segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

HOJE... 80 ANOS OU 960 MESES, 9 HORAS, 52 MINUTOS...




Talvez...


Talvez os dias nem sempre se vestissem de sol e mar
e o destino pensado fosse somente sonho a despertar

talvez os momentos alegres colhidos ao entardecer
sempre me aquecessem  sem disso me aperceber

talvez as lágrimas o riso as gargalhadas o dia
e a noite se misturassem no corpo em euforia

talvez a vontade de viver superasse a vontade de existir
e  lutas ganhas e  perdidas dessem maior valor ao porvir

talvez

mas idades nunca serão apenas números completos

são também  a palavra  o alimento  a sede
de um coração onde habitam todos os afetos


Maripa

Imagens : GOOGLE





sábado, 27 de dezembro de 2014

NABUCCO - HEBREW SLAVES CHORUS




Música intemporal de uma beleza  que me comove sempre que a ouço...

... e é com este som que vos desejo um Feliz Ano de 2015

com muita

 Saúde    Amor    Paz   

e a  Esperança

de um mundo melhor para todos.    






domingo, 21 de dezembro de 2014

SERÁ NATAL



Será Natal


será natal mesmo nos confins

de terras conturbadas
pelas mortes entre irmãos.
 será natal para além
das nossas paredes.


será natal mesmo que não creiamos

nas divindades a salvar o mundo
perdido por nós mesmos.


será natal no significado

quando tivermos nas mãos
a sabedoria de resgatar quem somos.


será natal um dia

antes que amanheça o dia,
as vozes uníssonas nos braços
entrelaçados pela noite.



Sílvia Chueire





"O NATAL, ao confrontar-nos com algo que nos transcende, abre-nos para a ESPERANÇA. E nesta abertura sentimos a amizade, a saudade, o encontro com os outros. Talvez a transcendência seja isso mesmo, o valor da amizade, o reconhecimento da saudade ou o sentimento de dor por uma ausência inacessível."  [autor desconhecido]
   




  

sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

DESENCANTO




Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro se por agora
Não tens motivo algum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nesses versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre
Deixando um acre sabor na boca.

Eu faço versos como quem morre.


Manuel Bandeira

Imagens: GOOGLE




domingo, 14 de dezembro de 2014

ENTRE O NASCER E O MORRER


Robert Jennings



Entre o nascer e o morrer
há um rio que me conduz ao mar.

E sempre
que me perguntas se preciso
do teu colo,
da tua paz
para adormecer,
digo que sim,
que tenho de te ter por perto
de sentir as tuas mãos
agarrando os pássaros em vertigem,
dentro do sobressalto do meu sono tardio.

E sempre
que me dás a paz pedida,
desejo continuar assim
a viver a noite vestida de palavras
aladas   puras   leves   apaziguadas
com ecos de ti.

E quando a madrugada ainda adormecida
timidamente acordar
talvez possa mergulhar sem medo
no rio de águas lavadas e,
no último silêncio, ver as gaivotas
guiar-me até ao mar.


Maripa






sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

POEMA





O poema não se constrói do nada.
O poema não se faz do sonho.
É do absurdo que o poema
nasce,
da dor,
das coisas insólitas,
dos voos fracassados,
das aves de ferro
que não cruzam os céus,
do sol ausente,
dos efémeros encantos
que nos atormentam,
dos portos que apenas
vemos mas aos quais
nunca chegamos.
O poema se constrói
dos dias idos,
das vagas réstias
que assombram
nossas noites,
das águas paradas
dos pântanos,
da magia das horas
que não se cumprem.
E deste fogo
e desta mágoa
muito além da vida.

Carlos Alberto Jales

Pinturas de Stefanov Alexander






quinta-feira, 11 de dezembro de 2014






  "DENTRO DE NÓS HÁ UMA COISA QUE NÃO TEM NOME, 
                     
                                                          
                                             ESSA COISA É O QUE SOMOS."




José Saramago







sábado, 6 de dezembro de 2014

MAR





MAR

Mar,
o meu mar.

Todo o mar 
do mundo
ao 
meu encontro.

Mar meu,
centro.

Mergulho n
no mar.
Entro?

Ou entra
em mim
o mar?

João Pedro Messeder

Paintings: Clare Elsaesser







quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

NOCTURNO





Devagar, devagar... A noite dorme
e é preciso acordar sem sobressalto.
Sob um manto de sombra, denso, informe,
o mar adormeceu a sonhar alto.

Devagar, devagar... O rio dorme
sobre um leito de areias e basalto...
Malhada pela neva a serra enorme
parece um tigre a preparar o salto.

E dorme o vale em flor. Dormem as casas.
Nenhum rumor. Nenhum frémito de asas.
Nada perturba a noite bela e calma.

E dormem os rosais, dormem os cravos...
Dormem abelhas sob o mel dos favos
e dorme, na minha alma, a tua alma.

Fernanda de Castro

Imagens: GOOGLE