Livro Direito Comercial PDF
Livro Direito Comercial PDF
Livro Direito Comercial PDF
DIREITO
COMERCIAL
Direito Comercial
COORDENADORES DE CURSOS
ADMINISTRAÇÃO Antonella Maria das Chagas Sousa
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Fabiana Rodrigues de Almeida Castro
CIÊNCIAS BIOLÓGICAS Maria da Conceição Prado de Oliveira
FILOSOFIA Zoraida Maria Lopes Feitosa
FÍSICA Miguel Arcanjo Costa
LETRAS PORTUGUÊS José Vanderlei Carneiro
LETRAS INGLÊS Lívia Fernanda Nery da Silva
MATEMÁTICA João Benício de Melo Neto
PEDAGOGIA Ronaldo Matos Albano
QUÍMICA Davi da Silva
SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Arlino Henrique Magalhães de Araújo
158p
ISBN:
CDD: 658.04
A responsabilidade pelo texto e imagens desta obra é do autor. O conteúdo desta obra foi licenciado, temporária e gratuitamente, para utilização
no âmbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, através da UFPI. O leitor se compromete a utilizar o conteúdo desta obra para aprendizado
pessoal, sendo que a reprodução e distribuição ficarão limitadas ao âmbito interno dos cursos. A citação desta obra em trabalhos acadêmicos e/
ou profissionais poderá ser feita, com indicação da fonte. A cópia desta obra sem autorização expressa ou com intuito de lucro constitui crime
contra a propriedade intelectual, com sanções previstas no Código Penal. É proibida a venda deste material.
O presente material contempla algumas noções acerca de temas que
compõem o universo jurídico. Ela cuida dos aspectos fundamentais relativos
ao Direito Comercial, abordando assuntos que dizem respeito ao empresário
individual e às sociedades empresárias, mas que repercutem, direta e
indiretamente, na vida de toda a coletividade.
Deve ficar claro que todos os temas aqui abordados podem ser
aprofundados. Noutras palavras, o enfoque aqui ofertado é compatível com o
propósito do curso, e não poderia ser diferente; mas as leituras e pesquisas
aqui sugeridas devem complementar possíveis e naturais lacunas.
No final de cada unidade, serão propostas questões de fixação e
aprofundamento do conteúdo.
BONS ESTUDOS!!!
UNIDADE 1
11 DO PERFIL DO DIREITO COMERCIAL
Conceito e Objeto.......................................................................1 3
Evolução Histórica......................................................................1 3
Autonomia..................................................................................1 6
Da Empresa e sua Função Social................................................1 7
UNIDADE 2
21 DO EMPRESÁRIO INDIVIDUAL
Conceito.....................................................................................23
Excluídos do Conceito de Empresário Individual........................23
Requisitos para o Exercício Individual da Empresa.....................24
Da Natureza Jurídica do Empresário Individual..........................30
UNIDADE 3
35 DO REGISTRO EMPRESARIAL
Conceito.....................................................................................51
As Espécies de Nome Empresarial..............................................51
Do Nome Empresarial Relativo a Cada uma das Modalidades de
Sociedade...................................................................................52
A Formação e a Proteção do Nome Empresarial........................53
Das Marcas.................................................................................53
Nome Tempresarial e Título de Estabelecimento.......................59
Repressão ao uso Indevido do Nome Empresarial.....................60
UNIDADE 5
61 DOS LIVROS EMPRESARIAIS
Conceito.....................................................................................6 3
Importância................................................................................6 3
Requisitos da Escrituração..........................................................6 4
Sigilo e Exibição dos Livros Empresariais....................................6 5
Extravio, Deterioração ou Perda de Livros Empresariais............6 6
A Ausência de Escrituração Regular e suas Consequências.......6 7
Guarda e Conservação dos Livros Empresariais.........................6 7
UNIDADE 6
69 DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
Conceito.....................................................................................71
Elementos do Estabelecimento Empresarial .............................71
Alienação do Estabelecimento Empresarial...............................72
Da Locação Empresarial.............................................................73
UNIDADE 7
75 DAS SOCIEDADES EMPRESÁRIAS
Colocação do Problema..............................................................77
Pressupostos de Existência da Sociedade Empresária...............77
Requisitos de Validade da Sociedade.........................................78
Das Sociedades Limitadas..........................................................79
Das Sociedades Anônimas..........................................................85
Dissolução Parcial da Sociedade Empresária..............................91
Extinção Societária.....................................................................91
UNIDADE 8
93 DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
Conceito.....................................................................................95
Classificação dos Títulos de Crédito...........................................95
Princípios dos Títulos de Crédito................................................97
Do Endosso.................................................................................98
Do Aval.....................................................................................100
Vencimento, Pagamento e Protesto.........................................102
Do Cheque Pré-datado.............................................................105
UNIDADE 9
107 DA RECUPERAÇÃO EMPRESARIAL
UNIDADE 10
119 DA FALÊNCIA
Noção e Importância................................................................121
Princípios que Regem o Direito Falimentar..............................122
O Caráter Menos Severo do Regime Falimentar......................124
Quem é o Devedor Sujeito à Falência?.....................................125
Quem Pode Requerer a Decretação da Falência?....................126
Hipóteses Legais de Decretação da Falência............................126
Da Classificação dos Créditos na Falência ................................127
Sentença Declaratória da Falência...........................................129
Efeitos da Decretação da Falência............................................130
Crimes Falimentares.................................................................132
Panorama Esquemático do Processamento da Recuperação
Empresarial Judicial..................................................................134
UNIDADE 1
Do Perfil do Direito Comercial
Resumindo
Na presente unidade é feita uma breve apresentação do Direito Comercial: seu conceito, sua
importância, suas relações com outras disciplinas jurídicas e o processo de sua formação histórica.
DO PERFIL DO DIREITO
COMERCIAL
CONCEITO E OBJETO
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
14 unidade 1
Para o doutrinador italiano Alfredo Rocco, era considerado ato de
comércio todo ato que realiza ou facilita a atividade de interposição na troca.
A teoria dos atos de comércio não tardou em ser superada,
notadamente em face de sua reconhecida debilidade para servir como critério
científico para a caracterização da matéria sujeita ao regime comercial.
Neste sentido, tornou-se célebre a afirmação do professor paulista
Brasílio Machado, para quem a teoria dos atos de comércio, notadamente
a definição de ato de comércio, representava “problema insolúvel para a
doutrina, martírio para o legislador, enigma para a jurisprudência”.
Possuindo como marco inicial a entrada em vigor do Código Civil
italiano de 1942, tem início a fase atual da formação histórica do direito
empresarial. A etapa em exame tem como núcleo a teoria da empresa, marco
teórico que altera as fronteiras entre o Direito Comercial e o Direito Civil, de
modo que algumas atividades classicamente consideradas civis passam a
ser objeto de regulação pelo Direito Comercial.
Sobre o sistema italiano da disciplina jurídica das atividades
econômicas, assim se pronuncia Fábio Ulhoa Coelho:
AUTONOMIA
16 unidade 1
aos seus alunos o grau de bacharel em Direito sem lhes ter
oferecido a disciplina com esta denominação em unidades
curriculares autônomas. A demonstração inequívoca de
que não se confunde, senão por desinformação ou má-fé,
as autonomias legislativa e didática do direito comercial
encontra-se numa breve pesquisa à questão na Itália e
Suíça. Como se sabe, são estes os dois países de tradição
jurídica romana cujo direito privado, antes do Brasil, foi
legislativamente unificado. Em nenhum deles, o Direito
Comercial deixou de existir como disciplina universitária
independente.
Diante de todo o exposto, deve ficar claro que a empresa não pode
mais ser considerada como um fim em si mesma, isolada e indiferente à
realidade que a cerca, mas sim como um poderoso instrumento de redução
da pobreza e disseminação de riqueza e desenvolvimento.
18 unidade 1
EXERCÍCIO
Resumindo
Na presente unidade é feito um estudo do empresário individual: seu conceito, sua natureza
jurídica, os requisitos para ser empresário individual, com especial enfoque na capacidade e na
proibição.
DO EMPRESARIO INDIVIDUAL
CONCEITO
Do Empresário Individual 23
salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.
O Conselho da Justiça Federal, na III Jornada de Direito Civil, editou
sobre o assunto em exame o Enunciado n. 194, que diz que “Os profissionais
liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores
da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida”.
No mesmo sentido foi a edição do Enunciado n. 195, dispondo que:
24 unidade 2
si ou por via de representação. É adquirida a partir do nascimento com vida.
Também chamada de capacidade de exercício, a capacidade de
fato consiste na aptidão para exercer pessoalmente os direitos na vida
civil, exercendo-os por si mesmo, sem necessidade de assistência ou
representação.
Das incapacidades
Do Empresário Individual 25
necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade.
26 unidade 2
razão da ocorrência de um dos seguintes eventos:
- pelo casamento;
- pelo exercício de emprego público efetivo;
- pela colação de grau em curso de ensino superior;
- pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de
relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com dezesseis
anos completos tenha economia própria.
Do Empresário Individual 27
SAIBA MAIS
28 unidade 2
De acordo com lista elaborada pelo DNRC (Departamento Nacional
do Registro do Comércio), estão impedidos de exercer individualmente a
atividade empresarial, entre outros, os seguintes sujeitos:
Do Empresário Individual 29
Por fim, cabe mencionar que tanto os proibidos como os incapazes
podem ser sócios de sociedades empresárias.
Com relação aos proibidos, é suficiente que não tenham poder de
gestão da entidade. A título de exemplo, mencione-se o disposto no artigo
117, X, da Lei n. 8112/90 (lei que estabelece o regime jurídico dos servidores
públicos da União, suas autarquias e fundações públicas), no sentido de que
é vedado ao servidor “participar de gerência ou administração de sociedade
privada, personificada ou não personificada, exercer o comércio, exceto na
qualidade de acionista, cotista ou comanditário”.
Com relação aos incapazes, devem estar representados
(absolutamente incapazes) ou assistidos (relativamente incapazes); não
podem ter poder de administração; e o capital da sociedade (no caso de
uma sociedade limitada) ou pelo menos a participação do incapaz (no caso
de uma sociedade anônima) deve estar plenamente integralizada, paga,
disponibilizada para a sociedade.
Saliente-se que, diversamente dos servidores públicos, inexiste
dispositivo legal autorizativo para os incapazes, de modo que a possibilidade
acima descrita é fruto de construção doutrinária e jurisprudencial.
30 unidade 2
Estatísticas
Do Empresário Individual 31
Em razão do último motivo, saliente-se que os leigos acreditam que,
sendo empresários individuais, apenas os seus bens diretamente vinculados
ao exercício da atividade estariam sujeitos a serem penhorados para a
satisfação do crédito daqueles a quem devem. Acreditam erroneamente que
seus bens não empregados na atividade empresarial estariam imunes aos
credores.
Que fique claro, então! O empresário individual é pessoa física e,
como tal, seu patrimônio é unitário, estando todo ele (à exceção dos bens
que permitam uma existência digna ao devedor, notadamente o imóvel em
que reside e os bens que nele constam) vinculado à sorte da atividade
empresarial.
32 unidade 2
Quanto à obrigatoriedade de inscrição do empresário individual no
C.N.P.J. (Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas), nada mais natural pode
haver, uma vez que o C.N.P.J. é um mero cadastro da Receita Federal que,
por óbvio, não tem o poder de alterar a essência jurídica daqueles que a ele
estão submetidos.
EXERCÍCIO
Do Empresário Individual 33
UNIDADE 3
Do Registro Empresarial
Resumindo
Na presente unidade será feito um estudo sobre o registro público de empresas, abrangendo: os
órgãos do sistema de registro; a importância e as conseqüências da ausência de registro; os tipos
de registro; a autorização para exercer atividade empresarial.
DO REGISTRO EMPRESARIAL
Plano federal
Do Registro Empresarial 37
• prestar orientação às Juntas Comerciais, com vistas à solução de
consultas e à observância das normas legais e regulamentares
do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins;
• exercer ampla fiscalização jurídica sobre os órgãos incumbidos
do Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins,
representando para os devidos fins às autoridades administrativas
contra abusos e infrações das respectivas normas, e requerendo
tudo o que se afigurar necessário ao cumprimento dessas normas;
• estabelecer normas procedimentais de arquivamento de atos de
firmas mercantis individuais e sociedades mercantis de qualquer
natureza;
• promover ou providenciar, supletivamente, as medidas tendentes
a suprir ou corrigir as ausências, falhas ou deficiências dos
serviços de Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades
Afins;
• prestar colaboração técnica e financeira às juntas comerciais
para a melhoria dos serviços pertinentes ao Registro Público de
Empresas Mercantis e Atividades Afins;
• organizar e manter atualizado o cadastro nacional das empresas
mercantis em funcionamento no País, com a cooperação das
juntas comerciais;
• instruir, examinar e encaminhar os processos e recursos a serem
decididos pelo Ministro de Estado da Indústria, do Comércio e do
Turismo, inclusive os pedidos de autorização para nacionalização
ou instalação de filial, agência, sucursal ou estabelecimento no
País, por sociedade estrangeira, sem prejuízo da competência de
outros órgãos federais;
• promover e efetuar estudos, reuniões e publicações sobre
assuntos pertinentes ao Registro Público de Empresas Mercantis
e Atividades Afins.
Plano estadual
38 unidade 3
• executar arquivamentos, matrículas e autenticações;
• elaborar a tabela de preços de seus serviços, observadas as
normas legais pertinentes;
• processar a habilitação e a nomeação dos tradutores públicos e
intérpretes comerciais;
• elaborar os respectivos Regimentos Internos e suas alterações,
bem como as resoluções de caráter administrativo necessárias
ao fiel cumprimento das normas legais, regulamentares e
regimentais;
• expedir carteiras de exercício profissional de pessoas legalmente
inscritas no Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades
Afins;
• o assentamento dos usos e práticas mercantis.
Do Registro Empresarial 39
• tratando-se de sociedade empresária, reputa-se ineficaz a
cláusula do contrato social limitativa da responsabilidade dos
sócios;
• saliente-se ainda ser o sócio que se apresenta como representante
da sociedade sem registro diretamente responsável pelas
obrigações sociais;
• impossibilidade de inscrição no CNPJ, INSS e demais cadastros
estaduais e municipais;
• caracterização de infração a obrigação tributária acessória.
40 unidade 3
ANEXO À INSTRUÇÃO NORMATIVA DNRC/No 32, DE 19 DE ABRIL DE 1991
CATEGORIA DAS NATUREZA DO FUNDAMENTO ÓRGÃO DE
EMPRESAS ATO LEGAL APROVAÇÃO
1 - Instituições a) Ato Constitutivo Lei 4595, de Banco Central
Financeiras e b) Assembleia 31.12.64: art. 10, do Brasil
Assemelhadas, Geral/Reunião inciso I
Públicas e Privadas: de Diretoria ou • art. 17 e 18 e
• Caixas Econômicas Conselho de parágrafos;
• Bancos Comerciais Administração que • art. 30;
• Bancos Múltiplos trate de: • art. 33 e
• Bancos de • constituição; parágrafos;
Desenvolvimento • alteração Lei 4728, de
• Bancos de estatutária; 14.07.65:
Investimento • modificação no • arts. 11, 12 e
• Sociedades capital; 13;
de Crédito, • transformação, (1) Res. 20/66,
Financiamento e fusão, cisão e do CMN
Investimento incorporação; (2) Lei 5764, de
• Sociedades • eleição/ 6.12.71:
Corretoras de nomeação de • arts. 17, 18 e
Câmbio e de Títulos administradores e 20
e Valores Mobiliários membros de órgãos C.F: art. 192-VIII
•Sociedades estatutários;
Distribuidoras de • instalação,
Títulos e Valores transferência e
Mobiliários cancelamento
• Sociedades de de sedes e
Crédito Imobiliário(1) dependências
• Sociedades de c) Contrato social e
Arrendamento suas alterações;
Mercantil d) Escritura Pública
• Cooperativas de de Constituição
Crédito(2)
Do Registro Empresarial 41
2 -Sociedades de Atos constitutivos § 4° do art. 49 Comissão
Investimento e suas alterações da Lei 4728, de Valores
e a investidura de de 14.07.65 Mobiliários
administradores das - Lei 6385,
sociedades de 07.02.66
e Resolução
1289/ CMN de
20.03.87
3 -Mineração Alteração de Art. 97 e s/ Departamento
contratos ou parágrafo único, Nacional de
estatutos sociais, do Decreto Produção
após concessão n° 62.934, de Mineral -
de título a que se 02.07.68 DNPM, por
refere o art. 96 do delegação do
Decreto n° 62.934, Ministro da
de 02.07.68 Infraestrutura
4 - Estrangeiras Pedido de Arts. 59 a 73 Governo
autorização, do Decreto-lei Federal
funcionamento n° 2.627, de
e alterações de 26.10.40
qualquer natureza
de sociedades
mercantis
estrangeiras, filial,
sucursal, agência ou
escritório.
5 - Estatais Constituição de Art. 37, item XIX Congresso
empresa estatal, da Constituição Nacional
assunção do Federal
controle de empresa Veja
por empresa estatal, Constituição
incorporação de Estadual ou Lei
empresa estatal Orgânica do
por empresa estatal Município
e liquidação de
empresa estatal.
42 unidade 3
6 -Serviços aéreos a) Atos constitutivos Lei n° 7.565 Ministério da
e modificações de 19.12.86 - Aeronáutica –
b) Cessão ou Código Brasileiro DAC
transferência de Aeronáutica.
de ações de
sociedades
nacionais.
c) Os acordos que
impliquem consórcio
pool, conexão,
consolidação ou
fusão de serviços ou
interesses
7- Telecomunicações a) Alterações Art.38, da Lei Secretaria
e radiodifusão posteriores à n° 4.117, de Nacional de
constituição 27.08.62 Comunicações
b) Eleição de
Diretoria
8 - Serviços de a) Atos Art. 34, 42 e Art. 2° da
radiodifusão, constitutivos 43 do Decreto Lei 6.634, de
mineração, e alterações nº 85.064, de 02.05.79 -
colonização e posteriores 26.08.80 regulamentada
loteamento rurais b) Abertura pelo Decreto
em faixa de de filiais, agências, n° 85.064, de
fronteira bem como sucursais, posto ou 26.08.80
participação de quaisquer outros
estrangeiros em estabelecimentos
pessoa jurídica de com poder de
qualquer natureza. representação da
sede relacionados
com a prática de
atos que exijam
assentimento prévio.
c) Participação
de estrangeiro na
empresa.
Do Registro Empresarial 43
CARÁTER PÚBLICO DOS ATOS REGISTRÁRIOS
Matrícula
Arquivamento
Autenticação
44 unidade 3
ESTRUTURA DA JUNTA COMERCIAL
Presidência
Plenário
Turmas
Secretaria-Geral
Procuradoria
PROCESSO DECISÓRIO
Colegiado
Do Registro Empresarial 45
Competência do plenário ou das turmas da Junta Comercial, listada
no artigo 41 da lei de registro (julgamento de recursos; matéria atinente a
sociedades anônimas, consórcios, grupos de sociedade, transformações
societárias). O presente regime se encarrega de matérias de maior grau de
complexidade. Prazo para julgamento: 10 dias úteis.
Singular
DO PROCESSO REVISIONAL
Pedido de reconsideração
Recurso ao plenário
46 unidade 3
SUBORDINAÇÃO JURÍDICA HÍBRIDA DA JUNTA COMERCIAL
Do Registro Empresarial 47
EXERCÍCIO
48 unidade 3
UNIDADE 4
Do Nome Empresarial
Resumindo
Na presente unidade é feito um estudo sobre o nome empresarial e sobre as marcas, abrangendo:
conceito e importância; formação e proteção; modalidades; diferenças entre o nome e a marca;
consequências da utilização indevida.
DO NOME EMPRESARIAL
CONCEITO
Firma individual
Sua estrutura toma por base os nomes civis dos sócios. Em caso de
grande número de sócios, é admitida a colocação da expressão “& Cia” ao
final do nome empresarial.
Denominação social
Sociedade anônima
52 unidade 4
que, é permitida a indicação do nome do fundador, acionista ou pessoa que
haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa.
Sociedade limitada
DAS MARCAS
O conceito de marca
Fonte: www.google.com.br
54 unidade 4
Fonte: www.google.com.br
Fonte: www.google.com.br
Fonte: www.google.com.br
Fonte: www.google.com.br
Fonte: www.google.com.br
O art. 124 da Lei 9.279 de 1996 enumera um rol taxativo de sinais que
não são registráveis como marca:
• brasão, armas, medalha, bandeira, emblema, distintivo e
monumento oficiais, públicos, nacionais, estrangeiros ou
internacionais, bem como a respectiva designação, figura ou
imitação;
• letra, algarismo e data, isoladamente, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;
• expressão, figura, desenho ou qualquer outro sinal contrário à
moral e aos bons costumes ou que ofenda a honra ou imagem de
pessoas ou atente contra a liberdade de consciência, crença, culto
religioso ou ideia e sentimento dignos de respeito e veneração;
• designação ou sigla de entidade ou órgão público, quando não
56 unidade 4
requerido o registro pela própria entidade ou órgão público;
• reprodução ou imitação de elemento característico ou diferenciador
de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros,
suscetível de causar confusão ou associação com estes sinais
distintivos;
• sinal de caráter genérico, necessário, comum, vulgar ou
simplesmente descritivo, quando tiver relação com o produto
ou serviço a distinguir, ou aquele empregado comumente para
designar uma característica do produto ou serviço, quanto à
natureza, nacionalidade, peso, valor, qualidade e época de
produção ou de prestação do serviço, salvo quando revestidos de
suficiente forma distintiva;
• sinal ou expressão empregada apenas como meio de propaganda;
• cores e suas denominações, salvo se dispostas ou combinadas
de modo peculiar e distintivo;
• indicação geográfica, sua imitação suscetível de causar confusão
ou sinal que possa falsamente induzir indicação geográfica;
• sinal que induza a falsa indicação quanto à origem, procedência,
natureza, qualidade ou utilidade do produto ou serviço a que a
marca se destina;
• reprodução ou imitação de cunho oficial, regularmente adotada
para garantia de padrão de qualquer gênero ou natureza;
• reprodução ou imitação de sinal que tenha sido registrado como
marca coletiva ou de certificação por terceiro, observado o
disposto no art. 154;
• nome, prêmio ou símbolo de evento esportivo, artístico, cultural,
social, político, econômico ou técnico, oficial ou oficialmente
reconhecido, bem como a imitação suscetível de criar confusão,
salvo quando autorizados pela autoridade competente ou entidade
promotora do evento;
• reprodução ou imitação de título, apólice, moeda e cédula da
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios, dos
Municípios, ou de país;
• nome civil ou sua assinatura, nome de família ou patronímico
e imagem de terceiros, salvo com consentimento do titular,
herdeiros ou sucessores;
• pseudônimo ou apelido notoriamente conhecidos, nome artístico
a) Quanto à referência
58 unidade 4
b) Quanto ao órgão no qual é realizado o registro
EXERCÍCIO
3) Conceitue marca.
60 unidade 4
UNIDADE 5
Dos Livros Empresariais
Resumindo
Na presente unidade é feito um estudo sobre os livros empresariais, abrangendo: conceito
e importância; requisitos; exibição judicial e administrativa; conseqüências da ausência de
escrituração regular; perda de livros.
DOS LIVROS EMPRESARIAIS
CONCEITO
IMPORTÂNCIA
Requisitos extrínsecos
64 unidade 5
anualmente o balanço patrimonial e o de resultado econômico.
Requisitos intrínsecos
Exibição judicial
Exibição administrativa
66 unidade 5
A AUSÊNCIA DE ESCRITURAÇÃO REGULAR E SUAS CONSEQUÊNCIAS
EXERCÍCIO
Resumindo
Na presente unidade será feito um estudo sobre o estabelecimento empresarial, abrangendo:
conceito; elementos; alienação do estabelecimento e locação empresarial.
DO ESTABELECIMENTO
EMPRESARIAL
CONCEITO
Do Estabelecimento Empreserial 71
ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL
72 unidade 6
alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria
ou profissão.
Ainda no artigo 133 consta que se o estabelecimento empresarial
for adquirido através de alienação judicial em processo de falência ou
em processo de recuperação empresarial, o adquirente não se tornará
responsável pelas dívidas anteriores à alienação.
Saliente-se que a isenção de responsabilidade acima descrita não
ocorrerá se o adquirente for sócio da sociedade falida ou em recuperação
judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação
judicial; parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consanguíneo
ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus
sócios; ou identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação
judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária.
Ainda sobre a alienação do estabelecimento, deve ficar claro que,
de acordo com o artigo 1.147 do Código Civil, não havendo autorização
expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao
adquirente, nos cinco anos subsequentes à transferência.
DA LOCAÇÃO EMPRESARIAL
Do Estabelecimento Empreserial 73
O locador possui algumas defesas previstas legalmente. As mais
importantes são as chamadas exceções de retomada. Assim, o locador não
estará obrigado a renovar o contrato se comprovar a ocorrência de um dos
seguintes fatos: a) proposta insuficiente do locatário; b) proposta melhor de
terceiro; c) reforma substancial no imóvel determinada pelo poder público; d)
reforma valorizadora pretendida pelo dono do imóvel; e) uso próprio, desde
que atue em ramo diverso do locatário; f) transferência de estabelecimento
empresarial existente há mais de 1 ano e titularizado por ascendente,
descendente ou cônjuge (ou sociedade por eles controlada), desde que atue
em ramo diverso do locatário.
EXERCÍCIO
74 unidade 6
UNIDADE 7
Do Direito Societário
Resumindo
Na presente unidade será feito um estudo sobre as sociedades empresárias, abrangendo seus
pressupostos, requisitos, constituição, extinção, com especial destaque para as duas principais
modalidades societárias (sociedades limitadas e sociedades anônimas).
DO DIREITO SOCIETÁRIO
Colocação do problema
Do Direito Societário 77
traduz a vontade de se associar e de permanecer associado. Com efeito, não
se pode conceber a existência de qualquer negócio jurídico sem a expressão
da vontade livre e consciente dos celebrantes.
O segundo pressuposto é a pluralidade de membros. No direito
brasileiro, diferentemente do que se verifica em outros países onde, segundo
Calixto Salomão Filho, é generalizada a previsão da criação de sociedades
unipessoais (sociedades com um único sócio) com responsabilidade limitada,
a regra é que não podem existir sociedades unipessoais.
Requisitos genéricos
Requisitos específicos
78 unidade 7
devem contribuir para a formação do capital social; e todos os sócios devem
participar dos resultados sociais.
No tocante ao primeiro requisito específico, é possível realizar a
contribuição com dinheiro em espécie; com outros bens móveis; com bens
imóveis e com créditos.
Sobre o segundo requisito específico, é de se dizer que a participação
nos resultados é, em regra, proporcional à quantidade de quotas que cada
sócio possui em relação ao capital da sociedade.
Do Direito Societário 79
município, Unidade Federativa e CEP) e
2. Beltrano de Tal ................................................... (art. 997, l , CC/2002)
constituem uma sociedade limitada, mediante as seguintes cláusulas:
1ª A sociedade girará sob o nome empresarial ............................. e terá sede e
domicílio na (endereço completo: tipo e nome do logradouro, número, complemento,
bairro/distrito, município, Unidade Federativa e CEP). (art. 997, II, CC/2002)
2ª O capital social será R$ .................................. (............................... reais
(dividido em .............. quotas de valor nominal R$ ...... (............ reais), integralizadas,
neste ato em moeda corrente do País, pelos sócios:
Fulano de Tal ................. nº de quotas ............. R$ ...........
Beltrano de Tal ............... nº de quotas............. R$.................... (art. 997,
III, CC/2002) (art. 1.055, CC/2002)
3ª O objeto será ....................................................
4ª A sociedade iniciará suas atividades em ...................... e seu prazo de
duração é indeterminado. (art. 997, II, CC/2002)
5ª As quotas são indivisíveis e não poderão ser cedidas ou transferidas a
terceiros sem o consentimento do outro sócio, a quem fica assegurado, em igualdade
de condições e preço direito de preferência para a sua aquisição se postas à venda,
formalizando, se realizada a cessão delas, a alteração contratual pertinente. (art.
1.056, art. 1.057, CC/2002)
6ª A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas
todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. (art. 1.052,
CC/2002)
7ª A administração da sociedade caberá ................................................
. com os poderes e atribuições de ........................................... autorizado o uso do
nome empresarial, vedado, no entanto, em atividades estranhas ao interesse social
ou assumir obrigações seja em favor de qualquer dos quotistas ou de terceiros, bem
como onerar ou alienar bens imóveis da sociedade, sem autorização do outro sócio.
(artigos 997, Vl; 1.013. 1.015, 1064, CC/2002)
8ª Ao término de cada exercício social, em 31 de dezembro, o administrador
prestará contas justificadas de sua administração, procedendo à elaboração do
inventário, do balanço patrimonial e do balanço de resultado econômico, cabendo
aos sócios, na proporção de suas quotas, os lucros ou perdas apurados. (art. 1.065,
CC/2002)
9ª Nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, os sócios
deliberarão sobre as contas e designarão administrador(es) quando for o caso. (arts.
1.071 e 1.072, § 2o e art. 1.078, CC/2002)
80 unidade 7
10 A sociedade poderá a qualquer tempo, abrir ou fechar filial ou outra
dependência, mediante alteração contratual assinada por todos os sócios.
11 Os sócios poderão, de comum acordo, fixar uma retirada mensal, a título
de “pro labore”, observadas as disposições regulamentares pertinentes.
12 Falecendo ou interditado qualquer sócio, a sociedade continuará
suas atividades com os herdeiros, sucessores e o incapaz. Não sendo possível ou
inexistindo interesse destes ou do(s) sócio(s) remanescente(s), o valor de seus haveres
será apurado e liquidado com base na situação patrimonial da sociedade, à data da
resolução, verificada em balanço especialmente levantado.
Parágrafo único - O mesmo procedimento será adotado em outros casos em
que a sociedade se resolva em relação a seu sócio. (art. 1.028 e art. 1.031, CC/2002)
13 O(s) administrador(es) declara(m), sob as penas da lei, de que não está(ão)
impedidos de exercer a administração da sociedade, por lei especial, ou em virtude de
condenação criminal, ou por se encontrar(em) sob os efeitos dela, a pena que vede,
ainda que temporariamente, o acesso a cargos públicos; ou por crime falimentar, de
prevaricação, peita ou suborno, concussão, peculato, ou contra a economia popular,
contra o sistema financeiro nacional, contra normas de defesa da concorrência, contra
as relações de consumo, fé pública, ou a propriedade. (art. 1.011, § 1º, CC/2002)
Inserir cláusulas facultativas desejadas.
14 Fica eleito o foro de ............ para o exercício e o cumprimento dos
direitos e obrigações resultantes deste contrato.
E por estarem assim justos e contratados assinam o presente instrumento em
_______ vias.
_____________, ___ de ___________de 20__
Local e data
aa)_________________________ aa)______________________
Fulano de Tal Beltrano de Tal
Visto: ______________ (OAB/MG 0987)
Nome
Do Direito Societário 81
que o Código dispõe, em seu artigo 1.053, o que segue: “A sociedade limitada
rege-se, nas omissões deste Capítulo, pelas normas da sociedade simples.
Parágrafo único. O contrato social poderá prever a regência supletiva da
sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima”.
Assim, de regra, as omissões legais e contratuais acerca da
regulamentação das sociedades limitadas, serão supridas pela automática
aplicação das regras das sociedades simples. Em sentido diverso, poderá o
contrato social estipular expressamente que a regência supletiva será a da lei
das sociedades anônimas (Lei 6.404, de 15/12/1976).
82 unidade 7
por cabeça. Pela regência supletiva das sociedades anônimas a solução
aponta para a realização de nova assembleia no prazo mínimo de dois meses
para reexaminar a matéria. Nos dois modelos, a persistência do empate
conduz o problema à apreciação pelo Poder Judiciário.
Em terceiro lugar, indique-se que ausente qualquer disposição
contratual acerca da destinação do lucro eventualmente havido num
exercício social, e imprevista a regência supletiva pela lei das sociedades
anônimas, terá o lucro o destino que lhe atribuir a maioria, podendo inclusive
ser totalmente reinvestido em proveito da própria sociedade.
Por outro lado, inexistindo disciplinamento específico, e diante
de expressa previsão contratual determinando a aplicação supletiva da
legislação das sociedades anônimas, pelo menos 50% (cinquenta por cento)
do lucro líquido deverá ser proporcionalmente distribuído aos sócios, ficando
reservada à maioria a possibilidade de dar ao lucro que sobrar o destino que
lhe parecer conveniente.
Aliás, sobre os quoruns de deliberação dos sócios, examine-se
a seguinte tabela ofertada pelo DNRC, com o objetivo de sistematizar as
principais situações verificadas nas sociedades empresárias:
MATÉRIAS QUORUNS
Matérias previstas no art. 1.071 do
CC/2002:
a) aprovação das contas da Maioria de capital dos presentes,
administração; se o contrato não exigir maioria
mais elevada (inciso III, art. 1.076
CC/2002).
b) designação dos administradores, Administrador não sócio: (art.
quando feita em ato separado; 1.061 CC/2002)
• unanimidade dos sócios, se o
capital social não estiver totalmente
integralizado;
• dois terços do capital social,
se o capital estiver totalmente
integralizado:
Administrador sócio (inciso II, art.
1.076 CC/2002)
• mais da metade do capital social.
Do Direito Societário 83
c) destituição dos administradores; Administrador, sócio ou não,
designado em ato separado
• mais da metade do capital social
(inciso II, art. 1.076 CC/2002);
Administrador sócio, nomeado no
contrato social
• dois terços do capital social, no
mínimo, salvo disposição contratual
diversa (§ 1º, art. 1.063, CC/2002)
d) o modo de remuneração dos Mais da metade do capital social
administradores, quando não (inciso II, art. 1.076 CC/2002).
estabelecido no contrato;
e) modificação do contrato social; Três quartos do capital social,
salvo nas matérias sujeitas a
quorum diferente (inciso I, art. 1.076
CC/2002).
f) incorporação, fusão e dissolução Três quartos do capital social (inciso
da sociedade, ou a cessação do I, art. 1.076 CC/2002).
estado de liquidação;
g) nomeação e destituição dos Maioria de capital dos presentes,
liquidantes e o julgamento das suas se o contrato não exigir maioria
contas; mais elevada (inciso III, art. 1.076
CC/2002).
h) pedido de concordata. Mais da metade do capital social
(inciso II, art. 1.076 CC/2002)
Outras matérias previstas no
Código Civil 2002
Exclusão de sócio – justa causa Mais da metade do capital social,
se permitida a exclusão por justa
causa no contrato social (art. 1.085
CC/2002).
Exclusão de sócio remisso Maioria do capital dos demais
sócios (parágrafo único do art.
1.004 CC/2002).
Transformação Totalidade dos sócios, salvo se
prevista no ato constitutivo (art.
1.114 CC/2002)
84 unidade 7
Para saber mais sobre o mercado, bem como sobre as vantagens e
sobre os custos que envolvem a criação e a manutenção de uma sociedade
anônima aberta, acesse o site da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo)
clicando http.www.bovespa.com.br/Principal.asp.
Do Direito Societário 85
registro da sociedade e da emissão de ações na CVM. Entre os documentos
obrigatórios que devem acompanhar o pedido de registro estão o projeto de
estatuto; o prospecto (instrumento de divulgação da emissão das ações); e o
estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento.
Caso a CVM aprove o registro passa-se, mais uma vez com a
devida intermediação da corretora para a etapa em que se buscará a efetiva
colocação das ações no mercado. Todas as ações devem ser subscritas,
adquiridas, sob pena de ser frustrado todo o procedimento de constituição
da sociedade.
Colocadas todas as ações no mercado, deve ser realizada a
assembleia de fundação da entidade, para a qual serão convocados todos
os subscritores.
Um outro aspecto que bem ilustra a diferença de complexidade entre
a sociedade anônima e as demais sociedades e mais exatamente entre as
sociedades anônimas de capital fechado e as sociedades anônimas de capital
aberto, diz respeito à documentação necessária para constituí-la.
Transcreve-se, por oportuno, tabela produzida pelo DNRC, indicando
os documentos que devem ser apresentados para a constituição de
sociedade anônima de capital fechado, também conhecida como constituição
por subscrição particular:
ESPECIFICAÇÃO Nº DE VIAS
• Requerimento (Capa de Processo) com assinatura do
administrador, acionista, procurador, com poderes específicos, 1
ou terceiro interessado (art.1.151 CC/2002), (vide tabela de
atos e eventos para preenchimento do requerimento).
• Certidão de inteiro teor da escritura de constituição,
contendo: a qualificação dos subscritores, estatuto, relação
das ações subscritas e entradas pagas, transcrição do recibo
de depósito bancário da parte de capital realizado em dinheiro,
3
laudo de avaliação de bens , se for o caso, nomeação dos
administradores e, se for o caso, dos conselheiros fiscais,
menção ao visto do advogado, indicando nome e número de
inscrição na OAB - (1)
86 unidade 7
• Aprovação prévia do órgão governamental competente,
1
quando for o caso, se não constar do instrumento público (2)
• Original ou cópia autenticada (3) de procuração, com
poderes específicos e se por instrumento particular, com
firma reconhecida, quando o requerimento for assinado por 1
procurador. Se o outorgante for analfabeto, a procuração
deverá ser passada por instrumento público.
• Cópia autenticada (3) da Identidade dos diretores (4) e do
1
signatário do requerimento
• Ficha de Cadastro Nacional - FCN - fls. 1 e 2 1
Comprovantes de pagamento: (5)
a) Guia de Recolhimento/Junta Comercial. 1
b) DARF/Cadastro Nacional de Empresas (código 6621).
ESPECIFICAÇÃO Nº DE VIAS
• Requerimento (Capa de Processo) com assinatura
do administrador, acionista, procurador, com poderes
específicos, ou terceiro interessado (art.1.151 CC/2002), 1
(vide tabela de atos e eventos para preenchimento do
requerimento).
• Ata da assembleia de constituição (1; 2)
• Estatuto e prospecto, bem como original do jornal em que
tiverem sido 3
publicados (1;2)
• Relação completa dos subscritores do capital social
(ou lista/ boletins/ cartas de subscrição), devidamente 3
autenticados pela instituição financeira (2)
Do Direito Societário 87
• Recibo de depósito bancário da parte do capital realizado
em dinheiro. É exigido depósito de, no mínimo, 10% do 1
capital subscrito em dinheiro
Ata de eleição de peritos ou de empresa especializada, na
3
hipótese de realização do capital em bens (2)
• Ata de deliberação sobre laudo de avaliação dos bens,
se não contida a deliberação na ata de constituição, 3
acompanhada do laudo (2)
• Folhas do Diário Oficial e do jornal de grande circulacão
que publicaram o anúncio convocatório da assembleia de
constituição e das assembleias preliminares, se for o caso 1
(3)
88 unidade 7
A empresa passa a ter Entre as motivações, sem dúvida, a mais
maior acesso a capital comum é o acesso a recursos para financiar projetos de
investimento. Evidentemente, existem diversas formas
para a empresa se financiar.
a) Recursos gerados pelo negócio
Uma delas é a utilização dos recursos gerados
pelo próprio negócio. Entretanto, essa alternativa
restringe os projetos da empresa ao montante de
recursos que ela é capaz de gerar, o que pode levar
ao desperdício de oportunidades e à limitação das
perspectivas de crescimento.
b) Capital de terceiros
Outra possibilidade é recorrer ao capital de
terceiros, por meio de dívida. Além da forma mais
tradicional de dívida, empréstimos bancários, uma
opção a ser considerada é a emissão de títulos de renda
fixa, debêntures ou notas promissórias, que podem ser
negociados na própria BOVESPA.
Liquidez A abertura de capital também pode proporcionar
patrimonial para os liquidez patrimonial, que nada mais é do que a
empreendedores possibilidade de empreendedores e/ou seus sócios
transformarem, a qualquer tempo, parte das ações que
possuam na empresa em dinheiro. É possível vender
algumas dessas ações no ato da abertura de capital ou,
no futuro, negociando na Bolsa. Dar alguma liquidez ao
patrimônio é uma forma muito razoável de protegê-lo.
Os sócios podem querer diversificar os investimentos,
seguindo o princípio que aconselha não colocar todos os
ovos numa única cesta. Além disso, se a empresa tiver
recebido investimentos de algum fundo de venture capital
ou private equity, a abertura de capital pode representar
a saída que esses sócios desejam. Geralmente, tais
investidores atuam em empresas de capital fechado de
menor porte, proporcionando-lhes estrutura, condições
financeiras e, muitas vezes, apoio administrativo. Em
contrapartida, só se tornam sócios de empresas em que
possam ter uma posição relevante no capital e desde que
vislumbrem a possibilidade de vender sua participação
societária, no futuro, de preferência por meio da abertura
de capital.
Do Direito Societário 89
A empresa melhora Uma grande vantagem da companhia de capital
sua imagem aberto em relação às demais é que ela tem muito mais
institucional projeção e reconhecimento de todos os públicos com
e fortalece o os quais se relaciona. Isso acontece porque ela passa
lacionamento com a ganhar visibilidade, ser regularmente mencionada
seus públicos na mídia e acompanhada pela comunidade financeira.
Apesar de ser impossível mensurar o valor agregado à
imagem em função da abertura de capital, não são poucos
os casos em que empresas listadas em bolsa melhoraram
as condições de negociação com fornecedores,
passaram a contar com maior exposição das suas
marcas, ganharam competitividade e aumentaram o
comprometimento dos funcionários, abrindo-lhes a
oportunidade de se tornarem acionistas também. Além
disso, a partir da abertura de capital, a credibilidade da
empresa aumenta perante a sociedade como um todo,
pois, para atender às necessidades de seus acionistas
investidores, e oferecer-lhes condições para que a
acompanhem de perto, a companhia terá de ser muito
mais transparente no fornecimento de informações. Pela
mesma razão, a empresa pode ganhar no relacionamento
com as instituições financeiras, que passam a ter maior
confiança na avaliação e na concessão de crédito. Um
efeito interessante, associado à postura ativa e vigilante
dos investidores e dos profissionais de investimentos, é
o ganho de eficiência em toda a organização, à medida
que a empresa passe a se disciplinar e a se organizar
melhor.
Reestruturação de Algumas empresas, para garantir sua
passivos sobrevivência e, eventualmente, recolocar-se na rota
de crescimento, são motivadas a pensar na abertura de
capital em função da necessidade de reestruturar seus
passivos. Embora essa seja uma razão forte e legítima,
nem sempre os investidores aceitam, confortavelmente,
participar de uma operação de reestruturação financeira,
em particular no caso de uma empresa nova, que ainda
não apresenta histórico na Bolsa. Para fazer a captação
de recursos com esse objetivo, a companhia deve
justificá-la muito bem para o mercado, explicando seus
planos e a mudança na estrutura de capital que o ingresso
desses recursos representará. O ideal é que a empresa
mantenha sempre uma estrutura financeira equilibrada
e, se tiver a abertura de capital como estratégia, procure
fazê-la antecipadamente para evitar o surgimento de
qualquer sinal de asfixia financeira.
90 unidade 7
DISSOLUÇÃO PARCIAL DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA
EXTINÇÃO SOCIETÁRIA
Do Direito Societário 91
EXERCÍCIO
92 unidade 7
UNIDADE 8
Dos Títulos de Crédito
Resumindo
Na presente unidade será feito um estudo sobre os títulos de crédito, abrangendo seu conceito,
classificação, endosso, aval, pagamento, vencimento, protesto, além de abordar aspectos atuais
do cheque.
DOS TÍTULOS DE CRÉDITO
CONCEITO
De acordo com o que leciona André Luiz Santa Cruz Ramos, conforme
o critério em exame, os títulos podem ser:
Quanto ao modelo
96 unidade 8
títulos de crédito podem ser classificados em:
a) TÍTULOS VINCULADOS – são aqueles cujo formato deve obedecer
a um padrão previamente estabelecido pela lei, inalterável pela vontade das
partes sob pena de invalidade do título. Como exemplo pode ser mencionada
a duplicata, título cuja forma deve atender o disposto no artigo 27 da Lei n.
5474, de 1968 (Lei das Duplicatas) e, mais especificamente, o previsto nas
normas editadas pelo Conselho Monetário Nacional.
b) TÍTULOS LIVRES – são aqueles cujo formato pode ser livremente
convencionado pelas partes, inexistindo modelo legal previamente fixado.
Como exemplo pode ser mencionada a nota promissória, título que pode ser
confeccionado até mesmo em uma folha de caderno (naturalmente diferente
do cheque, título fornecido exclusivamente pelo banco), bastando que figurem
no papel as informações fundamentais previstas em lei.
Cartularidade
O título de crédito vale pelo que nele está escrito, não se podendo
alegar fatos que não estejam formalmente grafados no documento.
Messineo afirma que “o direito decorrente do título é literal no sentido
de que, quanto ao conteúdo, à extensão e às modalidades desse direito, é
decisivo exclusivamente o teor do título”.
O credor não pode exigir e o devedor não está obrigado a pagar nada
além do que consta do título.
Autonomia
DO ENDOSSO
98 unidade 8
em branco. Sendo assim, o título poderá circular livremente, como um título
ao portador.
Por outro lado, quando ao formalizar o endosso, o endossante indica
expressamente em favor de quem está transferindo o título, diz-se que o
endosso é em preto. Posta assim a questão, o título somente poderá circular
novamente através de um novo endosso, que poderá ser em branco ou em
preto.
Para um melhor entendimento acerca da função do endosso no que
diz respeito à circulação dos títulos de crédito e à legitimação do portador do
título como credor, é interessante o exame das seguintes situações, criadas
por Luiz Emygdio F. da Rosa Jr.:
Cadeia de endossos
DO AVAL
100 unidade 8
Para ilustrar o afirmado o autor elabora o seguinte exemplo sobre
a responsabilidade do avalista, marcada, como explicado acima, pela
inexistência de benefício de ordem:
102 unidade 8
Deve ficar claro ainda que a obrigação consubstanciada no título
de crédito tem natureza jurídica quesível, ou seja, o credor deve procurar o
devedor para receber o pagamento referente ao título.
Diante da inadimplência do devedor, o credor pode promover o protesto
do título de crédito. O protesto oferece ao devedor duas oportunidades: a
de quitar suas obrigações vencidas e a de defender-se contra débito sem
validade.
Consiste o protesto, em conformidade com o disposto no artigo 1 da
Lei n. 9492 de 1997, no ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplência
e o descumprimento de obrigação originada em títulos e outros documentos
de dívida. De acordo com o artigo 12 da lei em exame, o protesto será
registrado dentro de três dias úteis contados da protocolização do título ou
documento de dívida.
Por fim, deve-se realçar que se o devedor não paga o valor
representado pelo título de crédito no vencimento combinado, o credor
poderá promover ação judicial de execução do título contra o devedor, com
fundamento no artigo 585, I, do Código de Processo Civil.
O prazo de que dispõe o credor para ajuizar ação executiva contra o
devedor, varia conforme a espécie de título de crédito.
No que concerne ao cheque, título de crédito representativo de ordem
de pagamento à vista e que faz parte do cotidiano de milhões de pessoas, os
prazos, de acordo com o que disciplina o artigo 59 da Lei n. 7357 de 1985 (Lei
do Cheque), são os seguintes:
a) Prazo para ajuizamento de ação de execução contra o devedor: 06
meses contados do fim do prazo de apresentação para pagamento (30 dias
ou 60 dias, conforme se esteja falando de cheque da mesma praça ou de
cheque de outra praça);
b) Prazo para exercício do direito de regresso por um coobrigado
contra outro, contra o devedor principal ou contra seu avalista: 06 meses
contados da data do pagamento ou da propositura da ação de execução
contra ele.
c) Após o transcurso do prazo para o ajuizamento de ação de
execução, o credor poderá ainda propor contra o devedor ação tendo como
fundamento a vedação de enriquecimento indevido, devendo tal demanda ser
ajuizada dentro do prazo de 02 anos.
Fábio Ulhoa Coelho lembra ainda que se estivermos falando de
Cheques Devolvidos
Cheques Devolvidos (2ª vez)* - Pessoa Jurídica
2008 2009 Var. % 09/08
Janeiro 385.219 470.011 22
Fevereiro 347.853 421.436 21
Março 369.909 524.007 42
Abril 369.725 447.351 21
Maio 383.392 492.074 28
Junho 341.273 417.431 22
Julho 388.776 455.236 17
Agosto 333.230 392.466 18
Setembro 362.468
Outubro 4431.802
Novembro 430.709
Dezembro 473.822
Total 4.618.178 3.620.012
* Devolvidos por alíneas 12, 13, 14
104 unidade 8
Outubro 1.956.802
Novembro 1.850.040
Dezembro 2.012.066
Total 23.052.102 14.957.812
* Devolvidos por alíneas 12, 13, 14
Fonte: Equifax
DO CHEQUE PRÉ-DATADO
EXERCÍCIO
106 unidade 8
UNIDADE 9
Da Recuperação Empresarial
Resumindo
Na presente unidade será feito um estudo sobre a recuperação empresarial, abrangendo seu
fundamento, importância, modalidades, meios, quem pode usufruir da recuperação, os documentos
que devem acompanhar o pedido de recuperação.
DA RECUPERAÇÃO
EMPRESARIAL
Recuperação Judicial
110 unidade 9
Agosto 22 30 36,36
Setembro 27
Outubro 20
Novembro 33
Dezembro 42
Total 285 337
112 unidade 9
Falências Decretadas – Histórico
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
Janeiro 114 356 317 325 284 284 262
Fevereiro 92 206 293 295 341 341 378
Março 172 368 470 531 597 597 346
Abril 169 350 451 434 586 586 538
Maio 203 386 474 503 678 678 691
Junho 191 333 487 619 617 617 410
Julho 183 490 582 544 544 544 383
Agosto 211 437 381 444 531 531 599
Setembro 237 626 485 597 571 571 440
Outubro 273 661 476 646 495 495 373
Novembro 276 493 439 583 486 486 420
Dezembro 355 466 448 573 470 470 322
Total 2.476 5.172 5.303 6.094 6.200 6.200 5.162
Fonte: Equifax
MEIOS DE RECUPERAÇÃO
114 unidade 9
• respasse ou arrendamento de estabelecimento, inclusive à
sociedade constituída pelos próprios empregados;
• redução salarial, compensação de horários e redução da jornada,
mediante acordo ou convenção coletiva;
• dação em pagamento ou novação de dívidas do passivo, com ou
sem constituição de garantia própria ou de terceiro;
• constituição de sociedade de credores;
• venda parcial dos bens;
• equalização de encargos financeiros relativos a débitos de
qualquer natureza, tendo como termo inicial a data da distribuição
do pedido de recuperação judicial, aplicando-se inclusive aos
contratos de crédito rural, sem prejuízo do disposto em legislação
específica;
• usufruto da empresa;
• administração compartilhada;
• emissão de valores mobiliários;
• constituição de sociedade de propósito específico para adjudicar,
• em pagamento dos créditos, os ativos do devedor.
116 unidade 9
IV – por descumprimento de qualquer obrigação assumida
no plano de recuperação, na forma do § 1o do art. 61
desta Lei.
118 unidade 9
UNIDADE 10
Da Falência
Resumindo
Na presente unidade será feito um estudo sobre a falência, abrangendo o conceito, importância,
princípios, hipóteses legais de decretação, classificação dos créditos, crimes falimentares.
DA RECUPERAÇÃO
EMPRESARIAL
NOÇÃO E IMPORTÂNCIA
Da Falência 121
Ainda de acordo com o referido autor, somente a partir da confecção
da Lex Poetelia no ano 428 a.C. é que o direito romano passou a prever
normas que responsabilizavam patrimonialmente o devedor, ficando proibido
o encarceramento e a morte do devedor.
122 unidade 10
A falência é um sistema de liquidação do patrimônio
do devedor qualificado com o fim de dividi-lo em partes
iguais por todos aqueles que tenham direito (par conditio
creditorum). Tal princípio (igualdade de condições dos
credores) significa dizer que, ressalvadas as preferências
impostas por lei, todos os credores têm direitos iguais e,
mesmo entre aqueles, tal acontece internamente.
Da Falência 123
Não custa lembrar ainda que a vigente Lei de Falencias e
Recuperacao Empresarial lista, mais exatamente no seu artigo 168, entre
as condutas passivas de enquadramento como crime, a prática, antes ou
depois da sentença que decretar a falência, conceder a recuperação judicial
ou homologar a recuperação extrajudicial, ato fraudulento de que resulte
ou possa resultar prejuízo aos credores, com o fim de obter ou assegurar
vantagem indevida para si ou para outrem.
Por fim, mas não menos importante, merece destaque o principio da
preservação da empresa.
O estudo do direito falimentar deve ter por objetivo primordial a
preservação da empresa, considerada, como exposto anteriormente, não
como um fim em si mesma, mas como fundamental vetor de desenvolvimento
e superação de desigualdades.
Sobre o princípio em comento, lembra Alfredo de Assis Gonçalves
Neto que, diante de um caso concreto em que se vislumbre o confronto
entre normas que traduzem comandos antagônicos – uma conduzindo à
paralisação da empresa, e outra que possa solucionar o problema sem a
cessação da atividade empresarial, deve ser aplicada a última.
Ainda segundo o professor paranaense, a solução escolhida dá
cumprimento ao princípio da busca do pleno emprego, previsto no artigo 170,
VIII, da Constituição Federal de 1988.
124 unidade 10
pode postergar o vencimento de obrigações, reduzir seu
valor ou beneficiar-se de outros meios aptos a impedir
a instauração da execução concursal. O devedor civil
não tem uma faculdade desta extensão. Na melhor das
hipóteses, a lei prevê a possibilidade de suspensão da
execução concursal se o devedor obtiver a anuência de
todos os credores (CPC, art. 783).
b) Extinção das obrigações — o devedor empresário, em
regime de execução concursal, tem as suas obrigações
julgadas extintas, com o rateio de mais de 50% após a
realização de todo o ativo (LF, art. 158, II), ao passo que
as obrigações do devedor civil, em regime de execução
concursal, somente se extinguem com o pagamento
integral de seu valor (CPC, art. 774). Um empresário que
entra em falência com um patrimônio de valor superior
a 50% de seu passivo poderá obter a de claração de
extinção das obrigações logo após a realização de seu
ativo e rateio do produto apurado. Se, em seguida,
reconstituir o seu patrimônio, os credores existentes
ao tempo da falência não poderão comprometê-lo; já
o devedor civil na mesmíssima situação poderia ter o
seu patrimônio reconstituído executado até o integral
pagamento do passivo, salvo o decurso do prazo de 5
anos do encerramento do processo de insolvência (CPC,
art. 778).
Da Falência 125
QUEM PODE REQUERER A DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA?
126 unidade 10
consentimento de todos os credores e sem ficar com bens suficientes para
solver seu passivo;
d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o
objetivo de burlar a legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;
e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente
sem ficar com bens livres e desembaraçados suficientes para saldar seu
passivo;
f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos
suficientes para pagar os credores; abandona estabelecimento ou tenta
ocultar-se de seu domicílio, do local de sua sede ou de seu principal
estabelecimento;
g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no
plano de recuperação judicial.
Da Falência 127
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a
coisa dada em garantia;
128 unidade 10
durante a recuperação judicial, nos termos do art. 67 desta Lei,
ou após a decretação da falência, e tributos relativos a fatos
geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a
ordem estabelecida no art. 83 desta Lei.
Não se pode esquecer, de acordo com o que determina o artigo 150
da lei, que as despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à
administração da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória
das atividades previstas no inciso XI do caput do art. 99 da lei, serão pagas
pelo administrador judicial com os recursos disponíveis em caixa.
Imprescindível lembrar também que, em conformidade com o disposto
no artigo 151 da lei, os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial
vencidos nos 3 (três) meses anteriores à decretação da falência, até o limite
de 5 (cinco) salários-mínimos por trabalhador, serão pagos tão logo haja
disponibilidade em caixa.
Pagos todos os credores, o saldo, se houver, será entregue ao falido.
Da Falência 129
• ordenará ao Registro Público de Empresas que proceda à anotação
da falência no registro do devedor, para que conste a expressão
“Falido”, a data da decretação da falência e a inabilitação de que
trata o art. 102 desta Lei;
• nomeará o administrador judicial, que desempenhará suas
funções na forma do inciso III do caput do art. 22 desta Lei sem
prejuízo do disposto na alínea “a” do inciso II do caput do art. 35
desta Lei;
• determinará a expedição de ofícios aos órgãos e repartições
públicas e outras entidades para que informem a existência de
bens e direitos do falido;
• pronunciar-se-á a respeito da continuação provisória das
atividades do falido com o administrador judicial ou da lacração
dos estabelecimentos, observado o disposto no art. 109 desta
Lei;
• ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação
por carta às Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados
e Municípios em que o devedor tiver estabelecimento, para que
tomem conhecimento da falência.
130 unidade 10
comparecimento, com a indicação do nome, nacionalidade, estado
civil, endereço completo do domicílio, devendo ainda declarar, para
constar do dito termo: a) as causas determinantes da sua falência,
quando requerida pelos credores; b) tratando-se de sociedade, os
nomes e endereços de todos os sócios, acionistas controladores,
diretores ou administradores, apresentando o contrato ou
estatuto social e a prova do respectivo registro, bem como suas
alterações; c) o nome do contador encarregado da escrituração
dos livros obrigatórios; d) os mandatos que porventura tenha
outorgado, indicando seu objeto, nome e endereço do mandatário;
e) seus bens imóveis e os móveis que não se encontram no
estabelecimento; f) se faz parte de outras sociedades, exibindo
respectivo contrato; g) suas contas bancárias, aplicações, títulos
em cobrança e processos em andamento em que for autor ou réu;
• depositar em cartório, no ato de assinatura do termo de
comparecimento, os seus livros obrigatórios, a fim de serem
entregues ao administrador judicial, depois de encerrados por
termos assinados pelo juiz;
• não se ausentar do lugar onde se processa a falência sem motivo
justo e comunicação expressa ao juiz, e sem deixar procurador
bastante, sob as penas cominadas na lei;
• comparecer a todos os atos da falência, podendo ser representado
por procurador, quando não for indispensável sua presença;
• entregar, sem demora, todos os bens, livros, papéis e documentos
ao administrador judicial, indicando-lhe, para serem arrecadados,
os bens que porventura tenha em poder de terceiros;
• prestar as informações reclamadas pelo juiz, administrador
judicial, credor ou Ministério Público sobre circunstâncias e fatos
que interessem à falência;
• auxiliar o administrador judicial com zelo e presteza;
• examinar as habilitações de crédito apresentadas;
• assistir ao levantamento, à verificação do balanço e ao exame
dos livros;
• manifestar-se sempre que for determinado pelo juiz;
• apresentar, no prazo fixado pelo juiz, a relação de seus credores;
• examinar e dar parecer sobre as contas do administrador judicial.
Da Falência 131
O mesmo artigo determina ainda que se o falido descumprir quaisquer
dos deveres previstos, após intimado pelo juiz a fazê-lo, responderá por crime
de desobediência.
No que diz respeito aos negócios jurídicos praticados pelo falido
antes da decretação da falência, o artigo 129 preceitua que são ineficazes em
relação à massa falida, tenha ou não o contratante conhecimento do estado
de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste fraudar
credores:
• o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor
dentro do termo legal, por qualquer meio extintivo do direito de
crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
• o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro
do termo legal, por qualquer forma que não seja a prevista pelo
contrato;
• a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção,
dentro do termo legal, tratando-se de dívida contraída
anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de
outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia
caber ao credor da hipoteca revogada;
• a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da
decretação da falência;
• a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da
decretação da falência;
• a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o
consentimento expresso ou o pagamento de todos os credores,
a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor bens
suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30
(trinta) dias, não houver oposição dos credores, após serem
devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do registro
de títulos e documentos;
• os registros de direitos reais e de transferência de propriedade
entre vivos, por título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa
a imóveis realizados após a decretação da falência, salvo se tiver
havido prenotação anterior.
132 unidade 10
entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo sofrido
pela massa falida. Enquanto as hipóteses listadas no artigo 129 são objetivas,
independem de comprovação de má-fé, o artigo 130 contempla situações
subjetivas, incidindo apenas se ficar comprovada a má-fé.
CRIMES FALIMENTARES
PREVISÃO
DESCRIÇÃO PENA
LEGAL
Praticar, antes ou depois da sentença que reclusão, de
decretar a falência, conceder a recuperação 3 (três) a 6
judicial ou homologar a recuperação (seis) anos, e
Artigo 168 extrajudicial, ato fraudulento de que resulte ou multa.
possa resultar prejuízo aos credores, com o
fim de obter ou assegurar vantagem indevida
para si ou para outrem.
Violar, explorar ou divulgar, sem justa causa, reclusão, de
sigilo empresarial ou dados confidenciais 2 (dois) a 4
Artigo 169 sobre operações ou serviços, contribuindo (quatro) anos,
para a condução do devedor a estado de e multa.
inviabilidade econômica ou financeira:
Divulgar ou propalar, por qualquer meio, reclusão, de
informação falsa sobre devedor em 2 (dois) a 4
Artigo 170
recuperação judicial, com o fim de levá-lo à (quatro) anos,
falência ou de obter vantagem e multa.
Sonegar ou omitir informações ou prestar reclusão, de
informações falsas no processo de falência, 2 (dois) a 4
de recuperação judicial ou de recuperação (quatro) anos,
Artigo 171 extrajudicial, com o fim de induzir a erro e multa.
o juiz, o Ministério Público, os credores, a
assembleia-geral de credores, o Comitê ou o
administrador judicial
Da Falência 133
Praticar, antes ou depois da sentença que reclusão, de
decretar a falência, conceder a recuperação 2 (dois) a 5
judicial ou homologar plano de recuperação (cinco) anos,
Artigo 172 extrajudicial, ato de disposição ou oneração e multa.
patrimonial ou gerador de obrigação,
destinado a favorecer um ou mais credores
em prejuízo dos demais
Apropriar-se, desviar ou ocultar bens reclusão, de
pertencentes ao devedor sob recuperação 2 (dois) a 4
Artigo 173
judicial ou à massa falida, inclusive por meio (quatro) anos,
da aquisição por interposta pessoa e multa.
Adquirir, receber, usar, ilicitamente, bem que reclusão, de
sabe pertencer à massa falida ou influir para 2 (dois) a 4
Artigo 174
que terceiro, de boa-fé, o adquira, receba ou (quatro) anos,
use: e multa.
Apresentar, em falência, recuperação reclusão, de
judicial ou recuperação extrajudicial, relação 2 (dois) a 4
Artigo 175 de créditos, habilitação de créditos ou (quatro) anos,
reclamação falsas, ou juntar a elas título falso e multa.
ou simulado:
Exercer atividade para a qual foi inabilitado ou reclusão, de
incapacitado por decisão judicial, nos termos 1 (um) a 4
Artigo 176
desta Lei: (quatro) anos,
e multa.
Adquirir o juiz, o representante do Ministério reclusão, de
Público, o administrador judicial, o gestor 2 (dois) a 4
judicial, o perito, o avaliador, o escrivão, o (quatro) anos,
oficial de justiça ou o leiloeiro, por si ou por e multa.
Artigo 177 interposta pessoa, bens de massa falida
ou de devedor em recuperação judicial,
ou, em relação a estes, entrar em alguma
especulação de lucro, quando tenham atuado
nos respectivos processos:
134 unidade 10
Deixar de elaborar, escriturar ou autenticar, detenção, de
antes ou depois da sentença que decretar 1 (um) a 2
a falência, conceder a recuperação judicial (dois) anos,
ou homologar o plano de recuperação e multa, se
Artigo 178
extrajudicial, os documentos de escrituração o fato não
contábil obrigatórios: constitui
crime mais
grave.
Da Falência 135
EXERCÍCIO
136 unidade 10
ANEXOS
Empresas
Estudos mostram que o Brasil lidera a lista dos países que criam
maiores dificuldades para abrir uma empresa. É um dos grandes obstáculos
para que pequenos negócios entrem na economia formal.
Brasil dividido
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das Sociedades Comerciais. 16ª ed.
São Paulo: Saraiva, 2007.
______. Teoria e Prática dos Títulos de Crédito. 27ª ed. São Paulo: Saraiva,
2008.
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Comercial. 11ª ed. São Paulo:
Saraiva, 2007. v. 1.
______. Manual de Direito Comercial. 18ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
______.op. cit
______. Manual de Direito Comercial. 10 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2009.
p. 607
REQUIÃO, Rubens. Curso de Direito Comercial. 26ª ed. São Paulo: Saraiva,
2006. v. 1 e 2.
ROSA Jr. Luiz Emygdio F. da. Títulos de Crédito. 3ª ed. Rio de Janeiro:
Editora Renovar, 2004. p. 244.
http://www.bovespa.com.br/pdf/guiaaber.pdf
http://www.sci.com.br/imp_est_che_ant.asp
http://www.sci.com.br/imp_est_fal_ant.asp
http://direito.newtonpaiva.br/revistadireito/docs/prof/13_prof_rodrigo2.pdf
MARCOS DANIEL DA SLVA ROCHA