No post anterior deste blog falo de perdas e de como penso que seja conviver com elas. As pessoas talvez pensem que por ter minha filha em coma por tantos anos, eu viva apenas em função de Flavia. Não é bem assim.
Uma das coisas que aprendi, ao longo desses nove anos, é que para cuidar de Flavia ou administrar os cuidados com ela, eu preciso primeiro cuidar de mim, tanto física quanto emocionalmente.Li num artigo sobre medicina, que as pessoas que cuidam de parentes doentes por períodos prolongados, essas pessoas, se não se cuidarem podem entrar em depressão acabando elas também doentes.
Passado o tempo em que realmente se fica em luto profundo, o bom senso nos diz que temos que continuar vivendo. É preciso desanuviar, buscar um pouco que seja de prazer, de leveza. É preciso sair um pouco do ambiente da dor, sem nos sentirmos culpados e sem interpretar isso como falta de amor. Cada um tem seu jeito de espairecer, há tantas coisas para se fazer....
Embora eu goste muito de ler e escrever, para recuperar minhas energias e desanuviar, preciso sair de casa, e como em São Paulo há muitas opções de lazer, fica fácil. Além disso, nos cuidados com Flavia há quase quatro anos, conto com a ajuda de uma técnica de enfermagem, a Maria José, a quem chamo carinhosamente de Masé, que cuida de minha filha com tanta competência e carinho que me deixa tranqüila para aproveitar meus passeios, tão necessários à preservação de minha sanidade mental. Então, de vez em quando deixo Flavia sob os cuidados de Masé e vou pra rua.
Para me distrair vale até uma caminhada pelo bairro com Michele, nossa poodle de cinco anos. Pode ser também uma boa peça de teatro onde assisto a todos os gêneros, se bem que ultimamente ando apaixonada por musicais. Vi três vezes o Fantasma da Ópera que ficou dois anos em cartaz no Teatro Abril e encerrou temporada neste final de semana. My Fair Lady, apesar de ter estreado recentemente – 8 de março – também já vi três vezes. Os amigos brincam, dizendo que meu interesse por My Fair Lady é porque meu filho Fernando está no elenco. Isto conta claro, mas assisto à peça não só para ver Fernando no palco, mas porque My Fair Lady é mesmo uma deliciosa comédia musical.
Passear com o cachorro, ir ao parque, à feira de antiguidades, ao cinema, ao teatro, ao concerto, à exposição de fotos... Vale tudo, desde que o que fizermos nos dê prazer. O que uma pessoa não pode é conviver diariamente com uma situação dolorosa, e afastar-se do mundo, isolar-se de todos e recolher-se a si mesma. E mesmo que essa situação de dor tenha sido causada pela morte de uma pessoa querida, passado o tempo de luto, é preciso entender, que apesar de tudo, a vida continua.
Boa semana para todos vocês e fiquem com o meu carinho.
Odele
Uma das coisas que aprendi, ao longo desses nove anos, é que para cuidar de Flavia ou administrar os cuidados com ela, eu preciso primeiro cuidar de mim, tanto física quanto emocionalmente.Li num artigo sobre medicina, que as pessoas que cuidam de parentes doentes por períodos prolongados, essas pessoas, se não se cuidarem podem entrar em depressão acabando elas também doentes.
Passado o tempo em que realmente se fica em luto profundo, o bom senso nos diz que temos que continuar vivendo. É preciso desanuviar, buscar um pouco que seja de prazer, de leveza. É preciso sair um pouco do ambiente da dor, sem nos sentirmos culpados e sem interpretar isso como falta de amor. Cada um tem seu jeito de espairecer, há tantas coisas para se fazer....
Embora eu goste muito de ler e escrever, para recuperar minhas energias e desanuviar, preciso sair de casa, e como em São Paulo há muitas opções de lazer, fica fácil. Além disso, nos cuidados com Flavia há quase quatro anos, conto com a ajuda de uma técnica de enfermagem, a Maria José, a quem chamo carinhosamente de Masé, que cuida de minha filha com tanta competência e carinho que me deixa tranqüila para aproveitar meus passeios, tão necessários à preservação de minha sanidade mental. Então, de vez em quando deixo Flavia sob os cuidados de Masé e vou pra rua.
Para me distrair vale até uma caminhada pelo bairro com Michele, nossa poodle de cinco anos. Pode ser também uma boa peça de teatro onde assisto a todos os gêneros, se bem que ultimamente ando apaixonada por musicais. Vi três vezes o Fantasma da Ópera que ficou dois anos em cartaz no Teatro Abril e encerrou temporada neste final de semana. My Fair Lady, apesar de ter estreado recentemente – 8 de março – também já vi três vezes. Os amigos brincam, dizendo que meu interesse por My Fair Lady é porque meu filho Fernando está no elenco. Isto conta claro, mas assisto à peça não só para ver Fernando no palco, mas porque My Fair Lady é mesmo uma deliciosa comédia musical.
Passear com o cachorro, ir ao parque, à feira de antiguidades, ao cinema, ao teatro, ao concerto, à exposição de fotos... Vale tudo, desde que o que fizermos nos dê prazer. O que uma pessoa não pode é conviver diariamente com uma situação dolorosa, e afastar-se do mundo, isolar-se de todos e recolher-se a si mesma. E mesmo que essa situação de dor tenha sido causada pela morte de uma pessoa querida, passado o tempo de luto, é preciso entender, que apesar de tudo, a vida continua.
Boa semana para todos vocês e fiquem com o meu carinho.
Odele