentabilidade, que estão imbricados em
complexas relações socioambientais, as quais promovem inter-relações entre trabalho,
ciência, cultura e meio ambiente, objetivando o exercício de uma cidadania ativa, numa
concepção de educação que visa ao desenvolvimento social e emocional do homem.
De acordo com a abordagem defendida pela palestrante, constituem princípios para a
integração curricular (GUIMARÃES, 2008):
• Compreensão da complexidade da relação entre política e prática curricular e,
nela, a construção do conhecimento escolar;
• Compreensão da cidadania como o centro do processo educativo;
• Concepção de homem como ser histórico, social e ecológico, capaz de transformar
a realidade em que vive;
• Concepção de educação em direitos humanos, visando ao desenvolvimento social
e emocional do homem;
• Concepção de trabalho como princípio educativo, permitindo a compreensão do
significado econômico, social, ambiental, histórico, político e cultural das ciências, das
tecnologias e das artes;
• Contextualização dos saberes escolares na articulação entre os saberes científicos
e os saberes cotidianos;
• Abordagem interdisciplinar que considera a prática profissional como eixo
integrador da relação conhecimentos gerais e específicos;
• Priorização dos fundamentos das diferentes tecnologias que caracterizam os
processos produtivos;
• Integração entre ensino, pesquisa e extensão, tendo como eixos integradores o
trabalho, a ciência, a cultura e o meio ambiente, numa perspectiva socioambiental.
O currículo integrado pensado nesses termos é, na visão da palestrante, composto
por uma rede de relações complexas que envolvem a formação integral. A cidadania
70
aparece como centro do processo educativo, como forma de garantir as dimensões da
formação integral do homem coletivo, individual, histórico, ecológico, que são
sustentadas nos princípios da solidariedade, ética, pluralidade cultural e sustentabilidade.
O trabalho, a ciência, a cultura e o meio ambiente são caracterizados como eixos
integradores do currículo, os quais estão imbricados em relações socioambientais. As
inter-relações desenvolvidas entre prática profissional, base comum, base diversificada e
base tecnológica, as quais perpassam todo o desenvolvimento do currículo, objetivam o
exercício de uma cidadania ativa, como forma de intervir nas condições socioambientais
das comunidades locais.
A partir dessa rede de relações, a palestrante propôs um caminho metodológico para
a integração curricular que compreende o conhecimento como algo complexo e
provisório, que se renova a partir do diálogo entre as diversas áreas do saber e cultiva o
prazer cultural e a postura crítica, criativa e investigativa. O problema a ser estudado
surge da realidade através da coleta de dados, que são inseridos no processo de
reprodução e produção do conhecimento pelos alunos e professores, para análise
científica em laboratórios e nas salas de aula. Os resultados desse diálogo voltam para a
realidade concreta, através de ações de intervenção crítica na vida cotidiana das
comunidades locais.
A proposta de integração curricular apresentada para o ensino médio integrado
preserva as disciplinas e organiza o currículo por unidades didáticas integradas,
desenvolvidas no período de um ano letivo. O tempo total do curso (quatro anos)
possibilitaria a vivência de quatro unidades didáticas integradas, que terão a prática
profissional como eixo integrador da relação teoria e prática, conforme descrito a seguir:
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• 4ª Unidade Didática Integrada: Apropriação de tecnologias específicas no
contexto da produção material. Tempo total: 1 ano = 7º semestre letivo + 8º semestre
letivo.
Essa unidade didática integrada pretende realizar uma intervenção crítica nas
comunidades vizinhas ao ambiente escolar, como forma de contribuir com a melhoria da
qualidade de vida das populações locais. De acordo com a área profissional do curso,
podem-se realizar oficinas de: educação ambiental, saúde coletiva, economia solidária,
manutenção de equipamentos, projetos de construção civil, análises bioquímicas,
prevenção de riscos ambientais, turismo ecológico, entre outras. Da mesma forma,
podem-se criar projetos comunitários de inovação tecnológica, que visem a
ecoempreendimentos solidários, bem como programas de estágio de contato com o
mundo do trabalho. O trabalho de conclusão da unidade didática integrada pode ser
apresentado em forma de relato de experiência.
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Essa unidade didática integrada visa a realizar uma intervenção crítica no contexto
dos movimentos sociais e das organizações governamentais e não governamentais,
como forma de contribuir com os processos internos desenvolvidos por essas
instituições. De acordo com a área profissional do curso, podem-se desenvolver:
programas de saúde coletiva, programas de prevenção de riscos ambientais, programas
de gerenciamento de energia, programas de saneamento ambiental, programas de
gerenciamento de resíduos, programas de certificação de qualidade ambiental,
programas de gerenciamento de eventos, entre outros. Do mesmo modo, podem-se criar
projetos de inovação tecnológica, que visem à otimização de processos organizacionais,
assim como programas de estágio de prestação de serviço civil. O trabalho de conclusão
da unidade didática integrada pode ser apresentado em forma de relatório técnico-
científico.
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Por último, nas suas considerações finais, a palestrante destacou que,
necessariamente, essa proposta de integração curricular para o ensino médio integrado
tem que passar pelo debate no território do cotidiano escolar, incorporando novos
entendimentos e proposições que contribuam com a construção de um currículo
integrado, que vise à formação integral, que pode incluir a modalidade educação de
jovens e adultos (PROEJA). Como contribuição, tais proposições não estariam
concluídas: elas apenas vislumbram a (re)construção das concepções da política no
campo recontextualizador oficial e, também, incitam o início de um processo participativo
de (re)construção dos projetos educativos, curricular e didático para o ensino médio
integrado.
A última palestra foi proferida por Bernardina Santos de Araújo Sousa, do IFPE, que
destacou, dentro da estrutura de sua apresentação, temas como a abordagem sócio-
histórica do currículo, sua gênese e desenvolvimento; a formação de professores e a
construção da contraesfera pública, discutindo, também, alguns aspectos da Nova
Sociologia do Currículo ou do Neomarxismo.
Segundo a palestrante, essa discussão sustenta-se teoricamente em pensadores do
campo da Nova Sociologia do Currículo ou do Neomarxismo, tais como Henry Giroux e
Peter McLaren, Antônio Flávio Moreira e Tomaz Tadeu da Silva. Tais concepções são
ancoradas em dimensões sociopolíticas e epistemológicas, enfocando as relações de
poder e controle tão presentes na organização do conhecimento escolar, distanciando-se
de uma abordagem técnica, considerando o currículo como artefato social e cultural
produtor de identidades individuais e coletivas.
Pensar o currículo a partir da sua gênese é, de acordo com a palestrante, entendê-lo
como resultado da diversidade de interações humanas, algo pensado e gestado em meio
a essas experiências que não são dadas aprioristicamente. A renovação nas concepções
da sociedade tem exigido, ao longo da história, que a escola reformule sua pauta de
discussão, a fim de cumprir a função de facilitar os processos e ajustes das gerações e
as mudanças demandadas pelas transformações sociais, econômicas e culturais. Essa
característica tem orientado e ressignificado a área de currículo como um importante
campo de estudos na atualidade.
As concepções pedagógicas sustentadas em discursos que transitaram entre a
tradicional, a escolanovista, a tecnicista e a progressista representavam importantes
arranjos que contemplavam tendências sociais assumidas em determinados contextos
históricos. Em muitos desses momentos, essas tendências tentavam adaptar a escola à
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ordem capitalista. Configuradas de diferentes maneiras, essas concepções produziram
diferentes respostas para atender aos interesses capitalistas.
O aumento das injustiças sociais e a intensificação das desigualdades forçaram
importantes denúncias sobre o papel da escola, de modo que alguns estudiosos
inconformados resolveram defender os interesses de grupos oprimidos. Assim, a Escola
de Frankfurt, a Nova Sociologia da Educação, a Psicanálise, a Etnometodologia e a
Fenomenologia produziram novas teorias que abriram um importante campo de reflexão
e possibilidades para as discussões acerca do currículo.
No que tange à formação de professores e à construção da contraesfera pública, a
palestrante salienta que, apesar de não assumir espaço relevante de debate na
contemporaneidade, essa pauta de discussão deveria resgatar o sentido social para
professores e estudantes e alimentar as discussões sobre a contraesfera pública
democrática. A forma como a cultura curricular está posta atualmente, para a
formação de professores, não define o fortalecimento do poder docente, colocando
ênfase nas ideologias tecnocratas e corporativistas próprias das sociedades dominantes.
São intelectuais que operam a serviço dos interesses do Estado. A formação de
professores deverá estar voltada para a formação de intelectuais comprometidos com a
soberania, com um projeto emancipatório de sociedade. Ou melhor, o projeto político
pedagógico deverá elaborar esses discursos e trazê-los para a pauta da cultura escolar
ou curricular.
Outro campo de discussão diz respeito aos avanços para além do estado da crítica.
Nesse sentido, de acordo com a palestrante, Giroux e McLaren tecem uma crítica
contundente aos pensadores de esquerda e outros educadores pela sua incapacidade de
ultrapassar a linguagem da crítica. As tramas tecidas nas práticas curriculares
representam quais interesses? Tais tramas articulam-se com quais propósitos? Afinal,
apenas teorizar sobre as escolas e não para as escolas não gera a contraesfera
necessária à pauta escolar.
A resistência e a contra-hegemonia representam importantes ações políticas que se
distanciam no campo conceitual e na capacidade de articulação e abrangência política,
dada pela segunda e desperdiçada pela primeira. Nessa perspectiva, a contra-hegemonia
estará presente no projeto político-pedagógico, no plano de intenções, na pauta de
discussão da instituição. Nesse sentido, falta à formação uma teoria social adequada que
ofereça base para se repensar a dimensão política do trabalho do professor e do papel
da formação.
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A formação enfatiza fortemente as questões metodológicas, que se mantêm
distanciadas das discussões em torno das relações de poder, da produção cultural e
ideológica e de como essas relações têm produzido as experiências dos grupos de
estudantes e professores. Os autores citados tecem grandes críticas à ausência da
Teoria Social Crítica para ajudar os professores a formular compreensões acerca dos
valores que os estudantes constroem sobre si mesmos e sobre a escola. Há uma falta de
entendimento sobre as questões de classe, de gênero, de raça e de etnia presentes na
prática pedagógica.
Há, atualmente, nos Estados Unidos, uma forte influência de teóricos e pesquisadores
que conseguem trazer para a pauta de discussão e reflexão outra tomada de posição
frente às questões aqui destacadas. A influência desse aspecto contemporâneo de
pesquisa tem estimulado fortemente essa tomada de consciência por parte da formação.
O movimento dos pesquisadores pós-estruturalistas nos permite produzir novas
interpretações das subjetividades construídas pelos estudantes e expressas através da
linguagem, dos símbolos e dos gestos. Segundo Giroux e McLaren (2005, p. 137),
a voz do aluno é um desejo nascido da biografia pessoal e da história
sedimentada; é a necessidade de construir-se e afirmar-se em uma
linguagem capaz de reconstruir a vida privada e conferir-lhe um significado,
assim como de legitimar e confirmar a própria existência no mundo. Logo,
calar a voz de um aluno é destituí-lo de poder.
Questões norteadoras:
• Que concepção de currículo deve fundamentar a construção da identidade do
IFPE?
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• Que organização curricular pode assegurar uma identidade comum aos cursos do
IFPE e, ao mesmo tempo, as especificidades dos níveis e modalidades de ensino?
• Como podemos articular as diversas propostas curriculares dos campi do IFPE?
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Nessa direção, nas afirmações da palestrante, importa que o currículo no ensino médio
integrado contemple as diferentes dimensões para a formação integral, a saber: a
formação do homem coletivo, a formação do homem-indivíduo, a formação do homem
histórico e a formação do homem ecológico. Essas dimensões da formação são
sustentadas nos princípios da solidariedade, ética, pluralidade cultural e sustentabilidade,
que estão imbricados em complexas relações socioambientais, as quais promovem inter-
relações entre trabalho, ciência, cultura e meio ambiente, objetivando o exercício de uma
cidadania ativa, numa concepção de educação que visa ao desenvolvimento social e
emocional do homem.
A palestra da Professora Bernardina Santos tratou dos seguintes aspectos: a)
abordagem histórica sobre o currículo: sua gênese e desenvolvimento; b) a formação de
professores e a construção da contraesfera pública.
Segundo a palestrante, pensar o currículo a partir da sua gênese é entendê-lo como
resultado da diversidade de interações humanas, algo pensado e gestado em meio a
essas experiências que não são dadas aprioristicamente.
Para ela, a renovação nas concepções da sociedade tem exigido, ao longo da história,
que a escola reformule sua pauta de discussão, a fim de cumprir a função de facilitar os
processos e ajustes das gerações, as transformações demandadas pelas transformações
sociais, econômicas e culturais. Essa característica tem orientado e ressignificado a área
de currículo como um importante campo de estudos na atualidade.
Apesar de não assumir espaço relevante de debate na contemporaneidade, consoante
as afirmações da Professora Bernardina, essa pauta de discussão deveria resgatar o
sentido do social para professores e estudantes e alimentar as discussões sobre a
contraesfera pública democrática. Para ela, a forma como a cultura curricular para a
formação de professores está posta atualmente não define o fortalecimento do poder
docente, colocando ênfase nas ideologias tecnocratas e corporativistas próprias das
sociedades dominantes. São intelectuais que operam a serviço dos interesses do Estado.
Sobre concepção de currículo, alguns caminhos foram apontados nos GTs. O primeiro
refere-se à utilização do termo concepções, mais adequado ao modo como se pensa o
currículo, e não apenas concepção, como foi utilizado na pergunta norteadora. O
segundo sugere que, como se trata de concepção, o mais adequado é que a discussão
se desenvolva em torno dos elementos que se espera sejam contemplados no currículo.
Finalmente, recomenda-se que esses elementos sejam analisados por especialistas da
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área, para o estabelecimento de relações entre os elementos pontuados e as
perspectivas teóricas sobre currículo.
As propostas de concepção de currículo que fundamentarão a construção da identidade
do IFPE referem-se:
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• À perspectiva de currículo integrado para a promoção da formação integral do ser
humano;
• À estruturação ou reestruturação dos planos de curso, com conteúdos
significativos e privilegiando a realidade concreta;
• À contemplação da formação profissional com qualidade socioambiental, em
sintonia com o mundo do trabalho, visando ao desenvolvimento sustentável a partir dos
arranjos produtivos locais;
• À articulação entre teoria e prática;
• À garantia da contextualização, da interdisciplinaridade e da transdisciplinaridade;
• À utilização de múltiplas estratégias e linguagens que facilitem a aprendizagem;
• Ao respeito ao ritmo de aprendizagem de cada estudante;
• À avaliação processual, formativa e contínua.
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• Intensificação do processo de articulação dos vários setores de ensino dos
diversos campi;
• Importância da existência de uma orientação única e comum para a elaboração
dos planos de curso;
• Elaboração, de forma coletiva, de documento norteador que dê embasamento às
propostas curriculares;
• Definição de uma mesma orientação para os professores de todos os campi sobre
práticas pedagógicas e relações humanas;
• Realização de ações pedagógicas intercampi sob a forma de encontros,
seminários ou congressos específicos etc., de forma sistemática e periódica;
• Criação de uma pró-reitoria voltada para as ciências agrárias, que compreenda as
particularidades da área, garantindo equidade nas tomadas de decisão.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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GRABOWSKI, G. Desenvolvimento local e regional e ensino médio integrado à
educação profissional. In: BRASIL, Ministério de Educação. Secretaria de Educação
Básica. Ensino médio integrado à educação profissional: integrar para quê? Brasília:
MEC/SEB, 2006.
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SANTOS, B. de S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. São
Paulo: Cortez, 1995.
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ANEXOS
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