Direito Romano
Direito Romano
Direito Romano
DIREITO ROMANO
A actividade humana é dirigida por normas sociais que a orientam na
realização de determinadas acções. Dividem-se em: Jurídicas; morais;
religiosas e de trato social
Caracteres que distinguem as normas jurídicas
ÉPOCAS HISTÓRICAS
Necessidade de periodização
Devido às grandes transformações sociais que o Direito Romano sofreu nos
XIX séculos da sua vigência
Critérios propostos
Político:- tem por base a história política de Roma
Jurídico externo:
Época nacionalista (quiritária); universalista (ius gentium); Oriental ou
Helénica;
Jurídico interno
Época arcaica – 753 a 130 a.C.; Época clássica:- 130 a.C. a 230 d.C
ÉPOCA ARCAICA
Vai desde a fundação de Roma – 753 a 130 a.C., data da Lex Aebutia de
formulis que tendo legalizado o dinâmico processo das fórmulas (agere per
1
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
ÉPOCA CLÁSSICA
Vai desde o ano 130 a 230 aC e termina com a substituição do processo das
fórmulas pela cognitio extraordinária e o esgotamento da jurisprudência.
Subdivide-se em:
ÉPOCA PÓS-CLÁSSICA
2
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
ÉPOCA JUSTINIANEIA
Vai desde 530 a 565, ano em que Justiniano morreu. Caracteriza-se pelo
Classicismo e pela Helenização e a sua especificidade deriva da maior
compilação jurídica jamais feita: O Corpus Iuris Civilis, que actualizou o
Direito Romano e transmitiu o seu conhecimento às gerações vindouras
DIREITO CIVIL
É o direito próprio duma civitas, neste caso romano, conforme refere GAIUS
DIREITO PRETÓRIO
Noção:- é o direito que os pretores introduziram para ajudar (interpretare)
ou suprir (integrare) ou corrigir o ius civile por motivo de utilidade pública.
No ano 367 a.C. foi criada uma magistratura especial para administrar a
justiça (os praetores), que desempenham praticamente as mesmas
atribuições dos cônsules de quem dependem como colegas minores. Porém,
a sua função importante é a administração da justiça entre cidadãos
romanos (praetor urbanus); e entre estrangeiros e romanos e estrangeiros
(praetores peregrinus). Presidem à primeira fase do processo (fase in
iure), onde analisam o aspecto jurídico da causa e pronunciam solenemente
a existência ou não do direito que o autor pretende (ius dicere) a criação
da praetura terá sido determinada pela ausência dos cônsules ocupados
em campanhas militares
No exercício das suas funções jurisdicionais, os pretores gozavam de grande
discricionariedade que a sua própria actividade encarregou de limitar.
O praetor urbanus: Era considerado um collega minor dos
cônsules, a quem foram atribuídos poderes (imperium, potestas,
iurisdictio), com base nos quais concedia e denegava actiones.
Coagia as partes a assumirem determinadas obrigações;
Outorgava interinamente a posse de bens em litígio; Ignorava
os efeitos jurídicos de um acto, restituindo o estado primitivo;
Concedia protecção processual a determinadas situações de
facto
3
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
4
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
DIREITO HONORÁRIO
É constituído por todo o ius não civili. Trata-se de um direito introduzido por
edicta de certos magistrados: o pretor (urbano e peregrino), os edís curúis e
os governadores das províncias. O ius praetorium é uma parte do ius
honorarium, mas é tão grande que o direito dos restantes magistrados é
pouco significativo.
Até finais da época clássica coexistem, com igual eficácia, várias fontes
manifestandi. Depois, assiste-se a um processo de centralização que teve o
seu epílogo na época Justinianeia com a afirmação do imperador como a
única fons exsistendi do direito.
5
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
LEI
É uma declaração solene com valor normativo, feita pelo populus romanus,
que reunido nos comitia, aprova a proposta que o magistrado ( presidente)
apresenta ao Senado e confirma.
6
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Quanto à estrutura
Quanto à sanctio
Esta distinção começou a decair, talvez por não haver uma diferença
substancial entre as leges que declaram nulos os actos contrários
(perfectae) e as leges que o pretor protege (imperfectae). Formalmente,
perde a sua importância a partir do ano 438 quando Teodósio II sancionou,
como regra, a nulidade de qualquer acto em contradição com a lex. A
actividade legislativa é escassa e quase sempre incidiu sobre matérias de
direito público. Inicialmente o Estado não se preocupou com as relações
entre particulares que eram disciplinadas pelo costume.
Daí a distinção, nos finais da República, entre ius (direito que regula
as relações entre particulares) e lex (direito que disciplina as relações
do populus).
7
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
PLEBISCITO
É uma deliberação da plebe que, reunida em assembleia (concilium) aprova
uma proposta do tribunus plebis e que se distingue da lex rogata por
somente conter um nome.
Inicialmente não teve carácter vinculativo, mas, através da lex Valeria
Horatia de plebiscitis – 449 a.C. – atribuiu força vinculativa entre os
plebeus e, através da lex Hortensia de plebiscitis – 287 a.C. – estendeu-a
aos patrícios, ficando equiparado ( exaequatio) às leis comiciais
SENATUSCONSULTO
Segundo Gaius, é o que o Senado ordena e constitui, podendo ser
designado com base em critérios diferentes: pelo conteúdo e pelos nomes
adjectivados do magistrado proponente, do princeps ou da pessoa que deu
motivo `decisão do Senado
Quanto à estrutura
Praefatio:- figuram os nomes do magistrado que convocou o Senado
e dos senadores que intervieram na redacção, o lugar e a data.
8
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
JURISPRUDÊNCIA
9
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
10
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
PROCESSO CIVIL
O PROCESSO DAS LEGIS ACTIONES
Foi através da Lex Abutia de Formulis ( 130 aC), que se introduziu uma nova
forma de processos, que se deveu à necessidade de proteger as relações do
ius gentium entre peregrinos e entre estes e cidadãos romanos, e ainda ao
facto da rigidez do processo das legis actiones e ainda à necessidade de
proteger novas situações não previstas no ius civilis. Rapidamente se
estendeu às controvérsias entre cidadãos romanos:
11
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
De salientar que neste novo sistema de processar, ter uma actio equivale e
concretiza-se em ter uma fórmula, cuja redacção era especial e adaptada
para cada tipo de reclamação (situação, atipicidade processual) determina a
tipicidade do próprio direito, já que este consiste essencialmente numa
actio.
A grande inovação consistiu no facto de o Pretor poder conceder uma acção
já prevista na lei ou proteger novas situações de facto não sancionadas pelo
ius civilis e mantém duas fases:
ESTRUTURA
Parte Ordinária
Intentio: segundo Gaius, é a parte da fórmula em que o demandante
manifesta a sua pretensão (aí se apresenta o problema litigioso);
Partes Eventuais
Demonstratio:- quando as fórmulas contêm uma intentio in ius
concepta incerta, é necessária uma parte complementar que refira o
facto(s) em que o demandante baseia o direito que invoca
Parte Extraordinária
12
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
A ACTIO
CONCEITO
ACTIO CIVILIS
É um meio que protege um direito subjectivo pré-existente reconhecido pelo
ordenamento jurídico (ius civile)
ACTIO PRAETORAE
É um meio que protege uma situação de facto que o magistrado considerou
merecedora de protecção jurídica
Nota: Esta dualidade de actiones ( civil e Pretória) permite resolver o
problema da relação entre actio e direito subjectivo ( ius)
13
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
ACTIO IN REM:
ACTIO IN PERSONAM
O direito real
Contém a faculdade de ser invocado contra qualquer pessoa
As suas faculdades podem ser realizadas sem a cooperação de
alguém
A obrigação é universal e tem conteúdo negativo ( non facere)
O direito pessoal
14
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
O juiz deve precisar em que consiste «aquilo que deve dar ou fazer,
segundo a boa fé», transformando o incertum no certum (terá de ponderar
e apreciar todas as circunstâncias que tenham ocorrido)
RESTITUTIO IN INTEGRUM
15
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
MISSIO IN POSSESSIONEM
Em relação à finalidade:
16
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Execução patrimonial
INTERDICTUM
É uma ordem sumária de carácter administrativo que um magistrado
investido de imperium dirige a uma pessoa para fazer ou não uma
determinada coisa
Se o interdictum:
A OBRIGAÇÃO
CONCEITO:- É um vínculo jurídico por virtude do qual uma pessoa (credor)
tem a faculdade de exigir a outra (devedor) um comportamento ( prestação)
positivo ou negativo.
Nota:- Difere de um direito real porque, enquanto o seu titular obtém o
benefício económico que este direito lhe proporciona através da sua
17
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
FONTES
GAIUS diz-nos que «...a principal divisão das obrigações compreende duas
espécies, pois toda a obrigação nasce dum contrato ou dum delito»
18
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
CONTRATO
CONCEITO
ELEMENTOS
CLASSIFICAÇÃO
19
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
São de boa fé os contratos protegidos por actiones bonae fidei. O juiz deve
apreciar todas as circunstâncias que tenham ocorrido ( dolo, medo) e
considerar tudo o que é exigível entre pessoas justas e leais. (A compra e
venda, a locatio-conductio, a sociedade, o mandato, o depósito, o
comodato)
20
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Os contratos de direito estrito são tutelados por actiones stricti iuris. O juiz
deve observar rigorosamente o que foi acordado sem atender a qualquer
circunstância que tenha influenciado o conteúdo da obligatio. (A stipulatio
constitui um exemplo de contrato de direito estrito)
São onerosos os contratos que criam, para ambas as partes, obrigações que
se equivalem ou equilibram
À perda patrimonial que uma das partes sofre na realização da sua prestação
corresponde a perda patrimonial da outra (compra e venda e a locatio-
conductio)
Nos contratos gratuitos só uma das partes sofre uma perda patrimonial em
benefício da outra (a doação, o depósito e o comodato)
CONTRATOS REAIS
É aquele a cuja perfeição não basta a conventio entre as partes para
produzir os seus efeitos jurídicos (É também necessária a prática de um
certo acto material (datio ou traditio) em relação à res a que se refere
(segundo Gaius, são os contratos em que «a obrigação é contraída
mediante a res»)
A esta evolução, que ter-se-á iniciado na época pós-clássica, não terá sido
indiferente o relaxamento do conceito de datio e a consideração de novas
figuras de obligationes
21
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
MÚTUO
22
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
FIDÚCIA
É um contrato em que uma pessoa (fiduciante), utilizando um negócio
jurídico formal (mancipatio ou in iure cessio), transfere a propriedade duma
res para outra pessoa (fiduciário) que se obriga a restituí-la depois de
realizado o fim definido num acordo não formal designado pactum fiduciae.
Discute-se se este pactum era inserido no próprio acto solene com que se
transferia a propriedade da res ou se funcionava separadamente, embora
fosse realizado no mesmo momento
DEPÓSITO
É um contrato bilateral imperfeito e de boa fé em que uma pessoa
(depositante) entrega a outra (depositário) uma res móvel para que a
guarde e restitua num determinado prazo ou quando o depositante pedir. A
gratuitidade é um elemento essencial
Por isso a remuneração atribuída ao depositário pela custódia da res retira-lhe o carácter de
depósito para revestir outra natureza: - a locatio-conductio
23
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
O depositante era tutelado pela actio depositi que teve inicialmente uma
fórmula in factum, a que se juntou posteriormente uma fórmula in ius
concepta.
COMODATO
O comodatário
24
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
O comodante
PENHOR
25
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
COMPRA E VENDA
ELEMENTOS
26
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
27
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
COMPRADOR,
Transmitir a propriedade (dare) do pretium ao vendedor. (está
obrigado a juros se não pagar o pretium decorrido um certo tempo após a
recepção da res);
28
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
LOCAÇÃO
É um contrato consensual em que uma pessoa se obriga para com outra a
proporcionar-lhe o gozo temporário duma res ou a prestar determinados
serviços ou a realizar uma obra, mediante o pagamento duma remuneração
(merces).
Esta diversidade de fins levou a romanística a distinguir três contratos
diferentes:
Objecto:- pode ser uma res que o locatário ( conductor) deve usar
segundo o modo acordado durante u m certo tempo uma actividade
laboral que o locador deve realizar no tempo acordado
29
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Na locatio-conductio operaris:
SOCIEDADE
É o contrato consensual em que duas ou mais pessoas se obrigam
reciprocamente a pôr em comum determinados bens ou trabalho com vista
à obtenção de um patrimonial comum ( é um contrato de boa fé e inspira-se
na fraternitas que influencia o seu regime jurídico)
ELEMENTOS
Tipo de societas
30
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
entregue; Cada sócio tem o direito a ser reembolsado dos gastos que tenha
feito e indemnizado dos danos que a gestão lhe causou
O contrato de sociedade não cria uma pessoa jurídica distinta dos socii (não
existem relações obrigacionais entre a societas e terceiros; só há créditos e
obrigações de cada sócio com terceiros):
MANDATO
É um contrato consensual e bilateral imperfeito, no qual uma pessoa
( mandante) encarrega outra (mandatário) de realizar uma determinada
actividade no interesse do mandante, de um terceiro ou destes e do
mandatário, que se obriga, por sua vez, a realizá-la gratuitamente ( é um
contrato do ius gentium, de boa fé, e inspira-se na confiança das partes)
ELEMENTOS
MANDATÁRIO, obriga-se a:
Cumprir o encargo, seguindo as instruções do mandante ou (se não
existirem) segundo a natureza da actividade a realizar; Prestar contas da
sua gestão ao mandante
MANDANTE, obriga-se a:
Ressarcir os gastos feitos pelo mandatário na execução do encargo que lhe
deu; Indemnizá-lo dos danos sofridos
Quanto ao terceiro, a relação jurídica derivada do mandatum é-lhe estranha
(por isso só pode reclamar os seus direitos perante o mandatário que, por sua vez,
deve demandá-lo pelas suas obrigações)
31
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
CONTRATOS FORMAIS
Os negócios formais (ou solenes) são aqueles cuja existência depende da
observância duma forma prescrita pelo ordenamento jurídico. Gaius
distingue duas espécies de negócios formais:
os verbais: a vontade manifesta-se através de palavras solenes
fixadas pelo ius civiles (stipulatio); os literais: as obrigações nascem
de um acordo redigido por escrito
STIPULATIO
É um contrato formal que os Romanos utilizavam muito frequentemente
para a satisfação de fins muito diferentes. Também o Pretor a utilizava para
proteger judicialmente relações não tuteladas pelo ius civile (neste caso,
servindo-se da sua cognitio obrigava as partes a fazerem uma stipulatio de que
resultavam uma obligatio para o promissor e uma actio in personam para o
stipulator concedidas pelo ius civile)
Características
32
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Depois, a partir dos séculos II e III, a voluntas das partes foi-se impondo,
subalternizando progressivamente os verba e descaracterizando a stipulatio
(pouco a pouco o rigor dos verba foi-se atenuando, ao mesmo tempo que se
afirmava a importância da voluntas).
No século III, a extensão das relações comerciais dos Romanos com outros
povos (que redigiam os seus negócios jurídicos em documentos escritos a
que reconheciam eficácia jurídica) acentuava a necessidade de os contratos
serem escritos. E com a concessão da cidadania romana a todos os
habitantes do Império cresceu o desejo de os novos cives utilizarem os
institutos jurídicos romanos sem dispensar a velha prática da forma escrita.
Num terceiro momento, uma constitutio do Imperador Leão do ano 472,
dispensou os solemnia verba e considerou válida a stipulatio feita com
quaisquer palavras (desapareceu o rigor dos verba). Ao mesmo tempo, o
contrato literal ia-se desenvolvendo e o documento escrito, que certificava a
realização da stipulatio, passou a ter um valor substancial (tornou-se
constitutivo da obligatio entre as partes). A velha formalidade sucumbiu
definitivamente. Para exigir judicialmente o crédito resultante duma
stipulatio, o credor dispunha, no antigo processo das legis actiones,
CONTRATOS INOMINADOS
Partindo de algumas expressões (Papinianus, Celsus e Iulianus) a
romanística moderna chama de contratos inominados às relações jurídicas
de natureza obrigacional que os compiladores de Justiniano recolheram
numa categoria distinta protegida com a adequada tutela judicial.
33
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Trata-se de relações cujo vínculo jurídico, que liga as partes, surge quando
só uma delas realizou a sua prestação e, por isso, pode exigir à outra a
prestação a que se comprometeu: (a restituição do que recebeu ou a
entrega do equivalente pecuniário ao benefício patrimonial obtido).
No direito Justinianeu, estas relações foram protegidas com uma actio geral,
frequentemente denominada actio praescriptis verbis e, por vezes, também
actio in factum, actio in factum civilis, actio civilis incerti, através da qual a
parte lesada podia exigir a contraprestação da outra parte.
Justificam o vinculum iuris entre as partes os seguintes elementos:
Do ut des: dou para que dês; do ut facias: dou para que faças
Facio ut des:- faço para que dês; facio ut facias: faço para que
faças
Não se trata de nenhuma das figuras contratuais tipificadas pelo ius civile
que observamos em Gaius porque o respectivo vínculo jurídico provém de
acordos que não se manifestam numa determinada forma (contratos formais),
não se baseiam numa causa determinada (contratos consensuais), nem se
concluem mediante a datio da res acordada (contratos reais). Por isso não
deixando de ser contratos, devem ser classificadas separadamente.
34
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
PERMUTA
É um contrato inominado em que uma pessoa dá (datio) a outra uma res
determinada para que esta lhe dê outra res ( tipo do ut dês – dou para que
dês)
35
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Se apenas uma das partes realizou a datio e a res sofresse evicção, o dans
respondia por evicção
Se ambas as partes tivessem cumprido as suas obrigações de dare, cada
uma era responsável por evicção
AESTIMATUM
PRECÁRIO
36
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
TRANSACÇÃO
DELITOS
É o acto ilícito sancionado como uma pena e pode ser:
FURTUM
37
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
RAPINA
INIURIA
38
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Como actio penal, a lex legis Aquilia só podia ser instaurada pelo dominus
da res danificada. E era perpétua, noxal e concedida in simplum e in duplum
respectivamente, contra quem confessasse ou recusasse ter cometido o
acto danoso. A lex Aquilia era, no entanto, uma lex restrita (por isso,
rapidamente foi ultrapassada pelo progresso da vida). A iurisprudentia sugeriu
ao pretor os instrumentos que permitiram realizar a sua extensão aos
seguintes casos:
39
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
GARANTIAS PESSOAIS
As garantias pessoais consistem em obligationes constituídas a favor de um
credor por pessoas distintas do devedor para reforçar o cumprimento duma
obrigação (dita) principal. O garante responde directamente com a sua
pessoa e indirectamente com o seu património.
SPONSIO
Era uma promessa solene, de origem sacral e exclusiva dos cives Romani. O
seu formalismo era constituído pela pergunta do credor (idem dar spondes?)
e pela resposta do garante ( sponde) e criava uma obligatio entre o credor e
o sponsor através da qual este garantia uma obrigação principal
anteriormente constituída. Só permitia garantir uma obligatio contraída
verbalmente e era intransmissível aos herdeiros do sponsor. Segundo Gaius,
se a obligatio principalis fosse ineficaz, a sponsio não deixava de produzir os
sus efeitos, portanto, a sponsio não se subordinava à obrigação garantida.
(não tinha carácter acessório).
FIDEPROMISSIO
Era uma promessa solene com que, invocando a deusa Fides ( tinha a sua
sede na palma da mão direita, motivo pelo qual se dava um aperto com a
mão direita), cives Romani e peregrini garantiam uma obligatio contraída
verbalmente. O seu formalismo era constituído pela pergunta do credor
(idem fidepromittis?) e pela correspondente resposta do garante
(fidepromitto) O regime jurídico é semelhante ao do Sponsio e, por isso,
falava-se, com muita frequência, de sponsio-fidepromissio (produzia os
mesmos efeitos, garantia as mesmas obrigações e sofria as mesmas
limitações legais.
FIDEUSSIO
40
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
GARANTIAS REAIS
As garantias reais constituem um reforço do cumprimento duma obligatio
que incide directa e exclusivamente sobre certos bens pertencentes ao
devedor ou a terceiro. No Direito Romano, essa função foi cumprida
inicialmente pela fiducia cum creditor e, seguidamente, pelo pignus e pela
hipoteca.
Com efeito, determinada pelo seu espírito conservador e por uma razão de
economia jurídica, a iurisprudentia romana recorreu aos meios dentão
disponíveis (à mancipatio e à in iure cessio) para satisfazer os interesses que o
tráfico jurídico apresentava. O credor tornava-se proprietário da res
fiduciada e, portanto, podia: (Reivindicá-la de quem dela se tivesse apoderado; E
subtraí-la à eventual pretensão dos outros credores do fiduciante). Ficava também
41
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
Por sua vez, para exigir o reembolso das despesas feitas com a conservação
e melhoramento da res fiduciada e o ressarcimento dos danos que
causasse, o credor gozava de vários expedientes (do ius retentiones – se fosse
possuidor da res -, da compensação – se fosse demandado pelo garante -, e da actio
fiduciae contraria). Se a obligatio garantida não fosse satisfeita, o credor
podia satisfazer o seu crédito conservando definitivamente a res fiduciada
(e se houvesse um pactum dito de vendendo, podia vende-la). Se o preço
excedesse o valor da obligatio, a diferença (superfluum) pertenceria ao
garante. Porém, o recurso ao pactum vendendi tornou-se muito frequente
(por isso, na época dos Severos passou a constituir um modo normal de satisfação
do credor, considerando-se, portanto, desnecessário).
PIGNUS
É uma garantia real que se traduz na entrega de uma res móvel ou imóvel
ao credor, que se obriga a restituí-la após o cumprimento da obligatio
garantida. Em regra, constituía-se através dum contrato real. O garante
mantinha o dominium sobre a res e o credor tornava-se detentor, ou seja,
42
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
HIPOTECA
É uma garantia real que consiste na especial afectação duma res, móvel ou
imóvel, ao cumprimento duma obligatio. É a mais recente das garantias
reais e assinala-se, como seu precedente, a afectação de animais, escravos
e instrumentos (que um locatário levava para um findus rústico arrendado) à
obrigação de pagar a renda (merces). A iurisprudentia romana começou por
não distinguir institucionalmente a hipoteca do pignus, porque não valorou o
43
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
RELAÇÃO JURÍDICA
SUJEITOS
PERSONALIDADE JURÍDICA
Trata-se dum conceito estritamente qualitativo, pois nada nos diz se uma
pessoa tem muitos ou poucos direitos: «sabemos apenas que os pode ter»
CAPACIDADE JURÍDICA
44
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
PESSOA FÍSICA
Vida própria: - o ser humano deve nascer vivo, porque «os que
nascem mortos não se consideram nem nascidos nem procriados»
FACTOS JURÍDICOS
Os jurisconsultos romanos não oferecem uma teoria geral do facto jurídico e
tão-pouco do negócio jurídico. A moderna dogmática considera facto jurídico
todo o facto da vida real que produz efeitos jurídicos. (A aquisição, a
modificação ou a extinção de direitos)
NEGÓCIOS JURÍDICOS
Em sentido lato: - Facto voluntário lícito, essencialmente constituído por
uma ou várias declarações de vontade privada que se dirigem à produção
de certos efeitos práticos ou empíricos de natureza predominantemente
patrimonial, tutelados pelo ordenamento jurídico em conformidade com a
intenção do declarante ou declarantes.
CLASSIFICAÇÃO
45
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
ANORMALIDADES
46
Há sempre uma luz ao fundo do túnel
DOLO
COACÇÃO
É a violência moral que consiste na ameaça dum mal grave a uma pessoa,
património ou familiar, para que faça um determinado negócio jurídico. Os
jurisconsultos romanos falam de vis e de metus, respectivamente, para
referirem a ameaça e a situação de temor que dela resulta. Deve tratar-se
duma ameaça injusta (por isso não comete violência o credor que ameace o
devedor com o exercício dos meios executivos que a lex lhe concede), grave
(quando a ameaça é susceptível de impressionar um homo constantissimus)
e actual (não basta a simples suspeita de ameaça) Segundo a iurisprudentia
clássica, embora sob coação, a vontade não deixava de existir «embora não
quisesse se fosse livre, todavia quis, coagido». Tão-só nos negócios, que
podem dar lugar a uma actio bonae fidei, o juiz podia absolver o
demandado com base na coacção do demandante.
47