quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

“ANO NOVO... VIDA NOVA!”


A época natalícia está em curso! Mas o Natal... para muitos... não passa da troca de muitos presentes e do saborear de muitas guloseimas. As luzes multicores que enfeitam as ruas das cidades, tentam cativar os olhares dos investidores à execução da compra, mas não chegam ao íntimo dos seus corações, que continuam, quase sempre, na mais densa escuridão. E o “Rei da Festa”, o Menino Jesus, não força a penetração nessa neblina espessa para encher da Sua Luz resplandecente esses ninhos desaconchegados onde o Verdadeiro Amor ainda não conseguiu entrar. Então... Os sinos tocam!... As Celebrações Litúrgicas sucedem-se... Nas Igrejas e Capelas o Terno Menino espera a visita de todos... E está ali, está aqui, está junto de todos e de cada um, batendo docemente à porta de cada coração, atento e inquieto... à espera que tudo se transforme, que tudo se modifique, que os “arco-íris” das ruas atravessem as artérias dos corações tornando-os coloridos de compreensão, amor, dedicação, carinho, atenção, ternura, doação total a tudo e a todos. E... não somente na época do Natal, mas no Natal da vida de todos os dias. Jesus espera que o romper da aurora, para cada homem, seja sempre uma nova etapa para abandonar os maus hábitos, aprender a praticar o bem, a pensar no mal que fez ou, mais ainda, no bem que deixou de fazer para, assim, o Natal ser permanente em cada um de nós, onde Jesus renascerá eternamente sempre que deixarmos actuar em nós a delícia do Seu Amor!...
Que neste ano que se inicia, cada homem entre nesta norma de vida, legado que a todos deixará a vivência deste Santo Ano Jubilar.

Hermínia Nadais
Publicado no Notícias de Cambra

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A BELEZA, O ESFORÇO E O BEM-ESTAR


O rodar constante do tempo onde a inconstância alternada de nuvens cinzentas ou céu azul e mantos de alvura ou espessa geada que a chuva ou o sol vão desfazendo aos pouquinhos, tem-me levado a um sem número de questões que sempre considero pertinentes e muito mais na época que decorre.
Antes de todo este deslumbrante panorama houve uma grande e lenta preparação da Natureza: algumas árvores despiram suas folhas; a Terra, nos seus rodares habituais, foi-se afastando do Sol e tornou mais curtos os dias solares e mais longas e frias as noites; por entre o desmesurado vaivém das nuvens a luz da Lua continua a chegar à Terra.
Entretanto, para comemorar a vinda de UM Alguém tido como verdadeira luz, os Homens vão espalhando um pouco por toda a parte luzes brilhantes e multicores.
Perante tudo isto, as plantas e animais afirmam as suas resistências tentando sobreviver às intempéries do tempo; os Homens, tentam afirmar-se esforçando-se por tirar das intempéries sociais o bem-estar de cada um. Entretanto, vão-se regalando com toda a beleza que os circunda, na espera de novas folhas, flores, passarinhos... praias e campo.
É maravilhoso observar como a Natureza, periodicamente, entra de forma tão cuidada em todas estas mudanças para conseguir manter o seu próprio equilíbrio e atingir o máximo de toda a sua beleza, e como contra todas as asperezas causadas pela intervenção humana, na pureza contínua dos seus actos, consegue manter intacta a obediência exacta ao fim para que foi criada!
Cada Ser Humano, em si mesmo, vale muito mais que toda a restante Natureza não humana!
O que é que nós, “Homens”, que somos a obra mais perfeita da Natureza, dotados de inteligência, vontade, sensibilidade, livres e responsáveis pelo desenrolar de todos os nossos actos, vamos fazendo das nossas vidas?!... Senhores dos nossos próprios destinos... que caminhos percorremos?!... Tal como a restante Natureza, renovamo-nos periodicamente, aproveitando os melhores momentos para entrarmos dentro de nós mesmos (lazer, noites, fins de semana, férias...) no sentido de descobrirmos a melhor forma de darmos a nós e ao resto do Mundo o nosso melhor?!... Conscientes de que não há dois seres humanos iguais e da suma importância de cada um em si mesmo porque único e irrepetível, temos a coragem de escutar as ideias dos que connosco convivem com tanto respeito como escutamos as nossas para, depois de uma análise exaustiva e isenta, escolhermos a melhor, sem preconceitos?!... Esforçamo-nos por saber que os direitos e deveres, iguais para todos, têm de ser ajustados pelas condições congénitas, afectivas e sócio económicas de cada um, no respeito pela sua individualidade real e necessidades específicas?!... A cada um caberá responder.
Nunca poderíamos planificar um passeio aos locais de neve ou de praias aconchegantes se a Natureza fugisse à sua missão e baralhasse os seus ciclos... assim como nunca poderemos ter um mundo mais justo e fraterno se cada um de nós não se esforçar ao máximo por dar o melhor de si, o amor, à sociedade em que vive.
Não tenhamos ilusões! A beleza, o esforço e o bem-estar... sempre andarão de mãos dadas!
Boas Festas e um Feliz Ano Novo!

Hermínia Nadais
A publicar no Notícias de Cambra

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

UTOPIAS… OU TALVEZ NÃO!


“O homem sonha, a obra nasce!”
Se a Humanidade sonhasse também a obra nasceria. O grande problema é que a Humanidade é composta por milhares de milhares de homens e mulheres que quase na totalidade sonham apenas com a satisfação dos seus desejos pessoais!… E vamos lá nós imaginá-los!
Riqueza, bom nome, beleza, vestuário exuberante, moradias palacianas, carros luxuosos e de alta cilindrada, correr mundo em apetecíveis cruzeiros ou cruzar os ares nos maiores e mais modernos aviões, ocupar lugares de destaque na vida social, lautos banquetes, poder, mordomias diversas, sexo, ser sempre o primeiro, adulação… sei lá mais o quê!!!...
No meio de todo este emaranhado de sonhos pessoais e individualistas a Natureza fica baralhada e o caos instalado no planeta.
Contudo, no meio de todos estes seres humanos perdidos na confusão desmesurada do egoísmo mais exacerbado na ânsia de encontrar toda a ilusória satisfação dos seus desejos encontramos um pequeno grupo de pessoas que, esquecidas de si, se esfalfam pelo bem-estar alheio. Por incrível que pareça, é um grupo de pessoas a quem muito cresce e nada falta. Não falta nada porque para si mesmos não desejam nada mais que o mínimo necessário para viver; cresce-lhes muito porque do muito ou pouco que têm repartem quanto podem pelos que possuem menos do que eles e por isso precisam mais… e quanto mais repartem parece que as provisões aumentam!
Não há sombras para dúvidas! A Natureza é pródiga em satisfazer os verdadeiros interesses humanos, mas não tem formas de suportar tantas e tão grandes faltas de bom senso comum.
Se cada pessoa tivesse a coragem de não desejar mais que o necessário para satisfazer as suas necessidades… e os que nada têm se convencessem que têm direito a uma vida digna… os que já nascem “podres” de ricos deixariam de querer amontoar mais riquezas e distribuiriam pelo menos alguns bens pelos pobres. O supérfluo de muitos daria para todos (os que têm uma existência mais sofrida que muitos animais) viverem realmente como seres humanos.
Mas… por onde ando eu???!!!... embarcada em tantas utopias? E será que são utopias? Sonhar com fraternidade só é utopia porque nós queremos que seja. Não foi para vivermos em fraternidade que fomos criados? Claro que foi!
Todos temos a nossa quota parte de culpa em todo o mal que existe no nosso planeta. É urgente que nos assumamos e não deitemos as culpas só aos outros. Se cada um de nós pensasse a sério no que é viver e praticar a solidariedade fraterna… quão diferente seria o mundo!
A época é propícia! Está a chegar o Natal! Bom trabalho!

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

AMOR E JUSTIÇA... SÃO INSEPARÁVEIS

Fala-se muito em Justiça, mas vive-se muito pouco aquilo de que se fala. Ao falar em Justiça temos presente a Lei. É um facto que, humanamente falando, a Justiça depende da Lei; no entanto, e novamente, “humanamente” falando, só poderia entender-se deste modo, se o homem fosse simplesmente humano, sem ter no seu íntimo algo que transcendesse essa humanidade. Ora, acontece que o homem, na plenitude do seu ser, criado à semelhança do seu “Criador”, a exemplo “d’Este” expresso na vida de Seu Filho, terá forçosamente de ter obras de Justiça baseadas na bondade e misericórdia, obras estas que de forma alguma podem depender somente da Lei, mas do Coração, que muitas vezes é obrigado a contrariar a própria Lei. Se “a Justiça sem Amor é uma utopia, o Amor sem Justiça é uma mentira!”
Assim sendo, como poderá o “Homem” viver com Justiça?
Como é óbvio, não poderá crescer, realizar-se de modo algum, à custa da miséria e do mal dos outros; por isso, terá de optar por um projecto de vida que, sem desrespeitar a lei dos homens, procure o bem de todos e não só o de alguns, mesmo que nesses “alguns” esteja inserido ele próprio.
Viver com Justiça é comprometer-se com melhorar as vivências de todos os injustiçados, sejam de que natureza forem.
As situações de injustiça que mais nos impressionam são: a fome, enquanto se estraga comida; a guerra, enquanto se fala tanto de paz, mas de paz exterior, que não sai do coração; a falta de emprego, enquanto há tanta gente com empregos duplos; os salários muito baixos, enquanto há salários altíssimos; a falta de apoio a doentes e idosos, com consultas e medicamentos muito caros e reformas sociais muito baixas, enquanto há reformas enormes onde quem delas usufrui pode estragar dinheiro à vontade; as críticas aos drogados e outros marginais, que na quase generalidade dos casos tiveram berços muito maus, não só por falta de dinheiro mas também de carinho, afecto, compreensão, aceitação dos seus defeitos ou qualidades... e em grande parte, são provindos mesmo de famílias abastadas e bem conceituadas...
Fazer Justiça é impedir todas as situações que não deixem o homem ser “Homem” realizado e feliz.
Porque foram proclamados e aceites os DIREITOS DO HOMEM, com leis que não podem ser violadas e o são a toda a hora, muitas vezes, mesmo inconscientemente?
Denunciar desigualdades sociais e materiais que levam à escravidão, o máximo da injustiça, que além de retirar aos outros os bens, também os priva de liberdade e dignidade, é ser justo e lutar contra a injustiça no mundo.
Ao lutar pela Justiça Social devemos considerar que os bens materiais ou espirituais devem ser dados a quem deles necessitar para que todos possam sobreviver dignamente. E mais ainda: tudo o que cada homem possui, na realidade, não é pertença sua. Ninguém tem culpa de nascer onde nasceu, portanto, deve ter presente que tudo recebeu de Deus; e, assim sendo, tal como Jesus se entregou para defender toda a comunidade das mais diversas formas, deve entregar os dons de que foi dotado também a favor da comunidade, tomando um compromisso capaz na construção da felicidade de todos.
Para chegar à vivência da justiça, cada homem deve “amar os outros como a si próprio”, procurando incansavelmente o que é melhor para o bem comum, pensando nos que não têm dinheiro e bens materiais, ou nos que, de qualquer outro modo, sofrem às mãos dos outros homens.
O homem é um ser social, terá de procurar a Justiça e elevar-se, dando-se aos outros; ou, então, não terá Amor e para nada lhe servirá a vida. “Amor e Justiça... são inseparáveis”.
Hermínia Nadais
Publicado no Notícias de Cambra