Molina JR 2003

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS DA ÁREA URBANA E DE


EXPANSÃO DA CIDADE DE SÃO CARLOS, SP – ESTUDO
MULTITEMPORAL

VITOR EDUARDO MOLINA JUNIOR

SÃO CARLOS – SP
2003
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA URBANA

RECURSOS HÍDRICOS SUPERFICIAIS DA ÁREA URBANA E DE


EXPANSÃO DA CIDADE DE SÃO CARLOS,SP – ESTUDO
MULTITEMPORAL

Vitor Eduardo Molina Junior

Dissertação de Mestrado apresentada junto


ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Urbana da Universidade Federal
de São Carlos como parte dos requisitos
para obtenção do título de Mestre em
Engenharia Urbana.
Orientação: Prof. Dr. Sérgio Antonio Röhm

SÃO CARLOS – SP
2003
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da
Biblioteca Comunitária da UFSCar

Molina Junior, Vitor Eduardo.


M722rh Recursos hídricos superficiais da área urbana e de
expansão da cidade de São Carlos, SP – Estudo
multitemporal / Vitor Eduardo Molina Junior. -- São Carlos :
UFSCar, 2003.
106 p.

Dissertação (Mestrado) -- Universidade Federal de São


Carlos, 2003.

1. Planejamento urbano. 2. Recursos hídricos. 3. Sistema


de informação geográfica. 4. Análise multitemporal. I. Título.

CDD: 711 (20a)


i

“O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.”
Fernando Pessoa
ii

AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Sérgio Antonio Röhm, pela orientação e colaboração na elaboração


do trabalho e, principalmente pela amizade.
Ao Prof. Dr. Francisco Antonio Dupas, pela coorientaçao na pesquisa e pela
amizade.
A meus pais, Victor e Maria Rita, e minhas irmãs, Juliana e Gabriela, pelo apoio
e compreensão durante a pesquisa.
Ao prof. Segundo Carlos Lopes pela contribuição na elaboração do trabalho e
pela amizade.
As amigas Mariana e Vivian pela convivência e amizade durante todo o tempo
da pesquisa.
Aos amigos João Luís Molina, Anderson Manzoli , Luiz Facioli e Thiago
Paglarin pela amizade.
Ao prof. Dr. Roberto Chust Carvalho pela oportunidade dada na graduação de
me enveredar na pesquisa científica e pela amizade.
Aos colegas da Engenharia Urbana pelas constantes discussões que ajudaram a
ampliar os horizontes de conhecimento.
Aos colegas de sala Prof. Dr. Silvana Liporaci, Fábio e Júnior (bolsistas) pela
amizade.
A FAPESP pela bolsa oferecida e oportunidade da realização da pesquisa.
A CAPES pela bolsa oferecida no início do mestrado.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram com a realização desse
trabalho.
iii

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .............................................................................................. vi

LISTA DE QUADROS ............................................................................................ ix

RESUMO .................................................................................................................. x

ABSTRACT............................................................................................................... xi

1. INTRODUÇAO..................................................................................................... 1

2. OBJETIVOS.......................................................................................................... 3

3. REVISAO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 4

3.1 Sensoriamento Remoto..................................................................................... 4

3.1.1 Sistemas Sensores.................................................................................... 8

3.1.2 Sistemas Fotográficos.............................................................................. 9

3.1.3 Satélites de Observação da Superfície Terrestre..................................... 11

3.1.3.1 Landsat........................................................................................ 11

3.1.3.2 Spot.............................................................................................. 14

3.1.4 Comportamento Espectral dos Alvos...................................................... 16

3.1.4.1 Solo............................................................................................. 16

3.1.4.2 Água........................................................................................... 17

3.1.4.3 Vegetação................................................................................... 17

3.1.5 Classificação Multiespectral.................................................................... 19

3.1.5.1 Classificação Supervisionada...................................................... 21

3.1.5.2 Classificação Não-Supervisionada.............................................. 23


iv

3.1.5.3 Classificação Híbrida.................................................................. 24

3.1.6 Análise Digital de Dados Multitemporais............................................... 24

3.2 Sistemas de Informação Geográfica................................................................. 24

3.2.1 Formas de Representação de Dados........................................................ 28

3.2.2 Integração entre Sig e Sensoriamento Remoto........................................ 31

3.3 A Urbanização e o Desenvolvimento Sustentável........................................... 33

3.3.1 Impactos nos Recursos Hídricos Superficiais......................................... 36

3.3.1.1 Poluição da Água......................................................................... 38

3.4 Legislação Ambiental Sobre Recursos Hídricos.............................................. 40

4. MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................. 46

4.1 Objeto de Estudo.............................................................................................. 46

4.2 Materiais........................................................................................................... 48

4.2.1 Programas................................................................................................ 48

4.2.1.1 Spring 3.6.02 e 3.6.03................................................................... 49

4.2.1.2 Impima.......................................................................................... 50

4.2.1.3 Scarta............................................................................................ 50

4.2.1.4 Iplot.............................................................................................. 50

4.2.1.5 Ambiente Operacional.................................................................. 50

4.2.1.6 Banco de Dados............................................................................ 50

4.2.2 Documentos............................................................................................. 51

4.2.3 Equipamentos.......................................................................................... 51
v

4.3 Método.............................................................................................................. 51

4.3.1 Coleta e Conversão dos Dados................................................................ 51

4.3.1.1 Mapas Analógicos....................................................................... 53

4.3.1.2 Fotografias Aéreas....................................................................... 53

4.3.1.3 Imagem Orbital............................................................................ 54

4.4 O Projeto........................................................................................................... 58

4.4.1 Arquitetura do Banco de Dados.............................................................. 58

4.4.2 Modelagem do Projeto............................................................................ 59

5. RESULTADOS...................................................................................................... 61

6. ANÁLISE E DISCUSSAO.................................................................................... 76

6.1 Área Urbana..................................................................................................... 76

6.2 Recursos Hídricos............................................................................................. 78

6.3 Mata Ciliar........................................................................................................ 86

6.4 Legislação Ambiental....................................................................................... 92

6.5 Uso e Ocupação do Solo.................................................................................. 96

6.6 Considerações Sobre a Metodologia Utilizada................................................ 98

7. CONCLUSÕES..................................................................................................... 98

8. SUGESTOES PARA TRABALHOS FUTUROS............................................... 101

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................ 102


vi

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Objetivos gerais da pesquisa .............................................................. 3

FIGURA 2- Esquema representativo dos quatro elementos fundamentais das 5


técnicas de Sensoriamento Remoto....................................................
FIGURA 3- Espectro Eletromagnético................................................................... 7

FIGURA 4- Comportamento espectral de uma vegetação fotossinteticamente 18


ativa.....................................................................................................
FIGURA 5- Etapas da classificação temática ........................................................ 20

FIGURA 6- Limite de aceitação de uma classificação........................................... 22

FIGURA 7- Arquitetura de Sistemas de Informação Geográfica........................... 27

FIGURA 8- Estrutura Matricial de ponto, linha e área........................................... 29

FIGURA 9- Estrutura vetorial de ponto, arco e polígono....................................... 30

FIGURA 10- Atividades Humanas no Meio Urbano e a Poluição Ambiental......... 36

FIGURA 11- Objeto de estudo................................................................................. 46

FIGURA 12- Fluxograma da metodologia empregada............................................. 52

FIGURA 13- Área Urbana (tema 1).......................................................................... 55

FIGURA 14- Vegetação Primária (tema 2).............................................................. 55

FIGURA 15- Vegetação de reflorestamento (tema 3).............................................. 56

FIGURA 16- Solo Exposto (tema 4) ...................................................................... 56

FIGURA 17- Plantio (tema 5)................................................................................... 57

FIGURA 18- Pastagens (tema 6).............................................................................. 57

FIGURA 19- Banco de dados do projeto, criado no ambiente do sistema 58


gerenciador de bancos de dados Access.............................................
vii

FIGURA 20- Fluxograma dos resultados................................................................. 61

FIGURA 21- Limite da área urbana, hidrografia e vegetação para 1962................. 63

FIGURA 22- Limite da área urbana, hidrografia e vegetação para 1972................. 64

FIGURA 23- Limite da área urbana, hidrografia e vegetação para 1998................. 65

FIGURA 24- Fotografias aéreas coloridas do ano 2000........................................... 66

FIGURA 25- Limite da área urbana para 2002. Imagem Landsat 7 ETM+ fusão 67
das bandas 5R4G3B e PAN....................................................................
FIGURA 26- Classificação supervisionada realizada no ambiente do SPRING 68
3.6.03...................................................................................................
FIGURA 27- Hidrografia e vegetação referente a 1962 com limite de 2002........... 70

FIGURA 28- Hidrografia e vegetação referente a 1972 com limite de 2002........... 71

FIGURA 29- Buffers de 30 metros ao longo dos corpos d’águas e de 50 metros ao 73


redor das nascentes em 1962...............................................................
FIGURA 30- Buffers de 30 metros ao longo dos corpos d’águas e de 50 metros ao 74
redor das nascentes em 1972...............................................................
FIGURA 31- Buffers de 30 metros ao longo dos corpos d’águas e de 50 metros ao 75
redor das nascentes em 1998...............................................................
FIGURA 32- Evolução da mancha urbana entre 1962 a 2002.................................. 76

FIGURA 33- Superposição das áreas estudadas (1962, 1972, 1998 e 2002)........... 77

FIGURA 34- Comparação do traçado do Rio Monjolinho nos anos de 1972 e 79


1998.....................................................................................................
FIGURA 35- Fotografia atual do Rio Monjolinho (ano de 2002), onde este se 79
encontra confinado entre vias de circulação.......................................
FIGURA 36- Localização das cenas apresentadas na Figura 37.............................. 80

FIGURA 37- Figuras de 37a a 37j............................................................................ 81 a 85

FIGURA 38- Região com possível área alagável no cenário de 1962...................... 86

FIGURA 39- Localização das cenas apresentadas na Figura 40.............................. 87


viii

FIGURA 40- Figuras de 40a a 40h........................................................................... 88 a 91

FIGURA 41- Figuras de 41a a 41c........................................................................... 92 e 93

FIGURA 42- Figuras de 42a a 42e........................................................................... 94 a 96

FIGURA 43- Imagem orbital e respectiva classificação supervisionada.................. 97


ix

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1- Faixas espectrais e aplicações ................................................................ 8

QUADRO 2- Características espectrais e espaciais do sensor MSS............................. 12

QUADRO 3- Características espectrais, espaciais e aplicações do sensor TM ............ 13

QUADRO 4- Características espectrais e espaciais do sensor ETM+ LANDSAT-7... 14

QUADRO 5- Características espectrais, espaciais e aplicações do sensor HRV ......... 15

QUADRO 6- Coordenadas do retângulo envolvente do projeto................................... 59

QUADRO 7- Categorias temáticas................................................................................ 60

QUADRO 8- Resultados obtidos para os cenários resultados....................................... 69

QUADRO 9- Resultados obtidos referentes a 1962, 1972 e 2000................................ 69


x

RESUMO

MOLINA JUNIOR, V.E.(2003) – Recursos Hídricos Superficiais da Área Urbana e de


Expansão da Cidade de São Carlos, SP – Estudo Multitemporal.

Com o objetivo de realizar um estudo multitemporal da evolução dos impactos nos


recursos hídricos para a cidade de São Carlos, SP, foi elaborado uma análise da interação entre
os corpos d’águas e nascentes da área estudada com a evolução urbana entre os anos de 1962 e
2002. Além disso, foi observado como se deu o cumprimento do Código Florestal nos períodos
estudados. Para atingir os objetivos da pesquisa, foram obtidos os cenários de 1962, 1972, 1998
e 2002 utilizando-se de técnicas de sensoriamento remoto e SIG. Para os cenários de 1962 e
1972 foram utilizadas fotografias aéreas na escala aproximada de 1:25000; para o cenário de
1998 foram utilizadas fotografias aéreas na escala 1:8000 e, para o cenário de 2002 foi utilizada
imagem orbital Landsat 7 ETM+. A partir dos resultados obtidos foi possível detectar que os
recursos hídricos sofreram interferência da evolução urbana, como soterramento de nascentes e
impermeabilização do leito de corpos d’águas e de áreas ao entorno destes. Enfim, o trabalho
mostrou um histórico dos impactos dos recursos hídricos superficiais e foram ressaltadas
algumas áreas que devem ser protegidas a fim de garantir a sustentabilidade dos corpos d’águas
que ainda não foram atingidos pela ação antrópica.

Palavras chaves: Sensoriamento Remoto, SIG, Análise Multitemporal, Recursos


Hídricos.
xi

ABSTRACT

MOLINA JUNIOR, V.E.(2003) – Superficials Hydrics Resources of Urban and Expansion Area
of São Carlos city,SP – Multitemporal Analysis.

The purpose of achieving a multitemporal study of evolution of impacts in the hydric


resources for São Carlos city, SP, it was elaborated an analysis of interaction among the
superficial hydric resources and fountainhead of the studied area with the urban evolution from
1962 to 2002. Besides, it was observed how the execution of forestal code was given in the
studied periods . To reach the research´s purposes, the sceneries were obtained from 1962, 1972,
1998 and 2002 using the techniques of remote sensoring and GIS. For the sceneries of 1962 and
1972, aerial photos were used in the approximate scale of 1:25000. For the scenery of 1998,
aerial photos were used in the scale of 1:8000, and for the scenery of 2002, orbital image
Landsat 7 Etm+ was used. From the obtained results, it was possible to detect that the hydric
resources suffered interference of urban evolution, like bury of fountainhead and
impermeabilization of the canal of streams and areas around these ones. At last, the work
showed a description of impacts of superficials hydrics resources and some areas were
emphasized that must be protected to guarantee the sustainable of hydrics resources that weren´t
affected by antrophic action, yet.

Key Words: Remote Sensoring, GIS, Multitemporal Analysis, Hydrics Resources.


1

1. INTRODUÇÃO

O panorama geral observado nas cidades brasileiras de médio e grande porte é


de deterioração ambiental de sua área urbana e de expansão. Tal situação tem sido
provocada por ocupação de fundo de vales, supressão de matas ciliares, disposição
inadequada de entulho e lixo, assoreamento de corpos d’água, disposição de efluentes
líquidos sem tratamento prévio, impermeabilização do solo urbano, adensamento
populacional em áreas impróprias para ocupação ou em áreas de preservação ambiental,
ou seja, utilização inadequada do solo urbano.
Com o crescimento urbano, as cidades são ocupadas de maneira desordenada, na
maioria das vezes de forma irregular, não respeitando as diretrizes de crescimento do
município, normas de loteamento e áreas de preservação permanente. A ocupação de
áreas de preservação permanente, áreas de mananciais e de abastecimento, prejudica a
sustentabilidade dos recursos hídricos da cidade.
Os rios, córregos e demais corpos d’água que drenam o ambiente urbano sofrem
agressões significativas nesse processo de desenvolvimento e expansão urbana.
Segundo MOTA (1999), as alterações introduzidas pelo homem no meio ambiente são
sempre procedidas de forma rápida e variada, não permitindo, muitas vezes, que haja
recuperação espontânea da natureza.
Para GONDOLO (1999), “o processo acelerado de urbanização levou ao uso
indiscriminado dos recursos hídricos, tendo, como conseqüência, a escassez e a
deterioração da qualidade da água para o consumo humano”.
O uso indiscriminado da água e a ausência de políticas para sua preservação e
conservação por parte dos municípios podem privar as gerações futuras da utilização
dos recursos hídricos do município, ou seja, tal ação poderá condenar a sustentabilidade
desse recurso para a comunidade.
Cabe, então, ao poder público tomar conhecimento desses problemas, obter
informações a respeito das cidades, utilizar ferramentas adequadas para processar e
analisar esses dados e tomar as decisões que venham propiciar medidas mitigadoras
para a solução dos referidos problemas. As informações atualizadas e confiáveis
propiciam a construção de análises espaciais capazes de indicar as deficiências setoriais,
permitindo a definição de prioridades e dimensionamento de recursos para ações no
2

ambiente urbano. Isso pode ser obtido através do geoprocessamento, utilizando-se


o sensoriamento remoto e sistemas de informação geográfica.
Muitas cidades necessitam buscar água em lugares distantes do município, o que
conseqüentemente representam custos mais altos com os meios para captação e adução
da mesma. Outras estão explorando águas subterrâneas, utilizando-se de um recurso que
poderia ser utilizado quando a água superficial já não atendesse à demanda de consumo.
O problema de gerenciamento de recursos hídricos no estado de São Paulo
configurou-se num fato importante a ser considerado, culminando com a criação dos
Comitês de Bacia, incumbido para a definição das diretrizes para garantir a utilização
adequada da água.
A pesquisa realizada estudou a evolução dos impactos ambientais superficiais
nos recursos hídricos superficiais da área urbana e de expansão do município de São
Carlos, entre 1962 e 2002, bem como os fatores que influenciaram a situação atual. Para
tal, foram utilizadas técnicas de sensoriamento remoto e SIG para análise multitemporal
dos impactos.
É importante ressaltar que esta pesquisa esteve vinculada ao projeto de políticas
públicas de título Uso Atual do Solo no Município de São Carlos, SP – Base de
Planejamento Urbano e Rural, processo nº 98/10924-3, FAPESP.
3

2. OBJETIVOS

Os objetivos gerais da pesquisa, utilizando-se imagens orbitais, fotografias


aéreas e SIG, podem ser visualizados na Figura 1:

São Carlos

Técnicas de Sensoriamento Sistemas de Informação


Remoto Geográfica

Estudo multitemporal determinando as áreas agredidas


no ambiente urbano e suburbano no período de 1962 a
2002.

FIGURA 1 - Objetivos gerais da pesquisa.

Os objetivos específicos são definidos a seguir:


- quantificar, avaliar e analisar multitemporalmente a evolução dos impactos ambientais
superficiais nos recursos hídricos entre 1962 e 2002, na área urbana e de expansão
decorrente da ocupação urbana;
- analisar e discutir os possíveis fatores indutores das diversas situações; e
- discutir a situação da cidade de São Carlos, considerando se as áreas de preservação
ambiental atendem a legislação vigente.
4

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Sensoriamento Remoto


As imagens de sensoriamento remoto têm sido utilizadas como fonte de dados e
informações para geologia, planejamento urbano, monitoramento ambiental e florestal,
estudos oceânicos, agrícolas, clima, entre outros. Além disso, o sensoriamento remoto é
útil para avaliar o comportamento multitemporal dos vários elementos presentes no
ambiente terrestre, o que é importante, por exemplo, para o monitoramento ambiental.
NOVO (1989) define sensoriamento remoto como “a utilização de sensores para
aquisição de informações sobre objetos ou fenômenos sem que haja contato direto com
eles”.
Ainda segundo Novo, “sensoriamento remoto é a utilização conjunta de
modernos sensores, equipamentos para processamento de dados, equipamentos de
transmissão de dados, aeronaves, espaçonaves etc, com o objetivo de estudar o ambiente
terrestre através do registro e análise das interações entre a radiação eletromagnética e
as substâncias componentes do planeta Terra em suas mais diversas manifestações”.
Para EASTMAN (1997), sensoriamento remoto pode ser definido como
qualquer processo através do qual é coletada informação a respeito de um objeto, área
ou fenômeno, sem contato direto com eles. O termo sensoriamento remoto vem sendo
associado mais especificamente com a indicação de interações entre os materiais da
superfície terrestre e a energia eletromagnética.
Segundo NOVO (2001), para melhor compreender a definição de sensoriamento
remoto, faz-se necessário identificar os quatro elementos fundamentais das técnicas de
sensoriamento, representados no esquema da Figura 2.
5

Fonte

REM

Sensor Alvo

Fonte: NOVO (2001).

FIGURA 2 - Esquema representativo dos quatro elementos fundamentais das técnicas


de sensoriamento remoto.

Assim, no centro do triângulo do esquema encontra-se a Radiação


Eletromagnética (REM) que se configura no elo de ligação entre os demais elementos.
A fonte, responsável pelo fornecimento da REM, pode ser o sol, a Terra, antenas de
microondas etc. O sensor é o elemento que coleta e registra a REM refletida ou emitida
pelo alvo, que é o elemento do qual pretende extrair a informação.
De acordo com CROSTA (1992), “um dos objetivos do sensoriamento remoto é
o de distinguir entre e identificar as composições de diferentes materiais superficiais,
sejam eles tipos de vegetação, padrões de uso de solo, rochas e outros. Essa distinção e
identificação tornam-se possíveis devido ao fato dos materiais superficiais terem
comportamentos específicos ao longo do espectro eletromagnético, comportamentos
esses que podem, portanto, ser utilizados para identificá-los”.
Ainda para Crosta, “a função primordial do processamento digital de imagens é
a de fornecer ferramentas para facilitar a identificação e extração da informação contida
nas imagens, para posterior classificação”.
Para SCHOWENGERDT (1997) e NOVO (2001), algumas importantes
aplicações da tecnologia de sensoriamento remoto são:
- monitoramento ambiental e crescimento urbano;
- detecção e monitoramento das mudanças globais (depleção do ozônio
atmosférico, devastação de florestas, aquecimento global);
- uso na agricultura (condições das colheitas, previsão de safra, erosão de solo);
6

- levantamento de recursos não-renováveis (minerais,combustíveis fósseis, gás


natural);
- levantamento de recursos renováveis (áreas alagadas, solos, florestas, oceanos);
- emprego na meteorologia (dinâmica atmosférica, previsão do tempo);
- mapeamento (topografia, uso do solo, engenharia civil); e
- reconhecimento militar (estratégia militar).
A utilização de técnicas de sensoriamento remoto para estudos urbanos mostra-
se eficaz na análise das mudanças da ocupação urbana, permitindo realizar
levantamentos relativos ao ambiente urbano, tais como: alterações da extensão dessas
áreas, mudanças no seu uso e na ocupação urbana, e transformações dentro do ambiente
urbano.
Estes e Stars1 (1986), citados por DUPAS (1997), comentam que a aplicação e a
integração de sensoriamento remoto com SIG têm objetivos bem definidos quanto à
utilização para policiamento, integração de dados, recursos multitemporais, análises e
informações de suporte às decisões que possibilitam até estudos globais.
Para que seja possível a extração de informações a partir de dados de
Sensoriamento Remoto, é fundamental o conhecimento do comportamento espectral dos
objetos da superfície terrestre e dos fatores que interferem nesse comportamento
(NOVO, 1989). Assim, não é possível determinar para cada alvo uma assinatura
espectral característica, pois a determinação não depende apenas da constituição
fisiológica de características do alvo, mas de todos os fatores que o envolvem naquele
momento.
As radiações eletromagnéticas variam em função da freqüência e,
conseqüentemente, do comprimento de onda. O conjunto dessas radiações, ordenadas
em função do comprimento de onda e da freqüência, compreende o espectro
eletromagnético mostrado na Figura 3 (MOREIRA, 2001).

1
ESTES, J.E.; STARS, J.L. (1993). Remote sensing and GIS integration: Towards a prioritized research
agenda. NCGIA – National Center for Geographic Information and Analysis Conservation, Technical
Report 93-4, may, 14p.
7

Fonte: INPE (2001).

FIGURA 3 - Espectro eletromagnético.

Conforme é observado na Figura 3, o espectro eletromagnético distribui-se nas


seguintes faixas e aplicações:
- radiação gama: comprimentos de ondas abaixo de 1 Angstrom, com alta freqüência e
aplicações na medicina e processos industriais;
- raios X: comprimentos de ondas entre 1 e 10 Angstrons, com aplicações em medicina
e no estudo de matéria; são absorvidos pelos gases na alta atmosfera quando
provenientes do sol;
- radiação ultravioleta: comprimentos de ondas entre 0,01 e 0,38 µm. O espectro UV é
dividido em UV próximo (0,3 a 0,38 µm), UV distante (0,2 a 0,3 µm) e UV máximo
(0,1 a 0,2 µm). Pode ser utilizada para detecção de minerais por luminiscência e de
poluição marinha;
- radiação visível (LUZ): conjunto de comprimentos de ondas entre 0,39 µm e 0,70
µm, região onde o olho humano é capaz de distinguir as cores. Importante para o
8

sensoriamento remoto, pois imagens obtidas nesta faixa, geralmente, apresentam


excelente correlação com a experiência visual do intérprete. Compreende a região do
azul (0,39 a 0,50 µm), do verde (0,50 a 0,62 µm) e do vermelho (0,62 a 0,70 µm); e
- radiação infravermelha: comprimento de ondas com comprimento entre 0,70 µm e
1000 µm, divididas em IV próximo (0,70 a 1,1 µm), IV médio (1,1 a 3,0 µm) e IV
distante (3,0 a 1000 µm).
Cada faixa espectral é sensível a determinadas substâncias que compõem o
ambiente terrestre, citadas no Quadro 1:
QUADRO 1 – Faixas espectrais e aplicações.
Faixa Espectral Aplicações
apresenta grande penetração em corpos
d’água, sendo utilizado no mapeamento
0,45 – 0,52 µm
das águas costeiras e também para
diferenciar solo e vegetação;
utilizada para medir a reflectância da
0,52 – 0,60 µm
vegetação;
sua absorção pela clorofila é importante
0,63 – 0,69 µm
para discriminação da vegetação;
avaliação da biomassa e delineação dos
0,76 – 0,90 µm
corpos d’água;
útil para detectar teor de umidade em
1,55 – 1,75 µm
vegetação;
infravermelho termal, sensível à mistura de
10,4 – 12,5 µm
solo e vegetação;
apresenta sensibilidade à morfologia do
2,08 – 2,35 µm terreno sobre a geomorfologia, solos e
geologia.

Conhecendo-se algumas das características dos temas da região a ser estudada,


pode-se determinar qual a faixa de ondas espectrais mais adequada e,
conseqüentemente, os sistemas sensores mais adequados para o tipo de estudos que se
deseja no ambiente.

3.1.1 Sistemas Sensores


NOVO (1989) define os sistemas sensores como qualquer equipamento capaz de
transformar alguma forma de energia em sinal passível de ser convertido em informação
sobre o ambiente.
9

Os sistemas sensores podem ser classificados quanto à fonte de energia


utilizada, região do espectro em que operam e tipo de transformação sofrida pela
radiação detectada.
Quanto ao tipo de fonte de energia utilizada, os sensores podem ser classificados
em ativos ou passivos. Os sensores passivos detectam a radiação solar refletida ou
emitida pelos objetos da superfície. Os sensores ativos produzem sua própria radiação,
como é o caso dos radares.
Na classificação em função do tipo de transformação sofrida pela radiação
detectada, têm-se os sistemas não imageadores e os sistemas imageadores. Os sistemas
não imageadores não fornecem uma imagem da superfície sensoriada, mas dados em
forma de dígitos ou gráficos, úteis para aquisição de informações sobre o
comportamento espectral dos objetos. Já os sistemas imageadores fornecem uma
imagem da superfície observada.
Cada sensor possui características distintas quanto à resolução espectral, espacial
ou geométrica, temporal e radiométrica.
A resolução espectral refere-se ao poder de resolução que o sensor possui para
discriminar diferentes alvos na superfície terrestre, em função da largura da banda
espectral em que o sensor opera (MOREIRA, 2001). A resolução espacial mede a
menor separação angular ou linear entre objetos (NOVO, 1989). A resolução temporal é
o intervalo de tempo que o satélite leva para cobrir novamente a mesma área de
interesse. A radiação radiométrica refere-se à capacidade que o sensor tem de poder
discriminar, numa área imageada, alvos com pequenas diferenças de radiação refletida
e/ou emitida (MOREIRA, 2001).

3.1.2 Sistemas Fotográficos


Segundo MOREIRA (2001), sensores fotográficos são todos os dispositivos que
registram através de um sistema óptico, a energia refletida pelos alvos da superfície
terrestre em uma película fotossensível, ou seja, no detetor chamado de filme
fotográfico. Os sistemas fotográficos mais utilizados são aqueles aerotransportados.
Esses sistemas podem ser classificados em dois tipos: os que utilizam câmeras métricas
e os que são providos de câmeras de reconhecimento. As câmeras métricas são
utilizadas com finalidade cartográfica, o que faz com que sua configuração adapte-se
10

para que as distorções geométricas sejam minimizadas. As câmeras de


reconhecimento são utilizadas para identificação de objetos, para vigilância, sem
preocupação com aquisição de dados quantitativos (distância, tamanho, etc) sobre os
objetos imageados (NOVO, 2001).
As fotografias aéreas podem ser utilizadas em planejamento de área urbana, no
mapeamento de solos, na cartografia, na identificação e mapeamento de uso de solo, na
determinação de bacias hidrográficas, para fins militares e de cadastramento de imóveis,
mapeamento de culturas agrícolas, etc.
A obtenção de informações a partir das fotografias aéreas é realizada através da
fotointerpretação. A fotointerpretação é a análise das fotografias a fim de identificar
objetos e seus significados (Sociedade Americana de Fotogrametria, 1960), envolvendo
os processos de observação e interpretação (MOREIRA, 2001).
Algumas limitações são citadas por SEGANTINE (1988):
- deslocamento radial, a partir do centro da fotografia, gerando distorções, ou seja,
distâncias e direções imprecisas;
- menores erros na porção central da fotografia;
- as elevações não são vistas em forma absoluta, gerando somente posições e
alturas gerais de montes e vales;
- baixa confiabilidade na observação de fotografia submersa; e
- regiões planas recobertas por florestas densas, etc.
No processo de fotointerpretação, algumas características podem ser observadas,
tais como:
- padrões;
- tonalidades e cores;
- formas e tamanhos;
- textura;
- sombra.
O padrão refere-se ao arranjo espacial ordenado de aspectos geológicos,
topográficos ou de vegetação (SEGANTINE, 1988). As redes de drenagem apresentam
padrões de fácil reconhecimento nas fotografias aéreas, podendo fornecer informações a
respeito dos tipos de rochas e solos da área mapeada. Feições retilíneas e enxadrezadas
11

revelam a incidência de área urbana. A presença de carreadores representa a


presença de culturas ou áreas de reflorestamento.
A tonalidade é um parâmetro qualitativo, que indica a presença de alvos de
reflectâncias diferentes (MOREIRA, 2001). Porém, em fotografias monocromáticas, a
tonalidade não deve ser o único critério a ser utilizado na fotointerpretação, pois
diferentes feições podem apresentar tonalidades semelhantes. A cor é um parâmetro
importante, pois os olhos estão mais habituados a observar objetos coloridos do que
objetos em tons de cinza.
O conhecimento da forma dos objetos na superfície terrestre é outro parâmetro
utilizado para identificação desde que associado a outras características. Uma dessas
características é o tamanho. MOREIRA (2001) cita o exemplo das áreas agrícolas que
possuem formas retangulares e bem definidas. Contudo o tamanho de uma área de
plantio de cana-de-açúcar é diferente do de uma área hortícola. Podem-se discernir,
através da forma, rios , córregos, áreas irrigadas, cidades etc.
A textura, conforme comenta MOREIRA (2001), é produzida através do
agregamento de vários alvos que na sua individualidade não são detectados, podendo
variar de lisa a rugosa, dependendo das características dos alvos, da resolução espacial e
da escala.
As escalas das fotografias aéreas dependem basicamente da finalidade a que se
destinam. A escala varia de acordo com a altura do vôo: quanto mais alto o avião voar,
menor será a escala e o nível de detalhamento da verdade terrestre.
Além da fotografia aérea, são utilizadas as fotografias ortorretificadas,
que possuem escala rigorosa e sem distorções, obtidas através da transformação das
projeções cônicas em projeções ortogonais a partir de retificação diferencial das
fotografias em instrumentos fotogramétricos denominados ortoprojetores.

3.1.3 Satélites de Observação da Superfície Terrestre

3.1.3.1 LANDSAT
O sistema LANDSAT (Land Remote Sensing Satellite) é composto por uma
série de 5 satélites lançados em intervalos médios de 3 a 4 anos. Esse sistema foi
desenvolvido pela National Aeronautics and Space Administration (NASA) e recebeu
12

inicialmente o nome de Earth Resources Technology Satellite-1 (ERST-1)


passando a ser chamado de LANDSAT em janeiro de 1975 (NOVO, 1989).
Nos três primeiros satélites LANDSAT (LANDSAT 1, LANDSAT 2 e
LANDSAT 3), lançados respectivamente em 1972,1975 e 1978, foram utilizados o
sistema MSS (Multispectral Scanner Subsystem) com o objetivo de coletar dados sobre
recursos naturais renováveis e não renováveis da superfície terrestre. As características
espectrais e espaciais das bandas do sensor MSS são mostradas no Quadro 2.

QUADRO 2 - Características espectrais e espaciais do sensor MSS.


Resolução Espacial
Banda Faixa Espectral (nm) Região do Espectro
(m x m)
4 500-600 verde 80
5 600-700 vermelho 80
6 700-800 IV próximo 80
7 800-1100 IV próximo 80

Os satélites LANDSAT 4 e 5 passaram a contar com o sensor TM (Thematic


Mapper) operando em 7 faixas espectrais, apresentando melhorias quanto a resoluções
espectrais, espaciais, temporais e radiométricas. O sensor TM opera em 7 bandas do
espectro eletromagnético, sendo: 3 bandas na região do visível, 3 bandas na região do
infravermelho refletido e uma banda na região termal. A largura da faixa imageada é de
185 km. A resolução espacial para os sensores que operam nas regiões do visível e
infravermelho refletido é de 30 m x 30 m, e para o sensor da região termal é de 120 m x
120 m (MOREIRA, 2001). As características espectrais e espaciais do sensor TM e
algumas das aplicações do sensor TM são descritas no Quadro 3.
13

QUADRO 3 - Características espectrais, espaciais e aplicações do sensor TM.


Banda Faixa espectral (µm) Região do espectro Resolução espacial (m x m) Principais aplicações
• mapeamento de águas costeiras;

1 • diferenciação entre solo e vegetação; e


0,45-0,52 azul 30
• diferenciação entre vegetação coníferas e
decídua.
• reflectância de vegetação verde sadia; e
2 0,52-0,60 verde 30
• sensibilidade à presença de sedimentos em suspensão.
• absorção da clorofila;
• diferenciação de espécies vegetais;
3 0,63-0,69 vermelho 30 • mapeamento da drenagem através da visualização de
mata galeria; e
• delineamento da mancha urbana.
• levantamento da biomassa;
4 0,76-0,90 IV próximo 30 • delineamento de corpos d’água; e
• informações sobre a geomorfologia.
• medidas de umidade da vegetação; e
5 1,55-1,75 IV médio 30
• diferenciação entre nuvens e neve.
• mapeamento de estresse térmico em plantas; e
6 10,40-12,50 IV Termal 120
• outros mapeamentos térmicos.
7 2,08-2,35 IV médio 30 • mapeamento hidrotermal.
Fonte: Adaptado de MOREIRA ( 2001) e NOVO (1989).
14

No LANDSAT 7, lançado em 1999, foi adicionado um detetor que opera numa


banda pancromática (0,52 µm a 0,90 µm) cuja resolução espacial é de 15 m x 15 m
(MOREIRA, 2001), além da banda 7 apresentar intervalo espectral diferente do
LANDSAT 4 e 5. As características espectrais e espaciais do sensor ETM+7 podem ser
visualizadas no Quadro 4.

QUADRO 4 - Características espectrais e espaciais do sensor ETM+ do LANSAT-7.


Banda Faixa espectral (µm) Região do espectro Resolução espacial (m x m)
1 0,45-0,52 azul 30
2 0,53-0,61 Verde 30
3 0,63-0,69 vermelho 30
4 0,76-0,90 IV próximo 30
5 1,55-1,75 IV médio 30
6 10,40-12,50 IV termal 120
7 2,09-2,35 IV médio 30
8 (PAN) 5,20-9,00 visível / IV próximo 15
Fonte: Modificado de MOREIRA (2001).

3.1.3.2 SPOT
O sistema SPOT (Sistem e Proboitoire de Observation de la Terre) é um
programa espacial francês lançado em fevereiro de 1986. O sistema imageador presente
nesta série de satélites é o HRV (Haut Resolution Visible), que opera em módulo
espectral e pancromático. No módulo espectral, opera nas bandas XS1, XS2 e XS3,
abrangendo as regiões do visível e do infravermelho próximo com resolução espacial de
20 m x 20 m. No módulo pancromático, a resolução espacial é de 10 m x 10 m. As
características espaciais e espectrais podem ser observadas no Quadro 5, bem como
algumas de suas aplicações. Ainda, segundo FONSECA FILHO (2001), o satélite SPOT
permite a obtenção de pares estereoscópicos pela combinação de duas imagens da
mesma região, obtidas durante órbitas diferentes com diferentes ângulos de observação.
15

QUADRO 5 - Características espectrais,espaciais e aplicações do sensor HRV.


Sensor Faixa espectral (µm) Região do espectro Resolução espacial (m x m) Principais aplicações
• sensibilidade à presença de sedimentos em suspensão;
XS1 0,50-0,59 verde 20 e
• boa penetração em corpos d’águas.
• contraste entre áreas ocupadas com vegetação e áreas
sem vegetação, devido a grande absorção da
vegetação verde, densa e uniforme;

XS2 0,61-0,68 vermelho 20 • mapeamento de drenagem através da


visualização da mata ciliar;
• delineamento de áreas urbanas; e
• identificação de áreas agrícolas.
• mapeamento e delineamento de corpos d’águas;
XS3 0,79-0,89 IV próximo 20 • obtenção de informações sobre solos; e
• geomorfologia e geologia.

PAN 0,51-0,73 visível / IV próximo 10 • aplicações que necessitem de precisão geométrica e


melhor resolução.
16

3.1.4 Comportamento Espectral dos Alvos


Segundo NOVO (2001), “comportamento espectral de um material (alvo) da
superfície terrestre pode ser conceituado como o conjunto de reações que o alvo
apresenta ao interagir com a radiação eletromagnética sob determinadas condições de
contorno”. O comportamento espectral do alvo não é função apenas das características
intrínsecas do objeto da superfície terrestre, mas de todos os fatores envolventes no
modo como a imagem é obtida e ainda das condições que o ambiente apresentava no
momento da obtenção da imagem.
Para entender como ocorre a interação entre objeto e energia eletromagnética, é
necessário compreender que a energia luminosa ao atingir o alvo na superfície terrestre
pode ser absorvida total ou parcialmente, refletida ou transmitida através da superfície.
O sensor para obter a imagem desejada utiliza-se da porção do fluxo radiante refletido
pelo alvo.
A seguir será realizada uma breve explanação referente aos aspectos dos
comportamentos espectrais de alguns alvos da superfície terrestre na região do espectro
visível e infravermelho.

3.1.4.1 Solo
Para NOVO (2001), “o solo é um material extremamente complexo, com
propriedades químicas e físicas bastante variáveis, e cuja distribuição horizontal e
vertical depende das rochas que lhe deram origem e da decomposição da matéria
orgânica depositada pela fauna e flora”.
MOREIRA (2001) comenta a respeito dos parâmetros que influenciam a
reflectância dos solos. Para o autor, os óxidos de ferro, a umidade, a matéria orgânica, a
granulometria, a mineralogia da argila, o material de origem são alguns desses
parâmetros.
Segundo MOREIRA (2001), “os óxidos de ferro absorvem bastante a energia
eletromagnética da região do infravermelho próximo (com máxima absorção em torno
de 0,90 µm)”.
NOVO (2001) discute a influência da matéria orgânica nos solos, cuja
reflectância dos solos com baixos teores de ferro aumenta ao longo do espectro ao se
17

remover a matéria orgânica. Em solos com teores relativamente altos em ferro e


sem minerais opacos a remoção da matéria orgânica só afeta a reflectância em
comprimento de ondas superiores a 0,06 µm. Contudo, em solos escuros, com alto teor
de ferro e materiais opacos, a reflectância é afetada pela eliminação da matéria orgânica.
Quanto à umidade, a presença de água no solo aumenta a absorção de radiação
eletromagnética, de modo que a reflectância do solo decresça na região do visível e do
infravermelho próximo, comparado ao seu estado seco (MOREIRA, 2001).
Todos esses fatores acima citados estão fortemente correlacionados, tornando a
interpretação dos dados bastante difícil, pois os efeitos das propriedades do solo sobre a
reflectância são cumulativos (NOVO, 2001 e MOREIRA, 2001).

3.1.4.2 Água
Para NOVO (2001), quando se estuda o comportamento espectral da água
procuram-se perceber os componentes que se encontram nela dissolvidos ou suspensos.
A presença do fitoplâncton e de matéria orgânica nos ecossistemas aquáticos é
responsável por parte da absorção e espalhamento da radiação solar e determina, até
certo ponto, as propriedades ópticas da água (MOREIRA, 2001).
Com o aumento da concentração da matéria orgânica na água, aumenta-se a
absorção de energia pela mesma, acarretando uma diminuição da reflectância na região
espectral do visível.
Outros componentes que interferem na absorção de energia pela água é a
presença de partículas minerais inorgânicas carregadas pela chuva, ventos,
assoreamento do corpo d’água.

3.1.4.3 Vegetação
MOREIRA (2001) descreve que a maior parte da radiação do espectro visível
que atinge o dossel vegetativo é absorvida pelos pigmentos fotossintetizantes (clorofila
“a”, “b”, caretenóides, xantolinas e antocianinas) no mesófilo das plantas. No espectro
do Infravermelho, o comportamento espectral da vegetação é influenciado pelas
propriedades ópticas da folha, como também pela quantidade de água presente na folha.
18

FONSECA FILHO (2001) discute a curva espectral média da vegetação


fotossinteticamente ativa, representada na Figura 4. O gráfico pode ser dividido em três
regiões espectrais que percebem características diferentes da vegetação:
1) até 0,7 µm: A reflectância é baixa, devido à grande absorção da radiação
eletromagnética incidente pelos pigmentos da planta (carotenóides e clorofila);
2) de 0,7 a 1,3 µm: tem-se uma região de alta reflectância da vegetação verificada pela
interferência da estrutura celular; e
3) de 1,3 a 2,5 µm: tem-se uma região onde a reflectância da vegetação responde pelo
conteúdo de água das folhas.

Fonte: NOVO (2001)

FIGURA 4 - Comportamento espectral de uma vegetação fotossinteticamente ativa

Tudo o que foi descrito anteriormente refere-se ao comportamento de uma folha,


fornecendo informações para poder analisar a resposta espectral do dossel vegetativo2.

2
Dossel vegetativo é um arranjo de indivíduos de uma mesma espécie ou de espécie distintas num
determinado espaço. Dessa forma, o dossel não é constituído apenas de folhas, mas também de galhos,
frutos e flores, além de possuírem características diferentes referentes às propriedades ópticas, estruturais,
morfológicas, geométricas, estágio fenológico e parâmetros ambientais (NOVO, 2001).
19

3.1.5 Classificação Multiespectral


Quando são realizadas classificações espectrais a partir de uma imagem orbital,
o pixel dessa imagem é associado a um atributo representado por um objeto real na
superfície terrestre. Os valores digitais dos pixels definidos pela sua reflectância são
associados aos temas imageados pelos sensores.
Segundo CROSTA (1992), essa atribuição é feita com base em observações no
pixel em si e na sua vizinhança, utilizando-se de uma série de regras. Para o
INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (2002), os métodos de
classificação são usados para mapear áreas da superfície terrestre que apresentam um
mesmo significado em imagens digitais.
Quando os pixels de uma cena são associados aos objetos na superfície terrestre,
tem-se a distribuição dos temas na cena, resultando, assim, num mapeamento temático.
Conforme SCHOWENGERDI (1997), a classificação temática de imagem
envolve algumas etapas que serão descritas a seguir e mostradas na Figura 5:
-obtenção das feições terrestres: transforma a imagem multiespectral em
informações espaciais;
-treinamento: extração de pixels a serem utilizados para treinamento do
classificador para organizar as categorias ou classes; e
-classificação: aplicação das funções para retratar as feições da imagem e
classificar todos os pixels.
As técnicas de classificação multiespectral podem ser divididas em três
conjuntos: técnicas de classificação supervisionada, de classificação não-supervisionada
e de classificação híbrida.
20

Cena

A tm o sfe ra

S e n so r

Im a g e n s
M u lties pe ctrais

C la ss ificad or

E x tra ção d as
fe iç õe s

Feiçõ e s d a
Im a ge m

F e içõ e s E sp ac ia is
T re in a m e n to
b

D e te rm in ação
T re in a m e n to
d as fu n çõ e s a
d o s p ix e ls
d is c rim in a n te s

C la ssific ação

M apa
a T e m ático
c

Fonte: SCHOWENGERDI (1997)

FIGURA 5 – Etapas da Classificação Temática


21

3.1.5.1 Classificação Supervisionada

Classificação supervisionada consiste na identificação de alguns pixels


pertencentes à classe desejada por parte do usuário enquanto o computador identifica a
posição dos demais pixels pertencentes a determinada classe, fundamentada em alguma
regra estatística pré-estabelecida. Nesse caso, o usuário deve conhecer a verdade
terrestre de antemão, pois ele será responsável por fornecer parâmetros ao algoritmo de
classificação para realização da mesma.
Para fornecer as informações da verdade terrestre, o usuário identifica as áreas
de treinamento que contêm as características de cada classe, ou seja, o comportamento
espectral dos alvos. Essas áreas de treinamento são obtidas diretamente através da
delimitação das áreas no monitor.
Para realização da classificação, alguns métodos são utilizados, como, por
exemplo, o método do paralelepípedo, da distância mínima e da máxima
verossimilhança.
Segundo CROSTA (1992), o método do paralelepípedo é um método
determinístico e considera uma área no espaço de atributos ao redor do conjunto de
treinamento. Por sua vez, a área considerada tem a forma de um quadrado ou
paralelepípedo definido pelo DN máximo e mínimo do conjunto de treinamento. A
classificação é determinística, na qual o pixel é associado a uma determinada classe
quando os valores de cinza estiverem contidos nos intervalos de cinza determinados
para cada banda, na área fornecida pelo analista para o treinamento do sistema
(MOREIRA, 2001). Nesse método, o analista treina o classificador apenas para uma
classe de cada vez.
O método da máxima verossimilhança (MAXVER) é um método probabilístico
em que a distribuição espectral é considerada como tendo uma distribuição normal, ou
seja, gaussiana. Assim, segundo MOREIRA (2001), para uma dada classe, a variação na
resposta espectral tem um comportamento gaussiano, isto é, muitos dos elementos da
classe apresentarão respostas espectrais em torno da média.
De acordo com NOVO (2001), a classificação probabilística baseia-se no
pressuposto de que cada classe espectral pode ser descrita por uma distribuição de
probabilidade no espaço multitemporal.
22

Conforme MOREIRA (2001), no MAXVER o analista fornece ao sistema


informações espectrais de todos os alvos contidos na área de estudo, e para cada alvo é
criada uma classe espectral. Os conjuntos de treinamento definem o diagrama de
dispersão das classes e suas distribuições de probabilidade, considerando a distribuição
de probabilidade normal para cada classe do treinamento.
Segundo CROSTA (1992), o método MAXVER, bem como os outros métodos
de classificação supervisionada, parte do princípio de que o usuário conheça o bastante
da região imageada a ser classificada para poder definir classes que sejam
representativas.
Segundo o INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (2002), os
limites de classificação são definidos a partir de pontos de mesma probabilidade de
classificação de uma e de outra classe. A Figura 6 apresenta, ainda, o limite de aceitação
de uma classificação, no ponto em que as duas distribuições se cruzam. Dessa forma,
um "pixel" localizado na região sombreada, apesar de pertencer à classe 2, será
classificado como classe 1, pelo limite de aceitação estabelecido.

Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (2002)

FIGURA 6 - Limite de aceitação de uma classificação.

O limiar de aceitação indica a porcentagem de "pixels" da distribuição de


probabilidade de uma classe que será classificada como pertencente a essa classe. Um
23

limite de 99%, por exemplo, engloba 99% dos "pixels", sendo que 1% será
ignorado (os de menor probabilidade), compensando a possibilidade de alguns "pixels"
terem sido introduzidos, durante o treinamento, por engano, nessa classe, ou estarem no
limite entre duas classes. Um limiar de 100% resultará em uma imagem classificada
sem rejeição, ou seja, todos os "pixels" serão classificados (INSTITUTO NACIONAL
DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002).

3.1.5.2 Classificação não-supervisionada


A técnica de classificação não-supervisionada baseia-se no princípio de que o
software utilizado para o processamento do algoritmo classificador é capaz de
identificar, por si só, as classes de um conjunto de dados (CROSTA, 1992). Nesse caso,
o analista tem pouco controle sobre a separação das classes, eliminando assim a
subjetividade no processo de obtenção das amostras da área para o treinamento do
classificador.
Embora não seja necessário que o analista forneça as áreas de treinamento, ele
deve fornecer alguns parâmetros ao sistema. MOREIRA (2001) comenta a respeito do
classificador K-médias e os parâmetros que o analista deve fornecer ao algoritmo. Os
parâmetros citados são os seguintes:
- o número de classes espectrais prováveis dentro da área de estudo;
- a distância mínima entre os valores de níveis digitais de duas classes;
- número de iterações realizadas, ou seja, quantas vezes o classificador deve
repetir a operação de análise do pixel em relação aos atributos das classes
contidas na área.
A partir desses parâmetros de entrada, o sistema realiza o agrupamento
(“clustering”) dos pixels homogêneos em n classes espectrais.
Esses algoritmos de agrupamento determinam o agregamento dos dados com
características dentro dos parâmetros estabelecidos, definindo as “nuvens” (“clusters”)
que serão utilizadas como áreas de treinamento para a classificação.
Uma das vantagens da utilização da classificação não-supervisionada é o fato do
analista não necessitar conhecer previamente a região a ser estudada.
24

3.1.5.3 Classificação Híbrida


A classificação híbrida consiste na utilização prévia da classificação não-
supervisionada para obtenção dos diferentes grupos de níveis digitais da área de estudo,
para melhor definir, assim, melhor definir as áreas de treinamento para a classificação
supervisionada.

3.1.6 Análise Digital de Dados Multitemporais


Para NOVO (1989), “a análise multitemporal consiste na manipulação de dados
tomados em diferentes datas, utilizando imagens de um mesmo canal”.
Ainda segundo Novo, para que seja possível a análise de dados multitemporais,
é necessário que haja uma quase perfeita superposição dos pixels de uma cena na data 1
com a cena da data 2. Para isso, utiliza-se do registro de imagens.
O registro de imagens pode ser utilizado em análise comparativa entre imagens
multitemporais, na combinação de imagens de diferentes sensores sobre uma mesma
área e mosaico de imagens. O INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS
(2002) considera o registro de imagens como “a transformação geométrica que
relaciona coordenadas de imagens (linha e coluna) com coordenadas geográficas
(latitude e longitude) de um mapa. Essa transformação elimina distorções existentes na
imagem, causadas no processo de formação da imagem, pelo sensor e por imprecisão
dos dados de posicionamento da plataforma (aeronave ou satélite)”.
Para realizar o registro da imagem deve-se obter pontos de controle, ou seja,
pontos confiáveis como cruzamento de estradas, confluências de rios, cidades etc, cujas
coordenadas possam ser obtidas através de cartas e mapas.

3.2 Sistemas de Informação Geográfica


Segundo CÂMARA (1996), os sistemas de Informação Geográfica configuram-
se como ferramentas computacionais do Geoprocessamento, permitindo a realização de
análises complexas, ao integrar dados de diversas fontes e ao criar banco de dados geo-
referenciados. Entende-se como Geoprocessamento a disciplina do conhecimento que
utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento de informações
geográficas.
25

Os sistemas de Informação Geográfica constituem uma ferramenta importante de


uso interdisciplinar para obtenção de informações e tomada de decisões. Assim, o SIG é
utilizado por profissionais de geografia, planejamento urbano, engenharia,
processamento de dados, arquitetura, ciências ambientais, ciências sociais, entre outras.
Nesse contexto, CÂMARA (1996) define SIG como sistemas de informação
construídos especialmente para armazenar, analisar e manipular dados geográficos, ou
seja, dados que representam objetos ou fenômenos em que a localização geográfica é
uma característica inerente e indispensável para tratá-los. Outras definições podem ser
encontradas em HUXHOLD (1991), MARTIN (1991), EASTMAN (1997),
CHRISTOFOLETTI (2001), entre outros.
Para MENDES (2001), o SIG se insere como uma ferramenta que tem a
capacidade de manipular as funções que representam os processos ambientais, em
diversas regiões, de uma forma simples e eficiente, permitindo uma economia de
recursos e tempo. Tais manipulações permitem agregar dados de diferentes fontes (por
exemplo: imagens de satélite, mapas topográficos, mapas de solos, etc) e diferentes
escalas. O resultado dessas manipulações, geralmente, é apresentado sob a forma de
mapas temáticos com as informações desejadas.
A possibilidade do SIG em integrar informações de diferentes fontes e níveis de
responsabilidade permite agregar fatores sociais, econômicos e ambientais no processo
de tomada de decisões, possibilitando planejar a região de uma maneira que garanta seu
desenvolvimento adequado.
CHRISTOFOLETTI (2001) descreve alguns requisitos para o desenvolvimento
de sistemas de tomadas de decisões:
- propiciar informações e conhecimentos completos, fidedignos e atuais,
processados de forma adequada, no tocante ao estado do meio ambiente sobre uma área
ou região específica;
- propiciar suporte firme para as decisões estratégicas e/ou ações operativas
necessárias à prevenção ou redução dos efeitos adversos ou negativos sobre o
meio ambiente; e
- propiciar dados e informações necessárias para avaliar ajustagem com a
legislação vigente para a proteção ambiental.
26

Segundo QUEIROZ (1996), devido à capacidade dos SIG’s de atualizar, analisar


e apresentar dados espaciais de forma bastante eficiente, de modo compacto e que
podem ser acessados rapidamente, o interesse por essa tecnologia na área de
planejamento dos recursos naturais está muito difundido.
Ainda, de acordo com Queiroz, é essencial que se entenda que o SIG é um meio,
uma ferramenta e não um fim. A determinação das metas a serem atingidas, às quais o
SIG deverá dar suporte, precede a sua implantação.
Dessa forma, um SIG é uma importante ferramenta para o apoio à tomada de
decisões, pois permite integrar informações de diferentes atividades a fim de propor
soluções para planejamento das cidades e sua relação com os recursos naturais do local.
MENDES (2001) discute a utilização de SIG para gerenciamento dos recursos
hídricos. Segundo ele, o gerenciamento de recursos hídricos depende de informações,
temporais e espaciais, bastante precisas. Modelos matemáticos, sensoriamento remoto,
sistemas de posicionamento globais e dados de campo são as ferramentas de coleta de
dados espaciais que constituem, em conjunto com os sistemas de informações
geográficos utilizados para gerenciar e manipular estes dados, métodos eficientes para o
gerenciamento de recursos hídricos.
CÂMARA & MEDEIROS (1996) descrevem a estrutura geral de um SIG,
indicando os componentes em seguida e como se relacionam através da Figura 7.
- interface com o usuário;
- entrada e integração de dados;
- funções de processamento gráfico e de imagens;
- visualização e impressão;
- armazenamento e recuperação de dados (organizados sob a forma de um banco
de dados geográficos).
A interface consiste na interação entre o usuário e o sistema, atualmente
expressa na forma de menus de comando.
A entrada de dados refere-se às formas de aquisição de dados espaciais contidos
em mapas, fotografias, imagens de satélites, dados de campo, dados digitalizados etc
(MOREIRA, 2001). Essa aquisição pode ser feita via teclado, digitalização em mesa,
scanners e através de dados de outros meios digitais.
27

No processamento podem ser citados as operações relativas às análises


geográficas (superposição, ponderação, medidas), processamento digital de imagens
(retificação, contraste, filtragem, realce e classificação), modelagem numérica de
terrenos (cartas de declividade, cálculo de volume, análise de perfis), redes (caminho
ótimo, caminhos críticos e ligações topológicas) e consultas espaciais ou não-espaciais.

Fonte: Câmara (1996)

FIGURA 7 - Arquitetura de Sistemas de Informação Geográfica.

A visualização consiste na apresentação das informações relativas às consultas


feitas ao sistema pelo usuário através do monitor, mapas digitais e analógicos, tabelas e
gráficos.
Nos mapas gerados podem ser citados os mapas temáticos e cadastrais. Para
CÂMARA & MEDEIROS (1996), nos mapas temáticos é visualizada uma região
geográfica particionada em polígonos, segundo os valores relativos a um tema,
28

resultado de funções de análise e classificação de dados, e que não correspondem a


elementos identificáveis do mundo real. Já os mapas cadastrais apresentam os objetos
identificáveis no meio real, com atributos associados à localização dos mesmos.
O armazenamento é realizado através de banco de dados geográficos e a
recuperação dos dados é obtida por meio de mecanismos de seleção e consulta ao banco
de dados. Os bancos de dados geográficos (BDO) caracterizam-se por armazenar dados
sobre a localização das atividades, além de seus dados alfanuméricos.

3.2.1 Formas de Representação de Dados


Os dados em um SIG podem ter duas representações: vetorial e matricial
(raster).
Segundo EASTMAN (1997), numa representação matricial, a área de estudo é
subdividida em uma fina malha de células de grade, nas quais são registradas as
condições ou atributos da superfície terrestre naquele ponto.
O sistema matricial possibilita uma estruturação digital de dados simplificada,
parecida com a arquitetura dos computadores digitais e a combinação de dados entre
imagem de sensoriamento remoto e mapas temáticos, podendo ser utilizado em modelos
ambientais.
O INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (2002) define o
formato matricial ou varredura (ou ainda "raster") como um conjunto de células
localizadas em coordenadas contíguas, implementadas em uma matriz 2D. Cada célula,
também chamada elemento de imagem, elemento de matriz ou "pixel", é referenciada
por índices de linha e coluna e contém um número representando o tipo ou valor do
atributo mapeado.
Para QUEIROZ (1996), no formato matricial, o espaço geográfico é dividido
segundo um sistema de células regulares, normalmente quadradas, sendo o conteúdo de
cada célula descrito pelo banco de dados. Isso significa que a informação geográfica no
espaço é discretizada, perdendo em exatidão e detalhes, mas ganhando em facilidade de
manipulação no ambiente computacional, uma vez que a estrutura de armazenamento de
dados por matrizes é adequada à estrutura matemática computacional. Além disso,
como as imagens de sensoriamento remoto utilizam também a forma matricial para
29

armazenamento dos dados, sua interação com sistemas que se utilizam desse
formato é perfeitamente viável.
GREGÓRIO (2000) cita a maneira com que Rodrigues3 (1990) comenta a
estrutura matricial de ponto, linha e área, demonstrados na Figura 8.

Fonte: Adaptado de Gregório (2000).

FIGURA 8 - Estrutura matricial de ponto, linha e área.

LIPORACI (1999) comenta que em estudos ambientais a estrutura matricial é


mais apropriada para avaliações que envolvam dados generalizados e áreas geográficas
maiores, onde a complexidade temática e analítica é mais importante. Essa análise
oferece vantagens significativas sobre a análise topológica para grande quantidade de
dados. As formas de análise matricial incluem sobreposição, zoneamento, proximidade,
classificação e geração de superfícies.

3
RODRIGUES, M. Introdução ao Geoprocessamento. In: Simpósio Brasileiro de Geoprocessamento, São Paulo,
1990. Anais. São Paulo: POLI/Universidade de São Paulo, 1990.
30

Complementando o que Liporaci citou, QUEIROZ (1996) comenta que a


estrutura matricial é excelente para estimativa e simulações de cenários devido a sua
grande capacidade de fazer sobreposições de mapas e combinações matemáticas de
dados em células múltiplas, o que justifica sua extensa utilização em modelos
ambientais.
Segundo EASTMAN (1997), com a representação vetorial os limites ou o
curso das feições são definidos por uma série de pontos que formam, quando unidos
com linhas retas, a representação gráfica de cada feição. A representação vetorial é a
maneira mais precisa de se representar um objeto geográfico. GREGÓRIO (2000),
através da Figura 9, demonstra como são representados pontos, linhas e polígonos na
estrutura vetorial. Ainda conforme MOREIRA (2001), no modelo vetorial, a
localização e as feições de cada objeto são representados por meio de coordenadas.
QUEIROZ (1996) caracteriza o modelo vetorial pela locação precisa dos
objetos geográficos através de coordenadas, sendo os objetos representados por
pontos, linhas ou polígonos. O formato vetorial tem como principais vantagens a sua
excelente precisão matemática, fazendo com que os contornos dos objetos sejam bem
definidos e haja economia de espaço no armazenamento de informações. Apresenta,
porém, a desvantagem em promover operações algébricas e sobreposição de mapas.

Fonte: Adaptado de Gregório (2000).

FIGURA 9 - Estrutura vetorial de ponto, arco e polígono.


31

3.2.2 Integração entre SIG e Sensoriamento Remoto


DUPAS (2001) utilizou recursos de imagens aéreas e orbitais e suas aplicações
com SIG na determinação de vetores de crescimento para a cidade de São Carlos-SP, no
período de 1961 até 1988. Nessa pesquisa, foram utilizadas fotografias aéreas do ano de
1962/1963 e 1971/1972 e imagens orbitais LANDSAT de 1986 e 1998, integradas no
SIG. O autor conclui que a integração entre SIG e sensoriamento remoto possibilita
visão sinótica dos problemas e, assim, demonstrar que a técnica utilizada auxilia ao
gestor ambiental, oferecendo acesso a informações importantes para decisão sobre o
ambiente urbano e suburbano.
GREGÓRIO (2000) aplicou as técnicas de sensoriamento remoto associadas a
um SIG para o mapeamento da cobertura e uso do solo, em uma área localizada no
município de Campinas, para verificar se a área de preservação permanente está sendo
respeitada conforme legislação vigente. Para isso, o autor utilizou imagens do sensor
TM e imagem pancromática do sensor HRV.
TABACZENSKI (1995) avaliou a aplicação do SIG como instrumento para
realização de estudos ambientais, particularmente para subsidiar o macrozoneamento de
uma determinada região.
MEDILHINA (1999) procurou identificar a influência da expansão urbana sobre
a mata ciliar e analisar os principais impactos que o desmatamento dessa vegetação
causa sobre os recursos hídricos, estudando a porção do rio Corumbataí que contempla
o ambiente urbano da cidade de Rio Claro-SP. Nessa pesquisa, a autora utilizou
fotografias aéreas para digitalização das feições da vegetação ciliar.
DUPAS (1997) utilizou SIG e imagens orbitais (sensores TM e HRV) para
identificar, avaliar e analisar as causas dos impactos do meio ambiente físico de
mineração, utilizando estudo multitemporal temático de 1982 a 1995, em uma mina
localizada na Amazônia.
COLLARES (2000) usou imagens de sensoriamento remoto e técnicas de
geoprocessamento para caracterização das atividades antrópicas e das variáveis
morfométricas das redes de drenagem de microbacias, com um intervalo de 23 anos.
Nesse trabalho, as imagens de satélite Landsat-TM constituíram instrumento satisfatório
na obtenção de um mapa de uso e ocupação em escala regional. Para a definição da rede
32

de drenagem da bacia estudada, foram utilizados pares estereoscópios de


fotografias aéreas, por possuírem melhor resolução espacial.
ALENCAR (1996) analisou multitemporalmente o uso do solo e a mudança da
cobertura vegetal em antiga área agrícola da Amazônia Oriental, utilizando imagens
Landsat-TM de 1984 e 1991.
COSTA & CINTRA (1998) analisaram a área metropolitana de Belo Horizonte ,
MG, desenvolvendo um modelo de meio ambiente através da utilização de alguns
aspectos físicos, integrando dados e técnicas de sensoriamento remoto e a tecnologia do
SIG, de forma a possibilitar uma avaliação das potencialidades físicas da área de
ocupação humana. Nesse trabalho foi utilizada imagem orbital Landsat-TM.
COSTA & SANCHES (2001) detectaram e avaliaram as mudanças ocorridas no
espaço urbano da cidade de São José dos Campos, SP, analisando também, sob o ponto
de vista ambiental, como uma conseqüência do processo de crescimento urbano
utilizando geotecnologias. Foram utilizadas nessa pesquisa fotografias aéreas de 1953,
1962, 1973 e 1985 e imagem SPOT Pan de 1997.
CHAO (1998) pesquisou a evolução da ocupação urbana na Província de
Habana, Cuba, entre os períodos de 1956 e 1996. Para caracterização do ano de 1956,
foram utilizadas fotografias aéreas pancromáticas na escala 1:62000; para o ano de
1987, foi utilizada imagem XS SPOT; e para 1996, foi utilizada imagem Landsat-TM.
ROCHA & FORESTI (1998) analisou a estrutura urbana e os problemas
ambientais da cidade de Iguape, SP, utilizando fotografias aéreas na escala 1:25000 de
dois períodos de tempos (1962 e 1991) e imagem de satélite Landsat–TM do ano
de1994. Através da utilização das fotografias aéreas e da imagem de satélite, foi
possível detectar as tendências do crescimento e a forma como o desenho urbano se
alterou no período estudado.
JESUS (2000) estudou a relação entre a morfologia e a evolução do uso do solo
da Bacia Hidrográfica do Alto Anhanduí, MS, entre 1988 e 1998, aplicando técnicas de
sensoriamento remoto e SIG. Nessa pesquisa utilizou-se imagem Landsat 5 para os anos
de 1988 e 1998 e o software SPRING.
CASTRO (1992) avaliou multitemporalmente padrões de expectativas de perdas
de solo na bacia hidrográfica do Ribeirão Bonito, localizada na região central do estado
de São Paulo. Nesse trabalho foi analisada a utilização integrada dos sistemas de
33

processamento digital de imagens e de SIG no estudo de bacias hidrográficas. Para


isso, foram utilizadas fotografias aéreas nas escalas 1:25.000 e 1:40.000 e imagem
Landsat 5.
PRADO (1999) estudou uma metodologia para a determinação da influência do
uso e ocupação do solo na qualidade da água. O SIG foi utilizado para digitalização,
manipulação e sobreposição de mapas. As imagens de satélite Landsat 5 foram
empregadas para atualização dos dados relativos ao uso e ocupação do solo.
QUEIROZ (1996) analisou a influência da urbanização sobre os processos
intervenientes no escoamento superficial, com a finalidade de formar um Sistema de
Suporte a Decisão aplicável ao planejamento urbano. O SIG foi utilizado para compilar
as características físicas da bacia hidrográfica como processador de dados de entrada
para a modelagem hidrológica e formação de novos cenários da urbanização da área de
estudo.
SIMÃO JUNIOR (2001) utilizou SIG como ferramenta de auxílio na
recuperação de áreas degradadas, pesquisando o desenvolvimento de elementos para o
planejamento da drenagem superficial de áreas mineradas, através da identificação de
micro-bacias vulneráveis a drenagem.
GRECCHI (1998) realizou um zoneamento ambiental para a região de
Piracicaba, SP, com base na análise de variáveis ambientais, principalmente de atributos
do meio físico. Para a elaboração da pesquisa, foram utilizados SIG e processamento
digital de imagens de satélite.
OLIVEIRA (1998) propôs uma metodologia para cálculo da largura da mata
ciliar necessária para conter a poluição transportada pelo escoamento superficial e
subsuperficial, utilizando SIG.
SOUZA (1998) desenvolveu uma proposta de zoneamento para distritos
industrias, com o objetivo de inserir o meio ambiente nos processos de tomada de
decisão para o estabelecimento de usos e ocupação do solo, utilizando o SIG.

3.3 A Urbanização e o Desenvolvimento Sustentável


Segundo MOTA (1999), o planejamento urbano tem sido usado como uma
forma de ordenar o crescimento das cidades, de modo a minimizar os problemas
decorrentes da urbanização. Dessa forma, o planejamento deve garantir um meio
34

ambiente que proporcione uma qualidade de vida indispensável a seus habitantes


atuais e futuros.
O mesmo autor comenta que a disciplina do uso do solo urbano constitui uma
importante ferramenta nesse processo de ordenação. O zoneamento, com a definição de
usos preponderantes, compatíveis ou indesejáveis para as diversas áreas de uma cidade,
pode resultar numa adequada distribuição de atividades, evitando-se, ao máximo, efeitos
negativos sobre o ambiente de vida de seus habitantes. A distribuição desses usos se faz
de forma variada, em função das peculiaridades de cada cidade, e resulta normalmente,
em alterações do ambiente urbano.
Ainda, essas alterações, independentes de seu tamanho, provocam desequilíbrios
que podem resultar na poluição dos recursos do solo, ar e água, com prejuízos para a
população. Com o crescimento acelerado das cidades, as necessidades desse
ecossistema urbano aumentam, também rapidamente, e o seu atendimento é feito à
partir de modificações ambientais, com prejuízo para o próprio meio.
No atual estágio de degradação do ambiente urbano, as gerações vindouras terão
enormes dificuldades quanto à utilização dos recursos naturais, como água para
abastecimento das cidades e tratamentos dos corpos d’águas.
Dessa maneira, a cidade urbaniza-se sem atender ao conceito de
desenvolvimento sustentável. Segundo a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente,
desenvolvimento sustentável é aquele que atende as necessidades do presente sem
comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias
necessidades.
No ano de 1992, foi realizada na cidade do Rio de Janeiro a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, organizada pela
ONU (Organização das Nações Unidas), na qual foi discutido como seria possível os
países e as comunidades continuarem se desenvolvendo com maior justiça social e sem
provocar danos ao meio ambiente. Nessa conferência foi criado um documento
conhecido como Agenda 21 que serve como guia para o desenvolvimento sustentável.
Para PEREIRA (2000), a Agenda 21 é um documento que cria um modelo, através de
uma proposta metodológica de gestão pública, segundo a qual estabelece, de forma
explícita, que as ações ambientais deixam de ser setoriais para passarem a ter uma visão
global, perpassando horizontalmente toda a gestão. Ressalta-se, ainda, a importância da
35

Agenda 21 Local para o desenvolvimento sustentável das comunidades que


utilizam e necessitam dos recursos naturais para sua sobrevivência e que precisam ser
conscientizadas da importância da preservação dos mesmos.
Para CHRISTOFOLETTI (1999), a meta fundamental do desenvolvimento
sustentável consiste em orientar decisões visando a utilizar adequadamente os recursos
naturais, a fim de manter condições favoráveis para a qualidade de vida das gerações
futuras, de modo que não sejam menores que as herdadas das gerações passadas.
Conforme MARCONDES (1999), o conceito de sustentabilidade ecológica está
vinculado às idéias de recomposição dos recursos renováveis, à capacidade de absorção
pelo meio ambiente das taxas de poluição e à garantia de manutenção dos recursos
renováveis às gerações futuras.
MOTA (1999) esclarece que compete ao homem a ocupação ordenada do solo,
com a utilização racional do ambiente físico, de forma a garantir um ecossistema urbano
equilibrado, que lhe ofereça as melhores condições de vida. Ainda, o planejamento
urbano não deve se limitar à cidade, mas vincular-se ao meio rural e à região onde está
inserida, pois os recursos ambientais a serem considerados no planejamento muitas
vezes extrapolam os seus limites, integrando uma bacia hidrográfica ou uma região mais
ampla. A tomada da bacia hidrográfica como unidade básica de gestão ambiental é um
importante passo para promoção da sustentabilidade de uma região. Assim, o cuidado
com os recursos hídricos não deve limitar-se ao gerenciamento isolado dos mesmos,
mas de toda uma região que possui vínculo com esse recurso natural.
A Agenda 21, em seu capítulo 18, “PROTEÇÃO DA QUALIDADE E DO
ABASTECIMENTO DOS RECURSOS HÍDRICOS: APLICAÇÃO DE CRITÉRIOS
INTEGRADOS NO DESENVOLVIMENTO, MANEJO E USO DOS RECURSOS
HÍDRICOS”, comenta a respeito dos recursos hídricos e salienta que o objetivo geral
desse tópico é assegurar a manutenção de uma oferta adequada de água de boa
qualidade para toda a população do planeta, ao mesmo tempo em que se preservem as
funções hidrológicas, biológicas e químicas dos ecossistemas, adaptando as atividades
humanas aos limites da capacidade da natureza e combatendo vetores de moléstias
relacionadas com a água. Tecnologias inovadoras, inclusive o aperfeiçoamento de
tecnologias nativas, são necessárias para aproveitar plenamente os recursos hídricos
limitados e protegê-los da poluição. Deve-se, ainda, reconhecer o caráter multissetorial
36

do desenvolvimento dos recursos hídricos no contexto do desenvolvimento sócio-


econômico, bem como os interesses múltiplos na utilização desses recursos para o
abastecimento de água potável e saneamento, agricultura, indústria, desenvolvimento
urbano, geração de energia hidroelétrica, pesqueiros de águas interiores, transporte,
recreação, manejo de terras baixas e planícies e outras atividades.

3.3.1 Impactos nos recursos hídricos superficiais


Como foi comentado no item anterior, a atividade antrópica no meio urbano,
quando não realizada de maneira ordenada, pode acarretar alterações no meio ambiente,
podendo causar a poluição dos recursos naturais. MOTA (1999), na Figura 10, retrata a
relação entre a atividade humana, poluição e conseqüências sobre o homem.

Atividades humanas no meio urbano

Modificações Utilização de Disposição


no ambiente recursos de
terrestre naturais resíduos

Poluição do Meio Ambiente


-Poluição do solo -Poluição da água
-Poluição do ar -Poluição acústica
-Poluição visual -Outras modalidades

Conseqüências sobre o homem


Prejuízos a saúde
Danos aos bens materiais
Prejuízos as atividades

Fonte: MOTA (1999).


FIGURA 10: Atividades humanas no meio urbano e a poluição ambiental.

É difícil dissociar os impactos ambientais em termos de água, solo e ar, pois eles
podem ocorrer conjuntamente e possuir fatores comuns de influência. Mesmo assim,
nesse item, serão abordados os impactos ocorridos nos recursos hídricos superficiais.
A água é um bem essencial na vida dos seres humanos, portanto a procura por
ela é muito grande, provocando uma diminuição da oferta desse bem natural, que se
37

caracterizará pela escassez, diminuição dos padrões de qualidade, com conseqüente


poluição e contaminação dos cursos d’água.
MAURO (1997) cita a afirmação da obra Cuidando do Planeta Terra: ”A vida
no planeta Terra depende da água, porém o mau controle das águas está reduzindo a
produtividade agrícola, espalhando doenças e colocando em perigo o equilíbrio
ecológico”.
Para MENDES (2001), a água é utilizada para quase todos as atividades
humanas. Associado a esses múltiplos usos há também eventos extremos de cheias ou
estiagens prolongadas. Quando há abundância, ela pode ser tratada como bem livre, sem
valor econômico. Com o aumento da demanda (conflitos entre usos e usuários), precisa
ser gerenciada como bem econômico. Essa escassez pode decorrer, também, de aspectos
qualitativos, quando a poluição afeta de tal forma a qualidade, que os padrões excedem
aos admissíveis, para determinados usos.
Segundo ACSELRAD (1992), o meio ambiente é constituído, basicamente, por
elementos que não são passíveis de apropriação privada. Esse é o caso do ar e, em
grande parte, das águas. Ninguém pode, portanto, ser privado do acesso a esses bens,
ainda que no caso da água tal acesso possa ser condicionado ou não pela distância
relativa dos rios, lagos e nascentes, ou pela existência de sistemas artificiais de
distribuição.
Segundo MOTA (1999), o processo de urbanização pode provocar alterações
sensíveis no ciclo hidrológico, principalmente sob os seguintes aspectos:
- aumento da precipitação;
- diminuição da evapotranspiração, como conseqüência da redução da vegetação;
- aumento da quantidade de líquido escoado (aumento do runoff);
- diminuição da infiltração da água, devido a impermeabilização e compactação
de solo;
- consumo de água superficial e subterrânea, para abastecimento público, usos
industriais e outros;
- mudanças ao nível do lençol freático, podendo ocorrer redução ou esgotamento
do mesmo;
- maior erosão do solo e conseqüente aumento do processo de assoreamento das
coleções superficiais de água;
38

- aumento da ocorrência de enchentes; e


- poluição das águas superficiais e subterrâneas.
MOTA (1999) define poluição ambiental como qualquer alteração das
características de um ambiente (água, ar ou solo) de modo a torná-lo impróprio às
formas de vida que ele normalmente abriga. Essas modificações podem ser resultantes
da presença, lançamento ou liberação, no meio ambiente, de matéria ou energia, em
quantidade ou intensidade tal que o tornem impróprio. O causador da poluição de um
rio nem sempre é o que sofre as conseqüências. A constatação da poluição somente
pode ser realizada visivelmente quando atinge valores elevados.

3.3.1.1 Poluição da água


Para MOTA (1999), em um meio urbano, as principais fontes de poluição da
água superficial e subterrânea são:
- Fontes localizadas e
- Fontes não localizadas de poluição da água.

a-) Fontes Localizadas


Como fontes localizadas, citam-se:
- lançamento de esgotos domésticos (sanitário);
- lançamento de esgotos industriais;
- lançamento de águas pluviais, através de galerias.
O esgoto doméstico lançado nas águas sem tratamento prévio pode causar
doenças às pessoas que ingerem o líquido desses canais ou que o utilizam como
recreação. Para os corpos d’água, como o esgoto doméstico é rico em matéria orgânica,
ocorre um aumento na demanda de oxigênio para que seja consumida a matéria
orgânica por bactérias. Com a depleção do oxigênio na água, ocorrem desequilíbrios
ecológicos nesse ambiente, afetando peixes e outros organismos aquáticos.
Além disso, os esgotos domésticos provocam alterações nas características da
água no que se refere à cor, turbidez, odor, sólidos, compostos químicos, entre outros.
Quanto aos esgotos industriais, o mesmo tem composição variada, dependendo
do processamento utilizado, e pode apresentar diversas características como:
39

- demanda bioquímica de oxigênio elevada, causando redução do oxigênio


dissolvido da água;
- presença de compostos químicos tóxicos como metais pesados;
- cor, turbidez e odores indesejáveis;
- temperatura elevada, provocando desequilíbrios ecológicos no corpo receptor;
- nutrientes em excesso, causando a eutrofização da água, com prejuízos a seus
usos;
- sólidos dissolvidos e em suspensão;
- ácidos e álcalis, com efeitos sobre o pH da água; e
-óleos, graxas e similares.
Quanto ao lançamento de águas pluviais, as primeiras águas que escoam para os
corpos d’água que “lavam” as vias públicas são contaminantes, pois carregam consigo
resíduos de graxas, combustíveis e demais substâncias presentes no meio urbano.
Também as ligações clandestinas do sistema de esgotamento sanitário doméstico nas
redes de coleta de águas pluviais contribuem para a poluição dos corpos d’água.

b-) Fontes não localizadas da poluição da água


Como fontes não localizadas de poluição da água podem ser citadas:
- água de escoamento superficial;
- água de infiltração; e
- lançamento direto de resíduos sólidos e outras impurezas.
MOTA (1999) descreve as características gerais das águas de escoamento
superficial:
- sólidos sedimentáveis, de vários tipos e tamanhos;
- matéria orgânica;
- nutrientes, principalmente fósforo e nitrogênio;
- defensivos agrícolas e fertilizantes;
- bactérias e organismos patogênicos;
- vários compostos químicos; e
- metais pesados.
Esse líquido, atingindo os recursos hídricos, pode resultar em:
- efeitos negativos à saúde humana;
40

- depleção de oxigênio na água;


- danos ecológicos sobre a fauna e flora aquática;
- assoreamento;
- excessiva turbidez; e
- eutrofização.
Quando os resíduos sólidos são lançados diretamente nos corpos d’água,
provocam a contaminação da água, a obstrução de passagens e a deposição de resíduos
no leito do corpo d’água (diminuição da profundidade da calha).

3.4 Legislação Ambiental sobre Recursos Hídricos


A Constituição Brasileira, em seu artigo 225, garante o direito de todos ao meio
ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida
(MACHADO, 2000; FIORILLO, 2001; MILARÉ, 2000).
A Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938, de 31/08/81) inseriu,
como objetivo da política pública, a compatibilização do desenvolvimento econômico-
social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio da preservação
dos recursos ambientais, nos quais encontram-se as águas, com vistas à sua utilização
racional e disponibilidade permanente.
O Código Florestal Brasileiro, Lei nº 4.771/65, estabelece cuidados para
proteção das florestas permanentes, florestas essas que proporcionam proteção natural
aos recursos hídricos superficiais.
Art. 2 – Consideram-se preservação permanente, só pelo efeito dessa lei, as
florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao longo dos rios ou de outro qualquer curso d’água, desde o seu nível mais alto em
faixa marginal, cuja largura mínima seja:
1) de 30 metros para os cursos d’água de menos de 10 metros de largura;
2) de 50 metros para os cursos d’água que tenham de 10 a 50 metros de largura;
3) de 100 metros para os cursos d’água que tenham 50 metros a 200 metros de largura;
4) de 200 metros para os cursos d’água que tenham de 200 a 600 metros;
5) de 500 metros para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 metros.
b) ao redor das lagoas, lagos ou reservatórios d’água, naturais ou artificiais;
41

c) nas nascentes, ainda que intermitentes, e nos chamados "olhos d’água", qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta) metros de
largura;
d) no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e) nas encostas ou partes destas com declividade superior a 45° equivalente a 100% na
linha de maior declive;
f) nas restingas, como fixadoras, e dunas ou estabilizadoras de mangues;
(definidos em resolução do CONAMA)
g) nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo, em faixa
nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais;
h) em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação.
Parágrafo único - No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas
nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e
aglomerações urbanas, em todo o território abrangido, observar-se-á o disposto nos
respectivos planos diretores e leis de uso do solo, respeitados os princípios e limites a
que se refere este artigo.
Parágrafo 1º – “A supressão total e parcial de florestas de preservação
permanente só será admitida com prévia autorização do Poder Executivo Federal,
quando for necessária a execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade
pública ou interesse social”.
Tardiamente, mas sempre oportuna, foi promulgada a Lei nº 9.433/97, a qual
determina a Política Nacional de Recursos Hídricos que se baseia nos seguintes
fundamentos:
- a água é um bem de domínio público, ou seja, a água é um bem de uso comum
do povo;
- a água é um recurso natural limitado, e não ilimitado, dotado de valor
econômico;
- a gestão de recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso múltiplo da água.
Entre esses usos da água, MACHADO (2000) cita o consumo humano, o
lançamento de esgoto e demais resíduos líquidos ou gasosos, com o fim de sua
diluição, transporte ou disposição final, o aproveitamento do potencial
42

hidrelétrico e o transporte aquaviário. Acrescenta-se ainda irrigação, esportes ou


lazer e piscicultura;
- em situações de escassez, o uso prioritário da água é o consumo humano e
dessedentação de animais;
- a bacia hidrográfica é a unidade para implantação da Política Nacional de
Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional de Gerenciamento de
Recursos Hídricos;
A gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com a
participação do poder público, dos usuários e das comunidades.
Nos incisos I e II do artigo 2 da Lei 9.433/97 estão explicitados os princípios do
desenvolvimento sustentável de recursos hídricos (MACHADO, 2000; FIORILLO,
2001; MILARÉ, 2000):
I - assegurar à atual e às futuras gerações a necessária disponibilidade de água em
padrões de qualidade adequada aos respectivos usos;
II – a utilização racional e integrada dos recursos hídricos, incluindo o transporte
aquaviário, com vistas ao desenvolvimento sustentável.
MACHADO (2000) comenta que deve haver a disponibilidade de água de boa
qualidade, isto é, não poluída, para as gerações futuras, além da disponibilidade
eqüitativa de água que facilite o acesso de todos a esse bem, ainda que em quantidades
diferentes.
A Lei nº 9.605, de 12/02/1998, trata das sanções penais e administrativas
derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente. Em seu capítulo V, dos
Crimes Contra o Meio Ambiente, na seção II – dos Crimes Contra a Flora, estabelece as
penas do indivíduo que vier a destruir ou danificar florestas consideradas de preservação
permanente.
Na seção III – da Poluição e Outros Crimes Ambientais, em seu artigo 54,
estabelece como crime: “Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que
resultem ou possam resultar em danos à saúde humana, ou que provoquem a
mortandade de animais ou destruição significativa da flora”.
Ainda no parágrafo 2º, cita como crime ambiental causar poluição hídrica que
torne necessário a interrupção do abastecimento público de uma comunidade.
43

A Constituição do Estado de São Paulo também traz em seu texto artigos


específicos sobre recursos hídricos. E seu artigo 205, estabelece que o Estado instituirá,
por lei, sistema integrado de gerenciamento dos recursos hídricos, congregando órgãos
estaduais, municipais e a sociedade civil, e assegurará meios financeiros para:
I – A utilização racional das águas superficiais e subterrâneas e sua prioridade para
abastecimento às populações;
II – O aproveitamento múltiplo dos recursos hídricos e o rateio dos custos das
respectivas obras, na forma de lei;
III – A proteção das águas contra ações que possam comprometer os seus usos atuais e
futuros;
IV – A defesa contra eventos críticos, que ofereçam riscos à saúde e segurança públicas
e prejuízos econômicos ou sociais;
V – A celebração de convênios com os Municípios, para a gestão, por estes, das águas
de interesse exclusivamente local;
VI – A gestão descentralizada, participativa e integrada em relação aos demais recursos
naturais e às peculiaridades da respectiva bacia hidrográfica;
VII – O desenvolvimento do transporte hidroviário e seu aproveitamento econômico.
O artigo 208 da Legislação Estadual adverte que fica vedado o lançamento de
efluentes e esgotos industriais, sem o devido tratamento, em qualquer corpo de água.
Já em seu artigo 210, a Constituição Paulista incentivará a adoção de medidas
para proteger e conservar as águas e prevenir seus efeitos adversos, como:
- da instituição de áreas de preservação das águas utilizáveis para abastecimento às
populações e da implantação, conservação e recuperação de matas ciliares;
- do zoneamento de áreas inundáveis, com restrições a usos incompatíveis nas sujeitas a
inundações freqüentes e da manutenção da capacidade de infiltração do solo;
A lei Estadual nº 7.633, de 30 de dezembro de 1991, procura atender o que
determina os objetivos da Lei Federal 9.433/97, com algumas outras contribuições
como combate e prevenção das causas e dos efeitos adversos da poluição, das
inundações, das estiagens, da erosão do solo e do assoreamento dos corpos d’água,
compatibilização do gerenciamento dos recursos hídricos com o desenvolvimento
regional e com a proteção do meio ambiente.
44

DUPAS e RÖHM (2002) comentam a respeito do Estatuto da cidade aprovado


pela Lei nº 10.257 de 10 de julho de 2001. O Estatuto da cidade contém as diretrizes
gerais da política urbana, que visam: garantia do direito a cidades sustentáveis, o
planejamento do desenvolvimento das cidades, a proteção do meio ambiente natural e
do patrimônio cultural, a produção de bens e serviços nos limites da sustentabilidade
ambiental e a recuperação pelo poder público de investimentos que tenham resultado na
valorização de imóveis urbanos, entre outras. São instrumentos para tal: 1) Gestão
democrática - por meio da ação de órgãos colegiados de política urbana, da realização
de debates, audiências e consultas públicas, da iniciativa popular de leis, planos e
projetos, do referendo e do plebiscito; 2) Plano Diretor: obrigatório para cidades com
mais de 20 mil habitantes, passa a ser exigido também para aquelas integrantes de áreas
de especial interesse turístico ou influenciadas por empreendimentos ou atividades com
significativo impacto ambiental; 3) Parcelamento, edificação ou utilização
compulsórios: ferramenta contra a ociosidade de terrenos urbanos já dotados de infra-
estrutura e serve como penalidade pela retenção ociosa de terrenos; 4) IPTU progressivo
no tempo: segunda sanção prevista para combater a ociosidade de terrenos urbanos; 5)
Desapropriação com pagamento em títulos da dívida pública: torna a desapropriação de
imóveis urbanos ociosos semelhante à que ocorre para fins de reforma agrária; 6)
Usucapião especial: dispositivo auto-aplicável da Constituição, é ampliado para a
possibilidade do usucapião coletivo, facilitando a regularização fundiária de áreas
urbanas de uso coletivo, como as favelas; 7) Direito de superfície: permite a
transferência, gratuita ou onerosa, do direito de construir sem que este alcance o direito
de propriedade do terreno; 8) Direito de preempção: assegura preferência ao poder
público na aquisição de imóveis urbanos, permitindo a formação de estoque de terras
públicas sem a necessidade de procedimentos de desapropriação; 9) Outorga onerosa do
direito de construir e de alteração de uso: possibilidade do município estabelecer
determinado coeficiente de aproveitamento dos terrenos a partir do qual o direito de
construir excedente deve ser adquirido do poder público. O mesmo deverá ocorrer
quando o uso for alterado e resultar na valorização do imóvel; 10) Operações urbanas
consorciadas: permitem um conjunto de intervenções e medidas, consorciadas entre
poder público e iniciativa privada, com vistas a alcançar transformações urbanísticas de
maior monta; 11) Transferência do direito de construir: faculta o exercício desse direito
45

em imóvel distinto do que originalmente o detinha. Mecanismo útil para a


implantação de equipamentos urbanos, preservação do patrimônio histórico e cultural e
regularização de áreas ocupadas por população de baixa renda; 12) Estudo de impacto
de vizinhança: documento técnico a ser exigido para a concessão de licenças e
autorizações de construção, ampliação ou funcionamento
Embora existam todas essas preocupações no aspecto legal, percebe-se que tais
normas legais não são devidamente cumpridas, ou por conveniência ou por falta de
informação do poder público. Para ilustrar tal situação, fundos de vales são ocupados e
áreas de mananciais não são respeitados, esgotos são lançados sem tratamento em
corpos d’água.
COSTA (1998) comenta a relação entre os recursos hídricos e sua degradação;
segundo suas palavras: “enquanto as fontes não secam, não há conflitos pelo uso e
aproveitamento da água. O mito em torno do “poder restaurador da natureza” e o
descaso em relação ao meio ambiente levam à degradação das águas superficiais e
subterrâneas. Mas quando o desabastecimento e a limitação do consumo se tornam
realidade, o problema se configura em termos de recursos hídricos”.
46

4. MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 Objeto de Estudo
O objeto da pesquisa é uma área da malha urbana de São Carlos que foi
representado em um sistema de informações geográficas, correspondente ao limite
traçado para o ano de 2002, encerrando uma área de 54,1 km2. A área em estudo é
visualizada na Figura 11, representada pelo contorno em magenta.

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS (2002).

FIGURA 11 – Objeto de estudo.


47

A cidade de São Carlos no Estado de São Paulo está localizada a


aproximadamente 230 Km a noroeste da cidade de São Paulo, limitada pelos paralelos de
22º 00’ e 22º 30’ sul e meridianos 47º 30’ e 48º 00’ WGr.
Segundo PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS (2002), São Carlos
possui uma população atual, de 197.187 habitantes, sendo que 95% vivem na área urbana.
Embora receba a denominação de capital nacional de tecnologia, com 5 instituições de
ensino superior, entre elas duas universidades públicas de alto nível, reconhecidas
internacionalmente como centros de ensino e pesquisa de excelência, as diferenças sociais
são marcantes e são representadas por “bolsões” de pobreza em vários pontos do
município. No tocante aos recursos hídricos, os impactos nos fundos de vales urbanos
demonstram como são mal gerenciados, resultando em constantes alagamentos urbanos e
erosões na área rural.
De modo geral, em São Carlos é observada a criação de novos loteamentos,
localizados cada vez mais distante dos centros urbanos e necessitando de infra-estrutura da
prefeitura. Essa infra-estrutura compreende a transmissão de energia elétrica, o
desmatamento de áreas, a construção de ruas e estradas, plantios agrícolas, a construção de
sistemas de deposição de resíduos, armazenamento de água e a construção dos
equipamentos urbanos para a população. Dessa forma, existem terrenos vagos mais
próximos ao centro urbano que poderiam ser usados para habitação e com menor custo de
implantação de infra-estrutura. Segundo os dados apresentados na Conferência da Cidade,
realizada em 2002, excluindo-se as áreas de preservação ambiental e áreas suscetíveis a
erosão, 20% da área passível de ocupação urbana encontra-se desocupada.
A geologia é representada em sua quase totalidade pelas litologias da Bacia
Sedimentar do Rio Paraná. Na pedologia são identificadas as seguintes classes de solo:
latossolo vermelho-amarelo (LV); latossolo vemelho escuro (LE); latossolo roxo (LR);
podzólico vermelho-amarelo (PV); terra roxa estruturada (TE); areias quartzozas (AQ);
solos litólicos (LI); solos hidromórficos e solos concrecionários (PL) (NISHIYAMA,
1991).
Segundo Oliveira e Prado4 (1984) citados por NISHIYAMA (1991), a vegetação
primitiva local era representada pelos campos de cerrados, cerrados e cerradões,

4
OLIVEIRA, J. ; PRADO, H.do. Levantamento Pedológico Semidetalhado do Estado de São Paulo:
Quadrícula de São Carlos. II Memorial Descritivo. Instituto Agronômico de Campinas, SP. Boletim
Técnico 98, 188p. 1984.
48

condicionada pela predominância de solos muito profundos, excessivamente ou


muito permeáveis e de baixo potencial nutricional. Essa vegetação normalmente é
constituída de uma cobertura herbácea mais ou menos contínua e de um dossel
descontínuo de elementos arbóreos e arbustivos. Sua agropecuária é predominantemente
voltada à cultura de café, cana-de-açúcar, citricultura, reflorestamentos, gado de corte e
leite.
De acordo com DUPAS (2001), a malha de drenagem da região abrange
parcialmente as bacias hidrográficas dos Rios Jacaré-Guaçu, Jacaré-Pepira, Corumbataí e
Mogi-Guaçu. Com exceção do Rio Mogi-Guaçu, todos os outros possuem suas nascentes
próximas aos limites da região de São Carlos ou dentro deles. A maior parte dos pequenos
rios da região tem um regime bastante variável em suas vazões, condicionado diretamente
pela distribuição sazonal das chuvas.

4.2 Materiais
Para o desenvolvimento deste projeto foram utilizados programas, documentos e
equipamentos, descritos em seguida, conforme comentados em DUPAS e RÖHM
(2002).

4.2.1 Programas
Os programas usados para a implantação deste Sistema de Informações
Geográficas são SPRING, IMPIMA, SCARTA e IPLOT, conforme se descrevem em
seguida, de acordo com a literatura disponibilizada pelo INSTITUTO NACIONAL DE
PESQUISAS ESPACIAIS (2002).
A escolha do pacote SPRING se deu porque é um produto nacional de alta
qualidade, em franca evolução e com licença de uso livre e irrestrita.
As vantagens do seu uso são diversas, tais como: documentação em português,
toda caixa de diálogos possui ajuda específica, tutorial e curso para autodidatas contidos
no CD, grande quantidade de exemplos contidos no CD, o pacote atende a maioria das
áreas de geoprocessamento, suporte da equipe de desenvolvimento via internet, fácil
aprendizado e de baixo custo ou gratuito se copiado diretamente da página do INPE via
internet, dentre outras.
49

4.2.1.1 SPRING 3.6.02 e 3.6.03


O programa SPRING (Sistema para Processamento de Informações
Georreferenciadas) é gerenciador de banco de dados geográficos de 2a geração,
desenvolvido pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para ambientes
UNIX e Windows com as seguintes características:

• opera como um banco de dados geográficos sem fronteiras e suporta grande


volume de dados (sem limitações de escala, projeção e fuso), mantendo a
identidade dos objetos geográficos ao longo de todo o banco;

• administra tanto dados vetoriais como dados matriciais (raster), e realiza a


integração de dados de sensoriamento remoto num SIG;

• provê um ambiente de trabalho amigável e poderoso, através da combinação de


menus e janelas com uma linguagem espacial facilmente programável pelo
usuário (LEGAL - Linguagem Espaço-Geográfica baseada em Álgebra); e

• consegue escalonabilidade completa, isto é, pode ser capaz de operar com toda
sua funcionalidade em ambientes que variem desde micro-computadores a
estações de trabalho RISC de alto desempenho.

Para alcançar esses objetivos, o SPRING é baseado num modelo de dados


orientado a objetos, do qual são derivadas sua interface de menus e a linguagem espacial
LEGAL. Algoritmos inovadores, como os utilizados para indexação espacial,
segmentação de imagens e geração de grades triangulares, garantem o desempenho
adequado para as mais variadas aplicações (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS
ESPACIAIS, 2002).
A motivação básica para o uso do SPRING nesta pesquisa baseia-se em duas
premissas (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002): integração
de dados e facilidade de uso. No primeiro caso, constata-se que a complexidade dos
problemas ambientais do Brasil requer uma ampla capacidade de integração de dados
entre imagens de satélite, mapas temáticos e cadastrais, e modelos numéricos de terreno.
Adicionalmente, muitos dos sistemas disponíveis no mercado nacional apresentam alta
complexidade de uso e demandam tempo de aprendizado muito longo.
50

4.2.1.2 Impima
Para a introdução de imagens no ambiente SPRING torna-se necessário
converter os arquivos matriciais para o formato GRB, adotado como padrão para o
SPRING.
O módulo IMPIMA do produto SPRING é utilizado somente para se obter uma
imagem no formato GRIB, seja através da leitura de imagens, por dispositivos como:
CD-ROM (Compact Disc - Read Only Memory ), CCT (Computer Compatible Tapes),
streamer (60 ou 150 megabytes) e DAT (Digital Audio Tape - 4 ou 8mm) adquiridas a
partir dos sensores TM/LANDSAT-5, HRV/SPOT e AVHRR/NOAA, ou conversão de
imagens nos formatos TIFF, RAW e SITIM.

4.2.1.3 Scarta
O módulo SCARTA do produto SPRING é utilizado para preparar mapas e
cartas a partir de informações contidas em um projeto desenvolvido no SPRING.

4.2.1.4 Iplot
O módulo IPLOT do produto SPRING é utilizado para imprimir mapas e cartas
a partir de informações contidas em um projeto desenvolvido no SPRING. Esse módulo
apresenta interface com o ambiente Windows, o que permite usar as configurações de
qualquer dispositivo de impressão instalado e configurado.

4.2.1.5 Ambiente Operacional


O ambiente operacional no qual os programas da família SPRING operaram é o
Windows 98.

4.2.1.6 Banco de Dados


O programa gerenciador de banco de dados alfanumérico usado neste projeto é o
Access.
51

4.2.2 Documentos
O conjunto de materiais utilizado para o desenvolvimento deste projeto é
composto por:
• mapas planialtimétricos do Instituto Brasileiro de Geografia, edição de 1971, escala
1:50.000, representados na Projeção Transversa de Mercator, fusos 22 e 23, com
datum vertical de Imbituba – SC e datum horizontal de Córrego Alegre – MG. As
cartas utilizadas foram: São Carlos (SF-23-Y-A-I-1) e Ibaté (SF-23-V-C-IV-3);
• aerofotos de 1961/1962, levantamento municipal na escala aproximada de 1:25000;
• aerofotos de 1971/1972, levantamento municipal na escala aproximada de 1:25000;
• aerofotos de 1998, levantamento municipal na escala aproximada de 1:8000;
• aerofotos de 2000, levantamento municipal na escala aproximada 1:30000;
• imagens orbitais 2002 – fusão pan + bandas 3-4-5 Landsat 7 ETM+, cena
220/075, data de 11/04/2002.

4.2.3 Equipamentos
Os equipamentos utilizados para o desenvolvimento deste projeto encontram-se
listados em seguida:
• microcomputador padrão PC;
• scanner plano tamanho A4;
• scanner cilíndrico tamanho A0; e
• impressora jato de tinta tamanho A4.

4.3 Método
Este item divide-se em coleta e conversão de dados e consultas e análises,
descritos em seguida e mostrados na Figura 12.

4.3.1 Coleta e Conversão de Dados


A coleta e conversão de dados referem-se aos itens 3, 4, 5 e 6 do fluxograma. A
maioria dos dados referentes ao objeto de estudo estava disponibilizado no formato
analógico, citados em 4.2. A conversão dos dados desenvolveu-se conforme se descreve
em seguida.
52

Objetivos

Revisão Bibliográfica
1

Seleção de dados e técnicas 2

Obtenção das fontes de informações 3

Arquivos digitais das Documentação para Imagem orbital do


fotografias aéreas de base cartográfica do satélite Landsat 7
1962, 1972 e 1998 4 SIG 5
ETM+ de 2002 6

SPRING 7

Elaboração dos mosaicos Estabelecimento da Registro da imagem


das fotografias aéreas de base cartográfica orbital Landsat 7
1962, 1972 e 1998 8 para o SIG 9
ETM+ de 2002 10

Digitalização das feições Classificação


de interesse 11 Supervisionada 12

Resultados: Interpretação das informações Resultado:


- traçado da hidrografia obtidas 14 - Mapa de uso e
- determinação da ocupação do solo 15
vegetação
- buffers para estudo da Análise dos cenários temporais
legislação 16
- cenários de cada época
estudada
13 Discussão dos resultados 17

Conclusões e sugestões 18

FIGURA 12 – Fluxograma da metodologia empregada.


53

4.3.1.1 Mapas Analógicos


Os mapas analógicos correspondem ao item 5 do fluxograma. Esse material
passou por um processo de conversão para o formato digital matricial através de leitura
em scanner no A0. Os arquivos obtidos nesse processo de conversão analógico-matricial
foram salvos no formato TIFF não compactado, com resolução de 300 dpi, e padrão de
cor monocromático.
Como o SPRING suporta apenas o formato GRB, os arquivos obtidos no
formato TIFF foram convertidos para o formato GRB, através do módulo IMPIMA.
Em seguida, os mapas digitais foram georreferenciados no módulo Registro do
SPRING e as informações, originalmente analógicas, convertidas em formato matricial
com extensão GRB, foram vetorizadas usando-se as ferramentas disponibilizadas pelo
SPRING (itens 9 e 11 do fluxograma).

4.3.1.2 Fotografias Aéreas


As fotografias aéreas (item 4 do fluxograma) utilizadas para elaboração do
mosaico da área urbana e de expansão foram convertidas para o formato digital em
scanner A4, com uma resolução em que fosse possível identificar os elementos de
interesse nas fotos. Assim, foram obtidos os arquivos digitais das fotografias em
formato TIFF das fotografias dos vôos de 1962 e 1972.
Em seguida, as fotografias de interesse foram impressas e procedeu-se a
elaboração do mosaico através da união das mesmas. Esse procedimento é importante
para determinação dos pontos de controle para o georreferenciamento das fotografias no
SPRING e conseqüente elaboração dos mosaicos das fotografias no software. Os pontos
de controle foram obtidos através das cartas topográficas e de pontos contidos em
fotografias georreferenciadas.
Conhecendo-se as fotografias que serão utilizadas e os pontos de controle,
realizou-se o processo de registro das fotografias aéreas no SPRING e a elaboração do
mosaico da área urbana e de expansão dos referidos anos (item 8 do fluxograma).
Com os mosaicos realizados, procedeu-se a digitalização das informações de
interesse, como matas ciliares e hidrografia, além da verificação da evolução da
urbanização (item 11 do fluxograma).
54

4.3.1.3 Imagem Orbital


A imagem Landsat 7 ETM+ fusão da banda pancromática com as bandas 3-4-5
foi georreferenciada (item 10 do fluxograma) através do recurso Registro do SPRING.
Foram utilizados 12 pontos de controle e erro de 0,342 pixel, dentro dos parâmetros
consultados na bibliografia no qual se determina que o erro deve ser menor que meio
pixel (INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS, 2002).
Em seguida procedeu-se a classificação supervisionada da cena que encerra a
área em estudo nos seguintes temas (item 12 do fluxograma):
- tema 1 – área urbana – contorno: caracterizado pela área urbana. Subdividiu-se o tema
urbano em urbano_1 e urbano_2. A classe urbano_1 refere-se a área mais densamente
ocupada e impermeabilizada como é o caso do centro da cidade. A classe_2 indica áreas
com menor impermeabilização e ocupação mais rarefeita. (Figura 13);
- tema 2 – vegetação primária: neste tema estão incluídas as matas ciliares, vegetação
primária conservada e em situação de antropofização (Figura 14);
- tema 3 – vegetação de reflorestamento: representa as vegetações como pinus e
eucaliptos (Figura 15);
- tema 4 – solo exposto: representa os solos que estão preparados ou sendo preparados
para o plantio de culturas (recebendo a denominação de cultura_2 no mapa de uso e
ocupação do solo), bem como os solos que não possuem cobertura vegetal (recebendo a
denominação de solo exposto no mapa de uso e ocupação do solo). (Figura 16);
- tema 5 – plantio: estão incluídas as culturas, em especial a cana-de-açúcar. Na
classificação o tema 5 recebeu a denominação de cultura_1 (Figura 17); e
- tema 6 – pastagem: refere-se às áreas constituídas de gramíneas ou por arbusto. O tema
6 recebeu a denominação de campos no mapa de uso e ocupação (Figura 18).
Para auxiliar na classificação, foram realizadas visitas a campo para identificar
os temas e associação dos mesmos às feições da imagem para obtenção das amostras de
treinamento que o software necessita para a identificação das classes e conseqüente
classificação.
55

FIGURA 13 – Área Urbana (Tema 1)

FIGURA 14 – Vegetação primária (Tema 2)


56

FIGURA 15 – Vegetação de reflorestamento (Tema 3)

FIGURA 16 – Solo exposto (Tema 4)


57

FIGURA 17 – Plantio (Tema 5)

FIGURA 18 – Pastagem (Tema 6)


58

4.4 O Projeto
As informações referentes ao projeto correspondem ao item 7 do fluxograma.

4.4.1 Arquitetura do Banco de Dados


Um Banco de Dados no SPRING corresponde fisicamente a um diretório onde
serão armazenados tanto o Modelo de Dados, com suas definições de Categorias e
Classes, quanto os projetos pertencentes ao banco. Os projetos são armazenados em
subdiretórios juntamente com seus arquivos de dados: pontos, linhas, imagens orbitais e
aéreas, imagens temáticas, textos, grades e objetos (INSTITUTO NACIONAL DE
PESQUISAS ESPACIAIS, 2002).
O banco de dados deste projeto é denominado São Carlos e foi criado no ambiente
do sistema gerenciador de bancos de dados Access, conforme visualizado na Figura 19.

FIGURA 19 - Banco de dados do projeto, criado no ambiente do sistema gerenciador de


bancos de dados Access.
59

O projeto, chamado de São Carlos, foi criado no sistema de projeção policônico,


com datum horizontal de Córrego Alegre – MG e datum vertical de Imbituba – SC, com
origem na latitude N 0/ 00’ 00”e longitude O 54° 00’ 00”. Não foi utilizado o sistema
UTM porque a região em estudo divide-se entre os fusos 22 e 23. O retângulo
envolvente deste projeto possui as coordenadas planas e geográficas mostradas no
Quadro 6. A escala de trabalho é 1:50.000, a mesma adotada para o Projeto de Políticas
Públicas Uso Atual e Uso Potencial do Solo no Município de São Carlos, SP – base do
planejamento urbano e rural.

QUADRO 6 – Coordenadas do retângulo envolvente do projeto.


vértices/ X Y long lat
coordenadas
1 624809,172 -2455470,818 o 47º 56’ 59,09” s 22º 04’ 59,88”
2 636331,363 -2441524,403 o 47º49’ 58,28” s 21º 57’ 14,15”

4.4.2 Modelagem do projeto


O sistema de informações geográficas que representa o município de São Carlos
é constituído por categorias temáticas, modelo digital de terreno e imagem, conforme se
observa no Quadro 7. Essa estrutura permite a organização, o acesso e o gerenciamento
das informações com eficiência.
60

QUADRO 7 – Categorias temáticas.


Categorias Modelos Planos de Descrição
Informação
limite_1962 Contém os limites urbanos
evolução_ temático limite_1972 estabelecidos a partir das
urbana limite_1998 fotografias aéreas
limite_2002
49_0087_b1 Contém as fotografias aéreas
49_0087_b2 georreferenciadas do vôo de 2000
49_0087_b3
49_0089_b1
49_0089_b2
fotos_2000 imagem 49_0089_b3
50_0087_b1
50_0087_b2
50_0087_b3
50_0089_b1
50_0089_b2
50_0089_b3
Contém o mosaico das fotografias
Fotos_62 imagem mosaico_62 aéreas georreferenciadas do vôo
do IAC de 61/62
Contém o mosaico das fotografias
Fotos_72 imagem mosaico_72 aéreas georreferenciadas do vôo
do IAC de 72
Contém o mosaico das fotografias
Fotos_98 imagem mosaico_98 aéreas georreferenciadas do vôo
de 1998
hidro_1962 Contém a hidrografia da área em
hidrografia temático hidro_1972 estudo: rios, córregos, lagoas,
hidro_1998 nascentes etc, conforme as cartas
hidro_2002 do IBGE
fusão_1 Contém as bandas para
Imagem_orbital imagem fusão_2 composição da imagem orbital
fusão_3 colorida
estradas_primarias Contém o traçado das estradas e
Infra_estrutura temático estradas_secundarias ferrovias do município
ferrovia
buffer_30_62 Contém os buffers de 30 e 50
buffer_50_62 metros para cada cenário estudado
legislação temático buffer_30_72
buffer_50_72
buffer_30_98
buffer_50_98
Contém o resultado da
uso_ocupação temático class classificação supervisionada
efetuada no ambiente do SPRING
vegetação_62 Contém a vegetação digitalizada a
vegetação temático vegetação_72 partir das fotografias aéreas
vegetação_98
vegetação_2000

Os itens 13 a 18 do fluxograma serão tratados nos capítulos seguintes.


61

5. RESULTADOS

Este capítulo tem por objetivo mostrar os resultados através dos cenários obtidos
a partir das fotografias aéreas e imagem de satélite referentes aos períodos de tempo
estudados. Os resultados estão demonstrados no fluxograma apresentado na Figura 20.

Resultados

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 1998 Cenário de 2002

Mosaico de Mosaico de Mosaico de Imagem Orbital


1962 1972 1998/2000 de 2002

Limite Hidrografia Vegetação Legislação Limite Classificação


Urbano Urbano

Mosaico de Mosaico de Mosaico de


1962 1972 1998/2000

Hidrografia Vegetação

FIGURA 20 – Fluxograma dos resultados


62

Cenário de 1962
Conforme observado no mosaico realizado com as fotografias aéreas de 1962, a
cidade de São Carlos teve seu limite urbano estabelecido através do software SPRING,
encerrando uma área de 17,9 km2.
Delimitada a área urbana, calculou-se o comprimento dos recursos hídricos
contidos dentro desse contorno bem como a área de vegetação de maior relevância ao
longo dos recursos hídricos. Considerou-se como vegetação de maior relevância aquela
que apresentou continuidade ao longo dos corpos d’água. O limite da área urbana, a
hidrografia e a vegetação podem ser visualizados na Figura 21.

Cenário de 1972
O cenário de 1972 foi obtido através de fotografias aéreas daquela época. A
Figura 22 apresenta o mosaico das fotografias de 1972 juntamente com a delimitação da
área urbana, a vegetação e os corpos d’água contidos no limite estabelecido.

Cenário de 1998 - 2000


O cenário relativo ao ano de 1998 pode ser observado na Figura 23, obtido
através de fotografias aéreas, e possui área de 49,0 km2. Ainda, para auxiliar nas
análises, foram utilizadas fotografias coloridas de 2000 (Figura 24), pois o mosaico
obtido a partir das fotografias aéreas de 1998 não demonstrava algumas áreas que não
foram cobertas pelo vôo.

Cenário 2002
O cenário atual pode ser observado através da imagem orbital Landsat 7 ETM+
de 2002, visualizada na figura 25. A partir da imagem de satélite, foi traçado o limite da
mancha urbana para o cenário de 2002 e realizada a classificação supervisionada no
ambiente do SPRING 3.6.03. Com a classificação foi possível a elaboração de um mapa
de uso e ocupação do solo do entorno da área urbana, representado na Figura 26.
63

FIGURA 21 – Limite da área urbana, hidrografia e vegetação para 1962.


64

FIGURA 22 – Limite da área urbana, hidrografia e vegetação para 1972.


65

FIGURA 23 – Limite da área urbana, hidrografia e vegetação para 1998.


66

FIGURA 24 – Fotografias aéreas coloridas do ano 2000.


67

FIGURA 25 – Limite da área urbana para 2002. Imagem Landsat 7 ETM+ fusão das
bandas 5R4G3B e PAN.
68

FIGURA 26 – Classificação supervisionada realizada no ambiente do SPRING 3.6.03.


69

Quadro Resumo dos Resultados Obtidos


Os resultados obtidos para os cenários estudados estão apresentados no Quadro 8.
QUADRO 8 – Resultados obtidos para os cenários estudados.
Comprimento da
Relação entre a
hidrografia Área de
Área da mancha área de
Período encerrado pelo vegetação
urbana (km2) vegetação e área
limite urbano (km2)
urbana (%)
(km)
1962 17,9 6,6 0,091 0,51
1972 20,5 7,3 0,100 0,49
1998/2000 49,0 34,7 1,3 2,65
2002 54,1 41,2 - -

Análise Multitemporal
Para a análise multitemporal de como a evolução urbana interagiu com os
recursos hídricos, foram obtidos dados sobre quantidade de vegetação ao longo dos
fundos de vales e o comprimento dos corpos d’água em cada época a ser analisada,
utilizando o contorno da área urbana para 2002, considerado como a área de expansão
ao longo do período estudado. Tais feições podem ser observadas nas Figuras 27 e 28, e
representadas no Quadro 9.

QUADRO 9 – Resultados obtidos referentes a 1962, 1972 e 2000.


Relação entre
Mancha
Comprimento Área de área de
urbana de
Cenário dos recursos vegetação vegetação e
2002
2
hídricos (km) (km2) área urbana
(km )
(%)
1962 45,5 1,3 2,40
54,1 1972 43,2 1,2 2,22
1998/2000 41,1 1,3 2,40
70

FIGURA 27 – Hidrografia e vegetação referente a 1962 com limite de 2002.


71

FIGURA 28 – Hidrografia e vegetação referente a 1972 com limite de 2002.


72

Legislação
Para verificar o cumprimento ou não do Código Florestal ao longo dos períodos
de tempo, elaboraram-se buffers com as respectivas restrições impostas pela lei em cada
período estudado, como podem ser vistos nas Figuras 29, 30 e 31.
As restrições impostas pelo Código Florestal adotadas foram:
- 30 metros de cada lado do leito do rio; e
- 50 metros em torno de nascentes e olhos d’água.
73

FIGURA 29 – Buffers de 30 metros ao longo dos corpos d’água e de 50 metros ao redor


das nascentes em 1962.
74

FIGURA 30 – Buffers de 30 metros ao longo dos corpos d’água e de 50 metros ao redor


das nascentes em 1972.
75

FIGURA 31 – Buffers de 30 metros ao longo dos corpos d’água e de 50 metros ao redor


das nascentes em 1998.
76

6. ANÁLISE E DISCUSSÃO
Neste capítulo pretende-se discutir e analisar as informações obtidas a partir dos
resultados alcançados e, assim, atingir o objetivo desta pesquisa.

6.1 Área Urbana


Á partir dos resultados obtidos no capítulo 5, procedeu-se a análise dos cenários
quanto à evolução da área urbana. Ainda para auxiliar nas análises, a Figura 32 mostra a
evolução do crescimento da área em estudo no decorrer do tempo, e a Figura 33 traz a
superposição das áreas urbanas dos diferentes cenários.

Evolução do Crescimento da Mancha Urbana

60

54,1
50
48,96
Crecimento da Mancha Urbana (km2)

40

30

20,45
20
17,87

10

0
1960 1965 1970 1975 1980 1985 1990 1995 2000 2005

Ano: de 1962 a 2002

FIGURA 32 – Evolução da mancha urbana entre 1962 e 2002.


77

FIGURA 33 – Superposição das áreas estudadas (1962, 1972, 1998 e 2002).


78

Através da análise do Quadro 8, observou-se um aumento de 14,5% da área


urbana entre o período de 1962 e 1972. Entre os períodos de 1972 e 1998 ocorreu um
aumento de 139,0%, e entre 1998 e 2002, um incremento de 10,4%. Nota-se que entre
1972 e 1998 a mancha urbana mais do que duplicou sua área. DUPAS (2001) discute a
respeito do crescimento urbano de São Carlos, em que na década de 70 ocorreu uma
grande migração urbana da população do campo, motivando um acentuado crescimento
da mancha urbana, conforme demonstrado no Quadro 8.
Quanto ao vetor de crescimento da área urbana, entre 1962 e 1972 não ocorreu
crescimento significativo, podendo-se observar o direcionamento para sudeste. Entre
1972 e 2002, o crescimento se deu ao sul e a noroeste da cidade, ocupando, muitas
vezes, segundo GASPAR (2000), áreas impróprias ou não avaliadas tecnicamente, com
sérios problemas de erosão, como podem ser observadas nos loteamentos Antenor
Garcia e Cidade Aracy. Assim, a cidade cresceu de modo desordenado, sem
planejamento de infraestrutura urbana, regido, de uma forma geral, pela especulação
imobiliária.
DUPAS (2001) considera que São Carlos, até 1998, expandiu sua mancha
urbana sem levar em conta os fatores ambientais (geológicos, pedológicos e de uso do
solo – desmatamento, erosão, assoreamento, urbanização e outros) e, conseqüentemente,
os interesses da população.

6.2 Recursos Hídricos


No cenário de 1962, o comprimento total definido pelo Rio do Monjolinho e do
Córrego Gregório foi de 6,4 km. Na observação da Figura 21, nota-se a presença de
nascentes de córregos que desembocam no Rio do Monjolinho em área urbana que não
sofreram interferência da expansão da cidade. No cenário de 1972, a situação é similar à
do cenário de 1962, com exceção do comprimento da hidrografia, que passou a ser de
7,3 km. Tal cenário pode ser visto na Figura 22.
Durante o período de 1972 a 1998, a área analisada expandiu para sul e noroeste
atingindo o Rio do Monjolinho (a noroeste) e Córrego da Água Quente (ao sul). O
comprimento de hidrografia encerrado pelo limite urbano de 1998 é de 49,0 km.
O que pode ser notado nesse período é que a expansão urbana acabou
interferindo nos recursos hídricos e modificando, em alguns trechos, sua forma original.
79

Nesse contexto, pode-se observar que o Rio Monjolinho, no trecho que hoje
compreende a Avenida Francisco Pereira Lopes, em 1972 guardava seu traçado original,
conservando seus meandros, e em 1998 apresenta-se confinado, em parte de sua
extensão, por canais de concreto, conforme ilustrado pela Figura 34 e Figura 35.
Cenário de 1972 Cenário de 1998

FIGURA 34 - Comparação do traçado do Rio do Monjolinho nos anos de 1972 e 1998.

FIGURA 35 – Fotografia do Rio do Monjolinho (ano de 2002), no qual se encontra


confinado entre vias de circulação.

Algumas nascentes e olhos d’água que antes eram observados em 1962 e 1972,
nas fotografias de 2000 não foram constatados, possivelmente enterrados pelos
loteamentos implantados sobre os locais. A Figura 36 mostra a localização das cenas
discutidas na Figura 37, no qual podem ser vistos os recursos hídricos e a evolução da
expansão urbana ao longo do tempo, mostrando nascentes e trechos de córregos que
foram soterrados ou modificados pela ação antrópica. Na Figura 37, subdividida em
Figura 37a a Figura 37j observam-se os cenários apresentados para 1962, 1972 e 2000.
80

FIGURA 36 – Localização das cenas apresentadas na Figura 37.


81

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 37 a – Neste trecho, o traçado do contribuinte do Córrego do Tijuco observado em 1962 e 1972 não consta na cena de 2000,
sendo seu desaparecimento ocasionado, possivelmente, por aterramento. Percebe-se nestas cenas que o trecho entre as Ruas Luiz Vaz
Toledo Pizza e São Joaquim não se apresenta canalizada em 1962 e 1972. Observa-se ainda nesta região, o adensamento na ocupação das
áreas adjacentes ao córrego. A cena em questão localiza-se próxima a Rodoviária.

FIGURA 37 b – Nas cenas observadas acima, pode-se notar a ocupação de regiões com presença de nascentes. Em 1962, não era
observada a ocupação urbana nas proximidades das nascentes. Em 1972, nota-se a implantação do loteamento Vila Boa Vista com
ocupação de alguns lotes. Já em 1998, as regiões ao entorno da nascente e do corpo d’água encontram-se ocupadas.
82

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 37 c – Nas cenas referentes aos anos de 1962 e 1972, pode-se observar que a região, onde se encontra a nascente, não apresenta
ocupação urbana. Ainda, pode-se constatar que o uso do solo nesta região era diferente nestes períodos de tempo. Para o ano de 1998, a
área que anteriormente localizava-se a nascente apresenta-se ocupada, impermeabilizada e soterrada pelo loteamento Jardim Medeiros.

FIGURA 37 d – Da mesma forma observada nas cenas anteriores, a ocupação urbana se faz presente nas fotografias datadas de 1972.
Nesta região nota-se que em 1962 não havia ocupação urbana próximas aos corpos d’águas e nascentes. Em 1972, a transformação do
solo traduz-se na implantação do loteamento Jardim Bela Vista. Ainda referente à fotografia de 1972, não se verifica a atividade intensa
na pedreira ali existente. Em 1998, observa-se a ocupação intensa nas proximidades da encosta, bem como a maior proximidade dos
corpos d’águas.
83

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 37 e – O trecho observado no cenário de 1962 apresenta a implantação de loteamento próximo as nascentes, porém, sem
presença de edificações. O cenário de 1972 traz o início da ocupação do loteamento, inclusive com edificações bem próximas as nascentes.
Em 1998, toda a região que compreende o Jardim das Rosas e Jardim Pacaembu apresenta-se densamente ocupada, notando-se a
impermeabilização das áreas próximas as nascentes.

FIGURA 37 f – O parque do Bicão encontrava-se em uma sem ocupação urbana na data de 1962. Em 1972, o cenário mostra o início da
ocupação a leste e sul do parque. Em 1998, toda a área ao entorno da nascente e do corpo d’água apresenta-se ocupada.
84

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 37 g – A cena representa uma das áreas que apresenta inúmeros problemas em sua ocupação. Em função do terreno arenoso, da
ocupação urbana e da ação das águas da chuva, grandes voçorocas são encontradas nos Bairros Cidade Aracy e Antenor Garcia.Nesta
região, a vegetação foi em parte suprimida ao longo do tempo e pode-se observar em 1998 o corpo d’água apresenta o canal todo sinuoso,
diferente dos traçados verificados em 1962 e 1972.

FIGURA 37 h – Esta cena localiza-se a jusante da FIGURA 37 h. Nota-se que os cenários de 1962 e 1972 apresentam configurações
semelhantes. Em 2000, o cenário apresentado é muito diferente dos períodos anteriores, modificado em função da ocupação urbana do
local.
85

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 37 i – Na cena em questão, observa-se mais um exemplo em que a hidrografia é confinada pela ocupação urbana. A região que
compreende os bairros Cooperativa Habitacional Belvedere, Jardim Santa Tereza, Jardim das Rosas, Jardim Pacaembu e Jardim Gonzaga,
apresenta em 1962 a implantação de loteamento a leste da hidrografia, porém, sem a presença de edificações. Em 1972, observou-se a
implantação de loteamento a sul do corpo d’água. Em 2000, todo o entorno a hidrografia apresenta-se ocupado.

FIGURA 37 j – Através da observação desta cena, verifica-se a mesma dinâmica apresentada em casos anteriores, na qual os loteamentos
aparecem implantados no período de 1972 e as áreas ao entorno dos corpos d’águas encontram-se ocupados na data de 1998. No caso em
questão, tem-se a evolução da ocupação urbana no entorno do Córrego do Mineirinho, nas imediações do bairro Santa Felícia.
86

De uma forma geral, as áreas de nascentes começaram a ser ocupadas na década


de 1970, em áreas de cultivo. Atualmente, as áreas ao entorno encontram-se
impermeabilizadas, ocasionando problemas de erosão, uma vez que a água de chuva
adquire maior velocidade, carreando as partículas do solo.

6.3 Mata ciliar


Observando a Figura 21, nota-se que no limite urbano não se têm indícios da
presença de mata ciliar no ano de 1962; apenas algumas áreas de alagamento são
percebidas na região mostrada na Figura 38. A situação observada em 1972 é
semelhante à de 1962, podendo ser constatada na Figura 22.

FIGURA 38: Região com possível área alagável no cenário de 1962.


No cenário observado em 1998, algumas áreas com vegetação marginal aos
corpos d’água encontram-se no limite ocupado pela urbanização, como pode ser visto
na Figura 22.
A Figura 39 traz a localização das cenas descritas na Figura 40 que mostra a
evolução das áreas de matas relevantes ao longo do período estudado. Para isso,
utilizou-se o limite traçado para 2002.
87

FIGURA 39 – Localização das cenas apresentadas na Figura 40.


88

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 40 a – Na análise visual da cena em 1962 não foi possível distinguir a presença de área inundável como pode ser observado para
os anos de 1972 e 2000. Em visita a campo, constatou-se que a mata apresenta problemas de erosão devido à impermeabilização do
loteamento parque Fehr. Esta área merece monitoramento especial pois é possui nascentes e loteamentos estão sendo implantados no
entorno destas.

FIGURA 40 b – Esta cena mostra a presença de mata ciliar nas proximidades do bairro Santa Felícia. Os cenários dos anos estudados
apresentam a ocupação urbana na área ao entorno da nascente e a necessidade de um plano de proteção e reflorestamento da mata ciliar a
fim de proteger o corpo d’água.
89

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 40 c – Algumas cenas dos cenários de 1962 e 1972 apresentaram dificuldades na identificação dos padrões de vegetação devido à
baixa resolução na qual as fotografias foram transformadas do meio analógico para o digital. Esta cena é um caso desta dificuldade: o
mesmo trecho de vegetação foi possível ser determinado para o ano de 1962 e 2000, porém, para o ano de 1972, a cena não apresentou
subsídios para identificação de vegetação no mesmo local.

FIGURA 40 d – Na extensão da Avenida Francisco Pereira Lopes notava-se a presença de vestígios de matas ciliares ao longo do Rio do
Monjolinho em 1962 e 1972. No cenário de 2000, não se observa a presença da vegetação, exceção feita à mata do Planalto Paraíso, que
ainda guarda características originais, porém apresenta processos erosivos em alguns de seus trechos.
90

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 40 e – Nesta cena nota-se a presença de vegetação em trechos do Córrego Santa Maria Madalena e Rio do Monjolinho. A área ao
entorno do Córrego Santa Maria Madalena merece atenção para que a vegetação ciliar seja protegida, pois esta é uma região de possível
expansão urbana. O cenário compreende os trechos do Córrego Santa Maria Madalena no Jardim Acapulco e Rio do Monjolinho no Jardim
Jockey Clube.

FIGURA 40 f – Estas cenas mostram a evolução da vegetação no entorno do lago da Universidade Federal de São Carlos. Em 1962, o lago
apresenta-se na forma de uma área alagada, que em 1972 se configuraria no lago. Em 2000, nota-se a presença de uma mata de coníferas em
umas das margens do corpo d’água.
91

Cenário de 1962 Cenário de 1972 Cenário de 2000

FIGURA 40 g – No cenário de 1962 não foi disponibilizada a foto que completaria a cena, mas pode-se notar que a mata ciliar ao longo do
Córrego Ponte de Tábua não apresentou mudanças muito significativas ao longo do tempo. A mata que acompanha o Rio do Monjolinho em
1972 apresentava padrões diferentes de vegetação. Em 2000, a vegetação anotada em 1972 apresentou um crescimento como observado no
cenário de 2000.

FIGURA 40 h – A mata existente na serra que permite o acesso ao bairro Cidade Aracy apresentou evolução ao longo do tempo tornando-se
mais homogênea em 2000. A mata adjacente aos bairros Cidade Aracy e Loteamento Social Antenor Garcia apresentou evolução diferente:
parte da mata foi suprimida dando lugar aos loteamentos anteriormente citados.
92

A análise da vegetação efetuada tem um caráter mais qualitativo que quantitativo,


pois as fotos de 1962 e 1972 não apresentaram definição suficiente para discernir
padrões de vegetação. Em algumas regiões em que intuitivamente conclui-se que
deveria haver vegetação, pela análise visual não foi possível detectá-las. Porém, de
forma geral, pôde-se ter uma visão da realidade em cada período de tempo e verificar a
aproximação das áreas ocupadas dos recursos hídricos.

6.4 Legislação Ambiental


Através da análise das Figuras 29, 30 e 31, verificou-se a interface entre os
buffers criados a partir dos parâmetros ditados pelo Código Florestal e a hidrografia
digitalizada nas fotografias aéreas. Para o ano de 1972, pode-se visualizar algumas
situações descritas na Figuras 41a, 41b e 41c.

FIGURA 41a - Nesta região, a urbanização atingiu as bordas dos limites ditados pelo
Código Florestal, porém, essa área não apresentava vegetação nas margens do Córrego
do Tijuco Preto.
93

FIGURA 41b - O Córrego do Gregório, que corta o centro da cidade de São Carlos,
apresenta trechos canalizados e margens impermeabilizadas. Essa situação é anterior à
criação do Código Florestal em 1965.

FIGURA 41c - Nesta região, nota-se que o loteamento estava sendo implantado dentro
de uma área de preservação permanente. Bairro Santa Teresa.

Para a verificação do cumprimento do Código Florestal, em 1998, foram


analisadas algumas áreas descritas nas Figura 42a a 42e.
94

FIGURA 42a - Esta é uma área que merece uma atenção especial do poder público, pois
possui nascente e ao seu entorno já estão sendo vendidos lotes para uma nova ocupação.
Parque Fehr.

FIGURA 42b - O buffer de 50 metros ao redor de nascentes não foi atendido e pode-se
ver esta área impermeabilizada por ruas. Jardim Jockey Clube.
95

FIGURA 42c - A Avenida Francisco Pereira Lopes confina o Rio do Monjolinho, não
cumprindo os 30 metros ditados pela lei. Cidade Jardim.

FIGURA 42d - Na região acima demonstrada nota-se o não cumprimento do Código


Florestal. O círculo amarelo indica onde deveria ser a área de proteção ambiental. Essa
área, porém, encontra-se ocupada. Jardim Medeiros e Bela Vista.
96

FIGURA 42e - Outro exemplo de ocupação em área de preservação permanente. Jardim


Gonzaga.

6.5 Uso e Ocupação do Solo


A Figura 43 permite uma visualização da imagem orbital e a classificação
supervisionada realizada pelo software SPRING. O mapa de uso e ocupação do solo já
foi apresentado na Figura 26. A seguir são mostrados os resultados obtidos dessa
classificação:
Classificação Supervisionada - SPRING Reclassificação
Cálculo de Áreas por Geo-classe Cálculo de Áreas por Geo-classe (km2/km) :
Área (km2) Área (km2)
urbano_1 : 14.534325 urbano_1 : 19.431675
urbano_2 : 6.948450 urbano_2 : 18.886950
veg_nativa : 32.228325 veg_nativa : 29.052225
veg_reflor : 4.468275 veg_reflor : 6.771825
cultura_1 : 18.619875 cultura_1 : 17.969175
solo exposto: 28.7676 cultura_2 : 15.791175
campo : 70.245000 campo_1 : 72.767700
Área total das classes:175.811850 solo_exposto : 1.260675
Área total dos Polígonos não classificados: mineracao : 1.027125
11.933100 lagos : 0.353475
Área total do Plano de Informação: Áea total das classes:183.312000
187.744950 Área total dos Polígonos não classificados:
4.432950
Área total do Plano de Informação:
187.744950
97

FIGURA 43 – Imagem orbital e respectiva classificação supervisionada.

A classificação realizada a partir da imagem orbital Landsat ETM+7 mostra que


a área estudada tem em grande parte de seu entorno caracterizado pelo tema campo. Na
porção noroeste, existe concentração de atividade agrícola sucroalcooeira, bem como na
porção sudoeste, que apresenta áreas preparadas para o cultivo ou que já sofreram o
corte da cana-de-açúcar. O algoritmo classificador apresentou confusão na discretização
dos temas urbano_1, urbano_2 e solo exposto. Isso se deve ao fato das classes urbano e
solo exposto apresentarem respostas espectrais semelhantes, uma vez que a área urbana
é constituída não só de edificações e pavimentação, mas também de lotes vagos e
espaços não impermeabilizados. A presença de polígonos brancos demonstra outra
confusão do classificador, que não conseguiu associar a região a uma das classes
criadas. A classificação permite uma análise preliminar de como o solo ao entorno da
área urbana está sendo utilizado, fornecendo informações para o estabelecimento de
diretrizes de uso do solo e crescimento urbano.
Para obter uma melhor análise do uso e ocupação do solo no entorno da área
estudada procedeu-se a reclassificação da imagem através da homogeneização de temas.
A partir da observação das fotografias aéreas e visitas a campo, foi possível identificar
os tema das classes nos quais o SPRING apresentou confusão. Ainda, na reclassificação
foram criados dois outros temas – mineração e lagos – para representar regiões
características na cena.
98

6.6 Considerações sobre a metodologia utilizada


A realização dos mosaicos a partir das fotografias aéreas de 1962 e 1972 não
apresentou os resultados esperados, porém foram satisfatórios. O algoritmo que executa
o georreferenciamento não se mostrou adequado para correção das distorções das
bordas das fotografias. Devido a isso, não foi possível a sobreposição adequada das
feições estudadas utilizando as ferramentas disponíveis no SIG.

7. CONCLUSÕES

Cenário de 1962
No cenário de 1962, os corpos d’água, com exceção do Córrego do Gregório e
Córrego do Tijuco Preto, não sofriam a interferência da ocupação urbana, uma vez que
esta ainda não havia expandido para as regiões drenadas pelos corpos d’água.
O Córrego do Mineirinho, localizado a noroeste da área urbana de São Carlos,
apresentava nascente isenta de ocupação urbana, possuindo formações arbóreas e
planície de inundação. O Córrego da Fazenda Rancho Alegre também se apresentava
isento da interferência antrópica. Ainda na porção noroeste, na região do Córrego Santa
Maria Madalena notava-se a implantação de loteamentos, sem a presença de
edificações.
O Rio do Monjolinho, no trecho definido entre a Rodovia Washington Luiz e o
encontro com os Córregos Santa Maria Madalena e Tijuco Preto, drenava área de
loteamento sem edificações, não sendo observada a existência de vegetação
significativa ao longo do corpo d’água. Dirigindo para sudeste, até a confluência com os
Córregos do Gregório e Santa Maria Madalena, o corpo d’água apresentava meandros,
com a presença de vegetação mais significativa em alguns trechos e de ocupação urbana
apenas na margem direcionada ao centro da cidade. Na porção nordeste, o Rio do
Monjolinho não sofria interferência da urbanização.
O Córrego do Gregório, que corta o centro da cidade de São Carlos, apresentava
formações arbóreas em alguns trechos a leste, mas também já era observada a presença
de loteamentos próximos ao corpo d’água.
A sudoeste da área urbana, a região drenada pelo Córrego da Água Quente não
sofria interferência da ação antrópica e podia ser observada vegetação entre os Córregos
99

da Água Quente e da Água Fria, onde atualmente localizam-se os bairros Cidade


Aracy II e Antenor Garcia. Na Serra que permite o acesso a essa região, notava-se a
presença de vegetação apenas ao longo da rede de drenagem natural.
Embora o Código Florestal seja de 1965, nesta pesquisa verificou-se a situação
hipotética do cumprimento do Código Florestal para 1962. No Córrego do Tijuco Preto,
a faixa de 30 metros prevista estava sendo respeitada, bem como a faixa de 50 metros ao
entorno de nascente. O Córrego do Gregório mostrava-se impermeabilizado em suas
margens, numa faixa menor que os 30 metros exigidos. Mesmo nos trechos mais a
sudeste, onde não havia ocupação mais intensa, em alguns trechos a faixa de 30 metros
não fora respeitada.

Cenário de 1972
A situação observada em 1972 não é muito diferente da observada em 1962,
com a exceção da implantação de novos loteamentos mais ao sul e a noroeste da cidade.
O Córrego do Mineirinho começou a sentir a influência da implantação do
loteamento Parque Santa Felícia, onde o arruamento, embora respeitando os parâmetros
do Código Florestal, estava em uma área muito próxima à nascente. A vegetação não
apresentou mudanças significativas em relação a 1962. Os Córregos Santa Maria
Madalena e o da Fazenda Rancho Alegre não apresentaram alterações relevantes em
relação ao período anterior.
Ao longo do Córrego do Tijuco Preto, notou-se um adensamento urbano com a
ocupação das quadras livres observadas em 1962. Percebeu-se que uma das nascentes
teve a faixa de 50 metros desrespeitada.
A região ao entorno do Rio do Monjolinho, entre as confluências dos Córregos
Santa Maria Madalena/Tijuco Preto e Córregos do Gregório/Mineirinho, apresentou
mudanças em relação ao cenário anterior, onde foi notado o aparecimento de
loteamentos a noroeste, e adensamento urbano a sudeste. O Rio do Monjolinho, nessa
região, sofreria mudanças em seu traçado a partir de 1974, data do início das obras da
Av. Francisco Pereira Lopes. Quanto ao cumprimento do Código Florestal, alguns
trechos apresentaram irregularidades.
A situação do Córrego do Gregório é semelhante à apresentada em 1962, com
exceção feita à porção leste, onde ocorreu incremento na ocupação urbana.
100

A bacia do Córrego da Água Quente apresentou mudanças em relação a


1962. As nascentes localizadas nos atuais bairros Pacaembu e Santa Teresa tiveram seu
entorno ocupado, e numa das nascentes a faixa de 50 metros não foi respeitada. A mata
localizada entre o Córrego da Água Quente e o da Água Fria teve parte da mata original
substituída por atividade agrícola.

Cenário de 1998/2002
Em 2000, o cenário observado mostrou-se preocupante em relação aos corpos
d’água. Na área ao entorno do Córrego da Fazenda Rancho Alegre, notou-se a ocupação
urbana com a implantação do Parque Fehr, e novos loteamentos estão sendo
implantados. Com a impermeabilização do Parque Fehr, a água das chuvas tem
provocado erosão na mata adjacente à nascente. Essa é uma área que merece atenção do
poder público, pois a implantação de novos loteamentos, com conseqüente
impermeabilização, podem vir a prejudicar esse recurso hídrico. Ainda, nas épocas de
chuva, a Rua José Petroni, nas imediações do Jardim Primavera, apresenta alagamentos.
As nascentes do Córrego do Mineirinho também tiveram o seu entorno ocupados
e observou-se, em visita a essas áreas, erosão decorrente da descarga das águas das
chuvas na cabeceira desses corpos d’águas. Ao longo do córrego notou-se a presença de
matas nativas em alguns trechos, bem como a ocupação das áreas próximas a ele.
Embora a legislação esteja sendo respeitada, a ocupação deve ser analisada pelo poder
público para preservação das áreas de nascentes, bem como a impermeabilização das
áreas pertencentes a essa microbacia, pois o Córrego do Mineirinho desemboca no Rio
do Monjolinho, numa região que vem sofrendo com inundações na época das chuvas.
Assim, com a impermeabilização, toda a água da chuva que antes se infiltrava escoará
para o Córrego do Mineirinho e descarregará na confluência citada anteriormente.
Soma-se, ainda, que o Córrego do Gregório também desemboca nesse local. O Córrego
do Gregório, em trechos na Av. Comendador Alfredo Maffei, próximos ao SESC,
apresenta as margens erodidas devido à ação das águas das chuvas e representam perigo
aos transeuntes. A leste, o córrego apresenta-se confinado pelas vias e possui alguns
vestígios de matas nas proximidades da Rodovia Washington Luiz.
O Córrego do Tijuco Preto, na região da Rodoviária, foi canalizado, e o braço
d’água existente em 1962 foi soterrado com a nascente que ali existia. O Córrego Santa
101

Maria Madalena teve trechos confinados por vias de trânsito. Merece atenção a
nascente existente nas proximidades do Jardim Acapulco, que ainda apresenta
vegetação intacta.
O Rio do Monjolinho apresentou mudanças significativas entre 1972 e 2002 no
ambiente urbano. Seu traçado foi alterado devido à construção da Av. Francisco Pereira
Lopes e grande parte de sua microbacia foi impermeabilizada. A impermeabilização
trouxe conseqüências negativas para o corpo d’água, uma vez que este não tem
capacidade de suporte de toda a água da chuva e acaba por transbordar, ocasionando
transtornos para os munícipes. Isso pode ser notado principalmente na região de
encontro com os Córregos do Gregório e do Mineirinho, próximo ao Shopping
Iguatemi, local com constantes cheias.
A área drenada pelo Córrego da Água Quente também apresentou mudanças
significativas no decorrer do período estudado devido à ação antrópica. Pode ser visto
nessa região grandes voçorocas e erosões no curso do córrego. Da mata antes existente
entre os Córregos da Água Quente e da Água Fria restou apenas uma pequena parte,
sendo que o restante da área está ocupado pelos loteamentos Cidade Aracy e Antenor
Garcia. Na Serra da Aracy, notou-se uma mudança na vegetação, que antes só
acompanhava a rede de drenagem, atualmente a vegetação cobre uma área maior .
A partir das análises, percebeu-se que a ocupação urbana atingiu os limites dos
corpos d’água sem a preocupação de proteção ou conservação desses recursos. Isso
pode ser comprovado com as nascentes que foram soterradas ou que estão confinadas
pela ocupação. Tais detalhes, mostram, ainda mostra que o Código Florestal não foi
cumprido na maioria dos casos.
Além disso, a impermeabilização das áreas adjacentes aos recursos hídricos
mostrou-se uma das causas dos problemas de assoreamento e erosão dos corpos d’água,
bem como das enchentes e alagamentos.

8. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Cabe como continuação deste trabalho, o estudo dos recursos hídricos nas áreas

onde a cidade está crescendo, visando à preservação e proteção das mesmas, a fim de

garantir a utilização sustentável desse recurso.


102

9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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