Aula 2 Thomas Kuhn

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Aula 2 – A estrutura das revoluções científicas (1962): um

vocabulário e algumas sínteses


• T. Kuhn: historiador não sociólogo: concreto e empirista: quer saber
sobre “a realidade da ciência, a investigação científica, e como se
pratica”.
• Livro: A revolução copernicana (1957).
• Artigo: Engineering precedente for the work of Sadi Carnot (1959).
• Exemplo: a Termodinânica x Sadi Carnot = “Ciclo de Carnot”.
• 1824: "Réflexions sur la Puissance Motrice du Feu et sur les Machines Propres a Développer Cette
Puissance" (Reflexões sobre a Potencia Motriz do Fogo e Máquinas Próprias para Aumentar essa
Potência).
• Para Carnot: No funcionamento de uma máquina se conserva o
calórico ou calor. O calor era uma substância material.
• Atualidade: No funcionamento de uma máquina o calor se
perde/dissipa ou seja na lei de conservação de energia: a energia
extraída da máquina significa/está equilibrada por uma perda de
energia calorífica que ocorre dentro da máquina: a máquina converte
o calor em trabalho. OU seja o calor não se conserva (diferente do
que Carnot acreditava), o que se conserva é a entropia.
• Carnot estava certo ou errado?
• Errado, mas se vc trocar calórico/calor por entropia as explicações ficam
‘parecidas’ e ele se torna coerente nessa história. Cria uma ‘linearidade’
entre os estudos de Carnot e a nossa termodinâmica.
Tradições de investigação
• Modo de cognição: coerência interna, exposição sistemática de
ideias: conclusão de Carnot não é quase igual ao nosso, procurar os
absurdos;
• Terminologias utilizadas pelo autor corresponde a cultura em que ele
está, não na nossa. Se produz no autor anterior antecipações do
entendimento atual. Linearidade;
• Fatores explicativos: devem estar presentes nos atos que eles
inspiram, as causas e razões devem estar presentes antes dos atos
que estudamos.
• Conclusões da termodinâmica moderna são posteriores à
Carnot e não podem ser utilizadas para explicar o que o
próprio Carnot propunha, que escreveu antes de 1824, e ele
não reconhece suas proposições como ‘erros’. “O PASSADO
EM SEUS PRÓPRIOS TERMOS, ao invés de submetê-lo a uma
falsa relação com o presente”.
• As gerações anteriores NÃO são versões incompletas do
presente
• Suas inovações anteriores NÃO são os avanços de hoje: a
mudança histórica como progresso que se explica pelo seu
movimente até o presente.
• Enfoque profissional moderno. A ciência atual é nossa interpretação da
realidade. Ligação com estudos sociológicos: compreender outra
cultura, como coerente e possuidora de significados: como fenômeno
empírico. O trabalho do cientista tem que ser entendido dentro do
marco de referência cultural que o rodeia. Ciência como fenômeno
cultural. Retira o centro de investigação do indivíduo e coloca no
contexto cultural, ao invés de tentar apenas infundir sentido aos
pensamentos e atos de determinado cientista.
• Influências: L. Fleck (1935) em inglês 1979: primeiro trabalho em
sociologia da ciência ou do conhecimento científico.
• Jean Piaget: como são comunicados e adquiridos os conceitos científicos.
• Ludwig Wittgenstein: como os conceitos são utilizados, jogos de
linguagem e regras.
O livro – vocabulário principal
• Prefácio: Ludwik Fleck, Jean Piaget, Ludwig Wittgenstein
• Introdução: um papel para a história
• Cap. 1: A rota para a ciência normal – comunidade científica
• Cap. 2: A natureza da ciência normal – ciência madura
• Cap. 3: A ciência normal como resolução de quebra-cabeças
• Cap. 4: A prioridade dos paradigmas - comunidade amadurecida
• Cap. 5: A anomalia e a emergência das descobertas científicas
• Cap. 6 – As crises e a emergência das teorias científicas
• Cap. 7 – A resposta à crise
• Cap. 8 – A natureza e a necessidade das Revoluções Científicas
• Cap. 9 – As revoluções como mudanças de concepção de mundo – incomensurabilidade
• Cap. 10 – A invisibilidade das revoluções científicas
• Cap. 11 – A resolução de revoluções
• Cap. 12 – O progresso através de revoluções
• Posfácio – 1969: matriz disciplinar
Resumo: originalidade de Kuhn

• Quer entender como se desenvolve uma tradição científica: vai olhar


o comportamento humano como comportamento social (coletivo);
problema sociológico, não psicológico:
•supõe mecanismos de conhecimento;
•gama de significados;
•representações aceitas;
•métodos para ratificar as inovações aceitas e impor sentido de
legitimidade;
•fontes de autoridade e controle.
• Cultura é mais do que o entorno da investigação científica é a própria investigação:
NÃO É um conjunto de normas universais que sustentam descrições verídicas e
inferências válidas em face SOMENTE da razão = autoridade e controle são essenciais.
• Como se constitui uma ciência madura? Conhecimento e competência por meio de
uma formação dogmática e estruturada. Ciência normal = rotina = peça chave.
• Ciência como convenção: não é só função da razão ou da lógica, ou puramente novos
aspectos da realidade, mas fala de pré-estruturas, compromissos cognitivos
adquiridos por socialização e mantido por aplicação da autoridade e controles.
• Compromissos: crenças, paradigmas ou problemas-soluções. Como se desenvolve e se
acumula o conhecimento.
• Ciência revolucionária: lapsos de inovação radical, reorientações de procedimentos e
conceitos. Mas também não é a razão libertando-se de amarras impostas socialmente.
São transições das pautas da rotina. Respostas a anomalias. Inquietude e insatisfação
= período de crise.
• NÃO SE PODE USAR O PROGRESSO OU O AVANÇO COMO EXPLICAÇÃO porque os
conceitos, as teorias, os procedimentos, os problemas, os critérios, os juízos, as
referências, e, portanto, as soluções são diferentes entre si. INCOMENSURABILIDADE.
Bibliografia complementar
• BARNES, Barry. T. S. Kuhn y las ciências sociales. Mexico: Fodo de
Cultura Económica, 1986.
• PINCH, T. J. Kuhn – The conservative and radical interpretations: are
some mertonians ‘Kuhnians’ and some Kuhnians ‘Mertonians’?. Social
Studies of Science. SAGE, vol. 27 (1997) p. 465-482.

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