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do Ensino de História
e Geografia
Metodologias de Ensino de História e Geografia
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Metodologias de Ensino
de História e Geografia
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Refletir sobre métodos e metodologias do ensino escolar em História e Geografia;
• Propor o uso de múltiplas linguagens no ensino de História e Geografia.
UNIDADE Metodologias de Ensino de História e Geografia
Os Métodos e as Metodologias
Neste texto, traremos algumas reflexões sobre procedimentos e metodologias de
ensino em Geografia e História, dando ênfase a algumas estratégias que podem ser
usadas no processo de ensino-aprendizagem.
É necessário compreender o papel das atividades e práticas no ensino funda-
mental e levar em conta sempre as mediações das características socioculturais das
turmas, a faixa etária, as experiências prévias que os alunos tenham, bem como o
método e as metodologias usadas.
Convém relembrar que método é a concepção teórica na qual o professor abor-
dará o conhecimento geográfico ou histórico – pode ser, por exemplo, positivista,
dialético, entre outros. Já as metodologias são os procedimentos ou estratégias
que serão usadas na sala de aula ou em atividades extraclasse, tais como: aula
expositivo-dialogada, estudo do meio, painéis em grupo; debate com a sala toda;
leitura e interpretação de textos; dramatização e simulações; entre tantas outras.
Na prática docente na escola é necessário considerar as estratégias no proces-
so de ensino-aprendizagem tanto do ponto de vista teórico quanto de sua prática.
É essencial que o professor conheça os fundamentos científicos e pedagógicos da
Geografia e História, bem como das áreas de Educação, adequando-as à sua reali-
dade escolar e ao processo de ensino-aprendizagem.
Para isso, cabe ao professor planejar suas aulas, utilizando-se de diferentes lin-
guagens para que essa aula não seja tradicional e buscando uma lógica que não seja
a formal, pois não basta somente variar as estratégias e metodologias usadas se o
raciocínio desenvolvido em aula seguir a lógica formal.
Sejam quais forem as estratégias a serem desenvolvidas no processo de ensino-
-aprendizagem, é essencial contextualizar os conteúdos a serem tratados nas ati-
vidades em aula ou extraclasse. Se o tema é, por exemplo, as migrações internas
no Brasil, cabe questionar: em qual contexto ocorrem ou ocorreram tais migra-
ções? Quais os fatores que levaram a tais migrações? Quais os atores envolvidos
nesse processo? Quais os papéis que cada um dos atores envolvidos teve? Con-
textualizar assim do ponto de vista cultural, social, econômico, político, ou seja,
considerando-se o espaço geográfico e a história em suas multidimensionalidades.
É essencial que o professor busque, conforme propõe a lógica dialética, estimu-
lar o educando a questionar o que é posto como verdade. Deve buscar compreen-
der o que vai além da aparência dos fenômenos, além da memorização, buscando
a essência das questões geográficas e históricas e suas diversas inter-relações.
Para que uma aula busque ser questionadora, não dá para o professor apenas
fazer uso de aulas expositivas, sem procurar criar possibilidades de participação
mais efetiva dos alunos, com outras linguagens e formas de diálogo.
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É essencial utilizar diferentes meios de leituras sobre um tema, portanto, é fun-
damental criar estratégias de ensino variadas, com variados recursos, e também ler
criticamente os acontecimentos que tenham relação com a Geografia e História.
Com as crianças, por exemplo, realizar estudos das diferenças sociais, culturais,
naturais existentes nas paisagens. Pode-se estudar mediante um estudo do meio, análise
e comparação de fotografias, produção de painéis com desenhos, uso imagens etc.
As Metodologias de Ensino
para História e Geografia
Para as crianças, é fundamental partir da escala local e depois ir relacionando
os acontecimentos e situações a outros lugares mais distantes. Às vezes, sobretudo
com as Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs), a criança tem
contato por meio de imagens e vídeos com realidades distantes, por isso não deve-
mos pensar na escala local somente.
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Nesse sentido, é essencial que exista uma retroalimentação entre quem emite e
quem recebe a mensagem, a percepção por parte do educador se sua mensagem
está sendo compreendida, internalizada (Vygotsky) é importante.
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Contudo, cabe lembrar que qualquer resultado dependerá também do método
utilizado. Não basta, por exemplo, em uma atividade de jogos educativos sobre es-
cravidão no Brasil, fazermos questionamentos no jogo com perguntas e respostas
diretas, com vistas apenas a observar a memorização sobre o tema.
A leitura do mundo deve ser feita por diferentes linguagens: textuais, orais, por
imagens, gráficas, cartográficas etc. Cabe à escola criar possibilidades de o aluno
aprender a ler o mundo a partir de múltiplas linguagens.
Para que o vídeo, uma música, filmes e imagens, em geral, sejam utilizados com
fins educativos, tais formas de linguagem precisam ser analisadas pelo professor
e pelos alunos, pois, como recurso de comunicação, é importante considerar não
apenas a linguagem visual e sonora, mas também o que se pretende dizer, para
quem e com qual finalidade.
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Na escola, assim, fotos comuns, fotos aéreas, filmes, gravuras e vídeos também
podem ser utilizados como fontes de informação e de leitura do espaço e da pai-
sagem. É preciso que o professor analise as imagens na sua totalidade e procure
contextualizá-las em seu processo de produção: por quem foram feitas, quando,
com que finalidade, etc., e tomar esses dados como referência na leitura de infor-
mações mais particularizadas, ensinando aos alunos que as imagens são produtos
do trabalho humano, localizáveis no tempo e no espaço, cujas intencionalidades
podem ser encontradas de forma explícita ou implícita (BRASIL, 1997, p. 78).
No caso do uso de um filme ou vídeo, por exemplo, esses precisam ser decodi-
ficados, analisados, refletidos e nisso está o papel do educador em conduzir a re-
flexão de forma que essa se torne participativa, com diálogo entre os participantes
para a construção do conhecimento.
Outro aspecto a ser considerado é que se o filme for longo o ideal será mostrar
um trecho ou optar por um vídeo que retrate o mesmo tema, com um tempo me-
nor. Afinal, do ponto de vista da prática, não é adequado ficar passando um filme
por três aulas, por exemplo.
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Leia o trecho literal extraído de CAMPOS, R. R. de. Cinema, Geografia e sala
de aula:
Aquele que não é ocidental é o outro, o não civilizado. Por isso que a visão é nor-
malmente etnocêntrica. Em filmes sobre os árabes, além de sempre terem papéis
menores, as atividades que exercem são exóticas, as mulheres são prostitutas ou
dançarinas do ventre, e sempre aparecem o minarete, os desertos e os camelos.
Apresentar os outros como exóticos desqualifica as diferenças culturais de outras
sociedades. E nesse aspecto cabe observar com cuidado as imagens de Hollywood
sobre o Brasil. O que geralmente aparece são florestas ou sol, praias, carnaval, fave-
las e mulheres sensuais. Inventaram um país cenográfico, onde alguém pode estar
em Copacabana e, de repente, estar no Pelourinho e, em seguida, nas cataratas de
Iguaçu. A beleza tropical fica aliada à naturalização de determinados estereótipos,
como a malandragem, a permissividade e outras. Não é à toa que o personagem
euro/estadunidense que vem para cá é quase sempre um bandido, um traficante,
um golpista, fugindo do castigo em seu país de origem e que busca abrigo em um
território desprovido de leis. Piora o problema o fato de, muitas vezes, cineastas bra-
sileiros, com o intuito de criar uma linguagem universal para conquistar os mercados
da Europa e dos EUA, incorporarem essas imagens em seus filmes. O cinema não é,
portanto, um registrador da realidade; é uma construção de códigos, convenções,
mitos e ideologias da cultura de quem os realiza. Diversas vezes faz parte de uma
estratégia de dominação, de divulgação de estilos de vida e de concepções de mun-
do, para modificar a identidade cultural de determinada nação. Existe, muitas vezes,
para atuar sobre determinada tradição cultural, para modificar corações e mentes,
para que pensem e ajam de modo diferente. Além de subjetivo, não é uma constru-
ção isolada do sistema sociocultural do qual se origina. Há, inclusive, coisas pouco
perceptíveis, como o jogo de planos e de enquadramentos (alto/baixo, perto/longe,
vertical/horizontal), cujas sequências são criadas para se constituir em significações
nas quais os personagens transmitem sensações de angústia, de solidão.
Fonte: https://bit.ly/3403n0F
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Estudo do meio
Uma atividade usual na Geografia e História é o estudo do meio, pois esse per-
mite ao aluno um contato mais próximo da realidade, aliando teoria e prática. Pode
ser utilizado para desenvolver problemáticas e conteúdos relacionados à urbaniza-
ção, à questão socioambiental, à agricultura, às formas de transportes, mediante
uma leitura da paisagem e do espaço geográfico, relacionando os diversos elemen-
tos geográficos e contextualizando-o.
Além disso, desenvolver uma atividade em que promova o diálogo entre o pro-
fessor e os alunos, de modo que o educador não seja o único a falar durante a
atividade de estudo do meio. O aluno tem de ser protagonista também!
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Os Estudos do Meio podem ser realizados em todos os níveis de ensino e,
inclusive, nos processos de formação continuada de professores. Contudo,
é preciso lembrar que sua realização, especialmente nos Ensino Funda-
mental e Médio, requer atenção especial dos organizadores quanto à segu-
rança dos alunos. Além da prévia autorização dos pais ou responsáveis e
da contratação, quando necessária, de transporte e de alojamento, a elabo-
ração dos roteiros de observação e pesquisa devem levar em consideração
o estágio de desenvolvimento cognitivo e emocional dos estudantes. Deste
modo, a definição do espaço a ser estudado não pode prescindir de uma
prévia visita ao local e da identificação, considerando as características dos
participantes, de um itinerário que não coloque em risco a sua segurança.
Recursos Informatizados
No atual período da história existem diversificadas possibilidades de criar e de-
senvolver materiais didáticos de apoio às atividades propostas em aula. As novas
tecnologias informacionais, por exemplo, permitem a produção de novos conheci-
mentos, bem como podem servir para ampliar a possibilidade de tornar os conteú-
dos geográficos e históricos mais significativos.
Embora seja importante o uso das TICS em aula, é necessário que não sejam
apenas mudanças superficiais, caso, por exemplo, do manuseio de equipamentos e
suas técnicas, pois a supervalorização das tecnologias muitas vezes ocorre em detri-
mento da condição e do papel do professor. Assim, não é apenas a tecnologia que
transformará e melhorará uma determinada aula ou atividade educativa, cabe ao
professor definir como serão usadas tais tecnologias para uma atividade educativa.
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Por outro lado, é importante reconhecer que tais tecnologias podem tornar a
aula mais atrativa e dinâmica, sobretudo para uma geração acostumada ao uso de
tecnologias de informação e comunicação. Por isso, o professor precisa inteirar-se
sobre tais formas de usos e suas possibilidades educativas.
Outra estratégia é o uso de TICs, caso do Google Street View, Google Earth,
Movie Maker (programa que permite produção de pequenos vídeos), entre outros,
para atividades que busquem evidenciar e levantar as características socioambien-
tais do território, tais como: áreas verdes, lixo, ocupações em áreas de risco, os
recursos hídricos existentes (rios, córregos, represas, lagos); buscando, por meio
das imagens, observar as formas de ocupação e os problemas e potencialidades
ambientais existentes em um determinado lugar.
Um recurso simples que pode ser usado é copiar e colar imagem, editando-as
no programa denominado Paint (vide Figura 1). Basta copiar uma imagem, com a
tecla print screen (prt-sc), que se encontra no computador, e copiar para o Paint.
A partir daí, você poderá cortar, recortar, copiar, apagar e salvar, entre outras
ações, bem como colocar legenda e texto com o ícone A (veja na Figura 1). Tal
produção poderá ser usada em apresentações de Power Point, vídeos, em formato
de cartilha, jornal etc.
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Em uma atividade, por exemplo, sobre áreas verdes e sua importância ambien-
tal, o uso de recursos informatizados (imagem do Google Earth, Google Street
View, internet) auxilia na identificaçao das coberturas vegetais. O estudo do meio
pode ser interessante para reconhecimento in loco, bem como o uso de jogos edu-
cativos pode compor um rol de estratégias interessantes.
Citamos como exemplo uma atividade sobre áreas de riscos, muito comuns nas
cidades brasileiras. Quais estratégias e metodologias podem ser usadas para a rea-
lização de uma atividade que tenha como tema gerador áreas de riscos? Podem ser
inúmeras, mas destacamos algumas: usar imagens de diferentes tipos de áreas de
riscos, solicitando que a turma divida-se em grupos e cada grupo fique com uma
imagem diferente, a partir daí, pedir-lhes que expliquem o que pode ser observado
na imagem e que assim ocorra o debate sobre os tipos de problemas existentes e as
possíveis soluções; criar painéis por grupos com os quais cada grupo apresente os
tipos de áreas de riscos existentes em sua comunidade.
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Desse modo, como motivo para utilizar infográficos como estratégia de ensino,
há a possibilidade de se apresentar interfaces visuais, as quais aproximam o edu-
cando do seu convívio diário com o conteúdo a ser apreendido. Destaca-se nesse
contexto que a geração atual se encontra sob constante e indissociável influência do
domínio visual, assim como a instantaneidade das informações.
A entrevista é uma conversação que envolve duas ou mais pessoas. Para isso,
cabe ao professor orientar os alunos no passo a passo de uma entrevista:
• Qual o tema da entrevista?
• Qual o objetivo da entrevista?
• Qual público-alvo?
• Elaborar um roteiro para a entrevista, com alguns questionamentos essenciais;
• Gravar a entrevista e reescrever alguns trechos mais importantes;
• Discutir os resultados das entrevistas com a turma.
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1. Qual seu nome?
2. Onde nasceu?
3. Qual sua profissão?
4. Qual sua religião?
a) ( ) católica b) ( ) protestante c) ( ) espírita d) ( ) budista
e) ( ) não tem religião f) ( ) outra Qual?
5. Quanto tempo mora neste bairro?
a) ( ) menos de 1 ano b) ( ) 1 a 5 anos c) ( ) 5 a 10 anos d) ( ) 10 a 20 anos
e) ( ) mais de 20 anos
6. O que falta em seu bairro (pode marcar até duas possibilidades):
a) ( ) equipamentos de saúde b) ( ) áreas de lazer c) ( ) equipamentos culturais
d) ( ) saneamento básico e) ( ) segurança f) ( ) transportes adequados
g) ( ) moradia adequada h) ( ) coleta de lixo i) ( ) comércio
j) ( ) escolas efaculdades k) ( ) outro
A definição das perguntas feitas no questionário pode ser elaborada junto com os
alunos ou não, mas é fundamental que eles compreendam como realizar esse instru-
mento. Para isso, a orientação do professor e a simulação do questionário é importante.
Logo, finalizando esta unidade, não se esqueça que é fundamental usar diferen-
tes linguagens nas práticas de ensino de Geografia e História.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Aprenda a planejar aulas de História alinhadas à BNCC
https://bit.ly/2US2enz
Como trabalhar Geografia e História de acordo com a BNCC
https://youtu.be/-LvsP5Nn-cA
Leitura
O uso da maquete e das revistas em quadrinhos no ensino de Geografia
GONDIM, L. B. et al. O uso da maquete e das revistas em quadrinhos no ensino de
Geografia. Revista Eletrônica Geoaraguaia, v. 3, n. 2, p. 46-55, ago./dez. 2013.
https://bit.ly/2X0y5oX
Metodologia do Ensino de Geografia
MELLO, R. M. Metodologia do Ensino de Geografia. Curitiba: Secretaria de
Educação do Paraná, 2005.
https://bit.ly/3bIZ2l8
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Referências
BARBOSA, J. L. Geografia e Cinema: em busca da aproximação e do inesperado.
In: CARLOS, Ana Fani Alessandri (org.). A Geografia na sala de aula. São Paulo:
Contexto, 2006.
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