Molina JR 2003
Molina JR 2003
Molina JR 2003
SÃO CARLOS – SP
2003
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA
SÃO CARLOS – SP
2003
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar
“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”
Fernando Pessoa
ii
AGRADECIMENTOS
SUMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................. x
ABSTRACT............................................................................................................... xi
1. INTRODUÇAO..................................................................................................... 1
2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 3
3. REVISAO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 4
3.1.3.1 Landsat........................................................................................ 11
3.1.3.2 Spot.............................................................................................. 14
3.1.4.1 Solo............................................................................................. 16
3.1.4.2 Água........................................................................................... 17
3.1.4.3 Vegetação................................................................................... 17
4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 46
4.2 Materiais........................................................................................................... 48
4.2.1 Programas................................................................................................ 48
4.2.1.2 Impima.......................................................................................... 50
4.2.1.3 Scarta............................................................................................ 50
4.2.1.4 Iplot.............................................................................................. 50
4.2.2 Documentos............................................................................................. 51
4.2.3 Equipamentos.......................................................................................... 51
v
4.3 Método.............................................................................................................. 51
4.4 O Projeto........................................................................................................... 58
5. RESULTADOS...................................................................................................... 61
6. ANÁLISE E DISCUSSAO.................................................................................... 76
7. CONCLUSÕES..................................................................................................... 98
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 25- Limite da área urbana para 2002. Imagem Landsat 7 ETM+ fusão 67
das bandas 5R4G3B e PAN....................................................................
FIGURA 26- Classificação supervisionada realizada no ambiente do SPRING 68
3.6.03...................................................................................................
FIGURA 27- Hidrografia e vegetação referente a 1962 com limite de 2002........... 70
FIGURA 33- Superposição das áreas estudadas (1962, 1972, 1998 e 2002)........... 77
LISTA DE QUADROS
RESUMO
ABSTRACT
MOLINA JUNIOR, V.E.(2003) – Superficials Hydrics Resources of Urban and Expansion Area
of São Carlos city,SP – Multitemporal Analysis.
1. INTRODUÇÃO
2. OBJETIVOS
São Carlos
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Fonte
REM
Sensor Alvo
1
ESTES, J.E.; STARS, J.L. (1993). Remote sensing and GIS integration: Towards a prioritized research
agenda. NCGIA – National Center for Geographic Information and Analysis Conservation, Technical
Report 93-4, may, 14p.
7
3.1.3.1 LANDSAT
O sistema LANDSAT (Land Remote Sensing Satellite) é composto por uma
série de 5 satélites lançados em intervalos médios de 3 a 4 anos. Esse sistema foi
desenvolvido pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) e recebeu
12
3.1.3.2 SPOT
O sistema SPOT (Sistem e Proboitoire de Observation de la Terre) é um
programa espacial francês lançado em fevereiro de 1986. O sistema imageador presente
nesta série de satélites é o HRV (Haut Resolution Visible), que opera em módulo
espectral e pancromático. No módulo espectral, opera nas bandas XS1, XS2 e XS3,
abrangendo as regiões do visível e do infravermelho próximo com resolução espacial de
20 m x 20 m. No módulo pancromático, a resolução espacial é de 10 m x 10 m. As
características espaciais e espectrais podem ser observadas no Quadro 5, bem como
algumas de suas aplicações. Ainda, segundo FONSECA FILHO (2001), o satélite SPOT
permite a obtenção de pares estereoscópicos pela combinação de duas imagens da
mesma região, obtidas durante órbitas diferentes com diferentes ângulos de observação.
15
3.1.4.1 Solo
Para NOVO (2001), “o solo é um material extremamente complexo, com
propriedades químicas e físicas bastante variáveis, e cuja distribuição horizontal e
vertical depende das rochas que lhe deram origem e da decomposição da matéria
orgânica depositada pela fauna e flora”.
MOREIRA (2001) comenta a respeito dos parâmetros que influenciam a
reflectância dos solos. Para o autor, os óxidos de ferro, a umidade, a matéria orgânica, a
granulometria, a mineralogia da argila, o material de origem são alguns desses
parâmetros.
Segundo MOREIRA (2001), “os óxidos de ferro absorvem bastante a energia
eletromagnética da região do infravermelho próximo (com máxima absorção em torno
de 0,90 µm)”.
NOVO (2001) discute a influência da matéria orgânica nos solos, cuja
reflectância dos solos com baixos teores de ferro aumenta ao longo do espectro ao se
17
3.1.4.2 Água
Para NOVO (2001), quando se estuda o comportamento espectral da água
procuram-se perceber os componentes que se encontram nela dissolvidos ou suspensos.
A presença do fitoplâncton e de matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos é
responsável por parte da absorção e espalhamento da radiação solar e determina, até
certo ponto, as propriedades ópticas da água (MOREIRA, 2001).
Com o aumento da concentração da matéria orgânica na água, aumenta-se a
absorção de energia pela mesma, acarretando uma diminuição da reflectância na região
espectral do visível.
Outros componentes que interferem na absorção de energia pela água é a
presença de partículas minerais inorgânicas carregadas pela chuva, ventos,
assoreamento do corpo d’água.
3.1.4.3 Vegetação
MOREIRA (2001) descreve que a maior parte da radiação do espectro visível
que atinge o dossel vegetativo é absorvida pelos pigmentos fotossintetizantes (clorofila
“a”, “b”, caretenóides, xantolinas e antocianinas) no mesófilo das plantas. No espectro
do Infravermelho, o comportamento espectral da vegetação é influenciado pelas
propriedades ópticas da folha, como também pela quantidade de água presente na folha.
18
2
Dossel vegetativo é um arranjo de indivíduos de uma mesma espécie ou de espécie distintas num
determinado espaço. Dessa forma, o dossel não é constituído apenas de folhas, mas também de galhos,
frutos e flores, além de possuírem características diferentes referentes às propriedades ópticas, estruturais,
morfológicas, geométricas, estágio fenológico e parâmetros ambientais (NOVO, 2001).
19
Cena
A tm o sfe ra
S e n so r
Im a g e n s
M u lties pe ctrais
C la ss ificad or
E x tra ção d as
fe iç õe s
Feiçõ e s d a
Im a ge m
F e içõ e s E sp ac ia is
T re in a m e n to
b
D e te rm in ação
T re in a m e n to
d as fu n çõ e s a
d o s p ix e ls
d is c rim in a n te s
C la ssific ação
M apa
a T e m ático
c
limite de 99%, por exemplo, engloba 99% dos "pixels", sendo que 1% será
ignorado (os de menor probabilidade), compensando a possibilidade de alguns "pixels"
terem sido introduzidos, durante o treinamento, por engano, nessa classe, ou estarem no
limite entre duas classes. Um limiar de 100% resultará em uma imagem classificada
sem rejeição, ou seja, todos os "pixels" serão classificados (INSTITUTO NACIONAL
DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002).
armazenamento dos dados, sua interação com sistemas que se utilizam desse
formato é perfeitamente viável.
GREGÓRIO (2000) cita a maneira com que Rodrigues3 (1990) comenta a
estrutura matricial de ponto, linha e área, demonstrados na Figura 8.
3
RODRIGUES, M. Introdução ao Geoprocessamento. In: Simpósio Brasileiro de Geoprocessamento, São Paulo,
1990. Anais. São Paulo: POLI/Universidade de São Paulo, 1990.
30
É difícil dissociar os impactos ambientais em termos de água, solo e ar, pois eles
podem ocorrer conjuntamente e possuir fatores comuns de influência. Mesmo assim,
nesse item, serão abordados os impactos ocorridos nos recursos hídricos superficiais.
A água é um bem essencial na vida dos seres humanos, portanto a procura por
ela é muito grande, provocando uma diminuição da oferta desse bem natural, que se
37
c) nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d’água", qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de
largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45° equivalente a 100% na
linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras, e dunas ou estabilizadoras de mangues;
(definidos em resolução do CONAMA)
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas
nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos
respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a
que se refere este artigo.
Parágrafo 1º – “A supressão total e parcial de florestas de preservação
permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal,
quando for necessária a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade
pública ou interesse social”.
Tardiamente, mas sempre oportuna, foi promulgada a Lei nº 9.433/97, a qual
determina a Política Nacional de Recursos Hídricos que se baseia nos seguintes
fundamentos:
- a água é um bem de domínio público, ou seja, a água é um bem de uso comum
do povo;
- a água é um recurso natural limitado, e não ilimitado, dotado de valor
econômico;
- a gestão de recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo da água.
Entre esses usos da água, MACHADO (2000) cita o consumo humano, o
lançamento de esgoto e demais resíduos líquidos ou gasosos, com o fim de sua
diluição, transporte ou disposição final, o aproveitamento do potencial
42
4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Objeto de Estudo
O objeto da pesquisa é uma área da malha urbana de São Carlos que foi
representado em um sistema de informações geográficas, correspondente ao limite
traçado para o ano de 2002, encerrando uma área de 54,1 km2. A área em estudo é
visualizada na Figura 11, representada pelo contorno em magenta.
4
OLIVEIRA, J. ; PRADO, H.do. Levantamento Pedológico Semidetalhado do Estado de São Paulo:
Quadrícula de São Carlos. II Memorial Descritivo. Instituto Agronômico de Campinas, SP. Boletim
Técnico 98, 188p. 1984.
48
4.2 Materiais
Para o desenvolvimento deste projeto foram utilizados programas, documentos e
equipamentos, descritos em seguida, conforme comentados em DUPAS e RÖHM
(2002).
4.2.1 Programas
Os programas usados para a implantação deste Sistema de Informações
Geográficas são SPRING, IMPIMA, SCARTA e IPLOT, conforme se descrevem em
seguida, de acordo com a literatura disponibilizada pelo INSTITUTO NACIONAL DE
PESQUISAS ESPACIAIS (2002).
A escolha do pacote SPRING se deu porque é um produto nacional de alta
qualidade, em franca evolução e com licença de uso livre e irrestrita.
As vantagens do seu uso são diversas, tais como: documentação em português,
toda caixa de diálogos possui ajuda específica, tutorial e curso para autodidatas contidos
no CD, grande quantidade de exemplos contidos no CD, o pacote atende a maioria das
áreas de geoprocessamento, suporte da equipe de desenvolvimento via internet, fácil
aprendizado e de baixo custo ou gratuito se copiado diretamente da página do INPE via
internet, dentre outras.
49
• consegue escalonabilidade completa, isto é, pode ser capaz de operar com toda
sua funcionalidade em ambientes que variem desde micro-computadores a
estações de trabalho RISC de alto desempenho.
4.2.1.2 Impima
Para a introdução de imagens no ambiente SPRING torna-se necessário
converter os arquivos matriciais para o formato GRB, adotado como padrão para o
SPRING.
O módulo IMPIMA do produto SPRING é utilizado somente para se obter uma
imagem no formato GRIB, seja através da leitura de imagens, por dispositivos como:
CD-ROM (Compact Disc - Read Only Memory ), CCT (Computer Compatible Tapes),
streamer (60 ou 150 megabytes) e DAT (Digital Audio Tape - 4 ou 8mm) adquiridas a
partir dos sensores TM/LANDSAT-5, HRV/SPOT e AVHRR/NOAA, ou conversão de
imagens nos formatos TIFF, RAW e SITIM.
4.2.1.3 Scarta
O módulo SCARTA do produto SPRING é utilizado para preparar mapas e
cartas a partir de informações contidas em um projeto desenvolvido no SPRING.
4.2.1.4 Iplot
O módulo IPLOT do produto SPRING é utilizado para imprimir mapas e cartas
a partir de informações contidas em um projeto desenvolvido no SPRING. Esse módulo
apresenta interface com o ambiente Windows, o que permite usar as configurações de
qualquer dispositivo de impressão instalado e configurado.
4.2.2 Documentos
O conjunto de materiais utilizado para o desenvolvimento deste projeto é
composto por:
• mapas planialtimétricos do Instituto Brasileiro de Geografia, edição de 1971, escala
1:50.000, representados na Projeção Transversa de Mercator, fusos 22 e 23, com
datum vertical de Imbituba – SC e datum horizontal de Córrego Alegre – MG. As
cartas utilizadas foram: São Carlos (SF-23-Y-A-I-1) e Ibaté (SF-23-V-C-IV-3);
• aerofotos de 1961/1962, levantamento municipal na escala aproximada de 1:25000;
• aerofotos de 1971/1972, levantamento municipal na escala aproximada de 1:25000;
• aerofotos de 1998, levantamento municipal na escala aproximada de 1:8000;
• aerofotos de 2000, levantamento municipal na escala aproximada 1:30000;
• imagens orbitais 2002 – fusão pan + bandas 3-4-5 Landsat 7 ETM+, cena
220/075, data de 11/04/2002.
4.2.3 Equipamentos
Os equipamentos utilizados para o desenvolvimento deste projeto encontram-se
listados em seguida:
• microcomputador padrão PC;
• scanner plano tamanho A4;
• scanner cilíndrico tamanho A0; e
• impressora jato de tinta tamanho A4.
4.3 Método
Este item divide-se em coleta e conversão de dados e consultas e análises,
descritos em seguida e mostrados na Figura 12.
Objetivos
Revisão Bibliográfica
1
SPRING 7
Conclusões e sugestões 18
4.4 O Projeto
As informações referentes ao projeto correspondem ao item 7 do fluxograma.
5. RESULTADOS
Este capítulo tem por objetivo mostrar os resultados através dos cenários obtidos
a partir das fotografias aéreas e imagem de satélite referentes aos períodos de tempo
estudados. Os resultados estão demonstrados no fluxograma apresentado na Figura 20.
Resultados
Hidrografia Vegetação
Cenário de 1962
Conforme observado no mosaico realizado com as fotografias aéreas de 1962, a
cidade de São Carlos teve seu limite urbano estabelecido através do software SPRING,
encerrando uma área de 17,9 km2.
Delimitada a área urbana, calculou-se o comprimento dos recursos hídricos
contidos dentro desse contorno bem como a área de vegetação de maior relevância ao
longo dos recursos hídricos. Considerou-se como vegetação de maior relevância aquela
que apresentou continuidade ao longo dos corpos d’água. O limite da área urbana, a
hidrografia e a vegetação podem ser visualizados na Figura 21.
Cenário de 1972
O cenário de 1972 foi obtido através de fotografias aéreas daquela época. A
Figura 22 apresenta o mosaico das fotografias de 1972 juntamente com a delimitação da
área urbana, a vegetação e os corpos d’água contidos no limite estabelecido.
Cenário 2002
O cenário atual pode ser observado através da imagem orbital Landsat 7 ETM+
de 2002, visualizada na figura 25. A partir da imagem de satélite, foi traçado o limite da
mancha urbana para o cenário de 2002 e realizada a classificação supervisionada no
ambiente do SPRING 3.6.03. Com a classificação foi possível a elaboração de um mapa
de uso e ocupação do solo do entorno da área urbana, representado na Figura 26.
63
FIGURA 25 – Limite da área urbana para 2002. Imagem Landsat 7 ETM+ fusão das
bandas 5R4G3B e PAN.
68
Análise Multitemporal
Para a análise multitemporal de como a evolução urbana interagiu com os
recursos hídricos, foram obtidos dados sobre quantidade de vegetação ao longo dos
fundos de vales e o comprimento dos corpos d’água em cada época a ser analisada,
utilizando o contorno da área urbana para 2002, considerado como a área de expansão
ao longo do período estudado. Tais feições podem ser observadas nas Figuras 27 e 28, e
representadas no Quadro 9.
Legislação
Para verificar o cumprimento ou não do Código Florestal ao longo dos períodos
de tempo, elaboraram-se buffers com as respectivas restrições impostas pela lei em cada
período estudado, como podem ser vistos nas Figuras 29, 30 e 31.
As restrições impostas pelo Código Florestal adotadas foram:
- 30 metros de cada lado do leito do rio; e
- 50 metros em torno de nascentes e olhos d’água.
73
6. ANÁLISE E DISCUSSÃO
Neste capítulo pretende-se discutir e analisar as informações obtidas a partir dos
resultados alcançados e, assim, atingir o objetivo desta pesquisa.
60
54,1
50
48,96
Crecimento da Mancha Urbana (km2)
40
30
20,45
20
17,87
10
0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005
Nesse contexto, pode-se observar que o Rio Monjolinho, no trecho que hoje
compreende a Avenida Francisco Pereira Lopes, em 1972 guardava seu traçado original,
conservando seus meandros, e em 1998 apresenta-se confinado, em parte de sua
extensão, por canais de concreto, conforme ilustrado pela Figura 34 e Figura 35.
Cenário de 1972 Cenário de 1998
Algumas nascentes e olhos d’água que antes eram observados em 1962 e 1972,
nas fotografias de 2000 não foram constatados, possivelmente enterrados pelos
loteamentos implantados sobre os locais. A Figura 36 mostra a localização das cenas
discutidas na Figura 37, no qual podem ser vistos os recursos hídricos e a evolução da
expansão urbana ao longo do tempo, mostrando nascentes e trechos de córregos que
foram soterrados ou modificados pela ação antrópica. Na Figura 37, subdividida em
Figura 37a a Figura 37j observam-se os cenários apresentados para 1962, 1972 e 2000.
80
FIGURA 37 a – Neste trecho, o traçado do contribuinte do Córrego do Tijuco observado em 1962 e 1972 não consta na cena de 2000,
sendo seu desaparecimento ocasionado, possivelmente, por aterramento. Percebe-se nestas cenas que o trecho entre as Ruas Luiz Vaz
Toledo Pizza e São Joaquim não se apresenta canalizada em 1962 e 1972. Observa-se ainda nesta região, o adensamento na ocupação das
áreas adjacentes ao córrego. A cena em questão localiza-se próxima a Rodoviária.
FIGURA 37 b – Nas cenas observadas acima, pode-se notar a ocupação de regiões com presença de nascentes. Em 1962, não era
observada a ocupação urbana nas proximidades das nascentes. Em 1972, nota-se a implantação do loteamento Vila Boa Vista com
ocupação de alguns lotes. Já em 1998, as regiões ao entorno da nascente e do corpo d’água encontram-se ocupadas.
82
FIGURA 37 c – Nas cenas referentes aos anos de 1962 e 1972, pode-se observar que a região, onde se encontra a nascente, não apresenta
ocupação urbana. Ainda, pode-se constatar que o uso do solo nesta região era diferente nestes períodos de tempo. Para o ano de 1998, a
área que anteriormente localizava-se a nascente apresenta-se ocupada, impermeabilizada e soterrada pelo loteamento Jardim Medeiros.
FIGURA 37 d – Da mesma forma observada nas cenas anteriores, a ocupação urbana se faz presente nas fotografias datadas de 1972.
Nesta região nota-se que em 1962 não havia ocupação urbana próximas aos corpos d’águas e nascentes. Em 1972, a transformação do
solo traduz-se na implantação do loteamento Jardim Bela Vista. Ainda referente à fotografia de 1972, não se verifica a atividade intensa
na pedreira ali existente. Em 1998, observa-se a ocupação intensa nas proximidades da encosta, bem como a maior proximidade dos
corpos d’águas.
83
FIGURA 37 e – O trecho observado no cenário de 1962 apresenta a implantação de loteamento próximo as nascentes, porém, sem
presença de edificações. O cenário de 1972 traz o início da ocupação do loteamento, inclusive com edificações bem próximas as nascentes.
Em 1998, toda a região que compreende o Jardim das Rosas e Jardim Pacaembu apresenta-se densamente ocupada, notando-se a
impermeabilização das áreas próximas as nascentes.
FIGURA 37 f – O parque do Bicão encontrava-se em uma sem ocupação urbana na data de 1962. Em 1972, o cenário mostra o início da
ocupação a leste e sul do parque. Em 1998, toda a área ao entorno da nascente e do corpo d’água apresenta-se ocupada.
84
FIGURA 37 g – A cena representa uma das áreas que apresenta inúmeros problemas em sua ocupação. Em função do terreno arenoso, da
ocupação urbana e da ação das águas da chuva, grandes voçorocas são encontradas nos Bairros Cidade Aracy e Antenor Garcia.Nesta
região, a vegetação foi em parte suprimida ao longo do tempo e pode-se observar em 1998 o corpo d’água apresenta o canal todo sinuoso,
diferente dos traçados verificados em 1962 e 1972.
FIGURA 37 h – Esta cena localiza-se a jusante da FIGURA 37 h. Nota-se que os cenários de 1962 e 1972 apresentam configurações
semelhantes. Em 2000, o cenário apresentado é muito diferente dos períodos anteriores, modificado em função da ocupação urbana do
local.
85
FIGURA 37 i – Na cena em questão, observa-se mais um exemplo em que a hidrografia é confinada pela ocupação urbana. A região que
compreende os bairros Cooperativa Habitacional Belvedere, Jardim Santa Tereza, Jardim das Rosas, Jardim Pacaembu e Jardim Gonzaga,
apresenta em 1962 a implantação de loteamento a leste da hidrografia, porém, sem a presença de edificações. Em 1972, observou-se a
implantação de loteamento a sul do corpo d’água. Em 2000, todo o entorno a hidrografia apresenta-se ocupado.
FIGURA 37 j – Através da observação desta cena, verifica-se a mesma dinâmica apresentada em casos anteriores, na qual os loteamentos
aparecem implantados no período de 1972 e as áreas ao entorno dos corpos d’águas encontram-se ocupados na data de 1998. No caso em
questão, tem-se a evolução da ocupação urbana no entorno do Córrego do Mineirinho, nas imediações do bairro Santa Felícia.
86
FIGURA 40 a – Na análise visual da cena em 1962 não foi possível distinguir a presença de área inundável como pode ser observado para
os anos de 1972 e 2000. Em visita a campo, constatou-se que a mata apresenta problemas de erosão devido à impermeabilização do
loteamento parque Fehr. Esta área merece monitoramento especial pois é possui nascentes e loteamentos estão sendo implantados no
entorno destas.
FIGURA 40 b – Esta cena mostra a presença de mata ciliar nas proximidades do bairro Santa Felícia. Os cenários dos anos estudados
apresentam a ocupação urbana na área ao entorno da nascente e a necessidade de um plano de proteção e reflorestamento da mata ciliar a
fim de proteger o corpo d’água.
89
FIGURA 40 c – Algumas cenas dos cenários de 1962 e 1972 apresentaram dificuldades na identificação dos padrões de vegetação devido à
baixa resolução na qual as fotografias foram transformadas do meio analógico para o digital. Esta cena é um caso desta dificuldade: o
mesmo trecho de vegetação foi possível ser determinado para o ano de 1962 e 2000, porém, para o ano de 1972, a cena não apresentou
subsídios para identificação de vegetação no mesmo local.
FIGURA 40 d – Na extensão da Avenida Francisco Pereira Lopes notava-se a presença de vestígios de matas ciliares ao longo do Rio do
Monjolinho em 1962 e 1972. No cenário de 2000, não se observa a presença da vegetação, exceção feita à mata do Planalto Paraíso, que
ainda guarda características originais, porém apresenta processos erosivos em alguns de seus trechos.
90
FIGURA 40 e – Nesta cena nota-se a presença de vegetação em trechos do Córrego Santa Maria Madalena e Rio do Monjolinho. A área ao
entorno do Córrego Santa Maria Madalena merece atenção para que a vegetação ciliar seja protegida, pois esta é uma região de possível
expansão urbana. O cenário compreende os trechos do Córrego Santa Maria Madalena no Jardim Acapulco e Rio do Monjolinho no Jardim
Jockey Clube.
FIGURA 40 f – Estas cenas mostram a evolução da vegetação no entorno do lago da Universidade Federal de São Carlos. Em 1962, o lago
apresenta-se na forma de uma área alagada, que em 1972 se configuraria no lago. Em 2000, nota-se a presença de uma mata de coníferas em
umas das margens do corpo d’água.
91
FIGURA 40 g – No cenário de 1962 não foi disponibilizada a foto que completaria a cena, mas pode-se notar que a mata ciliar ao longo do
Córrego Ponte de Tábua não apresentou mudanças muito significativas ao longo do tempo. A mata que acompanha o Rio do Monjolinho em
1972 apresentava padrões diferentes de vegetação. Em 2000, a vegetação anotada em 1972 apresentou um crescimento como observado no
cenário de 2000.
FIGURA 40 h – A mata existente na serra que permite o acesso ao bairro Cidade Aracy apresentou evolução ao longo do tempo tornando-se
mais homogênea em 2000. A mata adjacente aos bairros Cidade Aracy e Loteamento Social Antenor Garcia apresentou evolução diferente:
parte da mata foi suprimida dando lugar aos loteamentos anteriormente citados.
92
FIGURA 41a - Nesta região, a urbanização atingiu as bordas dos limites ditados pelo
Código Florestal, porém, essa área não apresentava vegetação nas margens do Córrego
do Tijuco Preto.
93
FIGURA 41b - O Córrego do Gregório, que corta o centro da cidade de São Carlos,
apresenta trechos canalizados e margens impermeabilizadas. Essa situação é anterior à
criação do Código Florestal em 1965.
FIGURA 41c - Nesta região, nota-se que o loteamento estava sendo implantado dentro
de uma área de preservação permanente. Bairro Santa Teresa.
FIGURA 42a - Esta é uma área que merece uma atenção especial do poder público, pois
possui nascente e ao seu entorno já estão sendo vendidos lotes para uma nova ocupação.
Parque Fehr.
FIGURA 42b - O buffer de 50 metros ao redor de nascentes não foi atendido e pode-se
ver esta área impermeabilizada por ruas. Jardim Jockey Clube.
95
FIGURA 42c - A Avenida Francisco Pereira Lopes confina o Rio do Monjolinho, não
cumprindo os 30 metros ditados pela lei. Cidade Jardim.
7. CONCLUSÕES
Cenário de 1962
No cenário de 1962, os corpos d’água, com exceção do Córrego do Gregório e
Córrego do Tijuco Preto, não sofriam a interferência da ocupação urbana, uma vez que
esta ainda não havia expandido para as regiões drenadas pelos corpos d’água.
O Córrego do Mineirinho, localizado a noroeste da área urbana de São Carlos,
apresentava nascente isenta de ocupação urbana, possuindo formações arbóreas e
planície de inundação. O Córrego da Fazenda Rancho Alegre também se apresentava
isento da interferência antrópica. Ainda na porção noroeste, na região do Córrego Santa
Maria Madalena notava-se a implantação de loteamentos, sem a presença de
edificações.
O Rio do Monjolinho, no trecho definido entre a Rodovia Washington Luiz e o
encontro com os Córregos Santa Maria Madalena e Tijuco Preto, drenava área de
loteamento sem edificações, não sendo observada a existência de vegetação
significativa ao longo do corpo d’água. Dirigindo para sudeste, até a confluência com os
Córregos do Gregório e Santa Maria Madalena, o corpo d’água apresentava meandros,
com a presença de vegetação mais significativa em alguns trechos e de ocupação urbana
apenas na margem direcionada ao centro da cidade. Na porção nordeste, o Rio do
Monjolinho não sofria interferência da urbanização.
O Córrego do Gregório, que corta o centro da cidade de São Carlos, apresentava
formações arbóreas em alguns trechos a leste, mas também já era observada a presença
de loteamentos próximos ao corpo d’água.
A sudoeste da área urbana, a região drenada pelo Córrego da Água Quente não
sofria interferência da ação antrópica e podia ser observada vegetação entre os Córregos
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Cenário de 1972
A situação observada em 1972 não é muito diferente da observada em 1962,
com a exceção da implantação de novos loteamentos mais ao sul e a noroeste da cidade.
O Córrego do Mineirinho começou a sentir a influência da implantação do
loteamento Parque Santa Felícia, onde o arruamento, embora respeitando os parâmetros
do Código Florestal, estava em uma área muito próxima à nascente. A vegetação não
apresentou mudanças significativas em relação a 1962. Os Córregos Santa Maria
Madalena e o da Fazenda Rancho Alegre não apresentaram alterações relevantes em
relação ao período anterior.
Ao longo do Córrego do Tijuco Preto, notou-se um adensamento urbano com a
ocupação das quadras livres observadas em 1962. Percebeu-se que uma das nascentes
teve a faixa de 50 metros desrespeitada.
A região ao entorno do Rio do Monjolinho, entre as confluências dos Córregos
Santa Maria Madalena/Tijuco Preto e Córregos do Gregório/Mineirinho, apresentou
mudanças em relação ao cenário anterior, onde foi notado o aparecimento de
loteamentos a noroeste, e adensamento urbano a sudeste. O Rio do Monjolinho, nessa
região, sofreria mudanças em seu traçado a partir de 1974, data do início das obras da
Av. Francisco Pereira Lopes. Quanto ao cumprimento do Código Florestal, alguns
trechos apresentaram irregularidades.
A situação do Córrego do Gregório é semelhante à apresentada em 1962, com
exceção feita à porção leste, onde ocorreu incremento na ocupação urbana.
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Cenário de 1998/2002
Em 2000, o cenário observado mostrou-se preocupante em relação aos corpos
d’água. Na área ao entorno do Córrego da Fazenda Rancho Alegre, notou-se a ocupação
urbana com a implantação do Parque Fehr, e novos loteamentos estão sendo
implantados. Com a impermeabilização do Parque Fehr, a água das chuvas tem
provocado erosão na mata adjacente à nascente. Essa é uma área que merece atenção do
poder público, pois a implantação de novos loteamentos, com conseqüente
impermeabilização, podem vir a prejudicar esse recurso hídrico. Ainda, nas épocas de
chuva, a Rua José Petroni, nas imediações do Jardim Primavera, apresenta alagamentos.
As nascentes do Córrego do Mineirinho também tiveram o seu entorno ocupados
e observou-se, em visita a essas áreas, erosão decorrente da descarga das águas das
chuvas na cabeceira desses corpos d’águas. Ao longo do córrego notou-se a presença de
matas nativas em alguns trechos, bem como a ocupação das áreas próximas a ele.
Embora a legislação esteja sendo respeitada, a ocupação deve ser analisada pelo poder
público para preservação das áreas de nascentes, bem como a impermeabilização das
áreas pertencentes a essa microbacia, pois o Córrego do Mineirinho desemboca no Rio
do Monjolinho, numa região que vem sofrendo com inundações na época das chuvas.
Assim, com a impermeabilização, toda a água da chuva que antes se infiltrava escoará
para o Córrego do Mineirinho e descarregará na confluência citada anteriormente.
Soma-se, ainda, que o Córrego do Gregório também desemboca nesse local. O Córrego
do Gregório, em trechos na Av. Comendador Alfredo Maffei, próximos ao SESC,
apresenta as margens erodidas devido à ação das águas das chuvas e representam perigo
aos transeuntes. A leste, o córrego apresenta-se confinado pelas vias e possui alguns
vestígios de matas nas proximidades da Rodovia Washington Luiz.
O Córrego do Tijuco Preto, na região da Rodoviária, foi canalizado, e o braço
d’água existente em 1962 foi soterrado com a nascente que ali existia. O Córrego Santa
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Maria Madalena teve trechos confinados por vias de trânsito. Merece atenção a
nascente existente nas proximidades do Jardim Acapulco, que ainda apresenta
vegetação intacta.
O Rio do Monjolinho apresentou mudanças significativas entre 1972 e 2002 no
ambiente urbano. Seu traçado foi alterado devido à construção da Av. Francisco Pereira
Lopes e grande parte de sua microbacia foi impermeabilizada. A impermeabilização
trouxe conseqüências negativas para o corpo d’água, uma vez que este não tem
capacidade de suporte de toda a água da chuva e acaba por transbordar, ocasionando
transtornos para os munícipes. Isso pode ser notado principalmente na região de
encontro com os Córregos do Gregório e do Mineirinho, próximo ao Shopping
Iguatemi, local com constantes cheias.
A área drenada pelo Córrego da Água Quente também apresentou mudanças
significativas no decorrer do período estudado devido à ação antrópica. Pode ser visto
nessa região grandes voçorocas e erosões no curso do córrego. Da mata antes existente
entre os Córregos da Água Quente e da Água Fria restou apenas uma pequena parte,
sendo que o restante da área está ocupado pelos loteamentos Cidade Aracy e Antenor
Garcia. Na Serra da Aracy, notou-se uma mudança na vegetação, que antes só
acompanhava a rede de drenagem, atualmente a vegetação cobre uma área maior .
A partir das análises, percebeu-se que a ocupação urbana atingiu os limites dos
corpos d’água sem a preocupação de proteção ou conservação desses recursos. Isso
pode ser comprovado com as nascentes que foram soterradas ou que estão confinadas
pela ocupação. Tais detalhes, mostram, ainda mostra que o Código Florestal não foi
cumprido na maioria dos casos.
Além disso, a impermeabilização das áreas adjacentes aos recursos hídricos
mostrou-se uma das causas dos problemas de assoreamento e erosão dos corpos d’água,
bem como das enchentes e alagamentos.
Cabe como continuação deste trabalho, o estudo dos recursos hídricos nas áreas
onde a cidade está crescendo, visando à preservação e proteção das mesmas, a fim de
9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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