Cristina Barbosa

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 47

0

UNIO BRASILEIRA DE EDUCAO E PARTICIPAO UNIBRAPAR FACULDADES UNISABER AD1 CURSO DE PEDAGOGIA

CRISTINA BARBOSA RODRIGUES

ESCOLA E FAMILIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO FILHO

Braslia DF 2013

CRISTINA BARBOSA RODRIGUES

ESCOLA E FAMILIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO FILHO


Monografia apresentada ao Departamento de Pedagogia das Faculdades UNISABER/AD1 - como requisito final para obteno do grau de licenciado em Pedagogia. Orientador: Professor Mestre. Michael Hudson Rodrigues Guimares Sousa. Graduado em Pedagogia e Letras, especializado em Psicopedagogia e com Mestrado em Cincias da Educao pela UNICID/SP

Braslia DF 2013

CRSTINA BARBOSA RODRIGUES

ESCOLA E FAMILIA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DO FILHO


Monografia apresentada ao Departamento de Pedagogia das Faculdades UNISABER/AD1 - como requisito final para obteno do grau de licenciado em Pedagogia.

Aprovado em: ______/_____/_____ Nota: __________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________ Professor Mestre. Michael Hudson Rodrigues Guimares Sousa. Graduado em Pedagogia e Letras, especializado em Psicopedagogia e com Mestrado em Educao pela UNICID/SP. Orientador

___________________________________________ 1 Examinador

____________________________________________ 2 Examinador

Dedico este trabalho aos desgnios do Senhor Deus.

AGRADECIMENTOS

A Deus; A minha famlia; Aos meus amigos e a todos os professores que colaboraram comigo.

"O senhor meu Pastor e nada me faltar." (Salmo 23)

RESUMO

Este trabalho teve por objetivo esclarecer qual a influncia da famlia no desenvolvimento psicolgico da criana, bem como sua indicao no que se refere construo de uma vida plena. Para tanto, foram realizadas muitas leituras interpretativas de diferentes obras, leituras estas, fundamentais, para embasar uma pesquisa bibliogrfica. O resultados apontaram que a famlia, na condio de primeira educadora da criana, tem a possibilidade de abrir espao para a autoria de pensamentos e se o fizer, estar contribuindo, de forma muito significativa, para que seus filhos sejam agentes de sua prpria histria, e ativos na luta por uma sociedade mais justa e igualitria. O requisito primordial para a conquista de uma vida plena, o desenvolvimento psicolgico sadio, sendo que a famlia pode assegurar este equilbrio, atravs de sua influncia Palavras-chaves: Criana Vida Plena Famlia.

ABSTRACT

This study aimed to clarify what is the influence of family on the child's psychological development as well as his statement regarding the construction of a full life. For both, there were many interpretative readings of various works, these readings are fundamental to base a literature search. The results showed that the family, provided the child's first teacher, have the possibility to make room for the authorship of thoughts and if you do, you will be contributing very significantly to their children to be agents of their own history, and active in the fight for a fairer and more egalitarian. The primary requirement for achieving a full life, it's healthy psychological development, and the family can achieve this balance, through its influence

Keywords: Children - Full Life - Family.

SUMRIO

1 INTRODUO .......................................................................................................... 9 2. A INTEGRAO ENTRE A ESCOLA E A FAMLIA .............................................. 13 2.1 A famlia como contexto de desenvolvimento humano ......................................... 14 2.2 A famlia e suas configuraes.............................................................................. 14 2.3 Vnculos familiares e rede de apoio: implicaes para o desenvolvimento ........... 18 2.4 A escola como contexto de desenvolvimento humano .......................................... 19 2.5 A escola e sua funo social ................................................................................. 19 3. COMPREENDENDO AS RELAES FAMLIA ESCOLA..................................... 23 3.1 Desenvolvimento da criana na escola ................................................................. 27 4. A RELAO PROFESSOR ALUNO E A AFETIVIDADE NO ENSINO BSICO .. 31 4.1 A afetividade sob a ptica da psicologia e da educao ....................................... 31 4.2 A relao professor-aluno e a afetividade ............................................................. 33 4.3 Afetividade e cognio .......................................................................................... 35 4.4 Afetividade e processo de ensino-aprendizagem .................................................. 36 4.5 Os diversos olhares sobre os valores humanos .................................................... 39 5. CONSIDERAES FINAIS .................................................................................... 41 REFERNCIAS ........................................................................................................ 44

1 INTRODUO

O presente trabalho tem por objetivo enfocar a importncia dos pais na escola, analisando a importncia do trabalho conjunto famlia - escola no processo ensino aprendizagem.

Atravs deste procuramos verificar se a participao da famlia na escola ajuda para que o educando obtenha uma aprendizagem melhor. Escrever ou falar dos pais sempre uma grande satisfao para ns professores, pois so eles os mais constantes e prximos agentes de uma possvel mudana no mbito familiar, com repercusses no contexto escolar.

As pesquisas feitas em livros registram peculiaridades importantes do desenvolvimento do ser humano. A criana quando nasce prematura requer, durante um perodo relativamente longo, cuidados familiares e mais especificamente maternos para sobreviver. Segundo (PRESTES, 2005, p.39) uma criana carente de estmulo social desde o nascimento e durante a primeira infncia, no se socializa isto , no desenvolve capacidades humanas nem se adapta sociedade.

O desenvolvimento infantil um processo global. evidente que as dificuldades de aprendizagem esto relacionadas tanto s caractersticas prprias da criana, quanto s atitudes inadequadas da famlia e da escola que afetam a criana enquanto pessoa em desenvolvimento. A criana que desde cedo, tem contato com outra, sabidamente mais socivel, menos egocntrica e mais tolerante. Viver em grupo altamente positivo. O ser humano gregrio por natureza e especialmente a criana adora conviver e se relacionar com gente do seu tamanho. (ZAGURY, 2002, p. 33).

Quando a criana entra na escola, conta com uma gama de experincias adquiridas no convvio com os seus meios anteriores que lhe permitiro formar uma determinada viso sobre si mesma. A incorporao escola significa, para ela, uma ampliao na sua esfera de relao; nela conhecer outras crianas com quais dever compartilhar uma parte considervel de sua vida, alm de estabelecer

10

relaes com adultos que no pertencem a sua famlia e nem s suas relaes mais prximas.

Toda criana comea a aprender a partir do nascimento e, desde ento, vai construindo a sua modalidade de aprendizagem no convvio familiar, com decorrncia de alguns fatores, como as trocas emocionais, a aprendizagem social, a observao e a imitao so processos importantes que se efetivam nesse contato.

Diagnosticou-se a importncia do papel das relaes afetivas e emocionais mantidas entre as crianas e seus familiares no desenvolvimento da aprendizagem, levantando questes relativas vida dos alunos que demonstrem a realidade dos mesmos para identificar as causas de seus problemas de aprendizagem, e relacionamos se os pais demonstram interesse e ateno pelo estudo de seus filhos.

Desta forma, desejamos investigar a participao do aluno no seu sucesso escolar e a presena da famlia na escolarizao dos filhos, temtica que, segundo ZAGO (2000)
Vem se constituindo num captulo importante da Sociologia da Educao. Estudos sobre as relaes entre a escola e a famlia tm permitido, entre outras questes, dar visibilidade s prticas de escolarizao e ao valor social da educao institucionalizada em diferentes segmentos sociais. (ZAGO, 2000, p. 23)

Ao

longo

desta

pesquisa,

apoiamo-nos,

ento,

nos

seguintes

questionamentos: 1) Como jovens dos meios populares assumem um papel determinante no seu prprio sucesso escolar? 2) Como os pais com baixo capital escolar contribuem, intencionalmente ou no, para os percursos de sucesso escolar desses jovens? 3) A ausncia ou limitao de capital escolar dos pais, nesses casos, tem-se colocado como um obstculo ou impedimento na construo das experincias de sucesso escolar de seus filhos? As pesquisas de BOURDIEU (1998) e LAHIRE (1997) mostram que, na trama social e escolar que permeia as histrias de sucesso ou fracasso escolar,

11

diversos fatores tm sido apontados como fundamentais. Dentre eles pode-se destacar: a mobilizao pessoal, o valor atribudo educao pelas famlias, a ordem moral domstica, o apoio e o esforo dos pais para entender e ajudar os filhos nos seus trabalhos escolares, para citar apenas alguns.

Argumentamos que esses aspectos, no entanto, assumem diferentes pesos e importncia, em face da mobilizao dos sujeitos face ao potencial maior ou menor da herana cultural familiar que aproxima ou distancia a experincia familiar e pessoal da experincia escolar. Voltamos, assim, nossa ateno para o envolvimento e relevncia que o prprio sujeito/aluno desenvolve em relao ao seu sucesso escolar e para a famlia, como formadora de hbitos e de atitudes que influenciam positivamente ou negativamente a trajetria escolar dos alunos. Pretendemos, portanto, como objetivo geral, analisar como os estudantes e as famlias de meios populares contribuem para construir histrias de sucesso escolar. Especificamente procuramos, em relao aos alunos, conhecer o percurso escolar anterior e apreender o valor atribudo por eles educao, analisando as aspiraes e expectativas educacionais futuras do aluno e sua contribuio para o seu sucesso escolar.

Se quiser que as crianas trabalhem na escola, tm que estar descansadas: as horas do sono antes da meia-noite contam a dobrar; nos fins de semana, o ar puro, mais relaxante do que as desesperantes viagens no assento traseiro de um carro, o jogo muito mais so do que a televiso. Como que alguns midos, que vem mil horas de televiso por ano. Vo dar ateno aos problemas, s equaes, ou a conjugao dos verbos? Que criana diariamente confrontada com cenas de violncia, de sangue de assaltos e roubos, pode interessar-se pela poesia, pela msica, pela pintura pela cultura?

Alguns poderiam tentar explicar os resultados da pesquisa dizendo que muitos brasileiros no tiveram condies de frequentar a escola, de aprender a ler e escrever, de ter acesso ao conhecimento produzido, ao patrimnio cultural da humanidade. Essa ideia poderia ser contestada da seguinte forma: o fato de no ter estudado no , necessariamente, um empecilho para que as pessoas valorizem a educao. s vezes, inclusive, aquele que no teve acesso escola d mais valor

12

do que quem teve. Uma prova disso que muitas famlias sem escolaridade participam bastante da vida escolar dos filhos e procuram ajudar da melhor maneira. Por outro lado, algumas famlias mais abastadas esto totalmente alheias ao que se passa com seus filhos na escola. No existem regras. Em todas as classes sociais sempre existiro famlias interessadas e desinteressadas. Tambm no existe uma frmula mgica nem uma receita de como envolver as famlias na escola.

O objetivo desta pesquisa analisar e interpretar as razes que explicam o sucesso ou fracasso escolar de alunos como resultados que influenciam o seu futuro na vida. Conhecer a realidade do aluno como vive seus interesses, sua cultura; Promover meios de participao da famlia na vida escolar e comunitria.

A partir dos questionamentos levantados e dos limites traados no desenho deste estudo, pode-se caracteriz-lo, em termos metodolgicos, como uma pesquisa qualitativa. Nesse sentido, esta pesquisa pretende dar voz aos atores sociais para analisar os mltiplos aspectos e particularidades que envolvem a experincia escolar de alunos de camadas populares.

Este estudo incorpora, assim, algumas das caractersticas bsicas das pesquisas qualitativas, configuradas por BOGDAN (1994), como sendo aquelas que buscam os dados no ambiente natural; so mais descritivas; preocupam-se mais com o processo, do que com o produto; analisam os dados de forma indutiva e ocupam-se em saber o sentido que as pessoas do s suas vidas. Vale ressaltar que alm, dos procedimentos qualitativos, alguns dados numricos foram tambm utilizados, como suporte para a anlise qualitativa.

LUDKE e ANDR (1986) tambm ressaltam que a pesquisa qualitativa supe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situao que est sendo investigada, o que exige um trabalho intensivo de campo para presenciar as situaes e os atores inseridos em seu ambiente natural.

13

2 A INTEGRAO ENTRE A ESCOLA E A FAMLIA

A escola e a famlia compartilham funes sociais, polticas e educacionais, na medida em que contribuem e influenciam a formao do cidado (Rego, 2003). Ambas so responsveis pela transmisso e construo do conhecimento culturalmente organizado, modificando as formas de funcionamento psicolgico, de acordo com as expectativas de cada ambiente. Portanto, a famlia e a escola emergem como duas instituies fundamentais para desencadear os processos evolutivos das pessoas, atuando como propulsoras ou inibidoras do seu crescimento fsico, intelectual, emocional e social. Na escola, os contedos curriculares asseguram a instruo e apreenso de conhecimentos, havendo uma preocupao central com o processo ensino-aprendizagem.

J, na famlia, os objetivos, contedos e mtodos se diferenciam, fomentando o processo de socializao, a proteo, as condies bsicas de sobrevivncia e o desenvolvimento de seus membros no plano social, cognitivo e afetivo. A integrao entre escola e famlia tem despertado, recentemente, o interesse dos pesquisadores (Davies, Marques & Silva, 1997; Marques, 2002; Oliveira & cols., 2002), principalmente no que se refere s implicaes deste envolvimento para o desenvolvimento social e cognitivo e o sucesso escolar do aluno. Neste trabalho, os ambientes familiar e escolar so descritos como contextos de desenvolvimento humano, ressaltando a importncia do estabelecimento de relaes apropriadas entre ambos. A primeira seo trata da famlia e de seu espao como agente socializador, enfatizando aspectos relacionados s configuraes familiares, rede social de apoio e aos vnculos familiares e suas implicaes para o desenvolvimento humano. Na segunda seo, a escola destacada como um contexto de desenvolvimento, priorizando uma reflexo sobre sua funo social, as suas tarefas e papis na sociedade contempornea, especificamente no que diz respeito ao cenrio poltico-pedaggico. A terceira seo apresenta argumentos na direo de estimular o envolvimento entre a famlia e a escola. E enfatiza-se a necessidade de envidar esforos para melhor compreender as relaes famliaescola, de modo a assegurar que ambos os contextos sejam espaos efetivos para a aprendizagem e o desenvolvimento humano.

14

2.1 A Famlia como contexto de desenvolvimento humano

A famlia, presente em todas as sociedades, um dos primeiros ambientes de socializao do indivduo, atuando como mediadora principal dos padres, modelos e influncias culturais (Amazonas, Damasceno, Terto & Silva, 2003; Kreppner, 1992, 2000). tambm considerada a primeira instituio social que, em conjunto com outras, busca assegurar a continuidade e o bem estar dos seus membros e da coletividade, incluindo a proteo e o bem estar da criana. A famlia vista como um sistema social responsvel pela transmisso de valores, crenas, ideias e significados que esto presentes nas sociedades (Kreppner, 2000). Ela tem, portanto, um impacto significativo e uma forte influncia no comportamento dos indivduos, especialmente das crianas, que aprendem as diferentes formas de existir, de ver o mundo e construir as suas relaes sociais.

Como primeira mediadora entre o homem e a cultura, a famlia constitui a unidade dinmica das relaes de cunho afetivo, social e cognitivo que esto imersas nas condies materiais, histricas e culturais de um dado grupo social. Ela a matriz da aprendizagem humana, com significados e prticas culturais prprias que geram modelos de relao interpessoal e de construo individual e coletiva.

Os acontecimentos e as experincias familiares propiciam a formao de repertrios comportamentais, de aes e resolues de problemas com significados universais (cuidados com a infncia) e particulares (percepo da escola para uma determinada famlia). Essas vivncias integram a experincia coletiva e individual que organiza, interfere e a torna uma unidade dinmica, estruturando as formas de subjetivao e interao social. E por meio das interaes familiares que se concretizam as transformaes nas sociedades que, por sua vez, influenciaro as relaes familiares futuras, caracterizando-se por um processo de influncias bidirecionais, entre os membros familiares e os diferentes ambientes que compem os sistemas sociais, dentre eles a escola, constituem fator preponderante para o desenvolvimento da pessoa.

Portanto,

as

transformaes

tecnolgicas,

sociais

econmicas

favorecem as mudanas na estrutura, organizao e padres familiares e, tambm,

15

nas expectativas e papis de seus membros. E a constituio e a estrutura familiar, por sua vez, afetam diretamente a elaborao do conhecimento e as formas de interao no cotidiano das famlias (Amazonas & cols., 2003; Campos & Francischini, 2003). Portanto, ela a principal responsvel por incorporar as transformaes sociais e intergeracionais ocorridas ao longo do tempo, com os pais exercendo um papel preponderante na construo da pessoa, de sua personalidade e de sua insero no mundo social e do trabalho (Tvora, 2003; Volling & Elins, 1998).

No ambiente familiar, a criana aprende a administrar e resolver os conflitos, a controlar as emoes, a expressar os diferentes sentimentos que constituem as relaes interpessoais, a lidar com as diversidades e adversidades da vida (Wagner, Ribeiro, Arteche & Bornholdt, 1999). Essas habilidades sociais e sua forma de expresso, inicialmente desenvolvidas no mbito familiar, tm

repercusses em outros ambientes com os quais a criana, o adolescente ou mesmo o adulto interagem, acionando aspectos salutares ou provocando problemas e alterando a sade mental e fsica dos indivduos (Del Prette & Del Prette, 2001).

2.2 A Famlia e suas configuraes

Os membros de famlias contemporneas tm se deparado e adaptado s novas formas de coexistncia oriundas das mudanas nas sociedades, isto , do conflito entre os valores antigos e o estabelecimento de novas relaes (Chaves, Cabral, Ramos, Lordelo & Mascarenhas, 2002). Como parte de um sistema social, englobando vrios subsistemas, os papis dos seus membros so estabelecidos em funo dos estgios de desenvolvimento do indivduo e da famlia vista enquanto grupo (Dessen, 1997; Kreppner, 1992, 2000). Por exemplo, ser adolescente crescendo em uma famlia nuclear tradicional, com irmos biolgicos, diferente de s-lo em uma famlia recasada, coabitando com padrasto e irmos no biolgicos.

Sendo composta por uma complexa e dinmica rede de interaes que envolve aspectos cognitivos, sociais, afetivos e culturais, a famlia no pode ser definida apenas pelos laos de consanginidade, mas sim por um conjunto de variveis incluindo o significado das interaes e relaes entre as pessoas

16

(Petzold, 1996). A prpria concepo cientfica dela evidencia o entrelaamento das variveis biolgicas, sociais, culturais e histricas que exercem grande influncia nas relaes familiares, constituindo a base para as formas contemporneas dela. Os laos de consanguinidade, as formas legais de unio, o grau de intimidade nas relaes, as formas de moradia, o compartilhamento de renda so algumas dessas variveis que, combinadas, permitem a identificao de 196 tipos de famlias, produto de cinco subsistemas resultantes da concepo ecolgica de micro, meso, exo, macro e cronossistema (Petzold, 1996).

De acordo com a concepo proposta por Petzold (1996), a combinao derivada do microssistema tem como base as relaes didicas, isto , como os genitores interagem, com destaque para o grau de intimidade: se o estilo de vida compartilhado ou separado, se esta relao considerada heterossexual ou homossexual, se h alteridade no poder ou no. J aquelas influncias provenientes do mesossistema compreendem as relaes com os filhos, ou seja, a sua presena ou ausncia, se eles so biolgicos ou adotivos e se moram com os pais ou no.

No tocante ao exossistema do grupo familiar, esse engloba os contextos e as redes sociais que asseguram o sentimento de pertencer a um grupo especial, social ou cultural, tais como as relaes mantidas por laos de consanginidade ou casamento, vnculos de dependncia ou autonomia financeira ou emocional.

E o macrossistema reflete os valores e as crenas compartilhadas por um conjunto de pessoas, por exemplo, relacionadas ao fato de a unio ser civil ou no, de a relao ser estvel ou temporria, de os cnjuges habitarem ou no o mesmo espao fsico.

E, por fim, o cronossistema diz respeito s transformaes da famlia na sociedade, incluindo as suas diferentes configuraes ao longo do tempo, dentre as quais a famlia extensa e a monoparental. O prprio conceito de famlia e a configurao dela tm evoludo para retratar as relaes que se estabelecem na sociedade atual.

17

No existe uma configurao familiar ideal, porque so inmeras as combinaes e formas de interao entre os indivduos que constituem os diferentes tipos de famlias contemporneas (Stratton, 2003): nuclear tradicional, recasadas, monoparentais, homossexuais, dentre ou tras combinaes. Os padres familiares vo se transformando e reabsorvendo as mudanas psicolgicas, sociais, polticas, econmicas e culturais, o que requer adaptaes e acomodaes s realidades enfrentadas (Wagner, Halpern & Bornholdt, 1999). E, os arranjos familiares distintos que vo surgindo, por sua vez, provocam transformaes nas relaes familiares, nos papis desempenhados pelos seus membros, nos valores, nas funes intergeracionais, nas expectativas e nos processos de desenvolvimento do indivduo.

Portanto, a famlia, hoje, no mais vista como um sistema privado de relaes; ao contrrio, as atividades individuais e coletivas esto intimamente ligadas e se influenciam mutuamente. O que ocorre na famlia e na sociedade sintetizado, elaborado e modificado provocando a evoluo e atualizao dela e de sua histria na sociedade (Kreppner, 1992). A famlia tambm a responsvel pela transmisso de valores culturais de uma gerao para outra. Essa transmisso de conhecimentos e significados possibilita o compartilhar de regras, valores, sonhos, perspectivas e padres de relacionamentos, bem como a valorizao do potencial dos seus membros e de suas habilidades em acumular, ampliar e diversificar as experincias. De acordo com Kreppner (2000), a famlia e suas redes de interaes asseguram a continuidade biolgica, as tradies, os modelos de vida, alm dos significados culturais que so atualizados e resgatados, cronologicamente.

Ao desempenhar suas funes, dentre as quais a socializao da criana, a famlia estabelece uma estrutura mnima de atividades e relaes em que os papis de me, pai, filho, irmo, esposa, marido, e outros so evidenciados. Todavia, a formao dos vnculos afetivos no imutvel, pelo contrrio, ela vai se diferenciando e progredindo mediante as modificaes do prprio desenvolvimento da pessoa, as demandas sociais e as transformaes sofridas pelo grupo sciocultural (Kreppner, 2000). De acordo com este autor, alm de se adaptar s mudanas decorrentes do crescimento dos seus membros, a famlia ainda tem a tarefa de manter o bem estar psicolgico de cada um, buscando sempre nova estabilidade nas relaes familiares.

18

Neste processo contnuo de busca por estabilidade, as famlias contam ou no com o suporte de uma rede social de apoio, que permite a elas superarem (ou no) as dificuldades decorrentes de transies do desenvolvimento (Dessen & Braz, 2000). Independente das que ocorrem no mbito familiar, elas so produtoras de mudanas que podem funcionar como aspectos propulsores ou inibidores do desenvolvimento, influenciando, direta ou indiretamente, os modos de criao dos filhos. No entanto, a principal rede de apoio da famlia oriunda das prprias interaes entre seus membros. Contatos negativos, conflitos, rompimentos e insatisfaes podem gerar problemas futuros, particularmente nas crianas. Por outro lado, relaes satisfatrias e felizes entre marido esposa constituem fonte de apoio para ambos os cnjuges, sobretudo para a mulher (Dessen & Braz, 2005).

2.3 Vnculos familiares e redes de apoio: implicaes para o desenvolvimento

Os laos afetivos formados dentro da famlia, particularmente entre pais e filhos, podem ser aspectos desencadeadores de um desenvolvimento saudvel e de padres de interao positivos que possibilitam o ajustamento do indivduo aos diferentes ambientes de que participa. Por exemplo, o apoio parental, em nvel cognitivo, emocional e social, permite criana desenvolver repertrios saudveis para enfrentar as situaes cotidianas (Eisenberg & cols., 1999).

Por outro lado, esses laos afetivos podem dificultar o desenvolvimento, provocando problemas de ajustamento social (Booth, Rubin & Rose-Krasnor, 1998). Volling e Elins (1998) mostraram que o estresse parental, a insatisfao familiar e a incongruncia nas atitudes dos pais em relao criana geram problemas de ajustamento e dificuldades de interao social.

As figuras parentais exercem grande influncia na construo dos vnculos afetivos, da autoestima, autoconceito e, tambm, constroem modelos de relaes que so transferidos para outros contextos e momentos de interao social (Volling & Elins, 1998). Por exemplo, pais punitivos e coercitivos podem provocar em seus filhos comportamentos de insegurana, dificuldades de estabelecer e manter vnculos com

19

outras crianas, alm de problemas de risco social na escola e na vida adulta. Booth e cols (1998) investigaram o apoio social e emocional de mes e de outras pessoas envolvidas com a criana e suas repercusses na adolescncia e vida adulta. Eles observaram que a qualidade da relao me-criana transferida, posteriormente, para outras relaes interpessoais, na escola e no grupo de amigos. Paralelamente, identificaram que a qualidade da relao com os pares e amigos pode compensar a baixa qualidade de interao com as mes.

Os laos afetivos asseguram o apoio psicolgico e social entre os membros familiares, ajudando no enfrentamento do estresse provocado por dificuldades do cotidiano (Oliveira & Bastos, 2000). E os padres de relaes familiares relacionam-se intrinsecamente a uma rede de apoio que possa ser ativada, em momentos crticos, fomentando o sentimento de pertena, a busca de solues e atividades compartilhadas.

2.4 A escola como contexto de desenvolvimento humano

A escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem, isto , um local que rene diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que permeado por conflitos, problemas e diferenas (Mahoney, 2002). nesse espao fsico, psicolgico, social e cultural que os indivduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (Rego, 2003). O sistema escolar, alm de envolver uma gama de pessoas, com caractersticas diferenciadas, inclui um nmero significativo de interaes contnuas e complexas, em funo dos estgios de desenvolvimento do aluno. Trata-se de um ambiente multicultural que abrange tambm a construo de laos afetivos e preparo para insero na sociedade (Oliveira, 2000).

2.5 A escola e sua funo social

A escola emerge, portanto, como uma instituio fundamental para o indivduo e sua constituio, assim como para a evoluo da sociedade e da humanidade (Davies & cols., 1997; Rego, 2003). Como um microssistema da

20

sociedade, ela no apenas reflete as transformaes atuais como tambm tem que lidar com as diferentes demandas do mundo globalizado. Uma de suas tarefas mais importantes, embora difcil de ser implementada, preparar tanto alunos como professores e pais para viverem e superarem as dificuldades em um mundo de mudanas rpidas e de conflitos interpessoais, contribuindo para o processo de desenvolvimento do indivduo.

Coerente com essa concepo, escola compete propiciar recursos psicolgicos para a evoluo intelectual, social e cultural do homem (Hedeggard, 2002; Rego, 2003). Ao desenvolver, por meio de atividades sistemticas, a articulao dos conhecimentos culturalmente organizados, ela possibilita a apropriao da experincia acumulada e as formas de pensar, agir e interagir no mundo, oriundas dessas experincias. Concomitantemente, ela proporciona o emprego da linguagem simblica, a apreenso dos contedos acadmicos e compreenso dos mecanismos envolvidos no funcionamento mental, fundamentais ao processo de aprendizagem.

Assim, a atualizao do conhecimento cultural e sua organizao constante so premissas importantes para entender o papel dela e sua relao com a pessoa em desenvolvimento. A escola uma instituio social com objetivos e metas determinadas, que emprega e reelaboram os conhecimentos socialmente produzidos, com o intuito de promover a aprendizagem e efetivar o desenvolvimento das funes psicolgicas superiores: memria seletiva, criatividade, associao de ideias, organizao e sequncia de conhecimentos, dentre outras (Oliveira, 2000). Ela um espao em que o indivduo tende a funcionar de maneira preditiva, pois, em sala de aula, h momentos e atividades que so estruturados com objetivos programados e outros mais informais que se estabelecem na interao da pessoa com seu ambiente social. Por exemplo, na escola, o aluno tem rotinas como hora do intervalo e do lanche, em que os objetivos educacionais se dirigem convivncia em grupo e insero na coletividade. No tocante s atividades acadmicas, espera-se, por exemplo, que os alunos dominem a interpretao, as regras fundamentais para expresso oral e escrita e realizem clculos de forma independente.

21

O currculo escolar estabelece objetivos e atividades, conforme a srie dos alunos, facilitando o acompanhamento do processo de ensino-aprendizagem nas diferentes faixas etrias. Desde o maternal at a educao de adultos, a escola tem peculiaridades em relao sua estrutura fsica, organizao dos contedos e metodologias de ensino, respeitando e considerando a evoluo do aprendiz, bem como articulando os conhecimentos cientficos s experincias dos alunos. Por exemplo, no ensino mdio, espera-se que o aluno apresente um raciocnio hipottico-dedutivo, demonstre autonomia nos estudos e pesquisas, enquanto que, no fundamental, os objetivos se dirigem ao domnio das operaes complexas, empregando materiais concretos e experincias advindas do contexto familiar do aluno (Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Fundamental, 2001).

Marques (2001) destaca que a funo da escola no sculo XXI tem o objetivo precpuo de estimular o potencial do aluno, levando em considerao as diferenas socioculturais em prol da aquisio do seu conhecimento e

desenvolvimento global. Sob este prisma, ele aponta trs objetivos que so comuns e devem ser buscados pelas escolas modernas: (a) estimular e fomentar o desenvolvimento em nveis fsico, afetivo, moral, cognitivo, de personalidade; (b) desenvolver a conscincia cidad e a capacidade de interveno no mbito social; (c) promover uma aprendizagem de forma contnua, propiciando, ao aluno, formas diversificadas de aprender e condies de insero no mercado de trabalho. Isto implica, necessariamente, em promover atividades ligadas aos domnios afetivo, motor, social e cognitivo, de forma integrada trajetria de vida da pessoa.

Marques

(2001)

enfatiza

tambm

importncia

das

tarefas

desempenhadas em sala de aula que favorecem as formas superiores de pensar e aprender, tais como memria seletiva, criatividade, raciocnio abstrato, pensamento lgico, tendo o professor uma funo preponderante nesta mediao. Para Wallon, a ideia da mediao do conhecimento realizada pelo professor, por meio de materiais concretos, padres e modelos de aprendizagem e comportamento, permitem que, na sala de aula, se incorpore uma ao coletiva que se estrutura e funciona graas ao uso de estratgias especficas, como o trabalho em grupo e aos pares e a realizao de atividades recreativas, competitivas e jogos (Almeida, 2000).

22

No entanto, o uso de estratgias deve ser adaptado s realidades distintas dos alunos e professores, s demandas da comunidade e aos recursos disponveis, levando em conta as condies e peculiaridades de cada poca ou momento histrico. Neste sentido, importante identificar as condies evolutivas dos segmentos: professores, alunos, pais e comunidade, em geral, para o planejamento de atividades no mbito da escola.

Em sntese, a escola uma instituio em que se priorizam as atividades educativas formais, sendo identificada como um espao de desenvolvimento e aprendizagem e o currculo, no seu sentido mais amplo, deve envolver todas as experincias realizadas nesse contexto. Isto significa considerar os padres relacionais, aspectos culturais, cognitivos, afetivos, sociais e histricos que esto presentes nas interaes e relaes entre os diferentes segmentos. Dessa forma, os conhecimentos oriundos da vivncia familiar podem ser empregados como mediadores para a construo dos conhecimentos cientficos trabalhados na escola.

23

3 COMPREENDENDO AS RELAES FAMLIA-ESCOLA

Para compreender os processos de desenvolvimento e seus impactos na pessoa, preciso focalizar tanto o contexto familiar quanto o escolar e suas interrelaes (Polonia & Dessen, 2005). Por exemplo, o planejamento de pesquisa sobre violncia na adolescncia deve incluir tanto as variveis familiares, que podem contribuir significativamente para a manuteno de comportamentos antissociais na escola, quanto as relacionadas diretamente com a escola, como o baixo desempenho acadmico, que, aliadas aos fatores interpessoais, acentuam este problema (Ferreira & Marturano, 2002; Oliveira & cols., 2002).

Outros exemplos bastante conhecidos so a evaso e repetncia escolar. Sabe-se que a estrutura familiar tem um forte impacto na permanncia do aluno na escola, podendo evitar ou intensificar a evaso e a repetncia escolar. Dentre os aspectos que contribuem para isto esto as caractersticas individuais, a ausncia de hbitos de estudo, a falta s aulas e os problemas de comportamento (Fitzpatrick & Yoles, 1992). Em todos estes fatores, a famlia exerce uma poderosa influncia.

Embora um sistema escolar transformador possa reverter esses aspectos negativos, faz-se necessrio que a escola conte com a colaborao de outros contextos que influenciam significativamente a aprendizagem formal do aluno, incluindo a famlia (Fantuzzo, Tighe & Childs, 2000). importante ressaltar que a famlia e a escola so ambientes de desenvolvimento e aprendizagem humana que podem funcionar como propulsores ou inibidores dele. Estudar as relaes em cada contexto e entre eles constitui fonte importante de informao, na medida em que permite identificar aspectos ou condies que geram conflitos e rudos nas comunicaes e, consequentemente, nos padres de colaborao entre eles. Nesta direo, importante observar como a escola e, especificamente, os professores empregam as experincias que os alunos tm em casa. Face leitura, muito importante que a escola conhea e saiba como utilizar as experincias de casa para gerir as competncias imprescindveis ao letramento. A interpretao de textos ou a escrita podem ser estimuladas pelos conhecimentos oriundos de outros contextos, servindo de auxlio aprendizagem formal.

24

As pesquisas tm demonstrado que os pais esto constantemente preocupados e envolvidos com as atividades escolares dos filhos e que dirigem a sua ateno avaliao do aproveitamento escolar, sendo isto independente do nvel socioeconmico ou escolaridade (Polonia & Dessen, 2005). Os pais supervisionam e acompanham no somente a realizao das atividades escolares, mas tambm adotam, em suas residncias, estratgias voltadas disciplina e ao controle de atividades ldicas. Estas aes permitem a eles analisarem, identificarem e realizarem intervenes nos processos de desenvolvimento e aprendizagem dos filhos (Sanders & Epstein, 1998).

Ainda, neste aspecto, Epstein (citado por Marques, 2002) destaca o envolvimento dos pais em atividades, em casa, que afetam a aprendizagem e o aproveitamento escolar. Este envolvimento ocorre sob diferentes formas de acompanhamento das tarefas (monitorar a sua realizao), ou, ainda, em orientaes sistemticas do comportamento social e engajamento dos filhos nas atividades da escola, realizadas por iniciativa prpria ou por sugesto da escola.

Os laos afetivos, estruturados e consolidados tanto na escola como na famlia permitem que os indivduos lidem com conflitos, aproximaes e situaes oriundas destes vnculos, aprendendo a resolver os problemas de maneira conjunta ou separada. Nesse processo, os estgios diferenciados de desenvolvimento, caractersticos dos membros da famlia e tambm dos segmentos distintos da escola, constituem fatores essenciais na direo de provocar mudanas nos papis da pessoa em desenvolvimento, com repercusses diretas na sua experincia acadmica e psicolgica; dependendo do nvel de desenvolvimento e demandas do contexto, possibilitado criana quando entra na escola, um maior grau de autonomia e independncia comparado ao que tinha em casa, o que amplia seu repertrio social e crculo de relacionamento.

Neste caso, a escola oferece uma oportunidade de exercitar um novo papel que propiciar mecanismos importantes para o seu desenvolvimento cognitivo, social, fsico e afetivo, distintos do ambiente familiar. Um outro aspecto a ser destacado nas pesquisas e programas a formao das redes sociais de apoio. Deve-se, ento, caracterizar as dimenses distintas de envolvimento, seja na famlia

25

ou na escola, e descrever como e quando essa rede de relaes e apoio pessoa em desenvolvimento pode ser utilizada.

Na famlia, h o reconhecimento do papel dos pais, irmos e outras pessoas que convivem com a criana ou adolescente e sua contribuio para o desenvolvimento geral e acadmico. Na escola, destacam-se os professores e os pares, uma vez que estes se envolvem cotidianamente em atividades programadas e realizam intervenes importantes que afetam o processo de ensino e aprendizagem. Considerando que as redes de apoio so constitudas pela diversidade de interaes entre as pessoas, so estas que permitem a construo de repertrios para lidar com as adversidades e problemas surgidos, possibilitando sua superao com sucesso (Ferreira & Marturano, 2002).

No tocante colaborao escola-famlia, importante enfatizar a necessidade de estruturar atividades apropriadas srie do aluno, particularmente em se tratando da participao dos pais no seu acompanhamento. Segundo Desland e Bertrand (2005), a necessidade ou no de superviso aos filhos depende das demandas implcitas ou explcitas deles que, por sua vez, esto relacionadas a fatores como idade, independncia, autonomia e desempenho como aluno.

Esses autores vo alm, afirmando que, ao participarem, os pais se predispem e sentem referendados pelos filhos, acionando recursos que envolvem a ajuda e o acompanhamento; quando os filhos mostram necessidade de trabalharem sozinhos, os pais se afastam, reduzindo seu nvel de superviso e auxlio s tarefas escolares. Esta uma questo polmica que requer investigaes mais detalhadas, considerando a srie do aluno, as competncias exigidas pela escola e a necessidade de autonomia e independncia do aluno.

Apesar dos esforos, tanto da escola quanto da famlia, em promoverem aes de continuidade, h barreiras que geram descontinuidade e conflitos na integrao entre estes dois microssistemas. Uma das dificuldades na integrao famlia-escola que esta ainda no comporta, em seus espaos acadmicos, sociais e de interao, os diferentes segmentos da comunidade e, por isso, no possibilita uma distribuio equitativa das competncias e o compartilhar das

26

responsabilidades. Carneiro (2003) afirma que a mudana deste paradigma depende de uma transformao na cultura vigente da escola e que o projeto polticopedaggico poderia ser um dos meios para promover esta insero. Ainda, as formas de avaliao adotadas, bem como as estratgias para superar as dificuldades presentes no processo ensino-aprendizagem, de maneira a incluir a famlia, exigem que as escolas insiram essa discusso no projeto pedaggico, como forma de assegurar a sua compreenso e efetivar a participao dos pais que ainda um ponto crtico na esfera educacional. Com isso, pode-se romper o esteretipo presente da preocupao centrada apenas nos resultados acadmicos (Kratochwill, McDonald, Levin, Bear-Tibbetts & Demaray, 2004).

Alm disso, o conhecimento dos valores e prticas educativas que so adotadas em casa, e que se refletem no mbito escolar e vice-versa, so imprescindveis para manter a continuidade das aes entre a famlia e a escola (Keller-Laine, 1998). Sendo assim, as escolas devem procurar inserir no seu projeto pedaggico um espao para valorizar, reconhecer e trabalhar as prticas educativas familiares e utiliz-las como recurso importante nos processos de aprendizagem dos alunos. Mas, a colaborao entre esses contextos deve levar em considerao as diferenas culturais, a formao para cidadania e a valorizao de aes e de decises coletivas (Kratochwill & cols., 2004; Marques, 2002).

As educativas verificadas no mbito das relaes interpessoais e nos resultados acadmicos dos alunos tm reflexos na participao efetiva e na integrao escola-famlia, assegurando uma continuidade entre os dois segmentos. Portanto, as escolas deveriam investir no fortalecimento das associaes de pais e mestres, no conselho escolar, dentre outros espaos de participao, de modo a propiciar a articulao da famlia com a comunidade, estabelecendo relaes mais prximas. A adoo de estratgias que permitam aos pais acompanharem as atividades curriculares da escola beneficiam tanto a escola quanto a famlia. As investigaes de Keller-Laine (1998) e de Sanders e Epstein (1998) enfatizam que necessrio planejar e implementar aes que assegurem as parcerias entre estes dois ambientes, visando a busca de objetivos comuns e de solues para os desafios enfrentados pela sociedade e pela comunidade escolar.

27

3.1 Desenvolvimento da criana na escola

As pesquisas feitas em livros registram peculiaridades importantes do desenvolvimento do ser humano. A criana quando nasce prematura requer, durante um perodo relativamente longo, cuidados familiares e mais especificamente maternos para sobreviver. Segundo (PRESTES, 2005, p.39) uma criana carente de estmulo social desde o nascimento e durante a primeira infncia, no se socializa isto , no desenvolve capacidades humanas nem se adapta sociedade.

O desenvolvimento infantil um processo global. evidente que as dificuldades de aprendizagem esto relacionadas tanto s caractersticas prprias da criana, quanto s atitudes inadequadas da famlia e da escola que afetam a criana enquanto pessoa em desenvolvimento. A criana que desde cedo, tem contato com outra, sabidamente mais socivel, menos egocntrica e mais tolerante. Viver em grupo altamente positivo. O ser humano gregrio por natureza e especialmente a criana adora conviver e se relacionar com gente do seu tamanho. (ZAGURY, 2002, p. 33).

Quando a criana entra na escola, conta com uma gama de experincias adquiridas no convvio com os seus meios anteriores que lhe permitiro formar uma determinada viso sobre si mesma. A incorporao escola significa, para ela, uma ampliao na sua esfera de relao; nela conhecer outras crianas com quais dever compartilhar uma parte considervel de sua vida, alm de estabelecer relaes com adultos que no pertencem a sua famlia e nem s suas relaes mais prximas.

Toda criana comea a aprender a partir do nascimento e, desde ento, vai construindo a sua modalidade de aprendizagem no convvio familiar, com decorrncia de alguns fatores, como as trocas emocionais, a aprendizagem social, a observao e a imitao so processos importantes que se efetivam nesse contato. Para aprender, a criana ao mesmo tempo necessita de um espao em que possa aplicar, verificar ou contestar suas hipteses e assim avanar em seus conhecimentos. Neste momento do processo de escolarizao da criana quando ela inicia sua busca pelo desejo de aprender, ela ser acompanhada pelo educador

28

que lhe fornecer experincias escolares significados para o seu ser de aprendiz. Para NADAL (2005, p.24) A sala de aula como um espao de comunicao onde o processo de ensino se materializa em situaes didticas. So estas atividades, especialmente planejadas, preparadas e orientadas para levar os alunos aos objetivos de ensino que permitem a interao entre o professor e o aluno, o professor e a classe, um aluno e o colega, os alunos entre si e entre todos eles e o conhecimento.

No geral, as experincias e aprendizagens realizadas pela criana, so complexas, pois envolvem situaes e pessoas com reaes diferentes. Sobre a influncia da escola na vida da criana. (CUBERO, 1995. p. 253) afirma que: a escola junto com a famlia, a instituio social que maiores repercusses tem para a criana. Tanto nos fins explcitos que persegue expressos no currculo acadmico, como em outros no planejados, a escola ser determinante para o desenvolvimento cognitivo e social da criana e, portanto, para o curso posterior da vida.

Naturalmente que, depois da famlia, na escola que as crianas permanecem mais tempo, e as expectativas em relao ao seu desempenho escolar aumentam, assumindo maior importncia na vida em famlia. Mas no compete apenas escola a funo de educar, mas tambm famlia em primeiro lugar. E se hoje se tem a sobrecarga da vida moderna, sumamente importante lembrar que o que vale no o tempo que se passa junto com os filhos, mas a maneira como estabelecem as relaes com eles. Isso o que importa, pois se os filhos sabem que podem contar com os a pais quando necessitarem, se os pais tm uma parte do seu tempo dirio e de lazer reservado para dar ateno e conversar com os filhos, se os limites so estabelecidos com flexibilidade e justia, sem culpas ou necessidades compensatrias, pode-se esperar, ento, menor probabilidade de problemas. Para NADAL (2005, p.37), a maioria das crianas quando chega sua classe vem com imagens sobre a escola construda por aquilo que ouviu ou viu. Na realidade, para grande parte das crianas, a escola constitui-se numa das nicas oportunidades para a aquisio de conhecimentos sistemticos, necessrios sobrevivncia e participao na sociedade.

29

Nas

ltimas

dcadas,

nossa

sociedade

passou

por

mudanas

socioeconmicas e tambm culturais que se refletiram diretamente nas relaes familiares. Os pais de hoje trabalham mais e ficam menos com os filhos. Inclusive a me, que antes cuidava das crianas transmitindo valores, hoje sai para trabalhar. Todavia, esta situao nunca deveria interferir na prtica participativa dos pais no processo da formao dos filhos, bem como em todas as atividades escolares, j que do seio da prpria sociedade que saem as motivaes necessrias para o trabalho educativo, e dela que vem a clientela escolar.

A escola vem enfrentando cada vez mais srios problemas por parte de seus alunos, tais como: desinteressados, indisciplinados, revoltados e at mesmos violentos.
A educao dos filhos assume um carter de maior permissividade junto aos pais, com as mudanas ocorridas na estrutura familiar, permitindo maior liberdade aos filhos, esquecendo que eles necessitam de apoio e educao. Nesta dinmica familiar, temos visto a crescente crise de geraes, a dificuldade no relacionamento pais/filhos, no estabelecimento de laos familiares. (PRESTES, 2005. p.35).

Considerar-se- que o principal agente de formao da criana a famlia. Porm que a crise que a famlia vem enfrentando por todas essas transformaes que teve, alteraram profundamente a qualidade de vida da criana. A desestrutura familiar permeia a nossa sociedade o que influencia diretamente na formao primeira da criana, pais separados tm uma grande influncia no desenvolvimento psicolgico, emocional e afetivo das nossas crianas.

Portanto a criana no mecanismo que possa ser medido e avaliado atravs de uma frmula simples ou um padro. Ela tambm tem seus problemas, suas dificuldades, brigou com um colega, enfrenta problemas familiares, entre outros fatores que podem influenciar em seu desenvolvimento. No por que criana que no tem sentimentos, conhecimentos das coisas do mundo, hoje as crianas, muitas vezes, tm muito mais conhecimentos que os adultos. Segundo LOBO (1999, p.87) Para que a criana controle bem suas emoes preciso que ela saiba traduzir em palavras o que esto sentindo, que reconhea os seus sentimentos, o que tenha boa comunicao com os pais e boa relao afetiva.

30

Uma boa comunicao entre pais e filhos exige em primeiro lugar, traduzir o amor, respeito, confiana, ateno e atender as suas necessidades bsicas. Com essa participao dos pais no processo de ensino-aprendizagem, ela ganha mais confiana, vendo que todos se interessam por ela, e tambm porque voc passa a conhecer quais so as dificuldades e quais os conhecimentos que ela tem.

Comunicar-se com os filhos dar apoio, conhecer as suas dificuldades, verificar pelo que eles esto passando, estimulando suas potencialidades, dando liberdades e incentivo, e respeitando os sentimentos da criana. A famlia que propicia curiosidade em seus filhos, desde pequeno, valorizando suas atitudes e criando situaes para que eles estabeleam relaes e desenvolvam o pensamento cientfico, em sua rotina, uma famlia que sempre valoriza e respeita as atividades relacionadas vida escolar de seus filhos. Por sua vez, a famlia que se preocupa somente com as notas dos filhos, valorizando apenas o produto final, ou demonstra, que por vrias atitudes e decises, que a busca de conhecimento no prioridade no contexto familiar, mas sim, se ela passou e no teve notas vermelhas.

fundamental a qualidade do relacionamento existente entre a criana e a famlia, por isso crianas vtimas de maus tratos, ou que convivem com a instabilidade econmica, profissional e emocional dos pais, com o alcoolismo e a violncia, tero, quase sempre, dificuldade para desenvolver um sentimento de identidade estvel e satisfatrio. Essas crianas acabam ficando com a autoestima baixa e, por subestimarem suas capacidades, no conseguem resolver as tarefas propostas. A dificuldade e o fracasso em suas atividades provocam o abandono ou retraimento. OSRIO (1996, p.20), afirma que: Sabe-se que o alimento afetivo to indispensvel para a sobrevivncia do ser humano quanto o so o oxignio que respira ou a gua e os nutrientes orgnicos que ingere. Sem o afeto ministrado pelos pais, o ser humano no desabrocha, permanece fechado.

31

4 A RELAO PROFESSOR ALUNO E A AFETIVIDADE NO ENSINO BSICO A afetividade acompanha o ser humano durante toda sua vida e desempenha um importante papel no seu desenvolvimento e em suas relaes sociais. Dessa forma este artigo tem por objetivo geral analisar a importncia do papel da afetividade na relao professor-aluno e sua contribuio no processo de ensino-aprendizagem. A escola, alm de ser um ambiente em que a criana prosseguir sua vida, tambm um local onde dar continuidade no seu desenvolvimento em sua complexidade, ou seja, nos aspectos cognitivo, psicomotor e scio afetivo. A criana que possui uma boa relao afetiva, segura, tem interesse para adquirir novos conhecimentos e, portanto, tem um bom rendimento escolar. O professor assume um papel de grande destaque para a aprendizagem da criana, pois ele o mediador no processo da aprendizagem e no o detentor de conhecimentos. Por meio da afetividade, o professor influencia no resultado da educao de seus alunos. A maneira como o professor se comporta em sala de aula, atravs de seus sentimentos, intenes, desejos e valores, afeta seus alunos, uma simples maneira de falar j faz toda diferena. Sendo assim, o respeito, a amizade, compreenso devem estar envolvidas neste processo. O tema escolhido tem como objetivo esclarecer a importncia do papel da afetividade e apontar suas contribuies na relao professor-aluno e no processo de ensino-aprendizagem. 4.1 A afetividade sob a ptica da psicologia e da educao Almeida e Mahoney (2007) afirmam que afetividade refere-se capacidade, disposio do ser humano de ser afetado pelo mundo externo e interno por meio de sensaes ligadas a tonalidades agradveis ou desagradveis. Ser afetado reagir com atividades internas/externas que a situao desperta. Henri Wallon, citado por Almeida e Mahoney (2007) foi um autor que contribuiu efetivamente para a compreenso do papel da afetividade na vida psquica e no processo de ensino-aprendizagem em sua teoria do desenvolvimento humano. A teoria de Wallon, segundo estas pesquisadoras, aponta trs momentos marcantes,

32

sucessivos, na evoluo da afetividade: emoo, sentimento e paixo. Os trs resultam de fatores orgnicos e sociais, e correspondem a configuraes diferentes e resultantes de sua integrao: na emoo, h o predomnio da ativao fisiolgica; no sentimento, da ativao representacional; na paixo, da ativao do autocontrole. A emoo a exteriorizao da afetividade, sua expresso corporal, motora. Tem um poder plstico, expressivo, contagioso; o recurso de ligao entre o orgnico e o social: estabelece os primeiros laos com o mundo humano e, atravs deste, com o mundo fsico e cultural. A emoo uma forma de participao mtua, que funde as interaes interindividuais. Ela estimula o desenvolvimento cognitivo e, assim, propicia mudanas que tendem a diminu-la. J o sentimento a expresso representacional da afetividade. No implica reaes instantneas e diretas como na emoo. Tende a reprimir, a impor controles que quebrem a potencia da emoo. Os sentimentos podem ser expressos pela mmica e pela linguagem. O adulto tem maiores recursos de expresses de sentimentos: observa, reflete antes de agir, sabe como e onde express-los. J a paixo, revela o aparecimento do autocontrole como condio para dominar uma situao Para tanto, configura a situao (cognitivo), o comportamento, de forma a atender s necessidades afetivas. Segundo Galvo (1999), Wallon v o desenvolvimento da pessoa como uma construo progressiva em que se sucedem fases com predominncia alternadamente afetiva e cognitiva. Cada fase tem um colorido prprio, uma unidade solidria que dada pelo predomnio de um tipo de atividade. As atividades predominantes correspondem aos recursos que a criana dispe, no momento, para interagir com o ambiente. De acordo com a autora so cinco os estgios propostos pela psicogentica walloniana. No estgio impulsivo emocional, que abrange o primeiro ano de vida, o colorido peculiar dado pela emoo, instrumento privilegiado de interao da criana com o meio; a exuberncia de suas manifestaes afetivas diretamente proporcional a sua inaptido para agir diretamente sobre a realidade exterior. No estgio sensrio-motor e projetivo, que vai at os terceiro ano, o interesse da criana se volta para a explorao sensriomotora do mundo fsico. A aquisio da marcha e o desenvolvimento da funo simblica da linguagem so marcos os marcos fundamentais deste estgio. No

33

estgio do personalismo, que cobre a faixa dos trs aos seis anos, a tarefa central o processo de formao da personalidade. A construo da conscincia de si, que se d por meio das interaes sociais, reorienta o interesse da criana para as pessoas, definindo o retorno da predominncia das relaes afetivas. Por volta dos seis anos, inicia-se o estagio categorial, graas a consolidao simblica da funo e diferenciao da personalidade realizadas no estagio anterior, traz importantes avanos no plano da inteligncia. Os progressos intelectuais dirigem o interesse da criana para as coisas, o conhecimento e conquista do mundo exterior, imprimindo s suas relaes com o meio, preponderncia do aspecto cognitivo. No estagio da adolescncia, a crise pubertria rompe a "tranquilidade" afetiva que caracterizou o estagio categorial e impe a necessidade de uma nova definio dos contornos da personalidade, desestruturados devido s modificaes corporais resultantes da ao hormonal. Este processo traz tona questes pessoais, morais e existenciais, numa retomada da predominncia da afetividade. Como se pode notar, segundo autora, cada nova fase inverte a orientao da atividade e do interesse da criana: do eu para o mundo, das pessoas para as coisas, o que trata-se do principio da alternncia funcional. Apesar de alternarem a dominncia, a afetividade e cognio no se mantm como funes exteriores uma outra. A esse respeito Almeida (1999), citada por Leite (2006), confirma:
"A inteligncia no se desenvolve sem a afetividade e vice-versa, pois ambos compem uma unidade de contrrios." (LEITE, 2006, pg. 21). Ainda segundo a autora: "A emoo e a inteligncia so duas linhas do desenvolvimento que, percorrendo equilibradamente seu percurso, cruzamse continuamente, superpondo-se uma outra quando necessrio." (LEITE, 2006, p. 21).

Dessa forma, podemos notar que a afetividade se constitui um fator de grande importncia no processo do desenvolvimento humano, e, por conseguinte na determinao da natureza das relaes que se estabelecem entre pessoas. Para que essas relaes sejam construtivas, a presena da afetividade indispensvel, pois ela ir nortear o processo de interao e de convivncia entre elas. 4.2 A relao professor-aluno e a afetividade A relao professor aluno o ponto de partida para um bom desempenho no processo de ensino-aprendizagem, pois nela esto inseridos elementos que iro

34

resultar em produtividade para ambas as partes. Davis e Oliveira (1992) dizem que a presena do adulto d criana condies de segurana fsica e emocional que a levam a explorar mais o ambiente, e, portanto, a aprender. Por outro lado a interao humana envolve tambm a afetividade, a emoo como elemento bsico. Assim atravs da interao com indivduos mais experientes no seu meio social que a criana constri suas funes mentais superiores como afirma Vygotsky. Segundo a estudiosa do construtivismo vigotskiano, a professora da USP, Marta Kohl Oliveira, afirma que:
"Uma ideia central para a compreenso das concepes de Vygostsky sobre o desenvolvimento humano como processo scio-histrico a ideia de mediao. Enquanto sujeito do conhecimento o homem no tem acesso direto aos objetos, mas um acesso mediado..." (OLIVEIRA, 1991)

Oliveira

(1992)

citando

Vygotsky,

diz

que

indivduo

interage

simultaneamente com o mundo real em que vive e com as formas de organizao desse real dadas pela cultura, tendo como um de seus pressupostos bsicos a ideia de que o ser humano constitui-se enquanto tal na sua relao com o outro social. Dessa forma, o professor assume papel significante neste processo, sendo ele o mediador da aprendizagem. Segundo Davis e Oliveira (1999), na interao professor-aluno, supe-se que o primeiro ajude inicialmente o segundo na tarefa de aprender, porque esta ajuda logo lhes possibilitar pensar com autonomia. Para aprender, o aluno precisa ter ao seu lado algum que o perceba-nos diferentes momentos da situao de aprendizagem e que lhe responda de forma a ajud-lo a evoluir no processo, alcanando um nvel mais elevado de conhecimento. Por meio da interao que se estabelece entre eles, o aluno vai construindo novos conhecimentos, habilidades e significaes, sendo a afetividade primordial neste processo, como afirma Almeida (1999), citada por Leite (2007):
"as relaes afetivas se evidenciam, pois a transmisso do conhecimento implica, necessariamente, uma interao entre pessoas. Portanto, na relao professor-aluno, uma relao de pessoa para pessoa, o afeto esta presente. (LEITE, 2006,p. 29, 30)

De acordo com Davis e Oliveira (1999), cabe ao professor conhecer de perto os seus alunos para estar familiarizado com os modos atravs dos quais eles raciocinam. Conhecendo bem o pensamento dos alunos, ele est em posio de

35

organizar a situao de aprendizagem e, sobretudo, interagir com eles, ajudando-os a elaborar hipteses pertinentes ao respeito do contedo em pauta, por meio de constante questionamento das mesmas. Com isso, os alunos podem, pouco a pouco, elaborar conceitos e noes. O comportamento do professor e dos alunos esto, portanto, dispostos em uma rede de interaes envolvendo comunicao e complementao de papis, onde expectativas recprocas so colocadas. Nessas interaes importante que o professor procure colocar-se no lugar dos alunos pra compreend-los, ao mesmo tempo que os alunos podem, com a ajuda do educador, conhecer as opinies, os propsitos e as regaras que este busca estabelecer pra a sala de aula. Na troca de influncias que ento acontece, o professor procura entender, a cada momento, os motivos e dificuldades dos aprendizes. Suas maneiras de sentir e reagir diante de certas situaes, fazendo com que as interaes em sala de aula prossigam de modo produtivo, superando obstculos que surgem no processo de construo partilhada de conhecimentos, Assim, comportamentos como perguntar, expor, incentivar, escutar, coordenar e participar de debates, explicar ilustrar e outros pode ser expresso pelos alunos e pelo professor numa rede de participaes onde os indivduos consideram-se, reciprocamente, como interlocutores que constroem o conhecimento pelo dilogo. 4.3 Afetividade e cognio Davis e Oliveira (1992) afirmam que as emoes esto presentes quando se busca conhecer, quando se estabelece relaes com objetos fsicos, concepes ou outros indivduos. Afeto e cognio constituem aspectos inseparveis, presentes em qualquer atividade, embora em propores variveis. A afetividade e a inteligncia se estruturam nas aes e pelas aes dos indivduos. O afeto pode, assim, ser entendido como energia necessria para que a estrutura cognitiva possa operar, alm disso, ele influencia a velocidade com que se constri o conhecimento, pois quando as pessoas se sentem seguras, aprendem com mais facilidade. A respeito disso, La Taille (1992) nos diz:
"... afetividade comumente interpretada como uma "energia", portanto como algo que impulsiona as aes. Vale dizer que existe algum interesse,

36

algum mvel que motiva a ao. O desenvolvimento da inteligncia permite, sem dvida, que a motivao possa ser despertada por um nmero cada vez maior de objetos e situaes. Todavia, ao longo desse desenvolvimento, o princpio bsico permanece o mesmo: a afetividade a mola propulsora das aes, e a Razo est a seu servio." (LA TAILLE, 1992, p. 65)

Davis e Oliveira (1992) em concordncia, dizem que o afeto um regulador da ao, influindo na escolha de objetivos especficos e na valorizao de determinados elementos, eventos ou situaes pelo individuo. Segundo as autoras, na interao que o professor e aluno estabelecem na escola, os fatores afetivos e cognitivos de ambos exercem influencia decisiva. Na interao, cada uma das partes busca o atendimento de alguns dos seus desejos, como proteo, subordinao, realizao, etc. Para que a interao professor aluno possa levar a construo de conhecimentos, a interpretao que o professor faz do comportamento dos alunos fundamental. Ele precisa estar atento ao fato de que existem muitas significaes possveis para os comportamentos assumidos por seus alunos, buscando verificar quais delas melhor traduzem as intenes originais. Alm disso, o professor necessita compreender que aspectos da sua prpria personalidade - seus desejos, preocupaes e valores - influem em seu comportamento, ao longo de interaes que mantm com a classe. Dantas (1992) citando Wallon, diz que a dimenso afetiva ocupa lugar central, tanto do ponto de vista da construo da pessoa quanto do conhecimento, sendo tambm uma fase do desenvolvimento, a mais arcaica. Diz ainda que o ser humano foi, logo que saiu da vida puramente orgnica, um ser afetivo; da afetividade diferenciou-se, lentamente a vida racional. Portanto, no incio da vida, afetividade e inteligncia esto sincronicamente misturadas, com o predomnio da primeira. 4.4 Afetividade e processo de ensino-aprendizagem Ensino e aprendizagem so faces da mesma moeda, sendo assim para que este processo se desenvolva de forma bem sucedida, o afeto essencial, pois ele que motivar tanto professor como aluno rumo a resultados produtivos. necessrio que haja tambm uma ao conjunta por parte dos demais integrantes da escola, pois o trabalho em equipe proporciona um enriquecimento para o desempenho do papel do professor e, por conseguinte para a aprendizagem do aluno.

37

Oliveira (1992) diz que a interveno pedaggica provoca avanos que no ocorreriam espontaneamente. A importncia da interveno deliberada de indivduos sobre outros como forma de promover desenvolvimento articula-se com um postulado bsico de Vygotsky: a aprendizagem fundamental para o desenvolvimento desde o nascimento da criana. A aprendizagem desperta processos internos de desenvolvimento que s podem ocorrer quando o indivduo interage com outras pessoas. O processo de ensino-aprendizagem que ocorre na escola propicia o acesso dos membros imaturos da cultura letrada ao conhecimento construdo e acumulado pela cincia e a procedimentos metacognitivos, centrais ao prprio modo de articulao dos conceitos cientficos. Davis e Oliveira (1992) dizem que a aprendizagem o processo atravs do qual a criana se apropria ativamente do contedo da experincia humana, daquilo que seu grupo social conhece. Para que a criana aprenda, ela necessitar interagir com outros seres humanos e gradativamente ampliar suas formas de lidar com o mundo e construir significados para as suas aes e para as experincias que vive. A escola um lugar onde a criana passa boa parte de seu tempo, onde ir conhecer coisas novas e estender suas relaes sociais, o afeto , portanto primordial na continuidade do processo de sua formao psicolgica. Dessa forma, a escola assume um papel de grande importncia na vida da criana, onde professores e demais componentes iro trabalhar valores, tica e atitudes, no apenas contedos. Como diz Marchand (1985) " preciso preparar a pessoa para a vida e no para o mero acmulo de informaes." (MARCHAND, 1985, pg. 5). A afetividade influi e facilita na aprendizagem, pois nos momentos informais, o educando aproxima-se do educador, trocando experincias,

expressando seu ponto de vista e fazendo questionamentos, sendo tais atitudes significantes para a construo do conhecimento. Dessa forma o professor deve sempre estar aberto ao dilogo e atitudes que favoream o aprendizado de seus alunos, mantendo com eles um bom relacionamento. Na pratica educativa o professor no deve usar de autoritarismo, mas aliar seu conhecimento afetividade em sala de aula, pois os educandos reagiro

38

psicologicamente de acordo com o tratamento a eles direcionados. A esse respeito Marchand (1985) diz:
"O contedo da psicologia afetiva da criana , frequentemente, resultado da posio sentimental do mestre: o autoritrio provocar o temor inibitrio no aluno; o que procura se fazer amar provocar na criana reaes de complacncia; aquele que se mostra maldoso despertar sentimentos e atitudes de oposio que levaro a uma educao contraria desejada." (MARCHAND, 1985, p.18)

A afetividade estimula a criana a alcanar seus objetivos e a ter xito em seu processo de aprendizagem, por isso, deve estar presente em seu cotidiano escolar, pois envolve ateno, carinho, respeito e interesse, logo quando existe uma relao de troca, o processo de ensino-aprendizagem ser efetivamente produtivo. Muito se tem discutido sobre as dificuldades que envolvem o ato educacional, tem-se buscado incessantemente solues para tais dificuldades, porm muito pouco se tem encontrado. Vive-se em um perodo de transio de valores, que influencia diretamente a educao, no que tange o aprendizado e desenvolvimento dos alunos."
"A urgncia de compreender melhor o inter-relacionamento dos seres humanos, assim como suas expectativas e nveis de interesse, tem levado nestes ltimos anos a um aprofundamento radical nos estudos ticos e morais, ressaltando deste modo uma nova e promissora perspectiva para o crescimento e educao das futuras geraes". ( S, 2001, p.47)

Entende-se que a educao transcende os muros da escola, sendo influenciado por todos os espaos que os alunos convivem, percebe-se que os valores ticos, morais , sociais e culturais, precisam ser considerados e integrados no processo ensino-aprendizagem, partir de uma Educao bsica de qualidade . Esta educao de qualidade, aquela capaz de oferecer a todos os cidados, crianas, jovens e adultos, aquelas condies que Toro, chama de "Cdigos da Modernidade",( 1997, p. 95) que configuram os requisitos mnimos para se trabalhar e viver em uma sociedade moderna. As novas geraes possuem uma nova viso de mundo, os interesses so outros e a forma de aprendizagem e crescimento tambm outra. Sofreu alteraes e com isso a educao deve ser atenta em acompanhar essa evoluo, sem, portanto, deixar de mostrar a importncia e a necessidade de se conservar

39

"valores base", que a qualquer poca, independente da evoluo do mundo, precisase ter para haver convvio e relacionamento entre as pessoas. Vivemos em um mundo capitalista, onde a sociedade prega a competio, a individualidade e o egosmo, preciso que educadores e educandos saibam que apesar de toda dificuldade em conseguir alcanar os objetivos, por causa da competitividade, h como conseguir, sendo honesto, generoso, justo, solidrio e agindo com tica. preciso mostrar ainda, que mesmo enfrentando enormes dificuldades no mercado de trabalho e no social, a melhor forma de conseguir espao batalhando para conquist-lo. Levando em considerao que os alunos so seres humanos dotados de sentimentos, problemas, valores, e so nicos nas suas individualidades, nota-se que o ato de educar no ocorre separadamente, e que os sentimentos esto presentes no ensino, no desenvolvimento e crescimento destes alunos. 4.5 - Os diversos olhares sobre os valores humanos

Refletindo o tema valores humanos percebe-se a necessidade urgente de se ampliar essa viso dentro de nossas escolas. Educar para a cidadania uma tarefa rdua e requer empenho e muita luta a fim de se alcanar os objetivos almejados e propostos pelos pensadores de uma educao para a democracia, que implica na luta constante pela divulgao e pelo respeito aos direitos humanos e da insero dos valores ticos e morais nos currculos escolares.
"...um currculo escolar sobre tica pede uma reflexo sobre a sociedade contempornea na qual est inserida a escola; no caso, o Brasil do sculo XX. Tal reflexo poderia ser feita de maneira antropolgica e sociolgica: conhecer a diversidade de valores presentes na sociedade brasileira. No entanto, por se tratar de uma referncia curricular nacional que objetiva o exerccio da cidadania, imperativa a remisso a referncia nacional brasileira Constituio da Repblica Federativa do Brasil, promulgada em 1988. Nela, encontram-se elementos que identificam questes morais". (PCN, vol 8, 2001, p.70)

Os valores funcionam em nossas vidas, no nos momentos em que falamos ou escrevemos sobre eles, mas nos momentos em que decidimos e agimos tomando-os por fundamento, por base de nossas aes. O objetivo de educar em valores levar o aluno a refletir sobre sua conduta e a dos outros.

40

Ao tratar o tema: tica, os PCN, p.49 prope uma pergunta: Como devo agir perante os outros? E essa a pergunta que deve nortear a conduta dos educadores e educandos ao tratar de valores. Os valores pesam na balana de nossas tomadas de deciso, eles valem quando fazem inclinar nossas atitudes ou nossa conduta numa direo, e no em outra. Os valores, ao fazerem nossas decises e aes tomarem determinado rumo, esto funcionando como a fonte do sentido de nossas opes, de escolhas, de nossas decises, de nossos atos, de nossas atitudes, de nossas aes.

"Os valores no so conhecimentos apenas cognitivos", ( Associao Filosfica Scientiae Studia 2008). Eles transcendem a cognio. Uma pessoa pode falar o tempo todo de justia e mesmo assim ser injusta nos seus atos cotidianos. Os valores devem ser vividos e experimentados. A vivncia dos valores no nosso dia-adia deve ser to convicta que contagie os jovens que ao nos ver vivendo tais valores tenham o mesmo desejo de viv-los e de experiment-los. Como educar para os valores dentro da escola? No basta apenas uma boa aula expositiva sobre o assunto. preciso criar oportunidades educativas para que a criana e o adolescente possam vivenciar as situaes que os faam tomar decises, ter atitudes.
"... se os valores morais que subjazem aos ideais de constituio brasileira no forem intimamente legitimados pelos indivduos que compem este Pas, o prprio exerccio de cidadania ser seriamente prejudicado, para no dizer, impossvel. tarefa de toda sociedade fazer com que esses valores vivam e se desenvolvam. E, decorrente, tambm tarefa da escola." (PCN, vol 8, 2001, p.73)

Os direitos humanos no so aprendidos de cor, mas praticados, caso contrrio desaparecem da conscincia da humanidade. A tarefa de humanizar deve brotar de nossas iniciativas educativas. Como dizia Paulo Freire "ningum educa ningum, ningum educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo." (2001, p. 68), todos tm algo a receber. No campo de direitos humanos no existem experts e nem ignorantes somos todos aprendizes. Nossas instituies escolares esto carentes dos valores morais e ticos e isso algo que causa preocupao, pois a violncia entra pra dentro das salas de aulas de nossas escolas, exigindo de ns educadores uma postura com relao educao que estamos oferecendo s nossas crianas, adolescentes e jovens.

41

5 CONSIDERAES FINAIS

A famlia no o nico contexto em que a criana tem oportunidade de experienciar e ampliar seu repertrio como sujeito de aprendizagem e

desenvolvimento. A escola tambm tem sua parcela de contribuio no desenvolvimento do indivduo, mais especificamente na aquisio do saber culturalmente organizado em suas distintas reas de conhecimento.

Como destaca Szymanski (2001), a ao educativa da escola e da famlia apresenta nuances distintas quanto aos objetivos, contedos, mtodos e questes interligadas afetividade, bem como quanto s interaes e contextos

diversificados. Na escola, as crianas investem seu tempo e se envolvem em atividades diferenciadas ligadas s tarefas formais (pesquisa, leitura dirigida) e aos informais de aprendizagem (hora do recreio, excurses, atividades de lazer).

Contudo, neste ambiente, o atendimento s necessidades cognitivas, psicolgicas, sociais e culturais realizado de maneira mais estruturada e pedaggica do que no de casa. As prticas educativas escolares tm tambm um cunho eminentemente social, uma vez que permitem a ampliao e insero dos indivduos como cidados e protagonistas da histria e da sociedade. A educao em seu sentido amplo torna-se um instrumento importantssimo para enfrentar os desafios do mundo globalizado e tecnolgico.

Apesar da complexidade e dos desafios que a escola enfrenta, no se pode deixar de reconhecer que os seus recursos so indispensveis para a formao global do indivduo. Conhecendo a escola e suas funes, devem-se acionar fontes promotoras de sade tais como as redes sociais com a comunidade escolar, os profissionais da escola - psiclogos, pedagogos e orientadores educacionais, que so gabaritados (ou deveriam ser) para realizar intervenes coletivas. nesse espao que as reflexes sobre os processos de ensinoaprendizagem e as dificuldades que surgem em sala ou em casa so realizadas Entretanto, como sublinham Soares e cols (2000), apesar de a escola desenvolver aspectos inerentes socializao das pessoas e ser responsvel pela construo, elaborao e difuso do conhecimento, ela vem passando por crises vindas do

42

cotidiano, que geram conflitos e descontinuidades como a violncia, o insucesso escolar, a excluso, a evaso e a falta de apoio da comunidade e da famlia, entre outros. Neste caso, o cenrio poltico passa a exercer uma influncia preponderante para a soluo das crises, que extrapolam o cotidiano das escolas. Para superar os desafios que enfrentam, hoje, uma das alternativas promover a colaborao entre escola e famlia (Polonia & Dessen, 2005), tarefa complexa que tem despertado o interesse de vrios pesquisadores. A famlia e a escola constituem os dois principais ambientes de desenvolvimento humano nas sociedades ocidentais contemporneas. Assim, fundamental que sejam implementadas polticas que assegurem a aproximao entre os dois contextos, de maneira a reconhecer suas peculiaridades e tambm similaridades, sobretudo no tocante aos processos de desenvolvimento e aprendizagem, no s em relao ao aluno, mas tambm a todas as pessoas envolvidas.

43

REFERNCIAS

Almeida, L. R. (2000). Wallon e a educao. In A. A. Mahoney, & L. R. Almeida (Orgs.), Henri Wallon: Psicologia e Educao (pp.71-87). So Paulo: Loyola. Amazonas, M. C. L. A., Damasceno, P. R., Terto, L. M. S., & Silva, R. R. (2003). Arranjos familiares de crianas de camadas populares. Psicologia em Estudo, 8(especial), 11-20. BOGDAN, et. al. Investigao qualitativa em educao. Trad. Maria Joo Alvarez et. al. Portugal: Porto Editora, 1994 BOURDIEU, Pierre. Gosto de classe e estilo de vida, p. 82-121. In: Pierre Bourdieu (Org.) Renato Ortiz, op cit. Editora tica, 1983, So Paulo. BOURDIEU, Pierre, PASSERON, Jean-Claude. A Reproduo. Trad. Reynaldo Bairo. Rio de Janeiro: S.A, 1975. Booth, C. L., Rubin, K. H., & Rose-Krasnor, L. (1998). Perceptions of emotional support from mothers and friends in middle childhood: Links with social-emotional adaptation and preschool attachment security. Child Development, 69(21), 427-442. 30 Paidia, 2007, 17(36), 21-32 Campos, H. R., & Francischini, R. (2003). Trabalho infantil produtivo e desenvolvimento humano. Psicologia em Estudo, 8(11), 119-129. Carneiro, M. A. (2003). LDB fcil: Leitura crticocompreensiva artigo a artigo (9a ed.). Petrpolis: Vozes. (Original publicado em 1998). Chaves, A. M., Cabral, A., Ramos, A. E., Lordelo, L., & Mascarenhas, R. (2002). Representao social de mes acerca da famlia. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 12(1), 1-8. Chaves, A. M., Guirra, R. C., Borrione, R. T. M., & Simes, F.G.A. (2003). Significados de proteo a meninas pobres da Bahia do sculo XIX. CUBERO, Rosrio. Relaes sociais nos anos escolares: famlia, escola, companheiros. In; COLL, Csar. Desenvolvimento psicolgico e educao. V. 1. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1995. DEMETERCO, Solange Menezes da Silva. Sociologia da Educao. Curitiba: IESDE, 2003. DellAglio, D. D., & Hutz, C. S. (2002). Estratgias de coping de crianas e adolescentes em eventos estressantes com pares e adultos. Psicologia- USP, 13(2), 203-225.

44

Del Prette, A., & Del Prette, Z. A. P. (2001). Psicologia das relaes interpessoais: Vivncia para o trabalho em grupo. Petrpolis: Vozes. Desland, R., & Bertrand, R. (2005). Motivation of parent involvement in secondary-level schooling. Dessen, M. A., & Braz, M. P. (2005). As relaes maritais e sua influncia nas relaes parentais: implicaes para o desenvolvimento da criana. In M. A. Dessen & A. L. Costa Junior (Orgs.), A cincia do desenvolvimento humano: Tendncias atuais e perspectivas futuras (pp. 132-151). Porto Alegre: Artmed Editora S.A. Dessen, M. A., & Pereira-Silva, N. L. (2004). A famlia e os programas de interveno: Tendncias atuais. In E. G. Mendes, M. A. Almeida & L. C. A. Williams (Orgs.), Temas em educao especial: Avanos recentes (pp. 179-187). So Carlos: EDUFSCAR. Dessen, M. A. & Polonia, A. C. (2007). Famlia e Escola Kreppner, K. (2000). The child and the family: Interdependence in developmental pathways. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16(1), 11-22. Dessen, M. A., & Braz, M. P. (2000). Rede social de apoio durante transies familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 16(3), 221-231. Eisenberg, N., Fabes, F. A., Shepard, S. A., Guthrie, I. K., Murphy, B. C., & Reiser, M. (1999). Fantuzzo, J., Tighe, E., & Childs, S. (2000). Family involvement questionnaire: A multivariate assessment of family participation in early childhood education. Journal of Educational Psychology, 92(2), 367-376. Families and school together: An experimental analysis of parent-mediated multifamily group program for American Indian children. Journal of School Psychology, 42, 359-383. Ferreira, M. C. T., & Marturano, E. M. (2002). Ambiente familiar e os problemas de comportamento apresentados por crianas com baixo desempenho escolar. Psicologia: Reflexo e Crtica, 15, 35-44. Fitzpatrick, K. M., & Yoles, W. C. (1992). Policy, school structure, and sociodemographic effects on statewide high school dropout rates. Sociology of Education, 65, 76-93. GARRISON, K. C; BERNARDO, H. W; KINGSTON, A. J; Psicologia da criana. 3 Ed. So Paulo: IBRASA, 1979. Hedeggard, M. (2002). A zona de desenvolvimento proximal como base para o ensino. In H. Daniels (Org.), Uma introduo a Vygotsky (pp. 199- 228). So Paulo: Loyola Kreppner, K. (1992). Developing in a developing context: Rethinking the familys role for children development. In L. T. Winegar & J. Valsiner (Orgs.), Childrens

45

development within social context (pp. 161-179). Hillsdale: Lawrence Elbaum Associates. Keller-Laine, K. (1998). Parents as partners in schooling: The current state of affairs. Childhood Education, 74, 342-345. Kratochwill, T. R., McDonald, L., Levin, J. R., Bear- Tibbetts, H. Y., & Demaray, M. K. (2004). LAHIRE, Bernard. Sucesso escolar nos meios populares: as razes do improvvel. So Paulo: tica,1997. LDKE, Menga; ANDR, Marli Elisa Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educao : abordagens qualitativas. So Paulo: E.P.U., 1986 Mahoney, A. A. (2002). Contribuies de H. Wallon para a reflexo sobre as questes educacionais. In V.S. Placco (Org.), Psicologia & Educao: Revendo contribuies (pp. 9-32). So Paulo: Educ. Marques, R. (2001). Professores, famlia e projeto educativo. Porto, PT: Asa Editores. Marques, R. (2002). O envolvimento das famlias no processo educativo: Resultados de um estudo em cinco pases. Retirado em 16 de maio 2003, de http://www.eses.pt/usr/Ramiro/ Texto.htm. Ministrio da Educao, Secretaria de Educao Fundamental-MEC/SEF (2001). Parmetros curriculares nacionais: Terceiro e quarto ciclo, apresentao dos temas transversais. Braslia: Oliveira, Z. M. R. (2000). Interaes sociais e desenvolvimento: A perspectiva sociohistrica. Caderno do CEDES, 20, 62-77. Oliveira, M. L.S., & Bastos, A. C. S. (2000). Prticas de ateno sade no contexto familiar: Um estudo comparativo de casos. Psicologia: Reflexo e Crtica, 13(1), 97107. Oliveira, E. A., Marin, A. H., Pires, F. B., Frizzo, G. B., Ravanello, C., & Rossato, C. (2002). Estilos parentais autoritrio e democrtico-recproco intergeracionais, conflito conjugal e comportamento de externalizao e internalizao. Parental reactions to childrens negative emotions: Longitudinal relations to quality of childrens social functioning. Child Development, 70(21), 513-534. Psicologia em Estudo, 8(especial), 85-95. Davies, D., Marques, R., & Silva, P. (1997). Os professores e as famlias: A colaborao possvel (2a ed.). Lisboa: Livros Horizontes. PRESTES, Irene Carmem Piconi. Psicologia da educao - Curitiba: IESDE, 2005. Rego, T. C. (2003). Memrias de escola: Cultura escolar e constituio de singularidades. Petrpolis, RJ: Vozes. Rocha, D. G., Marcelo, V. C., & Pereira, I. M. T. B. (2002). Escola promotora de sade: Uma construo interdisciplinar e intersetorial. Revista Brasileira de Crescimento e Desenvolvimento Humano, 12, 57-63.

46

The Journal of Education Research, 3, 164-175. Dessen, M. A. (1997). Desenvolvimento familiar: Transio de um sistema tridico para polidico. Temas em Psicologia, 3, 51-61. ZAGO, Nadir. Processos de escolarizao nos meios populares - As contradies da obrigatoriedade escolar. In.: NOGUEIRA, M.A; ROMANELLI, G; ZAGO, N (org). Famlia e escola: Trajetrias de escolarizao em camadas mdias e populares. 2 edio. Petrpolis, Vozes, 2000. P. 17-43 ZAGURY, Tania. Escola sem conflito: Parceria com os pais. Rio de Janeiro: Record,2002.

Você também pode gostar