Medicina, Ribeirão Preto,
30: 36-51, jan./mar. 1997
Simpósio: OFTALMOLOGIA PARA O CLÍNICO
Capítulo V
PATOLOGIA DOS ANEXOS OCULARES
OCULAR ADNEXAL PATHOLOGY
Antonio A.V.Cruz1, Fernando Chahud2, Fernando C. Guimarães2
Docente1; Pós-graduandos2 do Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo.
CORRESPONDÊNCIA: Antonio A.V. Cruz – Departamento de Oftalmologia e Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão
Preto – Hospital das Clínicas – Campus Universitário – CEP: 14048-900 – Ribeirão Preto-SP – E-mail:
[email protected]
CRUZ AAV; CHAHUD F & GUIMARÃES FC.
30: 36-51, jan./mar. 1997.
Patologia dos anexos oculares. Medicina, Ribeirão Preto,
RESUMO: Os principais temas da patologia dos anexos oculares foram revistos, com ênfase
nas patologias que pertencem ao campo de atuação da oculoplástica.
UNITERMOS:
Oculoplástica. Anexos Oculares. Patologia.
Os anexos oculares constituem um grupo complexo de estruturas, que estão relacionadas ao olho, mas
não fazem parte do globo propriamente dito. Os anexos
são formados por conjuntiva, pálpebras, órbita (paredes
e conteúdo) e vias lacrimais. Devido a grande diversidade das estruturas supramencionadas, nem todas as
patologias anexiais são tratadas por um único especialista. Assim, as patologias conjuntivais, geralmente, são
encaminhadas a especialistas em doença ocular externa,
e os distúrbios rotacionais oculares, aos estrabólogos.
A maioria dos problemas anexiais, ou seja, os
relacionados às pálpebras, vias lacrimais e órbita, formam o campo de atuação de uma especialidade
oftalmológica, relativamente moderna e de crescente
importância, chamada plástica ocular ou oculoplástica.
Os principais tema da patologia oculoplástica são:
1. PÁLPEBRAS
1.1 - Transtornos da dinâmica palpebral
1.1.1 - Blefaroptoses
1.1.2 - Retrações
1.1.3 - Lagoftalmo
1.1.4 - Blefaroespasmo
36
1.2 - Anomalias marginais posicionais
1.2.1 - Ectrópios
1.2.2 - Entrópios
1.3 - Anomalias marginais ciliares
1.3.1 - Triquíase
1.3.2 - Distiquíase
1.3.3 - Ptose ciliar
1.4 - Infecções
1.5 - Neoplasias
2. ÓRBITAS
2.1 - Síndromes Inflamatórias Agudas
2.1.1 - Celulites
2.1.2 - Síndromes Inflamatórias Idiopáticas
(pseudotumores)
2.2 - Doenças Linfoproliferativas
2.2.1 - Hiperplasias Linfóides reacionais
2.2.2 - Linfomas
2.3 - Orbitopatia Distireoidiana
2.4 - Fraturas
2.5- Neoplasias Não-linfóides
Patologia dos anexos oculares
3. VIAS LACRIMAIS
3.1 - Obstruções
3.2 - Inflamações: Dacriocistites
1. PÁLPEBRAS
1.1 - Transtornos da dinâmica palpebral
A dinâmica da pálpebra superior é mais importante do que a da inferior, em virtude de seu papel
fundamental na proteção e umedecimento da superfície ocular1, 2.
As estruturas que condicionam a elevação da
pálpebra superior são os músculos elevador palpebral,
estriado e inervado pelo III nervo, e o de Müller,
liso e inervado pelo Sistema Nervoso Simpático3/7
(Figura 1).
A retração da pálpebra inferior é exercida pela
fáscia cápsulopalpebral (expansão fibrosa que se origina do ligamento de Lockoowd, funde-se com o septo,
e vai até a borda inferior do tarso), e pelo músculo
tarsal inferior, liso e também inervado pelo Sistema
Nervoso Simpático. A fáscia cápsulopalpebral e o músculo tarsal inferior são freqüentemente referidos, de
maneira conjunta, como retratores da pálpebra inferior8 (Figura 2).
O músculo orbicular, inervado pelo facial, atua
tanto na pálpebra superior como na inferior, promovendo a oclusão da fenda palpebral nos movimentos
de piscar e no fechamento voluntário das pálpebras.
Finalmente, o músculo frontal tem uma pequena ação
de elevação da pálpebra superior.
A fenda palpebral, isto é, o espaço delineado
pelas duas pálpebras, no estado de vigília, é o re-
Figura 1 - Corte sagital do olho e pálpebra superior: a) músculo reto superior, b) músculo elevador palpebral,
c) periórbita, d) gordura orbital, e) seio frontal, f) arcus marginalis, g) septo orbital, h) ligamento de Whitnall,
i) músculo de Müller.
37
AAV Cruz; F Chahud & FC Guimarães
superior (Midpupil-to-upper-eyelid distance). Frueh,
em 106 sujeitos normais, com idades abaixo de 65 anos,
obteve o valor médio de 3.5 (± 0.9) mm para a medida do
centro pupilar à margem palpebral superior10. Baseados nesses dados, Small et al. conceituaram ptose da
seguinte maneira: existe ptose sempre
que a MRD for menor que 2 mm11.
É preciso notar que a medida da
MRD é um critério absoluto, e não elimina o problema da assimetria interocular do posicionamento palpebral. Com
efeito, se, em termos absolutos, existe
uma variância da posição palpebral, há
de se admitir que, mesmo em pessoas
normais, é plausível uma variação interocular desse posicionamento. Assim,
pode-se ter uma MRD, em um olho de
4.5mm e, em outro, de 2.5mm. Os dados de Small et al. indicam que assimetrias de MRD ≥ 2mm não são normais,
mesmo quando ambas as pálpebras estão 2mm ou mais acima do centro pupilar11. No entanto, isso não significa que
Figura 2 - Corte sagital do olho e pálpebra inferior: a) músculo reto inferior,
a pálpebra mais baixa seja a patológica,
b) músculo oblíquo inferior, c) ligamento de Lockwood, d) gordura orbital,
pois a outra pode estar mais alta por
e) septo orbital, f) retratores palpebrais (fáscia capsulopalpebral + músculo tarsal
inferior).
retração palpebral. Na prática, muitas
vezes, essas dúvidas só são dirimidas
com a semiologia complementar.
1.1.1 - Blefaroptoses
O estudo semiótico das blefaroptoses compreende algumas etapas básicas do exame oftalmológico
Por definição, blefaroptose, ou ptose palpebral,
(medida da acuidade visual, refratometria, análise dos
designa a condição caracterizada pelo posicionamento
reflexos pupilares, biomicroscopia, fundoscopia) e
anormalmente baixo da margem palpebral superior.
Modernamente, a ptose tem sido
quantificada em relação ao eixo visual
(eixo teórico que une a fovéola ao objeto de fixação)9. A localização do eixo
visual na córnea é possível graças à formação das imagens de primeira ordem,
de Purkinje. Assim, ao se fixar um pequeno foco de luz, é fácil notar o reflexo
desse foco na córnea (esse reflexo é
uma imagem direta e especular da fonte
luminosa, formada, principalmente, pela
superfície anterior da córnea). A medida
da distância dessa imagem à margem
da pálpebra superior foi denominada de
MRD (do inglês, Margin Reflex
Distance) (Figura 3). Como a posição
do reflexo luminoso é praticamente coincidente com o centro pupilar, a medida da
Figura 3 - Processo de medida da posição da pálpebra superior. Distância entre
MRD é, clinicamente, equivalente à medi- o reflexo corneano provocado pela fixação de uma luz puntiforme e a margem
da do centro pupilar à margem palpebral palpebral superior (MRD).
sultado do equilíbrio desses elementos. Dessa maneira, qualquer anomalia na função das estruturas relacionadas à dinâmica palpebral induz, além da perda de
movimento, modificação na altura da fenda palpebral.
38
Patologia dos anexos oculares
avaliações específicas tais como: medida da função do
elevador, avaliação do fenômeno de Bell e da força do
músculo orbicular, e exame do sulco palpebral superior.
A medida da função do elevador palpebral é a
pedra angular para o planejamento cirúrgico das blefaroptoses. Ela é feita, indiretamente, ao se quantificar a amplitude do sacádico palpebral, resultante da mudança de fixação ocular de infraversão para supraversão máxima. Operacionalmente, é importante que a
posição do supercílio seja mantida em sua posição anatômica, com o polegar do examinador,
enquanto se mede, com uma régua
milimetrada, o deslocamento palpebral,
quando os olhos se movem da posição
de infraversão para a de supraversão
máxima12 (Figura 4).
Em indivíduos normais, a ação
média do elevador é de 15.3 (± 1.6)
mm, e os valores extremos situam-se
entre 12 e 20 mm10. Em casos de ptose,
dependendo do mecanismo etiológico,
a função do elevador pode ser ausente
ou praticamente normal.
As ptoses têm sido classificadas,
modernamente, segundo o mecanismo
etiopatogênico, em quatro categorias:
miogênicas, neurogênicas, aponeuróticas e mecânicas13. Evidentemente,
algumas dessas categorias permitem
subdivisões clínicas, e alguns tipos de
ptoses são mistos, ou seja, mais de um
mecanismo atua na gênese do abaixamento da margem palpebral superior.
O detalhamento das características clínicas dos
subtipos de ptose foge ao escopo desse trabalho. Vale
ressaltar que a denominação “ptose congênita” refere-se ao tipo miogênico isolado. Nesses casos, há uma
distrofia isolada, de magnitude variável, não evolutiva
e congênita, do elevador palpebral14/17. Outro grupo
importante é o das ptoses aponeuróticas. Estas ocorrem devido a um defeito na inserção do elevador. O
músculo propriamente dito é normal, de modo que a
função do elevador é sempre boa18/21. Tipicamente,
Classificação das Ptoses
• Miogênicas
Isoladas (congênitas)
Associadas
a - Estrabismo
b - Blefarofimose
c - Miopatias e doenças da junção
neuromuscular (mitocondriopatias, outras distrofias musculares e Miastenia Grave)
• Neurogênicas
Paralisia do III nervo
Síndrome de Claude-Bernard-Horner
Ptoses sincinéticas
a - Síndrome de Marcus-Gunn
b - Regeneração e inervação aberrante do III nervo
• Mecânicas
• Aponeuróticas
Figura 4 - Medida da função do músculo elevador palpebral: acima - com o
paciente olhando para baixo, o polegar do examinador mantém o músculo frontal
em posição, enquanto uma régua milimetrada é posicionada à frente da margem
palpebral superior; abaixo - com o examinador mantendo o frontal em posição, o
paciente olha para cima. A excursão palpebral, medida em milímetros, é tomada
como a função do elevador.
39
AAV Cruz; F Chahud & FC Guimarães
esse tipo de ptose aparece em pacientes idosos e após
trauma. As ptoses miopáticas traduzem o envolvimento do elevador palpebral em processos distróficos
musculares sistêmicos. Quase sempre, há déficit rotacional ocular e diminuição da ação do orbicular. Esses fatores complicam a correção desses casos, que
exigem cirurgias especiais.
1.1.2 - Retrações
Ao contrário das blefaroptoses, condição relacionada unicamente à posição da pálpebra superior, as
retrações palpebrais podem ser inferiores ou superiores.
O referencial usado para o diagnóstico quantitativo das retrações superiores é o mesmo usado nas
blefaroptoses, isto é, a retração é definida a partir da
medida da MRD.
A retração superior é definida como qualquer
posição palpebral, cuja MRD seja maior que 5 mm10.
Na ausência de ptose, variabilidades posicionais interoculares, maiores que 1 mm, também são indicativas
de retração palpebral.
Em relação à palpebra inferior, os valores normativos são menos caracterizados. Em vários estudos, o referencial adotado foi o limbo inferior. Assim,
segundo Frueh, a posição normal da pálpebra inferior
não permite o scleral show pois é tangente ao limbo10.
Em outro trabalho, Shore obteve resultados diferentes. Com efeito, foram encontradas pálpebras inferiores a mais de 1 mm abaixo do limbo, em todas as
faixas etárias estudadas (15 a 89 anos), principalmente, após os 50 anos de idade22.
Os nossos dados também mostram que scleral
show não implica, necessariamente, em anormalidade, pois, num estudo-controle com pessoas sem pato-
logia órbitopalpebral, 95% das MRDs inferiores estavam entre 4,9 e 7.4 mm (média = 6.17 mm). O critério
relativo também é importante, porque, similarmente
ao que ocorre com a MRD superior, os valores dos
dois olhos são bem correlacionados, e a maioria das
diferenças interoculares é de 0 a 1 mm.
Tanto as retrações superiores como as inferiores podem ser divididas em dois grandes grupos, que
têm características semiológicas distintas: as retrações
inervacionais e as cicatriciais ou restritivas.
Nas retrações inervacionais superiores, a margem palpebral está alta, porque o elevador palpebral
e/ou músculo de Müller estão hiperativos. O termo
hiperativo refere-se ao aumento da capacidade contrátil
muscular. Esse aumento, que pode ser tônico ou espástico, em geral, é compatível com uma dinâmica palpebral razoavelmente preservada.
As retrações inervacionais inferiores ocorrem
por estimulação simpática do músculo tarsal inferior.
As retrações cicatriciais superiores ou inferiores são caracterizadas pela presença de uma estrutura passiva que mantém a margem palpebral
alta. Sempre há importante restrição da dinâmica
palpebral.
1.1.3 - Lagoftalmo
O termo lagoftalmo refere-se à incapacidade
do orbicular em ocluir da fenda palpebral1 (Figura 5).
Sempre há déficit na dinâmica da pálpebra superior,
que pode ser de origem neural ou cicatricial.
A deficiência neural é causada pelas paralisias
e paresias do VII nervo. O lagoftalmo paralítico isolado, isto é, com comprometimento apenas do orbicular,
é um sinal comum na Hanseníase.
Figura 5 - Lagoftalmo: incapacidade de oclusão da fenda palpebral: à esquerda - paciente olhando para a frente (nas paralisias do
orbicular, freqüentemente a pálpebra superior apresenta discreta retração); à direita - na tentativa de oclusão da fenda, a pálpebra
superior não desce completamente.
40
Patologia dos anexos oculares
No lagoftamo cicatricial, na maioria das vezes,
o orbicular é normal, pois são os processos restritivos
que impedem a descida da pálpebra superior.
O lagoftalmo paralítico é muito mais comum que
o cicatricial. O caso típico é o representado pela paralisia facial periférica1. Dependendo do grau de hipofunção do orbicular, a oclusão da fenda pode ser impossível. Nessas condições, a interação entre o grau
de deficiência do orbicular e a magnitude do fenômeno
de Bell (rotação superior dos olhos durante a oclusão
da fenda palpebral) é que vai ditar a gravidade do quadro, podendo haver desde epífora até perfuração
corneana e amaurose. Nos casos mais graves, o lagoftamo é uma urgência oculoplástica e exige procedimentos cirúrgicos emergenciais como a tarsorrafia.
Embora o reestabelecimento tardio da dinâmica
palpebral possa ser feito de várias maneiras23, o procedimento mais simples e eficaz é a inserção cirúrgica
de um peso de ouro de cerca de 1 g na face anterior
da placa tarsal24/26.
Como a tensão do orbicular é um dos fatores de
manutenção da posição da pálpebra inferior, lagoftalmos paralíticos de longa duração cursam com ectrópio
da pálpebra inferior, condição que não deve ser confundida com lagoftalmo e que será abordada adiante.
1.1.4 - Blefaroespasmo
foram propostos, no passado, para o controle dessa
condição. Atualmente, os tratamentos de escolha são
o uso da toxina botulínica A e a cirurgia miectomia do
orbicular, corrugador e piramidal30.
1.2 - Anomalias marginais posicionais
Os principais fatores condicionantes da posição
da margem palpebral são: a) ligamentos palpebrais
medial e lateral; b) músculo orbicular; c) retratores
(na pálpebra superior, o elevador palpebral, e, na inferior, a fáscia cápsulopalpebral); c) pele; d) tarso; e)
conjuntiva e f) globo.
Algumas alterações, isoladas ou combinadas,
das estruturas supramencionadas podem provocar
eversões (ectrópio) ou inversões (entrópio) das
margens palpebrais.
1.2.1 - Ectrópios
Condição caracterizada pela eversão da margem palpebral inferior ou superior (Figura 6). Os
ectrópios são classificados nas seguintes formas clínicas: a) congênito, b) senil ou involutivo, c) paralítico,
d) cicatricial e e) mecânico31/37.
A forma congênita é muito rara e de etiologia
variada. O ectrópio senil é bastante comum, e só ocorre
na pálpebra inferior devido a frouxidão ligamentar lateral e/ou medial. É discutido o papel da desinserção
dos retratores nessa forma de ectrópio. O paralítico
aparece nas paralisias de longa duração do VII nervo,
traduzindo a perda de tono do músculo orbicular. Tam-
O blefaroespasmo é uma condição polar em relação ao lagoftalmo paralítico. Enquanto que esse último
decorre de deficiência inervacional do orbicular, que
impede a oclusão da fenda, no blefarospasmo, contrações espásticas do orbicular ocluem a fenda palpebral involuntariamente por períodos de tempo variáveis27/29. Dependendo da intensidade da
doença, o paciente pode ficar funcionalmente cego e completamente impossibilitado de exercer uma atividade normal.
O blefaroespasmo é sempre bilateral, e pode ser isolado ou fazer parte de
quadros distônicos mais amplos, como
a síndrome de Meige ou a distonia oromandibular30. O diagnóstico diferencial
deve incluir o hemiespasmo facial, a apraxia da abertura palpebral e os quadros
funcionais30.
A etiologia do blefaroespasmo é
obscura, mas todas as evidências apontam para um processo central relacionado ao núcleo do nervo facial. InúFigura 6 - Ectrópio da pálpebra inferior: eversão da margem palpebral.
meros tratamentos médicos e cirúrgicos
41
AAV Cruz; F Chahud & FC Guimarães
bém é restrito à pálpebra inferior. O ectrópio cicatricial
pode acometer tanto a pálpebra superior como a inferior. Ele é devido a um déficit vertical de lamela anterior que everte a margem. Esse tipo de problema é
comumente visto após traumas, queimaduras, exposição solar crônica e cirurgias palpebrais. Finalmente, a
forma mecânica é a que ocorre, quando uma lesão
bulbar empurra a margem palpebral, evertendo-a33.
Todos os ectrópios são abordados cirurgicamente. Os procedimentos vão depender dos fatores
causais, variando de acordo com a forma clínica.
1.2.2 - Entrópios
Condição caracterizada pela inversão da margem palpebral inferior ou superior (Figura 7). Os
entrópios são classificados nas seguintes formas clínicas: a) congênito, b) espástico, c) senil ou involutivo,
d) cicatricial e e) mecânico38/44.
O entrópio congênito é bastante raro. Freqüentemente tem um componente espástico, devendo, pois,
inicialmente, ser abordado conservadoramente. Ele
deve ser diferenciado do epibléfaro inferior, que é uma
prega cutânea horizontal, congênita, que direciona os
cílios para cima. No epibléfaro, a margem está normalmente posicionada e todo o problema restringe-se
a um excesso de lamela anterior. O entrópio espástico
acomete os adultos, sendo, caracteristicamente, transitório e recorrente. Ele ocorre pelo aumento do tono
do orbicular pré-septal. O entrópio senil é um dos mais
comuns. Na sua etiologia, imbricam-se, em graus
variáveis, três fatores: frouxidão ligamentar, atenuação ou desinserção dos retratores e hiperação do orbicular pré-septal. O entrópio cicatricial pode acometer
tanto a pálpebra superior como a inferior. Em Ribeirão
Preto, a grande maioria dos casos de entrópio cicatricial
é de origem tracomatosa. No tracoma, a contração da
conjuntiva e do tarso da pálpebra superior invertem a
margem palpebral, causando entrópio e triquíase (ver
adiante). Finalmente, o exemplo típico de entrópio mecânico é dado pela má adaptação de próteses oculares que provocam a inversão da margem. A anoftalmia
por si só já é um fator mecânico indutor de entrópio.
Como nos ectrópios, o tratamento da maioria
das formas de entrópio é cirúrgico.
1.3 - Anomalias marginais ciliares
As anomalias ciliares constituem um grupo de
condições mal definido terminologicamente, porém de
grande importância clínica. Qualquer uma das formas
descritas adiante pode provocar dano permanente à
córnea e baixa visual definitiva 42, 45/49.
1.3.1 - Triquíase
O termo triquíase, origina-se do grego trichos
(cabelo) e significa mal direcionamento dos cílios que
perdem o direcionamento normal e tocam a córnea.
1.3.2 - Distiquíase
Distiquíase é um vocábulo também originário
do grego, cuja raiz é distichos (duplo). Designa uma
condição congênita ou adquirida, caracterizada pelo aparecimento de neocílios
posteriores à linha cinzenta, ou seja, na
lamela posterior.
O termo “distriquíase” não é usado e deve ser evitado.
1.3.3 - Ptose ciliar
Figura 7 - Entrópio da pálpebra inferior: inversão da margem palpebral. A desinserção
dos retratores é comum nos entrópios involutivos.
42
É uma condição, não muito rara,
mas que só modernamente tem sido reconhecida. Ela é caracterizada pela perda da orientação de todos ou de grande
parte dos cílios da pálpebra superior, que
adotam uma forma retilínea e dirigemse para baixo, podendo ou não tocar a
córnea. Um mecanismo produtor de
ptose ciliar é a atonia da lamela anterior,
comumente vista nas hipofunções do orbicular superior (Figura 8).
O tratamento das anomalias ciliares está indicado, quando os cílios tocam
Patologia dos anexos oculares
a córnea. Nesses casos, várias modalidades terapêuticas podem ser usadas: epilação com radiofreqüência ou crioterapia, ressecções palpebrais em bloco, enxertos de mucosa labial, etc. Como há uma tendência à recidiva, o acompanhamento biomicroscópico
pós-operatório deve ser mantido por longo período
de tempo.
1.4 - Infecções
As pálpebras, como qualquer outro território
cutâneo, podem ser sítio de infecções virais, fúngicas
e bacterianas, as mais diversas50.
O principal exemplo de acometimento viral palpebral é o do Herpes Zoster oftálmico, cujo diagnóstico
clínico, em geral, não apresenta problema, pois é típico
o aparecimento de vesículas ao
longo do trajeto de um dos ramos
da primeira divisão do trigêmio.
O Herpes simplex, principalmente o do tipo 1, também pode
acometer as pálpebras, em geral,
sob a forma de blefarite ulcerativa
ou de lesões isoladas50.
Infecções cutâneas bacterianas podem gerar celulite préseptal. Esse termo (celulite pré-septal), tem o mesmo significado
descritivo de abscesso palpebral,
devendo ser diferenciado das celulites pós-septais ou orbitais (ver
celulites orbitárias). As infecções
bacterianas mais comuns são as
que acometem as glândulas palpebrais51. Na pálpebra, existem duas
glândulas associadas aos cílios: as
de Moll, sudoríparas modificadas,
e as de Zeiss, sebáceas. Ambas
podem ser infectadas por bacterias (tipicamente, estafilococos) e
produzirem os chamados hordeólos externos. Quando a infeção
acomete as glândulas, sebáceas,
intra-tarsais de Meibomius, há o
aparecimento do hordeólo interno. O acometimento das glândulas de Meibomius pode ser difuso
e envolver todo o tarso (tarsite).
A paracoccidiodomicose
pode envolver as pálpebras, primariamente, ou no contexto de um
acometimento mucocutâneo generalizado. As lesões são bastante
destrutivas e simulam neoplasias.
1.5 - Neoplasias
Figura 8 - Conceito de ptose ciliar: a) orientação normal dos cílios da pálpebra superior,
b e c) rotação inferior, global, dos cílios por atonia da lamela anterior, d) toque corneano.
Neoplasias, malignas ou
benignas, de qualquer linhagem
tecidual, podem aparecer nas
43
AAV Cruz; F Chahud & FC Guimarães
pálpebras52. O tumor palpebral mais freqüente é o carcinoma basocelular (CBC). Freqüentemente associado
a alterações cutâneas actnícas, o CBC atinge, preferencialmente, a pálpebra inferior e a região do canto
medial. Lesões laterais e superiores são menos encontradas. O CBC pode aparecer sob inúmeras formas clínico-histológicas (nodular, ulcerativa, esclerosante, multicêntrica)53 e, dependendo da localização,
constituírem grandes problemas cirúrgicos. Não é
incomum, no setor de oculoplástica do HCFMRP-USP,
a indicação de exenteração orbital devido a invasão
da órbita por CBC, inicialmente restrita à região
periocular.
O carcinoma espinocelular (CEC) é muito menos freqüente que o CBC. Clinicamente, eles aparecem como lesões ulceradas, às vezes, com características de ceratoses actínicas. O potencial metastatizante dos CEC é baixo, porém a morbidade piora em
áreas previamente irradiadas53.
Um tumor maligno não muito comum, mas clinicamente importante, é o carcinoma sebáceo. Originando-se de uma glândula de Meibomius, ele freqüentemente é confundido com um calázio recidivante. A
perda de cílios e a distorção da margem palpebral devem alertar o médico para a possibilidade do carcinoma sebáceo.
2. ÓRBITAS
2.1. Síndromes inflamatórias agudas
Clinicamente, as síndromes inflamatórias agudas da órbita caracterizam-se pelo início súbito de dor
óculoorbitária, em geral constante, e que se exacerba
à movimentação do globo ocular. Todos os anexos orbitários podem estar envolvidos, em maior ou menor
extensão. Assim sendo, as pálpebras estão, em geral,
edemaciadas, hiperemiadas e com aumento da temperatura local, havendo, freqüentemente, ptose mecânica, devido ao edema. A conjuntiva mostra-se
hiperemiada e quemótica, ocorrendo, muitas vezes,
protusão e exposição da mesma, o que impede um
fechamento completo da fenda palpebral. Ao nível da
glândula lacrimal, pode haver tumefação e aumento
da sensibilidade local.
Ao exame clínico, os principais achados são a
proptose (Figura 9) e a limitação da motricidade ocular, além das alterações de anexos descritas acima. A
direção da proptose pode fornecer indícios da sede do
processo inflamatório. Desse modo, um deslocamento do globo ocular, para baixo e medialmente, sugere
processo inflamatório da glândula lacrimal (de localização súpero-temporal). Se a proptose for intensa, há
lesão corneana devido à exposição da mesma. A
Figura 9 - Conceito de proptose ou exoftalmia: à esquerda - olho normalmente posicionado em relação ao rebordo orbital,
à direita: - deslocamento anterior do olho.
44
Patologia dos anexos oculares
motilidade ocular freqüentemente está afetada, havendo maior limitação, quando se tenta deslocar o globo
ocular na direção da sede do processo inflamatório.
Na dependência da intensidade e extensão do processo, a função visual pode estar comprometida.
Apesar de inúmeros processos patológicos manifestarem-se, como síndrome inflamatória aguda da
órbita, dicutiremos, a seguir, apenas os quadros mais
freqüentes da prática clínica: as celulites e os pseudotumores inflamatórios.
2.1.1- Celulites
Denomina-se celulite orbitária o processo infeccioso dos tecidos orbitários, de etiologia variada (bacteriana, viral, fúngica, etc)54/62. Nesse sentido, celulite
orbitária tem o mesmo signficado de celulite pós-septal.
O agente etiológico, geralmente, alcança a órbita por
contigüidade, a partir dos seios paranasais, da própria
face (infecção cutânea) ou da orofaringe. As celulites
secundárias à septicemia ou a corpo estranho orbital
são bem mais raras. Na grande maioria dos casos, as
celulites orginam-se das sinusites. Em crianças, a celulite orbitária é a principal causa de proptose uni ou
bilateral.
As celulites podem aparecer sob a forma de
abscesso subperiósteo, abscesso orbitário e celulite
difusa. Além da anamnese e do exame físico, a
tomografia computadorizada tem importância fundamental no diagnóstico da celulite orbitária, ao mostrar, claramente, a localização e a extensão do processo infeccioso, permitindo não só a classificação como o
estadiamento da evolução do quadro.
Uma vez aventada a hipótese de celulite orbitária de origem bacteriana, tratamento imediato com
antibioticoterapia endovenosa deve ser instituído, a fim
de se evitar a progressão da infecção e complicações
neurológicas, potencialmente letais (ex. abscesso cerebral, trombose de seio cavernoso). Abscessos intraconais são muito mais perigosos que os subperiósteos,
pela proximidade da fissura orbital superior. A escolha
do antibiótico adequado é um assunto controverso. Em
geral, utiliza-se antibióticos de largo espectro. Quando
associada à sinusite, os principais microrganismos encontrados são: Staphilococus (S. aureus, S.
epidermides), Streptococus, Diphteroides, H.
influenzae (crianças), E. coli, Pseudomonas. Nos
adultos, é comum o crescimento polimicrobiano anaeróbio e aeróbio e, em crianças abaixo de quatro anos de
idade, o do H. influenzae. A partir da instituição da
terapêutica, uma melhora geral do quadro é esperada
em 48-72 hs, caso contrário deve-se suspeitar da formação de abscesso orbitário com provável indicação de dre-
nagem cirúrgica da órbita. Quando comparadas às celulites das crianças, as celulites dos adultos apresentam, mais freqüentemente, necessidade de intervenções cirúrgicas para drenagem orbitária e dos seios,
bem como maior porcentagem de complicações neurológicas.
2.1.2- Síndromes inflamatórias idiopáticas
(pseudotumores inflamatórios da órbita )
Define-se pseudotumor de órbita como o processo inflamatório dos tecidos orbitários, uni ou bilateral, de etiologia autoimune. Portanto, pela própria definição, trata-se de um diagnóstico de exclusão, devendo-se descartar outras patologias locais (ex. cisto
dermóide roto) ou sistêmicas (ex. poliarterite nodosa),
que predispõem ou podem se manifestar como inflamação orbitária aguda63/67.
De acordo com a localização do processo, os
pseudotumores são classificados em: a) lacrimal: a
glândula lacrimal é a sede da inflamação; b) anterior:
o processo inflamatório localiza-se junto à porção posterior do globo ocular, c) miosítico: a sede da inflamação são os músculos extra-oculares, d) difuso: a inflamação acomete os tecidos orbitários de forma difusa e
e) apical: a inflamação localiza-se no ápice da órbita.
O pseudotumor orbitário acomete, igualmente,
homens e mulheres, sendo a bilateralidade mais comum em crianças. Clinicamente, o principal diagnóstico
diferencial é feito com a celulite orbitária.
Os achados tomográficos dependem da forma
clínica. Geralmente, há um apagamento da gordura
orbital de densidade heterogênea, devido às alterações
teciduais que acompanham o processo inflamatório.
Um sinal radiológico extremamente importante é o borramento da esclera posterior.
Histologicamente, observa-se infiltrado celular
polimórfico (linfócitos, plasmócitos e eosinófilos),
edema, dilatação vascular e fibrose, sendo esta última
tanto mais extensa quanto maior a duração do processo.
O tratamento consiste na administração de
corticóide via oral (meticortem 60-80 mg/dia, com diminuição progressiva da dose), havendo, nas formas
agudas, dramática resposta ao tratamento, com grande
melhora do quadro em 48-72 hs.
2.2- Doenças linfoproliferativas
Em condições normais, os linfócitos podem ser
encontrados na substância própria da conjuntiva e espalhados, em pequeno número, entre os ácinos da glândula lacrimal, não havendo nos demais tecidos orbitários linfonodos ou linfócitos. Portanto, qualquer massa
intra-orbitária de tecido linfóide é anormal.
45
AAV Cruz; F Chahud & FC Guimarães
Estudos recentes têm demonstrado que as hiperplasias linfóides reacionais e os linfomas não diferem
quanto ao grupo etário que acometem, ao tipo de sintomas que provocam ou à duração desses sintomas.
Deste modo, torna-se praticamente impossível diferenciar estas duas patologias, somente em bases clínicas.
As doenças linfoproliferativas apresentam início insidioso (sem sinais de inflamação orbitária) e acometem, principalmente, os adultos entre 50-70 anos de
idade. Em geral, há proptose moderada (menor que
5 mm), alteração discreta da motricidade ocular e, ocasionalmente, diminuição da acuidade visual. As lesões
tendem a ocorrer mais freqüentemente na órbita superior e anterior, sendo a glândula lacrimal o sítio de
envolvimento mais freqüente (30 % dos casos).
À tomografia, verifica-se um velamento homogêneo, que, tipicamente, molda o globo ocular, sem comprimi-lo e sem provocar erosão óssea das paredes
orbitárias. A classificação das lesões linfóides, muitas
vezes, só é possível com o estudo imunohistoquímico.
2.2.1- Hiperplasias linfóides reacionais
De acordo com o grau de atipia celular, são divididas em hiperplasias linfóides reacionais típicas e
atípicas68/71.
A hiperplasia típica tem como características
principais a presença de linfócitos pequenos, escuros,
sem atividade mitótica significativa, com organização
folicular de formas irregulares. A população celular é
polimórfica (plasmócitos, histiócitos e, às vezes, eosinófilos). O estudo imunohistoquímico revela população celular policlonal.
A hiperplasia atípica apresenta células com padrão monótono, podendo haver folículos remanescentes.
O estudo imunohistoquímico pode ser inconclusivo.
2.2.2- Linfomas
Histologicamente, os linfomas podem apresentar padrão de crescimento nodular ou difuso (maioria
dos casos). A população celular é sempre monótona,
com padrão imunohistoquímico monoclonal68/77.
2.3 - Orbitopatia distireoidiana
A orbitopatia distireoidiana é uma patologia
auto-imune orbital, que pode estar associada à Tireoidite
de Hashimoto, eutireoidismo ou ao Bócio Difuso Tóxico e conseqüente hipertireoidismo. Essa última eventualidade caracteriza a doença de Basedow-Graves
ou, simplesmente, Graves, descrita no século XIX,
quando esses autores relacionaram proptose e aumento
difuso da tireóide10, 78/82.
46
A doença de Graves é a variante mais freqüente
da orbitopatia distiroidiana, ocorrendo em cerca de 90%
dos casos. Essa preponderância do hipertireoidismo é
de tal monta, que a maior parte das publicações considera a expressão, doença de Graves, como sinônimo
de orbitopatia distireoidiana. Outras denominações são
ainda usadas como oftalmopatia de Graves e doença
orbital relacionada à tireóide.
Uma noção importante é a que dissocia o quadro orbital do endocrinológico. Não são os hormônios
da tireóide (T3 e T4) que causam a orbitopatia. Tanto
a órbita quanto a tireóide são órgãos de choque de um
processo auto-imune celular e humoral. A doença
orbital segue um curso próprio não paralelo à normalização dos níveis séricos de T3 e T4.
Na órbita, as principais estruturas acometidas
são o tecido conectivo muscular e a gordura orbital.
Nesses tecidos, o infiltrado linfoplasmocitário implica
em acúmulo de glicosaminoglicanos e água. Conseqüentemente, ocorre proptose e miopatia restritiva, levando a limitação das rotações oculares e diplopia.
O envolvimento dos elementos retratores das pálpebras superior (músculo de Müller e elevador palpebral) e inferior (músculo tarsal inferior e fáscia cápsulopalpebral/reto inferior), na doença orbital, explica a
altíssima prevalência de retração palpebral na
orbitopatia distireoidiana.
Testemunho da alta freqüência do envolvimento
palpebral na doença de Graves é o grande número de
epônimos relacionados a esse tipo de acometimento
(Tabela I)83.
Tabela I - Epônimos relacionados ao acometimento palpebral na orbitopatia de Graves
Epônimo
Significado
Dalrymple Retração palpebral
Boston
Movimento para baixo, em roda denteada, da pálpebra superior, na infraversão
Enroth
Edema da pálpebra inferior
Gifford
Dificuldade na eversão da pálpebra
superior
Lag da pálpebra inferior, no olhar para
Griffith
cima
Jellinek
Pigmentação palpebral
Mean
Aumento do scleral show superior em
supraversão
Ponchin
Redução da amplitude do piscar
Rosembach Tremor palpebral, na oclusão da fenda
Stellwag
Diminuição da freqüência do piscar
Vigouroux Aumento das partes moles palpebrais
von Graeffe Lag da pálpebra superior, na infraversão
Patologia dos anexos oculares
Em recente estudo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, de
86 pacientes com orbitopatia de Graves (todos tinham
BDT) 53,48 % apresentavam proptose + retração palpebral, 30,23% somente retração, 11,62 somente proptose e 4%, outras alterações da orbitopatia, como edema palpebral, aumento da gordura pré-aponeurótica
etc. Assim, 83,7% dos pacientes apresentavam
retração. Dentre estes, a retração era superior em
70,8% dos casos (48,6% bilateral e 22,2% unilateral),
superior e inferior em 22,2% (20,8 bilateral e 1,3%
unilateral) e unicamente inferior em 6,9% da amostra
(5,5% bilateral e 1,3% unilateral).
2.4 - Fraturas
No amplo espectro das fraturas faciais, as
orbitais constituem um grupo bem individualizado, em
virtude de freqüentemente estarem associadas à lesão motora ou sensorial ocular.
Existe uma enorme variabilidade na apresentação clínica das fraturas orbitais. Não obstante, elas
podem ser divididas em 4 grupos: internas (blow-out,
blow-in), zigomatico-orbitais, nasoetmoidoorbitais e
complexas ou combinadas84.
As fraturas internas mais comuns são as do tipo
blow-out, ou seja, fratura limitada a uma das paredes
orbitais, não atingindo o rebordo, cujo fragmento se
desloca para fora da órbita. As mais freqüentes envolvem o assoalho orbital, mas as de parede medial também são comuns. As fraturas do teto, comumente, são
do tipo blow-in (fragmento ósseo) deslocado para o
interior da órbita.
As fraturas zigomaticoorbitais, provavelmente,
são as mais comuns de todas as fraturas orbitais. Dependendo do grau de acometimento do zigomático, elas
podem ser subdivididas em vários tipos: zigomático deslocado ou não, cominutivamente fraturado, etc.
As nasoetmoidoorbitais são fraturas mais complexas devido à tridimensionalidade da região. Elas resultam de impactos na linha média e provocam, dependendo da gravidade, achatamento do nariz e telecanto.
Se não reparadas, a maioria das fraturas orbitais
produz enoftalmo, devido ao aumento do continente
orbitário. É freqüente o desenvolvimento de estrabismo restritivo, o que causa diplopia. A lesão do nervo
infra-orbitário e hipoestesia, no seu território, são comuns nas fraturas que envolvem o assoalho orbital.
Dependendo do grau de acometimento apical,
qualquer fratura orbital pode lesar o nervo óptico e produzir déficit sensorial, que pode variar, desde pequenas alterações de percepção cromática até amaurose.
2.5- Neoplasias não linfóides
A órbita é sede de numerosos processos neoplásicos, benignos e malignos, apresentando enorme variação de tipos histológicos. Excelentes revisões sobre
o assunto podem ser encontradas em livros textos85.
Em termos gerais, a avaliação clínica deve ser
conduzida no sentido de se determinar se o processo é
benigno ou maligno, e se seu comportamento é infiltrativo ou não infiltrativo.
Clinicamente, as lesões benignas, não-infiltrativas, manifestam-se por seu efeito de massa (proptose), sem provocar destruição tecidual ou dano funcional e, à tomografia, revelam margens regulares e
bem definidas. Por outro lado, as lesões malignas e
infiltrativas provocam dano funcional (visual, motor ou
sensitivo), e margens irregulares à tomografia.
Quanto à topografia, os tumores podem ser classificados em intraconais, extraconais e difusos. Os principais tipos são:
Tumores Intraconais
O principal diagnóstico diferencial é feito entre
o glioma do nervo óptico e o meningeoma da bainha
do nervo. O glioma acomete principalmente crianças
(média de 6 anos de idade), enquanto o meningeoma
acomete mulheres de meia-idade. Ambos provocam
proptose mínima (não mais que 2 mm) e perda visual
significativa, sendo esta mais precoce nos gliomas. A
tomografia pode fornecer dados que sugerem a
etiologia da lesão. Assim, espessamento fusiforme e
de mesma densidade do nervo, margens regulares e
ausência de erosão óssea ou hiperostose sugerem
glioma. Por outro lado, espessamento discreto e de
densidade diferente do nervo, margens irregulares,
erosão óssea ou hiperostose sugerem meningeoma.
Tumores da Glândula Lacrimal (Extraconais)
Os principais dados de anamnese, na avaliação de
um aumento da glândula lacrimal, são a duração dos sintomas e a presença ou ausência de dor. Os tumores epiteliais benignos (adenoma pleomórfico) manifestam-se
por aumento progressivo da glândula, sem dor local. Acometem pacientes na faixa dos 30-40 anos, e, à tomografia,
não há erosão óssea. Nos casos de longa duração, pode
haver malignização do tumor, o que acarreta, em geral,
dor local e crescimento acelerado da lesão.
Nem sempre os tumores malignos provocam dor.
É comum encontrarem-se carcinomas adenóides císticos de longa duração, cuja única manifestação é o
aumento da glândula. Nestes casos, pode haver erosão
óssea e diplopia.
47
AAV Cruz; F Chahud & FC Guimarães
Rabdomiossarcoma (Difuso)
Os rabdomiossarcomas constituem importante
causa de proptose de rápida evolução nas crianças. É
o tumor maligno orbitário mais freqüente no grupo
pediátrico, sendo que 70% dos casos ocorrem na primeira década de vida. Em geral, há deslocamento do
globo ocular para baixo e, temporalmente, edema palpebral, sendo a dor uma manifestação incomum. O
tumor é mais freqüente no sexo masculino (proporção
masculino/feminino de 5:3).
o nome de bomba lacrimal. A cinética da drenagem
lacrimal depende não só da atividade contrátil do orbicular, como também da integridade anatômica do conjunto de estruturas que permitem que a película lacrimal
seja constantemente renovada: as vias lacrimais86/89.
A vias lacrimais são constituídas pelas seguintes
estruturas (Figura 10): pontos lacrimais (superior e inferior), canalículos lacrimais (superior e inferior); canalículo comum (nem sempre presente), saco lacrimal; ducto ou canal lácrimonasal89.
Tumores Orbitários Metastáticos
(Focais ou Difusos)
No grupo pediátrico, os tumores metastáticos
mais freqüentes são os neuroblastomas, e os sarcomas
granulocíticos. Os primeiros acometem crianças com
idade média de 2 anos, sendo bilaterais em 40% dos
casos.
Os sarcomas granulocíticos surgem durante o
curso da leucemia mielóide aguda ou leucemia mielóide crônica, em crise blástica. A idade média de apresentação é de 7 anos, sendo, a proptose, de aparecimento rápido.
Nos adultos, tem sido verificado um aumento
da incidência de metástases orbitárias, à medida em
que aumenta a sobrevida de pacientes portadores de
neoplasias. Os sítios primários mais freqüentes são os
pulmões e as mamas.
Tumores locais
A invasão orbital por neoplasias circunvizinhas
é extremante freqüente. Pacientes com carcinomas e
linfomas que se originam dos seios paranasais, normalmente, só procuram o médico, quando a neoplasia
invade a órbita e provoca proptose.
No nosso meio, tumores palpebrais (CBC e CEC)
com freqüência invadem a órbita.
3 - VIAS LACRIMAIS
3.1 - Obstrução lacrimais
Quando se instila uma gota qualquer no saco
conjuntival, ela escoa para a região do canto medial
(lago lacrimal) e, em seguida, é drenada, rapidamente,
segundo uma função matemática complexa, de modo
que cerca de 80% do fluido instilado desaparece do
olho em menos de 1 minuto.
O sistema de drenagem lacrimal é um processo
ativo, mediado pela função do orbicular, e conhecido com
48
Figura 10 - Vias lacrimais: 1) lago lacrimal, 2) canalículo superior,
3) canalículo comum, 4) saco lacrimal, 5) cavidade nasal, 6) canal
ou ducto nasolacrimal, 7) seio maxilar, 8) meato inferior, 9) abertura do canal lácrimonasal, 10) corneto inferior, 11) meato médio.
Em qualquer nível do sistema de drenagem,
pode haver obstrução. As obstruções altas são aquelas que acontecem no segmento horizontal das vias
lacrimais, isto é, entre os pontos e o saco lacrimal. As
baixas acontecem no segmento vertical das vias lacrimais, ou seja, no canal lácrimonasal90, 91.
Embora a primeira conseqüência de qualquer
um dos dois tipos de obstrução seja a mesma (estase
lacrimal ou epífora), eles se diferenciam em vários
aspectos. As obstruções baixas cursam com dilatação
do saco lacrimal, refluxo positivo à compressão da
região cantal medial, freqüente desenvolvimento de
infecções no saco lacrimal (dacriocistites). As altas
não induzem dilatação do saco lacrimal, o refluxo é
negativo e, normalmente, não são acompanhadas de
dacriocistites.
Patologia dos anexos oculares
A terapêutica cirúrgica também varia segundo
a localização da obstrução. As baixas são corrigidas
pela dacriocistorrinostomia, cirurgia que consiste na
derivação do saco lacrimal para o interior da cavidade
nasal, ao nível do meato médio. As altas exigem ou
intubação das vias com silicone ou o emprego de
próteses lacrimais, como o tubo de Lester Jones.
As obstruções lacrimais, altas ou baixas, podem
ser congênitas ou adquiridas. As congênitas altas são
exemplificadas pelas imperfurações ou mesmo ausência dos pontos lacrimais. Muito mais freqüentes são
as congênitas baixas, caracterizada pela presença de
uma membrana embrionária na abertura do canal lacrimonasal no meato inferior. Este tipo de obstrução,
em 90% dos casos, desaparece espontaneamente.
Quando o problema não desaparece até a idade de 1
ano, o sistema é, inicialmente, sondado e, eventualmente, operado (dacriocistorrinostomia).
As obstruções altas adquiridas, geralmente,
CRUZ AAV; CHAHUD F & GUIMARÃES FC.
30: 36-51, jan./march 1997.
acontecem devido a trauma na região medial da fenda
palpebral ou estenose canalicular (viroses, radioterapia, uso de drogas tópicas). As adquiridas baixas
estão relacionadas às fraturas nasais, infecções conjuntivais ou aparecem na velhice, sem causa aparente.
3.2 - Dacriocistites
As dacriocistites ou infecções do saco lacrimal,
representam complicações das obstruções baixas não
tratadas. Elas podem ser crônicas ou agudas. As crônicas são caracterizadas por dilatação do saco lacrimal, refluxo positivo com secreção mucóide ou mucopurulenta. Esses achados podem persistir inalterados
por longo período de tempo e, repentinamente, evoluírem para um abscesso do saco lacrimal. É a dacriocistite aguda, que exige antibioticoterapia sistêmica
e, em alguns casos, drenagem do saco lacrimal. Nas
duas formas, o único tratamento definitivo é a dacriocistorrinostomia91.
Ocular adnexal pathology. Medicina, Ribeirão Preto,
ABSTRACT: The main topics of the adnexal ocular pathology were reviewed with emphasis in the
pathologic conditions that belong to the oculoplastic field.
UNITERMS:
Oculoplastic. Ocular Adnexa. Pathology.
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Recebido para publicação em 03/01/97
Aprovado para publicação em 30/01/97
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