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quarta-feira, 15 de maio de 2019

Rinocerontes à solta no Instituto Cultural Romeno.

 
 




























 
A exposição “A viagem do rinoceronte. De Bucareste a Lisboa via Nuremberga”
na Galeria do Instituto Cultural Romeno em Lisboa
 
A Galeria do Instituto Cultural Romeno em Lisboa (Rua do Barão 10, Alfama) irá acolher, entre 8 de maio e 15 de julho de 2019, a exposição coletiva “A viagem do rinoceronte. De Bucareste a Lisboa via Nuremberga”, com curadoria de Sofia Fränkl (Nuremberga) e Bogdan Severin Hojbotă (Bucareste), presentes também na exposição com trabalhos próprios. A inauguração terá lugar no dia 8 de maio, às 19h00, e contará com a presença dos artistas curadores e do pintor Ştefan Pelmuş. A exposição integra obras de pintura, escultura, fotografia, instalação e gráfica de um grupo de artistas romenos contemporâneos de alto nível.
 
Embora as primeiras representações artísticas (na Europa) de um rinoceronte remontem ao século III antes de Cristo e ao período dos imperadores romanos Domiciano, Commodus e Caracalla, a história do rinoceronte enquanto tema de uma obra de arte tem como ponto de partida a famosa gravura de Albrecht Dürer. Chegado em terras lusas em 1515, o rinoceronte indiano (um presente diplomático de Afonso de Albuquerque, governador da Índia, para D. Manuel I de Portugal) foi inicialmente alojado na Torre de Belém, em Lisboa, que, na altura, se encontrava em construção. Ulteriormente, o rei D. Manuel I envia-o como presente ao Papa Leão X. Infelizmente, o rinoceronte nunca conseguiu chegar a Roma, afogando-se num naufrágio na costa norte da Itália. Entretanto, a famosa Torre de Belém, parte de uma série de fortificações destinadas a proteger o porto natural de Lisboa, construída entre 1514 e 1520, recebeu na base de uma das quatro pequenas torres inferiores, uma escultura de pedra que imortaliza o famoso rinoceronte. O rinoceronte, na sua curta aventura em solo europeu, inspira o grande gravador alemão Albrecht Dürer, que o imortaliza a partir de uma descrição literária (do comerciante português Valentim Fernandes), na sua famosa gravura Rhinocerus. Não exatamente apurado de ponto de vista anatómico, o trabalho de Dürer mostra um animal fabuloso numa armadura rebitada, semelhante à de um cavaleiro medieval. Essa interpretação fantasiosa da realidade ficou impressa no imaginário coletivo da época como uma imagem real do animal exótico; e desde então continuou a ser a fonte de fascínio e inspiração para dezenas de artistas que, ulteriormente, de Rafael até Salvador Dali e Eugene Ionescu, retomaram o tema do fabuloso rinoceronte adicionando-lhes novos significados.
 
Mais de 500 anos após a realização da famosa gravura de Dürer, a exposição organizada sob a égide do Instituto Cultural Romeno em Lisboa propõe uma nova abordagem da epopeia cultural do rinoceronte, iniciada na paisagem ensolarada de Portugal, mas que ainda hoje continua. Os artistas que participam na exposição são: Cristian Bădescu (pintura), Cristina Bolborea (objeto), Doina Botez (gráfica), Laura Covaci (pintura digital), Gabriela Cristu (pintura), Darie Dup (escultura), Reka Csapo Dup (fotografia), Daniela Făiniş (porcelana), Suzana Fântânariu (gráfica), Sofia Fränkl (gráfica, objeto, instalação), Alina Gherasim (pintura), Ana Golici (pintura), Bogdan Hojbotă (escultura), Ion Iancuț (escultura), Petru Lucaci (pintura), Ştefan Pelmuş (pintura).
 
 
 
 



domingo, 12 de agosto de 2018

Chez Ceaucescu.


 






 
 
aqui falámos, há um par de anos, da formidável Anca Petrescu, arquitecta do não menos formidável Palácio do Parlamento de Bucareste, horrendo edifício que desfigura a capital romena, mas, à faute de mieux, é um dos lugares mais visitados dessa terra.  Também falámos de coisas mais sérias, terríveis, as crianças de Ceaucescu. E, pela pena da Joana Vasconcelos, Elena cientista.
Foi aberto ao público, há uns dois anos, o Palácio de Primavera do casal Ceaucescu, um prodígio de mau gosto de que o Le Monde, numa belíssima série sobre os jardins dos ditadores, falou ontem mesmo. Há uma notícia desenvolvida aqui sobre a casa-museu do ditador da Roménia, onde este e a sua Elena viveram 25 anos de conforto e luxo, que contrastava gritantemente com a miséria imerecida do povo romeno. Ali dentro há carpetes, como uma oferecida pelo Xá da Pérsia, avaliadas em 300 mil euros. E o estilo Luís XV (versão marreta) não está lá por acaso: a extraordinária Elena considerava-se uma rainha, ou gostava de pensar que o era. O marido, de seu lado, deliciava-se na sua sala privada de cinema a ver westerns americanos e a saudosa série policial Kojak. Já a filhinha Zoia tinha um apartamento copiado dos aposentos de Maria Antonieta em Versalhes. Demencial.
Acredite-se ou não, numa sondagem de 2014, realizada na Roménia, a maioria dos inquiridos considerou que Ceaucescu tinha tido um papel positivo na governação do país (já agora, esta notícia aqui do Malomil, de 2012). Valha-nos Santo Drácula.   
 
 
 

sábado, 28 de abril de 2018

Eppur si muove.

 









 
Estamos na Roménia comunista, ano 1987. Não foi assim há tanto tempo, goodbye Ceaucescu. Na cidade de Alba Iulia, 08:35 da manhã, numa quarta-feira vulgar, dia 27 de Maio. Quiseram construir o Boulevard Transilvânia, está certíssimo. O problema é que no lugar do boulevard estava lá, qual empecilho betonado, um bloco de apartamentos de 100 metros por comprido e 7.600 toneladas de peso. Que fazer?, perguntou Lenine. Pois muda-se o bloco betoneiro, respondeu Ceaucescu. Assim se quis, assim se fez. Em seis horinhas de esforço, mudou-se a peça. As oitenta famílias residentes nem tiveram que retirar os haveres de seus lares, e saíram à rua com a roupa que tinham no corpo para assistir ao deslizamento do condomínio. O prédio lá foi de carrinho, sem mortos nem feridos. Ceaucescu levou a cabo um grandioso plano de remodelação urbana em toda a Roménia. Este método Lego saía mais barato de que deitar abaixo e construir de novo. Desta vez correu bem. Outras, não.