Geologia editado 2017
Geologia editado 2017
Geologia editado 2017
INDICE
Pág.
TEMA 1: CONCEITO GE GEOLOGIA (sua relação com outras Ciências) 1
1. Introdução 1
2. O que é a Geologia? 2
3. Porquê estudar Geologia? 3
4. A Abrangência da Geologia e ciências afins 3
5. Um pouco sobre a história da Geologia 4
6. A Terra no Espaço 6
TEMA 2: ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA TERRA 10
1. Introdução 10
2. Forma e dimensões da Terra 10
3. Estrutura da Terra 12
4. Composição da Crusta 13
5. Tectónica de Placas 14
TEMA 3: CONCEITO DE MINERAL E CRISTAL 17
1. Introdução 17
2. Definição de Mineral 17
3. Cristais 18
4. Os Sistemas Cristalinos 19
5. Propriedades Físicas dos Minerais 20
5.1. Hábito e Agregados de Minerais 20
5.2. Clivagem e Fractura 21
5.3. Dureza 22
5.4. Tenacidade 22
5.5. Densidade 22
5.6. Cor 23
5.7. Risca ou Traço 23
5.8. Brilho ou Lustre 23
5.9. Diafaneidade (Transparência) 23
5.10. Reflexão e Refracção 23
5.11. Fluorescência, Fosforescência e Luminescência 23
5.12. Propriedades Eléctricas e Magnéticas 24
5.13. Propriedades Radioactivas 24
5.14. Isomorfismo, Polimorfismo e Pseudomorfismo 24
6. Classificação dos Minerais 25
6.1. Elementos Nativos 25
6.2. Sulfuretos/Sulfossais 26
6.3. Óxidos e Hidróxidos 30
6.4. Halogenetos 34
6.5. Carbonatos 35
6.6. Nitratos e Boratos 37
6.7. Sulfatos e Cromatos 37
6.8. Tungstatos e Molibdatos 38
6.9. Fosfatos, Arsenatos e Vanadatos 39
6.10. Silicatos 41
TEMA 4: GEODINÂMICA INTERNA (rochas ígneas e metamórficas) 54
1. Introdução 54
2. O Ciclo das Rochas 54
3. Geodinâmica Interna 56
3.1. Magmatismo 56
3.2. Metamorfismo 61
3.3. Sismologia 64
3.4. Geologia Estrutural 64
4. Rochas Ígneas 69
4.1. Tipos de Intrusões e Extrusões 69
4.2. Textura e Estrutura das Rochas Ígneas 70
4.3. Cor das Rochas Ígneas 71
4.4. Classificação das Rochas Ígneas 71
5. Rochas Metamórficas 76
5.1. Introdução 76
5.2. Texturas e Estruturas das Rochas Metamórficas 77
5.3. Classificação das Rochas Metamórficas 78
5.4. Principais Rochas Metamórficas 78
5.5. Ocorrência de Rochas Metamórficas em Moçambique 82
TEMA 5: GEODINÂMICA EXTERNA 83
1. Introdução 83
2. Agentes da Geodinâmica Externa 83
2.1. Gravidade 83
2.2. Agentes Atmosféricos 84
2.3. Água 87
2.4. Os Seres Vivos 94
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
1. INTRODUÇÃO
O nosso conhecimento sobre a Terra (Fig. 1.1) baseia-se em séculos de
observações, movidas pela curiosidade nata do Homem em saber sempre mais e de ir
mais além. Esta curiosidade e ânsia de saber, levaram o Homem a enfrentar mares
desconhecidos séculos e milénios atrás, levaram ainda, mais recentemente, a aventurar-
se pelo espaço cósmico. A atracção pelo desconhecido é a característica da espécie
humana, que a distingue de todas as outras espécies animais. E é esta característica que
tem levado ao avanço das ciências e da tecnologia, que nos últimos anos tem dado
passos gigantescos. A Geologia, como ciência, tem obviamente beneficiado destes
avanços.
A Geologia é um tipo especial de ciência, já que o seu laboratório é o
Mundo em que vivemos. Por vezes, é possível tirar conclusões de caracter geológico
através de ensaios laboratoriais controlados, mas a maioria Fig. 1.1. A Terra vista do Espaço
das vezes isso não é possível, pois as dimensões de escala e de tempo que envolvem os fenómenos geológicos são
demasiado grandes para lidarmos laboratorialmente com elas. Temos por isso de fazer observações sistemáticas e
cuidadosas da Terra, e depois tirar as nossas conclusões acerca dos fenómenos a partir do conjunto destas observações.
Como se sabe, o Homem só tem acesso a uma ínfima parte do planeta, que
é a superfície terrestre. Tudo o resto está fora do alcance da vista directa. Só se pode
estudar por via indirecta, por meio de vários métodos de análise e observação: as lavas
(Fig. 1.2) que vêm à superfície, as ondas sísmicas que se comportam de modo
diferente consoante as rochas que atravessam, etc. Assim, a Geologia é uma ciência
com uma dose bastante grande de especulação, mas é uma especulação lógica e sã,
baseada em princípios e conceitos científicos. E como em todas as outras ciências, as
teorias evoluem, são comprovadas ou negadas, e aparecem outras teorias.
Em que medida o ser humano altera incessantemente a face da Terra? Se bem
que as nossas contribuições individuais sejam pequenas, o somatório dos milhões de
seres humanos que somos é enorme.
Influenciamos a atmosfera, os rios, os lagos e os oceanos; afectamos as taxas
de erosão dos solos e o modo como os desertos se expandem ou reduzem; cobrimos a
superfície da Terra com estradas e cidades; redistribuímos os materiais terrestres
cavando-os e transportando-os para onde os queremos usar; criamos lagos artificiais com
a construção de diques e barragens; em suma, estamos constantemente a alterar as
condições ambientais. Nós, Humanos, tornámo-nos uma força vital na modelação do
Fig. 1.2. Vulcão Kilauea, Hawaii nosso ambiente.
Há muitas questões que se podem levantar sobre as interacções humanas com o ambiente, para as quais ainda
não há respostas definitivas. Por exemplo:
ainda não há certeza até que grau a contínua queima de combustíveis fósseis (carvão, gás, petróleo) e a
respectiva emissão de CO2 afecta o clima global hoje e afectará amanhã;
Como é que a mudança climática pode influenciar a produtividade agrícola do mundo, a distribuição dos
gelos polares, ou a posição do nível do mar.
Nos últimos 50 anos ocorreram avanços revolucionários no conhecimento que temos da nossa Terra. Nunca na
história humana ocorreram avanços tão grandes e dramáticos em tão curto espaço de tempo. A Geologia é um campo em
ebulição, cheio de desafios, com novas descobertas e novas teorias a aparecer todos os dias.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Há alguns anos atrás, a ideia de que a camada superficial da Terra se movia a uma velocidade anual de 10 cm/ano,
defendida pela teoria da tectónica de placas, não era senão uma teoria. Hoje essa teoria já não pertence ao campo da especulação;
é uma realidade, comprovada por evidências das rochas dos fundos marinhos.
Em 1986, medições feitas através de satélites e de lasers, demonstraram que de facto os continentes se estão a
mover.
Podemos agrupar os avanços nas ciências geológicas em 3 grupos:
O primeiro refere-se à nossa compreensão sobre o modo como a Terra funciona; a tectónica de placas é um
produto dessa compreensão. Os avanços aconteceram com o contributo de outros estudos (aparentemente
não inter-relacionados), como a exploração dos fundos oceânicos, os estudos sísmicos do núcleo da Terra,
e medições a longo prazo da intensidade do campo magnético terrestre.
De facto, estes estudos estão todos correlacionados entre si. Assim, o campo magnético terrestre surge do
núcleo, e as rochas dos fundos oceânicos são influenciadas pelo campo magnético de formas diversas.
A constatação do facto de que todos os processos terrestres, grandes ou pequenos, interagem das formas
mais diversas, forçou os geólogos a reexaminar todas as evidências e a repensar as suas conclusões.
O segundo avanço vem da exploração espacial, em particular das pesquisas sistemáticas da Lua, Marte,
Mercúrio, Vénus e dos satélites rochosos dos planetas gigantes (Júpiter e Saturno). Todos os planetas, luas,
asteróides e cometas do Sistema Solar têm uma origem comum, e se bem que cada um destes corpos celestes
tenha evoluído à sua maneira, eles têm aspectos comuns ao longo das suas histórias.
O estudo destes aspectos comuns levou à criação duma nova disciplina – a Planetologia Comparativa – a qual
ajuda a encontrar respostas a várias questões: porque é que a Terra existe? Porque é que ela é como é? Porque
é que os outros corpos do Sistema Solar não são adequados à vida humana? Haverá corpos no Universo que
sejam adequados a esta vida? Etc., etc., etc.
O terceiro avanço consiste no crescer da consciência do efeito da actividade humana no meio ambiente à
superfície terrestre.
Essa consciência mostrou que a análise desses efeitos se torna complexa porque os múltiplos processos naturais
actuantes à superfície da Terra interagem de maneira muito complexa e variada.
Chegámos finalmente à conclusão de que as pessoas não são só uma das forças menores da natureza, antes
porém uma força maior. O que a Terra vai ser no futuro depende muito de como agirmos hoje.
2. O QUE É GEOLOGIA?
O termo Geologia deriva da junção das palavras gregas - (geo - Terra) e (lógos - Ciência) -
e significa literalmente Ciência da Terra.
Segundo Lapidus (1987), Geologia é o estudo da Terra em termos do seu desenvolvimento como planeta desde
a sua origem. Isto inclui a história das formas de vida, os materiais de que é feita, os processos que afectam estes
materiais e os produtos que deles resultam.
Em várias obras se podem encontrar várias definições de Geologia mas, basicamente, a definição anterior
congrega todos os conceitos que devem constar da definição deste termo.
A palavra Geologia foi utilizada pela primeira vez por Jean André de Luc, cientista de origem suíça e
conselheiro da Rainha Carlota de Inglaterra, e pelo químico suíço S.B. de Saussure em 1778 (Whitten & Brooks, 1972).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
A Sedimentologia estuda as rochas sedimentares e os processos responsáveis pela sua origem e pelos movimentos de
sedimentos;
A Geofísica aplica os métodos físicos ao estudo da estrutura e composição da Terra;
A Geoquímica refere-se ao estudo das quantidades, distribuição e circulação de elementos químicos no solo, água e
atmosfera terrestre;
A Cartografia dedica-se aos métodos de campo e de laboratório que levam à produção de mapas de vários tipos;
A Fotogeologia utiliza fotografias aéreas para a interpretação da geologia duma região na programação de trabalhos
de campo;
A Hidrogeologia dedica-se ao estudo das águas subterrâneas;
A Geomorfologia dedica-se às características superficiais da Terra, incluindo formas de relevo terrestre e oceânico e
factores químicos, físicos e biológicos que agem sobre elas;
Nos Jazigos Minerais estuda-se a forma como os recursos minerais ocorrem na crusta, sua concentração e
distribuição;
A Geocronologia mede os intervalos de tempo do passado geológico, as idades dos acontecimentos geológicos;
A Pedologia estuda a formação dos solos, sua morfologia, origem e classificação;
A Geologia Aplicada utiliza os métodos e a pesquisa geológica à solução de problemas da sociedade;
A Geologia de Engenharia é um aspecto particular da Geologia Aplicada, e relaciona-se com a aplicação da Geologia
à construção de obras de engenharia;
A Geologia Económica, muito ligada aos Jazigos Minerais, estuda as implicações económicas da exploração dos
jazigos e as suas reservas;
A Geologia Urbana e Ambiental têm a ver com a aplicação dos conceitos geológicos aos problemas criados pela
actividade humana, e seus efeitos no ambiente, quer a nível geral, quer urbano;
A Geologia Marinha (e costeira) estuda os fundos oceânicos, sua topografia, petrologia, geoquímica e o efeito das
ondas e da água do mar;
A Cosmologia estuda a posição da Terra no Sistema Solar e no Universo.
Como se pode ver da listagem anterior, as ciências geológicas estão intimamente ligadas a várias outras ciências:
Química, Física, Matemática, Biologia, Astronomia, Economia e Engenharia. Mas as ligações não param por aqui. Por
exemplo, as ligações com a Agronomia são evidentes, através da Pedologia. A Geografia é, muitas vezes considerada uma
ramo da Geologia, havendo muitas universidades no mundo em que estes dois cursos estão sob a alçada dum departamento
(ou faculdade) de ciências da Terra. A Metalurgia utiliza os conhecimento da cristalografia e os métodos de estudo dos
minerais. A Medicina criou um novo campo - a Geomedicina - que se dedica ao estudo das doenças humanas provocadas
pela actividade geológica e mineira. Este tipo de actividades também afecta a vida animal que vive por perto e, assim, a
ligação com a Veterinária também é evidente. A Engenharia de Minas utiliza os conhecimentos geológicos e de
engenharia para a abertura de minas para exploração de recursos minerais. Muitos outros exemplos se poderiam dar para
ilustrar a ligação da Geologia com outras ciências não geológicas.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Os antigos Egípcios (1.500 AC) já conheciam os efeitos medicinais de alguns minerais, como a antimonite
(Sb2S3), o enxofre (S), a hematite (Fe2O3), a halite (sal), a soda (NaNO3), o petróleo bruto, etc.
Os primeiros registos geológicos de que há memória vêm do tempo dos Gregos antigos. Cite-se por exemplo
Heródoto (484-425 AC) que escreveu que "…o mar apagou-se onde hoje a terra se solidifica…", após observar fósseis
de conchas marinhas em terra firme. Nessa altura, a idade da Terra foi calculada em 399.000 anos!!! Também Heródoto
reparou que o Rio Nilo depositava sedimentos durante as cheias, tendo reconhecido o processo lento mas contínuo que
modifica a superfície da Terra.
Teofrastus (374-287 AC), escreveu o primeiro tratado de Mineralogia - A Respeito das Pedras - que foi a base
da maioria dos mineralogistas da Idade Média.
Com a queda de Roma em 500 DC pouco ou nada se ouve na Europa acerca de ciência até à Renascença (séc.
XV-XVI). Contudo, nas países árabes, Ibn Sida (980-1037) escreve uma sistemática dos minerais e reconhece que as
montanhas se formam por acção de forças internas e que a água tem um papel importante na erosão e na formação de
sedimentos.
A Idade Média (séc. XI-XIV) foi assim um período de estagnação de conhecimentos, de crenças em poderes
sobrenaturais e em superstições. Nessa época, o primeiro livro do Antigo Testamento - Génesis - sobre a origem do mundo e
da vida, era aceite como verdade acabada, não contestável, pois se o fosse seria considerado sacrilégio. Assim, no geral, os
Homens não procuravam mais esclarecimentos sobre os fenómenos naturais.
Com o aparecimento da Renascença, a situação no que toca ao avanço das ciências muda de figura. O Génesis
começa a ser contestado, surgindo várias pessoas decididas a mudar o estado das coisas. Leonardo da Vinci (1452-1519)
foi um deles.
Ao descobrir conchas numa zona montanhosa de Itália, da Vinci concluiu que aqueles animais só podiam ter
vivido ali quando aquelas terras estavam cobertas de água. Foi um escândalo na época, mas como ele era reconhecido por
todos como artista, escultor, arquitecto, engenheiro e inventor, então ele teria alguma razão para afrontar as Sagradas
Escrituras. Mas os defensores destas encontraram uma resposta para o aparecimento de conchas nas montanhas: Deus
tinha-as posto lá para pôr à prova a fé do Homem.
Apesar dos seus trabalhos, da Vinci não trouxe nada de novo em termos de conhecimentos geológicos. Ele
mais não fez do que reafirmar o que Gregos e Árabes já tinham afirmado.
O grande avanço das ciências geológicas ocorre cerca de 150 anos mais tarde, com o dinamarquês Nicolaus Steno
(Séc. XVII) que é conhecido como o pioneiro da Geologia. Como outros cientistas, ele observou conchas nas montanhas da
Itália e concluiu que o mar tinha coberto aquela região. Mas ele foi mais longe, pois observou que as conchas estavam
encravadas em vários tipos de rochas, de camadas ou estratos. Verificou que algumas camadas eram espessas, outras delgadas;
umas eram uniformes, outras irregulares; umas continham conchas de animais marinhos, outras de animais de água doce.
Concluiu que as rochas que continham essas conchas só podiam ter sido depositadas como sedimento em zonas cobertas por
água salgada ou doce. Com o recuo das águas, os sedimentos transformaram-se em rochas sólidas. Por isso, concluiu ele ainda,
as camadas do fundo deviam ser mais antigas do que as que estavam mais acima. Nasceu assim o princípio da sobreposição,
base da Geocronologia actual.
Abraham Werner (1749-1817), de nacionalidade alemã, aos 25 anos, publica um livro sobre as características
externas dos minerais, pondo fim a uma época de observações caóticas e disparatadas. Ele é considerado o pai da Geologia
e da Mineralogia alemãs. Werner também é considerado o pai da Geologia de Campo, por ter sido o primeiro a levar os
seus alunos ao terreno para terem o quadro geral do que ensinava nas aulas. A Teoria Neptunista é da sua autoria, em
que considerava a Terra constituída por águas muito profundas a partir das quais se formava a crusta.
O seu discípulo Leopold von Buch (1774-1853), depois de observar alguns vulcões europeus, coisa que Werner
nunca tinha feito, contrariou essa teoria, criando a Teoria Vulcanista, em que no interior da Terra existia um imenso calor
que fundia as rochas.
William Smith (1769-1839) foi o pai da Paleontologia e, de certo modo, da Estratigrafia. Ele notou que certos
fósseis só ocorriam em determinadas camadas e que estas podiam ser correlacionadas, mesmo que distantes entre si. O
esquema da Fig. 1.5 mostra como ele fez essa correlação, considerando as sequências de camadas e respectivos fósseis
em 3 lugares distintos (esquemas A a C) e construindo uma coluna estratigráfica completa (D) da região.
Outros paleontólogos de renome do tempo de W. Smith foram Georges Cuvier (1769-1832), Ernst von
Schlotheim (1765-1832).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Também se caracterizou pelo aparecimento de várias associações de geólogos, como o Geological Survey of
England (1835), Association Géologique Française (1855) e a Preu ische Geologische Landesamtstalt (1873), entre
outras.No início do Séc XX (1915), o alemão Alfred Wegener (1880-1930) escreveu o livro A Origem dos Continentes
em que formula a Teoria da Deriva dos Continentes, percursora da actualíssima Teoria da Tectónica de Placas (já referida
anteriormente).
No que toca ao nosso continente, Alex du Toit é considerado o pai da Geologia Africana.
6. A TERRA NO ESPAÇO
O estudo da Terra deveria começar talvez com um exame das suas relações com o resto do Universo. Estamos
habituados a pensar que Terra é o centro do universo, o que não é de todo verdade. A Terra é um pequeno planeta que
gira à volta duma estrela - o Sol. O Sol e os seus planetas são uma ínfima parte da galáxia Via Láctea, que, por seu lado,
é uma dos milhares de galáxias do nosso universo.
Muitos dos fenómenos físicos que ocorrem na Terra são afectados pela
interacção do Sol, Lua e Terra.
A VIA LÁCTEA
O Sol e os seus planetas, cometas, satélites e asteróides, é um dos biliões
de estrelas da nossa galáxia - A Via Láctea. Este sistema de estrelas tem uma forma
de lente/disco achatado, com as estrelas dispostas em braços de espiral, com um
núcleo constituído por uma grande densidade de estrelas. A Via Láctea tem um
diâmetro de 70.000 anos luz (cerca de 9.5 x 1012 km, ou seja, 9 biliões e meio de
quilómetros). Como não é possível fotografar a Via Láctea, as únicas imagens que
dispomos são as de galáxias semelhantes, como a ilustrada pela foto da Fig. 1.6, da
Galáxia M100, tirada pelo telescópio Hubble.
Na Via Láctea, o Sistema Solar ocupa uma posição afastada do centro.
Na Fig. 1.6 está mostrada essa posição se a galáxia fosse a Via Láctea.
Fig. 1.6. Imagem da Galáxia M100, tirada pelo
telescópio Hubble
O SISTEMA SOLAR
O Sistema Solar (Fig. 1.7) é uma pequeníssima parte da nossa galáxia e consiste do Sol, de 9 Planetas e seus
Satélites, Asteróides, Cometas e Meteoritos.
Se bem que o Sol (Fig. 1.8) seja extremamente importante para nós, ele é insignificante no meio dos biliões de
estrelas da galáxia, quer em tamanho quer em brilho, apesar de ele conter 99.8% da massa de todo o Sistema Solar. A
Fig. 1.8 mostra também imagens dos planetas do Sistema Solar (excepto da Terra, que pode ser vista na Fig. 1.1, bem
como da Lua, de um asteróide e de um cometa). A Tabela 1.1 mostra as dimensões do Sol e dos planetas.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Mercúrio
O Sol Vénus Marte
Saturno Neptuno
Júpiter Urano
Cometa Halley
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O Sol é uma estrela de tamanho médio, com uma temperatura de 6.000ºC à superfície e de 5.000.000ºC em
profundidade, onde a matéria está sujeita a pressões gigantescas. Ele desloca-se a uma velocidade de 70.000 km/s em
direcção à estrela Vega, situada na constelação de Lira a 27 anos-luz de distância (10,65 x 1012 km).
Com o tempo, e devido à atracção entre os átomos, a nuvem começou a tornar-se mais espessa pela progressiva
concentração dos átomos. A energia desses redemoinhos deu eventualmente origem à rotação da nuvem que originou
mais tarde o sol e os planetas.
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À medida que os átomos eram atraídos entre si, e se aproximavam uns dos outros, a nuvem tornou-se mais
densa e mais quente. Como resultado deste processo de concentração, formou-se a Terra e os outros planetas.
Mais de 99% dos átomos do espaço são átomos de hidrogénio (H) e hélio (He), os dois átomos mais pequenos,
o que pode ser visto nas atmosferas de alguns planetas maiores.
Perto do centro da concentração da nuvem de gás, os átomos ficaram tão comprimidos e tão aquecidos que os
átomos de H e He começaram a fundir-se para originar elementos mais pesados. Esta fusão provocou libertação de
enormes quantidades de energia térmica, o que levou a uma combustão nuclear dos átomos de H e He.
Quando começaram estas reacções nucleares, deu-se o nascimento do Sol, o que deve ter acontecido há 6 mil
milhões de anos. Porém, os processos nucleares estavam confinados ao centro da nuvem. À sua volta rodava uma nuvem
de gás menos quente e menos denso.
Como se sabe, a rotação provoca uma força centrífuga que tende a puxar os corpos para fora, ao passo que a
gravidade é uma força centrípeta, que puxa os objectos uns para os outros. Como resultante destas duas forças, a nuvem
de gás tornou-se gradualmente um disco rotativo achatado, girando à volta do Sol. A tal disco chama-se nebulosa
planetária (Fig. 1.11.b).
A dado momento, as porções externas mais frias da nebulosa planetária tornaram-se suficientemente
compactadas para originar matéria sólida, do mesmo modo que o gelo se condensa a partir do vapor de água para originar
neve. Progressivamente, esta matéria sólida condensada transformou-se em planetas.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
1. INTRODUÇÃO
Pitágoras (530 AC) foi o primeiro a considerar a hipótese de a Terra ser redonda. Observando a aproximação
de navios vindos de longe, reparou que primeiro se viam os mastros, e só depois o casco, chegando à conclusão que a
superfície do mar não era plana, mas sim curva.
No tempo de Erastótenes (Bibliotecário Chefe de
Alexandira, Egipto) já se sabia que a distância do Sol era
tão grande que os seus raios podiam ser considerados
paralelos. Assim, ele imaginou um sistema simples para
estimar o tamanho da Terra. Ele tinha ouvido dizer que em
Syene (hoje Aswan) no Rio Nilo, ao meio dia no Verão o
sol estava tão a pique que não provocava sombra dos
objectos. Observou, contudo, que em Alexandria, cerca de
800 km a norte de Syene, à mesma hora havia sombra de
objectos. A Fig. 2.2. ilustra as condições da experiência (em
escala exagerada de ângulos e comprimentos).
Fig. 2.2. Método usado por Erastótenes para medir a circunferência da Terra
Em Alexandria, uma estaca de dimensão AB provocaria uma sombra de dimensão AC. Estes dois comprimentos
determinam o ângulo ABC que iguala o ângulo SOA. Erastótenes fez os cálculos e verificou que este ângulo é de um pouco
mais de 7º (7º 12"), ou seja, quase exactamente 1/5 que 360º. O comprimento da circunferência terrestre seria assim 50 vezes
a distância de Alexandria a Syene, ou seja:
50 x 800km = 40.000 km.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
em que M1 e M2 são as massas de 2 objectos, d a distância entre eles e G a constante de gravitação (=6,754x10-8). Desta
equação fica claro que quanto maiores os objectos e menor a distância entre eles, maior a força de atracção. Quando um
corpo é muito grande, como a Terra, a atracção torna-se também muito grande. Se não fosse isso, o ar que envolve a Terra
seria expelido para o espaço e não haveria vida.
A gravidade da Terra é uma força que actua de fora para dentro (Fig. 2.3) e
que tende a puxar os objectos para o centro do planeta. Assim, a força da gravidade é
radial, quer dizer, em qualquer ponto da Terra os objectos são puxados ao longo duma
linha que liga o objecto ao centro de gravidade (centro da Terra). Quando todas as
partículas dum objecto deformável são puxadas de igual modo para o centro, o corpo
torna-se esférico. Assim, a gravidade e o facto de a Terra ser deformável, são as
razões para que ela seja redonda.
Newton também imaginou que o balanço entre a força centrífuga (resultante
do movimento de rotação) e a da gravidade deformaria a forma da Terra, passando
duma esfera para um elipsóide. De facto, é isso que acontece pois, enquanto que a
gravidade é uma força radial, a força centrífuga actua perpendicularmente ao eixo de
rotação (Fig. 2.3). Esta força é tanto maior quanto mais afastado um objecto estiver do
eixo de rotação, ou seja, no Equador essa força é máxima (Cmax) e quase nula nos pólos.
Fig. 2.3. Força da gravidade (setas negras)
e força centrífuga (setas brancas)
A interacção destas duas forças (centrífuga e gravidade) dá origem a uma Terra ligeiramente achatada nos pólos
e "inchada" no equador. Como resultado disto, o diâmetro equatorial da Terra é de 12.756 km, ao passo que o diâmetro polar
é de 12.714 km, ou seja, uma diferença de 42 km, diferença tão pequena para a dimensão do globo, que se pode considerar
a Terra como uma esfera perfeita. A Fig. 2.4 ilustra estas diferenças. Este afastamento da forma esférica perfeita tem como
resultado que uma pessoa que pese 90 kg no equador, pesa 90.5 kg no polo. A Tabela 2.1 dá uma ideia geral das dimensões
da Terra.
Tabela 2.1. Alguns factos numéricos sobre a Terra
TERRA OCEANOS E MARES
Maior altitude conhecida Metros Maior profundidade conhecida Metros
Monte Everest (Nepal) 8.863 Fossa das Marianas (Filipinas) 11.035
Altitude média 840 Profundidade média 3.808
TAMANHO E FORMA km ÁREA Milhões de km2
Raio equatorial (a) 6.378,2 Terra (29,22%) 149
Raio polar (b) 6.356,8 Calotes Polares e Glaciares 15,6
Raio médio 6.371,0 Mares e Oceanos (70,78%) 361
Circunferência equatorial 40.076 Terra + plataforma continental 177,4
Circunferência polar (meridiano) 40.009 Mares/Oceanos - plataforma continental 332,6
Elipticidade (a-b)/a 1/298 Área total da Terra 510,0
Espessura/raio Volume Densidade média Massa
VOLUME, DENSIDADE, MASSA
médio (km) (x 106 km3) (g/cm3) (x 1024 g)
Atmosfera - - - 0,005
Mares e Oceanos 3,8 1.370 1,03 1,41
Calotes Polares e Glaciares 1,6 25 0,30 0,023
Crusta Continental + plataforma continental 35 6.210 2,8 17,39
Crusta Oceânica - plataforma continental 8 2.660 2,9 7,71
Manto 2.881 898.000 4,53 4.068
Núcleo 3.473 175.500 10,72 1.881
A TERRA INTEIRA 6.371 1.083.230 5,517 5.976
A lei de atracção gravitacional de Newton constitui a base para o cálculo da massa e da densidade da Terra. De
acordo com essa lei, a força de atracção exercida pela Terra sobre um objecto colocado na sua superfície, pode ser calculada
se soubermos a massa do objecto, a constante G e a distância do objecto ao centro de massa da Terra. Para um objecto à
superfície, essa distância é o raio da Terra. A força de atracção gravitacional é o que chamamos peso do objecto. De
acordo com as leis que Newton desenvolveu, este peso deverá ser igual ao produto da massa do objecto (M1) e a
aceleração da gravidade (g):
F M1 g (2)
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
M1 M 2 (3)
F G M1 g
d2
Sendo:
d = 6.380 km
g = 980 cm/s2
G = 6,754 x 10-8,
a massa da Terra (M2) é igual a 5,98 x 1027 gramas.
O Volume da esfera V 4 R 3 terrestre pode agora ser calculado, sendo igual a 108,78 x 10 10 km3. A partir
3
da massa e do volume, pode calcular-se a densidade (massa/volume), que é de 5,5 g/cm3.
3. ESTRUTURA DA TERRA
A maior parte do que se sabe sobre a estrutura interna da Terra provém de interpretações e de dados de
observação indirecta.
Mesmo as rochas e as lavas que se originam
abaixo da superfície provêm de profundidades que são
relativamente pequenas comparadas com o raio da Terra.
As principais ferramentas que se usam para o estudo
das partes mais profundas da Terra, são as análises da
gravidade, dos campos magnéticos e das ondas de choque
geradas por terramotos, que dão indicações da variação da
densidade dos materiais com a profundidade.
Os resultados deste estudo estão ilustrados na Fig.
2.5. Daqui se pode ver que a Terra não é constituída dum
único material, mas de várias camadas esféricas
concêntricas. Há, assim, três camadas composicionais (Fig.
Fig. 2.5. Camadas constituintes da Terra 2.5, metade direita):
Núcleo: no centro, massa esférica constituída principalmente de ferro, com misturas de níquel, enxofre,
silício e outros elementos;
Manto: intermédio, matéria rochosa que envolve o núcleo; menos denso que o núcleo, mas mais denso que
a camada superficial;
Crusta: superficial, camada mais fina, composta de matéria rochosa menos densa que a do manto.
O núcleo e o manto têm uma espessura relativamente constante. A crusta, por seu lado, tem uma espessura
variável (Fig. 2.6). Por baixo dos oceanos - crusta oceânica - a crusta tem uma espessura média de 8 km, enquanto que
nos continentes - crusta continental - essa espessura varia entre 20 - 70 km.
O manto e o núcleo têm composições diferentes e estão separados por um limite bem definido. Provavelmente
haverá variações composicionais dentro de cada um deles, mas pouco se sabe sobre isto. Por seu lado, a crusta, de
observação mais directa, tem uma composição muito variada e, em alguns locais, muito semelhante à parte superior do
manto. Mesmo assim, o limite crusta/manto é bem definido.
Além das camadas composicionais, há uma acamação em termos de propriedades físicas (Fig. 2.5, lado
esquerdo), como no caso do gelo (água sólida) sobre água (líquida). Do mesmo modo que a água pode ocorrer em três
estados físicos diferentes (sólido, líquido e gasoso), também os materiais da Terra variam o seu estado físico em função
da pressão e temperatura (P,T).
As regiões em que as propriedades físicas mudam, não coincidem com os limites composicionais do núcleo,
manto e crusta (Fig. 2.5, lado esquerdo).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Dentro do núcleo há a região mais interna, onde as pressões são tão altas que o material se encontra no estado
sólido - núcleo interior. À volta do núcleo interior ocorre o núcleo exterior, onde a P,T estão de tal modo balanceadas,
que os metais fundem e ficam no estado líquido.
Variações análogas de estado físico ocorrem também na parte superior do manto. A cerca de 100 km da superfície,
as rochas do manto atingem temperaturas tais que perdem a sua resistência, tornando-se plásticas e facilmente deformáveis. É
a astenosfera (do Grego asthenos = fraco), que se prolonga até aos 350 km de profundidade, ponto em que as rochas perdem
a sua plasticidade e se tornam rígidas e não plásticas. Dos 350 km de profundidade até ao limite com o núcleo exterior, o
manto ganha o nome de mesosfera.
Por cima da astenosfera até à superfície (espessura de 100 km), as rochas são duras e mais rígidas que as da
astenosfera - é a litosfera (do grego lithos = rocha).
O limite entre a astenosfera e a litosfera é claro, mas não corresponde a uma mudança de composição, mas de
estado físico.
Os limites de separação entre as várias camadas da Terra têm o nome de descontinuidades. Assim, existem as
seguintes descontinuidades:
Descontinuidade de Konrad: separa a crusta continental da crusta oceânica;
Descontinuidade de Mohorovičic: separa a crusta do manto;
Descontinuidade de Gutenberg: separa o manto do núcleo.
4. COMPOSIÇÃO DA CRUSTA
A Tabela 2.2 mostra a concentração dos principais elementos químicos na crusta continental. Pode ver-se que o
oxigénio (O) é o elemento mais abundante, quer em peso quer em volume. O segundo elemento em abundância é o silício
(Si), tanto em peso como em volume, seguindo-se o Alumínio (Al). Por seu lado, a Tabela 2.3 refere-se à composição química
das várias camadas da Terra. O constituinte mais abundante de ambas as crustas continental e oceânica é o óxido de silício
(SiO2), seguindo-se o óxido de alumínio (Al2O3), o que não é de estranhar, pois o O, Si e Al são os três elementos mais
abundantes na crusta.
No caso do Manto, o constituinte mais abundante é também o óxido de silício, mas em menor abundância que na
crusta. Ao contrário da crusta, o segundo constituinte mais abundante é o óxido de magnésio (MgO), seguindo-se o óxido de
ferro ferroso (FeO). A composição do Núcleo difere das outras camadas na medida em que abundam os elementos
metálicos, em especial o ferro (Fe).
Tabela 2.2. Abundância de elementos maiores na crusta continental
Elemento % Peso % Volume
Oxigénio (O) 47.2 93.8
Silício (Si) 28.2 0.9
Alumínio (Al) 8.2 0.5
Ferro (Fe) 5.1 0.4
Cálcio (Ca) 3.7 1.0
Sódio (Na) 2.9 1.3
Potássio (K) 2.6 1.8
Magnésio (Mg) 2.1 0.3
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5. TECTÓNICA DE PLACAS
Como atrás se disse, a parte superior do Manto (Astenosfera) encontra-se no estado plástico, em que o material
rochoso se encontra fundido. A Crusta (continental e oceânica) encontra-se no estado sólido "flutuando" sobre a
Astenosfera, como o gelo flutua na água.
Devido ao seu estado físico (plástico), a Astenosfera está sujeita a correntes de
convexão, devido às diferenças de temperatura no seu seio: mais quentes em maiores
profundidades, menos quentes em menores profundidades. É o mesmo processo que ocorre
quando aquecemos água numa panela (Fig. 2.7). Se houverem objectos a flutuar na água, eles
são puxados para os bordos da panela por acção dessas correntes. Assim, o objecto A é puxado
para a esquerda, enquanto que o C é puxado para a direita. Quanto ao objecto B, ele é puxado
tanto para a direita como para esquerda e tem tendência a manter-se no centro. Se o objecto
for feito de material quebradiço, e as correntes forem muito fortes, o objecto eventualmente
parte-se e cada metade vai para seu lado. Este é o mecanismo básico do que acontece na Terra
entre a crusta e a astenosfera.
Fig. 2.7. Correntes de convexão
Como se pode ver da Fig. 2.8, a crusta é constituída por uma série de placas tectónicas (do grego tecktonos -
construir) que flutuam sobre a Astenosfera, umas maiores que as outras. Assim, a Crusta é constituída pelas seguintes placas:
a) Maiores: Africana, Australiana-Indiana, Antártica, Eurasiana, Pacífica, Norte- e Sul-Americana;
b) Menores: Filipinas, Juan de Fuca, Nazca, Cocos e Caraíbas.
A Fig. 2.9 mostra um mapa mais realista das placas tectónicas que compõem a crusta. Como se pode ver ainda das
Figs. 2.8 e 2.9, praticamente todas as placas abrangem crusta continental e crusta oceânica, à excepção das Placas de Nazca e
Juan de Fuca, que são constituídas unicamente por crusta oceânica.
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Onde as placas estão por baixo dos oceanos, elas são compostas do mesmo material do manto fluído, ou seja, da
astenosfera, mas o material encontra-se no estado sólido, com uma espessura entre 10-16 km. Onde as placas contêm também
crusta continental, a sua espessura varia imenso.
Como é que, então, estas placas se movem entre si devido às correntes de convexão da Astenosfera? Ou seja, como
são os limites entre as várias placas? Há três maneiras como as placa se contactam e se movem entre si, consoante elas
desaparecem umas por baixo das outras, ou se afastam entre si, ou deslizam entre si.
1. Dorsais Médio-Oceânicas: Ocorrem nos pontos onde duas placas se afastam entre
si (Fig. 2.10). A força que está por trás do movimento das placas tectónicas é o calor gerado no
interior da Terra pelas reacções nucleares. Este calor atinge a superfície principalmente nas dorsals
médio-oceânicas. Nestes locais, duas placas afastam-se uma da outra (C) por acção das correntes
de convexão do manto (A), abrindo um espaço entre elas (D) por onde emerge o material rochoso
em fusão (B) - o magma. Este magma, ao chegar à superfície transforma-se em lava e vai
preenchendo continuamente o espaço entre as duas placas à medida que estas se separam. A lava
arrefece e solidifica, agarrando-se aos bordos das duas placas, e for- Fig. 2.10. Esquema duma dorsal
médio-oceânica
mando nova crusta oceânica. Assim, quanto mais afastada da dorsal, mais antiga é a rocha. Nas zonas onde este processo ocorre, as placas têm uma
elevação que pode atingir os 4.000 m de altura, daí o nome de dorsal médio-oceânica. As dorsais médio-oceânicas têm, no globo terrestre, um
comprimento total de 64.000 km. A Islândia e os Açores são emergências da Dorsal Médio-Atlântica acima do nível do mar.
A Fig. 2.15. mostra um corte da Terra entre a África e a América do Sul onde se podem ver todos estes aspectos
da tectónica de placas e da constituição da crusta e manto.
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Fig. 2.15. Representação diagramática da tectónica de placas (adaptado de Wyllie, 1995, pg. 24)
Todos estes movimentos de placas, seja de que tipo forem, envolvem imensas quantidades de energia que,
periodicamente, são libertadas, dando origem a sismos de intensidades variadas. Também como se viu, tanto nas zonas
de subducção como nas de dorsal médio-oceânicas, há surgimento à superfície de lavas provenientes do magma das
profundezas da Terra. Na Fig. 2.16 pode ver-se a localização dos epicentros dos sismos ocorridos no mundo de 1961 a
1967 e, comparando com a Fig. 2.8 e 2.9, pode ver-se que as zonas de epicentros sísmicos coincidem com os limites das
placas tectónicas. O mesmo tipo de distribuição ocorre com as erupções vulcânicas. Assim, há uma relação estreita entre
sismos e vulcões com os limites das placas tectónicas.
Se as placas se movem hoje, elas também se moveram desde sempre. Assim, surge a pergunta: Como era a
distribuição dos continentes ao longo da história da Terra?. Reconstituições do passado geológico sugerem uma evolução
como a que se apresenta na Fig. 2.17.
170 milhões de anos atrás 100 milhões de anos atrás 50 milhões de anos atrás A Terra hoje
Fig. 2.17. Evolução da distribuição dos continentes da Terra com o tempo geológico.
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1. INTRODUÇÃO
Mineralogia é o estudo das substâncias cristalinas que ocorrem naturalmente – os minerais.
Todos temos algum contacto com os minerais, já que eles se encontram à nossa volta nas rochas, nas areias das
praias, rios, lagos, etc.
As gemas são exemplares excepcionalmente belos de minerais.
O conhecimento do que são os minerais, de como se formaram e onde ocorrem é a base para a compreensão
dos materiais largamente aplicados na nossa cultura tecnológica, já que praticamente todos os produtos inorgânicos
comercializados são minerais ou de origem mineral.
2. DEFINIÇÃO DE MINERAL
Se bem que seja difícil formular uma definição sucinta do termo mineral, geralmente a definição que se segue
é geralmente aceite:
Mineral é um sólido homogéneo de ocorrência natural, com propriedades físicas e uma composição química bem
definidas, ou variando dentro de certos limites, um arranjo atómico altamente ordenado e geralmente formado por processos
inorgânicos.
Uma análise desta definição facilita a sua compreensão:
a) O termo de ocorrência natural distingue substâncias formadas a partir de processos naturais daquelas formadas
em laboratório; os laboratórios industriais e de pesquisa produzem rotineiramente equivalentes de substâncias
de ocorrência natural, incluindo gemas como a esmeralda, o rubi e o diamante. Estas substâncias produzidas
em laboratório levam o nome das suas equivalentes naturais, simplesmente são apelidadas de sintéticas. Muitos
dos estudos sobre minerais fazem-se em minerais sintéticos, dada a sua pureza química.
Face a isto, poderia perguntar-se se a substância CaCO3, geralmente conhecida por calcite, que se deposita
nos tubos das canalizações da cidade é mineral ou não, uma vez que ele é precipitado a partir da água num
sistema produzido pelo Homem. A maioria dos mineralogistas considera-a como calcite, uma vez que a
intervenção humana na sua formação foi casual. Se não se depositasse nos tubos, depositar-se-ia noutro
local.
b) A definição diz ainda que o mineral é um sólido homogéneo. Quer dizer que consiste duma substância
sólida simples que não pode ser subdividida por processos físicos e mecânicos nos seus componentes
químicos. A determinação da homogeneidade depende da escala. Uma determinada substância pode parecer
homogénea a olho-nu, mas ao microscópio ela pode ser constituída por vários componentes.
A qualificação de sólido excluí, obviamente, líquidos e gases. Assim, o gelo (H 2O) dos glaciares é um
mineral, mas já não o é a água líquida (H2O também). Do mesmo modo, o mercúrio que ocorre na forma
de gotas líquidas em jazigos de mercúrio, deve ser excluído da noção de mineral, pela definição. Contudo,
na classificação de substâncias naturais, tais substâncias são consideradas como mineralóides e como tal
estudadas na mineralogia.
c) A afirmação de que um mineral tem uma composição química bem definida implica que ela pode ser
expressa por uma fórmula química simples. Por exemplo, a fórmula química do quartzo expressa-se por
SiO2, uma vez que o quartzo só contém os elementos silício e oxigénio. Assim o quartzo é considerado uma
substância pura.
Outros minerais contudo não têm uma fórmula tão simples. Por exemplo, a dolomite – CaMg(CO3)2 – nem
sempre é um carbonato puro de Ca-Mg. Ele contém muitas vezes Fe e Mn a substituir átomos de Mg.
Porque as quantidades de Fe-Mn podem variar, diz-se que a composição da dolomite varia dentro de certos
limites. Assim, a fórmula da dolomite poderia escrever-se como Ca(Mg,Fe,Mn)(CO3)2.
d) Um arranjo atómico altamente ordenado indica uma rede interna de átomos arranjados segundo um padrão
geométrico. Sendo isto um critério de cristalinidade, os minerais são substâncias cristalinas.
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Há sólidos, como o vidro, que não têm este arranjo ordenado, e por isso são chamados de amorfos. Há
certas substâncias naturais sem estrutura interna que, como atrás aconteceu com o mercúrio, são tratados
de mineralóides: limonite (hidróxido de ferro), microlite, gadolinite e allanite (os três são substâncias
radioactivas e a sua estrutura cristalina foi destruída pelos processos radioactivos).
e) De acordo com a definição natural, um mineral é formado por geralmente processos inorgânicos. Inclui-se
a palavra “geralmente” para se incluir no âmbito da mineralogia os compostos de origem orgânica e que
respondem a todos os requisitos dum mineral. É o que acontece com as conchas dos moluscos e as pérolas,
que são compostas duma substância em tudo idêntica ao mineral aragonite.
Várias outras substâncias podem ser precipitadas por organismos vivos: opala (SiO2 amorfo), magnetite
(Fe3O4), fluorite (CaF2). No caso do ser humano, os ossos e os dentes são constituídos fundamentalmente
por apatite - Ca5(PO4)3(OH). O corpo também produz concreções de matéria mineral – os cálculos renais e
urinários – constituídas essencialmente por fosfatos de cálcio.
O petróleo e o carvão, frequentemente referidos como combustíveis minerais, são excluídos. Se bem que
ocorram naturalmente, não têm nem composição química definida nem arranjo atómico ordenado
f) A afirmação de que as propriedades físicas são bem definidas ou variam dentro de certos limites, resulta
do facto de as referidas propriedades serem uma consequência da composição química e do arranjo atómico
interno.
3. CRISTAIS
Os minerais, com poucas excepções, têm um
arranjo interno ordenado característico dos sólidos
cristalinos.
Quando as condições de formação são
favoráveis, os minerais podem estar limitados por
a) Fluorite b) Pirite
superfícies planas lisas e assumir formas geométricas
regulares, a que se dá o nome de cristal (Fig. 3.1.)
Hoje em dia a maioria dos cientistas usa o
termos cristal para descrever qualquer sólido com um
arranjo interno ordenado, independentemente de possuir ou
não faces externas, uma vez que essas faces são um d) Turmalina
acidente do crescimento. c) Quartzo
Fig. 3.1. Algumas formas cristalinas
Assim, uma definição mais lata de cristal será um sólido homogéneo possuindo uma ordem interna tridimensional.
O estudo dos sólidos cristalinos e os princípios que controlam o seu crescimento, a sua forma externa e a sua
estrutura interna chama-se Cristalografia. Se bem que a Cristalografia tenha aparecido como um ramo da Mineralogia,
hoje é uma ciência separada e que se dedica a todas as substâncias cristalinas, minerais ou não.
O desenvolvimento e aparecimento de faces
pode ser tal que dê origem a cristais com faces de
desenvolvimento perfeito. Esse desenvolvimento pode não
ser tão bom e as faces serem imperfeitas, ou não
aparecerem sequer faces. Assim, os sólidos cristalinos
designam-se por euédricos, subédricos e anédricos,
respectivamente (do Grego hedron=face, eu- =bom, an-
=sem e do Latim sub- =algo). A Fig. 3.2 mostra um
esquema de cada uma destas substâncias cristalinas. b) Corindo c) Ouro
a) Berilo
Fig. 3.2. Substâncias cristalinas (a) euédrica, (b) subédrica e (c) anédrica
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4. OS SISTEMAS CRISTALINOS
Quando se observam cristais de várias substâncias, verifica-se que eles têm formas muito variadas. Uns são
cúbicos, como a pirite, outros octaédricos, como a fluorite (Fig. 3.1), outros prismáticos, como o berilo (Fig. 3.2.a), o
quartzo (Fig. 3.1) e a turmalina, outros romboédricos, como a calcite, outros piramidais, como o quartzo também (Fig.
3.1.), etc. Quando se fala em formas prismáticas e piramidais, há a considerar prismas e pirâmides de base triangular,
quadrangular, rectangular e hexagonal. Cada uma destas formas geométricas tem os seus elementos de simetria próprios:
planos, eixos e centro de simetria.
Vejamos por exemplo, um cubo (Fig. 3.4.a). Ele tem 3 eixos de grau 4, 4 eixos de grau 3, 6 eixos de grau 2, 9
planos de simetria e um centro de simetria. O mesmo se passa com um octaedro (Fig. 3.4.b). Já por exemplo,
um prisma e uma pirâmide de base quadrada só têm 1 eixo de grau 4, 4 eixos de grau 2, 5 planos de simetria e
1 centro (Fig. 3.4.c e Fig. 3.4.d). Outros exemplos poderiam ser dados.
a) b)
c) d)
Fig. 3.4. Elementos de Simetria de:
a) um cubo e b) um octaedro: 3E4, 4E3, 6E2, C, 9P
b) c) um prisma quadrangular e d) uma pirâmide quadrangular: 1E4, 4E2, C, 5P
Como se pode ver, o cubo e o octaedro, tendo os mesmos elementos de simetria, pertencem a um determinado
grupo de cristais, ao passo que o prisma e a pirâmide quadrangular pertencem a outro grupo de cristais. Estes grupo são
chamados Sistemas Cristalinos. E há 7 destes sistemas cristalinos (Fig. 3.5.): cúbico, hexagonal, tetragonal, trigonal,
ortorrômbico, monoclínico e triclínico.
Cada um destes sistemas é caracterizado por um conjunto de eixos imaginários à volta dos quais os cristais
crescem e se desenvolvem. Estes eixos são chamados eixos cristalográficos e o seu conjunto é a cruz axial. Assim, os
sistemas cristalinos são caracterizados pelas seguintes cruzes axiais:
a) Cúbico: três eixos iguais e normais entre si;
b) Hexagonal e Trigonal: três eixos iguais coplanares, fazendo um ângulo de 120º entre si e um quarto eixo
diferente, normal ao plano dos outros três eixos; A diferença entre os sistemas hexagonal e trigonal está no
grau de simetria
c) Tetragonal: três eixos normais entre si, sendo dois iguais entre si;
d) Ortorrômbico: três eixos diferentes e normais entre si;
e) Monoclínico: três eixos diferentes, sendo dois oblíquos e o terceiro normal ao plano definido pelos outros
dois;
f) Triclínico: três eixos diferentes e oblíquos entre si.
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Hexagonal
Cúbico e Trigonal Tetragonal Ortorrômbico Monoclínico Triclínico
Fig. 3.5. As cruzes axiais dos 7 Sistemas Cristalinos.
d) Equigranular: Pirite
a) Acicular: Camerolaíte b) Capilar: Canavesite c) Tabular: Autunite
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a) Mica b) Quartzo
Fig. 3.7. Ilustração das redes cristalinas de minerais (a) com clivagem e (b) com fractura
Como se pode ver da figura anterior, a rede cristalina da mica mostra zonas onde os átomos estão dispostos em planos,
sendo estes as zonas de fraqueza onde se formam as superfícies de clivagem. Por seu lado, a estrutura do quartzo mostra uma
distribuição tridimensional regular, sem zonas de fraqueza, daí a fractura.
Consoante as direcções da superfície de clivagem, ela pode ser classificada em (Fig. 3.8):
a) Cúbica – galena; c) Dodecaédrica – fluorite; e) Prismática – piroxena;
b) Octaédrica – fluorite; d) Romboédrica – calcite; f) Basal – mica.
f)
a) d)
b) c) e)
Fig. 3.8. Diversos tipos de clivagem: (a) Cúbica; (b) Ocatédrica; (c) Dodecaédrica; (d) Romboédrica; (e) Prismática; (f) Basal.
Por seu lado, a fractura pode ser um caracter distintivo de alguns minerais, e podem ser classificadas em (Fig.
3.9):
a) Concoidal (ou conchoidal) – superfícies curvas, lisas e brilhantes, semelhantes ao interior de conchas –
berilo e vidro;
b) Fibrosa – Olho de Tigre;
c) Irregular – superfícies irregulares e rugosas, às vezes com aspecto terroso - magnetite.
a) b) c)
Fig. 3.9. Diversos tipos de fractura: (a) Concoidal; (b) Fibrosa; (c) Irregular
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5.3. Dureza
A dureza é a resistência que um mineral oferece à abrasão, determinada pela sua resistência a ser riscado por um
objecto. Todos os minerais têm uma dureza determinada (ou variando dentro de limites estreitos) que depende da estrutura
cristalina do mineral. A determinação prática da dureza faz-se a partir da escala de Mohs. A escala de Mohs é um conjunto
de 10 minerais, de durezas variando de 1 a 10, e que são:
1. Talco – Mg9Si4O10(OH)2
2. Gesso – CaSO4.2H2O
3. Calcite – CaCO3
4. Fluorite – CaF2
5. Apatite – Ca5(PO4)3(OH,F,Cl)
6. Ortoclase – KAlSi3O8
7. Quartzo – SiO2
8. Topázio – Al2SiO4(OH,F)2
9. Corindo – Al2O3
10. Diamante - C
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5.4. Tenacidade
A tenacidade é a resistência que um mineral oferece à quebra, esmagamento, dobramento ou rompimento,
ou seja, a sua coesão interna. A tenacidade é descrita com os seguintes termos:
a) Quebradiço: mineral que se quebra e reduz facilmente a pó – calcite;
b) Maleável: mineral que pode ser reduzido a folhas – ouro;
c) Séctil: mineral que pode ser cortado com uma faca – galena;
d) Dúctil: mineral que pode ser modelado em arame – cobre;
e) Flexível: mineral que pode ser dobrado, mas que não retoma a sua forma original quando a pressão é
retirada – talco;
f) Elástico: mineral que pode ser dobrado, e que retoma a sua forma original quando a pressão é retirada –
mica;
5.5. Densidade
A densidade é um número que expressa a razão entre o peso duma substância e o peso de igual volume de
água a 4°C. Assim, um mineral de densidade 2 é duas vezes mais pesado que a água.
A densidade dum mineral depende de:
a) tipo de átomos componentes;
b) modo como os átomos estão empacotados
Por exemplo, os minerais quartzo e tridimite, ambos constituídos por SiO2, apesar de terem os mesmos átomos,
têm estruturas diferentes, estando mais empacotados no quartzo do que na tridimite. Assim, o quartzo tem densidade 2.65
e a tridimite tem densidade 2.26. Por outro lado, a celestite (SrSO 4) e a anglesite (PbSO4) têm a mesma estrutura, mas
como o chumbo (Pb) é mais pesado que o estrôncio (Sr), a anglesite tem densidade 6.32 e a celestite 3.97.
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5.6. Cor
Basicamente a cor dos minerais resulta da absorção selectiva de certos comprimentos de onda da luz branca
pelos átomos da sua estrutura. A luz transmitida ou reflectida representa a parte que não é absorvida pela estrutura.
A cor raramente é útil na identificação dos minerais, devido às impurezas que os mesmos possuem e ao estado
de cristalinidade e imperfeições estruturais que a estrutura cristalina apresenta. Por exemplo, a hematite (Fe 2O3), quando
pulverizada, tem cor vermelha de sangue, mas em massa ou cristais apresenta uma cor cinzenta, preta ou azulada. O
quartzo, quando pulverizado é branco, mas em massa ou cristal pode ser incolor, branco, amarelo, azul, rosa, negro, etc.,
em função do tipo de impurezas que contém.
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A este processo de transformação de átomos dum elemento em átomos doutros elementos por emissão de
partículas atómicas/energia chama-se desintegração radioactiva.
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6.1.1. OURO
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Cor: amarelo-ouro, quando puro; quando misturado com prata, torna-se mais claro;
Risca: amarelo-ouro metálico;
Brilho: metálico;
Diafanidade: opaco.
d) Utilização: a maior utilização é na joalharia; metal que garante as reservas financeiras dum país. Muito utilizado na
numismática, para medalhas e moedas comemorativas. Nos tempos modernos, o ouro é cada vez mais utilizado em
instrumentos científicos e em aplicações dentárias.
e) Ocorrência: em Moçambique, o ouro ocorre nas Províncias de Manica, Tete e Niassa. A nível internacional, os
principais jazigos de ouro estão na África do Sul, Rússia, China, Canadá, EUA e Brasil.
f) Origem do nome: do Latim Aurum = ouro.
6.1.2. COBRE
6.1.3. DIAMANTE
6.1.4. GRAFITE
a) Sistema Cristalino: sistema hexagonal.
b) Composição química: Carbono puro – C.
c) Propriedades físicas:
Hábito: cristais tabulares, vulgarmente em massas foliadas, radiais (Fig. 3.16),
terrosas;
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita; não tem fractura;
Tenacidade: as lâminas de grafite são flexíveis (não elásticas);
Dureza: muito baixa – 1-2; Fig. 3.16. Grafite
Densidade: pequena – 2.09-2.23;
Cor: negra a cinzenta escura;
Risca: negro brilhante;
Brilho: metálico a baço;
Diafanidade: opaco;
Outras propriedades: untuoso ao tacto, condutor de calor e electricidade,
termoeléctrico; escreve no papel.
a)
A Fig. 3.17 mostra as redes cristalinas do diamante e da grafite, exemplo claro de
polimorfismo do Carbono.
d) Utilização: usada na indústria eléctrica, para fabrico de escovas colectoras e
eléctrodos, na indústria química (lubrificantes, tintas), lápis, moderador de
reacções atómicas.
e) Ocorrência: em Moçambique, a grafite ocorre em Montepuez, Monapo, Angónia e b)
Lúrio. Os principais jazigos de grafite estão no Canadá, Madagáscar, Áustria, Fig. 3.17. Redes cristalinos (a) do
Finlândia, Rússia e México. diamante e (b) da grafite
f) Origem do nome: do Grego graphein = escrever.
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6.1.6. ENXOFRE
6.2. SULFURETOS/SULFOSSAIS
Os sulfuretos e sulfossais constituem uma importante e numerosa classe de minerais que incluem a maioria dos
minerais de minério. A maioria dos sulfuretos é opaca com cores e riscas características. Os não opacos têm índices de
refracção extremamente altos e só não são opacos em secções muito finas.
A fórmula geral dos sulfuretos é XmYnZp, em que X e Y representam elementos metálicos e Z os não metálicos.
Neste capítulo trataremos só de alguns deles, e que são os mais frequentes.
6.2.1. GALENA
31
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.2.2. CALCOPIRITE
6.2.3. PIRITE
32
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
d) Utilidade: a pirite é muitas vezes minerada para a extracção de ouro e cobre com ela associados; é uma fonte de
enxofre para o fabrico de ácido sulfúrico; em situações muito particulares, a pirite pode ser considerada como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique, a pirite não ocorre como jazigo, mas está presente em grande número de rochas nas
regiões centro e norte do país. É o Sulfureto mais frequente na crusta terrestre Os grandes jazigos mundiais de pirite
encontram-se em Portugal, Espanha.
Origem do nome: do Grego pyros = fogo, por causa das faíscas que lança quando percutido por ferro.
Esfalerite (ZnS), Pirrotite (Fe1-xS), Covelite (CuS), Cinábrio (HgS), Realgar (AsS), Marcassite (FeS2 - polimorfo
da pirite), Molibdenite (MoS2), Cobaltite (Co,Fe)AsS e Arsenopirite (FeAsS).
Cinábrio Marcassite
Pirrotite Molibdenite Arsenopirite
Covelite
Fig. 3.23. Exemplos doutors tipos de sulfuretos.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.3.1. GELO
h) Sistema cristalográfico: hexagonal.
i) Composição química: Óxido de hidrogénio – H2O.
j) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente aparece em formas maciças nas calotes polares e icebergs, mantos
de neve. A condensação do vapor de água em gelo dá bonitos cristais estrelados como
os da Fig. 3.24. Aparece também em agregados estalactíticos e granulares;
Clivagem e Fractura: fractura conchoidal;
a)
Tenacidade: quebradiço;
Dureza: muito baixa – 1.5;
Densidade: muitíssimo baixa – 0.92;
Cor: incolor, ou branca quanto contém inclusões gasosas;
Risca: branca;
Brilho: aquoso;
Diafanidade: transparente a translúcido.
k) Utilidade: utilidade da água; os gelos dos polos dão indicações preciosas sobre a história b)
climática da Terra. Fig. 3.24. Cristais de neve
l) Ocorrência: em Moçambique não há depósitos permanentes de gelo. As grandes massas de gelo ocorrem nos pólos e nos
glaciares.
6.3.2. MAGNETITE
d) Sistema cristalográfico: Cúbico.
e) Composição química: Óxido de Ferro férrico – Fe3O4.
f) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente maciço, podendo ocorrer em hábito octaédrico (Fig. 3.25);
Clivagem e Fractura: a clivagem é imperfeita octaédrica; fractura irregular;
a)
Tenacidade: quebradiça;
Dureza: média – 6;
Densidade: média – 5.18;
Cor: negra de ferro;
Risca: negra;
Brilho: metálico; b)
Fig. 3.25. (a) Cristal de magnetite;
Diafanidade: opaco; b) Magnetite da Lupata.
Outras propriedades: fortemente magnética.
d) Utilidade: principal minério de ferro.
e) Ocorrência: em Moçambique, a magnetite ocorre em grandes quantidades na Lupata e em Tete. Os grandes jazigos
mundiais de magnetite encontram-se na Suécia, Noruega, Roménia e Ucrânia.
f) Origem do nome: possivelmente da localidade de Magnesia, na Macedónia.
xxxiv
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.1.3. HEMATITE
f) Sistema cristalográfico: trigonal.
g) Composição química: Óxido de Ferro ferroso – Fe2O3.
h) Propriedades Físicas:
Hábito: raramente em cristais achatados; normalmente aparece em agregados botrióides
(Fig. 3.26); Fig. 3.26. Hematite botrióide
Clivagem e Fractura: clivagem prismática fraca; a fractura é irregular, por vezes fibrosa;
Tenacidade: variada;
Dureza: média – 5.5-6.5;
Densidade: média – 5.26;
Cor: castanho avermelhado a negro;
Risca: vermelho de sangue claro a escuro;
Brilho: metálico em cristais e baço em agregados maciços;
Diafanidade: opaco quando maciça; translúcido em grão de pequenas dimensões ou em cristais pequenos.
i) Utilidade: importante minério de ferro; também usada para pigmentos.
j) Ocorrência: em Moçambique, a hematite não ocorre como jazigo, mas está presente em grande número de rochas nas
regiões centro e norte do país. Os grandes jazigos mundiais de hematite encontram-se na Alemanha, Suíça, Áustria,
Itália, Canadá, Austrália, Libéria e Brasil.
k) Origem do nome: do Grego haematos = sangue, por causa da cor de sangue da sua risca.
6.1.4. CASSITERITE
a) Sistema cristalográfico: tetragonal.
b) Composição química: Óxido de Estanho – SnO2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: tem hábito prismático associado a piramidal; são frequentes cristais geminados
em forma de joelho a que se dá o nome de Joelho de Estanho (Fig. 3.27); normalmente
é maciça;
Clivagem e Fractura: clivagem imperfeita;
Fig. 3.27. Cassiterite – Joelho de
Dureza: média – 6-7; Estanho
Densidade: média – 6.8-7.1;
Cor: castanha a negra, porvezes amarela a branca;
Risca: branca;
Brilho: adamantino;
Diafanidade: translúcido, raramente transparente.
d) Utilidade: importante minério de estanho.
e) Ocorrência: em Moçambique, a cassiterite ocorre principalmente no Inchope (Sofala). Os grandes jazigos mundiais de
cassiterite encontram-se na Malásia, Indonésia e Tailândia.
f) Origem do nome: do Grego kassiteros = estanho.
6.1.5. RÚTILO
a) Sistema cristalográfico: tetragonal.
b) Composição química: Óxido de Titânio – TiO2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: hábito acicular; ocorre muitas vezes dentro de cristais de quartzo (Fig. 3.28);
muitas vezes maciça;
Clivagem e Fractura: clivagem prismática perfeita; fractura irregular a conchoidal;
Dureza: média – 6-6.5; Fig. 3.28. Rútilo
Densidade: baixa média – 4.18-4.25;
Cor: vermelha, castanha avermelhada ou negra;
Risca: castanha clara;
Brilho: adamantino a sub-metálico;
Diafanidade: translúcido, raramente transparente.
d) Utilidade: importante minério de titânio.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
e) Ocorrência: em Moçambique, o rútilo ocorre em areais pesadas, como as do Chibuto, Moma, Pebane e outras localidades
ao longo da costa. Os grandes jazigos mundiais de cassiterite encontram-se na Austrália.
f) Origem do nome: do Latim rutilus = vermelho, por causa da sua cor.
6.1.6. ILMENITE
a) Sistema cristalográfico: trigonal.
b) Composição química: Óxido de Ferro e Titânio – FeTiO3; óxido múltiplo
c) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente maciço, por vezes em cristais tabulares (Fig. 3.29); muitas vezes
aparece com areia;
Clivagem e Fractura: sem clivagem; fractura conchoidal;
Dureza: média – 5.5-6;
Fig. 3.29. Ilmenite
Densidade: baixa média – 4.7;
Cor: negra de ferro;
Risca: castanha avermelhada a negra;
Brilho: metálico a sub-metálico;
Diafanidade: opaco.
d) Utilidade: o mais importante minério de titânio.
e) Ocorrência: em Moçambique, a ilmenite ocorre em areias pesadas, como as do Chibuto, Moma, Pebane e outras
localidades ao longo da costa. Os grandes jazigos mundiais de ilmenite encontram-se na Noruega, Rússia, Austrália, África
do Sul e Brasil.
f) Origem do nome: das Montanhas Ilmen, na Rússia.
6.1.7. COLUMBO-TANTALITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Solução sólida entre Óxido de Nióbio e Óxido
de Tântalo – (Fe,Mn)Nb2O6-(Fe,Mn)Ta2O6; óxido múltiplo
c) Propriedades Físicas:
Hábito: frequentemente em cristais de hábito prismático (Fig. 3.30);
Clivagem e Fractura: clivagem prismática fácil; fractura conchoidal
irregular;
Dureza: média – 6; a) b)
Fig. 3.30. Columbite (a) e Tantalite (b)
Densidade: média – 5.2-7.9, dependendo das percentagens de Ta e Nb presentes;
Cor: negra de ferro;
Risca: castanha avermelhada a negra;
Brilho: metálico a sub-metálico;
Diafanidade: opaco quando maciço; semi-translúcido em grãos e cristais pequenos.
d) Utilidade: importante minério de tântalo e nióbio, para o fabrico de ligas metálicas anti-corrosivas e resistentes a
altas temperaturas (indústria espacial e aeronáutica, turbinas, etc.).
e) Ocorrência: em Moçambique, a columbo-tantalite ocorre em grandes quantidades nos pegmatitos da Zambézia e
Nampula. Outros jazigos mundiais de importância mundial encontram-se no Canadá, Nigéria, RD Congo, Madagáscar e
Austrália.
f) Origem do nome: o nome columbite vem de Colúmbia (América) onde foi encontrado pela primeira vez; tantalite vem
do deus Tantalus, pela dificuldade em ser atacado pelos ácidos.
Cuprite (Cu2O), Zincite (ZnO), Corindo (Al2O3), Espinela (MgAl2O4), Cromite (FeCr2O4), Pirolusite (MnO2), Uraninite
(UO2)
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.1.9. LIMONITE
a) Sistema cristalográfico: substância amorfa.
b) Composição química: hidróxido de ferro hidratado – FeO.OH.nH2O; A limonite não é propriamente um mineral,
mas uma mistura complexa de óxidos e hidróxidos de ferro, entre eles a goethite ( -FeOOH) e a lepidocrocite ( -
FeOOH), ambos ortorrômbicos.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: agregados terrosos, em estalactites, oolíticos (Fig. 3.32);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura irregular;
Dureza: média – 5-5.5;
Densidade: baixa – 3.6-3.7;
Cor: amarelo, castanho a negro;
Risca: castanha, castanha-amareladas;
Brilho: variável, consoante o tipo de agregado;
Diafanidade: opaco.
Fig. 3.32. Limonite
d) Utilidade: minério de ferro;
e) Ocorrência: em Moçambique, a limonite é um mineral comum como resultado de alteração de rochas ricas em ferro, não
se conhecendo, contudo, jazigos importantes.
f) Origem do nome: do Latim limus = lama, lodo.
6.1.10. BAUXITE
a) Sistema cristalográfico: substância amorfa.
b) Composição química: hidróxido de ferro e alumínio; a bauxite é uma mistura
complexa de hidróxidos de ferro (goethite - -FeOOH) e alumínio (diáspora
- -AlOOH, gibbsite - Al(OH)3).
c) Propriedades Físicas:
Hábito: agregados maciços e terrosos, ou em concreções (Fig. 3.33);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura irregular;
Fig. 3.33. Bauxite
Dureza: muito baixa – 1-3;
Densidade: baixa – 2-2.55;
Cor: branca, cinzenta, amarela ou vermelha;
Diafanidade: translúcido.
d) Utilidade: principal minério de alumínio.
e) Ocorrência: Em Moçambique, a bauxite é um mineral comum como resultado de alteração de rochas ricas em alumínio.
Ocorre na Zambézia, junto da fronteira com o Malawi, e em Manica, junto à fronteira com o Zimbabwe. Os principais
produtores de bauxite são o Suriname, Jamaica, Guiana. Na Guiné e Austrália também ocorrem importantes jazigos.
f) Origem do nome: da localidade francesa de Baux.
Brucite Manganite
Fig. 3.34. Outros tipos de hidróxidos.
xxxvii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.4. HALOGENETOS
Os Halogenetos caracterizam-se pela dominância dos aniões halogéneos Cl -, Br-, F- e I-, praticamente todos
eles do sistema cúbico. Apesar de vários, iremos abordar só dois: a Halite e a Fluorite.
6.4.2. FLUORITE
a) Sistema cristalográfico: cúbico.
b) Composição química: Fluoreto de Cálcio – CaF2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cúbico (Fig. 3.36), octaédrico (Fig. 3.1.a); aparece também em formas
maciças e granulares;
Clivagem e Fractura: clivagem octaédrica perfeita;
Tenacidade: quebradiço; Fig. 3.36. Fluorite
Dureza: média – termo 4 da escala de Mohs;
Densidade: baixa – 3.18;
Cor: incolor; branca, azulada, rósea, verde, amarelada, lilás e castanha; por vezes aparece com zonamento de cores;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras Propriedades: é fluorescente quando irradiada com luz ultra-violeta.
d) Utilidade: a maioria da fluorite é usada na indústria química, no fabrico de ácido hidroflórico; também se usa no fabrico
do vidro, fibra-de-vidro, cerâmica.
e) Ocorrência: em Moçambique há depósitos de fluorite em Canxixe e Marínguè. Os grandes depósitos de fluorite ocorrem
no Reino Unido, Mongólia, África do Sul, China, Espanha e Tailândia.
f) Origem do nome: do Latim fluere = fluir, por fundir facilmente.
Atacamite
Silvite
Fig. 3.37. Outros tipos de halogenetos
xxxviii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.5. CARBONATOS
Os carbonatos são um grupo de minerais em que o grupo aniónico é ocupado pelo complexo CO 3. Típico dos
carbonatos é a reacção que fazem com os ácidos, provocando uma espécie de efervescência, segundo a equação:
2H CO 32 H 2 O CO 2
6.5.1. CALCITE
m) Sistema cristalográfico: trigonal.
n) Composição química: Carbonato de Cálcio - CaCO3.
o) Propriedades Físicas:
Hábito: muito variado e por vezes complexo; há três hábitos mais comuns:
prismático, romboédrico e escalenoédrico (Fig. 3.38.a,b,c);
a) b)
Clivagem e Fractura: clivagem perfeita;
Tenacidade: quebradiça;
Dureza: baixa - termo 3 da escala de Mohs;
Densidade: 2.5;
Cor: variada; normalmente branca, mas pode ser incolor, cinzenta, vermelha,
amarela, verde, azul, castanha, negra (Fig. 3.38);
Risca: branca;
Brilho: vítreo a terroso; c)
Diafanidade: transparente a translúcido. A variedade incolor chama-se Espato da
Islândia, e tem a propriedade da dupla refracção (Fig. 3.38.e);
Outras Propriedades: faz efervescência a frio com HCl; é luminescente.
p) Utilidade: o principal uso é no fabrico de cimento; também se usa no fabrico de
pastas de dentes. d) e)
Fig. 3.38. Cristais de calcite
q) Ocorrência: é um dos minerais mais comuns e espalhados na natureza, como
constituinte principal duma série de rochas.
r) Origem do nome: do Latim Calx = cal.
Outros carbonatos do tipo da Calcite são: Magnesite (MgCO3), Siderite (FeCO3), Rodocrosite (MnCO3) e Smithsonite
(ZnCO3). (Fig. 3.39).
Rodocrosite Smithsonite
Magnesite Siderite
Fig. 3.39. Carbonatos do grupo da calcite
6.5.2. ARAGONITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Carbonato de Cálcio - CaCO3; é um polimorfo da
calcite.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: acicular, tabular, e em cristais geminados em forma de prisma hexagonal
(Fig. 3.40); também ocorre em agregados colunares e estalagtíticos;
Clivagem e Fractura: clivagem prismática distinta; fractura conchoidal;
Fig. 3.40. Aragonite
Dureza: baixa 3.5-4;
xxxix
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.5.3. DOLOMITE
a) Sistema cristalográfico: trigonal
b) Composição química: Carbonato de Cálcio e Magnésio - CaMg(CO3)2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente romboédrico (Fig. 3.42.A), de faces muitas vezes curvas em
forma de sela de cavalo (Fig. 42.B); a)
Clivagem e Fractura: clivagem romboédrica perfeita; fractura conchoidal;
Dureza: baixa 3.5-4;
Densidade: baixa - 2.85;
Cor: normalmente rosa claro; incolor, branca, cinzenta, verde, castanha ou
negra;
Risca: branca;
Brilho: vítreo, por vezes nacarado;
Diafanidade: transparente a translúcido; b)
Fig. 3.42. Dolomite (a) romboédrica e (b)
Outras propriedades: faz efervescência com os ácidos a quente; é luminescente; em sela
d) Utilidade: como pedra decorativa ou material de construção.
e) Ocorrência: região do Tirol (entre a Itália e Suíça), Reino Unido e México. Em
Moçambique não há jazigos de dolomite.
g) Origem do nome: em honra do químico francês Dolomieu (1750-1801).
xl
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
a)
6.7. SULFATOS e CROMATOS
São minerais em que o grupo aniónico está ocupado por SO4 e CrO4. Ambos
os grupos de minerais podem conter ou não água ou o grupo OH na sua estrutura, e
assim são classificados de hidratados ou anídricos. Os sulfatos são minerais mais
frequentes na Natureza que os cromatos. Vejamos os mais importantes.
b)
Fig. 3.45. (a) Nitro; (b) Bórax.
6.7.1. GESSO
a) Sistema cristalográfico: monoclínico.
b) Composição química: Sulfato Hidratado de Cálcio - CaSO4.2H2O.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais tabulares (Fig. 3.46), às vezes geminados em forma de cauda de andorinha; por vezes
fibroso (Fig. 3.6.g);
Clivagem e Fractura: clivagem prismática perfeita, dando lâminas muito finas; fractura conchoidal ou
fibrosa;
Dureza: baixa - termo 2 da Escala de Mohs;
Densidade: baixa - 2.32;
Cor: incolor, podendo ser branca, cinzenta, amarela ou vermelha, consoante as impurezas;
Risca: branca;
Brilho: usualmente vítreo, podendo ser nacarado ou sedoso; Fig. 3.46. Gesso
Diafanidade: translúcido a transparente.
d) Utilidade: utilizado em fabrico do gesso de moldagem, ortopedia.
e) Ocorrência: EUA, Canadá, França, Japão e Irão. Em Moçambique ocorrem em pequenas quantidades em várias zonas
sedimentares do País.
f) Origem dos nome: do Grego Gypsos = gesso.
6.7.2. ANIDRITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Sulfato de Cálcio Anidro - CaSO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais raros; normalmente maciça, podendo ser fibrosa ou granular (Fig.
3.47);
Clivagem e Fractura: clivagem prismática perfeita; Fig. 3.47. Anidrite
Dureza: baixa - 3-3.5;
Densidade: baixa - 2.89-2.98;
Cor: incolor, podendo ser azulado ou violeta;
Risca: branca;
Brilho: usualmente vítreo, podendo ser nacarado;
Diafanidade: translúcido.
xli
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.7.3. BARITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Sulfato de Bário Anidro - BaSO4.
c) Propriedades Físicas:
Fig. 3.48. Barite
Hábito: cristais tabulares; (Fig. 3.48);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita e prismática imperfeita; fractura
conchoidal;
Dureza: baixa - 3-3.5;
Densidade: média - 4.5;
Cor: incolor, podendo ser azulado, amarelado ou avermelhado;
a
Risca: branca;
Brilho: usualmente vítreo, podendo ser nacarado;
Diafanidade: transparente a translúcido.
d) Utilidade: a maior parte da barite é usada como lama lubrificante nas perfurações
para hidrocarbonetos; principal fonte de bário.
e) Ocorrência: Inglaterra, Roménia e Alemanha. b
f) Origem dos nome: do Grego barys = pesado, em alusão à sua alta densidade.
6.8.1. WOLFRAMITE
a) Sistema cristalográfico: monoclínico.
b) Composição química: Volframato de Ferro e Manganês - (Fe,Mn)WO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais em geral tabulares (Fig. 3.50);
Clivagem e Fractura: clivagem perfeita; fractura irregular;
Dureza: baixa - 4-4.5;
Densidade: alta - 7-7.5;
Cor: negra a castanha;
Risca: negra a castanha-escura; Fig. 4.50. Volframite
xlii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.8.2. SCHEELITE
a) Sistema cristalográfico: tetragonal.
b) Composição química: Volframato de Cálcio - CaWO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais bipiramidais ou em massas granulares (Fig. 3.51);
Clivagem e Fractura: clivagem distinta;
Dureza: baixa - 4.5-5;
Densidade: alta - 5.9-6.1;
Cor: branca, amarela, verde, castanha;
Brilho: vítreo a adamantino; Fig. 3.51. Scheelite
Diafanidade: translúcido a transparente;
Outras propriedades: fluorescente em luz ultravioleta.
d) Utilidade: minério de tungsténio (volfrâmio).
e) Ocorrência: R. Checa, Alemanha, Reino Unido e Austrália. Em Moçambique
ocorre nos pegmatitos da Zambézia.
f) Origem do nome: do seu descobridor (alemão) K.W. Scheele.
Como exemplo de Molibdato, temos a Wulfenite (PbMoO4) (Fig. 3.52). Fig. 3.52. Wulfenite
6.9.1. APATITE
a) Sistema cristalográfico: hexagonal.
b) Composição química: Fosfato Hidratado de Cálcio - Ca5(PO4)3(F,Cl,OH).
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais prismáticos (Fig. 3.53);
Clivagem e Fractura: clivagem pobre; fractura conchoidal;
Dureza: baixa - termo 5 da escala de Mohs;
Densidade: baixa - 3.15-3.2;
Cor: geralmente verde ou acastanhada, podendo ter outras cores;
Risca: branca;
Brilho: vítreo a sub-resinoso;
Diafanidade: translúcido a transparente.
d) Utilidade: usado para fertilizante; variedades transparentes usadas em joalharia. Fig. 3.53. Apatite
e) Ocorrência: Noruega, Suécia, EUA, Canadá e África do Sul. Em Moçambique ocorre no jazigo
de Evate, Nampula.
f) Origem do nome: do Grego apate = desilusão. Pela confusão com várias pedras preciosas.
xliii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.9.2. MONAZITE
a) Sistema cristalográfico: monoclínico.
b) Composição química: Fosfato de Terras Raras - (Ce,La,Y,Th)PO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais raros; normalmente em massas irregulares (Fig. 3.54);
Clivagem e Fractura: clivagem pobre; fractura conchoidal;
Dureza: média - 5-5.5; Fig. 3.54. Monazite
Densidade: média - 4.6-5.4;
Cor: geralmente verde ou acastanhada, podendo ter outras cores;
Risca: castanha amarelada a avermelhada;
Brilho: resinoso;
Diafanidade: translúcido;
Outras propriedades: radioactivo.
d) Utilidade: principal fonte de tório, para a energia nuclear
e) Ocorrência: Brasil, Índia e Austrália. Em Moçambique ocorre nos pegmatitos da Zambézia.
f) Origem do nome: do Grego monachos = isolado. Pela sua raridade.
xliv
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6.9. SILICATOS
A classe dos silicatos é de maior importância que qualquer das
outras classes de minerais, uma vez que 25% dos minerais conhecidos e 40%
dos mais comuns são silicatos. Como se pode ver na Fig. 3.55, os silicatos
constituem mais de 90% da composição mineral média global da crusta
oceânica e continental, estando os óxidos e carbonatos em ordem
subordinada.
O solo é constituído maioritariamente por silicatos; os tijolos, a
pedra, o cimento e o vidro usados na indústria de construção ou são silicatos
ou derivados deles. Até as amostras colhidas nos solos lunar e marciano, bem
com os meteoritos caídos na Terra vindos do espaço mostram serem
constituídos maioritariamente por silicatos.
A unidade fundamental em que se baseia toda a estrutura cristalina
dos silicatos é o chamado tetraedro SiO4, em que quatro iões O2- estão ligados
a um Si4+, estando este no centro do tetraedro e os oxigénios nos seus vértices
(Fig. 3.56). Em muitas situações, um ião de oxigénio pertence a mais do que
um tetraedro
Fig. 3.55. Distribuição dos silicatos na crusta terrestre
a) b) c) d) e)
f)
i)
h)
g)
Fig. 3.57. Estruturas dos diversos silicatos: a) Nesossilicato; b) Sorossilicato; c) Ciclossilicato (anel 3); d) idem (anel 4);
e) idem (anel 6); f) Inossilicato (cadeia simples); g) idem cadeia dupla; h) Filossilicato; i) Tectossilicato.
xlv
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De seguida passaremos a referir cada um destes grupos, com destaque para os principais minerais constituintes da
crusta.
6.9.1. NESOSSILICATOS
6.9.1.1. OLIVINA
a) Sistema cristalino: ortorrômbico.
b) Composição química: Silicato de Magnésio e Ferro – (Mg,Fe)2SiO4; a olivina é geralmente uma
solução sólida em que o Fe e o Mg se intersubstituem em proporções que vão do componente
ferroso puro (Fe2SiO4 – Faialie) ao magnesiano puro (Mg2SiO4 – Forsterite).
c) Propriedades físicas:
Hábito: normalmente aparece em massas granulares de cristais minúsculos (Fig. 3.58);
Fig. 3.58. Olivina
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; a fractura é conchoidal;
Cor: geralmente verde-azeitona, podendo tornar-se mais acastanhada com o aumento do teor em ferro;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – 6.5-7;
Densidade: baixa: 3.27-4.37;
Diafanidade: transparente a translúcido.
d) Utilização: fabrico de tijolos e materiais refractários; as variedades transparentes são usadas como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique não há jazigos de olivina; ocorre numa série de rochas como mineral essencial.
f) Origem do nome: da sua cor verde-azeitona, também chamado verde-oliva.
6.9.1.2. GRANADAS
a) Sistema cristalino: cúbico.
b) Composição química: Silicatos de vários catiões; a fórmula química geral pode ser expressa por A3B2(SiO4)3, em
que A aloja Ca, Mg, Fe2+ ou Mn2+ e B aloja Al, Fe3+ e Cr3+. A Tabela 3.1 dá uma ideia das variedades de granadas
que existem e a respectiva composição química:
Tab. 3.1. Espécies de Granadas
Espécie Composição química Cor
Piropo Mg3Al2Si3O12 Vermelho escuro a negro
Almandina Fe3Al2Si3O12 Vermelho escuro a acastanhado
Espessartina Mn3Al2Si3O12 Castanho a vermelho
Grossulária Ca3Al2Si3O12 Branco, verde, amarelo, castanho ou vermelho pálido
Andradite Ca3Fe2Si3O12 Amarelo, verde, castanho a negro
Uvarovite Ca3Cr2Si3O12 Verde esmeralda
Algumas destas espécies ainda têm variedades em função da cor e da transparência.
c) Propriedades físicas:
Como se pode concluir da tabela anterior, as propriedades físicas das granadas
não são fixas para o grupo, mas para cada um dos seus membros; contudo, algumas
coisas de comum existem nessas propriedades. a)
Hábito: normalmente aparece em cristais octaédricos e/ou dodecaédricos; também em massas
granulares de cristais pequenos (Fig. 3.59);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; a fractura é conchoidal;
Cor: ver tabela anterior;
Risca: branca;
Brilho: vítreo a resinoso;
b)
Dureza: alta – 6.5-7.5; Fig. 3.59. a)
Densidade: baixa: 3.5-4.3; Almandina; b)
Diafanidade: transparente a translúcido. Grossulária
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema; devido à sua dureza utilizada como abrasivo.
e) Ocorrência: em Moçambique há importantes jazigos de granada em Cuamba, Niassa. A nível mundial, são inúmeras as
localidades onde a granada-gema ocorre: Arizona (EUA), R. Checa, Sri Lanka, Brasil e Rússia.
f) Origem do nome: do Latim Granatus = parecido com grão.
xlvi
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a)
b) c)
Fig. 3.60. Outros Nesossilicatos importantes: a) Distena; b) Andaluzite; c) Topázio.
6.9.2. SOROSSILICATOS
6.9.2.1. EPÍDOTO
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato Hidratado de Cálcio –
Ca2(Al,Fe)Al2O(SiO4)(Si2O7)(OH).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático; normalmente aparece em massas granulares (Fig. 3.61);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita; a fractura é conchoidal;
Cor: verde, verde-amarelado a negro; Fig. 3.61. Epídoto
Risca: cinzenta;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – 6-7;
Densidade: baixa: 3.25-3.45;
Diafanidade: transparente a translúcido.
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique não há jazigos de epídoto, mas ela ocorre numa série de rochas como mineral essencial.
As zonas onde ocorre como gema são Áustria, Franca, Itália e EUA.
f) Origem do nome: do Grego Epidosis = aumento, por uma das faces do prisma ser maior que as outras.
6.9.3. CICLOSSILICATOS
6.9.3.1. TURMALINA
a) Sistema cristalino: trigonal.
b) Composição química: Borossilicato Hidratado de catiões vários; fórmula química muito complexa –
(Na,Ca)(Li,Mg,Al)3(Al,Fe,Mn)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4.
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido, muitas vezes alongado; cristais bem visíveis (Fig. 3.62), de faces estriadas;
xlvii
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6.9.3.2. BERILO
a) Sistema cristalino: hexagonal.
b) Composição química: Silicato de Berílio – Be3Al2 (Si6O18).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido (Fig. 3.63);
Clivagem e Fractura: clivagem basal imperfeita; a fractura conchoidal;
Cor: variada, consoante as impurezas; a Tab. 3.3 mostra as variedades de berilo em função da cor:
Tab. 3.3. Espécies de Berilos
Cor Nome Cor Nome Cor Nome
Azul Água-marinha Rosa Morganite Negro Berilo Negro
Verde Esmeralda Amarelo Heliodoro Incolor Goshenite
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – 7.5-8;
Densidade: baixa: 2.65-2.8;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: piezoeléctrico e piroeléctrico.
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema; é
a maior fonte de berílio, usado para ligas de cobre.
e) Ocorrência: em Moçambique o berilo ocorre em numerosos
jazigos nas províncias da Zambézia e Nampula. Os jazigos mais
importantes são: Muiane, Namacotche, Niane, Naípa, etc. Outros
Água-marinha
países com jazigos de berilo são Brasil, Rússia, Madagáscar e
Namíbia.
f) Origem do nome: do Latim Beryllus = berilo. Morganite
Esmeralda
Fig. 3.63. Vários Berilos
xlviii
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6.9.4. INOSSILICATOS
6.9.4.1. PIROXENAS
É um conjunto de inossilicatos de cadeia simples, de fórmula geral XYZ2O6, em que:
- X = Na+, Ca2+, Mn2+, Fe2+ e Li+
- Y = Mn2+, Fe2+, Mg2+, Fe3+, Al3+, Cr3+ e Ti4+
- Z = Si4+ e Al3+
Como se pode ver, a composição química é extremamente variada e, consequentemente, a estrutura
cristalina também varia, levando a que as piroxenas pertençam a dois sistemas cristalinos –
ortorrômbico e monoclínico. São minerais muito comuns em muitas das rochas da crusta terrestre.
a) Sistema cristalino: ortorrômbico ou monoclínico.
b) Composição química: Silicatos de catiões vários; fórmula química muito complexa (ver acima).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido (Fig. 3.64);
Clivagem e Fractura: dois planos de clivagem prismática quase perpendiculares entre si (Fig. 3.65);
Cor: variada, consoante a composição; a Tab. 3.4. mostra as variedades de piroxena em função da sua cor e sistema
cristalino:
Tab. 3.4. Espécies de Piroxenas
Nome Cor Composição S. Cristalino
Enstatite Castanho a MgSiO3 Ortorrômbico
Ferrossilite verde-oliva FeSiO3 Ortorrômbico
Pigeonite Castanho a negro Ca0.25(Mg,Fe)1.75Si2O6 Monoclínico
Diópside Verde CaMgSi2O6 Monoclínico
Hedenbergite Branco CaFeSi2O6 Monoclínico
Augite Negro XY(Z2O6) Monoclínico
Jadeíte Verde a branca NaAlSi2O6 Monoclínico
Aegirina Castanho a verde Nae3+Si2O6 Monoclínico
Espodumena Branco, cinzento, rosa, amarelo, verde LiAlSi2O6 Monoclínico
xlix
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6.9.4.2. ANFÍBOLAS
É um conjunto de inossilicatos de cadeia dupla de fórmula geral W0-1X2Y5Z8O22(OH,F)2, em que:
- W = Na+ e K+
- X = Na+, Ca2+, Mn2+, Fe2+, Mg2+ e Li+
- Y = Mn2+, Fe2+, Mg2+, Fe3+, Al3+ e Ti4+
- Z = Si4+ e Al3+
Como se pode ver, do mesmo modo que as piroxenas, a composição química é extremamente variada e, consequentemente, a
estrutura cristalina também varia, levando a que as anfíbolas pertençam a dois sistemas cristalinos – ortorrômbico e
monoclínico. São minerais muito comuns em muitas das rochas da crusta terrestre.
a) Sistema cristalino: ortorrômbico ou monoclínico.
b) Composição química: Silicatos de catiões vários; fórmula química muito complexa (ver acima).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido (Fig. 3.66);
Clivagem e Fractura: dois planos de clivagem prismática com ângulos de quase 60° entre si (Fig. 3.67);
Cor: variada, consoante a composição; a Tab. 3.5. mostra algumas das variedades de anfíbola em função da sua cor e
sistema cristalino.
Tab. 3.5. Espécies de Anfíbolas
Nome Cor Composição S. Cristalino
Antofilite Cinzento a esverdeado (Mg,Fe)7SiO8O22(OH)2 Ortorrômbico
Tremolite Branco Ca2Mg5SiO8O22(OH)2 Monoclínico
Actinolite Verde Ca2(Mg,Fe)5SiO8O22(OH)2 Monoclínico
Hornblenda Verde escuro a negro (Ca,Na)2-3(Mg,Fe,Al)5Si6(Si,Al)2O22(OH)2 Monoclínico
Riebeckite Azul Na2Fe2+3 Fe3+2Si8O22(OH)2 Monoclínico
Actinolite Hornblendas
Fig. 3.66. Tipos de Anfíbolas Fig. 3.67. Clivagem basal das anfíbolas
Risca: branca;
Brilho: vítreo a resinoso;
Dureza: alta – 7-7.5;
Densidade: baixa: 3-3.25;
Diafanidade: transparente a translúcido ou mesmo opaco;
Outras propriedades: piezoeléctrico e piroeléctrico.
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique as anfíbolass estão espalhadas por uma série de rochas.
f) Origem do nome: do Grego Anphibolos = ambíguo, por se assemelharem a outros minerais.
6.9.5. FILOSSILICATOS
Os Filossilicatos são um grupo de minerais em que a maioria dos seus membros têm um aspecto achatado com
uma clivagem dominante (basal). São geralmente moles, de baixa densidade e podem apresentar flexibilidade ou
elasticidade das lâminas resultantes da clivagem. Os Filossilicatos constituem uma grupo importante de minerais que
ocorrem na crusta, e podem ser divididos em vários grupos, a saber:
a) Grupo da Serpentina
b) Grupo das Argilas
c) Grupo das Micas
d) Grupo da Clorite
Destes grupos vamos referir só alguns minerais que estão presentes em enorme número de rochas: micas e
argilas.
l
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6.9.5.1. MICAS
As micas cristalizam no sistema monoclínico. Os cristais são usualmente tabulares e geralmente têm forma
hexagonal, com uma clivagem basal nítida e perfeita.
6.9.5.1.1. MOSCOVITE
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato Hidratado de Potássio e Alumínio –
KAl2(AlSi3O10)(OH)2.
c) Propriedades físicas:
Hábito: tabular (Fig. 3.68); também aparece criptocristalina e maciça;
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeitíssima; Fig. 3.68. Moscovite
Cor: incolor, a amarela, castanha, verde ou avermelhada;
Risca: branca;
Brilho: vítreo a sedoso ou nacarado;
Dureza: baixa – 2-2.5;
Densidade: baixa: 2.76-2.88;
Diafanidade: translúcido a transparente;
Outras propriedades: flexível e elástica.
d) Utilização: material isolador em aparelhos eléctricos; lubrificante misturada com óleos; material antipirético.
e) Ocorrência: em Moçambique a moscovite ocorre em numerosas rochas e em jazigos nos pegmatitos do norte de
Moçambique. As zonas onde ocorre são Rússia e Índia.
f) Origem do nome: da sua utilização como vidro na Rússia antiga (Muscovy).
6.9.5.1.2. BIOTITE
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato Hidratado de Potássio e Ferro e Magnésio–
K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2.
c) Propriedades físicas:
Hábito: normalmente em massas irregulares foliadas (Fig. 3.69);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeitíssima;
Cor: geralmente verde escura, castanha ou negra;
Risca: branca; Fig. 3.69. Biotite
Brilho: vítreo;
Dureza: baixa –2.5-3;
Densidade: baixa: 2.8-3.2;
Diafanidade: translúcido a transparente;
Outras propriedades: flexível e elástica.
d) Utilização: material isolador no fabrico de aparelhos eléctricos; como lubrificante misturada com óleos; material
antipirético.
e) Ocorrência: em Moçambique a biotite ocorre em numerosas rochas e em jazigos nos pegmatitos do norte de
Moçambique.
f) Origem do nome: em honra do físico francês J.B. Biot.
li
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6.9.5.2. ARGILAS
O termo argilas envolve um grupo de minerais compostos principalmente de grãos muito finos, e que são
geralmente plásticos com um determinado conteúdo de água e que endurecem quando secados ou aquecidos. Em termos
químicos são alumossilicatos hidratados. Aparecem normalmente misturados com quartzo, feldspato, micas e carbonatos.
6.9.6. TECTOSSILICATOS
Cerca de 64% da crusta da Terra são constituídos por Tectossilicatos, em que todos os Oxigénios dos tetraedros
SiO4 estão compartilhados com os tetraedros adjacentes, resultando numa estrutura muito estável. Há muitos tipos de
tectossilicatos consoante o arranjo estrutural. Referiremos apenas os grupos da Sílica (SiO 2) e dos Feldspatos. Faremos
depois breve referência a outros tipos de tectossilicatos.
lii
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6.9.6.1.1. QUARTZO
a) Sistema cristalino: tetragonal (variedade ) e hexagonal (variedade ).
b) Composição química: Óxido de Silício – SiO2.
c) Propriedades físicas:
Hábito: normalmente prismático de faces estriadas, terminando com pirâmides em ambas as extremidades do prisma
(Fig. 3.1.c); ocorre em cristais isolados ou em agregados de vários cristais; muitas vezes em drusas e geodes ou em
agregados micro- e criptocristalinos;
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura conchoidal nítida, semelhante à do vidro;
Cor: geralmente incolor ou branca; frequentemente colorido devido a impurezas, podendo ter qualquer cor;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – termo 7 da Escala de Mohs;
Densidade: baixa: 2.65;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: piezoeléctrico e piroeléctrico.
d) Variedades:
O quartzo ocorre em inúmeras variedades, desde as cristalinas às microcristalinas.
i) Variedades Cristalinas
Cristal de Rocha: incolor (Fig. 3.74);
Ametista: roxo-violeta (Fig. 3.75);
Quartzo Róseo: geralmente não aparece em cristal, mas em massas de cor rosa (Fig. 3.76);
Quartzo Vermelho: de cor vermelha (Fig. 3.77);
Quartzo Fumado: de cor castanha a negra (Fig. 3.78);
Quartzo Citrino: de cor amarela;
Quartzo Azul: de cor azul (Fig. 3.79);
Quartzo Leitoso: de cor branca de leite;
Quartzo com inclusões: cristais de quartzo com inclusões de vários minerais (Fig. 3.80);
Olho de Tigre: pseudomorfose de quartzo depois de anfíbola (Fig. 3.81);
Fig. 3.74. Cristal de Rocha Fig. 3.75. Quartzo Ametista Fig. 3.76. Quartzo Róseo Fig. 3.77. Quartzo Vermelho
Fig. 3.78. Quartzo Fumado Fig. 3.79. Quartzo Azul Fig. 3.80. Quartzo c/ Inclusões Fig. 3.81. Olho de Tigre
liii
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e) Utilização: usado como gema; como constituinte fundamental de muitas areias, é usado na construção (betão,
cimento), no fabrico do vidro, de lixas; rochas constituídas só por quartzo são usadas como pedra de construção;
devido à sua pureza é usado em muitos instrumentos ópticos (lentes); a propriedade piezoeléctrica tem aplicação em
instrumentos de alta precisão: rádio-osciladores, relógios, etc.
f) Ocorrência: em Moçambique o quartzo ocorre em numerosas rochas e em jazigos nos pegmatitos do norte de
Moçambique. Ocorre em todos os países do mundo.
g) Origem do nome: do Alemão quartz.
h) Polimorfos de SiO2: Cristobalite, Tridimite (Fig. 3.87), Stishovite, etc. (Tab. 3.6).
6.9.6.1.1. OPALA
a) Sistema cristalino: amorfa.
b) Composição química: Óxido Hidratado de Silício – SiO2. nH2O.
c) Propriedades físicas:
Hábito: geralmente maciça, botrióide (Fig. 3.88);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura conchoidal nítida;
Cor: incolor, branca; frequentemente colorido devido a impurezas, podendo ter
qualquer cor;
Risca: branca;
Brilho: vítreo; Fig. 3.88. Opala
Dureza: média – 5-6;
Densidade: baixa: 2.0-2.25;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: por vezes fluorescente.
d) Utilização: usado como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique não há jazigos de opala. Ocorre em: Hungria, México, Austrália, Brasil e EUA.
f) Origem do nome: do Sânscrito upala = pedra preciosa.
liv
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6.9.6.2.1. ORTOCLASE
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato de Potássio – KAlSi3O8.
c) Propriedades físicas:
Hábito: geralmente prismático; maciça (Fig. 3.89);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita e prismática imperfeita;
Cor: incolor, branca, cinzenta, raramente verde ou amarela;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: média – termo 6 da Escala de Mohs;
Densidade: baixa: 2.57; Fig. 3.89. Ortoclase
Diafanidade: opaco a translúcido;
d) Variedades: Adulária (incolor).
e) Utilização: por vezes usado como gema; normalmente usado na indústria da cerâmica e do vidro.
f) Ocorrência: em Moçambique há grandes ocorrências de feldspatos nos pegmatitos do norte de Moçambique, em especial
Zambézia e Nampula.
g) Origem do nome: do Grego orthos = direito + klasis = fractura, por terem clivagens em ângulo recto.
6.9.6.2.2. MICROCLINA
a) Sistema cristalino: triclínico; polimorfo da ortoclase.
b) Composição química: Alumossilicato de Potássio – KAlSi3O8.
c) Propriedades físicas:
Hábito: idêntico ao da ortoclase;
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita e prismática imperfeita;
Cor: branca a amarela clara; raramente verde;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: média – 6;
Densidade: baixa: 2.54-2.57;
Diafanidade: opaco a translúcido.
d) Variedades: Amazonite (verde) - Fig. 3.90.
e) Utilização: por vezes usado como gema; normalmente usado na indústria da cerâmica e do
vidro. Fig. 3.90. Amazonite
f) Ocorrência: em Moçambique há grandes ocorrências de feldspatos nos pegmatitos do norte de Moçambique, em especial
Zambézia e Nampula.
g) Origem do nome: do Grego micro = direito + clino = inclinação, por terem clivagens em ângulo próximo de recto.
6.9.6.2.3. ALBITE-ANORTITE
a) Sistema cristalino: triclínico.
b) Composição química: Alumossilicatos de Sódio e Cálcio – NaAlSi3O8 (albite) (Fig. 3.91)
e CaAl2Si2O8 (anortite) (Fig. 3.92).
c) Propriedades físicas:
Hábito: geralmente tabular, por vezes prismáticos; Fig. 3.91. Albite
Clivagem e Fractura: clivagem basal imperfeita perfeita e prismática perfeita;
Cor: geralmente branca; pode ser amarela clara ou cinzenta verde; a Anortite é mais escura
que a Albite;
Risca: branca; Brilho: vítreo; Dureza: média – 6;
Densidade: baixa: 2.62; Diafanidade: opaco a translúcido.
d) Variedades: consoante a percentagem de Na e Ca, as variedades são (das mais ricas em Na
para as mais ricas em Ca): Oligoclase, Andesina, Labradorite (Fig. 3.93), Bytownite.
Fig. 3.92. Anortite
lv
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lvi
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Grafite
Ilmenite
Cassiterite
Aragonite
Calcite
Halite
Volframite
Apatite
Borax
Dolomite
Fluorite Gesso
Anidrite
Azurite Monazite
Malaquite Barite
Scheelite
HALOGENETOS CARBONATOS BORATOS e SULFATOS TUNGSTATOS FOSFATOS
Moscovite
Biotite
Granada
Piroxena
Berilo
Olivina
Caulino
Epídoto Turmalina
Anfíbola
NESO- e SOROSSILICATOS CICLOSSILICATOS INOSSILICATOS FILOSSILICATOS
Feldspatos
Quartzo
TECTOSSILICATOS
Fig. 3.99. Alguns exemplos de formas de cristais dos vários minerais estudados
lvii
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2. INTRODUÇÃO
No capítulo anterior estudámos os minerais e vimos que eles têm uma composição química bem definida ou
variando dentro de certos limites.
Para os geólogos, uma Rocha é qualquer massa de matéria mineral, consolidada ou não, que forma parte da
crusta, podendo ser constituída por uma espécie mineral (monominerálica) ou por um agregado de várias espécies
minerais (poliminerálica). O conceito de rocha dos engenheiros é de algo duro, consolidado, que tem de ser removido
por explosões. Este conceito também é o conceito que o vulgar cidadão tem de rocha.
Se olharmos para as rochas, vemos que elas são constituídas por uma série de partículas de
cor, granulometria, forma, brilho diferentes, constituídas pelos diversos minerais que a compõem. Se
olharmos para uma imagem aumentada de areia (Fig. 4.1) vemos a existência de inúmeros grãos
soltos de cor e tamanhos diferentes. Estamos em presença duma rocha não consolidada. Mas se
olharmos para as várias imagens da Fig. 4.2, de várias rochas consolidadas, vemos que elas podem
ter cores diferentes, estruturas diferentes, composições diferentes, etc., etc. Assim, a Fig. 4.2.a mostra
uma rocha granular, praticamente monominerálica (quartzo); a Fig. 4.2.b. mostra uma rocha que
aparenta ter estado sujeita a forças compressivas, apresentando pedaços partidos. Por seu lado, a Fig.
4.2.c, mostra uma rocha com pedaços de conchas. Estes são só 3 exemplos, de rochas consolidadas.
a) b) c)
lviii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
As rochas ígneas provêm da solidificação do material rochoso em fusão (magma) que se formou no interior
da terra.
As rochas sedimentares provêm da consolidação de sedimentos transportados pelas águas, gelo ou ar e que se
acumularam à superfície da terra, tanto em terra seca como em meio aquático.
As rochas metamórficas são rochas que se originam a partir doutras rochas (ígneas,
sedimentares ou mesmo metamórficas) por acção da pressão e temperatura.
Voltando à Fig. 4.4. As rochas ígneas formam-se a partir do arrefecimento e cristalização do magma à medida
que este migra em direcção à superfície da Terra. Se o processo de cristalização ocorre perto da ou à superfície, as rochas
que se formam chamam-se rochas ígneas extrusivas (a expressão mais clara deste processo são as erupções vulcânicas).
As rochas ígneas intrusivas são rochas que se formam no interior da Litosfera. As rochas ígneas intrusivas podem ser
trazidas à superfície por processos de desnudação (erosão) ou tectónicos (movimentos no interior da crusta), ambos os
processos acabando numa subida das rochas e sua exposição à superfície.
Todas as rochas podem ser física e quimicamente decompostas, degradadas e alteradas por uma série de processos
(físicos e químicos) chamados de meteorização. Os detritos resultantes desta meteorização podem ser transportados através
da superfície pelos processos erosivos através dos rios, glaciares, vento e gravidade. Quando estes detritos são depositados
como sedimentos permanentes, os processos de soterramento, compressão e alteração química podem modificar estes
materiais, transformando-os de material solto em material consolidado (litificação) dando origem às rochas sedimentares.
À medida que o soterramento progride, estas rochas vão atingindo zonas cada vez mais quentes e sujeitas a
pressões cada vez maiores, dando origem a alterações químicas e físicas profundas. As rochas assim originadas são as
rochas metamórficas.
O contínuo aumento da temperatura e da pressão pode afectar tanto as rochas sedimentares como as ígneas.
Por outro lado, rochas metamórficas podem ser sujeitas a temperaturas e pressões ainda maiores, dando origem a outras
rochas metamórficas. Ou sejam, as rochas que se encontram à superfície da Terra (ígneas, sedimentares e metamórficas)
podem voltar ao interior da Terra através das chamadas zonas de subducção. Sabemos que nestas zonas (Tema 2, Fig.
2.1) as rochas tornam a fundir, dando origem a novo magma que, por seu lado, pode consolidar em profundidade ou
ascender à superfície.
lix
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
4. GEODINÂMICA INTERNA
A Geodinâmica é o estudo da composição, estrutura e fenómenos genéticos formadores da crusta terrestre, bem
como o conjunto de fenómenos que actuam não só à superfície como no interior do globo. Há duas formas de energia que
actuam sobre o globo, agindo independentemente, mas havendo efeitos recíprocos entre ambas:
a) energia solar que age directa ou indirectamente esculpindo a superfície, a qual é constantemente modificada
pela acção do ar e da água - é a Geodinâmica Externa;
b) energia do interior da terra, provocando modificações químicas, físicas e estruturais dos constituintes
rochosos - é a Geodinâmica Interna; refere-se, portanto, aos processos que ocorrem na crusta por acção
da energia proveniente do interior do planeta.
Vários fenómenos estão relacionados com a Geodinâmica Interna: magmatismo/vulcanismo, metamorfismo e
sismos, deformação das rochas (Geologia Estrutural).
3.1. MAGMATISMO
Entende-se por magmatismo o desenvolvimento e o movimento do magma, e a sua solidificação em rochas
ígneas. O magmatismo pode manifestar-se à superfície através das erupções vulcânicas.
3.1.1. O Magma
O Magma é o material original das rochas ígneas. É um fluido natural muito quente, formado em profundidade
e constituído por material fundido de composição silicatada com alguns óxidos e sulfuretos e algum vapor e outros gases
mantidos em solução devido às altas pressões a que esta fusão está sujeita.
Quando o magma solidifica para originar as rochas ígneas, os constituintes voláteis escapam-se, mas eles são
importantes por condicionarem os processos de cristalização do magma.
Na realidade, o magma tal qual ele é na Natureza, nunca foi amostrado, pois ele só existe em profundidade. A
matéria em fusão que ascende à superfície chama-se lava, que difere do magma, entre outros aspectos, por não conter ou
conter muito poucos voláteis.
O magma caracteriza-se por uma composição predominantemente silicatada, por temperaturas variando entre
500º - 1200ºC, e por uma mobilidade que lhe permite fluir.
O magma pode formar-se em qualquer parte da crusta onde a temperatura se torne
suficientemente alta para fundir as rochas. Contudo, nem todas as rochas fundem à mesma
temperatura e, dentro da mesma rocha, nem todos os minerais fundem à mesma temperatura, havendo
muitos factores que condicionam esta transformação.
Quando o magma se forma, ele torna-se mais leve que as rochas adjacentes, e os gases (voláteis) dissolvidos
tornam-no ainda mais leve. Assim, o magma é forçado a ascender, mas está sujeito a enormes pressões por parte das
rochas envolventes e sobrejacentes mais pesadas. Este movimento ascendente é ajudado pela sua mobilidade e pelas
forças expansivas e fluidibilidade dos gases nele dissolvidos. Contudo, esta ascensão é contrariada pela resistência
oferecida pelas rochas sobrejacentes.
Algum magma pode eventualmente atingir a parte mais superficial da crusta, onde as rochas estão partidas e
fracturadas, abrindo o seu caminho por estas fracturas até à superfície. Aqui, os materiais fundidos são derramados como
fluxos de lava duma forma relativamente calma, ou então duma forma explosiva, levantando na atmosfera enormes
quantidades de material rochoso que mais tarde se deposita no solo. Tanto a acumulação destes materiais como do material
resultante das explosões origina elevações topográficas a que se dá nome de vulcões (Fig. 1.2).
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c) no interior de placas tectónicas, (fora dos limites das placas, como acontece nos dois casos anteriores);
exemplo: vulcões das Ilhas Hawaii (meio oceânico) e das rochas ígneas de Sierra Nevada (meio
continental).
Uma maneira simples de ver as diferenças entre os tipos de magmas destas três zonas é comparar a composição
química geral dos principais tipos de rochas ígneas formadas a partir das lavas provenientes destes magmas. A Tab. 4.1.
mostra as análises químicas das rochas representativas dalgumas zonas ígneas pertencentes a estes três tipos.
Tab. 4.1. Análises químicas das rochas representativas dalgumas zonas ígneas
Tipo a) Tipo b) Tipo c)
Hawaii Sierra Nevada
Componente Dorsal Oceânica Zonas de Subducção (meio oceânico) (meio continental)
SiO2 49.0 55.4 50.0 67.0
Al2O3 16.0 15.6 13.9 15.0
Fe2O3 2.7 3.3 1.0 1.5
FeO 7.8 10.5 7.2 10.5 9.8 10.8 2.5 4.0
MgO 6.4 4.8 7.1 1.7
CaO 10.5 9.8 11.3 3.8
Na2O 3.0 1.8 1.5 3.2
K2O 0.1 0.4 0.5 3.8
A classificação dos magmas é feita em função do teor de SiO2 que ele contém. As rochas ígneas que derivam
destes magmas também são classificadas em félsicas (SiO2>65%), intermédias (52%<SiO2<65%), máficas
(45%<SiO2<52%) e ultramáficas (SiO2<45%).
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à sequência de cristalização esquematizada na Fig. 4.6, e que se chama Série de Bowen.Como se pode ver da figura, há
duas linhas de cristalização principais, uma que é a linha da olivina-piroxena-anfíbola-micas-quartzo, e a outra a linha
plagioclase-feldspatos-mica-quartzo.
Quando um mineral cristaliza a partir dum magma, ele pode ser retirado por acção da gravidade, ou deixado para
trás quando o resto da fusão migra. A este processo chama-se fraccionação, ou seja, há uma fracção dos minerais que se separa.
Suponhamos que esta fraccionação se dá depois da olivina e da piroxena se terem formado, ou seja, estes dois minerais
depositam-se no fundo da câmara magmática. Destes dois minerais vai originar-se uma rocha chamada de peridotito. Do resto
da fusão começam a formar-se as anfíbolas e as plagioclases intermédias (Ca-Na e Na-Ca). Da fraccionação destes dois minerais
poderá originar-se outra rocha, com outra composição mineralógica, a que se chama gabro. Progressivamente, à medida que
estes minerais se formam, o resto da fusão vai enriquecendo progressivamente em Si, Al e K, porque a maioria do Ca, Fe e Mg
foi usada para formar as olivinas, piroxenas, anfíbolas e plagioclases. Como consequência, resulta uma fusão da qual se pode
formar uma rocha constituída por feldspato e quartzo, a que se chama granito.
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Fig. 4.8.a. Esquerda: Esquema de vulcão tipo hawaiiano; Direita: Ilhas Galápagos, Oceano Pacífico
Fig. 4.8.b. Esquerda: Esquema de vulcão tipo stromboliano; Direita: Monte Adams, Washington, EUA
c) Cone de Cinzas (Tipo Vulcaniano) (Fig. 4.8.c). Semelhante ao anterior, mas com erupções muito mais
violentas e espaçadas. Exemplo: vulcão Vesúvio de Nápoles (Itália)
d) Domo (Tipo Peléano) (Fig. 4.8.d). Lavas quase sólidas (muito viscosas) que arrefecem rapidamente,
consolidando no topo e interior da chaminé, formando uma rolha com o nome de cúpula ou domo. Os gases
adquirem uma pressão enorme e as explosões são violentas, as cinzas projectadas ficam incandescentes e
rolam encosta abaixo destruindo tudo à sua passagem. A lava consolidada no interior da chaminé pode
posteriormente ser empurrada para fora formando uma agulha vulcânica. Exemplo: vulcão do Monte Pelée,
Ilha da Martinica, Caraíbas, que em 1902 destruiu a cidade de St. Pierre e um mês depois começou a erguer-
se uma agulha com 100 m de diâmetro e 500 m de altura.
Fig. 4.8.c. Esquerda: Esquema de vulcão tipo vulcaniano; Direita: Cratera Sunset, Norte do Arizona, EUA.
Fig. 4.8.b. Esquerda: Esquema de vulcão tipo peléeano; Direita: Torre do Diabo, Wyoming, EUA
Estes quatro tipos de erupções vulcânica são chamadas de erupções centrais, porque a lava sai dum orifício
na crusta. Há outros tipos de erupção, em que não há formação de cones vulcânicos, e a lava sai ao longo de extensas
fissuras na crusta. São as erupções fissurais. Este tipo de erupções só acontecem com lavas muito fluídas (básicas) que
se estendem por áreas enormes. É o caso dos basaltos
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dos Montes Libombos, que foram extruídos ao longo duma fissura N-S numa extensão que vai da Drakensberg (KwaZulu-
Natal) até ao Pafúri, bifurcando para oeste ao longo do Limpopo e para norte em direcção a Tete (Fig. 4.9).
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3.2. METAMORFISMO
Como se viu em capítulos anteriores, a crusta não está estática, mas sim em constante movimento. As placas
tectónicas chocam entre si, mergulham umas sob as outras, ou ainda se deslocam tangencialmente entre si. Todos estes
movimentos provocam compressões, distensões, atritos, sujeição das rochas a temperaturas mais altas, etc. Por outro lado,
vimos nos pontos anteriores que o magma ascende à superfície, sujeitando as rochas a temperaturas altas. Assim, com a
dinâmica da crusta e da litosfera, as rochas estão constantemente a ser sujeitas a diferentes condições de pressão e
temperatura.
Metamorfismo é o processo pelo qual as rochas no interior da crusta são modificadas por acção do calor,
pressão e agentes químicos. Estes factores são chamados agentes do metamorfismo. Durante os processos de
metamorfismo, as rochas mantêm essencialmente o seu carácter sólido, e por isso retêm algumas das características
primárias herdadas da rocha original. As estruturas, texturas e composição mineralógica (e química) finais dependem, por
um lado, das características da rocha-mãe e, por outro, das condições do metamorfismo, isto é, da maneira e tempo como
os agentes de metamorfismo actuam.
As mudanças que ocorrem durante o metamorfismo estão sempre relacionadas com a tendência de restauração
do equilíbrio das rochas sujeitas a novos ambientes de P,T,química. As rochas-mãe a partir das quais se formam as rochas
metamórficas são das mais variadas, podendo ser sedimentares, ígneas ou mesmo metamórficas.
3.2.1.1. Temperatura
A temperatura é talvez o agente mais importante e variável. Os processos metamórficos que ocorrem por acção
pura e simples da temperatura é chamado de metamorfismo térmico.
A temperaturas abaixo de 100º-200ºC, os minerais das rochas-mãe podem ficar em equilíbrio durante milhões
de anos, porque as reacções a estas temperaturas são demasiado lentas para que tenham qualquer efeito apreciável. Com
o aumento da temperatura, as reacções tornam-se mais rápidas, levando ao aparecimento de novas associações minerais.
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3.2.1.2. Pressão
A pressão litostática (pressão resultante do peso das rochas sobrejacentes) na crusta aumenta com a
profundidade. Assim, a cerca de 20 km de profundidade, a pressão é da ordem das 6.000 atmosferas (= 6.202 kg/cm2).
Estas altas pressões mudam as características físicas das rochas, tornando-as dúcteis (plásticas) e capazes de fluir.
Por outro lado, as altas pressões tendem a contrariar a ocorrência de reacções que provoquem aumento de
volume por libertação de gases.
No caso inverso, as pressões altas tendem a favorecer reacções que dêem origem a minerais mais densos.
Além da pressão litostática, as rochas em profundidade estão sujeitas a outras pressões resultantes dos
movimentos crustais. Quando estas pressões actuam em ambiente de baixa temperatura, provoca a desagregação mecânica
das rochas - cataclase. A altas temperaturas e na presença de fluídos, tendem a acelerar o crescimento dos cristais.
3.2.1.3. Fluídos
Se bem que o grosso de cada rochas se mantenha sólido durante o metamorfismo, os interstícios entre os
minerais estão ocupados por variadíssimos fluídos aquosos com diversos componentes químicos em solução. Estes fluídos
interagem com os minerais com que estão em contacto, provocando alterações químicas constantes, dando origem a novos
minerais, e provocando o desaparecimento dos iniciais.
Os fluídos podem provir da própria rocha ou de fora. Neste caso, eles trazem para a rocha novos materiais,
alterando assim a composição química inicial. Por outro lado, ao serem mais tarde expulsos da rocha, eles levam consigo
em solução outros componentes. Em qualquer dos casos, há alteração da composição química inicial. A estas alterações
da composição química inicial chama-se metassomatismo.
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As alterações provocadas nas rochas encaixantes são mais marcadas perto do corpo ígneo do que a maiores
distâncias.
Como se pode bem entender, o metamorfismo de contacto é fundamentalmente um metamotrfismo térmico,
mas pode ser afectado ainda pela pressão provocada pela ascensão magmática e pelos efeitos metassomáticos dos voláteis
que se escapam do magma para as rochas encaixantes.
Tabela 4.3. Sismos nos últimos 800 anos com mais de 50.000 mortos
Local Ano N.º Mortos Local Ano N.º Mortos
Shen-Shu, China 1556 830.000 Nápoles, Itália 1693 93.000
T'ang-shan, China 1976 700.000 Shemka, Rússia 1667 80.000
Calcutá, Índia 1737 300.000 Kansu, China 1932 70.000
Kansu, China 1920 180.000 Silícia, Turquia 1268 60.000
Messina, Itália 1908 160.000 Catânia, Itália 1693 60.000
Tóquio/Yokohama, Japão 1923 143.000 Lisboa, Portugal 1755 60.000
Chihli, China 1290 100.000 Quetta, Paquistão 1935 60.000
Beijing, China 1731 100.000 Calábria, Itália 1783 50.000
3.3.1. Origem dos Sismos
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3.4.2.1. Falhas
As falhas são fracturas na crusta ao longo das quais ocorre deslizamento paralelo à superfície da fractura (Fig.
4.18). Elas ocorrem em qualquer tipo de rocha, mas são mais facilmente detectadas em rochas sedimentares. A quantidade
de deslocamento pode ser de fracções de .centímetros ou de centenas de metros. Em qualquer dos casos não é possível
dizer qual dos lados se manteve parado e qual se moveu ou se ambos se moveram. Tudo o que se pode dizer é que houve
um movimento relativo entre os dois.
A superfície da fractura, ao longo da qual se deu o movimento, chama-se plano de falha (Fig. 4.18). Este
"plano", contudo, raramente é plano por longas distâncias e, consequentemente, o termo superfície de falha seria mais
apropriado. Se uma falha puder ser seguida em todo e seu comprimento verificar-se-ia que o deslocamento é zero nos
seus extremos. Quer dizer, o deslocamento é máximo no
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B
Fig. 4.18. Falha Normal (A) e Inversa (B) Fig. 4.19. Esquema tectónico da área de Cahora Bassa, com alguns dos traços de
BA – Bloco ascendente; BD – Bloco descendente; falhas existentes na região.
T – Teto; M – Muro; Pf – Plano de Falha
Onde as massas de rochas envolvidas no falhamento são de grande tamanho e peso, a enorme pressão mantém
as faces dos dois blocos de falha em contacto compressivo. Como resultado da fricção entre os blocos, o plano de falha
dá uma superfície brilhante, chamada espelho de falha. Se o plano de falha for muito irregular, o movimento entre blocos
esmaga o material, originando uma brecha de falha.
Se bem que alguns planos de falha sejam verticais, a maioria é inclinada de modo que um dos blocos fica por
cima do outro. O bloco que fica por cima do plano de falha chama-se teto e o outro chama-se muro (Fig. 4.18). O bloco
que sobe em relação ao outro chama-se bloco ascendente e o que desce chama-se bloco descendente (Fig. 4.18).
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A B C
Fig. 4.21. Outros tipos de falhas: A – Horizontal; B – Vertical; C – Rotativa
A B
Fig. 4.22. Graben (A) e Horst (B)
Fig. 4.23. Exemplo duma falha inversa Fig. 4.24. Exemplo de diaclases
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Monoclinal
Anticilinal Sinclinal Isoclinal Assimétrica Deitada em Leque
Fig. 4.26. Diversos tipos de dobra
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D – Textura Aplítica
A – Textura Granular B – Textura Porfiróide C – Textura Pegmatítica
Fig. 4.30. Exemplos de texturas faneríticas. A – Granito róseo de 2 micas; B – Pórfiro; C – Granito pegmatítico; D – Aplito.
B
A
C D
Fig. 4.31. Estruturas das rochas ígneas. A – Compacta (Granito); B – Porosa (Pedra-pomes);
C – Vesicular (Basalto); D – Amigdalóide (Basalto)
4.3. COR DAS ROCHAS ÍGNEAS
As rochas ígneas podem ser ainda classificadas quanto à cor, pois elas variam desde cores claras (quase
brancas) a cores escuras, com todos os tons intermédios.
A cor das rochas tem a ver com os minerais presentes. Se uma rocha for constituída por minerais claros, como
o quartzo e os feldspatos, a rocha tem uma cor clara. Diz-se que é leucocrata. Se, por outro lado, for constituída por
minerais escuros, como as anfíbolas, plagioclases, piroxenas, olivinas, etc., a rocha tem cor escura. Diz-se que é
melanocrata. Se a rocha tiver proporções variáveis dos dois tipos de minerais, ela terá cores que variarão entre o claro e
o escuro, chamando-se assim mesocrata.
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O conteúdo de SiO2 define a acidez da rocha ígnea (ponto 3.1.2), as quais podem ser classificadas em ácidas,
neutras (ou intermédias), básicas e ultrabásicas. Em geral, é possível reconhecer estes tipos de rochas em amostra de mão
pela sua cor, como resultado do conteúdo de minerais escuros presentes (ricos em Fe, Mg, chamados ferro-magnesianos).
Assim, as rochas escuras, ricas em minerais ferro-magnesianos, são chamadas de máficas (de Magnésio+Ferro), ao passo
que as rochas claras, mais ricas em quartzo e feldspatos são chamadas de félsicas (de Feldspato+Silica).
A Fig. 4.32 mostra a classificação das rochas ígneas em termos de:
a) percentagem em peso de sílica e volumétrica de minerais: ácidas, intermédias, básicas e ultrabásicas
b) local de solidificação do magma: plutónicas, hipabissais e vulcânicas;
c) cor: leucocratas, mesocratas e melanocratas
d) percentagem de máficos e félsicos.
Nesta figura aparece o termo hipabissal para referir rochas que se consolidam a meio caminho entre grandes
profundidades e a superfície, e consequentemente têm uma granulometria entre a das rochas plutónicas e das rochas
vulcânicas.
Na definição duma rocha, existem os chamados minerais essenciais, acessórios e secundários. Entende-se por
mineral essencial aqueles que por definição têm de estar presentes numa rocha. Mineral acessório é aquele que pode ou
não estar presente na rocha, não interferindo na sua classificação. Finalmente, mineral secundário é aquele que resulta
da alteração de outros. Assim, num granito, os minerais essenciais são o quartzo e o feldspato; as micas são acessórias, e
o caulino é secundário, resultando da alteração de feldspatos.
Vejamos agora a descrição dos principais tipos de rochas ígneas, cuja distribuição (muito geral) pode ser vista
na Fig. 4.34.
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O Riolito é o equivalente vulcânico do granito, sendo também, por isso uma rocha ácida. A textura varia de
hemicristalina (Fig. 4.36.A) a porfirítica (Fig. 4.36.B) e vítrea. Neste último caso chama-se obsidiana (Fig. 4.29.A).
Devido à sua textura, é difícil observar a olho nu os seus minerais essenciais constituintes, que são os mesmos do granito.
A Fig. 4.36.C mostra um riolito visto ao microscópio.
Geralmente são meso-melanocratas, podendo ser cinzentos, castanhos, ou avermelhados, como os riolitos da
Cadeia dos Libombos. Típico destes riolitos dos Libombos são as estruturas de fluxão (Fig. 4.36.D). Além dos Libombos,
os riolitos ocorrem na Província de Tete, a SW e a SE da cidade de Tete. A pedra-pomes é um vidro vulcânico altamente
vesicular e poroso (Fig. 4.31.B).
Os equivalentes hipabissais destas rochas são chamadas de Microgranitos e geralmente têm textura aplítica.
A C D
B
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equivalentes vulcânicos destas rochas são, respectivamente: dacito, andesito e traquito. Dado o conteúdo decrescente de SiO2
e o conteúdo crescente de plagioclase cálcica, as rochas vão sendo cada vez mais escuras, passando de rochas leuco-mesocratas
a rochas meso-melanocratas. A Fig. 4.37 mostra estas rochas vistas ao microscópio.
rochas plutónicas
Rochas vulcânicas
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4.4.4. PERIDOTITO
O Peridotito é uma rocha intrusiva constituída fundamentalmente por olivina, Fig. 4.40. Peridotito visto ao
contendo alguma piroxena, como minerais essenciais. A Fig. 4.40 mostra um peridotito microscópio
ao microscópio.
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6. ROCHAS METAMÓRFICAS
5.1. INTRODUÇÃO
Já referimos em capítulos anteriores que a Terra é um sistema activo e
dinâmico. As rochas, uma vez soterradas a grandes profundidades, podem ser
deformadas e as temperaturas podem ser alteradas por esse soterramento ou pela
proximidade de corpos magmáticos. Em resposta a estas mudanças das condições
ambientais, as características das rochas podem alterar, ou seja, sofrem
metamorfismo tornando-se rochas metamórficas.
As alterações metamórficas podem ser de dois tipos principais:
a) as que afectam as espécies minerais (composição mineralógica);
b) as que afectam a forma e o arranjo dos grãos minerais (estrutura e
textura).
A diferença entre os dois tipos de alterações podem ser observadas em
fenómenos e processos actuais (naturais ou industriais):
A neve, formada por cristais soltos como os da Fig. 4.42.a,
é transformada em gelo compacto com o soterramento dessa neve
por novas camadas de neve. Esta transformação não envolve
mudança nos constituintes minerais (gelo) e pode ocorrer sem fusão.
Esta modificação de cristais complexos (Fig. 4.42.a) em formas mais Fig. 4.42. Formas dos grãos de neve e de gelo
compacto
simples, granulares (Fig. 4.42.b) torna os contactos entre os grãos
muito mais fechados, tornando o gelo mais compacto que a neve.
As mudanças na composição mineralógica em rochas são artificialmente causadas em fornos. Por exemplo, no
fabrico do cimento, o calcário, constituído por calcite (CaCO3), é transformado pelas altas temperaturas em cal (CaO),
com libertação de CO2. Do mesmo modo, rochas contendo minerais de metais (como óxidos e sulfuretos) sofrem
alterações para produzir metais nativos.
As variações de temperatura e pressão são as causas óbvias do metamorfismo das rochas, mas não são os
únicos. As alterações podem ser induzidas como resultado de mudanças na composição química. Em tais casos, as
mudanças estão geralmente associadas com o movimento de fluídos (sejam gases, sejam fusões magmáticas).
A variedade de mudanças que podem afectar as rochas é enorme, e por isso o âmbito do metamorfismo é limitado,
por conveniência, aos processos em que a rocha se mantém fundamentalmente sólida durante as alterações. Os processos de
meteorização das rochas à superfície da Terra envolvem alterações das rochas como resultado das reacções com o oxigénio
do ar e com as águas superficiais e subterrâneas. Estes processos, em conjunto com a erosão e a deposição leva à formação de
rochas sedimentares e não são, por isso, considerados como parte do metamorfismo. Considera-se, por isso, que os processos
metamórficos envolvem temperaturas e pressões muito maiores do que as que se encontram à superfície da Terra.
A fronteira exacta para distinguir os processos de formação de rochas sedimentares dos processos
metamórficos é arbitrária. Com o aumento da profundidade de soterramento, as condições que dão origem à consolidação
dos sedimentos em rochas sedimentares não têm fronteira nítida com as condições que transformam estas rochas
sedimentares em rochas metamórficas. Falamos aqui na pressão.
No outro lado das condições metamórficas, há a considerar a temperatura. Às mais altas temperaturas, as rochas
não sofrem só mudanças mineralógicas, mas podem também sofrer fusão, originando os magmas, e aqui os processos
deixam de ser metamórficos para serem magmáticos.
Com estas condições em mente, a definição de metamorfismo não envolve todas as condições de alterações de
rochas. Assim, uma definição largamente aceite é:
"Metamorfismo é o ajustamento mineralógico e estrutural das rochas sólidas às condições físicas e químicas
que surgem em profundidade, abaixo da zona de metamorfismo e cimentação, e que diferem das condições em
que as rochas se originaram".
(F.J. Turner & J. Verhoogen, 1960, Igneous and Metamorphic Petrology, McGraw-Hill).
É de referir que, dado que a passagem dos processos sedimentares aos metamórficos e destes aos magmáticos
é gradual, desde zonas de temperaturas e pressões baixas a temperaturas e pressões altas, podemos considerar que há
vários graus de metamorfismo, desde o metamorfismo de baixo grau ao metamorfismo de alto grau. A Fig. 4.43 mostra
um diagrama das várias condições de metamorfismo em função da pressão (profundidade) e temperatura.
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No que toca à estrutura, é comum as rochas metamórficas apresentarem orientação dos neoblastos, como
resposta às altas pressões exercidas durante a sua formação. As rochas que não apresentam orientação dos neoblastos diz-
se que têm estrutura maciça (Fig. 4.45.A), como é o caso do mármore. Quando há orientação dos neoblastos, as estruturas
são:
a) Xistosidade: quando há orientação dos neoblastos em planos que permitem a partição da rocha em placas; esta
estrutura é frequente em rochas com muita mica, caso dos micaxistos (Fig. 4.45.B);
b) Foliação: é um estágio mais avançado da xistosidade e pressupõe a existência de fenómenos de
recristalização; ocorre em rochas com bastante mica, mas com maior proporção de minerais equigranulares,
como o quartzo e o feldspato, como é o caso dos gneisses (Fig. 4.45.C);
c) Lineação: quando ocorrem fundamentalmente minerais de hábito acicular ou prismático, que dão a ideia
de haver "linhas" na rocha, como é o caso dos anfibolitos (Fig. 4.45.D);
d) Cataclástica: ocorre em rochas que sofreram essencialmente efeitos de altas pressões a baixas
temperaturas, caso do metamorfismo dinâmico (Fig. 4.45.E).
A B C
D
E
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B
A
Fig. 4.46. A. Placa de ardósia, vendo-se a superfísice de clivagem lisa; B. Ardósia
vista ao microscópio (notar a disposição paralela dos grãos.
A ardósia provém do metamorfismo de rochas sedimentares tipo argilito e siltito (ver Tema V) e de rochas
piroclásticas do tipo tufo vulcânico.
Muitas vezes é possível observar na ardósia estruturas das rochas originais.
O Filito é uma rocha semelhante à ardósia, mas com uma granulometria mais grosseira, na transição entre a
ardósia e o xisto (descrito a seguir). Tem a mesma origem da ardósia, mas representa um grau de metamorfismo um pouco
mais elevado.
Provavelmente esta deformação deu-se no estado plástico, isto é, se bem que a rocha
estivesse ainda no estado sólido, ela foi capaz de fluir, do mesmo modo que a manteiga pode fluir
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sem derreter. A ocorrência destas deformações plásticas é um argumento a favor de altas temperaturas
durante a sua formação, suficientemente altas para amolecê-la e originar fluxão plástica.
No caso de os gneisses não conterem micas mas sim minerais do tipo anfíbola ou piroxena, o gneisse deixa de
ter foliação para passar a ter lineação.
As rochas de origem dos gneisses podem ser ígneas (granitos) ou sedimentares (arenitos), dando assim origem
a ortogneisses e a paragneisses.
QUARTZITO
Resulta do metamorfismo de arenitos quartzosos (ver Tema V), em que
os espaços entre os grãos de quartzo da rocha original são preenchidos por quartzo
de cristalização mais tardia. Acontece normalmente que a sílica cristalizada entre
os grãos de quartzo é mais resistente que a sílica dos grãos de quartzo, e o quartzo
tende assim a quebrar pelos grãos e não pela sílica intersticial, o que os distingue
dos arenitos quartzosos sedimentares. Este tipo de rochas forma-se em graus de
metamorfismo de temperaturas intermédias a altas.
São rochas geralmente de cores claras, branco se o quartzo predominar,
mas podendo ter várias cores em função das impurezas que contém (Fig. 4.48). Fig. 4.48. Quartzito de Manica
CORNEANA
Grandes intrusões (batólitos, p.ex.), que levam muitos milhares a milhões de anos a arrefecer, podem
influenciar zonas muito extensas. Nestes casos, as rochas originais convertem-se em rochas maciças, densas e muito
duras, chamadas corneanas.
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7. INTRODUÇÃO
Entende-se por Geodinâmica Externa o conjunto de fenómenos geológicos que ocorrem à superfície da Terra
(ou perto dela) e dos agentes que neles tomam parte, e que são responsáveis pelas constantes mudanças que se verificam
nessa superfície. Esses agentes são de quatro tipos: gravidade, agentes atmosféricos, água (mares, lagos, rios, etc.) e
seres vivos
A superfície da Terra (marinha e continental) está coberta por uma camada de sedimentos que, por processos
de actuação lenta, acabam por consolidar e dar origem a rochas sedimentares.
As rochas sedimentares formam-se tanto em terra como no mar, em ambientes que nos são muito mais
familiares do que os ambientes profundos da crusta onde se formam as rochas ígneas e metamórficas. São ambientes que
estão ao acesso directo dos nossos olhos. As rochas sedimentares constituem 66% da área dos continentes e, considerando
os continentes e oceanos, a sua espessura média é de 2 km.
A história da Terra caracteriza-se por mudanças constantes. Muitas dessas mudanças são muito lentas ou
mesmo imperceptíveis, mas ao fim de milhares e milhões de anos, os efeitos são dramáticos.
As rochas da Terra registaram essas mudanças e elas podem contar-nos histórias fascinantes
sobre o seu contínuo desenvolvimento.
No capítulo anterior falámos dos processos internos da Terra - magmáticos e metamórficos. As rochas
produzidas por estes processos acabam por entrar em contacto com o ar e a água à superfície da Terra. Aqui entra em
jogo um conjunto completamente diferente de processos - os processos externos.
Estes processos externos atacam as rochas ígneas e metamórficas, alterando os minerais silicatos (e não só) e
libertando os seus constituintes para as águas superficiais. Os processos externos originam os solos de que as plantas
dependem como modo de vida.
No capítulo II falámos da composição da Terra. Além da litosfera, há 3 outras "esferas" de enorme importância
para o Homem. Uma é a atmosfera, ou envelope gasoso do planeta; outra é a hidrosfera, constituída pela água líquida
dos mares, lagos, rios e oceanos; e finalmente a última é a biosfera, constituída pelo conjunto de seres vivos que vivem
à superfície da Terra. Todas estas três esferas são importantes para os processos geológicos, incluindo a formação de
rochas e minerais.
De referir que as superfícies dos continentes são lugares onde estas três "esferas" interagem entre si e com a
litosfera, sendo por isso lugares de intensa actividade química e física. Nos fundos oceânicos a atmosfera não tem acção
directa, mas também é intensa a actividade físico-química.
Durante estes processos a energia é gasta e transformada, enquanto que os materiais orgânicos e inorgânicos
são constantemente sintetizados e decompostos. A principal fonte de energia vem do Sol.
O objectivo fundamental deste capítulo é entender os processos (físicos, químicos e biológicos) que levam à
formação das rochas sedimentares
2.1. GRAVIDADE
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Este é o agente mais espalhado, e que dá origem aos movimentos de terras. É um processo que
ocorre em todos os tipos de climas e joga um papel importantíssimo em conjunto com todos os outros
agentes.
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Se bem que a atmosfera junto à superfície da Terra seja constituída maioritariamente por azoto, é a presença
do oxigénio, CO2 e vapor de água que mais interessa aos geólogos. A grande maioria dos organismos não pode sobreviver
sem oxigénio, e o CO2 é vital para as plantas (fotossíntese). A água, que ocorre como vapor em quantidades relativamente
pequenas, desempenha vários papeis vitais: é essencial à grande maioria dos seres vivos, é o principal agente de absorção
do calor na atmosfera e é a principal substância envolvida nos processos de erosão e meteorização.
A atmosfera está em constante agitação e movimento, como se pode ver pelos padrões climáticos mundiais,
agitação e movimento esses que têm como causa principal a energia solar. As deslocações de ar têm o nome de ventos.
Devido à forma esférica da Terra, o calor do sol é mais
concentrado nas regiões equatoriais do que nas regiões polares (Fig.
5.4). Assim, por cima do Equador a atmosfera é mais quente do que
sobre os pólos. Devido a estas mudanças de temperatura, a atmosfera
é palco de correntes de convexão (Fig. 5.5), como acontece no manto
(ver Capítulo II). Assim, o ar quente do equador circula para os pólos
e o ar frio dos pólos circula para o equador, num processo contínuo.
É evidente que o esquema da Fig. 5.5 é extremamente simplificado, Fig. 5.4. Irradiação diferente no equador e
nos pólos por parte da luz solar
pois considera a Terra uma superfície lisa, o que não é verdade. A
Terra tem enormes acidentes geográficos que alteram por completo
este modelo simplista, dando origem a variações locais a que se dá o
nome de microclimas. Vejamos então quais são as acções dos
agentes atmosféricos.
a) Acções Térmicas: as acções térmicas fazem-se sobretudo sentir nas
regiões com diferenças térmicas diárias ou anuais muito grandes. Um
caso típico é o dos desertos, onde durante o dia o calor é imenso, e à noite Fig. 5.5. Correntes de convexão atmosférica
a temperatura baixa, por vezes abaixo de 0ºC. Quando a temperatura sobe
durante o dia, os corpos dilatam e à noite, contraem por abaixamento de
temperatura, por vezes bruscamente. Só o facto de os materiais dilatarem
e contraírem alternada e constantemente já é razão suficiente para que os
grãos se comecem a separar uns dos outros e a rocha se desagregue, por
um lado, e vá criando fracturas (diaclases) por outro. Ainda, sendo as
rochas constituídas por grãos de diversos minerais, cada um com o seu
coeficiente de dilatação próprio, a resposta de cada mineral às variações Fig. 5.6. Acção térmica do gelo-degelo da
de temperatura vai ser diferente, o que ajuda à desagregação e água. A. Água congelada, aumentando os
fracturação. Obviamente que estas variações são mais fortes à superfície espaços das fracturas; B. Detritos depositados
do que em profundidade, o que faz com que a desagregação seja mais no sopé do declive por acção da gravidade
forte à superfície do que em profundidade. Esta é uma razão para a origem
dos solos.
As fracturas e espaços criados pela desagregação das rochas são espaços por onde a água se infiltra. Se as
temperaturas forem muito baixas, a pontos de a água congelar, há um aumento de volume da água. Este aumento de
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volume vai exercer pressões enormes nas rochas, ajudando à fracturação. Por exemplo, a água contida em fracturas
congela e o gelo funciona como uma espécie de cunha que vai alargando as fracturas (Fig. 5.6).
b) Acções eléctricas: são exercidas pelo raios e faíscas que podem
fragmentar ou fundir as rochas onde caem. Quando um raio cai num
terreno, ele descarrega milhões de volts em fracções de segundo. Este
enorme fluxo de energia pode fundir o material que encontra, em especial
se for solto como a areia, devido às enormes temperaturas criadas. O
arrefecimento seguinte é muito rápido, deixando no terreno a verdadeira
e a própria forma do raio como uma marca deixada em barro (Fig. 5.7).
A estes corpos de aspecto vítreo provocados por descargas eléctricas dá-
se o nome de fulgoritos. Fig. 5.7. Exemplo dum fulgorito
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d) Acções químicas: são variadas as acções químicas provocadas pelos agentes atmosféricos principalmente a água
(H2O) e gases atmosféricos (O2, CO2 e H2O). As rochas mais facilmente atacáveis são os calcários, através das águas
gaso-carbónicas, isto é, com CO2 dissolvido, em que estas atacam o carbonato de cálcio (insolúvel) em bicarbonato
de cálcio (solúvel), segundo a reacção:
CaCO 3 H2 O CO 2 Ca(HCO 3 ) 2
carbonato bicarbonato…
2.3. ÁGUA
A água, como agente da geodinâmica externa já foi referida anteriormente, ao se falar da sua acção como agente
atmosférico: água e vapor de água, participante em acções de desgaste e química. Veremos agora a acção da água no seu
sentido mais completo, isto é, como água continental, oceanos e água na forma sólida (gelo).
2.3.1. Águas Continentais
Engloba-se neste grupo as águas dos cursos de água (rios, riachos, ribeiros), das bacias interiores (lagos, lagoas,
mares) e subterrâneas. Todos estes tipos de água têm efeitos mais ou menos profundos na alteração da crusta, quer através
de acções construtivas quer destrutivas.
2.3.1.1. Rios, Riachos, Ribeiros
Os rios são agentes de erosão, transporte e sedimentação. Quer dizer, arrancam os materiais sobre os quais correm
(erosão), transportam esse material a distâncias mais ou menos longas corrente abaixo (transporte), depositando mais
tarde esse material (sedimentação), ou no fundo do seu leito, ou nas suas margens, ou descarregando-o ainda em lagos,
mares e oceanos.
A Fig. 5.1 mostra uma vala cavada pelas águas das chuvas que, devido à sua força e quantidade, se
transformaram provisoriamente num rio caudaloso que erodiu todo aquele material, transportou-o encosta abaixo e
descarregou-o nas águas da baía de Maputo. Se hoje formos à praia junto ao Miramar, vemos que a areia da praia tem
uma cor avermelhada e não branca, como era antes, resultado de fenómenos idênticos que se verificaram nas barreiras ao
longo da Av. Julius Nyerere, em frente ao Campus Universitário da UEM. A Fig. 5.14 mostra uma fotografia aérea da
Baía de Maputo, onde estão assinalados os rios Umbelúzi, Maputo e Incomáti, podendo ver-se nas zonas marcadas por
A, B e C, as manchas de material trazidos para as águas da Baía por estes rios.
Os rios transportam não só os materiais que eles próprios arrancam dos locais por onde passam, mas também
aqueles materiais que lhes são fornecidos pelas águas das chuvas e pelos deslizamentos de terras ao longo dos seus cursos.
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Ep m g h
em que:
m = massa,
g = aceleração da gravidade, e
h = altitude a que está a água.
Assim, quanto mais alto estiver um leito dum rio, maior
será a sua energia potencial. Esta energia é que é responsável pela
capacidade destrutiva dum rio e da sua capacidade de transporte de
sedimentos. Fig. 5.14. Imagem satélite da Baía de Maputo, podendo ver-se
am A, B e C os sedimentos trazidos pelos rios Incomáti,
Umbelúzi e Maputo.
Entende-se por Caudal dum rio a quantidade de água que passa numa secção desse rio na unidade de tempo
(m3/s). Quanto maior o caudal, maior a velocidade das águas do rio, e maior a sua força destrutiva.
A velocidade é determinada por vários factores:
Rugosidade de fundo (do leito);
Forma do canal;
Curvatura do leito;
Inclinação do rio;
Quantidade de água disponível.
A quantidade de água é função de factores climáticos (precipitação, evaporação), vegetação e permeabilidade
dos solos. Quanto maior a inclinação dum leito do rio, maior a velocidade de escoamento da água. A curvatura dum rio
tem tendência a abrandar a velocidade da água, bem como os fundos rugosos (estes têm tendência a tornar o fluxo da água
turbulento). Assim, dentro dum mesmo rio, a velocidade varia de local para local.
Vejamos a Fig. 5.15 que mostra o leito dum rio com curvaturas e três
secções desse mesmo leito em sítios diferentes (A, B e C). Se compararmos as
secções A e C, vemos que elas são idênticas na forma, mas inversas no espaço.
Há uma zona mais profunda e inclinada numa das partes laterais, sendo a outra
mais suave. Acontece que, nestes dois casos, a velocidade é máxima na zona
mais profunda e menor na zona menos profunda. O que acontece então é que na
zona mais profunda, por a velocidade ser máxima, a força Fig. 5.15. Esquema do leito dum rio e de três
secções em sítios diferentes
erosiva é maior, ao passo que na zona menos profunda, a força é menor, havendo então deposição de sedimentos
(sedimentação). Na zona B, a velocidade é máxima na zona central do leito, não havendo erosão/sedimentação
apreciáveis.
Em períodos de cheia, a altura da água é maior do que a do canal, e a água transborda, fazendo aumentar a zona
"molhada" (zona alagada). Assim, as águas espraiam-se pelas margens dos rios, fazendo com que a velocidade diminua.
Esta diminuição de velocidade faz com que os sedimentos transportados pelas águas se depositem e esta a razão porque
os terrenos que sofreram cheias são normalmente extremamente ricos para a agricultura.
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A importância geológica das águas subterrâneas pode ser vista pelos seguintes aspectos:
i) é uma parte importante do ciclo hidrológico (ver adiante ponto 2.3.4);
ii) provoca trabalho geológico dissolvendo e depositando substâncias no subsolo;
iii) fornece aos seres vivos (incluindo o Homem) parte importante das suas necessidades em água;
iv) é um factor importante no controlo da distribuição da vegetação.
O papel geológico da água subterrânea é enorme. Todos já ouvimos falar em grutas e cavernas subterrâneas,
que ocorrem normalmente em formações calcárias. Em Moçambique, na Província de Inhambane, região de Jofene, há
inúmeras cavernas calcárias. Na África do Sul, as famosas grutas de Sudwala (Nelspruit-Mpumalanga) e de Kango
(Outdshorn - Cape Province) são exemplos majestosos de cavernas calcárias, que atraem milhares de turistas anualmente.
A Fig. 5.13 mostra as Grutas de Mira d'Aire, em Portugal.
Como se pode bem entender, o trabalho principal das águas subterrâneas na formação das grutas é um trabalho
de dissolução/corrosão, ou seja, de remoção de material e transporte do mesmo em solução para outros locais, onde se
deposita por precipitação. Este material precipitado pode dar origem às famosas estalactites e estalagmites, bem como
pode ser depositado entre grãos soltos de sedimentos, servindo assim de cimento para os consolidar, transformando-os
em rochas sedimentares consolidadas.
As águas subterrâneas também originam fenómenos de substituição química/mineral, dando origem às
pseudomorfoses de que falámos no Capítulo III. As famosas madeiras petrificadas resultam dum processos destes, em
que a matéria lenhosa é progressivamente substituída por sílica. Um exemplo é o tronco fossilizado à entrada do
Departamento de Geologia da UEM proveniente duma floresta petrificada do Mágoè (Província de Tete), hoje em grande
parte submersa pelas águas de Cahora Bassa.
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O principal interesse geológico das marés é o seu poder erosivo. A diferença de nível entre
marés pode atingir 20 metros (Baía de Fundy, Canadá, entre a Nova Escócia e a Nova Inglaterra), 12
metros (Baía de Malo, na Bretanha em França), ou, como é habitual, entre 2 e 3 metros. A velocidade
das águas durante as marés podem atingir os 28 km/h.
Em locais planos junto ao mar, onde há grandes diferenças de nível entre marés, pode acontecer que o fluxo
dos rios inverta e a água dos rios comece a subir para montante em vez de descer a jusante.
A acção transportadora dos rios é grande. Algumas experiências mostram que água a uma velocidade de 1
km/h pode transportar areia de grão médio, enquanto que a 5 km/h, já transporta cascalho com 2 cm de diâmetro.
As ondas são movimentos da água provocados pela acção dos ventos. Ao se aproximarem das costas, as ondas
quebram e batem com toda a força. A Fig. 5.21 mostra como a forma das ondas evolui desde o mar aberto até à costa.
As ondas geram uma acção de limpeza em todas as costas onde batem. Todos nós percebemos a capacidade
que o mar tem de modificar permanentemente as costas. Vejamos a erosão que o mar estava a fazer junto ao Clube Naval
em Maputo, em que foi necessária a intervenção humana para conter o avanço do mar (Fig. 5.22). O mesmo aconteceu
na Costa do Sol em frente ao restaurante.
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É interessante notar que a dureza do gelo é muito variável, consoante a temperatura a que se
encontra. Assim, a 0°C, a dureza é de 1-2 (talco-gesso), mas a –50°C a dureza é 6 (ortoclase).
O gelo é muito pouco resistente às tensões e por isso move-se e deforma-se facilmente. O
movimento dá-se por acção da gravidade e acontece quando as camadas mais inferiores do gelo sobre o
substrato rochoso fundem. Neste caso, os movimentos são lentos. Há, contudo, movimentos rápidos, a que
se dá o nome de avalanches (Fig. 5.27).
Como resultado do seu movimento, os glaciares apresentam à sua superfície inúmeras fendas,
algumas das quais chegam a atingir 100 metros de profundidades. O movimento dos glaciares pode ser posto
em evidência através dum método simples, como ilustra a Fig. 5.28. Também a mesma figura mostra que a
velocidade do movimento do glaciar varia:
a) é maior na parte média (100 m/ano) do que nos flancos;
b) é maior à superfície que no fundo;
c) aumenta com o declive.
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Todos estes fenómenos de fusão levam a que as águas resultantes desçam até ao
fundo, constituindo a torrente subglaciar.
Os glaciares e acumulações de gelo atingem o seu máximo sobre a Antártida e
sobre a Gronelândia. Assim, no continente austral a espessura ultrapassa os 4000 metros
e na Gronelândia ultrapassa os 3000 metros.
A acção geológica dos glaciares é imensa, desde a erosão, ao
transporte e à sedimentação. Como se pode bem imaginar, o
deslocamento de milhões de toneladas de gelo sobre um substrato
rochoso provoca um desgaste imenso (erosão), levando ao arranque
de enormes quantidades de rochas e polindo o substrato onde o gelo
se desloca. Também o substrato fica riscado pelo arrasto dos blocos
de rocha. Assim, o aparecimento de superfícies rochosas polidas e
estriadas são indicativas de antigos leitos de glaciares. Por outro lado,
os vales onde em tempos fluiram glaciares têm a forma de um U (Fig.
5.29), em contrapartida aos vales dos rios, que têm a forma de um V.
O transporte de sedimentos pelos glaciares dá-se tando à superfície, nos Fig. 5.29. Vale glaciar em U
bordos e no fundo, sendo nestes últimos dois locais onde o transporte é maior, por
ser aí que se dá o contacto gelo/rocha. A carga aqui transportada é geralmente da
dimensão de areia e de silt. Por seu lado, a carga de superfície tem origem na queda
de material das encontas dos pontos mais altos do vale, e aí as
dimensões dos sedimentos podem ser enormes (algumas toneladas),
chamando-se blocos erráticos (Fig. 5.30).
A deposição dá-se quando o gelo derrete. Assim, a maior
parte dos depósitos glaciares concentra-se na foz dos glaciares, isto é,
na sua parte terminal. A acumulação de depósitos glaciares tem o nome
de moreias, e podem ser moreias terminais ou moreias laterais.
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Na Terra há vários reservatórios de água: oceanos, rios, lagos, glaciares, espaços no subsolo, a
atmosfera e a biomassa (seres vivos), dos quais os oceanos contêm a maior parte da água (1350x10 6 km3).
A água é anualmente transferida de reservatório para reservatório, mas a quantidade total de água
mantém-se constante e em equilíbrio
A água que se evapora anualmente dos oceanos, 361x103 km3/ano (equivalente a uma camada de
água de 1 metro de espessura), é superior à quantidade de precipitação anual sobre os oceanos (324x10 3
km3/ano). O excesso (37x103 km3/ano) é levado para cima dos continentes pela atmosfera.
Sobre os continentes, ocorre o oposto: mais água cai (99x103 km3/ano) do que sai pela
evapotranspiração (62x103 km3/ano). A evapotranspiração engloba as perdas de água por evaporação e por
transpiração dos seres vivos.
O ciclo fecha-se e equilibra quando os rios removem o excesso de água (37x10 3 km3/ano) para os
mares e oceanos. Por seu lado, os glaciares, ao derreterem, contribuem com água líquida que tende a ir
também para os oceanos.
Os processos vulcânicos, contudo, adicionam continuamente ao ciclo quantidades de vapor de água
de que não se sabem os valores.
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Fig. 5.34. Imagem de coral e localização geográfica da Grande Barreira de Coral na Austrália
2.4.3. O Homem
A acção humana tanto pode ser demolidora como construtora, e de impedimento da actuação dos
agentes da Geodinâmica Externa.
Como acção demolidora, falamos da abertura de túneis, de minas, de canais, de estradas, etc. A
construção de barragens cria lagos artificiais a montante e diminuição de caudais a jusante, com
consequências graves para o ambiente. As desflorestações, quer para o fabrico de carvão de lenha, quer
para a abertura de machambas, ou ainda exploração de madeira (Amazónia) contribuem para um aumento
da desertificação do planeta, aumentando a erosão. Também o cultivo irracional e intensivo provoca a
esterilização de terrenos, aumentando também o grau de erosão.
No entanto, o Homem empreende também acções de correcção da Natureza, como seja na
correcção dos leitos dos rios, na luta contra a desertificação através da arborização, na protecção de costas
(Fig. 5.22). A recente obra de engenharia na barreira da Malanga em Maputo, é um exemplo de construção
para deter a erosão por parte dos agentes atmosféricos.
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9. INTRODUÇÃO
Nos capítulos anteriores olhámos para as características gerais da Terra - a sua superfície sólida,
as camadas líquida, gasosa, de gelo. Examinámos a crusta, composta de minerais e rochas, e os mecanismos
que se processam no seu interior - magmatismo, metamorfismo, tectónica de placas. Fizemos referência aos
agentes da geodinâmica externa, isto é, aqueles que modelam a superfície da Terra.
Vamos agora examinar os processos externos em mais detalhe, ou seja, aqueles que são mais
directamente observáveis pelo Homem. Estes processos formam uma cadeia em que as rochas são partidas,
transportadas como sedimentos que são posteriormente depositados para formar camadas (estratos) que se
transformam em rochas sedimentares.
É por isso lógico começar com os processos de meteorização e erosão, através dos quais as rochas
são desintegradas e decompostas, resultando em fragmentos que iniciam uma viagem encostas abaixo, ou
formando solos. Vamos começar pela meteorização.
10. METEORIZAÇÃO
Entende-se por meteorização o conjunto dos processos de decomposição
química e degradação física que os materiais rochosos sofrem quando expostos ao ar,
humidade e matéria orgânica.
Desde há muito que os povos têm procurado rochas duráveis
para a construção de edifícios, túmulos e outras estruturas, mas o
sucesso tem sido variado. A durabilidade duma rocha varia com o clima,
composição, textura e grau de exposição aos agentes atmosféricos. Se
as pedras tumulares começam a degradar-se ao fim de alguns séculos
(Fig. 6.1), o que se passará com rochas expostas ao longo de milhares
ou milhões de anos?
Duma forma rápida ou lenta, a alteração química e física ocorre em qualquer
ponto em que a litosfera esteja em contacto com a atmosfera. Contudo este contacto
não é nítido, não sendo por isso uma superfície de contacto, mas sim uma zona de Fig. 6.1. Pedra tumular
contacto, com uma determinada espessura/profundidade. Ela estende-se a qualquer (Canadá) de há 180 anos
atrás
profundidade em que o ar e a água possam penetrar. Nesta zona crítica, tanto a
biosfera como a hidrosfera jogam um papel importante.
A zona de alteração físico-química das rochas constituí uma rede porosa, cheia de fracturas,
fissuras, poros e outros tipos de aberturas, algumas delas muito pequenas, mas em que no cômputo global
tornam a rocha vulnerável. Esta rede de espaços abertos é constantemente atacada física e quimicamente
por soluções aquosas. O resultado, ao fim de tempo suficiente, é uma alteração geral da rocha.
Uma vez exposta à atmosfera, nenhuma rocha escapa à meteorização
(seja rocha natural, seja estrutura feita pelo Homem). Isso é visível em cortes
abertos para a construção de estradas. É frequente verem-se situações como as
ilustradas na Fig. 6.2 em que, na parte de baixo se vê rocha fresca, inalterada (1),
que gradua imperceptivelmente para cima para rocha já atacada quimicamente
mas que ainda preserva a sua estrutura (2) e, mais para cima ainda, gradua para
material, normalmente solto - rególito, em que a estrutura da rocha já não é visível
(3) (entende-se por rególito a cobertura de partículas rochosas soltas, não
cimentadas, que geralmente cobre as rochas frescas).
No caso da Fig. 6.2, o rególito foi formado in situ por alteração da rocha
subjacente. Diz-se por isso que o rególito é residual. Em muitos lugares, contudo, o
rególito é tão diferente da rocha subjacente, que não poderá ter resultado da
alteração dessa mesma rocha subjacente. Em seu lugar, o rególito residual original Fig. 6.2. Perfil de meteorização
mostrando a gradação
foi carregado para outro local e em seu lugar depositado um outro rególito. Tanto a ascendente re rocha fresca para
rególito.
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remoção do rególito original, como a deposição do outro podem ter acontecido por
acção do mesmo agente.
2.1. PROCESSOS DE METEORIZAÇÃO
Se pudéssemos olhar de perto para a rocha fresca (1) da Fig. 6.2 (parte basal), veríamos que as
superfícies de clivagem dos feldspatos brilhariam entre os grãos de quartzo. Um pouco mais para cima (2), essas
superfícies de clivagem estariam mais baças e cobertas duma patina. Perto do topo (3), verificar-se-ia que os
grãos de quartzo (ainda visíveis) estariam separados por uma material terroso que de modo nenhum se
assemelha ao feldspato que foi grandemente decomposto. Evidentemente que estas mudanças foram
fundamentalmente de origem química e resultam da meteorização química que é a decomposição das rochas.
Contudo, em alguns lugares, o rególito consiste de fragmentos idênticos à rocha fresca adjacente. Os
grãos dos minerais estão frescos ou só muito ligeiramente alterados. Este tipo de rególito é frequente na base de
falésias, donde os detritos obviamente provêm. Quando comparados com a rocha fresca, os fragmentos mais
grosseiros mostram pouca ou nenhuma alteração química, implicando que a rocha fresca pode ser partida
fisicamente e não só quimicamente alterada. Se bem que se considere a meteorização mecânica (ou física) a
desintegração das rochas, os dois processos ocorrem sempre em simultâneo e os seus efeitos misturados. Pode
acontecer que, em determinadas situações, a alteração química seja mais forte que a alteração física, ou vice-
versa, mas em qualquer das situações, os dois tipos de alteração ocorrem em conjunto.
2.1.1. Meteorização Mecânica
Em muitos locais, o rególito consiste totalmente de detritos rochosos idênticos em tudo à rocha
fresca. A alteração química poderá ser virtualmente não detectada, levando-nos a inferir que os processos de
meteorização responsáveis por tal rególito tenham sido predominantemente mecânicos e não químicos.
A desintegração mecânica é frequente na natureza e pode ocorrer devido aos seguintes fenómenos:
Remoção da carga sobrejacente;
Crescimento de gelo e cristais de sal em fracturas;
Efeitos do calor;
Actividades dos animais e plantas.
a) Efeitos da remoção da carga sobrejacente
Massas de rocha soterradas em grandes
profundidades abaixo da superfície terrestre, estão sujeitas a
enormes pressões confinantes devido ao peso das rochas
sobrejacentes.
À medida que a erosão vai despindo a superfície, o
peso e a pressão são reduzidos. A rocha pode ajustar-se a esta
descarga expandindo-se para cima. Quando isso acontece,
desenvolvem-se fracturas à superfície como diaclases muito
próximas umas das outras. As diaclases muitíssimo raramente
ocorrem isoladas. Geralmente ocorrem em conjuntos de
diaclases. Fig. 6.3. Diaclases em folha num afloramento de granito
na região do Muiane, Alto Ligonha, Zambézia (1974)
As diaclases que se desenvolvem paralelamente à superfície podem originar enormes
placas de rochas sobrepostas umas por cima das outras (Fig. 6.3). Perto da superfície, estas
placas têm espessura não acima dos 10 cm, mas à medida que se desce em profundidade,
esse valor aumenta, desaparecendo as diaclases normalmente abaixo dos 50 metros de
profundidade.
Quando se estava a escavar os túneis/cavernas para albergar as infra-estruturas da Barragem de
Cahora Bassa, acontecia ouvirem-se enormes estrondos, resultado da abertura de diaclases por alívio repentino
da pressão.
b) Crescimento de Cristais
A água subterrânea, percolando através das fracturas e poros das rochas, contém iões que podem
precipitar da solução aquosa para formar sais.
A força exercida pelo crescimento dos cristais de sal dentro das aberturas das rochas ou ao longo
dos contactos entre os grãos pode ser enorme e resultar na desagregação/ruptura das rochas.
ciii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Estes efeitos são bastante comuns nos desertos, em que a precipitação dos sais se deve à
evaporação da água subterrânea que sobe à superfície.
civ
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
A chuva ácida que cai nas cidades industriais também pode atacar
as pedras dos edifícios. Ao precipitarem, os sais cristalizam e podem
desfigurar e enfraquecer edifícios e monumentos culturais importantes (Fig.
6.4).
Em regiões climáticas onde as temperaturas flutuam à volta do
ponto de congelamento durante parte do ano, a água do solo/subsolo é sujeita
a congelamento e degelo periódicos. Quando a água gela para formar gelo, o
seu volume aumenta cerca de 9%. Por outro lado, à medida que o
congelamento da água ocorre nos poros da rocha, a água é fortemente
atraída pelo gelo, aumentando assim as pressões dentro da rocha. Isto leva
a um processo de meteorização mecânica muito efectivo, conhecido por frost
wedging, que é a formação de gelo num espaço confinado numa rocha,
forçando assim a rocha a separar-se em pedaços. As altas pressões Fig. 6.4. Monumento em Florença (Itália)
resultantes do aumento de volume quando o gelo cristaliza resultam em atacado pela chuva ácida.
efeitos disruptivos. Estes efeitos são suficientemente fortes para separar não
só pequenas partículas, como também enormes blocos de rocha, alguns com
algumas toneladas (Fig. 6.5).
c) Efeitos do Calor
Alguns geólogos têm especulado que o aquecimento diário duma
rocha exposta ao sol, seguido dum arrefecimento considerável durante a
noite, contribuiria para um efeito destrutivo, uma vez que os minerais
constituintes das rochas expandem de modo diferentes quando aquecidos
(diferentes coeficientes de dilatação). Nas rochas dos desertos foram
medidas temperaturas superficiais de 80ºC, com variações diárias de Fig. 6.5. Expansão causada pelo
temperatura de mais de 40ºC. As rochas de cor escura, como os basaltos, congelamento da água numa fractura. À
direita, blocos de granito como resultado
e as rochas que não são boas transmissoras de calor, são as que atingem desse processos
maiores temperaturas superficiais, enquanto que o seu interior fica a
temperaturas muito mais baixas.
Contudo, apesar dum certo número de experiências laboratoriais, ninguém demonstrou até agora
que o aquecimento e arrefecimento alternados e contínuos tenham efeitos consideráveis nas rochas. Porém,
as experiência foram conduzidas em intervalos de tempo muito breves. É bem possível que a desintegração
térmica só ocorra após repetidas flutuações extremas de temperatura ao longo de muitas centenas ou
milhares de anos.
No entanto, o fogo pode ser muito efectivo, pois todos conhecemos os estalidos das rochas à volta
duma fogueira quando sobreaquecidas. O calor dos fogos de florestas e das queimadas levam à separação
das rochas em grandes placas. Uma vez que as rochas, em geral, são más condutoras de calor, um fogo
intenso só vai sobreaquecer a camada superficial das rochas, que se expande e se separa. Assim, ao longo
de intervalos do tempo geológico, os fogos podem contribuir significativamente para a desagregação
mecânica das rochas superficiais.
d) Plantas e Animais
As sementes germinam nas fracturas das rochas originando plantas que
expandem as suas raízes dentro dessas fracturas. À medida que as árvores crescem,
as suas raízes vão afastando os blocos separados pelas fracturas. Do mesmo modo
elas destróiem os passeios (Fig. 5.33), muros de jardins e mesmo edifícios (Fig. 6.6).
As grandes árvores balançando ao vento podem alargar as fracturas (efeito
de alavanca) e, se arrancadas, podem inclusivamente levantar as rochas. Se bem
que seja difícil de calcular, a quantidade total de rocha partida por estes processos
deve ser muito grande. O processo é mascarado pela alteração química, que toma
vantagem das novas aberturas e espaços assim que eles são formados.
Alguns animais (roedores e formigas) trazem à superfície partículas
Fig. 6.6. Raízes de árvores
rochosas parcialmente decompostas/desagregadas), expondo-as mais destruindo as ruínas de
intensamente à acção química. Ankor, Camboja
cv
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Há mais de 100 anos atrás, Charles Darwin fez observações cuidadosas no seu jardim e calculou
que anualmente as minhocas trazem à superfície 2.5 kg/m 2 de partículas. O geólogo J.C. Banner, estudando
a bacia do Amazonas, escreveu que "… o solo ali parece ter sido completamente posto de pernas para o ar
pelas formigas e térmites…".
Se bem que estes animais não destruam as rochas (como os descritos no Tema 5, ponto 2.4.1.), a
quantidade de rocha desagregada movimentada por eles ao longo de milhões de anos deve ser enorme, o
que comprova o efeito cumulativo de pequenas forças actuando por longos períodos de tempo geológico.
H2 O CO 2 H2 CO 3
Ao se movimentar pelo solo, tanto lateralmente como em sentido descendente, estas soluções ácidas
são fortalecidas pela adição de mais CO2 libertado pelos restos vegetais em apodrecimento. O ácido carbónico
ioniza para dar origem a iões bicarbonato (HCO3-1) e iões hidrogénio (H+1), que são muito efectivos na
decomposição de minerais:
cvi
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
constituinte das rochas mais estável e que sofre pouca decomposição durante a meteorização. Contudo, com o
decorrer do tempo, o quartzo vai sendo progressivamente dissolvido.
O ferro é um elemento comum em muitos dos minerais constituintes das rochas: biotite, augite e
hornblenda, por exemplo. Quando ele é libertado durante a meteorização, ele rapidamente passa da forma de
ferro ferroso (Fe+2) a ferro férrico (Fe+3), se houver oxigénio presente. O resultado é o aparecimento dum novo
mineral de ferro - a hematite (Fe2O3):
4FeO O 2 2Fe 2 O 3
Se a água estiver presente, forma-se um outro mineral pela absorção de água pela estrutura cristalina
- hidratação. O mineral formado é um óxido de ferro hidratado - a goethite:
Tab. 6.1. Meteorização química de dois grandes grupos de rochas ígneas: granito e basalto
CONSTITUINTES PRIMÁRIOS PRODUTOS DE METEORIZAÇÃO
Minerais Minerais primários Catiões
Minerais Catiões Colóides
secundários que persistem lixiviados
Feldspatos K+1 Na+1 Sílica, alumina Minerais de argila Na+1
GRANITO
Na+1
Minerais ferro- Sílica, alumina Minerais de argila
Mg+2 Fe+2 Ca+2
magnesianos
Óxidos de ferro Hematite, goethite Mg+2
Magnetite Fe+2
As rochas carbonatadas, como os calcários, são meteorizadas de modo diferente. O calcário consiste
fundamentalmente de carbonato de cálcio (CaCO3), que só é ligeiramente solúvel em água pura, mas que sofre
uma forte reacção em presença de água com ácido carbónico dissolvido:
Os iões cálcio e bicarbonato são lixiviados, deixando para trás só as impurezas praticamente insolúveis
(principalmente quartzo e argilas) que estão sempre presentes em pequenas quantidades nos calcários. À
medida que o calcário é meteorizado, deixa para trás um rególito constituído por quartzo e argilas.
cvii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
d) Orlas de meteorização
Se se partir um calhau rolado de basalto, o que geralmente se observa
é uma orla descorada envolvendo uma zona interior mais escura de rocha fresca
(não alterada, Fig. 6.7). A observação microscópica revela que a orla consiste de
resíduos resultantes de meteorização química. Este tipo de orla é comum na
maioria dos tipos comuns de rochas. Com o tempo, a orla aumenta de espessura
em direcção ao interior, atacando progressivamente o núcleo de rocha fresca.
Como resultado, os geólogos descobriram que a espessura destas orlas é uma
medida útil da idade relativa dos sedimentos que contêm fragmentos do mesmo Fig. 6.7. Calhau rolado de basalto
com orla de alteração com 2 mm de
tipo de rochas e que ocorrem nos mesmo ambientes climáticos. espessura
certos caso há uma só camada de exfoliação, mas podem haver até cerca de 10 ou mais. As
camadas mais externas tendem a ser paralelas aos planos de diaclases e relativamente
planas, mas as mais interiores são progressivamente mais esferoidais à medida que os cantos
se tornam cada vez mais arredondados.
O fenómeno de exfoliação tanto pode ocorrer à
superfície como em profundidade, como o provam cortes de
estradas recentemente abertos. O processo não é exclusivo
dum determinado tipo de clima, mas é mais frequente em
climas secos, em que se podem ver paisagens cobertas por
blocos esferoidais (Fig. 6.9), muitas vezes dispostos em fiadas,
uma vez que eles são controlados por diaclases.
Neste ponto, devemos ter em conta dois aspectos
principais:
i. Primeiro, a efectividade das reacções químicas aumenta com
Fig. 6.9. Blocos arredondados de granito,
o aumento da área de rocha disponível para as reacções. Montes Air, Níger
ii. Segundo, este aumento da área resulta simplesmente da
subdivisão de grandes blocos em blocos mais pequenos.
Pela simples subdivisão dum cubo sem aumento de volume (Fig. 6.10), a área é grandemente
aumentada. Esta subdivisão repetida leva a resultados espantosos. Assim, um centímetro cúbico de rocha partido
em fragmentos da dimensão de grãos de argila origina um agregado com uma superfície de 4000 m 2. A
meteorização, por si, leva a uma subdivisão, a qual por seu lado favorece a meteorização.
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A taxa de meteorização duma rocha é influenciada não só pela sua composição mineral, mas também
pela sua textura e estrutura. Mesmo que uma rocha seja constituída inteiramente por quartzo (quartzito, por
exemplo) mas que contenha diaclases e outras fracturas, pode desagregar-se rapidamente, especialmente se
atacada por processos de congelamento de água.
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cx
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d) Tempo
Estudos da decomposição de pedra de edifícios antigos mostram que são necessárias centenas ou
milhares de anos para que as rochas duras se decomponham só alguns milímetros.
Os granitos e outras rochas duras da Nova Inglaterra, Escandinávia, Alpes e outros
locais ainda apresentam superfícies polidas causadas por glaciares há 25.000-10.000 anos
atrás. Em climas assim frios, leva muitas dezenas de milhares de anos, no mínimo, para
originar um rególito como o mostrado na Fig. 6.2. Contudo, em regiões que estiveram
continuamente expostas aos processos de meteorização por milhões de anos, a zona de
meteorização atinge maiores profundidades. Em algumas áreas tropicais, as operações de
mineração subterrânea puseram a descoberto zonas de rocha meteorizada a profundidades
de mais de 100 metros.
As velocidades a que as rochas se meteorizam foram determinadas de várias maneiras. Primeiro, foram
realizadas experiências em que a sua duração dá um controle temporal, em que os processos foram acelerados
com o aumento de temperatura, com o aumento do conteúdo de água e com a diminuição do tamanho das
partículas. Segundo, outros estudos sobre o grau de meteorização foram feitos em edifícios dos quais se conhece
a sua idade histórica. Terceiro, também foram feitos estudos de datação radiométrica em rochas e sedimentos
que foram sujeitos à meteorização durante milhares ou milhões de anos, o que fornece uma estimativa das
velocidades médias de meteorização durante intervalos de tempo muito grandes. Tais estudos sugerem que as
velocidades dos processos mais meteorizantes diminuem com o tempo (Fig. 6.13).
Os resíduos resultantes da meteorização das rochas tendem a ser quimicamente estáveis, por isso é
muito provável que a sua remoção da zona meteorizada seja mínima. À medida que estes produtos se acumulam,
a velocidade de meteorização tende a diminuir, mas até que a velocidade de meteorização atinja um valor
constante pode durar meio milhão de anos ou mais.
11. SOLOS
3.1. ORIGEM
A degradação física e química das rochas sólidas por processos de meteorização é o passo inicial
para a formação dos solos. Contudo, o solo também contém, pelo menos um pouco mas geralmente bastante
matéria orgânica misturada com os componentes minerais (inorgânicos). Esta fracção orgânica é uma parte
essencial da definição usual de solo: parte do rególito que pode suportar plantas com raízes.
A matéria orgânica dos solos provém da matéria vegetal em decomposição, parcialmente através
da actividade das bactérias.
As plantas vivas alimentam-se de matéria vegetal em decomposição no solo, bem como de matéria
mineral decomposta (formada pela meteorização química), que é trazida para cima pelas soluções aquosas
através das raízes. Assim, as plantas estão envolvidas na produção dos seus próprios fertilizantes. Estas
actividades representam um ciclo contínuo de nutrientes entre o rególito e a biosfera. Com a sua composição
parcialmente orgânica e parcialmente mineral, o solo constitui uma ponte importante entre a litosfera e a biosfera.
Para as pessoas, solo significa comida e, por isso, é um recurso natural fundamental para qualquer país.
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A força que faz as partículas movimentarem-se é a gravidade, que persistentemente puxa os detritos
de rocha à superfície da Terra.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Fig. 6.15. Efeitos da gravidade numa rocha assente sobre uma encosta
Queda
Avalanche
Deslizamento
Fluxo
Slump
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A observação de várias
rochas clásticas mostra que os
grãos constituintes podem ser
angulosos, arredondados, sub-
arredondados ou sub-angulosos
(Fig. 6.17). O grau de
arredondamento é indicativo do
grau de transporte que os
sedimentos sofreram antes de
serem depositados. Assim, uma
rochas de grãos arredondados é
formada a partir de sedimentos que
sofreram um longo transporte. Fig. 6.17.Esquema ilustrando a esfericidade e o arredondamento dos grãos
5.2.1. CONGLOMERADOS
Como se pode ver da tabela anterior, os conglomerados são constituídos por partículas com mais
de 2 mm de diâmetro, dispersas no seio duma matriz (cimento) de composição variada: carbonática, siliciosa,
ferruginosa ou mistura destas.
As partículas que compõem os conglomerados podem ser de várias origens:
calcários, xistos, granitos, gneisses, etc. Ou seja, os sedimentos que originam os
conclomerados são fragmentos de rochas e não minerais individuais.
Acontece que as partículas podem ser arredondadas ou angulosas. Assim, os conglomerados
chamam-se pudins ou brechas. Na Fig. 6.18 mostram-se imagens dum pudim, duma brecha e dum calhau
rolado de granito (tamanho dum seixo) que no futuro poderia vir a fazer parte dum pudim.
A B C
Fig. 6.18. Conglomerados. A. Brecha; B. Pudim; C. Seixo de granito
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A B C
Fig. 6.20. Vários tipos de arenito. A. Arenito carbonoso; B e C. Quartzitos
cxviii
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A B C
Fig. 6.22. Exemplos de bauxites (A e B) e de Laterite (C)
CaCO3 + 2HCl CaCl2 + H2O + CO2 CaCO3 + H2SO4 CaSO4 + H2O + CO2
com formação de sais de cálcio, água e anidrido carbónico.
No geral, os calcários são rochas brandas e de densidade baixa. A cor é branca, mas devido às
impurezas podem ser de várias cores, incluíndo a negra.
cxix
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Os calcários são facilmente dissolvidos pelas águas gasocarbónicas (com anidrido carbónico
dissolvido), formando bicarbonato de cálcio (solúvel):
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5.3.3. EVAPORITOS
Como o próprio nome indica, evaporitos são rochas que resultam da precipitação de substâncias
dissolvidas na água por evaporação desta. Ocorrem fundamentalmente em climas secos e quentes. São
constituídos principalmente por gesso, anidrite ou sal-gema.
5.4.1. CALCÁRIOS
Os calcários de origem biogénica são constituídos por conchas ou fragmentos de
conchas de gasterópodes, lamelibrânquios, foraminíferos, por fragmentos de pólipos de
corais e por espículas de espongiários (calcários zoogénicos) e por acumulações de algas
calcárias (calcários fitogénicos). Em termos de propriedades, são idênticas às dos calcários
descritos nas rochas clásticas.
Algumas variedades destes calcários são:
cxxi
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5.4.2. CARVÕES
Os carvões são rochas que derivam da acumulação de restos de
matéria vegetal morta, que, por soterramento, se vão progressivamente
alterando por acção da temperatura e pressão.
Ao conjunto das alterações que a matéria vegetal sofre para dar
carvão chama-se incarbonização.
Quando a matéria vegetal morre dá origem à turfa, que é a
acumulação dessa matéria morta. A incarbonização provoca um
enriquecimento progressivo em carbono e uma diminuição do conteúdo de
Fig. 6.27. Carvão visto ao microscópio
voláteis, até que, na fase final, se origina grafite.
Ao se observar um carvão ao microcópio (Fig. 6.27), verifica-se
que eles são constituídos por numerosos detritos vegetais. Estes
constituintes vegetais têm o nome de macerais.
Como atrás se disse, a matéria de partida para a formação do
carvão é a turfa. À medida que a turfa vai sendo soterrada, começa
imediatamente o enriquecimento em carbono e o empobrecimento em
voláteis, bem como a compacção aumenta. Assim, a turfa deixa de ser
turfa e passa a lignite. Os estágios seguintes são os de carvão
betuminoso e antracite (Fig. 6.28), terminando na grafite.
No carvão, além dos constituintes orgânicos (macerais) é
comum encontrarem-se percentagens variáveis de minerais, os mais
comuns dos quais são as argilas, o quartzo, os carbonatos, os sulfuretos, Fig. 6.28. Antracite
etc.
5.4.3. HIDROCARBONETOS
Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos de
estruturas moleculares de complexidade variada, e que podem
ocorrer no estado sólido (betumes), líquido (petróleo) ou gasoso
(gás natural). Muitas vezes estes três tipos de hidrocarbonetos
aparecem associados entre si, juntamente com água salgada.
Os hidrocarbonetos são gerados por decomposição
anaeróbica de restos vegetais e animais.
Fig. 6.29. Exemplo dum jazigo de hidrocarbonetos
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As rochas sedimentares são muito frequentes em Moçambique (Fig. 6.30), ocupando praticamente
todo o sul do Save, a zona centro-costeira, a costa das províncias nortenhas e ainda manchas no interior do
País: Tete e Niassa.
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14. INTRODUÇÃO
Nas vastas áreas cobertas de areia dos desertos (Fig. 7.1), o vento é o agente da geodinâmica
externa mais importante.
Os desertos da Terra ocorrem num cinturão localizado entre as latitudes 20º e 40º a norte e sul do
Equador. No hemisfério sul os desertos maiores encontram-se na África Austral e Austrália, ao passo que no
hemisfério norte eles encontram-se no oeste dos EUA, na África do Norte, Península Arábica, Irão e China.
Elas representam cerca de 25% do total de terras emersas (sem falar nas regiões polares).
Apesar de a palavra deserto significar literalmente uma área desocupada e não cultivada, os
desesenvolvimentos tecnológicos actuais têm permitido abastecer artificialmente de água algumas regiões,
tornando-as habitáveis. Assim, deserto passou a definir-se como uma terra árida, “deserta” ou não, em que
a precipitação anual é < 250 mm ou em que a evaporação é superior à precipitação, ou seja, a aridez é a
característica típica dos desertos.
Além dos desertos, há várias regiões do mundo em que a precipitação anual varia entre 250 e 500
mm, que são zonas semi-áridas, normalmente à volta dos desertos, como se pode ver na Fig. 7.1.
O vento só tem efeito como agente da geodinâmica externa se houver à disposição material que
possa ser transportado. Por isso, a acção do vento é importante ao longo das costas, vulcões e desertos.
15. MOVIMENTOS DO AR
O ar move-se principalmente como resposta a variações de pressão na atmosfera e aos efeitos de
arrasto entre o movimento de rotação da Terra e a atmosfera.
Uma vez que a Terra roda de W E, as principais correntes de ar a grandes altitudes também fluem
nesse sentido. A altitudes mais baixas, as direcções do vento são infuenciadas por células de baixas e altas
pressões sobre os continente e oceanos. As baixas pressões formam-se sobre terra e mares quentes (equador e
zonas tropicais). À medida que o calor é transferido para o ar, este torna-se mais quente e por isso menos denso,
tendo tendência a subir. Quando sobe, o ar das regiões vizinhas é puxado para essa zona devido à diminuição de
pressão. Esse ar vem das regiões mais frescas (zonas temperadas e polares) que, por estar mais frio, é mais
denso e se encontra a altitudes menores.
A rotação da Terra interfere com estes movimentos. O efeito de Coriolis faz com que qualquer corpo
que se mova livremente em relação à Terra em rotação, inflecte para a direita no hemisfério norte e para a esquerda
no hemisfério sul, independentemente da direcção em que esse corpo se mova.
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Sob as condições extremas que caracterizam os tufões e ciclones, em que os ventos sopram acima
de 100 km/h, grandes objectos podem ser transportados pelo vento.
Os centros dos tornados são colunas de pressões muito baixas de ar rapidamente ascendente (Fig.
7.4). Os ventos rodam à volta desta coluna a altas velocidades e o ar flui em espiral à volta desta
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C
Fig. 7.6. A e B. Movimentos de grãos por acção dos
ventos. C. Superfície de areia com ripples.
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B
As partículas mais finas no ar – poeiras e fumo –
são levadas a muito maiores altitudes e duma maneira
diferente que o normal das partículas. As poeiras e fumos
são muitas vezes compostas de partículas finas e
achatadas, com uma área de superfície muito grande em
relação ao seu peso. Isto torna possível as correntes
ascendentes carreguem-nas também para cima, facilmente
contrariando a força da gravidade. Quando há erupçõs
vulcânicas, as poeiras e cinzas vulcânicas expelidas Fig. 7.7. Grãos polidos e picotados por acção do vento
pela força da explosão são levadas para cima e podem manter-se nos níveis superiores da atmosfera por muitos anos e
5.1. DUNAS
As dunas são elevações ou ripples de areia depositados pelo vento. Geralmente uma duna
forma-se onde um obstáculo impede o fluxo normal de ar. A velocidade do vento a um ou dois metros do chão
é largamente influenciada por qualquer irregularidade que este chão tenha. Ao encontrar um obstáculo, o
vento rodeia-o pelos lados e por cima, deixando atrás do obstáculo uma bolsada de ar de movimento mais
lento. Nestas bolsadas de velocidade mais baixa, os grãos de areia caiem e formam montículos. Os
montículos em crescimento, por seu lado, influenciam o fluxo do ar. À medida que mais areia se acumula, os
montículos juntam-se para formar uma duna.
As dunas são assimétricas. Elas têm
uma encosta inclinada no lado do sentido do
vento, e uma mais suave, do lado de onde o
vento vem (Fig. 7.8). Os grãos de areia movem-
se por saltação pela encosta suave acima até
atingirem a crista da duna. Como a distância que
um grão salta é geralmente inferior ao
Fig. 7.8. Geometria duma duna
comprimento da encosta mais íngreme, os grãos
que passam a crista da duna acumulam-se no topo da encosta íngreme, formando-se aqui um bojo que, a certa altura,
atinge o ângulo crítico de repouso, e a areia desliza pela encosta abiaxo. Este deslizamento leva a que a encosta íngreme
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5.3. LOESSES
Em algumas extensas áreas, os sedimentos depositados Fig. 7.15. Mar de areia do deserto
de Namib
pelo vento são tão espessos e uniformes que constituem um
depósito distinto e controlam as características da paisagem. Estes
depósitos são conhecidos por loess (do Alemão lös = solto) que
se define como silte depositado pelo vento, geralmente
acompanhado de alguma areia e argila finas.
Geralmente o loess é maciço e sem estratificação. As raízes das
plantas, os vermes e outros organismos removeram o sedimento vezes sem
conta durante e desde a sua deposição. Onde exposto, o loess geralmente
apresenta barrancos muito íngremes (Fig. 7.16), como se fosse uma rocha
consolidada. Isto é resultado do grão finíssimo do loess em que a atracção
Fig. 7.16. Loess exposto em Xian,
molecular é muito forte, tornando as partículas muito coesas. A porosidade é China
muito alta, normalmente >50%. Assim, o loess absorve muita água, tornando-
se solos muito produtivos.
Os minerais constituintes do loess são o quartzo, feldspatos, micas e calcite. As
partículas são geralmente frescas e mostram pouca evidência de meteorização química, a
não ser leve oxidação de minerais com ferro que dá ao depósito uma cor amarelada-
acastanhada.
Os loesses apresentam duas características que indicam a sua origem eólica:
a) forma coberturas extensas e uniformes, cobrindo colinas e vales da mesma
maneira e a diferentes altitudes;
b) contém fósseis de plantas e animais terrestres, principalmente determinados
tipos de caracóis terrestres, bem como grandes mamíferos.
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A distribuição dos loesses mostra que a sua principal fonte foram os desertos e
planícies de inundação resultantes da fusão dos gelos glaciares.
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19. INTRODUÇÃO
A Terra é muitas vezes chamada de Planeta da Água, por ser o único planeta do Sistema Solar em
que a água ocorre nos três estados: sólido, líquido e gasoso. Além disso, cerca de 60% da superfície da Terra
é coberta de água. Se bem que hoje não haja rios em Marte, muitas das formas de terreno sugerem a
existência desses rios em tempos idos. Mas em nenhuma parte do Sistema Solar a influência dos rios na
modelação da paisagem é tão importante como na Terra
A maioria dos rios permanentes correm em canais bem definidos que podem ser descritos medindo
a sua largura e a sua profundidade, de modo a desenhar-se uma secção do rio. Assim é possível calcular-se
a área da secção dum rio em vários locais. Se se determinar a velocidade média, é possível calcular o seu
caudal – quantidade de água que passa na secção por unidade de tempo, empressa em volume/unidade de
tempo.
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As formas dos canais e os caudais diferem muito de rio para rio e dentro do mesmo rio. A Fig. 8.3 mostra
que os canais também diferem muito na mesma secção de tempos em tempos, especialmente quando o caudal
muda devido a muita ou pouca precipitação ou a mudanças sazonais. Em parte, a mudança na secção é devida
ao facto de que o nível do rio sobe quando o caudal aumenta, mas em muitos canais a forma e profundidade do
canal também muda. Estas mudanças são resultado de erosão e deposição de material no leito do rio (canal). Os
sedimentos soltos e não consolidados consistem muitas vezes de silte, areia e misturas de cascalho, a que se
chama aluvião. A maioria dos rios corre em canais cortados em aluviões que enchem o fundo dos vales dos rios.
Fig. 8.3. Mudança na forma do canal durante as cheias do Rio San Juan (Utah, EUA), entre Setembro e Outubro de 1941.
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Fluxo de água
A natureza do fluxo da água dos rios sofre
muitas alterações no decurso do seu caminho desde
a nascente até à foz. Nas montanhas, onde a água
está confinada a leitos estreitos em forma de V, cheios
de cascalheira e detritos rochosos, a água A B
literalmente salta, borbulha e espuma durante a sua
descida. Na base das montanhas a água segue um
curso sinuoso. A água torna-se menos turbulenta,
excepto durante as cheias. À medida que o rio se
aproxima do nível do mar, ele segue um caminho C
meandrante numa paisagem plana. A água fluiFig. 8.8. Diversos tipos de fluxo das águas dos rios. A.
Laminar; B. Turbulento; C. de Queda
suavemente só com algumas perturbações
superficiais.
O fluxo da água do rio pode ser calmo ou turbulento.
No primeiro caso, diz-se que o rio tem um fuxo laminar (Fig.
8.8.a) e no segundo que tem um fluxo turbulento (Fig. 8.8.b).
Quando o fluxo muda o declive muito rápidamente, a
espessura de água diminui, passando a ter um fluxo de queda
(Fig. 8.8.c). Um exemplo deste tipo de fluxo é uma cascata (Fig.
8.9).
Fig. 8.9. Quedas de água de Victoria Fall, do lado
Zambiano (1977), também chamadas de Mosi-wa-
Tunya (a água de troveja)
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Todos os rios carregam normalmente os três tipos de carga, mas pode acontecer
que predomine um deles sobre os outros. Por exemplo, os rios do sul de Moçambique, que
correm em planícies e em velocidades relativamente lentas, carregam fundamentalmente
carga em suspensão e em solução, e só muito pouco em carga de fundo. Pelo contrário,
os rios de montanha carregam normalmente carga de fundo.
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Uma outra causa da erosão dos rios são as bolhas de ar que aparecem nas zonas de regime muito
turbulento, como na zona de rápidos e na base de quedas de água e de barragens. As bolhas submersas
sujeitas às grandes pressões da água colapsam e este colapso provoca ondas de choque que podem causar
rápida erosão, mesmo em rochas duras.
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Depósitos Fluviais
Dependendo das condições que originam a deposições, esta ocorre nos canais,
nas planícies de inundação e nos corpos de água em que os rios desaguam.
Os depósitos de canal nos rios que erodem activamente a rocha por onde correm,
tendem a consistir de barras finas de sedimentos pequenos, que se movem no período
seguinte de alto caudal. O preenchimento da maioria dos canais geralmente flutua em
espessura com a variação de caudal e velocidade das águas do rio.
Depósitos de planície de inundação - as águas das
cheias estão muito carregadas de sedimentos devido ao
aumento do seu caudal e velocidade, aumentando assim a sua
capacidade. Quando as água se espraiam sobre as planícies de
inundação, elas passam a movimentar-se mais lentamente. Por
seu lado, encontram no seu caminho uma série de obstáculos,
como árvores, por exemplo, aumentando assim o atrito ao
movimento. Com a diminuição da velocidade devido a estes Fig. 8.16. Secção dum rio mostrando a formação dum
levée natural
factores, ou devido ao fim das cheias, os sedimentos suspensos
assentam, formando uma nova camada de sedimentos na
planície de inundação, importante para a agricultura. Por vezes
acontece que junto às bordas do canal se deposita uma camada
de sedimentos mais grosseiros, a que se chama um levée
natural (Fig. 8.16).
Os depósitos em outros corpos de água são
chamados de deltas, como os do Rio Zambeze e Rio Yukon (Fig.
8.17). Neste caso o canal principal subdivide-se numa série de
canais menores e dispostos dendríticamente que transportam a
água e a carga em suspensão para a superfície do delta, que
geralmente é uma área plana, extensa e pantanosa.
Fig. 8.17. Delta do Rio Yukon, Alaska
As camadas de sedimentos depositadas no topo do delta
(Fig. 8.18) são chamadas de top-set beds. Na frente do delta, os
sedimentos são depositados na encosta (subaquática) formada
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1. DESENHO DE DRENAGEM
Se bem que duas bacias hidrográficas nunca sejam iguais, é possível observar os
mesmos desenhos de drenagem em várias delas. Entende-se por desenho de drenagem
a disposição espacial que a rede de drenagem tem.
O mais comum destes desenhos de drenagem é o desenho dendrítico (Fig. 8.19.a e Fig. 8.1),
comum nas rochas que apresentam resistência uniforme à erosão. Muitas vezes, contudo, um exame atento
dos padrões de drenagem mostra que os rios se ajustam a tendências estruturais tanto à escala local como
à regional. Isto reflecte a tendência dos rios seguirem linhas de fraqueza representadas por diaclases, flhaas
e camadas de rochas brandas. O desenho radial (Fig. 8.19.b) ocorre em vulcões e domos, ou seja, as
nascentes de água do topo do alto topográfico correm em todas as direcções a partir deste topo. O desenho
anelar (Fig. 8.19.c) também ocorre em domos, quando as camadas sedimentares afloram à superfície. O
desenho paralelo (Fig. 8.19.d e Fig. 8.20) ocorre em encostas íngremes pobres em vegetação. Os desenhos
rectangular (Fig. 8.19.e) e angular (Fig. 8.19.f) são controlados por diaclases. O desenho meandrante (Fig.
8.19.g e Fig. 8.21) encontra-se em rios de gradientes muito baixos. O desenho anastomosado (Fig. 8.19.h
e Fig. 8.4) também ocorre em rios de gradientes muito baixos e que carregam mais carga do que conseguem.
Contudo, muitas vezes a drenagem é complexa quando apresenta misturas dos vários tipos de drenagem
(Fig. 8.19.i).
Nas Figs. 8.22 a 8.27 podem ver-se algumas imagens de satélite tiradas pelos astronautas da
Challenger.
A Fig. 8.22 mostra a foz do Rio Púngoè, na Cidade da Beira, sendo possível
observar-se os sedimentos carregados pelas suas águas para as águas do mar.
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Por seu lado, a Fig. 8.23, mostra o Rio Zaire algures no seu percurso, com um leito
nítidamente anastomosado, bem como o seu afluente. Na margem de cima, um afluente
saído dom lago, tem um curso meandrante junto à confluência com o Rio Zaire.
A Fig. 8.24 mostra alguns vulcões em actividade na Etiópia (vê-se o fumo) e a rede
de drenagem radial que parte do topo dos vulcões.
A Fig. 8.25 mostra o Rio Nilo no Vale dos Reis no Egipto, junto a Luxor, com um
traçado meandrante, com afluentes mostrando uma drenagem dendrítica.
A Fig. 8.26 mostra a zona de fronteira entre o Senegal (esquerda) e a Guiné Bissau
(direita), com os Rios Senegal e Cacheu, com traçado meandrante.
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Finalmente a Fig. 8.27 mostra o traçado algo anastomosado do Rio Níger no Mali,
bem como um rio menor de drenagem meandrante.
Fig. 8.21. Rio meandrante Fig 8.22. Imagem da foz do Rio Púngoè,
na Beira, e, à esquerda, parte da foz do
Fig. 8.20. Rio rectilíneo em fractura Rio Búzi.
Fig. 8.24. Montanhas vulcânicas na Etiópia. Fig. 8.25. Vale dos Reis, Egipto. Notar o
Fig. 8.23. Rio Zaire, com drenagem Notar os fumos dos vulcões e a drenagem traçado meandrante do Rio Nilo e
anastomosada radial a partir do topo dos montes. adrenagem dendrítica dos seus
afluentes.
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22. INTRODUÇÃO
A água do mar cobre 71% da superfície da Terra. Cerca de 40% do Hemisfério Norte é terra,
enquanto que no Hemisfério Sul só há 20% de terra. Este distribuição irregular da terra e das água joga um
papel importante na definição dos caminhos que as águas percorrem nos oceanos.
A profundidade maior medida até hoje é de cerca de 11 km, perto da Ilha de Guam no Oceano
Pacífico Ocidental, sendo a profundidade média do mar de cerca de 3.8 km. Sabendo a área dos oceanos e
a profundidade média, é possível calcular o volume de água do mar, que é cerca de 1,35 biliões de km 3.
23. COMPOSIÇÃO
Cerca de 3.5% em peso da água do
mar são constituídos por sais dissolvidos, o
suficiente para a tornar imbebível (Fig. 9.1).
Também é quantidade suficiente para, se a
água do mar evaporasse toda, formar uma
cama de sais de 56 m cobrindo todo o fundo
marinho.
A quantidade de sal dissolvido na água de mar
tem o nome de salinidade, e é geralmente expressa por
partes por mil (o/oo) em vez de percentagem (%). Assim,
a salinidade média da água do mar é de 35 o/oo. Os
principais elementos que se encontram dissolvidos na
água do mar são o Cloro e o Sódio. Quando a água do Fig. 9.1. Principais constituintes da água do mar
mar evapora, mais de ¾ dos sais que se precipitam são
de cloreto de sódio (NaCl).
Donde provêm os iões dissolvidos na água do mar?
Anualmente, os rios carregam para o mar 2.5 biliões de toneladas de substâncias dissolvidas nas suas
águas. Estas substâncias são lixiviadas das rochas durante a meteorização química, à mistura duma pequena
parte de material solúvel trazido do manto e libertado na forma de gases durante as erupções vulcânicas. A
quantidade de iões dissolvidos ao longo dos milhões de anos da história da Terra excede em muito a quantidade
dissolvida hoje. Isto significa que, se por um lado há um acréscimo constante de material, por outro há uma
remoção constante de material para se manter um equilíbrio.
a) Acontece que a vida marinha retira constantemente da água do mar quantidades de Si, Ca e P para
construir as suas carapaças e conchas.
b) O K e o Na são constantemente absorvidos pelas partículas de argila e outros minerais quando
sedimentam lentamente nos fundos marinhos.
c) Outros, como o Pb e o Cu são precipitados como sulfuretos
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Fig. 9.2. Perfil topográfico da América do Norte (cima) e do Atlântico Sul (baixo) Fig. 9.3. Fundo do Oceano Índico
Fig. 9.4. Zonas de plataforma continental, bordejando as bacias Fig. 9.5. Zonas de plataforma continental (PC) e de talude
oceânicas. A linha branca refere-se ao perfil do Atlântico da Fig. 9.2. continental (TC) em Moçambique
Noutros locais em que as plataformas são muito mais estreitas, estas parecem
terem resultado do movimento descendente de blocos de falhas que submergiram a rocha,
que passou a estar sujeita à intensa erosão marinha. É o caso das plataformas da margem
oeste da América do Norte.
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4.1. MARÉS
O termo maré aplica-se à descida e subida periódica do nível do mar. Já nos tempos
antigos foi verificada a relação entre o movimento das marés e as fases da Lua. À medida que
o Homem aprendeu a medir o período (tempo entre duas marés altas sucessivas) e a
amplitude (variação do nível da superfície da água), bem como a variabilidade das marés,
entendeu que as marés são um processo extremamente complicado.
Os dois factores dominantes que controlam as marés são:
a) atracção gravitacional que o Sol e a Lua exercem na água do mar; e
b) efeito da forma das bacias oceânicas na água em movimento.
As marés não podem ser só explicadas pela atracção gravitacional. Se
observarmos a Fig. 9.8, com gráficos de marés de 3 locais diferentes na Nova Zelândia,
verificamos que os padrões são diferentes no que toca ao período, amplitude, número de
marés por dia e padrão de variação com o tempo.
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Fig. 9.8. Registos de marés em 3 localidades da Nova Zelânida. Notar a relação entre as fases da Lua e as amplitudes
As marés têm menor amplitude quando a Terra, o Sol e a Lua estão em quadratura,
isto é, os centros dos 3 planetas formam um ângulo recto. Quando os três planetas estão
alinhados, as marés têm maior amplitude, ocorrendo então as marés-vivas.
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4.2. ONDAS
As Ondas são movimentos ascendentes e descendentes
da superfície dum corpo de água (Fig. 5.24). Neste sentido, as
marés podem olhadas como um tipo especial de ondas muito
longas. Contudo, a maioria das ondas que vemos no mar aberto
são formadas por pequenos altos alongados (cristas) separados
por pequenas depressões - cavados. Muitas vezes vêem-se ondas
de diferentes tamanhos juntas. A Fig. 9.9 mosta um modelo de perfil
duma onda teoricamente perfeita. A onda move-se através da Fig. 9.9. Forma teórica duma onda.
superfície do mar, mas a água não viaja com a onda. Se isso
acontecesse, a maioria dos barcos não poderiam navegar. O que
acontece é que a água se move num trajecto quase circular, o que
pode ser visto pelo movimento duma rolha quando a onda passa.
O tamanho da órbita circular diminui com a
profundidade (Fig. 9.10.A), até uma profundidade
igual a metade do comprimento de onda (distância
entre cristas consecutivas). Abaixo desta A
profundidade o movimento das ondas não tem efeito
nem na água nem no fundo do mar.
Quando estas ondas se propagam em águas
tão profundas que o movimento da água não cause
efeito no fundo, a velocidade da onda é dada pela
expressão
B
gT Fig. 9.10. Movimento da água em águas profundas (A)
v e de pouca profundidade (B)
2
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Porque o local onde uma onda rebente depende da profundidade da água e do seu
comprimento de onda, a erosão é geralmente maior onde águas profundas se aproximam
mais das costas, de modo que as grandes ondas rebentam directamente sobre as rochas
expostas.
cliv
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Fig. 9.13. Ilha de Monomy (Mass., EUA), cortada pela erosão das
Fig. 9.12. Estrada cortada pela erosão das ondas (EUA)
ondas ne sequência dum furacão em 1978.
Falésias e Terraços
A maioria das falésias são
íngremes e algumas com várias centenas
de metros de altura. Geralmente ocorre
uma quebra súbita na base da falésia,
aparecendo na base desta uma
plataforma rochosa ligeiramente inclinada
em direcção ao mar (Fig. 9.14). Esta
plataforma (terraço) pode estar
parcialmente coberta por fragmentos de
rocha provenientes do desabamento, ou
pode estar coberta por areia trazida pelas
ondas. O mar usa o material erodido para
continuar a erodir a falésia na sua base,
fazendo com que esta recue (Fig. 9.15) Fig. 9.14. Terraço e falésia nos crés de Dover, Reino Unido. Em primeiro
plano pode ver-se alguma areia cobrindo o terraço
ocasionando fenómenos como os da Fig.
9.12.
O efeito do rebentamento das ondas é
negligível alguns metros abaixo da superfície do
mar. Por isso, a falésia pára abruptamente mesmo
abaixo do nível da água, originando um terraço
plano. A largura do terraço é limitada pelo facto de
a água ser pouco profunda. À medida que o
terraço alarga, cada vez mais energia se dissipa Fig. 9.15. Esquema de recuo da falésia por acção das ondas do mar
antes da onda atingir a base da falésia, diminuindo
a sua capacidade erosiva
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As caves e arcos (Fig. 9.18) ocorrem quando as rochas da falésia são sedimentos
estratificados com durezas várias. As rochas mais brandas são mais fácilmente erodidas.
Os nichos (Fig. 9.19) ocorrem na base das falésias e são o primeiro passo para o recuo
das falésia. Constituem reentrâncias na base da falésia, como no primeiro diagrama da Fig.
9.15.
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Praias de areia, seixo e cascalho são muitas vezes encontradas ao longo de costas
de falésia, pináculos, etc. Tais praias são muitas vezes características temporárias, em
função da estação do ano.
A B C
Fig. 9.21. Fotografias aéreas tirades em Little Egg Harbor, Nova Jersey, em 1940, 1957 e 1963
5.1. PRAIAS
As praias são características transitórias. As praias
de areia que nos parecem permanentes, podem ser
reduzidas a estreitas faixas de calhaus (ou mesmo
desaparecer) durante a estação do ano em que há muito
vento e tempestades. Em alguns lugares os sedimentos
são todos removidos, deixando a descoberto a rocha
subjacente.
A maioria das praias é constituída por sedimentos de Fig. 9.22. Praia de cascalheira em Metangula,
dimensões de areia facilmente removidos até por correntes Lago Niassa
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Muitas vezes aparece uma praia entre a costa e um pináculo, a que se chama um
tômbolo (Fig. 9.16). Estes pináculos protegem a área por trás deles da erosão das ondas,
sendo por isso zonas propícias à acumulação de areia no fundo, que pode emergir,
originando uma praia.
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Plataforma de Maré
Terras baixas perto do nível do mar, e protegidas da acção da
erosão das ondas e das fortes correntes, podem originar plataformas de
maré como as da Fig. 9.27, na Bretanha. Estas plataformas estão
geralmente perto de fontes abundantes de sedimentos, como o caso da foz
dos rios. Uma vez que muitos animais vivem nestas plataformas (moluscos,
gasterópodes, lamelibrânquios, crustácios, etc), os seus restos são um
componente importante destes sedimentos. A argila e o silte muito finos, e
alguma areia misturada com quantidades variadas de fragmentos de
conchas, espinhas de ouriços e matéria vegetal muito fina em
decomposição produzem uma lama muito mole típica destas zonas. Estes Fig. 9.27. Plataforma de maré, no Monte Saint
aspectos podem ser vistos na maré vazia na zona da Costa do Sol em Michel, França
Maputo, que é uma plataforma de maré.
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O recife geralmente consiste duma zona estreita de coral vivo, cujo topo é plano e
situado perto do nível médio do mar. Esta superfície pode ser exposta acima do nível do
mar, mas o coral tem de se manter molhado para viver.
A profundidade da água aumenta rapidamente em direcção ao mar aberto. Durante
as tempestades, o topo do recife pode ser quebrado, e os materiais soltos deslizam pelo
lado íngreme, acumulando-se na base do recife de coral.
O lado virado a terra é geralmente ocupado por uma lagoa onde corais mais frágeis
e outros organismos delicados estão protegidos dos efeitos da rebentação das ondas. Estas
lagoas são pouco profundas, e com águas limpas e livres de sedimentos em suspensão,
condições essenciais para o crescimento dos corais. Nos locais em que rios desaguam
junto a corais, em que as águas têm matéria em suspensão, nota-se uma quebra no recife,
abrindo passagem para o mar aberto.
Um Atol é um recife de coral em forma de anel à volta duma lagoa central (Fig.
9.30). Pensa-se que estes atois se formam quando uma ilha envolvida por recife (Fig. 9.31)
é totalmente submersa. O recife continua a crescer para manter os organismos vivos à
necessária profundidade de água.
Moçambique é um país rico em recifes de coral, sendo os da Ilha da Inhaca
considerados os mais austrais do Oceano Índico.
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27. INTRODUÇÃO
Muitas comunidades à volta do mundo – e não só as que vivem em regiões áridas e semi-áridas,
em que a água superficial é inconstante – dependem das águas subterrâneas para o seu fornecimento de
água. Sem as condições que tornam possível à água ser armazenada, não seria possível essas regiões
desenvolverem-se economicamente.
Noutras áreas, especialmente naquelas em que há muita chuva e em que a rocha é solúvel (calcário,
por exemplo), a água subterrânea é o principal agente modelador da paisagem.
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inferiores aos dos fundos dos lagos/rios (Fig. 10.4.B). Acontece então que a água dos rios/lagos
se infiltra alimentando a toalha freática, estando-se, então, em condição influente.
Quando uma barreira impermeável impede
a água de se mover no sentido descendente para
o nível regional da toalha freática, ela cria uma
zona de saturação mais perto da superfície, a que
se chama toalha suspensa (Fig. 10.5). Nestes
casos, a água geralmente perde-se através de
nascentes nas zonas onde a camada
Fig. 10.5. Possível situação de toalha freática suspensa
impermeável atinge a superfície (Fig. 10.5).
3.2. ÁGUA CONFINADA: CONDIÇÕES ARTESIANAS
As condições artesianas ocorrem
quando a água subterrânea está confinada de tal
modo que a pressão hidrostática* faz com que a
água confinada ascenda acima da zona de
saturação. Quando a água é armadilhada numa
camada porosa e permeável entre duas camadas
impermeáveis, podem ocorrer condições
artesianas (Fig. 10.6). A água entra nessa camada Fig. 10.6. Condições artesianas
onde ela aflora à superfície ou onde ela está ligada
com outras camadas com água e em que a água
tem movimento livre – é a chamada zona de
recarga. A água move-se descendentemente pelo
* Pressão hidrostática: pressão exercida num determinado ponto dum corpo de água em repouso, pelo peso da água
sobrejacente desse corpo de água.
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aquífero, os poros são ocupados por água e a pressão hidrostática vai aumentar. Se o
aquífero for atingido por um furo num ponto abaixo do nível de saturação, a água sai em
pressão pelo furo devido à pressão hidrostática (pelo princípio dos vasos comunicantes). A
altura a que a água subiria chama-se nível piezométrico (Fig. 10.6).
4.1. NASCENTES
A água subterrânea aparece à superfície A
nos pontos em que a toalha freática intersecta a
superfície, ou quando a água em condições
artesianas encontra o seu caminho para a superfície.
Diz-se então que há uma nascente de água. Por
esta razão as nascentes estão geralmente
colocadas em zonas baixas, mas a estrutura da B
rocha e o modo como a porosidade/permeabilidade
variam são também factores que controlam o local
de aparecimento de nascentes.
Há muitas condições que podem originar
nascentes, mas alguns exemplos dão uma ideia da
possível variedade de situações (Fig. 10.7). As C
nascentes ocorrem muitas vezes em encostas de
vales onde zonas especialmente permeáveis
atingem a superfície. As situações mais comuns
são zonas onde superfícies de acamação, zonas
de fractura/falha afloram nas encostas.
D
No caso de superfícies de acamação,
camadas impermeáveis podem impedir o
movimento descendente da água, obrigando-as a
deslocar-se lateralmente (Fig. 10.7.A e B). No caso
da Fig. 10.7.B, ocorre uma situação de calcários
(impermeáveis) que foram lentamente sendo
dissolvidos pelas águas gaso-carbónica, originando
cavidades por dissolução, que se ligam entre si e E
Fig. 10.7. Alguns processos que originam nascentes
que são bons caminhos para a água fluir. Situações
semelhantes ocorrem em fluxos de lava (Fig.
10.7.C). A Fig. 10.7.D mostra uma situação de
nascente caracterizada por condições não
confinadas com uma toalha freática muito alta. As
nascentes artesianas (Fig. 10.7.E) não são muito
frequentes, mas ocorrem quando uma fractura
natural aparece num aquífero confinado.
Depósitos de rocha
Quando as nascentes são alimentadas por
águas que percolaram através de calcários, por
exemplo, elas con-
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4.2. GEYSERS
A ejecção em força de água quente ou em Fig. 10.8. Depósitos em nascente
vapor a partir do solo – os geysers (ponto 3.4.3.1) -
só é encontrada em poucos lugares na Terra, mas o
fenómeno é sempre impressionante e constituí um
aspecto interessante do compor-
tamento dalgumas águas subterrâneas. O geyser mais conhecido a nível mundial é o Old
Faithful (o Velho Fiel) no Parque Nacional de Yellowstone (EUA) – Fig. 10.9). Desde a sua
descoberta em 1870, este geyser lança cerca de 1-1.5 m3 de água a 40 metros de altura uma
vez em cada hora. Poucos geysers têm esta regularidade, mas há mais em Yellowstone, na
Nova Zelândia e na Islândia, cujo comportamento é semelhante ao Old Faithful.
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5.1. SOLUÇÃO
Vimos anteriormente que o calcário é dissolvido pelas águas gasocarbónicas (água
da chuva que dissolveu CO2 na sua queda através da atmosfera). A dissolução do CaCO3
por estas águas não é suficiente para originar a paisagem cárstica. O calcário cessa de ser
dissolvido assim que a água estiver saturada de iões Ca 2+ ou CO32-. Para que o processo
continue, a água saturada tem de ser removida e substituída por água não saturada.
Portante, a circulação da água é condição essencial para que a dissolução continue. E
porque a circulação da água é uma condição crítica, os efeitos de dissolução são maiores
onde a porosidade/permeabilidade do calcário permitem a água circular. Alguns calcários,
especialmente os mais recentes, podem ser porosos e permitir a passagem de água através
deles. É o que acontece, por exemplo, com os calcários conquíferos ou de origem
biogénica. Os calcário mais antigos são geralmente mais compactos e de grão fino, com
pouca ou nenhuma porosidade. A circulação da água através deles faz-se geralmente
através de fracturas, diaclases ou falhas.
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5.2. PAISAGENS
A topografia duma região cárstica nunca é modelada somente pela dissolução.
Ocorre também meteorização, movimentos de encosta abaixo por acção da gravidade,
erosão fluvial, etc., em conjunto com as acções das águas subterrâneas.
As características mais importantes das regiões cársticas são depressões
confinadas, a que se chamam dolinas. Estas podem ser de vários tamanhos e ocorrer de
várias maneiras. Na Fig. 10.11 podem ver-se dolinas formadas por vários processos, todos
eles associados com fenómenos de dissolução. No primeiro caso (A), a dolina formou-se
por remoção de rocha à superfície. No segundo caso (B), a dolina
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formou-se por colapso para dentro duma cavidade criada abaixo da superfície, e no terceiro
caso (C) ocorre alguma subsidência, associada com algum colapso. Na Fig. 10.11.D
mostra-se uma dolina aparecida por colapso repentino, em Winter Park (Florida, EUA) em
1981.
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TEMA 11:GEOCRONOLOGIA
Entende-se por Geocronologia a medição dos intervalos de tempo do passado geológico, em
termos de datação da idade absoluta por processos radiométricos, ou da idade relativa, por estudo de
sequências de rochas estratificadas.
Os processos radiométricos entram em conta com o decaimento radioactivo. Para a datação
relativa, um dos instrumentos mais utilizados são os fósseis.
1. FÓSSEIS
Os fósseis são restos de seres vivos (animais ou plantas), soterrados e preservados por processos
naturais (Fig. 11.1), ou marcas e vestígios da sua existência (Fig. 11.2).
Fig. 11.1. Exemplo dum fóssil de gasterópode Fig. 11.2. Exemplo dum vestígio de
ser vivo: molde de concha
São raros os casos em que os seres vivos são preservados na sua totalidade. No caso dos animais,
só as partes duras são geralmente preservadas: conchas, esqueletos internos e externos, carapaças,
espículas, dentes, unhas/garras, etc. No caso dos vegetais, normalmente encontram-se impressões de folhas,
caules, raízes, frutos e sementes.
Os vestígios da actividade/passagem dos
seres vivos são: excrementos, pegadas, rastos, buracos
escavados, etc.
Casos de seres vivos preservados na sua
totalidade incluem os pequenos animais preservados em
resinas fósseis (Fig. 11.3) ou os mamutes congelados
nos gelos da Sibéria. Na Antártida foram encontrados
líquenes com alguns milhares de anos, muito bem
conservados. Fig. 11.3. Fóssil de insecto aprisionado em resina fóssil (âmbar)
A ciência que estuda os fósseis é a Paleontologia: ciência que estuda os seres vivos que viveram
em épocas anteriores à actual, e que só são conhecidos através dos seus vestígios que deixaram nos
terrenos, principalmente sedimentares. Em termos correntes, é a Zoologia e a Botânica dos tempos idos, daí
a sua subdivisão em Paleozoologia e Paleobotânica.
No início do séc. XVIII a Paleontologia entra numa fase decisiva, ao se verificar que os fósseis
diferiam de camada para camada, tendo surgido a ideia de os utilizar para datar essas camadas e para uma
classificação cronológica. Nasceu assim a Paleontologia Estratigráfica.
2. CONDIÇÕES DE FOSSILIZAÇÃO
Entende-se por fossilização o conjunto dos processos físicos, químicos e biológicos que permitem
a formação dos fósseis.
As condições de fossilização agrupam-se em dois tipos:
a) Inerentes ao meio:
1. Para que a fossilização seja possível, é necessário que, após a morte do ser, sobre ele se forme
um depósito que o isole do meio ambiente e impeça a sua destruição; por isso, os fósseis terrestres
são mais raros que os marinhos;
2. Quanto mais fino e impermeável for o depósito que cobre o fóssil, mais fácil a fossilização;
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