domingo, julho 29, 2007

EU e VOCÊ. AMANHÃ....


Dois dias atrás enquanto eu fazia as compras semanais no supermercado, presenciei uma cena que me incomodou. E muito. Uma senhora, aparentando entre 50 e 60 anos fazia também suas compras, acompanhada de sua mãe, que a julgar pela aparência, deveria estar na casa dos 80 anos.

A mãe idosa, com gestos tímidos, retirou um produto da prateleira, e o colocou no carrinho, com o que a filha, não concordou e rispidamente, muito rispidamente, recriminou a idosa senhora por tal gesto. Passei a observá-las. A mãe, o tempo todo se comportava com timidez, a filha, o tempo todo a tratava com rispidez.

Duas semanas antes, no mesmo supermercado, eu presenciara uma cena parecida, dessa vez com homens. O filho, um homem lá pelos seus 40 anos, bonito e bem vestido, tratava o velho pai com tanta estupidez que me despertou imediata antipatia, confirmando o que penso de que beleza não é mesmo fundamental.

Juntando os dois casos: É lamentável constatar como nem sempre o idoso é tratado com o carinho e com a paciência que a idade deles requer. Falta-lhes carinho, atenção e principalmente respeito. Aos parentes, falta-lhes, sensibilidade para perceber que além da obrigação de olhar por seus idosos, têm também o dever moral de cuidar de alguém que um dia lhes cuidou tão bem. E se esquecem que um dia, se não morrermos antes, todos seremos velhos, e vamos depender de alguém, provavelmente nossos filhos, para no mínimo nos dar atenção, conversar conosco e ouvir nossas histórias...

Claro que não posso generalizar. Sei que muitas pessoas tratam sim bem os seus idosos porque têm amor por eles e por saber das limitações que a idade impõe ao ser humano. São pessoas que sabem valorizar a sabedoria que a idade traz, que sabem que por traz dos cabelos brancos e da pele enrugada, pode estar uma pessoa encantadora à espera apenas que se reconheça esse encanto.

segunda-feira, julho 23, 2007

5a.FRASE - Pagina 161.

Este blog está entre os convidados de Livros e Autores em seu post do dia 12 de Julho, para participar de uma corrente, eu diria – uma corrente literária – onde cada um deve mencionar o que está lendo, relatando ou transcrevendo a 5ª.linha ou a 5ª.frase da página 161. Confesso-me um tanto quanto constrangida pela demora com que estou respondendo ao desafio, e que isto não pareça mera desculpa, mas realmente foi por falta de tempo.

Vítor, do blog Um Poema de Vez em Quando em seu post de ontem, muito bem escreveu sobre o fato das pessoas, mesmo sendo muito ocupadas, passarem tanto de seu escasso tempo frente ao computador, visitando blogs e deixando lá seus comentários. Acho que isso só se torna possível quando somos seletivos, quando nos detemos nos blogs com os quais nos identificamos de alguma forma, quando gostamos de seu conteúdo, ou concordamos com sua proposta. Se assim não for, fica difícil, quase impossível encontrar tempo para a blogosfera, pois o número de blogs é impressionante.

Quanto a mim, gosto da interação que a blogosfera permite, além da possibilidade de captarmos muito de cada ser humano, através de sua forma de escrever, de se posicionar diante da vida, de se relacionar com as pessoas. Neste quesito a blogosfera não fica muito a dever para os amigos que fazemos fora da Net, muitos dos quais, pela tal falta de tempo, raramente nos visitam. Mesmo sem conhecer pessoalmente os autores dos blogs mencionados, foi através da forma de escrever dessas pessoas que Vítor reconheceu emoções, belezas, sensibilidade, sentimento, poesia, cultura... Vítor, vou sim visitar todos os blogs mencionados por você. E fico comovida por ver que o blog de Fernando, está entre os seus indicados.

Mas vamos à minha tarefa.

Estou relendo um livro de Rachel de Queiroz – “Um Alpendre, Uma Rede, Um Açude “. É um livro de crônicas – estilo literário que adoro. Esta crônica que vai da página 158 à 163 chama-se “Fragmentos de Romance” e a 5ª.frase da página 161 diz o seguinte:

“Quase uma hora caminharam assim, em silêncio. Leonor, passado o rompante de raiva, tinha vontade de perguntar notícias – se a Amélia dera à luz, se a água do açude baixara muito, se a mãe teria mesmo mandado cortar o pau-branco do terreiro, conforme ameaçara. Mas conteve-se para mostrar dignidade, para o cabra compreender que aquela sua explosão de há pouco não fora um repente de criança, como Dona Clara gostava de dizer.”

Neste pequeno trecho vê-se alguns termos típicos da região nordeste do Brasil, lugar de nascimento da autora. Por exemplo: pau-branco= nome de uma árvore; terreiro= quintal de terra; cabra= rapaz, homem. Tenho especial carinho pelos escritores nordestinos e me encanto ao rever termos muito usados por minha mãe lá no Ceará, onde também nasci e vive até o início de minha adolescência.

Rachel de Queiroz foi uma importante escritora brasileira. Nasceu no dia 17 de Novembro de 1910, em Fortaleza, Ceará, e já aos 20 anos publicou seu primeiro romance “O Quinze”, grande sucesso de crítica. Outras obras de Rachel: João Miguel, Memorial de Maria Moura, As três Marias, Dora, Doralina e muito mais.

Rachel de Queiroz foi a primeira escritora a integrar a Academia Brasileira de Letras (1977) mas, nem esse fato nem o enorme sucesso de seus livros fizeram dela uma pessoa vaidosa, pelo contrário, era de uma simplicidade cativante. Faleceu aos 92 anos, no Rio de Janeiro, no dia 04 de novembro de 2003.

quinta-feira, julho 19, 2007

ACIDENTE EM CONGONHAS - DOR E REVOLTA.

Ontem São Paulo acordou de luto, o Brasil inteiro está de luto pelas mortes causadas no maior acidente aéreo de nosso país, quando no início da noite de 3ª.feira dia 17, às 18:50, ao tentar aterrissar no aeroporto de Congonhas, zona sul de São Paulo, o avião da TAM vindo de Porto Alegre, se choca contra o prédio da própria companhia, onde, àquela hora, trabalhavam cerca de 100 pessoas. O avião explode em seguida, matando todos que nele estavam e mais algumas pessoas do prédio atingido, que ficou em ruinas.

Até ontem a informação do jornal Folha de São Paulo era de 176 mortes. Hoje o mesmo jornal informa que as vítimas somam 192. As causas do acidente ainda não estão esclarecidas, mas fala-se em falha humana, falha mecânica, e em más condições da pista.

Agora à noite no Jornal Nacional, assisti à dor e à revolta demonstradas pelos parentes das vítimas, que ainda perplexos, começam a enterrar seus mortos. A maioria pede o fechamento imediato do aeroporto, mas as autoridades do setor aéreo descartam essa possibilidade, dizendo que nada há de errado com o aeroporto. Prometem, dar assistência às famílias das vítimas e dizem que isso será feito o mais breve possível. Disso eu duvido.

No Brasil, passamos por esta vergonha, por esse constrangimento, por esse desrespeito Quando se trata de pagamento de indenizações por perdas e danos, e estou me referindo a acidentes gravíssimos, nada é feito “o mais breve possível”, muito pelo contrário, a lentidão é a regra, nunca a exceção. As pessoas, aquelas cientes de sua cidadania, até movem processos contra quem lhes causou danos, mas a decisão da justiça é por demais lenta, costuma arrastar-se por anos, numa afronta aos direitos do cidadão.

Há mais de seis meses, houve um acidente também em São Paulo, numa obra do Metrô. Sete pessoas morreram nesse acidente e uma cratera de abriu destruindo casas e deixando rachaduras em outras. Os moradores dessas casas condenadas foram transferidos “provisoriamente” para hotéis. Cerca de 40 dessas pessoas continuam a morar em hotéis, porque ainda não saiu o laudo do Instituto de Pesquisa e Tecnologia (IPT) condenando ou liberando seus imóveis, de modo que elas possam ou ser ressarcidas por seus prejuízos ou retornar às suas casas.

Quando vejo a notícia de mais um acidente de proporções tão graves como este acontecido antes de ontem no aeroporto de Congonhas em São Paulo, me compadeço das famílias que terão, além de conviver com a dor da perda de seus entes queridos, terão que conviver também com a morosidade de decisões e providências que deveriam ser urgentes, mas que não são. Agora, o país está chocado e a mídia noticia de forma quase que ininterrupta sobre o acidente. Passados alguns dias, tudo tende a cair no esquecimento. Tem sido assim, e só mudará quando nossos governantes assumirem o papel que por obrigação lhes cabe: Proteger o cidadão. Antes, durante e depois de qualquer tragédia.

sexta-feira, julho 13, 2007

SORRIR É SEMPRE POSSÍVEL.

TEXTO EM EDIÇÃO.
Há tempos eu queria possuir uma foto com meus filhos, e sonhava ter esta foto dos três juntos e sorrindo, como nos tempos em que Flavia era saudável, e o nosso sorriso era mais fácil. Isabel, com sua arte e talento me deu essa alegria, botou eu, com meus filhos na mesma foto. E os três sorrindo. Isabel, muito obrigada por este presente.

Depois do acidente com Flavia, tive dificuldade de voltar a sorrir. Parecia-me um despropósito, e me sentia culpada quando, por mais leve que fosse, um sorriso me viesse ao rosto. Essa tristeza ostensiva durou mais ou menos dois anos após o acidente. Aonde quer que eu fosse, mostrava em meu rosto todo o sofrimento causado pela tragédia ocorrida com Flavia.

Com o tempo, fui reaprendendo a sorrir. Fernando me ajudou nisso e Flavia também, quando, com o passar dos anos, em alguns momentos ela, parecendo entender o que lhe digo, me presenteia com um sorriso, não igual ao que ela possuía, é verdade, mas ainda assim, um sorriso. Flavia me ensina que se ela, presa a uma cama, dependente de tudo e de todos ainda sorri, eu também posso.

Eu, Fernando e Flavia dedicamos a vocês que visitam e comentam este blog, os nossos sorrisos aí de cima. Bom dia!

sábado, julho 07, 2007

O CORPO HUMANO. FASCINANTE.

Vi por esses dias a exposição que desde Março deste ano está na Oca do Parque Ibirapuera, aqui em São Paulo, CORPO HUMANO: REAL E FASCINANTE.

Fiquei impressionada. São 16 cadáveres de homens e mulheres e 225 órgãos dissecados. Os tecidos dos corpos têm uma aparência e textura de plástico e isto porque passaram por um processo chamado polimerização. Eu que nada sabia de polimerização li na "Folha on Line, " que neste processo, “os corpos foram inicialmente embalsamados para preservação dos tecidos. Depois passaram por uma desidratação por imersão em acetona. A substância preencheu o corpo no lugar dos líquidos corporais e foi posteriormente eliminada como vapor em uma câmara a vácuo. Em seu lugar, foi aplicada uma solução de polímeros em silicone líquido. A finalização do processo se deu com a aplicação de um composto que enrijece o silicone, dando aos tecidos uma aparência plástica”.

Dizem que nos lugares por onde a exposição passou, Nova York, Inglaterra, Coréia do Sul, México e Holanda, criou-se uma polêmica sobre a origem dos corpos. Aqui em São Paulo, “Os organizadores da exposição afirmam que os corpos são de pessoas que tiveram morte natural e em vida, optaram por participar de um programa de doação em benefício da ciência e da educação na China.” É o que está no jornal, mas quando perguntei ao monitor que dava explicações a um grupo de estudantes, ele disse não saber a origem dos corpos. Não que eu duvide, mas acho que ele poderia ter sido orientado a dar a resposta que está no jornal. Deixaria muitas pessoas aliviadas.

E ali, frente a frente com aqueles cadáveres de homens e mulheres, mais uma vez constatei de que sem a pele que nos reveste os tecidos, não é possível diferenciar o branco do negro, o bonito do feio, ou o rico do pobre. A diferença fica mesmo por conta de nosso caráter e de nossa maneira de nos relacionar com as pessoas e com a vida.

A exposição " Corpo Humano: Real e Fascinante" deve continuar na Oca do Parque Ibirapuera até o final deste mês de Julho.

segunda-feira, julho 02, 2007

Metade. (Oswaldo Montenegro)

Amigos,

Este vídeo vale a pena ser visto e ouvido. Pelas imagens e pela beleza da poesia de autoria e na voz de Oswaldo Montenegro.

Boa semana a todos.