segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
sábado, 26 de fevereiro de 2011
Um poeta fascinado por fazer livros do princípio ao fim
Continuar a ler no DN. Leitura recomendada. O Rui faz um trabalho notável, ver para crer a beleza de cada livro.
sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011
I
A minha língua
agita o metal
perfurante
da tua.
O tumor
metálico tilinta nos dentes
de ambos até aumentar
a humidade fora
das nossas bocas –
gemido
a gemido,
prolongámos a noite
até à lucidez
da manhã.
Levo do poema o teu corpo
salgado e trémulo
e finalmente
entendo
o que Goethe queria
dizer com aquilo do “amor
ser trocista
e hipócrita”.
******
pedro s. martins
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
domingo, 13 de fevereiro de 2011
sábado, 12 de fevereiro de 2011
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Piolho 004 (brevemente)
(Erberto H. Elder, Vasco Desgraça, Joël Basso, Pedro de Melo Fonseca, Miguel Oliveira, Joaquim Barlavento, Charles B. Trak, Atília Oops, Mário de Sá Cordeiro, Doutor Três Pescoços, Jonh Resistence, Phil Lupi , Joe Texas, Jorge Barros, Oliveira Martins Roxo, ARL, Animal Licorne, ...
fazem mais ou menos por esta desordem este
heterónimo número)
Retirado daqui.
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Uma hora com Henry Miller
Os vídeos juntos demoram, aproximadamente, uma hora. Mas é uma hora com Henry Miller.
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
domingo, 6 de fevereiro de 2011
There Sat Down, Once, a Thing on Henry's Heart.
(John Berryman in Dublin, 1967, reading Dream Song 29. Berryman was interviewed by Al Alvarez for a BBC arts programme and was drunk during filming, as the attentive viewer may notice.)
Até já.
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
Vício
"Feel Good Hit of the Summer"
Nicotine, valium, vicodin, marijuana, ecstasy and alcohol.
Cocaine.
Pela janela, através da cortina solarenga, vejo-os
diariamente
a pedir alojamento na clínica de reabilitação. Os seus
andares são automatizados como se o exército
de Terracota finalmente ganhasse vida. Enfileirados,
rostos carvoeiros
geralmente iluminados por um cigarro intermitente. Roupas
gastas a condizerem
com a vida que levaram
até ali. Todos
os dias, sem excepção, observo-os
a darem os poucos documentos que lhe restam
para admissão. Entram
pelo portão principal
com a esperança inequívoca
que à saída vão trazer
alguém renascido a disfarçar-se
nos seus velhos corpos sacudidos incansavelmente
pela estadia.
Até aqui coloquei a cabeça do poema
no cepo. Cortei-a com a frieza necessária, os restantes
versos são o trajecto que ela percorreu
a rolar pelo poema
abaixo.
Obcecado para ver o que faziam dentro
daquelas
imponentes paredes
demorei uma semana a vestir a pele de todos
os adictos que consegui: álcool,
químicos, sexo, pornografia,
uma depressão profunda, anorexia, enfim,
apodreci o exterior
e escureci o interior até ser parte
da centopeia delirante
pela cura.
Os viciados têm direito a um kit para a estadia: um lençol,
um edredão, uma fronha,
duas toalhas; itens para se fazer a cama onde a noite
é passada entre uivos a chamarem a vida
passada. Os terapeutas saem às dezassete horas em ponto,
talvez pensando que a noite
não move crises, ataques,
recaídas, mortes (e esta sala cheira a morte). Mariana de olhos
mortiços, vestida de pijama todo o dia, parecendo
ter abdicado da vida há semanas, ameaçou
matar-se se não saísse dali, se não fosse para casa,
se não fosse para o colo
da mãe. Estava na cozinha quando pegou numa faca
reluzente, brilhante no escuro, afiada como a sua ideia
de se matar. Não conseguiu, as veias ferventes
permaneceram intactas.
Na sala de estar não se pode andar de tronco nu, a radiação
do vício permanece encarcerada
entre vestes, num joguete
não muito amigável entre quem sofre
e o sofrimento.
Prostrada e encostada à costura da vida
à espera que languidamente as casas no corpo
fossem abertas, como uma costureira
abre casas para os botões. Sertralina, Morfex,
Seroquel, Victan fazem
Ana não rir
nem chorar, nem querer, nem parir,
nem foder, nem morrer
ou viver. Sobreviver. Estátua de cal branca
numa asfixia evidente.
Há uma solidariedade entre os que estão, nota-se
alguns a servirem de trave-mestra a outros
mais viciados, mais frágeis, ou mais fracos. Tristes
espectáculos sem público, doentes marionetas
com os cordelinhos puxados por um estado
fóssil
de si mesmos.
Falam pouco, falámos quase nada, diálogos
contra vontade e quase contranatura. Conversas
de nove minutos no jardim
ou no alpendre,
para exorcizar o estado que se deita connosco
e acorda,
normalmente,
atiçado. Histórias pungentes que deixaram
o espiritualismo na soleira da porta.
Quando alguém me apresentou José
por Sr. Toxicodependente, nunca lhe imaginei
os vícios no sexo e pornografia. Uma vida
alucinada em chão de esperma, traficada
entre vaginas disponíveis ao sexo
com travo a haxixe ou sexo visto na televisão, sem protagonistas,
guiões ou óscares,
apenas carne
a faiscar contra carne. Horas e horas do mesmo, dias
e dias a ver cenas idênticas, ejaculações
semelhantes sem nunca chegar
aos créditos finais. Escapes (felizmente que o espiritualismo
ficou na soleira da porta) que o mandariam
directamente para o inferno. Enviariam? Será que já
não está lá? Privado do seu corpo
lucífero, quente, sempre
disponível para mais uma, sempre só mais
uma dose de vício em estado latente.
As sombras são cada vez maiores, mais quarenta
e três pessoas que não fazem ou fazem algo em demasia. Gelado
e estreito, ergo-me uma última vez para sair, regressar à minha
janela. Agora não quero ver mais ninguém a entrar, pois
sei o quão difícil é aguentar-me
à saída.
******
pedro s. martins
quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011
Avulsos, por causa
O livro surgiu primeiro como uma edição da autora (54 exemplares) fora do mercado.
Depois, em Junho de 2005, teve uma segunda edição, como separata no número zero da revista Magma.
Agora, finalmente está no mercado graças à Língua Morta.
Só existem 100 exemplares. Aqui está uma foto do livro (Poesia Incompleta).
Fiquem com um pequeno exemplo do que está à vossa espera:
"11
dormimos ancorados
no princípio do mar, meu amor
um beijo, em algema, cobre
o nosso sono."
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
K3 - Nuno Dempster
(K3 sai para as livrarias amanhã, 3 Fevereiro, véspera de um cinquentenário. No dia 4 deste mesmo mês de 1961, há cinquenta anos portanto, estalava a guerra colonial em Angola. Menos de dois anos depois, em Janeiro de 1963, alastrou-se à então dita Guiné Portuguesa, onde estive como mobilizado entre 1968 e 1970, começando logo por ir parar ao K3, aquartelamento de temida fama, então abaixo do nível do solo. É da minha presença nessa guerra que o poema trata, segundo um plano cronológico, ocupando todas as 56 páginas de texto do livro.)
(...)
Deve dizer-se aos místicos
e àqueles que acreditam
em destinos supremos
que o chão da humanidade
é um palimpsesto de esperma e sangue
com pegadas em volta
da cama das mulheres em tempo de guerra,
como em redor da esteira
de Djariato,
numa palhota de há mil anos,
uma era tão diversa,
os soldados nos anos do poema,
a desejar-lhe o belo tronco nu,
os seios empinados,
o ventre liso,
a tanga que caísse.
Agora
Djariato regressa
inacessível como antes,
a pele de canela
que enlouquecia
a companhia inteira,
nem um tremor na face altiva
a perturbava.
Quem sabe olhá-la
dê um sentido mínimo ao passado,
à minha juventude assassinada,
de forma a que a lembrança,
em vez de recordar
o bafo de calor,
os ataques ao K3,
as casamatas
enterradas no solo a arder,
guarde a imagem de um corpo esguio,
fantasiando a noite,
mas não a vida dela,
não sei, nunca mais soube nada do seu povo.
(...)"
K3 é um livro de Nuno Dempster e toda a informação está no seu blogue - A Esquerda da Vírgula.