Eu não sou grande adepta (nem pequena, aliás) do futebol. Em toda a minha vida vi dois jogos ao vivo (um da selecção nacional contra o Liechtenstein nos tempos da universidade e o outro este Verão do clube do periquito contra uns ingleses). Mas imagino que ir ao estádio ver um jogo seja mais ou menos como ir ao teatro (com as devidas e reconhecidas diferenças de nível intelectual dos participantes). Ou a um concerto, vá, talvez as semelhanças sejam maiores, afinal até já fui a concertos em estádios de futebol. Comparações idiotas à parte, o que quero dizer é que quem vai assistir a um espectáculo ao vivo, fá-lo para viver a experiência em primeira mão, para vibrar de emoção... Enfim, basicamente, e falo por mim, numa situação dessas ficamos de tal forma envolvidos no que nos rodeia que esquecemos o resto. Acho, aliás, que é essa uma das funções dos espectáculos ao vivo, alienarem-nos da realidade. Mas adiante. Por isso, estranho quando acontecem situações como a de hoje (e já vi acontecer noutras ocasiões) durante o jogo do clube do periquito contra os alemães. Sempre que acontecia alguma coisa, fosse um golo ou um jogador com um ataque de caspa nas unhas, lá apareciam actualizações de estados do Facebook, enviadas directamente dos telemóveis, quais Jorges Perestrelos da Internet. Mas então um gajo que é gajo vai ver um jogo da bola ao vivo e depois está preocupado em comunicar aos outros o que aconteceu? Então não devia estar entretido a ver o jogo, a chorar quando os outros marcam, a pular quando os dele ganham, a insultar o árbitro? Um dia destes, ainda vamos ver no Facebook coisas como "Julieta desmaiou", "Romeu suicidou-se", "Os bailarinos do La Féria são mesmo bons"... É que por muita destreza que se tenha nos polegares, sempre tem de se olhar para o telemóvel enquanto se escreve. E eu, quando pago bilhete para ver um espectáculo, não gosto de perder nem um segundo.
Há 23 horas