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O culto no Templo de Jerusalém – IPB Rio Preto https://ipbriopreto.org.br/cursos/o-culto-cristao-na-biblia-e-na-historia/a...

 Culto matutino Escola Dominical

Uma família de discípulos de Jesus

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 O culto cristão na Bíblia e na história 

 Visão geral  Comentários

Sobre esta aula

Senhor, nosso Deus, […] restaura o teu culto no santuário


de tua casa, e aceita prontamente, com amor e bondade,
os sacrifícios de Israel e sua oração. […]. Shemoneh Esreh
(dezoito bênçãos) ou Te�llah, 17ª bênção, ‘avodah
(“serviço”).

Nesta aula olharemos para o desenvolvimento da teologia e prática da


adoração institucionalizada de Israel, no Templo de Jerusalém.

Como a�rma Tremper Longman III:

Deus direcionou Moisés a construir o Tabernáculo


porque era a estrutura para o povo de Deus naquele
tempo. Era grande o su�ciente para acomodar uma
grande nação, e era móvel, uma característica crucial Privacidade - Termos

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durante um tempo em que o povo de Deus não estava


estabelecido na terra.

No entanto, “o Tabernáculo era uma estrutura antiga no momento em


que iniciou o reinado de Davi logo depois da virada do milênio”. A
partir da monarquia de Davi, com Israel estabelecido como reino, tendo
como capital Jerusalém, Deus encaminha o desejo, os recursos e as
providências para construção de um Templo.

O Templo é a segunda instância do culto institucionalizado na Bíblia.


Historicamente foram construídos dois templos em Jerusalém, o Primeiro
Templo, por Salomão e o Segundo Templo por Zorobabel, reformado e
remodelado por Herodes.

Davi transferiu a arca da aliança para Jerusalém (1Cr 13.1-4). Isso foi feito
em duas etapas. Na primeira a arca foi deixada na casa de Obede-Edom
por causa da morte de Uzá (1Cr 13.5-14). Compreendendo que seu
transporte deveria atender às prescrições mosaicas, Davi arregimentou
levitas para a tarefa (1Cr 15.1-15).

A arca foi colocada sob uma tenda em Jerusalém e em sua chegada


foram oferecidos “holocaustos e ofertas pací�cas” (1Cr 15.25-28; 29.1).
Observe-se que o Tabernáculo mosaico se �xou em Siló (1Sm 1.3,9,19,24;
2.11; 3.3), depois em Nobe (1Sm 21.1-6) e, por �m, em Gibeão. Neste
momento da história havia duas tendas, a mosaica, com o altar de
sacrifício, em Gibeão (1Cr 16.39; 21.29) e a construída por Davi, em
Jerusalém, com a arca da aliança (1Cr 15.1; 16.1). A Escritura nos ajuda a
entender que estruturas de culto, outrora relevantes, podem tornar-se
obsoletas por descaso. De acordo com os Livros Históricos, de Josué até
Samuel, as novas gerações precisam ser informadas e desa�adas sobre a
aliança divina, sob pena de pulverização e abandono da adoração.

Após se instalar em seu palácio, Davi demonstrou a intenção de


edi�car um abrigo adequado para a arca (1Cr 17.1-2). Por conta disso e
do envolvimento dele com este projeto, Block entende que “se devemos
identi�car o Templo, com um ser humano, ele deveria ser Templo de
Davi em vez de Templo de Salomão. Salomão foi para esse projeto o que
Bezalel foi para a construção do Tabernáculo”. Na verdade, como
depositário da aliança davídica, Salomão sobrepujou Bezalel.

O profeta Natã foi usado por Deus para informar a Davi que ele não
construiria o Santuário, e sim seu �lho Salomão (1Cr 17.4,11-14; 28.5-10).
A razão da proibição divina pode ser conferida em 1Crônicas 22.8-10:

Porém a mim me veio a palavra do SENHOR, dizendo: Tu


derramaste sangue em abundância e �zeste grandes
guerras; não edi�carás casa ao meu nome, porquanto
muito sangue tens derramado na terra, na minha
presença.

Eis que te nascerá um �lho, que será homem sereno,


porque lhe darei descanso de todos os seus inimigos em
redor; portanto, Salomão será o seu nome; paz e
tranquilidade darei a Israel nos seus dias.

Este edi�cará casa ao meu nome; ele me será por

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�lho, e eu lhe serei por pai; estabelecerei para sempre o


trono do seu reino sobre Israel.

Como explica Longman III:

O Templo representava o cessar das batalhas de


conquista; ele simbolizava o estabelecimento na terra.
[…]

Observe o signi�cado do nome Salomão. Em


hebraico, é pronunciado “Shelomo”. Quando
consideramos esse nome com mais atenção, vemos que
ele é formado por uma palavra hebraica bem comum
com três consoantes: sh-l-m. Conhecemos essa palavra
na sua forma shalom. Salomão seria “Paz”.

Davi acolheu a palavra profética, incumbiu Salomão de empreender a


obra, levantou recursos e estabeleceu estrutura e parâmetros para o
culto (1Cr 22.1-5,17-19; 23.1—26.28; 28.1-21). O SENHOR “também
projetou o Templo e todos os seus ornamentos e mobiliário e revelou a
Davi por escrito”.

A construção demorou sete anos para ser concluída (1Rs 6.37-38).


Salomão inaugurou o empreendimento em uma cerimônia grandiosa,
cujo clímax foi a manifestação da glória divina (2Cr 2.17—4.22; 5.1-3,
6.1-42; 7.1-3). Naquela mesma noite Deus renovou a aliança (2Cr 7.11-22).

De noite, apareceu o SENHOR a Salomão e lhe disse:

Ouvi a tua oração e escolhi para mim este lugar para


casa do sacrifício. Se eu cerrar os céus de modo que não
haja chuva, ou se ordenar aos gafanhotos que consumam
a terra, ou se enviar a peste entre o meu povo; se o meu
povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar, e orar,
e me buscar, e se converter dos seus maus caminhos,
então, eu ouvirei dos céus, perdoarei os seus pecados e
sararei a sua terra. Estarão abertos os meus olhos e
atentos os meus ouvidos à oração que se �zer neste
lugar. Porque escolhi e santi�quei esta casa, para que
nela esteja o meu nome perpetuamente; nela, estarão
�xos os meus olhos e o meu coração todos os dias.

Quanto a ti, se andares diante de mim, como andou


Davi, teu pai, e �zeres segundo tudo o que te ordenei, e
guardares os meus estatutos e os meus juízos, também
con�rmarei o trono do teu reino, segundo a aliança que
�z com Davi, teu pai, dizendo: Não te faltará sucessor
que domine em Israel (2Cr 7.12-18).

A estrutura interna do Templo seguia as divisões do Tabernáculo, com


alguns diferenciais (�gura 06).

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Block esclarece que:

Uma vez que o Tabernáculo e o Templo serviram à


mesma �nalidade e vieram da mesma fonte, suas
semelhanças no projeto não são de surpreender […].
Ambas as estruturas eram de forma retangular,
orientadas em um eixo leste-oeste, com a entrada no
lado leste e o santuário a oeste. Ambas consistiam de
dois ambientes: o Santo dos Santos, que abrigava a arca
da aliança; e o pórtico, na frente, o Lugar Santo, também
chamado hê·ḵāl, “templo/santuário” (1Rs 6.3,5). Ambos
estavam localizados dentro de um átrio maior, com um
altar para sacrifícios e uma pia para limpeza ritual na
frente. Ambos os aposentos foram ricamente decorados
com ouro e prata, e cores e �guras associadas com a
realeza, condizentes com o Rei divino que ali residia. E
ambos foram decorados com temas a partir da narrativa
do Éden.

As diferenças entre o Tabernáculo e o Templo foram


determinadas pelo fato de o primeiro ser uma residência
portátil e o último ser a morada permanente do SENHOR
em Sião.

Como explica a Bíblia de Genebra:

Ambos os santuários tinham na essência a mesma forma,


mas o Templo salomônico media o dobro, tanto no
comprimento como na largura. No fundo do santuário
(1Rs 6.16) estava o Santo dos Santos, que era uma
câmara em forma de cubo (1Rs 6.20). O Santo Lugar do
Templo tinha a mesma largura, mas o dobro do
comprimento (1Rs 6.17). Na entrada do Templo havia um
vestíbulo ou átrio interior (1Rs 6.36), e nos outros três
lados do edifício foi construído um anexo de três pisos,
com câmaras para guardar os utensílios do culto e com
acomodações de moradia para o sacerdote (1Rs 6.4-7).

O Templo de Salomão foi considerado como uma das “maravilhas do


mundo antigo” e as palavras da rainha de Sabá nos ajudam a
compreender sua beleza e magni�cência.

Vendo, pois, a rainha de Sabá toda a sabedoria de


Salomão, e a casa que edi�cara, e a comida da sua mesa,
e o lugar dos seus o�ciais, e o serviço dos seus criados, e
os trajes deles, e seus copeiros, e o holocausto que

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oferecia na Casa do SENHOR, �cou como fora de si e


disse ao rei: Foi verdade a palavra que a teu respeito ouvi
na minha terra e a respeito da tua sabedoria. Eu,
contudo, não cria naquelas palavras, até que vim e vi
com os meus próprios olhos. Eis que não me contaram a
metade: sobrepujas em sabedoria e prosperidade a fama
que ouvi. Felizes os teus homens, felizes estes teus
servos, que estão sempre diante de ti e que ouvem a tua
sabedoria! Bendito seja o SENHOR, teu Deus, que se
agradou de ti para te colocar no trono de Israel; é porque
o SENHOR ama a Israel para sempre, que te constituiu
rei, para executares juízo e justiça (1Rs 10.4-9).

Este foi o Primeiro Templo, “construído com técnicas arquitetônicas


fenícias”, e subsistiu de 966 até 586 a.C. Quatro séculos depois de
sua inauguração gloriosa, os judeus entristeceram a Deus com idolatria e
imoralidade, de modo que o Senhor os disciplinou com o cativeiro
babilônico (Jr 25.1-11). Como a�rma Block, “depois que os judeus
profanaram o Templo com uma multidão de males, a glória do Senhor
�nalmente os deixou, reduzindo esse santuário sagrado a uma mera
caixa e convidando Nabucodonosor a vir e destruí-la (cf. Ez 8—11)”.
Nabucodonosor, rei da Babilônia, invadiu Jerusalém e devastou o edifício
salomônico durante o reinado de Zedequias (2Cr 36.11-21).

É digno de nota que, ainda no contexto do cativeiro, Ezequiel


profetizou sobre o estabelecimento de um Templo restaurado (Ez 43.1-5),
mas esta previsão nunca se concretizou na história de Israel e alguns
fragmentos da fala de Ezequiel sobre o Templo são retomados apenas no
Apocalipse de João (Ez 47.1,12; cf. Ap 22.1-2).

Com o deslocamento do poder da Babilônia para a Média-Pérsia, Deus


levantou Ciro para liberar seu povo para reconstruir Jerusalém e o
Templo.

[…] no primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, para que se


cumprisse a palavra do SENHOR, por boca de Jeremias,
despertou o SENHOR o espírito de Ciro, rei da Pérsia, o
qual fez passar pregão por todo o seu reino, como
também por escrito, dizendo:

Assim diz Ciro, rei da Pérsia: O SENHOR, Deus dos


céus, me deu todos os reinos da terra e me encarregou

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de lhe edi�car uma casa em Jerusalém, que está em


Judá; quem entre vós é de todo o seu povo, que suba, e o
SENHOR, seu Deus, seja com ele (2Cr 36.22-23).

O povo recebeu recursos para retornar e reconstruir o Templo, mas este


Segundo Templo era inferior ao de Salomão (Ed 1.4-11; 3.11-13). “[…]
muitas pessoas mais idosas choraram quando os alicerces foram
lançados, provavelmente de tristeza, porque o Templo reconstruído seria
bem mais modesto e não teria o esplendor do antigo Templo de
Salomão”. Ademais, “o projeto foi interrompido ([Ed] 4.24) e não foi
retomado até 520 a.C. Inspirado por Ageu e Zacarias (Ed 5.1-5), o edifício
foi concluído em 515 a.C.” O povo foi tomado de cinismo e desânimo,
durante aquela reconstrução, como lemos em Ageu.

No segundo ano do rei Dario, no sétimo mês, ao vigésimo


primeiro do mês, veio a palavra do SENHOR por
intermédio do profeta Ageu, dizendo:

Fala, agora, a Zorobabel, �lho de Salatiel, governador


de Judá, e a Josué, �lho de Jozadaque, o sumo sacerdote,
e ao resto do povo, dizendo: Quem dentre vós, que tenha
sobrevivido, contemplou esta casa na sua primeira
glória? E como a vedes agora? Não é ela como nada aos
vossos olhos? (Ag 2.1-3).

Quanto à sua estrutura e utensílios:

[…] a área do Templo era de cerca de 152 por 45 metros,


mas as dimensões do edifício em si são desconhecidas.

1Macabeus 1.21-22 e 4.49-51 sugerem que o Lugar


Santo continha um candelabro de ouro […], uma mesa
para o pão da Presença, um altar de ouro para o incenso
e vasos sagrados. Um véu dividia o Lugar Santo do
Santuário, mas sem a arca e sem a divina glória, essa sala
�cava vazia. Mesmo assim, o povo celebrou a conclusão
do Templo com grande festa, envolvendo centenas de
sacrifícios e refeição da Páscoa (Ed 6.13-22).

Chama atenção o fato de, em Malaquias (5º século a.C.), o povo


novamente desprezar a aliança e o culto ao Senhor (Ml 1.6-14; 2.10-17;
3.1-12). Lamentavelmente, “por volta do 2º século a.C., o sacerdócio
estava sendo vendido ao licitante que pagasse mais”. Não foi sem
razão que isso terminou em tragédia.

A história desse Templo chegou ao seu ponto mais baixo


em 167 a.C., quando as forças de Antíoco mataram a
maioria dos homens em Jerusalém e escravizaram as
mulheres e crianças. Eles destruíram as muralhas da
cidade, aboliram todos os ritos judaicos e rededicaram o
Templo ao Zeus do Olimpo. Em kislev 15 (6 de dezembro)
Antíoco cometeu “a abominação da desolação” (Dn
11.31; 12.11; 1Mac 1.54; Mc 13.14) no Templo. Três anos
mais tarde, Judas Macabeu recuperou o controle do
edifício. Ele o reparou e o puri�cou, um evento celebrado
até hoje na festa judaica de Hanukká.

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No término do Antigo Testamento a profecia cessou, conforme o


testemunho apócrifo (não divinamente revelado, mas historicamente
útil) de 1Macabeus:

Deliberaram também sobre o que deviam fazer do altar


dos holocaustos que [Antíoco] havia profanado, e
ocorreu-lhes a boa inspiração de o demolirem, a �m de
que não se tornasse para eles motivo de desonra o fato
de os pagãos o terem contaminado. Demoliram-no, pois,
e puseram as pedras no monte da Morada, em lugar
conveniente, à espera que viesse algum profeta e se
pronunciasse a esse respeito (1Mc 4.44-46; BJ).

E ainda, “foi esta uma grande tribulação para Israel, como nunca houve
desde o dia em que não mais aparecera um profeta no meio deles” (1Mc
9.27; BJ). E �nalmente, “e que os judeus e seus sacerdotes haviam achado
por bem que Simão fosse seu chefe e sumo sacerdotes para sempre, até
que surgisse um profeta �el” (1Mc 14.41; BJ). A partir daquele tempo, a
glória divina não mais foi vista no Santuário.

Este Segundo Templo, construído por Zorobabel, foi utilizado desde


516 ou 515 a.C. e estava em uso, remodelado por Herodes, no 1º
século.

Apesar do Templo da época de Jesus ser chamado de Segundo Templo,


tratava-se de uma terceira versão do santuário. Herodes o Grande
reconstruiu e remodelou completamente com o intuito de “fornecer uma
lembrança eterna de seu nome entre os judeus”. Uma maquete desta
obra pode ser conferida no Museu de Israel ao Ar Livre, em Jerusalém
(�gura 07).

Josefo descreve a majestade do Templo de Herodes, como segue:

No aspecto externo do edifício, nada foi descuidado para


impressionar o espírito e os olhos. Com efeito, como ele
era recoberto de todos os lados por espessas placas de
ouro, desde o nascer do sol, re�etia a luz com tal
intensidade que obrigava os que olhavam a retirar os
olhos como diante dos raios do sol. Para os estrangeiros
que chegavam, ele aparecia de longe como uma
montanha nevada, pois onde não era recoberto de ouro,

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o era do mármore mais branco. No alto, era eriçado de


pontas de ouro agudas para impedir os pássaros de
pousar e de sujar o teto.

A torre principal deste Templo correspondia a um edifício de quinze


andares. De acordo com Saulnier e Rolland:

O centro do terrapleno [do Templo] é elevado em


relação ao conjunto: estelas escritas em grego e em latim
proíbem a entrada a todo incircunciso, sob pena de
morte. Através de degraus, chega-se então ao terraço
central […]. Nove portões, quatro ao norte, quatro ao sul e
um a leste lhe dão acesso.

E ainda:

Certo número de edifícios estão pegados à parede do


Templo: sala do Sinédrio, depósitos de lenha, de vinho, de
óleo destinados ao culto, sala do Tesouro.

Fala-se também de outros elementos decorativos


como cachos de uva feitos de ouro, do tamanho de uma
pessoa, sobre o frontão, e de numerosas tapeçarias de
tecidos preciosos vindos dos mais longínquos países.

Algo, porém, estava ausente, pois:

O Santo dos Santos é inteiramente vazio (no Templo de


Salomão, destruído em 587, ele continha a arca da
aliança); é fechado não por parede, mas por uma dupla
cortina (o véu do Templo); só o sumo sacerdote nele
penetram com grande temor uma vez por ano, no dia da
festa das Expiações: é o lugar da Presença do Senhor.

Herodes iniciou a reforma deste Templo em 20 a.C. e ela foi concluída


por seu bisneto Herodes Agripa II, no ano 64, apenas seis anos antes de
sua destruição de�nitiva pelos romanos, por conta da revolução dos
judeus, no ano 70 (�gura 08).

(Venice) La distruzione del tempio di Gerusalemme -Francesco Hayez – gallerie


Accademia Venice

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Hoje, em seu lugar há o Domo da Rocha, uma Mesquita de onde, de


acordo com o Islã, Maomé subiu aos céus (�gura 09).

Quanto aos sacrifícios, os serviços do Segundo Templo buscavam


reproduzir os oferecidos no Tabernáculo.

O Templo e seu culto prescrito proporcionaram um meio


pelo qual os israelitas poderiam manter uma
comunicação aberta com seu Deus. Por meio do
sacrifício e do trabalho de intermediação dos sacerdotes,
seus pecados poderiam ser removidos; por meio de suas
festas, poderiam expressar sua gratidão a Deus.

O serviço do Templo, na época de Jesus, era cheio de ostentação


humana, mas vazio da glória de Deus. Como podemos conferir em
Saulnier e Rolland:

O israelita que quer oferecer um sacrifício começa


entrando no Templo, por comprar o animal ou os animais
que quer oferecer, bem como a farinha e o óleo
necessários para praticamente todas as ofertas. Depois
penetra no segundo recinto e vai até o pátio de Israel.
Apresenta-se a um sacerdote, reconhecível por seu traje
especial (vestes de linho branco). Este o conduz então,
através do pátio dos sacerdotes que, nesta circunstância,
um leigo pode atravessar, até ao pé do altar. Se, no
Antigo Testamento, era o próprio ofertante que matava
vítima, parece que no século I da nossa era essa função
será entregue ao sacerdote, exceto no rito do cordeiro
pascal, imolado pelo chefe de família […]. Depois o
animal é esfolado, retalhado e os pedaços são utilizados
segundo as prescrições da lei. Orações ou bênçãos
acompanham esses ritos, mas elas nos são
desconhecidas. Uma mulher ou incircunciso podem
mandar oferecer sacrifício, mas é-lhes proibido entrar no
coração do Templo: não podem acompanhar nem ajudar
o sacerdote.

Os relatos de Joachim Jeremias são su�cientes para con�rmar que os


serviços dos levitas e sacerdotes no Templo, no 1º século, eram
impressionantes. A agenda religiosa de Jerusalém os exigia. Cerca de
7200 sacerdotes, somados a 9600 levitas ministravam em diferentes
lugares e funções. Gerd Theissen entende que o Templo tinha a
capacidade de empregar “1000 sacerdotes pobres”.

Para nosso estudo, é interessante o desenvolvimento histórico do uso


da música na adoração. O culto no Templo, desde Salomão até o 1º
século, acomodava qualquer tipo de instrumento e gênero musical?

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Além de compor Salmos, Davi contribuiu com o culto judaico e cristão


regulamentando o uso de louvores na adoração do Templo. Ele
revitalizou e alterou o ministério levítico (tabela 02).

Ligados ao Tabernáculo

Ligados ao Templo e responsáveis pela


música

Antes da morte de Davi existiam 38 mil levitas, homens maiores de


trinta anos; quatro mil designados especialmente para o louvor (1Cr
23.1-23; cf. v. 5; 1Cr 9.33). Davi os desobrigou de transportar os itens do
Tabernáculo; todas as suas responsabilidades foram ligadas ao serviço
do Templo (1Cr 23.25-32). O culto �el no Templo passou a ser igualado à
prática das instruções de Davi (2Cr 8.14-15). Foram estabelecidos os
levitas músicos e cantores (1Cr 15.16). Os louvores passaram a ser
entoados “com címbalos de bronze” (1Cr 15.19), “em voz de soprano”
(1Cr 15.20) e “em voz de baixo” (1Cr 15.21) e a direção do canto devia ser
feita por peritos (1Cr 15.22). Os cantores se vestiam de linho �no e
louvavam ao som dos instrumentos, acompanhados de 120 sacerdotes
(2Cr 5.12-13). Sob os cuidados de Asafe, Hemã e Jedutum, a música se
destinou à edi�cação da fé (1Cr 15.16; 16.41-42; 25.1).

O hinário utilizado foi o livro dos Salmos (Sl 9.11; 47.6; 68.4,32-34;
81.1-2; 96.1-2; 105.2; 135.3; 147.7). Como Palavra inspirada, os Salmos
estabeleceram uma prescrição: Os louvores devem constar na adoração.
Em Salmos 40.3, šîr, “cântico” é usado como sinônimo de tehil·lā(h), “hino
de louvor”. Em outros lugares há um chamado para que entoemos um
“novo cântico” (Sl 33.3; 96.1-2; 98.1-2; 144.9-11; 149.1-2) o que não
signi�ca, necessariamente, adorar a Deus com canções novas, mas
considerar nossa própria experiência de salvação no contexto do louvor
já conhecido.

Quanto aos instrumentos musicais do Primeiro Templo, “o toque da


trombeta de chifre de carneiro, [foi] seguido pelo som do saltério e da
harpa (1Cr 25.1), bem como o sonido dos címbalos de cobre (1Cr 15.19)”.
Os “címbalos sonoros” e “retumbantes”, citados em Salmos 150.5,
antes importantes “na história hebraica primitiva, [foram] gradualmente
eliminados do uso durante o período do Segundo Templo”. Isso

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ocorreu porque eles “estavam proeminentemente associados com a


prática da idolatria da Mesopotâmia, e mesmo com as seitas judaicas
heréticas, e, portanto, foram considerados ‘impuros’”. Em outras
palavras, depois do exílio babilônico, Israel preferiu não utilizar
determinados instrumentos que tivessem potencial de conduzi-lo ao
afastamento de Deus.

Quanto ao estilo da música, é possível que, no Segundo Templo, no 1º


século, fosse executado um padrão marcado por três centros tonais,
correspondentes aos modos dório, frígio e lídio dos gregos antigos.
Abraham Zvi Idelsohn (1882-1938), “o pai da musicologia moderna”,
pesquisou melodias tradicionais da música hebraica em todo o mundo e
encontrou “motivos recorrentes e progressões” distintas de “qualquer
outra música nacional”. Ele sugeriu, a partir disso, “uma origem comum
para essas frases musicais que remonta a Israel ou à Palestina do 1º
século cristão, antes da destruição do Segundo Templo pelos romanos e
do exílio judaico”. Olhando mais de perto, Idelsohn distinguiu três
centros tonais, como segue: “Três diferentes centros tonais, que
correspondiam aos modos dório, frígio e lídio dos gregos antigos. […] O
modo dório tetracorde foi utilizado para textos de natureza elevada e
inspirada, o frígio para textos sentimentais — os surtos humanos de
muito sentimento, tanto de alegria e de luto, e o lídio, em composições
para os textos de lamentações e con�ssões dos pecados”.

Se esta hipótese for acolhida, a música do Segundo Templo é


pertinente para os atos de adoração, reverente, profunda e adequada
para a elevação da alma (Sl 25.1).

As ponderações sobre limitações e relevância do culto no Tabernáculo,


da seção 6.4, podem e devem ser aplicadas ao culto oferecido no Templo
de Jerusalém. Esta é a ênfase do autor da carta aos Hebreus, que rotula
tais práticas como “sombras” ou apontamentos para a redenção
completada por Jesus Cristo (Hb 8.1—10.39).

Ademais, se no Segundo Templo a profecia (revelação ou Palavra de

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Deus), a glória divina e a arca da aliança se foram, a profecia e a glória


do Senhor retornam ao Templo quando Jesus o puri�ca, expulsando os
seus cambistas (Jo 1.14; 2.13-20) e a arca da aliança celestial será
revelada na consumação (Ap 11.39).

Não apenas Jesus é o Tabernáculo de Deus, como enfatiza Ryken,


mas ele é também a realização da representação da presença do Senhor,
fonte da recriação de Israel e do mundo, reivindicação de Israel e meio
de comunhão com Deus.

Para completar, de acordo com o Novo Testamento, a igreja de Jesus


está sendo aperfeiçoada diuturnamente como “santuário de Deus” (1Co
3.16-17; 6.19; Ef 2.21) e, no �m dos tempos e dos templos, o próprio Deus
se revelará como “santuário” todo-su�ciente para seu povo (Ap 21.22).

Nesta aula nós vimos como se desenvolveu o culto no Templo de


Jerusalém, primeiramente edi�cado por Salomão, depois refeito por
Zorobabel e, �nalmente, restaurado e modi�cado por Herodes, o Grande.

A �nalidade e ordem do culto no Templo se assemelharam à do


Tabernáculo, com incrementações quanto à natureza dos ofícios e
número dos o�ciantes. O culto no Templo rati�cou a Teologia do culto
no Tabernáculo e inseriu o louvor cantado como elemento da adoração
ao Senhor.

Os cristãos, especialmente à luz das teologias dos Evangelhos, de


Hebreus e do Apocalipse, compreendem que ambos os cultos — no
Tabernáculo e no Templo — só podem ser devidamente entendidos e
praticados a partir do conhecimento da pessoa e do desfrute da obra de
Jesus Cristo.

DI SANTE, op. cit., p. 119.

LONGMAN III, op. cit., p. 37.

Ibid., loc. cit.

BLOCK, op. cit., p. 328.

LONGMAN III, p. 39-40.

BLOCK, op. cit., p. 330.

BLOCK, op. cit., p. 330.

BEG3, p. 594.

REINKE, André Daniel. Atlas ilustrado da Bíblia: Um guia completo


para compreender o contexto histórico e geográ�co das Escrituras. Rio
de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2023, p. 54-55. Edição do Kindle.

NELSON, Thomas. Manual bíblico de mapas e grá�cos. São Paulo:

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Cultura Cristã, 2003, p. 132.

BLOCK, op. cit., p. 333.

BEG3, p. 801.

BLOCK, op. cit., p. 335.

Ibid., p. 335-336.

Ibid., p. 336.

Ibid., loc. cit.

TASSIN, Claude. O Judaísmo do exílio ao tempo de Jesus. São


Paulo: Paulinas, 1988, p. 48 (Série cadernos bíblicos — 46).

NELSON, op. cit., p. 132; BLOCK, op. cit., p. 335, 336.

STIGERS, H. G. “Templo de Jerusalém”. In: TENNEY, Merrill C. (Org.).


Enciclopédia da Bíblia Cultura Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2008, v. 5,
p. 803.

JOSEFO, Flávio. Guerra judaica, v. 222-224, apud SAULNIER,


Christiane; ROLLAND, Bernard. A Palestina no tempo de Jesus. 3ª ed. São
Paulo: Paulinas, 1983, p. 37 (Cadernos bíblicos; 27).

SAULNIER; ROLLAND, op. cit., p. 38.

Ibid., p. 39.

Ibid., loc. cit.

Ibidem.

BEG3, p. 1740. Esta obra foi concluída por Herodes Agripa II,
bisneto do primeiro Herodes.

PACOMIO, Luciano; VANETTI, Pietro. (Org.). Pequenos atlas bíblico:


História, geogra�a, arqueologia da Bíblia. Aparecida, SP: Editora
Santuário, 1996, p. 59.

BLOCK, op. cit., p. 333.

SAULNIER; ROLLAND, op. cit., p. 42-43.

JEREMIAS, Joachim. Jerusalém no tempo de Jesus: Pesquisa de


história econômico-social no período neotestamentário. Santo André;
São Paulo: Academia Cristã; Paulus, 2010, p. 207-302.

JEREMIAS, op. cit., p. 207.

THEISSEN, Gerd. Sociologia do movimento de Jesus. São Leopoldo:


Sinodal, 1989, p. 48-49.

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WEISER, Artur. Os salmos. São Paulo: Paulus, 1994, p. 247 (Coleção


grande comentário bíblico). Para Calvino, a expressão do salmista
simplesmente descreve o livramento que este recebera de Deus; cf.
CALVINO, João. Salmos. São José dos Campos: Editora Fiel, 2011, v. 2,
posição 3151 de 12686 (Comentários bíblicos João Calvino). Edição do
Kindle. Este entendimento é compartilhado por HARMAN, Allan. Salmos.
São Paulo: Cultura Cristã, 2011, p. 185 (Comentário do Antigo
Testamento).

M’CAW, Leslie S. “Salmos”. In: DAVIDSON, F. (Org.). O novo


comentário da Bíblia. 1ª ed. 1963. Reimp. 1985. São Paulo: Vida Nova,
1985, v. 1, p. 626.

HUSTAD, op. cit., p. 57.

HUSTAD, op. cit., loc. cit.

SAN ANTONIO VOCAL ARTS ENSEMBLE — SAVAE. Rediscovering


music & chant of Middle Eastern spirituality [Redescobrindo a música e o
canto da espiritualidade da Idade Média]. Disponível em: <http://
www.savae.org/echoes1.html>. Acesso em: 4 abr. 2012. O resultado
interessante do estudo de Idelsohn, convertido em música, pode ser
conferido em SAVAE. Ancient echoes: Music from the time of Jesus and
Jerusalem’s Second Temple. World Library Publication, 2002. 1 CD.

RYKEN, op. cit., p. 196.

BLOCK, op. cit., p. 331-333.

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