Arquivo do blog

Ninfa Parreiras no Youtube

Mostrando postagens com marcador olhos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador olhos. Mostrar todas as postagens

domingo, 28 de abril de 2013

Olhos de Outono


Olhos de outono
                                       Ninfa Parreiras

 O outono me fascina. Gosto da luz clara, ao mesmo tempo, esfumaçada. Nítida, com realce das cores. Como a luz do Barroco. A cena banhada em ouro, em camadas que se superpõem, em volumes. A paisagem esculpida. E toda a beleza cabe nela.
Dias curtos, temperatura suave, brisa pouca. Folhas caem. Ora preguiçosas. Ora envelhecidas. Desprendem-se e bailam. Autônomas, solteiras. Aos pares, em grupos, aos pedaços. Viram lixo, viram adubo. Viram outras coisas. Folhas novas virão.
No hemisfério norte, o outono traz um espetáculo para os olhos. As árvores revestem-se de cores amareladas, queimadas. Ficam floridas de folhas. Enferrujadas e avermelhadas. Os caminhos nos parques e nas ruas são tapetes de folhas. Tudo é folha. Fotografo o outono lá como quem acaba de nascer e descobrir: a natureza é generosa.
Olhar nos olhos das pessoas faz bem. Uma conversa de silêncios, de suspiros. De dúvidas. Há olhos que são de outono. Parecem desprender folhas que caem levemente e contam coisas. Histórias que desfolham os olhos. Histórias para quem lê os olhos.
Trincados, os olhos de outono variam: ora cor de mel, ora castanhos, ora verdes, ora negros. São olhos banhados de amor. Os olhos de outono se renovam de sonhos e plantam mais dúvidas nos olhos de quem os lê. Serão folhas que caem para chegar outras?

Foto: arquivo pessoal, outono em Tiradentes, MG, 2008