Bhagavad Gita PDF

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REFLEXES SOBRE A BHAGAVAD GITA

OSVALDO LUIZ MARMO

Osvaldo Luiz Marmo

Reflexo sobre a Bhagavad Gita

Introduo
Este texto uma reflexo aos ensinamentos da Bhagavad Gita - A Cano do Senhor -, a mais sagrada escritura da cultura espiritual da ndia e uma das mais importantes mensagens do Divino ao ser humano. Ela nos leva a uma importante reflexo sobre temas teolgicos e filosficos, mostrando toda a beleza da cosmogonia da Filosofia Vedanta. Este texto no uma traduo literal nem integral, fruto da minha experincia em comentar a obra nos vrios cursos que dei sobre o tema durante desde 1980, e foi elaborado com objetivo de resumir a Bhagavad Gita, mostrando sua essncia para que o leitor se sinta tocado pela mensagem divina, e se convide a fazer uma leitura completa da obra. O estudo contnuo da Bhagavad Gita um poderoso instrumento de despertar consciencial que nos leva a um profundo autoconhecimento, condio essencial para a auto-realizao no caminho da Luz Serena. A Bhagavad Gita considerada uma escritura revelada, cuja composio atribuda ao grande mestre e sbio Shr Krishna Dvaipayana Vyasa - que no confundir com o Senhor Krishna -, que sem dvida nenhuma foi um dos grandes mestres espirituais da ndia em todos os tempos. Composto por volta do sculo IV a.C., ela sintetiza o conhecimento das escrituras antigas, principalmente dos Vedas e dos Puranas, expondo-os em uma linguagem coloquial acessvel s pessoas que no esto habituadas aos textos em linguagem filosfica. Como obra literria a Bhagavad Gita parte da grande epopia Mahabharata, um pico monumental da literatura indiana, com cerca de 200.000 versos, onde ela est inserida no captulo 7, intitulado Bhishmaparvan ou Livro de Bhishma. Em sua estrutura final a Bhagavad Gita contm 700 versos distribudos em 18 captulos e pode ser lida separadamente do Mahabharata de onde foi extrada.

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O contedo literrio do Mahabharata uma grande metfora onde questes ticas, metafsicas e espirituais que fazem parte da teologia (brahmavidya) dos Vedas so apresentadas no enredo do romance. O desenrolar da histria nos leva a apreender a mensagem divina pelos dilogos dos personagens, e no caso da Bhagavad Gita pela conversa entre Krishna e Arjuna na plancie de Kurukshetra. Assim, a epopia que conta a histria do cl dos kauravas e dos pandavas torna-se um retrato vivo da vida e nos proporciona pausa para reflexo e exame de nossos valores e objetivos frente s grandes verdades espirituais. As histrias contidas no Mahabharata eram inicialmente levadas ao povo pelo canto dos bardos e menestris em suas idas e vindas de aldeia em aldeia, por sculos e sculos, at que com o advento da escrita, por volta de dois sculos a.C., foram grafadas inicialmente em snscrito e posteriormente em outras lnguas regionais, como o hndi e o tmil. O Mahabharata conta histria da origem de um feudo que teve seu incio com a disputa da terra por duas grandes famlias do norte da ndia, os j mencionados cls dos pandavas e dos kauravas. A origem desses dois cls nos contado no primeiro captulo do Mahabharata, denominado Livro das Origens e tem seu ponto central na cidade de Hastinapura, ento regida pelo Rei Vicitravrya filho do antigo Rei Shatanu e da rainha Satyavat. O pico em sua essncia relata a luta dos dois cls pela posse do reino e a querela tem seu ponto culminante em um grande conflito entre os cls, que culminou em uma batalha fratricida que teria ocorrido na plancie de Hastinapura, a Plancie dos Elefantes. O Mahabharata original composto por Vyasa tinha cerca de 10 % de seu volume atual e era denominado Jaya (Vitria). Com o tempo, o pico recebeu algumas interpolaes secundrias com a aposio de mais 24.000 novos versos, provavelmente compostos por um discpulo de Vyasa, de nome Vaishampyana, que elaborou detalhes da personalidade dos personagens, e enriqueceu a histria com dilogos cheios de sabedoria e motivos de profunda reflexo filosfica sobre a vida e seus objetivos. As adies finais foram sendo acrescentadas por vaishnavas seguidoras de Krishna, elevando o volume da obra para seus atuais 200.000 versos, quando ento o pico atingiu sua forma final no sculo II a.C., e passou a ser denominada Mahabharata.

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Existem duas verses crticas da obra que servem de referncia para todas as demais verses e tradues, conforme o indicado no Bhandarkar Oriental Research Institute of Poona. A primeira a verso escrita em lngua snscrita, e a segunda, escrita em tmil. Portanto, todas as tradues do Mahabharata e da Bhagavad Gita devem ter seus textos aferidos por essas duas edies. Finalmente, vale pena considerar que a obra pode no ser um relato histrico baseado em fatos reais, mas uma fico elaborada com a finalidade de compor um cenrio apropriado reflexo dos grandes temas espirituais e sociais da poca, embora a arqueologia moderna tenha encontrado provas de vrios dos eventos relacionados na epopia, como por exemplo, a recente descoberta da cidade de Dvaraka, onde o prncipe Krishna teria vivido. Por outro lado, o Mahabharata um smbolo dos seis sistemas de filosofia clssicos da ndia (Vedanta, Mimansa, Ioga1, Samkhya, Nyaya e Vaisheshika) e do conflito oriundo de suas idias. A obra em sua plenitude traz reflexes em trs nveis: a histria no plano da vida social mundana, no plano das relaes ticas e no contexto da teologia e da metafsica da Filosofia Vedanta. O aspecto mundano nos mostra o conflito fratricida com seu epicentro na saga das duas famlias. O aspecto tico expe o conflito entre o Dharma (Lei Sagrada) e o adharma (a vida profana). Ou seja, entre o bem e o mal; a justia e a injustia; o Eu e o no-Eu (ego), nas quais as partes em conflito representam a encarnao das potencias divinas materializadas na forma de deuses (devas) e demnios (asuras) finalmente vencidos com a vitria do dharma (e a dissoluo do ego). Entretanto a viso dos poderes demonacos uma imagem em linguagem metafrica e deve ser entendida como parte da natureza humana, que com suas memrias e condicionamentos filogenticos e instintos evolutivos atua como interface (mente ou psique) na manifestao da Conscincia Divina que se encarna e a natureza ao seu redor (realidade).

A palavra Ioga (ou Yoga) do gnero masculino em snscrito, mas usaremos o gnero feminino como o correto em portugus.

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Os aspectos teolgicos e metafsicos expem a natureza da Conscincia Divina e de sua manifestao, quando aquele que o Ser Uno torna-se muitos e o Cosmos surge como uma manifestao fenomnica e ilusria emergente da cognio sensorial e mental. Neste contexto a reflexo das idias envolvidas flutua entre a transcendncia e a imanncia, e a Divindade suprema apresenta-se ora sob uma forma testa (um ser divino manifestado como homem entre os homens) e ora sob uma forma pantesta (o ser divino imanente na vida), embora transcendncia, imanncia, tesmo e pantesmo sejam- a meu ver -, falsas questes, formuladas pela lgica relativa do ponto de vista humano e perdem significado quando examinadas sob a tica relativa do ponto de vista do Ser Divino, onde somente o Absoluto real. No contexto da Bhagavad Gita, o Senhor Krishna apresentado como o stimo avatar de Vishnu, a personalidade divina encarnada, por seu prprio poder, para restabelecer o Dharma e guiar a humanidade pelo caminho da descoberta espiritual do Eu verdadeiro ou Eu - Real (Atman), que se constitui no Self de cada ser vivo da natureza. Por outro lado, o aspecto transcendental da Batalha de Kurukshetra - tambm denominada Batalha do Dharma ou Dharmakshetra -, simboliza o grande conflito entre a mente instintiva por vezes denominada mente inferior (manas, o lcus do no-Eu ou ego) e a mente espiritual ou mente superior (buddhi, o lcus do verdadeiro Eu, o Self), a sutil estrutura que repositria do Dharma. O entendimento deste grande mistrio dual da natureza da personalidade manifestada a essncia do conhecimento exposto no Vedanta, o melhor da cultura que nos foi legada pelos povos da ndia antiga. Finalmente, agradeo a Madhu (Maria Antnia Marmo), pelo auxlio na leitura do texto e na sua redao final. OSVALDO LUIZ MARMO (Revisado em 2009)

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CANTO 1 A INCOMPREENSO DE ARJUNA


A Batalha de Kurukshetra uma metfora da luta interior que o homem iluminado, pela luz do Dharma, trava contra os instintos e condicionamentos de seu veculo animal - o corpo fsico -, os quais como contedos da mente manifestam a personalidade transitria e efmera (ego) que age como se fosse um individuo, em lugar de servir de veculo ao verdadeiro Ser - Real, o Eu. Nesse contexto os pandavas representam as foras do Dharma que fluem da mente espiritual para o para a mente instintiva, impelindo o homem na busca de sua essncia divina. Os kauravas representam os instintos inferiores e os condicionamentos, que foram importantes durante o processo evolutivo para garantir a sobrevivncia da nossa espcie, desde a primeira clula viva no coacervado primordial, at o corpo mamfero e primata do homo sapiens que usamos como veculo no estgio atual. Shr Krishna a voz da conscincia espiritual que aparece quando o discpulo est pronto e busca a Luz para iniciar a grande aventura de sua existncia. Arjuna o discpulo que como um guerreiro preste a iniciar a grande aventura de sua vida, luta contra sua natureza inferior para dominar sua mente instintiva e permitir o surgimento de um novo ser cuja existncia ser a expresso pura da conscincia divina. Entretanto, esta no em verdade uma luta entre o bem e o mal, mas sim um confronto que busca o equilbrio entre poderes divinos, uns necessrios para a manifestao individualizada da conscincia em suas vrias fases, e outros necessrios para a manifestao plena do Divino em cada um de ns. Ento tem incio a Batalha de Kurukshetra! Os dois exrcitos se antepem frente a frente na Plancie dos Elefantes. De um lado os kauravas com seus prncipes e todos seus exrcitos. De outro, os pandavas com os cinco prncipes irmos frente de seus exrcitos. Com os pandavas, Krishna, assume o papel de um auriga e comanda a quadriga de combate de Arjuna.

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Ento, Arjuna pede a Krishna que estacione o carro de guerra entre os dois exrcitos, para que ele possa contemplar aqueles a quem deve combater at a morte. Olhando o exrcito inimigo composto de parentes e amigos que, apesar das divergncias, foram partes importantes de sua vida, Arjuna cai em desalento e reclama (canto 1, versos 21). Os meus membros desfalecem, minha boca torna-se seca, meu corpo treme e meus pelos se eriam (canto 1, versos 30). Porque devo lutar e matar? No quero mat-los! (canto 1, verso 35) E vejo, Krishna pressgios funestos, e nenhum bem ao matar meu povo neste combate. (canto 1, versos 35). Por isso creio que no devemos lutar e matar os filhos de Dhritarastra, pois eles so nossos parentes. Como poderamos ser felizes, Krishna, matando nossa prpria famlia? (canto 1, versos 37).

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CANTO 2 O CAMINHO PARA A REALIDADE LTIMA


Neste canto, Shr Krishna inicia um longo dialogo com Arjuna, atravs do qual ele ensina tudo que um homem deve saber para se tornar o guerreiro da luz na luta contra as trevas da ignorncia. Porque o desalento? Porque essa tristeza e angustia, meu querido Arjuna? Tu choras por aqueles que no deves chorar, mas mesmo assim dissestes palavras sbias. Entretanto, saiba que os sbios no choram nem pelos mortos nem pelos vivos (canto 2, verso 11). necessrio dissolver o ego e a personalidade para transferir a conscincia, da mente inferior (manas) para a mente superior (buddhi), dando asas conscincia para permitir que ela alce vo para a grande aventura do humano, que sua ida ao espao consciencial do Reino Divino. Porque ento chorar ou lamentar pela perda das coisas do ego? Sobre a imortalidade: No se entristea, pois Eu jamais deixei de existir, nem tu, nem aqueles prncipes dos homens e tambm no haver momento em que ns deixaremos de existir no futuro (canto 2, verso 12). Como a alma neste corpo passa atravs da infncia para a juventude e desta para a velhice, assim tambm passa para outro corpo permanecendo viva. Os sbios no se confundem quanto a isso. (canto 2, verso 13). Entretanto, procure conhecer Aquele que O indestrutvel. Aquele por quem tudo isso penetrado embora nada O penetre e ningum capaz de causar a destruio desse Ser que imperecvel. (canto 2, verso 17). Quem se acha matador ou passvel de ser morto destitudo de discernimento e sabedoria, O Ser verdadeiro no mata e tampouco pode ser morto. (canto 2, verso 19). Portanto, o Ser Verdadeiro imortal e est alm do espao e do tempo, O Ser Verdadeiro eterno e inato e sendo parte emergente do Uno Absoluto no pode matar ou ser morto.

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No nasce, nem morre. Por ser inato e eterno, no morre morrendo o corpo. (canto 2, verso 20). Aquele que sabe que o Ser Real imperecvel, eterno e indissolvel, no deve pensar que pode matar ou ser a causa da morte de algum. (canto 2, verso 21). Tal como o homem abandona suas vestes velhas e veste outras novas, tambm o Ser Real abandona seu velho corpo e adentra em um outro novo que foi preparado para Ele. (canto 2, verso 22). Assim, uns O olham como uma maravilha, outros falam dele como um Ser Divino, mas a rigor ningum o conhece. (canto 2, verso 29). Ele o Ser Real ou a essncia Divina no corpo de cada um de ns, por isso no deves lamentar ou temer pelo destino de nenhum ser manifestado. (canto 2, verso 30). A ao pelo dever: Considerando que teu dever lutar, no deves temer, pois no h coisa melhor para um guerreiro que um combate justo. (canto 2, verso 31). Considerando igual o prazer e a dor, o ganho e a perda, a vitria e a derrota, ento parte para o combate; assim no obters o fruto das aes impuras (canto 2, verso 38). A ao desinteressada: Tens direito somente ao, jamais aos frutos, pois no deve ser o fruto da ao o que te impele a agir. Entretanto, jamais se apegue a no-ao, pois a inao no te levar ao despertar da alma (canto 2, verso 47). Pratica as obras abandonando o apego. Seja o mesmo no sucesso e no insucesso, este estado de indiferena denominado Ioga (canto 2, verso 48). O Domnio da natureza inferior: Quando abandonamos todos os desejos da mente ficamos satisfeitos conosco, pois vivemos na paz interior. Assim, atingimos a conscincia espiritual e firmamo-nos no conhecimento. (canto 2, verso 55). Por isto, um sbio aquele cuja mente no agitada pelos sofrimentos, pois no tendo desejos ou prazeres, ele est livre das paixes, do medo e da clera. (canto 2, verso 56). Portanto, suporta com sabedoria as dificuldades da vida, e no se entregue nem a alegria excessiva nem a tristeza. Assim, nada lhe roubar a liberdade. (canto 2, verso 57). Mesmo aquele que se abstm, s vezes

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ainda sucumbe ao repentina de um desejo tumultuoso. Mas quem conhece que o Eu Real a nica realidade, torna-se o senhor de si mesmo, dos impulsos, instintos e sentidos. (canto 2, verso 60). Tendo vencido o impulso dos sentidos pode descansar em minha Divindade, e contemplar o Eu verdadeiro, pois o irreal e o ilusrio deixaram de existir para ele. (canto 2, verso 61). Entretanto, saiba que no podem chegar verdadeira cincia aqueles que no entraram nesta paz, pois sem ela no possvel existir nem a sabedoria, nem a felicidade. (canto 2, verso 61). A paz interior: A paz interior (ou ananda) o estado de unio com o Ser Real, o estado de bemaventurana na conscincia Divina. Quem a atingiu, no se deixa embaraar nem desviar pela iluso. Assim, permanecendo nesta Paz infinita e duradoura, na hora da morte ir diretamente ao Nirvana para comunho com o Divino. (canto 2, verso 72).

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CANTO 3 O CAMINHO DA AO
Neste canto, tem incio a exposio da grande lei da dinmica da natureza, a Lei do Karma, ou Caminho da Ao Pura. A Lei do Karma uma das maiores conquistas da psicologia vdica, e se constitui num modelo para a explicao do comportamento humano. De acordo com este modelo, a mente de cada ser vivente formada pelos resduos de todas as aes efetuadas no passado, vida aps vida, pois quando o ser age, deixa em sua mente um resduo sutil da natureza da ao. Assim, cada resduo tem a caracterstica da ao e a dimenso da inteno que motivou a ao. Sendo incorporados mente do ser agente, s resduos formam sua estrutura que, sendo a interface cognitiva e ativa com o mundo objetivo, modula o comportamento do homem de acordo com sua prpria natureza interna. Assim o comportamento do homem depende da estrutura da mente, que por sua vez formada pelos resduos da evoluo social e biolgica, vida aps vida, espcie aps espcie. A palavra ao em lngua snscrita carma, por isto, definimos o comportamento humano dentro dessa lei. Mas, a Lei do Carma amoral, ou seja, o ser vivente no julgado pelo que fez e ningum o pune pelas aes efetuadas, pois tudo se passa dentro e conforme o projeto divino para a evoluo do veculo (no-Eu) de manifestao do verdadeiro Eu. O que ele (no-Eu ou mente) fez, fica nele e forma sua personalidade e sua maneira de ser. Se sua vida boa ou no, se ele equilibrado ou no, feliz ou infeliz, deve tudo isto a maneira como vive no mundo, pois est colhendo o que em si plantou. A Lei do Carma amoral porque o Divino fez tudo perfeito. O que ns vemos como imoral na conduta de cada um, nada mais que os instintos naturais, do corpo animal que vestimos -, fazendo seu papel no processo da vida. o no-Eu agindo como um animal instintivo, porque o Eu Real ainda no est no controle de seu corpo-mente. Inao Enganado est quem pensa que no agindo escapa dos resultados da ao, pois de fato, quem nada faz no caminha em direo da perfeio. Por outro lado, a inatividade

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no existe, pois tudo no Cosmos est em movimento constante. (canto 3, verso 4). Se algum se assenta para reter o alento e dominar seus sentidos, mas sua mente est apegada aos objetos dos sentidos, ilude-se e merece o nome de tolo. (canto 3, verso 6) Ao pura Porm digno de ser chamado de sbio, aquele que sujeitou seus sentidos ao Divino por amor ao altssimo, e expressa seu reto pensar pela reta ao. (canto 3, verso 7) Ao impura Os homens que apegados aos objetos dos sentidos, agem para obter recompensa e ganho, se aprisionam nos labirintos da mente condicionada. Pratica, pois suas aes por sacrifcio renunciando ao apego. (canto 3, verso 9) Ao como ritual -, a ao e os sentidos. O desejo impede o verdadeiro saber, ele como um fogo devorador difcil de se extinguir. (canto 3, verso 39). Os sentidos e a mente so seu alimento, por meio deles o desejo confunde o discernimento e obscurece a verdade. (canto 3, verso 40). Antes de tudo, deves vencer o inimigo de teu corao. Domina teus sentidos e teus rgos de cognio, afugenta de ti os geradores do mal. (canto 3, verso 41). Os sentidos so grandes e poderosos, porm maior a mente e mais poderosa que esta a razo. Entretanto, lembra-te que acima da razo est o Eu Real, a Luz da Divindade manifestada no Cosmos. (canto 3, verso 42). Reconhecendo o Eu Real como o Poder Supremo, domina por seu poder o no-Eu, subjugando assim os contedos da mente. Esta tarefa difcil, mas no impossvel. Combate o desejo, domina-o pelo poder da Luz Divina do Eu Real, no deixe que ele seja o teu senhor, mas faa dele teu escravo! (canto 3, verso 43)

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CANTO 4 O CAMINHO DO CONHECIMENTO


Neste canto apresentado o segundo dos trs pilares da Bhagavad Gita, o Jana Ioga ou Ioga da sabedoria, o caminho do conhecimento que dissipa a ignorncia e leva o ser humano a iluminao. Avatara Como eu devo-te entender quando dizes que ensinaste a doutrina dos sbios a Vivasvat que viveu h milhares de anos? (canto 4, verso 4). Muitos foram meus nascimentos e tambm muitos foram os seus. Eu sou consciente deles todos, mas tu no o s! (canto 4, verso 5). Escuta este mistrio. Eu sou superior aos nascimentos, sou inato e eterno, sou o senhor de todas as criaturas, pois tudo emana de Mim. Assim, Eu naso gerado pelo meu prprio poder. (canto 4, verso 6). Sempre que o mundo declina em virtude e justia, sempre que a espiritualidade ignorada, Eu, o senhor, naso gerado pelo meu prprio poder, nascendo e vivendo como homem entre os homens. (canto 4, verso 7) A rigor um avatar uma encarnao divina. Mas, antes de refletirmos sobre o assunto cabe uma pergunta; o que uma encarnao divina? A resposta no simples, porque todos os seres da hierarquia csmica so reflexos da Conscincia Csmica. Sabemos que o Reino de Deus composto por uma hierarquia de seres em uma variada gama de restries conscienciais, que vm do Absoluto, que a Conscincia Csmica, at a mais restrita forma consciencial manifestada e individualizada (possivelmente o reino mineral). Assim, em cada nvel da hierarquia existe uma manifestao do Divino. Isto verdade para os trs reinos: o mineral, o vegetal e o hominal. Portanto, qualquer ser da hierarquia, que esteja acima da mdia do nvel humano em princpio considerado um avatar para alguns, embora esta designao deva ser sempre entendida e reservada para um Ser de dimenso divina.

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Devoo Quem Me reconhece em minha encarnao, em minha essncia, no precisa encarnar-se mais ao deixar seu corpo mortal. Esse ser vem morar comigo e gozar da bemaventurana. (canto 4, verso 9). Muitos j vieram assim a Mim, tendo se libertado do medo, dio, ira e paixo. Quem a Mim se dirige com firmeza e em Mim fixa sua mente, purificado pela minha chama sagrada de amor e sabedoria. Ento, livre da atrao dos objetos terrenos, torna-se semelhante a Mim, penetrando na minha essncia espiritual. (canto 4, verso 10). Eu acolho com amor a todos que Me procuram, quaisquer que seja o caminho que sigam, porque todos os caminhos e todas as formas religiosas a Mim conduzem embora possam ter denominaes diferentes conforme as culturas e etnias. (canto 4, verso 11) Ao e inao Poders dizer que s vezes at os sbios no sabem definir o que ao correta, ao incorreta e inao. (canto 4, verso 16). Quem se adiantou de tal maneira que capaz de ver ao na inao e inao na ao, pertence aos sbios da raa e permanece em harmonia enquanto pratica suas aes. (canto 4, verso 18). Suas obras so sempre livres de vnculos com os resultados, e sua atividade cheia de sabedoria livre de desejos. Assim o sbio desperto! (canto 4, verso 19) Ao consciente e autodisciplina O sbio no espera lucro no que faz, no receia perda e de nada depende. Assim ele age com os sentidos sob o domnio da razo. Como tal Ele o senhor de seu sentir e pensar, o Eu verdadeiro no interior da alma. (canto 4, verso 21). Sempre contente com tudo que o dia lhe oferece, no se deixa alterar pela ventura ou desventura. Assim, ele livre de inveja e equnime tanto no sucesso como no insucesso, fazendo sempre o melhor, sem apego a obra ou a seus resultados. (canto 4, verso 22)

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Ao como ritual Muitos devotos invocam deuses inferiores, outros adoram o Princpio Divino no fogo do amor. Outros oferecem sacrifcios, renunciando ao que agrada ao ouvido, vista e aos outros sentidos. Outros cantam hinos devocionais, depositando no altar do corao os prazeres da vida, para alimentar o fogo mstico da renncia. Outros praticam a respirao sagrada dominando a inspirao e a expirao pelo poder da vontade. Outros praticam abstinncias, jejuns e esforam-se por sacrificar a vida material, pela vida espiritual. (canto 4, versos 25, 26, 27, 29, 30). H muitas formas de sacrifcio, adorao e moderao no domnio de si mesmo. Porm, melhor que sacrifcios de objetos e coisas o sacrifcio oferecido pelo saber, pois o conhecimento perfeito em si mesmo o coroamento de todas as aes. (canto 4, verso 32, 33). Os sbios que possuem a sabedoria interior esto prontos para ajudar aqueles que procuram a Verdade. Ainda que tenhas cometido muitos erros, o conhecimento da Verdade te conduzir sem perigo pelo agitado mar da iluso e da ignorncia. (canto 4, verso 34, 36). Conhecimento purificador: No h no mundo purificador maior que a chama da verdade espiritual. Quem a conhece e a ela se dedica, dissolver as amarras do ego e viver na paz do verdadeiro Eu, a essncia divina presente em todo ser vivo. (canto 4, verso 38). Pois o conhecimento da verdade dado para todos aqueles que vivem sob o poder da f, dominando o ego e as impresses causadas pelos objetos apreciados pelos sentidos. Tal ser conquistou uma grande sabedoria, e a paz oriunda dessa o levar ao Nirvana. (canto 4, verso 39).

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CANTO 5 O CAMINHO DA RENNCIA AOS FRUTOS DA AO


Neste canto, Krishna inicia a exposio da Ioga da renncia dos frutos da ao, continuando a explanao da Leia do Karma. Renncia e ao Meu querido discpulo, tanto a renncia ao quanto a prtica da ao desinteressada tem grande mrito, mas a ao sempre prefervel a inao, pois a inao no o leva a liberao do ciclo de renascimentos. Entretanto, para no cares em confuso, entende bem estes conceitos: somente se abstm verdadeiramente da ao incorreta aquele que olha as aes com indiferena, no se apegando a elas, nem a seus frutos, e tampouco sentindo repulsa por elas. Saiba que quem vive acima dos pares de opostos um sbio. (canto 5, versos 2 e 3) Ioga. Quem firme na prtica da ao correta, dominando a si mesmo e subjugando seus sentidos e seus desejos vontade do Divino, sente-se uno com o Ser Supremo e no influenciado pelas obras que pratica. Ele conhece o princpio da vida universal e o que dela advm, e sabe que no ele, o princpio consciencial divino quem age. Ele sabe que as aes so engendradas pelo seu veculo natural (mente-corpo), o corpo que quem v, cheira, sente, come, caminha e respira. Em verdade a mente e os sentidos que fazem sua parte no mundo sensual e material. Portanto, deixemo-los agir. Eu no sou escravo deles, porque sei que seu objetivo a manuteno do processo da vida material. Quem encara suas aes como obra dos sentidos e as executa sem apego aos seus frutos, no contaminado pelo agir, tal como a flor de ltus no contaminada pelas guas impuras que a rodeiam. (canto 5, versos 7, 8, 9 e 10)

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O Agente da ao: Em paz, harmonia e bem-aventurana vive o ser que em si mesmo encontra a fonte da felicidade, por se sentir unido Divindade e desapegado dos objetos do mundo exterior. Portanto, quem em si mesmo encontrou o cu e a Luz da iluminao um santo, porque fez sua vida confluir com a Divindade Suprema, que lhe abriu as portas do Nirvana. Assim, aproximam-se da paz divina todos aqueles que seguem este exemplo, vivendo na simplicidade sob a luz da f. Eles souberam controlar suas aes e dominar sua natureza material (no-eu). Quem assim age, Me conhece tal como eu sou, pois eu sou o Senhor do Cosmos e o amante de todos os seres, aquele que ampara e protege todos os que tm domnio de si mesmo e devotam a Mim suas aes. (canto 5, versos 21, 24, 26 e 29) Lei do Karma Vivendo em harmonia com a natureza, sem desejo e esperana de recompensa por suas aes, o Ser alcana a paz. Entretanto, inquieto e descontente todo aquele que no vive em tal harmonia e age por desejo de recompensa. A essncia divina do sbio que renunciou os frutos das aes e inaes habita o corpo que o Templo da Essncia Divina, conservando-se em paz sem nenhum desejo de agir. Mas, Ela est sempre pronta para fazer sua parte quando o dever a chama, pois sabe que ainda que seu corpo - esta cidade de nove portas - se ocupe das aes, Ela, o Eu Real, permanece como a testemunha das aes. O Eu Real o Senhor do mundo e no produz nem as aes, nem as relaes de causa e efeito entre estas e seus frutos. Em tudo isto somente age a natureza dos seres. (canto 5, versos 12, 13 e 14) Salvao pela ao: Meditando no Ser eterno que o Eu Real, unindo-se a Ele, conhecendo-O e amandoO, o devoto passa aos estados superiores da existncia, aos planos conscienciais mais altos, dos quais no mais se volta aos planos inferiores da existncia. Ento, no se deixe fascinar quando te acontece algo agradvel, nem percas o entusiasmo quando tens um revs. Eleva tua conscincia esfera da Luz Divina, imerge-te na Divindade

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Suprema e participe desse imenso esplendor. Na paz eterna vive o Ser que em si mesmo encontrou a fonte da felicidade, por ser um com o Divino e viver sem apego pelo mundo exterior.(canto 5, versos 17, 20, 21) Autodisciplina: O verdadeiro sbio no deixando os objetos exteriores influenciarem sua alma abre sua viso luz eterna. Ento, unindo seu inspirar com seu expirar vive em harmonia Comigo, o Divino. Todos os seus sentidos obedecem vontade espiritual, todo o seu pensar tem razes na Divindade. Nada para si deseja, nada receia. No sente dio, tampouco ira. O Ego no mais comanda suas aes, Ele um Ser realizado. (canto 5, versos 27 e 28)

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CANTO 6 O CAMINHO DA MEDITAO


Neste canto Krishna define o que a Ioga, o iogue e o caminho da libertao pelas prticas devocionais. Ioga: Saiba que a reta ao praticada com o conhecimento da verdade a melhor renncia, o melhor ascetismo. Porque o ascetismo consiste em verdade s no desinteresse. Portanto, se a ao no acompanhada pelo conhecimento da renncia dos resultados no pode ser denominada reta ao. (canto 6, verso 2). Quando o homem est livre do apego aos frutos das aes e ao propriamente dita, bem como aos objetos dos sentidos, ento atingiu o mais alto grau da reta ao e tornou-se um perfeito iniciado, um mestre na ao. (canto 6, verso 4). Cada um deve elevar-se espiritualmente pela fora de seu Divino Esprito, o Eu Real. Este Ser verdadeiro o melhor amigo do sbio e desperto, embora para o ignorante possa parecer seu pior inimigo porque tende a aniquilar seu sentimento de personalidade separada. (canto 6, verso 5) O Eu e o Ego Aquele que atingiu o saber e conhece o Eu Real como a conscincia em si mesmo, aquele que permanece tranqilo no meio da agitao do mundo, por ser calmo, estar sempre contente e sentir compaixo por todas as criaturas, no se alterando nem pelo frio ou pelo calor, nem pelo sofrimento nem pelo prazer, nem pela honra ou pela desonra, vendo tudo com equanimidade, seja barro ou ouro, sendo afvel para com todos, seja amigo ou no, parente ou no, santos ou pecadores. Este Ser est em Mim e Eu estou nele (canto 6, verso 7, 9). Assim, quando um devoto tem pleno domnio de si mesmo, e conserva a mente fixa no Eu Real, no tendo anseio por nenhum objeto desejvel, merece o nome de Yukta aquele que cheio de graas. (canto 6, verso 18). Em realidade Eu te digo que aquele que Me v em tudo, e todo o Universo em Mim, nunca Me abandonar e nunca ser por Mim abandonado, pois para sempre estar ligado a Mim pelos laos preciosos do amor. (canto 6, verso 30). Portanto, quem

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Me reconhece em todos os seres, amando-Me e comigo se unindo, participa da vida eterna em Meu Ser, qualquer que seja o seu modo de vida exterior neste mundo. (canto 6, verso 31). Alguns dizem ser difcil dominar a mente porque ela instvel, ora inclinando-se para um objeto, ora para outro. Entretanto, quem fortaleceu sua vontade por meio de exerccios devocionais e disciplina tornar-se o senhor de seu corao e de sua mente. (canto 6, verso 35). Saiba que embora a unio (Ioga) Comigo seja dificlima para quem tem a mente descontrolada, esta unio possvel e acessvel para quem a tenha sob controle. (canto 6, verso 36) Pergunta Arjuna: Entretanto, explica-me mestre, qual a sorte daquele que embora tenha f, mas ainda no atingiu a perfeio e a unio, porque no dominou sua mente e se afastou do caminho da disciplina. (canto 6, verso 37) Sorrindo Krishna explicou: Ningum perece nesta condio ou ser prejudicado. No se perde nunca quem vive honestamente e em Mim confia. (canto 6, verso 40). Aqueles que com devoo e f realizaram boas obras, mas careceram da aquisio da verdadeira disciplina, vo habitar o cu dos justos ao deixarem este corpo fsico. Embora eles no tenham adquirido a perfeio, seus mritos os conduziro ao espao consciencial daqueles que ainda no atingiram a perfeio, para aguardarem o momento de um novo renascimento em condies propcias. (canto 6, verso 41). Assim, em uma nova existncia ele recuperar sua condio espiritual e assim sentir-se- preparado para dar continuidade a seu despertar para a Perfeio. (canto 6, verso 43). Aquele que procura a Verdade, confiando no Dharma ou Lei Absoluta, e faz sempre o melhor que pode, considerado maior que um erudito, asceta ou fantico que procura obter o despertar atravs de ritos exteriores e mortificaes, praticando suas obras com o desejo de recompen-

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sa. Sejas, pois um guerreiro cheio de f, amor e bondade. (canto 6, verso 46). Pois de todos os meus discpulos Eu prefiro aqueles que Me adoram com f e a Mim dedicam o interior de seus coraes, pois em seus coraes transborda Meu amor, minha presena e com ela vem a paz suprema. (canto 6, verso 47)

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CANTO 7 O CAMINHO DA REALIZAO


Neste canto, Senhor Krishna apresenta a verdade suprema, o conhecimento mstico que nos revela a Divindade e a relao Dela com o Universo. Poucos so aqueles que entre os milhares da raa tm suficiente discernimento para chegarem perfeio. E entre estes, poucos a procuram com sucesso. (canto 7, verso 3). Saiba que minha natureza manifesta oito formas elementares, conhecidas como; terra, gua, fogo, ar, vazio, mente, razo ou intelecto e conscincia individual. (canto 7, verso 4). Mas, alm dessas formas elementares manifesto tambm uma natureza sutil ou espiritual, superior e mais nobre. o princpio que vivifica e sustenta o Universo. (canto 7, verso 4). Os elementos so a matriz da criao. Eu sou a fonte de toda a criao, de onde ela tem sua origem e para onde ela retorna. (canto 7, verso 6). Alm de Mim no h nada. Tudo depende de Mim e por Mim sustentado, tal como as prolas de um colar so sustentadas pelo fio que as une. (canto 7, verso 7). Eu sou o fluir da gua, a luz do sol e da lua e a slaba sagrada OM. Sou o perfume da terra, o esplendor do fogo, a vida dos vivos, a unio dos iogues e a santidade dos santos. Sou a cincia eterna e imortal de todos os seres, a sabedoria dos sbios e a nobreza dos nobres. Tambm Eu sou a fora dos fortes que, livre de toda a paixo, exerce o puro amor que lei nenhuma pode proibir. (canto 7, verso 8, 9, 10 e 11). Assim minha natureza manifesta trs qualidades: a harmonia, a atividade e a inatividade. Estas qualidades tm em Mim seu princpio e embora estejam em Mim, Eu no dependo delas. (canto 7, verso 12). As qualidades do origem iluso e os homens imersos nelas no compreendem que Eu sou superior a elas, permanecendo imutvel em meio s transformaes e mudanas do Universo mutvel. (canto 7, verso 13). A iluso poderosa e seu vu de difcil penetrao aos olhos humanos. Somente aqueles que a Mim se devotam deixam-se iluminar pela luz que est por detrs do vu. Portanto, vena a iluso, assim a Luz da Verdade o conduzir a Mim. (canto 7, verso 14)

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CANTO 8 - O CAMINHO PARA O ETERNO SER


Continuando sua exposio metafsica e teolgica, Krishna expe sua natureza essencial e sua manifestao no mundo objetivo. Diz-me Krishna: O que o Absoluto? O Absoluto o Todo, o Ser Supremo que Indiviso e Eterno. Sua essncia chamase a Alma das Almas. Eu mesmo sou este Ser, e de Mim emana a vida universal. Karma, a lei de causalidade, o princpio de minha emanao que faz com que os seres vivos nasam se movam e ajam. (canto 8, verso 3). Alguns Me chamam de o princpio universal da vida. Mas esse princpio somente minha vontade manifestada nas leis naturais do universo. Como tal Eu venho a Ser e torno-Me manifestado. (canto 8, verso 4). Minha manifestao produz a hierarquia do Cosmos. Ento, Eu surjo como um Ser imaterial e espiritual cuja atividade produz a gerao de todos os seres e formas. Assim eu fao o supremo que meu aparecimento em corpo. Mas esse mistrio somente acessvel para aqueles que possuem a sabedoria superior. (canto 8, verso 4). Entretanto, saiba que vivendo em Mim e para Mim, se na hora da morte pensar em Mim ao deixar o corpo material penetrar em minha essncia. (canto 8, verso 5). Dirija, pois, a Mim todos os seus pensamentos e luta. Se a tua mente e teu corao em Mim fixares, certamente chegars a Mim. (canto 8, verso 7). Portanto, quem abandonando todos os desejos deixar sua mente concentrada somente em Mim, praticando o reto pensar e a reta ao, a Mim certamente vir. (canto 8, verso 8). Portanto, com a mente elevada, cheia de f e amor, pense em Mim, que sou o Absoluto e eterno Todo Poderoso. Saiba que Eu sou simultaneamente infinitamente pequeno e infinitamente grande, Sou o imaterial Senhor e sustentador de tudo. Aquele que com a viso imaterial percebe a majestade de minha face, que eternamente velada ao olho material, v uma luz mais brilhante que o sol de meio dia. Esse ser participa da vida verdadeira e na morte se torna imortal, porque tendo rompido com todos os vnculos sensoriais, entrou em minha vida, minha paz e minha essncia. (canto 8, versos 9 e 10). Em poucas palavras te ensino o caminho da imortalidade, que te levar direto a Mim, o Esp-

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rito Eterno. Esse o caminho escolhido por todos aqueles que se dedicam vida santa de estudo das verdades divinas e da meditao. Feche bem as portas dos sentidos corporais, Domine o teu corao, concentre tua mente sobre teu Eu interior e repita meu nome (OM) no silncio de teu corao, a cada inalao e exalao (canto 8, versos 11 e 12). Aquele que pensa em Mim incessantemente e fixamente, nunca se apegando a seus pensamentos ou a qualquer outro objeto, com facilidade Me achar. (canto 8, verso 14). Saiba que no incio de cada nova era emergem de Mim todas as coisas. Da invisibilidade o imaterial torna-se visvel, dando sentido materialidade. No fim de cada era tudo se dissolve em minha essncia e Comigo se identifica. (canto 8, verso 18). Pois acima e por detrs da natureza invisvel e visvel existe minha chama imortal e eterna, Eu que sou o Absoluto. (canto 8, verso 20). Entretanto, saiba que conhecero a Mim todos aqueles que desencarnam quando neles arde chama do amor divino, pois assim unidos ao esprito supremo, comigo se uniro. Porm aqueles que partem no meio da fumaa dos erros voltam esfera da mortalidade, renascendo e renascendo, at o momento do despertar para a verdade e a sabedoria. (canto 8, versos 24 e 25). Estes so os dois caminhos eternos do mundo. Um iluminado e nos leva Luz. Outro escuro e nos ata vida no reino da iluso. Pelo primeiro chega-se esfera consciencial de onde no se volta mais, pelo segundo vai-se at certa altura e depois se volta para trs. (canto 8, verso 26). O sbio que se dedica todo a Mim sabe tudo isto e no tem medo. Aperfeioa-te ento para adquirir o saber perfeito que te levar a iluminao. (canto 8, verso 27)

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CANTO 9 O CAMINHO PARA A SABEDORIA E O SOBERANO O MISTRIO


Neste canto, Shri Krishna revela o mistrio da sua presena na natureza, como a essncia que ordena todas as coisas e d vida a todos os seres. Todo esse Universo, tanto em suas partes, como em seu todo uma emanao minha e Eu o penetro com minha natureza invisvel, Eu que sou o no - manifesto. Entretanto, no pense que todas as coisas seja Eu mesmo. Eu sou o sustentador de tudo e a tudo penetro, mas no sou limitado ou contido por nada. Todas as coisas de Mim provm, mas Eu no tenho origem nelas. Em mim esto todas as coisas, mas Eu No sou circunscrito por elas. (canto 9, versos 4 e 5). Por meio de Minha natureza emano a hierarquia de seres e coisas que constituem o Universo, dando-lhes nova existncia. Minha vontade os vivifica, pois a natureza por si impotente para faz-lo. Assim, obedecendo minha vontade a natureza cria e destri produzindo os seres animados e inanimados. assim que o Universo se move, se transforma. (canto 9, versos 8 e 10). Os que carecem da verdadeira luz no Me reconhecem quando apareo em forma humana. No tendo a compreenso espiritual correta e a sensibilidade, no podem sentir a presena Divina quando manifestada como homem entre os homens. (canto 9, verso 11). Mas aqueles que j despertaram e desenvolveram o conhecimento superior reconhecem em Mim a Divindade Suprema. Assim sendo eles Me adoram com nimo sincero, vontade firme, f inabalvel e corao puro, sabendo que Eu sou o caminho e a Verdade que a Mim os conduzir. (canto 9, versos 13 e 14). Eu sou o Pai e a Me do Universo, a origem e o sustentador de tudo. O princpio e o fim, a criao e a destruio, o espao e o tempo, o semeador, a semente e os frutos. Eu sou o oficiante do ritual, o ritual e o Ser venerado pelo ritual. Sou a prece e a invocao, a origem da vibrao do calor e da luz do Sol, Eu mando e retenho a chuva, Sou a morte e a imortalidade, no obstante sou Um e sempre o mesmo. (canto 9, versos 16, 17, 18 e 19). Mas, quem a Mim verdadeiramente adora e em Mim procura refgio, Eu sou a Felicidade Suprema e a bem-aventurana eterna. (canto 9, verso 22). Saiba que cada um

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chega ao objeto de sua devoo. Os que adoram os antepassados com eles se uniro, os que adoram os seres inferiores suas esferas conscienciais iro, mas quem adora a Mim, vivenciar a felicidade eterna. Saiba que Eu recebo todas as oferendas que a Mim sejam feitas com amor. Seja uma folha, uma fruta ou uma gota de orvalho, Eu no olho o valor da oferenda, mas somente o corao de quem a faz. Por isso qualquer coisa que faas pense sempre em Mim e o faa por Mim. Oferecendo a Mim todas as suas aes estars acima dos resultados do carma (canto 9, versos 25, 26, 27 e 28). Pois quem a Mim se dirige, acha em Mim o refgio e anda pelo soberano caminho da Luz. Se um pecador a Mim se dirige dedicando o amor de sua alma, ele digno de louvor, porque procura a verdade. (canto 9, versos 30 e 32) Ento, conhea-Me, adore-Me, fixe tua mente em Mim e une tua vontade com a Minha. Ento, fruto dessa unio tu encontrars a iluminao e a mais perfeita felicidade. (canto 9, verso 34)

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CANTO 10 AS MANIFESTAES DIVINAS


Neste canto de intensa devoo, Shri Krishna se apresenta como a Divindade manifestada no Universo objetivo em seus dois aspectos; o primeiro como a conscincia dinmica em cada ser vivo e o segundo como a conscincia esttica, no-manifestada, que por detrs da manifestao suporta os universos em suas inmeras formas de existncia. Brahman, o Absoluto: Oua, meu heri! A doutrina mais importante que te quero expor, porque minha palavra te alegre e porque quero teu bem. Nenhum ser conhece minha origem, nem os anjos, nem os deuses, nem os grandes espritos (bodhisattvas), nem os sbios. No Me conhecem porque Eu sou a origem de todos eles. Quem tem a vidncia Me reconhece como o Ser infinito e eterno, pois Eu sou o Senhor Supremo de todos os Universos. Mas, somente quem tem essa percepo da verdade livre dos erros. Saiba que embora todas as caractersticas e qualidades humanas so emanadas e inspiradas por Mim [compreenso, inteligncia, sabedoria, pacincia, clemncia, tranqilidade, prazer e dor, coragem e medo, inocncia, equanimidade, abstinncia, contentamento, afabilidade, caridade, severidade, modstia], Eu no sou afetado por elas. (canto 10, versos 2, 3, 4, 5) Brahman, a essncia: Quem verdadeiramente conhece Meu poder e Minha glria, dotado de f e devoo infalveis. (canto 10, verso 7), Eu sou a fonte de todos os universos, sejam materiais ou imateriais. O Todo emana de Mim. Quem compreende essa Verdade ocupa-se em Me servir com amor e devoo. (canto 10, verso 8). Aqueles que Me conhecem, pensam em Mim continuamente e fazem suas vidas confluir em minha direo. Assim eles so felizes e Eu os inspiro para que eles se ajudem uns aos outros. Atravs da Minha Luz suas mentes se purificam e eles vm a Mim (canto 10, verso 9). Portanto, a todos que Me oferecem o corao Eu sou o saber, a intuio e o discernimento para chegarem at Mim. (canto 10, verso 10). Residindo no centro de seus coraes, fao-

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os sentir a Minha presena misericordiosa e meu amor. Assim, minha Luz afasta as trevas da ignorncia que os impede de estarem em Mim. (canto 10, verso 11) O Verbo divino: Oua, descrever-te-ei as minhas caractersticas principais, mas somente uma pequena parte delas, pois Meu Ser infinito e infinita minha opulncia. Eu sou o Ser presente na conscincia de todas as criaturas, como o Eu Real de cada um. Assim, sou o princpio, meio e fim de tudo (canto 10, versos 19 e 20). Entre os sbios sou a sabedoria, entre as palavras e nomes sou a slaba OM, entre os sacrifcios sou a elevao do esprito e entre as montanhas sou o Himalaia. (canto 10, verso 25). Em resumo, meu prncipe, Eu sou a semente da vida em todas as criaturas. No h ser algum, animado ou inanimado que possa existir sem Minha presena. (canto 10, verso 39)

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CANTO 11 A VISO DA FORMA UNIVERSAL


Neste canto, Senhor Krishna se apresenta como a realidade, a verdade e a essncia imutvel no corao do Universo mutvel. Esse aspecto Divino de difcil visualizao pela mente humana, mas possvel para aqueles que receberam a graa Divina. Teus ensinamentos, Senhor, destruram minha iluso e minha ignorncia. Vs me revelastes os mistrios do esprito e a grande verdade a respeito da criao e dissoluo de todas as coisas. Agora conheo Tua grandeza infinita, perfeio e universal imanncia. (canto 11, verso 1 e 2). Tu s em verdade o Senhor do Universo, como me expusestes e me convenceste. Mas, se possvel, mostra-me a Tua majestosa forma. Se julgardes que sou capaz de v-la, faz-me ver Tua Real Face e Forma! (canto 11, verso 3 e 4) Ento, A Divindade Suprema respondeu: Veja, pois, filho da terra e contempla-Me, que sou um s, em inmeras e variadas formas. Imerge o teu olhar no reino dos deuses, anjos e arcanjos, espritos planetrios e muitos outros seres misteriosos que esto alm da compreenso humana. (canto 11, versos 5 e 6). Veja e observe o Universo com todos os seres e coisas resumidos em meu corpo. Nele encontrars tudo o que desejas ver. Mas, no ser com teus olhos materiais que podereis Me contemplar. Ento te abro a viso espiritual. Olha, pois e veja agora a minha Natureza Mstica. (canto 11, versos 7 e 8) Tendo o Senhor dos Mundos assim dito, revelou-se ao filho da terra em seu aspecto de Senhor Absoluto, a conscincia do cosmos. Neste aspecto Arjuna viu muitos seres em um s Ser. Inmeras formas, faces, olhos e bocas. Variadas aparncias e formas de conscincia com todo o esplendor dos adornos celestes e com todo o poder divino que irradia luz e encantamento (canto 11, versos 9 e 10). Luminoso, radiante, maravilhoso, cheio de graa era seu semblante. Se mil sis ao mesmo tempo brilhassem no firmamento, toda essa luminosidade seria empalidecida na presena gloriosa da Luz Divina.

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Assim, Arjuna viu o Universo e os Deuses revelados no corpo do Absoluto, que de fato a hierarquia csmica (canto 11, versos 11,12 e 13). Arrebatado e com os cabelos eriados, ele mirou e admirou a Viso Maravilhosa e, inclinando sua cabea com reverncia e admirao, disse (canto 11, verso 14): em teu corpo vejo todos os Deuses e Deusas. Inmeros so teus braos e olhos. Vejo que em Teu Ser infinito no h princpio, meio e fim algum. Sobre Tua cabea trazes a coroa e em Tua mo o cetro. Teu Ser irradia Luz Infinita. Com Tua Luz enche os espaos, Teu amor aquece os mundos todos. Com hinos te celebram todos os seres anjos, arcanjos, querubins e serafins. Reunindo-se em falanges numerosas, eles admiram Senhor Tua forma (canto 11, versos, 15, 16, 17, 22, e 23). Porm, vendo a estupenda face Tua, os seres se apavoram ao ver-Te em milhares de cores resplandecentes, destruindo, dissolvendo e reconstruindo seres e mundos. Tal como uma imensa boca expelindo fogo e luz, Tu a tudo engole e regurgita (canto 11, verso 24 e 25). Senhor do universo, Pai e Me de tudo! fonte do saber, Supremo mestre! Humildemente me prostro aos Teus ps, implorando meu senhor Tua clemncia. Seja afvel como o pai ao filho, um amante ao outro. Contemplando as Tuas grandes maravilhas me extasio e sinto invadir-me o temor. Assim, desejo de outra forma contemplar-Te. Desejo ver-Te como antes te vi, na forma humana (canto 11, verso 44, 45, e 2). Pronunciadas estas palavras apareceu o Senhor a Arjuna em sua forma usual, como Krishna. A viso que de Mim tivestes, no se chega pela leitura de livros, nem por martrios, distribuio de esmolas ou sacrifcios. S por devoo e amor pode-se chegar ao conhecimento de Meu Ser, conhecer e penetrar em minha essncia. Quem tudo faz em meu nome e me conhece como objetivo de sua vida e de seus esforos, quem Me adora, livre de apegos e sem odiar a ningum, esse a Mim chegar, com certeza absoluta (canto 11, verso 52, 53 e 54).

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CANTO 12 O CAMINHO DO AMOR DIVINO


Neste canto o Senhor Krishna apresenta o terceiro caminho espiritual para liberao do ser humano do julgo da iluso; Bhakti, a via da devoo. Considero meus melhores devotos aqueles que buscam a comunho eterna Comigo, e que com a mente fixa em Mim, meditam com o maior fervor (canto 12, verso 2). Aqueles que Me adoram como o Ser Absoluto, Eterno, Infinito, Imanifesto, Onipresente, Onipotente, Onisciente, Imaterial e Inefvel, o Um e o Todo. E, dominando seus sentidos conservam sempre o nimo igual, respeitando todos os seres e se regozijando com o que bom e belo, onde quer que esteja, esses tambm chegaro a Mim. (canto 12, versos 3 e 4) Aqueles que Me reconhecem como o Ser Absoluto e Imanifesto, esto bem mais prximos de Mim que aqueles que me adoram como o Deus manifestado e possuidor de forma. (canto 12, verso 5). Aqueles que em Mim renunciam os frutos de suas aes e meditam em Mim como seu ideal mais elevado, considerando tal meditao como um fim e no um meio, esses tm a mente fixa em Mim e, Eu estou com eles e eles Comigo. (canto 12, verso 6). Descansa, pois tua mente em Mim e satura toda tua mente de Meu Ser. Assim fazendo, ao deixar este corpo morars eternamente em Mim. (canto 12, verso 8). Em verdade Te digo que amo aqueles que so sempre constantes, afveis, piedosos, mansos de corao, firmes de vontade e no tm cuidados mundanos, no temem o mundo, no so tmidos e so livres de clera, turbulncia, impacincia e medo, no se entregando nem tristeza nem a alegria excessiva. Amo aqueles que no tm preconceitos; so justos, imparciais, inconfidentes, livres de toda a nsia e nunca se desesperam no se apaixonando nem odiando a nenhum ser vivo, no invejando e no se apegando s aes. Amo aquele que considera tanto o amigo como o inimigo, os honrados como os desprezados. (canto 12, versos 14, 15, 16, 17, 18)

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CANTO 13 O CAMINHO DA DISCRIMINAO ENTRE MATRIA E ESPRITO


Neste canto Krishna expe a relao entre o ilusrio e o real, o transitrio e o eterno, o Ser Real e a estrutura de manifestao ilusria. Aquilo que tu chamas corpo e que serve de veculo para tua personalidade e teu ego, alguns mestres denominam campo. E, quem conhece a natureza desse campo denominado o conhecedor do campo. Arjuna olhou para seu mestre, Krishna e disse: D-me, mestre, esclarecimento sobre a natureza material e imaterial e tambm sobre a natureza do conhecimento e do que conhecido (canto 13, verso 2). Saiba que Eu sou o conhecedor do campo. O discernimento entre o campo (no-Eu) e o conhecedor do campo (Eu) a verdadeira sabedoria. (canto 13, verso 3). Com o nome de campo ou natureza material, designam-se: os elementos materiais, a personalidade, o ego, o intelecto, a fora vital, os sentidos e a mente, bem como suas percepes e emoes, como odor, som e viso, etc., bem como o amor, o dio, o prazer e a dor, etc. Essas so qualidades do campo e da natureza material. Oua agora o que vem de Mim e por Mim inspirado para teu encantamento e auto-realizao: modstia, sinceridade, inocncia, pacincia, retido, constncia e autocontrole sobre os instintos e condicionamentos. A sabedoria tambm consiste tanto na ausncia de sensualidade, orgulho e vaidade, como o conhecimento dos processos de nascimento, doena, velhice e morte (canto 13, verso 6, 7, 8, 9). Sob Minha inspirao tu aprendes-te a verdadeira tranqilidade e o correto processo de ligao Comigo, que te leva ao isolamento do mundo profano e abstinncia das coisas mundanas. (canto 13, verso 11). Agora te falarei sobre o processo de conhecimento. Somente o amor a Mim, o Ser Divino, leva ao verdadeiro conhecimento e verdade suprema. Isto jana, o conhecimento. O contrrio ajana, a ignorncia. Assim, o verdadeiro objeto do conhecimento o Absoluto (Parabrahman) o Ser Supremo, aquele que no tem princpio e no tem fim. Sou o Ser infinito que est acima

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do espao e do tempo (canto 13, versos 12, 13). O Ser Real que imanente no Cosmos e por isso est dentro, e ao mesmo tempo fora de todos os seres e coisas. Tu s parte da minha manifestao, mas Eu sou o verdadeiro ser que vivifica o processo da vida e anima o campo em sua manifestao, como ser-indivduo vivente. Oua minha inspirao, busca a Mim e ters a luz, pois vendo a Alma Universal em tudo, fars parte Dela, pois quem v o imperecvel no corao do perecvel, esse em verdade v. (canto 13, versos 24, 28, 29)

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CANTO 14 O CONHECIMENTO DAS TRS QUALIDADES DA MENTE


Este canto consagrado explicao sobre as qualidades ou gunas, bem como sua ao sobre a conduta humana. Uma forma metafrica de entender a natureza da mente e sua influncia sobre o ser humano. Agora passo a te ensinar a verdadeira sabedoria suprema, a verdade que os sbios e os santos possuram para chegar s alturas da perfeio. Assim, tendo compreendido a verdade os seres entram em meu Ser para nunca mais renascer, nem mesmo quando um novo universo for manifestado. Esse universo de matria minha matriz em que ponho a semente de que provm todos os seres. Qualquer que seja a matriz, esse Universo sua matriz e Eu o Pai inoculador (canto 14, versos 1, 2, 3, 4). A matria tem trs qualidades ou gunas, os princpios denominados Sattva ou Harmonia, Rajas ou movimento e Tamas ou inrcia. Sattva vincula o ser manifestado ao amor, ao conhecimento e a harmonia. Quem est sob seu domnio nasce pelos vnculos que o prendem ao saber e a beleza. Rajas, a emoo a natureza passional e o desejo que vincula o ser manifestado a ocupar-se das aes e dos objetos, fazendo-o nascer pelo apego ao agir. Tamas a inrcia vincula o ser apatia, preguia e negligncia (canto 14, versos 5, 6, 7, 8). Sattva prende felicidade, Rajas emoo e Tamas indolncia. Ao ver a sabedoria manifestada em algum saiba que Sattva que predomina. Avidez, obstinao, atividade e desejo so as caractersticas da predominncia de Rajas. Estupidez, preguia, vaidade, e falta de discernimento so as caractersticas da dominncia de Tamas. (canto 14, versos 9, 11, 12, 13). O fruto de uma boa ao puro e harmnico, o fruto da emoo a dor, e da inrcia a ignorncia. Quando fores capaz de perceber que as qualidades so o nico agente, e reconhecer que Aquele que se sobrepe s qualidades o Ser Real, ento sers capaz de participar de minha essncia e ser Um comigo. Portanto, quando a alma manifestada ultrapassar as trs qualidades que se manifestam com a formao de um corpo, e quando se tornar consciente

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do que existe alm delas, ento se libertar dos vnculos das qualidades e dos vnculos com o nascimento e dos sofrimentos da vida. (canto 14, versos 16, 19) Pergunta Arjuna: E, como podemos reconhecer quem alcanou essa vitria? Alcanou a vitria e caminha para o despertar da Conscincia Csmica aquele que sentindo o efeito das qualidades da matria (instintos), no se repugna pelos frutos advindos da iluso e nem se lamenta pelos bons frutos no vivenciados. Assim, como um neutro espectador no se comove pelas qualidades e imperturbvel se retrai delas com o pensamento; as gunas fazem seu papel. (canto 14, versos 22, 23,). Assim, consagra-te exclusivamente a Mim pelo caminho da devoo. Logo, superando as qualidades chegars a Mim e a unio comigo, pois Eu sou a causa principal de se tornar algum eterno, imortal e imperecvel. Essas so as caractersticas de algum que se dedica a Mim com sincera e pura devoo. (canto 14, versos 26, 27)

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CANTO 15 O CONHECIMENTO DO ESPRITO SUPREMO


Neste canto Shri Krishna expe o reconhecimento da Divindade em si mesmo. Os Vedas descrevem o mundo fsico ou manifestao ilusria, como uma grande rvore, cujas razes esto voltadas para cima e os galhos para baixo. Sua copa invertida corresponde ao descenso da manifestao divina e suas folhas, brotos e ramos, correspondem aos hinos vdicos que cantam o processo cosmogonico. Seus galhos vergam at a terra; sua seiva representa as gunas, ou qualidades -, e seus rebentos equivalem aos objetos dos sentidos. Suas radculas pendentes at o solo significam as aes engendradas no mundo dos homens, que os atam com laos cada vez mais apertados (canto 15, versos 1 e 2). Embora no seja possvel - para ns humanos -, conhecer a natureza, o fim e o sustentculo dessa iluso, possvel erradic-la com o potente machado do discernimento. Ento ser possvel buscar o ponto de estabilidade de onde no mais voltam os seres que o atingiram (canto 15, versos 3 e 4). O caminho para essa meta a libertao da iluso, do egosmo e dos apegos. Ento, ao abandonarmos os objetos sensrios desaparecem tambm os pares de opostos conhecidos como prazer e dor. Fixe teu olhar espiritual na tua prpria essncia. Nela brilha a luz infinita que de Mim emana, pois um fragmento de Mim Mesmo se constitui no esprito imortal que, do reservatrio da natureza, tira para si o germe da individualizao, construindo para si a mente e os canais sensoriais. Assim, durante o processo csmico ao abandonar o corpo, Eu levo comigo esses princpios da materialidade, tal como o vento faz com o perfume das flores. Os tolos no Me vem quando deixam o corpo, nem quando neles esto, nem sabem como Meu germe divino se une as trs qualidades da matria (gunas) (canto 15, versos 6, 7, 8 e 10). Saiba que a luz do sol e da lua, bem como a chama que a tudo abrasa, provm de Mim. Assim, Eu penetro a terra e sustento todas s coisas com minha vibrao de vida. Sou a seiva das plantas e dos vegetais. Tal como a fora vital que o fogo da vida, Eu penetro no corpo que respira, e unindo a inalao com a exalao dirijo todos os processos vitais. Residindo no corao e na mente dos homens, de Mim provm memria o entendimento e a privao de ambos. As-

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sim, Eu Sou o que se h de conhecer nas escrituras sagradas, pois Eu Sou o conhecedor das escrituras e o autor do Vedanta. H no mundo dois aspectos; o Uno e os muitos, a unidade e a pluralidade. A alma das almas e as almas mltiplas que so os germes da individualizao. Mas, Eu sou superior a tudo, embora essa dualidade forme a Unidade sagrada e universal. Eu, o Esprito Absoluto sou imanente na Alma Una e nas almas mltiplas, por isso Sou tambm denominado o Altssimo. Quem assim Me conhece, conhece a Verdade e a tudo que existe. (canto 15, versos 12, 13, 14, 15, 16, 17 e 18)

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CANTO 16 O CONHECIMENTO DOS ATRIBUTOS DIVINOS E DEMONACOS


Este canto mostra o homem de bem e o devoto do mal, bem como as razes que os conduzem, o primeiro iluminao e o segundo ao renascimento. Vou te dar agora os sinais que so caractersticos dos homens que andam pelo caminho da Luz, e que so relacionados com a sabedoria daquele que age com intrepidez, pureza, perseverana e discernimento entre o verdadeiro e o falso. Esse homem que j est na senda da iluminao manso, equnime, e tem compaixo e boa vontade para com todas as criaturas. Nele no h desejos ou outros condicionamentos da mente instintiva, o que o diferencia daqueles em que a hipocrisia, o orgulho, a arrogncia, a presuno, a clera, a rudeza, e a ignorncia predominam. Saiba, prncipe, que o bom carter liberta da mortalidade e nos conduz a imortalidade no seio da Divindade Suprema. (canto 16, versos 1, 2, 3, 4 e 5) Os seres que no esto trilhando o caminho da Luz caracterizam-se por no praticarem a reta ao, e no terem controle suficiente de si mesmos para se absterem de praticar ms aes. Nesses seres no existe a pureza, a veracidade, tampouco o discernimento entre o certo e o errado. Eles afirmam que no mundo no h verdade nem justia, negam a existncia do Ser Divino e, como materialistas que so, afirmam que o mundo produto do acaso. Assim, entregam-se ao usufruto do prazer e egoisticamente no impem restries a suas ambies, entregando-se a volpia, a ira e a avareza, procurando acumular riquezas por meios ilegais, para satisfazerem seus desejos materiais. (canto 16, versos 10, 11, 12). Alguns deles, por hipocrisia desejam aparentar benevolncia perante o mundo, e para tanto distribuem esmolas, praticam atos piedosos e ritos da religio, atentando somente para a letra das escrituras e repelindo o verdadeiro esprito da religio que baseado em tudo que manifesta o verdadeiro amor. (canto 16, versos 17 e 18)

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Portanto, faa das escrituras tua referncia de vida para saberes como deves agir de forma a trilhar o glorioso caminho que te leva em direo a Divindade Suprema. (canto 16, verso 24)

CANTO 17 AS TRS FACES DA F


Neste penltimo captulo exposta a relao entre as qualidades da mente e a personalidade manifestada. Pergunta Arjuna: Diz-me, Krishna, qual o estado do homem que mesmo tendo f no segue as escrituras sagradas? A f dos homens pode ser de trs tipos, prncipe; pura, passional ou tenebrosa, pois cada tipo de f reflete o carter do homem. Onde predomina a pureza (sattva), existe a venerao dos seres espirituais puros, que os homens denominam deuses e santos. Mas, as pessoas mais adiantadas veneram a Mim, que sou a Divindade Suprema e o Ser Real. Eu que no tenho forma e outro nome alm da slaba OM. Naqueles que predominam a atividade (rajas), a venerao dirigida aos seres poderosos da natureza e aos heris da mitologia. Nos homens em que predomina a influncia da materialidade (tamas) o culto sempre dirigido aos espritos inferiores, seres demonacos e espectrais do umbral (canto 17, versos 3, 4 e 5). Lembra-te que as escrituras sagradas no recomendam sacrifcios e mortificaes do corpo. Esta atitude reflete a hipocrisia e a ignorncia daqueles que desejam recompensas dos seres cultuados. Quem atormenta a vida do corpo, a Mim atormenta. (canto 17, versos 5 e 6). Por isso, melhor cuidar de teu corpo e de tua sade, pois o corpo o veculo de tua manifestao no mundo fenomnico da materialidade. Para isso alimenta-te pela ingesto de substncias que te trazem vitalidade, vigor e sade, preservando-te da doena. Os homens sttvicos preferem os alimentos que no so demasiados amargos, salgados ou muito condimentados. J os homens rajsicos do preferncia aos alimentos que estimulam o apetite por serem condimentados, embora possam causar todo o tipo de enfermida-

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des. Pior ainda so aqueles que tm natureza tamsica, por isso ingerem alimentos putrefatos e corrompidos devido s preparaes no saudveis que visam somente o paladar (canto 17, versos 8, 9 e 10). Quanto forma de adorao, saiba que o devoto sttvico no qual predomina a pureza, efetua seus ritos pelo dever, conforme as escrituras e sem nenhum desejo de recompensa. J os homens rajsicos sempre esperam uma recompensa pela oferenda do culto, seja por vaidade, ostentao ou motivao pessoal. Pior ainda so os homens de natureza tamsica, que fazem suas oferendas sem f ou devoo, simplesmente para cumprirem o costume. (canto 17, versos 11, 12 e 13). Mesmo a caridade, prncipe, pode ser de trs tipos: Ela sttvica quando oferecida a algum que necessita, somente por sentimento do dever. Este tipo de devoto no espera nenhuma retribuio pelo seu ato, tampouco sente prazer em faz-lo. Ele faz por dever, sabendo ser necessrio fazer. Por outro lado, aquele que d esmolas por esperana de recompensa futura, seja de Deus ou de quem recebe, um hipcrita de temperamento rajsico. O mesmo tipo de pessoa muitas vezes d esmolas por sentir prazer e felicidade no ato de doar. Embora o sentimento de prazer possa ser vivenciado, ele no deve ser o objetivo da doao ou caridade. Mas, pior ainda so aqueles que somente do esmolas pela repugnncia que sentem pela pessoa favorecida ou por desprezo ou ainda por vaidade pessoal e ostentao. Eles esto somente mostrando sua natureza tamsica. (canto 17, versos 20, 21 e 22). Meu Nome tambm tem uma natureza trplice; OM Tat Sat (Eu sou a Verdade). Por isso aqueles que Me conhecem pronunciam sempre a palavra OM antes de qualquer ato religioso e qualquer doao. Assim, esto despertando em suas conscincias Minha presena e fazendo a ao em Meu Nome. A palavra Tat indica que estou presente em todos os seres, e pronunciando esta palavra nos ritos e nos atos de caridade esto invocando a unicidade. Sat significa verdade, assim, quem pratica uma ao invocando o amor, pela pronuncia Sat, est dando qualidade e pureza ao.

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CANTO 18 O CAMINHO DO DESPERTAR ESPIRITUAL

Neste ltimo canto Shri Krishna enfatiza o controle sobre as qualidades como meio de libertao. A explanao do mestre alcana a luz e o esplendor que s o esprito de um Avatar pode articular. Pergunta Arjuna: Mestre, ensine-me o que verdadeiramente a absteno e o que renncia! Ento, olhando seu devoto e reconhecendo sua nsia em ter a compreenso para viver a verdade, Krishna pronuncia suas ltimas palavras e ensinamentos. A cessao dos atos oriundos dos desejos denominada absteno e a ao desinteressada que executada sem apego aos seus possveis frutos denominada renncia. No se deve cultuar a inao, mas sempre cultuar a ao pura, isenta de desejos e de expectativa de recompensa. (canto 18, versos 1 e 2) Assim, se um homem faz uma ao, sem apego, porque entende que a ao se faz necessria, essa renncia de natureza sttvica. Logo, quem age sem repugnncia e faz aquilo que no lhe traz nenhum proveito, agindo sem nenhum desejo, algum que pode ser considerado um renunciante. As aes so inspiradas por fatores da natureza humana, independentemente de serem aes puras ou impuras. Por isso ofuscada est a mente de quem cr que o Ser Real (o Eu) o agente das aes. Pura a mente de quem conhece a diferena entre ao correta e incorreta, entre o receio e a ousadia, a liberdade e a servido. Passional a mente de quem desconhece a diferena entre a justia e a injustia, o bem e o mal. Tenebrosa a mente de quem faz o mal dizendo ser o bem, troca a injustia pela justia (canto 18, versos 21, 22, 23 e 24). Puro o prazer oriundo do autoconhecimento. No incio repugna, por parecer contrrio natureza humana, mas no fim deleita, por se mostrar a chave do despertar para a Luz. Passional o prazer nascido da unio entre os sentidos e os objetos sensrios.

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No princpio deleita, mas no fim repugna, por se mostrar ser o grilho da escravido do carma. Tenebroso ainda o prazer que tanto no incio como no fim perturba o nimo, por ter sua origem na morbidez, na negligncia e na preguia (canto 18, versos 30, 31 e 32). Entende ento que ningum na Terra est livre da ao das trs qualidades! Por isso, saiba que ningum alcana a perfeio sem cumprir contente seu prprio dever. (canto 18, verso 40) Finalmente, banindo de sua natureza as tendncias inferiores da mente, alcanars a paz que te levar ao Divino. Une-se, portanto a Mim e ters a Paz e a serenidade. Assim, nada te entristecer nem nada te faltar; Ame por igual a todos os seres com amor intenso, e assim saber claramente quem Sou e o que Sou, pois esse mesmo amor far aflorar em ti a Minha presena. Por isso faa todas as suas aes refugiando-se em Mim, e no somente o dever que te for dado. Assim, por minha graa alcanars a perfeio eterna e imutvel. Por isso dedica todos os teus pensamentos a Mim e fazes tudo por Mim. Assim sendo, estar sempre em Mim e por minha graa vencers todos os obstculos. Pois se confiares apenas em ti e decidir no lutar, evitando o justo combate, v ser tua determinao, pois tua natureza espiritual inspirada pela minha presena -, te levar ao combate. Por isso, prncipe! Quem no desejar agir movido pela iluso, agir irremediavelmente, forado pelos impulsos da Luz do dharma que modela a conduta do verdadeiro devoto. Portanto, segue de corao Meu conselho e, por minha graa alcanars a paz suprema que a fortaleza indestrutvel do ser. Assim, Eu te transmiti o conhecimento, que o mistrio dos mistrios. Medita cuidadosamente em minhas palavras e haja conforme tua vontade. Mas, agora a ti dou meu ltimo conselho referente ao mistrio maior. Por seres meu amado, s te digo o que te convm. Ento, fixa tua mente em Mim; seja Meu devoto; serve-Me; prostra-te diante de Mim; e desse modo a Mim chegars. Esta a verdade, eu te afirmo, pois tu s meu muito amado filho. Desiste de todas as obrigaes religiosas e toma-Me como teu nico refgio; Assim, Te libertarei de todas as dificuldades. Por isso no te aflijas. Entretanto, saiba que esse meu ensinamento no deve ser transmitido ao mundano, tampouco ao mpio, nem a quem no quer ouvir ou Me maldiz. Mas, bendito todo a-

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quele que o divulgar esse Meu segredo entre os meus devotos aquelas pessoas de corao puro que desejam somente a Mim -, pois esse chegar at Mim sem nenhuma dvida. Portanto, ao meditares nesse nosso Santo Colquio, ser levado pelo amor e o saber at Mim, adorando-Me pela compreenso da verdade. Tal minha vontade. E saiba tambm que os homens que cheios de f escutarem esses ensinamentos alcanaro, livre do mal, o resplandecente mundo dos justos. Assim, Me ouviste atentamente prncipe! Vejo que se desvaneceu tua iluso que era fruto da ignorncia, heri. Arjuna diz: Desvanecida est minha iluso. Por Tua graa adquiri o conhecimento, meu amado Senhor. Estou decidido a lutar, pois se dissiparam minhas dvidas e agirei segundo Tuas palavras.

Assim, Arjuna ouviu os magnficos ensinamentos de Krishna, e por merc de Vyasa conheceu os mistrios, revelados pela palavra da Divindade Suprema, o Senhor da Ioga. Portanto, onde quer que esteja o Senhor Krishna e onde quer que esteja tu, buscador da verdade, ali estar seguramente grandeza, prosperidade, a vitria, a felicidade e a justia eterna (canto 18, versos 56 - 78).

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