Disforia de Genero Juliana Sa MIM
Disforia de Genero Juliana Sa MIM
Disforia de Genero Juliana Sa MIM
2017
1
Tratamento da Disforia de Género
1
Aluna do 6º ano profissionalizante do Mestrado Integrado em Medicina, Instituto de
Ciências Biomédicas Abel Salazar, Universidade do Porto; número de aluno: 201007233
Endereço eletrónico: [email protected]
2
Assistente Hospitalar Graduada, Endocrinologista do Serviço de Endocrinologia,
Diabetes e Metabolismo; Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António;
Assistente Convidada do ICBAS
Endereço eletrónico: [email protected]
3
Interna de Formação específica em Endocrinologia do Serviço de Endocrinologia,
Diabetes e Metabolismo; Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Santo António;
Endereço eletrónico: [email protected]
2
Tratamento da Disforia de Género
Recomeça…
Se puderes,
Sem angústia e sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro,
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
i
Tratamento da Disforia de Género
Resumo
ii
Tratamento da Disforia de Género
Abstract
iii
Tratamento da Disforia de Género
Agradecimentos:
À Dr.ª Lia Ferreira, coorientadora da tese, estou grata pela paciência e atenção
que deu a esta dissertação. Obrigada por todos os conselhos!
Por fim, às minhas colegas de casa, amigas do coração, presentes nos melhores
e piores momentos, quero dizer que sem vocês nada seria igual.
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Tratamento da Disforia de Género
Lista de Abreviaturas
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Tratamento da Disforia de Género
Índice
Introdução ....................................................................................................................... 1
Definição de Conceitos .................................................................................................. 1
Etiologia .......................................................................................................................... 2
Epidemiologia ................................................................................................................. 3
Diagnóstico ..................................................................................................................... 4
Psicoterapia e Experiência de Vida Real ....................................................................... 7
Tratamento Hormonal..................................................................................................... 7
Avaliação Inicial ............................................................................................................ 9
Tratamento hormonal TMF ...........................................................................................10
Tratamento hormonal TFM ...........................................................................................14
Tratamento de adolescentes com DG ..........................................................................17
Tratamento Cirúrgico ....................................................................................................18
Cuidados primários a transexuais................................................................................21
Função Sexual após Redesignação de Sexo ...............................................................22
Conclusão ......................................................................................................................23
Referências Bibliográficas ............................................................................................24
Anexos............................................................................................................................30
Fármacos disponíveis em Portugal ..............................................................................30
Situação em Portugal ...................................................................................................31
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Tratamento da Disforia de Género
Índice de Tabelas
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Tratamento da Disforia de Género
Introdução
Definição de Conceitos
1
Tratamento da Disforia de Género
Etiologia
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Tratamento da Disforia de Género
terminalis (área essencial no comportamento sexual) é maior nos homens do que nas
mulheres. Contudo, TMF e TFM têm estrias terminalis com tamanhos semelhantes aos
de mulheres controlo e homens controlo, respetivamente [10]. Foram também
encontradas diferenças na estrutura regional da massa cinzenta entre indivíduos
transexuais e controlos [12], o que suporta uma base biológica para o transexualismo.
A presença de transexualismo entre irmãos não gémeos e a concordância
aumentada para DG em gémeos monozigóticos em comparação com dizigóticos do
mesmo género sugere algum grau de hereditariedade associado ao transtorno [6]. Foram
documentadas algumas associações entre DG e genes relacionados com hormonas
sexuais, nomeadamente entre o gene do recetor de estrogénios ß e a mutação do alelo
A2 do gene CYP17A1 e o TFM e entre longas repetições do trinucleótido CAG do gene
do recetor de androgénios e o TMF [13]. Estes resultados parecem suportar uma base
genética para a DG, no entanto outros estudos não conseguiram demonstrar qualquer
relação entre as regiões analisadas e o transexualismo [14, 15].
Epidemiologia
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Tratamento da Disforia de Género
Diagnóstico
1. Forte desejo de pertencer ao outro género ou insistência de que é do sexo oposto (ou algum
género alternativo diferente do designado).
2. Em meninos, preferência por travestismo ou simulação de trajes femininos; em meninas,
insistência em usar apenas roupas esteriotipadamente masculinas.
3.Preferências intensas e persistentes por papéis do sexo oposto em brincadeiras de faz-de-conta
ou de fantasias persistentes acerca de ser do sexo oposto.
4. Intenso desejo por brinquedos, jogos ou atividades estereotípicos do sexo oposto.
5. Forte preferência por brincar com companheiros do sexo oposto.
6. Em meninos, forte rejeição de brinquedos, jogos e atividades tipicamente masculinos e forte
evicção de brincadeiras agressivas e competitivas; em meninas, forte rejeição de brinquedos, jogos
e atividades tipicamente femininas.
7. Intenso desgosto com a própria anatomia sexual.
8. Desejo intenso por características sexuais primárias e/ou secundárias compatíveis com o género
experimentado.
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Tratamento da Disforia de Género
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Transexualismo (F64.0)
Desejo de viver e ser aceite enquanto pessoa do sexo oposto. Este desejo acompanha-se em geral de um
sentimento de mal-estar ou de inadaptação por referência ao seu próprio sexo anatómico e do desejo de
submeter-se a uma intervenção cirúrgica ou a um tratamento hormonal com a finalidade de tornar o seu
corpo tão conforme quanto possível ao sexo desejado. Para que o diagnóstico possa ser efetuado é
necessário:
1. Persistência da identidade transexual por mais de 2 anos.
2. O transtorno não ser sintoma de nenhuma doença mental ou genética, intersexo ou anormalidade
cromossómica.
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Tratamento da Disforia de Género
Tratamento Hormonal
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Tratamento da Disforia de Género
administração exógena de hormonas sexuais [1, 2]. Os níveis hormonais devem ser
mantidos no intervalo fisiológico normal do sexo ambicionado [1].
O TH deve ser individualizado, tendo em conta a autonomia da pessoa, as suas
preferências e necessidades, bem como a relação risco/benefício dos medicamentos, a
presença de outras condições médicas ou questões sociais e económicas [2, 5]. Este
tratamento pode acarretar mudanças físicas irreversíveis e, portanto, só deverá ser
disponibilizado a pessoas que sejam legalmente capazes de dar consentimento
informado para cada uma das etapas do tratamento [2, 5].
Durante todo o processo, o indivíduo deve ser acompanhado continuamente pelo
profissional de saúde mental, em colaboração com o endocrinologista, para garantir que
o desejo de alterar o sexo é persistente e apropriado e que as consequências, riscos e
benefícios do tratamento foram bem compreendidos [1].
Antes de iniciarem qualquer TH, todos os indivíduos transexuais em idade fértil,
devem ser informados e aconselhados sobre as opções reprodutivas, tendo em conta
que um dos efeitos inevitáveis do tratamento é a perda, no mínimo, reversível da
fertilidade [1, 5, 24].
Desta forma, os TMF devem ser informados sobre as opções de preservação de
esperma e, em caso de azoospermia, sobre a possibilidade de realizar biópsia testicular
com subsequente criopreservação de espermatozoides [1, 5, 35].
Por seu lado, aos TFM pode ser proposta a recolha e criopreservação de oócitos
ou embriões [1, 5, 24].
Segundo a WPATH, a hormonoterapia pode iniciar-se após a realização de uma
avaliação psicossocial e da obtenção de consentimento informado por um profissional
qualificado [5]. Além disso, estabelece critérios de elegibilidade para o TH, expressos na
tabela III.
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Tratamento da Disforia de Género
Avaliação Inicial
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Tratamento da Disforia de Género
Tabela IV - Avaliação inicial e Monitorização de adultos sob hormonoterapia para tratamento da DG [1,
2, 24, 36].
História Clínica;
Exame físico: IMC e PA.
Exames laboratoriais:
Hemograma, glicose plasmática em
Inicial jejum, perfil lipídico, ácido úrico,
função hepática e renal e estudo da PSA Ecografia pélvica
coagulação.
Estudo hormonal: FSH, LH,
estradiol, testosterona total, SHBG,
DHE-S, 17OH-Progesterona,
prolactina, TSH
Serologias: VHB, VHC, VIH e sífilis.
Cariótipo.
IMC – índice de massa corporal; PA – pressão arterial; FSH- hormona folículo-estimulante; LH- hormona luteinizante; SHBG –
globulina de ligação às hormonas sexuais; DHEA-S: sulfato de dihidroepiandrosterona; TSH – hormona tireoestimulante;
VHB – vírus hepatite B; VHC – vírus hepatite C; VIH – vírus imunodeficiência humana; PSA – antigénio prostático específico;
DMO – densitometria óssea.
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TMF
Fármaco e Via de Dose Considerações
administração
Estrogénio
Estradiol, oral 2,0 - 6,0mg/ dia Pouco dispendioso; melhora as características
físicas; maior risco de tromboembolismo.
Emplastro de estradiol, 0,1 – 0,4mg, duas
transdérmico vezes por semana
Menor risco tromboembólico; níveis plasmáticos mais
Gel de estradiol 0,5 – 1,5mg/ dia constantes; possível reação cutânea; início de ação
hemihidrato, transdérmico mais lento.
Valerato de estradiol ou 5 – 20mg a cada duas Dose flexível; altos níveis de estrogénio circulante;
cipionato de estradiol, IM semanas; 2-10 maior tempo para atingir o estado estacionário;
mg/semana potencial de abuso ou sobredosagem.
Antiandrogéneos
Espironolactona, oral 100-200mg/ dia Antagonista da aldosterona, anti-androgénica,
inibidora da 5α-redutase; absorção variável; possível
hipercalemia.
Acetato de ciproterona, 50-100mg/dia Atividade anti-androgénica e progestativa; possível
oral toxicidade hepática e efeito sedativo dose-
dependente;
Finasterida, oral 2,5 – 5mg/ dia Bloqueia a 5α-redutase II; risco de cancro da
próstata.
Dutasterida, oral 0,5mg/ dia Bloqueia a 5α-redutase I e II; eficácia limitada.
Flutamida, oral 750mg/ dia Inibidor competitivo dos androgénios; possível
toxicidade hepática.
Agonistas GnRH
Acetato de leuprorrelina 3,75mg /mês
ou de triptorrelina SC
Acetato de goserrelina SC 3,6mg / mês Supressão efetiva da testosterona.
TFM
Testosterona
Undecanoato de 160- 240mg/ dia Grande variação dos níveis séricos de testosterona.
testosterona, oral
Undecanoato de 1000mg a cada 10-12 Níveis de testosterona mais estáveis e dos seus
testosterona, IM semanas metabolitos estradiol e dihidrotestosterona.
Enantato ou cipionato de 100-200mg a cada 2 Níveis suprafisiológicos após a injeção, com declínio
testosterona, IM semanas, ou 50- significativo alguns dias antes da administração
100mg/ semana seguinte.
Gel testosterona, 25-50mg/ dia Mimetizam a secreção de testosterona fisiológica;
transdérmico fácil aplicação.
Emplastro de 2,5-7,5mg/ dia
testosterona,
transdérmico
IM – intramuscular; SC – Subcutâneo.
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[1, 2, 5, 50]. Na tabela VII estão expostas as alterações esperadas e o tempo previsto
para ocorrerem.
Estão disponíveis tanto preparações parentéricas como transdérmicas para
alcançar valores de testosterona no intervalo normal para homens biológicos (320-1000
ng/dl), com os quais se obtém uma boa resposta clínica. Níveis plasmáticos
suprafisiológicos sustentados aumentam o risco de reações adversas [1], pelo que o
objetivo é utilizar a menor dose necessária para manter o resultado clínico desejado [5].
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Tal como nos adultos, é fundamental avaliar a identidade sexual e a saúde mental
dos adolescentes [2]. A evolução da não-conformidade de género em crianças é
imprevisível, pelo que é impossível determinar se a condição irá persistir durante a
adolescência e vida adulta [5, 57, 58]. A DG que se intensifica com o início da puberdade
geralmente persiste [23, 59].
Frequentemente os adolescentes com DG consideram as mudanças físicas da
puberdade como insuportáveis, estando associadas a grande sofrimento psicológico.
Uma intervenção médica precoce para suprimir a puberdade previne este sofrimento e
prolonga a fase de diagnóstico [1, 5, 24].
Adolescentes que cumpram os critérios de elegibilidade (Tabela IX) para o
tratamento de supressão da puberdade (TSP) devem iniciá-lo quando atingem os
estadios 2-3 de Tanner [1, 2, 60, 61]. Estes jovens devem experimentar as primeiras
mudanças do seu sexo biológico uma vez que a sua reação emocional a essas
alterações possui valor diagnóstico [1, 2, 24].
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Tratamento Cirúrgico
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Tabela X – Critérios da WTAPH para a realização de cirurgia de mama e genital em transexuais [5]
Apesar de não ser explícito, é recomendado que os indivíduos também frequentem consultas regulares
com um profissional de saúde mental ou outro médico.
O critério 2 é baseado num consenso clínico especializado de que esta experiência proporciona amplas
oportunidades para que os indivíduos em tratamento experimentem e se ajustem socialmente no seu
papel de género desejado antes de se submeterem a uma cirurgia irreversível.
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Conclusão
Apesar de ser uma patologia rara, a disforia de género é uma condição com
grande impacto na qualidade de vida dos transexuais. A sua complexidade exige uma
intervenção multidisciplinar realizada por uma equipa motivada, sensibilizada e
experiente. O endocrinologista, o profissional de saúde mental e, mais tarde, o cirurgião,
são figuras chave neste processo, guiando os transexuais etapa a etapa, com o objetivo
de aliviar o seu sofrimento.
A decisão de iniciar o tratamento hormonal e de se submeter a cirurgia é do
indivíduo, pelo que a terapia deverá ser personalizada, de acordo com as suas
necessidades específicas e com o objetivo último de melhorar o seu bem-estar.
Quando diagnosticada disforia de género nos adolescentes, a puberdade poderá
ser adiada até uma idade em que uma decisão responsável possa ser tomada.
O seguimento apropriado destes indivíduos é fundamental para o sucesso da
terapêutica e a integração dos transexuais nos rastreios adequados e disponíveis não
deve ser descurada.
Apesar das limitações atuais, a cirurgia genital consegue proporcionar resultados
estéticos e funcionais aceitáveis, contribuindo para uma maior autoestima dos indivíduos.
Além disso, é possível experienciar uma atividade sexual satisfatória após a cirurgia de
redesignação de sexo.
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Tratamento da Disforia de Género
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83. Klein, C. and B.B. Gorzalka, Sexual functioning in transsexuals following hormone
therapy and genital surgery: a review. J Sex Med, 2009. 6(11): p. 2922-39; quiz
2940-1.
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Tratamento da Disforia de Género
Anexos
Fármacos disponíveis em Portugal
(segundo a informação apresentada na plataforma online do INFARMED a 24/04/17)
TMF
Fármaco e Via de Dose Nome comercial
administração
Estrogénio
Estradiol, oral 2,0 - 6,0mg/ dia Zumenon® 2mg (Abbott); Estrofem® 2mg (Novo Nordisk
A/S)
Emplastro de estradiol, 0,1 – 0,4mg, duas Dermestril® 100g/24h (Laboratórios Delta); Climara®
transcutâneo vezes por semana 100g/24h (Bayer); Estraderm MX® 100g/24h (Novartis);
Estradot®100g/24h (Novartis); Femsete® (OM Pharma) 75
g/24h.
Gel de estradiol 0,5 – 1,5mg/ dia Não disponível em Portugal.
hemihidrato,
transcutâneo
Valerato de estradiol 5 – 20mg a cada Não disponível em Portugal.
IM duas semanas;
Cipionato de estradiol, 2-10mg/semana Não disponível em Portugal.
IM
Antiandrogéneos
Espironolactona, oral 100-200mg/ dia Aldactone® 100mg (Pfizer); Também disponível em
formulações genéricas.
Acetato de 50-100mg/dia Androcur® 100mg (Bayer); Também disponível em
ciproterona, oral formulações genéricas.
Finasterida, oral 2,5 – 5mg/ dia Proscar® 5mg (Merck); Também disponível em formulações
genéricas.
Dutasterida, oral 0,5mg/ dia Avodart® 0,5mg (GlaxoSmithKline); Duagen® 0,5mg
(GlaxoSmithKline)
Flutamida, oral 750mg/ dia Prosneo® 250mg (Farmoz); Também disponível em
formulações genéricas [implica a toma de três comprimidos
diários]
Agonistas GnRH
Acetato de 3,75mg /mês Eligard® 7,5mg (Astellas)
leuprorrelina, SC
Acetato de 3,75mg /mês Decapeptyl® 3,75mg/2ml (Ipsen Pharma)
triptorrelina, SC
Acetato de goserrelina 3,6mg / mês Zoladex®, 3,6mg (AstraZeneca) (Implante)
SC
TFM
Testosterona
Undecanoato de 160- 240mg/ dia Não disponível em Portugal.
testosterona, oral
Undecanoato de 1000mg a cada 10- Nebido® 1000mg/4ml (Bayer).
testosterona, IM 12 semanas
Enantato de 100-200mg a cada Testoviron Depot® 250mg/ml (Bayer).
testosterona, IM 2 semanas
Cipionato de 50-100mg/ semana Não disponível em Portugal.
testosterona, IM
Gel testosterona, 25-50mg/ dia Testim®, 50mg/5g (Ferring)
transcutâneo
Emplastro de 2,5-7,5mg/ dia Testopatch® 2.4mg/24h - Não disponível em Portugal.
testosterona,
transcutâneo
Também se encontra disponível Sustenon® 250mg/ml
(Aspen), IM (mistura de propionato, fenilpropionato,
decanoato e isocaproato de testosterona)
IM – intramuscular; SC – Subcutâneo.
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Tratamento da Disforia de Género
Situação em Portugal
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identidade de género, no entanto, note-se que se trata de uma proposta de lei, a qual
ainda poderá ser alvo de alterações.
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