2011 Antonio Marcal Bonorino Figueiredo 2
2011 Antonio Marcal Bonorino Figueiredo 2
2011 Antonio Marcal Bonorino Figueiredo 2
LA ADMINISTRACIÓN 113
113
Jornal Commércio, Uruguaiana, edição de 22/03/1896.
114
COLVERO e SOARES, [Orgs.] et al, 2010, op. cit., p. 96 e 112.
74
O vovô começou nos idos de vinte e dois, com o plantio. A princípio eram
trinta e cinco mil mudas, plantas em plena produção. Construiu o Packing
House, [...] eram lavadas, elaboradas, preparadas [...] cruzavam em barco,
nas chatas antigas [...] Passavam o porto e do lado argentino [....] tinha um
terminal ferroviário, [...] entravam em “containeers” que eram alimentados a
gás, pra fazer a climatização da laranja, [...].
115
Idem entrevista de E. Mondadori e R. Alves Filho.
116
Idem entrevista de P. Schenini.
75
Mapas ferroviários mostram que realmente o traçado dessa ferrovia liga Buenos
Aires e Assunção. Margeia o território brasileiro, da Barra do Quaraí até São Borja – Figura
nº 14 e Figura nº 15. Daí segue para Possadas-Encarnação, com travessia sobre o rio Paraná.
Esse trem continua trilhando, arrastando-se, diariamente na mesma ferrovia, produzindo o
mesmo barulho que soa na brasileira Itaqui ao atravessar a várzea do rio Aguapey, afluente no
rio Uruguai com desembocadura entre Alvear e a jesuítica La Cruz [12 km de Itaqui, via
fluvial].
117
CAMARGO, Fernando. O Malón de 1801: a guerra das laranjas e suas implicações na América Meridional.
Porto Alegre: PUC, 2000, p. 239, 397-400.
118
CESAR, 2002, op. cit., p. 216.
79
119
FLORES, 1996, op. cit., p. 190.
120
FORTES e WAGNER, 1963, op. cit., p. 267.
121
SILVEIRA, 1979, op. cit, p. 383.
122
FORTES e WAGNER, 1963, op. cit., p. 267.
80
Fonte: FLORES, Moacyr. República Rio-Grandense: realidade e utopia. Porto Alegre: EdPUCRS, 2002, p.
44.
Figura nº 16.
81
Já nos seus primeiros anos, o distrito da Cruz ou povo da Cruz tinha comércio
florescente em função da presença de peninsulares e da proximidade com as duas principais
capitais platinas, Montevidéu e Buenos Aires. “Em 1853, Itaqui tornara-se uma pequena, mas
ativa praça comercial, tirando de São Borja o empório do comércio da erva-mate
123
missioneira”. Pelo trecho transcrito, observamos a denominação Itaqui para o referido
distrito. Administrativamente o mesmo esteve ligado à São Borja até 1858, quando se
emancipou e alcançou a categoria de vila, passando a chamar-se vila de Itaqui.124
Pensamos mais tarde, que a visita desse diplomata teria antes por fim obter
de seus patrícios donativos para a campanha empreendida por Vitor
Emanuel, Cavour e Garibaldi da unificação da Itália, do que informar-se do
123
SILVEIRA, 1979, op. cit., p. 383.
124
FLORES, João Rodolpho Amaral. A Vila de São Borja (1834-1887) numa conjuntura de transição: história
sócio-econômica e geopolítica. São Leopoldo: Unisinos, 1996, p. 94. Dissertação de mestrado em História.
125
SILVEIRA, 1979, op. cit., p. 384.
82
Alexandre testou deixar seus bens à Angélica, dentre os quais existiam quatro
casas em pagamento por serviços prestados. Para o segundo testamenteiro, designou o
inventariante Anibal Carini, residente em Itaqui, constando que era seu amigo e compadre.
Deduz-se que Anibal Carini, pelo nome, também fosse italiano.
130
APERGS – 1873. Inventário nº 3, Maço 1, Estante 115.
84
131
Entrevista de I. Dellamora Filho. Itaqui, em 14/11/2009.
132
APERGS – 1898. Inventário nr 47, Maço 17, Estante 114.
133
Arcebispado de Montevidéu. Livro de Batismos nº 12/Catedral, folha 112-verso.
134
APOLANT, Juan Alejandro. Familia uruguaya, génesis da. Montevideo: Vinaak, 1975, p. 1090-1091.
135
VEGAS, Diego Jorge Herrera. Famílias argentinas. Buenos Aires: Ediciones Callao, 2006, p. 530.
85
função de tradutor como se constata nos inventários de João del Giorgio e Manoel Di Amico,
adiante.
O cônego João Pedro Gay noticia a presença deste genovês em São Borja.137
Quando os paraguaios invadiram a vila de São Borja em junho de 1865 e praticaram saques e
depredações, dentre os estrangeiros incomodados encontrava-se Francisco Bergallo. João
Pedro Gay relata que várias vezes os intrusos avançaram na casa da residência do genovês
referido, atacando por três pontos ao mesmo tempo: pelas portas da loja de negócios, pelo
corredor da residência da família e pelo portão do pátio. Relatou Gay que o comerciante
Bergallo foi muito insultado e quase foi degolado no dia 22 de junho de 1865, para que os
saqueadores conseguissem do mesmo o que desejavam.
136
APERGS – 1878. Inventário nº 1281, Maço 29, Estante 94.
137
GAY, 1980, op. cit., p. 87.
138
MOTTIN, Antonio; e CASOLINO, Enzo. Italianos no Brasil – contribuições na literatura e nas ciências,
séculos XIX e XX. Porto Alegre: EdPUC, 1999, p. 17.
86
João Fava – Natural da Itália, fls. 2 e 3, sem filhos, deixou a esposa Joaquina de
Mello Fava, que é a inventariante. Faleceu em 10/12/1877, em São Borja. Dentre seus bens,
consta:
Duas partes de campo havidas por herança nos inventários dos finados pais
da inventariante, em uma chácara sita além do banhado denominado Pasa-
boi, primeiro districto desta Villa, calculada em meia légua de extensão de
campo, [...]. 139
João Del Giorgio – O inventário do italiano João del Giorgio foi aberto em 1886,
140
em Itaqui. Foi inventariante Emilia Girodetti. No seu termo de declarações, Emilia
declarou que o inventariado residia há muitos anos na casa dela declarante e que faleceu em
1º/01/1886, em Alvear, República Argentina, onde foi procurar recurso médico ou, como
consta em seu inventário, de “[...] curioso [...]”, em virtude de moléstia grave que o colocou
de cama por mais de um ano, “[...] sempre em uso de remédio, [...]”. Declarou, também, que
“[...] consta que o finado tem pai vivo no reino da Itália, Lombardia, Província Disondrio,
Povo Chiavenna”. Leia-se província de Sondrio. Observa-se o nome de dois italianos credores
do inventariado: Paulo Ruffoni, negociante e Bernardo Piffero. Este realizou despesas para o
preparo do funeral.
Na fl. 6 dos autos, a inventariante pede ao juiz para que seja juntado ao
inventário:
“[...] uma carta do pai do inventariado, pela qual se pode ver que deixou
pais e irmãos vivos, e o lugar em que se acham”. Foi realizada uma
promessa escrita de pagamento de dívida do inventariado à inventariante
Emilia Girodetti, que se assina Del Giorgio Giovanni, prevenindo que como
estava doente e partia em busca de tratamento, caso morresse seus bens
respondessem pela obrigação. A Câmara Municipal de Itaqui, em 27 de
outubro de 1875 concedeu licença para que “[...] João del Jorge, pedreiro
[...]”, edificasse em terreno que indica a localização, lindeiro “[...] com
terrenos concedidos a Antonio Roncoli em 14 de janeiro de 1871,[...]”.
139
APERGS – 1878. Inventário nº 398, Maço 13, Estante 94.
140
APERGS – 1886. Inventário nº 383, Maço 14, Estante 114.
87
O juiz da abertura deste inventário, que no futuro veio a ser o autor de Missões
Orientais e seus antigos domínios, é José Hemetério Velloso da Silveira. Quando da visita de
Cerutti, judicava em Itaqui e vê-se que narra os fatos com segurança e conhecimento de causa.
141
APERGS – 1856. Inventário nº 65, Maço 3, Estante 114.
142
SILVEIRA, 1979, op. cit., p. 384.
88
Sua presença nessa cidade dava-se desde o ano de 1855, em virtude da sua função de juiz
com sede em São Borja, como ele mesmo narra em sua obra escrita posteriormente.143
Em 02/07/1856, João Baptista Canepa foi nomeado tutor dos filhos órfãos de
Manoel Di Amico. Em 29/07/1859, o juiz, ao julgar prestação de contas, determinou que
fosse apresentado recibo da quantia entregue pelo tutor ao “[...] marido da orphão
Gomecinda, [...]”. Em 18/06/1861, o tutor pede prazo para apresentar documentos de
143
SILVEIRA, 1979, op. cit., p. 102 e 384.
89
Diz João Baptista Canepa que quer justificar perante V. Sa. com assistência
da viúva e filhos do finado Diamico, com as testemunhas abaixo o seguinte:
lº - Que tendo vindo a esta Freguesia do Itaqui, o finado Diamico fez uma
compra de ervas, e para pagamento dellas foi preciso sacar duas cartas de
90
Paulo Difendente Minoggio – Consta no seu inventário que era natural do “[...]
Reino da Itália [...]” e que faleceu em 05/08/1922, em Itaqui, com 69 anos. Deixou três
filhos: Ambrosina, Paschoal e Arthur.144 De entrevista com a viúva de Francisco de Assis
Noronha Minoggio, filho de Arthur e sobrinho de Paschoal, tem-se: “[...] o meu marido falava
que eles chegaram por Buenos Aires. O [...] Arthur já nasceu aqui”. Acrescentou que desde o
tempo de estudante de engenharia em Buenos Aires, Paschoal gostava muito de doces: “Aqui
mesmo, em Itaqui, [...] já estava velho, eu fazia doce e o meu marido levava pra ele”.145
144
APERGS – 1911. Inventário nº 155, Maço 4, Estante 115.
145
Idem entrevista de R. Sastre Minoggio.
146
SANTOS, Paulo Corrêa dos. Agenda 150. Itaqui: Novigraf, 2008, p. 64.
147
Ib., p. 64.
148
J. Rossi Nery, Jornal A Verdade”, Itaqui, edição de 30/03/1996.
91
149
APERGS – 1902. Inventário nº 513, Maço 19, Estante 114.
150
APERGS – 1887. Inventário nº 402, Maço 15, Estante 114.
92
bens ditos no Reino da Itália, descriptos afolhas oito verço, por ser desconhecido o valor dos
mesmos; do que fiz este termo que todos assignarão”.
151
Arcebispado de Montevideo, Livro de Batismos nº 10/Catedral, folha 403-verso.
152
GONZÁLEZ, Jorge F. Lima Bonorino. Bonorino y González Bonorino. Buenos Aires: Editorial Armerías,
2008, p. 26.
153
APERGS – 1875. Idem Inventário nº 185.
154
BONPLAND, Aimé. Diário Viagem de São Borja à Serra e a Porto Alegre. Transcrição do manuscrito
original, notas e revisão pela Dra. Alicia Lourteig. Porto Alegre: Instituto de Biociências-UFRGS, 1978, p.
131.
93
Pela obra de José Hemetério Velloso da Silveira e do cônego João Pedro Gay,
sabe-se que os súditos italianos mencionados por “ [...] irmãos Canepa [...]”, encontrados em
Itaqui por Marcelo Cerruti, representante do governo da Sardenha, chamavam-se Luiz Canepa
e Francisco Canepa. 156
Em outra obra sua, História da República Jesuítica, o cônego João Pedro Gay
elaborou um mapa dos barcos que, em 1863, navegavam no rio Uruguai, no trecho chamado
Alto Uruguai e que correspondia às povoações de São Borja e Itaqui. No mapa referido
constata-se que os referidos irmãos Canepa, ou Luiz Canepa e Francisco Canepa, eram
proprietários dos barcos Catharina e São Felippe.157 No APERGS encontram-se os autos do
inventário de Manoel Di Amico, mencionado por Silveira. O inventariante chamava-se João
Batista Canepa, como visto. 158
155
Idem entrevista de M.L. Cademartori Aramburu e M.C. Cademartori de Moura.
156
GAY, 1863, op. cit., p. 481-seg.
157
Ib., p. 481-seg.
158
APERGS – 1856. Idem Inventário nº 65.
94
Bianchi, Marcenaro. E o nome de alguns desses barcos lembram o mundo italiano, além dos
dois citados: o Ligúria, o S. Gio Batto, o Pensamento Italiano, o Diamela, o S. Filippe.
Uruguaiana, desde cedo, também contou com forte presença italiana, face sua
maior aproximação geográfica com Montevidéu e Buenos Aires. Carlos Fonttes e Daniel
Fanti, pesquisando e escrevendo sobre fatos da história uruguaianense, em 2008 lançaram a
obra Uruguaiana – na linguagem plástica e histórica. Fanti exerceu a função de secretário da
Sociedade Italiana União e Beneficência de Uruguaiana na administração de Salvador Faraco,
resgatando o acervo histórico da entidade. Provavelmente com base em anotamentos do
historiador Raul Pont no Centro Cultural Dr. Pedro Mariani em Uruguaiana, escreveram, sem
indicação da fonte: “Sabe-se que antes de 1877, aqui se encontravam-se os Mascia, os Scola,
Vetoriani, Ferrari, Felliciati, Fittipaldi, Motta, Cernicochiaro, Passarelo, Filatondi [...].” 159
159
FONTTES, Carlos; e FANTI, Daniel. Uruguaiana: na linguagem plástica e histórica. Santa Maria: Gráfica
Pallofi, 2008, p. 75.
160
POMER, Leon. Os conflitos da bacia do Prata. São Paulo: Editora Brasiliense S.A., 1979, p. 42 e 124.
95
161
BEVERINA, Juan. La Guerra del Paraguay, (1865 – 1870). Buenos Aires: Tallares G. Buschi, 1943, p. 19.
96
Figura nº 17.
97
Figura nº 18.
98
162
FRAGOSO, AugustoTasso. História da Guerra entre a Tríplice Aliança e o Paraguai. Rio de Janeiro:
Imprensa do Estado-Maior do Exército, 1934, p. 215- 247 – vol. I.
163
POMER, 1979, op. cit., p. 136.
164
OVIEDO, Norma. Relaciones comerciales y conflitos fronterizos siglo XIX: Missiones en la red platina.
Porto Alegre: PUC, 1997, p. 28, 45, 168, 207. Dissertação em história.
99
em São Borja, que narramos a seguir – item 4.1 Conflito de súdito italiano e agente consular
com o governo brasileiro, é uma prova do quanto ora constatamos.
165
OVIEDO, 1997, op. cit., p. 144, 173, 207, 208.
166
SCHNEIDER, 2009, op. cit., p. 264-268.
100
tenham sido praticados antes mesmo dos invasores, por estrangeiros residentes e nacionais
brasileiros aproveitadores da situação, qualificando-os de os “[...] paraguaios daqui”. 167, 168
O cônego Gay diz que dentro da vila e no Passo de São Borja foram saqueados
quinze estabelecimentos públicos como a Câmara Municipal, o Cartório, a Mesa de Rendas.
A respeito dos estragos nesta, veremos no trecho que trata de conflitos de súditos italianos
com o governo brasileiro em face à acusação da prática de contrabando, que a Fazenda
Nacional mencionou que documentos da Mesa de Rendas em São Borja perderam-se com a
invasão paraguaia. Gay assinala que saques também foram praticados por estrangeiros
residentes em São Borja. 169
170
GAY, 1980, op. cit., p. 87.
102
[...] que lhe era impossível preservar do fogo a casa de sua morada se
incendiasse a casa de residência do vigário, por estarem contíguas, além de
que, continuou o basco, tinha alugado todas essas casas em sociedade com
vários indivíduos, um arquiteto italiano, um francês marceneiro, todos
trabalhadores na igreja nova, [...]. 171
O prejuízo decorrente de tais atos e fatos repercute até os dias atuais. Registros de
batismo, casamento e óbito existentes no referido cartório eclesiástico de São Borja, foram
destruídos. Consequentemente, foram perdidos documentos que comprovam vínculos
familiares de pessoas registradas nesse cartório. No caso de italianos, hoje descendentes
ressentem-se da falta de certidões como a de batismo e casamento de ancestrais, necessárias
para formalização de processos visando o reconhecimento da dupla cidadania italiana por
herança derivada da origem peninsular.
171
GAY, 1980, op. cit., p. 87-88.
103
artigos de negócio para lugar seguro antes da chegada dos paraguaios. Não tendo encontrado
tanto o que saquear como encontraram em São Borja, o invasor se vingou da penúria
deliberada nos estrangeiros e a “[...] maior parte perderam consideravelmente em seus
interesses”.
Uruguaiana não teve melhor sorte em relação aos dois municípios vizinhos
também vitimizados, onde a permanência da coluna invasora foi mais longa. O autor do texto
abaixo transcrito, membro da comitiva imperial e genro de Dom Pedro II, foi testemunha
ocular dos fatos por ocasião da chamada rendição de Uruguaiana:
[...] depois que por lá passou a invasão paraguaia, é uma cidade cheia de
ruínas. Não há uma só casa que não tenha sido saqueada; todos os objetos
que podiam ser utilizados ou levados, o foram; e tudo o mais, destruído.
Vêm-se pelas ruas cadeiras e canapés partidos; as portas foram arrombadas,
os vidros todos partidos; devastaram por devastar.173
172
GAY, 1980, op. cit., p. 151.
173
D´EU, Conde. Viagem militar ao Rio Grande do Sul. São Paulo: Cia. Editora Nacional, 1933, p. 158.
104
Fonte: BEVERINA, Juan. La guerra del Paraguay (1865-1870). Buenos Aires: Tallares G. Buschi, 1943,
croquis 3.
Figura nº 19.
105
[...] para que faça saber aos súditos italianos Vicente Gervázio, Santiago
Gabardi, José Piffero, Carlos Bonetti, Silvério Piaggetti e João Maria Bonetti
que o processo de reclamação pelos prejuízos que sofreram com a invasão
das forças do Paraguai nesta Província, tinham sido remetidos pelo
Ministério dos Negócios do Império ao de Estrangeiros, a fim de resolver a
respeito como entender, e que o Governo Imperial se não responsabilizava
pelas reclamações dos ditos italianos. 175
174
AHRGS – Legação Italiana. Ofício da “Régia Agência Consular de S. M. O Rei d´Itália em Porto Alegre” ao
Presidente da Província do Rio Grande de São Pedro, em 22/09/1865.
175
AHRGS – Legação Italiana, ofício expedido em 28/07/1866.
106
176
Idem APERGS – 1869. Inventário nº 169.
177
AHRGS – Legação Italiana, dois ofícios expedidos em 30/04/1866.
108
178
J. Rossi Nery, Jornal A Verdade, edição de 27/05/1995.
179
Entrevista de B. D. Rossi Nery. Itaqui, em 07/11/2011.
109
Há casos em que as fontes orais e documentais no País não foram suficientes para
aclarar a origem italiana e o porto de desembarque, tendo-se de buscar elementos probatórios
em Montevidéu e/ou Buenos Aires. Exemplificativamente, para Antonio Bonorino e Ângelo
Caetano Messa.
111
180
ORNELLAS , 1969, op. cit., p. 106.
112
Em outros locais do Rio Grande do Sul, a presença tirolesa também se fez notar,
inclusive com topônimos rememorando o território tirolês. A cidade de Taquara, RS, até certo
181
momento denominou-se Novo Tirol. A partir da Primeira Guerra, a parte meridional do
Tirol passou a constituir a região italiana do Trentino-Alto Adige.182
181
CENNI, Franco. Italianos no Brasil – andiamo in ´Merica´. São Paulo: EdUSP, 2003, p. 151-152.
182
Disponível: http//pt.wikipedia.org/wiki/Tirol – Acesso em 07/07/2011.
183
Entrevista de G. Vecchio. Itaqui, em 09/11/2009.
184
APOLANT, 1975, op. cit., p. 1090.
113
O apoio dos amigos e vizinhos também foi decisivo. É o caso de Pedro Ruffoni,
com o auxílio de membros da família Mondadori.191 Ou André Rossi, apoiado por João
Schenini que o precedeu na chegada, também em Itaqui.192 Em Uruguaiana, também tem-se
notícia de outros exemplos: “[...] começou um, depois veio outro. Veio Belline, [...]. O
Belline trouxe o Chiarelli. O Chiarelli trouxe o Mandarino. E todos começam a vir por
Montevidéu, todos vinham de Montevidéu”.193
185
Idem entrevista de M.L. Cademartori Aramburu e M.C. Cademartori de Moura.
186
Entrevista de J. César Fossari. Itaqui, em 09/11/2009.
187
Idem entrevista de A.C. Flain Petrini.
188
Idem entrevista de P. Schenini.
189
Entrevista de C. Chiarelli Mascia. Uruguaiana, em 29/04/2010.
190
Entrevista de M. C. Moreira Kaspel. Uruguaiana, em 30/04/2010.
191
Entrevista de A. Silveira Floriano. Itaqui, em 05/11/2009.
192
Entrevista de M. Neves e Carolina Rossi. Itaqui, em 05/11/2009.
193
Entrevista de G. Alfano. Uruguaiana, em 24/02/2010.
114
residentes em Buenos Aires, ao brasileiro Gennaro Alfano e a sua mãe pelo trabalho
desempenhado pela mesma a essa comunidade antes de emigrar.
194
ALFANO, 2006, op. cit., p. 40-41.
195
Idem entrevista de G. Alfano.
115
Há casos de imigrantes que entraram no Brasil por outros pontos da fronteira sul
ou estabeleceram-se em outros pontos do território nacional e por si ou descendentes
acabaram na focada área de atração. Tal se verificou com Antonio Contursi [Porto Alegre],
Magdalena Dondo [Livramento e Alto Uruguai], Carmem Gotuzzo [Pelotas], Gullermo
196
VILLELA, Urbano Lago. Uruguaiana, atalaia da Pátria: o homem, o meio e a história. Canoas: Editora La
Salle, 1971 – p. 301.
197
Entrevista de L. I. Escobar Vomero e M. Escobar Vomero. Itaqui, em 05/11/2009.
198
Entrevista de E. Palma Cocolichio. Porto Alegre, em 18/06/2010.
116
199
COLVERO e SOARES, [Orgs.], et al, 2010, op. cit., p. 24 e 64.
200
COLVERO, 2003, op. cit., p. 96.
117
[...] pelo que eles contavam, [...] era mais fácil eles emigrarem [...] pelo
Uruguai, pela Argentina que desembarcá direto no porto brasileiro [...] pelo
que eles falavam era mais fiscalizado que na Argentina e no Uruguai. Então,
eles vinham via fronteira, que a passagem do Uruguai, principalmente do
201
Idem entrevista de B. D. Rossi Nery.
202
Entrevista de G. N. Portella Trindade. Itaqui, em 15/06/2010.
203
SILVEIRA, 1979, op. cit., p. 386.
119
Uruguai para o Brasil, era mais fácil. Até mais fácil que na Argentina. Pelo
menos é o que eles falavam na época. 204
204
Entrevista de P. C. Rodrigues Beltran. Uruguaiana, em 30/04/2010.
205
ROCHE, Jean. A Colonização Alemã no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Globo, 1969, p. 97.
206
Anais da Câmara dos Deputados, Ano 1875, p. 71 – Tomo VI.
207
Anais da Câmara dos Deputados, Ano 1884, p. 33 – Tomo II .
208
Idem Anais, p. 36 – Tomo II.
120
209
GONZÁLEZ, 2008, op. cit., p. 39-40.
210
BALESTRA, Efraín Nuñez. Buenos Aires 1810: ¿revolución o golpe de estado? Montevideo: Orbe Libros,
2010, p. 115.
211
AGN, Bs As – Sala X, 14-5-1, 29/5/1827.
212
AGN, Bs As – Sala III, 60-3-11, Fecha 3/10/1882.
213
Entrevista de J. O. Ramos Sayago. Porto Alegre, em 1º/07/2010.
121
posto de brigadeiro. No início da sua carreira militar, participou de movimentos políticos e foi
obrigado a exilar-se em Montevidéu.214
214
Disponível: http//es.wikipedia.org/wiki/Osvaldo Cacciatore – Acesso em 20/07/2011.
215
Idem entrevista de A. Contursi e B. Contursi.
216
ROMAY, Hector. El tango y sus protagonistas. Buenos Aires: Bureau Editor S.A., 2004, p. 96.
217
Disponível: http://es.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Mar%C3%ADa_Contursi – Acesso em 08/07/2011.
218
Idem entrevista de M. L. Cademartori Aramburu e M. C. Cademartori de Moura.
219
Jornal El País, Montevidéu, edição de 13/02/2007 – “Despedida a la pianista Victoria Schenini”.
220
SILVEIRA, 1979, op. cit., p. 384.
122
221
APERGS – 1887. Inventário nº 401, Maço 14, Estante 114.
123
Pascual disse à autoridade policial que a publicação da notícia que mandou fazer
teve por fim “[...] dar conhecimento à Colônia Italiana da morte desse compatriota, afim de
que se tomassem as medidas que o caso exigia em relação aos bens que deixou o finado”. Em
1885 Santiago Ângelo, também chamado Santiago de Ângelo, constou como credor no
inventário do italiano Severino Bacchini, do qual Santiago era credor, “[...] deixa de
apresentar a conta por achar-se este ausente, na campanha”.222
222
APERGS – 1885. Inventário nº 1976, Maço 44, Estante 115.
223
APERGS – 1887. Idem Inventário nº 401.
124
mais socorreu brasileiros do que propriamente pessoas naturais da Itália: “[...] foi muito mais
socorro de brasileiros pobres do que de italianos necessitados.” 224
Vimos que o vocábulo colônia, ou colônia italiana, foi empregado por alguns dos
atores das narrativas anteriores. Rememorando, José Hemetério Velloso da Silveira referiu-se
à “[...] colônia de Itaqui [...], que em 1856 foi visitada pelo encarregado dos negócios da
Sardenha; em 1887, súdito italiano divulgou no Jornal O Uruguay, em Itaqui, a morte do
italiano Pascual Lorenço, talvez por julgá-la cercada de alguma ocorrência estranha, e disse
na repartição policial que assim procedeu para que o fato chegasse ao conhecimento da “[...]
Colônia Italiana [...]” local; Gennaro Alfano, em sua entrevista – vide Apêndice A – refere-se
à colônia italiana em Uruguaiana, e a outras.
224
ORNELLAS, 1969, op. cit., p. 39.
225
GIRON, Loraine Slomp; e BERGAMASCHI, Helois Eberle. Colônia: um conceito controverso. Caxias do
Sul: EdUCS, 1996, p. 7, 57-67.
125
em 1887, a Sociedade Italiana Itaquiense de Mútuo Socorro em Itaqui. Nos primeiros tempos
essas entidades acolheram e apoiaram muitos dos recém-chegados, até arranjarem trabalho,
mantendo-os em torno dos objetivos sociais estatutários e cultivando o espírito patriótico
nacional italiano.
226
DEVOTO, 2006, op. cit, p. 82.
227
Ib., p. 81.
228
Idem entrevista de A.C. Flain Petrine.
126
229
Statuto e Regolamento della Società Italiana di Mutuo Soccorso Unione e Benificenza. Uruguayana: Liv. e
Bazar Comercial, 1905.
230
FONTTES e FANTI, 2008, op. cit., p. 75.
127
231
Idem entrevista de P. C. Rodrigues Beltran.
232
Idem entrevista de G. Alfano.
233
Disponível: http://pt.wikipedia.org/wiki/Uruguaiana – Acesso em 17/04/2011.
234
FERRREIRA, Gabriela Nunes. O Rio da Prata e a consolodição do Estado Imperial. São Paulo: Editora
Hucitec, 2006, p. 199 – Tese de doutoramento.
235
PONT, Raul – Acervo. Centro Histórico Dr Pedro Mariani em Uruguaiana.
128
Só franceses existem mais de cem no lugar, entre eles gente de muito boa
educação e de irrepreensível conduta. 236
236
AVÉ-LALLEMANT, 1953, op. cit., p. 279.
237
FONTTES e FANTI, 2008, op. cit., p. 29.
129
238
ALFANO, 2006, op. cit., p. 23.
239
Entrevista de N. Eduarda Rastellí. Uruguaiana, em 29/04/2010.
240
Statuto e Regolamento della Società Italiana di Mutuo Soccorso Itaquiense. Buenos Aires: Est.Tipo-
Litográfico J.Carbone y Cia, 1920.
241
Entrevista de J. Piffero Signoretti. Itaqui, em 07/11/2010.
130
242
Entrevista de O. Cabral Moretti. Itaqui, em 09/06/2010.
243
Idem entrevista de J. O. Ramos Sayago.
244
Idem entrevista de J. Piffero Signoretti.
245
Cartório de Imóveis de Itaqui, Registro nº 501 Livro 3-A, folha 38, em 05/02/1897.
131
Vê-se que estas duas sociedades italianas, em Uruguaiana e Itaqui, eram entidades
ativas e que contavam com a presença de seus associados. O pertencimento de imigrantes às
mesmas foi lembrado por outros descendentes de italianos que aportaram na América do Sul
pelo Prata e arrolados neste trabalho, sobretudo no Apêndice A: Cacciatore, Caffarate,
Chiarelli, Degrazia, Fossari, Guglielmi, Moretti, Passarello, Piffero, Rastelli, Rossi, Schenini,
Signoretti, Vecchio. Tais sociedades amparavam seus afiliados nos momentos mais aflitivos,
inclusive as duas dispunham de túmulos chamados mausoléus, até hoje existentes em Itaqui e
Uruguaiana.
A inserção dos chegados à sociedade local se deu pelo trabalho e pelo cotidiano
nos espaços que começaram a ocupar, superadas as dificuldades iniciais com o apoio das
citadas sociedades de socorro mútuo. No seio da população local eram tidos por italianos,
facilmente identificados pelo sobrenome, seus traços físicos e as dificuldades no uso do
idioma português. Alguns se ocuparam no comércio como comerciantes ou comerciários,
verdureros ou tomateros, como tachados os que se dedicaram ao cultivo de hortas e
plantações no entorno urbano logo ao chegarem. Observa-se igualmente a presença de
biscateiros ou jornaleiros, autônomos nas mais diversas atividades. Outros eram construtores,
artesões, carpinteiros, marceneiros pedreiros, que trouxeram novo visual na arquitetura a
essas povoações de origem luso-espanhola.
246
ORNELLAS, 1969, op. cit., p. 39.
132
247
ORNELLAS, 1968, op. cit., p. 28-31.
248
João Rossi Nery, Jornal A Verdade, edição de 19/11/1994.
133
[...] o vovô plantava trigo, fazia vinho [...] o vinho da granja Itú era dele [...]
vendia vinho para a Presidência da República [...] naquele tempo no Rio de
Janeiro. O vovô trouxe os costumes de [...] agricultor [...] ele era agricultor:
plantava triiigo, milho, [...] arroz [...] em pequenas áreas [...] E tinha um
engenho lá, tocado à água, onde ele descascava arroooz, fazia farinha de
milho, farinha e trigo. E ali que ele vivia, [...] 250
249
Entrevista de Ê. Rodrigues Messina e F. Messina Escobar. Itaqui, em 26/11/2010.
250
Entrevista de C. B. Passamani dos Santos e Cláudia Passamani. Itaqui, em 19/03/2010.
134
251
VILLELA, 1971, op. cit., p. 279, 286 e 287.
135
N O M E O R I G E M PROFISSÃO NO BRASIL
Via Montevidéu:
Beltran, José ? Hoteleiro Déc. 1870
Bonapace, Paulo Tione,Trentino-Alto Ádige Comerciante 1889
Bonorino, Antonio * Mallare, Ligúria Comerciante 1830/1833
Braccini, Humberto * ? Pecuariarista Déc.1890
Cademartori, A. César Rapallo, Ligúria Marinheiro ?
Chiarelli, Matteu Lauria, Basilicata Ourives 1911
Deferrari, Antonio ? Agricultor Déc. 1900
Depedrine, Primo Lombardia Comerciante Déc. 1890
Dondo, Magdalena Vicenza, Vêneto Do lar Déc. 1880
Flain, Ângela B. Norte da Itália Hotelaria ?
Gotuzzo, Carmem Portofino, Ligúria Do lar Déc. 1890
Landarini, Fidêncio * Veneza, Vêneto Jornaleiro Déc. 1890
Lamarca, Alberto Acqua Fredda, Basilicata Funileiro 1922
Mandarino, Fellipe Lauria, Basilicata Sapateiro ?
Mautone, Guillermo Pisciotta, Campânia Comerciante Déc. 1890
Moretti, Domingos * ? Comerciante ?
Rastelli, Roberto Parma, Emilia Romanha Construtor 1922
Rossi, André Vicenza, Vêneto Comerciante ?
Ruffoni, Pedro Norte Itália (ilha marítima) Comerciante 1902
136
N O M E O R I G E M PROFISSÃO NO BRASIL
N O M E O R I G E M NO BRASIL PROFISSÃO
Vecchio, Paulo Oviglio, Piemonte Pecuarista ?
Veppo, João Maria ? Comerciante ?
Vitali, Antonio ? Jornaleiro ?
Vomero, Paschoal Nápoles Músico ?
Figura nº 22.
139
Figura nº 23.
140
Figura nº 24.
141
4 CONFLITOS E INTEGRAÇÃO
pertencente ao Império, fora por ter sido forçada pelo vento, porém sem intenção de
253
desembarcar os referidos objetos”. Tais fatos foram levados ao conhecimento da Legação
Italiana na Corte – Rio de Janeiro. Na documentação em arquivo, existe referência que diz
que a Mesa de Rendas de São Borja comunicou à Alfândega, que já havia transferido sua sede
para Uruguaiana, que “[...] os livros de termos de arrematação perderam-se com a invasão
paraguaia e que passava a dirigir-se ao Tesouro para que houvesse de resolver sobre a
questão.”
253
Idem AHRGS – Legação italiana Expediente interno da Inspetoria da Tesouraria de Fazenda da Província de
São Pedro do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre.
254
AHRGS – Legação italiana. Thesouraria de Fazenda da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul em
Porto Alegre. Comunicação nº 24, em 9/02/1864.
255
AHRGS – Legação italiana. Ofício da “Regia Agencia Consular de S. M. O Rei d´Italia em Porto Alegre” ao
Vice-Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, em 07/11/1866.
143
Salvo equívoco, o referido súdito Luis Risso, ou Luis Risso Burone, residia em
Montevidéu e seu nome constaria na obra abaixo referenciada.258 Transcreve-se alguns dados
registrados na mesma, que apontam tal possibilidade. Seu nascimento ocorreu em Gênova,
em 16/10/1820, onde batizado com o nome de Giuseppe Luigi. Dedicou-se ao comércio e,
em Montevidéu, foi sócio da empresa Navia y Risso. O sócio Carlos Navia foi diretor do
Banco Comercial desde sua fundação em 1857 até 1865. Risso foi membro da comissão
diretiva da Sociedad del Club Extranjero.
256
FORTES e WAGNER, 1963, op. cit., p. 450.
257
TILL, E. Rodrigues. Uruguaiana: cidade-civismo. Porto Alegre: Evangraf, 2003, p. 22 e 24.
258
RISSO, 2001, op. cit. p., 165.
259
AGN Montevidéu – 1920. Inventário n° 912, Juzgado Civil 3°.
144
Os imigrantes italianos que foram trabalhar a terra na horta por conta própria em
Itaqui, Uruguaiana ou São Borja, receberam certa repulsa, sobretudo do poderio da economia
pastoril. Não só por questão cultural, o povo da pecuária não gostava de agricultura. Foram
260
Entrevista de M. A. Degrazia Barbosa. Itaqui, em 09/03/2010.
145
Por estarem todos os campos povoados por criadores de gado e pela má qualidade
da terra para a agricultura, a administração do Rio Grande do Sul foi informada que não havia
terras próprias para colônias em Uruguaiana e, por extensão, em Itaqui e São Borja,
municípios na mesma sub-região e com a mesma história desde os tempos jesuíticos,
conforme texto de documento transcrito no Capítulo 4.261
O italiano Paulo Vecchio contrapôs-se aos Vargas em São Borja. Acaso ou não,
sua terra foi desapropriada nas imediações da cidade, conforme entrevista-depoimento de
neta.262
261
Ofício da Câmara Municipal de Uruguaiana, em Sessão de 28/04/1848, ao Presidente da Província. Centro
Cultural Dr. Pedro Mariani, em Uruguaiana, RS.
262
Idem entrevista de G. Vecchio.