artedapintura00dufr

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 70

*\e>\sLf,54?

Presented to the

LIBRARY of the
UNIVERSITY OF TORONTO
by

Gomes de Rocha Madahil

fff¥?4r»f'
A A E. T E
DA
P I N T U R A.
•'^^M—fc^
A A R T E
DA P I N T U R A
DE C. A. DO FPtESNOY,
Ti'iALiUZlDA DO FRANCD.Z E;>I FORTUGUEZ ,
E ExrOSTA AOS CAJiDIDATOS E AMAIJORES BEiTA
,

BELLA ARTE.
DEEAIXO DCS AUSPICiOS , E ORDEM

DE SUA ALTEZA REAL


O PRINCIPE REGENTE N. S.

P O II

JERONYMO DE BARROS FERREIRA


niEfESSOll DE DESEKHO E PIIN'TLRA HISTO-
,

RIC A KE5TA CORTE,

if

L I S B O A.

i
WA TYPOGRAPHIA CHALCOGRAPHICA , TYPOPLASTl-j
CA , E LITTER ARIA DO ARCO DO CEG.O.

JVI. DCCCI.
©C^3s^==—
v~'.v.-
=?^iXIj:v^

A A R T E

DA P I N T U R A.

A
jhL PiNTURA , e a Poesia sad duns Irmas tao
semeih.mtes que atd mucuamente
em tndo ,

tiocao seus nomes, e officios. Chama-se a pri-


meira Poesia muda e a segunda Pintura lo*'
,

quente. Os Poetas cantarao o que era agradavel


aos ouvidos e os Pintores so pintarao o que
,

era aprazivel a Finalmeute o que foi


vista.

digno d'l penna de Iiuns igualmente o foi ,

do pineal dos outros. Porque pava contribuirem


{in\btis para as honrns da Pieligiao , elevao-se
aos Ceos , e entrando livremente no Palacio
de Jupiter , gozao da vista e da conversacao ,

dos Deoses , observao sua majestade, e discur-


sos , e OS participao aos homens , a quern ao
mesmo tempo inspirao o fogo celeste ,
que se v^
nas suasobras. Dalli discorrem por todo o univer-
so , e com
o maior estudo colhem o que achao
digno dellas , esquadrinhao nas historias dos e-; f

cu-
,

G A A R T E

culos pc'L^sados Argumentos que Ihessejao pro-


prios. Finaimeiite he assumpto da Poesia , e da
Pintiira tudo arjuilJo que pela sua nobieza, on ,

por ajgum accidente notavel mercce consa^ ,

graise a eteniidade seja no mar, ou na ter- ,

ra ou iios Ceos. E he por este meio que a


,

gloria dos Heroes se nao extinguio com a sua


vidn e que ps maravilliosas obras
, os prodi- ,

gio3 da arte tiue ainda hoje admiramos se ,

tern feiizmente conservado, Tal he o poder


e honra destas divinas Artes.
Nad niejie i^ecessario implorar aqui o soc-
corro de Apollo, nem o das Muzas para a gra-
ca do discurso , nem para a cndencia dos A^er-

sos, por que seudo esta obra dogmatica preci-


sa ma is de pureza ,
que de ornate.
Nao per ten do neste tratado ligar as maos
dos artistas, cuja sciencia naoconsiste mais do
que em hunia certa pratica , a que se habitua-.
ran nem quero tao pouco suffocar o genio
:

por hum montao de regrns nem extinguir o ,

fogo de huma veia viva e abundanie o men , :

infrento he fazer que a arte, fortificada pelo


4:onhecimento das cousas , se torne gradual-
n^ente em natureza , e se faca depois hum ge
iifo puro , capaz de discernir , e escolher a ver-:
d^<:e ; e que o genio , pelo habito , adquira per-»

feitaineuct; todas as regias , e segredos da arte^

PRE-
D A P I N ^ U Pt A. ^

P R E C E I T O I.

Do Bello.

A principal , e mais importnnte pnrte da


Pintuia he o conhecimento das obi as da na-»
tureza mais bellas , e convenientes para esta
arte, cuja escollia se deve fazer, segundoogos-
to, emaneira dos antigos : foradisto, iiao ha
mais que hum a barbaria cega e temeraria , ,

que despreza o que he mais bello e com hu-J ,

na audacia dcscarada insulta huma Arte que


rao conhece; o que deu occasiao aquellepro-
Tsrbio Nada ha mais auclaz e tenicrario do
; ,

que hum mdo Pintor ehinn rtido Poeta que ^ ,

nc.6 conhecem a propria ignorancia,


Amamos o que conhecemos , apetecemos
o qiie amamos ^ corremos a poz das cousas que ,

desejamos , e finglmente conseguimos o fim , a


que constantemente nosdirigimos. Comtudo,
o a:aso nao offerece sempre o decente, e o
belb ainda sendo o que elle offerece, verda-
, ,

deiro e natural nao deve o Pintor imitar v^^er-


, :

vilmente anatureza, mascomo arbitro sobera-


no da sua arte escolhera o mais bello , emen^
dara o menos bello , ou defeituoso , e nao dei-
xara escapar as bellezas fugitivas , e passageir
ras.
PRE-
6 A A R T E

P Pt E G E I T O II.

Da Theoria , e da Praticd^

Damesrtia sorte que a prailca, destitnida


das luzes da r.rte, corre peri^^^o de precipitar*
se como huma cega e iiao p6de produzir iia* ,

dadigno de fania assim a theoria, sem o sdc- :

coiro da pratica nao pode cheg-'^r aperfeicno,


,

yiia^- desfalit ce , cosno se estivesse preza , e nao


ibi C001 a lingoa nne Apelles produzio tad bel*
la*? obras. 7\ssiai , ainda que na Pintura h?^ja3

jnuitas cousas para as quaes se nao poden


,

dar preceitos (porqiie muitas vezes falfaotei-


XTios para expiimir o qne he niais bello ) rxib

deixnrei com tudo de apontar alguns que vim ,

s\ colegir do exame da nossa graiide mestra a


jiatureza , de obra da antiguida-
e dos chefes
d^ 5
prinieirps exemplares da arte. Por este
nvio he qu3 oespirito, e a disposirao natural
&e ciiitivao ; l^e assim que a sciencia nperfeicoa
o genio , modera oentiisiasmo, que nad co-
e
jihtfce lirnitf-s por que ha nas cousas huma
'

vied'da , c csrtrks, teivnos , fora dos (juaes se


nao enconira o bom^

PRE-
r"
;

D A P 1 N T U R A.
g

P R E C E I T O III.

Do assuinpto , ou motiuo.

Istoposro, deve esco!her-se hum assiimpto


bello , e nobre , que , sendo de si niesmo capaz
de (odas asgracas, deque s>c\b susceptiveis as
cores e a elegancia do desenlio
, de tam- ,

bem a arte materia ampia para mostrar , o ,

quepode, e, alemdisto, conienha aigum sal


e iiistiuccao.

PAR^
io A A F. T B

PARTE I.

InveJicao da PinLura,

_j Ntro finalmeni-e na materia , e se me of*


ferece hum panno appnrelhado , onde se ha
de dispOF toda amaquina do quadro e oyien- ,

samento de hum genio facil e poderoso que ^ ,

he juniamente o que c'laniamos inven^ao.


He esta huma Mosa , que dotada das quali- ,

dades de suas Irmas e abrazada com o fogo


,

de Apollo he mais elevada e mais brilhante.


, ,

PRECEITO ly.

IDisposicad , ou economiu de toda a ohra.

Convem quando se buscao as atitudes,


,

prever o effeito e harmonia dasluzes, e das


,

sombras com as cores , que devem entrar na


todo, tomando de liumas e de outras o que
,

pode produzir mais belio effeito.

PRE-
,

D A P I :N T U R A. IX

PPlECEITO V.

Fidelidade do assumpto,

Devem cs composicoes conformar-se com


o texio das authores antigos , com os costu-
mes , e tempos.

P R E C E I T O VI.

Dei:e evitar se a insipidez,

Cuidadosamente se evire que entre no ,

quadro e occupe o principal lugar


, cousa ,

que nada faca ao ftssurr.pto ou que Ihe seja ,

pouco adequada deve-se nisto iniitar a Trage-


:

i^ dia irmaa da Pintura


, que eiiiprega todas ,

as suas forcas no lugar onde fere o forte da ,

accao.
Esta parte tao rnra, e difficil, nao se ad-
quire nem peio trabnlho , nem pelas "vigilias

nem pelos preceitos dos INIestres : mas assim


como nao he permittido a todos ir a Corin*
tho da niesma sorte so aquelles*, a quern a
,

natureza dotou de alguma parte do fogo ce-^


leste que Prometheu roubara
,
he que saa ,

capazes de receber estes presentes divinos.


A Pintura appareceo pela primeira vez no
Egypto, ainda inforaiej mas tendo daili pas-
,

12 A A R T E

sado Gregos que pelo seu esfudo e pe-


flos
, ,

la agudezn do seu espidto a ciiltivarao,


che-
gou a hum tal ponto de perfeicao que
pare- ,
-'
ce que excedefa a natirrcza.
Entre as Academias Gx-egas se contao qna-
tro piincipaes, At}jenas
Sycion Rhodes,
, ,

e Corintho que so differem entre si pela lua-


,

neira do trabalho como se pode ver pehis


,

estatuns antigas que sad o niodelo da belle-


,

za ,
e ks qur.es iiada produzirao semelhante
OS seculos segQintes , ainda qne Ihe nao te-
nh.no ficado muito longe taiuo na sciencia
,

como no niodo da execucao.

PAR.
D A P 1 N T U n A. l3

>: -^

P A R T E II.

Do desenho,

PRECEITO VIL
Da aUiCude^

P Qr tanto nogosto das antigos Gregos se es«-

colhera liuma attitude , em que os inembros


sejao grandes , ainplos, desiguaes na sua posi-
cao, de soite que cs de diante contrastem o3
que ficao a traz , e todos sejao equilibrados
no seu centro.
Os meuibios devem ser contornados em
onda^ maneira da cliarna, ou das voltas col*
ci

leadas da serpeate, Estes contornos sejao flui-

dos , grandes , e quasi inperceptiveis ao ta-t

cto, como senpiO tivessem erninencias, ou ca-


vidpdes. Sejao conduzidos de longe sem inters
rupoao. Os muscuios devem unir-se , e ligar-,

se segundo os conliecimentos Anatomicos.;


,

Sejao desenhados a Grega e apparecao pou-i ,

CO, a maneira das figuras antigas, Ilaja final-


niente huma perfeita haimonia das partes en*^
tre si , com o todo.
e
A parte, deque nasce, deve ser mais po*
derosa ,
que a parte produzida, e o todo de-
i4 A A 11 T E *

ve ver-se domesmo
ponto de vista ainda que :

a piespectiva nao pode chamar-se huma regra


ceita de Pintura mas hum graiide soccorro
;,

na Arte e bum meio facil para operar


, ca- ,

hindo muitas vezes em erro , e fc.zendo_nos


ver as cousas debaixo de hum falso aspecto;
porque os corpos nem sempre se representao,
seguudo as medidas Geometiicas mas como ,

parecem a vista.

P R E G E I T O Vlir.

T^ariedacle nas Figuras.

A forma dos rostos , a idade , e a cor, as-


sim como os cabellos , nao convem que sejao
OS mesrnos em todas as figuras porque os ho- ,

mens sao tad differentes , como os paizes.

P R E C E I T O IX.

Conformidade dos memhros com as roiipas».

Cada hum dos membros deve conformar*;


se com a sua cabeca , e todos juntos devern
fazer hum corpo com as roupas ,
que ihe sao
proprias , e convenientes.

PRE^
daPitjtuka. i5

P Pi E C E I T O X.

Imica?' as a cedes clos mudos,

E sobre tudo he precise ,


que as figuras
a que se nao pode dar voz , imitem os mudos
nas suas accoes.

PRECEITOXI.
'A principal Jlgura do assunipto.

A principal figura
do assumpto cdnvem
que app^^reca no nieio do quadro debaixo da ,

niaior luz que tenha alguma cousa que a fa-


;

ca notar mais que as outras e que as figuras,


;

que a acumpanhao , a nao occukem a vista.

PHEGEITO XIL

Gruppos de figuras,

Sejao apinhoados, tanto osmembros, co-?


mo as figuras, e os gruppos separados
por hum
vacuo, porque partes dispersas sem ordem
,^
oritustis , e embaracadas humas com as ouh
»Lras , dividem a vista em
muitos raios, q
Luusao huma confusao deaagradaveL

PRE-:
jS A A R T E

PREGEITO Xni.

Diverslclade de attitudes nos gruppos.

Nao devem do mesmo gruppo


as fignras
assemelhar-se nos sens njovimentos, neiii nos
sens liiembros nem vol tars e todnspara o mes-
,

jno laJo mas sini contraporem-se liumas as


;

outias , e contrariareni-se, nas sua^ operacoes.


Entre mnitas figures, que nos mostrao
peJa freate faca-so ver alguma pelas cosras,
,

apoiando gs hombros no estomago, e o lado


direito no esquerdo de outra.

PREGEITO XIY.

Ec/uilibjio do quadro,

Nao fiqne vasio hum lado do quadro, es-


tando o outio cheio al:6 acima mas dispo-: ;

nhao-se as cousas de maneira-, que se se en-


cher hum lado do quadro linja occasiao de ,

encher o outro , de sorte que parecao de al-

gura modo iguaes, ou conste o quadro de mui-


tas f^^uras , ou de poucas.

PRE-
,

D A P I N T U n A. If

P R E C E I T O XV.

Do niunero dns figuras^

Da mesma que rams vezes lie boa


sorte
}u!ir»a Comedin em que entra grande iiumero
,

de Actores, assirii he rarissiino e quasi im- ,

possivei fuzer lium quadro perleiio , mi.'tten-


do] he grande qiiantidade de hguras. Nem lie
para admirar, que tao poucos F'inrores ten had
sido fehces qnando nas suas obras introduz''»
,

rao grande numero de figurrs pels que ape** ,

nas se achao alguns que fossem bem succe-


,

didos nos quadros, em que fizerao apparecer


poucas : a razao disto he, porqae tantas cou-
sas dispersas confundem , e c-arecem daquella
mngestade, e doce silencio que frizem a be- ,

leza do quadro e satisfacao dos olhos -se po-


, :

rem o assumpto exigir grande quantidade de


figuras, deve conceber-se o todo juntaniente
de maneira , que a obra se veja de huma s6
vista , e nao cada cousa em particular.

PRECEITO XVI.

Das junturas , e dos pes*

Haras vezes se occultem as extremidades


das junturas 5
por^m nunca os-pes.
B PRE.
;

l8 A A R T E

P R E G I: I T O XVII.

Concorrencia do moDinicnto das mdos com o


da cabeca.

As figurns ,
qne estiverem por detras de ou-
tras , nao poderao ter graca, nem vigor, se o
movimenio das maos nao aconipanhar o da
cabeca*

P R E C E I T O XVIII.

O que se deve evitai^ na distiibuicao das


Jiguras*

Evitem-se as vistas difficeis e pouco na- ,

turaes os inovimentos
,
e accoes forcadas ,
,

igualmente se evitem todas as partes desagra-


daveis d vista , como sad os Escorcos.
Da mesma sorte se evitem aslinhas, e o$
contornos iguaes que pioduzem parallelas, e
,

outras Eguras agudas e geometricas (corao


,
,

quadrados, e triangulos) que porsereramuito ,

contados fazem huma symetria desagradavel


y

mas sim comp ja disse,


, as principaes linhas
devem contratar-se huma a outra : nestes con-
tornos attenda-se por tanto principalmente aa
todo por que delie prorem a belleza , e forc^i
,

das partes. -

PRE-
P R E C E I T O XIX.

Deve accorrunodai' se a nature za ao getiio^

Nflo convem cingir-nos tnnto a natnreza ,

que hada deixemos ao estudo nenj ao gciiio ; ,

mas nao se enteiida tambem rtue so o genio ,


e a meinoria das coiisas vistas basteni para ,

fazer hum belio quadro , sem o aiixilio da ia«<

comparavel niestra a natureza que-sempra ,

devemos ter presente coiuo tes::emunha da


veidade. Podein se commetter iniinitos erros
de toda a especie ; sao tao fcequtntes , e es-*

pessos^ corio asarvores n*hum boique ; e en*


tre grande qiantidade de camfnlios que nos ,

extraviao , so ha hr-m bom, que nos conduz


felizinente ao Hm
que nos propomo?i da mes-*
, ,

nia sorte que entre muitas iinhas curvas se


nao acha jiiais do que huma recta,

P Pi E C E I T O XX.
Devemos seginr os aiithores antigos , iia imi-
tacao da natureza,

Deve-se pois
amaneira dos antigos, imir
,

tar o bcllo natural, segundo o pedirem o obie*


cto e a natureza da cousa
, pelo que desvela* .•

damente se procurem as medalhas antigas , a.$


B 2 es*

\ .
ftO A A R T E

estatuas , os yasos , os baixos relevos, e tudo


que der conhecer os pensamentos e inven-
a ,

coes dos Gregos por que estes nos dao grau-


,

des idttas , e nos habiiitno para bellas produc-


coes. E na verdade , depois de bem examina-
das , que faz com-
achaose-lbes tantas bellezas ,

paixao o desiiiio do iiosso Seculo^ nao poden-


do esperar-se que outra vez se cbegue dquelle
,

ponto de peifeicao.

PRECEITO XXI.

Co/720 se cleTe tratar liuma so figura,

Se houver de pintar-se luima so fignra,


seja entad esta perfeitamente bella , e variada
com muitas cores.

PRECEITO XXir.

As roupagens.

As roupas devem ser nobremente. lanca-


das , as dobras amplas , seguindo a ordem das
partes , f-izendo^as ver por lueio das luzes , e
das sombras que cstns partes sejao
j e aiiida
muitas vezes atravecadas pelas dobras que flu- ,

ctuao em roda , basca iriarcallas pelos claro«-


escuros , sem que as roupas fiquem nmito ader
,

D A P I N T U R A. ±1

herentes a eilas. No caso que ns partes sejao


ninito distantes entre de sorte que haja5 si ,

VfJcuos devem-se ligar por meio de aJguma


,

dobra. E bem conio a belleza dos membros


nao consiste na quantidade dos musculos mas ,

pelo contiario sad mais magestosos aquelles ,


,

em que nienos apparecem assim a beJleza das ;

roupas ria6 consiste na qunntidade das dobras,


mas em liuma ordem siiiiples , e n^uurai. He
tambem necessario observar a qualldade das
pessoas : sao proprios aos Magis trades vestidos
miiito amnios ; lixossos , e succifUos aos rusticos,
e aos escravos, as meninas bgeiros , e engra^
cados. i\leumas 'vezes sera bom tiri-^r das cavf-
dades alguma dobra, e fazella empolar; para
que, recebendoluz estenda oclaro aosluga-*
,

res ,
que a massa exigir , e tire as sombas duras^

P Pl E C E I T O XXIII.

Ornarnento do quadro.

As divisas das virtudes contnbuem muito


pela sua nobreza para o oniato das Iiguras ;
como sad as das scienctas , da guerra , e dos
Sacrificios.

PFxE'
isa A A 11 T E .

P I\ E G E I T O XXiy.

Orji anient OS de oiiro , e pedrcirias,

Mas nao se enn'quecao clemasi:Klamente


com oiiro , ou pedrarias ,
por que as mnis ra»
rns sr.6 as inrtis caras , epicciosiK>, eaquellns,
de que ha mr.is abundancia, sao vu]gares> e
de pcuco pre CO.

P R E C E I T O XXy.

ModeJo.

Seri miiitouLil fazer hum mo^ieJo dr.nnel-


IftS coiisas , cijjo natural he difiicil de reter, e
de que nao podemos dispor a jaossoarbitrio.

P n E C E I T O XXVI.

jd scena do c^'iiadro,

Deve-se atteuder ?.o lugar da gcena, que


o quadro representa , aos paizes , d'onde sao , 03
que nella r pparecera assuas maneiras , j cos-
tumes leis y e decoro.
,
D A P I N T r R A. 25

P R E C E I T O XXYII.

As aracas , e a nohrcza.

Devetudo respirar graca , e nobreza : mas


e hum dom
isto he hunia cousa ditnciiiima ,

raiissinio, que o Lomem recebe do


Ceo, nao
d©5 estudos.

P R E C E I T O XXVIII.,

Cada coiisa deve esiar no sen lugar.

Siga se em tudo a ordem d.vi nr.tureza.- Nad


se pinteai per taiito niivens ,
ventos, trovoes

nos sobrados , e o iiu'erno , ou as agoas nos


tectos. Nao se coHoque igualmenie hum col-

losso de pedra sobre huma vnra : mas eiteja

tudo no lugar ,
que Ihe he proprio. ^

P R E C E I T O XXIX.

Das paixoes.

Exprimir, alem de tudo isto , os movi*


mentos do espirito , e os affectos do cora-
jao emhuir.a palavra fazer com humas pou*
; ,

cas de cores, que a aiij|a seja visivel he a ,

iiiaior difficuidade ha certaaiente bein pou-


:

cos
«4 A A R T E

COS , a quern Jupiter nisto favorecesse. Assim


tao s6mente aquelles espiritos que em aigu- ,

ma cousa participao da Divindade, he que po-


deni obrar tao grandes maravilhas. Deixo aos
Reihcricos o traualho de tratarem dos cara-
oteres das paixoes ; e C9ntentar-me-liei so com
repetir, o que autigamente disse grande hum
^lestre AqueJies inovimentos da alma que
;
^

sad cstiidados , niinca sad tad natiiraes co- ,

^no OS que se ohservao no calor de Jiurna 'vcr^

iladeira paiccao,

PPtECEITO XXX.

JDevem-se evitar os cinaTnentos Gothicos,

Evitem-se os ornatos Gothicos monstruosos ,


prcduzidos pelos seculos barbaros nos quaes, ,

depois q^ie a discoidia, e a ambi^ao, causa-


das pela^imia extensao do Imperio Romano,
derramarao a guerra , a peste , e a fome per
todo o mundo ,
perecerao os mais soberbcs
edificios ; e as bellas Artes se extinguirao.
Entao vio a Pintura coasumir as suas marnvi-
Ihas pelo fogo , e para iiao ncabar com er'as,

refu^icu-se nos lu^ares subterraneos , onde


sj^]vou 05 que a sorte Ihe
pequenos restos ,

rt.riara, ao mesmo passo que a Esculrura !!•


'cov. por muito tempo, sepuitada. delaixo de
^

tan-
D A P I N T U R A. a5

tantas ruinas com as suas bell.is obras , e as


suas admiraveis estatuas. O
Imperio, com tu-
do, abatrido com o peso dos sens crimes, in*
digno .da luz achou-se envolvido em huma
,

noite medonha que o abysmou no erio


, e ,

cobrio estes seculos desgracados corn as es~


pessas tr^vas da ignorancia ,
para os punir da
sua impiedade. Donde precede
que de todas ,

as obras dos grandes Iiomens da Grecia nenhu*


ma nos rest«sse de Pintura , e coiorido que ,

possa ajudar aos nossos Artistas ou naiuvenr ,

cad, ou ua manciira.

PARr
,

12.6 A A K. T K

W. " '
• "
'
\n,*
"ri? -

PARTE III.

Colorido y oil Cromatica,

Jr Ela mesma razao ninguem ha que resta-


beleca a Cronintica nomesmo ponto, a que a
Jevou Zeuxis ,
quando por esta parte quasi
magica , que tao admiravelmente engana a vis-
ta , .5e igualou ao famoso Apelles , Principe
dos Pintores , e mereceo liuma eterna , e uni-
versal reputa^ao, E como esta parte, (que se
pode chamar a alma complemento da Pin-
, e
tura ) he huma belieza enganadora mas lison- ,

geira , e agradavel, accusavad-na de m.etter a


cara a sua irma , e de obrigar-nos destramen-
» te a amala ; mas esta prostituicao , enfeite , e
engano, longe de aterem nunca deshonrado,
tern sido pelo contrario materia para o seu
iouvur, e merecimento .* sera por tanto muito
util o conhecella.
A luz prodiiz todas as especies de cores
e a soaibra nenliuiiia.
Quanto mais hura cor^^ nos he directa-
mente opposto e proximo a luz tanto he , ,

mais claro porque a luz se enfraquece a pro*


;

porf ao ,
que se aparta do seu principio.
Quan-
r> A P I N T U II A. 27

Ouanto mais hum corpo esta proximo aos


ofnos , e Ihes esta mais diiectamente O[)[;osto,
tanto mcllior se ve; poique a vista so debiii-
ta na distancin.

P R E C E I T O XXXr.

Direccao dos tons, luzes , e sotnhras.

Logo OS corpos redondos ,


que -estao de-

fy onto de nos em anguio recto , devem ser

<Ie cores vivas ,


extremidades
e fortes , e as
devem perder-se insensivel, e confusoinente,
feem que o claro se precipite immediatnmen-
te no claro; por^m sim fazendo huma pq^^a-
gem communi, e inperccptivel dcs claros aos
escuros , e destes aquelies. E segundo, estes
principios, tratar-se-ha todo hum gruppo de E-*

guras, ainda que seja composto de muitas par-


tes da mesma sorte que huma s6 cabeca, ou
,

sejao dous os gruppos , ou ainda tres (que he


o mais que pode ser), se a coniposicao o pe-
dir m.'is cuide-se
; em que sejao destacados
,

huns dos outros. Finaimente coudazao-se de


maneira as cores, os ciaros, e escuros q'le, ,

depois de grandes sombras, hajao grandes cia-


ros, para que a vista descance e reciproca- ,

Diente , depois de grandes ciaros grandes ,

sombras.
Con-
,

^S A A R T E

Convem dar relevo , e redondez aos


cor-
pos a imitacao do espelho convexo
.
, que
Xiosmostra as %uras , e todas as oiuras
cou.
sas, que avancao m.-iis fortes,
, e vivas, que o
iiiesmo natural, e as que voltad,
sao cores ro-
tas, como menos distincti^s , e mais proxiraas
as bordas.
OPintor, e o Escuhor trabalhao pois com
a mesma intencao, e da mesma maneira
por :

que aquillo que o Escukor arredonda com


o
ferro, o Pinter o faz com opincel, occiiltan-
do^ o que quer que menos se veja
pela dimi-
nuica6, e ruptura das suas cores, e
fazendo
sobresahir pelas tintas as mais vivas e as mais
,

fortes sombras, o que liedirectamente


oppos-
to k vista como mais eensivel , e distinctjO
,

e pondo fmalmente sobre o painel as corea


que perfeitamente imitem o natural que de-
,

ve ver-se de Imm so lugar , e do mesrao gol-


pe de vista de sorte que sem mover-nos
, , pa-
,

reca que giramos em roda da figura.

PRE-
DA PlNTURA. 2g

PRECEITO XXXII.

Corpos opacos sohre campos lujninosos^

Ob corpos solidos sensiveis ao tacto e , ,

opacos, que esLiverem sobre campos lumino-


sos e transpiuentes como sad o ceo
, asnu- , ,

vens, as aguas , etc. devem ser mais ^speros,


do que ns cousas que os rode«d,
e ftssinalados , ,

para que sendo mais fortes pelo clai"o e es-


, ,

euro ou por cores mais sensiveis


, possa5 ,

cubsistir , e conservar a sua solidez entre cs«


ta especies aerias ediafanas; e para que, pe-
,

lo contrario, estes fundos, que sad, como


dissemos, o ceo, as nuvens , e as aguas, sen-
do mais claros , se apartem mais dos corpos
opacos.

PRECEITO XXXIII.

ISad convem admittir duas luzes i^ruaes


t>'
no
mesnio quadro.

Nao se pode admittir duas luzea iguaes


no mesmo quadro ; mns a maior cahira foite-
mente no meio , e se estendera , na sua maior
vivezft , onde estiverem as prin-
ao8 lugares ,

cipaes figuras, e onde se passar o forte da ac«


9ao, diminuindo-se k proporca6, que for che-;
gan-
5o A A R T E

gando as extremiclndes. E da mesma sorte Qtie


a luz do Sol se eiifraquece iiisensivehuente do
nascen!:e ao poeiue ate se perder de todo ;
,

assim a luz do quadro , deve ser taiito menos


serisivel ,
quanto )nais longe eativer do seu
priacipio- A experiencia faz isto hem palpavei
lias estatuas que se vem nas pracas publicas,
,

cuja* partes siiperiores sad mais nliumiadas,


que as iiiferiores. Imitem-se pois estas na dis-,
tribuic'io das luzes.
Evitem-se as sombras fortes no inelo dos
inernbros, para que o rauito negro, que com*
poem estas sombras nao pareca entrar den-
,

tro ,
ponha^-se porem em torno
e cortallas,
delles para os relevar mais escollia se burna
,
:

luz ta6 vantajosa as figiuas que depois de , ,

grandes claros, se sigao grqndes sombras. Pe-


lo que excellentemente diziaTiciano, que n^o
ha via melhor regra para a distribuicao dos
cUroS; e escuros, do que o cac/io de uvas.

PRR.
DA P I N T U R A. 3j

PRECEITO XXXIV.

O hranco , e o negro,

O branco puro cheg^-se, ouaffasta-se in*


differentemente chega-se coin o negro, eaf-
:

fasta-se sem elie ; nada porem se chega mais


que o negro puro.
A luz commnnica a cor, de que he mo-
dificada aos corpos ,
que toca , assini como
ao ar, por onde passa.

PRECEITO XXXV.

Heflexao das cores,

Os corpos que estao juntos recebem buns


, ,

dos outros a cor que ihe esta opposta e r-e-^


, ,

flectem reciprocamente a que Ihes he pro-j


pria, e natural.

PRE-
3a A A R T K -~

P R E C E I T O XXXYI.
Uniao,

A maior parte dos corpos que estive* ,

rem debaixo de Iiuma luz estenca e distri- ,

buida ignalmente por toda a parte deyem ,

participar todos da cor huns dos outros. Os


Veiiezianos tendo sempre em vista esta
,

inaxinia (
que 08 antigos chamarad ruptura
,

das coies) na quautidnde de figures, de que


encherao os seus qii^dros sempre procurarad
,

a unifto das cores; porque recearao que, s^n*


do luuito differentes embaracassem a vista ,
,

pela sua conFusao, com a quantidade de mem-


bros separado6 por hum grande iiumero de
tiobras ; e para este effeito pintad as suas
roupagens de cores co-semelhantes e qua- ,

si nao as distinguirao , senao pela diminuicao

do claro escuro uuindo os objectos contiguos


,

pela participacao das suas cores , e ligando oAt


film as luzes, e sombras,

PRECEITO XXXVir.

Do ar intevpoito,

Quantomenos espa^o aerio ha entrenos,


15 objecto , ^ quanto max* puro he o ar;^

taiLr.

^.
daPintura. 35

tanto mais as especies 5e conservao , e .^e dis^


tinguem e pelo contrario quanio mais he a
: ,

quantidade de ar e quanto este he menos pu-


,

ro , tanto mais o objecto 6e confunde , e ae


^mbrulha.

PRECEITO XXXVIir.

Relacao das distandas,

que estno mais pei ro, devenx


Os objectos ,

ser mais acahados, que os que estao m^ia ion-^


go e devem domiuar sobi e as cou-ias conFu-
,

sas , e fugitivasj mas fa^a-<se isto relatiyamea-


te quero dizer de sorte que huma maior» e
,
,

mais forte faca fugir huma mais pequena , ©


a fag:a menos sensivel pela sua opposicao^

P R E G E I 1' O XXXIX.

Os corpos dutantes.

Ascousas, que estaO em muita distancis j

ainda que sejao em grande numero , devera


fazer huma s6 massa ; da mesma sorte que as
folhas nas aryores , e as ondas no mar.

PRE-
» ,
;

34 A A R T E

P R E C E I T O XL.

Os corpos contiguos , e separados,

Nao sejao separados os objectos ,


que de-
vem ser contiguos : e os que devem ser sepa-
rados, nos parecao taes ; f^ica-seporem isto por
huma agraaavel , e pequena differenca.

PRECEITO XLI.

E^vitem se os extrenios contj-cuios,

Kunca ja mais duas extremidades contra-


rias setoquem tanto em cor, como em luz
,

haja porem lium meio, que pardcipe de huma


e de outra.

PRECEITO XLII.

Di'versidade dos tons , e das cores,

Devem variar.se a cada passo os tons , e


as cores nos corpos: os que estao atras, devem
ligar-se , e unir-se huns com os outros , e os
dQ diante devem ser fortes, e briihantes.

PRE*

.Jk
D A P I N T U K A. 35

P R E C E I T O XLIIE

Escolka da liiz,

Trahrtib^ de balde , o q^ie e^^collie para o


*eu qi?adro a liiz do meio dia ;
porque nao ha
cores, que Ihe possao cliegar : he mais conve-
iiiente tomar hnma luz mais frnca como aqncl-- ,

la, com que o sol de tarde dorua as caitipinas,

oil a 6a manha cuja brancnra lie moderada


,

ou a que o sol nos da depois da clmva por ,

eiitre as nuvens ou a que, ei^i huoia trovon-


,

da as nuvens nos occultao e fazem parecer


, ,

avermelhada.

P R E C E I T O XLIV.

Certas coiisas concernentes i^pratica,

Os corpos polidos , como sao os criataes j

OS metaes , os corpos iigneos, os ossos, e as


pedras; os que sao cubertos de pelo como as
,

pelles , a barba , e os cabelos ; como tambem


as pennas , a seda , e os olhos de sua natureza
aquosos ; e os que sao liquidos , como sao as
agoas , e asespecies corporaes, que nellas re-
flectem , finnlmente tudo , o que as toca ou ,

que est^ junto dellas , deve ser pintado unida*


C 2 men*
,

55 A A n T E

mente por bnixo , mas tocndos por cima com


OS ciaios , e escuros que liies conveni.

P R E C E I T O XLY.
*

Campo do quadro, ^

Seja a area do quadro vaga, fugitiva , leve


e feita de huma mistura , em que entrem bem
que compoem a obra
ligadas todas as cores,
como o seria o resto de huma palheta e re- ;

ciprocamente participem os coipos da cor do


sea campo.

P R E C E I T O XLVI.

T^iDeza das cores,

/As cores devem ser vivas , sem que ^*


quern p^^iidas.

He preciso empastar fortemente , e com


brilhantes cores a* partes mais elevadas , e
proximas a n6s ; carreguem-se pelo contrario
pouco as que se voltao.

PREs
o ,

DAPiNTiraA. 57

P R E C' E I T O XLYII.

Sonihra,

Seja tal a hafmonia nas massas de hum


quadro ,
que todas ag sombras parecao huma.

PREGEITO XLYIII.

O quadro deve ser todo de liinna parte

Seja o quadro todo de huma parte , evi*


te-se quanto for possivei pintar a secco.

PREGEITO XLIX.

O espelho he o mestre dos Fintores*

O
espelho ensina quantidade de cousas
que se observao na natureza assim como os,

dbjectos vistos de tarde em lugares espa^osos,

PREGEITO U
A r)ieia figiira y ou inteira diante das outraSm

Se se houver de pintar huma meia Iigufa,


ou huma figura inteira diante de outras he ,

preciso, que elia paieca proxima a vista; e se


for

* ^-
38 A A R T E

for necessarlo pintalla em hum Ingar espaco-


so , e longe dos olhos , nao «e poupeni os maio-
res cinros , «is mais viraf cores , e as mais for-
tes sombias.

P R E C E I T O LI.

Retrato.

Pelo qve pertence aos retL^Uos , cleve-se


fazer pre( isnmente, o que a uaiurezn mosrra ,

trabalhando somesmo tempo nns partes co-se-


iiieihantes como sao os olhos, os beicos, e
,

o nariz de sorte que toque em huma io^ro


, ,

€\ue se der laima piricelnda em outra; para


que o tempo , e a interrupcao nao facao per-
tier a idea de liuma parte, que a natureza [ez
para se' unir com outra ; imitando assim, fei*

cao por feicno, todas as partes com buma jus->


ta , e harmoniosa composicao de claro escu-
ro e de cores, e dando ao retrato o brilhan-
,

te, que a facilidade, e o vigor do pincel fazein


verj entao parecera vivo.

PRE
D A P I N T U n A. 59

P R E C E I T O LII.

hugar do quadro.

As obrafi pintndas em
pequenos lugnres

devem ser muito dellcadas e unidas delons, ,

e cores cujos giaos serao mais ditferentes ^


,

niais desii;uaes, e mais fortes , se v. obra esti-


ver mais disrante : e quando se pimarem figu-

ras giandes, seja com fortes cores, e em luga^

res muito espiicosos.

PREGEITO LIII.

Luzes largas,

Pinte-se o mais| delicadamente ,


que for

possivei e facao-se perder insensivelmente as


,

luzes largas nas sombras , que as seguem , e as


cercao.

PREGEITO Liy.

Qiianta luz Jicprecisa para o lugar do quadro.

Se o quadro estiver posto em hum lugar


allumiado por liuma luz pequena sejao asco-< ,

res muito claras; e sejao pelo conirario muir


to escuras, se o lugar lor muito allumiado,
PRE-

n Tim IB
:

4o A A n T E

P R E C E I T O LV.

^As cousas ociosas em Pintura^ que s^ de*


"vein evitar.

Evitemse os objectos cheios de buracos,


quebrados, luiudos, e separados em pedacos
evitem-se ignaimente as cousas barbaras , as-
peras a vista , variedades de cores
que , e tudo
tem huma forca igual de iuz, e de somhra;
como tarfibem as colisas impudicas sordidas, ,

indecentes, cnieis , chimericas , emiseraveis;


as quaes sao agudas , e asperas ao tacto; il-

iialmente tudo. que corrompe a sua f6rma por


huma confusao de partes embaracadas hunias
jias outras .• porque os oUios se horrorisao das
cousas y que as mdos nao querent tocar.

PKECEITO LVL

Prudencia do Pintor.

Mas ao mesmo tempo que se trabalhar por


fngir de Imni vicio,he necessario acautelar-se
para nao cahir eni outio; porque o bem esta
sempre entie dous extremos igurdmente maos.

PRE
D A P I X T u n >. 41

P R E C E I T O LVII.

Idea de hum hello cjuadro.

As cousas bellns em ultimo grao segun* ,

tlo a maxima dos antigos Pintores clevem ter ,

*.i >ndeza econtornos nobres devem ser dis-


, ;

lincta^, puras, e sem alrerncao limpns^ e ii- ,

gn.das entie compostns de f,rondes partes ,


si

ir»as com pequeno niimero , e flnaimente se-

paradas por coies furtes , mas sempre amigas.

P R E C E I T O LVill.

Para o ?iovo Fintor.

Assim como sediz, queaquelle, que prin-


cipiou bem ja fez metade de obra
,
com a ,

mesma lazao se p6de dizer , que nada ha tao


pernicioso a hum principiante de Pintura ,
como o comecar.com hum Mestre icnorante,-
que Ihe deprave o go=;to com huma iufmidade
de erros de que as suas obras estao cheias,
,

e Ihe faca beber o veneno que ha de infe- ,

ctailo todo o resto dos seus dias.


Qualquer, que nao deve dar^se
prliic'pi.^,

preca em estudar pela naturezn scm que pri-' ,

meiro aaiba as proporcOes, a hgcicao das par-


tes; e OS seus ccntornos, seni que tenha exa»
mi*
4^ A A R T E

minado bem 05 excellemes originaes e sem ,

que esteja instruido dos doces enganos da Ar-


te, queaprendera de ]jum sabio Mestre, mais
pela pratica, vendo-o trabaihar , do que ou-
viiido as siias explicaroes.

PREGEITO LIX.

A Arte sujeita ao Piiitor,

Busque-se tudo , o que ajuda a Arte , e Ihe


convem ; fuja-se de tudo ,
que ilie repugiia.

PREGEITO XL.

A dix'ersidade , e Jacilidade recreiao,

Os corpos de diversa natureza, apinhados


juntamente, sao agradaveis a vista, como tam-
bem as cousas ,
que parecem feitas com facili-
dade ;
porque sao clieias de espirito , e de
hum certo fogo celeste , que as anlma : mas
nao se podem Rizer as cousas com esta facili-
dade sem as ter medltado por muito tempo •
,

e desta sorte he que se occulta debaixo de


hum agradavel engano a Arte e o trabalho ,

da obra porem o maior de todos os artificios


;

he fazer parecer , que nerJium ha.

PRE-

:^.:
daPintura, 43

PRECEITO LXI.

Deve-se ter o original no espiriCo y e a co^


pia no painel.

Jamais se de pincelada Piguma , sem que


antes se tenha examinado bem o desenho ,

deteimiiiado os contornos , e sem se ter pre-


seute ao espirito o effeito da obra.

PliECEITO LXIl.

Cornuasso nos olhos.

Satisfaca-se a vista com prejuizo de toda


a especie de razees, que occasionarem diffi-
culdades a Arte, que de si niesma nenhuma
soffre; porque o compasso deve estar mais nos
ollios
,
que nas inagg.

P!IE-
44 A A R T «

PRECEITO LXIII.

O orgulho he cxtremamente prejudicial


ao Plntor^

Convem aproveitar-nos dos conselhos dos


homens doutos e nad desprezar com arro"
,

gancia o sentimento dos outros sobre as nos-


sas obras. Todos sao cegos nas suas cous«ts,
e nin^ueiu he capiz de julgar na sua propria
causa nem de deixar de a mar e admirar as
, ,

cousas, que produzfo. Mas a quern nao tem o


conselho de hum amigo sabio nunca falta o ,

do tempo que passadns algumas semanas ou


, ,
,

ao menos alguns dias sem que veja a sua


,

obra , descubrir-lhe-ha ingenuamente ai belle*


zas, e OS defeitos. Com tudo nao se sigad fa-

cihnente os pareceres do vulgo, que falla as


mais das vezes sem conliecimento e nao se ,

abandone o genio, mudando com ligeireza o ,

quo porque todo, o que se per*


se tinlia feito ;

suade e lisongea com a va esperanca de al-


,

cancar a aprovacao do poyo cujos juizos sao ,

inconsiderados e mudaveis, prejudica a si, e


,

a ninguem agrada.

PARr
daPxwtura. 45

PRECEITO LXIV.

O coiiliecimento cle si mesmo,

Como o Pintor costuma pintar-se nas suaa


obras ( tanto a natureza costuma prcduzir o
seu semeihante ) sera bom, que
conheca a se
si metmo, para cultivar os talentos, que hour

ver recebido danatureza, e nao perder o tern*


po em procurar os que ella Ihe negbu.
Da mesma sorie que os fructos nunca tern
t) gosto, nem as Ilores a belleza, que Ihes he
natural, quando, sendo transplantadas emter-
reuo estrangeiro , he necessario calor anifn
cial paraiasfazer brotar; assira, por niais que
«e cange qualquer nas suas obras se forem ,

contra o seu genio nunca surtirao bom ef^


,

feito.

PRECEITO LXV.

Praticar incessante , e facihneiite aguiUo, que


se concebeo.

Meditando sobre estas verdades obser«< ,

vando-at cuidadosamente e fazendo todas at


,

reflexoes necessarias , he entao preciso, que a


mao acompanhe o estudo que o ajude , e a ,

sustente sem que por isso «e enfiaqueca , a


,

abgi
46 A A R T E

abata o V)gor do genio por huma demaziada


exactidao.

P R E C E I T O LXVI.

A vianJid he propria para, o trahalho,

A
mais bella e melhor parte do dia he
,

a manha por tanto empregue-se esta no tra»


;

baiho que demandar niais cuidado


,
e appii- ,

cacaO.
ft

P R E C E I T O LXVII.

Fazer todos os dias algiima cousa»

Nao se passe hum s6 dia, sem tirar algu-

ma linha.

P R E C E I T O LXVIIL

As paixoes Derdadeiras , e naturaes*

Notem-se pelas ruas as attitudes e ex» ,

pressoes^naturaes que serao taaio maislivreSj


,

quanto meaos observadas^.

PRE.
BA PiNTURA. 47

PPiECEITO LXIX.

Os livros de leinhranca.

Convem sempre promptas humas me-


ter
morias , e iiellas apontar tudo, que se achar
iiotavei , tanto na terra , como no ar e nas ,

agoas, em quanto as especies estao presentes


ao espirito.
A Pintura nao freqiienta os banquetes ,

senao quanto lie que o espiri-


necessario, para
to, exhaurido pelo traballio, tome novo vigor na
conversacao dcs amigos. Foge^ igualmente da
embaraco dos negocios e litigios ,e so esta ;

desaffogada na liberdade do celibato. Retira-


se, quanto p6de, da bulha , e tumulto ,
para
disfrutar o socego do campo. Por que no si-
iencio niais JPacilmente pode empregar todas
as suas forcas no trabalbo ter presentes ao ,

espirito as id^.as das cousas , e abranger mais


commodamente o todo da obra.
Nao despreze o Pintor a sua reputacao
pelo cuidi^do de aniontoar riquezas por^m :

contente-se com buma fortuna mediocre nao ,

pensando adquirir mais recompensa das suas


bellas obras do que bum nome gioiloso, que
,

so acabara com os Seculos.


As quabdades de bum excellente Pintor
sao bom juiio, espirito docil , cora^ao nobre,
«en«
48 A A H T B

senso sublime , fervor, saude, belleza , tno-


cidade bens necessaries, pnra viver, traba-
,

Iho , amor a sua arte , e aprender cojH lip.bil

lucstre. E nao havendo


ou a inclinacao genio ,

natural, que a arte exige; qualquer que sf^ja o


?.6sunipto, que se escoiha , ou que a fortuna
ofrereca nuuca se chegara a perfeicao , com
todas asgraiides vautagens, que acabo dereie-
rirj por que dista muito a mao do engenho.

As cousas mais beiias passro por nienos


m^s no juizo dos Doutos por que runguem ve :

OS seus defeitos , e a vida he tao curta, que nao


basta para huma arte, que demanda tao ioiiga
appLicncao, FaltaO-nos as forCas, quondo na ve-
Ihice comacamos a saber ; acabrunha-nos esta>
d propor^ao que nos instrue , e nunca sofire
ajos njenibros gelados pelo frio dos amios O
ardor vivo , e fervente da mocidade.
Aniino pois caros fillios de Minerva nas-
, ,

cidos debaixo da iafiuencia de Lura astro be*


uigno , abrazados pelo seu fogo , attrahidos pe-
lo amor da sciencia , e escolhidos para seus
ailumnos : empregai com alegria as forcas do
vosso espirito emhuma
que as requer to- arte,
das ; em quanto a mocidade vo-la$-da com
egudeza , e vigor em quanto o vosso espirito
;

puro e livre de todo o erro ainda nao tomou


,

alguma icA tintura e em quanto na sede, era ;

i^ue ^sta^ de cQusas novas se enche dasprimeiras


eft-

-"-^Siiai
D A. P I N T U R A. 49

especies que se Ihe offerecem


,
e as da a ,

guardar a memoria que na sua prinieira fres


,

€ura as conserva por nuiito tempo.

PRECEITO LXX.

Ordem dos esCudoSi.

Deve Geometrla , e de-


principinr-se pela
pois de saber-se alguma cousa comece-se a ,

desenhar, segundo os antigos Gregos e nad ,

se descance nem de dia nem de noite serti , ,

que se tenha adquirido , per huma continua


pratica , habito fncil de imitallos nas suas in-
vencoes , e maneira.
E depois quando o Juizo estiver fortifica-
do , e maduro , sera muito bom ver , e exa-
luinar hum depois do outro , e parte por par-
te segundo omethodo, que temosassignado,
,

e as regras que expendemos as obras que , ,

derao tanta reputaceo aos Mestres da primei-


ra classe; como sao os Romanos, os Yeher
zianos, os Parmasanos, e os Bolonheses,
Entre todos estesgrandes liomens, Rafael
excedeo na invencao. Fez-lhe esta fazer tan-
'tas maravilhas ,
quantos quadros , e nelles se
observa huma certa graca ,
que Ihe serA par-
Iticular, e natural, e que ninguem ao depois
D se
, ,,

5o A A K !• K

«e p6de flpropriar,Miguel Angelo possuio o


desenho em grao eminente. Julio Romano ^
educado desde a sua infancia noPaiz das Mu-
sas nos abrio o thesouro do Parnaso e, por
, ,

huma Poezia pintada descobrio aos nossos


,

olhos OS mais sngrados ministerios de Apollo,


e toJos OS ornatos mais raros que este Deca ,

he capaz de commurricar ^s obras que inspi- ,

ra; o que writes delie nao conliecia-mos, se-


nao pelas dosPoetas. Parece que pin-
rei/jcoes
tou com mais' nobreza , e magnificencia , do
que a mesma cousa tivera , as fdmosas giier-
ras, que
poderosa fortuna dos heroes termi-
a
nou, fazendo-os triunfar dc;s testas coroadas
e OS outros grandes , e illustres successos
,

que causou no mundo. Corregio se fez re-


commendavel por ter dado forca ks suas E-
gura, sem Ihe por «ombras senao em torno
e mesmo essas sao tambem misturadas , e con-
fundidas com os seus claros
que sad quasi ,

imperceptiveis. Tambem he quasi unico na


sua grande maneira de pintar e na facili-
,

dade que tere em manejar as cores. Ti-


,

ciano entendeo tambem a uniao das raassas,


e dos corpo das cores a harmonia dos tons
,

e a disposicad do todo , que al^m do nome


de divino, mereceo conseguir immensas hon-
ras, e bens. O
^pplicado Anibal tomou de to-
dos estes grandes homens, oque nelles achon
bom
P A P I N T U U A. 5l

bom, de que fez como hum resumo ,


que
convertea na sua propria substancia.

P R E C E 1 T O LXXI.

^ ryaUireza , c ^7 eccperiencia aperfeigoad


a Arte,

Serve de luuito proveito , copiar com et-


tencao os excelientes quadros , e os belloa
descniios; mas a naUireza ,
presente aosolhoF,
ainda ensina mais; porque augmenta a forca
do genro ; e porque del la tira a Arte a sua
niaior perfeicao por meio da experiencia. Pas-
co em silencio muitns cousas que se podera.
,

ver no commentarjo.
Considerando que todas as cousas sao su»
jeitas a vicissitude dos tempos e que podem ,

perecer por differentes modos julguei qua ,

devia tomar o atrevimento de conflar a guar-


da das Musas , amaveis , e immortaes irmaas
da Pintura , os poucos preceitos que vim a ,

do meu estudo.
colligir
Occupei me em fazer esta obra em Ro-
ma v.o tempo que a honra dos Porbcefi o
, ,

Yingndor dos scus Antepassrdos Luiz XIII. ,

lancava os seus raios sobre os Alpes , fazia


52 AArtedaPiittura.
sentir do seu braco aos seus inimi-:
a forca
gos e, como outro Hercules Francez resus*
, ,

citado para o bem da sua patria , suffocava o


Leao de Hespanha.

F I M.

m^
53

7»>.

I N D I C E
DO QUE CONTE'M ESTE LIVRO.

Ix. Arte da Pintura, Pag. 5


PREC. I. Bello. 7
PREC. Da Theoria^ e da
II. Pratica, 8
PREC. III. Do as sumpto ou , motivo. o

PARTE I.

Invengao da Pintura. lo
PREC. IV. Disposicao y ou economia de
toda a ohra, ib.

PREC. V. Fidelidade do assumpto. ii

PREC. VI. DevG evitar-sG a insipidez* ib.

PAR-
54 I N D I C E

P A E. T E II,

Do desenho.

PPiEC. VII. Da aUitucle,

PPiEC. yill. Variedade nas Fizl'iras, i4

PHEG. IX. Conforinldadj dos jnembfos


com as roiipas, ib.

PPlEC. X. Imitar as acco^s dos mudos, i5


PREC. XL A priiicipal fi^iira do assum*
pto. ibc

PREC. XII. Gruppos de figuras. ib.

PREC, XIII. Diversidade de attitudes nos


gmppos. 16

PREC. X.IV. EtjiLillhrlo do quadro,, ib.

PREC. XV. Do Jiumero das fgiiras. 17


PREC. XVI. Das junturas e dos pes, , ib.

PREC» XVII. Concurrencia do movlmcn'


to das nidos com o da cahega, 18
PREC. XV^III. Q que se deve euitar na
distrihuigad das Jjguras. ib.

PREC. XIX. Deve acconimQdar se a na*


tureza ao genio» ^9
PREC,
I N D I C £• 55

Pi\EG. XX. Devemos seguir os authores

antJgos ^ na imitacao da natureza* ib.

PR EG. XXr. Coma se deve tratar huma


sofigura. 20

PREC. XXII. As roupagens. ib.

PREC. XXIII. Ornamento do quadro. 21

PREC. XXIV. Oniamentos de ouro epe- ^

drarias, ' ^^

PREC. XXV. Modelo. ib.

PREC. XXVI. A scena do quadra. ib.

PREC XXVII. As gracas e a nohreza. ,


23

PREC.XXV1II, Cadacousa deveestar no


-^b-
seu lugar,
PREC. XXIX. Daspaixoes. ib;

PREC. XXX. Devem-se evUar os orna*

mencos Gothicos^ ^6

PRE-

I
.

56 I N n I C E

PARTE III.

Colorido ou Cromatica
,
26
PREC. XX KI. Direccao dos tons , lazes ^

e sombras^ or?

PKEG. XXXII. Corpos opacos sohre cam-


pos luininosos, ryn

PEEC. XXXIII. N'ad coni^em adniitbir


duas luzes iguaes no niesmo quadro, ib.
PREC. XXXIV. O hrancq e o negro, y 3i
PREC* XXXV. Re/lexao das cores. ib.
PREC. XXXVI. Uniao. 5^
PREC. XXXVII. Do ar interposto. ib.
PREC. XXXVIII. Relacao das distan-
cias.
23
PREC. XXXIX. Os corpos distantcs, ib.
PREC. XL. Os corpos contigios , e sepa-
rados, 'z /

Fxii^C. XL. Rvitem-se os extremos con-


Irarios.
\^^
PREC. XLII. Dlversidadc dos tons , edas
cores.
ib^
FREC. XLIII, Escolha da luz, 55
PREC.
I N D I C E. 57

PREC. XLIV. Certas cousas concernentes


d pratica* ib.

PREC. XLV. Campo do quadro, 36


PREC. XLYI. Vi'veza das cores, ib.

PREC. XLVII. Sojnbra. 87


PREC. XLVIII. O quadro deve ser todo

de limna parte, ib.

PREC. XLIX. O espellio he o mestre dos


*
PiiLtores, ib.

PREC. L. A meia Jigura , ou iiiteira di^

ante das outrus, ib.

PREC. LI. Retrato, 38


PREC. LII. Lugar do quadro. 39
PREC. LIII. Luzes largas, ib.

PREC. LIY. Quanta luz lieprecisa para a

lugar do quadro. ib.

PPiEC LY. As cousas ociosas em Pintu-


ra y que se devem euitar. ^o
PREC. LYI. Prudencia do Pintor. ib.

PREC. LYII. Idea de hum hello quadro, 4^


PREC. LYIII. Para o novo Pintor. ib.

PREC. LIX. A Arte sujeita ao Pintor, 4^


PREC. LX. A dlDcrsidade ^ e facilidade
recreiao, ib.

PRRG.
'^^ I K J> I c t,

PREa LXI. Deve-se ter o original noes-


piritOy e a copia no paineL
43
PHEG. LXir. Compasso nos olhos. ib,
PREa LXIII. O orgiilJio he exiernamen-
te prejudicial ao PinCor, / 1

PxlEC. LXIV. O coahecimerUo do si mes-


771 o,
4^
PREG. LXy. Prabicarincessante, efaciU
mente aquillo ^
que se conceheo, ib.
PREC. LXVI. A iiianhd he propria para
o trabalho, /g
PPiEG. LXVII. Fazer todos os dias algu-
ma causa, ^^
PREG. LXVIII, As paixoes "verdadeiras ,

e naturaes^
jb
PREG. LXIX. Os livros de lembranga.
47
PREG. LXX. Ordem dos estudos,
49
PREG. LXXI. A natureza e a experiew ,

cia aperfeigoao a Arte. 5i

CA.
CATALOGO
DAS OBRAS DE PINTURA,
IMPRESSAS NA OFFICINA CHALCOGRAPHICA DO ARCO

DO CEGO.
rp
X Ractado das sotnlirasrelativamente ao Desenho
Dupiiiji ) com
( 14 Estampas.
Os principios do Desenho ( Lairesse ) lradu9. com 4
listamp.
O Pinter em tres lioras.
Principios da Arte da Gravura ( Lairesse ) trad. Franc.

Dehaixo do Prelo.

Geometria dos Pintores ( Dupain ) trad.


Arte da pintura ( Du Fresnoy ) com 7. Estamp. trad.
Ital.
Maneira de Gravar a agua forte , a buril , e em ma-
neira negra ( Bosse ) com 22 Estamp. trad. Franc.
A Escultura , ou a Historia , e Arte da Chalcographia,
e Gravura em cobre ( Evelyn ) trad. Ingl.

Estas ohras se vendeni na loge da OFficina Chal-


cografica ao Pvocio. Na da Viiiva Bertrand e Filko ,
na de Borel e Murti?i ao Chiado. Na de Semiond em
Coimbra. Na de Antonio AU'ares Ribeiro no Porto.
Na mesnia loge ao Rocio se vendem tambem Re-
tratos em preto , e illuminados , gravados por ariis-
tas Portnguezes ; e caracteres typographicos de toda
a qnalidade elegaatemente abertos por Artistas Nacio:
naes.
^m ioaBMHaii ^^M^
il
*:.-?*^:

•^s.

5r/«»WW.rft.,

:^:
\K: •^«

Você também pode gostar