Apostila Metrologia Industrial
Apostila Metrologia Industrial
Apostila Metrologia Industrial
Industrial
Fundamentos da Confirmação Metrológica
5a Edição (Revista)
5a Edição (Revista)
Quem pensa claramente e domina a fundo aquilo de que fala, exprime-se claramente e
de modo compreensível. Quem se exprime de modo obscuro e pretensioso mostra logo que
não entende muito bem o assunto em questão ou então, que tem razão para evitar falar
claramente (Rosa Luxemburg)
© 1993, 1994 e 1995, 1996 e 1999, Revisão em 2003, Tek Treinamento & Consultoria Ltda
Salvador, Verão 2003
Prefácio
Não use adjetivos, use números!
A maioria das pessoas ainda pensa que Metrologia se refere apenas à Dimensão e
Comprimento e trata de paquímetros, micrômetros, cálibres e similares. Este preconceito
deve ser eliminado, pois Metrologia é a Ciência da Medição e se refere à medição de
qualquer grandeza física. A importância da Metrologia é evidente, pois ela é uma ferramenta
absolutamente essencial para a garantia da qualidade de qualquer produto ou serviço de
engenharia.
O presente trabalho foi escrito como suporte de um curso ministrado a engenheiros e
técnicos ligados, de algum modo, à medição de alguma grandeza física. Ele enfoca os
aspectos técnicos, físicos e matemáticos da medição da grandeza física.
Inicialmente, é apresentado o Sistema Internacional de Unidades (SI), com sua
história, características e as regras para a escrita correta de nomes, símbolos, prefixos e
múltiplos das unidades das grandezas físicas. Os Algarismos Significativos são
conceituados e tratados, para que sejam usados e entendidos corretamente. São vistos os
conceitos básicos da Estatística da Medição para tratar corretamente os erros aleatórios,
conceituando médias, desvios, distribuições e intervalos de confiança da medição.
As Quantidades Medidas são definidas e classificadas sob diferentes enfoques e são
apresentados os conceitos, unidades, formas e padrões das sete quantidades de base, das
duas suplementares e das principais derivadas, nas áreas da física, química, eletrônica e
instrumentação.
A seguir são vistas os Instrumentos de Medição, onde são apresentados os diferentes
métodos de medição, as aplicações da medição na indústria e os diferentes tipos de
instrumentos usados nas medições. O desempenho do instrumento é analisado e são
apresentadas as especificações típicas e os parâmetros da precisão e da exatidão. Os erros
aleatórios, sistemáticos e grosseiros da medição são conceituados e apresentados os meios
para eliminar, diminuir ou administrar tais erros, considerando sua fonte de origem.
Finalmente, é analisada a Confirmação Metrológica da medição, onde são definidos os
conceitos de calibração e ajuste, os diferentes tipos de padrões, as abrangências das normas
e a situação dos laboratórios nacionais (INMETRO) e internacionais.
São apresentados como Apêndices: o Vocabulário de Metrologia (A), comentários
sobre as Normas ISO 9000 (C) e a relação dos Laboratórios da Rede Brasileira de
Calibração (D) publicada em MAI 97, pela CQ Qualidade, Editora Banas.
O autor ficará mais feliz, se ao fim da leitura do presente trabalho, as pessoas passarem a
usar mais números que adjetivos.
O trabalho está continuamente sendo revisto, quando são melhorados os desenhos,
editadas figuras melhores, atribuídos os créditos a todas as fotografias usadas.
Sugestões e críticas destrutivas são benvidas, no endereço do autor: Rua Carmen Miranda
52, A 903, CEP 41820-230, Fone (0xx71) 452-3195 e Fax (0xx71) 452-4286, Móvel(071)
9989-9531 e no e-mail: [email protected]
Ezequiel, 45
• 10. Tereis balanças justas, efa justa e bato justo.
• 11. A efa e o bato serão duma mesma medida, de maneira que o bato contenha a
décima parte do hômer e a efa a décima parte do hômer; o hômer será a medida
padrão.
Amós, 8,
• 5. Quando passará a lua nova, para vendermos o grão? E o sábado, para expormos o
trigo, diminuindo a medida, e aumentando o preço, e procedendo dolosamente com
balanças enganadoras...
Miqueias, 6,
• 11. Justificarei ao que tem balanças falsas e uma bolsa cheia de pesos enganosos?
Conteúdo
2. ESTATÍSTICA DA MEDIÇÃO 27
CONTEÚDO I
Objetivos de Ensino 27
i
Metrologia Industrial
ii
Metrologia Industrial
iii
Metrologia Industrial
iv
1
Sistema Internacional (SI)
Objetivos de Ensino
1. Relatar como apareceram as unidades e se desenvolveu o sistema métrico, que se tornou
o Sistema Internacional de Unidades.
2. Apresentar as unidades, símbolos, prefixos e modificadores das quantidades físicas.
3. Recomendar as regras de formatação e escrita correta das quantidades, unidades e
símbolos do Sistema Internacional.
4. Mostrar a conversão de unidades, através da análise dimensional.
5. Conceituar valor exato e aproximado através de algarismos significativos.
6. Mostrar as regras de arredondamento, soma, subtração, multiplicação e divisão de
algarismos significativos.
7. Apresenta o formato da notação científica dos números.
8. Discutir os métodos apropriados para fazer os cálculos e apresentar o resultado de modo
conveniente e entendido para todos os ramos da engenharia.
1
Sistema Internacional
Antigüidade Algumas pessoas tem a idéia errada
As antigas civilizações já tinham que o sistema métrico atual, o SI, seja uma
percebido a necessidade de criação de criação recente e intencional para
unidades para a troca de mercadorias. Os confrontar a tecnologia americana. Ele
padrões de peso datam de 7000 A.C. e os apareceu antes de os Estados Unidos se
padrões de comprimento datam de 3000 tornarem uma potência tecnológica. A
A.C. Os babilônicos e os romanos já tecnologia americana pode realmente ser
haviam estabelecido padrões e nomes melhorada pela coerência do SI. Em 1975,
para unidades. Originalmente, os padrões nos Estados Unidos, foi decretado o Ato de
e unidades eram escolhidos por Conversão Métrica, dando à indústria
conveniência prática e se baseavam em americana a oportunidade de se mudar
medidas do corpo humano. Depois, voluntariamente para o sistema SI. Nos
verificou-se que era preferível desenvolver Estados Unidos ainda há uma resistência
padrões baseados em fenômenos naturais para mudar as unidades, principalmente
reprodutíveis em vez de padrões baseados pelos segmentos da indústria que são
no corpo humano. estritamente domésticos e pelo público em
Como existe um grande número de geral. Isto é natural, pois a mudança altera
dimensões, é necessário um sistema de um modo de vida consagrado e requer
unidades para se ter medições confiáveis e uma reeducação e aprendizado de novos
reprodutíveis e para uma boa comunicação termos.
entre todos os envolvidos com as Sistema Decimal
medições. O desenvolvimento tecnológico
A idéia de um sistema decimal de
em transportes e comunicações e o
unidades foi concebida pelo inglês Simon
aumento do comércio globalizado tem
Stevin (1548-1620). Em 1671, o padre
mostrado a necessidade de uma
francês Gabriel Mouton, definiu uma
linguagem comum de medição, um sistema
proposta para um sistema decimal,
capaz de medir qualquer quantidade física
baseando-se em medidas da Terra, em
com unidades que tenham definição clara
vez de medidas relacionadas com
e precisa e uma relação lógica com as
dimensões humanas.
outras unidades.
As unidades decimais foram também
Sistema inglês consideradas no primeiros dias da
O sistema inglês, também chamado de Academia Francesa de Ciências, fundada
imperial, é usado na Inglaterra, Estados em 1666. O que tornou o sistema métrico
Unidos e Canadá, mas mesmo nestes uma realidade foi a aceitação social e
países há muitas diferenças em seus política da Revolução Francesa. Em seu
detalhes. O insuspeito cientista inglês entusiasmo para romper as tradições
William Thompson, Barão Kelvin (1824- européias existentes, os líderes da
1907), dizia que o Sistema Imperial Inglês Revolução acreditaram que até o sistema
de unidades era absurdo, ridículo, de medição deveria ser mudado porque o
demorado e destruidor de cérebro. De fato, existente fora criado pela monarquia. Uma
a maioria das unidades se baseava em comissão de cientistas franceses foi
medidas do corpo humano, geralmente do formada para estabelecer um novo sistema
corpo do rei de plantão. Por exemplo, a de medição baseado em normas absolutas
jarda (yard) era a distância do nariz ao e constantes encontradas no universo
polegar com o braço estendido do rei físico. Tayllerand propôs um sistema
inglês Henry I (circa 1100). decimal internacional de pesos e medidas
O sistema inglês não é coerente e há a tous de temps, a tous les peuples.
vários múltiplos entre a maioria das Embora este trabalho tenha iniciado nesta
unidades. Por exemplo, para o época, a finalização da comissão foi muito
comprimento tem-se demorada e difícil.
12 polegadas para um pé
3 pés para uma jarda
1760 jardas para uma milha.
2
Sistema Internacional
Sistema CGS Sistema MKSA
O primeiro sistema métrico oficial, Depois do Tratado do Metro, tornou-se
chamado de centímetro-grama-segundo necessário definir claramente os
(CGS), foi proposto em 1795 e adotado na significados e as unidades de massa, peso
França em 1799. Em 1840 o governo e força. Em 1901, a 3a CGPM declara que
francês, em resposta a uma falta do o kilograma é uma unidade de massa e o
entusiasmo público para o uso voluntário termo peso denota uma quantidade de
do sistema, tornou obrigatório o sistema força. A decisão de definir o kilograma (e
CGC. Outros países do mundo também grama) de um modo diferente do que foi
adotaram oficialmente o sistema CGS. Em definido no sistema CGS requer um novo
1866, no início de seu desenvolvimento sistema, MKS, baseado no metro-
tecnológico, os Estados Unidos kilograma-segundo.
promulgaram um ato tornando legal o Em 1935, a Comissão Internacional de
sistema métrico. Eletrotécnica (IEC) incorpora uma quarta
Em 1873 a Associação Britânica do unidade base de corrente, o ampère. Com
Avanço da Ciência recomendou o uso do esta adição, o sistema ficou conhecido
sistema CGS e desde então ele foi como MKSA (ou Giorgi).
aplicado em todas as áreas da ciência. Por
causa do uso crescente do sistema métrico 1.3. Sistema Internacional (SI)
através da Europa, o governo francês
Em 1960, a 11a CGPM deu
convidou várias nações para uma
formalmente o nome de Systeme
conferência internacional para discutir um
International d'Unites, simbolizado como SI
novo protótipo do metro e um número de
(Sistema Internacional) e o estabeleceu
padrões idênticos para as nações
como padrão universal de unidades de
participantes.
medição. SI é um símbolo e não a
Em 1875, o Tratado do Metro definiu os
abreviatura de Sistema Internacional e por
padrões métricos para o comprimento e
isso é errado escrever S.I., com pontos.
peso e estabeleceu procedimentos
O SI é um sistema de unidades com as
permanentes para melhorar e adotar o
seguintes características desejáveis:
sistema métrico. Este tratado foi assinado
por 20 países, inclusive o Brasil. Coerente
Foi constituída a organização Ser coerente significa que o produto ou
internacional Conference Generale des o quociente de quaisquer duas unidades é
Poids et Mesures (CGPM), para fornecer a unidade da quantidade resultante. Por
uma base razoável de unidades de exemplo, o produto da força de 1 N pelo
medição precisa e universal. Esta comprimento de 1 m é 1 J de trabalho.
organização consiste do Comitê
International des Poids et Mesures (CIPM) Decimal,
que fornece a base técnica e que possui o No sistema decimal, todos os fatores
laboratório de trabalho Bureau International envolvidos na conversão e criação de
des Poids et Mesures (BIPM). A CGPM é unidades são somente potências de 10. No
constituída pelos delegados de todos os SI, as únicas exceções se referem às
estados membros da Convenção do Metro unidades de tempo baseadas no
e se reúne de seis em seis anos para: calendário, onde se tem
1. garantir a propagação e 1 dia 24 horas
aperfeiçoamento do SI, 1 hora 60 minutos
2. sancionar os resultados de novas 1 minuto 60 segundos
determinações metrológicas
fundamentais
3. adotar decisões que se relacionem
com a organização e
desenvolvimento do BIPM.
3
Sistema Internacional
Único, organizações ligadas à normalização,
No sistema, há somente uma unidade metrologia e instrumentação.
para cada tipo de quantidade física,
independente se ela é mecânica, elétrica, É uma obrigação de todo técnico
química, ou termal. Joule é unidade de entender, respeitar e usar o SI
energia elétrica, mecânica, calorífica ou corretamente.
química.
Poucas Unidades de base 1.4. Política IEEE e SI
As sete unidades de base são
separadas e independentes entre si, por A política (Policy 9.20) adotada pelo
definição e realização. IEEE (Institute of Electrical and Electronics
Engineers). A política de transição para as
Unidades com tamanhos razoáveis, unidades SI começou em 01 JAN 96,
Os tamanhos das unidades evitam a estágio 1, que requer que todas as normas
complicação do uso de prefixos de novas e revisões submetidas para
múltiplos e submúltiplos. aprovação devem ter unidades SI.
No estágio 2, a partir de 01 JAN 98, dá-
Completo se preferencia às SI. A política não aprova
O SI é completo e pode se expandir a alternativa de se colocar a unidade SI
indefinidamente, incluindo nomes e seguida pela unidade não SI em
símbolos de unidades de base e derivadas parêntesis, pois isto torna mais difícil a
e prefixos necessários. leitura do texto. É recomendável usar notas
Simples e preciso, de rodapé ou tabelas de conversão.
No estágio 3, para ocorrer após 01 JAN
O SI é simples, de modo que cientistas, 2000, propõe-se que todas as normas
engenheiros e leigos podem usá-lo e ter novas e revistas devem usar
noção das ordens de grandeza envolvidas. obrigatoriamente unidades SI. AS unidades
Não possui ambigüidade entre nomes de não SI só podem aparecer em notas de
grandezas e de unidades. rodapé ou em anexos informativos.
Não degradável Foram notadas três exceções:
O SI não se degrade, de modo que as 1. Tamanhos comerciais, como séries de
mesmas unidades são usadas ontem, hoje bitola de fios AWG
e amanhã. 2. Conexões baseadas em polegadas
3. Soquetes e plugs
Universal Quando houver conflitos com normas ou
Os símbolos e nomes de unidades práticas de indústria existentes, deve haver
formam um único conjunto básico de uma avaliação individual e aprovado
padrões conhecidos, aceitos e usados no temporariamente pelo IEEE.
mundo inteiro. A implementação do plano não requer
que os produtos já existentes, com
Conclusão parâmetros em unidades não SI, sejam
O SI oferece várias vantagens nas substituídos por produtos com parâmetros
áreas de comércio, relações internacionais, em unidades SI.
ensino e trabalhos acadêmicos e
pesquisas científicas. Atualmente, mais de
90% da população do mundo vive em
países que usam correntemente ou estão
em vias de mudar para o SI. Os Estados
Unidos, Inglaterra, Austrália, Nova
Zelândia, África do Sul adotaram
legalmente o SI. Também o Japão e a
China estão atualizando seus sistemas de
medidas para se conformar com o SI.
A utilização do SI é recomendada pelo
BIPM, ISO, OIML, CEI e por muitas outras
4
Sistema Internacional
5
3. Estilo e Escrita do SI
2. Múltiplos e Submúltiplos
3.1. Introdução
Como há unidades muito pequenas e
muito grandes, elas devem ser modificadas O SI é uma linguagem internacional da
por prefixos fatores de 10. Por exemplo, a medição. O SI é uma versão moderna do
distância entre São Paulo e Rio de Janeiro sistema métrico estabelecido por acordo
expressa em metros é de 4 x 109 metros. A internacional. Ele fornece um sistema de
espessura da folha deste livro é cerca de 1 referência lógica e interligado para todas
x 10-7 metros. Para evitar estes números as medições na ciência, indústria e
muito grandes e muito pequenos, comércio. Para ser usado sem
compreensíveis apenas para os cientistas, ambigüidade por todos os envolvidos, ele
usam-se prefixos decimais às unidades SI. deve ter regras simples e claras de escrita.
Assim, a distância entre São Paulo e Rio Parece que o SI é exageradamente
se torna 400 kilômetros (400 km) e a rigoroso e possui muitas regras
espessura da folha de papel, 0,1 relacionadas com a sintaxe e a escrita dos
milímetros (0,1 mm). símbolos, quantidades e números. Esta
Os prefixos para as unidades SI são impressão é falsa, após uma análise. Para
usados para formar múltiplos e realizar o potencial e benefícios do SI, é
submúltiplos decimais das unidades SI. essencial evitar a falta de atenção na
Deve-se usar apenas um prefixo de cada escrita e no uso dos símbolos
vez. O símbolo do prefixo deve ser recomendados.
combinado diretamente com o símbolo da Os principais pontos que devem ser
unidade. lembrados são:
1. O SI usa somente um símbolo para
Tab. 1.2 - Múltiplos e Submúltiplos qualquer unidade e somente uma
unidade é tolerada para qualquer
Prefixo Símbolo Fator de 10 quantidade, usando-se poucos
yotta Y +24 nomes.
zetta Z +21 2. O SI é um sistema universal e os
exa E +18 símbolos são usados exatamente da
peta P +15 mesma forma em todas as línguas,
tera T +12 de modo análogo aos símbolos para
giga G +9 os elementos e compostos químicos.
mega** M +6 3. Para o sucesso do SI deve-se evitar
kilo** k +3 a tentação de introduzir novas
hecto* H +2 mudanças ou inventar símbolos. Os
deca* da +1 símbolos escolhidos foram aceitos
deci* d -1 internacionalmente, depois de muita
centi* c -2 discussão e pesquisa.
mili** m -3 Serão apresentadas aqui as regras
micro** µ -6 básicas para se escrever as unidades SI,
nano n -9 definindo-se o tipo de letras, pontuação,
pico p -12 separação silábica, agrupamento e seleção
femto f -15 dos prefixos, uso de espaços, vírgulas,
atto a -18 pontos ou hífen em símbolos compostos.
zepto z -21 Somente respeitando-se estes princípios
yocto y -24 se garante o sucesso do SI e se obtém um
conjunto eficiente e simples de unidades.
Observações No Brasil, estas recomendações estão
* Exceto para o uso não técnico de centímetro e em contidas na Resolução 12 (1988) do
medidas especiais de área e volume, devem-se evitar estes Conselho Nacional de Metrologia,
prefixos. Normalização e Qualidade Industrial.
** Estes prefixos devem ser os preferidos, por terem
potências múltiplas de 3
6
Sistema Internacional
3.2. Maiúsculas ou Minúsculas S para siemens, s para segundo
M para mega e M para a grandeza
Nomes de Unidades massa
Os nomes das unidades SI, incluindo os P para peta e Pa para pascal e p para
prefixos, devem ser em letras minúsculas pico
quando escritos por extenso, exceto L para a grandeza comprimento e L
quando no início da frase. Os nomes das para a unidade litro.
unidades com nomes de gente devem ser m para mili e m para metro
tratados como nomes comuns e também H para henry e Hz para hertz
escritos em letra minúscula. Quando o W para watt e Wb para weber
nome da unidade fizer parte de um título, Os símbolos são preferidos quando as
escrever o nome das unidades SI do unidades são usadas com números, como
mesmo formato que o resto do título. nos valores de medições. Não se deve
Exemplos: misturar ou combinar partes escritas por
A corrente é de um ampère. extenso com partes expressas por
A freqüência é de 60 hertz. símbolo.
A pressão é de 15,2 kilopascals. Letra romana para símbolos
Temperatura Quase todos os símbolos SI são
No termo grau Celsius, grau é escritos em letras romanas. As duas
considerado o nome da unidade e Celsius únicas exceções são as letras gregas µ (mi
é o modificador da unidade. O grau é ) para micro (10-6) e Ω (ômega) para ohm,
sempre escrito em letra minúscula, mas unidade de resistência.
Celsius em maiúscula. O nome de unidade Nomes dos símbolos em letra
de temperatura no SI é o kelvin, escrito em minúscula
letra minúscula. Mas quando se refere à
Símbolos de unidades com nomes de
escala, escreve-se escala Kelvin. Antes de
pessoas tem a primeira letra maiúscula. Os
1967, se falava grau Kelvin, hoje, o correto
outros símbolos são escritos com letras
é kelvin. Exemplos:
minúsculas, exceto o símbolo do litro que
A temperatura da sala é de 25 graus
pode ser escrito também com letra
Celsius.
maiúscula (L), para não ser confundido
A temperatura do objeto é de 303 kelvin.
com o número 1. Exemplos:
A escala Kelvin é defasada da Celsius
A corrente é de 5 A.
de 273,15 graus
O comprimento da corda é de 6,0 m.
Símbolos O volume é de 2 L.
Símbolo é a forma curta dos nomes das Símbolos com duas letras
unidades SI e dos prefixos. É incorreto
Há símbolos com duas letras, onde
chamá-lo de abreviação ou acróstico. O
somente a primeira letra deve ser escrita
símbolo é invariável, não tendo plural,
como maiúscula e a segunda deve ser
modificador, índice ou ponto.
minúscula. Exemplos:
Deve-se manter a diferença clara entre
Hz é símbolo de hertz, H é símbolo de
os símbolos das grandezas, das unidades
henry.
e dos prefixos. Os símbolos das grandezas
Wb é símbolo de weber, W é símbolo de
fundamentais são em letra maiúscula. Os
watt.
símbolos das unidades e dos prefixos
Pa é símbolo de pascal, P é prefixo peta
podem ser de letras maiúsculas e
(1015)
minúsculas. A importância do uso preciso
de letras minúsculas e maiúsculas é Uso do símbolo e do nome
mostrada nos seguintes exemplos: Deve-se usar os símbolos somente
G para giga; g para grama quando escrevendo o valor da medição ou
K para kelvin, k para kilo quando o nome da unidade é muito
N para newton; n para nano complexo. Nos outros casos, usar o nome
T para tera; t para tonelada e T para a da unidade. Não misturar símbolos e
grandeza tempo. nomes de unidades por extenso.
7
Sistema Internacional
Exemplo correto: O comprimento foi Exemplos incorretos:
medido em metros; a medida foi de 6,1 m. O comprimento da estrada é de 110km.
Exemplo incorreto: O comprimento foi O comprimento da estrada é de 110 kms.
medido em m; a medida foi de 6,1 metros. O comprimento da estrada é de 110-km.
O comprimento da estrada é de 110 k m.
Símbolos em títulos
O comprimento da estrada é de 110 Km.
Os símbolos de unidades não devem
ser usados em letra maiúscula, como em 3.3. Pontuação
título. Quando for necessário, deve-se usar
o nome da unidade por extenso, em vez de Ponto
seu símbolo.
Não se usa o ponto depois do símbolo
Correto: ENCONTRADO PEIXE DE 200
das unidades, exceto no fim da sentença.
KILOGRAMAS
Pode-se usar um ponto ou hífen para
Incorreto: ENCONTRADO PEIXE DE
indicar o produto de dois símbolos, porém,
200 KG
não se usa o ponto para indicar o produto
Símbolo e início de frase de dois nomes.
Não se deve começar uma frase com Exemplos corretos (incorretos):
um símbolo, pois é impossível conciliar a O cabo de 10 m tinha massa de 20 kg.
regra de se começar uma frase com (O cabo de 10 m. tinha massa de 20 kg..)
maiúscula e de escrever o símbolo em A unidade de momentum é newton metro
minúscula. (A unidade de momentum é newton.metro)
Exemplo correto: Grama é a unidade A unidade de momentum é o produto N.m
comum de pequenas massas. A unidade de momentum é o produto N-m
Exemplo incorreto: g é a unidade de Marcador decimal
pequenas massas.
No Brasil, usa-se a vírgula como um
Prefixos marcador decimal e o ponto como
Todos os nomes de prefixos de separador de grupos de 3 algarismos, em
unidades SI são em letras minúsculas condições onde não se quer deixar a
quando escritos por extenso em uma possibilidade de preenchimento indevido.
sentença. A primeira letra do prefixo é Quando o número é menor que um,
escrita em maiúscula apenas quando no escreve-se um zero antes da vírgula. Nos
início de uma frase ou parte de um título. Estados Unidos, usa-se o ponto como
No caso das unidades de massa, marcador decimal e a virgula como
excepcionalmente o prefixo é aplicado à separador de algarismos.
grama e não ao kilograma, que já possui o Exemplo (Brasil)
prefixo kilo. Assim, se tem miligrama (mg) A expressão meio metro se escreve
e não microkilograma (µkg); a tonelada 0,5 m.
corresponde a megagrama (Mg) e não a O valor do cheque é de R$2.345.367,00
kilokilograma (kkg).
Aplica-se somente um prefixo ao nome Exemplo (Estados Unidos)
da unidade. O prefixo e a unidade são A expressão meio metro se escreve:
escritos juntos, sem espaço ou hífen entre 0.5 m.
eles. O valor do cheque é de
Os prefixos são invariáveis. US$2,345,367.00
Exemplo correto: O comprimento é de
110 km
8
Sistema Internacional
3.4. Plural Símbolos
Os símbolos das unidades SI não tem
Nomes das unidades com plural plural. Exemplos:
Quando escrito por extenso, o nome da 2,6 m 1m
unidade métrica admite plural, 0,8 m -30 oC
adicionando-se um s, for 0 oC 100 oC
1. palavra simples. Por exemplo:
ampères, candelas, joules, kelvins, 3.5. Agrupamento dos Dígitos
kilogramas, volts.
2. palavra composta em que o elemento Numerais
complementar do nome não é ligado Todos os números são constituídos de
por hífen. Por exemplo: metros dígitos individuais, entre 0 e 9. Os números
quadrados, metros cúbicos, unidades são separados em grupos de três dígitos,
astronômicas, milhas marítimas. em cada lado do marcador decimal
3. termo composto por multiplicação, (vírgula).
em que os componentes são Não se deve usar vírgula ou ponto para
independentes entre si. Por exemplo: separar os grupos de três dígitos.
ampères-horas, newtons-metros, Deve-se deixar um espaço entre os
watts-horas, pascals-segundos. grupos em vez do ponto ou vírgula, para
Valores entre +1 e -1 são sempre evitar a confusão com os diferentes países
singulares. O nome de uma unidade só onde o ponto ou vírgula é usado como
passa ao plural a partir de dois (inclusive). marcador decimal.
A medição do valor zero fornece um Não deixar espaço entre os dígitos e o
ponto de descontinuidade no que as marcador decimal. Um número deve ser
pessoas escrevem e dizem. Deve-se usar tratado do mesmo modo em ambos os
a forma singular da unidade para o valor lados do marcador decimal.
zero. Por exemplo, 0 oC e 0 V são
reconhecidamente singulares, porém, são Exemplos:
lidos como plurais, ou seja, zero graus
Celsius e zero volts. O correto é zero grau Correto Incorreto
Celsius e zero volt. 23 567 23.567
Exemplos: 567 890 098 567.890.098
1 metro 23 metros 34,567 891 34,567.891
0,1 kilograma 1,5 kilograma 345 678,236 89 345.678,236.89
34 kilogramas 1 hertz 345 678,236 89 345 678,23 689
60 hertz 1,99 joule
8 x 10-4 metro 4,8 metros por Números de quatro dígitos
segundo
Os números de quatro dígitos são
Nomes das unidades sem plural considerados de modo especial e diferente
Certos nomes de unidades SI não dos outros. No texto, todos os números
possuem plural por terminarem com s, x ou com quatro ou menos dígitos antes ou
z. Exemplos: lux, hertz e siemens. depois da vírgula podem ser escritos sem
Certas partes dos nomes de unidades espaço.
compostas não se modificam no plural por: Exemplos:
1. corresponderem ao denominador de 1239 1993
unidades obtidas por divisão. Por 1,2349 2345,09
exemplo, kilômetros por hora, lumens 1234,5678 1 234,567 8
por watt, watts por esterradiano.
2. serem elementos complementares de
nomes de unidades e ligados a eles
por hífen ou preposição. Por
exemplo, anos-luz, elétron-volts,
kilogramas-força.
9
Sistema Internacional
Tabelas Números especiais
As tabelas devem ser preenchidas com Há certos números que possuem regras
números puros ou adimensionais. As suas de agrupamento especificas. Números
respectivas unidades devem ser colocadas envolvendo números de peça, documento,
no cabeçalho das tabelas. Ver Tab.1.3. telefone e dinheiro, que não devem ser
alterados, devem ser escritos na forma
original. Vírgulas, espaços, barras,
Tab.1.3. Variação da temperatura e volume parêntesis e outros símbolos aplicáveis
específico com a pressão para a água pura podem ser usados para preencher os
Temperatura, T Volume, V
espaços e evitar fraudes.
Pressão,
K m3/kg Exemplos:
P R$ 21.621,90 dinheiro (real)
kPa 16HHC-656/9978 número de peça
50,0 354,35 3,240 1 610.569.958-15 CPF
60,0 358,95 2,731 7 (071) 359-3195 telefone
70,0 362,96 2,364 7
80,0 366,51 2,086 9 3.6. Espaçamentos
Múltiplos e submúltiplos
Normalmente, em tabelas ou listagens,
todos os números usam agrupamentos de Não se usa espaço ou hífen entre o
três dígitos e espaços. Adotando este prefixo e o nome da unidade ou entre o
formato, se diminui a probabilidade de prefixo e o símbolo da unidade. Por
erros. exemplo,
Assim, a primeira linha da tabela kiloampère, kA
significa milivolt, mV
Pressão P = 50,0 kPa megawatt, MW
Temperatura T = 354,35 K Valor da medição da unidade
Volume específico V = 3,240 m3/kg A medição é expressa por um valor
Gráficos numérico, uma unidade, sua incerteza e os
Os números colocados nos eixos do limites de probabilidade. O valor é
gráficos (abcissa e ordenada) são puros ou expresso por um número e a unidade pode
adimensionais. As unidades e símbolos ser escrita pelo nome ou pelo símbolo.
das quantidades correspondentes são Deve-se deixar um espaço entre o número
colocadas nos eixos, uma única vez. e o símbolo ou nome da unidade. Os
O gráfico da tabela anterior fica assim símbolos de grau, minuto e segundo são
escritos sem espaço entre os números e
os símbolos. Exemplos:
670 kHz 670 kilohertz
20 mm 10 N
36’ 36 oC
Modificador da unidade
Quando uma quantidade é usada como
adjetivo, pode-se usar um hífen entre o
valor numérico e o símbolo ou nome. Não
se deve usar hífen com o símbolo de
ângulo (o) ou grau Celsius (oC). Exemplos:
Pacote de 5-kg.
Filme de 35-mm.
Temperatura de 36 oC
Fig. 1.1. Variação da temperatura e volume com
a pressão
10
Sistema Internacional
Produtos, quocientes e por 3.8. Unidades Compostas
Deve-se evitar confusão, principalmente As unidades compostas são derivadas
em números e unidades compostos como quocientes ou produtos de outras
envolvendo produto (.) e divisão (/) e por . unidades SI.
O bom senso e a clareza devem As regras a serem seguidas são as
prevalecer no uso de hífens nos seguintes:
modificadores. 1. Não se deve misturar nomes
Símbolos algébricos extensos e símbolos de unidades.
Deve-se deixar um espaço de cada lado Não usar o travessão (/) como
dos sinais de multiplicação, divisão, soma substituto de por, quando escrevendo
e subtração e igualdade. Isto não se aplica os nomes por extenso. Por exemplo,
aos símbolos compostos que usam os o correto é kilômetro por hora ou
sinais travessão (/) e ponto (.). km/h. Não usar kilômetro/hora ou km
Não se deve usar nomes de unidades por hora.
2. Deve-se usar somente um por em
por extenso em equações algébricas e
aritméticas; usam-se os símbolos. qualquer combinação de nomes de
Exemplos: unidades métricas. A palavra por
4 km + 2 km = 6 km denota a divisão matemática. Não se
6N x 8 m = 48 N.m usa por para significar por unidade
26 N : 3 m2 = 8,67 Pa ou por cada (além do cacófato). Por
100 W : (10 m x 2 K) = 5 W/(m.K) exemplo, a medição de corrente de
10 kg/m3 x 0,7 m3 = 7 kg vazamento, dada em microampères
15 kW.h por 1 kilovolt da voltagem entre
fases, deveria ser escrita em
microampères por cada kilovolt da
3.7. Índices
voltagem entre fases. No SI, 1 mA/kV
é igual a 1 nanosiemens (nS). Outro
Símbolos
exemplo, usa-se metro por segundo
São usados índices numéricos (2 e 3) quadrado e não metro por segundo
para indicar quadrados e cúbicos. Não se por segundo.
deve usar abreviações como qu., cu, c. 3. os prefixos podem coexistir num
Quando se escrevem símbolos para símbolo composto por multiplicação
unidades métricas com expoentes, como ou divisão. Por exemplo, kN.cm,
metro quadrado, centímetro cúbico, um por kΩ.mA, kV/mm, MΩ, kV/ms,
segundo, escrever o índice imediatamente mW/cm2.
após o símbolo. 4. os símbolos de mesma unidade
Exemplos: podem coexistir em um símbolo
10 metros quadrados = 10 m2 composto por divisão. Por exemplo,
14 centímetros cúbicos = 14 cm3
kWh/h, Ω.mm2/m.
1 por segundo = s-1
5. Não se misturam unidades SI e não-
Nomes de unidades SI. Por exemplo, usar kg/m3 e não
Quando se escrevem unidades kg/ft3.
compostas, aparecem certos fatores com 6. Para eliminar o problema de qual
quadrado e cúbico. Quando aplicável, unidade e múltiplo deve-se expressar
deve-se usar parêntesis ou símbolos uma quantidade de relação como
exclusivos para evitar ambigüidade e percentagem, fração decimal ou
confusão. relação de escala. Como exemplos, a
Por exemplo, para kilograma metro inclinação de 10 m por 100 m pode
quadrado por segundo quadrado, o ser expressa como 10%, 0.10 ou
símbolo correto é kg.m2/s2. Seria incorreto 1:10 e a tensão mecânica de 100
interpretar como (kg.m)2/s2 ou (kg.m2/s)2 µm/m pode ser convertida para 0,01
%.
7. Deve-se usar somente símbolos
aceitos das unidades SI. Por
11
Sistema Internacional
exemplo, o símbolo correto para 3.9. Uso de Prefixo
kilômetro por hora é km/h. Não usar
1. Deve-se usar os prefixos com 10
k.p.h., kph ou KPH.
8. Não se usa mais de uma barra (/) em
elevado a potência múltipla de 3
qualquer combinação de símbolos, a (10-3, 10-6, 103, 106). Deve-se usar a
não ser que haja parêntesis notação científica para simplificar os
separando as barras. Como casos de tabelas ou equações com
exemplos, escrever m/s2 e não valores numéricos com vários dígitos
m/s/s; escrever W/(m.K) ou (W/m)/K antes do marcador decimal e para
e não (W/m/K. eliminar a ambigüidade da
9. Para a maioria dos nomes derivados
quantidade de dígitos significativos.
como um produto, na escrita do Por exemplo, usam-se:
nome por extenso, usa-se um espaço mm (milímetro) para desenhos.
ou um hífen para indicar a relação, kPa (kilopascal) para pressão
mas nunca se usa um ponto (.). kg/m3 (kilograma por metro cúbico)
Algumas unidades compostas podem para densidade absoluta.
2. Quando conveniente escolhem-se
ser escritas como uma única palavra,
sem espaço ou hífen. Por exemplo, a prefixos resultando em valores
unidade de momento pode ser numéricos entre 0,1 e 1000, porém,
escrita como newton metro ou sem violar as recomendações
newton-metro e nunca newton.metro. anteriores.
3. Em cálculos técnicos deve-se tomar
Também, é correto escrever watt
hora, watt-hora ou watthora, mas é muito cuidado com os valores
incorreto watt.hora. numéricos dos dados usados. Para
10. Para símbolos derivados de
evitar erros nos cálculos, os prefixos
produtos, usa-se um ponto (.) entre devem ser convertidos em potências
cada símbolo individual. Não usar o de 10 (exceto o kilograma, que é
ponto (.) como símbolo de uma unidade básica da massa).
multiplicação em equações e Exemplos:
cálculos. Exemplos: 5 MJ = 5 x 106 J
N.m (newton metro) 4 Mg = 4 x 103 kg
Pa.s (pascal segundo) 3 Mm = 3 x 106 m
4. Devem ser evitados prefixos no
kW.h ou kWh (kilowatthora)
Use 7,6 x 6,1 cosa e não denominador (exceto kg). Exemplos:
7,6.6,1.cosa Escrever kJ/s e não J/ms
11. Deve-se ter cuidado para escrever Escrever kJ/kg e não J/g
unidades compostas envolvendo Escrever MJ/kg e não kJ/g
5. Não se misturam de prefixos, a não
potências. Os modificadores
quadrado e cúbico devem ser ser que a diferença em tamanho seja
colocados após o nome da unidade a extrema ou uma norma técnica o
qual eles se aplicam. Para potências requeira. Exemplos:
maiores que três, usar somente Correto: A ferramenta tem 44 mm
símbolos. Deve-se usar símbolos de largura e 1500 mm de
sempre que a expressão envolvida comprimento.
for complexa. Incorreto: A ferramenta tem 44 mm
Por exemplo, kg/m2 , N/m2 de largura e 1,5 m de comprimento.
12. Para representações complicadas 6. Não se usam unidades múltiplas ou
com símbolos, usar parêntesis para prefixos múltiplos. Por exemplo, Usa-
simplificar e esclarecer. Por exemplo, se 15,26 m e não 15 m 260 mm; usa-
m.kg/(s3.A) se miligrama (mg) e não
microkilograma (µkg)
7. Não usar um prefixo sem a unidade.
Usar kilograma e não kilo
Usar megohm e não megs
12
Sistema Internacional
3.10. Ângulo e Temperatura 3.11. Modificadores de Símbolos
1. Os símbolos de grau (o) e grau As principais recomendações
Celsius (oC) devem ser usados relacionadas com os modificadores de
quando se escreve uma medição. símbolos são:
Quando se descreve a escala de 1. Não se pode usar modificadores dos
medição e não uma medição, deve- símbolos SI. Quando é necessário o
se usar o nome por uso de modificadores das unidades,
extenso.Exemplos: ele deve ser separado do símbolo ou
Os ângulos devem ser medidos em então escrito por extenso. Por
graus e não em radianos. exemplo, não se usam Acc ou Aca,
O ângulo de inclinação é 27o. para diferenciar a corrente contínua
2. Não se deve deixar espaço entre o e da alternada. O correto é escrever 10
C, devendo se escrever oC e não o A cc ou 10 A ca, com o modificador
C. separado do símbolo. Como o
3. A maioria das temperaturas é dada modificador não é SI, pode ser
na escala Celsius; a escala Kelvin é escrito de modo arbitrário, como cc.,
usada somente em aplicações c.c., dc ou corrente contínua.
científicas. Exemplo: 2. Nas unidades inglesas, é comum
A temperatura normal do corpo usar sufixos ou modificadores nos
humano é 36 oC. símbolos e abreviações para dar uma
4. Quando se tem uma série de valores informação adicional. Por exemplo,
de temperatura ou uma faixa de usam-se psia e psig para indicar
temperatura, usar o símbolo de respectivamente, pressão absoluta e
medição somente após o último manométrica. Psia significa pound
valor. Exemplos: square inch absolute e psig significa
A temperatura em Salvador varia de pound square inch gauge. No
18 a 39 oC. sistema SI, é incorreto colocar
As leituras do termômetro são: 100, sufixos para identificar a medição.
150 e 200 oC. Exemplos:
5. É tecnicamente correto usar prefixos Usar pressão manométrica de 13
SI com os nomes e símbolos, como kPa ou 13 kPa (manométrica) e
grau Celsius (oC), kelvin (K) e grau não 13 kPaG ou 13 kPag.
angular (o). Porém, é preferível evitar Usar pressão absoluta de 13 kPa ou
esta prática, pois os nomes 13 kPa (absoluta) e não 13 kPaA
resultantes são confusos e difíceis de ou
serem reconhecidos. É preferível 13 kPaa.
ajustar o coeficiente numérico para 3. Sempre deixar espaço após o
não usar o prefixo. símbolo da unidade SI e qualquer
6. Um método simples para comparar informação adicional. Exemplo:
altas temperaturas Celsius com Usar 110 V c.a. ou 110 V (ca) e não
temperaturas Fahrenheit é que o 110 V CA ou 110 V ca, para
valor Celsius é aproximadamente a voltagem de corrente alternada.
metade da temperatura Fahrenheit. 4. A potência e a energia são medidas
O erro percentual nesta aproximação em uma unidade SI determinada e
é relativamente pequeno para não há necessidade de identificar a
valores Fahrenheit acima de 250. fonte da quantidade, desde que 100
Para valores menores, subtrair 30 watts é igual a 100 watts,
antes de dividir por 2; isto fornece independente da potência ser
uma precisão razoável até valores elétrica, mecânica ou térmica.
Fahrenheit de -40. Exemplos:
Usar MW e não MWe (potência
elétrica ou megawatt elétrico).
Usar kJ e não kJt (kilojoule termal).
13
Sistema Internacional
4. Algarismos Significativos Qualquer dígito, entre 1 e 9 e todo zero
que não anteceda o primeiro dígito não
zero e alguns que não sucedam o último
4.1. Introdução dígito não zero é um algarismo
significativo. O status do zero é ambíguo,
O mundo da Metrologia é quantitativo e por que o zero também é usado para
depende de números, dados e cálculos. indicar a magnitude do número.
Atualmente, os cálculos são feitos com Por exemplo, não há dificuldade em
calculadoras eletrônicas e computadores, determinar a quantidade de algarismos
que executam desde operações simples de significativos dos seguintes números:
aritmética até operações que um 708 3 algarismos significativos
engenheiro nunca seria capaz de fazer 54,9 3 algarismos significativos
manualmente. Os microcomputadores se 3,6 2 algarismos significativos
tornam uma parte dominante da 8,04 3 algarismos significativos
tecnologia, não apenas para os 980,9 4 algarismos significativos
engenheiros mas para toda sociedade. As 0,830 06 5 algarismos significativos
calculadoras e computadores podem Em um número, o dígito menos
apresentar os resultados com muitos significativo é o mais à direita, dígito mais
algarismos, porém o resultado final deve significativo é o mais à esquerda. Por
ter o número de algarismos significativos exemplo, no número 2345, 2 é o dígito
de acordo com os dados envolvidos. mais significativo e 5 é o menos
Quando se executam cálculos de significativo.
engenharia e apresentam-se os dados, Para qualquer número associado à
deve-se ter em mente que os números medição de uma grandeza, os algarismos
sendo usados tem somente um valor significativos devem indicar a qualidade da
limitado de precisão e exatidão. Quando se medição ou computação sendo
apresenta o resultado de um cálculo de apresentada. Os dados de engenharia e os
engenharia, geralmente se copiam 8 ou resultados de sua computação devem ser
mais dígitos do display de uma apresentados com um número correto de
calculadora. Fazendo isso, deduz-se que o algarismos significativos, para evitar de dar
resultado é exato até 8 dígitos, um tipo de uma impressão errada de sua exatidão. A
exatidão que é raramente possível na quantidade de algarismos significativos
prática da engenharia. O número de dígitos está associado à precisão, exatidão e ao
que podem ser apresentados é usualmente método de obtenção destes dados e
muito menos que 8, por que ele depende resultados.
de problemas particulares e envolve outros
conceitos de algarismos significativos,
4.3. Algarismo Significativo e o Zero
precisão, tolerância, resolução e
conversão. O zero nem sempre é algarismo
significativo, quando incluído em um
4.2. Conceito número, pois ele pode ser usado como
parte significativa da medição ou pode ser
Dígito é qualquer um dos numerais usado somente para posicionar o ponto
arábicos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9. decimal.
Algarismo ou dígito significativo em um Por exemplo, no número 804,301 os
número é o dígito que pode ser dois zeros são significativos pois estão
considerado confiável como um resultado intercalados entre outros dígitos.
de medições ou cálculos. O algarismo Porém, no número 0,0007, os zeros são
significativo correto expressa o resultado necessários para posicionar a vírgula e dar
de uma medição de forma consistente com a ordem de grandeza do número e por isso
a precisão medida. O número de pode ser ou não significativo. Porém, se o
algarismos significativos em um resultado número 0,0007 for a indicação de um
indica o número de dígitos que pode ser instrumento digital, ele possui quatro
usado com confiança. Os algarismos algarismos significativos.
significativos são todos aqueles Também no número 20 000 os zeros
necessários na notação científica. são necessários para dar a ordem de
14
Sistema Internacional
grandeza do número e por isso nada se A notação científica serve também para
pode dizer acerca de ser ou não ser se escrever os números extremos (muito
significativo. Assim o status do zero nos grandes ou muito pequenos) de uma forma
números 20 000 e 0,007 é ambíguo e mais mais conveniente Por exemplo, seja a
informação é necessária para dizer se o multiplicação dos números:
zero é significativo ou não. Quando não há 1 230 000 000 x 0,000 000 000 051 = 0,063
informação adicional, se diz que 0,0007 e
20 000 possuem apenas 1 algarismo É mais conveniente usar a notação
significativo. científica:
No número 2,700, os zeros não são
necessários para definir a magnitude deste (1,23 x 109) x (5,1 x 10-11) = 6,3 x 10-2
número mas são usados propositadamente
para indicar que são significativos e por Na multiplicação acima, o resultado final
isso 2,700 possui quatro dígitos é arredondado para dois algarismos
significativos.. significativos, que é o menor número de
algarismos das parcelas usadas no
4.4. Notação científica cálculo.
A multiplicação dos números com
Para eliminar ou diminuir as potência de 10 é feita somando-se
ambigüidades associadas à posição do algebricamente os expoentes.
zero, o número deve ser escrito na notação Na notação científica, os números são
científica, com um número entre 1 e 10 escritos em uma forma padrão, como o
seguido pela potência de 10 conveniente. produto de um número entre 1 e 10 e uma
Usar a quantidade de algarismos potência conveniente de 10.
significativos válidos no número entre 1 e Por exemplo, os números acima podem
10, cortando os zeros no fim dos inteiros ser escritos como:
quando não forem significativos ou
mantendo os zeros no fim dos inteiros, 10 000 000 = 1,00 x 107 (3 dígitos significativos)
quando forem significativos. Deste modo, 0,000 000 12 = 1,2 x 10-7(2 dígitos
se o número 20 000 for escrito na notação significativos).
científica como 2,000 0 x 103, ele terá 5
dígitos significativos. De modo análogo, Pode-se visualizar o expoente de 10 da
notação científica como um deslocador do
20 000 = 2 x 103 1 dígito significativo ponto decimal. Por exemplo, o expoente +7
20 000 = 2,0 x 103 2 dígitos significativos significa mover o ponto decimal sete casas
20 000 = 2,00 x 103 3 dígitos significativos para a direita; o expoente -7 significa
20 000 = 2,000 x103 4 dígitos significativos mover o ponto decimal sete casas para a
esquerda.
A ambigüidade do zero em números Para fazer manualmente os cálculos de
decimais também desaparece, quando se números escritos na notação científica, as
escreve os números na notação científica. vezes, é conveniente colocá-los em forma
Os zeros à direita, em números decimais não convencional com o objetivo de fazer
só devem ser escritos quando forem contas de somar ou subtrair. Estas formas
garantidamente significativos. Por são obtidas simplesmente ajustando
exemplo, 0,567 000 possui 6 algarismos simultaneamente a posição do ponto
significativos, pois se os três zeros foram decimal e os expoentes, a fim de se obter
escritos é porque eles são significativos. os mesmos expoentes de 10. Nesta
Assim, o número decimal 0,007 pode operação, perde-se o conceito de
ser escrito de diferentes modos, para algarismos significativos.
expressar diferentes dígitos significativos: Por exemplo:
15
Sistema Internacional
16
Sistema Internacional
arbitrariamente, pois está entre 6 e 7, Para a outra resistência de R = 1,3500
muito próximo de 6. A leitura de 6,3 estaria Ω a precisão é de 0,0001 Ω, ou seja,
igualmente correta. A leitura da segunda 1,3499 Ω < R < 1,3501 Ω
escala será 6,20 pois a leitura cai entre as Se o resultado de um cálculo é R =
divisões 2 e 3, também muito próximo de 1,358 Ω e o terceiro dígito depois da
2. Também poderia ser lido 6,21 ou 6,22, vírgula decimal é incorreto, deve-se
que seria igualmente aceitável. escrever R = 1,36 Ω.
17
Sistema Internacional
21 km. As corridas de pista são de 100 m, quantidade de algarismos significativos.
800 m, 5000 m e 10 000 m. Quem corre 10 Nos displays digitais, o último dígito é o
km numa corrida de rua correu também duvidoso. Na prática, é o dígito
aproximadamente 10 000 metros. A que está continuamente variando.
distância foi medida por carro, por bicicleta Um indicador digital com quatro dígitos
com hodômetro calibrado ou por outros pode indicar de 0,001 até 9999. Neste
meios, porém, não é possível dizer que a caso, os zeros são significativos e servem
distância é exatamente de 10.000 m. para mostrar que é possível se medir com
Porém, quem corre 10 000 metros em uma até quatro algarismos significativos. O
pista olímpica de 400 metros, deve ter indicador com 4 dígitos possui 4 dígitos
corrido exatamente 10 000 metros. A significativos.
distância desta pista foi medida com uma
fita métrica, graduada em centímetros.
Poucas maratonas no mundo são
reconhecidas e certificadas como de 42
195 km, pois a medição desta distância é
complicada e cara.
18
Sistema Internacional
da ordem de ±5 oC, na faixa de 0 a 100 oC, precisão de 1%, o erro do instrumento de
o display digital basta ter 2 ½, para indicar, medição passa para 2%, por que
por exemplo, 101 oC. Não faz sentido ter
um display indicando 98,2 ou 100,4 oC pois 1% + 1% = 2% ou (0,01 + 0,01 = 0,02)
a incerteza total da malha é da ordem de
±5 oC. O mesmo raciocínio vale para um Quando se usa um padrão de 0,1%
display analógico, com escala e ponteiro. para calibrar um instrumento de medição
com precisão de 1%, o erro do instrumento
4.7. Algarismo Significativo e de medição permanece em 1%, porque 1%
Calibração + 0,1% = 1% (1+ 0,1 = 1).
Além da precisão do padrão de
Todos os instrumentos devem ser referência, é também importante definir a
calibrados ou rastreados contra um incerteza do procedimento de calibração,
padrão. Mesmo os instrumentos de para que ele seja confiável.
medição, mesmo os instrumentos padrão
de referência devem ser periodicamente 4.8. Algarismo Significativo e a
aferidos e calibrados. Por exemplo, na Tolerância
instrumentação, tem-se os instrumentos de
medição e controle, que são montados O número de dígitos decimais
permanentemente no processo. Antes da colocados à direita da vírgula decimal
instalação, eles foram calibrados. Quando indica o máximo erro absoluto. O número
previsto pelo plano de manutenção total de dígitos decimais corretos, que não
preventiva ou quando solicitado pela incluem os zeros à esquerda do primeiro
operação, estes instrumentos são aferidos dígito significativo, indica o máximo erro
e recalibrados. Para se fazer esta relativo. Quanto maior o número de
calibração, devem ser usados também algarismos significativos, menor é o erro
instrumentos de medição, como relativo.
voltímetros, amperímetros, manômetros, A precisão pretendida de um valor deve
termômetros, décadas de resistência, se relacionar com o número de algarismos
fontes de alimentação. Estes instrumentos, significativos mostrados. A precisão é mais
geralmente portáteis, também devem ser ou menos a metade do último dígito
calibrados por outros da oficina. Os significativo retido. Por exemplo, o número
instrumentos da oficina devem ser 2,14 pode ter sido arredondado de
calibrados por outros de laboratórios do qualquer número entre 2,135 e 2,145. Se
fabricante ou laboratórios nacionais. E arredondado ou não, uma quantidade deve
assim, sobe-se na escada de calibração. sempre ser expressa com a notação da
É fundamental entender que a precisão precisão em mente. Por exemplo, 2,14
do padrão de referência deve ser melhor polegadas implica uma precisão de ±0,005
que a do instrumento sob calibração. polegada, desde que o último algarismo
Quanto melhor? A resposta é um significativo é 0,01.
compromisso entre custo e precisão. Como Pode haver dois problemas:
recomendação, a precisão do padrão deve 1. Quantidades podem ser expressas
ser entre quatro a dez (NIST) ou três a dez em dígitos que não pretendem ser
(INMETRO) vezes melhor que a precisão significativos. A dimensão 1,1875"
do instrumento sob calibração. Abaixo de pode realmente ser muito precisa, no
três ou quatro, a incerteza do padrão é da caso do quarto dígito depois da
ordem do instrumento sob calibração e vírgula ser significativo ou ela pode
deve ser somada à incerteza dele. Acima ser uma conversão decimal de uma
de dez, os instrumentos começam a ficar dimensão como 1 3/16, no caso em
caro demais e não se justifica tal rigor. que a dimensão é dada com excesso
Assim, para calibrar um instrumento de algarismos significativos.
com precisão de 1%, deve-se usar um 2. Quantidades podem ser expressas
padrão com precisão entre 0,3% a 0,1%. omitindo-se os zeros significativos. A
Quando se usa um padrão de 1% para dimensão de 2" pode significar cerca
calibrar um instrumento de medição com de 2" ou pode significar uma
19
Sistema Internacional
expressão muito precisa, que deveria significativos resulta na perda da precisão
ser escrita como 2,000". No último necessária. Todas as conversões devem
caso, enquanto os zeros ser manipuladas logicamente,
acrescentados não são significativos considerando-se cuidadosamente a
no estabelecimento do valor, elas precisão pretendida da quantidade original.
são muito significativos em expressar A precisão indicada é usualmente
a precisão adequada conferida. determinada pela tolerância especifica ou
Portanto, é necessário determinar uma por algum conhecimento da quantidade
precisão implicada aproximada antes do original. O passo inicial na conversão é
arredondamento. Isto pode ser feito pelo determinar a precisão necessária,
conhecimento das circunstâncias ou pela garantindo que não é nem exagerada e
informação da precisão do equipamento de nem sacrificada. A determinação do
medição. número de algarismos significativos a ser
Se a precisão da medição é conhecida, retido é difícil, a não ser que sejam
isto fornecerá um menor limite de precisão observados alguns procedimentos
da dimensão e alguns casos, pode ser a corretos.
única base para estabelecer a precisão. A A literatura técnica apresenta tabelas
precisão final nunca pode ser melhor que a contendo fatores de conversão com até 7
precisão da medição. dígitos.
A tolerância em uma dimensão dá uma A conversão de quantidades de
boa indicação da precisão indicada, unidades entre sistemas de medição
embora a precisão, deva ser sempre envolve a determinação cuidadosa do
menor que a tolerância. Uma dimensão de número de dígitos a serem retidos depois
1,635 ±0,003" possui precisão de ± da conversão feita. Converter 1 quarto de
0,0005", total 0,001" . Uma dimensão óleo para 0,046 352 9 litros de óleo é
4,625 ±0,125" está escrita incorretamente, ridículo, por que a precisão pretendida do
provavelmente por causa da decimalização valor não garante a retenção de tantos
das frações. O correto seria 4,62 ±0,12, dígitos. Todas as conversões para serem
com uma precisão indicada de ±0,005 feitas logicamente, devem depender da
(precisão total de 0,01) precisão estabelecida da quantidade
Uma regra útil para determinar a original insinuada pela tolerância especifica
precisão indicada a partir do valor da ou pela natureza da quantidade sendo
tolerância é assumir a precisão igual a um medida. O primeiro passo após o cálculo
décimo da tolerância. Como a precisão da conversão é estabelecer o grau da
indicada do valor convertido não deve ser precisão.
melhor do que a do original, a tolerância O procedimento correto da conversão é
total deve ser dividida por 10 e convertida multiplicar a quantidade especificada pelo
e o número de algarismos significativos fator de conversão exatamente como dado
retido. e depois arredondar o resultado para o
número apropriado de algarismos
4.9. Algarismo Significativo e significativos à direita da vírgula decimal ou
para o número inteiro realístico de acordo
Conversão
com o grau de precisão implicado no
Uma medição de variável consiste de quantidade original.
um valor numérico e de uma unidade. A Por exemplo, seja um comprimento de
unidade da medição pode ser uma de 75 ft, onde a conversão métrica é 22,86 m.
vários sistemas. Na conversão de um Se o comprimento em pés é arredondado
sistema para outro, o estabelecimento do para o valor mais próximo dentro de 5 ft,
número correto de algarismos significativos então é razoável aproximar o valor métrico
nem sempre é entendido ou feito próximo de 0,1 m, obtendo-se 22,9 m. Se o
adequadamente. A retenção de um arredondamento dos 75 ft foi feito para o
número excessivo de algarismos valor inteiro mais próximo, então o valor
significativos resulta em valores artificiais métrico correto seria de 23 m. Enfim, a
indicando uma precisão inexistente e conversão de 75 ft para 22,86 m é
exagerada. O corte de muitos algarismos
20
Sistema Internacional
exagerada e incorreta; o recomendável é somas e subtrações. Se as somas e
dizer que 75 ft eqüivalem a 23 m. subtrações estão envolvidas para
Outro exemplo envolve a conversão da posterior multiplicação e divisão,
pressão atmosférica padrão, do valor faze-las, arredondar e depois
nominal de 14,7 psi para 101,325 kPa. multiplicar e dividir.
Como o valor envolvido da pressão é o 6. Em cálculos mais complexos, como
nominal, ele poderia ser expresso com solução de equações algébricas
mais algarismos significativos, como simultâneas, quando for necessário
14,693 psi, onde o valor métrico obter resultados intermediários com
correspondente seria 101,325, com três algarismos significativos extras,
dígitos depois da vírgula decimal. Porém, garantir que os resultados finais
quando se estabelece o valor nominal de sejam razoavelmente exatos, usando
14,7 o valor correspondente métrico o bom senso e deixando de lado as
coerente é de 101,3, com apenas um dígito regras acima.
depois da vírgula. 7. Quando executar os cálculos com
calculadora eletrônica ou
4.10. Computação matemática microcomputador, também ter bom
senso e não seguir as regras
Na realização das operações
rigorosamente. Não é necessário
aritméticas, cada número no cálculo é
interromper a computação em cada
fornecido com um determinado número de
estágio para estabelecer o número
algarismos significativos e o resultado final
de algarismos significativos. Porém,
deve ser expresso com um número correto
depois de completar a computação,
de algarismos significativos. Quando se
considerar a precisão global e
fazem as operações aritméticas, deve-se
arredondar os resultados
seguir as seguintes recomendações.
corretamente.
1. Fazer a computação de modo que
8. Em qualquer operação, o resultado
haja um número excessivo de
final deve ter uma quantidade de
dígitos.
algarismos significativos igual à
2. Arredonde o número correto de
quantidade da parcela envolvida com
algarismos significativos. Para
menor número de significativos.
arredondar, aumente o último
Exemplos de arredondamento para três
número retido de 1, se o primeiro
algarismos significativos:
número descartado for maior que 5.
Se o dígito descartado for igual a 5, o
1,8765 1,88
último dígito retido deve ser
8,455 8,46
aumentado de 1 somente se for
6,965 6,96
ímpar. Se o dígito descartado for
10,580 10,6
menor que 5, o último dígito retido
permanece inalterado. Soma e Subtração
3. Para multiplicação e divisão, Quando se expressam as quantidades
arredonde de modo que o número de de massa como M = 323,1 g e m = 5,722
algarismos significativos no resultado g
seja igual ao menor número de significa que as balanças onde foram
algarismos significativos contidos nas pesadas as massas tem classes de
parcelas da operação. precisão muito diferentes. A balança que
4. Para adição e subtração, arredonde pesou a massa m é cem vezes mais
de modo que o dígito menos precisa que a balança de M. A precisão da
significativo (da direita) do resultado balança de M é 0,1 g; a precisão da
corresponda ao algarismo mais balança de m é de 0,001 g.
significativo duvidoso contido na Somando-se os valores de (m + M)
adição ou na subtração. obtém-se o valor correto de 328,8 g. O
5. Para combinações de operações valor 328,822 g é incorreto pois a precisão
aritméticas, fazer primeiro as do resultado não pode ser melhor que a
multiplicações e divisões, arredondar precisão da pior balança. Para se obter
quando necessário e depois fazer a
21
Sistema Internacional
este resultado, considerou-se a massa M = Exemplo 2
323,100, inventando-se por conta própria Achar a soma das raízes quadradas dos
dois zeros. Em vez de se inventar zeros seguintes números, com precisão de 0,01
arbitrários, desprezam-se os dígitos
conhecidos da medição de m;
arredondando 5,722 para 5,7. N = 5+ 6+ 7+ 8
O valor correto de 328,8 pode ser obtido
através de dois caminhos diferentes: Usando-se a regra do dígito decimal
1. arredondando-se os dados reserva, tomam-se os dados com precisão
M = 323,1 g de 0,001.
m = 5,7 g
--------------- 2,236 + 2,449 + 2,646 + 2,828 = 10,159
M + m = 328,8 g
Arredondando-se no final, tem-se 10,16.
2. arredondando-se o resultado final Sem a regra do dígito decimal reserva
M = 323,1 g seria 10,17 (verificar).
m = 5,722 g Quando o número de parcelas é muito
--------------- grande (centenas ou milhares),
M + m = 328,822 g = 328,8 g recomenda-se usar dois dígitos decimais
reservas. Quando se somam várias
parcelas com o mesmo número de
Deste modo, o número de algarismos algarismos depois da vírgula decimal,
significativos da soma é igual ao número deve-se considerar que o máximo erro
da parcela com o menor número de absoluto da soma é maior do que das
algarismos significativos. parcelas. Por isso, é prudente arredondar
Quando há várias parcelas sendo para um dígito a menos.
somadas, o erro pode ser maior se as
parcelas forem arredondadas antes da Exemplo 3
soma. Recomenda-se usar a regra do Determinar a soma
dígito decimal de reserva, quando os
cálculos são feitos com um dígito extra e o 1,38 +8,71 + 4,48 + 11,96 + 7,33 = 33,86
arredondamento é feito somente no final
da soma.
Porém, o resultado mais conveniente é
Exemplo 1 33,9, com três algarismos significativos,
Seja a soma: que é o menor número de significativos
das parcelas.
132,7 + 1,274 + 0,063321 + 20,96 + 46,1521 O máximo erro absoluto de uma soma
ou diferença é igual à soma dos erros
máximos absolutos das parcelas. Por
Com qualquer método, o resultado final
exemplo, tendo-se duas quantidades com
deve ter apenas um algarismo depois da
precisões de 0,1 é lógico entender que a
vírgula, pois a parcela 132,7 tem apenas
soma ou diferença destas quantidades são
um algarismo depois da vírgula.
determinadas com precisão de 0,2, por
Se todas as parcelas forem
que, na pior situação, os erros se somam.
arredondadas antes da soma, se obtém
Quando há muitas parcelas, é improvável
132,7 + 1,3 + 0,1 + 21,0 + 46,2 = 201,3 que todos os erros se somem. Nestes
Usando-se a regra do dígito reserva, casos, usam-se métodos de probabilidade
tem-se para estimar o erro da soma. Um critério é
132,7 + 1,27 + 0,06 + 20,96 + 46,15 = arredondar, desprezando-se o último
201,14 algarismo significativo. Ou seja, quando
Fazendo-se o arredondamento no final, todas as parcelas tiverem n algarismos
tem-se 201,14 = 201,1. significativos, dar o resultado com (n-1)
algarismos significativos.
22
Sistema Internacional
As regras da subtração são Assim, os dígitos depois do segundo
essencialmente as mesmas da soma. algarismo significativo são duvidosos e a
Deve-se tomar cuidado quando se resposta correta para a área é:
subtraem dois números muito próximos,
pois isso provoca um grande aumento do S = 2,2 x 102 cm2
erro relativo.
Exemplo 4 O número de dígitos decimais corretos e
o máximo erro relativo indicam qualidades
semelhantes ligadas com o grau de
(327,48 ± 0,01) - (326,91 ± 0,01) =
precisão relativa. A multiplicação ou
(0,57 ± 0,02)
divisão de números aproximados
O erro relativo de cada parcela vale provocam a adição dos erros relativos
aproximadamente 0,01/300 = 0,003%. máximos correspondentes.
O erro relativo do resultado vale cerca No exemplo do cálculo da área do
de (0,02/0,57) = 3,5%, que é mais de 1000 retângulo, o erro relativo de a (5,1) é muito
vezes maior que o erro relativo das maior que o de b ( 43,1) e por isso o erro
parcelas. relativo da área S é aproximadamente
Quanto mais à esquerda, mais igual ao de a. S tem a mesma quantidade
significativo é o dígito. O dígito na coluna de algarismos significativos que a; ambos
dos décimos é mais significativo que o tem dois algarismos.
dígito na coluna dos centésimos. O dígito Se os fatores do produto são dados com
na coluna das centenas é mais significativo quantidades diferentes de algarismos
que o dígito na coluna das dezenas . decimais corretos, deve-se arredondar os
O resultado da soma ou subtração não números antes da multiplicação, deixando
pode ter mais algarismos significativos ou um algarismo decimal reserva, que é
dígitos depois da vírgula do que a parcela descartado no arredondamento do
com menor número de algarismos resultado final. quando há mais que 4
significativos. fatores com igual número de dígitos
Multiplicação e Divisão decimais corretos (n), o resultado deve ter
Quando se multiplicam ou dividem dois (n-1) dígitos decimais corretos.
números com diferentes quantidades de Exemplo 6
dígitos corretos depois da vírgula decimal, Calcular o calor gerado por uma
o número correto de dígitos decimais do corrente elétrica I percorrendo uma
resultado deve ser igual ao menor dos resistência R durante o tempo t, através de
números de dígitos decimais nos fatores.
Exemplo 5 Q = 0,24 I2 R t
Achar a área S do retângulo com
Como a constante (0,24) tem dois
a = 5,2 m
dígitos decimais corretos, o resultado final
b = 43,1 m
só poderá ter dois dígitos depois da
vírgula. Assim, não se justifica
É incorreto dizer que a área S = 224,12
praticamente tomar valores de I, R e t com
m2. Na realidade,
mais de três dígitos decimais corretos (o
a está entre 5,1 e 5,3 terceiro dígito já é o decimal reserva a ser
b está entre 43,0 e 43,2 descartado no final).
Assim, a área S está contida entre As constantes não afetam o número de
dígitos decimais corretos no produto ou
219,3 cm2 (5,1 x 43,0) divisão. Por exemplo, o perímetro do
círculo com raio r, dado pela expressão L =
228,96 cm2 (5,3 x 43,2) 2 π r, o valor de 2 é exato e pode ser
escrito como 2,0 ou 2,000 ou como se
quiser. A precisão dos cálculos depende
apenas da quantidade de dígitos decimais
23
Sistema Internacional
da medição do raio r. O número π também
é conhecido e a quantidade de Tab. 1.4. Resultados
significativos pode ser tomada Operação Resultado Limite sup Limite inf Resultado
arbitrariamente.
x+y 218,1 219,2 217,0 218
Exemplo 7 x-y 211,9 213,0 210,8 212
x.y 666,5 691,2 642,0 6,7x102
Calcular x/y 69,3548 72,0000 66,8750 69
y/x 0,01442 0,01495 0,01389 0,014
24
Sistema Internacional
as áreas finais variam de um mínimo de 81 Regra para expressar incertezas:
(9 x 9) e um máximo de 121 (11 x 11) e
como a área nominal é de 100, o valor com Incertezas industriais devem ser quase
a tolerância é de 100 - 19 (81) +21 (121). sempre arredondadas para um único
Este exemplo é interessante pois é algarismo significativo.
análogo ao cálculo da incerteza de uma
grandeza que depende de duas outras Uma conseqüência prática desta regra é
grandezas. A incerteza da grandeza que muitos cálculos de erros podem ser
resultante é igual à derivada parcial da feitos mentalmente, sem uso de
grandeza principal em relação a uma calculadora ou mesmo de lápis e papel.
grandeza vezes a incerteza desta Esta regra tem somente uma exceção
grandeza mais a derivada parcial da importante. Se o primeiro algarismo na
grandeza principal em relação a outra incerteza δx é 1, então é recomendável se
grandeza vezes a incerteza desta outra manter dois algarismos significativos em
grandeza. Ou seja, em matemática, δx. Por exemplo, se um cálculo resulta em
quando uma incerteza final de
δx = 0,14, um arredondamento para δx =
z = f(x, y) 0,1 é uma redução proporcional muito
grande de modo que é razoável reter dois
com algarismos significativos para expressar δx
x = x ± ∆x = 0,14. O mesmo argumento poderia ser
usado se o primeiro número for 2, porém a
y = y ± ∆y redução não é tão grande (metade da
redução se o algarismo fosse 1).
a incerteza ∆z é igual a Assim que a incerteza na medição é
estimada, os algarismos significativos do
∂f ∂f valor medido devem ser considerados.
∆z = y +x
∂x ∂y Uma expressão como
78,43 ± 0,04
25
Sistema Internacional
Se a incerteza fosse de 0,4 então ficaria
78,4 ± 0,4
78 ± 4
80 ± 40
26
2
Estatística da Medição
Objetivos de Ensino
1. Apresentar os fundamentos de estatística aplicados à medição, como média,
desvio, distribuição, flutuação, faixa de variação e intervalo.
2. Mostrar as expressões matemáticas e significados físicos das diferentes médias:
aritmética, ponderada e geométrica.
3. Apresentar os diferentes tipos de desvio: desvio do valor médio, de população e
da amostra.
4. Conceituar os parâmetros de medida da precisão: desvio padrão e variância.
5. Mostrar a distribuição normal e suas propriedades.
6. Apresentar os intervalos de confiança da medição.
7. Mostrar o tratamento das medidas com grandes desvios.
8. Conceituar o método de regressão para curvas de calibração.
27
Estatística da Medição
28
Estatística da Medição
29
Estatística da Medição
30
Estatística da Medição
31
Estatística da Medição
32
Estatística da Medição
Frequência relativa =
número de observaçõe s no intervalo 3.3. Significado metrológico
número total de observaçõe s
Quando se tem n medições, pode-se
quantizar estes n resultados em valores
No exemplo da lâmpada, a freqüência
iguais ou dentro de uma classe de largura
relativa de falhas para o intervalo de classe
de 2100-2199 é de 0,01 ou 10% (5/50). ∆x. Plotando a freqüência das ocorrências
(número de medições dentro das faixas) e
Tab. 2.5. A freqüência relativa em cada intervalo de os valores das medições, obtém-se um
classe das confiabilidades das lâmpadas histograma, ou gráfico com barras. É
interessante observar os tamanhos destas
barras: no centro da curva estão as
Horas Falhas Freqüência
maiores freqüências correspondendo a
relativa
valores próximos da média das medições.
1900-1999 1 1/50 = 0,02
Ou seja, as medições se distribuem em
2000-2099 2 2/50 = 0,04
torno do valor médio das medições, com
2100-2199 5 5/50 = 0,10
maior quantidade de medições próximas
2200-2299 9 9/50 = 0,18
da média e com poucas medições longe
2300-2399 12 12/50 = 0,24
das médias.
2400-2499 11 11/50 = 0,22
Aumentando o número de medições e
2500-2599 6 6/50 = 0,12
diminuindo a largura da faixa, o histograma
2600-2699 4 4/50 = 0,08
se aproxima de uma curva continua,
1,00
chamada de função de distribuição da
densidade da probabilidade das amplitudes
da medição de x.
Quando os erros são puramente
3.2. Histograma aleatórios, os resultados das n medições
Histograma é o gráfico da distribuição sucessivas são espalhados em torno do
de freqüência que ilustra os resultados valor verdadeiro, com a metade dos
obtidos da matriz e da folha dos resultados acima e a outra metade abaixo
resultados. Um gráfico comunica a do valor verdadeiro . Este valor verdadeiro
informação mais facilmente que a análise é também chamado de valor médio.
numérica. Vendo o gráfico pode-se contar Exemplo
diretamente os dados em cada intervalo de
classe e determinar o centro e o Sejam os 50 dados replicados obtidos
espalhamento dos dados da distribuição. na calibração de uma pipeta de 10 mL
O histograma é um gráfico de barras (Tab. 2.6)..
que mostra os resultados da análise da
distribuição da freqüência, comprimindo os Tab. 2.6. Dados da pipeta de 10 mL
dados em grupos lógicos. Dado Volume Dado Volume, Dado Volume,
O eixo horizontal dos x (abcissa) mostra # , ml # ml # ml
os intervalos das classes e o eixo vertical 1 9,988 18 9,975 35 9,976
2 9,973 19 9,980 36 9,990
dos y (ordenada) mostra a freqüência, 3 9,986 20 9,994 37 9,988
absoluta ou relativa. Cada intervalo de 4 9,980 21 9,992 38 9,971
classe tem um limite inferior e um limite 5 9,975 22 9,984 39 9,986
6 9,982 23 9,981 40 9,978
superior. Geralmente o menor limite da 7 9,986 24 9,987 41 9,986
primeira classe é abaixo do primeiro 8 9,982 25 9,978 42 9,982
9 9,981 26 9,983 43 9,977
número e o limite maior da última classe é 10 9,990 27 9,982 44 9,977
acima do último número da matriz. 11 9,980 28 9,991 45 9,986
12 9,989 29 9,981 46 9,978
13 9,978 30 9,968 47 9,983
14 9,971 31 9,985 48 9,980
15 9,982 32 9,977 49 9,983
16 9,983 33 9,976 50 9,979
17 9,988 34 9,983
33
Estatística da Medição
4. Médias x 1 + x 2 +...+ x n
xm = x =
Os dados podem ser reduzidos a um n
único número, para fins de comparação. A onde
média ou valor médio é o mais xm = x = valor médio ou a média
representativo de um conjunto de dados ou x1, x2, ... xn = valor de cada medição
medições. A média é o valor esperado de n = número de leituras.
uma quantidade medida do conjunto das Também pode se escrever, de modo
medições tomadas. Valor esperado não é abreviado:
o valor mais provável. A média tende a
n
ficar no centro dos dados quando eles são
arranjados de acordo com as magnitudes e ∑ xi
i =1
por isso a média é também chamada de xm =
n
tendência central das medidas. Quanto
maior o número de medições feitas, melhor
será o resultado. O valor médio é a
34
Estatística da Medição
35
Estatística da Medição
36
Estatística da Medição
A soma dos desvios não deu zero pois desvio padrão é mais adequado e útil para
há um erro de arredondamento, pois a expressar a dispersão dos dados.
média é de 52,63 aproximado para 52.6. O desvio padrão de uma população, σ,
é calculado raiz quadrada da média dos
5.4. Desvio Médio Absoluto quadrados dos desvios individuais. Tem-se
O grau de espalhamento em torno do
valor médio é a variação ou dispersão dos
σ=
∑ ( x i − µ) 2
dados. Uma medida esta variação é o n
desvio médio. O desvio médio pode
fornecer a precisão da medição. Se há um onde
grande desvio médio, é uma indicação que
os dados tomados variam largamente e a (xi - µ) é o desvio da média da ia
medição não é muito precisa. medição.
O desvio médio é a soma dos valores n é o número de dados da população
absolutos dos desvios individuais, dividido total.
pelo número de medições. Se fosse O desvio padrão pode expressar a
tomada a soma algébrica, respeitando os precisão do instrumento que fornece o
sinais, e não havendo erros de conjunto de medições. Quando o desvio
arredondamento, a soma seria zero. padrão (σ) é pequeno, a curva da
O desvio médio absoluto é dado por: probabilidade das amplitudes é estreita e o
valor de pico é grande e as medições são
D=
[x1 ] + [x 2 ] + ... + [x n ] feitas por um instrumento muito preciso.
n Quando o desvio padrão (σ) é grande, a
curva da probabilidade das amplitudes é
Exemplo larga e o valor de pico é pequeno e as
De novo, a resistência acima medições são feitas por um instrumento
Ri Rm di pouco preciso. Em qualquer caso, a área
sob a curva é igual a 1, pois a soma das
52,3 52,6 -0,3 probabilidades é igual a 1.
51,7 52,6 -0,9
53,4 52,6 +0,8 5.6. Desvio Padrão da Amostra
53,1 52,6 +0,5 O desvio padrão da amostra com
pequeno número de dados (n ≤ 20 ou para
O desvio médio absoluto é calculado alguns, n < 30) ou desvio padrão ajustado
tomando-se os di em valor absoluto é dado por:
(positivo)
n
D=
0,3 + 0,9 + 0,8 + 0,5
= 0,67 ≈ 0,7 Ω
∑ (x
i =1
i − x)2
4 s=
Para distribuições simétricas de (n − 1)
freqüência, há uma relação empírica entre
o desvio médio e o desvio padrão como: Usa-se o denominador (n - 1) por que
4 agora se tem (n - 1) variáveis aleatórias e a
desvio médio = (desvio padrão)
5 na é determinada.
O desvio padrão usado para medir a
5.5. Desvio Padrão da População dispersão dos dados sobre de uma lacuna
que é sua polarização quando o número de
O desvio médio de um conjunto de dados é pequeno. Por exemplo, quando se
medições é somente um outro método tem somente uma medida, o valor do
para determinar a dispersão do conjunto desvio se reduz a zero. Isto implica que a
de leituras. O desvio médio não é medição não tem dispersão e como
matematicamente conveniente para conseqüência, não tem nenhum erro.
manipular as propriedades estatísticas pois Obviamente este resultado é altamente
sua soma geralmente se anula e por isso o
37
Estatística da Medição
38
Estatística da Medição
39
Estatística da Medição
n
∑ (x i − x) 2
i=1
σ2 =
n
para grandes populações (n > 20) e onde n
é o grau de liberdade da população.
Tem-se, para pequenas populações (n <
20)
n
∑ (x i − x) 2
i =1
s2 =
(n − 1)
Fig. 2.3. Desvio padrão das médias
Enquanto a unidade do desvio padrão é
a mesma dos dados, a variância tem a
Deve-se ter o cuidado para não
unidade dos dados ao quadrado. Mesmo
confundir os números envolvidos. É
com esta desvantagem, a variância possui
possível ter um conjunto com N dados
as seguintes vantagens:
(base de cálculo do desvio padrão do
1. ela é aditiva,
universo),
2. ela não tem os problemas
N
associados com os sinais algébricos
∑ ( x i − µ) 2 dos erros,
i =1
σ= 3. ela emprega todos os valores dos
N
dados e é sensível a qualquer
variação no valor de qualquer dado,
dos quais se tira uma amostra com k
4. ela é independente do ponto central
dados (base de cálculo do desvio padrão
ou do valor médio, por que ela usa os
da amostra)
desvios em relação ao valor médio,
5. seu cálculo é relativamente mais
k
simples.
∑ (x i − x) 2
i =1
s=
(k − 1)
s
s=
n
5.12. Variância
A variância (V) é simplesmente o
quadrado do desvio padrão (s2). A
variância também mostra a dispersão das
medições aleatórias em torno do valor
médio.
A unidade da variância é o quadrado da
unidade das quantidades medidas.
A variância (s2) é definida para
população muito grande (essencialmente
infinita) de medições replicadas de x.
Tem-se
40
Estatística da Medição
41
Estatística da Medição
Assimetria (Skewness) n!
Cnx =
Skewness é a característica que indica x! (n − x )!
o grau de distorção em uma curva
simétrica ou o grau de assimetria. Uma Cnx é a combinação de n elementos
curva simétrica possui os lados direito e
tomados x vezes
esquerdo da lei de centro iguais. Os dois
n! é o fatorial de n, n! = n.(n-1)(n-2)...3.2.1
lados de uma curva simétrica são imagens
Para evitar os enfadonhos cálculos,
espelhadas de cada lado. Uma curva se
principalmente quando n for grande, pode-
distorce para a direita quando a maioria
se usar tabelas disponíveis na literatura
dos valores estão agrupados no lado
técnica, onde se determina P(x) a partir de
direito da distribuição.
n, x.
Curtose (Kurtosis)
Distribuição Retangular
A curtose (kurtosis) é a característica
Na distribuição retangular os valores
que descreve o pico em uma distribuição.
possíveis são igualmente prováveis. Uma
É uma medida relativa para comparar o
variável aleatória que assume cada um dos
pico de duas distribuições. Uma maior
n valores, x1, x2, ...,xn com igual
curtose significa um pico maior de
probabilidade de 1/n.
freqüência relativa, não maior quantidade
Em metrologia, os erros sistemáticos
de dados.
possuem distribuição retangular de
Há três classes de curtose: platicúrtica
probabilidade. Para qualquer valor da
(curva plana e esparramada), leptocúrtica
medição, ele é constante.
(curva com pico estreito e alto) e
mesocúrtica (intermediária entre as duas
outras).
42
Estatística da Medição
43
Estatística da Medição
44
Estatística da Medição
45
Estatística da Medição
usar a curva para determinar qual a Para uma amostra da população, tem-se
probabilidade de um erro ser maior ou
menor que um certo valor σ para cada x−x
z≈
observação. s
Pode-se calcular o erro provável quando
se tem apenas uma medição. Como o erro A variável z é o desvio da média dado
aleatório pode ser positivo ou negativo, um em unidades de desvio padrão. Assim,
erro maior que 0,675σ é provável em 50% quando
das observações. Assim, o erro provável
de uma medição é (x - µ) = σ, z é igual a um desvio padrão;
Quando (x - µ) = 2σ, z é igual a dois
e = ± 0,675 σ desvios padrão.
Quando se tem uma particular
Assim, uma medição possui três partes: destruição normal de uma variável
1. um valor indicado aleatória x, com uma dada média (µ) e
2. uma margem de incerteza ou erro ou desvio padrão (σ), achar a probabilidade
tolerância, que é o intervalo de confiança, de x cair dentro de um determinado
expresso em ±nσ, onde n é uma constante intervalo é equivalente a encontrar a área
e σ é o desvio padrão debaixo da curva limitada pelo intervalo.
3. uma probabilidade, que é a indicação Porém, pode-se achar diretamente esta
da confiança que se tem quanto ao erro área das tabelas de distribuição normal
real estar dentro da margem de incerteza padrão.
escolhida; p. ex., 99,73% quando se A curva da distribuição normal padrão
escolhe a margem de ±3σ. apresenta as seguintes propriedades:
1. A média ocorre no ponto central de
Distribuição Normal Padrão
máxima freqüência e vale zero (µ = 0).
Existe uma infinidade de curvas e 2. O desvio padrão é igual a 1 (σ = 1).
funções distribuição normal, diferentes de 2. Há uma distribuição simétrica de
acordo com o valor da média central (µ) e desvios positivos e negativos em torno da
do desvio padrão (σ). O desvio padrão média.
para a população que produz a curva mais 3. Há uma diminuição exponencial na
larga e com menor pico (B) é o dobro do freqüência quando o valor dos desvios
desvio padrão da curva mais estreita com aumenta, de modo que pequenas
o pico maior (A). O eixo dos x das curvas é incertezas são observadas muito mais
em afastamento da média em unidades de freqüentemente que as incertezas grandes.
medição (x - µ). A estatística z é normalizada e sua
Plotando as mesmas curvas, porém expressão matemática vale
usando como abscissa o desvio da média
em múltiplos de desvio padrão [(x-µ)/σ] z2
−
obtém-se uma curva idêntica para os dois 2 2
F( z ) = e
conjuntos de dados. 2π
Qualquer distribuição normal pode ser
transformada em uma forma padrão
(standard). Para fazer isso, a variável x é
expressa como o desvio de sua média µ e
dividida por seu desvio padrão σ, ou seja,
muda-se a variável x para outra variável z
dada por:
x−µ
z=
σ
46
Estatística da Medição
47
Estatística da Medição
sx sx
x−f <x<x+f (P%)
n n
48
Estatística da Medição
x = x ± tP
s
(P%) 8. Conformidade das Medições
n
8.1. Introdução
Exemplo
Mesmo com métodos válidos,
Para o conjunto de medições abaixo, instrumentos calibrados e procedimentos
determinar: cuidadosos, ainda há erros aleatórios e
1. média longe da média. Não são sistemáticos nem
2. desvio padrão estimado aleatórios, mas grosseiros. Um dado com
3. desvio padrão relativo percentual erro grosseiro é marginal (outlier). Quando
4. como os dados devem ser relatados se encontra um erro marginal, deve-se:
para um nível de 99% de confiança? 1. retira-lo do conjunto de dados
2. identifica-lo
Medições Media Desvio 3. dar razões para sua rejeição ou
46,25 46,32 -0,07 retenção, p. ex., por um teste Q.
46,40 46,32 +0,08 Quando um conjunto de dados contem
46,36 46,32 +0,04 um resultado marginal que difere
46,28 46,32 -0,04 excessivamente da média, a decisão que
deve ser tomada é rejeitar ou reter o dado.
A escolha do critério para rejeitar um
Respostas resultado suspeito tem seus perigos. Se
estabelece uma norma rigorosa que torna
1. Média a rejeição difícil, corre-se o risco de reter
resultados que são espúrios e tem um
46,25 + 46,40 + 46,36 + 46,28 efeito indevido na média. Se estabelecem
x=
4 limites indulgentes na precisão e torna fácil
a rejeição, provavelmente se jogará fora
2. Desvio padrão estimado medições que certamente pertencem ao
conjunto, introduzindo um erro sistemático
s = 0,0695 aos dados. Infelizmente, não existe uma
regra para definir a retenção ou rejeição do
3. Coeficiente de variação dado.
0,0695
CV = × 100% = 0,15%
46,32
Da tabela, tem-se
t = 5,84
5,4 × 0,0695
46,32 ± = 46,32 ± 0,20
4
49
Estatística da Medição
50
Estatística da Medição
51
Estatística da Medição
52
Estatística da Medição
53
3
Quantidades Medidas
Objetivos de Ensino
1. Conceituar as quantidades físicas quanto a energia e propriedades: intensivas ou
extensivas, variáveis ou constantes, continuas ou discretas, mecânicas ou
elétricas, dependentes ou independentes.
2. Apresentar os conceitos e notação da função e da correlação. Mostrar a função
linear.
3. Listar as sete quantidades físicas de base e as duas complementares, mostrando
seus conceitos, unidades e padrões.
4. Listar as quantidades físicas derivadas mais comumente encontrada na
Engenharia, de natureza mecânica, elétrica, química e de instrumentação,
mostrando seus conceitos, unidades, padrões e realização física.
54
Quantidades Medidas
mesma dimensão; o resultado é sem Energia e Propriedade
dimensão ou adimensional. Uma As variáveis de quantidade e de taxa de
quantidade adimensional é caracterizada variação se relacionam diretamente com
completamente por seu valor numérico. as massas e os volumes dos materiais
Exemplo de quantidade adimensional é a armazenados ou transferidos no processo.
densidade relativa, definida como a divisão As variáveis extensivas independem das
da densidade de um fluido pela densidade propriedades das substâncias. Elas
da água (líquidos) ou do ar (gases). Em determinam a eficiência e a operação em
instrumentação há vários números si do processo. As variáveis de quantidade
adimensionais úteis como número de incluem volume, energia, vazão, nível,
Reynolds, Mach, Weber, Froude. O valor peso e velocidade de maquinas de
numérico da quantidade, associado à processamento.
unidade também é adimensional. Por As variáveis de energia se relacionam
exemplo, no comprimento 10 metros (10 com a energia contida no fluido ou no
m), 10 é um número adimensional e equipamento do processo. Elas podem
metros é a unidade de comprimento usada, determinar indiretamente as propriedades
cujo símbolo é m. finais do produto e podem estar
relacionadas com a qualidade do produto.
1.3. Classificação das Quantidades Elas deixam de ser importantes assim que
As quantidades possuem características os produtos são feitos. Elas independem
comuns que permitem agrupá-las em da quantidade do produto e por isso são
diferentes classes, sob diferentes intensivas. As variáveis de energia
aspectos. incluem temperatura e pressão.
Quanto aos valores assumidos, as As variáveis das propriedades das
quantidades podem ser variáveis ou substâncias são especificas e
constantes, contínuas ou discretas. características das substâncias. Todas as
Sob o ponto de vista termodinâmico, as grandezas especificas são intensivas. Por
variáveis podem ser intensivas ou definição, o valor especifico é o valor da
extensivas. Em outras palavras, elas variável por unidade de massa. Por
podem ser variáveis de quantidade ou de exemplo, energia especifica, calor
qualidade. especifico e peso especifico. As principais
Com relação ao fluxo de energia variáveis de propriedade são: a densidade,
manipulada, as variáveis podem ser viscosidade, pH, condutividade elétrica ou
pervariáveis ou transvariáveis. térmica, calor especifico, umidade absoluta
Sob o ponto de vista de função, as ou relativa, conteúdo de água, composição
variáveis podem ser independentes ou química, explosividade, inflamabilidade,
dependentes. cor, opacidade e turbidez.
Obviamente, estas classificações se Extensivas e Intensivas
superpõem; por exemplo, a temperatura é
O valor da variável extensiva depende
uma quantidade variável contínua de
da quantidade da substância. Quanto
energia intensiva, transvariável; a corrente
maior a quantidade da substância, maior é
elétrica é uma variável continua de
o valor da variável extensiva. Exemplos de
quantidade, extensiva e pervariável.
variáveis extensivas: peso, massa, volume,
Para se medir corretamente uma
área, energia.
quantidade é fundamental conhecer todas
O valor da variável intensiva independe
as suas características. A colocação e a
da quantidade da substância. Em um
ligação incorretas do medidor podem
sistema com volume finito, os valores
provocar grandes erros de medição e até
intensivos podem variar de ponto a ponto.
danificar perigosamente o medidor.
Sob o ponto de vista termodinâmico, as
Na elaboração de listas de quantidades
variáveis de energia e das propriedades
do processo que impactam a qualidade do
das substâncias são intensivas, porque
produto final é também necessário o
independem da quantidade da substância.
conhecimento total das características da
Exemplos de variáveis intensivas: pressão,
quantidade.
55
Quantidades Medidas
temperatura, viscosidade, densidade e prática sempre há uma variabilidade
tensão superficial. natural em qualquer grandeza, deve-se
estabelecer os limites de tolerância, dentro
Pervariáveis e Transvariáveis
dos quais a grandeza se mantém
Uma pervariável ou variável através constante.
(through) é aquela que percorre o Em instrumentação, raramente se mede
elemento de um lado a outro. Uma continuamente uma constante. Como ela é
perváriável pode ser medida ou constante, basta medi-la uma única vez e
especificada em um ponto no espaço. considerar este valor em cálculos ou
Exemplos: força, momento, corrente compensações. Por exemplo, a diferença
elétrica e carga elétrica. de altura do elemento sensor e do
Uma transvariável ou variável entre dois instrumento receptor influi na pressão
pontos (across) é aquela que existe entre exercida pela coluna líquida do tubo
dois pontos do elemento. Para medir ou capilar. Esta altura é definida pelo projeto,
especificar uma transvariável são mantida na instalação e considerada na
necessários dois pontos no espaço, calibração. Ela não é medida
usualmente um ponto é a referência. continuamente, porem, quando há
Exemplos: deslocamento, velocidade, alteração de montagem, o novo valor da
temperatura e voltagem. altura é considerado na calibração do
Todos os objetos em um sistema instrumento.
dinâmico envolvem uma relação medida ou O objetivo do controle de processo é o
definida entre uma transvariável e uma de manter constante uma variável ou
pervariável. Por exemplo, o capacitor, deixá-la variar dentro de certos limites.
resistor e indutor elétricos podem ser Parâmetro é uma quantidade constante
definidos em termos da relação entre a em cada etapa da experiência, mas que
transvariável voltagem e a pervariável assume valores diferentes em outras
corrente. etapas. Deve-se escolher os parâmetros
Variáveis e Constantes mais significativos entre as várias
características do processo. Por exemplo,
A variável de processo é uma grandeza
quando se faz uma experiência para
que altera seu valor em função de outras
estudar o comportamento da pressão de
variáveis, sob observação ao longo de um
líquidos em um tanque, usando-se líquidos
tempo. Constante ou variável constante é
com densidades diferentes entre si, a
aquela cujos valores permanecem
densidade, constante para cada liquido e
inalterados durante o tempo de observação
diferente entre os líquidos, é chamada de
e dentro de certos limites de precisão.
parâmetro.
Por exemplo, seja um tanque cheio de
água. A pressão que a coluna de água Contínuas e Discretas
exerce em diferentes pontos verticais é Variável contínua é aquela que assume
variável e depende da altura. Porem, ao todos os infinitos valores numéricos entre
mesmo tempo, a densidade da água pode os seus valores mínimo e máximo. Na
ser considerada constante, com um natureza, a maioria absoluta das variáveis
determinado grau de precisão, em é continua; a natureza não dá saltos. Uma
qualquer ponto do tanque. Diz-se, então, variável contínua é medida. Exemplo de
que a pressão da água é uma quantidade uma variável contínua: a temperatura de
variável em função da altura liquida e a um processo que varia continuamente
densidade da água é uma quantidade entre 80 e 125 oC.
constante em função da altura liquida e do Variável discreta é aquela que assume
tempo. somente certos valores separados. Na
Pode-se considerar incoerente chamar prática, as variáveis discretas estão
uma constante de variável. Porem, uma associadas a eventos ou condições. Uma
quantidade constante é um caso especial variável discreta é contada. Por exemplo,
de uma quantidade variável. A constante é uma chave só pode estar ligada ou
a variável que assume somente um valor desligada. O número de peças fabricadas
fixo durante todo o tempo. Como, na é um exemplo de variável discreta.
56
Quantidades Medidas
Mecânicas e Elétricas de potencial entre dois pontos de um fio
As quantidades mecânicas são as condutor percorrido por uma corrente
derivadas do comprimento, massa, tempo constante de 1 A, quando a potência
e temperatura. São exemplos de dissipada entre estes pontos é igual a 1 W.
quantidades mecânicas: O ohm (Ω), unidade de resistência
1. área e volume que dependem elétrica, é a resistência elétrica entre dois
apenas do comprimento. pontos de um condutor quando uma
2. velocidade e aceleração que diferença de potencial constante de 1 V
envolvem comprimento e tempo. aplicada a estes pontos produz no
3. força, energia e potência que condutor uma corrente de 1 A, o condutor
envolvem massa, comprimento e não sendo fonte de qualquer força
tempo eletromotriz.
4. freqüência que depende apenas do O coulomb (C), unidade de quantidade
tempo. de eletricidade, é a quantidade de
A produção contínua de eletricidade se eletricidade transportada em 1 s por uma
tornou realidade com a invenção da pilha corrente de 1 A.
por Volta, em 1800. A análise dos circuitos O farad (F), unidade de capacitância, é
elétricos começou em 1827, quando a capacitância entre as placas do capacitor
George Simon Ohm descobriu a relação onde aparece uma diferença de potencial
entre voltagem, corrente e resistência. de 1 V quando é carregado por uma
Nesta época as unidades destas quantidade de eletricidade de 1 C.
grandezas ainda não eram estabelecidas. O henry (H), unidade de indutância
Os valores de corrente eram medidos com elétrica, é a indutância de um circuito
um arranjo de agulha compasso e bobina. fechado em que uma força eletromotriz de
Os valores da tensão elétrica eram 1 V é produzida quando a corrente elétrica
estabelecidos em termos de potencial de varia uniformemente à taxa de 1 A/s.
uma pilha voltaica específica. Os valores O weber (Wb), unidade de fluxo
de resistência eram estabelecidos em magnético, é o fluxo que, ligando um
termos da resistência de um comprimento circuito de uma volta produz nele uma
particular de fio de ferro com um diâmetro força eletromotriz de 1 V se for reduzido a
específico. zero em uma taxa uniforme de 1 s.
Era evidente a necessidade de um O tesla (T) é a densidade de fluxo de 1
sistema universal de unidades no campo Wb/m2.
elétrico, relacionadas com as unidades As principais variáveis envolvidas na
mecânicas já estabelecidas, como indústria de processo são quatro:
comprimento massa e tempo. Em 1832, temperatura (grandeza de base), pressão
Karl Friedrich Gauss mediu a intensidade (mecânica), vazão volumétrica ou mássica
do campo magnético da terra em termos (mecânica) e nível (mecânica). Em menor
de comprimento, massa e tempo. Em freqüência, são também medidas a
1849, Wilhelm Kohlraush mediu a densidade (mecânica), viscosidade
resistência em termos destas unidades. (mecânica) e composição (química).
Wilhelm Weber, em 1851, introduziu um Porem, na instrumentação, são
sistema completo de unidades elétricas manipulados os sinais pneumático (20 a
baseado em unidades mecânicas. Estes 100 kPa) e eletrônico (4 a 20 mA cc). Por
princípios de Weber formam a base do causa da instrumentação eletrônica, as
sistema atual de medições elétricas. Em quantidades elétricas como voltagem,
1861, a Associação Britânica para o resistência, capacitância e indutância se
Avanço da Ciência introduziu o ohm tornaram muito importantes, pois elas
padrão, baseado no fio de liga platina- estão ligadas naturalmente aos
prata. instrumentos eletrônicos de medição e
As unidades elétricas SI derivadas controle de processo e de teste e
podem ser definidas em função de calibração destes instrumentos.
quantidades mecânicas.
O volt (V), unidade de diferença de
potencial e força eletromotriz, é a diferença
57
Quantidades Medidas
1.4. Faixa das Variáveis assumir o controle manual do processo. O
operador deve levar os valores da variável
Faixa e Largura de Faixa novamente para dentro dos limites de
Os limites mínimo e máximo definem a operação normal, atuando manualmente
faixa (range) de operação do sistema. A nos instrumentos e equipamentos do
faixa de operação da entrada é definido processo. Quando, por motivos de falha
como estendendo de xmin até xmax. Esta em algum equipamento ou instrumento da
faixa define sua largura de faixa de entrada malha de controle automático, a variável
(span), expressa como a diferença entre os continua se afastando dos limites de
limites da faixa operação normal, geralmente são
estabelecidos outros limites de
ri = xmax - xmin desligamento (trip ou shut down). Quando
a variável atinge os valores de
De modo análogo, a faixa de operação desligamento, todo o processo é desligado,
da saída é especificada de ymix para ymax. A para proteger o operador ou os
largura de faixa da saída ou fundo de equipamentos envolvidos.
escala de operação é expressa como: Há variáveis que podem assumir
valores negativos e positivos, em função
ro= ymax - ymin do processo e da unidade usada. Por
exemplo, a pressão manométrica pode ter
Por exemplo, a faixa de temperatura de valores positivos e negativos (vácuo).
um ambiente pode ser de 15 a 30 oC. A Porem, a pressão absoluta só pode
largura de faixa vale 15 oC; (30 - 15 oC = assumir valores positivos. A temperatura
15 oC). A faixa de temperatura de -15 a 30 na escala Celsius pode assumir valores
oC tem largura de faixa de 45 oC; [30 - (- negativos ou positivos; porem, a
15) oC = 45 oC]. temperatura absoluta ou termodinâmica só
A faixa de medição sempre vai de 0 a pode assumir valores positivos, em kelvin.
100%, porem o 0% pode ser igual ou Faixa e Desempenho do Instrumento
diferente de zero. A terminologia das faixas Em Metrologia, é importante se
é a seguinte: conhecer a faixa calibrada do instrumento
0 a 100 oC - faixa normal e o seu ponto de trabalho, pois
10 a 100 oC - faixa com zero suprimido tipicamente, a precisão do instrumento é
-10 a 100 oC - faixa com zero elevado expressa ou em percentagem do fundo de
O conceito de faixa com zero elevado escala ou em percentagem do valor
ou suprimido é particularmente importante medido.
na calibração de transmissores de nível. O instrumento com erro de zero e de
Limites de Faixa largura de faixa possui precisão expressa
É importante evitar extrapolação além em percentagem do fundo de escala. Por
da faixa da calibração conhecida durante a exemplo, a medição de vazão com placa
medição pois o comportamento do sistema de orifício tem incerteza expressa em
de medição não é registrado nesta região. percentagem da vazão máxima medida ou
A faixa de calibração deve ser do fundo de escala.
cuidadosamente escolhida e deve ser Instrumento com erro devido apenas à
consistente com a faixa de operação do largura de faixa possui precisão expressa
sistema de medição. em percentagem do valor medido. Por
Na prática, uma variável pode ter limites exemplo, transmissor inteligente de
de operação normal e limites de operação pressão diferencial, turbina medidora de
anormal. Os limites de operação normal vazão.
são aqueles assumidos pela variável
quando não há problemas no controle
automático do processo. Quando há falhas
no controle automático e estes limites são
atingidos, geralmente existem alarmes que
chamam a atenção do operador para
58
Quantidades Medidas
1.5. Função Matemática onde a e b são parâmetros constantes
arbitrários.
Conceito Uma função matemática pode ser
A função é uma regra ou lei de acordo representada por:
com a qual os valores da variável 1. fórmula analítica
independente correspondem aos valores 2. tabela de valores
da variável dependente. A função é a lei de 3. gráfico.
correspondência entre os valores das Domínio ou definição da função é a
variáveis. A função é uma relação causal. totalidade dos valores que a variável
Podem existir regras para determinar o independente pode assumir.
valor da variável dependente para cada A função pode ser contínua ou discreta.
valor do argumento sem relação A função é continua quando a variação
matemática conhecida. Por exemplo, a gradual do argumento resulta em variação
temperatura ambiente varia ao longo de gradual da função, sem pulos. A função é
um dia ou de um ano, de modo aleatório e discreta quando ela possui pontos de
imprevisível. descontinuidade. A função pode ser
As variáveis podem ser independentes periódica, quando se repete em intervalos
ou dependentes de outras variáveis. As definidos. A função pode ser constante,
variáveis independentes podem se alterar quando assume um único valor. A função
arbitrariamente e são também chamadas pode assumir valores múltiplos e ser
de argumentos. Variáveis dependentes sempre crescente ou decrescente.
tem valores determinados pelos valores de Função Linear
outras variáveis independentes e são Na prática, a função linear é muito
também chamadas de funções. interessante e comum. A forma geral de
Por exemplo, a área do círculo S uma função linear é:
y = ax + b
S = π r2 onde
y é a função
r é a variável independente ou x é o argumento
argumento a e b são parâmetros constantes.
S é a variável dependente ou função. A representação gráfica de uma função
As funções podem depender de um linear é uma linha reta, onde
único argumento (área do círculo em a é a inclinação da reta
função do raio) ou de dois ou mais b é o ponto onde a reta corta o eixo y
argumentos. Por exemplo, a pressão de -b/a é o ponto onde a reta corta o eixo x
gás com massa constante, p A linearidade é um dos parâmetros da
precisão do instrumento. Ser linear é
p = RT/V conveniente pois,
1. dois pontos (ou um ponto e uma
depende da temperatura (T) e do volume inclinação) são suficientes para
do gás (V) e R é uma constante física. determinar uma reta e como
Notação conseqüência, bastaria calibrar dois
Quando y é função genérica de x, tem- únicos pontos de uma reta de
se: calibração,
2. é fácil se fazer interpolação e
y = f(x) extrapolação de pontos.
Quando se tem uma relação não-linear
onde x pode assumir certos valores é comum e conveniente linearizá-la,
particulares. através da função matemática inversa. Por
Quando a função é conhecida, pode-se exemplo, na medição da vazão com placa
ter: de orifício, onde a pressão diferencial
gerada pela placa é proporcional ao
y = ax + b (linear) quadrado da vazão que se quer medir,
usa-se o extrator de raiz quadrada para
59
Quantidades Medidas
tornar linear a relação entre a pressão pessoas. Quando se diz que o fumo reduz
diferencial e a vazão. a duração da vida de uma pessoa, também
O incremento de uma função linear é há um correlação ou dependência
diretamente proporcional ao incremento do correlativa, porque, embora haja muitas
argumento: exceções, experimentalmente se verifica
∆y = k ∆x que a vida média dos não fumantes é
maior do que a dos fumantes, quando se
Esta propriedade do incremento é a considera a distribuição da probabilidade
base da interpolação linear. Suponha que da duração da vida.
se conheçam os valores de uma função y = Define-se como coeficiente de
f(x) para correlação a medida da interdependência
x = xo e x = (xo + h): entre duas variáveis. O coeficiente varia
continuamente entre +1 e -1, passando
f(xo) = yo pelo valor zero intermediário. Quando o
(fxo + h) = y1 coeficiente é zero, não há correlação entre
as duas variáveis e elas são totalmente
mas os valores para a função y para x independentes. O coeficiente de correlação
entre x0 e (x0 + h) sejam +1 indica uma correlação positiva perfeita,
desconhecidos. A função pode ser quando uma variável é linear e diretamente
substituída por um segmento de reta que proporcional a outra; quando uma aumenta
1. assuma mesmos valores para x0 e a outra também aumenta. O coeficiente de
(x0 + h) correlação -1 indica uma correlação
2. substitua a função por uma linha reta negativa perfeita, onde uma variável é
entre x0 e (x0 + h) inversamente proporcional a outra; quando
uma aumenta a outra diminui linearmente.
y1 − yo Deve-se distinguir claramente entre a
y = yo + ( x − xo )
h relação determinística (função
Tal substituição é possível e válida no matemática), onde não há exceção alguma
caso da função f(x) diferir levemente da e a dependência correlativa (correlação),
função linear no intervalo entre xo e (xo + onde há muitas exceções que contradizem
h). A interpolação é usada, na prática, em a relação, mas que não afetam a validade
tabelas com pequenos intervalos e quando geral da inferência de probabilidade.
os sucessivos valores da função diferem
levemente entre si. A extrapolação linear 2. Quantidades de Base do SI
se processa de modo semelhante.
As unidades SI são divididas em três
Correlação
classes:
Correlação é a relação entre duas 1. unidades de base
variáveis aleatórias que não é função 2. unidades suplementares
determinística. Por exemplo, a relação 3. unidades derivadas
entre o peso e a altura das pessoas é uma As sete grandezas de base possuem os
correlação. O peso não depende seguintes nomes (unidades), dimensão:
unicamente da altura da pessoa. Se o peso 1. comprimento (metro), L
fosse função apenas da altura, todas as 2. massa (kilograma), M
pessoas mais altas seriam mais pesadas 3. tempo (segundo), T
que as mais baixas. Mas, na realidade, 4. temperatura (kelvin), Θ
pessoas de mesma altura tem pesos 5. corrente elétrica (ampere), I
diferentes e pessoas com alturas 6. quantidade de matéria (mol), N
diferentes podem ter pesos iguais. Mesmo 7. intensidade luminosa (candela), J.
com tantas exceções, há uma correlação As grandezas de base eram
entre a altura e o peso das pessoas, e de anteriormente chamadas de grandezas
um modo geral, as pessoas mais altas fundamentais. As sete unidades base
pesam mais que as pessoas mais baixas. foram selecionadas pela CGPM ao longo
Outro exemplo, é a correlação entre o do tempo e para atender as necessidades
ato de fumar e a duração da vida das dos cientistas em suas áreas de trabalho.
60
Quantidades Medidas
As primeiras quantidades definidas eram 2.1. Comprimento
de natureza mecânica. Depois se definiu a
grandeza elétrica (corrente), a Introdução
termodinâmica (temperatura), luminosa O comprimento é uma grandeza de
(intensidade luminosa) e a química base cujo símbolo é L. Na prática, o
(quantidade de matéria). comprimento vem em outros parâmetros,
Há três quantidades totalmente como variação relativa (m/m), área (m2),
independentes: massa, comprimento, volume (m3), ângulo (m/m), velocidade
tempo. Somente a massa tem um padrão (ms-1) e aceleração (ms-2).
material. Hoje, pesquisa-se para se reduzir A medição de comprimento pode ser de
as unidades a duas independentes: massa valor absoluto e relativo. A medição do
e tempo. As unidades de base são bem comprimento absoluto requer um padrão
definidas e independentes definido; para medir comprimento relativo o
dimensionalmente. padrão não é fundamental. É diferente
As duas unidades suplementares foram medir o comprimento de uma estrutura em
adicionadas na 11a CGPM (1960). termos absolutos e medir a variação da
1. ângulo plano (radiano) estrutura provocada por uma tensão
2. ângulo sólido (esterradiano). mecânica.
Como a CGPM deixou de chamá-las de Experimentalmente se percebe que o
base ou derivadas, elas são consideradas espaço pode ser descrito em termos de
suplementares. Foram levantadas três parâmetros de comprimento (x, y, z).
questões acerca da razão destas unidades Três coordenadas são suficientes para
não serem adotadas como de base. Por descrever a posição de um ponto no
analogia, elas poderiam ser consideradas espaço. Restringindo-se o grau de
como de base. liberdade mecânica, define-se a posição.
Para medir a posição ao longo de uma reta
definida, basta um comprimento. Para
Tab. 3.1 - Grandezas e Unidades de Base SI plotar a posição em um plano definido são
necessários dois sensores. Estes
Quantidade Física Unidade Símbolo conceitos são muito importantes em
Comprimento metro m robótica, pois um robô é um controlador de
Massa kilograma kg posição.
Tempo segundo s
Temperatura kelvin K Unidades
Corrente elétrica ampere A A unidade SI de comprimento é o
Intensidade luminosa candela cd
Quantidade de substância mol mol metro, com símbolo m.
A etimologia da palavra metro é metron,
grego, que significa medir e este termo foi
Em 1980, a CIPM decidiu, para manter usado pela primeira vez em 1670, pelo
a coerência interna do SI, considerar as padre matemático Gabriel Mouton (1618-
unidades radiano e esterradiano como 1694), que definiu 1 metro como 1/10 000
unidades derivadas sem dimensão. 000 da distância entre o Equador e o Polo
As unidades derivadas são aquelas Norte da Terra.
formadas pelas relações algébricas entre Em 1790, Laplace definiu o metro pelo
as unidades de base, suplementares e mesmo procedimento, porem usou
outras derivadas. múltiplos de 10, dividindo o ângulo reto em
A classificação das unidades SI em três 100 graus (em vez de 90) e o grau em 100
classes é arbitrária e não é realmente minutos (em vez de 60) e 1000 metros
importante para usar e entender o sistema. eram a distância de 1 minuto deste grau na
As três classes de unidades formam um superfície da Terra. Usando o mesmo
sistema de medição coerente, pois o procedimento, porem, com o ângulo reto
produto ou quociente de qualquer de 90 graus e o grau com 60 minutos,
quantidade com múltiplas unidades é a 1000 metros seriam equivalentes a uma
unidade da quantidade resultante. milha náutica, ou seja, o metro valeria
1,853 184 metros atuais. Posteriormente, o
61
Quantidades Medidas
metro foi definido de modo a ser igual a alem de alguns 20 centímetros. Para se
1/10 000 000 da distância do Polo Norte ao obter o número requerido de comprimentos
Equador, ao longo do meridiano da terra de onda para um metro, várias medições
passando por Dunquerque, França e individuais eram feitas por sucessão e
Barcelona, Espanha, duas cidades ao nível adicionadas. Este procedimento de
do mar e no paralelo 45o. Desse modo, a medição, por sua natureza, aumenta a
circunferência da terra tem probabilidade de erro. Mas, a despeito
aproximadamente 40 000 000 m. O metro destas limitações, a exatidão está dentro
atual é aproximadamente igual ao wand, de 2 partes em 108.
unidade padrão de comprimento criada no A 17a CGPM (1983) redefiniu o metro
Egito em 3500 A.C., para medir a variação como a distância percorrida pela luz,
do nível do Rio Nilo, para fins de coleta de durante a fração de 1/299 792 458 de um
água e irrigação. segundo, no vácuo. Esta nova definição dá
Na 1a CGPM (1889) o metro foi definido uma exatidão 10 vezes melhor que a da
como o padrão físico constituído de uma técnica com Kr-86, cerca de 2 partes em
barra de platina (90%) e irídio (10%), que 10-9.
era considerado o Metro Protótipo Na prática industrial, raramente se exige
Internacional. este grau de exatidão, porem deve-se ter
uma margem adequada para compensar a
perda de incerteza toda vez que os
padrões são transferidos para um aparato
mais conveniente. O valor da velocidade
da luz, c, igual a 299 792 458 ms-1 é o
resultado de padrões numéricos escolhidos
para o tempo e comprimento. Assim, o
valor da velocidade da luz não é uma
constante fundamental. Os padrões de
tempo (com incerteza de 10-14) são mais
Fig. 3.1. Corte da barra do Metro Protótipo reprodutíveis em termos de incerteza que
Internacional os de comprimento (incerteza de 10-8), de
modo que, se a velocidade da luz é
definida como um número fixo, então, em
A 7a CGPM (1927) definiu o metro princípio, o padrão tempo servirá como um
como a distância entre dois traços padrão de comprimento, desde que exista
gravados sobre a barra de platina iridiada, um aparato conveniente para converter
apoiada sobre dois rolos de, no mínimo, 10 tempo para comprimento através da
mm de diâmetro, situados simetricamente velocidade da luz.
num mesmo plano horizontal à distância de A realização do metro recomendada
571 mm um do outro, a 0o C e à pressão pela 17a CGPM (1983) é obtida por um
atmosférica normal . Pela comparação dos seguintes métodos:
física das linhas desta barra com um 1. através do comprimento L do trajeto
protótipo secundário se consegue uma percorrido por uma onda
exatidão dentro de 2 partes em 107 eletromagnética plana, no vácuo,
A 11a CGPM (1960) substituiu o padrão durante um intervalo de tempo t (L =
físico do metro por padrão de receita. O ct) ou
metro foi definido como o comprimento 2. através do comprimento de onda no
igual a vácuo de uma onda eletromagnética
1 650 763,73 vezes o comprimento de de freqüência f (L = c/f).
onda da radiação de transição entre as A realização mais prática do metro é
linhas laranja vermelha, níveis 2p10 e 5d5 pela medição do comprimento da radiação
do espetro do átomo de Kr-86, no vácuo. 630 nm do laser hélio neon estabilizado
Esta definição tem problemas, o principal é por iodo, que dá uma precisão de 3 partes
que este número somente é conseguido em 1011. Os padrões secundários são
por extrapolação, pois não é possível calibrados por interferometria, com
estender uma quantidade exata de ondas precisão de 10-9.
62
Quantidades Medidas
As outras unidades de comprimento Padrões e Calibração
usadas incluem o milímetro, centímetro, O padrão de comprimento era uma
kilômetro e micrômetro. Estes múltiplos e barra de platina irídio preservada em
submúltiplos servem para selecionar Sèvres, França. Atualmente o metro é
prefixos que sejam múltiplos de 1000. redefinido em termos de receita.
O uso do milímetro (mm) é comum em Na prática laboratorial, o interferômetro
desenhos mecânicos. Os valores a laser é usado, com incerteza de 10-8. O
expressos em milímetros devem ser interferômetro óptico é fácil de usar e é
números inteiros, a não ser que a precisão preciso, mas muito caro.
requeira dígitos depois da vírgula. Na prática industrial, a medição de
O centímetro é usado apenas em peças é feita através de paquímetros e
medidas não técnicas e em produtos de micrômetros, que são calibrados com
consumo. Também é usado em unidades blocos padrão (gage block). Os blocos são
derivadas, como pressão (kgf/cm2), de aço dimensionalmente estável e duro e
condutividade (S/cm). formam um conjunto que fornece
dimensões precisas em uma grande faixa
em pequenos degraus. Os blocos são os
padrões de comprimento da indústria. As
Fig. 3.2. Régua metálica para medição de
comprimentos com pequena precisão
oficinas mecânicas devem ter conjuntos de
blocos, que devem ser periodicamente
enviados a um laboratório externo para fins
de calibração e certificação.
Para comprimentos da ordem de
metros, fitas flexíveis são usadas, por
causa do baixo custo e grande facilidade
de manuseio. Elas devem ser calibradas
contra interferômetros a laser, com
incertezas de 10-6. Para aplicações
Fig. 3.3. Paquímetro para medir pequenas industriais, é fácil calibrar os medidores de
dimensões comprimento. O problema mais sério da
calibração é o grande tempo envolvido,
pois o padrão deve ser observado por um
período longo para garantir que ele seja
estável durante a calibração.
63
Quantidades Medidas
64
Quantidades Medidas
7. calibrar periodicamente a balança e
Tab.3.2 - Classificação de Balanças os pesos associados.
Na indústria são usados pesos padrão
Classe Nome da Classe Intervalos da escala para calibrar e determinar a exatidão das
I Especial 50 000 < na balanças. O peso padrão é um objeto com
(Fina) massa conhecida, feito de material
II Alta exatidão 5 000 <n < 100 resistente à corrosão (bronze, ouro, prata,
(Precisão) 000 platina, aço inoxidável, ligas nobres). Os
III Média exatidão 500 < n < 10 000 laboratórios nacionais estabelecem classes
(Comercial) de pesos, com limites de tolerância
IV Exatidão ordinária 100 < n < 1 000 aceitáveis e especificações para materiais
(Grosseira) e construção. Por exemplo, em uma
oficina, os pesos de Classe S são usados
a
n - número de intervalos da escala para calibração de rotina e para aferição
Balança de balanças analíticas.
A balança é um instrumento para a
comparação de massas e pesos. A
balança analítica é um instrumento de
pesagem com uma capacidade máxima
que varia de uma grama a alguns
kilogramas com uma precisão mínima de
10-5, na capacidade máxima. A balança
mecânica se baseia no princípio da
alavanca de primeira classe (o ponto de
apoio está entre as duas forças). As
balanças mecânicas analíticas podem ser
do tipo de braços iguais e do tipo de
substituição. Atualmente, são disponíveis
balanças eletrônicas, com detetor de nulo,
malha de realimentação para controlar a
força de balanço e indicação digital com
precisão típica de 10-6. O sensor da Fig. 3.8. Balança eletrônica analítica. (Toledo)
balança é o strain-gage.
No uso de balanças de precisão são
requeridos alguns cuidados para minimizar Massa e Peso (Força)
as incertezas, como:
1. qualquer balança deve ser colocada Massa é uma medida invariante da
em um suporte sólido, de mármore quantidade de matéria de um objeto. Peso
ou concreto e distante de fontes de é a força de atração entre um objeto e a
calor, vibração e corrente de vento, Terra e varia com a posição geográfica. O
2. nivelar a balança, peso P de um corpo com massa m, em um
3. não colocar objetos além da local com aceleração da gravidade g, vale:
capacidade nominal da balança, P = mg
3. a balança deve ser limpa após o uso, Há confusão entre força e massa,
4. não usar ou colocar material principalmente por que já foi usada a
corrosivo próximo da balança, unidade base de kilograma força para
5. o braço de suporte da balança deve força. Atualmente, no SI há uma unidade
estar sempre engajado. Quando não base para massa (kilograma) e outra
em uso, todos os pesos devem ser unidade derivada para força (newton). O
voltados para a posição zero e os peso é uma força, resultante da gravidade
pratos colocados na posição suporte, da Terra e como tal, sua unidade é
6. estudar o manual da balança também o newton. Porém, o peso também
fornecido pelo fabricante, é expresso como kilograma força. Por
preguiça, expressa-se o peso em unidade
65
Quantidades Medidas
de kilograma, criando a confusão: peso é
massa ou força? O peso é uma força.
A unidade SI de força é o newton, onde:
1 N = 1 kg . 1 m/s2
66
Quantidades Medidas
2.3. Tempo Definições
O tempo é uma grandeza atípica, pois é
Introdução a única cuja unidade não pode ser
O tempo é a variável mais presente na colocada lado a lado para aumentar ou
vida das pessoas embora seja também a diminuir uma escala.
menos entendida. Percebe-se que o tempo Qual é a duração de um segundo e
envolvido tem o valor alterado com a como é possível armazenar esta medição?
passagem de eventos mas não se tem o As tentativas da medição do tempo através
conceito de tempo absoluto. O que pode e do movimento do pêndulo se mostraram
realmente é medido é a noção de intervalo inexatas por causa da dificuldade de medir
de tempo, duração de seqüências e de exatamente as posições do pêndulo móvel.
eventos. Assim, o tempo é definido como o O segundo foi inicialmente definido
intervalo entre dois eventos e as medições como a fração de 1/86 400 do dia solar
deste intervalo são feitas pela comparação médio (período médio da revolução da
com algum evento reprodutível. Por Terra sobre seu eixo) Como o dia solar não
exemplo, o tempo requerido para a Terra é constante mas varia com a velocidade de
orbitar em torno do sol (um ano) e o tempo rotação da Terra, cerca de 3 segundos por
requerido para a Terra rodar em torno de ano, foi selecionado um novo padrão mais
seu próprio eixo (um dia). O tempo de exato e reprodutível.
efeméride é baseado nas medições A 11a CGPM (1960) redefiniu o
astronômicas do tempo requerido pela segundo baseando-se no ano trópico. Por
Terra para orbitar o Sol. O tempo sideral é esta definição sugerida pela União
o tempo de rotação da Terra relacionada Astronômica Internacional e para uso
com as estrelas distantes e é usado em científico, o segundo vale
astronomia. O tempo solar é o tempo da 1/31 556 925,974 7 do ano tropical no
rotação da Terra com relação ao Sol e é tempo de 12 h das efemérides de 0 janeiro
usado na vida diária. 1900. O tempo de efeméride é uma
Há 4000 anos (intervalo de tempo), os medida uniforme do tempo definido pelo
egípcios mediam o tempo através da movimento orbital dos planetas. Uma falha
sombra de uma vara. Os romanos e grave desta definição é que não se pode
gregos melhoraram o princípio da sombra medir um intervalo de tempo pela
com o relógio solar. Algumas sociedades comparação direta com o intervalo de
ainda marcam o tempo com ampulhetas tempo definindo o segundo. A medição
cheias de areia ou líquidos, gotejamento astronômica do tempo resulta em erro
de água e queima de velas. No século XV, provável estimado de 10-9 que é muito
na Europa, foi inventado o mecanismo do grande em comparação com a definição do
relógio. No século XVI apareceu o relógio segundo.
de bolso. Estes relógios eram puramente
mecânicos e se baseavam em molas,
engrenagens e alavancas. Depois foi
criado o relógio eletrônico, alimentado com
bateria e com um pequeno diapasão que
mantinha uma freqüência natural de 360
Hz ou aproximadamente a freqüência da
nota musical Dó. Atualmente são usados
relógios eletrônicos com circuitos
integrados e com cristais piezoelétricos
(quartzo) para geração de freqüências
constantes. Fig. 3. 10 Definição do segundo
67
Quantidades Medidas
O átomo exibe transições de nível de Realização
energia hiperfina muito regulares e é Diversos laboratórios credenciados
possível contar estes ciclos de energia. A possuem aparelhos para produzir
13a CGPM (1967) redefiniu o segundo oscilações elétricas com a freqüência de
como a duração de 9 192 631 770 vibração do átomo de Ce-133. Os padrões
períodos da radiação correspondente à de tempo de césio são disponíveis
transição entre os dois níveis hiperfinos do comercialmente, com incertezas da ordem
estado básico do átomo de Ce133. O de 10-13 e 10-14.
segundo é realizado por um relógio de Os sinais horários difundidos por ondas
césio, com precisão de 2 partes em 1011. de rádio são dados na escala do Tempo
Pode-se obter precisão de 1 parte em Universal Coordenado (UTC), cujo
1012. O relógio atômico não atrasa ou emprego foi recomendado pela 15a CGPM
adianta um segundo em 6 000 anos. (1975). O UTC difere do Tempo Atômico
Unidades Internacional (TAI) de um número inteiro
de segundos. A diferença UTC-TAI foi
A unidade base SI do tempo é o
fixada em -10 s no dia 1o janeiro de 1972 e
segundo, com o símbolo s.
tornou-se igual a -22 s em 1o de janeiro de
Além do segundo, outras unidades
1985. Periodicamente há correções no
continuam sendo usadas, principalmente
UTC, preferivelmente em fim de dezembro
os ciclos do calendário, como ano, dia e os
ou de junho (solstícios) ou fim de março
múltiplos do segundo, como minuto e hora.
ou de setembro (equinócios), de modo que
Exemplos destes usos são: velocidade em
o UTC permaneça próximo do tempo
kilômetro por hora (km/h) e velocidade
definido pela rotação da Terra com
rotacional de máquina em rotações por
aproximação menor que 0,9 s. Os tempos
minuto (r/min) ou RPM. Os ciclos do
legais dos países estão defasados de um
calendário, como dia, semana, mês e ano,
número inteiro de horas (fusos horários) de
devem ser evitadas pois há muitas
acordo com o UTC e a cidade de
interpretações diferentes. Quando usados,
Greenwich (Inglaterra) é a hora de
os ciclos do calendário devem ser
referência.
definidos; por exemplo, um mês pode ser
A exatidão da medição do tempo pode
1/12 do ano ou 30 dias.
requerer correções da relatividade,
Excepcionalmente, as unidades de
principalmente quando os relógios de
tempo não estão relacionadas em
comparação estão distantes.
potências de 10; tem-se:
O TAI é definido como a escala de
60 segundos equivalem a 1 minuto
tempo coordenada estabelecida por um
60 minutos equivalem a 1 hora
sinal de referência geocêntrica como a
24 horas equivalem a 1 dia
unidade da escala de segundo do SI, tal
A ISO propôs uma nova seqüência de
que ela seja realizada pelo geoide em
dígitos para indicar datas. A nova
rotação. Para os relógios fixos em relação
seqüência sugerida é do tipo YMD (ano,
à Terra e ao nível do mar, o segundo do
mês e dia). Por exemplo 27 de maio de
TAI é igual ao segundo realizado
1943 deve ser escrito como 1943-05-27.
localmente. A 2000 m de altitude ele se
Este formato mostra a seqüência lógica em
mostra mais longo (+2,2 x 10-13 s).
que os dados devem ser cronologicamente
armazenados. Padrões
O tempo do dia também pode ser Na indústria, são usados contadores
expresso em quatro dígitos, baseados nas eletrônicos, que são instrumentos
24 horas do dia. Por exemplo, 12:34 (doze multitarefa baseados em circuitos digitais
horas e trinta e quatro minutos). A hora do para medir tempo e outras quantidades
dia pode ser expressa em base de 24 correlatas, como freqüência, totalização,
horas por dia ou em 12 horas antes do período, relação de períodos, intervalo de
meio dia e 12 horas depois do meio dia. É tempo e média. O componentes usados
o sistema americano AM (anti meridien) e nestes instrumentos incluem um relógio
PM (pos meridien). interno, portas lógicas, comparadores,
escalonadores e contadores.
68
Quantidades Medidas
O relógio interno, que fornece a base de 2.4. Temperatura
tempo para o contador eletrônico digital, é
o sensor de tempo. O relógio é um Conceito
oscilador a cristal que gera um trem de A temperatura é uma quantidade
pulsos. O circuito oscilador incorpora um fundamental, conceitualmente diferente na
cristal piezoelétrico (quartzo) para dar natureza do comprimento, tempo e massa.
estabilidade ao circuito. O oscilador é Quando dois corpos de mesmo
acionado na freqüência natural do cristal e comprimento são combinados, tem-se o
a realimentação do cristal mantém a comprimento total igual ao dobro do
freqüência do oscilador igual à freqüência original. O mesmo vale para dois intervalos
natural durante longos períodos de tempo. de tempo ou para duas massas. Assim, os
A estabilidade a longo prazo da freqüência padrões de massa, comprimento e tempo
varia em função da qualidade do oscilador, podem ser indefinidamente divididos e
de uma parte em 105 a uma parte em 108. multiplicados para gerar tamanhos
A estabilidade a curto prazo, medida em arbitrários. O comprimento, massa e tempo
horas, é de uma parte em 109 . Pequenas são grandezas extensivas. A temperatura é
variações de freqüência ocorrem devidas uma grandeza intensiva. A combinação de
ao envelhecimento do cristal e são da dois corpos à mesma temperatura resulta
ordem de 1 a 10 ppm (parte por milhão) exatamente na mesma temperatura.
por ano. A maioria das grandezas mecânicas,
Um contador eletrônico comercial típico, como massa, comprimento, volume e
de uso geral, de preço moderado tem uma peso, pode ser medida diretamente. A
resposta de freqüência de 10 MHz e possui temperatura é uma propriedade da energia
display de 8 dígitos. e a energia não pode ser medida
Na indústria, se usa também o UTC diretamente. A temperatura pode ser
através dos serviços telefônicos de Hora medida através dos efeitos da energia
Certa (ramal 130) das concessionárias. calorífica em um corpo. Infelizmente estes
efeitos são diferentes nos diferentes
materiais. Por exemplo, a expansão termal
dos materiais depende do tipo do material.
Porém, é possível obter a mesma
temperatura de dois materiais diferentes,
se eles forem calibrados. Esta calibração
consiste em se tomar dois materiais
diferentes e aquecê-los a uma determinada
temperatura, que possa ser repetida.
Coloca-se uma marca em algum material
de referência que não tenha se expandido
ou contraído. Depois, aqueça os materiais
em outra temperatura determinada e
repetível e coloque uma nova marca, como
antes. Agora, se iguais divisões são feitas
entre estes dois pontos, a leitura da
temperatura determinada ao longo da
Fig. 3.11. Ampulheta para medir tempo região calibrada deve ser igual, mesmo se
as divisões reais nos comprimentos dos
materiais sejam diferentes.
Um aspecto interessante da medição de
temperatura é que a calibração é
consistente através de diferentes tipos de
fenômenos físicos. Assim, uma vez se
tenha calibrado dois ou mais pontos
determinados para temperaturas
específicas, os vários fenômenos físicos de
expansão, resistência elétrica, força
69
Quantidades Medidas
eletromotriz e outras propriedades físicas gerada por uma junção com dois materiais
termais, irá dar a mesma leitura da distintos, a temperatura de fusão do sólido
temperatura. e de vaporização do liquido.
Escalas
Para definir numericamente uma escala
de temperatura, deve-se escolher uma
temperatura de referência e estabelecer
uma regra para definir a diferença entre a
referência e outras temperaturas. As
medições de massa, comprimento e tempo
não requerem concordância universal de
um ponto de referência em que cada
quantidade é assumida ter um valor
numérico particular. Cada milímetro em um
metro, por exemplo, é o mesmo que
qualquer outro milímetro. Escalas de
Fig. 3.12. Conceito de frio e quente temperatura baseadas em pontos notáveis
relacionado com a temperatura de propriedades de substâncias dependem
da substância escolhida. Ou seja, a
dilatação termal do cobre é diferente da
A lei zero da termodinâmica estabelece dilatação da prata. A dependência da
que dois corpos tendo a mesma resistência elétrica com a temperatura do
temperatura devem estar em equilíbrio cobre é diferente da prata.
termal. Quando há comunicação termal Assim, é desejável que a escala de
entre eles, não há troca de coordenadas temperatura seja independente de
termodinâmicas entre eles. A mesma lei qualquer substância. A escala
ainda estabelece que dois corpos em termodinâmica proposta pelo barão Kelvin,
equilíbrio termal com um terceiro corpo, em 1848, fornece uma base teórica para a
estão em equilíbrio termal entre si. Por escala de temperatura independente de
definição, os três corpos estão à mesma qualquer propriedade de material e se
temperatura. Assim, pode-se construir um baseia no ciclo de Carnot.
meio reprodutível de estabelecer uma faixa Escala Prática Internacional de
de temperaturas, onde temperaturas Temperatura
desconhecidas de outros corpos podem
O estabelecimento ou fixação de pontos
ser comparadas com o padrão, colocando-
para as escalas de temperatura é feito
se qualquer tipo de termômetro
para que qualquer pessoa, em qualquer
sucessivamente no padrão e nas
lugar ou tempo possa replicar uma
temperaturas desconhecidas e permitindo
temperatura específica para criar ou
a ocorrência do equilíbrio em cada caso.
verificar um termômetro. Os pontos
Isto é, o termômetro é calibrado contra um
específicos de temperatura se tornam
padrão e depois pode ser usado para ler
efetivamente nos protótipos internacionais
temperaturas desconhecidas. Não se quer
de calor. A Conferência Geral de Pesos e
dizer que todas estas técnicas de medição
Medidas aceitou esta EPIT, em 1948,
de temperatura sejam lineares mas que
emendou-a em 1960, e estabeleceu uma
conhecidas as variações, elas podem ser
nova em 1968 (com 13 pontos) e em 1990
consideradas e calibradas.
(com 17 pontos).
Escolhendo-se os meios de definir a
A Escala Prática Internacional de
escala padrão de temperatura, pode-se
Temperatura (EPIT) foi estabelecida para
empregar qualquer uma das muitas
ficar de conformidade, de modo
propriedades físicas dos materiais que
aproximado e prático, com a escala
variam de modo reprodutível com a
termodinâmica. No ponto tríplice da água,
temperatura. Por exemplo, o comprimento
as duas escalas coincidem exatamente,
de uma barra metálica, a resistência
por definição. A EPIT é baseada em
elétrica de um fio fino, a milivoltagem
70
Quantidades Medidas
pontos fixos, que cobrem a faixa de
temperatura de -270,15 a 1084,62 oC.
Muitos destes pontos correspondem ao Tab. 3.3 - Pontos Fixos da Escala
estado de equilíbrio durante a Prática Internacional de Temperatura
transformação de fase de determinado (1990)
material. Os pontos fixos associados com o Ponto Material Estado Temperatura
ponto de solidificação ou fusão dos 1 He Vapor -270,15 a -268,15
material são determinados à pressão de 2 e-H2a Ponto triplob -259,346 7
uma atmosfera padrão (101,325 Pa) 3 e-H2 Vapor ~-256,16
4 e-H2 Vapor ~-252,85
5 Ne Ponto triplo -248,593 9
6 O2 Ponto triplo -218,791 6
7 Ar Ponto triplo -189,344 2
oC (K) oF (oR)
8 Hg Ponto triplo -38,834 4
9 H20 Ponto triplo 0,01
10 Ga Fusão 27,764 6
100 212
11 In Fusão 156,598 5
escala 12 Sn Fusão 231,928
13 Zn Fusão 419,527
10 18
14 Al Fusão 660,323
15 Ag Fusão 961,78
16 Au Fusão 1064,18
0 32
17 Cu Fusão 1084,62
0 Notas:
a
O o
C = ( F - 32)/1,8
- eH2 hidrogênio em concentração de
F=1,8C+32
equilíbrio das formas ortomolecular e
paramolecular,
sensor b
- Ponto triplo: temperatura em que as
Fig. 3.13 - A unidade SI da temperatura termodinâmica fases sólida, líquida e gasosa estão em
é o kelvin, K, que é definido como a 1/273,16 da equilíbrio.
temperatura termodinâmica do ponto tríplice da água .
71
Quantidades Medidas
extremo inferior de 0,5 K, substituindo o passaria para kelvin) como unidade base
instrumento de interpolação a termopar SI de temperatura e se permitiu o uso do
com uma resistência de platina especial e grau Celsius (oC), escolhido entre as
atribuir valores com proximidade opções de grau centígrado, grau
termodinâmica para os pontos fixos. centesimal e grau Celsius para expressar
Atualmente o mínimo valor definido na intervalos e diferenças de temperatura e
EPIT é 13,81 K. também para indicar temperaturas em uso
prático.
Em 1960, houve pequenas alterações
na escala Celsius, quando foram
estabelecidos dois novos pontos de
referência: zero absoluto e ponto tríplice da
água substituindo os pontos de
congelamento e ebulição da água.
A 13a CGPM (1967) adotou o kelvin no
lugar do grau kelvin e decidiu que o kelvin
fosse usado para expressar intervalo e
diferença de temperaturas.
Atualmente, kelvin é a unidade SI base
da temperatura termodinâmica e o seu
Fig.3.14. Calibrador de temperatura símbolo é K. O correto é falar
simplesmente kelvin e não, grau kelvin. O
kelvin é a fração de 1/273,16 da
temperatura termodinâmica do ponto
A calibração de um dado instrumento tríplice da água.
medidor de temperatura é geralmente feita Na prática, usa-se o grau Celsius e o
submetendo-o a algum ponto fixo kelvin é limitado ao uso científico ou a
estabelecido ou comparando suas leituras cálculos que envolvam a temperatura
com outros padrões secundários mais absoluta. Um grau Celsius é igual a um
precisos, que tenham sido rastreados com kelvin, porem as escalas estão defasadas
padrões primários. A calibração com outro de 273,15. A temperatura Celsius (Tc)
instrumento padrão é feita através do está relacionada com a temperatura kelvin
seguinte procedimento: (Tk) pela equação:
1. colocam-se os sensores dos
dois instrumentos em contato Tc = Tk - 273,15
íntimo, ambos em um banho de
temperatura, A constante numérica na equação
2. varia a temperatura do banho na (273,15) representa o ponto tríplice da
faixa desejada, água 273,16 menos 0,01. O ponto de 0 oC
3. permite que haja equilíbrio em tem um desvio de 0,01 da escala Kelvin,
cada ponto e ou seja, o ponto tríplice da água ocorre a
4. determinam-se as correções 0,01 oC ou a 0,00 K.
necessárias. Os intervalos de temperatura das duas
Termômetros com sensores de escalas são iguais, isto é, 1 oC é
resistência de platina e termopares exatamente igual a 1 K.
geralmente são usados como padrões O símbolo do grau Celsius é oC. A letra
secundários. maiúscula do grau Celsius é, às vezes,
questionada como uma violação da lei de
Unidades
estilo para unidades com nomes de
A 9a CGPM (1948) escolheu o ponto pessoas. A justificativa para usar letra
tríplice da água como ponto fixo de maiúscula é que a unidade é o grau e
referência, em lugar do ponto de gelo Celsius (C) é o modificador.
usado anteriormente, atribuindo-lhe a A temperatura pode ser realizada
temperatura termodinâmica de 273,16 K. através do uso de células de ponto tríplice
Foi escolhido o grau kelvin (posteriormente da água, com precisão de 1 parte em 104.
72
Quantidades Medidas
Medições práticas tem precisão de 2 da resistência elétrica de metais ou
partes em 103. A escala e os pontos fixos termistores depender da variação da
são definidos em convenções temperatura medida.
internacionais que ocorrem
Calibração do termômetro
periodicamente.
Geral
A calibração de um termômetro envolve
a determinação de sua indicação de
temperatura em um número de
temperaturas conhecidas. Estas
temperaturas podem ser conhecidas
1. pelo estabelecimento de uma
condição altamente reprodutível,
como os pontos de mudança de
estados de substancias puras (ponto
de fusão ou solidificação, ponto de
ebulição ou liquefação, ponto triplo)
2. pelo fornecimento de um ambiente
isolado termicamente, cuja
Fig. 3.15. Pirômetro de radiação
temperatura é medida precisamente
por um termômetro padrão.
Para se ter calibrações exatas, a
Medição da Temperatura condição de referência de temperatura
A medição pode ser medida por deve ser mantida constante, dentro dos
sensores mecânicos e elétricos. Os limites de precisão, durante períodos
principais sensores mecânicos são o longos de tempo comparados com as
bimetal e o sistema de enchimento termal. constantes de tempo dos termômetros.
Os principais sensores elétricos são o A interpolação entra na calibração de
termopar e o detector de temperatura e dois modos:
resistência (RTD). 1. a escala de temperatura (IPTS-90) é
O sensor bimetal funciona baseando-se definida em 11 pontos de referência
na dilatação diferente para metais primários e 27 secundários. Apenas
diferentes. A variação da temperatura 15 destes pontos caem entre 0 e
medida causa variação no comprimento e 1000 oC. Não é prático reproduzir
no formato da barra bimetal, que pode ser mais do que umas poucas destas
usada para posicionar o ponteiro na escala condições definidas na calibração
de indicação de temperatura. prática de um termômetro, de modo
O sistema de enchimento termal é que deve-se usar a interpolação
formado por um bulbo sensível, um sensor para determinar a temperatura de
de pressão, um tubo capilar de interligação outros condições.
e um fluido de enchimento. O fluido pode 2. usando condições de ponto fixo ou
ser gás (tipicamente nitrogênio), fluido não um termômetro de referência
volátil (glicerina ou óleo de silicone) ou um padrão, a calibração pode ser
fluido volátil (éter etílico). A temperatura é praticamente feita somente em um
medida através da variação da pressão do número limitado de temperaturas
gás ou da pressão de dilatação do fluido dentro da faixa de aplicação do
não volátil ou da pressão de vapor do termômetro a ser calibrado. Uma
fluido volátil. interpolação da calibração do
A medição de temperatura por termopar termômetro entre os pontos de
se baseia na militensão gerada pela calibração deve ser feita para
diferença de temperatura entre as duas fornecer uma tabela de calibração
junções de dois metais diferentes. de trabalho.
A medição de temperatura por Termômetro com resistência de platina
resistência elétrica se baseia na variação padrão é empregado para fornecer
73
Quantidades Medidas
temperaturas de referência entre os pontos 6. Ponto de fusão do alumínio = 933,52
fixos de 0 e 650 oC na IPTS-91.O K ou 660,37 0,1oC, que pode ser
termômetro pode ser usado para medir a realizada com exatidão reprodutível
temperatura de banhos de temperatura de 0,1 oC.
com precisão de ±0,01 oC. Outros pontos de fusão são definidos
A precisão de instrumentos de pela IPTS 90 como temperaturas primarias
interpolação e das calibrações de ou secundarias e podem ser usados para
termômetros resultantes diminui na calibração de sensor até o ponto do ouro,
proporção que se afasta dos pontos fixos 1227,58 K ou 1064,43 oC, porém, eles são
definidos ou pontos de calibração e a difíceis de implementar, na prática.
situação piora mais ainda quando se Ambientes de temperatura controlados
extrapola para pontos fora da faixa de ou variáveis comumente usados na
temperatura (abaixo do mínimo e acima do calibração de termômetros são banhos
máximo). A calibração de termômetros agitados de água, óleo, mistura de sais,
deve sempre incluir, no mínimo, um ponto câmara fluidizada de sólidos granulares e
abaixo e um acima dos limites da faixa de blocos metálicos equalizados em fornalhas
temperatura. aquecidas eletricamente. Quando se usa
Aplicando temperaturas de calibração ambientes isotermais, é necessário se ter
muito acima de sua faixa máxima pode um termômetro padrão para determinar a
diminuir a exatidão resultante do temperatura de calibração verdadeira.
termômetro e até mesmo danificar o Tradicionalmente, o sensor padrão
sensor. usado é o de platina padrão, com invólucro
de quartzo ou pyrex ou termopar tipo S (Pt
Pontos fixos de calibração – 10% RH/90% Pt).
As calibrações dos termômetros podem Para fazer a calibração,
ser feitas em vários pontos fixos de 1. define-se a faixa calibração do
temperatura que são realizáveis termômetro
praticamente em um laboratório. Os 2. seleciona-se o número de pontos
principais pontos são: fixos ou um banho de temperatura
1. Ponto de gelo = 273,15 K ou 0 oC, com termômetro padrão
que pode ser realizada com 3. obtém-se um conjunto de pares de
exatidão reprodutível de 0,05 oC . temperatura (indicada pelo
2. Ponto de triplo d'água = 273,16 K ou instrumento e pelo padrão)
0,01 oC, que pode ser realizada com 4. faz-se uma curva ou uma função
exatidão reprodutível de 0,01 oC, matemática que descreva a relação
usando equipamento disponível indicação x temperatura
comercialmente . 5. aplica-se algum método de encaixe
3. Ponto de ebulição d'água = 373,15 de pontos, para avaliar as incertezas
K ou 100,0 oC, que pode ser envolvidas
realizada com exatidão reprodutível produz-se uma tabela de calibração
de 0,1 oC, @ pressão atmosférica de para o termômetro particular.
760 mm Hg. A variação de 1 mm Hg
causa uma variação de temperatura Calibração de Termômetros
de 0,0037 oC. A calibração de qualquer termômetro
4. Ponto de fusão do chumbo = requer um meio cuja temperatura seja
505,1181 K ou 321,9681 oC, que conhecida com precisão. Uma escolha
pode ser realizada com exatidão óbvia seria usar o meio em que a
reprodutível de 0,05 oC , usando temperatura seja conhecida através de leis
banhos comerciais com tempos de da natureza. Por exemplo, o ponto triplo da
repouso de, no mínimo, 10 minutos. água, o ponto de fusão do zinco e outros
5. Ponto de fusão do zinco = 692,73 K pontos de mudança de estado de
ou 419,58 oC, que pode ser substâncias puras. Como estes meios
realizada com exatidão reprodutível requerem um esforço complicado para sua
de 0,05 oC , produção e manutenção, eles são usados
principalmente para a calibração de
74
Quantidades Medidas
termômetros padrão. Para os termômetros O equipamento de medição, como
industriais, usa-se um método mais rápido, pontes, galvanômetros e multímetros
simples e prático, envolvendo um meio digitais são usados para medir a saída do
simples como banho de gelo ou um banho termômetro de referência. O arranjo mais
de óleo cuja temperatura seja medida com preciso seria um termômetro com
um termômetro padrão de precisão. A resistência de platina como referência e
precisão ou o termômetro padrão é um ponto de relação. Neste caso, a
chamado de termômetro de referência. precisão resultante em termos de
A indicação de um termômetro sob temperatura seria equivalente a alguns
calibração é comparada com a do milésimos de oC.
termômetro de referência em vários pontos
Desvio do equipamento de medição.
diferentes de temperatura cobrindo toda a
faixa desejada. Este método é chamado de A não ser que o equipamento de
calibração por comparação, diferente da medição tenha sido calibrado
calibração em pontos fixos que envolve o recentemente, deve-se incluir um valor de
uso dos pontos notáveis de mudança de desvio à precisão total da calibração. A
estado. Um arranjo típico para a calibração faixa equivalente para a temperatura seria
de comparação de temperatura envolve 0,01 a 0,1 oC por ano.
um banho de calibração (banho de gelo ou Estes quatro componentes devem ser
de óleo), um termômetro de referência e considerados para a determinação da
um meio para medir a leitura dos precisão com que se pode medir a
termômetros de referência e sob temperatura do meio ou banho de
calibração. calibração. Deve-se considerar também a
A precisão de uma calibração por precisão em que se pode medir a saída do
comparação é determinada pela precisão termômetro sendo calibrado, que depende
dos equipamentos e pelo procedimento de da precisão inicial e do desvio do
calibração. Usam-se vários componentes equipamento de medição.
na calibração por comparação. Considerações do Procedimento
Precisão do termômetro de referência. Além dos limites de precisão associados
Ela depende da precisão inicial do com o termômetro de referência e o
termômetro de referência e seu desvio. equipamento de medição, deve-se
Valores típicos para a precisão inicial de considerar o procedimento. Os
um termômetro de referência são 0,001 a componentes envolvidos aqui incluem a
0,1 oC, dependendo do tipo do termômetro estabilidade e uniformidade do banho. A
e seu método de calibração. A melhor uniformidade do banho deve ser expressa
precisão seria conseguida com um em termos da máxima diferença de
termômetro com resistência de platina temperatura devida à distribuição espacial
padrão calibrado no NIST, com a precisão da temperatura que pode existir entre a
de alguns milésimos de oC. temperatura do termômetro de referência e
o termômetro sendo calibrado.
Desvio do termômetro de referência. Um bloco equalizador feito de alumínio
O desvio possível do termômetro de ou cobre ajuda a se manter o erro de
referência deve ser considerado para o uniformidade o mínimo possível e pode
estabelecimento da precisão da calibração. melhorar a estabilidade. O erro devido a
Em caso de um termômetro recentemente instabilidade do banho pode também ser
calibrado que é conhecido ser estável de reduzido fazendo-se medições múltiplas
sua historia passada, o desvio pode ser dos dois termômetros e fazendo-se a
desprezado. Caso contrário, o desvio deve media das medições. A contribuição da
ser incluído no calculo da precisão total. estabilidade do banho para a precisão da
Valores típicos de desvio são 0,005 a 0,05 calibração pode ser expressa em termos
oC por ano, dependendo da qualidade e da do desvio padrão das medições. O impacto
manipulação do termômetro de referência. negativo da uniformidade e estabilidade do
banho na precisão final da calibração pode
Precisão do equipamento de medição.
75
Quantidades Medidas
ser ainda minimizada fazendo-se o ser melhor do que 0,1 oC, mesmo para um
seguinte: sensor novo que tenha sido calibrado
1. fazer a medição uma ou duas horas recentemente. Uma vez que o termômetro
depois que a temperatura do banho tenha é instalado no processo, a precisão pode
sido estabilizada em um dado ponto de começar a se deteriorar quando o sensor
calibração. Isto reduz o erro de envelhece. A taxa desta deterioração
uniformidade do banho. depende da qualidade do termômetro, sua
2. fazer medições simultâneas da saída instalação, condições de processo e outros
do termômetro de referência e do fatores.
termômetro sendo calibrado. Isto minimiza As limitações de como um termômetro
o erro de estabilidade. industrial pode ser bem calibrado e manter
As medições anteriores podem ser sua calibração indicam que a faixa de ±0,1
realizadas em um arranjo controlado por a ±1,0 oC é a melhor precisão que se pode
computador. Para máxima precisão e conseguir com um termômetro industrial
eficiência, o computador pode ser usado em faixa moderada de temperatura
programado para em uma instalação típica industrial.
1. monitorar e controlar o banho, obviamente, o termômetro pode indicar a
2. monitorar a estabilidade do banho, temperatura verdadeira do processo mas o
3. fazer medidores e usuário não pode estar certo de que se
4. processar os dados de calibração. está medindo a temperatura melhor do que
O sistema pode incluir uma unidade de ±0,1 a ±1,0 oC. O afastamento da
chaveamento para permitir a varredura de temperatura medida do valor verdadeiro
vários termômetros calibrados depende de vários fatores:
simultaneamente. 1. tipo do termômetro sendo usado,
O computador pode estabelecer a 2. faixa de temperatura sendo medida,
temperatura do banho para um ponto de 3. condições do processo e do ambiente
calibração desejado, monitorar a onde o termômetro está exposto.
temperatura até que ela fique estável de Geralmente, RTDs oferecem melhor
acordo critérios predeterminados de precisão do que os termopares. Também,
estabilidade, fazer as medições, coletar os em faixas moderadas de temperatura, uma
dados e processar os dados para fornecer melhor precisão é conseguida no inicio da
a carta de calibração do termômetro. Com faixa do que na extremidade superior da
tal arranjo, os erros de estabilidade e faixa. Por exemplo, é muito mais simples
uniformidade pode ser minimizados. medir com precisão a temperatura
Agora, deve-se estimar a melhor ambiente da sala do que a temperatura de
precisão que pode ser obtida em um ponto 300 oC no processo industrial.
de calibração. Tipicamente, tem-se
incertezas entre 0,04 a 0,55 oC em um Termômetros de vidro
ponto de calibração. Isto estabelece a faixa Mesmo um termômetro de haste de
para a precisão que pode ser obtida em vidro deve ser calibrado periodicamente,
um dado ponto de calibração dentro de onde se inspecionam visualmente e
uma faixa moderada de temperatura. Os verificam as dimensões, permanência do
termômetros devem ser calibrados em pigmento, estabilidade do bulbo e precisão
mais de um ponto. Os pontos adicionais de da escala. Depois da calibração, podem
calibração elevam os erros acima dos ser feitas correções, aplicados fatores de
limites de 0,04 e 0,55 oC. correção ou o termômetro pode ser
Os fatores adicionais que introduzem descartado.
erros na calibração incluem o auto- Para maiores detalhes, deve se
aquecimento em RTDs, erros de imersão consultar a norma ASTM E 77 – 92:
durante a calibração em RTDs e Standard Test Method for Inspeciton and
termômetros, erros de resistência de Verification of Thermometers. Várias
isolação, erros associados com redução de normas ASTM cobrem os termômetros
dados de calibração. Estas considerações clínicos.
indicam que a melhor precisão conseguida
para um termômetro industrial não pode
76
Quantidades Medidas
Termômetros a bimetal a temperatura destes terminais com um
O termômetro a bimetal possui todos os termômetro padrão, ajustar a saída do
componentes de medição – sensor, potenciômetro para dar a indicação teórica
condicionador e indicador – em um único no receptor e anotar o ajuste do
invólucro. O sensor a bimetal integral ao potenciômetro. Finalmente, se procurava a
instrumento não pode ser calibrado temperatura correspondente em tabelas
isoladamente mas somente pode ser padrão. Este processo consumia muito
inspecionado visualmente, para verificar tempo e era susceptível a erros potenciais.
corrosão ou danos físicos evidentes. A medição de temperatura nos terminais
O que se faz é calibrar o sistema de é necessária porque um termopar contem
indicação, colocando-se o termômetro em inerentemente duas junções de metais
um banho de temperatura e comparando diferentes e não apenas uma. A saída de
as indicações do termômetro com as voltagem deste sistema de termopar é
indicações de um termômetro padrão afetada pelas temperaturas de ambas as
colocado junto. O termômetro a bimetal junções. A medição da temperatura da
pode ser calibrado e, se necessário, junção de medição, deste modo, requer o
ajustado nos pontos de zero e de largura conhecimento da temperatura da junção de
de faixa. referência. Em muitos instrumentos, a
junção de referência ocorre nos terminais
Termopares de ligação neste instrumento receptor.
Os termopares transformam calor em
eletricidade. As duas extremidades de dois
fios de metais diferentes, como ferro e
constantant, são trançadas juntas para
formar duas junções: uma de medição e
outra de referência. Um voltímetro ligado
em serie irá mostrar uma voltagem
termelétrica gerada pelo calor. Esta
voltagem é função da
1. diferença de temperatura entre a
junção de medição e a junção de
referência.
2. tipo do termopar usado
3. homogeneidade dos metais
O mesmo resultado é obtido se as
extremidades de referência de dois fios
são ligadas diretamente aos terminais do
voltímetro; estes terminais formam agora a
junção de referência.
Como a homogeneidade dos fios
componentes do termopar pode se
modificar, o termopar e os fios de extensão
de termopar devem ser periodicamente
calibrados. A calibração consiste em
verificar se as suas características se
afastaram dentro da tolerância (termopar
bom) ou além da tolerância (termopar deve
ser descartado).
As técnicas de calibração do termopar
tem sido melhoradas constantemente em
velocidade e confiabilidade, por causa do
uso do microprocessador. A técnica antiga
consistia em ligar o instrumento receptor
do termopar aos terminais de um
potenciômetro portátil de militensão, medir
77
Quantidades Medidas
Tab. 3. 5. Incertezas de calibração em termopares calibrados pelo método de
comparação A
A
Valores foram extraídos da Circular 590 do National Bureau of Standards (hoje NIST)
C
Em fornos tubulares, por comparação com um termopar tipo S calibrado
D
Em banhos líquidos agitados, por comparação com um RTD de platina calibrado
78
Quantidades Medidas
79
Quantidades Medidas
Unidade
O ampere é a unidade SI base de
corrente elétrica e o seu símbolo é A.
Realização da Unidade Base SI
A corrente elétrica pode ser realizada
pela balança de corrente de Ayrton-Jones,
com precisão de 2 partes em 106. A Fig. 3.18. Instrumento multímetro de oficina
resistência elétrica pode ser medida com
precisão de 5 partes em 108 pelo capacitor
calculável de Thompson-Lampard e o volt
pode ser medido com 3 partes em 108
usando os efeitos Josephson, que são
insatisfatórios.
80
Quantidades Medidas
81
Quantidades Medidas
82
4
Instrumentos de Medição
Objetivos de Ensino
1. Relacionar as necessidades e aplicações das medições das variáveis, em controle,
monitoração e alarme de processos industriais.
2. Apresentar as principais funções da medição e controle: detecção da variável,
condicionamento do sinal, apresentação dos dados e atuação no processo.
3. Mostrar os principais tipos de instrumentos, pelo princípio de funcionamento,
atuação, alimentação, natureza do sinal.
4. Apresentar o conceito de elemento sensor, terminologia e princípios básicos de
funcionamento.
5. Apresentar os principais condicionadores de sinal: transmissor, filtro, amplificador,
linearizador, conversor A/D e D/A.
6. Conceituar e especificar os principais instrumentos de display: indicador, visor,
registrador, contador-totalizador e controlador.
7. Conceituar as características estáticas e dinâmicas dos instrumentos, como
exatidão e precisão.
8. Apresentar os parâmetros da precisão, como linearidade, repetitividade,
reprodutibilidade, sensitividade, zona morta, velocidade de resposta e
confiabilidade.
9. Diferenciar as expressões de precisão, em percentagem de fundo de escala e do
valor medido.
10. Mostrar a filosofia para escolher e especificar a precisão necessária do instrumento.
11. Conceituar rangeabilidade.
12. Conceituar erro e apresentar os diferentes tipos e causas de erros, grosseiros,
aleatórios e sistemáticos.
13. Apresentar os tipos de erros em função do tempo, origem.
14. Mostrar as fontes do erro sistemático: inerente ao instrumento, influência,
modificação e carga do instrumento.
15. Apresentar a filosofia para determinação do erro resultante.
83
Instrumentos de Medição
84
Instrumentos de Medição
85
Instrumentos de Medição
86
Instrumentos de Medição
87
Instrumentos de Medição
88
Instrumentos de Medição
89
Instrumentos de Medição
90
Instrumentos de Medição
91
Instrumentos de Medição
92
Instrumentos de Medição
93
Instrumentos de Medição
94
Instrumentos de Medição
95
Instrumentos de Medição
96
Instrumentos de Medição
97
Instrumentos de Medição
98
Instrumentos de Medição
99
Instrumentos de Medição
100
Instrumentos de Medição
101
Instrumentos de Medição
e magnético.
PT FY FY FIC
Compensador
Compensar um sinal é eliminar sinal sinal linear
de vazão
continuamente a interferência de outros quadrático
de vazão
sinais. Por exemplo, a medição de vazão
FT
volumétrica de gases é influenciada pela
temperatura e pressão do processo.
Quando a vazão é constante mas há TT
variação da pressão e da temperatura do
processo, aparece erro na indicação. Faz-
se a compensação da medição de vazão FCV
de fluido compressível medindo-se
continuamente a vazão, a pressão e a FE
temperatura. Os três sinais entram em um Fig. 4.11. Medição de vazão de gás com
computador analógico que elimina os compensação da pressão e da
efeitos da pressão e da temperatura. temperatura
Quando uma medição é influenciada por
um parâmetro fixo, faz-se a polarização da
medição. Polarizar um sinal é multiplicar o São disponíveis instrumentos chamados
sinal por uma constante. Por exemplo, computadores analógicos que realizam as
quando se projeta um medidor de vazão de operações matemáticas de soma,
gás para uma determinada pressão e se subtração, multiplicação, divisão, elevação
trabalha em outra pressão constante, ao quadrado, extração de raiz quadrada,
multiplica-se a medição por um fator úteis na compensação e linearização de
constante. Como a pressão do processo é sinais. Com a instrumentação inteligente,
assumida constante, não é necessário baseada em microprocessadores, esta
medi-la continuamente para fazer a capacidade de computação matemática,
compensação; basta conhecer o seu valor lógica, seqüencial e intertravamento está
e usar um fator de multiplicação na integrada ao circuito.
indicação. Compensar é tirar o efeito de
um valor variável; polarizar é tirar o efeito Linearizador
de um valor constante. Linearizar um sinal não-linear é torna-lo
Na medição das variáveis de processo é linear. Só se lineariza sinais não-lineares,
importante definir as condições do aplicando-se a função matemática inversa.
processo e do ambiente. O instrumento Por exemplo, lineariza-se um sinal
pode apresentar grandes erros quando as quadrático extraindo-se sua raiz quadrada.
condições reais são diferentes das Lineariza-se um sinal exponencial
condições especificadas. aplicando seu logaritmo.
A linearização de um sinal não-linear
pode ser feita de vários modos diferentes,
tais como:
1. escolha da porção linear da curva,
como na aplicação de medição de
temperatura por termopares. Cada
tipo de termopar apresenta uma
região linear para determinada faixa
de temperatura.
2. uso de uma escala não-linear, como
na aplicação de medição de vazão
por placa de orifício. Como a placa
102
Instrumentos de Medição
103
Instrumentos de Medição
104
Instrumentos de Medição
105
Instrumentos de Medição
106
Instrumentos de Medição
Registrador
O registrador é o instrumento que sente
uma variável de processo e imprime o
valor desta variável em um gráfico através Medidor Registro
analógico ou
de uma pena. Quanto ao local de Controle
montagem, registrador pode estar no
campo (local) ou na sala de controle
(remoto). Quanto ao modo do registro, o Medidor Conversor Registro
registrador pode ser continuo, com 1 a 4 digital D/A ou
Controle
penas, ou multiponto, com o registro
descontinuo de 6 ou 12 ou 24 pontos. O
formato do gráfico pode ser circular ou em Fig.4. 17. Registro e controle de variáveis
tira. O gráfico de tira pode ser em rolo ou
sanfonado. O acionamento do gráfico pode
ser mecânico, elétrico e raramente
pneumático.
Medidor
digital Contador
Medidor Conversor
analógico A/D Contador
Totalizador
107
Instrumentos de Medição
Integrador-Totalizador
O integrador totaliza um sinal e a sua
indicação de saída é um contador. O FI
totalizador integra o sinal analógico, por
isso é chamado de integrador. Quando o
sinal é em pulsos, o totalizador conta os FT FQ 0 13 5 0 4
pulsos e por isso é chamado erradamente
de contador. O contador é a saída do
totalizador.
O totalizador pode receber sinais
analógicos ou digitais. O contador só pode
receber pulsos. Funcionalmente, quando o FE
integrador recebe um sinal analógico, ele o
converte para sinais de pulsos e conta os
pulsos. Quando o integrador recebe (a) Totalização de sinal analógico
diretamente pulsos, ele os escalona e os
conta. Pulso escalonado é aquele que já
possui um significado quantitativo do FT
volume, ou seja, o contador basta contá- 0 13 5 0 4
los e o display é o volume correto
acumulado.
Em instrumentação eletrônica é possível FE
fazer a contagem de pulsos sem erro,
usando circuitos digitais e bits de paridade. M
Mas isso não significa que a totalização é
isenta de erros, pois pode haver erros na (constante K)
conversão do sinal analógico para pulsos. (b) Totalização de pulsos escalonados
O medidor digital que gera pulsos também
Fig. 4.19. Sistema de totalização de vazão
pode cometer erros na geração destes
pulsos. Por exemplo, uma turbina
medidora de vazão que tenha uma palheta
do rotor quebrada, vai gerar pulsos com
freqüência proporcional à vazão medida
com um grande erro. Se o número total de
palhetas for quatro e uma estiver
quebrada, o erro é de 25% do valor
medido.
108
Instrumentos de Medição
109
Instrumentos de Medição
110
Instrumentos de Medição
111
Instrumentos de Medição
112
Instrumentos de Medição
113
Instrumentos de Medição
114
Instrumentos de Medição
115
Instrumentos de Medição
116
Instrumentos de Medição
117
Instrumentos de Medição
118
Instrumentos de Medição
119
Instrumentos de Medição
120
Instrumentos de Medição
121
Instrumentos de Medição
122
Instrumentos de Medição
Tolerância
-
+
Área de 0,001” 0,001”
incertez 0,00025”
0,0015”
0
Linha vertical acima do zero
representa o tamanho nominal de
Área de incerteza
t í ti Área de aceitação
Fig. 4.26. Exemplo de uma relação 1:1
Comentários:
1. A área de incerteza é igual à Fig. 4.27. Exemplo de uma relação 4:1
precisão do comparador. No
caso, a área de incerteza é total
e a área de aceitação é zero. Comentários:
2. Todas as medições caem na 1. A área de incerteza é igual à
área de incerteza e sempre deve precisão do comparador.
se considerar o seu impacto nas 2. Quando as medições caem na área
tolerâncias permitidas. de incerteza, deve-se verificar o seu
3. Por exemplo, uma tolerância impacto nas tolerâncias permitidas.
permissível para um diâmetro de 3. Por exemplo, uma tolerância
1 “ é ±0,001”: permissível para um diâmetro de 1 “
a) Medição real: 1,001’ é ±0,001”:
b) Área de incerteza: a) Medição real: 1,001’
0,001” b) Área de incerteza:
c) Discriminação permitida 0,000 25”
±0,001” c) Discriminação permitida
4. Deste modo, a medição é ±0,000 25”
considerada estar entre 1,099” e d) Deste modo, a medição é
1,001” considerada estar entre
Conclusão: a medição pode ser aceita 1,000 75” e 1,00125”
em 1,099” ou rejeitada em 1,001”. Conclusão: a medição pode ser aceita
em 1,000 75” ou rejeitada em 1,00125”.
123
Instrumentos de Medição
Relação 10:1
Tab.4.3. Relações de incertezas entre tolerâncias do
Tolerância do item = ± 0,001” produto e o instrumento de medição e teste
Discriminação do comparador:
Discriminação
Relação Área de Área de
Tolerância ( ± ) T 0,001" do comparador incerteza aceitação
= = = 0,000 1"
Relação R 10 1:1 0,001 000” 100% 0%
2:1 0,001 500” 50% 50%
3:1 0,001 333” 33% 67%
Comparador
4:1 0,001 250” 25% 75%
0,001” 0,001” 5:1 0,001 200” 20% 80%
6:1 0,001 167” 16% 84%
0,0018”
7:1 0,001 143” 14% 86%
8:1 0,001 125” 13% 87%
0,001” 9:1 0,001 110” 11% 89%
0,001”
10:1 0,000 100” 10% 90%
50:1 0,000 020” 2% 98%
100:1 0,000 010” 1% 99%
Área de Área de
aceitação incerteza
124
Instrumentos de Medição
10:1
9:1
8:1
7:1 Área de
Área de
aceitação
incerteza
6:1
5:1
4:1
3:1
2:1
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
125
Instrumentos de Medição
126
Instrumentos de Medição
(A ± e) = a.
5.1. Introdução
É impossível fazer uma medição sem 5.2. Tipos de Erros
erro ou incerteza. Na realidade, o que se Os erros da medição e do instrumento
procura é manter os erros dentro de limites podem ser classificados sob vários
toleráveis e estimar seus valores com critérios, como expressão matemática,
exatidão aceitável. Cada medição é resposta no tempo, responsabilidade,
influenciada por muitas incertezas, que se causa e previsibilidade. É possível haver
combinam para produzir resultados grande superposição de erros. Por
espalhados. As incertezas da medição exemplo, um erro pode ser
nunca podem ser completamente simultaneamente estático, sistemático,
eliminadas, pois o valor verdadeiro para previsível, intrínseco ao instrumento e
qualquer quantidade é desconhecido. devido ao ajuste de zero.
Porém, o valor provável do erro da Quanto à expressão matemática, os
medição pode ser avaliado. É possível erros podem ser classificados como
definir os limites dentro dos quais o valor 1. absolutos
verdadeiro de uma quantidade medida se 2. relativos
situa em um dado nível de probabilidade. Quanto ao tempo, os erros podem ser
O erro é a diferença algébrica entre a 1. dinâmicos
indicação e o valor verdadeiro 2. estáticos
convencional. O valor verdadeiro é o valor Quanto à origem, os erros estáticos
da variável medida sem erro, ideal. Erro é podem ser classificados como
a quantidade que deve ser subtraída 1. grosseiros
algebricamente da indicação para dar o 2. sistemáticos
valor ideal. 3. aleatórios
Se A é um valor exato e a o valor
aproximado medido, então o erro é o
desvio do valor aproximado do exato.
Matematicamente,
e=A-a
127
Instrumentos de Medição
Por exemplo,
1 mm de erro em 100 mm vale 1%
1 mm de erro em 10 mm vale 10%
1 mm de erro em 1 mm vale 100%
Exatidão
Erro relativo
Precisão A qualidade de uma medição é melhor
caracterizada pelo erro relativo, tomado
como
Espúrio
e
er = × 100%
a
onde
er é o erro relativo,
Fig. 4.30 - Erros sistemático, aleatório e espúrio
e é o erro absoluto
a é o valor da grandeza medida
O erro relativo é adimensional e
Os erros sistemáticos podem ser
geralmente expresso em percentagem.
divididos em
A precisão entre ±1% e ±10% é
1. intrínsecos ao instrumento
geralmente suficiente para a maioria das
2. influência
aplicações residenciais e até industriais;
3. modificação
Os erros intrínsecos podem ser em aplicações científicas tem-se ±0,01 a ±
determinados 0,1%.
indeterminados O erro absoluto pode assumir valores
Por sua vez, os erros do instrumento determinados negativos e positivos, diferente do valor
podem ser: absoluto do erro, que assume apenas
valores positivos.
zero
largura de faixa ou ganho 5.4. Erro Dinâmico e Estático
angularidade
quantização Erro dinâmico
Os erros indeterminados poder ser Erro dinâmico é aquele que depende do
devidos a tempo. Quando uma medição altera seu
uso e desgaste valor significativamente durante a medição,
atrito ela pode ter erros dinâmicos.
inércia O erro dinâmico mais comum é devido
Os erros de influência podem ter origem: ao tempo de resposta ou tempo
mecânica característico do instrumento, quando há
elétrica atrasos na variável medida. O erro
física dinâmico pode desaparecer naturalmente
química com o transcorrer do tempo ou quando as
condições de operação se igualarem às
5.3. Erro Absoluto e Relativo condições especificadas para uso.
Por exemplo, quando se faz a medição
Erro absoluto de temperatura sem esperar que o sensor
Erro absoluto é simplesmente o desvio atinja a temperatura medida, há erro
da medição, tomado na mesma unidade de dinâmico que desaparece quando a
engenharia da medição. No exemplo de temperatura do sensor for igual a
temperatura do processo que se quer
9,0 ± 0,1 mm, o erro absoluto é de 0,1 mm.
medir. Se a temperatura leva 3 minutos
O erro absoluto não é uma característica
para atingir o valor final medido, qualquer
conveniente da medição. Por exemplo, o
medição antes deste tempo apresentará
erro absoluto de 1 mm pode ser muito
erro dinâmico. Se a temperatura estiver
pequeno ou muito grande, relação ao
comprimento medido.
128
Instrumentos de Medição
129
Instrumentos de Medição
130
Instrumentos de Medição
131
Instrumentos de Medição
PADRÃO
Rastreabilidade
MENSURAND
Calibração
Valor verdadeiro
Resolução
INSTRUMENTO
Repetitividade
Valor verdadeiro
convencional Medição Reprodutibilidade
Erro
Sistemático Aleatório
Exatidão Precisão
Incerteza
132
Instrumentos de Medição
ERROS DO INSTRUMENTO
Tempo Fonte
Dinâmicos Sistemáticos
Estáticos Aleatórios
Determinados Indeterminados
Mecânicos
Zero Uso Elétricos
Largura de faixa Físicos
Desgaste
Angularidade
Atrito Químicos
Quantificação Contato
Erros de
modificação
Erros de
influência
Variáveis
Y, Z
133
Instrumentos de Medição
134
Instrumentos de Medição
135
Instrumentos de Medição
2s x
%(eR )max = × 100
ro
136
Instrumentos de Medição
137
Instrumentos de Medição
138
Instrumentos de Medição
139
Instrumentos de Medição
140
Instrumentos de Medição
141
Instrumentos de Medição
142
5
Confirmação Metrológica
Objetivos de Ensino
1. Conceituar calibração e ajuste. Apresentar a cadeia de calibração e
rastreabilidade dos diferentes padrões.
2. Conceituar padrões físicos e de receita, primários, secundários e de trabalho.
3. Apresentar os cuidados de monitoração dos instrumentos de medição e teste.
4. Conceituar e diferenciar os vários tipos de normas. Apresentar a ABNT,
INMETRO, NIST e Código de Defesa do Consumidor.
5. Apresentar um caminho típico para obter a certificação da ISO 9000, através de
projeto, implantação e comprovação metrológica.
143
Confirmação Metrológica
144
Confirmação Metrológica
145
Confirmação Metrológica
146
Confirmação Metrológica
147
Confirmação Metrológica
148
Confirmação Metrológica
149
Confirmação Metrológica
150
Confirmação Metrológica
151
Confirmação Metrológica
152
Confirmação Metrológica
Registros documentados
Tab. 5.4. Classificação do Instrumento A documentação registrada garante e
evidencia que os prazos de validade da
Ciclos Condições no calibração estão sendo seguidos e que a
Anteriores Recebimento exatidão dos instrumentos está sendo
A F C mantida.
As seguintes informações devem ser
CCC P D E facilmente disponíveis:
FCC P D P 1. exatidão do instrumento
ACC P D E 2. local de uso atual
CF M M P 3. intervalo de calibração, com data de
CA M M P vencimento
FC P M P 4. procedimento da calibração
FF M M P 5. relatório da última calibração
FA M M P 6. histórico de manutenções e reparos
Todas as calibrações para serem
AC P D P
válidas devem ser devidamente
AF M M P certificadas. Os certificados devem ser
AA M M P arquivados e devem conter, no mínimo,
1. número de série do instrumento
correspondente
2. data de calibração
3. laboratório ou padrão rastreado
4. condições físicas nas quais foi feita
a calibração
5. descrição do padrão referido:
exatidão, tipo
6. desvios e fatores corretivos a
serem aplicados, quando as
condições da calibração forem
diferentes das condições padrão
7. quando feito em laboratório externo
(credenciado, nacional), descrição
153
Confirmação Metrológica
154
Confirmação Metrológica
CALIBRAÇÃO
Comparar com valores
limites do Relatório
SIM
DENTRO Desfazer ligações com
padrões
NÃ
O Etiquetar instrumento calibrado
Fazer ajustes de zero, span e Proteger e lacrar pontos de ajuste
outros aplicáveis conforme MF
AJUSTE
Arquivar Relatório de
Aplicar sinais de entrada Calibração
Ler sinais de saída
FIM
Comparar com limites do
Relatório de Calibração
NÃ
O Desfazer ligações com padrões
MANUTENÇÃO Fazer manutenção corretiva
conforme procedimento
FIM
Fig. 5.4.- Diagrama de blocos da calibração de instrumento isolado
155
Confirmação Metrológica
CALIBRAÇÃO
DA MALHA Anotar valores lidos na Ficha Calibração
Comparar com limites estabelecidos
NÃO
Etiquetar malha calibrada
FIM
SIM
MENOR Malha não conforme para calibração
mas conforme para o processo
NÃO
FIM
Malha não conforme para processo.
Fazer relatório de não conformidade
FIM
156
Confirmação Metrológica
157
Confirmação Metrológica
158
Confirmação Metrológica
159
Confirmação Metrológica
160
Confirmação Metrológica
zener mantém constante uma tensão laboratórios industriais. Eles não são
nominal através de seus terminais e esta usados para o trabalho diário de medições,
tensão conhecida e constante pode ser mas servem como referência de calibração
usada para calibrar outros medidores de para os instrumentos de uso geral e diário.
tensão. Os padrões de oficina devem ser mantidos
Uma célula Weston é um padrão em condições especificas de temperatura e
primário de tensão elétrica, pois, por umidade. A calibração com os padrões de
construção e sob determinada corrente, ela oficina é chamada de calibração
fornece uma tensão constante e igual a secundária. Usa-se um dispositivo de
1,018 636 V @ 20 oC. calibração secundária para a calibração de
Mesmo que estes padrões não tenham um equipamento de pior precisão. A
a menor incerteza da pirâmide metrológica calibração secundária é a mais usada na
de sua quantidade física, eles são instrumentação. Por exemplo, a célula
chamados também de padrões primários. padrão pode ser usada para calibrar um
voltímetro ou amperímetro usado como
Padrão secundário ou de transferência
padrão de trabalho. O voltímetro padrão
Os padrões secundários são também serve para calibrar um voltímetro de menor
instrumentos de alta precisão mas de precisão, que é usado para fazer as
menor precisão que a dos padrões medições rotineiras do trabalho.
primários e podem tolerar uma
manipulação normal, diferente do extremo
cuidado necessário para os padrões
primários. Os padrões secundários são
usados como um meio para transferir o
valor básico dos padrões primários para
níveis hierárquicos mais baixos e são
calibrados por padrões primários.
O padrão secundário é o padrão de
transferência. Ele é o padrão disponível e
usado pelos laboratórios de medição e
calibração na indústria. Cada laboratório
industrial é responsável exclusivo de seus
padrões secundários. Cada laboratório Fig. 5.8. Instrumento de medição (Foxboro)
industrial deve periodicamente enviar seus
padrões secundários para os laboratórios
nacionais para serem calibrados contra os Padrão de trabalho
primários. Após a calibração, os padrões Os padrões de trabalho são dispositivos
secundários retornam ao laboratório de menor precisão e comercialmente
industrial com um certificado de precisão disponíveis, usados como padrões para
em termos do padrão primário. calibrar os instrumento de medição do
processo e dos laboratórios industriais.
Eles são usados para o trabalho diário de
medições. Geralmente são portáteis e de
uso coletivo e por isso sua precisão se
degrada rapidamente e requerem
calibrações freqüentes. Atualmente, com a
tendência de se calibrar a malha de
processo in situ, os fabricantes de
Fig. 5.7. Instrumento padrão de oficina (HP) instrumento desenvolveram padrões de
trabalho robustos e precisos para
calibração dos instrumentos da área
Padrão de Oficina industrial.
Os padrões de oficina são dispositivos Deve-se tomar cuidados especiais com
de alta precisão e comercialmente o uso dos instrumentos padrão elétricos
disponíveis, usados como padrões dos portáteis em local industrial, observando e
161
Confirmação Metrológica
162
Confirmação Metrológica
163
Confirmação Metrológica
164
Confirmação Metrológica
B.I.P.M
Temperatura
Padrão
Eletricidade Referência
Pressão
Padrão
Transferência
Massa
Vazão Padrão
Trabalho
Outros
Instrumento do
Usuário
165
A
Vocabulário de Metrologia
166
Vocabulário de Metrologia
A definição de um mensurando
1. Grandezas e Unidades especifica certas condições físicas.
Exemplo - A velocidade do som no ar seco
de composição (fração molar):
1.1. Grandeza (mensurável) N2 = 0,7808
O2 = 0,1095
Grandeza ou grandeza é o atributo de
Ar = 0,009 35
um fenômeno, corpo ou substância que
CO2 = 0,000 35
pode ser distinguido qualitativamente e
à temperatura T = 273,15 K e
determinado quantitativamente. O termo
pressão p = 101 325 Pa.
grandeza pode se referir a uma grandeza
no sentido geral (ver exemplo 1) ou a uma
grandeza particular [ver exemplo 2).
1.3. Grandeza de base
Exemplos: No Sistema Internacional de Unidades
1. grandeza no sentido geral: (SI), é a grandeza aceita como
comprimento, tempo, massa, independente de uma outra grandeza, por
temperatura, resistência elétrica, convenção e função.
concentração e grandeza de Atualmente, há sete grandezas de base:
substância; 1. comprimento
2. grandezas particulares: 2. massa
comprimento de uma dada barra, 3. tempo
resistência elétrica de um dado fio 4. temperatura
de cobre 5. corrente elétrica
concentração de etanol em uma dada 6. quantidade de substância
amostra de vinho. 7. intensidade luminosa
As grandezas que podem ser colocadas
em ordem de valor relativo a uma outra 1.4. Grandeza suplementar
são chamadas de grandezas de mesma
espécie. Grandezas da mesma espécie No SI, é a grandeza aceita como
podem ser agrupadas juntas em categorias independente de uma outra grandeza, por
de grandezas. Por exemplo: convenção e função. Por questão histórica,
1. trabalho, calor, energia é chamada de suplementar, quando pode
2. espessura, circunferência, raio de ser considerada também de base.
círculo e comprimento de onda. As duas grandezas suplementares são:
Grandezas de mesma espécie são expressas com a 1. ângulo plano
2. ângulo sólido
mesma unidade SI. Os nomes e símbolos para as
grandezas são dados pelo SI (Sistema Internacional
de Unidades) 1.5. Grandeza derivada
Grandeza definida, em um sistema de
1.2. Grandeza medida (Mensurando) grandezas, como função de grandezas de
base deste sistema. A grandeza derivada é
O primeiro passo na medição é geralmente obtida pela multiplicação e
especificar a grandeza a ser medida ou o divisão de grandezas de base e outras
mensurando. O mensurando não pode ser derivadas.
especificado por um valor mas somente Exemplos de grandezas derivadas:
por uma descrição de uma grandeza. 1. área é uma grandeza derivada do
Porém, em princípio, um mensurando não quadrado do comprimento.
pode ser completamente descrito sem uma 2. volume é uma grandeza derivada
grandeza infinita de informação. Assim, do cubo do comprimento
para a extensão que lhe deixa espaço para 3. velocidade é uma grandeza
interpretação, a definição incompleta do derivada do comprimento dividido
mensurando introduz na incerteza do por tempo
resultado de uma medição uma 4. aceleração é uma grandeza
componente de incerteza que pode ou não derivada da velocidade dividida por
pode ser significativa com relação à
exatidão requerida da medição.
167
Vocabulário de Metrologia
168
Vocabulário de Metrologia
169
Vocabulário de Metrologia
170
Vocabulário de Metrologia
171
Vocabulário de Metrologia
172
Vocabulário de Metrologia
173
Vocabulário de Metrologia
174
Vocabulário de Metrologia
175
Vocabulário de Metrologia
176
Vocabulário de Metrologia
177
Vocabulário de Metrologia
178
Vocabulário de Metrologia
179
Vocabulário de Metrologia
180
Vocabulário de Metrologia
181
Vocabulário de Metrologia
182
Vocabulário de Metrologia
6. Conceitos estatísticos
As definições dos termos básicos estatísticos dados aqui foram tiradas da ISO 3534-1 [7].
Esta norma deve ser a primeira fonte consultada para as definições de termos não incluídos
aqui.
183
Vocabulário de Metrologia
184
Vocabulário de Metrologia
185
Vocabulário de Metrologia
186
Vocabulário de Metrologia
u( x i )δ j
r( x i , x j ) =
u( x j )δ i
187
Vocabulário de Metrologia
Esta relação pode servir como base 1. Na Fig. 1(a) as observações são
para estimar experimentalmente os mostradas como um histograma
coeficientes de correlação. Ela também para fins ilustrativos.
pode ser usada para calcular a variação 2. A correção para um erro é igual ao
aproximada em uma estimativa de entrada negativo da estimativa do erro.
devido à variação em outra se o coeficiente Assim, na Fig. 1 e na Fig. 2, uma
de correlação for conhecido. seta que ilustra a correção para um
erro é igual em comprimento mas
6.16. Independência aponta no sentido oposto à seta que
ilustra o erro e vice-versa. O texto da
Duas variáveis aleatórias são
figura torna claro se uma seta
estatisticamente independentes se sua
particular ilustra uma correção ou
distribuição de probabilidade conjunta é o
um erro.
produto de suas distribuições de
Fig. 2 mostra algumas das idéias
probabilidades individuais.
ilustradas na Fig. 1 mas de modo diferente.
Se duas variáveis aleatórias são
Mais ainda, ela também mostra a idéia que
independentes, sua covariância e
pode haver muitos valores do mensurando
coeficiente de correlação são zeros, mas o
se a definição do mensurando é
inverso nem sempre é verdade.
incompleta (entrada g da figura). A
incerteza resultante deste definição
6.17. Representação gráfica incompleta como medida pela variância é
A Fig. 1. mostra algumas das idéias avaliada da medição de realizações
discutidas na cláusula 3 deste trabalho e múltiplas do mensurando, usando o
neste Anexo. Ela ilustra por que o foco mesmo método, instrumentos, local.
deste trabalho é a incerteza e não o erro. Na coluna Variância as variâncias são
O erro exato de um resultado de uma entendida serem as variâncias ui2(y)
medição é, em geral, desconhecido e definidas na eq. (11); assim elas se somam
desconhecível. Tudo que se pode fazer é linearmente, como mostrado.
estimar os valores das grandezas de
entrada, incluindo correções para os
efeitos sistemáticos reconhecidos, junto
com suas incertezas padrões (desvios
padrão estimados), ou de distribuições de
probabilidade desconhecidos que são
amostradas por meio de observações
repetidas ou de distribuições subjetivas ou
a priori baseadas em um pool de
informação disponível e então calcular o
resultado da medição dos valores
estimados das grandezas de entrada e a
incerteza padrão combinada das
incertezas padrão destes valores
estimados. Somente se há uma base boa
para acreditar que tudo isso possa ser feito
corretamente, com nenhum efeito
sistemático significativo tendo sido omitido,
pode-se assumir que o resultado da
medição é uma estimativa confiável do
valor do mensurando e que sua incerteza
padrão combinada é um medida confiável
do erro possível.
188
Vocabulário de Metrologia
A média aritmética
corrigida é o valor
estimado do mensurando
e o resultado da medição
Distribuição desconhecida da
população inteira de observações
Distribuição desconhecida (aqui corrigidas possíveis
assumida ser normal) da população
inteira de observações não
corrigidas possíveis
Valor do mensurando
não conhecido
189
Vocabulário de Metrologia
a) Observações não
Única
corrigidas
c) Correção de todos os
efeitos sistemáticos
conhecidos
e) Erro residual
(desconhecível)
f) Valor do mensurando
(desconhecível)
g) Valores da
mensurando devidos à
definição incompleta
(desconhecível)
h) Resultado final da
medição
190
B
Normas ISO 9000
As normas não fornecem informações
1. Introdução específicas de como fabricar ou fabricar
um produto com qualidade. As normas não
As normas de qualidade ISO garantem que o fabricante certificado
apareceram de uma necessidade fornece um produto com qualidade. As
crescente de os países garantirem, de normas apenas garantem que um
algum modo, a qualidade de todas as fabricante possui um sistema de qualidade
práticas de fabricação e para garantir um no local e que estes procedimentos do
certo nível de consistência no valor dos programa de qualidade estão
produtos e serviços. Elas foram adotadas documentados e são observados por todos
no Brasil em 1990, porém apareceram na os empregados.
Europa no início dos anos 1980 e foram As normas são escritas de um ponto de
adotadas nos EUA em 1987. A Europa vista de contrato com duas partes. Elas
adotou estas normas como parte de seu são projetadas para modelar um sistema
tratado do mercado comum, estabelecendo de qualidade que irá encorajar um
que sem a certificação ISO não há vendedor a satisfazer as exigências de
negócio. Embora isso seja exagerado, os qualidade que um comprador pode esperar
países envolvidos concordam que este do produto final.
conjunto de normas de qualidade são As normas ISO 9000 não foram escritas
muito importantes no mercado mundial. pela e para a Comunidade Européia, mas
As normas ISO 9000 são uma série de por uma organização mundial, com mais
cinco normas - ISO 9000, 9001, 9002, de 100 membros, em Genebra, Suíça. O
9003 e 9004 - usadas para documentar, Brasil é representado pela ABNT
implementar e demonstrar um programa de (Associação Brasileira de Normas
garantia da qualidade da empresa. Elas Técnicas), uma empresa não
fazem isto, de um modo muito genérico, governamental responsável pelas normas
apresentando três modelos de sistema de brasileiras.
qualidade, resumidos nas normas ISO Em 1992, aproximadamente 52 países,
9001, 9002 e 9003. incluindo o Brasil, já tinham adotado
A ISO 9001 é o modelo para projeto e oficialmente as normas ISO 9000. Como
desenvolvimento, produção, instalação e as normas são muito genéricas, qualquer
serviço. A ISO 9002 se aplica à produção e país pode fazer pequenas modificações e
instalação e a ISO 9003 se aplica à alterações de linguagem e publicá-las com
inspeção e teste finais. O guia para o uso títulos diferentes.
destas normas está incluído na ISO 9000 e A certificação ISO 9000 é dolorosa para
o guia para desenvolver o gerenciamento companhias que não estão preparadas.
de qualidade e os elementos do sistema Pode-se levar mais de um ano para se
estão descritos na ISO 9004. As definições ficar pronto para uma primeira auditoria. O
dos conceitos de qualidade estão descritas processo de auditoria em si pode levar de
em outro documento, ISO 8402, Quality meses até alguns anos. Mesmo uma
Vocabulary. companhia que já tenha um programa de
gerenciamento de qualidade pode ter muito
191
Normas ISO 9000
192
Normas ISO 9000
193
Normas ISO 9000
194
Normas ISO 9000
195
Normas ISO 9000
196
Normas ISO 9000
197
Normas ISO 9000
198
Normas ISO 9000
199
Normas ISO 9000
200
Normas ISO 9000
201
Normas ISO 9000
202
Normas ISO 9000
203
Normas ISO 9000
204
Normas ISO 9000
205
Normas ISO 9000
206
Normas ISO 9000
207
Conclusão final
208
C
Rede Brasileira de Calibração
Laboratório Cidade, Telefone Grandeza
UF s
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland São Paulo, SP (011) 268-5111 Dimensão
Força
ABSI - Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 914-8987 Pressão
Balitek – Instrumentos e Serviços Ltda São Paulo, SP (011) 215-0088 Dimensão
Pressão
Ceman – Central de Manutenção Ltda Camaçari, BA (071) 832-8586 Dimensão
Pressão
Cepel - Centro de Pesquisas de Energia Elétrica Rio de (021) 767-2111 Eletricidade
Janeiro, RJ Tempo
Certi - Fundação Centro Regional em Tecnologias Florianópolis, (0482) 34-3000 Dimensão
Inovadoras SC Força
Pressão
Cetec - Fundação Centro Tecnológico de Minas Belo (031) 486-1000 Força
Gerais Horizonte, MG
Cetemp/Senai RS - Centro Tecnológico de Porto Alegre, (051) 592-5618 Dimensão
Mecânica de Precisão RS
CMPJ – Centro de Mecânica de Precisão de Joinville, SC (047) 432-0133 Dimensão
Joinville
Copel – Companhia Parananense de Energia Curitiba, PR (041) 366-2020 Eletricidade
CSN – Companhia Siderúrgica Nacional Volta (0243) 44-705 Dimensão
Redonda, RJ
CST – Companhia Siderúrgica Tubarão Vitória, ES (027) 348-2162 Eletricidade
Pressão
Temperatura
CTA - Centro Técnico Aeroespacial São José dos (012) 340-3355 Dimensão
Campos, SP
Dresser Indústria e Comércio Ltda – Divisão de São Paulo, (011) 453-5477 Pressão
Manômetros Willy SP
Ecil S.A. Piedade, SP (0152) 44-3000 Temperatura
Embraco – Empresa Brasileira de (047) 441-2686 Dimensão
Compressores
Fucapi – Fundação Centro de Análise, Pesquisa (092) 237-5858 Dimensão
e Inovação Tecnológica
Furnas Centrais Elétricas SA Furnas, MG (035) 523-1001 Eletricidade
Tempo
Ibametro – Instituto Bahiano de Metrologia, Simões Filho, (071) 394-1172 Massa
Normalização e Qualidade Industrial BA
IEE/USP - Instituto de Eletrotécnica e Energia da São Paulo, SP (011) 815-2423 Eletricidade
Universidade de São Paulo
IFM - Instituto Fluminense de Metrologia SC Petrópolis, (0242) 21-2652 Eletricidade
Ltda RJ Pressão
Temperatura
INPE - Instituo Nacional de Pesquisas São José dos (012) 325-6274 Eletricidade
Espaciais Campos, SP Tempo
Instituto Presbiteriano Mackenzie São Paulo, (011) 236-8766 Dimensão
209
Rede Brasileira de Calibração
SP Força
INT - Instituto Nacional de Tecnologia Rio de (021) 253-9294 Força
Janeiro, RJ
IOPE Instrumentos de Precisão Ltda São Paulo, (011) 265-4577 Temperatura
SP
IPEI - Instituto de Pesquisas e Estudos São Bernardo (011) 419-0200 Dimensão
Industriais do Campo,
SP
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do São Paulo, (011) 268-2211 Dimensão
Estado de São Paulo SA SP Eletricidade
Força
Massa
Pressão
Temperatura
K&L Assistência Técnica em Instrumentos de (0474) 26-1712 Dimensão
Medição
Mitutoyo do Brasil Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 478-4544 Dimensão
Naka Instrumentação Industrial Ltda São Paulo, SP (011) 417-1177 Pressão
PUC/RJ - Pontifícia Universidade Católica do Rio Rio de (021) 259-5197 Dimensão
de Janeiro Janeiro, RJ Força
Pressão
Temperatura
PUC/RS - Pontifícia Universidade Católica do Rio Porto Alegre, (051) 339-1511 Eletricidade
Grande do Sul RS Rádio
freqüência
Senai/RJ – Cetec de Metal Mecânica Euvaldo Lodi Rio de Janeiro (021) 569-1322 Dimensão
Sharp do Brasil S.A. Manaus, AM (092) 614-2533 Dimensão
Tempo
Siemens S.A. São Paulo, SP (011) 833-4405 Dimensão
Força
Pressão
Tempo
Tektronix Indústria e Comércio Ltda São Paulo, SP (011) 3741- Eletricidade
8417 Tempo
Tridmensional Leka’s Medições Ltda Rio de (021) 270-5888 Dimensão
Janeiro, RJ
Triel Engenharia Ltda Santos, SP (013) 227-5666 Eletricidade
Pressão
Unicamp - Centro de Tecnologia da Universidade Campinas, SP (0192) 39-1103 Dimensão
Estadual de Campinas
Yokogawa Elétrica do Brasil Indústria e Comércio São Paulo, SP (011) 548-2666 Eletricidade
Ltda Tempo
210
D
Fundamentos da Qualidade
Objetivos de Ensino
1. Apresentar a história da qualidade.
2. Conceituar qualidade e listar sua terminologia, características e aspectos.
3. Mostrar as três filosofias básicas de qualidade, segundo Deming, Crosby e Juran
211
Fundamentos da Qualidade
trabalhadores se reportando ao supervisor aceitos e estudados. Em 1946, formou-se
se tornou muito grande, ficou impossível o a American Society for Quality Control
supervisor controlar rigorosamente as (ASQC). Em 1950, foi desenvolvida a série
operações individuais de cada trabalhador. de normas MIL-STD-105, associada à
Os inspetores verificavam a qualidade do qualidade.
produto após determinadas operações e Qualidade, definida como conformidade
no final. Havia padrões para serem com a especificação, era controlada
comparados com os produtos. Quando durante a produção, em vez de ser
haviam discrepâncias entre o padrão e o inspecionada nos produtos. A
item do produto, os itens eram separados. responsabilidade pela qualidade foi
Os itens não-conformes podiam ser transferida para um departamento
retrabalhados e quando isso não fosse independente (QC), que era agora
possível, rejeitados. considerado o guardião da qualidade. O
Os primeiros grupos de qualidade eram departamento QC era separado da
os departamentos de inspeção. Durante a fabricação, para ter autonomia e
produção, os inspetores mediam os independência.
produtos contra especificações. Os Embora as condições fossem idéias
departamentos de inspeção não eram para se explorar os benefícios do controle
independentes; eles geralmente se estatístico da qualidade, as indústrias
reportavam ao departamento de fabricação americanas se mostraram preguiçosas e
cujos esforços eles inspecionavam. Isso pouco interessadas com estas teorias
apresentava um conflito de interesses, pois relacionadas com qualidade. Foi o Japão,
o departamento de inspeção rejeitava uma totalmente destruído pela guerra, que
batelada de produtos não-conformes e o adotou rigorosamente os planos de
departamento de fabricação queria controle de qualidade e se submeteu a
aproveitar essa batelada de produtos para programas intensivos de treinamento e
venda, independente da qualidade. Havia o educação. Foram para o Japão, como
conflito entre as mensagens de "produção consultores e professores, os americanos
a qualquer custo" e "qualidade é o mais W. Edwards Deming (1950) e Joseph M.
importante". Neste ambiente, a qualidade Juran (1954).
do produto melhorava muito lentamente.
Garantia da Qualidade
Durante este período, foram
desenvolvidos os fundamentos estatísticos Na década de 1960, o controle da
da qualidade e a Bell Telephone qualidade evoluiu para Garantia da
Laboratories montou uma equipe de Qualidade (QA - quality assurance). O
pioneiros do estudo da qualidade, como departamento de garantia da qualidade
Walter A. Stewhart (controle estatístico de assegurava a qualidade do processo e do
processo), H. G. Romig e H.F. Dodge produto através de auditorias operacionais,
(planos de amostragem). treinamentos, análises técnicas. Os
consultores de QA atuavam nos
Controle da qualidade departamentos onde realmente estava a
No período de 1940 a 1960, a fase da responsabilidade pela qualidade. O QA é
evolução é chamada de Controle uma área funcional responsável pela
Estatístico da Qualidade. Nesta etapa, os inspeção dos produtos, calibração dos
grupos de inspeção evoluíram para os instrumentos, teste dos produtos e
departamentos de Controle da Qualidade inspeção da matéria prima.
(QC). O início da Segunda Guerra Mundial Neste período surgiu o conceito de
requereu produtos militares sem defeitos. Defeito Zero (ZD - zero defect), que se
A qualidade do produto era crucial para baseava na obtenção de produtividade
ganhar a guerra e isso somente seria através do envolvimento do trabalhador.
garantido se o departamento de inspeção Esse conceito era adequado para a NASA
pudesse controlar os processos de (National Aeronautics and Space
produção. A inspeção de 100%, Administration) em lançamento de foguetes
geralmente impraticável, foi substituída e satélites.
pelos planos de amostragem, que foram
212
Fundamentos da Qualidade
No Japão, surgiu o conceito de círculos operadores fabricam um produto sem
de controle de qualidade, baseado no defeitos.
estilo participativo do gerenciamento. Este A orientação para o cliente final é
princípio assume que a produtividade irá essencial, pois suas necessidades mudam
aumentar através de um moral elevado e e a organização deve detectar essas
motivação, que são obtidos através de variações e se adaptar para atendê-las.
consulta e discussão em grupos informais. Adaptar significa projetar produtos
estéticos, fabricar produtos sem defeitos,
Gerenciamento da Qualidade Total
entregar os produtos em tempo e com
Na década de 1970, quando o assunto lucro. Uma organização deve projetar e
qualidade se tornou mais crítico, QA evolui produzir e entregar o que o cliente quer e
para o Gerenciamento da Qualidade Total não o que a organização pensa que o
(TQM - total quality management) ou o cliente quer.
gerenciamento da qualidade em toda a
companhia (CWQM - company-wide quality
management).Os grupos de qualidade da
2. Conceito de Qualidade
companhia são menores, com mais A noção de qualidade pode ser dividida
autoridade e menor responsabilidade direta em cinco categorias:
pela qualidade. Por exemplo, o grupo de 1. transcendental,
qualidade tem autoridade para impedir a 2. baseada no produto,
saída de um produto defeituoso da porta 3. baseado no usuário,
da fábrica, enquanto a responsabilidade do 4. baseada na fabricação e
controle de qualidade atua no operador do 5. baseada no valor.
departamento de fabricação. Ainda foram identificados oito atributos
A qualidade está associada com cada na definição da qualidade:
indivíduo. O programa de qualidade total 1. desempenho,
envolve toda a organização, 2. características,
desenvolvendo e implantando uma ética e 3. confiabilidade,
cultura de qualidade. O foco do programa é 4. conformidade,
toda a companhia, orientado para o 5. durabilidade,
usuário e realizado competitivamente. 6. utilidade,
A qualidade não fica apenas em um 7. estética e
departamento. Para fabricar um produto 8. percepção da qualidade.
com qualidade ou entregar um serviço com O termo qualidade pode ser definido de
qualidade requer a atenção e envolvimento vários modos, dependendo do enfoque e
de todos da organização. É perspectiva do usuário. Qualidade é:
responsabilidade da pessoa que faz 1. conformidade com especificações e
diretamente o trabalho, da recepcionista normas aplicáveis (Crosby)
que atende alegremente as pessoas, da 2. adequação (fitness) ao uso (Juran)
telefonista que se comunica com o mundo 3. satisfação das vontades,
externo, do gerente que supervisiona os necessidades e expectativas do
empregados, do instrumentista que comprador a um custo competitivo
mantém os instrumentos em operação, do 4. adequação do produto ou serviço ao
responsável pela embalagem do produto. seu uso pretendido como requerido
Cada elemento da organização, desde o pelo usuário.
comitê executivo que estabelece a política
de qualidade até a recepcionista na 2.1. Conformidade
portaria da firma, contribui para o êxito ou
boicote do esforço da qualidade. O comitê Toda organização, se lucrativa ou sem
executivo define uma política realística, os fins lucrativos, de fabricação, serviços,
gerentes estabelecem objetivos atingíveis, privada ou pública, tem especificações e
os engenheiros projetam produtos normas, que são elaboradas por
funcionais, confiáveis e atraentes, as organizações para medir o desempenho e
recepcionistas são gentis e eficientes e os corrigir os desvios dos níveis esperados.
Por exemplo, em uma operação de
fabricação, as especificações detalham
213
Fundamentos da Qualidade
limites dimensionais, atributos físicos de 3. Características da Qualidade
uma característica da qualidade de uma
peça. Em uma operação de serviço, as Pode haver um ou mais elementos para
normas estabelecem os métodos definir o nível de qualidade de um produto
aprovados de comportamento ou serviço. ou serviço. Esses elementos são
chamados de características da qualidade.
2.2. Adequação ao uso Estas características podem ser agrupadas
de vários modos: estrutural, sensorial,
A associação da qualidade com a
tempo e ético.
adequação ao uso é de Joseph Juran. É
As características estruturais incluem as
uma definição baseada no mercado e no
grandezas físicas como comprimento,
comprador. Um produto ou serviço é
área, volume, massa, peso, resistência,
adequado para uso se ele satisfaz as
viscosidade, densidade e muitas outras
necessidades e exigências do comprador.
variáveis de processo incluídas na
É possível se ter um produto que esteja
instrumentação e controle do processo. As
de conformidade com o uso em termos de
características sensoriais incluem o gosto
satisfação do comprador mas não se
de uma comida, cheiro de um perfume,
conforme com a especificação. A
beleza de um modelo. As características
especificação de acabamento de superfície
que dependem do tempo incluem a
foi desenvolvida para um produto de
garantia, confiabilidade, mantenabilidade.
consumo. A condição do acabamento da
As características éticas incluem
superfície é importante porque ela melhora
honestidade, cortesia, amizade.
a aparência do produto e sua facilidade de
As características da qualidade podem
venda. As especificações foram escritas
ser agrupadas em duas grandes classes:
para todas as superfícies, internas e
variáveis e atributos.
externas. Porém, se a superfície interna do
produto não está de conformidade com a
norma e como ela não pode ser vista pelo
3.1. Variável
comprador, ela não influencia Variável é a característica que pode ser
negativamente na sua decisão de compra medida e expressa por um valor numérico,
e portanto a não-conformidade é aceita. unidade e um limite de incerteza. São
Assim, um produto com uma imperfeição exemplos de variáveis:
pode ser adequado ao uso se tal 1. o diâmetro de eixo, como 10,0 ±0,1 mm
imperfeição não afeta seu desempenho, 2. a massa de um corpo, como 8,5 ±0,2
segurança ou atração para a venda. kg
3. a densidade relativa de um fluido em
2.3. Satisfação do comprador a um relação à agua, como 0,8
preço competitivo (adimensional)
4. a resistência elétrica de uma bobina,
A qualidade do produto ou serviço é a
como 24 Ω.
habilidade do produtor ou prestador de
5. o volume de um frasco, como 1,0 litro.
serviço satisfazer as necessidades do
comprador, ainda sendo capaz de ter lucro.
Esta definição envolve os dois lados da 3.2. Não-conformidade
questão: o fornecedor e o comprador. O Uma não conformidade é uma
comprador é a razão da existência da característica de qualidade que não
organização, mas o fabricante ou o satisfaz a especificação requerida
fornecedor do serviço deve ter o seu lucro. estabelecida. Por exemplo, seja a
Muitos clientes não compram um produto espessura nominal de uma arruela de 5,0
ou serviço, a não ser que ele tenham um ±0,2 mm. Uma arruela com espessura de
preço razoável. 5,1 mm é conforme e boa; uma arruela
com 5,3 mm tem a espessura não-
conforme e deve ser retrabalhada para
ficar dentro do especificado.
Uma unidade não-conforme é aquela
que possui uma ou mais não-
214
Fundamentos da Qualidade
conformidades, de modo que a unidade estado pretendido que ocorre com uma
não é capaz de satisfazer a especificação gravidade suficiente para fazer o produto
estabelecida e portanto, incapaz de ou serviço associado não satisfazer a
funcionar como previsto. Uma peça com o exigência de uso pretendida, de modo
peso e o comprimento fora das tolerâncias visível
estabelecidas é uma unidade não-
conforme e como tal, deve ser 3.5. Padrão e Especificação
retrabalhada ou se isso não for possível,
Como a definição de qualidade envolve
rejeitada e jogada fora.
a satisfação do usuário, as necessidades
do usuário devem ser documentadas. Uma
3.3. Atributo norma ou especificação se refere ao
Atributo é uma característica de estabelecimento preciso que formaliza as
qualidade se ela só pode ser classificada necessidades do usuário. Eles podem ser
como conforme ou não conforme, boa ou referir a produto ou processo ou serviço.
ruim, satisfaz ou não satisfaz, de acordo Por exemplo, a especificação de uma peça
com uma determinada especificação. pode incluir o diâmetro interno de 4,0 ±0,1
O atributo é a característica da cm, diâmetro externo de 10,0 ±0,2 cm,
qualidade que geralmente não pode ser comprimento de
medida em uma escala numérica. Por 12,0 ± 0,3 cm. Isto significa que uma peça
exemplo, o cheiro de um perfume, a cor de aceitável deve satisfazer cada uma das
um tecido são atributos, pois são dimensões acima, dentro das tolerâncias
caracterizados como aceitável ou não- estabelecidas.
aceitável. Segundo o National Institute of
Às vezes, uma variável pode ser Standards and Technology (NIST),
considerada como atributo. Por exemplo, o especificação é um conjunto de condições
diâmetro de um eixo a ser usado em um e exigências, de aplicação limitada ou
conjunto, é rigorosamente uma variável, específica, que fornece uma descrição
com uma dimensão, unidade e tolerância. detalhada do procedimento, processo,
O eixo poderia ser medido por um material, produto ou serviço, para uso
paquímetro ou micrômetro e o operador iria principalmente em compra e fabricação.
classificá-lo como conforme ou não- Normas podem ser referidas ou incluídas
conforme. Uma alternativa mais rápida, em um especificação.
seria comparar o diâmetro do eixo com um Norma é um conjunto escrito de
padrão ou inserir o eixo em um furo condições e necessidades, de aplicação
padrão, de modo que ele seria classificado geral ou restrita, estabelecida por uma
rapidamente como conforme ou não- autoridade ou acordo, para ser satisfeita
conforme. A grande vantagem de por um material, produto, processo,
considerar o indicador bom ou não-bom é procedimento, convenção, método de
a economia de tempo no teste. teste; relacionada com características
físicas, funcionais, desempenho ou de
3.4. Defeito conformidade.
Defeito está associado com uma Padrão é a representação física de uma
característica de qualidade que não unidade de medição ou uma receita que
satisfaz a especificação. A gravidade de define o método para se obter uma
um ou mais defeito em um produto ou unidade de medição.
serviço pode determinar se ele é aceitável
ou não (defeituoso). O termo moderno para
item defeituoso é item não-conforme. A
definição do American National Standards
Institute (ANSI) e American Society for
Quality Control (ASQC) é a seguinte
(ANSI/ASQC A3, 1987):
Defeito é um afastamento de uma
característica de qualidade de seu nível ou
215
Fundamentos da Qualidade
4. Aspectos da Qualidade qualidade deve ser controlada, desde a
compra das matérias primas até a entrega
Três aspectos são usualmente para o comprador. Esta fase consiste de
associados com a definição de qualidade: três etapas:
qualidade de projeto, qualidade de 1. prevenção de defeito
conformidade e qualidade de desempenho. 2. procura de defeito
3. análise do defeito e conserto.
4.1. Qualidade de Projeto A prevenção de defeito significa evitar a
ocorrência de defeitos e é usualmente
A qualidade de projeto trata das conseguida através de técnicas de controle
condições restringentes que o produto ou estatístico de processo. A procura de
serviço deve possuir, no mínimo, para defeito é conduzida através de inspeção,
satisfazer as necessidades do usuário. teste e análise estatística dos dados do
Isso implica que o produto ou serviço deve processo. Finalmente, as causas de defeito
ser projetado para satisfazer minimamente são investigadas e são tomadas ações
as necessidades do consumidor. corretivas.
O projeto deve ser o mais simples e o A qualidade de projeto tem um impacto
mais barato e ainda satisfazer as na qualidade de conformidade. É claro que
expectativas do usuário. A qualidade de deve ser possível produzir o que é
projeto depende de fatores como: tipo do projetado. Por exemplo, se a especificação
produto, custo, política de lucro, demanda de projeto para o comprimento de um pino
do produto, disponibilidade de peças e de aço é 20,0 +- 0,2 mm, deve-se ter um
materiais e segurança. Por exemplo, seja projeto envolvendo ferramentas, materiais
um cabo de aço cujo nível de qualidade e métodos que produza o pino com esta
requeira uma resistência para suportar 100 especificação. Se o sistema de produção
kg/cm2. Quando se projeta tal cabo, consegue esta peça com esta
selecionam-se os parâmetros do cabo para especificação, o produto é fabricado com
ele suportar, no mínimo, esta tensão. Na esta especificação. Se o processo é capaz
prática, o cabo é superdimensionado, de de produzir a peça com especificação de
modo que a que a condição desejada seja
20,0 ±0,4 mm, a fase do projeto deve ser
excedida. Assim, quando se projeta um
revista. Se for possível fabricar pinos
cabo com 25% além da especificação, o
cabo pode suportar tensão de 125 kg/cm2. somente com a tolerância de 20,0 ±0,4, a
Geralmente, quando se aumenta o nível especificação do produto é alterada. Caso
de qualidade projetada, o custo sobe de seja mandatória a especificação de 20,0 ±
modo exponencial. Porém, o valor do 0,2 mm, deve-se alterar a ferramenta ou o
produto aumenta de um modo crescente método de produção, certamente com
no início e depois permanece praticamente aumento do custo final do produto. Enfim,
constante, além de um determinado nível deve haver uma constante interação entre
de qualidade. A figura mostra as curvas do o projeto e a produção de modo que o
custo do produto e o seu valor. Observa-se projetado possa ser realmente fabricado.
que abaixo do nível de qualidade c, o valor
é sempre menor que o custo do produto; 4.3. Qualidade de Desempenho
além do nível, o custo fica maior que o A qualidade de desempenho está
valor do produto e ele fica impraticável. relacionada com a operação do produto
Esta curva serve para escolher o nível quando realmente posto para usar ou
mais conveniente de qualidade de projeto. quando o serviço foi executado e se mede
o grau de satisfação do consumidor. A
4.2. Qualidade de conformidade qualidade de desempenho é função da
A qualidade de conformidade implica qualidade de projeto e da qualidade de
que o produto fabricado ou serviço desempenho. O teste final do produto é
prestado deve satisfazer as normas sempre feito pelo consumidor. A satisfação
selecionadas na fase de projeto. Com de suas expectativas é o principal objetivo.
relação ao setor de fabricação, esta fase Se um produto não funciona como é
está relacionada com o grau onde a
216
Fundamentos da Qualidade
esperado, deve-se fazer ajustes nas fases restaurante, a componente serviço da
de projeto e de conformidade. comida é tão importante quanto a
componente produto, que é a comida em
si. O maître toma o pedido do cliente com
todas as especificações da comida, o
Qualidade cozinheiro faz a comida usando produtos
comprados de diversos fornecedores, o
garçom entrega a comida e serve o cliente,
de modo educado e cuidadoso. O
ambiente deve ser adequado para a
Qualidade de conversação, com música ambiente suave
Conformidade e temperatura adequada. E a conta deve
ser honesta para o cliente e deve dar lucro
ao dono do restaurante.
Quando a qualidade dos bens e
serviços complexos deve ser controlada e
Qualidade garantida, deve-se implantar um programa
Qualidade de
de Projeto de qualidade total. O objetivo do programa
Desempenho
é medir, detectar, reduzir, eliminar e evitar
deficiências na qualidade. Deficiências
Fig. 2. Aspectos da qualidade podem ser
1. produtos com defeito
2. serviços descorteses
3. entregas demoradas
4. falta de assistência pós-venda
5. Gerenciamento da Qualidade Total
5.2. Sistema de Qualidade Total
5.1. Introdução
Um sistema de qualidade é estabelecido
Em uma economia global, a fabricação na estrutura operacional de toda a
de produtos e a execução de serviços não companhia e planta, documentado em
possui fronteiras. Uma indústria procedimentos efetivos e integrados
automobilística pode ter o gerenciamento relativos ao gerenciamento e trabalhos
na Alemanha, fabricar o motor no México, técnicos, para orientar as ações
montar o carro no Brasil e vendê-lo e coordenadas das pessoas, máquinas e
prestar assistência técnica na Arábia informações da companhia e planta do
Saudita. Este carro, da concepção, modo melhor e mais prático possível para
fabricação e entrega, deve incorporar garantir a satisfação da qualidade do
qualidade. usuário e custos econômicos da qualidade.
Na Europa, a International Standards
Organization (ISO) desenvolveu normas 5.3. Malha da Qualidade
(série 9000) para estabelecer uma
linguagem comum e entendimento dos Os principais elementos da malha de
principais termos e conceitos na qualidade. qualidade de um programa de
Nos Estados Unidos, o American National gerenciamento de qualidade total,
Standards Institute (ANSI) é a organização conforme são os seguintes:
1. Marketing e pesquisa de mercado
responsável pela emissão de normas. As
2. Projeto, especificação, engenharia e
normas ANSI são tecnicamente
equivalentes às normas ISO. desenvolvimento do produto
As normas se referem à fabricação de 3. Procurement
4. Planejamento e desenvolvimento do
produtos e execução de serviços, pois
estes parâmetros estão quase sempre processo
associados. Na maioria dos casos, um 5. Produção
fabricante de produtos é também um 6. Inspeção, teste e exame
entregador de serviços. Por exemplo, 7. Embalagem e armazenamento
quando se pede uma refeição no 8. Venda e distribuição
217
Fundamentos da Qualidade
9. Instalação e operação alterações através do ciclo de vida do
10. Assistência técnica e manutenção produto. Se não houver esta adaptação, os
11. Descarte depois do uso produtos e serviços irão envelhecer e não
mais irão satisfazer as necessidades do
Marketing e pesquisa de mercado
usuário.
A responsabilidade do marketing é A maioria dos produtos segue um ciclo
identificar o mercado, identificar as de vida consistindo de quatro estágios:
necessidades do cliente, desenvolver uma introdução, crescimento, maturidade e
descrição resumida do produto e declínio. Esses quatro estágios mostram o
estabelecer um sistema de controle à perfil de vendas de um produto. Quando
realimentação negativa (feedback). um produto é introduzido no mercado, as
Um mercado pode ser inteiramente vendas podem ser baixas por que as
novo, já estabelecido ou um segmento de pessoas ainda não conhecem o produto ou
um mercado estabelecido. Pode-se não conhecem os benefícios resultantes de
desenvolver um produto totalmente novo seu uso ou o produto pode ter um preço
para um mercado novo. Este produto tem muito alto. Em seu estágio de crescimento,
um preço normalmente muito elevado, através da propaganda, as pessoas tomam
para recuperar alguns custos de conhecimento de seus benefícios
desenvolvimento e pesquisa. Esse novo potenciais ou de sua habilidade de
produto inicialmente não tem competição e satisfazer suas necessidades. As vendas
de modo que se alguém quiser comprá-lo, crescem. No estágio de maturidade, os
deve pagar o seu alto preço. competidores desenvolvem produtos
Para um mercado estabelecido, pode-se melhores com mesmo preço ou produtos
ter uma versão melhorada do produto com igual desempenho mas com preço
existente com preço equivalente, ou um menor. As vendas permanecem estáveis.
produto similar com preço mais baixo. Finalmente, no estágio de declínio, a
Pode-se também desenvolver um produto competição força a organização
especializado para um segmento de um desenvolver novos produtos ou abaixar o
mercado estabelecido. Esse produto preço do produto existente. De qualquer
satisfaz as necessidades de um segmento modo, as vendas caem.
específico do mercado alvo.
O marketing também identifica as Projeto, especificação, engenharia e
necessidades, vontades e expectativas de desenvolvimento do produto
produtos e serviços. Quase todo produto A engenharia usando o resumo do
tem um componente serviço associado, produto, transforma as necessidades do
que é tão importante quanto o componente usuário em especificações técnicas para
produto. Por exemplo, quem compra um materiais, produtos e processos. No
microcomputador IBM compra também o desenvolvimento do produto, são
serviço que está associado com o nome considerados os seguintes parâmetros:
IBM. necessidades do usuário, custo, facilidade
Assim que as necessidades do usuário de fabricação e de teste e qualidade do
são identificadas, elas são comunicadas à projeto.
organização em termos de um conjunto de A engenharia primeiro desenvolve uma
necessidades resumidas em uma ideia e o conhecimento do que o usuário
especificação do produto. As necessidades quer ou espera. Geralmente, as
do cliente se transformam gradualmente necessidades, vontades e expectativas do
em especificações do produto e do serviço, usuário são vagas e a engenharia somente
como características de desempenho, tem uma ideia abstrata do mercado. O
estética, embalagem, preço, exigências marketing deve obter informações dos
legais. grupos enfocados, amostragens,
Finalmente, o marketing estabelece pesquisas e outras fontes. O marketing
uma informação, monitoração e sistema de acredita que a organização pode
realimentação negativa. As necessidades desenvolver um produto ou serviço para
do usuário se alteram e uma organização satisfazer estas exigências. A engenharia
deve continuamente se acomodar a essas então determina se é possível desenvolver
218
Fundamentos da Qualidade
o produto dentro do tempo e orçamento preço competitivo, entregue no tempo
estabelecidos. combinado e com suporte de serviço
Mesmo durante as considerações da adequado. A monitoração dos
satisfação do cliente, os custos do produto fornecedores garante que seus produtos
e sua entrada são sempre considerados. estão de conformidade com as
Se um produto tem um alto preço e uma especificações. A monitoração inclui
imagem de qualidade, ele vende pouco, o auditorias nas dependências do fornecedor
mercado é rico mas não é um mercado de relativas ao seu sistema de qualidade,
massa. teste e melhoria do produto.
Às vezes, o engenheiro projeta um Um fabricante é um comprador de seus
produto no terminal do computador e não fornecedores. O comprador deve
solicita informação ou ajuda quanto à sua comunicar aos seus fornecedores as suas
capacidade de ser construído. Um produto especificações detalhadas, com desenhos,
projetado com pequenas tolerâncias é, às ordens de compra e contratos. As
vezes, impossível de ser fabricado ou necessidades do usuário devem incluir:
operado. Tolerâncias muito pequenas ou 1. características de qualidade do
muito grandes podem resultar em falhas produto
prematuras, causadas pela interferência de 2. características de serviço
peças muito encaixadas ou muito folgadas. 3. ambiente de operação
A qualidade no projeto é essencial para 4. identificações precisas de estética e
um produto final ser livre de defeitos, grau de qualidade
seguro e confiável. Projeto ruim causa 5. instruções de inspeção
falha prematura do produto. Se os erros de 6. especificações do produto
projeto não são corrigidos, eles são
Processo, planejamento e
repetidos em cada produtos fabricado. O
desenvolvimento
projeto bom implica em segurança e
saúde. Se uma planta nuclear não é Os processos de produção, quer sejam
projetada e construída com a segurança de inspeção, montagem ou fabricação,
em mente, um acidente pode liberar devem ser planejados para que operem
radioatividade na atmosfera, resultando em corretamente sob condições controladas.
mortes (Chernobyl e Three Mile Island). Isto significa que os equipamentos de
O projeto também deve considerar a fabricação, produção e os instrumentos de
confiabilidade, o efeito a longo prazo da medição são monitorados, calibrados e
qualidade. Produto confiável é aquele que controlados conforme programas
raramente se estraga. Quando estragado, elaborados para fabricar produtos sem
o produto deve ser rapidamente defeitos. A variabilidade causada pelos
consertado. O instrumento é considerado operadores, materiais, métodos e
muito disponível quando raramente se máquinas é mantida dentro de limites
estraga e é facilmente consertado. mínimos exequíveis. As operações de
produção são detalhadas. As instruções de
Matéria prima trabalho e manutenção são seguidas. O
Dependendo do produto e da indústria, pessoal envolvido é treinado.
muitos fabricantes usam cerca de 70% de
Produção
seu material de fornecedores externos. Um
produto final só é de boa qualidade quando A produção torna realidade o projeto da
os seus componentes adquiridos forem de engenharia. Os desenhos e especificações
boa qualidade. Assim, a compra e o são transformados em produto. Produção é
controle de compra das matérias primas e um termo abrangente que inclui
peças de terceiros são fundamentais para montagem, fabricação e inspeção em
a qualidade do produto final. linha.
Deve-se selecionar e monitorar os A responsabilidade pela qualidade fica
fornecedores. A seleção dos fornecedores com o operador e o supervisor de
é um processo formal que avalia os produção. O supervisor de produção deve
fornecedores quanto à sua habilidade de comunicar a importância da qualidade ao
fabricar um produto sem defeito, com pessoal da linha de montagem. Deve haver
uma dedicação honesta na perseguição e
219
Fundamentos da Qualidade
obtenção da excelência e uma interminável estabelece testes, fabricação e
e contínua melhoria. Se o programa de distribuição.
qualidade é apenas retórico ou teórico, o A qualidade do produto é somente tão
trabalhador da linha de produção ou o exata quanto os instrumentos de medição
operador do processo sente a usados para verificar sua qualidade. Isto
manipulação, rejeita-a e não se empenhará implica que qualquer instrumento de
para que o produto final tenha a qualidade medição deve ser exato e preciso para
desejada. fornecer o gerenciamento com suficiente
Assim que um processo entra em confiança nas decisões e ações baseadas
operação, ele é controlado manual ou nas medições. Indicadores locais,
automaticamente para garantir as instrumentos e equipamentos de teste
características de qualidade e quantidade automático devem ser escolhidos para
do produto, dentro de limites determinados. satisfazer ou exceder as exigências do
Pode-se implantar o controle estatístico de usuário. Todo instrumento de medição
processo, que engloba as seguintes idéias deve ser calibrado ou aferido em intervalos
básicas: regulares, com padrões apropriados. Todo
1. qualidade é a conformidade com as padrão, em qualquer nível hierárquico deve
especificações ser calibrado ou aferido também em
2. processos e produtos variam sempre intervalos regulares, nas próprias
3. as variações nos processos e dependências ou em laboratórios externos.
produtos podem ser medidas A qualidade do produto pode ser
4. as variações seguem padrões verificada através da entrada, em linha
identificáveis com o processo ou através da inspeção
5. as variações devidas a causas final. A matéria prima examinada quando
assinaláveis distorcem o formato da chega. O controle estatístico do processo é
distribuição normal usado para controlar o desempenho em
6. as variações são detectadas e linha do processo. A inspeção final ocorre
controladas através do controle antes que o produto é enviado para a
estatístico do processo. estocagem ou para o usuário.
O controle estatístico de processo O grau e a frequência da inspeção
envolve a comparação da saída de um depende da importância da característica
processo ou serviço com uma norma ou da qualidade e da capacidade do
padrão e a tomada de ações corretivas em processo. Se a qualidade de um produto é
caso de discrepância entre as duas. O essencial ao desempenho do produto,
controle estatístico também envolve a então o produto pode ser 100%
determinação da habilidade de um inspecionado.
processo fabricar um produto que satisfaça
Embalagem e armazenamento
as especificações ou necessidades
desejadas. A qualidade somente pode ser mantida
se os produtos são embalados,
Inspeção, teste e exame armazenados, manipulados e
Inspeção, teste e exame são aplicados transportados adequadamente. A
a processos e produtos. O nível de teste embalagem adequada protege o conteúdo
depende do produto, do risco ao contra perigos devidos a vibração, choque
consumidor, risco ao produtor, custo e mecânico, calor, abrasão e corrosão.
legislação vigente. Por exemplo, produtos Alguns produtos requerem cuidados
envolvendo a saúde e segurança públicas especiais no armazenamento, manipulação
tem riscos associados com o produtor e o e embalagem. Por exemplo, circuitos
consumidor, se o produto falha. Este tipo eletrônicos integrados devem ser
de produto deve ser regulado por leis embalados em sacos envelopes
governamentais, que incluem testes e antiestáticos; produtos alimentícios
inspeção. Por exemplo, produtos perecíveis devem ser transportados em
alimentícios e farmacêuticos possuem containers refrigerados; equipamentos que
legislação federal específica, que entram em contato direto com oxigênio,
220
Fundamentos da Qualidade
cloro ou outro oxidante forte deve ser e regula o lixo de produtos químicos
isento de pó e óleo. tóxicos.
Depois que um produto sai da malha de
Vendas e distribuição
qualidade, a malha recomeça com um
Assim que o produto é vendido, ele outro produto, novo ou melhorado. Há
deve ser entregue ao comprador em muito poucos produtos ou serviços que
estado intacto, no prazo combinado e de não seguem a malha da qualidade, por que
modo cortês. Se o produto é danificado os produtos devem se adaptar às
durante o transporte, o problema deve ser variações do mercado ou desaparecer.
tratado efetiva e eficientemente com o
comprador. Se o pessoal de entrega é mal
educado, cria-se uma má impressão do
produto, mesmo antes de ser usado. É Valor adicionado Custo adicionado
Máquina
importante monitorar e corrigir essa Operador
situação porque ela afeta as vendas Material Process Inspeçã
futuras. Métodos Consumidor
Ambiente
Instalação e operação Produto retrabalhado Produto descartado
Produtos industriais complexos podem Custo adicionado Custo adicionado
requerer ferramentas, equipamentos,
métodos especializados ou pessoal Modo detecção – inspeção
treinado para a sua instalação e operação.
Em um mínimo, as máquinas e produtos
complexos devem ter manuais detalhados Valor adicionado
Máquina Consumido
e claros, que descrevem a instalação e r satisfeito
operação seguras. A documentação de Operado
r Processo
instalação e operação inclui instruções de
montagem, reparo, instalação e operação, Material
lista de peças de reposição e informação Métodos
de serviço do produto. Mediçã
Assistência técnica e manutenção
Assim que o produto é vendido, o Ajustes
comprador de um produto técnico ou
complexo poderia requerer assistência Modo prevenção – controle de processo
técnica para manter sua operação.
Assistência técnica pode se resumir em Fig. 6. Comparação entre operações de
responder perguntas por telefone. Serviço inspeção e prevenção
pós-venda de equipamento complexo pode
significar o envio de um técnico
especializado para reparar, substituir,
manter ou modificar uma peça sofisticada
do equipamento. A assistência técnica pós-
venda cria lealdade ao produto ou à marca,
que gera novas vendas.
Jogada fora depois do uso
Após o uso, um produto descartável
deve ser jogado fora de modo adequado e
seguro. Se o produto não tem mais vida
útil, ele deve ser jogado fora. Porém, um
produto pode ter sua vida estendida,
quando reparável. Se ele deve ser jogado
fora, isso deve ser feito de modo a não
prejudicar a segurança, saúde ou
ambiente. Por exemplo, a legislação cuida
221
Fundamentos da Qualidade
Marketing e pesquisa de
Assistência técnica e
manutenção
Compra de matéria
prima e peças
Instalação e operação
Planejamento e
Venda e distribuição desenvolvimento do processo
Embalagem e Produção
Inspeção, teste e
Fig. 4. Malha típica de qualidade, conforme ANSI/ASQC Norma Q94: Quality Management
and Quaality System Elements – Guide lines.
222
Fundamentos da Qualidade
7. Medição
6. Inspeção e Prevenção
A qualidade é somente tão boa quanto o
instrumento de medição.
6.1. Inspeção A medição é importante por que a
A prevenção de defeitos, não qualidade das decisões de gerenciamento
conformidades, falhas e imperfeições é a subsequentes é somente tão confiável
filosofia básica do programa de qualidade. quanto os dados obtidos através dos
A prevenção diminui os defeitos, melhora instrumentos de medição. Muitas análises
os processos e eventualmente diminui os de qualidade assumem que os dados da
custos. Os conceitos de inspeção e medição são exatos e precisos, mas nem
prevenção são diferentes. sempre isso é garantido. Os instrumentos
As entradas são as mesmas nos de medição podem ser de má qualidade
processos de inspeção e prevenção: (imprecisos) ou descalibrados (inexatos).
máquina, operador, material, método e Mais ainda, os instrumentos podem estar
ambiente. Cada uma dessas entradas é podem estar mal aplicados, abusados,
uma causa potencial de dispersão ou ultrapassados e estragados.
variação das características do produto. As Assim como o produto de um processo
operações de fabricação ou montagem de fabricação pode variar durante um
processam as entradas, adicionando valor período de tempo, a saída de um
em cada passo operacional. instrumento complexo de medição pode
Um processo pode ter de um até 100 variar com o tempo. O controle da
passos. No final do primeiro passo ou no qualidade é responsável pela seleção do
centésimo passo, um operador pode instrumento apropriado e pela manutenção
inspecionar ou testar o produto para de sua exatidão. A exatidão é estabelecida
verificar sua conformidade com a e mantida através de um programa
especificação. Se aceitável, o produto é sistemático de calibração periódica,
embalado e enviado para o comprador. Se armazenamento seguro e manuseio
rejeitado, o produto é jogado fora ou correto.
enviado de volta para o processo para A medição exata requer:
retrabalho. Pelo tempo que o produto é 1. unidades de medição do SI
processado, adiciona-se valor ao produto 2. seleção do instrumento de exatidão
em termos de trabalho direto, matérias necessária
primas, equipamento e treinamento. Neste 3. calibração dos instrumentos após
ponto, se um produto é jogado fora ou abuso, queda, defeito
retrabalhado, perde-se valor. 4. calibração periódica dos instrumentos
5. calibração envolvendo padrões com
exatidão de 4 a 10 vezes melhor que
6.2. Modo Prevenção a do instrumento calibrado
6. programa de aferição e calibração
No modo prevenção, as entradas são as dos padrões envolvidos (trabalho,
mesmas. Também, o processo pode ter de transferência e referência)
um a 100 passos e adiciona-se valor em 7. operação e manutenção feita por
cada passo. No modo prevenção, o pessoal treinado e motivado.
processo é controlado. A diferença básica
entre inspeção e prevenção é que durante
o processo, o operador continuamente
mede peças e ajusta o processo se a
característica desvia dos limites
calculados. O operador evita que ocorram
defeitos, controlando a saída da operação.
O objetivo é enviar produtos sem defeitos
ao usuário.
223
Fundamentos da Qualidade
224
Fundamentos da Qualidade
225
Fundamentos da Qualidade
226
Fundamentos da Qualidade
227
Fundamentos da Qualidade
228
Fundamentos da Qualidade
229
Referências Bibliográficas
Referências Bibliográficas
01. Almeida, G. Sistema Internacional de Unidades (SI), Lisboa, Platano, 1988.
02. Arnold, K.L., Guia Gerencial para a ISO 9000, Rio de Janeiro, Editora Campus, 1995.
03. Anthony, D.M., Engineering Metrology, Oxford, Pergamon, 1986.
04. AT & T Technologies, Statistical Quality Control Handbook, Charlotte, Delmar, 1984.
05. Banks, J., Principles of Quality Control, New York, John Wiley, 1989.
06. Barney, G.C., Intelligent Instrumentation, 2a. ed., Longon, Prentice Hall, 1988.
07. Benedict, R.P., Fundamentals of Temperature, Pressure and Flow Measurements, 2a.
ed., New York, John Wiley, 1977.
08. Bentley, J.P., Principles of Measurement Systems, 2a. ed., Singapore, Longman, 1983.
09. Berkov, V., Metrologie Industrielle, Moscow, MIR, 1983.
10. Besterfield, D.H., Quality Controle, 4a. ed., Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1994.
11. Cheremisinoff, N.P. & Cheremisinoff, P.N., Unit Conversions and Formulas, Ann
Arbor, Butterworth, 1980.
12. Connell, B., Process Instrumentation Applications Manual, New York, McGraw-Hill,
1996.
13.Coyne, G.S., Laboratory Handbook of Materials, Equipment, & Technique, Englewood
Cliffs, Prentice-Hall, 1992.
14. Cox, D.R., Planning of Experiments, Singapore, John Wiley, 1958.
15. Dally, J.W., Riley, W.F. & McConnell, K.G., Instrumentation for Engineering
Measurements, 2a. ed., Singapore, John Wiley, 1993.
16. Dieck, R.H., Measurement Uncertainty - Methods and Applications, Research Triangle
Park, ISA, 1992.
17. Dieter, G.E., Engineering Design, 2a. ed., Singapore, McGraw-Hill, 1991.
18. Doebelin, E.0., Engineering Experimentation, Singapore, McGraw-Hill, 1995.
19. Doebelin, E.0., Measurement systems, 4a. ed., Singapore, McGraw-Hill, 1990.
20. Figliola, R.S. & Beasley, D.E., Theory and Design for Mechanical Measurements, 2a.
ed., Singapore, John Wiley, 1995.
21. Fleming, M.C. & Nellis, J.G., Essence of Statistics for Business, Hertfordshire, Prentice
Hall, 1991.
22. Fluke, Calibration: Philosophy in Pratice, Everett, Fluke, 1994
23. Friesth, E.R., Metrication for Manufacturing, New York, Industrial Press, 1978.
24. Gibbings, J.C., Systematic Experiment, Cambridge, Cambridge University Press, 1986.
25. Grant, E.L. & Leavenworth, R.S., Statistical Quality Control, 6a. ed., Singapore,
McGraw-Hill, 1977.
26. Halpern S., Assurance Sciences - Introduction to Quality Control & Reliability,
Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1978.
27. Hamburg, M. & Young, P., Statistical Analysis for Decision Making, 6a. ed., Orlando,
Dryden, 1994.
28. Hicks, C.R., Fundamental Concepts in Design of Experiments, 3a. ed., New York, Holt,
Rinehart and Winston, 1982.
29. Hoel, P.G., Elementary Statistics, 4a. ed., Singapore, John Wiley, 1976.
30. Holman, J.P., Experimental Methods for Engineers, 6a. ed., Singapore, McGraw-Hill,
1994.
31 Hutchins, G.B., Introduction to Quality - Control, Assurance and Management, New York,
Macmilan, 1991.
32. Hutchins, G.B., ISO 9000 - Um Guia Completo, São Paulo, Makron, 1994.
33. Jones, B.E., Instrumentation, Measurement, and Feedback, London, McGraw-Hill, 1977.
34. Jones, L.D. & Chin, A.F., Electronic Instruments and Measurements, 2a. ed., Englewood
Cliffs, Prentice-Hall, 1991.
230
Referências Bibliográficas
35. Juran, J.M. & Gryna, F.M., Quality Planning and Analysis, 3a. ed., Singapore, McGraw-
Hill, 1993.
36. Kalvelagen, E. & Tijms, H.C., Exploring Operations Research & Statistcs , Englewood
Cliffs, Prentice-Hall, 1990.
37. Karim, G.A. & Hamilton, A.B., Metrication, Boston, IHRDC, 1981.
38. Kateman, G.A. & Pijpers, F. W., Quality Control in Analytical Chemistry, New York, John
Wiley, 1981.
39. Kume, H., Metodos Estatisticos para Melhoria da Qualidade, São Paulo, Editora Gente,
1993.
40. MacLean, G.E., Documenting Quality for ISO 9000 and Other Industry Standards,
Milwaukee, ASQC Press, 1993.
41. Mayne, R. & Margolis, S., Introduction to Engineering, New York, McGraw-Hill, 1982.
42. Meloun, M., et alt., Chemometrics for Analytical Chemistry, Chichester, Ellis Horwood,
1992.
43. Mitra, A., Fundamentals of Quality Control and Improvement, New York, Macmilan,
1993.
44. Montgomery, D.C. & Runger, G.C., Applied Statistics and Probability for Engineers,
New York, John Wiley, 1994.
45. Morris, A. S., Principles of Measurement and Instrumentation, Wiltshire, Prentice Hall,
1993.
46. Nachtigal, C.L., Instrumentation & Control, New York, John Wiley, 1990
47. Nakra, B.C. & Chaudhry, K.K., Instrumentation Measurement and Analysis, New Delhi,
Tata McGraw-Hill, 1985.
48. Noltingk, B.E. (editor), Instrumentation - Reference Book, 2a. ed., Surrey, Butterworths-
Heinemann, 1995.
49. Ott, E.R. & Schilling, E.G., Process Quality Control, 2a. ed., New York, Mc-Graw-Hill,
1990.
50. Phadke, M.S., Quality Engineering Using Robust Design, Englewood Cliffs, Prentice-
Hall, 1989.
51. Pedde, L.D., Foote, W.E. et alt., Metric Manual, Denver, US Government Printing Office,
1978.
52. Pennella, C.R., Managing the Metrology System, Milwaukee, ASQC Quality Press, 1992.
53. Pyzdek, T. & Berger, R.W., Quality Engineering Handbook, New York, Marcel Dekker,
1992.
54. Ray, M.S., Engineering Experimentation, Cambridge, McGraw-Hill, 1992.
55. Rothery, B., ISO 9000, São Paulo, Makron, 1993.
56. Rowbotham, G.E., Engineering and Industrial Graphics Handbook, New York, McGraw-
Hill Book, 1982.
57. Santos Jr., M.J. & Irigoyen, E.R.C., Metrologia Dimensional, Porto Alegre, EUFRGS,
1985.
58. Souto, F.C.R., Visão da Normalização, Rio de Janeiro, Qualitymark, 1991.
59. Sydenham, P.H., Measuring Instruments: Tools of Knowledge and Control, London,
Peter Peregrinus, 1979.
60. Taylor, J.R., Quality Control Systems, Singapore, McGraw-Hill, 1989.
61. Taylor, J.R., Error Analysis, 2a ed., Sausalito, University Science Books, 1997.
62. Waeny, J.C., Controle Total da Qualidade Metrológica, São Paulo, Makron, 1992.
231
Referências Bibliográficas
Normas
1. ABNT NBR ISO 8402, Gestão da qualidade e garantia da qualidade - Terminologia, DEZ
1994
2. ABNT NB 9000, Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade - Diretrizes para
seleção e uso, JUN 1990
3. ABNT NB 9000-2, Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade - Parte 2:
Diretrizes gerais para a aplicação das NBR 19001, NBR 19002 e NBR 19003, FEV 1994
4. ABNT NB 9000-3, Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade - Parte 3:
Diretrizes gerais para a aplicação da NBR 19001 ao desenvolvimento, fornecimento e
manutenção de software, NOV 1993.
5. ABNT NB 9000-4, Normas de gestão da qualidade e garantia da qualidade - Parte 4:
Guia para gestão do programa de dependabilidade, NOV 1993
6. ABNT NB ISO 9001 - ISO 9001, Sistemas da qualidade - Modelo para garantia da
qualidade em projetos/desenvolvimento, produção, instalação e assistência técnica, JUN
1990.
7. ABNT NB 9002 - ISO 9002, Sistemas da qualidade - Modelo para garantia da qualidade
em produção, instalação e serviços associados, DEZ 1994.
8. ABNT NBR ISO 9004-2, Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade -
Parte 2: Diretrizes para serviços, NOV 1993
9. ABNT NBR ISO 9004-3, Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade -
Parte 3: Diretrizes para materiais processados, FEV 1994
10. ABNT NBR ISO 9004-4, Gestão da qualidade e elementos do sistema da qualidade -
Parte 4: Diretrizes para melhoria da qualidade, NOV 1993
11. ABNT NBR ISO 10011-1, Diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade - Parte 1:
Auditoria, JUL 1993
12. ABNT NBR ISO 10011-2, Diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade - Parte 2:
Critérios para qualificação de auditores de sistema da qualidade, JUL 1993
13. ABNT NBR ISO 10011-3, Diretrizes para auditoria de sistemas da qualidade - Parte 3:
Gestão de programas de auditoria, JUL 1993
14. ANSI/ASQC M1-1987, American National Standard for Calibration Systems, JUN 1987.
15. ISO 9001, 2a. ed., Quality systems - Model for quality assurance in design, development,
production, installation and servicing, Jul 1994
16. ISO 9004, 1a. ed., Quality management and qality system elements - Part 2: Guidelines
for services, AUG 1991
17. ASTM E 691-79, Conducting na Interlaboratory Test Program to Determine the Precision
of Test Methods, Apr, 1980.
18. NIS 80 - Guide to Expression of Uncertainties in Testing, NAMAS, Sep 1994.
19. NIS 3003 - The Expression of Uncertainty and Confidence in Measurement for
Calibrations, NAMAS, May 1995.
20. ISO Guide 25 - Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement
21. Western European Calibration Cooperation, WECC Doc. 19, 1989, Guidelines for the
Expression of the Uncertainty of Measurement in Calibrations.
22. INMETRO, Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia,
Duque de Caxias, Inmetro, 1995.
232