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A Opinião Consultiva 24/17 da Corte IDH e seus reflexos no combate à discriminação contra pessoas trans nas relações de trabalho
1 Mestrando do PPGD da Universidade Federal da Bahia. Pesquisador do Grupo de Pesquisa Direito e Sexualidade.
E-mail: [email protected]
2 Pós-doutor e doutor pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP). Professor Titular-livre de Direito
Civil da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Líder do Grupo de Pesquisa Direito e Sexualidade.
E-mail: [email protected]
1. Introdução
A sexualidade é um aspecto inerente ao ser humano, estando vincula-
da à ideia de autodeterminação da pessoa e à própria noção de dignidade. Tal
noção abrange não só o sexo atribuído à pessoa no nascimento, mas também
a identidade de gênero escolhida por cada um. Por conseguinte, toda pessoa,
independente da identidade de gênero que adotar, deve gozar de respeito e
consideração por parte do Estado e de terceiros, devendo ser protegido pelas
normas internacionais de direitos humanos e pelos direitos fundamentais de
cada país contra toda sorte de discriminação.
Nada obstante o arcabouço de proteção da pessoa humana nas nor-
mas internacionais e internas de cada país, fato é que as sociedades ociden-
tais são regidas pela heteronormatividade, a concepção das normas morais
e jurídicas voltadas para o padrão cis-heterossexual, que forma o preceito de
normalidade vigente, fazendo com que as demais expressões da sexualidade
sejam alvo de preconceito e discriminação.
Tendo por base essas premissas, o presente trabalho aborda o posi-
cionamento adotado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (Cor-
te IDH) sobre a questão da identidade de gênero com base na interpretação
3 Vale destacar aqui a condição do intersexual, pessoa que nasce com uma anatomia, órgãos reprodutivos ou padrões
cromossômicos que não se ajustam à definição típica de homem ou mulher. A intersexualidade, pois, questiona
a categoria de análise baseada em conceituações binárias, sendo considerada, em países como a Alemanha, uma
categoria própria. (DIAS, 2018).
4 Salienta-se que, como este trabalho optou pelo recorte específico da identidade de gênero, além de ter por objetivo
analisar os possíveis reflexos nas relações laborais, as limitações inerentes à pertinência temática não permitiram a
inclusão dos questionamentos relativos às uniões entre pessoas do mesmo sexo.
6. Conclusão
As questões relativas à sexualidade têm ganhado cada vez mais espa-
ço no âmbito internacional, tendo em vista que muitos países ainda adotam,
na sua legislação pátria, uma concepção heteronormativa, que exclui e mar-
Referências
ALCÂNTARA, Maria Emília Mendes. Responsabilidade do Estado por atos legis-
lativos e judiciais. São Paulo: RT, 1988.
DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva, 2011.
STF, ADPF 291/DF. Relator Ministro Roberto Barroso. DJ. 28 out. 2015. Dispo-
nível em: http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&do-
cID=10931627. Acesso em: 17 mar. 2019.