Educação Infantil Aula 01
Educação Infantil Aula 01
Educação Infantil Aula 01
AULA
Confabulações na
Educação Infantil
Meta da aula
Apresentar um mapeamento de alguns temas que
serão estudados neste material didático.
objetivos
INTRODUÇÃO Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condi-
cionado mas, consciente do inacabamento, sei que posso ir mais
além dele. Está é a diferença profunda entre o ser condicionado e
o ser determinado (FREIRE, 1999).
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de atendimento a ela, as principais mudanças ocorridas, entre outros
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aspectos relevantes. Você será levado a: compreender o panorama do
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atendimento à infância no Brasil, sobretudo da tutela da criança pobre
pelo Estado nos diferentes períodos históricos; perceber as condutas que
permaneceram em relação à criança pobre, mesmo que, em cada período,
as estratégias tenham sido diferenciadas, e as condutas que realmente
mudaram ao longo dos períodos históricos.
Você também será apresentado à história da creche no Brasil.
Quando e quais foram as finalidades de seu surgimento, que tipos de
crianças atendia. Poderá constatar que a trajetória da creche está direta-
mente relacionada às mudanças do papel da mulher na sociedade e suas
repercussões na estrutura familiar, em especial na educação dos filhos.
Tanto o surgimento quanto as mudanças ocorridas neste tipo de insti-
tuição estão envolvidos em um conjunto de fatores sociais, econômicos,
políticos e culturais. Você perceberá que, historicamente, creche e pré-
escola se constituíram em dois campos diferentes de atuação. Enquanto
a pré-escola, desde o seu início, evidenciou um caráter pedagógico,
de preparação para a escola regular, a história da creche nos aponta que
o assistencialismo foi presença marcante em toda a sua história.
Também faremos um mapeamento da atual legislação destinada
à infância e à Educação Infantil no Brasil. Faremos uma breve apre-
ciação da Constituição Federal de 1988 e da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (Lei n. 9394/96) no que diz respeito à Educação Infantil.
Ambas asseguraram atendimento público e gratuito em creches e pré-
escolas às crianças de zero a seis anos de idade. Analisaremos também
a lei 11.274 de 2007, que aumentou de 8 (oito) para 9 (nove) anos a
duração do Ensino Fundamental, diminuindo a idade da finalização da
Educação Infantil para 5 (cinco) anos. Refletiremos sobre a condição
da infância na perspectiva de cidadania e de inclusão e apresentaremos
documentos e norteadores legais para a Educação Infantil, tais como:
as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil, o Referencial
Nacional para Educação Infantil (RCNEI), os Parâmetros Nacionais
de Qualidade para Educação Infantil e os Parâmetros Básicos de Infra-
estrutura para Instituições de Educação Infantil.
Você será levado a perceber que atualmente as instituições de
Educação Infantil não têm mais a conotação de um simples cuidado com
a criança enquanto a família trabalha. Hoje se preconiza que o cuidar e
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Por que, hoje, se fala em infância e/ou infâncias? Será que di-
ferentes culturas se relacionam da mesma forma com suas crianças?
Você já parou para pensar se os modos como nos relacionamos hoje com
as crianças e o sentimento a elas empreendidos sempre foram ou são os
mesmos? Estaria aí, no modo como nos relacionamos com as crianças,
um sentido de infância enquanto categoria social?
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Continuemos com mais questionamentos. Por que hoje, falamos
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tanto em concepções de infância, vozes das crianças e culturas infantis?
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Será que todas as crianças vivem a infância da mesma forma? Pense...
ATIVIDADE
Resposta comentada
Reflita se há desigualdades, preconceitos, se a criança está sendo
adultorizada, se ela é tratada como cidadã de direitos e/ou consu-
midora, se os direitos de crianças e adolescentes estão presentes
na imagem...
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Nos dicionários da língua portuguesa, infância é considerada como o período de
crescimento, no ser humano, que vai do nascimento à puberdade. Para o Estatuto da
Criança e do Adolescente (Lei no. 8.069, de 13/7/90) criança é a pessoa até os 12 anos
de idade incompletos e adolescentes aquela entre 12 e os 18 anos. Etimologicamente,
a palavra infância refere-se a limites mais estreitos; oriundo do latim, significa a inca-
pacidade de falar. Essa incapacidade, atribuída em geral ao período que se chama de
primeira infância, às vezes era vista como se estendendo até 7 anos, que representariam
a passagem para a idade da razão. Corsini analisa que a idade cronológica, como fato
biológico, permite inúmeras delimitações para os períodos da vida, sem ser elemento
determinante suficiente para a sua definição. Infância tem um significado genérico e,
como qualquer outra fase da vida, esse significado é função das transformações sociais:
toda sociedade tem seus sistemas de classes de idade e a cada uma delas é associado
um sistema de status e de papel. (KUHLMANN JR, 1998, p. 16)
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Para entender, entretanto, o lugar social que a criança ocupa na
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sociedade não se pode analisar tais fragmentos de forma isolada.
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Isso porque cada época irá proferir um discurso que revela seus
ideais e expectativas em relação às crianças. A intenção, então, é
revelar as transformações e orientações dos modos de “ser” da
infância ao longo dos tempos (GUARANÁ, 2007).
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ATIVIDADE
Os Nomes da Criança
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carregam uma pequena caixa com chocolates, tentando vendê-los mas sem o
direito de sentir o gosto do que carregam para os outros. Prostituta-infantil já
seria um genérico maldito para uma cultura que sentisse vergonha da realidade
que retrata. Como se não bastasse, ainda tem suas sutis diferenças. Pode ser be-
zerrinha, ninfeta-de-praia, menina-da-noite, menino ou menina-de-programa ou
michê, conforme o local onde faz ponto ou o gosto sexual do freguês que atende.
E tem a palavra menina-paraguai, para indicar crianças que se prostituem por apenas
um real e noventa e nove centavos, o mesmo preço das bugigangas que a globali-
zação trouxe de contrabando, quase sempre daquele país. Ou menina-boneca, de
tão jovem que é quando começa a se prostituir, ou porque seu primeiro pagamento
é para comprar a primeira boneca que nunca ganhou de presente. Delinqüente,
infrator, avião, pivete, trombadinha, menor, pixote: sete palavras para o conjunto
da relação de nossas crianças com o crime. Cada qual com sua maldita sutileza,
conforme o artigo do código penal que lhe cabe, a maneira como aborda suas
vítimas, o crime ao qual se dedica. Podem também, no lugar de crianças, ser boys,
engraxates, meninos-do-lixo, recicladores-infantis, de acordo com o trabalho que
cada uma delas faz. Ainda tem filhos-da-safra, para indicar crianças deixadas para
trás por pais que emigram todos os anos em busca de trabalho nos lugares onde
há empregos para boias-fria, nome que indica também a riqueza cultural do sutil
vocabulário da maldita realidade social brasileira. Ou os pagãos-civis, vivendo sem
registro que lhes indique a cidadania de suas curtas passagens pelo mundo, em
um país que lhes nega não apenas o nome de criança, mas também a existência
legal. Como resumo de todos estes tristes verbetes, há também criança-triste: não
se refere à tristeza que nasce de um brinquedo quebrado, de uma palmada ou re-
primenda recebida, ou mesmo da perda de um ente querido. No Brasil há um tipo
de criança que não apenas fica ou está triste, mas nasce e vive triste – seu primeiro
choro mais parece um lamento pelo futuro que ainda não prevê do que um respiro
no novo ar em que vai viver, quando pela primeira vez o recebe em seus diminutos
pulmões. Criança-triste, substantivo e não adjetivo, como um estado permanente
de vida: esta talvez seja a maior das vergonhas do vocabulário da realidade social
brasileira. Assim como a maior vergonha da realidade política é a falta de tristeza
no coração de nossas autoridades diante da tristeza das crianças brasileiras, com
as sutis diversidades refletidas no vocabulário que indica os nomes da criança.
A sociedade brasileira, em sua maldita apartação, foi obrigada a criar palavras que
distinguem cada criança conforme sua classe, sua função, sua casta, seu crime.
A cultura brasileira, medida pela riqueza de seu vocabulário, enriqueceu perversa-
mente ao aumentar as palavras que indicam criança. Um dia, esta cultura vai se
enriquecer criando nomes para os presidentes, governadores, prefeitos, políticos
em geral que não sofrem, não ficam tristes, não percebem a vergonhosa tragédia
de nosso vocabulário. Quem sabe não será preciso que um dia chegue ao governo
uma das crianças-tristes de hoje, para que o Brasil torne arcaicas as palavras que hoje
enriquecem o triste vocabulário brasileiro e construa um dicionário onde criança...
seja apenas criança (BUARQUE, 2000).
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comentário
Para realizar esta atividade você deverá refletir, a partir do sentido das palavras, a
situação que cada um dos termos remete no seu cotidiano.
Conclusão
Atividade Final
Para auxiliar em suas reflexões sobre a infância, nada mais adequado do que você
relembrar a sua própria infância. Converse com familiares, resgate fotos e objetos da
sua infância e mergulhe na sua memória para obter informações. Em seguida escreva
um pequeno texto sobre essas lembranças e suas impressões sobre a sua infância.
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Realizada esta tarefa você poderá ir adiante comparando a sua infância com a
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infância que se apresenta ao seu redor. Você pode usar observações feitas de
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crianças que convivem próximo a você ou aproveitar situações que se apresentarem
nos noticiários dos jornais, revista e TV.
comentário
Através desta atividade você poderá refletir sobre a multiplicidade de visões de
infância e a diversidade de vivências de ser criança, partindo da sua infância e o
que você observa na infância ao seu redor.
R E S U MO
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