Sweet Grape PDF
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SWEET GRAPE:
Um modelo de inovao na gesto da
cadeia de produo e distribuio de
hortalias diferenciadas no Brasil.
www.espm.br/centraldecases
Central de Cases
SWEET GRAPE:
Um modelo de inovao na gesto da
cadeia de produo e distribuio de
hortalias diferenciadas no Brasil.
Este caso foi escrito inteiramente a partir de informaes cedidas pelas empresas
e outras fontes mencionadas no tpico Referncias. No inteno dos autores
avaliar ou julgar o movimento estratgico da empresa em questo. Este texto
destinado exclusivamente ao estudo e discusso acadmica, sendo vedada a sua
utilizao ou reproduo em qualquer outra forma. A violao aos direitos autorais
sujeitar o infrator s penalidades da Lei. Direitos Reservados ESPM.
Abril | 2011
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RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
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APRESENTAO
A partir dos meados da primeira dcada do sculo 21, o desafio inadivel que se co-
locou para a Sakata Seed Corporation multinacional japonesa lder no mercado in-
ternacional de sementes de hortalias e de flores foi o de modificar profundamente
a sua forma tradicional de atuao na Cadeia de Suprimentos de Produtos Hortcolas.
A companhia havia tomado conscincia da necessidade de buscar novas formas de
articulao institucional, atravs da construo de novos modelos de negcios e de
parcerias estratgicas em um esforo de escala mundial.
J pelo lado do consumidor, cada vez mais imerso em preocupaes com a constru-
o e a preservao da sade, nutrio equilibrada e ateno ao meio ambiente, havia
que se buscar atender a novas expectativas em relao a atributos de sabor, inovao,
praticidade, versatilidade, apresentao, bem como quanto ao uso de tecnologias ti-
cas e adequadas de produo.
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CONTEXTUALIZAO HISTRICA
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Ao assumir, em 2002, o desafio mundial da criao de uma soluo inovadora e inte-
grada na gesto da Cadeia de Suprimento de Produtos Hortcolas, a Sakata, no Brasil,
iniciou a estruturao do projeto originalmente denominado Projeto de Gesto Integrada
da Cadeia de Suprimento do Pumpkino. Esta iniciativa, focada na produo e produo
comercial de uma minimoranga hbrida de forte apelo no mercado gourmet, visava a dois
propsitos simultneos: a) a produo, beneficiamento de ps-colheita, armazenagem e
expedio da minimoranga, e b) a sua comercializao, distribuio logstica at o con-
sumidor final e a gesto econmico-financeira global do sistema integrado.
Tratava-se, portanto, de uma considervel mudana no padro de gesto de negcios
para uma empresa que, at ento, se dedicava exclusivamente produo e venda de se-
mentes e um enorme salto na inovao da atuao institucional no mercado de hortalias.
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No mercado brasileiro atual ocorre a oferta de um grande nmero de hbridos de
tomate-uva, alguns dos quais capazes de produzir produtos de aparncia muito seme-
lhante do Sweet Grape, dificultando o reconhecimento, a diferenciao e a seleo
final de compra por parte do consumidor final.
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cos e de viabilidade econmico-financeira dos empreendimentos produtivos e comer-
ciais componentes do projeto.
CONTEXTUALIZAO DA INDSTRIA
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da colheita das partes vegetais de interesse alimentar e culinrio. Trata-se, em realidade,
de variedades j criadas pelo melhoramento gentico especialmente focado na seleo
de frutos, flores, caules, vagens ou razes de tamanho reduzido (Melo & Fonte, 2010).
O mercado de hortalias especialidades no Brasil iniciou-se em finais da dcada de
1990, no bojo da valorizao da cultura gourmet e da maior divulgao conquistada
pela alta gastronomia. Neste grupo, as hortalias miniaturizadas (mini-hortalias e hor-
talias baby) ganharam grande destaque, passando progressivamente de um mercado
de atendimento exclusivo de chefs para o do suprimento do cotidiano dos consumido-
res mais informados e exigentes.
(5)
As sementes das mini-hortalias geralmente referem-se a hbridos importados de em- O fruto da
presas produtoras da Europa, EUA e Japo, com preos mdios superiores aos das minimelancia
atinge entre dois e
hortalias tradicionais. Porm, cultivadas normalmente em estufas e com melhores tc- trs quilogramas,
nicas agrcolas, conquistam tambm preos mais atraentes e convidativos no mercado, suficientes
para servir at
despertando o crescente interesse de olericultores em todo o Brasil. O consumidor quatro pores,
desses produtos tende a ser mais exigente em relao a padres de alta qualidade em sendo facilmente
armazenado
atributos como aparncia, frescor, sabor, textura, embalagem e apresentao. em geladeiras
domsticas.
Tem, ainda,
No caso da colheita antecipada de folhas de hortalias jovens, os produtos recebem
como atrativos
o nome comercial de baby leaf. So atualmente exploradas nesta modalidade: alfaces, a ausncia de
agrio, couve mizuna, rabanete, rcula, beterraba e mostarda, entre outras. Geralmen- sementes e
a colorao
te chegam ao mercado em pacotes compostos por um mix dessas hortalias, o qual vermelho intenso,
privilegia a obteno de uma mescla atraente de cores, formatos, texturas e sabores, o considerada
bastante atraente.
que colabora para um alto teor nutricional do produto final. Devido a todos
esses fatores, as
minimelancias
Para garantir os bons resultados prometidos pelo mercado, os produtores devem se chegam a custar
preocupar em conseguir produtos de alta qualidade, homogneos, bastante limpos e no mercado at
seis vezes mais do
higienizados e acondicionados em embalagens diferenciadas de papelo, ou empaco- que as melancias
tadas em bandejas recobertas com filmes plsticos adequados. tradicionais.
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Ainda que o mercado seja considerado pequeno no Brasil, as mini-hortalias e as
babys vm gradativamente conquistando o consumidor atento a uma alimentao mais
saudvel e equilibrada. Estima-se que seu consumo venha crescendo a taxas mdias
anuais entre 15% e 20%. Muitos desses alimentos j so vendidos previamente higie-
nizados e em embalagens prontas para o consumo na forma de snaks. So tomates-
-cereja, tomates-uva, minicenouras, entre outras.
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FIGURA 3. Diversidade de tomates tipos grape e cherry e embalagem de convenincia no
mercado norte-americano (PMA Fresh Summit 2006, San Diego, Califrnia, EUA, 2006)
FATOS
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O sistema mescla conceitos, arranjos e procedimentos de dois modelos j consagra-
dos no agronegcio brasileiro: o de integrao e o de franquia.
Tendo garantido o escoamento dos seus produtos, na medida em que trabalham com
contratos de fornecimento para produtos que sero colocados no mercado pelo distri-
buidor integrado, os produtores no precisam se preocupar mais com o gargalo da co-
mercializao. Portanto, se concentram especificamente na produo do Sweet Grape,
podendo se dedicar conquista dos altos padres de excelncia exigidos pelo projeto.
A partir das entrevistas com tcnicos e profissionais da rea, bem como das visitas s
empresas relacionadas, aos packing-houses, ao PMA Fresh Summit 2006 e a diversas
lojas supermercadistas na Flrida e na Califrnia, foi possvel mapear algumas tendncias
e perspectivas que se destacaram no mercado dos tomates tipos cherry e grape nos EUA
e que aportaram diferentes insights a respeito do comportamento do mercado brasileiro.
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plsticos, PET, sacos de malha de algodo (bags), maderfibra, papel, papelo etc. Des-
taca-se especialmente o lanamento de embalagens plsticas contendo dispositivos
do tipo Zip, que permite que a embalagem seja novamente lacrada aps a retirada das
pores desejadas.
Com base em todo o conjunto de informaes pesquisado e uma vez construdo o sis-
tema em sua concepo terica original, chegou o momento de experimentar a reao (7)
Trata-se do
e a receptividade do pblico-alvo quanto ao produto e aos conceitos a ele propostos. tomate primevo,
tradicional, fruto
de polinizao
Assim, em 2009, antecedendo ao lanamento do produto no mercado brasileiro, foram aberta, que
realizadas as pesquisas de marketing para o Sweet Grape, visando avaliar as reaes no sofreu
qualquer tipo de
do pblico-alvo consumidores potenciais , aos atributos do produto, bem como aos melhoramento
conceitos criados para o seu posicionamento comercial. gentico.
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A pesquisa de marketing para um produto hortcola no Brasil ainda no se constitui
em ao usual junto s empresas produtoras de sementes, especialmente considerando
os custos relativamente elevados destas iniciativas frente ao baixo valor agregado das
hortalias, a prevalncia da indiferenciao dos produtos no varejo, que condicionam o
baixo retorno dos investimentos mercadolgicos, e o baixo nvel geral de conhecimento
sobre o consumidor brasileiro dessas mercadorias (Onoda, 2010).
Para dar conta desse desafio, no Brasil foram realizados focus groups com mulheres
na faixa de 30 a 40 anos de diferentes classes sociais. Os resultados obtidos confirma-
ram a maioria das premissas desenvolvidas para a conceituao do produto, conforme
os itens j apontados anteriormente em relao ao sabor, ludicidade, diferenciao e
apresentao do produto. No entanto, alguns aspectos revelaram-se surpreendente-
mente contrrios s expectativas iniciais da empresa, evidenciando facetas particulares
do consumidor brasileiro frente ao mercado mundial.
Outro quesito amplamente questionado e rejeitado pelas entrevistadas foi o nome in-
gls associado ao produto. O modelo brasileiro originalmente apresentado seguia aque-
le desenvolvido para o mercado norte-americano. Nos EUA o hbrido foi comercialmente
lanado com o nome de Sweet Hearts, tendo como logomarca dois tomatinhos sobre-
postos, formando a imagem de um pequeno corao.
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(8)
No Brasil, um
estudo indito do
Projeto Organics
Brasil com as
certificadoras
aferiu que a rea
total orgnica
certificada
FIGURA 5. Detalhes das embalagens individuais e display especialmente desenvolvidos para atividade
para o tomate Sweet Grape no varejo brasileiro (Projeto lanado no mercado em 2010). agropastoril de
331.637 hectares,
e para extrativismo
O nome Sweet Hearts ser futuramente reapropriado pelo projeto brasileiro, servindo de 6.560.001
para diferenciar e renomear o Sweet Grape de primeira linha e de mais alta qualidade hectares. Toda
essa rea
em termos de padres especialmente controlados de colorao, tamanho, formato e explorada por
doura ( Brix). Para esse novo produto, ser adotada tambm uma embalagem diferen- 7.721 produtores
orgnicos,
ciada que ter o formato de corao. Neste caso, como haver uma maior diferenciao que produzem
de preos no varejo, o produto naturalmente se direcionar para o pblico de mais alta 5.215.490
toneladas/ano.
renda, onde a denominao produz mais sentido e associao imediatos. O mercado
de produtos
orgnicos no
Atualmente, existem 250 produtores integrados ao sistema no Brasil, alm de dez Brasil est em
distribuidores, que so os agentes que respondem simultaneamente pela venda de se- pleno crescimento
com mais
mentes e pela assistncia tcnica aos produtores. A produo total, em 2010, atingiu
consumidores e
3 mil toneladas, mas os gestores do projeto estimam que, at o final de 2013, sejam empresas que
obtidas anualmente perto de 8,9 mil toneladas em todo o Pas. O estado de So Paulo desenvolvem
produtos que
representa cerca de 1/3 de toda a demanda potencial para o produto. antes eram
direcionados
somente ao
Novas adeses ao sistema ainda esto sendo consideradas, desde que os produtores mercado externo.
apresentem o perfil empresarial adequado ao projeto, o que checado atravs de ava- H 1.200 projetos
com certificao
liao pela prpria Sakata ou por um dos distribuidores da empresa. internacional,
creditados pelas
certificadoras IBD,
Outra iniciativa estratgica do projeto tem sido a gradativa incorporao ao segmento OIA, Ecocert, IMO,
orgnico8, no apenas pelo seu natural benefcio sade do consumidor, mas tambm BCS.
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pelos seus apelos ticos e ambientais, cada vez mais valorizados pelo mercado. Nas
principais redes brasileiras de supermercados, cerca de 65% do total de produtos org-
nicos oferecidos aos consumidores pertencem Seo de FLV. Na cidade de So Paulo,
principal polo de interesse do projeto, o setor abastecido por 11 distribuidoras ativas,
que fornecem mensalmente, em mdia, 1,2 milho de unidades de frutas e hortalias
orgnicas (Terrazzan, 2009). O setor supermercadista absorve 89% do total de produtos
comercializados pelas distribuidoras (Terrazzan e Valarini, 2009).
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DILEMA
O principal desafio enfrentado pela Sakata Seed Sudamrica Ltda., a partir da implanta-
o desse novo Sistema Integrado, o de manter-se na liderana da inovao em mo-
delos de negcios de gesto da Cadeia de Produo e Abastecimento de FLV no Brasil.
Trata-se, portanto, de encontrar caminhos que assegurem a permanncia da agregao
de valor conquistada para os seus produtos, ao mesmo tempo em que se fortalea o
reconhecimento pelos consumidores e agentes do mercado da sua marca associada
alta qualidade das hortalias diretamente ofertadas no varejo. Como resultado final, o
que se busca a fidelizao de sua clientela compradora de sementes, produto principal
do seu portflio e razo maior da existncia da empresa no mercado.
Se voc, aluno(a), ocupasse uma posio de deciso nesta empresa, quais caminhos e
atitudes escolheria adotar? O que faria para continuar avanando em novas modelagens
de negcios e de gesto na Cadeia de Produo e Abastecimento de FLV no Brasil?
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REFERNCIAS
BIBLIOGRFICAS
CAETANO, Mariana. Jeito de uva, gosto de tomate. Globo Rural, n. 299, setembro de
2010, p.61-63.
JUNQUEIRA, Antonio Helio; PEETZ, Marcia da Silva. Consumo e Nutrio: fome oculta.
Rio de Janeiro, Agroanalysis, v.21, n. 8, agosto de 2001, p. 8-12.
MELO, Paulo Csar Tavares de; FONTE, Leonardo da. Pequenas e saborosas. Cultivar
HF, Pelotas, RS, ano IX, n. 64, p.37, out./nov. 2010.
ONODA, Saulo Mitsuru. Pesquisa Qualitativa para o Tomate Sweet Hearts. Trabalho de
Concluso do Curso de MBA em Marketing, da Fundao Instituto de Administrao
FIA, Universidade de So Paulo, 2010.
YONEYA, Fernanda. Cultivos especiais: horta em miniatura, com visual e sabor. O Esta-
do de So Paulo, Suplemento Agrcola, ano 52, n. 2.806, 19 de agosto de 2009, p. 6-7.
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ENTREVISTAS
Marcos Antonio Ereno Botelho (Sakata Seed Sudamrica Ltda. Diretor Comercial )
Nelson Shoiti Tajiri (Sakata Seed Sudamrica Ltda. Diretor Presidente)
agradecimentos
FOTOS
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