Natividade-Tocantins: Registros de Sua História
Natividade-Tocantins: Registros de Sua História
Natividade-Tocantins: Registros de Sua História
RESUMO
Natividade, núcleo urbano mais antigo do estado do Tocantins, tem seu início datado em 1734,
originalmente chamada Arraial de São Luiz. Seu desmembramento aconteceu apenas em 1831,
quando foi elevada à categoria de vila. Durante muitos anos esteve na posição de um dos maiores
arraiais da Capitania de Goyaz e ocupou lugar de destaque na extração de ouro. Cidade colonial de
ruas irregulares e uma arquitetura que preserva suas características primeiras. Circundada a leste
pela Serra de Natividade, teve seu centro histórico tombado pelo IPHAN em 1987. De acordo com o
mesmo órgão, o centro histórico da cidade contempla 260 unidades e sua estrutura urbana
permanece praticamente íntegra, pois as áreas de ocupação mais recentes não interferiram na forma
de seu núcleo original. Mesmo apresentando caráter significativo em seu tempo, a história do lugar
encontra-se de difícil acesso. Com bibliografia e divulgação aquém de outras cidades semelhantes,
estudar o sítio tem tornado cada pesquisa um desvendar de sua história e uma descoberta de novos
fatos. O presente trabalho busca, portanto, trazer um levantamento da bibliografia e dos fatos
registrados a respeito da origem da cidade, datas, manifestações culturais, artísticas e religiosas além
de relatar de que forma seu espaço urbano é citado através dessas fontes.
Natividade, núcleo urbano mais antigo do estado do Tocantins, tem seu início datado
em 1734, originalmente chamada Arraial de São Luiz. Seu desmembramento aconteceu
apenas em 1831, quando foi elevada à categoria de vila. Durante muitos anos, esteve na
posição de um dos maiores arraiais da Capitania de Goyaz e ocupou lugar de destaque na
extração de ouro. Cidade colonial de ruas irregulares e uma arquitetura que preserva suas
características primeiras, é circundada a leste pela Serra de Natividade e teve seu centro
histórico tombado pelo IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - em
1987. De acordo com o mesmo órgão, o centro histórico da cidade contempla 260 unidades
e sua estrutura urbana permanece praticamente íntegra, pois as áreas de ocupação mais
recentes não interferiram na forma de seu núcleo original.
Bibliografia analisada
O livro faz ainda um breve relato histórico das origens da cidade, características do
espaço urbano e das construções, para posteriormente elencar o levantamento técnico de
exemplares arquitetônicos. Tal levantamento traz um formulário de cada edificação
catalogada com informações acerca do estado de conservação, localização e dados do
proprietário, além de um levantamento arquitetônico com plantas, cortes, elevações e
fotografia. Ao todo, foram catalogados 30 objetos, entre ruínas e edificações em geral.
O último título encontrado que trata exclusivamente do município é mais atual, escrito
pelo historiador Wátila Misla Fernandes, “Natividade – História, Esplendor e Resistência”
baseia-se na documentação cartorial de inventários e testamentos arrolados quando o autor
foi bolsista do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Tocantins e do
Projeto Registro Ourivesaria em Filigrana, e teve a incumbência de organizar e catalogar as
fontes primárias nativitanas, que ficavam guardados em um cômodo do Fórum Municipal.
No ano de 2009, Gil Felippe e Maria do Carmo Duarte Macedo publicaram o livro
“Amaro Macedo – O Solitário do Cerrado” o qual é um diário de viagem do naturalista Amaro
Macedo, que ao longo de sua trajetória buscava o conhecimento de novas espécies de
plantas no cerrado brasileiro. O livro, além de relatos sobre a vegetação, aborda aspectos
históricos, costumes, topografia e arquitetura das edificações, tendo o apoio da fotografia
em alguns relatos encontrados no mesmo.
Por fim, um compilado de artigos deu origem ao livro “Mulheres Negras no Brasil
Escravista e do Pós – Emancipação”, no mesmo se encontra um artigo escrito por Mary
Karash intitulado “Rainhas e Juízas – As Negras nas Irmandades do Pretos no Brasil
Central. 1772-1860”, o artigo relata a respeito da vida de mulheres negras na capitania de
goiás, suas tradições, costumes religiosos e devoção à Nossa Senhora do Rosário dos
Pretos, para a qual foi iniciada a construção de uma igreja no município de Natividade, que
seria a maior igreja católica do Brasil Central no fim do século XVIII e início do século XIX.
Além dos livros, o inventário realizado pelo IPHAN traz um levantamento histórico
baseado em alguns dos títulos citados acima e inclui relatos e análises referentes às
edificações, materiais de construção empenhados nas mesmas, traçado urbano e aspectos
gerais da arquitetura e ocupação do município. O inventário, além de textos, acompanha
levantamento arquitetônico com desenhos e fotografias.
1 Programa do Ministério da Cultura que procura conjugar recuperação e preservação do patrimônio histórico
com desenvolvimento econômico e social.
Registros da história
A origem da cidade tem como data, definida nas bibliografias citadas, o ano de 1734.
Segundo os relatos, a chegada à região no século XVIII ocorreu com o advento da
exploração mineradora. Bandeirantes vindos da capitania de São Paulo adentraram a região
central do Brasil em busca da exploração do minério, mais propriamente a bandeira de
Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido como “Anhanguera”, um dos grandes descobridores
de ouro do território goiano, que se fixou no local. Apesar sido essa bandeira a se
estabelecer na região, há relatos de que o grupo não foi o primeiro a passar por ela.
Segundo Palacín (2001), nessa época o caminho para Goiás já era bastante conhecido
pelos paulistas, muitos, no entanto, não tinham as formalidades de uma bandeira
constituída.
“No entanto, coube a bandeira de Bartolomeu Bueno, que vem a ser cunhado de
Antônio Ferraz de Araújo – descobridor das minas de Natividade – ser oficialmente a
primeira a realizar descobertas auríferas e a fixar-se criando os primeiros arraiais goianos.”
(Fernandes, 2015, p. 21).
O surgimento do núcleo urbano em meio à busca pelo ouro, tornou essa a atividade
econômica principal desde sua origem, em 1734, até aproximadamente início de 1800.
Nesse período, a agricultura e a pecuária eram desenvolvidas apenas para a subsistência.
Os registros que revelam como era sua configuração e como se dava a construção de
suas edificações encontradas em relatos de viajantes mostram alguns detalhes da cidade
nos períodos visitados, como é o exemplo da citação abaixo, relatada por Johann Emanuel
Pohl em sua viagem ao interior do Brasil no período de 1817 a 1821.
Dessa forma a cidade se firmou e resistiu após grande período de crise, preservando
suas características coloniais ao longo dos anos e adaptando-se às transformações que
ocorriam ao longo do tempo.
Conclusões
A memória e a história do povo nativitano tem retomado seu espaço nos trabalhos
acadêmicos, resultado da constatação da incipiência bibliográfica e da não reedição das
fontes já existentes para novas tiragens. Dessa forma o presente trabalho buscou elencar os
principais pontos contidos, bem como as divergências e convergências de informações
relatadas, com o intuito de fornecer um panorama a respeito das bibliografias relativas ao
município.
Por fim, através do presente artigo, teve-se em vista a compilação dos referenciais
bibliográficos de forma a fornecer uma listagem do que é disponibilizado acerca da região,
com o intuito de contribuir para pesquisas futuras no campo da história da cidade.
Agradecimentos
APOLINÁRIO, Juciene Ricarte. Os Akroá e outros povos indígenas nas fronteiras do sertão:
políticas indígena e indigenista no norte da capitania de Goiás, atual Estado do Tocantins,
século XVIII. Goiânia: Editora Kelps, 2006.
FELIPPE, Gil; MACEDO, Maria do Carmo Duarte. Amaro Macedo – O Solitário do Cerrado.
São Paulo: Editora Ateliê Editorial, 2009.
KARASCH, Mary. Rainhas e juízas: as negras nas irmandades dos pretos no Brasil central
(1772-1860). In: XAVIER, Giovana; FARIAS, Juliana Barreto; DOS SANTOS GOMES, Flávio
(Ed.). Mulheres negras no Brasil escravista e do pós-emancipação. São Paulo: Selo Negro
Edições, 2012. p. 52-66.
POHL, João Emanuel. Viagem no interior do Brasil. Belo Horizonte: Ed. Itatiaia, 1976.
SOUSA, Poliana Macedo de. Festas do Divino Espírito Santo: influência do modelo de
império de Alenquer (Portugal) na festa de Natividade-Tocantins (Brasil). Revista Desafios,
v. 4, n. 1, p. 14-20, 2017.
VAZ, Maria Diva Araújo Coelho; GALVÃO, Marco Antônio; ZÁRATE, Maria Heloisa Veloso.
Natividade. Brasília: Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.