25 de abr. de 2007

Baby, It´s cold outside

Cinelândia: fazia bastante tempo que não criava coragem para assistir filme de boxe, derna os tempos em que ainda se ia ao São Luiz, para ser exata, e eu lá fui a um "Rocky" desses da vida (um dos últimos). Sim, isto aconteceu a coisa de quase duas décadas atrás. Sim, falo daqueles trocentos filmes de boxe do Stallone. Por acaso, peguei A Luta pela Esperança do começo na HBO, um para o qual, confesso, sempre fazia muxoxo ao ver na prateleira. Não me arrependi. Lindo filme, impecável nos itens que mais me atraem: elenco e fotografia. Com um belo enredo, forte e tocante. É, nada como o velho e bom cinemão americano para uma criatura como eu que ultimamente anda muito interessada nos alternativos (filmes, claro).

Bem que o Russel Crowe mereceria uma foto aqui, porém não encontrei nenhuma a altura. Vai uma do Paul Giamatti, que não limpa a vista, é verdade, e é preferível falante e em ação, mas enfim, sua atuação é excepcional no filme (melhor que a do Russel, em minha opinião). Presença merecida no Maio. Por sinal, taí um ator que me agrada, sempre, sempre.

24 de abr. de 2007

14 anos



Aldeia.
Não de índios, de quase índios, ou de seres que desejariam ser índios, como nós.
Uma capela. Um som de flauta e tambores.
Uma alegria forte e segura no ar, no céu e no verde que cercava a gente.
E esse laço insolúvel, que não veio apenas desta terra.
Eu estou certa.
Amor que foi feito prá durar.

18 de abr. de 2007

Senhoras

Comediante não deveria morrer. Não só no Brasil, concordo, Conde. Sim, precisamos de alegria. Principalmente num dia em que morrem 22 em tiroteios no Rio, trinta e poucos em uma faculdade americana. Dirão que todos os dias há crimes de morte, carnificinas, maldade e terror, mas eu pretendo continuar a sofrer e indignar-me com isso. Melhor ter que mudar de canal para que o dia termine bem, que assistir sem sentir. Sim, melhor seria fazer algo, mas ainda não tenho tal ferramenta.

Voltando a Dona Nair (ah, essa minha mania de me perder): ok, ok. Compreendo que São Pedro e os anjinhos também queiram rir. Vai com Deus, Dona Nair.



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Atrizes idosas são em geral seres maravilhosos mesmo (aliás, minto: seres idosos são assim. Isto rende outro post, porém, e o dever me aguarda). Ontem foi dia de novela. Primeiro porque à tarde, na recepção do consultório, vi a face da Nair na da tarde. Não pude ouvi-la (atendente de consultório sempre deixa baixinho o som para não incomodar ninguém, principalmente o médico), salvo a sua gargalhada. Também pudera.

À noite, "O Profeta". Laura Cardoso interpretando uma avó prestes a surrar o neto delinquente, dentro da delegacia. Um esplendor. Sou louca por ela desde a reprise de "Chocolate com Pimenta" (ah, férias que te quero), a vovózinha da Ana Francisca.

11 de abr. de 2007

"Abre as asas sobre nós"

"Ninguém pode ser perfeitamente livre até que todos o sejam" (Santo Agostinho de Hipona)

Cada pessoa possui seu caminho.
Eu estou certa disso.
Por vezes, contudo, quando se quer bem ao outro, vê-se à média distância que aquele pegou certa estrada, e a angústia, por vezes, é inevitável.
Mas por quê?
Cada qual constrói o seu caminho.
Que amarra é essa que nos impede de ver o mundo em leque, ou mais, usando os olhos do outro?
Que certeza incerta é esta que nos leva a crer que somos infalíveis em nossos percepções?
Não é que porque somos altamente falíveis (o que de fato somos, apenas não é esta a melhor resposta a esta pergunta, ou nem sempre é o melhor momento para pensar-se assim), é que o mundo é uma casa de espelhos. O que nos proporciona (ou nos impõe?) este eterno mirar, olhar, olhar-se, supor, julgar, julgar-se, o que somos, o que é o outro. Somos escravos em nossa arrogância de seres pensantes, racionais; nossa mente, se por um lado nos liberta, de outro nos subjuga. Ou é o sentimento que faz isso. Quando se quer bem, se teme pelo outro. E este temor é uma pedra no caminho. Do outro. Mas o caminho não é nosso, é do outro. Tem que deixar que nele se ande à medida que se molda as pedras do chão.

Pensando isso tudo e a canção passando na mente:


Eu faço mar
Você barco
Vamos brincar de viagem
Eu sou remo
Você âncora
No mar precisa coragem
Eu sou vela
Você mastro
Vamos correr pra outra margem
Eu faço mar
Você barco
Vamos brincar de viagem
Eu canto na maré cheia
Você na maré vazante
Nada importa vamos nós
Brincando de navegantes
Eu sou vela
Você mastro
Vamos correr pra outra margem
Eu faço mar
Você barco
Vamos brincar de viagem

(BRINCANDO - Alexandre Leão / Mabel Velloso)




Dois Irmãos - Fernando de Noronha

10 de abr. de 2007

Uma pausa

Pausas são seres importantes, necessários. Só um barril rolando ladeira abaixo não entende isto (e uma boa parte da humanidade também, parcela na qual muitas vezes me incluo). Quando pára, é para destrambelhar-se contra a árvore ao pé do morro. Paremos, pois, porque não somos barril. O suficiente, contudo, para que não se aproxime a má hora em que os fantasmas vem prá nos pegar. Ui.

Esse ritmo é o mais difícil de tudo. Parar. Seguir. Concluir, ou não. Retomar. Ou Começar. Ou Prosseguir. Respirar antigamente era mais fácil.

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Pausa serve para que se leia boas coisas como esta: "Eu acho que o simples fato do sujeito desejar o poder já é sinal de uma alma corrompida". Ulalá. Ou ainda: "E se fores chão para essa idéia de que a hora é sempre agora, ela há de vicejar e espalhar raízes por todo teu corpo até se tornar uma árvore repleta de frutos e sombra vasta onde o tempo abolido virá descansar seus sonhos de morto". Café já é bom (apesar de andar cogitando sobre descafeinados), impresso, então, não tem prá ninguém. Parabéns, parabéns, parabéns, de novo.

Tem tanta gente talentosa neste mundo que fico sinceramente bestificada com a espécie humana. Lido ainda hoje no Biscoito: "Não há melhor negócio que a vida. A gente a óbtem a troco de nada". Verdade das puras.

7 de abr. de 2007

Páscoa

Ok, ok.
Ando mesmo meio avessa a posts comemorativos. Porém sou uma pessoa educada (até parece), portanto:

Boa Páscoa a quem desejou-me o mesmo.
Boa Páscoa a quem não o fez (até porque eu mesma não o fiz a ninguém, daí que estamos quites).
Mas pouco chocolate, que esse negócio é ótimo e péssimo, ok?
Há três ovos na geladeira e um por chegar, mas tenho resistido bem já que doces não são meu forte.

Portanto, flores. É, flores. Imaginem que tem uns ovinhos escondidos por aí, dos pequenos, ok?



Hummm... Pensando bem, do jeito que é grande esse campo, e vocês vão andar tanto, ok, ok, que sejam grandes e imensos ovos. Desses de 750gr. Ó céus, que barbaridade.

Recados.

Seu Jôka: tá dando chabu quando tento comentar na sua Avenida. Deve ser a lata véia aqui de casa. Mas, sim, a Cindy ficou uma gata de Coelhinha da Páscoa. Sabe que temos uma gata que deve ser irmã siamesa da Cindy? Priscila. Exceto pelo rabo, que o rabo da Priscila é um estouro, imenso e frocado, lindíssimo. Além do que, a Cindy me parece muito mais educada que a Priscila, a Priscila é meio bandoleira, é dessas que pode sair demais de casa toda hora, direito ambulatorial, entende? Só que ela não mora conosco, claro, mas com a vovó (digamos que ela é um bicho virtual que temos), pois se assim fosse ela já teria fugido pelo pé de mulungu, e eu odeio tela de proteção, já tirei a tempo a da varanda, desde que a filhota criou juízo.

Dona Luci: no seu caso, não consegui fazer o primeiro comentário de um post, por que será? De qql forma, era só para dizer que não sei quem é esse Michael que você falou, juro. E ainda sobre gatos: eu já tive uma gata preta, linda, chamada Piná. Faz uns vinte anos isso. Ela vivia na terra dos gatos, a casa da vovó. Ela era um estouro, a Piná era...

5 de abr. de 2007

Dinheiro velho, mas sempre Dinheiro

Idec orienta poupadores prejudicados pelo Plano Bresser - Brasília - Os brasileiros que tinham caderneta de poupança à época do Plano Bresser, em junho de 1987, têm até o dia 31 de maio para pedir ressarcimento das perdas provocadas pelo pacote econômico. Segundo economistas, a reposição terá um valor máximo de 25%.O assunto volta à tona no momento em que está para expirar o prazo para os que se sentiram lesados entrarem com ações judiciais. Em 31 de maio, o plano completa 20 anos, tempo máximo aceito pela Justiça para ações de ressarcimento


Mais aqui.

4 de abr. de 2007

Abril

Desejosa de escutar aquela do Toquinho :"As cores de abril, os ares de anil, o mundo se abriu em flor". Abril. Ufa. Por que "ufa"? Simplesmente porque sim, simples assim.

Desejosa de palavras. Depois de secar a mente e o corpo, secar a alma.

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O garoto magrinho na cadeira à frente, do outro lado da recepção do consultório, olhou-me e começou, como se o fizesse para si mesmo, mas eu soube imediatamente pelo seu olhar que não:

- A gente veio antes mas a médica mandou vir de novo, a gente tem que ficar parado na máquina, e pererei, pererei, pererei...

Não resisti, tive que responder: magrinho, bonitinho, moreninho (inho, inho, inho). Cara de jogador de futebol. Roupa bem usada e maior que o corpo (o que me lembrou Harry dentro das largas calças e camisas do Duda). Do irmão.

O irmão veio no faro. Grande, gorducho, moreno, espaçoso, esfuziante. Inegavelmente afeminado. O velho esbelto, jeans e camisa clara de algodão, compenetradamente debruçado sobre seu palmtop, canetinha em punho, espichou para gente o olho esquerdo em uma fração de segundo. Afinal a tarde estava ficando divertida.

- Ele falou primeiro com a senhora ou a senhora falou primeiro com ele?

"Hummm, temos problemas", meu sexto sentido sussurou. Irmãos são bichos esquisitos, às vezes. Não pretendo ser cagueta* de ninguém, ora pois, pois.

- Eu não lembro mais, quem falou primeiro, fui eu ou você?

O menininho ergueu olhos sinceros para o alto.

-Fui eu.

O irmão aboletou-se na cadeira ao meu lado, falante e à vontade. "Olha, a gente vai entrar numa máquina para testar a *cabeça*" (um gesto amplo e deslumbrado sobre o cocoruto perfeitamente arredondado, semi-raspado). E pererei, pererei, pererei. Quando perguntei se ele gostava de conversar (adultos são mesmo idiotas), ele tomou o celular da minha mão.

-Olha! É igual ao de fulano! - e avançou no palmtop.

Com isso, a mãe apareceu, de verde, um enorme vestido verde, da cor do zoiudinho. Mandou sentar ao seu lado ou apanhava. Ele sentou. Seguiu-se aquela conversinha básica de mãe, ao pé do ouvido, eu admirando a moça sem constrangimento. Tive pena do garoto, mas durou pouco, porque em cinco minutos ele já estava ao lado do velho a espiar algo que este apontava na tela miúda com a caneta prateada, um ar tranquilo de avô acostumado. Filhos e mães às vezes se entendem, é um fato.

-Se ele falar apanha - a mãe avisou, puxando conversa. Ressonância magnética para os garotos. Não tive coragem de perguntar porquê, lógico.

O menino calado, ao lado do velho. Isso sim é mãe, o resto é bagaço, pensei.

- Eu pedi a médica para dar anestesia para ele, mas ela disse que não pode.

Que pena. Pena tripla. Da mãe, da moça que ia fazer a ressonância, e de terem me chamado para o exame. Quando saí, só restou mesmo um papo monótono, sobre crianças hiper-ativas e doenças da tiróide, com uma senhora de cabelos crespos que quando fui embora me desejou felicidades. Muito boazinha, mas os garotos haveriam prolongado este post. Agradeçam a ela!


*(Alcagüete, delator - no linguajar nordestinense)

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Ouço lá dentro os Backyardigans e suas cantilenas atravessadas. Fofos, vejam. Deus sabe que o mero ruído de desenho animado quase sempre me deixa enjoada (que exagero), mas estes papagaiozinhos são mesmo uma graça...



"A-ha!". Adorei esse episódio, confesso.