A Mimi
A sua velha Bíblia
Tantas vezes lida e, relida.
A Mimi é uma grande amiga e irmã em Cristo, que conheço há quarenta e cinco anos.Fazia parte da União da Mocidade da primeira Igreja onde o Pastor Jorge Leal, meu marido, exerceu o seu ministério: A Igreja Baptista de Almada. Éramos recem-casados e a nossa casa era perto da Igreja. Ai, a Mimi começou a frequantar a nossa casa e acompanhou muito de perto e com muito interesse a gravidez do Pedro, o meu filho mais velho. Convidámo-la para madrinha, e, posso garantir-vos, que foi uma madrinha excepcional.
Desde a primeira hora nasceu e cresceu uma linda, verdadeira e forte amizade, que ao longo de todo este tempo, nos aproximou muito uma da outra, embora estejamos bastante tempo sem nos ver-mos, dada as distâncias a que vivemos.
A Mimi tem um lindo e interessante Blogue: http://maria-elevive.blogspot.com/
onde encontrei esta história bonita e comovente.
Não resisti a trazê-la comigo e partilhá-la aqui con os queridos amigos.
A Minha primeira Bíblia
Há precisamente 53 anos, ganhei a minha primeira Bíblia. Conservo-a até hoje.
Foi propositadamente que disse: “ganhei” porque, na verdade, não me foi oferecida, não a achei e não a comprei.
Tinha 8 anos, ia à igreja, já sabia ler, mas ainda não tinha a minha própria Bíblia. Talvez porque fosse cara; talvez por ser criança; talvez por qualquer outra coisa…
Mas um dia, a 22 de Maio de 1958, eu ganhei uma!
Durante algum tempo, não sei se muito ou pouco, nem porquê, os meus pais frequentaram a Igreja Presbiteriana (Rua de Febo Moniz - Lisboa, ainda existente). Lembro-me que, com excepção do templo e do gabinete do pastor, as instalações me assustavam um pouco.
O salão de festas (com características de pequeno teatro) era um espaço privilegiado de actividades.
Creio que foi numa noite em que fiz de "ANDORINHA" numa peça que, após a representação, a presidente da Sociedade de Senhoras subiu ao palco, colocou uma grande caixa redonda de chapéus sobre um banco, e desafiou o auditório a, mediante um pagamento simbólico, adivinhar o que a caixa continha, sendo que esse seria o prémio para o ganhador. A única informação que a senhora dava era que lá dentro estava “o objecto mais importante, necessário e precioso para o ser humano”.
E, a cada aposta dada, visivelmente desiludida, repetia a frase.
Desde o início que insisti com o meu pai para me deixar dar um palpite (que lhe segredei) e ele, insistentemente, recusou.
Das várias apostas, fixei duas, provavelmente por as ter achado lógicas: “um copo de água” e “um despertador”, mas falharam tal como todas as outras. Eu continuava a teimar com o meu pai até que, por fim, ele lá cedeu.
Levantei a mão e disse: “É uma Bíblia!”
A senhora tapou a cara com ambas as mãos e depois, a reprimir as lágrimas, mas com a voz embargada disse: “Eu não acredito, uma criança, meu Deus, foi preciso ser uma criança”.
Eu não estava a perceber nada, fiquei até na dúvida se aquela atitude era “sim” ou “não”.
Depois, chamou-me ao palco; as pessoas batiam palmas; ela abraçou-me com força e beijou-me; e eu fiquei alegre, envergonhada e confusa com tanta efusão. Aberta a caixa, ali estava a minha primeira Bíblia.
Senti uma vaidade imensa! Tinha uma Bíblia minha, só minha!
Posso dizer que esta companheira de jornada, muito me auxiliou a vencer obstáculos, guiou os meus passos no caminho da fé e deu-me conhecimento da vontade de Deus.
Hoje, descansa na estante, velhinha e manuseada.
A Bíblia contém palavras de amor e vida capazes de nos encher de confiança e alegria. Por isso, digo como o salmista: