Jorge Adoum - Poderes Ou o Livro Que Diviniza
Jorge Adoum - Poderes Ou o Livro Que Diviniza
Jorge Adoum - Poderes Ou o Livro Que Diviniza
Adoum
SUMARIO
Prlogo da edio equatoriana ......................................................... CAPTULOS I - Deus-Homem........................................................................... II - Natureza-Mulher ................................................................... III - Humanidade-Amor................................................................. IV - O Rei da Criao ............................................................... V - A Religio ............................................................................. VI - O Bem e o Mal...................................................................... VII - Triunfo ou Libertao ........................................................... VIM - A Justia ............................................................................... IX - A Sabedoria ......................................................................... X - O Matrimnio ou o Sexo........................................................ XI - A Fora................................................................................. XII - O Sacrifcio ........................................................................... XIII - A Morte................................................................................. XIV - O Movimento ou a Realizao................................................ XV - O Destino.............................................................................. XVI - A Queda ................................................................................ XVII - Verdade e Mentira ............................................................. XVIII - Voluptuosidade e Temperana ............................................ XIX - A Felicidade ....................... .'............................................ XX - Ressurreio ou Renascimento ............................................. XXI - O Julgamento ou a Voz da Conscincia .............................. XXII - A Perfeio........................................................................... Concluso ......................................................................................... 5
Edio 4-5-6-7-8-9-10
Ano i-99-00-01
Direitos reservados EDITORA PENSAMENTO LTDA. Rua Dr. Mrio Vicente, 374 - 04270-000 - So Paulo, SP Fone: 272-1399 - Fax: 272-4770 E-mail: [email protected] http://www.pensamento-cultrix.com.br Impresso em nossas oficinas grficas.
Fundamentais da Natureza e a verdade o absoluto conhecimento dessas Leis. O objetivo da religio, das escolas e da cincia chegar ao conhecimento da verdade para gozar a felicidade; mas, desgraadamente, os homens fabricaram vrias roupagens para a religio e para a verdade e se converteram em admiradores e adoradores dos coloridos dessas roupagens sem prestar ateno alguma verdade oculta nas suas vestes. Desde que o grande Mestre disse: "Buscai o reino de Deus e sua Justia", os homens trataram de materializar esse reino e limit-lo em religies, cincias e escolas filosficas. A humanidade atual divide-se em trs grupos, tal a diversidade de opinies: a primeira cr cegamente no que disseram os antigos e se veste com o mesmo vesturio dos antecessores, sem parar, embora seja o vestido gasto pelo uso, e aceita, sem discusso, a letra morta. A segunda, que diametralmente oposta primeira, no cr em nada, seno no que possa ser medido, pesado e percebido pelos sentidos. A terceira, cujo nmero muito limitado, trata de seguir o que disse Buda a seus discpulos: "No creiais em nada que no esteja de conformidade com a razo, nem negueis nada sem examin-lo bem, por mais contrrio que vos parea". Para esta minoria est escrito este livro, mas no para os crentes fanticos, nem para os cientistas que pretendem tudo saber; tampouco est dirigida queles falsos mestres de escolas e ordens intituladas hermticas que pretendem vender poderes a seus discpulos que os compram a dinheiro. A obra Poderes ou O Livro que Diviniza est editada para os irmos que desejam alcanar a Verdade, despida de todo o vu, verdade que ilumina o homem desde o centro de seu ser, desde o Sol ntimo. Os poderes divinos no se compram nem so vendidos: so como a luz do sol que est sempre no espao; depende somente de que o homem saia para receb-los ou viva nas trevas da ignorncia. Pode ser que o autor da obra Poderes no tenha dito tudo que deveria dizer, nem como se deve dizer, porm pelo
pouco que tenha dito, disse o que disseram os poucos e verdadeiros Mestres, e maneira do rouxinol, que canta porque sente necessidade de cantar. Na vida do homem h mistrios, mas h certos seres que so mistrios na prpria vida. Quando aos amigos da revista Eu Sou chegaram certos fragmentos da obra Poderes ou O Livro que Diviniza, escrita pelo irmo Doutor Jorge Adoum, conhecido como o Mago Jefa, houve desejo de edit-la, sob bons augrios, porque encontraram nela grande interesse, muito embora com os seguintes tropeos: I.o _ o autor no cr que sua obra seja digna de sair luz. 2.o _ QUe ele no deve contribuir para aglomerar mais cadveres literrios nas livrarias e bibliotecas. 3.0 Que ele no se considera um mestre para dar normas aos demais. 4.o Est satisfeito em levar uma vida oculta e ignorada por todos e no quer que seu nome seja divulgado como autor e literato. Ento, os mais chegados amigos seus (dentre eles, este que escreve este prlogo) trataram de convenc-lo, fazendo-lhe vrias perguntas que, com as respostas, publicamos neste prlogo, porque tm interesse espiritual e manifestam o car-ter do autor. Falamos: Permite-nos dirigir-lhe algumas perguntas? O Doutor Adoum respondeu: Com muito gosto. Por que escreveu esta obra se a julga indigna de ser pu blicada? Eu tambm padeo da enfermidade das palavras e acrescenta sorrindo verborreia ; porm, em vez de falar, escrevo, de modo que cada manaco tem seu tema. No lhe agradaria eternizar seu nome? Somente quem cr no fim, na morte e na extino de seu nome trata de eterniz-lo; mas Eu Sou eterno, abarco a
eternidade em Mim e no necessito eternizar aquilo que no me poder acompanhar na eternidade. Ento, publique-a para o bem de sua ptria. Minha ptria! 0 mundo muito pequeno para ser di vidido em naes. Eu no quero ter nao, nem bandeira, nem religio e nem partido. 0 mundo deve ser uma s ptria, cuja bandeira o sol, cuja religio o amor e cujo partido o sacri fcio; porque, enquanto a humanidade estiver dividida em na es, religies e partidos, continuar escrava da desgraa at o dia de sua morte. E o amigo pratica o que diz? Est a neste ponto minha desgraa, meu caro, e estri ba-se em crer que pratico o que digo; por isso lhe disse, desde o princpio, que o nico ser que pode e deve dar normas aos demais o mestre que pratica seus prprios conselhos. Que entende por Mestre? O Mestre aquele ser que vive o Amor e o Sacrifcio, e seu exemplo cria uma religio e uma escola para os homens. Onde se encontram e como se chamam esses seres? No posso responder porque no sei, mas posso di zer que todos os conhecidos que se dizem mestres no o so, porque o verdadeiro mestre est em toda a parte e seu nome ainda desconhecido. E as escolas, as ordens, as lojas e fraternidades? Respeito-as, como respeito a todas as religies, porque, todavia, so necessrias. Onde aprendeu esta filosofia? Agora, me cabe tambm fazer-lhe esta pergunta: Onde o rouxinol aprendeu a cantar? Outro amigo lhe dirige esta pergunta: Acha o amigo que nesta obra no existam sequer dez frases que meream ser lidas? A tanto no chega a minha humildade; sim, pode haver at mais. Ento, a obra nos pertence disse o interpelador porque o Senhor disse a Abrao "No a destruirei por amor aos dez". E foi uma risada geral. 10
Triunfou nossa insistncia; o Mago Jefa dirigiu-se ao seu escritrio, apanhou dois volumes e, entregando-nos, disse: Aqui esto as duas obras. A primeira chama-se Poderes ou o Livro que Diviniza e a segunda As Chaves do Reino In terno que a parte prtica das chaves do Poder que se encon tram na primeira. Fazei delas o que bem vos parea, mas lem brai-vos que haveis profanado a tumba do meu silncio. Gratssimos, Doutor; mas lembre-se tambm que este um dos poucos casos em que as palavras so mais teis que o silncio. Uma vez realizado o nosso anelo, toca a vs, queridos leitores, dar-nos a opinio que tivestes acerca da presente obra. Se Poderes contribui para encaminhar a humanidade na senda da perfeio, chegaro at vs as Chaves do Reino Interno, com o desejo de que constitua o complemento da primeira. Se, ao contrrio, no vos agradou, desculpai-nos termos colocado nossas esperanas, ao public-lo, de que seria de utilidade, e lembrai-vos que se deve tambm julgar as obras pela inteno com que foram feitas. Agradecemos efusivamente aos amigos da revista Eu Sou, que demonstraram praticamente que seu interesse nico trabalhar para o progresso espiritual, em cujas aras sacrificam constantemente tudoqueest ao seu alcance para consegui-lo. Antnio J. Chedick
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DEUS-HOMEM Sou o homem entre Deus e a Natureza como um ponto de luz por sobre o abismo. Em mim mesmo me encontro e, enquanto cismo, de um Sol a luz radiante me embeleza. E, por detrs do vu, a singeleza da alma esfuma, com amor, todo o egosmo. Minha verdade oculta, em simbolismo, em criador e criatura me empaveza. EU SOU ELE, ELE EU; o que est em cima com o que debaixo est igual se rima; de matria e de Deus eu sou formado. Deus-Homem e Homem-Deus sem divisrio: Acima sou Esprito incorpreo; e, abaixo sou Esprito encarnado.
Captulo I DEUS-HOMEM Hermes disse: "0 que est em cima como o que est embaixo e o est embaixo como o que est em cima". A Escritura afirma: "Vs sois deuses". E eu digo: "Se acreditas em Deus, conhece-O. E, se no acreditai n'Ele, procura transformar-te n'Ele." Quem s tu? perguntou Moiss a Deus e Deus, long^ de poder definir-se, responde: Eu Sou Ele. No idioma rabe d homem tambm no consegue definir-se a si mesmo. Para diy zer Eu Sou, ele emprega estes dois pronomes: Eu Ele ou E\ Eu, o que significa Eu Sou Ele ou Ele Eu e que equivale dizer Eu e Ele Somos Um. Quando o Poder Divino quis derramar seu Amor sobre um ser amado, emanou uma substncia de sua essncia, f-lo adquirir uma forma, dessa forma fez brotar a vida, a vida engendrou a sensibilidade, a sensibilidade criou o corao e o corao formou o homem. Nesse ponto deteve-se o Poder porqu sentiu que o corao o envolvia nas chamas do Amor. Sua lngua, ento, disse: Eu Sou Ele. Assim o Amor dilata o corao do homem at abarcai 0 Infinito. Deus a circunferncia, o homem seu eixo. Deus a vida, o homem movimento. Assim como nt pode existir movimento sem vida, tampouco pode haver Mm movimento.
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Deus no pede que O adorem mas exige cooperao. Rezar a Deus neg-Lo, ao passo que trabalhar com Ele conhece-Lo. O objetivo das religies no rezar mas trabalhar para vencer a iluso dos sentidos. Rezar significa ficar escravo de foras enquanto trabalhar equivale a domin-las. Se uma religio me ensina a amar a Deus uma religio falsa porque o Amor supe a existncia do amante e do amado e como Eu Sou Ele e Ele Eu, como posso amar a mim mesmo? Deus, que o prprio Amor, no precisa amar a si mesmo; exige docilidade para que Seu Amor seja expresso na Natureza. Admitir que Deus me criou afirmar que eu criei Deus. Eu Sou Ele e Ele Eu. Ele a raiz e Eu Sou a rvore. Ele o Sol e Eu Sou seus raios.
NATUREZA-MULHER
Deus-Homem. Do uno veio o Nascimento da Natureza esposa e companheira e unido o Deus Deusa, a vez primeira vibrou no espao a vida em movimento. Foi bendito e fecundo o casamento; a Humanidade-Amor, qual a roseira, abriu-se em rosas na amplido inteira e se povoou a terra e o firmamento. E a Unidade se fez ento binrio, sendo a mulher um como que santurio de Deus, do seu Poder, do seu Carinho: e assim, para atingi-lo, em clara senda de paz, fugindo da febril contenda, tem-se a mulher qual nico caminho.
A CHAVE DO PODER Em estado de relaxamento, fechar os olhos e os ouvidos e repetir conscientemente esta frase: "Eu Sou Ele, Ele Eu". Se o pensamento obedecer imaginao no tardar o xtase que decifra as palavras de So Paulo: "Nenhum olho humano viu, nem ouvido humano escutou jamais o que Deus preparou para os Seus eleitos". O que equivale a: Sentir-se Deus e dominar os espritos invisveis.
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Captulo II NATUREZA-MULHER DEUS-NATUREZA = HOMEM-MULHER Deus casou-se com a Natureza e deu nascimento ao homem. O homem casou-se com a mulher e deu nascimento a Deus. A Natureza o templo de Deus. A mulher o sacrrio que santifica esse templo. Quem adora Deus na mulher no precisa ir a nenhum templo. Para descobrir os mistrios da Divindade preciso penetrar no corao da mulher porque quando Deus emanou de Si a Natureza habitou em seu corao. Quem no ama a mulher no sabe amar a Deus. Deus quer o que a mulher quer. Aquele que no mistura seu elemento com o da mulher nada pode criar de bom para si nem para os demais. O homem mente que pensa; a mulher, intuio que inspira. Pensar ter crebro, intuir ter corao; o crebro trabalha, o corao adivinha. O homem-Deus lana seus raios semelhana de Jpiter. Minerva-mulher derrama a sabedoria. Ele a fora e o poder, ela, o conselho e a previso. A Fora vence, a Sabedoria convence. Ele franze o cenho e desencadeia a tempestade; ela sorri bondosamente e apazigua a tormenta. Ele destri com vingana, ela perdoa com clemncia. O homem o Fogo Divino, a mulher quem mantm e manter nele esse fogo sagrado.
Os deuses falam pela boca da mulher e despertam no duro corao do homem os mais ternos sentimentos. O imprio do homem o despotismo, o da mulher a doura. 0 despotismo endurece o corao, a doura abranda-o. Ele ordena, ela suplica. Ele o tirano, ela o freio que lhe modera os impulsos. O erro do homem suavizado pelo pranto da mulher. No h furor que se no atenue ante a lgrima da mulher amada. As gotas de orvalho do nova vida s ptalas murchas das rosas; as lgrimas da mulher ressuscitam as qualidades mortas no corao do homem. Sorri o sol e dissipam-se as trevas do mundo; sorri a mulher e dissipam-se os ntimos sofrimentos de seu amado. Se s homem deves divinizar-te por meio da mulher. Se s Deus deves humanizar-te por meio dela. Ela o caminho de ida e volta. O homem diviniza-se na mulher; ela manifesta a divindade dele. Em meio s suas tribulaes, o homem tende a procurar a mulher como confidente e esta, merc de seu poder espiritual, converter-se- em sua melhor conselheira e enfermeira. Suas palavras so fonte de alvio, suas mos manancial de sade e de seu encantador sorriso emana a coragem. A influncia mental da mulher invisvel, porm necessria para a conservao da vida do homem, tal como o elemento feminino no reino vegetal, a fim de assegurar a reproduo das plantas. O homem o Rei da Criao, a mulher o mais sublime dos ideais. Como crebro, o homem, semelhana de um dnamo, fabrica fora; a mulher, como corao, produz Amor. A fora mata, o Amor ressuscita. A palavra oriunda do crebro fere; a do corao cura. O corao da mulher a fonte da sabedoria e se tornar gnio aquele que beber de suas guas.
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O crebro do homem pode dar origem ao gnio mas este no poder voar, a no ser com as asas do anjo-mulher. A fora fsica do homem oculta a sua debilidade interna, a debilidade fsica da mulher serve de vu para esconder sua fora ingente e ntima. Todas as dvidas e sofrimentos fogem ante a presena da mulher amada. Ests aflito? Recorre mulher, que o consolo dos aflitos. Ests doente? A mulher a sade dos enfermos. s pecador? A mulher o refgio dos pecadores. s impuro? Lava-te nas lgrimas da mulher e te tornars puro. A mulher a divina arte que nada imita mas explica a Divindade com smbolos. A mulher representa a mais elevada beleza de Deus. O amor a manifesta, o desejo mata-a. A mulher o mais formoso pensamento do Absoluto que deve ser captado pela inteligncia e no pelos olhos. A mulher a lei da Beleza e a lei deve ser obedecida, no infringida. A mulher a religio da Natureza, cuja moral deve ser sentida e no murmurada. Deus uma palavra misteriosa e a mulher Seu significado. Para conhecer a Deus preciso conhecer-se a si mesmo Para estudar Sua Natureza preciso estudar a mulher. O Absoluto s se manifesta atravs da Natureza. O homem s se manifesta atravs da mulher. O homem precisa da mulher para sua liberdade. A mulher o ponto de apoio sobre o qual o homem pode levantar o mundo. O homem em Deus a Justia; a mulher n'Ele a misericrdia. A mulher a rvore da Cincia do Bem e do Mal cujos frutos causam a morte ao libertino e vida aos parcimoniosos e prudentes.
Ningum se atreve a divulgar este segredo porque dele emana a morte. Muitas vezes, porm, a ignorncia pior que a morte. Pode ser que o conhecimento conduza loucura, mas a loucura, na Sabedoria, produz o gnio. Existem cores e sons, o Amor o segredo que os combina. Quem no sabe combin-los um morto-vivo e quem os combina ignorantemente estoura sua retorta.
A CHAVE DO PODER A mulher a rvore da cincia do Bem e do Mal cujos frutos encerram Morte e Vida. At hoje o homem s provou os frutos letais e vive como morto. De hoje em diante dever provar os frutos da Sabedoria, a fim de ressuscitar no Reino do Amor. preciso buscar a esposa espiritual. Bem-aventurado aquele que a encontra em sua prpria mulher, pois, se assim no for, ser preciso buscar esse ideal em outra, a ela unindo-se espiritualmente. Os imprudentes, no entanto, devem tomar cuidado! A unio espiritual no comporta unio sexual, que cegueira e morte. Ser preciso am-la sem desejo e ador-la sem profanao. H excitao? Tanto melhor! Devidamente manejada por meio de chaves que daremos criar: felicidade, sabedoria, abundncia, coragem e domnio sobre os sofrimentos.
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HUMANIDADE-AMOR
A vida amor e o amor , igualmente, vida, elixir vital, morte e veneno; tapete de flores, fresco e ameno; paul, cu e inferno concludente. E sendo vcio, o amor dom crescente; alvio no sofrer; na angstia, um treno; um filete de luz, de gozos pleno e um blsamo ferida que se sente.
, a um tempo, saber e ignorncia. Luz bei dos jovens, anjo bom da infncia, impotncia e poder, dbil e forte,
Captulo III HUMANIDADE-AMOR A plenitude ama o vazio. Deus ama a Natureza. O Poder ama a Sensibilidade. No princpio, o Poder desposou a Sensibilidade e engendraram as formas. Onde h Poder tambm h Sensibilidade, onde h Deus h matria e onde h Pai h Me. 0 Poder Uno desdobrou-se em Sensibilidade, porm os dois continuam unidos em prol da gerao: o lao do Amor. O Poder Uno converte-se em diversidade: a Sensibilidade Una converte-se em variedade, mas, apesar disso, o Poder continua habitando o corao da sensibilidade e esta continua sendo a periferia do Poder. Face diversidade, o Poder converteu-se em muitos poderes. Face variedade, a Sensibilidade transformou-se em muitas sensibilidades. Todo poder separado da Sensibilidade no representa coisa alguma. Toda sensibilidade separada do Poder transforma-se em morte. O Poder unido Sensibilidade a prpria existncia. A Sensibilidade unida ao Poder a conscincia. Na separao repousa a debilidade enquanto na unio reside a fora. Nenhum Poder existe sem Sensibilidade e nenhuma Senllbilidade existe sem Poder. Que h no espao infinito? Matria sensvel. Que h por trs dela? Um Poder. Donde emana esse Poder? De um corao.
o fogo do amor, sagrado e puro, que abranda o corao mais torpe e duro, pois onde existe Amor no entra a Morte!
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Todo corao depsito de fora ntima para a manuteno do prprio sistema. No entanto, o que o corao? o centro onde se unem o Poder e a Sensibilidade. Que Poder? o Amor que vibra em todas as formas. Que Sensibilidade? - o Amor do Poder. Porm, que Amor? o Mistrio dos mistrios! a fora das foras! a Sensibilidade das sensibilidades! E DEUS!! No Amor no cabe preferncia e sem preferncia no existe escolha. Na Sensibilidade, porm, h fora e na fora h liberdade. O Amor e a Fora das foras so um s mistrio. Um corao que ama irradia luz e suas irradiaes iluminam. A vida sem amor uma rvore sem flores e sem frutos. No existe Amor sem beleza nem beleza sem Amor. O Amor sem beleza desejo. A beleza sem amor inrcia. Vida, Beleza e Amor so as trs pessoas do Deus-Homem. Amor sacrifcio. Amor sem sacrifcio egosmo. Deus ama sem desejo e o homem deseja sem amor. Essa a nica diferena entre ambos. Deus, por amor, fez-se homem e o homem, por amor, faz-se Deus. 0 amor tem trs fases: receber sem dar, dar e receber e, finalmente, dar sem receber. A primeira denomina-se paixo e sexual; a segunda, desejo e humana; a terceira amor, sendo Divina. O amor sexual desenfreado embrutece o ser humano e apaga a luz divina em seu crebro. No entanto, o amor sexual bem dirigido diviniza o homem e manifesta sua Divindade. Aquele que ama em esprito pode fixar demoradamente o Sol. 0 amor sexual busca prazer. O amor humano comercial: recebe para dar. O Amor Divino d sempre e a recompensa o profana. O Amor a sede de dar, a plenitude que se dilata no vazio. Viver amando viver evoluindo. 24
Quem irradia amor atrai amor. Quem irradia desejos colhe tribulaes. O Amor a chave de todos os mistrios e de todos os arcanos. O homem o centro do amor equilibrante entre Deus e a Natureza. O Amor a imortalidade entre a Vida e a Morte. Quem desobedece ao Amor, desobedece a Deus. O Amor abriga a alma com raios que emanam dos olhos e oferece a taa da verdade com a palavra que emana dos lbios. O corao triunfa pelo amor e seu ritmo dana com ele. A felicidade a sombra do amor que desce com os raios do sol e entra nos pulmes com a cano das brisas, transportando o homem nas asas luminosas da felicidade. 0 amor o poder existente entre a vontade e o desejo. O verdadeiro amor a voluptuosidade do esprito. O desejo a voluptuosidade dos sentidos. Quem ama obedece Lei mas quem deseja obedece aos sentidos. O amor deve ser absoluto para que possa existir e o amor absoluto a prpria Eternidade experimentada pelo homem. O verdadeiro amor deve abarcar o Infinito. A maior das desgraas no poder amar sem desejo pois quem no pode amar vive desejando e seu desejo ser seu prprio inferno. Na aridez do despeito s pode medrar a raiz da paixo. Nem o prprio Deus pode aumentar algo felicidade do amante porque o amor o centro da ventura e a circunferncia da plenitude. O amor acende a coragem mas a paixo a apaga. O amor ressuscita mas a paixo mata. 0 amor enaltece mas o desejo envilece. O amor beleza mas a paixo a fealdade. Um luz, 0 outro fumaa. O homem ou a mulher que se alimenta com desejos apaga a chama sagrada do Amor. Todos os matrimnios convencionais so adultrios legalizados. No existe amor sem sofrimento nem sofrimento sem amor. 25
O amor a foice que poda, sem compaixo, os galhos secos do desejo, a fim de cuidar da vida da rvore. O amor derrama o sangue do corao para com ele lavar as manchas que aderiram carne. A chama do amor clama sempre por holocaustos e seu nico alimento o corao. , Amor! , Fora das foras! Tu s criador! Enche, pois, os coraes com o teu fogo sagrado e aceita-os como dignos holocaustos.
O REI DA CRIAO
As garras do temor, com virulncia, espinhos pe nos ps de peregrino; e este fica temendo ao que divino e a fora antiga em fraquejar convence-a. Mas a vontade do homem a credencia de Jaso, ao vencer o Velocino de ouro; e quem a possui muda o destino sem manchar nem a mo, nem a conscincia. O valor da vontade! um bem traz-la em nosso corao, como uma estrela que afugenta o temor luz divina. No vale quem naes vence e conquista: mais heri aquele que se enrista contra a matria e espritos domina.
A CHAVE DO PODER Como se pode amar sem desejar? A pergunta comporta fcil resposta, mas difcil aplicao prtica. Este livro, no entanto, foi escrito para os valentes e para os valentes tudo possvel. Todos os desejos tm de ser transformados em amor. Uma mulher formosa cativa-me com sua beleza e excita-me? Imagino-a, ento, como minha me, como minha irm ou minha filha! Nada mais! Meu desejo, assim, transformar-se- em amor. Uma pedra preciosa no dedo de meu prximo fascina-me? Fao de conta que est no dedo de minha filha. Atravs do amor sem desejo o homem reina no Cu e domina o Inferno.
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Captulo IV OREI DA CRIAO Tudo aquilo que gera o Esprito sai pelos sentidos. Toda criao sensria! um reflexo da vontade criadora. A trindade do homem acha-se resumida na vontade e revela-se pela obra, a boa obra confere poder, o poder governa. 0 Esprito a luz interna que difunde seus raios para o exterior por meio dos sentidos. Se os invlucros dos sentidos so grosseiros e densos, a luz interna no pode chegar com nitidez ao mundo, ainda que continue brilhando no interior. H, no homem, poder e realizao. Tudo aquilo em que o homem acredita pode ser realizado por meio da vontade. Os sentidos so o instrumento da vontade, sem ela no teriam razo de ser. A matria se espiritualiza, o Esprito se materializa para e por meio dos sentidos; tal espiritualizao e materializao so realizadas pela vontade: os efeitos so o prazer e a dor sentidos pela alma. No entanto, tambm pela vontade os sentidos podem tornar-se insensveis ao prazer e dor passando a viver acima de ambos. A vontade a mquina que debulha a espiga dos sentidos at revelar a nudez do gro. A vontade o marco que separa o prazer da dor. A vontade tritura os sentidos, mi-os, depura-os, amassa-os com lgrimas, submete-os ao fogo sagrado para, depois, oferec-los como po aos anjos. Que a vontade? o Esprito que flutua sobre as guas da Gnese. E a fora que domina o mundo. A flor o hino da vontade da rvore. 0 filho o fruto da vontade paterna. 28
A vontade o "f iat lux" da Divindade. Existe uma lei:o homem obtm espiritualmente em razo inversa ou contrria do que injustamente desejou por meio dos sentidos. O corao anseia muitas coisas. As paixes empanam a poderosa luz do Esprito. A frrea garra do desejo sujeita, tenazmente, o Poder. O desejo vai sufocando, dia a dia, a vontade at chegar razo, obrigando ento o crebro a cumprir seus objetivos. O crebro, sob a influncia do desejo, constri dolos de barro para, depois, ador-los. O anelo do Eterno acende a chama da vontade para fundir o ferro que aprisiona o crebro e libertar o verdadeiro Ser de seus grilhes. O homem homem pela virtude de sua vontade e no pela virtude de sua inteligncia. Segundo o desenvolvimento da vontade v o homem as coisas. Conhece-te a ti mesmo, significa desenvolve tua vontade. A vontade do homem , em essncia, igual de Deus e dispe de sua onipotncia. Como ELE pode criar, porque o que de Deus Deus e tudo que valha pena criar deve ser bom. Tudo que se relaciona aos sentidos causa repulso e dor; porm a dor que tortura a alma firma a vontade e a vontade ispira extino da dor. A vontade deve subjugar a vida para vencer a morte, sabendo que no h nascimento nem morte e que s se vive no tterno. As correntes do Poder buscam as profundezas da humildade. A desconsiderao alastra-se na rvore do orgulho. 0 louvor a fragrncia da modstia. A libertinagem a putrefao do Prazer. A vontade o plo positivo do homem, o desejo o p-lo negativo. A Vontade Criadora no Vontade de viver nem veculo OU instrumento do Absoluto, porm a emanao da mente do Absoluto Interno e Invisvel. Todo poder inerente von-
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tade, toda debilidade est ao lado do desejo. Ornar Khayaan afirmou num de seus cantos: "Enviei minh'alma regio do invisvel com u'a mensagem e ela voltou com a resposta, dizendo: Eu sou meu prprio cu e meu prprio inferno". A vontade a segunda concepo da Sabedoria, sempre benfeitora porque forte, ensina a Cabala. A essncia da Sabedoria a vontade criadora. A vontade o poder plasmante da plenitude. As trs pessoas, em Deus, resumem-se na Unidade. As trs pessoas, no homem, unem-se na vontade. A Vontade o Poder Mgico que se revela nos quatro elementos do homem, de acordo com a cincia profana, e nos quatro corpos, segundo a cincia mstica espiritual. Armado de tal Poder, o homem torna-se dono do mundo e o mundo o adorar como a um Deus. O mundo tridimensional dominado pela quarta dimenso ignorada e invencvel, que a Vontade. A Vontade do homem o Poder Absoluto que cria continuamente e transforma constantemente. A Vontade a nica possibilidade inesgotvel em cujo seio repousa a origem de todos os seres. a chama da vida, que, uma vez acesa, inflama tudo quanto caia dentro de sua circunferncia. Assim como a vida a chispa do Esprito, assim a Vontade a chama da vida. Desde que a chispa do Esprito existiu,passou a existir a chama ativa nas coisas e toda ao da vontade h de efetuar-se nas coisas e por meio delas. A Vontade o grmen na semente, o vigor na rvore, o aroma na flor, o sabor no fruto e o todo no homem.
A CHAVE DO PODER Ter vontade dominar os quatro corpos ou elementos. Domina-se o elemento fogo ou corpo vital, sobrepondo-se aos hbitos, inclinaes e temperamentos: isto praticar a religio do Esprito Santo, sem blasfemar contra Ele. Domina-se o elemento gua ou corpo dos desejos com o estudo e a prtica: equivale a professar a religio do Filho. Domina-se o elemento ar ou corpo mental pela respirao e concentrao: equivale a praticar a religio do Pai. O corpo fsico ou elemento terra dominado pelo alimento puro e pelo jejum para manifestar a vontade da Trindade. O objetivo desta chave obter a sade e a vida; ter domnio sobre a sade e vida dos demais. Praticar esta chave compreender o mistrio da cruz.
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A RELIGIO
Una e indivisa a vida universal; o Cosmos todo com amor palpita. E est no corao, por Deus escrita, a religio, qual fonte divinal. Porm das mentes trbidas, o mal vem torvar nossa f e nos incita a decifrar a Deus, a Quem limita em teorias de cunho temporal. O corao um como altar latente onde o Pai mirado, frente a frente, de onde emana bondade e puro Amor. religio do rouxinol o canto, a fragrncia da flor, bem como o encanto do homem quando se torna em Criador.
Captulo V A RELIGIO Imaginar ver, falar criar. A Religio deve ser imaginao, a orao deve ser criao. Religio (de re-ligare) tornar a unir-se a Deus, a juntar o que foi separado por meio da imaginao, assimiladora das imagens, que reflete o esprito no homem. A luz da Verdade, quando ilumina a imaginao, converte-se numa verdadeira Religio, porm, ao querer atravessar os sentidos, refrata-se neles como em gua estagnada repleta de lodo e de escrias. O erro da Humanidade consiste em criar, por meio' dos sentidos, uma religio para os prprios sentidos. Toda imaginao pode criar sua prpria Religio e ser a sacerdotisa imaculada do Esprito, de modo a no lanar suas prolas aos porcos, nem o divino aos sentidos. Ter Religio possuir uma obsesso; sentir a Religio sentir Deus em si mesmo. A Religio a Verdade desnuda e aquele que a veste com cerimnias, a fim de no ferir sua moral, converte-se na toupeira que no pode contemplar a nudez do Sol. A Beleza a Religio do sbio. O cientista que dita leis para a Beleza est querendo mudar o curso das estrelas. 0 canto do rouxinol a expresso da Religio interna. 0 aroma da flor sua religio ntima. A obra do homem sua Religio. Quem pretende adorar longe de sua obra est tentando construir sua casa sem material e sem ferramentas. Viver a vida a Religio da Verdade.
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Deus no um ser que dorme noite e dia num templo, esperando que um ou muitos cheguem para acorda-Lo. A Religio a necessidade de trabalhar, de comer, de brincar, de descansar e de dormir. Nossa Me Natureza a melhor obra da melhor Religio. O arado do lavrador a orao mais digna da Religio natural. A fome, a sede, o pranto, o riso, a doena, a sade, a felicidade, a desventura, o trabalho, o descanso, a liberdade, a escravido, tudo isso so preces de Um ao Todo. A prece a expanso do Corao para envolver o Ser. Deus fala um s idioma que o Amor. No pode entender outras palavras ocas e vazias diferentes do Amor. Ele tampouco pode escutar outros sons seno os do Amor. Que so, nesse caso, os rudos e os pedidos pessoais? A Religio no deve ser a flor dos sentidos mas a raiz da liberdade. A Religio no o fruto dos desejos mas o desejo de frutificao. Balbuciar muitas preces ser escravo porm de ningum. Quem suplica por meio do Verbo nada receber porque a finalidade do Verbo no implorar com humilhao, mas dirigir atravs do Poder. Quem suplica para si mesmo nada receber, porm a quem intercede tudo lhe ser dado. "Em verdade,em verdade vos digo: Quem no adora ao Supremo Ser dentro do prprio corao no O encontrar em nenhum outro templo". "Em verdade, em verdade vos digo: Chegaro tempos em que no se adorar o Pai nem nesta montanha, nem neste Templo de Jerusalm, mas em Esprito e Verdade". A lngua deve ser a harpa do Esprito, na qual entoe a Religio sua melodia. No deve ser, porm, a Religio harpa da lngua, de onde brote a confuso babilnica. Em toda Religio h bons e maus, porque a Religio , a um tempo, boa e m. A Religio da Verdade, porm, que sinnimo de Lei, no tem bons, nem maus, mas apenas sacerdotes verdadeiros e sacerdotisas da Beleza e do Amor. 34
A Religio da Verdade est na Natureza inteira: nos prados, desertos, mares, montanhas e bosques. Ela fala ao vento e as tempestades a obedecem. Seres h que, acreditando-se religiosos, adoram o demnio e ensinam que ele o verdadeiro Deus. Toda religio que premia com Cus e castiga com Infernos falsa e conduz adorao do Nada, ainda que tenham sido necessrias at hoje. A Humanidade precisa de uma Religio. O sbio cria sua prpria Religio. Muito gloriosa a Religio de natureza externa, porm maior glria ainda apresenta a de natureza interna. A nica Religio do homem deve ser o Amor. Toda religio que disputa no uma Religio de Amor e, por conseguinte, errnea. Todas as aves do bosque cantam e cada canto, ainda que diferente, to formoso como o outro. Assim deve ser a Religio do corao:cada ser, sem disputa, nem briga, deve entoar 0 mehor hino interno ao Amor que une. A religio o alento animador do Ser no Ser. A Religio a autoridade do Amor no corao; a atra-So natural da vida universal. A Religio a beleza da inteligncia e a inteligncia da beleza. Toda Religio deve ser bela; no sendo bela no pode ser amorosa, no sendo amorosa no pode ser verdadeira. Amor Religio e Religio Amor. A Religio a fonte inesgotvel da beleza e a beleza a Religio mais digna dos deuses. A Religio una como Deus Uno. Ter vrias Religies ter vrios deuses em conflito. Se eu fosse dono e senhor do mundo queimaria todos os livros religiosos e, no lugar deles, escreveria uma s frase: Amar e trabalhar. 35
A CHAVE DO PODER A melhor prtica religiosa consiste no seguinte: Em estado de relaxamento e tranquilidade, fixar toda a ateno no prprio corao, que altar e santurio da Divindade. Deus est no corao e no precisa da splica de ningum, assim como o sol no necessita que imploremos a sua luz para que nos ilumine. O sol ilumina porque essa sua lei. Deus derrama toda a Sua bondade porque essa a lei do Seu Ser. A nica Religio do homem deveria ser esta: unir a vontade e os pensamentos Divindade Interna e ficar quieto. No preciso pedir nada. Ela sabe, melhor do que ningum, as necessidades do homem. Praticando isto, o homem ser invulnervel e invencvel em todos os momentos da vida e nem a pobreza, nem o infortnio podero atorment-lo.
O BEM E O MAL
Ao contemplar o abismo de meu peito encontro o mal e o bem numa contenda. Inimigos, trilhando a mesma senda, jungidos vo trela do direito. O bem e o mal, senhores do proveito, histria tm em seu favor, e lenda. E o proveito, servindo-os, referenda era a um, era a outro, o seu conceito. No h mal que de um bem no nos provenha, nem bem algum que em outro mal se atenha, sendo entre os dois o Ser crucificado. O bem humano de seu mal, no dista: O bem o prazer do homem egosta; e o mal o grande amor do torturado.
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Captulo VI O BE M E OM AL No existe nem Bem nem Mal. H somente a Lei dentro da qual, no entanto, podemos distinguir o Bem e o Mal. 0 Mal to necessrio para a Lei como o Bem. Que realidade no possui a sua sombra? O Bem a harmonia do ser consigo mesmo e com seus desejos. O Mal a desordem. O sofrimento no um mal mas um remdio um tanto repugnante que cura o mal e restaura a harmonia. Toda a consequncia natural e inevitvel um bem disfarado com as roupagens do mal. Deus em si no nem bem nem mal, a Lei Infinita. S os homens Lhe atribuem o Bem e o Mal. O covarde inventa um Deus covarde e tirano. O fraco forja um Deus forte e vingativo e, desse modo, cada defeito do homem d origem a um novo Deus e um novo santo; seus fiis ensinaram-no a ser bom e mau vontade: aspectos impossveis de serem encontrados a no ser em deuses inventados. Aquele cujo esprito est livre da iluso do Bem e do Mal permanecer de p durante a batalha da vida. Quem ama a Lei sem o temor do castigo, sem a ambio da recompensa no morrer jamais porque bebeu a gua da imortalidade. Todos os homens vivem encerrados na ignorncia como num ovo. Praticam o Bem para serem recompensados e temem o Mal como castigo. 0 escravo da recompensa to escravo como aquele que teme o castigo do Mal. 0 Mal , na verdade, o combustvel que alimenta a chama do Bem. 38
A dor do Mal esporeia o homem desapiedadamente mas 0 leva a vencer o erroe a seguir adiante. 0 Mal , na maioria das vezes, um Bem disfarado e o Bem, inmeras vezes, procura seu alimento at mesmo nos coraes mais putrefatos. O Bem e o Mal so o verso e o reverso da mesma moeda. 0 homem bom por natureza e se fez mal porque o privaram de suas necessidades. Deus a Lei mas nessa Lei encontra-se o Bem e o Mal porque sendo Ele a Causa Suprema, assim deve ser; se em Deus no se sintetizassem, igualmente, o Bem e o Mal, deixaria de ser universal. 0 homem em si no pode fazer o Bem nem o Mal, ao passo que quem o faz o esprito interno que opera o Bem ! ou o Mal mediante o organismo do Homem ou seus sentidos. 0 sol encerra em si o Bem e o Mal: seu calor vivifica e ', mata. Seus raios tanto derretem a neve quanto queimam. 0 Bem e o Mal encontram-se em Deus e cabe ao homem [ escolher um ou outro. No entanto, em que consiste o Bem e o Mal? Existem 1 essas duas faces da Lei em Deus? De acordo com o Intelecto o Bem o que agrada en-1 quanto o Mal o que repugna. Para o Esprito, no entanto, que prescinde do Intelecto, porque dele no precisa, no xiste nem Bem nem Mal mas apenas a Lei que paira acima [de ambos. Usar a Lei um Bem, abusar dela um Mal. 0 Esprito subsiste no intelecto, transforma-o em pensa-[mento e a razo o divide em bem e mal. 0 Esprito, no entan-Ito, no intelecto nem razo. Conseqentemente, no nem {O bem nem o mal porque ambas as coisas so invenes do intelecto. Amar a Deus o supremo ideal da vida, afirma o homem rtligioso,e o supremo bem ao mesmo tempo. Ningum, no tntanto, soube amar a Deus at agora. Adaptar-se Lei um Bem; infringi-la ferir-se a si mesmo.
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A rvore da cincia tem em seus frutos o bem e o mal juntos. Quem vive desejando os frutos do bem vive alimentando-se dos frutos do mal. Todo bem relativo e, sendo relativo, deve ter algo de mal. A mente humana forma ela mesma, a seu modo, o prprio paraso ou o prprio inferno, embora esses dois estados no existam em realidade. Apesar de bem e mal serem inseparveis, vivem sempre em conflito dentro da mente do homem. Ningum consegue conhecer o bem a no ser atravs do mal. 0 mal uma imperfeio individual, o bem a harmonia universal. Enquanto o homem tiver medo do mal no poder amar o bem. Sem a sombra a luz no se manifesta. Sem a mentira a verdade no se torna patente. 0 bem e o mal so as duas foras que mantm em equil -brio o universo: um atrai e o outro repele. Enquanto o corao sentir dio pelo demnio no poder sentir amor por Deus porque dentro do corao no podem caber dio e amor ao mesmo tempo. A grande obra do homem ver o bem no prprio mal, a fim de atingir a compreenso da Lei. Mata o medo do mal, mata o desejo do bem e te converters na Lei. Quem governa a prpria vida segundo a Lei no precisa saber do bem nem do mal. Todo mal conduz forosamente ao bem. A experincia repleta de mal e de bem verdadeiramente um sonho que parece apenas real enquanto dura. No entanto, como sonho, desintegra-se ao despertarmos. O grande mal o medo do mal. Quem eliminar o pensamento do mal produzir obras boas. 0 desejo o anjo da Divindade que semeia na vontade a rvore do bem e do mal.
Gostar do sofrimento do mal saborear a doura do bem, enquanto saciar-se com a doura do bem pessoal padecer pelo mal. Assimilando o fruto do mal, vivendo suas amarguras, des-cobre-se o grmen do bem. Descobrir o grmen do bem chegar a conhecer que no h nem bem nem mal, mas apenas uma diferena de condies. O bem e o mal so fabricaes da mente. 0 mal a ignorncia do bem. A Lei o conhecimento de ambos. No h perfeio enquanto no existir medo do mal. No h libertao enquanto persistir o desejo dos frutos do bem.
A CHAVE DO PODER preciso encadear a Beleza ao Amor. Procurar sempre ver, ouvir, sentir a fragrncia, saborear e apalpar tudo que for formoso, belo, seleto, bonito ou agradvel. Em suma: que a Beleza seja o nico guia. Depois, procurar sentir compaixo, pensar em caridade e falar com amor a todos os seres e a todas as coisas. Perseverando nesse trabalho, o homem chegar a conhecer a razo do passado, do presente e do futuro das coisas e seres, convertendo-se em Lei.
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TRIUNFO OU LIBERTAO
Com a espada flamgera e sagrada, na coluna dorsal, o homem, fremente, "tornou-se em um de Ns, Onipotente", disse o Senhor ao Guardio da entrada. No sacro, a serpe espera enrodilhada; e o Querubim, nos prticos, da mente, impede a entrada da letal serpente no paraso, a interior morada. Irmos do corao, vcios e danos, o umbral penetram, fundo, nos arcanos, dos anelos abrindo os densos vus. No triunfo matar como o assassino. .. glria, sim, tornar a ser divino vencendo o mundo sem querer os cus.
Captulo VII Triunfo ou Libertao A vida do homem na Terra uma embriaguez contnua. Poucos so os que dela conseguem sair antes da morte. S os gnios desprendem-se da embriaguez da vida por curtos momentos e sua imaginao se liberta da rede dos princpios e dos fins, das causas e dos efeitos, do Bem e do Mal. 0 homem vive lambuzado no mel de seus dias ou amargurado com o fel de suas noites. A mente vive correndo de uma ideia para outra, do prazer para a dor, da saciedade para a fome, da elevao para a queda, de um sofrimento para outro e do triunfo para o fracasso. Os sentidos vivem entre uma embriaguez e outra, apurando taas anuais e pretendendo extrair, apenas, o mel para sabore-lo, deixando o fel de lado. Para quem, no entanto, deixam esse fel? 0 corao jaz no mar tormentoso das vises pretendendo roubar aos deuses os segredos do porvir e apagar os sofrimentos do passado. Sua fantasia sempre uma terra virgem: cada vez que recebe as primeiras chuvas do desejo, nela brota tudo que dormia em suas entranhas. No entanto, to logo o que brotou v o sol da verdade, fica reduzido a cinzas. Ele ama e seu amor vive entre as tempestades da carne e do sangue. Deseja, mas seu desejo acha-se associado falsa honra. Deseja a libertao, mas sua mente, ao tentar escalar os raios solares, verifica que cada ato o princpio de um outro e que o princpio de uma coisa o fim de outra: nada tem 43
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princpio, nada tem fim. No existe princpio nem fim para o homem que sabe equilibrar-se entre os dias e as noites. 0 que so, porm, os dias e as noites? O dia o msico e a noite o violo cujas cordas so as estrelas que entoam o cntico da vida e da morte. Porm, at quando isso? At que haja libertao e triunfo. Mas . . . libertao de qu e triunfo sobre o qu? Libertao de si mesmo triunfo sobre si mesmo. Libertao deste mundo e do outro em paralelo com o triunfo sobre os dois. Libertao dos sentimentos pertencentes ao mundo das sensaes e triunfo sobre o mundo dos sentidos. Libertao da vida e triunfo sobre a morte. Libertao do pensamento e triunfo sobre o sentimento. Libertao do tempo o triunfo sobre a eternidade. Libertao das medidas o triunfo sobre a imensidade. Libertao da inocncia triunfo atravs do conhecimento. Libertao do prazer para poder triunfar sobre a dor. Libertao do leito matrimonial para triunfar sobre a cruz do matrimnio. Libertao da religio para que se efetue o triunfo da unio. Mata o desejo de viver e triunfars sobre a vida. Mata o medo de morrer e te livrars da morte. No existe libertao sem triunfo nem triunfo sem libertao. 0 triunfo do desejo a derrota da libertao e a derrota no amor o caminho da liberdade. 0 desejo que mora no corao escapole, gotejante, pelos olhos. Os coraes vazios de desejos so o trono da libertao colocado sobre as grades do triunfo. No existe libertao sem sofrimento e no existe triunfo sem morte. Todos os seres sofrem para libertar-se. A rocha sofre para ser transformada nas pedras da futura construo, a rvore tambm sofre para dar frutos.
A libertao a vontade realizadora que transpe para versos a prosa da vida e que compe com o significado dos anos a sinfonia executada pelos dias e cantada pelas noites. A circunferncia da vida no termina numa s idade. Quem busca a perfeio tem de saldar suas contas nesta vida. Que libertao? Que triunfo? Libertao ver com os olhos sem perceber que h olhos. Libertao ouvir sem parar diante daquilo em que os ouvidos esto colocados. Libertao no pensar nem na vida nem na morte; triunfo no desejar a terra nem os cus. Libertao suportar o fogo do crisol da vida e o triunfo representa o ser derretido com suas prprias escrias, a fim de separar-se delas depois. Libertao romper os sete selos da vida e triunfo banhar-se com o sangue do prprio corao. Atingir a libertao chegar neutralidade dos contrrios e vida universal que se alimenta de si mesma e alimenta aos demais sem distinguir entre homem e animal, tal como a rvore que no se importa que seus frutos sejam comidos por um homem ou por um lobo. A libertao a intuio do sbio quando este esquece o que sabe. A porta do mundo ednico encontra-se guardada por um Querubim que tem nas mos a espada flamejante. Por meio desse Querubim e dessa espada encontra-se o mistrio da libertao e o poder do triunfo. preciso lutar contra esse anjo tal como fez Jac a fim de venc-lo e, em seguida, apoderar-se da espada flamejante. Antes da vitria sobre o anjo no existir libertao e antes de obter a espada no haver triunfo. Todos os pensamentos devem manifestar-se em obras e toda a oposio dever ser enfrentada pela fora. Libertao no desejar nada porque j se tem tudo. tambm no fugir da dor porque esse o caminho da salvao.
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Libertao no julgar ningum porque quando o fazemos julgamos a ns mesmos. Libertao no pedir honrarias porque tudo isso vaidade. Libertao sede de morte saciada pelo amor vida. Libertao uma abertura que podemos produzir na prpria alma atravs da qual possam passar os raios da Alma Universal que dissipam as trevas da personalidade fazendo com que o homem se torne igualmente universal e infinito. Em seu seio habitam a morte e a vida e, em sua conscincia, a Eternidade.
A JUSTIA Na balana infiel do desumano os crnios so os pesos do perverso. E, numa concha a do direito inverso ao dever, v-se o gume do tirano. Somente o livre justo e soberano e nas mos tem a fora do Universo; da Natureza Me como um verso; de Divindade mo, num gesto lhano. E, para redimir da atra injustia o mundo, no madeiro da justia, o justo deve ser crucificado: Pois sacrifcio em prol do belo e puro pr do justo fronte, uma outra Arcturo e ressaltar os crimes do malvado.
A CHAVE DO PODER Com a espada flamejante existente na espinha dorsal preciso romper os sete selos do livro apocalptico e com ela degolar os mais queridos seres que repousam no corao: substituir o orgulho pela f, a avareza pela esperana, a luxria pela caridade, a clera pela fora, a pressa pela prudncia, a gula pela temperana e a inveja pela justia. o nico caminho para a libertao e o nico poder que ressuscita os mortos e expande a vontade e os anos da prpria existncia. Tal o Elixir da longa vida procurado e consumido pelos alquimistas e hermetistas. Pelo desenvolvimento desta chave o homem capaz de ressuscitar os mortos e de possuir a chave da prpria imortalidade.
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Captulo VIII A JUSTIA Os homens so escravos de suas leis e causa-lhes encanto desrespeitar a Justia. A Justia uma arte cuja finalidade libertar o homem dos grilhes das leis. O homem, no entanto, um mau artista que consegue traduzir o poder da Justia mediante leis que o aprisionam. As crianas constrem castelos de cartas com muita pacincia e cuidado, aps os derrubam com um sopro seguido de estrepitosa gargalhada. A lei dos homens um arteso que fabrica pesados grilhes para o pescoo dos fracos. A lei a maior inimiga do faminto que rouba um po mas a melhor amiga do ladro que rouba milhes. A lei a espada do heri que mata milhes de pessoas e transforma-se no machado do verdugo para aquele que vai vingar a honra da filha enganada ou da esposa seduzida. A lei dos homens a fora do tirano e sua justia a obedincia do fraco. Os crnios dos mortos so a tara da balana da justia humana. A lei deveria ser a sombra da Justia porm apenas quando o sol atinge o seu znite. O homem no procura a sombra da lei seno quando o sol est no crepsculo, quando ela maior, para traar a sua justia sobre a Terra. Quem, com a prpria mo, promulga uma lei injusta, f-lo sobre o prprio corao e no poder apagar essa marca a no ser quando a fogueira o reduza a cinzas.
Quando se arranca a injustia da mente humana no se pode transferi-la para o corao. H cinco justias para os cinco sentidos do Homem: A justia cega a que golpeia o futuro com o chicote do passado e castiga o filho por culpa do pai. A justia surda a que quer transformar o tirano num eco do Poder e o rico ignorante numa cpia do sbio. A justia muda a que, sem falar, pe o polegar para baixo a fim de mandar matar os que caram e extinguir os fracos. A justia doentia segue a hipocrisia e a chama de diplomacia, debilidade chama suavidade. H, por ltimo, a justia sem tato que aprisiona o mundo moderno com as leis do mundo antigo. A justia filha do sofrimento: s pode administr-la quem se banha, diariamente, no sangue do prprio corao. A justia o rio da vida: s pode contempl-la aquele que toma assento s margens da Eternidade. Os legisladores no escutam o grito do miservel porque seus ouvidos ficaram ensurdecidos pelo rudo das leis. S o que sofreu ou o que foi crucificado por culpa alheia que pode transformar sua prpria cruz numa balana justa e fiel. O homem que repousa na luz negra no pode enxergar a justia sentada na escurido luminosa. Aquele que no suspira junto com o aflito no poder ouvir o grito de suas entranhas. Aquele que no chora junto com o infeliz no poder lavar suas feridas com as prprias lgrimas. Aquele que no derrama as prprias lgrimas sobre o crime do malvado ou sobre o erro do traidor no poder rir junto com a aurora nem alegrar-se com o nascimento de uma flor. Em quem no repercute a queixa do sofredor no encontrar remdio para suas prprias dores. Quem acha graa do erro alheio aprisiona mais ainda sua alma terra enquanto aquele que chora pelo erro do seu prximo aproxima-se, junto com ele, de Deus. A justia no consiste em eliminar aquele que errou: sua funo apagar o nosso erro da mente da vtima. 49
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Os erros desprendidos de nosso ser tomam por alvo a mente de nosso EU. O malvado uma criao das leis humanas. O ladro rouba porque as leis o privaram de suas necessidades. A esposa atraioa porque o marido a privou do verdadeiro amor e a queimou com sua paixo brutal. O homem mente porque foi castigado quando disse a verdade. O homem se faz nacionalista porque o privaram do direito de ser universal. A humanidade um rio cristalino que conduz o humano ao oceano do Absoluto. As leis, no entanto, fizeram com que as guas do rio formassem, em certos trechos, charcos putrefatos a que elas do o nome de naes, raas e castas. O justo no idlatra para degolar sua prpria conscincia diante de um dolo a que ele chama Deus. 0 justo no o vassalo que se ajoelha diante do tirano. O justo no um delinquente para prostrar-se diante da lei. O justo no o nacionalista que mata em nome de sua ptria. O justo no ignorante para entregar-se ao sacerdote e cham-lo sombra de Deus na Terra. O justo no o usurrio que, como sanguessuga, absorve o sangue dos demais, chamando de comrcio a esse ofcio. 0 justo Deus, universal, sacerdote sbio e liberal a um s tempo. Todo homem deve ser Lei em si mesmo e para assim ser dever carregar consigo a culpa alheia. Mais ainda, deve ser como o sol que ilumina a flor e o esterco, brilhando sobre o rio e sobre o charco. Certo dia a guia das montanhas perguntou ao sol: Por que motivo sujas teus raios dourados com as imun dcies da terra? E o sol respondeu: Voa at mim. 50
E a guia subiu a tamanha altura que j no via a Terra seno como um pequeno gro de lentilha e disse isso ao sol. Este respondeu: Tola, ainda ests na atmosfera da Terra e dizes que no a vs. Que importam a mim as imundcies de que falas se me encontro to longe delas?
A CHAVE DO PODER necessrio encontrar uma desculpa para cada um dos erros alheios e confessar o prprio erro sem utilizar nenhuma. O homem justo a cruz da Alma Universal. Ser justo em todos os atos ser reflexo de Deus na Terra e aqui realizar Sua autoridade. Aquele que procede com justia em todos os seus atos tem o poder e o direito de dominar a Alma do Mundo por alguns chamada de Luz Astral e de Pedra Filosofal pelos alquimistas. Aquele que afirma em si a ideia da Justia no ter nenhum inimigo nesta vida. Ser um Hierofante e o que desatar na terra ser desatado no cu e o que atar na terra ser atado no cu. Por meio da Alma do Mundo ele unir, vontade, o cu terra.
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A SABEDORIA Dentro do corao, manso ribeiro, jaz o broto da Luz farol brilhante. E, no mar do saber, a alma, triunfante, conduz o barco, como um bom barqueiro. A mente o leme; ela o timoneiro. E se a razo, num gesto extravagante, de lodo no lhe mancha a roupa aflante, demuda-lhe a coroa num braseiro. Se queres alcanar do Trismegisto a Lmpada sagrada e ter do Cristo a fora, busca-O em ti no corao. Pois do verbo a raiz o pensamento; o poder a flor do sentimento. Saber o fruto da meditao.
Captulo IX A SABEDORIA A sabedoria a fome que devora o corao humano entre a doura da vida e a amargura da morte. A sabedoria a sede entre o queixume da decepo e a calma do conformismo. A sabedoria a nostalgia que no pode ser aliviada pelas glrias humanas nem sufocada pela fama da vida. 0 objetivoda sabedoria extirpar a dor pela prpria dor. A sabedoria a dor que movimenta o inerte no corao a fim de despert-lo na memria. A sabedoria o despertar da memria do sono do esquecimento para que, num minuto, ela possa contemplar as eternas vises dos sculos passados e futuros. A sabedoria a namorada que busca o seu amante o homem nos prados, nas montanhas, sob rvores, perto dos rios e no encontra mais do que suas pegadas nas areias j que ele, o homem, prefere viver nas cidades barulhentas e infelizes. A sabedoria cujas razes vivem no campo do silncio e da meditao transplantada pelo homem para o campo do rudo e da batalha. A sabedoria o incenso queimado diante do altar da conformao mas o homem o utiliza diante das aras da ambio e da gula. Durante o dia, a sabedoria chama o homem com insistncia, mas este no a ouve porque est empenhado em duplicar seus lucros. Durante a noite, ela grita aos ouvidos da alma, mas esta no o escuta porque est sonhando com o fruto do trabalho. A sabedoria um silncio eloquente no corao do homem e no o barulhento discurso da mente. 53
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Qualquer mestre pode ensinar cincias mas nenhum capaz de ensinar sabedoria. 0 verdadeiro mestre no ensina sabedoria. Ao invs disso, ele exterioriza o seu amor, a sua f e a sua esperana nessa sabedoria. 0 sbio no arrasta ningum sabedoria, mas vive luz do conhecimento para iluminar o caminhante. 0 sol no ensina sua luz; ele a vive. Ningum pode emprestar os prprios olhos para que outro veja a luz do sol. Ningum pode emprestar seus prprios ouvidos para que outros ouam a msica das esferas. Todo corao o livro que encerra os mistrios dos dias e os arcanos das noites. Os olhos, porm, no podem nem sabem ler seus hierglifos. H palavras silenciosas e sentidas que no podem ser lidas pelos olhos vidrados que contemplam, deslumbrados, a luz solar. Procurar extrair do sol a sabedoria do corao como tentar abrir os olhos da toupeira, a fim de que ela leia livros luz solar. Procurar revelar os segredos da alma a um semelhante como injetar-lhe a coco de vrios livros a fim de que este assimile seus contedos. Antes de adquirir a sabedoria de um mestre, adquire-se primeiro seus defeitos e vcios. Quando o sbio pratica a sabedoria ele se converte num exemplo e num caminho para os demais. 0 exemplo do sbio desperta no homem o desejo de sondar a si mesmo, a fim de tomar conhecimento das profundezas do seu prprio saber. Cada sbio busca um caminho que lhe prprio para chegar verdade, mas as crianas no podem seguir por esse caminho. O objetivo da religio no consiste em arrastar todas as criaturas pela mesma trilha e sim incit-las a procurarem sua prpria senda.
0 sbio sabe e ousa fazer; o cientista duvida e no se atreve a prosseguir. O sbio , s vezes, triste, porm sua tristeza confere felicidade aos demais, pobre, mas ensina como se deve ganhar a vida. solitrio, mas do seio de sua solido ele guia os homens. O sbio silencioso e quando fala procede como a Natureza. O sbio o iniciado porque a sabedoria a iniciao. A sabedoria uma jia que precisa ser guardada na arca do silncio e contemplada com os olhos da concentrao e da meditao. A sabedoria a luz do corao a iluminar o crebro fazendo com que o homem seja amo e senhor dos demais porque o sbio dono da lmpada mgica de Trismegisto e, de posse dela, pode ver a todos, embora estes s vejam nele luz. A sabedoria a prtica da dor para que a verdade possa ser demonstrada pela razo e esta pela evidncia. A sabedoria a prtica em querer o que se deve e fazer com razo o que justo. A sabedoria a dor que impe silncio aos apetites e faz sofrer privaes do que apetitoso. O sbio sofre a castidade para dominar os libertinos. O sbio sofre a pobreza para guiar os perdulrios. O sbio sofre o jejum para manejar os glutes. O sbio sofre o menosprezo dos ignorantes para governar o mundo. O sbio sofre a tristeza para curar os tristes. O sbio se cala para decifrar os segredos do corao humano. H, na vida, uma sbia fora que une os adversrios e une os coraes com frrea ligadura. Por isso, vemos os grandes coraes unidos aos menores. O santo que priva de alimentos seu corpo e o pecador que priva de alimentos sua alma devem unir-se: a causa dessa unio a prpria fome. Todo sbio deve estar ligado a um ambiente adverso e martirizado por ele. Todo profeta deve ser abatido em sua prpria ptria e por seus compatriotas.
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Todo sbio um santo e ningum chega a santo se no for sbio. Infalivelmente, a sabedoria a santidade perfeita ningum pode chegar a ser janto se for ignorante. Para ser sbio preciso pr em prtica os impulsos do corao e esquecer os apelos do ventre. A cincia forma o discpulo mas a prtica forma o mestre. A cincia a aprendizagem; a sabedoria o mestrado.
O MATRIMONIO OU O SEXO No princpio era o sexo e, nele, a vida; estava o Verbo em Deus; nele jazia; e o sexo era, ento, luz. Resplandecia do nada, na solido desconhecida. E o tomo-semente uma ferida abriu na terra de vigor vazia, e disse ao sexo, ao v-la estril, fria: "Fiatlux".. . E em luz foi convertida. E com o sexo, as coisas foram feitas. No h, sem ele, germes, nem colheitas; irmo do viver, igual, conexo. .. certa a frase antiga que avassala: "O matrimnio ao divinal se iguala, porque Deus Amor e Amor sexo!"
A CHAVE DO PODER Para adquirir a Sabedoria Universal preciso absorver a Alma do Mundo. Tal coisa obtida no cedendo s foras da natureza e transformando a vida numa escrava obediente. Resistir aos apetites penetrar o mistrio da vida e dominar a morte. Cada abstinncia um novo conhecimento e cada conhecimento um novo poder. Tal o mistrio da Taumaturgia e das curas pelo poder espiritual. O praticante converte-se em manancial de sade e, assim como cura na proximidade, tambm pode faz-lo distncia.
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Captulo X O MATRIMONIO OU O SEXO "Reconheo e confesso que no momento de unir-me minha mulher devo, em corao e esprito, manter-me diante de Deus como diante d'Ele me mantenho durante o Ofcio Divino, quando me encontro ao p do altar do Senhor", escreveu o Padre Ustinsky, antigo sacerdote russo, ortodoxo, verdadeiro cristo, no qual no existe nenhuma malcia e que foi o nico pensador que, casualmente, em dois mil anos de Cristianismo, no lamentou a questo religiosa do sexo. Quando o homem ora ele invoca a Deus, porm, ao unir-se sexualmente mulher, ele se converte em Deus. Blasfmia! Assim pode parecer aos hipcritas e fabricantes de dogmas. Esta, porm, luz na santidade. 0 fogo do sexo o fogo da santidade. A origem do sexo tem suas prprias razes na Divindade. "Os dois no sero seno uma s carne", afirmou-se antes do Pecado Original. o sexo o que est em Deus, assim como o Filho est no Pai. Sexo e santidade so duas linhas paralelas que se encontram em Deus. Os olhos dos libertinos, no entanto, assim como a viso dos fanticos, no conseguem ver esse encontro. possvel a santidade no sexo? No, respondem as religies exotricas. Sim, afirmam as religies esotricas. Na dinmica religiosa, o sexo e o anti-sexo combatem-se mutuamente e, depois, se aniquilam. Ao diabo com todas as religies, j que, sem dvida alguma, do diabo que elas vm! A unio carnal a obra luminosa da liberdade. Aquele que se une nada mais faz seno criar, porque o mal no se en58
contra no ato em si, mas nos pensamentos que o procedem e o acompanham. Afirmou o padre Ustinsky: "Devo, durante o ato sexual, manter-me diante de Deus.". Talvez ele no se tenha atrevido a dizer toda a verdade. Ns, porm, a diremos: Devo, durante o ato sexual, sentir-me Deus Criador Onipotente. O sexo o fruto da rvore da vida que est "no meio "do Jardim do den. Ao com-lo, o homem se faz Deus. "E o homem se fez como um de ns", afirma a Bblia. No entanto, apesar de o fruto pertencer rvore da vida, o homem morreu. A rvore da vida no pode causar a morte. 0 homem, no entanto, ao comer do seu fruto criou e foi morto por suas prprias criaes. 0 ato sexual o caminho da iluminao, mas at que se chegue a esse caminho preciso atravessar muitas estradas tenebrosas. A paixo sexual , justamente, o Querubim portador da espada flamejante que impede a entrada do homem no den. O sexo, em si, o prprio den. Cada vez que um homem e uma mulher se unem algo se cria e esse algo criado no pode ser destrudo, continuar evoluindo at atingir seus fins. Portanto, a unio sexual ato de criao e tudo que valha a pena ser criado deve ser til e bom. No tem valor algum praticar a castidade afastado do sexo. A verdadeira castidade deve estar na pureza e na santidade do sexo. O homem verdadeiramente casto aquele que conduz sua virilidade at a Divindade. Aquele que se distancia do sexo para buscar a pureza perfeita como quem busca a luz do dia no seio da noite. Quem ama a pureza deve busc-la em si mesmo, em seu prprio sexo. Como pode encontrar pureza quem foge do sexo ou quem procura Deus temendo Suas manifestaes? Em que ajuda Natureza, que obra de Deus, o que extingue a fora criadora em si mesmo?
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A Natureza sexo e, por meio dessa fora, ela procura perpetuar a raa. Que objetivo teria o homem que foge do sexo ou o que busca o prazer nele? O prazer sexual incompleto quando longe da pureza sexual. A pureza sexual no pode existir igualmente distante do prazer natural. Ambos se completam pela unio e ambos se extinguem pela separao. Sentir o impulso sexual sentir a Divindade em si mesmo que tende a criar, ainda que a criao se divida em visvel e invisvel. No entanto, para que a criao seja visvel, ela deve encontrar sua raiz no invisvel. Se a origem invisvel limpa, pura e santa, o visvel ser igualmente limpo, puro e santo. "Devo, durante o ato sexual, converter-me em Deus". Quem Jeov, o Deus dos judeus e dos cristos? o lod ou falo unido a Eva e ambos formam o Poder Criador das antigas religies. O homem sem a mulher e a mulher sem o homem so Deus pela metade. Na unio das duas metades forma-se Jeov, o Deus da Bblia. A unio sexual a unio de duas divindades para criar uma terceira. a combinao de duas cores complementares para que se obtenha uma terceira. 0 sexo a unio do cu com a terra. O homem e a mulher representam as colunas do templo e elas precisam estar separadas, porm, nem muito perto nem muito distante. Deve, assim, existir no casamento um espao, tal como existe entre duas rvores. O sexo precisa ser amor, mas o amor no precisa necessariamente ser sexual. Porque h sexualidade carnal e sexualidade espiritual. A carnal o nascimento e a morte, enquanto a espiritual a ressurreio eterna. O sexo espiritual j no sexo . . . Ele passa a ser o nmero imortal e transcende no homem "Aquele que ", "Eu sou Ele", Jeov, "assim me chamars", disse o Senhor. 60
O fogo devorador de Jeov na sara nada mais do que o fogo do sexo . . . na sara do sistema nervoso. "No te aproximes daqui: tira tuas sandlias porque o local em que ests Terra Santa"!
A CHAVE DO PODER Existem duas sexualidades: a carnal e a espiritual. A carnal cria para a morte, a espiritual cria para a Eternidade. Antes de empreenderes uma obra transcendental, aproxima-te bastante de tua esposa. Deves, no entanto, deixar que a luz passe atravs de ambos. preciso embriagar-se com o aroma da flor sem colh-la. preciso contemplar a rvore cujo fruto bom para comer, belo vista e formoso para os olhos, sem com-lo. Nesse dia, teus olhos sero abertos. Esta a sexualidade espiritual, cujo objetivo encontrar o elixir da longa vida e a realizao perfeita de toda a obra. a Gnese Universal de toda obra invisvel e perfeita. o conhecimento do movimento perptuo. A castidade acrescenta energia espiritual e confere o domnio sobre os seres.
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A FORA Nasce a fora da f que no aceita a dvida dos sbios mercadores da cincia, que vendem seus valores para vencer a tentao suspeita. Entretanto, ela a chama que sujeita e depura os detritos dos fatores; ao ignaro, queima em vos amores, mas, para o douto a fora uma colheita. Do sbio, a tentao qual cadinho; sua mente, retorta de mau vinho, e o fogo a razo ao senso aliada. No forte quem goza o que possui; sim, o que pode e se abstm, no frui: duplo Poder a tentao domada!
Captulo XI A FORA A fora o fruto da tentao e a tentao a fonte de toda fora. Aquele que foge da tentao um covarde, enquanto o que se entrega a ela um tolo. Saber apoderar-se da tentao e aprision-la ser depositrio do prprio poder de Deus. A tentao o poder mgico, a fora oculta, a chave de todos os imprios e de todos os poderes. A tentao a serpente do den, o mais formoso e prudente dos animais do Paraso, detentora de todo poder e de toda sabedoria. Para apoderar-se de sua sabedoria preciso procur-la e para ser dono de seu poder preciso cativ-la. 0 Criador deu serpente tentadora toda a fora e sbio o que rouba a fora de sua tentao. Toda fora que opera no mundo moral e fsico produto da tentao criadora. A tentao o acmulo de foras da Natureza: obedec-la ser escravo dessas foras, ao passo que domin-la tornar-se seu senhor. A fora consiste, para a mente, na f em dominar a tentao; para o corao, no inflamar-se por ela e para os sentidos na continncia completa. Todo ser que se converte em joguete de suas tentaes fraco e escravo dos outros. A fora a independncia at chegar a hora do martrio; a sobriedade at chegar a hora da misria; porque para ser forte no preciso ser joguete do desejo nem da salvao, nem do anelo de libertao.
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A ao da tentao a encruzilhada de dois caminhos: um arrasta s profundezas da ignorncia, o outro exalta ao pinculo da fora. "Que Deus me livre das tentaes"! "No nos deixeis cair em tentao". Assim ora a humanidade e ns perguntamos: Que fora se pode conseguir sem tentao? Muitas vezes o medo da tentao uma fora que cria o que se teme. 0 desejo e o temor comunicam imaginao os seus resultados. Em que consiste o poder do sbio? No domnio de suas tentaes. A fora do mrtir consiste em rebelar-se contra seus desejos e morrer sorrindo de seus apetites. A morte, porm, no um smbolo de dor mas o emblema da verdade e da liberdade. A fora uma parbola nos olhos velados, nos ouvidos perscrutadores e nos dedos inflamados pelo fogo da nsia imortal. Do grmen do pranto ela extrai a alegria, da inrcia da morte faz pulsar a vida perptua. A fora sobrepe-se Natureza. A tentao da Natureza. Forte aquele que transcende a natureza da tentao pela tentao da Natureza. Quem consegue remover o fogo da tentao, vontade, tambm pode apag-lo. 0 homem o produto de seus pensamentos e aes. Se pensa bem, suas obras sero boas. No entanto, para agir ele precisa saber e para saber necessita praticar e para praticar mister que possua o desejo deliberado de fazer uma coisa. Se esse desejo bom, chama-se inteno, se mau, tentao. Quem pode, no entanto, separar a tentao da inteno? 0 raio da vontade que atinge as ondas da tentao extrai os vapores que se condensam em virtude da abstinncia e cai sobre a f humana a fim de dar-lhe vida e fora. A fora o grmen latente na semente que jaz enterrada na camada do solo. E a tentao que a faz sair da escurido terrestre para erguer-se ante o sol.
A fora a abelha que voa de flor em flor sorvendo o plen de todas. A tentao da abelha a flor em si, embora a abelha no fique prisioneira nas ptalas de nenhuma flor. Quem desejar a fora tem de conhecer suas leis. preciso experiment-la para gozar dela. F. preciso desfrut-la para am-la. preciso am-la para obt-la. Nem a deduo nem a induo podem dar-nos a fora mas sim a tentao dominada. Tanto nos homens quanto nos planetas vigora a lei de atrao a que chamamos de bom e de repulso a que chamamos de mau. Nem toda atrao, no entanto, boa e nem toda repulso m. Assim como toda atrao movimentada por uma repulso,assim tambm a atrao da fora a repulso dos efeitos do desejo. Cumprir tarefas ingratas poder; violentar apetites fora. Gozar quando se tem debilidade; dominar-se quando se pode deleitar fora. Reprimir as paixes pelo temor de suas consequncias covardia, pois estamos nos abstendo de um prazer para conseguir outro maior. Reprimir a tentao para o cumprimento do dever consiste na verdadeira fora. Fazer o bem para ganhar o cu o mesmo que evitar o mal a fim de no ir para o inferno. A fora no pode ser encontrada na virtude egosta nem no temor covarde das consequncias do vcio. A fora repousa na luta e cada vez que a vontade sai vitoriosa de uma tentao, um desejo fica estendido e morto no campo de batalha, vtima da desintegrao. 0 fogo purifica os metais, ao passo que a tentao purifica o homem. Quando aps a luta reina a paz, o homem assombra-se com sua fora. A fora experimentada na calma que sucede tempestade. A tentao a medida da fora e a fora a balana em cujos pratos se pesam o desejo e o domnio. A tentao o ritmo que move o corao. A fora consiste em saber o que existe alm do ritmo. A tentao a gua que corre precipitadamente e com fria; a fora a ponte sob a qual corre essa gua. 65
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O amor e a sabedoria engendram a fora. O desejo e a ignorncia engendram a tentao. 0 amor, porm, comea pelo desejo e a fora pela tentao. A tentao invade o corao com as chamas do prazer, mas a dor das chamas transforma o desejo em inteligncia e transmuta a inteligncia em sabedoria, e a sabedoria a fora. Quando a tentao atinge o pensamento, este tem de expressar-se em atos e registrar-se no livro da vida. Se o ato mau degenera o carter; se bom confere fora, vontade e vida.
O SACRIFCIO Veio do grande amor, em luz, o altrusmo; e este se desdobrou no sacrifcio; dar esperando, em troca, um benefcio, comrcio inconteste do egosmo. Dar de si prprio praticar o herosmo; dar amor, saber, sem artifcio; como o Cristo-Sol no seu solstcio que, ao morrer, lega terra o magnetismo. Doce, no bosque, a murta uma fragrncia No por virtude, menos por jactncia: -a lei, d o perfume que ela encerra. Deus, pelas mos do ser assim procede: criao o seu amor concede e, pelos olhos seus, sorri terra.
A CHAVE DO PODER Tentao, conscincia e sabedoria so sinnimos de fora. A tentao elabora a conscincia, a conscincia iluminada converte-se em sabedoria e a sabedoria fora. Em todas as circunstncias da vida preciso procurar a tentao a fim de domin-la e convert-la em fora. Quem no pode fazer isto deve seguir orando com os demais: "No nos deixeis cair em tentao" e continuar escravo da tentao. Aquele que conseguir vencer transmutar em ouro os metais contidos no corpo, atravs do pensamento dominar o destino do mundo e os homens traduziro seus desejos em atos.
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Capitulo XII O SACRIFCIO O sacrifcio o amor realizado. o fruto elaborado pelo amor da rvore. a fragrncia emanada do amor da rosa. a gua que brota do amor da fonte. o calor que se desprende do carinho do sol. a vida que redime o culpado com a prpria inocncia da vida. O sacrifcio o beijo do sol, do ar, das chuvas e do justo posto frente do traidor que usurpou a felicidade dos demais. O sacrifcio no consiste em dar o que se tem, mas dar-se a si mesmo. 0 sacrifcio a porta que d acesso Divindade,porque a Divindade sacrifcio e tudo passar por essa porta. O sacrifcio deve comear pelos pensamentos e terminar no corao. Ainda que seja uno, todo uno se manifesta na diversidade. As foras dementais da Natureza obedecem cegamente ao pensamento do sacrifcio porque a Mente Universal pensa por meio da mente individual do crebro humano. Dar do que nosso para obter um bem maior sofrer uma perda pessoal. Dar de si mesmo estender o Poder Divino sobre a famlia, uma cidade ou a terra inteira. Dar do que nosso ganhar as mentes dos homens; dar-se ganhar seus coraes. 0 homem um recipiente: enquanto est cheio de egosmo no cabe dentro dele nenhum tomo de Poder, porm, quando se esvazia dos apetites pessoais, fica repleto das guas da vida, a fim de poder aplacar a sede abrasadora dos mortais. 68
O amor limitado pede a posse,mas o sacrifcio no pede mais do que a si mesmo. O amor bebe o oceano da vida, ao passo que o sacrifcio se banha nele. Tudo se sacrifica pelo homem, mas este sacrifica ao Todo para si. O aroma da rosa no existe para narizes entupidos nem a luz do sol pode ser percebida pelos olhos do cego. Da mesma forma, Deus no existe para quem no percebe Sua existncia por meio do sacrifcio. 0 elixir da vida nasce da Eterna Fonte e a Eterna Fonte oriunda do oceano do sacrifcio. A alma recebe a influncia vitalizadora do Supremo Sol e o Supremo Sol o Supremo Sacrifcio. Aquele que no saboreia a amargura do sacrifcio no pode apreciar a doura da vida. O amor proporciona a felicidade pessoal e a caridade a felicidade alheia. No sacrifcio, porm, repousa a felicidade de ambos. O amor o caminho para o cu, a caridade a porta, mas o sacrifcio o prprio cu. 0 amor pode ser um fantasma movido pelas ondas do desejo no mar das ambies; o sacrifcio a nica fortuna que no pede para ser aumentada e que prescinde do suprfluo. O sacrifcio nasce da dor, assim como a aurora nasce da noite. Aquele que se sacrifica por um dia ser dono do tempo e dominar todos os animais que habitam em si mesmo. Aquele que se sacrifica ama, mas o que ama sacrifica. 0 amor-desejo a treva da mente, mas o sacrifcio a luz do corao. Quem no abandonar o sepulcro escuro da mente no poder banhar-se na luz do corao. "Eu sou a Luz do mundo" diz o sacrifcio pela boca de Jesus. "Quem me segue no caminhar nas trevas mas ter a luz da vida". O sacrifcio derrama a luz nas mentes tenebrosas. A mo deve traar os ditames do corao at que chegue o dia em que a massa cerebral seja amalgamada com o sangue luminoso 69
do corao, pois as aspiraes do corao so idnticas s de Deus. O amor no homem busca a satisfao, a caridade busca a recompensa. O sacrifcio, porm, a prpria satisfao e recompensa; busca a Divindade na dor. O amor procura a agradvel primavera, enquanto a caridade persegue o vero que nutre. O sacrifcio, porm, permanece como o campo que aceita todas as fases e mudanas das estaes que por ele passam. O amor contempla as maravilhas do prazer e a caridade a satisfao da recompensa. Ao sacrifcio, porm, correm a dor do prazer e a amargura da recompensa, tal como os rios turvos para o mar, a fim de serem clareados por ele. No silncio da noite, quando o sono cerra hermeticamente as plpebras do homem, a f exclama: Eu Sou a fora que desce nos raios do sol para nascer no corao do homem! O sacrifcio permanece silencioso pensando em seu corao: A f minha. A esperana diz: Eu Sou a raiz que se enterra no corao e abro caminho rumo seiva, em busca de alimento. O sacrifcio permanece silencioso e diz em seu corao: A Esperana minha. Diz a caridade: Eu Sou o tronco que une o cu terra; Eu Sou a escada da Divindade que sobe e da Divindade que desce. O sacrifcio permanece silencioso e diz para si mesmo: Eu Sou a Caridade. Diz a cincia: Eu Sou os ramos que carregam as folhas, as flores e os frutos celestiais que nutrem os famintos e saciam os sedentos. O sacrifcio permanece calado e pensa: A Cincia minha. Diz a religio: Eu Sou as folhas que cobrem com carinho o manto de flores e frutos, defendendo-os do rigor do tempo. O sacrifcio silencioso medita: A Religio minha. Diz a Arte: Eu Sou a flor que aromatiza e embriaga o mundo com minha fragrncia, Eu Sou o futuro fruto. 70
0 sacrifcio permanece calado e repete mentalmente:A Arte minha. Por fim, Deus diz: Eu Sou o fruto, Eu Sou a flor, Eu Sou a folha, Eu Sou o ramo, Eu Sou o tronco, Eu Sou a raiz e Eu Sou a semente. Ento, o Sacrifcio exclama, com todas as suas foras: EU SOU DEUS!
A CHAVE DO PODER preciso aprender a sacrificar algo de si mesmo pelo bem-estar dos outros; sacrificar o orgulho ante a ofensa; a comodidade ante a necessidade do prximo; a tranquilidade ante o incmodo alheio. bom dar do que se tem, mas melhor dar do prprio ser. O melhor Mestre o melhor servidor e o melhor servidor o melhor Mestre. Esta chave outorga ao homem o Poder do Verbo. Sua palavra dominar os vcios e defeitos alheios. Ter poder sobre os animais mais ferozes e daninhos e nenhum deles se atrever a atac-lo.
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A MORTE O raio cheio do fulgor da vida ferindo, fundo, o tenebroso nada, fez, um dia, brotar a alma encadeada ao seu corpo priso dessa ferida. Sonha, na primavera entretecida, a semente que dorme sepultada; e sonha a alma; no corpo enclausurada, na morte, que o caminho para a vida. a morte da vida o grande custo! Busca-a o fraco; do covarde o susto, pois ambos so os infiis da sorte. vida no se foge e nem se almeja, assim como da morte que negreja: O fim da vida sobrepor-se morte!.
Captulo XIII A MORTE A vida nossa me e a morte nossa irm. Quem aborrecer a irm ser aborrecido pela me. Aquele que ama a morte ser o predileto da vida; esta repudia quem tem medo da morte. Sbio aquele que sabe que, algum dia, h de morrer, mas no acredita na morte. Para saborear o prazer de estar vivo preciso morrer em vida e para gozar da doura da morte preciso senti-la e viv-la. Quando o Esprito se embriaga pelo amor, o corpo morre e sua morte nada mais do que a prpria embriaguez pela vida. A morte a saciedade espiritual do vinho dos dias e do nctar das noites. Viver afastar-se da Me: morrer aproximar-se Dela e dormir em seu seio. A vida a flor, a morte, o fruto. A flor embeleza, o fruto alimenta. Viver cumprir um dever, morrer receber um salrio. Ningum, porm, recebe o salrio se no cumprir seu dever. Viver comear uma obra e morrer termin-la. S o tolo comea pelo fim ou no pensa em termin-la como o covarde e o ocioso. A semente adormecida no seio da terra sonha com a primavera. A alma sepultada no corpo sonha com a ressurreio e com a liberdade na grande primavera. Atravs da morte a alma brota forosa e obrigatoriamente do corpo, caminhando erguida e orgulhosa sobre a prpria sepultura. 73
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Para conhecer o segredo da morte preciso descobrir, antes, o mistrio da vida porque vida e morte so dualidades da Unidade. Temer a morte ter medo da prpria sombra. O tero da Natureza a Porta Universal: sair por essa Porta vir para a limitao do tempo; entrar por ela voltar Eternidade. A criana malcriada tem medo da me. O homem malcriado tem medo da morte. Morrer despir-se dos impedimentos e livrar-se da jaula para elevar-se no ar e ser uno com a Liberdade. Assim como a primeira claridade para a cotovia e a aurora para o rouxinol, a morte chega para o esprito adormecido na noite da vida. Ainda que ilumine, no deslumbra; embora escura, no estorva; embora doce, no enjoa. Matar o desejo de viver e viver o desejo da vida aproximar-se do pinculo da sabedoria. Nenhum tesouro se compara a um minuto de vida; s a morte o digno preo da vida completa: preciso viver a vida para merecer a morte. Para nos livrarmos da foice da morte no preciso crescer na simplicidade da vida, mas a semente tem necessidade do campo para brotar e da foice para oferecer os seus frutos. Quem no mata o desejo d viver vive no desejo de matar e quem no mata o medo da morte vive temendo a vida. Para chegar plancie da morte preciso atravessar o tortuoso caminho da vida. Eu no viveria se pudesse crer que iria perecer junto com meu corpo. Isto me demonstra que vivi e que hei de viver outras vezes mais. Para morrer o homem precisa ter nascido e para nascer preciso ter existido, assim como para existir preciso ter sido transformado muitas vezes pela morte; para transformar-se preciso ter vivido muitas vidas. preciso haver vivido de uma forma nobre para que se morra nobremente. Uma morte nobre muito melhor do que uma vida indigna. 74
Quem no est pronto para morrer pelos demais no digno de viver com eles. Quem se queixa da brevidade da vida no pode aninhar a Eternidade em seu corao. Que seria do mundo se a vida terrena do homem fosse eterna? O inferno no seria um paraso em comparao com ela? O nscio teme a morte como mortal e aferra-se vida como imortal. O sbio ama a morte porque sente que imortal e continua trilhando o caminho reto da vida at o fim, como mortal. A vida um dom, a morte uma bno. O dom gratuito, a bno tem de ser merecida. A vida a sombra de um sonho, a morte a realidade do despertar. 0 raio brota do sol e a ele deve voltar. A rvore brota da terra e terra regressar. O Esprito brota do Esprito e a Ele retornar. Nascer florescer, morrer frutificar. Pela manh, a flor nasce ao receber o beijo do sol, noite abraa a morte para ressuscitar no fruto. Ao nascer, a vida separa-se da vida, ao morrer volta vida. Nascimento separao, morte unio. Sem a separao no h libertao e sem a unio no h identificao. O homem inimigo daquilo que ignora e tem medo do desconhecido. O objetivo da vida aniquilar a ignorncia e o que a morte objetiva familiariz-lo com o desconhecido. O sbio resolve estes problemas em vida; no espera a morte para conhec-la, pois para ele a morte no existe. O sbio pode morrer vontade a fim de banhar-se nas guas da morte e delas sair rejuvenescido. Ele pratica, na vida, a morte voluntria e, ento, sabe que a morte no o fim da vida nem o comeo da imortalidade, mas o movimento perptuo da Eternidade. Quando o homem morre vontade para suas paixes, pode ressuscitar os mortos porque a morte voluntria a conquista da morte.
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Para vencer a morte preciso conhec-la e para conhec-la preciso senti-la. 0 verdadeiro Ser eterno e rebela-se contra a ideia da morte e do aniquilamento.
A CHAVE DO PODER H vrios mtodos para sentir a morte em vida ou para morrer vontade;porm,o mais simples e menos perigoso o seguinte: Depois de um dia de jejum, reclinar-se comodamente num quarto escuro e concentrar a mente nesta palavra: Eu. preciso sentir o que est sendo dito e evitar o sono. Se a concentrao for completa, o corpo entra em suave torpor e o esprito fica desligado, conscientemente, do corpo. Chegar a tal resultado compreender o mistrio da morte, aprender a Cincia Universal e funcionar como intermedirio entre o mundo visvel e o invisvel. Em semelhante estado, o homem pode conversar com os espritos e adquirir o poder de ressuscitar os mortos e dizer, como Jesus: "Esta jovem no est morta, dorme". Tambm neste estado o homem pode conhecer os segredos da Natureza e receber os ensinamentos que no podem ser escritos nos livros. Morrer vontade rasgar o vu dos mistrios; ressuscitar vontade no esquec-los.
O MOVIMENTO OU A REALIZAO O raio todo em luz do grande Alento invade o corao; nele trasmuta a flor do senso em saborosa fruta e o fruto do saberem alimento. Abrasada da morte e nascimento a alma traa tambm a rota, e luta! E at a perfeio, vai resoluta, procurando na dor o valimento. A Eternidade, viva na memria, converte em ouro puro mesmo a escria, no gozo inconfessvel dos prazeres. Mas, quando na matria se procura, e encontra das paixes toda a amargura, essas paixes transforma-as em poderes ..
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Captulo XIV O MOVIMENTO OU A REALIZAO O segredo oculto dos dias e das noites dentro do corao humano precisa brotar e correr no rumo do Oceano da Atua-lidade e da Realizao. Qual o supremo desejo do homem? A Perfeio. Como se chega Perfeio? Pela Realizao. Quando a tristeza oprime e os desejos excitam, o corao sangra e, ento, a Conscincia procura a fora e o arbtrio. O sofrimento arranca a conscincia de seu letargo e esta, ao olhar o mundo pelas janelas dos sentidos, v a origem da dor, transmutando-a em prazer. Tudo se move, todo movimento conduz realizao e toda realizao leva plenitude da perfeio. O homem existe porque tem um ideal que deve realizar. Um ser sem ideal inconcebvel. A matria a porta que conduz realizao e a vida a da perfeio. Tudo na vida realizao e perfeio invisveis. Ningum jamais viu como a rosa fabrica o seu perfume e transforma sua cor. Vemos, no entanto, sua cor e sentimos seu aroma. O mesmo ocorre com o homem: ningum v sua santidade, porm, ao transformar seus desejos e anelos consegue descobrir o verdadeiro sentido da vida e converter-se em santo sem ser notado. Toda realizao experincia e toda experincia perfeio. Chegada a aurora, a flor abre seus lbios para beijar a luz. Vem a noite e a flor recolhe suas ptalas e dorme beijando seu ideal: a vida da flor experincia e realizao.
O esprito nasce num invlucro e viaja, qual nuvem, por sobre as montanhas do desejo e os vales de lgrimas at terminar sua ronda, voltando, ento, ao ponto de partida, que o Oceano do Esprito Universal. A vida do Esprito realizao e perfeio. A espiga da vida debulhada pelos ps dos sculos. O passado frutifica no presente, o presente semeia para o futuro e o futuro o filho esperado pela me. Tudo o que o homem realiza permanece escrito com letras de fogo na imensido do firmamento. Assim como o jasmim absorve sua vida e fragrncia do solo, a alma absorve da matria a fora realizadora e a sabedoria criadora. Todo desejo realizao que cria formas, cuja luta pela existncia as obriga a arraigar-se vitalidade do Criador. Todo pensamento vibrao e a vibrao o princpio da realizao. Toda palavra cria sua forma e a forma, para ns, o que nossa inteno faz ser. Ningum pode ver a beleza se ela no existe em sua alma. Acreditar-se feliz ser feliz. Acreditar-se infeliz ser infeliz. Desgraa, felicidade, formosura e fealdade no nos chegam de fora, mas brotam de dentro. O objetivo da realizao espargir a luz interna no mundo das trevas. O objetivo da realizao modificar a natureza das coisas opacas, fazendo-as luminosas; transmutar o metal bruto em ouro, a dor em prazer e a amargura em doura. 0 homem que sabe e no realiza semelhante ao tesouro do avaro que no til a seu dono nem aos demais. 0 homem que realiza um degrau entre o cu e a terra; uma rvore cujas razes esto presas Divindade e cujos frutos esto disposio dos coraes famintos. a nuvem carregada de gua que sacia a sede das flores no campo seco da vida. o canal que conduz a gua da vida aos mortais. o lavrador que lana as sementes do seu esprito nas almas frteis e sensveis para aliment-las.
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A Fora semeia em seu corao e os necessitados colhem os brotos. A Cincia amadurece seus frutos dentro do corao e os famintos os colhem. A sabedoria enche suas entranhas de azeite e o homem acende o prprio crebro para iluminar os que jazem nas trevas. 0 homem Deus pela realizao das obras de Deus. O Filho deve realizara vontade do Pai e a vontade do Pai vivifica o amor pela dor, semeando espinhos nos caminhos da vida. 0 Filho amado padece pelo amor a seus irmos e prepara o caminho tortuoso para os que seguem Seus passos. 0 Filho que realiza as obras do Pai no olha seno para a luz da obra, no se detendo para contemplar sua sombra. Espera com pacincia, como Deus, o fruto da realizao, mas no lhe apetece sabore-lo. O sol gira em torno de um eixo e o sistema gira em torno do sol. O Esprito gira em torno doEixo. Deuse o sistema corporal giram em torno do Esprito. Cada qual realiza sua obra pelo amor obra. Todo rgo, no corpo, trabalha para o Todo e o Todo trabalha para os rgos. Esta a verdadeira sabedoria que a mente humana no pde compreender at hoje. O movimento o esforo da vida para a realizao, a realizao a reao proporcional ao movimento. Uma realizao amorosa produz seu correspondente em equilbrio. A vibrao do Esprito gera a fora nos tomos. A vida luta contra a inao. Toda mente inativa morre na noite da fraqueza e no pode gozar da aurora do vigor. A inao a morte e o movimento a lei da vida. Trabalhar realizar e realizar aperfeioar-se.
A CHAVE DO PODER Todo saber se manifesta na obra e toda obra se imortaliza pelo amor obra. Todo saber que no se manifesta por atos um saber egosta. A ao a manifestao da vida e a realizao da vontade. A realizao consiste em concentrar toda a vontade e todos os sentidos na obra, a fim de aperfeio-la e de imortaliz-la. Amar a obra santific-la porque a realizao de um trabalho a cristalizao de um sentimento da alma. Ser fiel ao prprio trabalho chegar compreenso espiritual que induz realizao da presena do Poder Infinito e Central em si mesmo. E, por acrscimo, adquire-se o conhecimento de todas as coisas porque cada trabalho um elo na cadeia infinita de outros.
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O DESTINO O filtro capitoso do Destino mais amargo que o mal, curar pretende. A sorte no se compra, nem se vende: est gravada em ti, peregrino! Em tua sorte. Deus, com alto tino, no intervm; tampouco, como duende, o Fado te persegue, mas atende: do teu futuro s tu o paladino! E quando o lavrador, na sementeira, atira os gros terra hospitaleira, sonha, feliz, na messe que h de vir. Assim tambm, qual lavrador prudente, semeia o bem nos atos teus, contente, preparando a colheita do porvir.
Captulo XV O DESTINO Existe destino? 0 que destino? Duas coisas existem que, alm de fantsticas e imaginrias, so, no entanto, as mais caluniadas e vilipendiadas: o demnio e o destino. J se disse: imaginar ver. Assim, o homem imaginou o demnio e viu-o, assim como imaginou o destino e sentiu sua presena. 0 destino a reunio de todos os fatos, bons ou maus, personificados; o demnio a reunio de todas as perversi-dades realizadas. Por conseguinte, o homem o fabricante de seu destino e de seu demnio. O Esprito vibra e cria enquanto o pensamento amolda a forma e a f insufla o alento da vida na forma. A existncia de uma coisa depende da vibrao do Esprito, sua forma depende do pensamento e sua realidade, dos sentidos. Aquilo que o homem sente forma o mundo em que ele vive. Sua atualidade realidade. 0 homem hipnotiza-se por meio de seus pensamentos e acredita em suas iluses. Pensa que est separado do Esprito Criador e vive num mundo influenciado por um demnio que maneja o seu destino em oposio Vontade Divina. Quando cr em tudo isto, isto ser para ele como cr. No existe causa sem efeito, nem efeito sem causa. Nenhuma existncia isolada. 0 futuro o fruto do presente e o presente a flor do passado. Portanto, no h sorte nem destino. 83
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O destino a semente que encerra em si a causa que antecedeu e o efeito consequente. Admitir o acaso admitir efeito sem causa. "No vos enganeis. Ningum consegue enganar a Deus pois o que quer que o homem semeie, isso ele colher" (G-latas, VI, 7). "No se pode colher figo do abrolho". Cada fora opera em seu prprio plano e reage segundo a proporo de sua intensidade, sobretudo no que cai sob seu domnio. No h destino nem sorte. 0 destino a continuao do passado, a sorte o efeito no futuro. 0 destino a ao de uma causa, sorte a reao de um efeito. 0 destino a perfeita justia da Lei e a sorte sua perfeita capacidade. 0 prmio da sorte a fragrncia da boa ao e o castigo do destino espinho do mal. 0 destino o duro juiz que no pode ser subornado e a sorte carinhosa companheira que elabora as roupas com que nos enfeitaremos no futuro. 0 erro do passado aferra-se ao presente at cansar o homem. 0 presente agarra-se ao futuro e desgasta o corao. A dor do destino o princpio da cura. O amargo gosto da sorte o melhor remdio. O destino o pai que aplica o castigo merecido pela falta. A sorte a me que recompensa pelo acerto. O destino o conhecimento arrancado da rvore do sofrimento. A sorte a sabedoria colhida da rvore da experincia. Quem maldiz o destino ser amaldioado pela sorte e quem bendiz o pai ser abenoado pela me. Somos o que somos por fora da resultante de todos os nossos pensamentos, palavras, aes e experincias passadas. O que ainda seremos depende das mesmas causas. Todo homem o que em virtude do seu passado e ser o que ser em virtude do seu presente. O destino a melhor escola. De bom grado ou fora preciso aprender as lies e cada lio deixa sua marca na
memria. O homem colhe o que semeia e quem no semeia no colhe. Todo pensamento tem o seu resultado, toda palavra tem o seu efeito e toda obra produz reaes mediatas ou imediatas no futuro. 0 pensamento a semente: uma vez semeada na mente ela deseja brotar, crescer, florescer e frutificar. Por esse fruto se conhecer a rvore! O destino esteriliza a semente do desejo com o fogo da espiritualidade. Assim se tornar comestvel, mas no germinar mais. 0 destino o estmulo do Esprito Interno que trabalha para libertar o homem dos invlucros que o aprisionam. 0 destino herana do passado e um companheiro inseparvel da vida presente. Nem Deus intervm no destino do homem nem o demnio fatal arma ciladas em seu caminho. Ningum, tampouco, pode subornar a Deus com oraes que visem a aliviar os efeitos do destino. Tudo o que Deus pode outorgar Seu amor atravs do destino, a fim de que o homem O imite e procure a libertao em si e de si mesmo. Daquilo que ele foi deriva o que ele e o que ser, sendo que aquilo que ele agora poder apagar o que ele foi ou viria a ser. Um dos Upanishadsafirma: "0 homem um ser de reflexos: o que ele reflete nesta vida atinge a seguinte". Um antigo provrbio ensina: "Hoje o destino o dono. O homem o foi ontem". Assim, todo o homem pode ser dono de seu futuro apesar dos obstculos que tem de enfrentar no presente como consequncia do passado. O homem nasce de acordo com seus desejos e morre de acordo com suas aes. 0 destino o ourives que aplica no homem o fogo do sofrimento, a fim de dar-lhe uma nova forma. O homem forjou em sua mente os grilhes do destino que o aprisionam mas dentro dessa priso poder quebr-los.
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Todo mal fruto da ignorncia. Toda ignorncia dor e toda dor fruto amargo cado da rvore do destino. Todo desapego sabedoria; toda sabedoria um bem, todo bem fruto doce pendente da rvore da sorte. O homem o caminho e o viajante no rumo da perfeio. Quando o viajante no prepara o caminho, o destino no retirar a pedra que o obstrui. 0 Grande Tecelo Interno uniu os fios do destino com a urdidura do desejo. Para libertar-se desses fiose dessa urdidura preciso despir-se diante da vida.
A QUEDA O pranto o alimento bom do riso, sendo o xito o filho do fracasso; toda a queda prenncio do cansao de um dia cujos erros analiso. E so irmos a lgrima e o sorriso! Juntos se aninham dentro do meu regao, e juntos me perseguem, passo a passo: uma me inspira e noutro tenho o aviso. . . Na minha queda, com amor, bendigo a pedra, que a mo vil de um inimigo colocou, sem que eu visse, em minha estrada.. . Meu fracasso, chamo-o "a luz em meu caminho' pois os passos me guia, com carinho e me ensina a subir a grande escada!
A CHAVE DO PODER Para no sentir o gosto amargo do destino preciso abandonar os alimentos do desejo egosta e, at, da virtude egosta. Para ser dono do destino preciso aprender as causas do sofrimento, pois elas so a rvore da ambio enraizada no corao. Aquele que sabe arranc-la pode morrer porque j no necessita da vida. A chave consiste em trabalhar, pelo amor obra e no pelo desejo de ver nascer. E preciso semear, no seio da Me-Natureza, as sementes, deixando a Ela o resto da obra. Tal prtica dota o homem de vista interna, bem como da possibilidade de ler no corao e na mente dos demais, adquirindo a recordao das vidas passadas e a premonio das futuras.
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Captulo XVI A QUEDA Para cair preciso haver subido e para subir preciso haver-se erguido de uma queda. A queda um triunfo mascarado. 0 pranto o manjar da alegria. A dor o princpio da sade. 0 po que alimenta o homem filho do forno do padeiro. A gua que sacia a sede o conjunto das lgrimas choradas pelo cu. A prpria vida a queda de Deus na matria e seu obje-tivo vencer e superar os fracassos pela multiplicao dos xitos. No existe nem fracasso nem triunfo, assim como no h nem bem nem mal. A dor do fracasso a sada natural da flor de seu capu-Iho e o prazer do triunfo a queda natural das ptalas ao formar-se o fruto. No entanto, a dor do fracasso e o prazer do triunfo no residem na obra mas na mente que a dirige. O triunfo no se compra nem se vende, o preo do fracasso o triunfo. 0 homem busca o xito por vrios caminhos e bate em muitas portas durante essa busca; o nico caminho e a nica porta que conduzem ao xito o fracasso. Os homens so irmos na queda e inimigos na sorte. Quando esto felizes tm muitos deuses e quando dois se renem em nome do fracasso a compreenso imediata e o Deus verdadeiro est com eles. No fracasso o rei compartilha o alimento do pastor, o nobre o leito ao lado do lavrador e o sacerdote a taa da prostituta.
0 xito alimenta os coraes com desejos, enche os seus dias com hipcritas virtudes e suas noites com vcios desnudos. Na infelicidade, eles se libertam de seus vcios e oferecem suas virtudes sem qualquer preo. No xito, os homens dividem a terra em naes e levantam barreiras alfandegrias ou marcos divisrios que defendem com o prprio sangue e a prpria carne mas, no fracasso, eles se mesclam e confundem-se como filhos de um s Pai e de uma s Me, chamando, ento, ao Universo inteiro de Ptria-Me. 0 fracasso o milagre dos milagres porque funde os homens num s cadinho, transformando raas e naes numa s realidade, j que todos esto sendo alimentados pelo mesmo alimento, saciados com a mesma bebida e vestidos com a mesma roupa. 0 xito injeta no homem o soro da ambio perptua que o obriga a trabalhar noite e dia e a cada momento tem motivos para pensar e sofrer. Ele ser o escravo do dinheiro e sombra de seus lucros. Seus ps sero alimento de seu crebro, seu crebro alimento de seus ps; come-se a si mesmo sem sentir, como aquele gato que lambia uma lima e absorvia o sangue de sua prpria lngua, crendo que se alimentava do ao da lima. 0 fracasso o idioma universal que pode decifrar o significado das lgrimas e o sentido do riso. O xito o idioma nacional, cujo sentido s uns poucos compreendem. Caindo, o homem compreende-se a si mesmo. No xito, cr compreender-se mas nada compreende. O xito a espuma na superfcie do mar da vida; o fracasso o silncio das profundezas. O vinho da vitria servido na taa da derrota. Cada queda nos incita a tirar do caminho a pedra de tropeo, a fim de preparar o caminho para os demais. Os espinhos existentes no caminho da vitria s derramam o sangue mau das veias dos ps, a fim de lhes dar mais agilidade ao caminhar. O triunfo contnuo envenena com a preguia. O progresso debilita a fora com suas facilidades. O fracasso, no entan89
to, produz o amor, a caridade e a justia. O orgulho do triunfo adormece; a humildade do fracasso desperta. O triunfo atra as falsas amizades, enquanto o fracasso as filtra, separando a falsa da verdadeira. O xito ofusca a mente, o fracasso ilumina o corao. Ofuscados, no podemos ouvir o grito do precipcio mas, com a iluminao, podemos ver o cume da glria. A dor mensageira da vitalidade que ensina ao homem os erros do seu comportamento. O fracasso o mensageiro do xito que indica ao homem o melhor caminho. A vontade se fortalece com as dificuldades e na dor busca o remdio. As derrotas nada mais so do que as tortuosidades do caminho; o sbio aquele que vai em frente vencendo-as, sem parar para apreciar seus triunfos. O ouro da alma no se purifica a no ser pelo fogo das vicissitudes. O fogo terrestre converte a hulha em diamante. Tal o brado do xito: "Primeiro eu e, depois de mim, o dilvio!" O clamor do fracasso a voz do capito do barco: Primeiro as mulheres, as crianas, demais tripulantes e por ltimo eu! O clice do triunfo conserva no fundo a amargura da dor. A dor do fracasso abre nossos olhos para que eles possam ver melhor o erro causador do tropeo. Toda vontade se confirma com a dor do fracasso. A simpatia nasce entre os que caram e o amor reina entre os infelizes. A compaixo a mensageira da infelicidade. No fosse pela infelicidade no haveria neste mundo um s corao compassivo. 0 filantropo filho da pobreza. 0 reformador filho da tirania. 0 justo aquele que sofreu injustias. S capaz de aliviar a tristeza aquele que a padeceu. 0 sbio deve ser uma balana entre o fracasso e o xito. Quando os pratos de sua balana se encontram cheios de ambos, estabelece-se o equilbrio.
E quando um infeliz se aproxima dessa balana para pesar suas desgraas, o sbio coloca no prato oposto todos os frutos de sua prpria felicidade e todos os resultados de seus carinhosos conselhos, obrigando que este prato desa ao ser preenchido para sua prpria alegria.
A CHAVE DO PODER O objetivo da dor sentir o sofrimento alheio e o obje-tivo do fracasso saborear sua amargura, a fim de poder descobrir uma forma de aliviar a dor e de achar um remdio para a doena. Com a dor do fracasso chega-se a ser Mestre de Compaixo, que a meta de todos os santos e iniciados no Caminho da Perfeio. Cada fracasso deve ser um motivo para rendermos graas porque ele uma lio do Mestre que, embora dura, proveitosa. O Esprito Divino aceitou a queda na matria e a queda simblica de Ado tem por objetivo o desenvolvimento da conscincia e a aquisio da sabedoria por meio da experincia pessoal, pois a sabedoria sempre filha da experincia. Aquele que sabe beber do clice de seu prprio fracasso com conformismo, estudando detidamente os motivos dele, ser Mestre nos Mistrios da Natureza e esta levantar, obedientemente, o seu vu diante dele.
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VERDADE E MENTIRA
Mentem os homens na maior cegueira; formam do mundo a multido crescente; sem f nem luz buscam a fonte alente da esperana com ideia interesseira. A Palavra Poder uma videira aberta em flor em lngua que no mente. Falam s obras sobre a alma que sente e oculta-se a emoo na voz brejeira. Fortuna, paz, amor. . . A douta lira da lngua da verdade, doce, inspira e tudo d quele que a bendiz. Quem sente fundo tem pensar brilhante, e seu verbo na dor vigilante. . . pois fugir da mentira ser feliz!
Captulo XVII VERDADE E MENTIRA 0 homem uma lmpada cujo azeite a verdade. Aquele que alimentar essa lmpada com a mentira no poder dissipar as trevas do mal. 0 gelo da covardia esfria o calor da palavra persuasiva, a imundcie que cobre a rosa elimina sua deliciosa fragrncia. A f lor-de-ltus brota do seio das guas em direo ao sol sem importar-se com as dificuldades. A lngua do homem deveria ser como a espada que atravessa os vus da mentira. A lngua veraz a espada da justia, a luz da sabedoria, o blsamo das feridas, o orvalho do consolo, o vigor dos fracos e a arma da mente. Todo mentiroso covarde e todo covarde mentiroso. A palavra veraz o guia no deserto da vida, a luz na senda do caminhante, o fruto dos pensamentos puros e filha da paz interna. A mentira a semente da inquietude e a me de todos os males. Se ela salva o homem de um dano efmero, f-lo apenas para precipit-lo nas trevas da morte. A doura da verdade amarga na boca do mentiroso. Sua luz fere seus olhos enfermos. Sua sinfonia torna-se um rudo espantoso para ele e seu delicioso aroma mortifica o olfato infectado pelos germens da mentira. A palavra a ao mental: se a mente tenebrosa, a ao da palavra gera caos e confuso; se a mente iluminada, a palavra ordem e luz. Se a mentira subjugara I ngua, todos os vcios subjugaro a personalidade.
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preciso adormecer nos braos da verdade, a fim de despertar no seio da sabedoria. Aquele que confia na verdade no se extravia ainda que no veja o caminho pelo qual est sendo conduzido. O mentiroso no pode ser iniciado em qualquer cincia ou em qualquer arte porque a verdadeira cincia e a verdadeira arte so filhas da verdade. O homem veraz soberano rei e pontfice da criao. O covarde teme o grito da solido e, ento, canta para dissipar seu medo. O mentiroso teme a discrdia silenciosa de seu corao e fala. Os pensamentos irrequietos temem as imensas solides do silncio e manifestam-se em palavras para aniquilar o Pensador Interno e Silente. Quem conserva a verdade no corao no pode revel-la apenas com uma palavra, antes grava-a com seu olhar no corao dos demais. Uma alma negra cobre-se com o vu da palavra, enquanto a alma luminosa despoja-se de todos os vus para mostrar sua nudez. Quando a lngua liberta-se do jugo da mentira ela se torna onipotente: alivia a dor, domina a enfermidade e vence a morte; porque a imortalidade tem de chegar aos mortais. A verdade nunca fere e estar mentindo quem disser o contrrio. 0 que fere o dardo venenoso da lngua mentirosa que se esconde sob o manto da verdade, tal como a vbora sob as folhas. A lngua mentirosa, ao arremedar a verdade, veste-se de sarcasmo e suas palavras atravessam o corao como setas. A verdade nua, porm bela. Ela no pode gerar repugnncia. Ela doce e suave, nunca pode ferir. A mentira, quando nua como a verdade, repugnante. Quantas vezes no podemos suportar o conselho de nosso pai, irmo ou parente, enquanto nos inclinamos ante os mesmos conselhos dados por um estranho, ainda que, s vezes, sejam grosseiros? No ser porque os primeiros mentem at quando do conselhos, enquanto este ltimo diz a verdade?
A lngua mentirosa como a vbora: ao lamber o p fere o calcanhar porque nenhuma palavra pode perecer uma vez proferida. Quando a palavra sai da boca faz vibrar a atmosfera at o infinito e faz estremecer os prprios deuses, de forma que o impulso da palavra vocalizada impressiona a todos os seres e coisas que existem no Universo. Por que o homem mentiu? Porque o castigaram quando disse a verdade e, por medo ao castigo, continuou mentido. Por que o homem perdeu o poder da palavra? Porque mentiu e continua mentindo. A lngua mente quando a fonte da f esgota-se no corao e no deserto de um corao privado das guas da f s medram abrolhos. Do sublime consrcio do Pensamento com a Voz nasce o Verbo Divino. Pela cpula os dois elementos divinos o Pensamento e a Voz fecundam a Palavra sentida pelo saber, e consentida pela vontade, faz-se carne e manifesta-se em toda ao. O sentir e o consentir, o saber e a vontade, beijam-se, fundem-se no alento, donde emana a Palavra-Vida, filha do amor e da felicidade. O corao do homem qual chama fasca na mente e a lngua de fogo sai pela boca luminosa e clida, e desce sobre o homem, como aconteceu durante o Pentecostes, outorgando-lhe o dom das lnguas. Profanar a palavra pronunciada com o pensamento da mentira e o sentimento do engano ultrajara Deus de quem emana todo verbo; fazer isso matar a vida da palavra. Ao falar, o homem converte-se em Deus Criador. No entanto, quem fala o que no sente, renega o amor, a vida, o poder e Deus. bom criar, mas preciso criar o bom. bom falar, mas preciso viver a palavra falada. Viver a palavra proferida fazer viver a felicidade prpria e alheia. "Dou minha palavra" uma afirmao que equivale a dizer "Dou a meu Deus como refm". 95
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A CHAVE DO PODER O homem capaz de criar mediante a palavra mas, infelizmente, sua palavra criadora acha-se perdida. Quem j no ouviu falar ou leu sobre a Palavra Perdida, aquela Palavra Chave de todo Poder, que somente o Mestre, na hora de morrer, revela ao mais amado de seus discpulos? O discpulo, muitas vezes, consagra uma vida inteira para tornar-se digno de aprender a Palavra Perdida. Ns, no entanto, a daremos a cada aspirante, a fim de pratic-la por toda a vida. Ei-la: DESEJAR PODER, PENSAR SABER, FALAR CRIAR. Quem meditar e praticar durante vinte e um meses, com o objetivo de desejar a verdade, descobrir, por si mesmo, a Palavra Perdida. Bastar dizer ao doente:fique bom, ele ficar curado; ao desgraado: fique feliz, ele ficar; ao viciado: fique perfeito, ele ficar perfeito; ao morto ou morta: kumi ou kum e despertaro. Seus lbios estaro purificados pelo fogo da verdade e sua Palavra se converter em Lei. Este o nico caminho para a profecia e para o conhecimento do futuro. VOLUPTUOSIDADE E TEMPERANA Campos d'alma so campos de batalha, de apetites vorazes e obsesses. A voluptuosidade das paixes tanto a reis como a povos atassalha. Uma paixo desenfreada atalha qual tempestade, as dlcidas canes do rouxinol e as fortes intenes na areia do prazer, todas encalha. O corpo barco sobre um mar trevoso; leva, no leme, o esprito curioso e tanto voga que no mar se abisma! Mas lei dos chamados, dos eleitos: o domar os sentidos e defeitos para mudar da Vida o escuso prisma!
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Captulo XVIII VOLUPTUOSIDADE E TEMPERANA A voluptuosidade o florescimento de um desejo bastante perfumado, porm embriagador. A voluptuosidade o vinho delicioso do esprito, porm debilitante para os nervos. O esp rito o monarca do corpo e dos sentidos. A voluptuosidade a rebelio dos sditos contra o monarca. A voluptuosidade a videira cujos cachos so alimento, mas no suco fermentado h alegria e dor. Tomar pouco alegrar-se e inspirar-se; tomar muito embriagar-se e aniquilar-se. A temperana a taa cheia de prazer; a voluptuosidade a mesma taa, porm duas vezes cheia: o amadurecido a toma de uma s vez, a juventude repete o brinde. O prazer da temperana acompanha o homem at o fim da vida, o da voluptuosidade o abandona em plena juventude. A voluptuosidade uma rainha que coleciona escravos, a temperana a me que vela por seus filhos. Na primavera da vida, a voluptuosidade a mo da velhice, ao passo que o gozo da juventude o manancial de energia na idade avanada. O gozo o esplendor das estrelas no cu; a voluptuosidade a nuvem que oculta o sol nos dias frios. A sombra da voluptuosidade o remorso, a luz do gozo a satisfao. A colheita do prazer incontido a degenerao, o fruto do prazer bem dirigido o deleite. No somos partidrios das privaes porque elas armazenam desejos e, ao mesmo tempo, nos aumentam a tempe98
ratura at atingirmos a ebulio, mas quando o vapor no encontra uma sada pode estalar o recipiente. 0 corpo pede o que precisa, a mente aglomera o suprfluo. 0 sbio no busca o gozo porque sabe que este o espera no caminho. O ignorante busca a voluptuosidade como guia no caminho do viver. O gozo caminha entre os homens, a voluptuosidade os arrasta. A voluptuosidade o furaco que enfurece as ondas do mar, a temperana o sorriso da calma e da bonana. O gozo a herana que Deus outorga a Seus filhos, a voluptuosidade o prazer que muito promete, embora suas promessas sejam miragens do deserto. A voluptuosidade estraga os apetites de suas vtimas, que j no desejam seno ptridos manjares. Quem aquela formosa virgem cujo frescor excede ao do lrio do campo e de sorriso mais deleitoso do que uma rosa recm-desabrochada, de beijos mais doces do que a esperana, cujos lbios emanam um alento mais fragrante do que os aromas da Arbia, de quem a rosa inveja a cor das faces, de quem a brisa inveja o perfume do alento, cujo jbilo dana em seus olhos e seus passos seguem o ritmo alegre de seu corao? Ela a sade, filha do gozo e da temperana. O vigor mora em suas entranhas, o poder em seu crebro e a felicidade em todo seu ser. 0 jejum abre seu apetite, a moderao alimenta-lhe a felicidade e a parcimnia perpetua seus prazeres. Se os olhos so as sentinelas do homem, por que razo ele no sabe distinguir entre o bom e o mau, entre o normal e anormal? Se o estmago a medida exata para um peso limitado, por que o homem deseja devorar tudo que sua vista alcana? Se o juzo e a razo encontram-se no crebro do homem, por que este consulta o estmago e os sentidos? De que serve ao homem o ter olhos de guia se ele s busca cadveres putrefatos para alimentar-se?
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Este o Homem Microcsmico, semelhante a uma cidade simetricamente construda, com bases bem cimentadas, com muros bem nivelados, com ruas bem traadas, com casas repletas de habitantes, com canalizaes perfeitas, com seus comerciantes, industriais e operrios em trabalho alternado, dia e noite. Tal cidade tem um rei que seu dirigente, o rei tem seu ministro, administrador de correios, jornalistas, caixeiros, intrpretes e escreventes. Nessa cidade vivem bons e maus. Sete so operrios: a atrao, a adeso, a digesto, a repulso, o crescimento, o alimento e a memria. 0 rei a Lei natural e seu trono encontra-se no corao. 0 ministro a razo e reside no crebro. 0 administrador de correios o poder visual izador e reside no crebro frontal. Os jornalistas so os cinco sentidos. 0 caixeiro a memria. 0 intrprete a lngua e os escreventes so as mos. Se o rei bom e justo converter-se- na sombra de Deus na terra, pois quando a razo correta ela obedece a todos os poderes da alma. Assim como no mundo h bons e maus, assim tambm, no homem, encontram-se foras boas e ms como a paixo, a ambio, a inveja, o egosmo etc, as quais se rebelam contra a razo e contra a lei do corao. 0 rei, ento, precisa impor sua vontade e dominar os rebeldes. O ministro a razo que deve obedecer ao rei, a fim de combater os inimigos passionais e anelos exagerados, a fim de pacific-los e, em seguida, transform-los num exrcito til nao, embora nunca deva fiar-se neles e, caso voltem a se rebelar, precisar elimin-los ou exil-los. As ms foras no homem so dolos e, por isso, ele sempre tende a ador-los. Assim como o rei precisa ordenar a limpeza da cidade, corrigir os defeitos, dominar os maus, ilustrar os ignorantes e administrar a justia entre seus sditos, assim tambm o homem precisa limpar a sua cidade-corpo, corrigir seus defeitos, domar seus maus instintos, ilustrar suas clulas ignorantes e administrar uma justia perfeita entre suas necessidades e ambies.
0 jejum a melhor escova para tal limpeza. A privao a melhor correo de nossos defeitos. A absteno domina os maus instintos. 0 silncio e a meditao ilustram e, por ltimo, a temperana a mais perfeita justia que existe para satisfazer anelos e desejos.
A CHAVE DO PODER 0 homem dual: esprito e matria ou alma e corpo. As religies ensinam como o homem pode salvar sua alma. A Religio da Verdade ensina como deve manejar o corpo. Todo desejo voluptuoso que encontra satisfao debilita o domnio do esprito sobre o corpo e a privao voluntria a chave que abre a porta ao esprito interno para manifestar sua luz. bom comer, porm melhor assimilar. bom possuir coisas boas, porm melhor conhecer sua utilidade. Poder deleitar-se e reprimir-se entrar no Reino do Poder. Castidade no significa abstinncia, jejum no morrer de fome. A temperana o equilbrio entre os dois contrrios. O homem que pratica a chave da temperana ser fonte de consolo para os aflitos e o melhor conselheiro dos confusos.
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A FELICIDADE
O dita pessoal, falsa alegria que mascaras a face da tristeza, da nossa dor s trbida represa ventura v, que do sofrer s guia. Para a felicidade o amor via mas, quando o amor isento de impureza: na oferta de si prprio pe grandeza e aquece nos seus raios a alma fria. .. Na colmeia, acha ventura a abelha quando ao favo se achega, qual centelha, dando tudo sem nada receber. . . Feliz a flor, que toda uma fragrncia, feliz o trigo em onda de abundncia: mos que semeiam para no colher...
Captulo XIX A FELICIDADE 0 altru smo o nico solo onde a felicidade pode germinar e florescer. A felicidade a aurora da Divindade; o despertar do amor no-egosta. A flor da felicidade a simpatia pela dor alheia e seu fruto o servio desinteressado. A felicidade o altssimo dom de trabalhar como Deus e servir em Sua Obra. Nem o prazer satisfeito, nem os gozos colimados, nem a completa comodidade so felicidade. Obedecer Lei e servir so as duas asas mediante as quais o ser se eleva. Cada homem um canal por onde a felicidade se expressa; assim como o canal no deve reter a gua que por ele corre, tambm o ser humano no deve reter para si a felicidade, pois se o fizer, o canal pode romper-se. Enquanto o homem sentir a felicidade deve sentir dor. A verdadeira felicidade no pode ser sentida em si mesma, assim como o olho no pode ver-se a si mesmo, ainda que possa ver seu reflexo na gua ou no espelho. O homem feliz a manifestao de Deus. Resiste dor e ao prazer, luxria e paixo, assim como o gro resiste aos ventos do outono e s chuvas do inverno. A humanidade cr que a felicidade consiste no privilgio de possuir tudo para nada fazer. Acredita que Deus a perfeita tranquilidade e que Seu cu um lugar de indolncias, ao passo que a verdadeira felicidade no possuir nada para si mesmo e servir sempre porque Deus movimento contnuo e seu cu trabalho perptuo, sem descanso. 103
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Quem busca a felicidade para goz-la tropea na dor para que a sofra porque mais difcil gozar a felicidade do que viver sem ela. A maior felicidade consiste em no procur-la porque com ela o homem tem dez deveres a cumprir de uma s vez e o mais formoso desses deveres mais doloroso do que dez in-felicidades juntas, ao passo que sem ela no necessitar de outra coisa seno de conformao. Ningum quer aceitar que a felicidade uma flor que cresce entre espinhos. Para colh-la, no entanto, preciso rasgar as vestes, a pele e sangrar. A felicidade uma abelha que defende seu mel com um ferro envenenado, embora o mel da felicidade tambm seja o remdio universal para toda a dor. A plenitude da felicidade repousa no derramamento de todas as lgrimas dos olhos. 0 homem no deve pedir nada felicidade porque ela nada tem para dar. A verdadeira felicidade se entrega sem condies porque s o no-condicionado pode ser feliz. Um poderoso rei da antiguidade procurava, com af, a felicidade e oferecia fabulosas somas para encontr-la; suas tentativas, no entanto, foram inteis. Um sbio aconselhou-o a usar a camisa de um ser feliz para adquirir felicidade. Acompanhado de seu primeiro-ministro, o rei abandonou seu reino em busca dessa camisa. Visitaram reis e sditos, palcios e choas, pobres e ricos e no encontraram a feliz criatura de quem pudessem comprar a camisa. Chegaram, por fim, a um lavrador que arava seu campo e cantava ao fim de cada sulco feito. 0 rei aproximou-se, incgnito, e perguntou-lhe: s feliz, bom homem? Que me falta, senhor, para que no seja? Semeio agora e Deus amanh me dar a colheita. Termino meu trabalho ho je e, noite, minha mulher e meus filhos me esperam, a fim de lavar-me os ps e dar-me de comer. No ser esta a verda deira felicidade?
O rei pulou de satisfao por ter encontrado o homem que procurava. Juntou, ento, as mos em atitude de splica e, com a voz entrecortada de nsias, pediu: Vende-me tua camisa! Comovido com aquele pedido, o lavrador desabotoou o abrigo, descobriu o peito e disse: Senhor, no tenho camisa. Buscar a felicidade afugent-la. Ela nossa sombra. Se a seguirmos, foge, se a ignoramos nos segue. uma felicidade ser homem para depositar a prpria fora aos ps de uma mulher. uma felicidade ser mulher para adornar o homem com a ternura da prpria sensibilidade. uma felicidade ser rico pra repartir o po com os pobres, uma felicidade ser pobre para recompensar com a bno a mo que ofereceu o alimento. felicidade ser pai, responsvel pela famlia e ascender rumo realizao. felicidade ser filho e derramar uma lgrima de ternura filial que recompense o sofrimento do pai. felicidade ser jovem e rvore da vida carregada com frutos de esperana, felicidade ser velho para alimentar com os frutos da experincia os inexperientes. felicidade amar e ser amado porque as rosas do amor perfumam o mundo, felicidade ser ferido pelo amor porque o espinho do sofrimento, ao tocar o corao, transforma-o num manancial de piedade. Qual a finalidade da vida? - A felicidade. Que felicidade? A prpria vida. Por que o homem infeliz? Porque vive no passado ou tem medo do futuro, descuidando-se do presente. A vida a felicidade em si: onde quer que exista um rouxinol a cantar, onde quer que exista uma flor a desprender perfume, onde quer que exista uma rvore que frutifique a felicidade existe. No entanto, o homem aprisiona o rouxinol para ouvir seu canto, colhe a flor para cheirar e depois a joga fora e colhe o fruto para com-lo; o rei de todos, mas vive infeliz. E vive infeliz porque no aprendeu a dar mas s a colher.
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A felicidade nada pode dar porque nada tem para dar ou no pode separar-se de seus dons. A felicidade se entrega por completo criatura que nada lhe pede. A felicidade avara e, como tal, no pode distanciar-se de seus tesouros. A felicidade uma semente adormecida no corao: no pode brotar durante o inverno frio do amor mas apenas na primavera do altrusmo que quando rompe sua concha para elevar-se sem temor ao vento e erguer-se com majestade em direo ao sol. No se deve procurar sentir a felicidade e sim transmiti-la. A flor no perfuma a si mesma, espalha seu aroma para deleitar as narinas ss.
RESSURREIO OU RENASCIMENTO Dorme a carne e retorna o caminhante ao ponto de partida, nas alturas, pois dos corpos, nas frias sepulturas, a alma renasce como o sol radiante. Mas, ao surgir, de novo, no Levante, no conta o sol passadas nem futuras vidas; seus raios so flamgeras molduras que, ocaso ou aurora, abraam num instante. E, quando o corpo desce para a morte, a alma se apossa ento de sua sorte, qual piloto da roda do timo.. . A morte a asa em vo para a vida; e viver brotar da carne ardida como ao sol brota o Loto em florao.
A CHAVE DO PODER Altrusmo e felicidade so sinnimos porque o primeiro parte integrante da segunda. A felicidade a prpria Lei Natural: consiste em dar aos outros mais do que a si mesmo. A felicidade irm gmea do sacrifcio e, por isso, nunca se encontram separados. preciso consagrar, todos os dias, um pouco de tempo para fazer com que outros sintam a felicidade. Os mtodos para isso so inumerveis. Uma s caridade equivale a um ano de oraes. 0 homem que trabalha pela felicidade dos outros dono de si mesmo, dono dos homens, dono da natureza e de seus espritos. No existe outro caminho nem outro mtodo e mentir quem disser o contrrio. Ningum pode comprar ou adquirir felicidade. A felicidade se d e ela como todas as coisas, gira ciclicamente.
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Captulo XX RESSURREIO OU RENASCIMENTO A tenaz rvore, aps dar seus frutos, entrega suas folhas amarelecidas ao vento, para que este as disperse. O homem verdadeiro, que existe por si mesmo, quando termina sua tarefa diria entrega a roupa me para lav-la. Nascer vestir-se com roupas limpas, viver trabalhar e suar; morrer despir-se, ressuscitar banhar-se na fonte cristalina da pureza. As roupas ocultam o corpo, a morte oculta o homem. O corpo tem necessidade de muitas roupas durante a vida, assim como o homem precisa de muitos corpos. O corpo a flor presa no solo, sua fragrncia eleva-se no espao mesmo depois de murcha. A ressurreio a imerso do homem na Divindade, como o aroma se difunde no espao. O gro de ouro coberto de p volta a brilhar quando lavado. H duas mortes e duas ressurreies. A morte fsica no supe ganncia alguma, a rvore que morre antes de poder dar o que possui. A morte mstica o procedimento que elimina o intil. Na primeira, o homem ressuscita para voltar a morrer, enquanto, na segunda, ressuscita para converter-se numa coluna no templo do Pai. Hermes Trismegisto disse: "Bem-aventurados aqueles cujos vcios morrem antes deles". O verdadeiro ser do homem no morre para ressuscitar. Ele apenas joga fora sua veste imperfeita para usar outra que seja limpa e nova. 108
Essa a verdade sobre a morte e a ressurreio. Morre o imperfeito para dar lugar ao perfeito. Rompe-se a casca da semente e esta brota em direo ao infinito. Semeia-se um corpo terreno e ressuscita um corpo luminoso. A ressurreio dos mortos um fato da Natureza: o homem por fora ou pela razo est atado roda cclica dessa Lei, sendo Lei uma verdade eterna, sem princpio nem fim estabelecida na constituio do homem. Como, no entanto, nosso objetivo no decifrar a morte depois da vida, mas a morte mstica, tampouco trataremos aqui da ressurreio dos mortos mas da ressurreio mstica, que o alvo de nossa mira. A ressurreio mstica o renascimento espiritual. Para dominar a morte preciso morrer em vida, para convencer-se da ressurreio dos mortos preciso ressuscitar dessa morte. A ressurreio no a imortalidade. Somos todos imortais, porm poucos sabem ressuscitar na imortalidade. A imortalidade da alma uma ideia abstraa, sua ressurreio uma EXPERINCIA REAL. A ressurreio da alma acontece durante a vida e a mais experimental de todas as vivncias. O homem no deve procurar a metafsica da imortalidade mas a fsica da ressurreio, na prpria carne que se deve aprender o que ressurreio da carne. O sol se pe, a lua diminui de tamanho, a mar baixa; a ressurreio o sol nascente, a lua cheia a mar alta. Por isso o corpo de Cristo morreu na cruz para ressuscitar no terceiro dia. O Senhor da vida est crucificado no homem; "quando semeamos o corpo animal, o corpo espiritual ressuscita". O que possvel para o gro possvel para o corpo. O homem, na morte mstica, acende ele mesmo sua luz. O homem deve ajudar a ressurreio de Deus porque Deus expira e o homem aspira. A morte do Filho de Deus tem por objeto a ressurreio de Deus no Filho. Quem que morre para ressuscitar: o Homem-Deus ou o Deus-Homem? Nem um nem outro, mas um e outro. 109
Morre a semente, a planta ressuscita. Morre a planta e ressuscita-se na semente. Uma perptua troca de fora ressus-citadora produz-se entre elas, semelhante a uma corrente ininterrupta de fagulhas entre dois plos eltricos. Deus expira sobre a cruz-corpo e o homem aspira e ressuscita. Quando expirar o homem para que ressuscite Deus da tumba? O homem, porm, no pode ressuscitar sozinho: s ressuscita com a humanidade, com todo o Universo e com todas as criaturas. Cada homem que ressuscita da carne-sepulcro se converte em Deus e Deus necessita desses deuses para ressuscitar toda a humanidade, todas as criaturas e o Universo inteiro. Ante o homem, assim ressuscitado, todos os deuses caem de joelhos para beijar o p de seus ps. A ressurreio do homem, em sua prpria carne, no mundo, o comeo da Eternidade. Quem no pratica a morte e a ressurreio em vida, vontade, nunca poder convencer-se da imortalidade da alma. Quanto mais se ama o mundo atravs do corpo mortal mais se odeia a ressurreio eterna. A Personalidade Absoluta n,o reside no corpo nem no esprito. Ela o princpio vital que une a ambos e no est sujeita morte; s ressuscita quando o corpo morre. Para que a ressurreio seja perfeita na carne, no exterior, deve comear no interior do corao, ou seja, "em esprito e verdade". O corao do mundo o sol. 0 sol do homem seu corao. O mistrio do corao o Amor e o mistrio do amor a ressurreio. "Aquele que cr em Mim jamais ver a morte". Aquele que segue os impulsos do corao jamais morrer. Cada vez que o corpo animal morre ressuscita o corpo espiritual, toda vez que um vcio morre naquele, neste ressus cita uma virtude. Morrer para a iluso dos sentidos ressuscitar Luz da Verdade. 110
"Quem no nascer outra vez no poder ver o Reino de Deus", disse Jesus. Morre o homem velho para seus erros, paixes e vcios e ressuscita o homem novo no reino do saber e da virtude.
A CHAVE DO PODER O objetivo da ressurreio mstica ajudar os irmos que se encontram alm do vu. Aqueles que morrem para o prprio egosmo durante a vida, noite ressuscitam conscien-temente e se dedicam a ajudar os que abandonaram a roupagem material. Boas so as oraes e as oferendas, porm o conselho pessoal mais eficaz. Existe outro mtodo para os que, apesar de tudo, no podem morrer nem ressuscitar vontade, o seguinte: Antes de dormir, visualizar o que chamado morto. Tratar de convenc-lo, como se estivesse presente, sobre uma verdade universal que ele desconhece, a fim de que, ao adormecer, ambos espritos se encontrem e o encarnado cumpra sua misso, inconscientemente, com o irmo desencarnado.
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O JULGAMENTO OU A VOZ DA CONSCINCIA O julgamento a voz da conscincia qual inferno do ser, cujo suplcio devora, com seu fogo, todo o vcio, e condena e executa, sem clemncia. Mente quem diz que h sempre uma indulgncia e que Deus testemunha o sacrifcio. Toda a dor do saber benefcio, quando serve de luz para a inocncia. Como vestal, a voz interna apura o fogo, que, na trpode, depura o vil metal para torn-lo em ouro. A voz interna um misto de harmonia: - dos deuses a etrea sinfonia e dos anjos, os cnticos, em coro!
Captulo XXI O JULGAMENTO OU A VOZ DA CONSCINCIA Os instintos so os legisladores das leis, ao passo que as leis so os administradores dos instintos. A alma o campo de batalha onde o instinto luta contra a razo, porm, nem um nem outro so donos do campo porque ambos so intrusos. So duas nuvens de polaridades opostas no cu que, ao se chocarem, produzem o relmpago, o trovo e o raio. O raio, porm, no nem o relmpago, nem o trovo, mas a voz silenciosa que ilumina e queima. Os dois plos do homem so a mente e o ventre que lutam encarniadamente no corao, enquanto este vigia e espera que se cansem de suas mesquinharias, debilidadese loucuras para julg-los. Quando o raciocnio e os apetites se aniquilam ouve-se a Voz Intima do Juiz Interno e tem incio o julgamento final. A doutrina do corao a quintessncia da beleza. 0 objetivo da evoluo a plenitude da perfeio. A voz ntima do corao a Voz de Deus. A luz do corao flameja na verdade que afirma o mandamento. Sua chama mais resplandecente que a vida e seu fogo mais ardente que o dos apetites. Toda criao est permeada dos chamamentos do corao. Do Seio do Silncio procede a voz espiritual silenciosa que invadir o campo da conscincia. Seu clamor ser mais forte do que o fragor de mil troves juntos e esta voz dir: "TU S EU E EU SOU ELE presente em teu interior". "No busques em teu passado nem esquadrinhes em teu futuro porque o passado te condenar e o futuro te castigar". 113
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"As cadeias do passado, unidas s do futuro, prendem-te ao presente e crucificam-te com os cravos da inao". "Eu me movo e aquele que no se move comigo ser castigado por ter ficado em repouso". "Deves conciliar teu demnio com teu Deuse atar ambos ao teu prprio veculo: s firme apenas no modo de manter as rdeas". "Se um espinho tirar sangue de teus ps durante o caminho, rega-o com teu prprio sangue e ele se converter numa rosa. Se a baleia da morte te devora, depois de trs dias ela te lanar na orla da vida". "Derrama o fogo do Amor sobre a cabea do teu demnio e ele te guiar rumo ao Centro". "Faz com que o teu mal seja um bem e teu bem se envergonhar diante de teu mal". "Mata o amor criatura mortal e ama o imortal que liberta as criaturas". "No peas nada a ningum, Eu Sou a fonte do Dar". "Quando teu corpo for perseguido pelas ondas da paixo, afirma: j estou perto da margem, preciso ancorar para no encalhar". "E quando a tempestade rugir e pretender arrastar consigo a ncora de teu barco no procures o salva-vidas porque o capito que abandona o prprio barco por medo da morte morrer esfacelado contra as rochas da costa". "Quando o desejo de teu ventre bater porta de tua mente, ordena ao corao que abra a porta". "Quando a flecha da dor atravessar o teu corao, afirma: eu mesmo me feri mas devo curar a ferida e conservar a flecha como relquia". "Brinca com o teu desejo assim como o pai brinca com o filho, porm no te deixes montar pelo desejo como o filho faz nos ombros do pai". "Arranca de teu corao a planta das idades porque suas razes absorvem toda a seiva". "Apaga de teu corao os sinais do combate entre a mente e o ventre ou sai da briga se no quiseres que ambos te tirem o juzo".
"S louco prudente entre os ajuizados loucos". "Despe a vida do bem e do mal; tais roupas foram tecidas pela fraqueza". "Queima as histrias dos heris sanguinrios e lana suas cinzas nos olhos dos historiadores". "S livre de todas as religies e amars a verdade de todas elas". "Eleva-te sobre o bem e o mal, sobre o triunfo e o fracasso, sobre o amor e o dio e sers uma escada no rumo da imensidade". "Faze do que teu uma escada para Tl que conduza a Tl MESMO". "Aquele que tem o poder de matar tambm tem o poder de ressuscitar. Ontem mataste o teu DEUS, ressuscita-O agora". "Quando orares, repete as preces ditadas pelo Intimo mas no balbucies aquelas que os preguiosos usam para distrair-se". "Tua orao dever ser um desdobramento de teu corao". "Quando quiseres falar, que o sangue de teu corao matize tuas palavras". "Ontem, quando procuravas Deus, O mataste; hoje, ao ressuscit-Lo, deixa-O vir a ti". "Recupera tua vontade e despe-te da resignao porque o Homem supera o homem". "Foge da virtude que converte o homem em ano e segue o desejo que agiganta". "S o precursor de ti mesmo e dos demais e espera que tu mesmo e os outros te alcancem". "Que tua palavra seja um raio destruidor e que aquele que temer a destruio guarnea o prprio crnio com parara ios".. "Monta nas asas das tempestades diurnas, a fim de que possas romper as asas das tempestades noturnas". "Faze do sangue de teu corao uma tinta luminosa, de tua lngua uma espada e grava teu ideal em tua testa".
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"Toda palavra no escrita com a tinta do sangue apenas um trao na areia do mar". "Antes, porm, de falar escuta o fragor da voz das sete foras que jazem na conscincia do Universo". "Antes de contemplar a srie de pensamentos que se refletem na superfcie de tua mente, assegura-te primeiro de que secaste a fonte das lgrimas de teus olhos". "E antes de que tua lngua lance a bala mortfera, certifica-te de que no s o alvo". "Se no te condenares, ningum te condenar. Se no te julgares, ningum te julgar". "Teu corao o juiz, tua mente a executora da sentena e teu desejo o que vai ser executado".
A PERFEIO E quando recontei minha colheita e reparti meus frutos justamente, vi o infinito abrir-se minha frente e nele vi meus dons em terna espreita. Ao contempl-lo, perco a ideia estreita; e, se me apago, eis que me exsurge o Ente! Perfeio viver uniconsciente na Real Unidade, assaz perfeita! A perfeio de ser essa grandeza que, no todo se v, com tal beleza, que a alheia do passado e do seu modo.. . Eu Sou Ele, Ele Eu . . . fomos um dia. .. mas hoje, no h mais tal fantasia, pois no h Eu nem Ele... e sim um Todo!
A CHAVE DO PODER Todo ser guiado pela voz interna. Esta voz chamada instinto, impulso natural, sentimento interior, nos animais, e intuio no homem. Essa voz silenciosa muito perceptvel no corao e no espera que a consultem porque sempre antecipa os fatos e, se no ouvida, muitas vezes porque a voz do desejo do homem a suplanta. Procurar ouvir a voz e viver os seus conselhos elevar-se sobre o ritmo; iludir a enfermidade, a dor, a pobreza, a morte e ver o cu aberto diante de si a cada momento.
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Captulo XXII A PERFEIO No Princpio, Deus se fez homem. No Princpio foi a Unidade sem atributos. 0 primeiro atributo manifestado foi a vida. As vibraes da vida so as figuras geomtricas da forma. A forma nasceu da energia vibratria da vida, tal como o alento nasce dos pulmes do ser e a ideia da mente. A Unidade desdobrou-se em duas para poder manifestar-se, formando-se a polaridade. O sexo dividiu-se em masculino e feminino. Hermes separa de si Afrodite. Ado separa de si Eva. An-dros (o varo) tira de si Gyne (a mulher). Hermes e Afrodite voltam a ser Hermafrodito. Ado e Eva transformam-se em Jeov. Andros e Gyne fazem-se Andrgino pelo amor. Copulados esses dois elementos divinos pela fora do amor, nasceu a vontade que a ambos equilibra. A vontade aspira retornar ao seu poder antigo e a novamente unir-se ao Infinito; ento, para religar-se, inventou a religio. Uma vez materializada a religio, mpenhou-se em sepa rar o bem do mal, mas acabou perdendo esse objetivo, crucif i cando o homem entre ambos. Esta prova de crucificao entre o bem e o mal tem por objetivo o triunfo. 0 triunfo obtido por meio da justia e do equilbrio da Lei. 0 cumprimento da Lei Universal outorga a sabedoria. A sabedoria guia o Poder Criador, ou Sexo, Divindadt;, que a fonte da Fora.
A Fora impe silncio s fraquezas da personalidade e conduz o homem ao cumprimento do dever. O dever do homem o sacrifcio pelo bem de todos. 0 sacrifcio voluntrio supe a morte da personalidade. A morte da personalidade a passagem vida de realizao por meio da vontade. O destino a mais perfeita escola que ensina ao homem atravs do fracasso e dos golpes da queda. A dor do fracasso o nico caminho da Verdade. "A verdade vos tornar livres", afirmou o Mestre, da voluptuosidade das paixes. Ser livre das paixes e dos erros ser feliz. A felicidade nica consiste em ver a Luz Interna e trabalhar de acordo com a Lei pela felicidade alheia. Trabalhar de acordo com a Lei ressurgir da iluso da matria e conhecer a Vida Real. Ressurgir consiste em sentir-se Deus na conscincia dos vivos e dos mortos. Isto Perfeio e, uma vez fechado o crculo, j no se admite dilatao. No princpio, Deus se fez homem, hoje o homem se faz Deus. A vida uma onda do Grande Oceano, do Infinito sai e Eternidade volta. O Grande Sol evapora o homem do Oceano Eterno e o frio da morte o devolve ao mesmo Oceano. Da terra nasce a flor e terra volta. Desaparece a individualidade para integrar-se na Unidade. Quando a matria se eclipsa, revela-se a Divindade. Quando o homem perde a personalidade do seu Ser ele encontra seu Ser no Ser. Ao despir-se de sua roupagem pessoal, abriga a todos impessoalmente, domina seus sentimentos atravs de um imenso amor, controla os pensamentos por meio da doura da verdade, amolda suas vidas no molde da virtude e encaminha seus atos pelo caminho da perfeio. A perfeio o domnio de si mesmo para destacar-se sobre os demais, porm sem domin-los. 119
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A corrente no pode retornar alm de sua nascente nem os efeitos podem ser maiores do que suas causas; portanto, no h outra causa externa perfeio. "H tanto tempo estou convosco e no me haveis reconhecido?" A perfeio a beleza da vida despida de todos os vus. No h razo na perfeio, no h tempo nem espao no Infinito e na Eternidade no h princpio nem fim.
CONCLUSO Adeus, querido leitor, pois j hora de partir. Dou-te graas pela benvola ateno. Se esta obra te agradar ou te for til, eu sentirei o teu amor, assim como ters sentido o meu. Portanto, nos tornaremos a encontrar no crepsculo da mente e cantaremos juntos um hino ao Sol e o Pai-Sol nos dar com sua Luz Divina, as Chaves do Reino Interno.
A CHAVE DO PODER No sou eu quem a confere, seno aquele que disse "Sede perfeitos como vosso Pai Perfeito". Seguir o exemplo de quem ensinou isto chegar estatura Dele. Chegar estatura Dele "comer da rvore da Vida que se encontra no meio do Paraso de meu Deus". "No sofrer qualquer dano na segunda morte". "Receber uma pedrinha branca e, na pedrinha, um novo nome escrito, que no ser conhecido por ningum, seno por aquele que a receber". "Receber o poder sobre as pessoas e ser-lhe- dada a estrela da manh". "Vestir-se- com roupas brancas e seu nome ser declarado diante do Pai e de seus anjos". Por fim, os dois sero UM.
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