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TELEVISO SOBRE PROTOCOLO INTERNET (IPTV) Daniel Santos n54535, Pedro Santos n54552, Vitor Gomes n54559 Instituto

Superior Tcnico Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal E-mail: [email protected], [email protected], [email protected]
RESUMO Neste artigo abordar-se- o servio IPTV, comeando pela motivao que levou ao seu aparecimento, passando pelos vrios aspectos tcnicos, modelos de negcio, e a sua proliferao no mercado Portugus. Relativamente parte tcnica do artigo iremos apresentar as solues de codificao de vdeo e udio, tal como solues para as redes de acesso na qual o servio disponibilizado. Na apresentao dos modelos de negcio e do panorama Portugus em termos do servio IPTV, procura-se evidenciar a relao de QoS do servio IPTV comparativamente com os outros servios. Procuramos tambm dar uma perspectiva geral da evoluo futura da tecnologia discutida em termos de nmeros de utilizadores e tecnologias aplicadas. Palavras-Chave IPTV, MPEG-2, MPEG-4, Digital Television, Fibra ptica, QoE, QoS 1. INTRODUO 1.1. Motivao Estamos actualmente a presenciar uma mudana no conceito de televiso, tanto ao nvel dos servios fornecidos como ao nvel das experincias percepcionadas pelo utilizador. A crescente expanso da internet tem vindo a revolucionar o mundo do audiovisual e multimdia. A possibilidade de difuso de informao a uma escala mundial proporcionada pela internet tem revolucionado vrias reas e a televiso no se encontra alheia a esta mudana. A televiso analgica est gradualmente a ser substituda pela digital e o mais recente e talvez mais emocionante mtodo de transmisso designado por Televiso sobre IP ou IPTV. A IPTV consiste na transmisso de televiso sobre uma rede de telecomunicaes baseada no protocolo IP (Internet Protocol). A grande atraco deste novo servio de televiso a interactividade impulsionada pela rede IP, que permite ao utilizador uma maior interaco. Ao contrrio dos sistemas de TV convencional em que o sinal recebido por antena ou por cabo, neste sistema de transmisso de TV digital sobre IP, o sinal recebido atravs da Internet, e descodificado numa set-top box (STP) antes de ser reproduzido no televisor. O conceito comea agora a apresentar-se de forma mais veemente pois a tecnologia tem vindo a atingir nveis de qualidade de servio (QoS) bastante satisfatrios devido evoluo das larguras de banda disponveis no acesso e tambm devidos a melhorias nas tcnicas de compresso (udio/vdeo). A IPTV apresenta-se assim como uma tecnologia orientada ao utilizador, deixando este de estar limitado aos contedos disponibilizados em tempo real devido interactividade que se estabelece. 1.2. Contextualizao Histrica A televiso transmitida atravs da internet no um conceito recente uma vez que a primeira emisso feita neste formato foi em 1994 pela ABCs World News Now. O termo IPTV surge em 1995 com a fundao da Precept Software por Judith Estrin e Bill Carrico. Esta empresa foi adquirida em 1998 pela Cisco Systems, que detm nos dias correntes a marca IPTV. No ano 2000, vrias marcas comearam a planear servios em IPTV sobre ADSL e apenas em 2006 a IPTV chegou a Portugal pela Clix e um ano mais tarde pela PT Comunicaes. Actualmente tambm a ZON Multimdia e a Vodafone apresentam ofertas de IPTV pelo que a concorrncia no mercado nacional tem vindo a aumentar. 1.3. WebTV vs IPTV Muitas pessoas tendem a confundir IPTV com WebTV. Entre estas no existe qualquer tipo de relao, sendo as suas principais diferenas listadas em seguida: Plataformas diferentes; Alcance Geogrfico; Propriedade da infra-estrutura da rede; Mecanismo de acesso; Custos; Metodologias de generalizao de contedos.

2. ARQUITECTURA DE REDE A IPTV o resultado da evoluo de vrias tecnologias, tanto a nvel de compresso e codificao de dados (udio e vdeo), como a nvel das redes de transporte.

Pode afirmar-se que tipicamente, uma rede IPTV divide-se em 3 blocos: Cabea de rede Transporte Casa do cliente Um exemplo de uma arquitectura para uma rede IPTV, encontra-se representado na Figura 1.

2.2. Transporte O bloco da rede correspondente ao transporte, ou middleware, tem como funo interligar todos os outros componentes do lado do operador e ainda ferramentas de monitorizao, gesto de contedos e de clientes entre outras. Neste, esto definidos os servios, canais e contedos para os clientes. fundamental ento nesta arquitectura cliente servidor (STB e o Head-End), pois o middleware define a forma como o cliente interage com os servios disponibilizados, como por exemplo o EPG, o VoD e todos os servios de pay-per-view includos. No que diz respeito ao transporte dos dados desde os prestadores de servios at casa dos clientes, pode dividir-se este bloco em duas camadas distintas, a rede de transporte e a rede de acesso. 2.2.1. Rede de Transporte: O mtodo atravs do qual se realiza o transporte dos pacotes, sejam estes de udio, vdeo, voz ou dados, o mesmo. O mecanismo de transporte utilizado designa-se de MPLS (Multi Protocol Label Switching). Este opera numa camada OSI, intermediria camada de Enlace (Camada 2) e camada de Rede (Camada 3). Esta soluo permite o transporte de dados para aplicaes baseadas tanto em CP (Comutao de Pacotes), como em CC (Comutao de Circuitos). Permite ainda, que atravs da mesma rede se transporte vrios tipos de trfego, como pacotes ATM, IP, SONET e frames Ethernet. Tal como o nome indica, no caso da IPTV, nesta rede so transportados pacotes IP. 2.2.2. Rede de Acesso: Rede pertencente ao fornecedor de servios ou operador e responsvel pela distribuio dos contedos pelos subscritores dos servios. No que diz respeito s redes de acesso, existem vrias tipologias de rede possveis e consequentemente, vrios tipos de tecnologias associados. Estes sero descritos no Captulo 4. .2.1.3. Mtodos de entrega do servio: Existem 3 formas bsicas atravs das quais se podem entregar contedos de vdeo numa rede IP: Transferncia de ficheiros; Difuso (Broadcast); Video on demand(VoD). O primeiro mtodo impraticvel no que diz respeito a servios IPTV pois no permite que os contedos sejam visionados em tempo real. Isto deve-se ao facto de, na transferncia de ficheiros, ser necessrio que todo o ficheiro seja descarregado antes de poder ser utilizado. So ento os dois ltimos mtodos os utilizados na IPTV. A difuso aplicada na emisso em directo de canais de televiso enquanto o VoD utilizado quando o utilizador deseja ver um vdeo armazenado na base de dados da operadora. Uma descrio mais detalhada apresentada em seguida. Difuso quando so difundidos contedos de vdeo, a cada canal atribudo um feed, permitindo assim STB seleccionar o canal correspondente quele que o subscritor

Figura 1 Exemplo de arquitectura de rede IPTV [1].

2.1. Cabea de Rede A cabea de rede um ponto importante arquitectura IPTV, pois tem como funo adquirir todo o contedo audiovisual proveniente de vrias fontes (via satlite, cabo, terrestre ou ainda por fibra ptica) de forma a serem preparados para a sua distribuio na rede. O head-end procede ento codificao de cada um dos canais, usando um codificador de udio e vdeo (MPEG-2 ou MPEG-4\H.264), encapsulando em pacotes IP (usando por exemplo o protocolo RTP sobre o UDP), para que contedo seja distribudo na rede. Outras definies, podem dividir a arquitectura de rede IPTV em 4 blocos, contudo conceptualmente est-se presente a mesma rede. O bloco extra resulta da subdiviso da cabea de rede em 2 blocos distintos, prestao/distribuio de contedos e prestao de servios. Tem-se ento, a nvel da cabea de rede, trs entidades envolvidas: Prestadores de contedos entidades responsveis pela criao original dos contedos. As empresas integradas neste segmento so, estdios de cinema, gravadoras, empresas de produo de TV e emissoras. Distribuidores de contedos Em vez das operadoras lidarem directamente com os distribuidores de contedos, de modo a pouparem tempo, muitas operadoras de IPTV esto a recorrer a este tipo de distribuidores. Estes so responsveis por agregar e a preparar o contedo de modo a poder ser transmitido em redes IPTV, simplificando todo o processo de licenciamento. Prestadores de servios entidade que fornece os servios de IPTV aos clientes. na cabea de rede que se procede compresso e codificao de contedos, e ao encapsulamento destes de modo a poderem ser enviados atravs da rede de transporte. A tecnologia associada a estas tcnicas ser descrita no Captulo 3.

que a controla seleccionou. A ligao estabelecida entre a central e a STB do tipo multicast, pois a central enviar o mesmo contedo para todas as STBs que o requisitarem. Video on Demand responde a um pedido efectuado por uma STB. A resposta segue num fluxo de tramas unicast para o IP da STB que efectuou o pedido. Neste caso a ligao do tipo um-para-um, ao contrrio da difuso em que a ligao de um-para-muitos. Na Figura 2, encontrase um esquemtico sobre as metodologias de entrega de servios IPTV.
Figura 3 Resolues de vdeo.

Figura 2 Esquema representativo do mtodo de entrega de servios IPTV.

O IPTV oferece canais de diferentes resolues entre as quais a Standard (SDTV, resoluo 576720) e alta definio (HDTV, resoluo 7201280 e 10801920). Como referido anteriormente o problema da rede ter capacidade para transmitir os contedos de elevada qualidade. Para se ter uma ideia de que dbitos se tratam, calcula-se com auxlio da equao geral (1) o dbito binrio que necessrio para transportar os canais.
( )

2.3. Casa do Cliente Para o cliente, o importante a QoE (Qualidade de Experincia) e a QoS que este obtm do servio contratado e no o meio como este chega a sua casa. Nesta camada, procede-se separao e emisso dos diversos servios pela casa. Em termos tecnolgicos, no Capitulo 5, este tema ser novamente abordado especificando quais as funcionalidades a que se tem acesso e o que se pode esperar dum servio IPTV. 3. TECNOLOGIAS: COMPRESSO/CODIFICAO O IPTV lida com limitaes em termos de rede, pelo que necessrio ter ferramentas de codificao/compresso. Essas ferramentas so as normas de codificao que conseguem reduzir a largura de banda ocupada pelos contedos de vdeos, conseguindo qualidade elevada de vdeo e udio, ou seja, sem alterar o prazer do utilizador em usufruir de tal servio. Como tecnologia end-to-end, os codificadores encontram-se no head-end enquanto que os descodificadores encontram-se no lado do cliente, ou sejas nas STB. Para o Codificador de Vdeo, ferramenta de codificao/compresso, esta ir actuar sobre o sinal de vdeo que considerado como uma sequncia de imagens no tempo (25 imagens/s na Europa e 30 imagens/s nos EUA). Cada imagem est dividida em pixis, que por sua vez organizam-se em linhas e colunas, tendo cada um desses pixis associado valores de luminncia e de crominncias. Tambm preciso ter-se noo de Resoluo, e esta definida pela quantidade de linhas e de colunas, que por sua vez implica um maior ou menor nmero de pixis. Na figura seguinte compara-se os diferentes tipos de Resoluo de Vdeo.

Sendo FCY e FCC respectivamente os factores de compresso da luminncia e das crominncias, I o nmero de imagens/s (25 imagens/s caso Europeu) e A a quantidade de bit/amostra (8 bits/amostra). Para o caso de bits PCM, os factores de compresso so iguais a 1, pois o exemplo em que cada amostra codificada com 8bits, no fazendo uso de tcnicas de codificao/compresso. Tendo em ateno que, a resoluo de um canal SDTV 576720 e que para um sinal HDTV se tem 10801920, considerando a resoluo das crominncias como sendo metade das colunas (4:2:2), tem-se para os vrios casos os seguntes dbitos binrios: rb(SDTV) 166 Mbit/s e rb(HDTV) 829 Mbit/s. Como esperado os dbitos so demasiado altos, o que origina um grande problema devido a incapacidade por parte das tecnologias de transporte existentes de transmitir tal informao. Para resolver tal problema, a soluo passa pela compresso. Para sinais de vdeo e udio, a tcnica de compresso mais usual a compresso com perdas, uma vez que se pode explorar a redundncia perceptiva (irrelevncia), eliminando assim componentes que o sistema audiovisual humano no capta, tal como utilizar ferramentas que exploram tanto a redundncia espacial e temporal. As tcnicas de compresso de vdeo mais usadas so o MPEG-2 (pertencente ao grupo MPEG Moving Picture Experts Group, ISO), no qual se tem factores de compresso na ordem dos 40 e o H.264/AVC (resultante da fuso entre as normas MPEG-4 AVC da ISO e H.264 do ITU-T) conseguindo esta norma, um factor de compresso mnimo duas vezes superior ao obtido pelo MPEG-2.

Utilizando a frmula (1) atrs descrita, chega-se Tabela 1 que espelha bem a capacidade de compresso de ambas as normas. PCM MPEG-2 H.264/AVC 166 Mbit/s 4 Mbit/s 2 Mbit/s rb(SDTV) 829 Mbit/s 8 Mbit/s 4 Mbit/s rb(HDTV)
Tabela 1 Comparao dbitos binrios necessrios, consoante a qualidade da imagem em funo dos diferentes codecs.

4.2. DOCSIS Uma alternativa ao xDSL como meio de distribuio de contedos IPTV at casa dos subscritores o cabo. Aps a recepo dos contedos atravs de soluo terrestre, satlite ou cabo, estes so distribudos localmente recorrendo ao protocolo DOCSIS QAM. A utilizao de splitters em casa dos clientes, permite dividir o sinal por mltiplas TVs. Existem trs formas dos fornecedores de IPTV prestarem o servio aos seus clientes: CMTS (Cable Modem Termination System) responsvel pela entrega do stream IPTV. Moduladores QAM. Gateways baseados em QAM, com capacidade de encapsular contedos de vdeo digital em servios orientados ao IP.

Em relao ao Codificador de udio e no que diz respeito ao udio, a norma MPEG-2 dividida em duas grandes partes [2]: - udio, (parte 3) Codifica 5 canais mais um canal de baixa frequncia, com elevada qualidade, de 384 kbits/s ou menos por canal, usando os seguintes ritmos de amostragem: 16, 22.05 e 24 kHz; oferece compatibilidade com o MPEG-1. - Advanced Audio Coding (AAC), (parte 7) Deixa de ser compatvel com o udio do MPEG-1, aumentando o desempenho do ritmo de distoro maior qualidade para o mesmo ritmo; codifica de 1 a 48 canais, com ritmos de amostragem de 8 a 96kHz. J para a norma MPEG-4 o codificador usa o Advanced Audio Coding (AAC) que apareceu associado ao MPEG-2 (parte 7). 4. TRANSPORTE Tendo em conta a figura Figura 1, na estrutura da rede, antes da casa do utilizador possvel observar as trs solues tecnolgicas que iro ser explicadas de seguida. 4.1. xDSL Esta tecnologia tem como suporte a linha telefnica. Designa-se de xDSL, devido s evolues que j sofreu. No que diz respeito IPTV, utilizam-se duas destas evolues, o ADSL2+ e o VDSL2. Atravs destes, tornou-se possvel a integrao de servios de voz, vdeo (em SD e HD) e dados na linha telefnica. A QoE neste tipo de servio no medida apenas com base na largura de banda da rede, que quando comparada com as solues de cabo ou fibra significativamente inferior. a interaco entre as vrias camadas OSI.

Figura 5- Arquitectura de rede IPTV atravs de cabo coaxial [4].

4.3. Fibra Com o aparecimento da fibra ptica, passou a ser possvel transportar grandes quantidades de dados, actualmente na ordem dos 10Gbit/s, numa nica fibra. Em 26 de Novembro de 2010,a Portugal Telecom realizou pela primeira uma ligao em Portugal (entre Lisboa e Porto) com o dbito binrio de 100Gbit/s numa nica fibra. Hoje em dia, devido publicidade levada a cabo pelas operadoras, o consumidor associa a fibra ptica IPTV. Existem vrias topologias possveis de implementao de uma rede IPTV, tais como FFTC (fiber to the curb), FTTN (fiber to the node), FTTB (fiber to the building), FTTH (fiber to the home), entre outras. Na figura 1 possvel observar a relao entre a quantidade de fibra e cabos de cobre (coaxial ou par de cobre) que se utiliza em cada tipologia. Figura 6 - Relao Em Portugal so utilizadas duas Fibra/Cobre presente em destas tipologias. diferentes tipologias FTTB Tipologia de rede na duma rede IPTV Erro! qual a fibra ptica vai desde a A origem da referncia central da operadora (central local ou, na designao anglono foi encontrada. . saxnica, central office) at ao edifcio onde colocada uma ONU (Optical Network Unit). Desta, sai um cabo coaxial que ir ligar a cada uma das set-top-boxes (de agora em

Figura 4 Arquitectura de rede baseada em ADSL [2].

diante designadas apenas por STB) dos subscritores presentes no edifcio. FTTH Tipologia semelhante FTTB, com a nica diferena que nesta a fibra vai at casa do subscritor onde colocada uma ONU. A diferena entre FTTB e FTTH agora fcil de perceber. Na primeira um subscritor partilha uma ONU com os vrios outros subscritores que habitam no mesmo edifcio, enquanto com FTTH cada subscritor tem um par ONU/STB s para si, com uma distncia entre a ONU e a STB reduzida e reduzindo assim a atenuao do sinal (introduzida pelo cabo coaxial/par). Na figura 2 encontra-se um esquema de quatro topologias de rede, sendo que a FTTB e a FTTH esto representadas no esquema mais direita.

Figura 7 - Esquema representativo da ligao entre o Central Office e a casa do utilizador, atravs fibra ptica [6].

4.4. Protocolos de Internet em IPTV O envio de dados atravs da internet normalmente feito com recurso ao TCP ou UDP. Na tabela seguinte, so apresentadas as principais diferenas entre estes dois protocolos. TCP UDP Fivel No fivel Orientado conexo Retransmisso de segmentos e controlo de fluxo atravs de windowing Sequenciamento de segmentos Reconhecimento de segmentos recebidos No orientado conexo Sem windowing ou retransmisso Sem sequenciamento Sem reconhecimento da chegada de datagramas

sua simplicidade o nico que permite transmisso de contedos audiovisuais em tempo real. Por ser um protocolo no orientado conexo, este no garante a ordem pela qual os pacotes chegam aos receptores. As tramas de transporte de MPEG-2 e MPEG-4 podem ser do tipo UDP/RAW ou UDP/RTP. No caso de UDP/RAW, vrias condies de erro podem ser detectadas, incluindo: Mudana do destinatrio; Falta de bits de sincronizao; Tamanho incorrecto do pacote; Time-out; Jitter excessivo; Taxa de bits UDP imprpria; Contudo, este protocolo por si s no garante o funcionamento da IPTV. Para tal, necessrio acrescentar o Real-time Transport Protocol (RTP) ao UDP. Este novo protocolo permite adicionar campos como Timestamp e Sequence Number ao UDP, garantindo assim o funcionamento do servio. A adio deste protocolo ao UDP, aumenta o nmero de condies de deteco de erro s j existentes no UDP/RAW, sendo estas as seguintes: Identificao dos pacotes recebidos fora de ordem; Deteco de pacotes duplicados; Determinao da perda de pacotes; Determinao do tamanho incorrecto de pacotes; Em conjunto com o RTP, pode utilizar-se o RTCP unicamente com o objectivo de controlo e obteno de dados estatsticos sobre do funcionamento deste, no efectuando transporte de qualquer tipo de dados relativos aos contedos. O RTCP permite obter informao sobre os participantes na sesso e informao estatstica, como o nmero de octetos transmitidos e a contagem de pacotes enviados, pacotes perdidos, jitter e atrasos. Uma aplicao pode fazer uso deste tipo de informao para controlar o nvel da Qualidade de Servio (QoS), por exemplo, atravs da limitao do fluxo ou utilizao dum codec diferente. 5. TECNOLOGIAS: SERVIOS 5.1. Servios Uma vez que a interactividade a principal caracterstica deste servio, espera-se que os servios apresentados venham dar grande nfase a este aspecto. Comecemos por referir que do lado do consumidor o aparelho que possibilita toda esta mecnica uma STB. Atravs desta possvel ao utilizador aceder aos contedos e controlar o acesso a determinados contedos do sistema IPTV, tornando-o num sistema bidireccional.

Tabela 2 Diferenas mais significativas entre os protocolos TCP e UDP [7].

No que diz respeito IPTV, o protocolo escolhido por excelncia o UDP, pois mesmo no sendo fivel, devido

5.1.1. Metadados Metadados so informao que resumem, enriquecem ou complementam os objectos ou servios referenciados, produzindo assim um potencial incremento de informao [8]. Em IPTV os metadados esto relacionados essencialmente com o guia de programao. Este guia permite navegar facilmente e aceder a contedos que de outra forma seriam complicados de aceder devido ao seu nmero elevado. Este guia permite no s a navegao de canais mas tambm o agendamento de gravaes na memria interna da STB. 5.1.2. Time Shift TV Esta funcionalidade permite ao utilizador pausar, avanar ou retroceder a emisso. Caso um utilizador ligue a TV a meio de um programa, esta funcionalidade permite tambm requisitar que o referido programa comece de incio. Convm referir que a opo de avanar a emisso apenas se encontra presente em contedos previamente gravados na STB. 5.1.3. Network Personal Video Recorder Trata-se de uma funo avanada de gravao que permite ao utilizador pedir a gravao de programas rede. Um exemplo prtico ser o do pedido por parte do utilizador da gravao de uma srie e a rede automaticamente grava todos os episdios da temporada corrente sem o utilizador precisar de efectuar o pedido episdio a episdio. 5.1.4. Video on Demand (VoD) Trata-se de um clube de vdeo virtual onde o utilizador acede a uma listagem de filmes disponveis na rede e escolhe aquele que quer visionar. Este servio ps-pago e normalmente apresentado na factura mensal do cliente. 5.1.5. Favoritos Este servio permite ao utilizador criar listas com os seus programas preferidos. Nesta lista podem constar programas da grelha normal de programao ou itens gravados. Esta lista permite ao utilizador fcil acesso aos seus programas de eleio e permite tambm um aviso por parte do fornecedor do servio sempre que um destes programas esteja prestes a comear. 5.1.6. Jogos e Msica Ser um servio focado num pblico mais jovem onde o fornecedor disponibiliza uma srie de jogos que o utilizador pode escolher e jogar em rede. 5.1.7. Videoconferncia Explorando as capacidades do protocolo IP, no qual assenta este sistema, os operadores podero oferecer um servio que cria uma sala virtual, onde os utilizadores, alm de poderem comunicar entre si, tero a possibilidade de partilhar ficheiros (msica, filmes, fotografias). 5.1.8. Publicidade Num mundo onde a oferta de programas e canais cada vez maior o conceito de publicidade tem de mudar. De modo a

captar a ateno dos espectadores a publicidade poder comear a ser apresentada dentro dos programas. Com o servio IPTV os operadores podem oferecer a possibilidade de por exemplo, ao visionar um produto, o espectador ter opo imediata de compra. Dado que em IPTV o utilizador envia informao ao fornecedor do servio a publicidade pode tambm ser adequada aos gostos do utilizador. 5.2. Qualidade de Servio fundamental que todos os servios descritos apresentem um nvel de qualidade satisfatrio para o consumidor. Deste modo devemos distinguir entre QoE e QoS. Enquanto que, o primeiro se foca na qualidade da experincia obtida com a utilizao do servio, o segundo foca-se na qualidade do ponto de vista da rede. Para a rede so importantes conceitos como perda de pacotes, atraso, jitter e largura de banda.

Figura 8 Relao entre QoS e QoE

6. MODELO DE NEGCIO Os fornecedores de internet viram na IPTV o servio ideal para expandir os seus negcios. Assim nasceram pacotes de servios como o Triple Play, o Quadruple Play, entre outros que combinam servios de voz fixa/mvel, Internet fixa/mvel e tambm televiso [8]. Dada a competitividade do mercado, esta foi a soluo encontrada pelos operadores para aumentarem as suas cotas de mercado e receitas, oferecendo aos clientes servios bastante variados, e em constante evoluo. Com um sistema interactivo como a IPTV, os operadores criaram servios, em que alguns tentaram aproximar o servio de televiso equivalente ao servio internet, como por exemplo consulta de notcias, ou at visualizar as suas contas do facebook ou twiter, e ainda servios de entretenimento, como jogos e msica, mas tambm servios pagos como o VoD e ainda a compra de canais avulso ou conjuntos de canais temticos para juntar aos pacotes de canais existentes disponveis aos clientes quando subscrevem o servio IPTV. Outros servios que apareceram posteriormente como o Digital Video Recorder (DVR) servio que permite a gravao de contedos em formato digital, para a qualquer altura serem acedidos, ou ainda o Time Shifting que tem como funcionalidade permitir ao utilizador fazer pause ou rewind a programas transmitidos em directo [10]. A publicidade direccionada ao cliente um modelo de negcio cada vez mais implementado pelas operadoras, que

consiste em analisar a informao inerente ao cliente como por exemplo canais e programas preferidos, gnero de filmes alugados e horrio habitual de uso do sistema, que permite ao operador direccionar e vender com mais qualidade um servio que agrade ao cliente. A receita gerada pelos subscritores dos servios distribuda pelo operador e pelos fornecedores de contedos. A IPTV apresenta modelos de negcios atractivos, e a prova disso que o nmero de subscritores tem vindo a aumentar. (ver figura 1). Consequentemente, espera-se que a perspectiva de lucro que se espera que cresa mais que o nmero de subscritores, devido ao aumento do Average Revenue Per User (ARPU) [11].

possuir um servio triple play de longa data, s recentemente com a plataforma IRIS a Zon entrou na competio do mercado IPTV. 8. EVOLUES FUTURAS Comecemos por fazer uso das palavras de Laurie Gonzalez, directora de marketing do Broadband Forum, quando revelou que o nmero de utilizadores mundiais de IPTV subiu 34.65% este ano. Segundo ela espera-se ainda atingir a meta dos 50 milhes de utilizadores no fim deste ano. De momento na Europa existem cerca de 20.72 millhes de subscritores, o que representa 46% do total mas espera-se que a sia, regio onde existem j 16.37 milhes de subscritores, venha a suplantar a Europa at mesmo ainda no ano corrente. Vemos ento que o enorme crescimento e interesse nos servios de IPTV ao longo dos ltimos anos, uma tendncia a continuar. Mundialmente, os prestadores de servios vem o IPTV como uma rea de crescimento importante, levando-os a aumentar significativamente os investimentos nesta rea para promover novas opes de programao e de contedos. no entanto necessria uma uniformizao da arquitectura da rede IPTV para o aumento da interoperabilidade. No plano tecnolgico espera-se que as tecnologias FTTH venham a suplantar as baseadas no DSL, devido s funcionalidades que permitem implementar nomeadamente as larguras de banda muito elevadas. Em relao s tecnologias de compresso espera-se que a norma H.264/AVC venha a suplantar a norma MPEG2 embora esta no possa ser totalmente extinta para permitir o funcionamento de Set Top Boxes mais antigas [12]. No que diz respeito qualidade de imagem obtida num servio IPTV, tem-se cada vez mais acesso a contedos em alta definio (HD). Contudo, j foram realizadas demonstraes de solues de televiso de ultra-alta definio (Ultra High Definition Television UHDTV), sendo que a primeira demonstrao data de Setembro de 2003. Este um novo formato de vdeo que permite obter resolues de 7680x4320 pixis (33 milhes de pixis). Quando comparado com a soluo HDTV, a UHDTV ocupa 4 vezes mais largura de banda, as imagens tm 4 vezes a altura de imagens HDTV e possuem 16 vezes mais pixis. A UHDTV vai ser lanada em dois formatos distintos, sendo que o primeiro, designado de UHDTV1, ter apenas 4 vezes mais resoluo que a HDTV. Na sua verso final, o UHDTV2, ter ento 16 vezes mais pixis que o formato HDTV e 4 vezes mais que a sua verso anterior [13]. Devido a problemas de ordem tcnica, nomeadamente, devido a problemas de armazenamento e transmisso deste tipo de formato, espera-se que o sistema seja implementado entre 2016 e 2020 [14].

Figura 10 Numero de subscritores mundial de servio IPTV

7. IPTV NO CONTEXTO NACIONAL De momento em Portugal existem quatro grandes operadores a fornecerem um servio de IPTV. So eles a PT Comunicaes (MEO), a Zon Multimedia (Iris), a Sonaecom (Optimus Clix) e Vodafone (Vodafone Casa).

O servio Clix foi pioneiro em Portugal tendo surgido como o primeiro a apresentar televiso digital e home vdeo sobre um servio IP em Abril de 2006. De referir que a Clix distribui os seus servios fazendo tanto uso de ADSL como fibra ptica. Em Junho de 2007 a PT lana o servio MEO que disponibiliza contedos televisivos atravs de quatro plataformas: rede ADSL (IPTV), fibra ptica (IPTV), satlite e rede 3G. Em Julho de 2009 a Vodafone lana tambm um servio de televiso digital designado por Vodafone Casa. Este servio opera unicamente sobre a rede ADSL. O ltimo dos quatro operadores referidos a entrar no mercado da IPTV foi a Zon Multimdia. Apesar de j

9. AGRADECIMENTOS Agradece-se ao Professor Fernando Pereira, docente da disciplina de Comunicao udio e Vdeo, no Instituto Superior Tcnico, Universidade Tcnica de Lisboa, pela disponibilidade no esclarecimento de dvidas na fase inicial do projecto e pelo empenho do mesmo na exposio dos temas abordados neste trabalho. 10. REFERNCIAS [1] Triple Play IPTV; diversifeye.shenick.com;

[12] STOTT, Jane; Global IPTV subscribers to hit 50m

this year; digitaltvselector.com; 24-05-2011; URL:


http://www.digitaltvselector.com/global-iptvsubscribers-to-hit-50m-this-year/2011/03/ [13] Ultra High Definition Television; wikipedia.org; 25-052011; URL: http://en.wikipedia.org/wiki/Ultra_High_Definition_Tel evision [14] Ultra HD to arrive in two stages, says EBU; iptvnews.com; 25-05-2011; URL: http://www.iptvnews.com/iptv_news/april_2011_2/ultra_hd_to_arrive_i n_two_stages,_says_ebu [15] IPTV Explained; 24-05-2011; iec.org; URL: http://www.iec.org/newsletter/jan07_2/broadband_1.ht ml [16] HELD, Gilbert. Understanding IPTV; Auerbach Publications, 2006; ISBN: 0-08493-7415-4 [17] GERALD, ODriscoll; Next Generation IPTV Services and Technologies; Wiley, 2008; ISBN: 978-0-47016372-6 [18] IPTV Focus Group Proceedings; ITU-T, 2008; URL: http://www.itu.int/pub/T-PROC-IPTVFG-2008
Daniel Santos nasceu em Lisboa no dia 26 de Setembro de 1985. Aluno de Engenharia Electrotcnica e Computadores, no Instituto Superior Tcnico. Tendo como ramo principal Telecomunicaes, actualmente encontra-se a finalizar as disciplinas de mestrado referentes a este, de modo a poder avanar para a tese. E-mail: [email protected] Pedro Santos nasceu em Lisboa no dia 19 de Dezembro de 1985. Aluno de Engenharia Electrotcnica e de Computadores, ingressou no Instituto Superior Tcnico em 2003. Em 2007 mudou de curso dentro da mesma instituio, ficando assim com frequncia nos dois primeiros anos de Engenharia Biomdica. Tendo como ramo principal Telecomunicaes, actualmente encontra-se a finalizar as disciplinas de mestrado referentes a este, de modo a poder avanar para a tese. E-mail: [email protected] Vitor Gomes nasceu em Lisboa no dia 23 de Maro de 1985. Aluno de Engenharia Electrotcnica e Computadores, no Instituto Superior Tcnico. Tendo como ramo principal Telecomunicaes, actualmente encontra-se a finalizar as disciplinas de mestrado referentes a este, de modo a poder avanar para a tese. E-mail: [email protected]

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