A Origem Da Psicologia

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PSICOLOGIA – 12º ANO 1

ORIGENS DA PSICOLOGIA

Psicologia deriva de psiquê + logos, significando etimologicamente o estudo da


alma ou mente.
Durante séculos a Psicologia foi entendida como o estudo da alma e fazia parte,
como outras disciplinas, do tronco comum da Filosofia.
A alma foi objecto de estudo por parte de diversos investigadores da Antiguidade,
nomeadamente Platão e Aristóteles. O De Anima aristotélico ainda hoje é
considerado um autêntico tratado de psicologia filosófica.
O método socrático de investigação dos conceitos universais (ironia/ maiêutica),
tinha por base a máxima “conhece-te a ti mesmo”, que alguns consideram a raiz
do método introspectivo.
Só nos finais do século XIX a psicologia se emancipa da tutela da Filosofia,
quando elege outro objecto de estudo e recorre à observação e ao controlo
experimental.

GRANDES AUTORES DA PSICOLOGIA

WUNDT E A CONSCIÊNCIA
1879 é a data da fundação da Psicologia como ciência. É nesse ano que Wundt,
fisiológico alemão da Universidade de Leipzig, funda o primeiro laboratório de
Psicologia.

Wundt declarou que a Psicologia se tornaria uma ciência credível na condição de


seguir o modelo da Física e da Química.

Wundt acreditava que os processos ou experiências mentais podem ser


decompostos nos seus elementos básicos, assim como os químicos tinham
decomposto a água nos seus elementos básicos (H2O).

O objectivo seria identificar a estrutura e unidades básicas da consciência


(sensações, sentimentos e imagens).

Quando temos a percepção de um cacho de uvas combinamos uma sensação física


(o que vemos) com sentimentos (gostar ou não de uvas) e imagens (recordações
de outros cachos de uvas).

Para descobrir os elementos básicos da consciência Wundt recorria à introspecção


controlada, que consistia na descrição e análise, por parte de uma pessoa, das
sensações e sentimentos que experimentava em reposta a determinados estímulos.
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A experiência consciente só pode ser observada pela pessoa que a vive. Por isso,
a técnica a adoptar seria necessariamente a auto-observação ou introspecção.

Por exemplo, dando como estímulo os sons de um instrumento musical, wundt e


os seus colaboradores registavam os sentimentos que ele provocava.

Com base nas suas experiências, Wundt concluiu que as unidades básicas da
consciência (sensações, sentimentos e imagens) se combinam, de tal forma que os
fenómenos psíquicos são a associação e não a simples soma desses dados
elementares.

Por isso mesmo, a doutrina de Wundt é conhecida pelo nome de estruturalismo


ou associacionismo.

WATSON E O COMPORTAMENTO
Watson é considerado o pai da psicologia científica ao demarcar-se de forma
radical de toda a psicologia tradicional, que tinha por objeto o estudo da
consciência (método da introspecção…)

Watson não nega a existência da consciência, porém, defende que a análise dos
estados de espírito, bem como a procura das suas causas, só pode interessar ao
sujeito no âmbito da sua vida pessoal.

A única forma de a psicologia se constituir como ciência é cortar com todos o seu
passado (concepção e método) constituir-se como um ramo OBJECTIVO e
EXPERIMENTAL da ciência.

O psicólogo deverá, assim, assumir a atitude do cientista:

 trabalhar com dados provenientes de observações objetivas, i. e. públicas–


acessíveis a outro observador.
 renunciar à introspeção e limitar-se, como nas outras ciências, à observação
externa.

O behaviorismo é uma corrente que define a psicologia como a ciência do


comportamento.
Para Watson, o comportamento é o conjunto de respostas (R) observáveis a
estímulos (E) observáveis provenientes do meio em que o organismo se insere.

Comportamento: toda e qualquer resposta observável de um


organismo a um determinadoestímulo.
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Por estímulos entende-se o conjunto de excitações que agem sobre o organismo. Um


estímulo pode ser qualquer elemento ou objeto do meio externo ou qualquer
modificação interna do organismo.

Meio interno: movimentos dos músculos, secreções das glândulas, etc. Ex:
contracções do estômagoprovocados pela fome.

Meio externo: raios luminosos, ondas sonoras, partículas que afectam oolfacto e
o gosto, vibrações mecânicas, etc. Ex. a picada de uma agulha.

Em geral, o comportamento é determinado não por um estímulo, mas por um


conjunto complexo de estímulos que se designa por situação.
A cada situação corresponde um dado comportamento, isto é, um conjunto de
respostas.

A cada situação corresponde um dado comportamento, isto é, um conjunto de


respostas:

R=f(S)
O comportamento, a resposta (R) é função(f), isto é, depende da situação(S).

O psicólogo, conhecendo o estímulo, deverá ser capaz de: prever a resposta e se


conhecer a resposta deverá poder identificar a o estímulo, a situação que a
provocou.

“Dêem-me uma dúzia de crianças saudáveis, bem constituídas e a espécie de mundo


que preciso para as educar, e eu garanto que, tomando qualquer uma delas ao
acaso, prepará-la-ei para se tornar um especialista que eu selecione: um
médico, um comerciante, um advogado e, sim, até um pedinte ou ladrão,
independentemente dos seus talentos, inclinações, tendências, aptidões, assim
como da profissão e da raça dos seus antepassados.”
Watson in Behaviorism

Watson defendeu que todo o nosso comportamento é exclusivamente influenciado


pela EXPERIÊNCIA, por fatores sociais e educativos, ou seja, somos produtos do
MEIO, uma vez que somos modelados por ele(“organismos em situação”).
Watson não nega a existência de fatores hereditários, porém, considera-os
irrelevantes na formação da personalidade do indivíduo.
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Os contributos de Watson a favor da objetividade na psicologia foram bem


recebidos pelos psicólogos norte-americanos. Esta a aceitação deve-se, sobretudo,
à definição inequívoca do seu objecto – o comportamento observável – e do seu
método experimental.

FREUD E O INCONSCIENTE

Sigmund Freud (1856-1939)é o fundador da Psicanálise.

Nasceu a 6 de Maio de 1856, em Freiberg, Moravia, (actualmente Pribor,


República Checa).Licenciou-se em Medicina em 1881.

De 1885-86, foi aluno de Charcot, em Paris. Charcot trabalhava no asilo de


Salpetriére e chamou a atenção da comunidade médica ao adoptar a hipnose como
técnica terapêutica.

Freud percebeu que na histeria os pacientes exibem sintomas que são


anatomicamente inviáveis. Por exemplo na "anestesia de luva“ uma pessoa não
terá nenhuma sensibilidade na mão, mas terá sensações normais no pulso e no
braço. Uma vez que os nervos têm um percurso contínuo do ombro até a mão, não
pode haver nenhuma causa física para este sintoma.

Com Joseph Breuer, o médico austríaco, confecciona os estudos sobre a Histeria.


Breuer cria um Método visando tratar a Histeria: O Método Catártico (de
Catarsis), ou teoria da conversa.

Catarse é um ermo antigo, cunhado por Aristóteles, preconizando limpezas


simbólicas das emoções.Os sintomas neuróticos resultam de processos
inconscientes e desaparecem quando esses processos se tornam conscientes.

O tratamento de uma paciente de Breuer, que ficou conhecida como “Anna O.”, e
as comunicações que este fazia a Freud sobre o caso, foi um dos fatores que levou
ao desenvolvimento da psicanálise. Breuer, utilizando técnicas de hipnose e
autohipnose, fazia com que “Anna O.” verbalizasse emoções intensas que a
perturbavam.

PSICANÁLISE

Caracteriza-se como uma corrente da Psicologia que busca o fundamento oculto


dos comportamentos e dos processos mentais, com o objectivo de descobrir e
resolver os conflitos intra-psíquicos geradores de sofrimento psíquico.

Trata-se, ao mesmo tempo, de uma disciplina científica que visa descobrir e


mapear as estruturas da Psique e de um método terapêutico, assente numa relação
profunda entre o psicanalista e o paciente.
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SEXUALIDADE INFANTIL

Uma das mais importantes descobertas de Freud é a de que há uma sexualidade


infantil: o psiquismo humano forma-se a partir dos conflitos que, desde o
nascimento, confrontam os instintos sexuais (a Libido) e a realidade.

Podemos dizer que, em termos psicanalíticos, nós somos o resultado da história


da nossa infância.

O INCONSCIENTE

Outra descoberta importante é a de que a nossa mente consciente não controla


todos os nossos comportamentos.

Mesmo os nossos atos voluntários, resultantes de uma deliberação racional, estão


dependentes de uma fonte motivacional inconsciente...

A descoberta do inconsciente trouxe uma revolução à Psicologia e à forma como


esta encara o ser humano.

A nossa infância “persegue-nos” ao longo de toda a nossa vida, uma vez que é
nesse período que a nossa personalidade se desenvolve.

Ao longo da infância o inconsciente vai dividir-se e dar origem às outras instâncias


da Psique.

Por isso passamos por períodos de crise, de ruptura e de reconfiguração das nossas
estruturas psíquicas. Por esta razão estamos sujeitos a traumas e a conflitos intra-
psíquicos que ficam guardados no inconsciente e marcam a forma como nos
relacionamos connosco mesmos e com os outros.

O Inconsciente corresponde aos conteúdos instintivos, hereditários, da mente,


bem como aos conteúdos recalcados ao longo da história de vida do indivíduo.

O Inconsciente não esquece nada, todos os incidentes da história devida do


indivíduo ficam aí retidos e guardam a mesma força e vivacidade do momento em
que foram vividos. O Inconsciente é imune ao tempo.

Mas, para além disso, existe um mecanismo de segurança que impede que os
conteúdos ameaçadores da sanidade mental e da sobrevivência física ou social do
indivíduo acedam à consciência: trata-se da Barreira da Censura que é responsável
pelo recalcamento desses conteúdos perigosos.

Esta instância daria lugar aos mecanismos de defesa do Ego, quando Freud
desenvolveu a sua teoria psicanalítica.
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EROS E THANATOS

O desejo e a insatisfação são elementos inerentes à nossa vida psíquica.

Todos os nossos comportamentos resultam duma fonte energética inesgotável e


cuja manifestação assume múltiplas formas...

Trata-se do núcleo instintivo que dá vida à nossa Psique, constituído por duas
polarizações antagónicas:

 A Libido, o desejo sexual, a que Freud deu o nome de Eros.

 E o impulso de morte, ligado à agressividade (auto e hetero dirigida), a que


Freud deu o nome de Thanatos.

INTERPRETAÇÃO DOS SONHOS

A Psicanálise assenta na análise das mensagens que o inconsciente dos pacientes


envia à consciência, através dos sonhos, dos atos falhados, das fobias e dos
desvios comportamentais.

Para Freud o sonho é a VIA REAL DO INCONSCIENTE. O sonho é a realização


ilusória (simbólica) de desejos inconscientes (recalcados). É a “expressão noturna
das nossas frustrações diurnas”.

O recalcamento é uma força que, mediante um mecanismo chamado censura,


mantém fora da consciência os desejos e as pulsões provenientes do inconsciente.
Os desejos recalcados encontram no sonho uma satisfação velada, simbólica.

Uma paciente relatou a Freud um sonho em que comprava um magnífico chapéu


muito caro e preto. Este é o conteúdo manifesto do sonho. Como descobrir o
conteúdo latente? Freud sabe que a paciente está casada com um homem
doente, de idade muito avançada e apaixonada por um homem relativamente
jovem e rico.
• O belo chapéu significava uma necessidade de ostentação para seduzir o
homem amado.
• O preço elevado simbolizava o desejo de riqueza.
• O chapéu negro, chapéu de luto, representava simbolicamente a vontade de se
ver livre do marido, obstáculo à satisfação dos seus desejos.
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ATOS FALHADOS

São a forma disfarçada de impulsos de que não temos consciência, mas que são
indesejáveis, se exprimirem.

O inconsciente manifesta-se incessantemente e os atos falhados são o modo, por


vezes grotesco, mas nunca doentio, de os conteúdos e representações
inconscientes vencerem a barreira da censura.

Freud cita o exemplo de um amigo que escreveu uma carta, mas se esqueceu de a
enviar durante vários dias. Finalmente, enviou-a mas os correios devolveram-na
porque não tinha destinatário. Pôs a morada no envelope e enviou-a de novo. Foi
outra vez devolvida porque não tinha selo. Tais “falhas” exprimem
inconscientemente o desejo de a carta não chegar ao seu destino.

Um homem que declarou “Está um belo sono” em vez de “Está um belo sol”
manifesta inconscientemente o desejo de dormir.

O presidente da Câmara dos representantes Austríaca teria uma vez dado início à
reunião dizendo: “Senhores, verifico a presença de todos os deputados, por isso,
declaro a sessão encerrada.” Manifestava o desejo inconsciente de se ir embora.

ESTRUTURA DA PSIQUE – 1ª TÓPICA

O Consciente corresponde à dimensão racional da Psique. Ao nível do Consciente tomamos


conhecimento da realidade exterior e, também, dos nossos conteúdos mentais não
recalcados ao nível do inconsciente.
O Inconsciente é, então, a mais importante instância da Psique, e a mais vasta. É aí que está a
chave para a interpretação do sentido de todos os nossos comportamentos e, em geral, da
nossa vida psíquica.
Entre o Consciente e o Inconsciente, existe uma antecâmara, o Pré-consciente, que permite que
alguns conteúdos do Inconsciente acedam à consciência, mas “travestidos”, “disfarçados,
por forma a evitar distúrbios ao nível do consciente.

ESTRUTURA DA PSIQUE – 2ª TÓPICA

ID

O ID (isso) é o termo usado para designar uma das três instâncias apresentadas na
segunda tópica das obras de Freud.

Formado por instintos, impulsos orgânicos e desejos inconscientes e regido pelo


princípio do prazer, que exige satisfação imediata.

É a energia dos instintos e dos desejos em busca da realização desse princípio do


prazer. É a libido.
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EGO

O Ego é a soma total dos pensamentos, ideias, sentimentos, lembranças e


percepções sensoriais.

Obedece ao princípio da realidade, ou seja, à necessidade de encontrar objetos que


possam satisfazer o id sem transgredir as exigências do superego.

“É um dado complexo formado primeiramente por uma percepção geral do nosso


corpo e existência e, a seguir, pelos registos da nossa memória.”

SUPEREGO

É inconsciente, é a censura das pulsões que a sociedade e a cultura impõem ao id,


impedindo-o de satisfazer plenamente os seus instintos e desejos.

É a repressão, particularmente, a repressão sexual. Manifesta-se à consciência


indiretamente, sob forma da moral, como um conjunto de interdições e deveres, e
por meio da educação, pela produção do "eu ideal", isto é, da pessoa moral, boa e
virtuosa.
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TEORIA DA MOTIVAÇÃO

1. Todas as nossas motivações são pulsionais.

2. A pulsão é uma força ou energia que tem como fonte uma tensão orgânica
contínua e como objetivo a descarga da tensão acumulada.

3. A libido (desejo sexual) é a principal manifestação da energia pulsional, pelo que


desempenha um papel preponderante nos nossos comportamentos.

4. A não libertação das energias pulsionais acumuladas (na maior parte das vezes
pela intervenção do superego) gera conflitos intrapsíquicos que conduzem à
ansiedade e à neurose.

5. Se a saída normal (para a libertação dessas energias) estiver bloqueada, a


libertação tenderá a realizar-se por outras vias.

6. Existe um conjunto de mecanismos de defesa do ego que permitem resolver os


conflitos intrapsíquicos, garantindo o equilíbrio psíquico do indivíduo.

MECANISMO DE DEFESA DO EGO

WATSON E O COMPORTAMENTO

PIAGET E A COGNIÇÃO

BRUNER E O SIGNIFICADO
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FREUD E O DESENVOLVIMENTO PSICOSSEXUAL

Uma das mais importantes descobertas de Freud é a de que há uma sexualidade


infantil: o psiquismo humano forma-se a partir dos conflitos que, desde o
nascimento, confrontam os instintos sexuais (a Libido) e a realidade.

Podemos dizer que, em termos psicanalíticos, nós somos o resultado da história


da nossa infância.

A nossa infância “persegue-nos” ao longo de toda a nossa vida, uma vez que é
nesse período que a nossa personalidade se desenvolve.

Ao longo da infância o inconsciente (ID) vai dividir-se e dar origem às outras


instâncias da Psique (EGO E SUPEREGO).
Para Freud o impulso sexual e a procura do prazer erótico determinam o
desenvolvimento afetivo do ser humano. Em cada estádio de desenvolvimento a
fonte de satisfação é uma zona diferente do corpo (zona erógena). A sexualidade
não se reduz à manipulação ou contacto genital.

ESTÁDIO ORAL (do nascimento até cerca dos 12 meses)


A zona erógena principal é a boca: o bebé obtém prazer ao mamar, ao levar
objetos à boca e através de estimulações corporais.

A sexualidade é autoerótica.

O desmame corresponde a um dos primeiros conflitos vividos: o ID, orientado


pelo princípio do prazer, é dominante, opondo-se ao Ego, que se rege pelo
princípio da realidade.

É neste estádio que o Ego se forma.

ESTÁDIO ANAL (1-3 anos)


A zona erógena principal é a região anal: a criança obtém prazer pela estimulação
do ânus ao reter e expulsar as fezes.

Pela primeira vez, condicionantes externos limitam o impulso. A criança deve


aprender que não pode “aliviar-se” onde e quando quer (mais uma vez o conflito
entre o princípio do prazer e o princípio da realidade).

É nesta fase que se faz a educação para a higiene. Se esta é demasiado exigente e
severa a criança desenvolverá um caráter anal-retentivo que poderá generalizar-se
a outros comportamentos (teimosia, mania da pontualidade, avareza, egoísmo e
obsessão pela ordem e pela limpeza. Se a criança reagir às excessivas exigências
de higiene desenvolverá um caráter expulsivo-anal (crueldade, violência, rebeldia
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e desorganização). Uma educação equilibrada promove a criatividade, a


produtividade e a generosidade.

O controlo da defecação gera simultaneamente sentimentos de dor e de prazer –


ambivalência.

A sexualidade é autoerótica.

Há um reforço do ego.

ESTÁDIO FÁLICO (3-5/6 anos)


A zona erógena principal é a região genital: os órgãos sexuais são estimulados
pela criança obtendo prazer. A curiosidade sobre as diferenças sexuais é grande.

Surge o complexo de Édipo (Electra nas raparigas ) que consiste na atração da


criança pelo progenitor do sexo oposto e na agressividade pelo progenitor do
mesmo sexo. O rapaz tem, na verdade, pavor que o seu pai o castre, eliminando
assim a base ou a fonte dos seus instintos – complexo de castração.

O recalcamento do desejo sexual incestuoso leva a um mecanismo de defesa que


se chama identificação – o rapaz adota o comportamento, valores e atitudes do
pai(ao aproximar-se do pai este torna-se menos ameaçador). É a partir daqui que
se forma o superego e se supera o complexo de Édipo.

No caso da rapariga (complexo de Electra) ela sente-se castrada, por não possuir
o mesmo orgão sexual que os rapazes e responsabiliza a mãe (“inveja do pénis”).
A rapariga transfere o seu amor para o pai, aspirando ocupar o lugar da mãe. A
superação desta fase leva à identificação com a mãe.

A sexualidade autoerótica passa a ser investida nos pais.

PERÍODO DE LATÊNCIA (6-11/12 anos)


Período caracterizado por uma aparente atenuação da atividade sexual.

É neste estádio que ocorre a amnésia infantil: a criança reprime no inconsciente


as experiências que a perturbaram no estádio fálico. É uma forma de defesa.

A energia da libido é sublimada nas atividades escolares, atividades desportivas,


jogos e brincadeiras, ganhando especial importância as relações que estabelece
com os colegas e com o professor.

ESTÁDIO GENITAL (após a puberdade)


A zona erógena principal é a região genital.

Na adolescência, em virtude da maturação do aparelho genital e da produção de


hormonas sexuais, renascem ou reativam-se os impulsos sexuais.
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É um período em que os conflitos dos estádios anteriores podem ser resolvidos.

Ultrapassa-se o complexo de Édipo e assume-se uma sexualidade socialmente


aceite.

Desenvolve-se o desejo de gratificação sexual mútua – capacidade de amar e


partilhar o prazer (ultrapassagem da sexualidade autoerótica).

Os impulsos egoístas do ID são sublimados (casamento, educação dos filhos,


desempenho profissional).

PIAGET E A COGNIÇÃO

De acordo com Jean Piaget, todos os comportamentos humanos resultam da


interação organismo – meio, de fatores inatos e adquiridos – interaccionismo.

O mecanismo de interação é bidirecional – o sujeito colhe do ambiente


informações incorporando-as nas suas estruturas (assimilação), ao mesmo tempo
que as estruturas se modificam pelo efeito das informações, dos conhecimentos
incorporados (acomodação).

Esquemas – Padrões de comportamento e de pensamento que organizam


a nossa interação com o meio. (Ex: Nos bebés, os primeiros esquemas
baseiam-se em ações: chupar, agarrar)

Assimilação – Processo que integra ou incorpora novas informações em


esquemas já existentes. Mediante a assimilação, respondemos a uma
nova situação de modo semelhante ao que adotamos numa situação
familiar, sem necessidade de modificar os esquemas existentes. (Ex: A
criança que aprendeu a segurar numa colher, demonstra assimilação
ao segurar num garfo)

Acomodação – Processo de ajustamento dos esquemas existentes (ou


criação de novos) quando as novas informações e experiências não
podem ser assimiladas. (Ex: A criança habituada ao ato da chupar no
biberão ou no seio materno, terá de criar um novo esquema quando
começar a comer com colher)

Equilibração – Processo que consiste em procurar estabelecer um


equilíbrio entre assimilação e acomodação, que nunca é absoluto.

O behaviorismo, de inspiração empírica, pressupõe que a criança se assemelhe a


uma “tábua rasa”, limitando-se a receber passivamente as informações
provenientes do meio.
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O construtivismo defende que a criança participa ativamente na construção das


suas estruturas ou esquemas interpretativos do real.

O indivíduo é uma construção continuada, marcada pelas experiências vividas ao


longo do seu desenvolvimento.

O trabalho de Piaget centrou-se no desenvolvimento da inteligência infantil,


procurando perceber o modo de construção do conhecimento humano dando
origem à Epistemologia genética um dos ramos da psicologia atual.

Analisando os erros cometidos pelos alunos do ensino primário na realização de


testes verificou que estes eram semelhantes, obrigando-o a explicar o pensamento
das crianças com qualidades diferentes do pensamento do adulto.

A sua questão: Como é que o conhecimento humano é ampliado?


A sua resposta: O conhecimento é uma construção progressiva de estruturas
lógicas que vão sendo suplantadas por outras estruturas lógicas mais complexas e
mais poderosas até à idade adulta.

Assim a lógica infantil e os seus modos de pensar são inteiramente diferentes dos
adultos.

O desenvolvimento cognitivo processa-se através de estádios (etapas) e é


influenciado por fatores hereditários e sociais.

ESTÁDIO SENSORIOMOTOR (0 – 2 anos)


Desenvolvimento das capacidades percetivas e motoras.

Coordenação das respostas.

Noção de permanência do objeto. (Colocada uma barreira entre a criança e um


objeto, ela vai conseguindo perceber que ele ainda lá está)

A adaptação ao meio faz-se através de esquemas sensório-motores.

Inicio da função simbólica.

Ações motoras e baseadas nos sentidos. Inteligência prática. Pensamento pré-


lógico.

ESTÁDIO PRÉ-OPERATÓRIO (2 – 7 anos)


(Desenvolvimento da função simbólica (através da imitação ou faz-de-conta,
criação da imagem mental de objetos ou pessoas não presentes, desenho).

Crescente uso do pensamento simbólico e da linguagem, mas ainda de forma pré-


lógica. Passa-se da inteligência prática para a inteligência representativa. Período
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de centração ou egocentrismo (a criança não percebe que, sobre a realidade, há


outras perspetivas para além da sua).

Pensamento irreversível – pensamento intuitivo baseado na perceção dos dados


sensoriais, na aparência (Ex: depois de ter constatado que dois copos têm a mesma
quantidade de água, se diante dela se verter o líquido de um dos recipientes para
um copo mais alto e mais fino, a criança responderá que este tem maior quantidade
de água.).

ESTÁDIO DAS OPERAÇÕES CONCRETAS (7 – 11 anos)


Desenvolvimento da reversibilidade (a criança já é capaz de dizer que a
quantidade de agua no copo mais alto e fino é a mesma.)

Desenvolvimento da descentração (capacidade de, ao mesmo tempo, considerar


mais do que um atributo de um objeto).

Neste estádio a criança desenvolve a noção de conservação da matéria sólida e


líquida e mais tarde do peso e do volume. Já é capaz de fazer classificações e
seriações.

A atividade intelectual já não se submete à intuição, mas a regras lógicas, que se


efetuam sobre objetos e eventos presentes e objetos concretos que podem ser
manipulados.

ESTÁDIO DAS OPERAÇÕES FORMAIS (11 anos em diante)


Desenvolvimento do pensamento lógico-formal.

Egocentrismo intelectual – crença no poder ilimitado da reflexão.

Pensamento hipotético-dedutivo (deduz conclusões a partir de hipóteses e já não


apenas da realidade concreta).

As operações lógicas passam da manipulação concreta para as ideias abstratas.


Conclusões a partir de hipóteses e não da realidade concreta.

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