Aspectos Da Evolucao Urbana de Sao Luiz Gonzaga
Aspectos Da Evolucao Urbana de Sao Luiz Gonzaga
Aspectos Da Evolucao Urbana de Sao Luiz Gonzaga
1. Introdução
1Arquiteto e Urbanista, graduado pela Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul. Pesquisador nos temas: metabolismo urbano, ecologia urbana e evolução urbana.
2. Método
Vieira (2010) afirma, por meio do título de seu trabalho que “templo já não é”,
fazendo referência à ausência dos remanescentes do que foi a redução de San
Luís. Indo ao encontro dela, Stello (2013) aponta a necessidade de uma visão
acerca do patrimônio da região missioneira que vá além do período jesuítico,
passando a considerar as contribuições das colonizações portuguesa, russa,
polonesa, italiana, dentre tantas outras que aqui se instalaram.
4. Evolução Urbana
Povoar a região seria uma medida, segundo essa autora, estratégica do ponto
de vista de segurança, considerando as várias guerras que ocorriam no
entorno, como as recentes independências dos países vizinhos (Uruguai e
Argentina), além de uma série de guerras civis.
Em 1880, a Paróquia de São Luiz recebe elevação a Vila de São Luiz Gonzaga,
recebendo emancipação de Santo Ângelo. Em 1889, a saída da família real e
proclamação da República abre espaço para novos cargos nacionais. José
Gomes Pinheiro Machado torna-se, em 1891, senador da República (GOMES,
1981). Para o desenvolvimento de São Luiz, o fato é relevante tendo em vista a
proximidade que o político mantinha com sua cidade. A partir da instalação
do primeiro governo municipal, em 1896, a cidade passou a receber maior
número de edificações. O poder político do senador pode ser observado na
construção da ponte de pedra sobre o rio Piratinim, datada de 1898.
Em 1907, inicia-se, sob a articulação do Senador, a obra para a linha férrea que
chegaria até a cidade. Cinco anos antes, São Luiz havia sido elevada à condição
de cidade. Em 1912 o próprio Senador leva para a cidade o primeiro automóvel,
percorrendo os 150 quilômetros entre São Luiz Gonzaga e a cidade de
Tupanciretã em uma semana (GOMES, 1981).
Figura 4: Planta da área urbana de São Luiz Gonzaga, em 1923, feita pelo Engenheiro
Alexandre Martins Rosa. Fonte: VIEIRA (2010)
Cabe terminar esta seção com uma citação colocada ao final do trabalho de
Vieira (2010), acerca da atuação dos intendentes de São Luiz Gonzaga na
prática da administração da cidade. Segundo ela, eles agiram com
Um discurso em prol do cuidado com os vestígios missioneiros; mas
esse discurso nem sempre significou uma ação efetiva de preservação
a ponto de ser quase que totalmente extinto o patrimônio missioneiro
originário, na medida em que as terras, terrenos e imóveis foram sendo
adquiridos. Como se constatou, novas casas e edificações foram sendo
construídas em meio às ruínas da redução de San Luís, sem o devido
cuidado, de parte de alguns, com a preservação do patrimônio, do que
pouco ou quase nada restou. Essa possibilidade, evidentemente, não
foi sequer cogitada pelos partidários do PRR, em seu afã de urbanizar
e modernizar os centros urbanos estratégicos do estado (VIEIRA,
2010).
O único dado que pode ser observado decorre de que, na análise das imagens
da cidade, na década de 1940, já se encontram ruas de malha ortogonal
demarcadas e não ocupadas, indicando que uma planta prevendo expansões,
teria sido feita, entre as décadas de 1920 e 1940, como alternativa à planta de
1923.
40,000
Evolução da população urbana 33564
30,000
de São Luiz Gonzaga: 27,500
30,508
20,000
7,618
10,000 6,182
2,922 3,473 3,500 2,350
446 300 5,000
0
1687 1702 1732 1768 1801 1827 1859 1922 1930 1966 1992 2010
O gráfico acima pode ser tomado com um resumo da história contada ao longo
do texto. Com uma fundação em 1687, a redução passou um período de
crescimento populacional e econômico, até encontrar a crise e o colapso
decorrentes do tratado de Madri. Em 1801, ainda havia moradores que, porém,
foram expulsos pelos sistemáticos ataques às cidades jesuíticas, restando
apenas ruínas e cerca de 300 habitantes. Então, o crescimento reinicia, até o
auge do período de comando da família Pinheiro Machado. As revoltas dos
anos 1920 fazem decair novamente a cidade, que retoma crescimento após
1930, entrando em uma exponencial socioeconômica, em consonância com o
contexto mundial. E, a partir de 1992, a cidade sofre uma leve queda
populacional.
5 Conclusão
6 Referências
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