2T2019 AP4 Esboço Caramuru

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2º Trim.

de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo

PORTAL ESCOLA DOMINICAL


2º Trimestre de 2019 - CPAD
O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo
Comentários da revista da CPAD: Elienai Cabral
Comentário: Ev. Caramuru Afonso Francisco

APÊNDICE Nº 4 – OS DOIS TEMPLOS E O TABERNÁCULO – DIFERENÇAS ENTRE SI E


SUAS IMPLICAÇÕES TIPOLÓGICAS

As diferenças entre os dois templos e o tabernáculo têm importantes


significados tipológicos.

Texto áureo
“Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus, Te não poderiam conter,
quanto menos esta casa que eu tenho edificado.” (I Rs.8:27).

INTRODUÇÃO
- Em apêndice ao trimestre de estudo sobre o tabernáculo, analisaremos as diferenças entre o tabernáculo e
os dois templos com as respectivas implicações tipológicas.

- A tipologia dos templos e da sinagoga muitos nos ensina sobre o culto a Deus e o relacionamento com o
Senhor.

I – OS DOIS TEMPLOS E O TABERNÁCULO

- O tabernáculo construído junto ao monte Sinai acompanhou o povo durante todas as suas jornadas no
deserto. Quando o povo atravessou o Jordão, acampou em Gilgal e ali, como não podia deixar de ser, foi
erigido o tabernáculo (Js.4:19), já que, sempre o que o povo acampava, deveria fazê-lo ao redor do
tabernáculo (Nm.2:1,2).

- Em Gilgal, inclusive, foi retirado o opróbrio do Egito do povo de Israel, com a circuncisão daqueles que
haviam nascido durante a peregrinação do deserto (Js.5:9), motivo, aliás, porque aquele local passou a se
chamar Gilgal, palavra cujo significado é “círculo” ou “roda”, uma alusão à remoção do prepúcio, que é a
circuncisão.

- Terminados os combates da guerra de conquista, o tabernáculo foi, então, levado para Siló, onde foi
erguido e mantido ali permanentemente (Js.18:1). Em Siló, aliás, diante do Senhor, foram lançadas sortes
para a partilha da terra (Js.18:8-10).

- O tabernáculo esteve em Siló até os dias de Eli, sumo sacerdote e penúltimo juiz de Israel (I Sm.1:3).
Entretanto, quando os israelitas, no final do governo de Eli, retiraram de lá a arca do Senhor, para levá-la ao
campo de batalha contra os filisteus ( I Sm.4:3), o tabernáculo acabou por desfazer-se. Senão vejamos.

- A arca foi tomada pelos filisteus (I Sm.5:1) e, embora devolvida sete meses depois (I Sm.6:1-12), não
mais retornou para Siló, mas, depois de ter sido indevidamente vista pelos moradores de Bete-Semes (I
Sm.6:12-21), tendo sido levada para Quiriate-Jearim (I Sm.7:1), de onde foi trazida para Jerusalém, décadas
depois, já no reinado de Davi (II Sm.6:2). Nesta indevida visão da arca, muito provavelmente, perderam-se
dois dos elementos que ficavam em seu interior, a saber, a porção de maná e a vara de Arão, já que, quando
a arca é levada ao templo, nela só havia as tábuas da lei (I Rs.8:9; II Cr.5:10).

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- O restante do tabernáculo desfez-se, pois o próprio Senhor desamparou aquele lugar por causa da
maldade do povo de Israel (Sl.78:60; Jr.7:12,14; 26:6,9). Assim, que vemos que parte das peças do
tabernáculo estiveram em Nobe (I Sm.21:1-6) e em Gibeão (I Rs.3:4; I Cr.21:29; II Cr.1:3,13) até o tempo
da edificação do templo.

- Ao levar a arca para Jerusalém, teve Davi o desejo de construir um templo, que seria, assim, um
“tabernáculo fixo”, a fim de restaurar, por completo, a adoração a Deus (II Sm.7; I Cr.17), que estava bem
prejudicada desde os dias de Eli, tema que não despertou o espírito de Saul, o primeiro rei de Israel (I
Cr.13:3).

- O Senhor, porém, não permitiu que Davi construísse o templo, pois havia derramado muito sangue (I
Sm.22:8), mas disse que o filho de Davi que o sucederia no trono de Israel o faria (I Sm.7:12,1; I Cr.22:10).

- Davi, então, iniciou os preparativos para a construção do templo, já que, embora lhe tivesse sido negada a
construção, não o foi o planejamento.

- Vemos, desde já, aqui algumas diferenças entre o tabernáculo e o templo. A primeira é a de que o
tabernáculo era uma construção móvel, enquanto que o templo seria uma construção fixa. Isto fez com
que as estruturas de um e de outro fossem diferentes, já que uma edificação foi feita para ser transportada, e
a outra, não.

- A segunda diferença diz respeito ao próprio modelo de construção. No tabernáculo, o modelo foi
mostrado a Moisés no monte (Ex.25:9), enquanto que, no templo, o projeto foi feito por Davi, que o
entregou a Salomão (I Cr.28:11-13). O “risco” feito por Davi é a palavra original “tabbnith” (‫)תַ בְ נית‬, que é a
mesma palavra utilizada em Ex.25:9, para “modelo”, a mostrar, portanto, que o papel de um e de outro eram
o mesmo.

- Verdade é que Davi não ousou alterar a essência do modelo do tabernáculo, como a estrutura tripartite do
santuário (pátio, lugar santo e lugar santíssimo), o fato de o pátio ser descoberto e lugar santo e santíssimo
cobertos, mas, em volta desta essência, acresceu outros pormenores, sem falar que fez toda uma organização
do serviço dos sacerdotes e dos levitas, em especial, o serviço relativo ao louvor, inexistente no modelo do
tabernáculo.

- Não se deve olvidar, ainda, que tudo quanto Davi planejou, não o fez de forma arbitrária e conforme a sua
própria vontade, mas, sim, sob a direção divina, pois era, além de rei, profeta (At.2:30), alguém que era
ungido do Senhor (II Sm.5:17; 19:21; 23:1; Sl.18:50). Tanto assim é que as Escrituras, expressamente,
dizem que todas as orientações na área do louvor vieram do próprio Deus (I Cr.25:1-6; II Cr.29:25). Mas
não é só! O próprio Davi disse que o risco foi um mandado do Senhor (I Cr.28:19).

- É importante dizê-lo pois há quem veja no fato de o templo não ter seguido à risca o modelo do
tabernáculo uma “prova bíblica” que permita “inovações litúrgicas” ao longo do tempo. Na verdade,
estávamos num período de revelação progressiva de Deus e o Senhor vai aprimorando, durante a história de
Israel, a Sua manifestação ao povo, que chegará ao ponto culminante na pessoa de Cristo Jesus, mas não se
tem aqui, em absoluto, um “permissivo” para que se criem “novas fórmulas de adoração” ao talante do
homem. Adoração é, sobretudo, o reconhecimento da soberania divina e, como tal, é o Senhor quem dita o
que e como se deve adorar e cultuar. A parte atinente ao louvor, por exemplo, trouxe novas revelações ao
que já existia no santuário celestial, de que o tabernáculo era um modelo.

- Pode-se fazer um paralelo entre o primeiro templo e as segundas tábuas da lei. Como sabido, por ter
Moisés quebrado as primeiras tábuas da lei no episódio do bezerro de ouro (Ex.32:19), Deus mandou que
Moisés subisse ao monte para lhe entregar novas tábuas (Ex.34:1,2).

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- Estas segundas tábuas foram, novamente, escritas por Deus (Ex.34:1), mas, ao contrário das primeiras
(Ex.32:16), foram lavradas por Moisés. Assim, houve uma participação humana nas segundas tábuas, ainda
que uma participação que, em absoluto, significou qualquer mudança no conteúdo dos dez mandamentos.

- Assim, também, foi permitido a Davi e a Salomão “lavrarem” o templo, ou seja, introduzirem
peculiaridades que, no entanto, em absoluto, alteraram a essência do culto, bem como da estrutura da
edificação.

- A terceira diferença que podemos notar entre o templo e o tabernáculo são as dimensões de um e de
outro. O templo era bem maior que o tabernáculo e isto talvez seja pelo fato de que, enquanto o tabernáculo
tivesse sido construído para ser utilizado somente pelos israelitas, o templo tinha a intenção de ser “casa de
oração para todas as nações” (Is.56:7), algo que, embora fosse referido só posteriormente pelo profeta Isaías
e, ainda, num contexto futurístico, estava, sim, já presente quando da dedicação do próprio templo, como
podemos ver em II Cr.6:32,33.
OBS: “…O templo tinha uma planta muito similar à tenda ou tabernáculo que anteriormente servia de centro da adoração ao Deus de Israel. A
diferença residia nas dimensões internas do Santo e do Santo dos Santos ou Santíssimo, sendo maiores do que as do tabernáculo. O Santo tinha
40 côvados (17,8 m) de comprimento, 20 côvados (8,9 m) de largura e, evidentemente, 30 côvados (13,4 m) de altura. (1 Reis 6:2) O Santo dos
Santos, ou Santíssimo, era um cubo de 20 côvados (8,9 m)de lado. (1 Reis 6:20; 2 Crónicas 3:8)…” (SILVA, Mário Marcos de Andrade da. Do
tabernáculo de Moisés ao templo de Salomão. Disponível em: http://teologiaparailuminar.blogspot.com/2013/04/do-tabernaculo-de-moises-
templo-de.html Acesso em 03 abr. 2019).

- O altar de sacrifícios, a maior peça do tabernáculo, media, segundo a Versão Nova Almeida Atualizada
(NAA), 2,20 m de comprimento e de largura e 1,30 m de altura (Ex.27:1). Já, no templo, o altar media 9 m
de comprimento e largura, com 4,5 m de altura.

- A parte coberta do tabernáculo ocupava uma área que era a metade da que foi ocupada pela parte coberta
do templo, segundo Bryan Murawski, da Bethany Bible Church no seu artigo “Exodus 27 – The tabernacle
vs. the temple” (30 ago. 2017. Disponível em: https://www.bethanybiblechurch.com/2017/08/30/exodus-27-
tabernacle-vs-temple/ Acesso em 03 abr. 2019).

- A quarta diferença está nos construtores. O tabernáculo foi construído somente por israelitas,
devidamente treinados por Bezaleel e Aoliabe (Ex.35:10-19,34,35), estes nominalmente chamados por Deus
(Ex.31:2,6), enquanto que, para a construção do templo, Salomão designou trinta mil israelitas (I Rs.5:13-
15), setenta mil homens estrangeiros residentes em Israel para levarem as cargas, oitenta mil, igualmente
estrangeiros, para talharem pedras nas montanhas e três mil e seiscentos para dirigirem a obra, bem como
que se trouxesse cedro do Líbano, bem como que viesse um tírio que soubesse trabalhar em todo o material,
devidamente acompanhado de perito, tendo, então, sido mandado Hirão-Abi, filho de uma danita e de um
homem de Tiro, que era “… um homem sábio de grande entendimento…” (II Cr.2:13), de modo que
tivemos a participação tanto de israelitas quanto de gentios (II Cr.2) .

- Uma vez mais, aqui, vemos que há um amálgama entre Deus e os homens para a construção do templo,
visto que foram utilizadas pessoas que tinham um talento natural, dado por Deus, como também
conhecimento técnico especializado, fruto de esforço humano, sem se falar no caráter transnacional da mão-
de-obra.

- Por isso mesmo, se, no tabernáculo, todo o trabalho realizado foi voluntário, assim como tudo foi fruto de
ofertas (Ex.35:20-29), já no templo, houve determinação de trabalhos forçados, por imposição do rei, como
também as tarefas realizadas pelos tírios e o próprio material trazido do Líbano foram devidamente pagos
por Salomão, que, por estes serviços, pagou duas mil toneladas de cevada, quatrocentos mil litros de vinho e
quatrocentos mil litros de azeite (II Cr.2:10 NAA).

- Tem-se, aqui, portanto, um novo aspecto que é transmitido pelo templo, qual seja, a de que a adoração a
Deus abrangeria também a participação de outros povos e que, para tanto, haveria um esforço a ser

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dispendido, a nos falar da própria evangelização que se efetivaria na dispensação da graça, o tempo em que
os gentios pisariam Jerusalém (Lc.21:24).

- No Segundo Templo, os judeus não permitiram a colaboração de gentios na construção, o que motivou,
inclusive, um forte empenho de samaritanos, amonitas e outros povos contra a sua construção, como descrito
no livro de Esdras, o que, a princípio, invalidaria a tipologia aqui indicada.

- Todavia, na verdade, este Segundo Templo foi amplamente reformado por Herodes, o Grande, ele próprio
um gentio (era idumeu, ou seja, descendente de Esaú), reforma que, inclusive, incorporou elementos
arquitetônicos nitidamente inspirados na cultura greco-romana, como salienta, entre outros, Flávio Josefo,
com a participação na construção de dez mil operários dos melhores, como se vê no livro Antiguidades
Judaicas, no décimo quinto livro, capítulo 14, item 677.
OBS: Reproduzimos aqui o texto de Josefo: “As palavras de Herodes surpreenderam a todos de modo extraordinário. A grandeza da ideia a
fazia parecer inexequível. E, mesmo que não o fosse, eles temiam que, depois de demolido o Templo, não o pudessem reconstruir inteiramente, e
assim achavam a empresa muito perigosa. Mas ele os tranquilizou, prometendo não tocar no antigo edifício antes de preparar tudo o que fosse
necessário para a construção do novo, e os fatos seguiram-se às palavras. Ele empregou mil carretas para trazer as pedras, reuniu todo o material,
escolheu dez mil operários dos melhores e sobre eles constituiu mil sacerdotes, vestidos à sua custa, inteligentes e práticos nos trabalhos de pe-
dreiro e de carpinteiro.…” (JOSEFO, Flávio. História dos hebreus. Trad. Vicente Pedroso, v.2, p.106).

- Mas não é só! O próprio Flávio Josefo informa que a recusa dos judeus na participação de gentios na
construção do Segundo Templo não significou em absoluto proibição para que as nações viessem adorar a
Deus, mantendo, assim, o templo como “casa de oração para todos os povos”. Eis o que diz o historiador
judeu: “…Todos de comum acordo responderam-lhes que não podiam fazer o que eles desejavam, porque
Ciro e Dario haviam permitido que só eles reconstruíssem o Templo, mas que isso não impediria que eles e
todos os de sua nação viessem adorar a Deus, o que podiam fazer com toda a liberdade. Os chuteenses (pois
é assim que nós chamamos os samaritanos) ficaram tão ofendidos com essa resposta, que persuadiram os
sírios e seus governador, a que empregasse, para impedir a construção do templo, os mesmos meios de que
se haviam servido outrora, nos tempos de Ciro e de Cambises…” (JOSEFO, Flávio. op.cit., v.1, p.237).

- A quinta diferença é que o templo, além do espaço destinado à adoração e ao culto, possuía outros
lugares. Na verdade, a edificação tinha três andares e câmaras laterais ao redor do santuário propriamente
dito (I Rs.6:5,6). Além disso, também foi construído um pórtico na entrada medindo nove metros no sentido
da largura do lugar santo contra quatro e meio de fundo, com 54 m de altura, que foi revestido de ouro puro
(I Rs.6:3; II Cr.3:4).
OBS: Eis as câmaras existentes no Segundo Templo: câmara da Madeira, onde a madeira para o altar era guardada e examinada em busca de
vermes; câmara dos nazireus, usada para preparar oferendas trazidas pelos nazaritas e cortar seu cabelo; câmara dos leprosos- esta sala tinha um
tanque para banho ritual dos leprosos; câmara do azeite, onde eram armazenados azeite, vinho e farinha; câmara das harpas - duas salas sob o
Pátio dos Israelitas onde eram guardados os instrumentos musicais; câmara de Pinechás, o alfaiate- nesta sala, com 96 armários, eram preparadas
e guardadas as roupas dos sacerdotes; câmara dos padeiros - nesta sala era preparada a oferenda diária do Sumo Sacerdote feita de farinha.
Metade era oferecida pela manhã e o restante à tarde; câmara das pedras talhadas - Aqui ficava o Tribunal Supremo de 71 juízes, a mais alta
autoridade da Lei Judaica na Terra Santa. Aqui também eram sorteadas e distribuídas as funções dos sacerdotes; câmara dos assessores. Nesta
câmara, o Sumo Sacerdote morava durante sete dias antes de Iom Kipur - o Dia do Perdão; câmara do cântaro. Nesta sala havia um poço, de
onde se retirava água para usar no Pátio do Templo; câmara do sal, onde era armazenado o sal das oferendas; câmara do couro, onde era curtido
o couro das oferendas dos animais. Na cobertura desta sala ficava um tanque usado pelo Sumo Sacerdote no Dia do Perdão; câmara de lavagem,
onde eram lavados as tripas dos sacrifícios; quatro câmaras que ficavam na chamada “casa da lareira”, uma imensa sala abobodada onde os
Sacerdotes se aqueciam. Sentiam frio, pois trabalhavam descalços sobre o chão de pedra. Nas paredes, foram construídos beliches para os
Sacerdotes que passavam a noite no Templo. As chaves dos portões do Pátio do Templo eram guardadas ali, todas as noites, num cofre no chão
coberto por uma laje de mármore, a saber: câmara da lareira, onde havia uma lareira e degraus para a passagem subterrânea que levava ao tanque
e para os lavatórios; câmara do armazenamento das pedras do altar, onde foram guardadas as pedras do altar profanadas pelos sírios, no período
de Chanucá; câmara das ovelhas. Ovelhas sem defeitos eram mantidas de prontidão para a oferenda diária; câmara dos Pães da Proposição, onde
eram assados os 12 pães e, por fim, a câmara de Avtinus, onde era feito o incenso. Esta sala recebeu o nome da família de Sacerdotes, Avtinus,
que preparava as especiarias. No andar de cima, tinha uma sala do Sumo Sacerdote. Fonte: O Templo. Disponível em:
http://www.chabad.org.br/datas/Tisha_beav/artigos/templo.html Acesso em 10 abr. 2019.

- Neste pórtico, havia duas colunas: a coluna direita foi chamada de Jaquim, cujo significado é “Ele
estabelece” ou ‘Ele levanta”, e a coluna esquerda, Boaz, cujo significado é “força” ou “nele há força” (I
Rs.7:21; II Cr.,3:17).

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- Tais colunas indicam claramente que aquela construção se devia única e exclusivamente à permissão
divina e que é Deus, e não o homem, quem sustenta e quem fortalece os que O adoram. Por isso mesmo, os
servos do Senhor, mesmo sendo importantes para a manutenção do “corpo de Cristo”, devem sempre se
lembrar que é o Senhor quem nos faz colunas no Seu templo (Ap.3:12).

- É interessante notar que, em a narrativa do livro de Reis, são estas colunas a primeira obra que é atribuída a
Hirão-Abiú, o principal nome da construção do templo, a demonstrar a grande importância que tinham tais
colunas para toda a edificação (I Rs.7:13-22).

- Tais colunas eram de bronze ou cobre, o material proeminente no pátio, cada uma com um capitel de
fundição de cobre por sobre as cabeças das colunas, havendo sete cintas para cada capitel, sendo que havia
obra de lírios no pórtico, com redes e duzentas romãs, em cada capitel, evidenciando todo o requinte que se
tinham nestas colunas. A presença de lírios e de romãs revelam, tipologicamente, que o Senhor que
estabelece e que fortalece, fá-lo para que os Seus servos sejam lírios e frutíferos enquanto estão a servi-l’O.

- Jesus, no sermão do monte, menciona os lírios do campo como um exemplo do extremo cuidado que Deus
tem com a Sua criação (Mt.6:28; Lc.12:27), lírios que sempre são mencionados em Cantares de Salomão em
situações e circunstâncias agradáveis, sempre contribuindo para a ação do noivo (Ct.2:16; 4:5; 5:13; 6:2,3;
7:2). Todos quantos adentram à graça, pela fé, são tornados lírios, estão sempre sendo cuidados e
contribuindo para a glória de Deus.

- As romãs tipificam a frutificação, pois, até hoje, são tais frutas associadas à prosperidade e ao vigor., basta
ver as crendices existentes por ocasião da passagem de ano. Quem entra na graça, faz-se filho de Deus,
recebe o Espírito Santo e passa a produzir o fruto do Espírito (Gl.5:22).

- O pórtico não era propriamente uma inovação, mas um substituto para a cortina de entrada do tabernáculo
(Ex.26:36,37), que, ante o caráter fixo da edificação, não tinha mais como ser implementada. Embora não
tivesse a riqueza tipológica da coberta da porta do tabernáculo, o pórtico, além de sinalizar o limite entre o
profano e o sagrado, era bem amplo e alto, podendo ser visto de longe, dada a sua altura, a indicar o pleno
acesso do homem a Deus e a disposição divina em ir ao encontro da humanidade.

- A questão do pórtico leva-nos à questão dos materiais utilizados no templo, que, naturalmente, não mais
fez uso dos tecidos utilizados no tabernáculo. Basicamente, o templo utilizou-se de pedras e de madeiras.

- As pedras eram previamente preparadas pelos homens designados para as trazerem até Jerusalém,
de forma que, no local da construção, nunca se utilizou martelo, machado nem nenhum instrumento de ferro
(I Rs.6:7). “…Salomão mandou entalhar grandes pedras (1Reis 5:15) que eram encaixadas umas nas outras,
de forma que não se usavam ferramentas para entalhar na obra (não se ouviam martelos ou instrumentos de
ferro na obra).”(SILVA, Mário Marcos de Andrade da. end. cit.)..

- Este encaixe das pedras tem um profundo significado, qual seja, a de que nós, enquanto “pedras vivas” (I
Pe.2:5), temos de, na obra do Senhor, estar num perfeito encaixe, devidamente preparados pelo Senhor, para
podermos ser “casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por
Jesus Cristo”, como também “…edifício, bem ajustado, [que] cresce para templo santo no Senhor, no qual
também somos edificados para morada de Deus em Espírito” (Ef.2:21,22).

- Este encaixe das pedras reproduz o encaixe exigido por Deus para as tábuas do tabernáculo, que formavam
as três paredes da tenda da congregação, ou seja, da parte coberta do tabernáculo (Ex.26:15-30).

- Não há como pertencermos à “casa do Senhor”, sem que sejamos previamente preparados, moldados, para
assumirmos o nosso devido lugar na obra de Deus e não há como podermos contribuir para a edificação dos
outros e para a nossa própria edificação se não estivermos no lugar devido, ocupando o espaço previamente

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determinado pelos construtores, “in casu”, o Construtor, que é Nosso Senhor e Salvador. Deixemo-nos
moldar pelo nosso Mestre de Obras!

- Além das pedras, foi utilizada muita madeira. “…Os pisos foram revestidos a madeira de junípero (ou de
cipreste segundo algumas traduções da Bíblia) e as paredes interiores eram de cedro entalhado com gravuras
de querubins, palmeiras e flores.…” (SILVA, Mário Marcos de Andrade da. end.cit.).

- A madeira também era devidamente preparada antes de ser enviada para Jerusalém, até porque vinha
do Líbano, adquirida que fora junto ao rei de Tiro, Hirão. Ambas as espécies de madeira utilizadas na
construção do templo são conhecidas por sua durabilidade e resistência a apodrecimento e pragas.

- Sabemos que a madeira simboliza a humanidade de Cristo no tabernáculo e a sua utilização no templo
mantém esta mesma tipificação. No entanto, em vez da acácia, usada no tabernáculo, tem-se agora junípero
(ou cipreste) e cedro, árvores que dão madeira duradoura e resistente.

- Todos nós, na casa do Senhor, temos de ter, tanto em nossa caminhada para o céu (piso), quanto em nosso
crescimento espiritual (parede), como qualidades a resistência ao mal e a incorruptibilidade. Não podemos
praticar o mal, nem ceder às tentações que sempre nos sobrevirão. Temos de resistir ao diabo (Tg.4:7; I
Pe.5:8,9), não dar lugar a ele (Ef.4:27), guardando-nos da corrupção do mundo (Tg.1:27) e sendo filhos
inculpáveis num meio de uma geração corrompida e perversa (Fp.2:15).

- As paredes foram revestidas de ouro (I Rs.6:21,22; II Cr.3:5) e temos aqui a reprodução do que ocorria
nas tábuas do tabernáculo, que faziam as três paredes da tenda da congregação, tábuas que eram de madeira
revestidas de ouro (Ex.26:29), a nos mostrar, pois, que aqui também não se tem qualquer inovação.

- Foi também feito um teto, que substitui os quatro tipos de cobertura de peles, pelos e tecidos do
tabernáculo, teto este que foi revestido de ouro (II Cr.3:7).

- Nas paredes, foram entalhadas imagens de querubins, palmeiras e flores (I Rs.6:29; II Cr.3:7), algo que não
significou, também, qualquer inovação, já que, nas cortinas do tabernáculo também havia tais imagens
(Ex.26:1,31).

- A sexta diferença diz respeito às peças do tabernáculo e do templo. Em função das próprias dimensões
do templo, maiores que as do tabernáculo, foi feito um altar de bronze com vinte côvados de comprimento e
de largura e dez côvados de altura (II Cr.4:1), ou seja, o altar de sacrifícios do templo tinha um volume
aproximadamente 53 vezes maior que o altar do tabernáculo, cujos comprimento e largura era de cinco
côvados e a altura de três côvados. Esta mudança de dimensão se explica não só pelo aumento populacional
de Israel mas pelas próprias dimensões da edificação, lembrando que o altar de sacrifícios era a peça maior
de toda a construção.

- Além deste altar extremamente maior, o templo também possuía um grande reservatório de água,
bem maior que a pia de bronze elaborada para o tabernáculo, tão grande que foi chamado de “mar de
bronze” ou “mar de fundição”, redondo, com cinco côvados de altura e trinta côvados de comprimento, pois
esta era a dimensão do cordão que o rodeava (II Rs.7:23,24; II Cr.4:2).

- Este reservatório era sustentado por uma estrutura de bronze que possuía figuras de bois, duas carreiras de
bois fundidos na sua fundição, sendo que esta estrutura era de doze bois, três olhando para cada ponto
cardeal, com suas partes posteriores para a banda de dentro (II Cr.4:3,4).

- O reservatório servia para fornecer água para as dez pias, de que falaremos daqui a pouco, uma
necessidade diante da magnitude da edificação e da grande quantidade de sacrifícios. Não havia, aqui,
também, uma inovação, mas uma decorrência da exigência de purificação dos sacerdotes, impostas pelo
próprio Deus quando da construção do tabernáculo.

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- O que se pode entender como inovação era a presença das figuras de bois, inexistentes no tabernáculo, o
que, de pronto, faz-nos recordar o episódio do bezerro de ouro e da própria “fixação” de israelitas com a
figura bovina, que era adorada no Egito.

- No entanto, não se pode dar esta conotação a estes bois, pois, como o Senhor aprovou a construção, não se
tem qualquer possibilidade de isto representar um resquício idolátrico ou uma influência gentílica, ainda
que, saibamos, os peritos e o próprio artífice principal, Hirão-Abiú, fossem gentios ou tivesse ascendência
gentia, como era o caso de Hirão-Abiú, cuja mãe era israelita, mas o pai, tírio.

- O boi é animal limpo, porque é animal com unhas fendidas e que remói (Lv.11:3), sendo animal que
poderia ser levado a sacrifício, como o foi por diversas vezes (Ex.22:30;
Nm.7:17,23.29,35,41,47,53,59,65,71,77,83,87,88; II Cr.5:6; 7:5; 15:11; 35:7,8), sendo animal que deveria
ser dado em tributo ao Senhor quando obtido por despojo de guerra (Nm.31:38), sendo também animais que
foram dados aos levitas para que, com eles, servissem a Deus (Nm.7:6-8).

- O boi é o animal de trabalho por excelência, tanto que o furto de um boi era apenado com mais rigor do
que qualquer outra subtração (Ex.22:1), de modo que a inserção destes bois no templo tem um significado
tipológico relevante, qual seja, a de que só podemos ter um serviço efetivo ao Senhor, só podemos trabalhar
na obra de Deus se efetivamente estivermos purificados, em santidade. A santificação é a base, o sustento de
qualquer serviço ao Senhor.

- De qualquer modo, este mar de bronze foi retirado de sobre os bois no tempo do rei Acaz, que o colocou
sobre um pavimento de pedra (II Rs.16:17), antes mesmo de fechar as portas do templo (II Cr.28:24), a nos
mostrar que, embora tenham sido permitidos pelo Senhor, tal acréscimo pôde ser burlado sem maiores
consequências para quem o fez, exatamente porque não fazia parte da essência, daquilo que fora
determinado por Deus.

- Ainda dentro desta diferença, no templo havia dez pias de bronze e não apenas uma como no
tabernáculo, como também dez mesas de pães da proposição, em vez da única existente no
tabernáculo, como também dez castiçais de ouro (II Cr.4:6-8).

- O número dez nas Escrituras é objeto de controvérsia. Alguns estudiosos entendem ser este o “número dos
gentios”, já que Noé é o décimo depois de Adão e pai dos gentios, havendo, ainda, outros episódios que
vinculam o número dez a gentios nas Escrituras. Como o templo é “a casa de oração para todos os povos”,
isto explicaria esta decuplicação destas peças no templo.
OBS: É a posição, dentre outros, do teólogo norte-americano Peter Ruckman, mencionado no artigo “Numerologia Bíblica”, disponível em
http://www.oraculodosenhor.com/16/10.html Acesso em 05 abr. 2019.

- Para outros, o número dez é um “número perfeito”, a soma de três e de sete, a indicar uma completude, e o
fato de se ter esta decuplicação representaria a completude do templo, que se pretendia também ser local de
adoração não só para Israel para todas as nações.
OBS: É a posição, entre outros, do teólogo católico Felipe Aquino, no seu artigo “O simbolismo dos números na Sagrada Escritura”,
disponível em https://cleofas.com.br/o-simbolismo-dos-numeros-na-sagrada-escritura/ Acesso em 05 abr. 2019.

- Há quem veja, também, no número dez, o número da provação e da resistência e, aqui, a exemplo do que
se viu com relação ao uso de madeira de cipreste e de cedro, a decuplicação significaria o intuito de
adoração a Deus a despeito de todas as dificuldades e adversidades que pudessem sobrevir ao povo de Israel.
OBS: Esta é a posição, dentre outros, de Raquel Cardoso, em seu artigo “O número 10 na Bíblia refere-se a provação humana, disponível em
https://www.webartigos.com/artigos/o-numero-10-na-biblia-refere-se-a-provacao-humana/32903 Acesso em 05 abr. 2019.

- Flávio Josefo diz que cada uma das dez pias de cobre era presa aos muros do átrio do templo e que, em
baixo-relevo, tinha cada uma figura de um leão, de um touro e de uma águia. Aqui, temos, nesta informação,

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2º Trim. de 2019: O TABERNÁCULO: símbolos da obra redentora de Cristo

uma importante tipologia, pois tais animais nos remetem a três faces das quatro que foram vistas por
Ezequiel na sua visão dos querubins (Ez.1:10), o que também foi visto por João no Apocalipse, os quatro
animais (Ap.4:7).

- Estes três animais eram vistos pelo sacerdote quando ele ia se purificar em cada uma das pias e o
sacerdote, na pia, que era de cobre, se via na própria superfície da água, completando, assim, o quarto rosto
da visão dos querubins e o quarto ser vivente da visão de João no Apocalipse, que é o ser humano. Ora, tais
quatro faces e animais são símbolos do próprio Evangelho, pois o Evangelho de Jesus Cristo, nas Escrituras,
está em quatro livros, cada um apontado Cristo Jesus sob um aspecto: Mateus – rei – o leão; Marcos – servo
– o boi (touro); Lucas – o Homem perfeito; João – o Filho de Deus – a águia.

- As pias de cobre dos templos mostram que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele
que crê, tanto do judeu quanto do gentio (Rm.1:16), aquele que santifica o homem (I Co.1:1,2), que o faz
uma nova criatura que não peca (II Co.5:17; Gl.6:15; I Jo.3:6; 5:18). Aleluia!

- Outro ponto distinto entre o tabernáculo e o templo foi a construção do pátio dos sacerdotes (II
Cr.4:9), que era distinto do pátio grande, onde frequentavam todos os israelitas. Esta distinção, embora tenha
sido uma novidade, também é decorrência do aumento das dimensões do templo, e está dentro da própria
principiologia do tabernáculo, já que, embora houvesse apenas um pátio, o fato é que a população podia ir
até o altar dos sacrifícios e de lá para a frente, somente os sacerdotes podiam perambular. O templo apenas
delimitou com clareza o espaço de cada um.

- Esta delimitação torna ainda mais clara a mudança de qualidade daquele que vai à presença de Deus. Após
termos crido em Cristo e em Seu sacrifício vicário, nascemos de novo e nos tornamos reis e sacerdotes (I
Pe.2:9; Ap.1:6), e é exatamente isto que prefigura a passagem do pátio geral para o pátio dos sacerdotes. Tal
delimitação, ao menos no Segundo Templo, era feita por um tablado com três degraus onde os levitas
cantavam e tocavam instrumentos na hora de oferendas diversas. Ficavam de frente para o Santuário, de
costas para o povo. O espaço a partir deste tablado até o altar era chamado pátio dos sacerdotes.

- Vemos aqui nesta delimitação, feita pelos músicos, o papel importante que tem a música na liturgia. Eram
os músicos que separavam o espaço do povo para o espaço dos sacerdotes e a música tinha a função de
acompanhar as diversas oferendas, ou seja, era ela própria uma oferta ao Senhor, a nos indicar, claramente,
que música não é o centro das atenções e jamais pode ser utilizada sem o objetivo da adoração, de realce ao
culto e de se direcionar para tais sacrifícios que, em última análise, tipificam Cristo Jesus e a cruz, a nos
lembrar que toda música tem de ter respaldo bíblico, pois o que deve ser pregado é o Evangelho, a “palavra
da cruz” (I Co.1:18; 2:2).

- No Segundo Templo, após a reforma feita por Herodes, o Grande, criou-se, ainda, um terceiro pátio,
denominado “pátio dos gentios”, um espaço em que se permitiu a livre circulação de não israelitas,
exatamente o local onde ficavam os cambistas que foram expulsos pelo Senhor Jesus (Mt.21:12-17;
Mc.11:15-19; Lc.19:45-48; Jo.2:13-16).

- Este local era separado do “pátio dos israelitas” por uma parede baixa, denominada “soreg”, formava uma
área que só poderia ser frequentada por israelitas ou prosélitos, onde era proibida a entrada de gentios, tendo
sido esta a acusação falsa feita a Paulo, ou seja, de que ele teria levado gentios para esta área, o que seria
profanação do templo (At.21:28,29).

- Mais uma vez se vê aqui um significado ao templo de ampliação da ação divina a todas as nações, sendo
interessante que isto se realize arquitetonicamente pouco antes do advento de Cristo, que já frequentará um
templo que possui este “pátio dos gentios”, onde, inclusive, declarará o Senhor que Sua casa é “casa de
oração”.

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- Ainda na parte relativa ao pátio, no Segundo Templo, havia um pátio para os homens e outro para as
mulheres, para o qual se entrava pelo “portão oriental”, que era cercado de um muro e onde se tinha uma
galeria superior, para que as mulheres pudessem acompanhar as cerimônias da Festa dos Tabernáculos. Hoje
em dia, nas sinagogas, ainda há uma parte reservada especificamente às mulheres.

- Esta distinção existente entre homens e mulheres no templo e na sinagoga é uma demonstração cabal de
que a lei não pôde retirar a desigualdade social decorrente da entrada no pecado no mundo entre homens e
mulheres, uma das suas consequências (Gn.3:16). É um indicador da necessidade do “novo concerto”, da
“nova aliança”, pois, no Evangelho, não há mais tal diferenciação de posição diante de Deus (Gl.3:28), o
que, porém, não se deve confundir com o igualitarismo hoje alardeado por movimentos anticristãos, já que
prossegue havendo a distinção sexual decorrente da própria natureza, já que Deus fez o ser humano sexuado
(Gn.1:27).

- Aliás, isto não se aplica apenas à separação entre homens e mulheres, mas, também, entre gentios e judeus,
tanto que o apóstolo Paulo menciona que Jesus derrubou a “parede de separação” que havia, fazendo, sem
dúvida, alusão ao “soreg” (Ef.2:14).
OBS: “…A vinda de Jesus Cristo deu início a uma nova era. Ele derrubou todas as barreiras entre Deus e os homens arrependidos. Quando
Jesus morreu o “véu do templo se rasgou em duas partes de alto a baixo” (Mt 27:51), mostrando que o caminho estava agora aberto a um acesso
imediato a Deus. Em Cristo todas as distinções de classe desapareceram – as que existiam entre judeus e gentios (Rm 10:12), entre homens e
mulheres (Gl 3:28) e entre sacerdotes e leigos (Ap 1:6).…” (ALVES, Régis. As divisões no templo de Jerusalém. Disponível em:
https://evangelista-regis.webnode.com/products/as-divis%C3%B5es-no-templo-de-jerusalem/ Acesso em 10 abr. 2019).

- O templo, também, possuía dois querubins, que foram postos no lugar santíssimo, na forma de
andantes, que não se confundem com os querubins da tampa da arca (o propiciatório). Estes querubins
foram feitos de madeira e revestidos de ouro, com asas de comprimento de vinte côvados, tocando as asas de
um e de outro as paredes do lugar santíssimo, de forma que tais querubins “cobriam” toda a extensão do
lugar santíssimo (II Cr.3:10-13).

- Tais querubins reforçavam a ideia trazida na arca da aliança de separação entre Deus e os homens, por
causa do pecado, já que os querubins são seres celestiais que assistem perante a glória do Senhor
(Ez.10:1,18; 11:22), sendo certo que, após a queda da humanidade, foram querubins os seres postos para
evitar o acesso do primeiro casal ao Éden, de onde foram expulsos (Gn.3:24).

- Tem-se, portanto, que não se tem propriamente uma inovação, mas um reforço ao próprio sentido trazido
pelo Senhor no modelo do tabernáculo, para indicar que o lugar santíssimo é inacessível aos homens por
causa do pecado, pela falta de comunhão que há entre a humanidade e o seu Criador ante a desobediência
iniciada por nossos pais.

- Estes querubins são utilizados como uma forma de “aprovação” divina ao uso de imagens no culto divino,
pois o Senhor teria permitido a confecção destes querubins, tanto que a glória de Deus encheu o templo
quando da inauguração, a mostrar que é lícito o uso de imagens, como, aliás, decidiu a respeito o Segundo
Concílio de Niceia, ocorrido em 787.

- Entretanto, sem qualquer base tal entendimento. Os querubins não eram objeto de culto. Aliás, nem mesmo
eram vistos sequer pelos sacerdotes no lugar santo do templo, pois os querubins ficavam no interior do lugar
santíssimo, frequentado tão somente pelo sumo sacerdote e, apenas, no dia da expiação. Assim, não se
tratavam de imagens de culto, e sua existência, que, repita-se, não fazia parte do modelo do tabernáculo,
apenas reforçava a ideia trazida pelos querubins que eram parte integrante do propiciatório.

- Outro ponto importante a se destacar que diferencia o tabernáculo dos templos é o fato de os
templos terem sido construídos no monte Moriá ou monte Sião, que ficava numa área alta da cidade
de Jerusalém, cujo acesso exigia, logicamente, um caminhar ascendente, de forma que, do pátio até o
lugar santíssimo, também chamada de “casa interior” ou “templo interior” (I Rs.6:19; 7:50).

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- No Segundo Templo, do pátio dos gentios até o pátio dos israelitas, havia degraus de escadas que subiam
seis côvados até a plataforma, onde se situava o pátio das mulheres, sendo certo que o pátio dos homens
estava 7,5 côvados acima do pátio feminino, enquanto que o pátio dos sacerdotes ficava 2,5 côvados acima
do pátio masculino, ou seja, sempre se vai subindo, a indicar que o caminho para o Senhor é sempre
ascendente. O santuário, com o lugar santo e o lugar santíssimo, ficava ainda mais acima, mais
precisamente 6,5 côvados.

- Aqui temos a demonstração arquitetônica da verdade exarada pelo próprio Salomão: “Para o sábio, o
caminho da vida é para cima, para que ele se desvie do inferno que está embaixo” (Pv.15:24). Aproximar-se
de Deus é, sem dúvida, ir em direção às mansões celestiais, aos céus onde está o trono do Senhor
(Sl.103:19).

- Esta própria configuração geográfica do templo, que não é coincidência, pois o local foi escolhido pelo
próprio Deus (Dt.12:5,11; II Sm.24:16-25; I Cr.21:15-30), é uma tipologia importante, pois nos mostra que o
objetivo do ser humano deve ser participar da pátria celeste, da cidade celestial edificada pelo próprio
Senhor, de que o templo era apenas uma réplica, na mesma linha da esperança dos patriarcas de Israel
(Hb.11:8-16).

- Como templos do Espírito Santo (I Co.3:16; 6:19), casa de Deus (Hb.3:6), morada de Deus no Espírito
(Ef.2:22), estamos agora em unidade com o Senhor (Jo.17:21-23) e, portanto, desde já, temos acesso ao
trono da graça (Hb.4:16), sendo homens espirituais, tudo discernindo e de ninguém sendo discernido (I
Co.2:15), tendo a mente de Cristo (I Co.3:16), pensando nas coisas que são de cima e não que são da terra
(Cl.3:1-3), com o coração e um tesouro nos céus (Mt.6:19-21), verdadeiros embaixadores da parte de Cristo
(II Co.5:20).

- Se isto não corresponder ao perfil que estamos a apresentar neste mundo, é imperioso que repensemos
nossa vida espiritual, pois não é esta a vida que nos foi proposta pelo Senhor Jesus e que é tão belamente
tipificada pelos templos de Jerusalém. Pensemos nisto!

II – AS DIFERENÇAS ENTRE OS DOIS TEMPLOS

- Tendo visto as diferenças entre os templos e o tabernáculo, ainda que brevemente, devemos aqui também
falar das diferenças entre os dois templos, já que têm elas, também, importantes implicações teológicas.

- O primeiro templo foi construído, como já dito, por Salomão. O segundo templo, por sua vez, foi
construído por Zorobabel, tendo sido novamente dedicado pelos macabeus após a sua profanação por
Antíoco Epifânio e, por fim, completamente reformado por Herodes, o Grande. Ambos os templos foram
destruídos. O primeiro, por Nabucodonosor e o segundo, por Tito. A propósito, ambos os templos foram
destruídos no mesmo dia, o dia nove do quinto mês, que, por isso mesmo, passou a ser um dia de jejum para
os judeus (“Tishá BeAv”).

- Já vimos algumas diferenças entre os templos ao longo da diferenciação entre eles e o tabernáculo. Ao
longo dos séculos, os estudiosos têm mostrado várias distinções entre um e outro, mas apresentaremos, aqui,
e de forma sucinta, as principais.

- A primeira diferença entre os dois templos é que o Segundo Templo não possuía a arca. A arca da aliança,
misteriosamente, não é mencionada quando da destruição do Primeiro Templo, nem se encontra entre os
utensílios que foram levados para Babilônia com o cativeiro. Naturalmente, por ser a mais importante peça
do templo, seria de rigor a sua menção. Como isto não foi feito, entende-se que, quando os babilônios
chegaram ao templo, ela não se encontrava mais lá.

- A tradição judaica diz que Josias ou Jeremias a teria enterrado no monte do Templo e que ela será
encontrada perto da era messiânica, o que, à evidência, não podemos concordar, seja porque o Messias já

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veio, seja porque Jeremias, quando da entrada dos babilônios em Jerusalém, encontrava-se encarcerado,
tendo sido liberto precisamente pelos invasores.
OBS: A história relativa a Jeremias encontra-se no segundo livro de Macabeus, que se transcreve, na versão da Tradução da CNBB:
“Encontra-se, nos documentos, que o profeta Jeremias ordenou aos que iam ser deportados, que tomassem do fogo, como já foi mencionado.
Além disso, confiando-lhes a Lei, o Profeta recomendou aos deportados que não se esquecessem dos mandamentos do Senhor. E que, à vista das
estátuas de ouro e prata e dos ornamentos de que estavam revestidas, não se deixassem desviar em seus pensamentos. E ainda, dizendo outras
coisas semelhantes, exortava-os a que não deixassem a Lei afastar-se do seu coração. No documento estava também que o profeta, advertido por
um oráculo, ordenou que o acompanhassem com a Tenda e a Arca até chegarem ao monte onde Moisés tinha subido e de onde vira a herança de
Deus. Ali chegando, Jeremias encontrou um abrigo em forma de gruta, onde introduziu a Tenda, a Arca e o altar dos perfumes. Depois, obstruiu
a entrada. Alguns dos seus companheiros quiseram aproximar-se, para marcar o caminho com sinais, mas não puderam reconhecê-lo. 7 Ao saber
disso, Jeremias censurou-os, dizendo: “O lugar ficará desconhecido, até que Deus restaure a unidade do seu povo e manifeste a sua misericórdia.
8 Então o Senhor mostrará de novo estas coisas, e aparecerá a glória do Senhor assim como a Nuvem, tal como se manifestava no tempo de
Moisés e quando Salomão orou, para que o lugar santo fosse grandiosamente consagrado”.( II Mc.2:1-8).
Eis o trecho do Talmude que diz que Josias foi quem teria enterrado a arca: “…E quem enterrou a arca? Josias, rei de Judá, a enterrou. E o que
ele viu que decidiu enterrá-la? Ele viu que está escrito: “O Senhor te trará e a teu rei, que porás a ti, a uma nação que não conheceste”
(Deuteronômio 28:36). Desde que ele sabia que o povo judeu seria finalmente exilado, ele sentiu que era melhor que a Arca não fosse desonrada
no exílio e, portanto, ele se levantou e a enterrou.…”(Yoma 52b. Disponível em:
https://www.sefaria.org/Yoma.52b.12?lang=bi&with=all&lang2=en Acesso em 15 abr.2019) (tradução do Google do inglês adaptada por nós).

- Entretanto é fato que a arca não foi tomada pelos babilônios e podemos bem pensar que Deus tenha
impedido que a arca caísse na mão dos gentios, até porque vimos como o Senhor atuou para que os filisteus
devolvessem a arca quando ela foi por eles tomada (I Sm.5,6). Há quem diga que a arca vista por João nos
céus seria a arca construída por Bezaleel (Ap.11:19), se bem que pareça que esta arca seja a peça original, ou
seja, a peça do próprio santuário celestial, de que o tabernáculo era mera réplica.

- Qual o significado de o Segundo Templo não ter a arca e de o lugar santíssimo, por consequência, ter
ficado vazio durante todos os séculos em que o Segundo Templo esteve de pé? Quem responde é o profeta
Ageu, que, aos que estavam decepcionados com a simplicidade do Segundo Templo em relação ao Primeiro
Templo (ao menos quando de sua reedificação, que foram os dias de Ageu), disse que a glória da segunda
casa seria maior que a da primeira (Ag.2:9). A arca simbolizava a presença de Deus e, no Segundo Templo,
quem estaria era o próprio Deus, na pessoa do Verbo encarnado, na pessoa de Cristo Jesus, que ali foi
apresentado, que ali discutiu com os doutores, que ali comparecia nas festas anuais obrigatórias e que ali
pregou e ensinou o povo. Era impossível a convivência entre Cristo e a arca, motivo pelo qual não se teve
arca no Segundo Templo.

- Isto nos serve de grande lição, máxime em dias em que muitos, inadvertidamente, estão introduzindo um
culto à arca da aliança, que é completamente espúrio e que nega completamente a obra de Cristo para a
salvação da humanidade. Tomemos cuidado com isto!

- A segunda diferença diz respeito ao fogo sagrado, também denominada de “chama eterna”. Ao contrário
do que ocorreu no tabernáculo e no Primeiro Templo, quando da inauguração do Segundo Templo, a glória
de Deus não encheu a casa, nem desceu fogo do céu para consumir os holocaustos que foram oferecidos
(Ex.40:34,35; Lv.9:22-24; I Rs.8:10; II Cr.7:1-3; Ed.3:1-6). Talvez tenha sido esta a razão porque os mais
velhos tenham chorado quando da inauguração do templo (Ed.4:12,13).

- De qualquer modo, a falta de fogo que tenha consumido o holocausto não significou, em absoluto, que
Deus tenha Se desagradado da reconstrução do templo. Pelo contrário, por meio do profeta Ageu, o Senhor
exigiu a sua reconstrução e disse que Se agradaria com aquele gesto (Ag.1:8). Por que, então, não veio fogo
do céu para chancelar os sacrifícios? Precisamente, porque, no Segundo Templo, o sacrifício que viria para
solucionar o problema do pecado não seriam mais os sacrifícios de animais, mas, sim, o sacrifício perfeito
de Cristo, com o qual o véu do templo foi rasgado de alto a baixo (Mt.27:51;Mc.15:38; Lc.23:45). No
segundo templo, o Senhor não mais precisava Se manifestar para aceitar os sacrifícios de animais, pois n’Ele
se teria o sacrifício vicário de Cristo.

- É precisamente o que profetiza Ageu ao dizer que seria naquele templo que o Senhor faria tremer o céu, a
terra, o mar e a terra seca, que faria tremer todas as nações e seriam trazidas as coisas preciosas de todas as

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nações, enchendo o templo de glória (Ag.2:6,7). A natureza foi sacudida quando do sacrifício de Cristo
(Mt.27:51) e a salvação se abriu a todos os homens (Ef.3:1-11).

- Alguns mestres judeus procuram dizer que o fogo sagrado não esteve ausente no Segundo Templo, mas
que ele estaria na madeira, pois o Senhor disse que Se agradaria dos judeus se eles trouxessem madeira dos
montes para a construção do templo (Ag.1:8). No entanto, a madeira era para construção e não lenha para o
altar e o texto sagrado não diz que o fogo se acendeu sozinho.

- A terceira diferença entre os dois templos é a glória de Deus. Como já se disse, tanto no tabernáculo,
quanto no Primeiro Templo, a glória de Deus encheu ambas as casas quando de sua inauguração, o que não
ocorreu no Segundo Templo e já dissemos o porquê disto: a glória divina visitaria o Segundo Templo na
pessoa de Cristo Jesus, a esperança da glória (Cl.2:27), o Rei da glória (Sl.24:7-10).

- Esta ausência da glória divina fez com que alguns estudiosos tenham dito que, no Segundo Templo, “…O
significado de tudo isso é que das duas funções supremas do Templo - lugar de descanso da Shekhina e casa
da adoração humana - apenas uma permaneceu no Segundo Templo: o povo de Israel vinha para lá para
servir a Deus em Sua casa, mas Deus mesmo não estava presente.…” (LEVI, Yitzchak. O retorno de Sião e
a construção do Segundo Templo (III): as diferenças entre o Primeiro e o Segundo Templos(I). Disponível
em: https://www.etzion.org.il/en/return-zion-and-construction-second-temple-iiithe-differences-between-
first-and-second-temples-i Acesso em 15 abr. 2019) (tradução de texto em inglês pelo Google adaptada por
nós).

- Não se pode dizer, como o próprio Yitzchak Levi admite em seu texto, que Deus estivesse de todo ausente
do Segundo Templo, mas o fato é que Sua presença era menor que a existente no Primeiro Templo e, nós
podemos entender isto como o fato de que a presença se tornaria plena com Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo frequentando o Templo, primeiramente como rei e profeta e, depois, como sumo sacerdote, ao
assumir o sumo sacerdócio no Seu julgamento, quando o sumo sacerdote Caifás rasga suas vestes, o que
representou o término do sacerdócio levítico (Lv.24:16; Mt.26:65), assumindo, então, a função que estava já
anunciada neste mesmo Segundo Templo, por intermédio das coroas feita ao sumo sacerdote Josué (Zc.6:9-
15).

- A propósito, é o próprio Caifás quem profetiza que era necessário que alguém morresse pela nação de
Israel e não somente pela nação mas por todos os filhos de Deus que andavam dispersos (Jo.11:49-53).

- Tem-se, aqui, uma quarta diferença entre os dois templos. No Segundo Templo, havia as coroas
sacerdotais, que Deus mandou que se fizesse com o ouro e a prata trazidos de Babilônia pelos exilados
Heldai, Tobias e Jedaías, coroa que foi posta na cabeça de Josué (que tem o mesmo nome de Cristo, pois
Jesus e Josué são o mesmo nome), que indicava o homem “chamado Renovo”, “que brotaria do seu lugar e
edificaria o templo do Senhor e levaria a glória e se assentaria e dominaria no seu trono e seria sacerdote no
seu trono”. Tais coroas ficariam como um memorial no templo (Zc.6:12-14).

- Interessante notarmos o significado dos nomes dos três exilados que trouxeram o ouro com que se
confeccionaram estas coroas, bem como dos outros dois que foram escalados para serem guardiães destas
coroas, a saber, Helem e Hem (Zc.6:14). “Heldai” significa “sonho durável”; Tobias, “Javé é Deus”; Jedaías,
“Javé julga”; “Helém”, “martelo” e “Hem”, “graça, favor, bondade”. Assim, poderiam todos estar cientes
que este “Renovo” era um sonho durável, ou seja, algo que realmente viria, para que o Senhor efetuasse o
necessário julgamento do pecado e provasse que era Deus, cumprindo Sua promessa de redenção,
demonstrando toda a Sua graça como também cumprindo a Sua Palavra, “o martelo que esmiúça a penha”
(Jr.23:29).

- A quinta diferença entre os dois templos é que não teria havido profecia no Segundo Templo. Os profetas
pós-exílicos profetizaram ou durante a sua reconstrução (Ageu e Zacarias) ou sua reorganização por obra de

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Esdras e Neemias (Malaquias), não tendo havido vozes proféticas no Segundo Templo até o advento de João
Batista, que não ia ao templo profetizar, mas o fazia no deserto.

- Este silêncio profético é resultado da própria indiferença do povo e do desprezo das coisas relacionadas à
adoração, que é a principal denúncia do profeta Malaquias que, inclusive, anunciou a vinda do “Elias”
(Ml.4:5), que Jesus identificou como sendo João Batista (Mt.17:12,13; Mc.9:13).

- É interessante observar que os próprios judeus, embora não aceitem Jesus como sendo o Messias, admitem
que, do Primeiro para o Segundo Templo, houve uma gradativa ausência da presença divina, até quarenta
dias antes da destruição do Segundo Templo, quando ela teria se ausentado por completo. Ora, o que ocorreu
quarenta dias antes da destruição do Segundo Templo? O sacrifício completo de Cristo, que fez com que não
houvesse mais nenhuma utilidade nos sacrifícios realizados no Templo, que foi substituído pelo corpo de
Cristo, a Sua Igreja (I Co.12:27), como o próprio Senhor predissera (Jo.2:18-22).
OBS: Eis o trecho do Talmude que fala desta gradativa ausência da presença divina no templo: “…Os Sábios ensinaram: Durante o mandato
de Shimon HaTzaddik [o sumo sacerdote Simeão Macabeu – observação nossa], o lote para Deus sempre surgiu na mão direita do Sumo
Sacerdote; depois de sua morte, ocorreu apenas ocasionalmente; mas durante os quarenta anos anteriores à destruição do Segundo Templo, o lote
para Deus não surgiu de todo na mão direita do Sumo Sacerdote. Assim também, a tira de lã carmesim que estava amarrada à cabeça do bode
que foi enviado para Azazel não ficou branca, e a lâmpada mais a oeste do candelabro não queimou continuamente.…” (Yoma 39b. Disponível
em: : https://www.sefaria.org/Yoma.39b.12?lang=bi&with=all&lang2=en Acesso em 15 abr. 2019) (tradução via Google de texto em inglês
adaptada por nós).

- Segundo Yitzchak Levi, “…Houve três etapas em relação ao descanso da Shekhina. No Primeiro Templo,
havia o repouso total da Shekhina em todas as três partes do Templo: no Santo dos Santos - na arca, no
propiciatório e nos querubins; no Santuário - na lâmpada ocidental do candelabro; e no pátio do templo - no
altar exterior. No Segundo Templo, o Shekhina descansando em Israel ainda encontrou confirmação no
candelabro, mas desapareceu do Santo dos Santos e do altar (deixamos em aberto a questão sobre o que era
especial no candelabro que, de todos os vasos do Templo, era somente nele que restou um remanescente da
revelação da Shekhina). E começando quarenta anos antes da destruição do Templo, a revelação da
Shekhina no Templo cessou completamente.…” (end.cit.) (tradução de texto em inglês pelo Google
adaptada por nós).

- A sexta diferença entre os dois templos é apontada pelo rabino judeu Maimônides, que afirma que, durante
o Segundo Templo, não houve “Urim e Tumim”, ou seja, embora s pedras estivessem no peitoral do sumo
sacerdote, nunca houve consulta ao Senhor, pois o Senhor, por estar ausente do Templo (não havia arca, não
havia fogo sagrado, não havia profecia, não havia a glória de Deus), também não respondia por “Urim e
Tumim”, de forma que ninguém ousou consulta-lo desta forma.
OBS: Eis o trecho da obra de Maimônides a respeito: “…Durante o Segundo Templo, eles fizeram urim ve-
tumim para completar as [necessárias] oito vestes [sacerdotais], mesmo que não perguntassem sobre eles.
Por que eles não perguntaram sobre eles? Porque não havia Espírito Santo, e qualquer sacerdote que não fala
através do Espírito Santo e sobre quem a Shekhina não descansa - nós não perguntamos através dele…”
(Hilchot Kelei ha-Mikdash 10:6 apud LEVI, Yitzchak. end. cit.) (tradução via Google de texto em inglês
adaptado por nós). Há, a respeito, um comentário ao Talmude, igualmente trazido por Yitzchak Levi,
comentário ao texto do Talmude em Yoma 21b: “…Assim, escreve também o Tosafot em Yoma 21b, s.v.
ve-urim ve-tumim: "Havia urim ve-tumim, pois senão o Sumo Sacerdote seria deficiente em suas vestes.
Entretanto, ele não fornecia respostas àqueles que o perguntassem."(tradução de textoem inglês pelo Google
adaptada por nós).

- A sétima diferença entre os dois templos é que o Primeiro Templo foi inaugurado já completo, após sete
anos de edificação (I Rs.6:1,37,38; II Cr.3:1,2; 5:1-3), enquanto que o Segundo Templo foi construído por
partes. Primeiramente, o altar (Ed.3:2-6), depois os alicerces (Ed.8-13) e, depois, após muita luta, o restante
(Ed. 4:1; 5:2; 6:7,15-22), num período de aproximadamente 20 anos, sendo que houve uma interrupção entre
a construção dos alicerces e do restante do templo de 9 anos, motivado pelo embargo provocado pelos
samaritanos e um período de 7 anos de construção após a retomada, tudo consoante Flávio Josefo. Yitzchak
Levi entende que o período foi de 22 anos, entre a ereção do altar e a inauguração do templo.

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OBS: Eis o texto de Josefo: “…Assim, o trabalho ficou interrompido durante nove anos, até o segundo ano
do reinado de Dario, rei da Pérsia.…” (História dos hebreus. Trad. De Vicente Pedroso, v.1, p.235).
“…Com esse auxílio, as obras progrediram e, pelo entusiasmo que as profecias de Ageu e de Zacarias
continuavam a dar ao povo, o Templo foi terminado ao fim de sete anos, no nono ano do reinado de Dario e
no vigésimo terceiro dia do décimo primeiro mês a que chamamos adar, e os macedônios, distro.…” (op.cit.,
p.238).

- Os rabinos judeus entendem que esta diferença reafirma que o Segundo Templo era um local de adoração e
não da presença divina, tanto que o altar veio primeiro do que o próprio templo. Tipologicamente, mostra-se
claramente que o Segundo Templo seria o local onde se testemunharia o sacrifício perfeito. O Segundo
Templo começa como um altar, porque é nele que se terá a notícia de que o pecado foi retirado, não nele
próprio, mas fora da porta, onde o “bode emissário” iria levar sobre si o pecado de toda a humanidade e cujo
sangue iria rasgar o véu de alto a baixo. Fez-se o altar, porque a vítima e o sacerdote viriam do céu.

- A oitava diferença entre os dois templos é uma decorrência da anterior. O Primeiro Templo foi construído
em momento de paz em Israel, como determinação do rei, que reinava sobre todo o território prometido por
Deus a Abraão, um rei soberano e extremamente rico. O Primeiro Templo reflete esta prosperidade
econômica, política e social de Israel.

- Já o Segundo Templo é construído por ordem de um rei gentio, que governava sobre os judeus, que
estavam em sua terra mas como servos (Ne.9:36,37), tanto que, por causa das idas e vindas das ordens dos
soberanos gentios, demoraram para poder construir a casa. Num período de angústia, guerra e aflição. Este
templo seria, também profanado pelo rei sírio Antíoco Epifânio, que dominava sobre Israel à época, como
também integralmente reformado por Herodes, o Grande, o rei da Judeia, um edomita que era um rei vassalo
de Roma. Como se isto fosse pouco, os sumo sacerdotes foram nomeados e destituídos ao talante dos
governantes gentios de plantão.

- Esta circunstância traz-nos algo tipológico da maior relevância. O Segundo Templo presenciaria o Filho de
Davi, mas, embora fosse Ele o Rei, não Se sentaria no trono, porquanto o Segundo Templo era o Templo do
“Servo Sofredor”, daquele que estaria sob o domínio político gentílico. Assim, embora fosse rei, e isto fica
evidente na própria cruz, quando o Senhor Jesus é assim declarado em decisão consciente da maior
autoridade, que era César, representado por Pilatos, que se recusou a modificar tal entendimento (Jo.19:19-
22), não poderia assumir o reino naquele momento, apenas efetuando o papel de “Servo Sofredor” (Is.53).

- Foi esta circunstância que foi negligenciada pelos judeus e inclusive pelos discípulos de Cristo, que,
mesmo após a ressurreição, ainda estavam empolgados pela perspectiva do reino (At.1:6). O Templo do
reino será o Quarto Templo, descrito por Ezequiel. Ainda hoje há pessoas que se dizem cristãs ser que estão
à busca do “reino”, tomando os pés pelas mãos, como as pessoas envolvidas com a teologia da libertação,
certas vertentes da teologia da missão integral, a teologia da prosperidade e a teologia da confissão positiva,
todos atrás de um “suposto paraíso na terra”. Que entendamos o sentido do Segundo Templo!

- A nona diferença entre os templos é que o Primeiro Templo é dito como construído “de cima”, enquanto
que o Segundo Templo foi construído “de baixo”. O Primeiro Templo foi edificado segundo o risco feito por
Davi e entregue por ele a Salomão (I Cr.28:11,12). Este risco, entretanto, não foi obra da cabeça de Davi,
pois o próprio rei disse que foi “um mandado do Senhor” (I Cr.28:19). Por isso, é dito que o Segundo
Templo foi uma construção “de cima”, ou seja, que seguiu o padrão divinamente estabelecido.

- Já o Segundo Templo, construído por partes e sem que houvesse uma planta ou algo assim, cujas medidas
eram, inclusive, distintas do Primeiro Templo, demonstram não ter havido esta orientação divina, ainda que,
evidentemente, não se buscou “inovar”, mas seguir o modelo que existiu no tabernáculo e no Primeiro
Templo. A construção se deu “de baixo”, sem qualquer orientação divina específica.
OBS: A diferença de medidas entre os dois templos é noticiada por Flávio Josefo: “…Depois de tantas e tão grandes realizações e de tão
soberbos edifícios feitos por Herodes, ele imaginou, no décimo oitavo ano de seu reinado, um empreendimento que sobrepujava em muito todos

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os outros: construir um Templo a Deus, maior e mais alto que o que já existia (…). Como temia que o povo, espantado pela dificuldade de tal
obra, tivesse dificuldade em iniciá-la, reuniu-o e falou (…)Sabeis que o Templo que os nossos antepassados construíram depois de seu regresso
do cativeiro da Babilônia mede em altura sessenta côvados a menos que o construído por Salomão, mas não devemos culpá-los, pois desejavam
torná-lo mais suntuoso que o primeiro, porém, estando então sujeitos aos persas è depois aos macedônios, foram obrigados a seguir as medidas
que lhes deram os reis Ciro e Dario, filho de Histapes. Agora que sou devedor a Deus da coroa que possuo e uso sobre minha cabeça, da paz de
que desfrutamos, das riquezas que acumulei e, o mais importante, da amizade dos romanos, que hoje são senhores do mundo, esforçar-me-ei por
demonstrar o meu reconhecimento por tantos favores, dando a essa obra a maior perfeição".…” (JOSEFO, Flávio. op.cit., v.2, p.106).

- Tipologicamente, vemos que, no Segundo Templo, a orientação divina viria por Cristo Jesus, o profeta
como Moisés que viria trazer as palavras do Senhor ao povo, palavras que, se não fossem ouvidas, seriam
requeridas dele (Dt.18:15-19).

- No tabernáculo, Moisés, o medianeiro da lei (Gl.3:19) recebeu as instruções para a construção. No


Primeiro Templo, o antecessor do Messias também recebeu igualmente tais instruções (II Sm.7:12,13; I
Rs.8:17-21), dizendo, porém, que viria um sucessor para reinar para sempre (II Cr.8:25).

- No Segundo Templo, não veio tal orientação precisamente porque seria o profeta como Moisés, o Filho de
Davi que viria ensinar o povo e trazer as palavras de Deus para Israel (Mc.14:49; Lc.19:47;22:53) e, quando
Ele não foi ouvido, selou a sorte tanto do povo quanto do templo (Mt.24: 1,2; Lc.19:41-44).

- A décima diferença entre os templos é a de que o Primeiro Templo é o coroamento da conquista da Terra
Prometida. O templo só foi construído depois que se completou o processo de conquista de Canaã, dos
limites da terra que Deus prometeu dar a Abraão, o que somente ocorreu nos dias de Davi, com a conquista
de Jerusalém. Dizem os rabinos judeus, que o Primeiro Templo completou, consumou a “santificação da
terra de Israel”.

- Já o Segundo Templo foi construído com o retorno do cativeiro, antes mesmo que as famílias dos que
retornaram tivessem iniciado a reconstrução de suas cidades (Ed.3:1-3), e antes mesmo da reconstrução de
Jerusalém, o que se daria 72 anos depois, quando Neemias reedificaria os muros da cidade. O templo é
construído com base na posse que Israel já tinha da terra, posse esta que o Senhor não deixou que fosse
sequer ameaçada durante o período do cativeiro. O Segundo Templo, portanto, inicia a santificação da terra
de Israel, a santidade parte do Templo para a terra.

- Dentro desta perspectiva, quem inicia a santificação, consumada no Primeiro Templo, é Josué, ao dar
início à conquista de Canaã, tanto que, em Gilgal, é removido o opróbrio do Egito com a circuncisão dos
israelitas bem como celebrada a Páscoa (Js.5:1-12). Josué, sabemos todos, é tipo de Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo, Aquele que nos santifica (I Co.1:2), Aquele que é a nossa Páscoa (I Co.5:7). Foi após
ter o encontro com o próprio Senhor que Josué iniciou a conquista da Terra (Js.5:13-15).

- No Segundo Templo, a santificação tem de se iniciar por ele, em direção à Terra de Israel. Mas, quando é
que a santificação do Templo se irradiaria para a terra de Israel? Somente quando se tivesse o sacrifício
perfeito. O antítipo de Josué, Cristo Jesus, é quem promove tal santificação, ao derramar Seu sangue, algo
que é comprovado pelo rasgo do véu de alto a baixo naquele Segundo Templo (Mt.27:51; Mc.15:38;
Lc.23:45). A partir de Cristo, rios de água viva passaram a jorrar nos corações dos que creram n’Ele
(Jo.7:37-39), como Ele declarou no próprio templo.

- Os rabinos judeus entendem que a santificação a partir do Segundo Templo teria se espalhado pela terra de
Israel a partir das duas ofertas feitas por Esdras, que teriam sido apenas duas comemorações da santificação
feita anteriormente no Primeiro Templo, que teria duração eterna.

- É dito que Esdras fez sacrifícios pelo pecado por todo o Israel ao chegar a Jerusalém (Ed.8:35) e, depois,
fez novos sacrifícios, agora pacíficos, quando foram dedicados os muros de Jerusalém (Ne.12:45). Tem-se
aqui, evidentemente, uma santificação, uma dedicação de Israel e de Jerusalém, que parte do Templo, onde
foram feitos os sacrifícios e, por óbvio, não necessitava de santificação, de sorte que a discussão feita não

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tem sentido, já que o local do templo já era santificado, tanto que pôde ali se buscar a santificação do
restante.

- No entanto, estava toda a terra santificada por ocasião do período do Segundo Templo? A história
demonstra que não! Nem mesmo o Segundo Templo escapou de ser profanado por Antíoco Epifânio, como
fora profetizado por Daniel (Dn.11:30,31). Havia cidades inteiras habitadas por gentios e completamente
fora da lei de Moisés, como podemos ver pelos milhares de porcos que eram criados em Decápolis nos dias
de Jesus (Mt.8:31-34; Mc.5:11-17), cidades estas que eram gentias, a propósito, sem falar de amplas áreas
da Galileia, que era, por isso mesmo, chamada de “Galileia dos gentios” (Is.9:1), sem falar em Samaria.

- A santificação, portanto, não se operou no Segundo Templo senão a partir do instante em que o véu do
templo se rasgou, mediante o sacrifício d’Aquele que é chamado o Santo (Lc.1:35), reconhecido como o
Filho de Deus no instante mesmo em que se dá o rasgo do véu (Mt.27:54; Mc.15:39).

- Além de ter recebido a visita do Santo, a partir do qual veio a santificação para todos, este Segundo
Templo também foi, durante algum tempo, o local de reunião dos santificados em Cristo, chamados santos (I
Co.1:2; At.5:12-14), ainda que, a esse tempo, como já tivemos ocasião de observar supra, os próprios judeus
reconhecessem que o Segundo Templo não tinha mais o menor resquício da presença de Deus e, por
conseguinte, da santidade, tanto que os que não eram discípulos de Cristo nem sequer se juntavam aos
cristãos.
- Vê-se, pois, que, embora a santificação tenha se iniciado no Segundo Templo, tal início se deu com a
morte de Cristo e pela rejeição do Senhor por Israel, não se pôde, de forma alguma, este Templo espraiar a
santificação, mas, bem ao contrário, dali não mais se irradiou a santidade.

- A décima primeira diferença entre os templos é o fato de que o Primeiro Templo foi construído na
opulência, na riqueza, mediante o trabalho servil dos estrangeiros radicados em Israel e a remuneração pelos
serviços e materiais de primeira categoria trazidos de fora de Israel, como se verificou supra, quando vimos
as diferenças entre os templos e o tabernáculo.

- Já o Segundo Templo foi construído única e exclusivamente por israelitas, ao menos na sua configuração
primitiva, mediante trabalho voluntário, por pessoas pobres, já que os judeus que voltaram do exílio não
eram economicamente prósperos, nem vivia Israel momentos favoráveis do ponto-de-vista econômico,
tendo, a duras penas, conseguido angariar recursos para trazer materiais para a construção (Ed.3:7) e, mesmo
assim, necessitar da bênção divina para tanto, como dito pelo profeta Ageu (Ag.1:5-11; 2:15-19).

- Mas é este Segundo Templo, construído na pobreza e simplicidade, ainda que isto tenha sido substituído
pela opulência decorrente da reforma de Herodes, o Grande, que teria maior glória que a primeira casa,
precisamente porque nele é que se teria o “manso e humilde de coração” (Mt.11:29). O Segundo Templo
apresenta-se, assim, na sua configuração primitiva, como a casa apropriada e adequada para a manifestação
do Cristo, onde há sempre a simplicidade (II Co.11:3). Lembremos, ademais, que o Senhor desconsiderou,
por completo, a suntuosidade trazida pela reforma de Herodes (Mt.24:1-3).

- A décima segunda diferença entre os templos é que o primeiro templo foi destruído por causa da idolatria,
enquanto que o segundo templo foi destruído por causa do ódio infundado. É o que afirmam os rabinos
judeus, os “sábios talmúdicos”, chamados pelo nome de “Chazal” ou “Hazal”.

- Efetivamente, vemos os profetas conclamando o povo de Israel a abandonar a idolatria durante todo o
período do Primeiro Templo. Este sempre foi o grande mal que assolou a nação de Israel neste período. O
próprio Salomão enveredou por este triste caminho (I Rs.11:4). O Primeiro Templo chegou a ser até fechado
por causa da idolatria, como nos dias do rei Acaz (II Cr.28:24,25), bem como a ser profanado por causa da
idolatria nos dias do rei Manassés (II Cr.33:4,5), o que selou o destino daquela casa (Jr.15:4).

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- O Segundo Templo, porém, foi destruído por causa do ódio infundado, pois eram sempre presentes as
tramas, traições e esquemas feitos para fazerem os justos tropeçarem. O exemplo do Senhor Jesus é
paradigmático. Tudo foi feito pelos principais dos sacerdotes para O matarem, em razão única e
exclusivamente de inveja (Mt.12:14; 26:4; 27:1,18; Mc.15:10; Jo.11:53).

- O ódio é o contrário do amor e o amor a Deus, ensina-nos o Senhor Jesus, é guardar a Palavra do Senhor
(Jo.14:23). No Segundo Templo, enquanto o amor de Deus é explicitado pela morte de Cristo que causou o
rasgo do véu, o ódio dos homens é também exposto na rejeição do Senhor Jesus e sua condenação injusta e
ilegal feita pelo Sinédrio, que se reunia no próprio Templo (Mt.27:57-68; Mc.14:53-65; Lc.22:63-71;
Jo.18:12-25).

- Como templos do Espírito Santo, não podemos nem ser idólatras nem querer o tropeço do outro. Devemos
buscar única e exclusivamente a Deus, servir somente a Ele e, também, não ser jamais meio de escândalo
dos fracos na fé e, mesmo, dos incrédulos (Mt.18:7; Lc.17:1; Rm.14:13; I Co.10:32), a fim de que não
sejamos igualmente destruídos. Que Deus nos guarde!

Caramuru Afonso Francisco

O SEGUNDO TEMPLO

O
Templo
Sagrado

Legenda
1. Portão Oriental do Pátio das Mulheres. Todos os portões do Templo mediam 9,6m de altura por 4,8m de largura.
2. Muro do Pátio das Mulheres, com 19,2m de altura.
3. Pátio das Mulheres, com 64,8 x 64,8m.
4. Galeria superior reservada às mulheres que vinham assistir às celebrações festivas no Templo em Sucot.
5. Degraus para as galerias.
6. Pequeno Tribunal. Comportava 23 juízes.

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7. Câmara da Madeira, onde a madeira para o altar era guardada e examinada em busca de vermes.
8. Câmara dos Nazaritas, usada para preparar oferendas trazidas pelos nazaritas e cortar seu cabelo.
9. Câmara dos Leprosos. Esta sala tinha um micve para banho ritual dos leprosos.
10. Câmara do Azeite, onde eram armazenados azeite, vinho e farinha.
11. Câmara das Harpas. Duas salas sob o Pátio dos Israelitas onde eram guardados os instrumentos musicais.
12. Quinze degraus para o Pátio do Templo. Aqui os Levitas ficavam em pé e cantavam e tocavam os instrumentos
durante as celebrações festivas de Sucot.
13. Portão de Nicanor. Todas as portões do Templo eram folhadas a ouro, exceto os portões de Nicanor, que eram de
bronze.
14. Pátio dos Israelitas, com 64,8 x 5,28m.
15. Câmara de Pinechás, o Alfaiate. Nesta sala, com 96 armários, eram preparadas e guardadas as roupas dos
sacerdotes.
16. Câmara dos Padeiros. Nesta sala era preparada a oferenda diária do Sumo Sacerdote feita de farinha. Metade era
oferecida pela manhã e o restante à tarde.
17. Tablado com três degraus onde os Levitas cantavam e tocavam instrumentos na hora de oferendas diversas.
Ficavam de frente para o Santuário, de costas para o povo. O espaço a partir deste Tablado até o Altar era chamado
Pátio Sacerdotal.
18. Câmara das Pedras Talhadas. Aqui ficava o Tribunal Supremo de 71 juízes, a mais alta autoridade da Lei Judaica
na Terra Santa. Aqui também eram sorteadas e distribuídas as funções dos sacerdotes.
19. Câmara dos Assessores. Nesta câmara, o Sumo Sacerdote morava durante sete dias antes de Iom Kipur - o Dia do
Perdão.
20. Câmara do Cântaro. Nesta sala havia um poço, de onde se retirava água para usar no Pátio do Templo.
21. Câmara do Sal, onde era armazenado o sal das oferendas.
22. Câmara do Couro, onde era curtido o couro das oferendas dos animais. Na cobertura desta sala ficava um micve
usado pelo Sumo Sacerdote no Dia do Perdão.
23. Câmara de Lavagem, onde eram lavados as tripas dos sacrifícios.
24. Abatedouro.
25. Oito colunatas. Nos ganchos destes pilares eram pendurados os animais, após o abate, para que sua pele fosse
tirada.
26. Oito mesas de mármore para a lavagem das oferendas.
27. Vinte e quatro anéis afixados no chão, onde as patas dos animais eram amarradas durante o abate.
28. O Altar media 15,36 x 15,36m na base e 4,64m de altura. Seu local e tamanho tinham de ser precisos. Com a terra
deste local, D'us criou Adão e, exatamente neste local, o Patriarca Abraão ofereceu seu filho Isaac.
29. Rampa principal no lado sul do Altar.
30. Pequena rampa do lado direito da rampa principal. Esta rampa ia do piso até o parapeito do Altar.
31. Pequena rampa do lado esquerdo da rampa principal. Esta rampa ia do parapeito do Altar até o piso.
32. Lavatório e base com 12 torneiras. Diariamente, os Sacerdotes lavavam as mãos e os pés com a água deste
lavatório antes de iniciar o serviço do Templo.
33. Mesa de Prata para colocar os utensílios usados pelos Sacerdotes.
34. Mesa de Mármore para colocar os cortes das oferendas.
35. Casa da Lareira. Uma imensa sala abobodada onde os Sacerdotes se aqueciam. Sentiam frio, pois trabalhavam
descalços sobre o chão de pedra. Nas paredes, foram construídos beliches para os Sacerdotes que passavam a noite no
Templo. As chaves dos portões do Pátio do Templo eram guardadas ali, todas as noites, num cofre no chão coberto por
uma laje de mármore. Nesta área, havia quatro câmaras menores (36 a 39).
36. Câmara da Lareira, onde havia uma lareira e degraus para a passagem subterrânea que levava ao micve e para os
lavatórios.
37. Câmara do Armazenamento das Pedras do Altar, onde foram guardadas as pedras do Altar profanadas pelos sírios,
no período de Chanucá.
38. Câmara das Ovelhas. Ovelhas sem defeitos eram mantidas de prontidão para a oferenda diária.
39. Câmara dos Pães da Proposição, onde eram assados os 12 pães.
40. Portão da Lareira.
41. Portão das Oferendas, por onde eram trazidas várias oferendas.
42. A Casa da Centelha ficava sobre do Portão da Centelha onde havia uma torre de guarda.
43. Portão da Centelha.
44. Muros do Pátio do Templo, com 19,2m de altura.
45. Portão da Lenha, por onde a madeira para o Altar era trazida.
46. Portão dos Primogênitos, por onde eram trazidas as oferendas de animais primogênitos.
47. Portão de Água. Por este portão, água era trazida para o Templo para a cerimônia de despejar água na festa de
Sucot.
48. Câmara de Avtinus, onde era feito o incenso. Esta sala recebeu o nome da família de Sacerdotes, Avtinus, que
preparava as especiarias. No andar de cima, tinha uma sala do Sumo Sacerdote.
49. Micve acima do Portão de Água usado pelo Sumo Sacerdote em sua primeira imersão no Dia do Perdão.
50. Terraço próximo ao micve.
51. Pilar de bronze Iachin.
52. Pilar de bronze Boaz.
53. Doze degraus para o Edifício do Templo. Os Sacerdotes ficavam nestes degraus quando recitavam diariamente a
Bênção Sacerdotal.
54. Janelas do Edifício do Templo. Estas janelas eram largas por fora e estreitas por dentro.
55. Em forma de trapézio, o edifício do Templo tinha 48 x 48m no ponto central; era mais largo na frente e mais
estreito atrás. A altura era também de 48m.

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56. Contornando a cobertura do Edifício do Templo foi construída uma mureta. E por cima desta platibanda colocaram
lanças para afastar os pássaros da beirada.

Vista do edifício do Templo Sagrado

Legenda
57. Entrada do Grande Vestíbulo do Edifício do
Templo. Esta entrada media 19,2m de altura por
9,6m de largura. Bem no alto, havia uma
luminária de ouro.
58. Mesa de mármore, onde ficavam os Pães das
Proposições antes de ser colocados na mesa de
ouro dentro do Santuário.
59. Mesa de ouro, onde os Pães das Proposições
eram colocados após retirados do Santuário.
60. Salas das Facas de Abate, onde os sacerdotes
mantinham suas facas de abate.
61. Uma rampa estendia-se do lado norte, dando
a volta até o lado sul, onde havia uma escada que
dava acesso ao sótão do Santuário. Quando era
necessário consertar algo no Santo dos Santos,
operários eram baixados em caixas pelas
aberturas no chão do sótão. Estas eram abertas na
frente para que os operários fizessem os
consertos sem ver o restante da sala mais
sagrada.
62. Trinta e oito compartimentos. Quinze do lado
norte, quinze do lado sul e oito do lado oeste.
63. Vão para captação de águas pluviais da
cobertura do santuário.
64. Portão do Santuário Interior. O portão tinha
dois conjuntos de portas, em cada extremidade da parede. Adicionalmente, havia duas portas menores, uma em cada
lado do portão do Santuário, sendo que a do lado esquerdo sempre ficava fechada. Defronte ao portão, estava
dependurada uma videira de ouro, para a qual as pessoas doavam novas folhas e cachos.
65. O Santuário Interior media 19,2m de comprimento x 9,6m de largura e 19,2m de altura.
66. Mesa de Ouro com os doze Pães das Proposições, colocados semanalmente sobre ela.
67. Altar de Ouro, sobre o qual era oferecido o incenso.
68. Menorá, Candelabro de Ouro de sete braços, acesa diariamente.
69. Duas cortinas que separavam o Santuário Interior do Santo dos Santos, com um pequeno espaço entre elas.
70. O Santo dos Santos media 9,6 x 9,6m e 19,2m de altura. Apenas o Sumo Sacerdote entrava no Santo dos Santos, e
somente no Dia do Perdão. A Arca da Aliança, contendo as Tábuas com os Dez Mandamentos, ficava lá. A Arca foi
escondida antes da destruição do Primeiro Templo para evitar que caísse em mãos inimigas.

Fonte: http://www.chabad.org.br/datas/Tisha_beav/artigos/templo.html Acesso em 10 abr. 2019.

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Caramuru Afonso Francisco

Portal Escola Dominical – www.portalebd.org.br


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