Apontamento de Geologia Geral MAQUINE
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INDICE
Pág.
TEMA 1: CONCEITO GE GEOLOGIA (sua relação com outras Ciências) 1
1. Introdução 1
2. O que é a Geologia? 2
3. Porquê estudar Geologia? 3
4. A Abrangência da Geologia e ciências afins 3
5. Um pouco sobre a história da Geologia 4
6. A Terra no Espaço 6
TEMA 2: ESTRUTURA E COMPOSIÇÃO DA TERRA 10
1. Introdução 10
2. Forma e dimensões da Terra 10
3. Estrutura da Terra 12
4. Composição da Crusta 13
5. Tectónica de Placas 14
TEMA 3: CONCEITO DE MINERAL E CRISTAL 17
1. Introdução 17
2. Definição de Mineral 17
3. Cristais 18
4. Os Sistemas Cristalinos 19
5. Propriedades Físicas dos Minerais 20
5.1. Hábito e Agregados de Minerais 20
5.2. Clivagem e Fractura 21
5.3. Dureza 22
5.4. Tenacidade 22
5.5. Densidade 22
5.6. Cor 23
5.7. Risca ou Traço 23
5.8. Brilho ou Lustre 23
5.9. Diafaneidade (Transparência) 23
5.10. Reflexão e Refracção 23
5.11. Fluorescência, Fosforescência e Luminescência 23
5.12. Propriedades Eléctricas e Magnéticas 24
5.13. Propriedades Radioactivas 24
5.14. Isomorfismo, Polimorfismo e Pseudomorfismo 24
6. Classificação dos Minerais 25
6.1. Elementos Nativos 25
6.2. Sulfuretos/Sulfossais 26
6.3. Óxidos e Hidróxidos 30
6.4. Halogenetos 34
6.5. Carbonatos 35
6.6. Nitratos e Boratos 37
6.7. Sulfatos e Cromatos 37
6.8. Tungstatos e Molibdatos 38
6.9. Fosfatos, Arsenatos e Vanadatos 39
6.10. Silicatos 41
TEMA 4: GEODINÂMICA INTERNA (rochas ígneas e metamórficas) 54
1. Introdução 54
2. O Ciclo das Rochas 54
3. Geodinâmica Interna 56
3.1. Magmatism o 56
3.2. Metamorfismo 61
3.3. Sismologia 64
3.4. Geologia Estrutural 64
4. Rochas Ígneas 69
4.1. Tipos de Intrusões e Extrusões 69
4.2. Textura e Estrutura das Rochas Ígneas 70
4.3. Cor das Rochas Ígneas 71
4.4. Classificação das Rochas Ígneas 71
5. Rochas Metamórficas 76
5.1. Introdução 76
5.2. Texturas e Estruturas das Rochas Metamórficas 77
5.3. Classificação das Rochas Metamórficas 78
5.4. Principais Rochas Metamórficas 78
5.5. Ocorrência de Rochas Metamórficas em Moçambique 82
TEMA 5: GEODINÂMICA EXTERNA 83
1. Introdução 83
2. Agentes da Geodinâmica Externa 83
2.1. Gravidade 83
2.2. Agentes Atmosféricos 84
2.3. Água 87
2.4. Os Seres Vivos 94
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
1. INTRODUÇÃO
O nosso conhecimento sobre a Terra (Fig. 1.1) baseia-se em
séculos de observações, movidas pela curiosidade nata do Homem em saber
sempre mais e de ir mais além. Esta curiosidade e ânsia de saber, levaram o
Homem a enfrentar mares desconhecidos séculos e milénios atrás, levaram
ainda, mais recentemente, a aventurar-se pelo espaço cósmico. A atracção
pelo desconhecido é a característica da espécie humana, que a distingue de
todas as outras espécies animais. E é esta característica que tem levado ao
avanço das ciências e da tecnologia, que nos últimos anos tem dado passos
gigantescos. A Geologia, como ciência, tem obviamente beneficiado destes
avanços.
A Geologia é um tipo especial de ciência, já que o seu laboratório
é o Mundo em que vivemos. Por vezes, é possível tirar conclusões de
caracter geológico através de ensaios laboratoriais controlados, mas a maioria
das vezes isso não é possível, pois as dimensões de escala e de tempo que envolvem os fenómenos
geológicos são demasiado grandes para lidarmos laboratorialmente com elas. Temos por isso de fazer
observações sistemáticas e cuidadosas da Terra, e depois tirar as nossas conclusões acerca dos
fenómenos a partir do conjunto destas observações.
Como se sabe, o Homem só tem acesso a uma ínfima parte do
planeta, que é a superfície terrestre. Tudo o resto está fora do alcance da
vista directa. Só se pode estudar por via indirecta, por meio de vários
métodos de análise e observação: as lavas (Fig. 1.2) que vêm à superfície,
as ondas sísmicas que se comportam de modo diferente consoante as
rochas que atravessam, etc. Assim, a Geologia é uma ciência com uma
dose bastante grande de especulação, mas é uma especulação lógica e sã,
baseada em princípios e conceitos científicos. E como em todas as outras
ciências, as teorias evoluem, são comprovadas ou negadas, e aparecem
outras teorias.
Em que medida o ser humano altera incessantemente a face da
Terra? Se bem que as nossas contribuições individuais sejam pequenas, o
somatório dos milhões de seres humanos que somos é enorme.
Influenciamos a atmosfera, os rios, os lagos e os oceanos;
afectamos as taxas de erosão dos solos e o modo como os desertos se
expandem ou reduzem; cobrimos a superfície da Terra com estradas e
cidades; redistribuímos os materiais terrestres cavando-os e transportando-os
para onde os queremos usar; criamos lagos artificiais com a construção de
diques e barragens; em suma, estamos constantemente a alterar as
Fig. 1.2. Vulcão Kilauea, Hawaii
condições ambientais. Nós, Humanos, tornámo-nos uma força vital na
modelação do nosso ambiente.
Há muitas questões que se podem levantar sobre as interacções humanas com o ambiente, para
as quais ainda não há respostas definitivas. Por exemplo:
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
ainda não há certeza até que grau a contínua queima de combustíveis fósseis (carvão, gás,
petróleo) e a respectiva emissão de CO2 afecta o clima global hoje e afectará amanhã;
Como é que a mudança climática pode influenciar a produtividade agrícola do mundo, a
distribuição dos gelos polares, ou a posição do nível do mar.
Nos últimos 50 anos ocorreram avanços revolucionários no conhecimento que temos da nossa Terra.
Nunca na história humana ocorreram avanços tão grandes e dramáticos em tão curto espaço de tempo. A
Geologia é um campo em ebulição, cheio de desafios, com novas descobertas e novas teorias a aparecer todos
os dias.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Há alguns anos atrás, a ideia de que a camada superficial da Terra se movia a uma velocidade anual
de 10 cm/ano, defendida pela teoria da tectónica de placas, não era senão uma teoria. Hoje essa teoria já não
pertence ao campo da especulação; é uma realidade, comprovada por evidências das rochas dos fundos
marinhos.
Em 1986, medições feitas através de satélites e de lasers, demonstraram que de facto os
continentes se estão a mover.
Podemos agrupar os avanços nas ciências geológicas em 3 grupos:
O primeiro refere-se à nossa compreensão sobre o modo como a Terra funciona; a tectónica de
placas é um produto dessa compreensão. Os avanços aconteceram com o contributo de outros
estudos (aparentemente não inter-relacionados), como a exploração dos fundos oceânicos, os
estudos sísmicos do núcleo da Terra, e medições a longo prazo da intensidade do campo
magnético terrestre.
De facto, estes estudos estão todos correlacionados entre si. Assim, o campo magnético
terrestre surge do núcleo, e as rochas dos fundos oceânicos são influenciadas pelo campo
magnético de formas diversas.
O estudo destes aspectos comuns levou à criação duma nova disciplina – a Planetologia
Comparativa – a qual ajuda a encontrar respostas a várias questões: porque é que a Terra existe?
Porque é que ela é como é? Porque é que os outros corpos do Sistema Solar não são adequados
à vida humana? Haverá corpos no Universo que sejam adequados a esta vida? Etc., etc., etc.
O terceiro avanço consiste no crescer da consciência do efeito da actividade humana no meio
ambiente à superfície terrestre.
Essa consciência mostrou que a análise desses efeitos se torna complexa porque os múltiplos
processos naturais actuantes à superfície da Terra interagem de maneira muito complexa e
variada.
Chegámos finalmente à conclusão de que as pessoas não são só uma das forças menores da
natureza, antes porém uma força maior. O que a Terra vai ser no futuro depende muito de
como agirmos hoje.
2. O QUE É GEOLOGIA?
O termo Geologia deriva da junção das palavras gregas - (geo - Terra) e (lógos -
Ciência) - e significa literalmente Ciência da Terra.
Segundo Lapidus (1987), Geologia é o estudo da Terra em termos do seu desenvolvimento como
planeta desde a sua origem. Isto inclui a história das formas de vida, os materiais de que é feita, os
processos que afectam estes materiais e os produtos que deles resultam.
Em várias obras se podem encontrar várias definições de Geologia mas, basicamente, a definição
anterior congrega todos os conceitos que devem constar da definição deste termo.
A palavra Geologia foi utilizada pela primeira vez por Jean André de Luc, cientista de origem suíça
e conselheiro da Rainha Carlota de Inglaterra, e pelo químico suíço S.B. de Saussure em 1778 (Whitten &
Brooks, 1972).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
A Sedimentologia estuda as rochas sedimentares e os processos responsáveis pela sua origem e pelos
movimentos de sedimentos;
A Geofísica aplica os métodos físicos ao estudo da estrutura e composição da Terra;
A Geoquímica refere-se ao estudo das quantidades, distribuição e circulação de elementos químicos no
solo, água e atmosfera terrestre;
A Cartografia dedica-se aos métodos de campo e de laboratório que levam à produção de mapas de vários
tipos;
A Fotogeologia utiliza fotografias aéreas para a interpretação da geologia duma região na programação
de trabalhos de campo;
A Hidrogeologia dedica-se ao estudo das águas subterrâneas;
A Geomorfologia dedica-se às características superficiais da Terra, incluindo formas de relevo terrestre
e oceânico e factores químicos, físicos e biológicos que agem sobre elas;
Nos Jazigos Minerais estuda-se a forma como os recursos minerais ocorrem na crusta, sua
concentração e distribuição;
A Geocronologia mede os intervalos de tempo do passado geológico, as idades dos acontecimentos
geológicos;
A Pedologia estuda a formação dos solos, sua morfologia, origem e classificação;
A Geologia Aplicada utiliza os métodos e a pesquisa geológica à solução de problemas da sociedade;
A Geologia de Engenharia é um aspecto particular da Geologia Aplicada, e relaciona-se com a
aplicação da Geologia à construção de obras de engenharia;
A Geologia Económica, muito ligada aos Jazigos Minerais, estuda as implicações económicas da
exploração dos jazigos e as suas reservas;
A Geologia Urbana e Ambiental têm a ver com a aplicação dos conceitos geológicos aos problemas
criados pela actividade humana, e seus efeitos no ambiente, quer a nível geral, quer urbano;
A Geologia Marinha (e costeira) estuda os fundos oceânicos, sua topografia, petrologia, geoquímica e o
efeito das ondas e da água do mar;
A Cosmologia estuda a posição da Terra no Sistema Solar e no Universo.
Como se pode ver da listagem anterior, as ciências geológicas estão intimamente ligadas a várias
outras ciências: Química, Física, Matemática, Biologia, Astronomia, Economia e Engenharia. Mas as ligações
não param por aqui. Por exemplo, as ligações com a Agronomia são evidentes, através da Pedologia. A
Geografia é, muitas vezes considerada uma ramo da Geologia, havendo muitas universidades no mundo em
que estes dois cursos estão sob a alçada dum departamento (ou faculdade) de ciências da Terra. A
Metalurgia utiliza os conhecimento da cristalografia e os métodos de estudo dos minerais. A Medicina criou
um novo campo - a Geomedicina - que se dedica ao estudo das doenças humanas provocadas pela
actividade geológica e mineira. Este tipo de actividades também afecta a vida animal que vive por perto e,
assim, a ligação com a Veterinária também é evidente. A Engenharia de Minas utiliza os conhecimentos
geológicos e de engenharia para a abertura de minas para exploração de recursos minerais. Muitos outros
exemplos se poderiam dar para ilustrar a ligação da Geologia com outras ciências não geológicas.
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Os antigos Egípcios (1.500 AC) já conheciam os efeitos medicinais de alguns minerais, como a
antimonite (Sb2S3), o enxofre (S), a hematite (Fe2O3), a halite (sal), a soda (NaNO3), o petróleo bruto, etc.
Os primeiros registos geológicos de que há memória vêm do tempo dos Gregos antigos. Cite-se
por exemplo Heródoto (484-425 AC) que escreveu que "…o mar apagou-se onde hoje a terra se
solidifica…", após observar fósseis de conchas marinhas em terra firme. Nessa altura, a idade da Terra foi
calculada em 399.000 anos!!! Também Heródoto reparou que o Rio Nilo depositava sedimentos durante as
cheias, tendo reconhecido o processo lento mas contínuo que modifica a superfície da Terra.
Teofrastus (374-287 AC), escreveu o primeiro tratado de Mineralogia - A Respeito das Pedras -
que foi a base da maioria dos mineralogistas da Idade Média.
Com a queda de Roma em 500 DC pouco ou nada se ouve na Europa acerca de ciência até à
Renascença (séc. XV-XVI). Contudo, nas países árabes, Ibn Sida (980-1037) escreve uma sistemática dos
minerais e reconhece que as montanhas se formam por acção de forças internas e que a água tem um
papel importante na erosão e na formação de sedimentos.
A Idade Média (séc. XI-XIV) foi assim um período de estagnação de conhecimentos, de crenças em
poderes sobrenaturais e em superstições. Nessa época, o primeiro livro do Antigo Testamento - Génesis - sobre
a origem do mundo e da vida, era aceite como verdade acabada, não contestável, pois se o fosse seria
considerado sacrilégio. Assim, no geral, os Homens não procuravam mais esclarecimentos sobre os fenómenos
naturais.
Com o aparecimento da Renascença, a situação no que toca ao avanço das ciências muda de
figura. O Génesis começa a ser contestado, surgindo várias pessoas decididas a mudar o estado das
coisas. Leonardo da Vinci (1452-1519) foi um deles.
Ao descobrir conchas numa zona montanhosa de Itália, da Vinci concluiu que aqueles animais só
podiam ter vivido ali quando aquelas terras estavam cobertas de água. Foi um escândalo na época, mas
como ele era reconhecido por todos como artista, escultor, arquitecto, engenheiro e inventor, então ele teria
alguma razão para afrontar as Sagradas Escrituras. Mas os defensores destas encontraram uma resposta
para o aparecimento de conchas nas montanhas: Deus tinha-as posto lá para pôr à prova a fé do Homem.
Apesar dos seus trabalhos, da Vinci não trouxe nada de novo em termos de conhecimentos
geológicos. Ele mais não fez do que reafirmar o que Gregos e Árabes já tinham afirmado.
O grande avanço das ciências geológicas ocorre cerca de 150 anos mais tarde, com o dinamarquês
Nicolaus Steno (Séc. XVII) que é conhecido como o pioneiro da Geologia. Como outros cientistas, ele observou
conchas nas montanhas da Itália e concluiu que o mar tinha coberto aquela região. Mas ele foi mais longe, pois
observou que as conchas estavam encravadas em vários tipos de rochas, de camadas ou estratos. Verificou
que algumas camadas eram espessas, outras delgadas; umas eram uniformes, outras irregulares; umas
continham conchas de animais marinhos, outras de animais de água doce. Concluiu que as rochas que
continham essas conchas só podiam ter sido depositadas como sedimento em zonas cobertas por água
salgada ou doce. Com o recuo das águas, os sedimentos transformaram-se em rochas sólidas. Por isso,
concluiu ele ainda, as camadas do fundo deviam ser mais antigas do que as que estavam mais acima. Nasceu
assim o princípio da sobreposição, base da Geocronologia actual.
Abraham Werner (1749-1817), de nacionalidade alemã, aos 25 anos, publica um livro sobre as
características externas dos minerais, pondo fim a uma época de observações caóticas e disparatadas. Ele
é considerado o pai da Geologia e da Mineralogia alemãs. Werner também é considerado o pai da Geologia
de Campo, por ter sido o primeiro a levar os seus alunos ao terreno para terem o quadro geral do que
ensinava nas aulas. A Teoria Neptunista é da sua autoria, em que considerava a Terra constituída por
águas muito profundas a partir das quais se formava a crusta.
O seu discípulo Leopold von Buch (1774-1853), depois de observar alguns vulcões europeus,
coisa que Werner nunca tinha feito, contrariou essa teoria, criando a Teoria Vulcanista, em que no interior
da Terra existia um imenso calor que fundia as rochas.
William Smith (1769-1839) foi o pai da Paleontologia e, de certo modo, da Estratigrafia. Ele notou
que certos fósseis só ocorriam em determinadas camadas e que estas podiam ser correlacionadas, mesmo
que distantes entre si. O esquema da Fig. 1.5 mostra como ele fez essa correlação, considerando as
sequências de camadas e respectivos fósseis em 3 lugares distintos (esquemas A a C) e construindo uma
coluna estratigráfica completa (D) da região.
Outros paleontólogos de renome do tempo de W. Smith foram Georges Cuvier (1769-1832), Ernst
von Schlotheim (1765-1832).
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6. A TERRA NO ESPAÇO
O estudo da Terra deveria começar talvez com um exame das suas relações com o resto do
Universo. Estamos habituados a pensar que Terra é o centro do universo, o que não é de todo verdade. A
Terra é um pequeno planeta que gira à volta duma estrela - o Sol. O Sol e os seus planetas são uma ínfima
parte da galáxia Via Láctea, que, por seu lado, é uma dos milhares de galáxias do nosso universo.
Muitos dos fenómenos físicos que ocorrem na Terra são
afectados pela interacção do Sol, Lua e Terra.
A VIA LÁCTEA
O Sol e os seus planetas, cometas, satélites e asteróides, é um
dos biliões de estrelas da nossa galáxia - A Via Láctea. Este sistema de
estrelas tem uma forma de lente/disco achatado, com as estrelas
dispostas em braços de espiral, com um núcleo constituído por uma
grande densidade de estrelas. A Via Láctea tem um diâmetro de 70.000
12
anos luz (cerca de 9.5 x 10 km, ou seja, 9 biliões e meio de quilómetros).
Como não é possível fotografar a Via Láctea, as únicas imagens que
dispomos são as de galáxias semelhantes, como a ilustrada pela foto da
Fig. 1.6, da Galáxia M100, tirada pelo telescópio Hubble.
Na Via Láctea, o Sistema Solar ocupa uma posição afastada do
centro. Na Fig. 1.6 está mostrada essa posição se a galáxia fosse a Via Láctea.
Fig. 1.6. Imagem da Galáxia M100, tirada pelo
telescópio Hubble
O SISTEMA SOLAR
O Sistema Solar (Fig. 1.7) é uma pequeníssima parte da nossa galáxia e consiste do Sol, de 9
Planetas e seus Satélites, Asteróides, Cometas e Meteoritos.
Se bem que o Sol (Fig. 1.8) seja extremamente importante para nós, ele é insignificante no meio
dos biliões de estrelas da galáxia, quer em tamanho quer em brilho, apesar de ele conter 99.8% da massa
de todo o Sistema Solar. A Fig. 1.8 mostra também imagens dos planetas do Sistema Solar (excepto da
Terra, que pode ser vista na Fig. 1.1, bem como da Lua, de um asteróide e de um cometa). A Tabela 1.1
mostra as dimensões do Sol e dos planetas.
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Mercúrio
O Sol Vénus Marte
Saturno Neptuno
Júpiter Urano
Cometa Halley
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O Sol é uma estrela de tamanho médio, com uma temperatura de 6.000ºC à superfície e de
5.000.000ºC em profundidade, onde a matéria está sujeita a pressões gigantescas. Ele desloca-se a uma
velocidade de 70.000 km/s em direcção à estrela Vega, situada na constelação de Lira a 27 anos-luz de
distância (10,65 x 1012 km).
Com o tempo, e devido à atracção entre os átomos, a nuvem começou a tornar-se mais espessa
pela progressiva concentração dos átomos. A energia desses redemoinhos deu eventualmente origem à
rotação da nuvem que originou mais tarde o sol e os planetas.
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À medida que os átomos eram atraídos entre si, e se aproximavam uns dos outros, a nuvem
tornou-se mais densa e mais quente. Como resultado deste processo de concentração, formou-se a Terra e
os outros planetas.
Mais de 99% dos átomos do espaço são átomos de hidrogénio (H) e hélio (He), os dois átomos
mais pequenos, o que pode ser visto nas atmosferas de alguns planetas maiores.
Perto do centro da concentração da nuvem de gás, os átomos ficaram tão comprimidos e tão
aquecidos que os átomos de H e He começaram a fundir-se para originar elementos mais pesados. Esta
fusão provocou libertação de enormes quantidades de energia térmica, o que levou a uma combustão
nuclear dos átomos de H e He.
Quando começaram estas reacções nucleares, deu-se o nascimento do Sol, o que deve ter
acontecido há 6 mil milhões de anos. Porém, os processos nucleares estavam confinados ao centro da
nuvem. À sua volta rodava uma nuvem de gás menos quente e menos denso.
Como se sabe, a rotação provoca uma força centrífuga que tende a puxar os corpos para fora, ao
passo que a gravidade é uma força centrípeta, que puxa os objectos uns para os outros. Como resultante
destas duas forças, a nuvem de gás tornou-se gradualmente um disco rotativo achatado, girando à volta do
Sol. A tal disco chama-se nebulosa planetária (Fig. 1.11.b).
A dado momento, as porções externas mais frias da nebulosa planetária tornaram-se
suficientemente compactadas para originar matéria sólida, do mesmo modo que o gelo se condensa a partir
do vapor de água para originar neve. Progressivamente, esta matéria sólida condensada transformou-se em
planetas.
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1. INTRODUÇÃO
Pitágoras (530 AC) foi o primeiro a considerar a hipótese de a Terra ser redonda. Observando a
aproximação de navios vindos de longe, reparou que primeiro se viam os mastros, e só depois o casco,
chegando à conclusão que a superfície do mar não era plana, mas sim curva.
No tempo de Erastótenes (Bibliotecário Chefe de
Alexandira, Egipto) já se sabia que a distância do Sol
era tão grande que os seus raios podiam ser
considerados paralelos. Assim, ele imaginou um
sistema simples para estimar o tamanho da Terra.
Ele tinha ouvido dizer que em Syene (hoje Aswan)
no Rio Nilo, ao meio dia no Verão o sol estava tão a
pique que não provocava sombra dos objectos.
Observou, contudo, que em Alexandria, cerca de
800 km a norte de Syene, à mesma hora havia
sombra de objectos. A Fig. 2.2. ilustra as condições
da experiência (em escala exagerada de ângulos e
Fig. 2.2. Método usado por Erastótenes para medir a circunferência
da Terra comprimentos).
Em Alexandria, uma estaca de dimensão AB provocaria uma sombra de dimensão AC. Estes dois
comprimentos determinam o ângulo ABC que iguala o ângulo SOA. Erastótenes fez os cálculos e verificou
que este ângulo é de um pouco mais de 7º (7º 12"), ou seja, quase exactamente 1/5 que 360º. O comprimento
da circunferência terrestre seria assim 50 vezes a distância de Alexandria a Syene, ou seja:
50 x 800km = 40.000 km.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
A interacção destas duas forças (centrífuga e gravidade) dá origem a uma Terra ligeiramente
achatada nos pólos e "inchada" no equador. Como resultado disto, o diâmetro equatorial da Terra é de 12.756
km, ao passo que o diâmetro polar é de 12.714 km, ou seja, uma diferença de 42 km, diferença tão pequena
para a dimensão do globo, que se pode considerar a Terra como uma esfera perfeita. A Fig. 2.4 ilustra estas
diferenças. Este afastamento da forma esférica perfeita tem como resultado que uma pessoa que pese 90 kg
no equador, pesa 90.5 kg no polo. A Tabela 2.1 dá uma ideia geral das dimensões da Terra.
Tabela 2.1. Alguns factos numéricos sobre a Terra
TERRA OCEANOS E MARES
Maior altitude conhecida Metros Maior profundidade conhecida Metros
Monte Everest (Nepal) 8.863 Fossa das Marianas (Filipinas) 11.035
Altitude média 840 Profundidade média 3.808
2
TAMANHO E FORMA km ÁREA Milhões de km
Raio equatorial (a) 6.378,2 Terra (29,22%) 149
Raio polar (b) 6.356,8 Calotes Polares e Glaciares 15,6
Raio médio 6.371,0 Mares e Oceanos (70,78%) 361
Circunferência equatorial 40.076 Terra + plataforma continental 177,4
Circunferência polar (meridiano) 40.009 Mares/Oceanos - plataforma continental 332,6
Elipticidade (a-b)/a 1/298 Área total da Terra 510,0
Espessura/raio Volume Densidade Massa
VOLUME, DENSIDADE, MASSA 6 3 3 24
médio (km) (x 10 km ) média (g/cm ) (x 10 g)
Atmosfera - - - 0,005
Mares e Oceanos 3,8 1.370 1,03 1,41
Calotes Polares e Glaciares 1,6 25 0,30 0,023
Crusta Continental + plataforma continental 35 6.210 2,8 17,39
Crusta Oceânica - plataforma continental 8 2.660 2,9 7,71
Manto 2.881 898.000 4,53 4.068
Núcleo 3.473 175.500 10,72 1.881
A TERRA INTEIRA 6.371 1.083.230 5,517 5.976
A lei de atracção gravitacional de Newton constitui a base para o cálculo da massa e da densidade da
Terra. De acordo com essa lei, a força de atracção exercida pela Terra sobre um objecto colocado na sua
superfície, pode ser calculada se soubermos a massa do objecto, a constante G e a distância do objecto ao
centro de massa da Terra. Para um objecto à superfície, essa distância é o raio da Terra. A força de atracção
gravitacional é o que chamamos peso do objecto. De acordo com as leis que Newton desenvolveu, este
peso deverá ser igual ao produto da massa do objecto (M1) e a aceleração da gravidade (g):
F M1 g (2)
Considerando a equação (1), pode estabelecer-se a seguinte igualdade
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
M1 M 2 (3)
F G M1 g
d2
Sendo:
d = 6.380 km
2
g = 980 cm/s
-8
G = 6,754 x 10 ,
a massa da Terra (M2) é igual a 5,98 x 1027 gramas.
10
O Volume da esfera V 4 R 3 terrestre pode agora ser calculado, sendo igual a 108,78 x 10
3
km3. A partir da massa e do volume, pode calcular-se a densidade (massa/volume), que é de 5,5 g/cm3.
3. ESTRUTURA DA TERRA
A maior parte do que se sabe sobre a estrutura interna da Terra provém de interpretações e de
dados de observação indirecta.
Mesmo as rochas e as lavas que se
originam abaixo da superfície provêm de
profundidades que são relativamente pequenas
comparadas com o raio da Terra.
As principais ferramentas que se usam para o
estudo das partes mais profundas da Terra, são as
análises da gravidade, dos campos magnéticos e das
ondas de choque geradas por terramotos, que dão
indicações da variação da densidade dos materiais com
a profundidade.
Os resultados deste estudo estão ilustrados
na Fig. 2.5. Daqui se pode ver que a Terra não é
constituída dum único material, mas de várias
Fig. 2.5. Camadas constituintes da Terra camadas esféricas concêntricas. Há, assim, três
camadas composicionais (Fig. 2.5, metade direita):
Núcleo: no centro, massa esférica constituída principalmente de ferro, com misturas de níquel,
enxofre, silício e outros elementos;
Manto: intermédio, matéria rochosa que envolve o núcleo; menos denso que o núcleo, mas
mais denso que a camada superficial;
Crusta: superficial, camada mais fina, composta de matéria rochosa menos densa que a do
manto.
O núcleo e o manto têm uma espessura relativamente constante. A crusta, por seu lado, tem uma
espessura variável (Fig. 2.6). Por baixo dos oceanos - crusta oceânica - a crusta tem uma espessura
média de 8 km, enquanto que nos continentes - crusta continental - essa espessura varia entre 20 - 70 km.
O manto e o núcleo têm composições diferentes e estão separados por um limite bem definido.
Provavelmente haverá variações composicionais dentro de cada um deles, mas pouco se sabe sobre isto.
Por seu lado, a crusta, de observação mais directa, tem uma composição muito variada e, em alguns locais,
muito semelhante à parte superior do manto. Mesmo assim, o limite crusta/manto é bem definido.
Além das camadas composicionais, há uma acamação em termos de propriedades físicas (Fig.
2.5, lado esquerdo), como no caso do gelo (água sólida) sobre água (líquida). Do mesmo modo que a água
pode ocorrer em três estados físicos diferentes (sólido, líquido e gasoso), também os materiais da Terra
variam o seu estado físico em função da pressão e temperatura (P,T).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
As regiões em que as propriedades físicas mudam, não coincidem com os limites composicionais
do núcleo, manto e crusta (Fig. 2.5, lado esquerdo).
Dentro do núcleo há a região mais interna, onde as pressões são tão altas que o material se
encontra no estado sólido - núcleo interior. À volta do núcleo interior ocorre o núcleo exterior, onde a P,T
estão de tal modo balanceadas, que os metais fundem e ficam no estado líquido.
Variações análogas de estado físico ocorrem também na parte superior do manto. A cerca de 100 km
da superfície, as rochas do manto atingem temperaturas tais que perdem a sua resistência, tornando-se
plásticas e facilmente deformáveis. É a astenosfera (do Grego asthenos = fraco), que se prolonga até aos 350
km de profundidade, ponto em que as rochas perdem a sua plasticidade e se tornam rígidas e não plásticas.
Dos 350 km de profundidade até ao limite com o núcleo exterior, o manto ganha o nome de mesosfera.
Por cima da astenosfera até à superfície (espessura de 100 km), as rochas são duras e mais
rígidas que as da astenosfera - é a litosfera (do grego lithos = rocha).
O limite entre a astenosfera e a litosfera é claro, mas não corresponde a uma mudança de
composição, mas de estado físico.
Os limites de separação entre as várias camadas da Terra têm o nome de descontinuidades.
Assim, existem as seguintes descontinuidades:
Descontinuidade de Konrad: separa a crusta continental da crusta oceânica;
Descontinuidade de Mohorovičic: separa a crusta do manto;
Descontinuidade de Gutenberg: separa o manto do núcleo.
4. COMPOSIÇÃO DA CRUSTA
A Tabela 2.2 mostra a concentração dos principais elementos químicos na crusta continental. Pode
ver-se que o oxigénio (O) é o elemento mais abundante, quer em peso quer em volume. O segundo elemento
em abundância é o silício (Si), tanto em peso como em volume, seguindo-se o Alumínio (Al). Por seu lado, a
Tabela 2.3 refere-se à composição química das várias camadas da Terra. O constituinte mais abundante de
ambas as crustas continental e oceânica é o óxido de silício (SiO2), seguindo-se o óxido de alumínio (Al2O3),
o que não é de estranhar, pois o O, Si e Al são os três elementos mais abundantes na crusta.
No caso do Manto, o constituinte mais abundante é também o óxido de silício, mas em menor
abundância que na crusta. Ao contrário da crusta, o segundo constituinte mais abundante é o óxido de
magnésio (MgO), seguindo-se o óxido de ferro ferroso (FeO). A composição do Núcleo difere das outras
camadas na medida em que abundam os elementos metálicos, em especial o ferro (Fe).
Tabela 2.2. Abundância de elementos maiores na crusta continental
Elemento % Peso % Volume
Oxigénio (O) 47.2 93.8
Silício (Si) 28.2 0.9
Alumínio (Al) 8.2 0.5
Ferro (Fe) 5.1 0.4
Cálcio (Ca) 3.7 1.0
Sódio (Na) 2.9 1.3
Potássio (K) 2.6 1.8
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5. TECTÓNICA DE PLACAS
Como atrás se disse, a parte superior do Manto (Astenosfera) encontra-se no estado plástico, em
que o material rochoso se encontra fundido. A Crusta (continental e oceânica) encontra-se no estado sólido
"flutuando" sobre a Astenosfera, como o gelo flutua na água.
Devido ao seu estado físico (plástico), a Astenosfera está sujeita a
correntes de convexão, devido às diferenças de temperatura no seu seio: mais
quentes em maiores profundidades, menos quentes em menores profundidades. É
o mesmo processo que ocorre quando aquecemos água numa panela (Fig. 2.7).
Se houverem objectos a flutuar na água, eles são puxados para os bordos da
panela por acção dessas correntes. Assim, o objecto A é puxado para a esquerda,
enquanto que o C é puxado para a direita. Quanto ao objecto B, ele é puxado tanto
para a direita como para esquerda e tem tendência a manter-se no centro. Se o
objecto for feito de material quebradiço, e as correntes forem muito fortes, o objecto
eventualmente parte-se e cada metade vai para seu lado. Este é o mecanismo
básico do que acontece na Terra entre a crusta e a astenosfera. Fig. 2.7. Correntes de convexão
Como se pode ver da Fig. 2.8, a crusta é constituída por uma série de placas tectónicas (do grego
tecktonos - construir)que flutuam sobre a Astenosfera, umas maiores que as outras. Assim, a Crusta é
constituída pelas seguintes placas:
a) Maiores: Africana, Australiana-Indiana, Antártica, Eurasiana, Pacífica, Norte- e Sul-Americana;
b) Menores: Filipinas, Juan de Fuca, Nazca, Cocos e Caraíbas.
A Fig. 2.9 mostra um mapa mais realista das placas tectónicas que compõem a crusta. Como se
pode ver ainda das Figs. 2.8 e 2.9, praticamente todas as placas abrangem crusta continental e crusta
oceânica, à excepção das Placas de Nazca e Juan de Fuca, que são constituídas unicamente por crusta
oceânica.
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Onde as placas estão por baixo dos oceanos, elas são compostas do mesmo material do manto
fluído, ou seja, da astenosfera, mas o material encontra-se no estado sólido, com uma espessura entre 10-16
km. Onde as placas contêm também crusta continental, a sua espessura varia imenso.
Como é que, então, estas placas se movem entre si devido às correntes de convexão da Astenosfera?
Ou seja, como são os limites entre as várias placas? Há três maneiras como as placa se contactam e se movem
entre si, consoante elas desaparecem umas por baixo das outras, ou se afastam entre si, ou deslizam entre si.
1. Dorsais Médio-Oceânicas: Ocorrem nos pontos onde duas placas se
afastam entre si (Fig. 2.10). A força que está por trás do movimento das placas
tectónicas é o calor gerado no interior da Terra pelas reacções nucleares. Este calor
atinge a superfície principalmente nas dorsals médio-oceânicas. Nestes locais, duas
placas afastam-se uma da outra (C) por acção das correntes de convexão do manto
(A), abrindo um espaço entre elas (D) por onde emerge o material rochoso em fusão
(B) - o magma. Este magma, ao chegar à superfície transforma-se em lava e vai
preenchendo continuamente o espaço entre as duas placas à medida que estas se Fig. 2.10. Esquema duma
separam.A lava arrefece e solidifica, agarrando-se aos bordos das duas placas, e for- dorsal médio-oceânica
mando nova crusta oceânica. Assim, quanto mais afastada da dorsal, mais antiga é a rocha. Nas zonas onde este processo ocorre, as placas têm uma
elevação que pode atingir os 4.000 m de altura, daí o nome de dorsal médio-oceânica. As dorsais médio-oceânicas têm, no globo terrestre, um
comprimento total de 64.000 km. A Islândia e os Açores são emergências da Dorsal Médio-Atlântica acima do nível do mar.
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A Fig. 2.15. mostra um corte da Terra entre a África e a América do Sul onde se podem ver todos
estes aspectos da tectónica de placas e da constituição da crusta e manto.
Fig. 2.15. Representação diagramática da tectónica de placas (adaptado de Wyllie, 1995, pg. 24)
Todos estes movimentos de placas, seja de que tipo forem, envolvem imensas quantidades de
energia que, periodicamente, são libertadas, dando origem a sismos de intensidades variadas. Também
como se viu, tanto nas zonas de subducção como nas de dorsal médio-oceânicas, há surgimento à
superfície de lavas provenientes do magma das profundezas da Terra. Na Fig. 2.16 pode ver-se a
localização dos epicentros dos sismos ocorridos no mundo de 1961 a 1967 e, comparando com a Fig. 2.8 e
2.9, pode ver-se que as zonas de epicentros sísmicos coincidem com os limites das placas tectónicas. O
mesmo tipo de distribuição ocorre com as erupções vulcânicas. Assim, há uma relação estreita entre sismos
e vulcões com os limites das placas tectónicas.
Se as placas se movem hoje, elas também se moveram desde sempre. Assim, surge a pergunta:
Como era a distribuição dos continentes ao longo da história da Terra?. Reconstituições do passado
geológico sugerem uma evolução como a que se apresenta na Fig. 2.17.
170 milhões de anos atrás 100 milhões de anos atrás 50 milhões de anos atrás A Terra hoje
Fig. 2.17. Evolução da distribuição dos continentes da Terra com o tempo geológico.
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1. INTRODUÇÃO
Mineralogia é o estudo das substâncias cristalinas que ocorrem naturalmente – os minerais.
Todos temos algum contacto com os minerais, já que eles se encontram à nossa volta nas rochas,
nas areias das praias, rios, lagos, etc.
As gemas são exemplares excepcionalmente belos de minerais.
O conhecimento do que são os minerais, de como se formaram e onde ocorrem é a base para a
compreensão dos materiais largamente aplicados na nossa cultura tecnológica, já que praticamente todos
os produtos inorgânicos comercializados são minerais ou de origem mineral.
2. DEFINIÇÃO DE MINERAL
Se bem que seja difícil formular uma definição sucinta do termo mineral, geralmente a definição
que se segue é geralmente aceite:
Mineral é um sólido homogéneo de ocorrência natural, com propriedades físicas e uma
composição química bem definidas, ou variando dentro de certos limites, um arranjo atómico
altamente ordenado e geralmente formado por processos inorgânicos.
Uma análise desta definição facilita a sua compreensão:
a) O termo de ocorrência natural distingue substâncias formadas a partir de processos naturais
daquelas formadas em laboratório; os laboratórios industriais e de pesquisa produzem
rotineiramente equivalentes de substâncias de ocorrência natural, incluindo gemas como a
esmeralda, o rubi e o diamante. Estas substâncias produzidas em laboratório levam o nome das
suas equivalentes naturais, simplesmente são apelidadas de sintéticas. Muitos dos estudos sobre
minerais fazem-se em minerais sintéticos, dada a sua pureza química.
Face a isto, poderia perguntar-se se a substância CaCO3, geralmente conhecida por calcite,
que se deposita nos tubos das canalizações da cidade é mineral ou não, uma vez que ele é
precipitado a partir da água num sistema produzido pelo Homem. A maioria dos mineralogistas
considera-a como calcite, uma vez que a intervenção humana na sua formação foi casual. Se
não se depositasse nos tubos, depositar-se-ia noutro local.
b) A definição diz ainda que o mineral é um sólido homogéneo. Quer dizer que consiste duma
substância sólida simples que não pode ser subdividida por processos físicos e mecânicos nos
seus componentes químicos. A determinação da homogeneidade depende da escala. Uma
determinada substância pode parecer homogénea a olho-nu, mas ao microscópio ela pode ser
constituída por vários componentes.
A qualificação de sólido excluí, obviamente, líquidos e gases. Assim, o gelo (H2O) dos glaciares
é um mineral, mas já não o é a água líquida (H2O também). Do mesmo modo, o mercúrio que
ocorre na forma de gotas líquidas em jazigos de mercúrio, deve ser excluído da noção de
mineral, pela definição. Contudo, na classificação de substâncias naturais, tais substâncias são
consideradas como mineralóides e como tal estudadas na mineralogia.
c) A afirmação de que um mineral tem uma composição química bem definida implica que ela
pode ser expressa por uma fórmula química simples. Por exemplo, a fórmula química do
quartzo expressa-se por SiO2, uma vez que o quartzo só contém os elementos silício e
oxigénio. Assim o quartzo é considerado uma substância pura.
Outros minerais contudo não têm uma fórmula tão simples. Por exemplo, a dolomite –
CaMg(CO3)2 – nem sempre é um carbonato puro de Ca-Mg. Ele contém muitas vezes Fe e Mn
a substituir átomos de Mg. Porque as quantidades de Fe-Mn podem variar, diz-se que a
composição da dolomite varia dentro de certos limites. Assim, a fórmula da dolomite poderia
escrever-se como Ca(Mg,Fe,Mn)(CO3)2.
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d) Um arranjo atómico altamente ordenado indica uma rede interna de átomos arranjados segundo
um padrão geométrico. Sendo isto um critério de cristalinidade, os minerais são substâncias
cristalinas.
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Há sólidos, como o vidro, que não têm este arranjo ordenado, e por isso são chamados de
amorfos. Há certas substâncias naturais sem estrutura interna que, como atrás aconteceu com
o mercúrio, são tratados de mineralóides: limonite (hidróxido de ferro), microlite, gadolinite e
allanite (os três são substâncias radioactivas e a sua estrutura cristalina foi destruída pelos
processos radioactivos).
e) De acordo com a definição natural, um mineral é formado por geralmente processos
inorgânicos. Inclui-se a palavra “geralmente” para se incluir no âmbito da mineralogia os
compostos de origem orgânica e que respondem a todos os requisitos dum mineral. É o que
acontece com as conchas dos moluscos e as pérolas, que são compostas duma substância em
tudo idêntica ao mineral aragonite.
Várias outras substâncias podem ser precipitadas por organismos vivos: opala (SiO2 amorfo),
magnetite (Fe3O4), fluorite (CaF2). No caso do ser humano, os ossos e os dentes são
constituídos fundamentalmente por apatite - Ca5(PO4)3(OH). O corpo também produz
concreções de matéria mineral – os cálculos renais e urinários – constituídas essencialmente
por fosfatos de cálcio.
O petróleo e o carvão, frequentemente referidos como combustíveis minerais, são excluídos.
Se bem que ocorram naturalmente, não têm nem composição química definida nem arranjo
atómico ordenado
f) A afirmação de que as propriedades físicas são bem definidas ou variam dentro de certos
limites, resulta do facto de as referidas propriedades serem uma consequência da composição
química e do arranjo atómico interno.
3. CRISTAIS
Os minerais, com poucas excepções, têm
um arranjo interno ordenado característico dos
sólidos cristalinos.
Quando as condições de formação são
favoráveis, os minerais podem estar limitados por
a) Fluorite b) Pirite
superfícies planas lisas e assumir formas
geométricas regulares, a que se dá o nome de
cristal (Fig. 3.1.)
Hoje em dia a maioria dos cientistas usa o
termos cristal para descrever qualquer sólido com
um arranjo interno ordenado, independentemente d) Turmalina
de possuir ou não faces externas, uma vez que c) Quartzo
essas faces são um acidente do crescimento. Fig. 3.1. Algumas formas cristalinas
Assim, uma definição mais lata de cristal será um sólido homogéneo possuindo uma ordem
interna tridimensional.
O estudo dos sólidos cristalinos e os princípios que controlam o seu crescimento, a sua forma
externa e a sua estrutura interna chama-se Cristalografia. Se bem que a Cristalografia tenha aparecido
como um ramo da Mineralogia, hoje é uma ciência separada e que se dedica a todas as substâncias
cristalinas, minerais ou não.
O desenvolvimento e aparecimento de
faces pode ser tal que dê origem a cristais com
faces de desenvolvimento perfeito. Esse
desenvolvimento pode não ser tão bom e as faces
serem imperfeitas, ou não aparecerem sequer
faces. Assim, os sólidos cristalinos designam-se por
euédricos, subédricos eanédricos,
respectivamente (do Grego hedron=face, eu- =bom,
an- =sem e do Latim sub- =algo). A Fig. 3.2 mostra b) Corindo c) Ouro
a) Berilo
um esquema de cada uma destas substâncias Fig. 3.2. Substâncias cristalinas (a) euédrica, (b) subédrica e (c)
cristalinas. anédrica
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4. OS SISTEMAS CRISTALINOS
Quando se observam cristais de várias substâncias, verifica-se que eles têm formas muito
variadas. Uns são cúbicos, como a pirite, outros octaédricos, como a fluorite (Fig. 3.1), outros prismáticos,
como o berilo (Fig. 3.2.a), o quartzo (Fig. 3.1) e a turmalina, outros romboédricos, como a calcite, outros
piramidais, como o quartzo também (Fig. 3.1.), etc. Quando se fala em formas prismáticas e piramidais, há a
considerar prismas e pirâmides de base triangular, quadrangular, rectangular e hexagonal. Cada uma
destas formas geométricas tem os seus elementos de simetria próprios: planos, eixos e centro de simetria.
Vejamos por exemplo, um cubo (Fig. 3.4.a). Ele tem 3 eixos de grau 4, 4 eixos de grau 3, 6 eixos
de grau 2, 9 planos de simetria e um centro de simetria. O mesmo se passa com um octaedro (Fig. 3.4.b).
Já por exemplo, um prisma e uma pirâmide de base quadrada só têm 1 eixo de grau 4, 4 eixos de grau 2, 5
planos de simetria e 1 centro (Fig. 3.4.c e Fig. 3.4.d). Outros exemplos poderiam ser dados.
a) b) d)
c)
Fig. 3.4. Elementos de Simetria de:
a) um cubo e b) um octaedro: 3E4, 4E3, 6E2, C, 9P
b) c) um prisma quadrangular e d) uma pirâmide quadrangular: 1E4, 4E2, C, 5P
Como se pode ver, o cubo e o octaedro, tendo os mesmos elementos de simetria, pertencem a um
determinado grupo de cristais, ao passo que o prisma e a pirâmide quadrangular pertencem a outro grupo
de cristais. Estes grupo são chamados Sistemas Cristalinos. E há 7 destes sistemas cristalinos (Fig. 3.5.):
cúbico, hexagonal, tetragonal, trigonal, ortorrômbico, monoclínico e triclínico.
Cada um destes sistemas é caracterizado por um conjunto de eixos imaginários à volta dos quais
os cristais crescem e se desenvolvem. Estes eixos são chamados eixos cristalográficos e o seu conjunto
é a cruz axial. Assim, os sistemas cristalinos são caracterizados pelas seguintes cruzes axiais:
a) Cúbico: três eixos iguais e normais entre si;
b) Hexagonal e Trigonal: três eixos iguais coplanares, fazendo um ângulo de 120º entre si e um
quarto eixo diferente, normal ao plano dos outros três eixos; A diferença entre os sistemas
hexagonal e trigonal está no grau de simetria
c) Tetragonal: três eixos normais entre si, sendo dois iguais entre si;
d) Ortorrômbico: três eixos diferentes e normais entre si;
e) Monoclínico: três eixos diferentes, sendo dois oblíquos e o terceiro normal ao plano definido
pelos outros dois;
f) Triclínico: três eixos diferentes e oblíquos entre si.
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Hexagonal
Cúbico e Trigonal Tetragonal Ortorrômbico Monoclínico Triclínico
Fig. 3.5. As cruzes axiais dos 7 Sistemas Cristalinos.
d) Equigranular: Pirite
a) Acicular: Camerolaíte b) Capilar: Canavesite c) Tabular: Autunite
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Vários outros hábitos poderiam ser referidos: concreção, maciço, bandado, estalagtítico, etc., etc.
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a) Mica b) Quartzo
Fig. 3.7. Ilustração das redes cristalinas de minerais (a) com clivagem e (b) com fractura
Como se pode ver da figura anterior, a rede cristalina da mica mostra zonas onde os átomos estão
dispostos em planos, sendo estes as zonas de fraqueza onde se formam as superfícies de clivagem. Por seu lado,
a estrutura do quartzo mostra uma distribuição tridimensional regular, sem zonas de fraqueza, daí a fractura.
Consoante as direcções da superfície de clivagem, ela pode ser classificada em (Fig. 3.8):
a) Cúbica – galena; c) Dodecaédrica – fluorite; e) Prismática – piroxena;
b) Octaédrica – fluorite; d) Romboédrica – calcite; f) Basal – mica.
f)
d)
a) b) e)
c)
Fig. 3.8. Diversos tipos de clivagem: (a) Cúbica; (b)
Ocatédrica; (c) Dodecaédrica; (d) Romboédrica; (e)
Prismática; (f) Basal. a) b) c)
Por seu lado, a fractura pode ser um Fig. 3.9. Diversos tipos de fractura: (a) Concoidal; (b)
Fibrosa; (c) Irregular
caracter distintivo de alguns minerais, e podem
ser classificadas em (Fig. 3.9):
a) Concoidal (ou conchoidal) –
superfícies curvas, lisas e brilhantes,
semelhantes ao interior de conchas –
berilo e vidro;
b) Fibrosa – Olho de Tigre;
c) Irregular – superfícies irregulares e
rugosas, às vezes com aspecto
terroso - magnetite.
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5.3. Dureza
A dureza é a resistência que um
mineral oferece à abrasão, determinada pela sua
resistência a ser riscado por um objecto. Todos os
minerais têm uma dureza determinada (ou variando
dentro de limites estreitos) que depende da
estrutura cristalina do mineral. A determinação
prática da dureza faz-se a partir da escala de
Mohs. A escala de Mohs é um conjunto de 10
minerais, de durezas variando de 1 a 10, e que
são:
1. Talco – Mg9Si4O10(OH)2
2. Gesso – CaSO4.2H2O
3. Calcite – CaCO3
4. Fluorite – CaF2
5. Apatite – Ca5(PO4)3(OH,F,Cl)
6. Ortoclase – KAlSi3O8
7. Quartzo – SiO2
8. Topázio – Al 2SiO4(OH,F)2
9. Corindo – Al2O3
10. Diamante - C
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5.4. Tenacidade
A tenacidade é a resistência que um mineral oferece à quebra, esmagamento, dobramento
ou rompimento, ou seja, a sua coesão interna. A tenacidade é descrita com os seguintes termos:
a) Quebradiço: mineral que se quebra e reduz facilmente a pó – calcite;
b) Maleável: mineral que pode ser reduzido a folhas – ouro;
c) Séctil: mineral que pode ser cortado com uma faca – galena;
d) Dúctil: mineral que pode ser modelado em arame – cobre;
e) Flexível: mineral que pode ser dobrado, mas que não retoma a sua forma original quando a
pressão é retirada – talco;
f) Elástico: mineral que pode ser dobrado, e que retoma a sua forma original quando a pressão é
retirada – mica;
5.5. Densidade
A densidade é um número que expressa a razão entre o peso duma substância e o peso de
igual volume de água a 4°C. Assim, um mineral de densidade 2 é duas vezes mais pesado que a água.
A densidade dum mineral depende de:
a) tipo de átomos componentes;
b) modo como os átomos estão empacotados
Por exemplo, os minerais quartzo e tridimite, ambos constituídos por SiO2, apesar de terem os
mesmos átomos, têm estruturas diferentes, estando mais empacotados no quartzo do que na tridimite.
Assim, o quartzo tem densidade 2.65 e a tridimite tem densidade 2.26. Por outro lado, a celestite (SrSO4) e
a anglesite (PbSO4) têm a mesma estrutura, mas como o chumbo (Pb) é mais pesado que o estrôncio (Sr),
a anglesite tem densidade 6.32 e a celestite 3.97.
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5.6. Cor
Basicamente a cor dos minerais resulta da absorção selectiva de certos comprimentos de
onda da luz brancapelos átomos da sua estrutura. A luz transmitida ou reflectida representa a parte que
não é absorvida pela estrutura.
A cor raramente é útil na identificação dos minerais, devido às impurezas que os mesmos
possuem e ao estado de cristalinidade e imperfeições estruturais que a estrutura cristalina apresenta. Por
exemplo, a hematite (Fe2O3), quando pulverizada, tem cor vermelha de sangue, mas em massa ou cristais
apresenta uma cor cinzenta, preta ou azulada. O quartzo, quando pulverizado é branco, mas em massa ou
cristal pode ser incolor, branco, amarelo, azul, rosa, negro, etc., em função do tipo de impurezas que
contém.
a)
5.11. Fluorescência, Fosforescência e Luminescência
A fluorescência é a emissão de luz por um mineral quando
irradiados por luz ultravioleta(Fig. 3.11). Se depois de se parar a
irradiação o mineral continuar a emitir essa luz, diz-se que é
fosforescente. A Luminescência é luz própria emitida por certos minerais,
que só se vê no escuro, pois é muito fraca.
As propriedades eléctricas podem ser classificadas em
termoeléctricas, piroeléctricas ou piezoeléctricas, consoante ganham b)
cargas eléctricas por acção de aquecimento por esfrega ou fogo
Fig. 3.11. Fluorescência da
(turmalina), ou quando se exerce pressão sobre eles (quartzo). Andersonite (a) Luz natural; (b) Luz
ultravioleta
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A este processo de transformação de átomos dum elemento em átomos doutros elementos por
emissão de partículas atómicas/energia chama-se desintegração radioactiva.
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6.1.1. OURO
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Cor: amarelo-ouro, quando puro; quando misturado com prata, torna-se mais claro;
Risca: amarelo-ouro metálico;
Brilho: metálico;
Diafanidade: opaco.
d) Utilização: a maior utilização é na joalharia; metal que garante as reservas financeiras dum país. Muito
utilizado na numismática, para medalhas e moedas comemorativas. Nos tempos modernos, o ouro é
cada vez mais utilizado em instrumentos científicos e em aplicações dentárias.
e) Ocorrência: em Moçambique, o ouro ocorre nas Províncias de Manica, Tete e Niassa. A nível
internacional, os principais jazigos de ouro estão na África do Sul, Rússia, China, Canadá, EUA e Brasil.
f) Origem do nome: do Latim Aurum = ouro.
6.1.2. COBRE
6.1.3. DIAMANTE
6.1.4. GRAFITE
a) Sistema Cristalino: sistema hexagonal.
b) Composição química: Carbono puro – C.
c) Propriedades físicas:
Hábito: cristais tabulares, vulgarmente em massas foliadas, radiais
(Fig. 3.16), terrosas;
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita; não tem fractura;
Tenacidade: as lâminas de grafite são flexíveis (não elásticas);
Dureza: muito baixa – 1-2; Fig. 3.16. Grafite
Densidade: pequena – 2.09-2.23;
Cor: negra a cinzenta escura;
Risca: negro brilhante;
Brilho: metálico a baço;
Diafanidade: opaco;
Outras propriedades: untuoso ao tacto, condutor de calor e electricidade,
termoeléctrico; escreve no papel.
a)
A Fig. 3.17 mostra as redes cristalinas do diamante e da grafite, exemplo
claro de polimorfismo do Carbono.
d) Utilização: usada na indústria eléctrica, para fabrico de escovas
colectoras e eléctrodos, na indústria química (lubrificantes, tintas), lápis,
moderador de reacções atómicas.
e) Ocorrência: em Moçambique, a grafite ocorre em Montepuez, Monapo, b)
Angónia e Lúrio. Os principais jazigos de grafite estão no Canadá, Fig. 3.17. Redes cristalinos (a) do
Madagáscar, Áustria, Finlândia, Rússia e México. diamante e (b) da grafite
f) Origem do nome: do Grego graphein = escrever.
31
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6.1.6. ENXOFRE
Outras propriedades: mau condutor de calor; quando um pedaço de enxofre é agarrado com a mão e
colocado junto ao ouvido, ouvem-se estalidos porque a zona superficial aquecida pela mão estala.
d) Utilização: utilizado para o fabrico de compostos de enxofre, como o ácido sulfúrico (H2SO4). Usado
também em insecticidas, fertilizantes e vulcanização da borracha.
e) Ocorrência: em Moçambique não se conhecem ocorrências de enxofre. Os depósitos mais importantes
situam-se na Sicília (Itália) e outras regiões vulcânicas, como Chile, México, EUA, Hawaii, Japão e Argentina.
f) Origem do nome: do Latim sulphur.
6.2. SULFURETOS/SULFOSSAIS
Os sulfuretos e sulfossais constituem uma importante e numerosa classe de minerais que incluem
a maioria dos minerais de minério. A maioria dos sulfuretos é opaca com cores e riscas características. Os
não opacos têm índices de refracção extremamente altos e só não são opacos em secções muito finas.
A fórmula geral dos sulfuretos é XmYnZp, em que X e Y representam elementos metálicos e Z os
não metálicos. Neste capítulo trataremos só de alguns deles, e que são os mais frequentes.
6.2.1. GALENA
32
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6.2.2. CALCOPIRITE
6.2.3. PIRITE
33
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
d) Utilidade: a pirite é muitas vezes minerada para a extracção de ouro e cobre com ela associados; é
uma fonte de enxofre para o fabrico de ácido sulfúrico; em situações muito particulares, a pirite pode
ser considerada como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique, a pirite não ocorre como jazigo, mas está presente em grande número de
rochas nas regiões centro e norte do país. É o Sulfureto mais frequente na crusta terrestre Os grandes
jazigos mundiais de pirite encontram-se em Portugal, Espanha.
Origem do nome: do Grego pyros = fogo, por causa das faíscas que lança quando percutido por ferro.
Esfalerite (ZnS), Pirrotite (Fe1-xS), Covelite (CuS), Cinábrio (HgS), Realgar (AsS), Marcassite (FeS2 -
polimorfo da pirite), Molibdenite (MoS2), Cobaltite (Co,Fe)AsS e Arsenopirite (FeAsS).
Cinábrio Marcassite
Pirrotite Covelite Molibdenite Arsenopirite
Fig. 3.23. Exemplos doutors tipos de sulfuretos.
xxxiv
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.3.1. GELO
h) Sistema cristalográfico: hexagonal.
i) Composição química: Óxido de hidrogénio – H2O.
j) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente aparece em formas maciças nas calotes polares e
icebergs, mantos de neve. A condensação do vapor de água em gelo dá
bonitos cristais estrelados como os da Fig. 3.24. Aparece também em
agregados estalactíticos e granulares;
Clivagem e Fractura: fractura conchoidal; a)
Tenacidade: quebradiço;
Dureza: muito baixa – 1.5;
Densidade: muitíssimo baixa – 0.92;
Cor: incolor, ou branca quanto contém inclusões gasosas;
Risca: branca;
Brilho: aquoso;
Diafanidade: transparente a translúcido.
k) Utilidade: utilidade da água; os gelos dos polos dão indicações preciosas sobre b)
Fig. 3.24. Cristais de neve
a história climática da Terra.
l) Ocorrência: em Moçambique não há depósitos permanentes de gelo. As grandes massas de gelo ocorrem
nos pólos e nos glaciares.
6.3.2. MAGNETITE
d) Sistema cristalográfico: Cúbico.
e) Composição química: Óxido de Ferro férrico – Fe3O4.
f) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente maciço, podendo ocorrer em hábito octaédrico (Fig. 3.25);
Clivagem e Fractura: a clivagem é imperfeita octaédrica; fractura irregular;
a)
Tenacidade: quebradiça;
Dureza: média – 6;
Densidade: média – 5.18;
Cor: negra de ferro;
Risca: negra;
Brilho: metálico; b)
Fig. 3.25. (a) Cristal de
Diafanidade: opaco; magnetite; b) Magnetite da
Outras propriedades: fortemente magnética. Lupata.
d) Utilidade: principal minério de ferro.
e) Ocorrência: em Moçambique, a magnetite ocorre em grandes quantidades na Lupata e em Tete. Os
grandes jazigos mundiais de magnetite encontram-se na Suécia, Noruega, Roménia e Ucrânia.
f) Origem do nome: possivelmente da localidade de Magnesia, na Macedónia.
xxxv
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.1.3. HEMATITE
f) Sistema cristalográfico: trigonal.
g) Composição química: Óxido de Ferro ferroso – Fe2O3.
h) Propriedades Físicas:
Hábito: raramente em cristais achatados; normalmente aparece em
agregados botrióides (Fig. 3.26); Fig. 3.26. Hematite botrióide
Clivagem e Fractura: clivagem prismática fraca; a fractura é irregular, por vezes fibrosa;
Tenacidade: variada;
Dureza: média – 5.5-6.5;
Densidade: média – 5.26;
Cor: castanho avermelhado a negro;
Risca: vermelho de sangue claro a escuro;
Brilho: metálico em cristais e baço em agregados maciços;
Diafanidade: opaco quando maciça; translúcido em grão de pequenas dimensões ou em cristais
pequenos.
i) Utilidade: importante minério de ferro; também usada para pigmentos.
j) Ocorrência: em Moçambique, a hematite não ocorre como jazigo, mas está presente em grande número
de rochas nas regiões centro e norte do país. Os grandes jazigos mundiais de hematite encontram-se na
Alemanha, Suíça, Áustria, Itália, Canadá, Austrália, Libéria e Brasil.
k) Origem do nome: do Grego haematos = sangue, por causa da cor de sangue da sua risca.
6.1.4. CASSITERITE
a) Sistema cristalográfico: tetragonal.
b) Composição química: Óxido de Estanho – SnO2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: tem hábito prismático associado a piramidal; são frequentes cristais
geminados em forma de joelho a que se dá o nome de Joelho de Estanho
(Fig. 3.27); normalmente é maciça;
Clivagem e Fractura: clivagem imperfeita;
Fig. 3.27. Cassiterite – Joelho
Dureza: média – 6-7; de Estanho
Densidade: média – 6.8-7.1;
Cor: castanha a negra, porvezes amarela a branca;
Risca: branca;
Brilho: adamantino;
Diafanidade: translúcido, raramente transparente.
d) Utilidade: importante minério de estanho.
e) Ocorrência: em Moçambique, a cassiterite ocorre principalmente no Inchope (Sofala). Os grandes jazigos
mundiais de cassiterite encontram-se na Malásia, Indonésia e Tailândia.
f) Origem do nome: do Grego kassiteros = estanho.
6.1.5. RÚTILO
a) Sistema cristalográfico: tetragonal.
b) Composição química: Óxido de Titânio – TiO2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: hábito acicular; ocorre muitas vezes dentro de cristais de quartzo (Fig.
3.28); muitas vezes maciça;
Clivagem e Fractura: clivagem prismática perfeita; fractura irregular a
conchoidal;
Fig. 3.28. Rútilo
Dureza: média – 6-6.5;
Densidade: baixa média – 4.18-4.25;
Cor: vermelha, castanha avermelhada ou negra;
Risca: castanha clara;
Brilho: adamantino a sub-metálico;
xxxvi
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6.1.6. ILMENITE
a) Sistema cristalográfico: trigonal.
b) Composição química: Óxido de Ferro e Titânio – FeTiO3; óxido múltiplo
c) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente maciço, por vezes em cristais tabulares (Fig. 3.29);
muitas vezes aparece com areia;
Clivagem e Fractura: sem clivagem; fractura conchoidal;
Dureza: média – 5.5-6;
Fig. 3.29. Ilmenite
Densidade: baixa média – 4.7;
Cor: negra de ferro;
Risca: castanha avermelhada a negra;
Brilho: metálico a sub-metálico;
Diafanidade: opaco.
d) Utilidade: o mais importante minério de titânio.
e) Ocorrência: em Moçambique, a ilmenite ocorre em areias pesadas, como as do Chibuto, Moma, Pebane e
outras localidades ao longo da costa. Os grandes jazigos mundiais de ilmenite encontram-se na Noruega,
Rússia, Austrália, África do Sul e Brasil.
f) Origem do nome: das Montanhas Ilmen, na Rússia.
6.1.7. COLUMBO-TANTALITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Solução sólida entre Óxido de Nióbio
e Óxido de Tântalo – (Fe,Mn)Nb2O6-(Fe,Mn)Ta2O6; óxido
múltiplo
c) Propriedades Físicas:
Hábito: frequentemente em cristais de hábito prismático (Fig.
3.30);
Clivagem e Fractura: clivagem prismática fácil; fractura
conchoidal irregular; a) b)
Fig. 3.30. Columbite (a) e Tantalite (b)
Dureza: média – 6;
Densidade: média – 5.2-7.9, dependendo das percentagens de Ta e Nb presentes;
Cor: negra de ferro;
Risca: castanha avermelhada a negra;
Brilho: metálico a sub-metálico;
Diafanidade: opaco quando maciço; semi-translúcido em grãos e cristais pequenos.
d) Utilidade: importante minério de tântalo e nióbio, para o fabrico de ligas metálicas anti-corrosivas e
resistentes a altas temperaturas (indústria espacial e aeronáutica, turbinas, etc.).
e) Ocorrência: em Moçambique, a columbo-tantalite ocorre em grandes quantidades nos pegmatitos da
Zambézia e Nampula. Outros jazigos mundiais de importância mundial encontram-se no Canadá, Nigéria,
RD Congo, Madagáscar e Austrália.
f) Origem do nome: o nome columbite vem de Colúmbia (América) onde foi encontrado pela primeira vez;
tantalite vem do deus Tantalus, pela dificuldade em ser atacado pelos ácidos.
Cuprite (Cu2O), Zincite (ZnO), Corindo (Al2O3), Espinela (MgAl2O4), Cromite (FeCr2O4), Pirolusite (MnO2),
Uraninite (UO2)
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6.1.9. LIMONITE
a) Sistema cristalográfico: substância amorfa.
b) Composição química: hidróxido de ferro hidratado – FeO.OH.nH2O; A limonite não é propriamente um
mineral, mas uma mistura complexa de óxidos e hidróxidos de ferro, entre eles a goethite (-FeOOH) e
a lepidocrocite (-FeOOH), ambos ortorrômbicos.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: agregados terrosos, em estalactites, oolíticos (Fig. 3.32);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura irregular;
Dureza: média – 5-5.5;
Densidade: baixa – 3.6-3.7;
Cor: amarelo, castanho a negro;
Risca: castanha, castanha-amareladas;
Brilho: variável, consoante o tipo de agregado;
Diafanidade: opaco.
Fig. 3.32. Limonite
d) Utilidade: minério de ferro;
e) Ocorrência: em Moçambique, a limonite é um mineral comum como resultado de alteração de rochas ricas
em ferro, não se conhecendo, contudo, jazigos importantes.
f) Origem do nome: do Latim limus = lama, lodo.
6.1.10. BAUXITE
a) Sistema cristalográfico: substância amorfa.
b) Composição química: hidróxido de ferro e alumínio; a bauxite é
uma mistura complexa de hidróxidos de ferro (goethite - -FeOOH) e
alumínio (diáspora - -AlOOH, gibbsite - Al(OH)3).
c) Propriedades Físicas:
Hábito: agregados maciços e terrosos, ou em concreções (Fig. 3.33);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura irregular;
Fig. 3.33. Bauxite
Dureza: muito baixa – 1-3;
Densidade: baixa – 2-2.55;
Cor: branca, cinzenta, amarela ou vermelha;
Diafanidade: translúcido.
d) Utilidade: principal minério de alumínio.
e) Ocorrência: Em Moçambique, a bauxite é um mineral comum como resultado de alteração de rochas ricas
em alumínio. Ocorre na Zambézia, junto da fronteira com o Malawi, e em Manica, junto à fronteira com o
Zimbabwe. Os principais produtores de bauxite são o Suriname, Jamaica, Guiana. Na Guiné e Austrália
também ocorrem importantes jazigos.
f) Origem do nome: da localidade francesa de Baux.
Brucite Manganite
Fig. 3.34. Outros tipos de hidróxidos.
xxxviii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.4. HALOGENETOS
- - - -
Os Halogenetos caracterizam-se pela dominância dos aniões halogéneos Cl , Br , F e I ,
praticamente todos eles do sistema cúbico. Apesar de vários, iremos abordar só dois: a Halite e a Fluorite.
6.4.2. FLUORITE
a) Sistema cristalográfico: cúbico.
b) Composição química: Fluoreto de Cálcio – CaF2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cúbico (Fig. 3.36), octaédrico (Fig. 3.1.a); aparece também em
formas maciças e granulares;
Clivagem e Fractura: clivagem octaédrica perfeita;
Tenacidade: quebradiço; Fig. 3.36. Fluorite
Dureza: média – termo 4 da escala de Mohs;
Densidade: baixa – 3.18;
Cor: incolor; branca, azulada, rósea, verde, amarelada, lilás e castanha; por vezes aparece com
zonamento de cores;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras Propriedades: é fluorescente quando irradiada com luz ultra-violeta.
d) Utilidade: a maioria da fluorite é usada na indústria química, no fabrico de ácido hidroflórico; também se usa
no fabrico do vidro, fibra-de-vidro, cerâmica.
e) Ocorrência: em Moçambique há depósitos de fluorite em Canxixe e Marínguè. Os grandes depósitos de
fluorite ocorrem no Reino Unido, Mongólia, África do Sul, China, Espanha e Tailândia.
f) Origem do nome: do Latim fluere = fluir, por fundir facilmente.
Atacamite
Silvite
Fig. 3.37. Outros tipos de halogenetos
xxxix
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.5. CARBONATOS
Os carbonatos são um grupo de minerais em que o grupo aniónico é ocupado pelo complexo CO3.
Típico dos carbonatos é a reacção que fazem com os ácidos, provocando uma espécie de efervescência,
segundo a equação:
Outros carbonatos do tipo da Calcite são: Magnesite (MgCO3), Siderite (FeCO3), Rodocrosite (MnCO3) e
Smithsonite (ZnCO3). (Fig. 3.39).
Rodocrosite Smithsonite
Magnesite Siderite
Fig. 3.39. Carbonatos do grupo da calcite
6.5.2. ARAGONITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Carbonato de Cálcio - CaCO3; é um polimorfo
da calcite.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: acicular, tabular, e em cristais geminados em forma de prisma
hexagonal (Fig. 3.40); também ocorre em agregados colunares e
estalagtíticos;
Fig. 3.40. Aragonite
Clivagem e Fractura: clivagem prismática distinta; fractura conchoidal;
xl
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.5.3. DOLOMITE
a) Sistema cristalográfico: trigonal
b) Composição química: Carbonato de Cálcio e Magnésio -
CaMg(CO3)2.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: normalmente romboédrico (Fig. 3.42.A), de faces muitas vezes a)
curvas em forma de sela de cavalo (Fig. 42.B);
Clivagem e Fractura: clivagem romboédrica perfeita; fractura
conchoidal;
Dureza: baixa 3.5-4;
Densidade: baixa - 2.85;
Cor: normalmente rosa claro; incolor, branca, cinzenta, verde,
castanha ou negra;
Risca: branca; b)
Brilho: vítreo, por vezes nacarado; Fig. 3.42. Dolomite (a) romboédrica e
(b) em sela
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: faz efervescência com os ácidos a quente; é
luminescente;
d) Utilidade: como pedra decorativa ou material de construção.
e) Ocorrência: região do Tirol (entre a Itália e Suíça), Reino Unido e
México. Em Moçambique não há jazigos de dolomite.
g) Origem do nome: em honra do químico francês Dolomieu (1750-1801).
xli
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.7.1. GESSO
a) Sistema cristalográfico: monoclínico.
b) Composição química: Sulfato Hidratado de Cálcio - CaSO4.2H2O.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais tabulares (Fig. 3.46), às vezes geminados em forma de cauda de andorinha;
por vezes fibroso (Fig. 3.6.g);
Clivagem e Fractura: clivagem prismática perfeita, dando lâminas muito finas; fractura
conchoidal ou fibrosa;
Dureza: baixa - termo 2 da Escala de Mohs;
Densidade: baixa - 2.32;
Cor: incolor, podendo ser branca, cinzenta, amarela ou vermelha, consoante as impurezas;
Risca: branca;
Brilho: usualmente vítreo, podendo ser nacarado ou sedoso; Fig. 3.46. Gesso
Diafanidade: translúcido a transparente.
d) Utilidade: utilizado em fabrico do gesso de moldagem, ortopedia.
e) Ocorrência: EUA, Canadá, França, Japão e Irão. Em Moçambique ocorrem em pequenas quantidades em
várias zonas sedimentares do País.
f) Origem dos nome: do Grego Gypsos = gesso.
6.7.2. ANIDRITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Sulfato de Cálcio Anidro - CaSO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais raros; normalmente maciça, podendo ser fibrosa ou granular
(Fig. 3.47);
Clivagem e Fractura: clivagem prismática perfeita; Fig. 3.47. Anidrite
Dureza: baixa - 3-3.5;
xlii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.7.3. BARITE
a) Sistema cristalográfico: ortorrômbico.
b) Composição química: Sulfato de Bário Anidro - BaSO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais tabulares; (Fig. 3.48); Fig. 3.48. Barite
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita e prismática imperfeita;
fractura conchoidal;
Dureza: baixa - 3-3.5;
Densidade: média - 4.5;
Cor: incolor, podendo ser azulado, amarelado ou avermelhado;
Risca: branca; a
Brilho: usualmente vítreo, podendo ser nacarado;
Diafanidade: transparente a translúcido.
d) Utilidade: a maior parte da barite é usada como lama lubrificante nas
perfurações para hidrocarbonetos; principal fonte de bário.
e) Ocorrência: Inglaterra, Roménia e Alemanha. b
f) Origem dos nome: do Grego barys = pesado, em alusão à sua alta
densidade.
6.8.1. WOLFRAMITE
a) Sistema cristalográfico: monoclínico.
b) Composição química: Volframato de Ferro e Manganês - (Fe,Mn)WO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais em geral tabulares (Fig. 3.50);
Clivagem e Fractura: clivagem perfeita; fractura irregular;
Dureza: baixa - 4-4.5;
Densidade: alta - 7-7.5;
Cor: negra a castanha;
Risca: negra a castanha-escura; Fig. 4.50. Volframite
xliii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
e) Ocorrência: China, Rússia, Coreia, Tailândia e Austrália. Em Moçambique ocorre nos pegmatitos da
Zambézia.
f) Origem do nome: do Alemão Wolf = lobo + rahm = espuma. Pela formação de espuma durante a fusão
de minério de estanho com volfrâmio; wolf era o nome do estanho entre os alquimistas.
6.8.2. SCHEELITE
a) Sistema cristalográfico: tetragonal.
b) Composição química: Volframato de Cálcio - CaWO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais bipiramidais ou em massas granulares (Fig. 3.51);
Clivagem e Fractura: clivagem distinta;
Dureza: baixa - 4.5-5;
Densidade: alta - 5.9-6.1;
Cor: branca, amarela, verde, castanha;
Brilho: vítreo a adamantino; Fig. 3.51. Scheelite
Diafanidade: translúcido a transparente;
Outras propriedades: fluorescente em luz ultravioleta.
d) Utilidade: minério de tungsténio (volfrâmio).
e) Ocorrência: R. Checa, Alemanha, Reino Unido e Austrália. Em
Moçambique ocorre nos pegmatitos da Zambézia.
f) Origem do nome: do seu descobridor (alemão) K.W. Scheele.
Como exemplo de Molibdato, temos a Wulfenite (PbMoO4) (Fig. 3.52). Fig. 3.52. Wulfenite
6.9.1. APATITE
a) Sistema cristalográfico: hexagonal.
b) Composição química: Fosfato Hidratado de Cálcio - Ca5(PO4)3(F,Cl,OH).
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais prismáticos (Fig. 3.53);
Clivagem e Fractura: clivagem pobre; fractura conchoidal;
Dureza: baixa - termo 5 da escala de Mohs;
Densidade: baixa - 3.15-3.2;
Cor: geralmente verde ou acastanhada, podendo ter outras cores;
Risca: branca;
Brilho: vítreo a sub-resinoso;
Diafanidade: translúcido a transparente.
d) Utilidade: usado para fertilizante; variedades transparentes usadas em joalharia.
Fig. 3.53. Apatite
e) Ocorrência: Noruega, Suécia, EUA, Canadá e África do Sul. Em Moçambique ocorre
no jazigo de Evate, Nampula.
f) Origem do nome: do Grego apate = desilusão. Pela confusão com várias pedras
preciosas.
xliv
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.9.2. MONAZITE
a) Sistema cristalográfico: monoclínico.
b) Composição química: Fosfato de Terras Raras - (Ce,La,Y,Th)PO4.
c) Propriedades Físicas:
Hábito: cristais raros; normalmente em massas irregulares (Fig. 3.54);
Clivagem e Fractura: clivagem pobre; fractura conchoidal;
Dureza: média - 5-5.5;
Fig. 3.54. Monazite
Densidade: média - 4.6-5.4;
Cor: geralmente verde ou acastanhada, podendo ter outras cores;
Risca: castanha amarelada a avermelhada;
Brilho: resinoso;
Diafanidade: translúcido;
Outras propriedades: radioactivo.
d) Utilidade: principal fonte de tório, para a energia nuclear
e) Ocorrência: Brasil, Índia e Austrália. Em Moçambique ocorre nos pegmatitos da Zambézia.
f) Origem do nome: do Grego monachos = isolado. Pela sua raridade.
xlv
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
6.9. SILICATOS
A classe dos silicatos é de maior importância que
qualquer das outras classes de minerais, uma vez que 25% dos
minerais conhecidos e 40% dos mais comuns são silicatos. Como
se pode ver na Fig. 3.55, os silicatos constituem mais de 90% da
composição mineral média global da crusta oceânica e continental,
estando os óxidos e carbonatos em ordem subordinada.
O solo é constituído maioritariamente por silicatos; os
tijolos, a pedra, o cimento e o vidro usados na indústria de
construção ou são silicatos ou derivados deles. Até as amostras
colhidas nos solos lunar e marciano, bem com os meteoritos caídos
na Terra vindos do espaço mostram serem constituídos
maioritariamente por silicatos.
A unidade fundamental em que se baseia toda a estrutura
cristalina dos silicatos é o chamado tetraedro SiO4, em que quatro
2- 4+
iões O estão ligados a um Si , estando este no centro do tetraedro
e os oxigénios nos seus vértices (Fig. 3.56). Em muitas situações,
Fig. 3.55. Distribuição dos silicatos na crusta
um ião de oxigénio pertence a mais do que um tetraedro terrestre
a) b) c) d) e)
f)
i)
h)
g)
xlvi
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Fig. 3.57. Estruturas dos diversos silicatos: a) Nesossilicato; b) Sorossilicato; c) Ciclossilicato (anel 3); d) idem (anel 4);
e) idem (anel 6); f) Inossilicato (cadeia simples); g) idem cadeia dupla; h) Filossilicato; i) Tectossilicato.
xlvii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
De seguida passaremos a referir cada um destes grupos, com destaque para os principais minerais
constituintes da crusta.
6.9.1. NESOSSILICATOS
6.9.1.1. OLIVINA
a) Sistema cristalino: ortorrômbico.
b) Composição química: Silicato de Magnésio e Ferro – (Mg,Fe)2SiO4; a olivina é
geralmente uma solução sólida em que o Fe e o Mg se intersubstituem em proporções
que vão do componente ferroso puro (Fe2SiO4 – Faialie) ao magnesiano puro (Mg2SiO4
– Forsterite).
c) Propriedades físicas:
Hábito: normalmente aparece em massas granulares de cristais minúsculos (Fig. 3.58); Fig. 3.58. Olivina
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; a fractura é conchoidal;
Cor: geralmente verde-azeitona, podendo tornar-se mais acastanhada com o aumento do teor em ferro;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – 6.5-7;
Densidade: baixa: 3.27-4.37;
Diafanidade: transparente a translúcido.
d) Utilização: fabrico de tijolos e materiais refractários; as variedades transparentes são usadas como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique não há jazigos de olivina; ocorre numa série de rochas como mineral essencial.
f) Origem do nome: da sua cor verde-azeitona, também chamado verde-oliva.
6.9.1.2. GRANADAS
a) Sistema cristalino: cúbico.
b) Composição química: Silicatos de vários catiões; a fórmula química geral pode ser expressa por
A3B2(SiO4)3, em que A aloja Ca, Mg, Fe2+ ou Mn2+ e B aloja Al, Fe3+ e Cr3+. A Tabela 3.1 dá uma ideia
das variedades de granadas que existem e a respectiva composição química:
Tab. 3.1. Espécies de Granadas
Espécie Composição química Cor
Piropo Mg3Al2Si3O12 Vermelho escuro a negro
Almandina Fe3Al2Si3O12 Vermelho escuro a acastanhado
Espessartina Mn3Al2Si3O12 Castanho a vermelho
Grossulária Ca3Al2Si3O12 Branco, verde, amarelo, castanho ou vermelho pálido
Andradite Ca3Fe2Si3O12 Amarelo, verde, castanho a negro
Uvarovite Ca3Cr2Si3O 12 Verde esmeralda
Algumas destas espécies ainda têm variedades em função da cor e da transparência.
c) Propriedades físicas:
Como se pode concluir da tabela anterior, as propriedades físicas
das granadas não são fixas para o grupo, mas para cada um dos seus
membros; contudo, algumas coisas de comum existem nessas propriedades. a)
Hábito: normalmente aparece em cristais octaédricos e/ou dodecaédricos; também em
massas granulares de cristais pequenos (Fig. 3.59);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; a fractura é conchoidal;
Cor: ver tabela anterior;
Risca: branca;
Brilho: vítreo a resinoso;
b)
Dureza: alta – 6.5-7.5; Fig. 3.59. a)
Densidade: baixa: 3.5-4.3; Almandina; b)
Diafanidade: transparente a translúcido. Grossulária
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema; devido à sua dureza utilizada como abrasivo.
e) Ocorrência: em Moçambique há importantes jazigos de granada em Cuamba, Niassa. A nível mundial, são
inúmeras as localidades onde a granada-gema ocorre: Arizona (EUA), R. Checa, Sri Lanka, Brasil e Rússia.
f) Origem do nome: do Latim Granatus = parecido com grão.
xlviii
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a)
b) c)
Fig. 3.60. Outros Nesossilicatos importantes: a) Distena; b) Andaluzite; c) Topázio.
6.9.2. SOROSSILICATOS
6.9.2.1. EPÍDOTO
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato Hidratado de Cálcio –
Ca2(Al,Fe)Al2O(SiO4)(Si2O7)(OH).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático; normalmente aparece em massas granulares (Fig. 3.61);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita; a fractura é conchoidal;
Cor: verde, verde-amarelado a negro; Fig. 3.61. Epídoto
Risca: cinzenta;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – 6-7;
Densidade: baixa: 3.25-3.45;
Diafanidade: transparente a translúcido.
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique não há jazigos de epídoto, mas ela ocorre numa série de rochas como
mineral essencial. As zonas onde ocorre como gema são Áustria, Franca, Itália e EUA.
f) Origem do nome: do Grego Epidosis = aumento, por uma das faces do prisma ser maior que as outras.
6.9.3. CICLOSSILICATOS
6.9.3.1. TURMALINA
a) Sistema cristalino: trigonal.
b) Composição química: Borossilicato Hidratado de catiões vários; fórmula química muito complexa –
(Na,Ca)(Li,Mg,Al)3(Al,Fe,Mn)6(BO3)3(Si6O18)(OH)4.
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido, muitas vezes alongado; cristais bem visíveis (Fig. 3.62), de faces estriadas;
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6.9.3.2. BERILO
a) Sistema cristalino: hexagonal.
b) Composição química: Silicato de Berílio – Be3Al2 (Si6O18).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido (Fig. 3.63);
Clivagem e Fractura: clivagem basal imperfeita; a fractura conchoidal;
Cor: variada, consoante as impurezas; a Tab. 3.3 mostra as variedades de berilo em função da cor:
Tab. 3.3. Espécies de Berilos
Cor Nome Cor Nome Cor Nome
Azul Água-marinha Rosa Morganite Negro Berilo Negro
Verde Esmeralda Amarelo Heliodoro Incolor Goshenite
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – 7.5-8;
Densidade: baixa: 2.65-2.8;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: piezoeléctrico e piroeléctrico.
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como
gema; é a maior fonte de berílio, usado para ligas de
cobre.
e) Ocorrência: em Moçambique o berilo ocorre em
numerosos jazigos nas províncias da Zambézia e
Água-marinha
Nampula. Os jazigos mais importantes são: Muiane,
Namacotche, Niane, Naípa, etc. Outros países com jazigos
de berilo são Brasil, Rússia, Madagáscar e Namíbia. Morganite
f) Origem do nome: do Latim Beryllus = berilo. Esmeralda
Fig. 3.63. Vários Berilos
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6.9.4. INOSSILICATOS
6.9.4.1. PIROXENAS
É um conjunto de inossilicatos de cadeia simples, de fórmula geral XYZ2O6, em que:
2+ 2+ +
- X = Na+, Ca2+, Mn , Fe e Li
2+ 2+ 2+ 3+ 3+ 3+ 4+
- Y = Mn , Fe , Mg , Fe , Al , Cr e Ti
4+ 3+
- Z = Si e Al
Como se pode ver, a composição química é extremamente variada e, consequentemente,
a estrutura cristalina também varia, levando a que as piroxenas pertençam a dois
sistemas cristalinos – ortorrômbico e monoclínico. São minerais muito comuns em muitas
das rochas da crusta terrestre.
a) Sistema cristalino: ortorrômbico ou monoclínico.
b) Composição química: Silicatos de catiões vários; fórmula química muito complexa (ver acima).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido (Fig. 3.64);
Clivagem e Fractura: dois planos de clivagem prismática quase perpendiculares entre si (Fig. 3.65);
Cor: variada, consoante a composição; a Tab. 3.4. mostra as variedades de piroxena em função da sua
cor e sistema cristalino:
Tab. 3.4. Espécies de Piroxenas
Nome Cor Composição S. Cristalino
Enstatite Castanho a MgSiO3 Ortorrômbico
Ferrossilite verde-oliva FeSiO 3 Ortorrômbico
Pigeonite Castanho a negro Ca0.25(Mg,Fe)1.75Si2O6 Monoclínico
Diópside Verde CaMgSi2O 6 Monoclínico
Hedenbergite Branco CaFeSi2O6 Monoclínico
Augite Negro XY(Z2O6) Monoclínico
Jadeíte Verde a branca NaAlSi2O6 Monoclínico
3+
Aegirina Castanho a verde Nae Si2O 6 Monoclínico
Espodumena Branco, cinzento, rosa, amarelo, verde LiAlSi2O6 Monoclínico
li
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6.9.4.2. ANFÍBOLAS
É um conjunto de inossilicatos de cadeia dupla de fórmula geral W0-1X2Y5Z8O22(OH,F)2, em que:
- W = Na+ e K+
2+ 2+ 2+ +
- X = Na+, Ca2+, Mn , Fe , Mg e Li
2+ 2+ 2+ 3+ 3+ 4+
- Y = Mn , Fe , Mg , Fe , Al e Ti
4+ 3+
- Z = Si e Al
Como se pode ver, do mesmo modo que as piroxenas, a composição química é extremamente variada e,
consequentemente, a estrutura cristalina também varia, levando a que as anfíbolas pertençam a dois sistemas
cristalinos – ortorrômbico e monoclínico. São minerais muito comuns em muitas das rochas da crusta terrestre.
a) Sistema cristalino: ortorrômbico ou monoclínico.
b) Composição química: Silicatos de catiões vários; fórmula química muito complexa (ver acima).
c) Propriedades físicas:
Hábito: prismático nítido (Fig. 3.66);
Clivagem e Fractura: dois planos de clivagem prismática com ângulos de quase 60° entre si (Fig. 3.67);
Cor: variada, consoante a composição; a Tab. 3.5. mostra algumas das variedades de anfíbola em
função da sua cor e sistema cristalino.
Tab. 3.5. Espécies de Anfíbolas
Nome Cor Composição S. Cristalino
Antofilite Cinzento a esverdeado (Mg,Fe)7SiO8O22(OH)2 Ortorrômbico
Tremolite Branco Ca2Mg5SiO8O22(OH)2 Monoclínico
Actinolite Verde Ca2(Mg,Fe) 5SiO8O22(OH)2 Monoclínico
Hornblenda Verde escuro a negro (Ca,Na)2-3(Mg,Fe,Al)5Si6(Si,Al)2O22(OH)2 Monoclínico
Riebeckite Azul Na2Fe2+3 Fe3+ 2Si8O22(OH) 2 Monoclínico
Actinolite Hornblendas
Fig. 3.66. Tipos de Anfíbolas Fig. 3.67. Clivagem basal das anfíbolas
Risca: branca;
Brilho: vítreo a resinoso;
Dureza: alta – 7-7.5;
Densidade: baixa: 3-3.25;
Diafanidade: transparente a translúcido ou mesmo opaco;
Outras propriedades: piezoeléctrico e piroeléctrico.
d) Utilização: as variedades transparentes são usadas como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique as anfíbolass estão espalhadas por uma série de rochas.
f) Origem do nome: do Grego Anphibolos = ambíguo, por se assemelharem a outros minerais.
6.9.5. FILOSSILICATOS
Os Filossilicatos são um grupo de minerais em que a maioria dos seus membros têm um aspecto
achatado com uma clivagem dominante (basal). São geralmente moles, de baixa densidade e podem
apresentar flexibilidade ou elasticidade das lâminas resultantes da clivagem. Os Filossilicatos constituem
uma grupo importante de minerais que ocorrem na crusta, e podem ser divididos em vários grupos, a saber:
a) Grupo da Serpentina
b) Grupo das Argilas
c) Grupo das Micas
d) Grupo da Clorite
Destes grupos vamos referir só alguns minerais que estão presentes em enorme número de
rochas: micas e argilas.
lii
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6.9.5.1. MICAS
As micas cristalizam no sistema monoclínico. Os cristais são usualmente tabulares e geralmente
têm forma hexagonal, com uma clivagem basal nítida e perfeita.
6.9.5.1.1. MOSCOVITE
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato Hidratado de Potássio e Alumínio –
KAl2(AlSi3O10)(OH)2.
c) Propriedades físicas:
Hábito: tabular (Fig. 3.68); também aparece criptocristalina e maciça;
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeitíssima; Fig. 3.68. Moscovite
Cor: incolor, a amarela, castanha, verde ou avermelhada;
Risca: branca;
Brilho: vítreo a sedoso ou nacarado;
Dureza: baixa – 2-2.5;
Densidade: baixa: 2.76-2.88;
Diafanidade: translúcido a transparente;
Outras propriedades: flexível e elástica.
d) Utilização: material isolador em aparelhos eléctricos; lubrificante misturada com óleos; material antipirético.
e) Ocorrência: em Moçambique a moscovite ocorre em numerosas rochas e em jazigos nos pegmatitos do
norte de Moçambique. As zonas onde ocorre são Rússia e Índia.
f) Origem do nome: da sua utilização como vidro na Rússia antiga (Muscovy).
6.9.5.1.2. BIOTITE
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato Hidratado de Potássio e Ferro e
Magnésio– K(Mg,Fe)3(AlSi3O10)(OH)2.
c) Propriedades físicas:
Hábito: normalmente em massas irregulares foliadas (Fig. 3.69);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeitíssima;
Cor: geralmente verde escura, castanha ou negra;
Risca: branca; Fig. 3.69. Biotite
Brilho: vítreo;
Dureza: baixa –2.5-3;
Densidade: baixa: 2.8-3.2;
Diafanidade: translúcido a transparente;
Outras propriedades: flexível e elástica.
d) Utilização: material isolador no fabrico de aparelhos eléctricos; como lubrificante misturada com óleos;
material antipirético.
e) Ocorrência: em Moçambique a biotite ocorre em numerosas rochas e em jazigos nos pegmatitos do
norte de Moçambique.
f) Origem do nome: em honra do físico francês J.B. Biot.
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6.9.5.2. ARGILAS
O termo argilas envolve um grupo de minerais compostos principalmente de grãos muito finos, e
que são geralmente plásticos com um determinado conteúdo de água e que endurecem quando secados ou
aquecidos. Em termos químicos são alumossilicatos hidratados. Aparecem normalmente misturados com
quartzo, feldspato, micas e carbonatos.
6.9.6. TECTOSSILICATOS
Cerca de 64% da crusta da Terra são constituídos por Tectossilicatos, em que todos os Oxigénios
dos tetraedros SiO4 estão compartilhados com os tetraedros adjacentes, resultando numa estrutura muito
estável. Há muitos tipos de tectossilicatos consoante o arranjo estrutural. Referiremos apenas os grupos da
Sílica (SiO2) e dos Feldspatos. Faremos depois breve referência a outros tipos de tectossilicatos.
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6.9.6.1.1. QUARTZO
a) Sistema cristalino: tetragonal (variedade ) e hexagonal (variedade ).
b) Composição química: Óxido de Silício – SiO2.
c) Propriedades físicas:
Hábito: normalmente prismático de faces estriadas, terminando com pirâmides em ambas as
extremidades do prisma (Fig. 3.1.c); ocorre em cristais isolados ou em agregados de vários cristais;
muitas vezes em drusas e geodes ou em agregados micro- e criptocristalinos;
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura conchoidal nítida, semelhante à do vidro;
Cor: geralmente incolor ou branca; frequentemente colorido devido a impurezas, podendo ter qualquer cor;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: alta – termo 7 da Escala de Mohs;
Densidade: baixa: 2.65;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: piezoeléctrico e piroeléctrico.
d) Variedades:
O quartzo ocorre em inúmeras variedades, desde as cristalinas às microcristalinas.
i) Variedades Cristalinas
Cristal de Rocha: incolor (Fig. 3.74);
Ametista: roxo-violeta (Fig. 3.75);
Quartzo Róseo: geralmente não aparece em cristal, mas em massas de cor rosa (Fig. 3.76);
Quartzo Vermelho: de cor vermelha (Fig. 3.77);
Quartzo Fumado: de cor castanha a negra (Fig. 3.78);
Quartzo Citrino: de cor amarela;
Quartzo Azul: de cor azul (Fig. 3.79);
Quartzo Leitoso: de cor branca de leite;
Quartzo com inclusões: cristais de quartzo com inclusões de vários minerais (Fig. 3.80);
Olho de Tigre: pseudomorfose de quartzo depois de anfíbola (Fig. 3.81);
Fig. 3.74. Cristal de Rocha Fig. 3.75. Quartzo Ametista Fig. 3.76. Quartzo Róseo Fig. 3.77. Quartzo Vermelho
Fig. 3.78. Quartzo Fumado Fig. 3.79. Quartzo Azul Fig. 3.80. Quartzo c/ Inclusões Fig. 3.81. Olho de Tigre
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e) Utilização: usado como gema; como constituinte fundamental de muitas areias, é usado na construção
(betão, cimento), no fabrico do vidro, de lixas; rochas constituídas só por quartzo são usadas como pedra
de construção; devido à sua pureza é usado em muitos instrumentos ópticos (lentes); a propriedade
piezoeléctrica tem aplicação em instrumentos de alta precisão: rádio-osciladores, relógios, etc.
f) Ocorrência: em Moçambique o quartzo ocorre em numerosas rochas e em jazigos nos pegmatitos do
norte de Moçambique. Ocorre em todos os países do mundo.
g) Origem do nome: do Alemão quartz.
h) Polimorfos de SiO2: Cristobalite, Tridimite (Fig. 3.87), Stishovite, etc. (Tab. 3.6).
6.9.6.1.1. OPALA
a) Sistema cristalino: amorfa.
b) Composição química: Óxido Hidratado de Silício – SiO2. nH2O.
c) Propriedades físicas:
Hábito: geralmente maciça, botrióide (Fig. 3.88);
Clivagem e Fractura: não tem clivagem; fractura conchoidal nítida;
Cor: incolor, branca; frequentemente colorido devido a impurezas,
podendo ter qualquer cor;
Risca: branca;
Brilho: vítreo; Fig. 3.88. Opala
Dureza: média – 5-6;
Densidade: baixa: 2.0-2.25;
Diafanidade: transparente a translúcido;
Outras propriedades: por vezes fluorescente.
d) Utilização: usado como gema.
e) Ocorrência: em Moçambique não há jazigos de opala. Ocorre em: Hungria, México, Austrália, Brasil e EUA.
f) Origem do nome: do Sânscrito upala = pedra preciosa.
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6.9.6.2.1. ORTOCLASE
a) Sistema cristalino: monoclínico.
b) Composição química: Alumossilicato de Potássio – KAlSi3O8.
c) Propriedades físicas:
Hábito: geralmente prismático; maciça (Fig. 3.89);
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita e prismática imperfeita;
Cor: incolor, branca, cinzenta, raramente verde ou amarela;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: média – termo 6 da Escala de Mohs;
Densidade: baixa: 2.57; Fig. 3.89. Ortoclase
Diafanidade: opaco a translúcido;
d) Variedades: Adulária (incolor).
e) Utilização: por vezes usado como gema; normalmente usado na indústria da cerâmica e do vidro.
f) Ocorrência: em Moçambique há grandes ocorrências de feldspatos nos pegmatitos do norte de
Moçambique, em especial Zambézia e Nampula.
g) Origem do nome: do Grego orthos = direito + klasis = fractura, por terem clivagens em ângulo recto.
6.9.6.2.2. MICROCLINA
a) Sistema cristalino: triclínico; polimorfo da ortoclase.
b) Composição química: Alumossilicato de Potássio – KAlSi3O8.
c) Propriedades físicas:
Hábito: idêntico ao da ortoclase;
Clivagem e Fractura: clivagem basal perfeita e prismática imperfeita;
Cor: branca a amarela clara; raramente verde;
Risca: branca;
Brilho: vítreo;
Dureza: média – 6;
Densidade: baixa: 2.54-2.57;
Diafanidade: opaco a translúcido.
d) Variedades: Amazonite (verde) - Fig. 3.90.
e) Utilização: por vezes usado como gema; normalmente usado na indústria da
cerâmica e do vidro. Fig. 3.90. Amazonite
6.9.6.2.3. ALBITE-ANORTITE
a) Sistema cristalino: triclínico.
b) Composição química: Alumossilicatos de Sódio e Cálcio – NaAlSi3O8 (albite)
(Fig. 3.91) e CaAl2Si2O8 (anortite) (Fig. 3.92).
c) Propriedades físicas:
Hábito: geralmente tabular, por vezes prismáticos; Fig. 3.91. Albite
Clivagem e Fractura: clivagem basal imperfeita perfeita e prismática perfeita;
Cor: geralmente branca; pode ser amarela clara ou cinzenta verde; a Anortite é
mais escura que a Albite;
Risca: branca; Brilho: vítreo; Dureza: média – 6;
Densidade: baixa: 2.62; Diafanidade: opaco a translúcido.
d) Variedades: consoante a percentagem de Na e Ca, as variedades são (das mais
ricas em Na para as mais ricas em Ca): Oligoclase, Andesina, Labradorite (Fig.
3.93), Bytownite. Fig. 3.92. Anortite
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
lviii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Grafite
Ilmenite
Cassiterite
Cobre Galena Pirite
Magnetite
Enxofre
Aragonite
Calcite
Halite
Volframite
Borax Apatite
Dolomite
Fluorite Gesso
Anidrite
Azurite
Malaquite Barite Monazite
Scheelite
HALOGENETOS CARBONATOS BORATOS e SULFATOS TUNGSTATOS FOSFATOS
Moscovite
Biotite
Granada
Piroxena
Berilo
Olivina
Caulino
Epídoto Turmalina
Anfíbola
NESO- e SOROSSILICATOS CICLOSSILICATOS INOSSILICATOS FILOSSILICATOS
Feldspatos
Quartzo
TECTOSSILICATOS
Fig. 3.99. Alguns exemplos de formas de cristais dos vários minerais estudados
lix
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
2. INTRODUÇÃO
No capítulo anterior estudámos os minerais e vimos que eles têm uma composição química bem
definida ou variando dentro de certos limites.
Para os geólogos, uma Rocha é qualquer massa de matéria mineral, consolidada ou não, que
forma parte da crusta, podendo ser constituída por uma espécie mineral (monominerálica) ou por um
agregado de várias espécies minerais (poliminerálica). O conceito de rocha dos engenheiros é de algo duro,
consolidado, que tem de ser removido por explosões. Este conceito também é o conceito que o vulgar
cidadão tem de rocha.
Se olharmos para as rochas, vemos que elas são constituídas por uma série de
partículas de cor, granulometria, forma, brilho diferentes, constituídas pelos diversos
minerais que a compõem. Se olharmos para uma imagem aumentada de areia (Fig. 4.1)
vemos a existência de inúmeros grãos soltos de cor e tamanhos diferentes. Estamos em
presença duma rocha não consolidada. Mas se olharmos para as várias imagens da Fig.
4.2, de várias rochas consolidadas, vemos que elas podem ter cores diferentes, estruturas
diferentes, composições diferentes, etc., etc. Assim, a Fig. 4.2.a mostra uma rocha
granular, praticamente monominerálica (quartzo); a Fig. 4.2.b. mostra uma rocha que
aparenta ter estado sujeita a forças compressivas, apresentando pedaços partidos. Por
seu lado, a Fig. 4.2.c, mostra uma rocha com pedaços de conchas. Estes são só 3
exemplos, de rochas consolidadas.
a) b) c)
lx
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
Como se sabe, por cima da crusta assentam os oceanos, os lagos, os rios e outros corpos de
água, e, por cima ainda, a atmosfera. A zona de contacto entre a crusta e água+ar é uma região de intensa
actividade, onde ocorre a erosão, processos de alteração das rochas superficiais por acção do ar+água.
A erosão continuamente desagrega as rochas e faz movimentar as partículas resultantes dum
lugar para o outro. Como resultado, a crusta está coberta por uma camada de material solto. A maioria dos
animais e plantas vivem nesta camada ou perto da zona do interface água+ar.
lxi
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
As rochas ígneas provêm da solidificação do material rochoso em fusão (magma) que se formou
no interior da terra.
As rochas sedimentares provêm da consolidação de sedimentos transportados pelas águas, gelo
ou ar e que se acumularam à superfície da terra, tanto em terra seca como em meio aquático.
As rochas metamórficas são rochas que se originam a partir doutras rochas
(ígneas, sedimentares ou mesmo metamórficas) por acção da pressão e temperatura.
Voltando à Fig. 4.4. As rochas ígneas formam-se a partir do arrefecimento e cristalização do
magma à medida que este migra em direcção à superfície da Terra. Se o processo de cristalização ocorre
perto da ou à superfície, as rochas que se formam chamam-se rochas ígneas extrusivas (a expressão
mais clara deste processo são as erupções vulcânicas). As rochas ígneas intrusivas são rochas que se
formam no interior da Litosfera. As rochas ígneas intrusivas podem ser trazidas à superfície por processos
de desnudação (erosão) ou tectónicos (movimentos no interior da crusta), ambos os processos acabando
numa subida das rochas e sua exposição à superfície.
Todas as rochas podem ser física e quimicamente decompostas, degradadas e alteradas por uma
série de processos (físicos e químicos) chamados de meteorização. Os detritos resultantes desta meteorização
podem ser transportados através da superfície pelos processos erosivos através dos rios, glaciares, vento e
gravidade. Quando estes detritos são depositados como sedimentos permanentes, os processos de
soterramento, compressão e alteração química podem modificar estes materiais, transformando-os de material
solto em material consolidado (litificação) dando origem às rochas sedimentares.
À medida que o soterramento progride, estas rochas vão atingindo zonas cada vez mais quentes e
sujeitas a pressões cada vez maiores, dando origem a alterações químicas e físicas profundas. As rochas
assim originadas são as rochas metamórficas.
O contínuo aumento da temperatura e da pressão pode afectar tanto as rochas sedimentares
como as ígneas. Por outro lado, rochas metamórficas podem ser sujeitas a temperaturas e pressões ainda
maiores, dando origem a outras rochas metamórficas. Ou sejam, as rochas que se encontram à superfície
da Terra (ígneas, sedimentares e metamórficas) podem voltar ao interior da Terra através das chamadas
zonas de subducção. Sabemos que nestas zonas (Tema 2, Fig. 2.1) as rochas tornam a fundir, dando
origem a novo magma que, por seu lado, pode consolidar em profundidade ou ascender à superfície.
lxii
Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
4. GEODINÂMICA INTERNA
A Geodinâmica é o estudo da composição, estrutura e fenómenos genéticos formadores da crusta
terrestre, bem como o conjunto de fenómenos que actuam não só à superfície como no interior do globo. Há
duas formas de energia que actuam sobre o globo, agindo independentemente, mas havendo efeitos
recíprocos entre ambas:
a) energia solar que age directa ou indirectamente esculpindo a superfície, a qual é
constantemente modificada pela acção do ar e da água - é a Geodinâmica Externa;
b) energia do interior da terra, provocando modificações químicas, físicas e estruturais dos
constituintes rochosos - é a Geodinâmica Interna; refere-se, portanto, aos processos que
ocorrem na crusta por acção da energia proveniente do interior do planeta.
Vários fenómenos estão relacionados com a Geodinâmica Interna: magmatismo/vulcanismo,
metamorfismo e sismos, deformação das rochas (Geologia Estrutural).
3.1. MAGMATISMO
Entende-se por magmatismo o desenvolvimento e o movimento do magma, e a sua solidificação
em rochas ígneas. O magmatismo pode manifestar-se à superfície através das erupções vulcânicas.
3.1.1. O Magma
O Magma é o material original das rochas ígneas. É um fluido natural muito quente, formado em
profundidade e constituído por material fundido de composição silicatada com alguns óxidos e sulfuretos e
algum vapor e outros gases mantidos em solução devido às altas pressões a que esta fusão está sujeita.
Quando o magma solidifica para originar as rochas ígneas, os constituintes voláteis escapam-se,
mas eles são importantes por condicionarem os processos de cristalização do magma.
Na realidade, o magma tal qual ele é na Natureza, nunca foi amostrado, pois ele só existe em
profundidade. A matéria em fusão que ascende à superfície chama-se lava, que difere do magma, entre
outros aspectos, por não conter ou conter muito poucos voláteis.
O magma caracteriza-se por uma composição predominantemente silicatada, por temperaturas
variando entre 500º - 1200ºC, e por uma mobilidade que lhe permite fluir.
O magma pode formar-se em qualquer parte da crusta onde a temperatura se
torne suficientemente alta para fundir as rochas. Contudo, nem todas as rochas fundem à
mesma temperatura e, dentro da mesma rocha, nem todos os minerais fundem à mesma
temperatura, havendo muitos factores que condicionam esta transformação.
Quando o magma se forma, ele torna-se mais leve que as rochas adjacentes, e os gases (voláteis)
dissolvidos tornam-no ainda mais leve. Assim, o magma é forçado a ascender, mas está sujeito a enormes
pressões por parte das rochas envolventes e sobrejacentes mais pesadas. Este movimento ascendente é
ajudado pela sua mobilidade e pelas forças expansivas e fluidibilidade dos gases nele dissolvidos. Contudo,
esta ascensão é contrariada pela resistência oferecida pelas rochas sobrejacentes.
Algum magma pode eventualmente atingir a parte mais superficial da crusta, onde as rochas estão
partidas e fracturadas, abrindo o seu caminho por estas fracturas até à superfície. Aqui, os materiais
fundidos são derramados como fluxos de lava duma forma relativamente calma, ou então duma forma
explosiva, levantando na atmosfera enormes quantidades de material rochoso que mais tarde se deposita
no solo. Tanto a acumulação destes materiais como do material resultante das explosões origina elevações
topográficas a que se dá nome de vulcões (Fig. 1.2).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
c) no interior de placas tectónicas, (fora dos limites das placas, como acontece nos dois casos
anteriores); exemplo: vulcões das Ilhas Hawaii (meio oceânico) e das rochas ígneas de Sierra
Nevada (meio continental).
Uma maneira simples de ver as diferenças entre os tipos de magmas destas três zonas é
comparar a composição química geral dos principais tipos de rochas ígneas formadas a partir das lavas
provenientes destes magmas. A Tab. 4.1. mostra as análises químicas das rochas representativas
dalgumas zonas ígneas pertencentes a estes três tipos.
Tab. 4.1. Análises químicas das rochas representativas dalgumas zonas ígneas
Tipo a) Tipo b) Tipo c)
Hawaii Sierra Nevada
Componente Dorsal Oceânica Zonas de Subducção (meio oceânico) (meio continental)
SiO2 49.0 55.4 50.0 67.0
Al2O3 16.0 15.6 13.9 15.0
Fe2 O3 2.7 3.3 1.0 1.5
FeO 7.8 10.5 7.2 10.5 9.8 10.8 2.5 4.0
MgO 6.4 4.8 7.1 1.7
CaO 10.5 9.8 11.3 3.8
Na2O 3.0 1.8 1.5 3.2
K2 O 0.1 0.4 0.5 3.8
A classificação dos magmas é feita em função do teor de SiO2 que ele contém. As rochas ígneas
que derivam destes magmas também são classificadas em félsicas (SiO2>65%), intermédias
(52%<SiO2<65%), máficas (45%<SiO2<52%) e ultramáficas (SiO2<45%).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
à sequência de cristalização esquematizada na Fig. 4.6, e que se chama Série de Bowen.Como se pode
ver da figura, há duas linhas de cristalização principais, uma que é a linha da olivina-piroxena-anfíbola-
micas-quartzo, e a outra a linha plagioclase-feldspatos-mica-quartzo.
Quando um mineral cristaliza a partir dum magma, ele pode ser retirado por acção da gravidade, ou
deixado para trás quando o resto da fusão migra. A este processo chama-se fraccionação, ou seja, há uma
fracção dos minerais que se separa. Suponhamos que esta fraccionação se dá depois da olivina e da piroxena
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
se terem formado, ou seja, estes dois minerais depositam-se no fundo da câmara magmática. Destes dois
minerais vai originar-se uma rocha chamada de peridotito. Do resto da fusão começam a formar-se as anfíbolas
e as plagioclases intermédias (Ca-Na e Na-Ca). Da fraccionação destes dois minerais poderá originar-se outra
rocha, com outra composição mineralógica, a que se chama gabro. Progressivamente, à medida que estes
minerais se formam, o resto da fusão vai enriquecendo progressivamente em Si, Al e K, porque a maioria do Ca,
Fe e Mg foi usada para formar as olivinas, piroxenas, anfíbolas e plagioclases. Como consequência, resulta uma
fusão da qual se pode formar uma rocha constituída por feldspato e quartzo, a que se chama granito.
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Fig. 4.8.a. Esquerda: Esquema de vulcão tipo hawaiiano; Direita: Ilhas Galápagos, Oceano Pacífico
Fig. 4.8.b. Esquerda: Esquema de vulcão tipo stromboliano; Direita: Monte Adams, Washington, EUA
c) Cone de Cinzas (Tipo Vulcaniano) (Fig. 4.8.c). Semelhante ao anterior, mas com erupções
muito mais violentas e espaçadas. Exemplo: vulcão Vesúvio de Nápoles (Itália)
d) Domo (Tipo Peléano) (Fig. 4.8.d). Lavas quase sólidas (muito viscosas) que arrefecem
rapidamente, consolidando no topo e interior da chaminé, formando uma rolha com o nome de
cúpula ou domo. Os gases adquirem uma pressão enorme e as explosões são violentas, as
cinzas projectadas ficam incandescentes e rolam encosta abaixo destruindo tudo à sua
passagem. A lava consolidada no interior da chaminé pode posteriormente ser empurrada para
fora formando uma agulha vulcânica. Exemplo: vulcão do Monte Pelée, Ilha da Martinica,
Caraíbas, que em 1902 destruiu a cidade de St. Pierre e um mês depois começou a erguer-se
uma agulha com 100 m de diâmetro e 500 m de altura.
Fig. 4.8.c. Esquerda: Esquema de vulcão tipo vulcaniano; Direita: Cratera Sunset, Norte do Arizona, EUA.
Fig. 4.8.b. Esquerda: Esquema de vulcão tipo peléeano; Direita: Torre do Diabo, Wyoming, EUA
Estes quatro tipos de erupções vulcânica são chamadas de erupções centrais, porque a lava sai
dum orifício na crusta. Há outros tipos de erupção, em que não há formação de cones vulcânicos, e a lava
sai ao longo de extensas fissuras na crusta. São as erupções fissurais. Este tipo de erupções só
acontecem com lavas muito fluídas (básicas) que se estendem por áreas enormes. É o caso dos basaltos
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
dos Montes Libombos, que foram extruídos ao longo duma fissura N-S numa extensão que vai da
Drakensberg (KwaZulu-Natal) até ao Pafúri, bifurcando para oeste ao longo do Limpopo e para norte em
direcção a Tete (Fig. 4.9).
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
3.2. METAMORFISMO
Como se viu em capítulos anteriores, a crusta não está estática, mas sim em constante
movimento. As placas tectónicas chocam entre si, mergulham umas sob as outras, ou ainda se deslocam
tangencialmente entre si. Todos estes movimentos provocam compressões, distensões, atritos, sujeição das
rochas a temperaturas mais altas, etc. Por outro lado, vimos nos pontos anteriores que o magma ascende à
superfície, sujeitando as rochas a temperaturas altas. Assim, com a dinâmica da crusta e da litosfera, as
rochas estão constantemente a ser sujeitas a diferentes condições de pressão e temperatura.
Metamorfismo é o processo pelo qual as rochas no interior da crusta são modificadas por acção
do calor, pressão e agentes químicos. Estes factores são chamados agentes do metamorfismo. Durante
os processos de metamorfismo, as rochas mantêm essencialmente o seu carácter sólido, e por isso retêm
algumas das características primárias herdadas da rocha original. As estruturas, texturas e composição
mineralógica (e química) finais dependem, por um lado, das características da rocha-mãe e, por outro, das
condições do metamorfismo, isto é, da maneira e tempo como os agentes de metamorfismo actuam.
As mudanças que ocorrem durante o metamorfismo estão sempre relacionadas com a tendência
de restauração do equilíbrio das rochas sujeitas a novos ambientes de P,T,química. As rochas-mãe a partir
das quais se formam as rochas metamórficas são das mais variadas, podendo ser sedimentares, ígneas ou
mesmo metamórficas.
3.2.1.1. Temperatura
A temperatura é talvez o agente mais importante e variável. Os processos metamórficos que
ocorrem por acção pura e simples da temperatura é chamado de metamorfismo térmico.
A temperaturas abaixo de 100º-200ºC, os minerais das rochas-mãe podem ficar em equilíbrio
durante milhões de anos, porque as reacções a estas temperaturas são demasiado lentas para que tenham
qualquer efeito apreciável. Com o aumento da temperatura, as reacções tornam-se mais rápidas, levando
ao aparecimento de novas associações minerais.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
3.2.1.2. Pressão
A pressão litostática (pressão resultante do peso das rochas sobrejacentes) na crusta aumenta
com a profundidade. Assim, a cerca de 20 km de profundidade, a pressão é da ordem das 6.000 atmosferas
(= 6.202 kg/cm2). Estas altas pressões mudam as características físicas das rochas, tornando-as dúcteis
(plásticas) e capazes de fluir.
Por outro lado, as altas pressões tendem a contrariar a ocorrência de reacções que provoquem
aumento de volume por libertação de gases.
No caso inverso, as pressões altas tendem a favorecer reacções que dêem origem a minerais
mais densos.
Além da pressão litostática, as rochas em profundidade estão sujeitas a outras pressões
resultantes dos movimentos crustais. Quando estas pressões actuam em ambiente de baixa temperatura,
provoca a desagregação mecânica das rochas - cataclase. A altas temperaturas e na presença de fluídos,
tendem a acelerar o crescimento dos cristais.
3.2.1.3. Fluídos
Se bem que o grosso de cada rochas se mantenha sólido durante o metamorfismo, os interstícios
entre os minerais estão ocupados por variadíssimos fluídos aquosos com diversos componentes químicos
em solução. Estes fluídos interagem com os minerais com que estão em contacto, provocando alterações
químicas constantes, dando origem a novos minerais, e provocando o desaparecimento dos iniciais.
Os fluídos podem provir da própria rocha ou de fora. Neste caso, eles trazem para a rocha novos
materiais, alterando assim a composição química inicial. Por outro lado, ao serem mais tarde expulsos da
rocha, eles levam consigo em solução outros componentes. Em qualquer dos casos, há alteração da
composição química inicial. A estas alterações da composição química inicial chama-se metassomatismo.
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
As alterações provocadas nas rochas encaixantes são mais marcadas perto do corpo ígneo do
que a maiores distâncias.
Como se pode bem entender, o metamorfismo de contacto é fundamentalmente um
metamotrfismo térmico, mas pode ser afectado ainda pela pressão provocada pela ascensão magmática e
pelos efeitos metassomáticos dos voláteis que se escapam do magma para as rochas encaixantes.
Tabela 4.3. Sismos nos últimos 800 anos com mais de 50.000 mortos
Local Ano N.º Mortos Local Ano N.º Mortos
Shen-Shu, China 1556 830.000 Nápoles, Itália 1693 93.000
T'ang-shan, China 1976 700.000 Shemka, Rússia 1667 80.000
Calcutá, Índia 1737 300.000 Kansu, China 1932 70.000
Kansu, China 1920 180.000 Silícia, Turquia 1268 60.000
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as grandes cadeias de montanhas. A maior parte das alterações da superfície da Terra ocorrem muito
lentamente durante longos períodos de tempo, mas em certas circunstâncias têm-se observado movimentos
de larga escala que ocorrem em poucos minutos (sismos).
3.4.2.1. Falhas
As falhas são fracturas na crusta ao longo das quais ocorre deslizamento paralelo à superfície da
fractura (Fig. 4.18). Elas ocorrem em qualquer tipo de rocha,mas são mais facilmente detectadas em rochas
sedimentares. A quantidade de deslocamento pode ser de fracções de .centímetros ou de centenas de
metros. Em qualquer dos casos não é possível dizer qual dos lados se manteve parado e qual se moveu ou
se ambos se moveram. Tudo o que se pode dizer é que houve um movimento relativo entre os dois.
Asuperfície da fractura, ao longo da qual se deu o movimento, chama-se plano de falha(Fig.
4.18). Este "plano", contudo, raramente éplano por longas distâncias e, consequentemente, o termo
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superfície de falha seria mais apropriado. Se uma falha puder ser seguida em todo e seu comprimento
verificar-se-ia que o deslocamento é zero nos seus extremos. Quer dizer, o deslocamento é máximo no
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B
Fig. 4.18. Falha Normal (A) e Inversa (B)
BA – Bloco ascendente; BD – Bloco
Fig. 4.19. Esquema tectónico da área de Cahora Bassa, com alguns dos
descendente; T – Teto; M – Muro; Pf – Plano
traços de falhas existentes na região.
de Falha
Onde as massas de rochas envolvidas no falhamento são de grande tamanho e peso, a enorme
pressão mantém as faces dos dois blocos de falha em contacto compressivo. Como resultado da fricção
entre os blocos, o plano de falha dá uma superfície brilhante, chamada espelho de falha. Se o plano de
falha for muito irregular, o movimento entre blocos esmaga o material, originando uma brecha de falha.
Se bem que alguns planos de falha sejam verticais, a maioria é inclinada de modo que um dos
blocos fica por cima do outro. O bloco que fica por cima do plano de falha chama-se teto e o outro chama-
se muro (Fig. 4.18). O bloco que sobe em relação ao outro chama-se bloco ascendente e o que desce
chama-se bloco descendente (Fig. 4.18).
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A B C
Fig. 4.21. Outros tipos de falhas: A – Horizontal; B – Vertical; C – Rotativa
A B
Fig. 4.22. Graben (A) e Horst (B)
Fig. 4.23. Exemplo duma falha inversa Fig. 4.24. Exemplo de diaclases
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Monoclinal
Sinclinal Isoclinal Assimétrica Deitada em Leque
Anticilinal
Fig. 4.26. Diversos tipos de dobra
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D – Textura Aplítica
A – Textura Granular B – Textura Porfiróide C – Textura Pegmatítica
Fig. 4.30. Exemplos de texturas faneríticas. A – Granito róseo de 2 micas; B – Pórfiro; C – Granito pegmatítico; D – Aplito.
B
A D
C
Fig. 4.31. Estruturas das rochas ígneas. A – Compacta (Granito); B – Porosa (Pedra-
pomes);
C – Vesicular (Basalto); D – Amigdalóide (Basalto)
4.3. COR DAS ROCHAS ÍGNEAS
As rochas ígneas podem ser ainda classificadas quanto à cor, pois elas variam desde cores claras
(quase brancas) a cores escuras, com todos os tons intermédios.
A cor das rochas tem a ver com os minerais presentes. Se uma rocha for constituída por minerais
claros, como o quartzo e os feldspatos, a rocha tem uma cor clara. Diz-se que é leucocrata. Se, por outro
lado, for constituída por minerais escuros, como as anfíbolas, plagioclases, piroxenas, olivinas, etc., a rocha
tem cor escura. Diz-se que é melanocrata. Se a rocha tiver proporções variáveis dos dois tipos de minerais,
ela terá cores que variarão entre o claro e o escuro, chamando-se assim mesocrata.
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rochas com textura fanerítica, e se consolidar à superfície (ou perto) origina rochas com textura afanítica.
Assim, é lógico supor que uma rocha intrusiva tem a sua equivalente extrusiva.
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O conteúdo de SiO2 define a acidez da rocha ígnea (ponto 3.1.2), as quais podem ser
classificadas em ácidas, neutras (ou intermédias), básicas e ultrabásicas. Em geral, é possível reconhecer
estes tipos de rochas em amostra de mão pela sua cor, como resultado do conteúdo de minerais escuros
presentes (ricos em Fe, Mg, chamados ferro-magnesianos). Assim, as rochas escuras, ricas em minerais
ferro-magnesianos, são chamadas de máficas (de Magnésio+Ferro), ao passo que as rochas claras, mais
ricas em quartzo e feldspatos são chamadas de félsicas (de Feldspato+Silica).
A Fig. 4.32 mostra a classificação das rochas ígneas em termos de:
a) percentagem em peso de sílica e volumétrica de minerais: ácidas, intermédias, básicas e
ultrabásicas
b) local de solidificação do magma: plutónicas, hipabissais e vulcânicas;
c) cor: leucocratas, mesocratas e melanocratas
d) percentagem de máficos e félsicos.
Nesta figura aparece o termo hipabissal para referir rochas que se consolidam a meio caminho
entre grandes profundidades e a superfície, e consequentemente têm uma granulometria entre a das rochas
plutónicas e das rochas vulcânicas.
Na definição duma rocha, existem os chamados minerais essenciais, acessórios e secundários.
Entende-se por mineral essencial aqueles que por definição têm de estar presentes numa rocha. Mineral
acessório é aquele que pode ou não estar presente na rocha, não interferindo na sua classificação.
Finalmente, mineral secundário é aquele que resulta da alteração de outros. Assim, num granito, os
minerais essenciais são o quartzo e o feldspato; as micas são acessórias, e o caulino é secundário,
resultando da alteração de feldspatos.
Vejamos agora a descrição dos principais tipos de rochas ígneas, cuja distribuição (muito geral)
pode ser vista na Fig. 4.34.
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O Riolito é o equivalente vulcânico do granito, sendo também, por isso uma rocha ácida. A textura
varia de hemicristalina (Fig. 4.36.A) a porfirítica (Fig. 4.36.B) e vítrea. Neste último caso chama-se
obsidiana (Fig. 4.29.A). Devido à sua textura, é difícil observar a olho nu os seus minerais essenciais
constituintes, que são os mesmos do granito. A Fig. 4.36.C mostra um riolito visto ao microscópio.
Geralmente são meso-melanocratas, podendo ser cinzentos, castanhos, ou avermelhados, como
os riolitos da Cadeia dos Libombos. Típico destes riolitos dos Libombos são as estruturas de fluxão (Fig.
4.36.D). Além dos Libombos, os riolitos ocorrem na Província de Tete, a SW e a SE da cidade de Tete. A
pedra-pomes é um vidro vulcânico altamente vesicular e poroso (Fig. 4.31.B).
Os equivalentes hipabissais destas rochas são chamadas de Microgranitose geralmente têm
textura aplítica.
A C D
B
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No que toca às rochas intrusivas, consoante o conteúdo decrescente de SiO2 e das plagioclases
sódicas para as plagioclases cálcicas, os tipos são: granodiorito, diorito e sienito (este sem quartzo). Os
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Disciplina: GEOLOGIA GERAL; Cursos de : Agronomia e Geografia Tema 3
equivalentes vulcânicos destas rochas são, respectivamente: dacito, andesito e traquito. Dado o conteúdo
decrescente de SiO2 e o conteúdo crescente de plagioclase cálcica, as rochas vão sendo cada vez mais
escuras, passando de rochas leuco-mesocratas a rochas meso-melanocratas. A Fig. 4.37 mostra estas rochas
vistas ao microscópio.
rochas plutónicas
Rochas vulcânicas
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4.4.4. PERIDOTITO
O Peridotito é uma rocha intrusiva constituída fundamentalmente por Fig. 4.40. Peridotito visto ao
olivina, contendo alguma piroxena, como minerais essenciais. A Fig. 4.40 microscópio
mostra um peridotito ao microscópio.
6. ROCHAS METAMÓRFICAS
5.1. INTRODUÇÃO
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É de referir que, dado que a passagem dos processos sedimentares aos metamórficos e destes
aos magmáticos é gradual, desde zonas de temperaturas e pressões baixas a temperaturas e pressões
altas, podemos considerar que há vários graus de metamorfismo, desde o metamorfismo de baixo grau ao
metamorfismo de alto grau. A Fig. 4.43 mostra um diagrama das várias condições de metamorfismo em
função da pressão (profundidade) e temperatura.
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D
E
lxxxix
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B
A
Fig. 4.46. A. Placa de ardósia, vendo-se a superfísice de clivagem lisa;
B. Ardósia vista ao microscópio (notar a disposição paralela dos
grãos.
A ardósia provém do metamorfismo de rochas sedimentares tipo argilito e siltito (ver Tema V) e de
rochas piroclásticas do tipo tufo vulcânico.
Muitas vezes é possível observar na ardósia estruturas das rochas originais.
O Filito é uma rocha semelhante à ardósia, mas com uma granulometria mais grosseira, na
transição entre a ardósia e o xisto (descrito a seguir). Tem a mesma origem da ardósia, mas representa um
grau de metamorfismo um pouco mais elevado.
xc
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QUARTZITO
Resulta do metamorfismo de arenitos quartzosos (ver Tema V),
em que os espaços entre os grãos de quartzo da rocha original são
preenchidos por quartzo de cristalização mais tardia. Acontece
normalmente que a sílica cristalizada entre os grãos de quartzo é mais
resistente que a sílica dos grãos de quartzo, e o quartzo tende assim a
quebrar pelos grãos e não pela sílica intersticial, o que os distingue dos
arenitos quartzosos sedimentares. Este tipo de rochas forma-se em
graus de metamorfismo de temperaturas intermédias a altas.
São rochas geralmente de cores claras, branco se o quartzo
predominar, mas podendo ter várias cores em função das impurezas que Fig. 4.48. Quartzito de Manica
contém (Fig. 4.48).
CORNEANA
Grandes intrusões (batólitos, p.ex.), que levam muitos milhares a milhões de anos a arrefecer,
podem influenciar zonas muito extensas. Nestes casos, as rochas originais convertem-se em rochas
maciças, densas e muito duras, chamadas corneanas.
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7. INTRODUÇÃO
Entende-se por Geodinâmica Externa o conjunto de fenómenos geológicos que ocorrem à
superfície da Terra (ou perto dela) e dos agentes que neles tomam parte, e que são responsáveis pelas
constantes mudanças que se verificam nessa superfície. Esses agentes são de quatro tipos: gravidade,
agentes atmosféricos, água (mares, lagos, rios, etc.) e seres vivos
A superfície da Terra (marinha e continental) está coberta por uma camada de sedimentos que,
por processos de actuação lenta, acabam por consolidar e dar origem a rochas sedimentares.
As rochas sedimentares formam-se tanto em terra como no mar, em ambientes que nos são muito
mais familiares do que os ambientes profundos da crusta onde se formam as rochas ígneas e metamórficas.
São ambientes que estão ao acesso directo dos nossos olhos. As rochas sedimentares constituem 66% da
área dos continentes e, considerando os continentes e oceanos, a sua espessura média é de 2 km.
A história da Terra caracteriza-se por mudanças constantes. Muitas dessas mudanças são muito
lentas ou mesmo imperceptíveis, mas ao fim de milhares e milhões de anos, os efeitos são dramáticos.
As rochas da Terra registaram essas mudanças e elas podem contar-nos histórias
fascinantes sobre o seu contínuo desenvolvimento.
No capítulo anterior falámos dos processos internos da Terra - magmáticos e metamórficos. As
rochas produzidas por estes processos acabam por entrar em contacto com o ar e a água à superfície da
Terra. Aqui entra em jogo um conjunto completamente diferente de processos - os processos externos.
Estes processos externos atacam as rochas ígneas e metamórficas, alterando os minerais
silicatos (e não só) e libertando os seus constituintes para as águas superficiais. Os processos externos
originam os solos de que as plantas dependem como modo de vida.
No capítulo II falámos da composição da Terra. Além da litosfera, há 3 outras "esferas" de enorme
importância para o Homem. Uma é a atmosfera, ou envelope gasoso do planeta; outra é a hidrosfera,
constituída pela água líquida dos mares, lagos, rios e oceanos; e finalmente a última é a biosfera,
constituída pelo conjunto de seres vivos que vivem à superfície da Terra. Todas estas três esferas são
importantes para os processos geológicos, incluindo a formação de rochas e minerais.
De referir que as superfícies dos continentes são lugares onde estas três "esferas" interagem
entre si e com a litosfera, sendo por isso lugares de intensa actividade química e física. Nos fundos
oceânicos a atmosfera não tem acção directa, mas também é intensa a actividade físico-química.
Durante estes processos a energia é gasta e transformada, enquanto que os materiais orgânicos e
inorgânicos são constantemente sintetizados e decompostos. A principal fonte de energia vem do Sol.
O objectivo fundamental deste capítulo é entender os processos (físicos, químicos e biológicos)
que levam à formação das rochas sedimentares
2.1. GRAVIDADE
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Se bem que a atmosfera junto à superfície da Terra seja constituída maioritariamente por azoto, é
a presença do oxigénio, CO2 e vapor de água que mais interessa aos geólogos. A grande maioria dos
organismos não pode sobreviver sem oxigénio, e o CO2 é vital para as plantas (fotossíntese). A água, que
ocorre como vapor em quantidades relativamente pequenas, desempenha vários papeis vitais: é essencial à
grande maioria dos seres vivos, é o principal agente de absorção do calor na atmosfera e é a principal
substância envolvida nos processos de erosão e meteorização.
A atmosfera está em constante agitação e movimento, como se pode ver pelos padrões climáticos
mundiais, agitação e movimento esses que têm como causa principal a energia solar. As deslocações de ar
têm o nome de ventos.
Devido à forma esférica da Terra, o calor do sol é
mais concentrado nas regiões equatoriais do que nas
regiões polares (Fig. 5.4). Assim, por cima do Equador a
atmosfera é mais quente do que sobre os pólos. Devido a
estas mudanças de temperatura, a atmosfera é palco de
correntes de convexão (Fig. 5.5), como acontece no manto
(ver Capítulo II). Assim, o ar quente do equador circula para
os pólos e o ar frio dos pólos circula para o equador, num Fig. 5.4. Irradiação diferente no equador
e nos pólos por parte da luz solar
processo contínuo. É evidente que o esquema da Fig. 5.5 é
extremamente simplificado, pois considera a Terra uma
superfície lisa, o que não é verdade. A Terra tem enormes
acidentes geográficos que alteram por completo este modelo
simplista, dando origem a variações locais a que se dá o
nome de microclimas. Vejamos então quais são as acções
dos agentes atmosféricos.
a) Acções Térmicas: as acções térmicas fazem-se sobretudo Fig. 5.5. Correntes de convexão
atmosférica
sentir nas regiões com diferenças térmicas diárias ou anuais
muito grandes. Um caso típico é o dos desertos, onde durante o
dia o calor é imenso, e à noite a temperatura baixa, por vezes
abaixo de 0ºC. Quando a temperatura sobe durante o dia, os
corpos dilatam e à noite, contraem por abaixamento de
temperatura, por vezes bruscamente. Só o facto de os materiais
dilatarem e contraírem alternada e constantemente já é razão
suficiente para que os grãos se comecem a separar uns dos
outros e a rocha se desagregue, por um lado, e vá criandoFig. 5.6. Acção térmica do gelo-degelo
fracturas (diaclases) por outro. Ainda, sendo as rochasda água. A. Água congelada,
aumentando os espaços das fracturas;
constituídas por grãos de diversos minerais, cada um com o seuB. Detritos depositados no sopé do
coeficiente de dilatação próprio, a resposta de cada mineral àsdeclive por acção da gravidade
variações de temperatura vai ser diferente, o que ajuda à
desagregação e fracturação.Obviamente que estas variações
xcviii
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xcix
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resume-se à destruição pelo impacto da queda das gotas de resultado da acção do vento. Jardim
chuva no solo. dos Deuses, Colorado, EUA
d) Acções químicas: são variadas as acções químicas provocadas pelos agentes atmosféricos
principalmente a água (H2O) e gases atmosféricos (O2, CO2 e H2O). As rochas mais facilmente
atacáveis são os calcários, através das águas gaso-carbónicas, isto é, com CO2 dissolvido, em que
estas atacam o carbonato de cálcio (insolúvel) em bicarbonato de cálcio (solúvel), segundo a reacção:
carbonato bicarbonato…
2.3. ÁGUA
A água, como agente da geodinâmica externa já foi referida anteriormente, ao se falar da sua
acção como agente atmosférico: água e vapor de água, participante em acções de desgaste e química.
Veremos agora a acção da água no seu sentido mais completo, isto é, como água continental, oceanos e
água na forma sólida (gelo).
2.3.1. Águas Continentais
Engloba-se neste grupo as águas dos cursos de água (rios, riachos, ribeiros), das bacias interiores
(lagos, lagoas, mares) e subterrâneas. Todos estes tipos de água têm efeitos mais ou menos profundos na
alteração da crusta, quer através de acções construtivas quer destrutivas.
2.3.1.1. Rios, Riachos, Ribeiros
Os rios são agentes de erosão, transporte e sedimentação. Quer dizer, arrancam os materiais sobre
os quais correm (erosão), transportam esse material a distâncias mais ou menos longas corrente abaixo
(transporte), depositando mais tarde esse material (sedimentação), ou no fundo do seu leito, ou nas suas
margens, ou descarregando-o ainda em lagos, mares e oceanos.
A Fig. 5.1 mostra uma vala cavada pelas águas das chuvas que, devido à sua força e quantidade,
se transformaram provisoriamente num rio caudaloso que erodiu todo aquele material, transportou-o
encosta abaixo e descarregou-o nas águas da baía de Maputo. Se hoje formos à praia junto ao Miramar,
vemos que a areia da praia tem uma cor avermelhada e não branca, como era antes, resultado de
fenómenos idênticos que se verificaram nas barreiras ao longo da Av. Julius Nyerere, em frente ao Campus
Universitário da UEM. A Fig. 5.14 mostra uma fotografia aérea da Baía de Maputo, onde estão assinalados
os rios Umbelúzi, Maputo e Incomáti, podendo ver-se nas zonas marcadas por A, B e C, as manchas de
material trazidos para as águas da Baía por estes rios.
Os rios transportam não só os materiais que eles próprios arrancam dos locais por onde passam,
mas também aqueles materiais que lhes são fornecidos pelas águas das chuvas e pelos deslizamentos de
terras ao longo dos seus cursos.
c
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Ep m g h
em que:
m = massa,
g = aceleração da gravidade, e
h = altitude a que está a água.
Assim, quanto mais alto estiver um leito dum rio,
maior será a sua energia potencial. Esta energia é que é
responsável pela capacidade destrutiva dum rio e da sua Fig. 5.14. Imagem satélite da Baía de Maputo, podendo
ver-se am A, B e C os sedimentos trazidos pelos rios
capacidade de transporte de sedimentos. Incomáti, Umbelúzi e Maputo.
Entende-se por Caudal dum rio a quantidade de água que passa numa secção desse rio na
3
unidade de tempo (m /s). Quanto maior o caudal, maior a velocidade das águas do rio, e maior a sua força
destrutiva.
A velocidade é determinada por vários factores:
Rugosidade de fundo (do leito);
Forma do canal;
Curvatura do leito;
Inclinação do rio;
Quantidade de água disponível.
A quantidade de água é função de factores climáticos (precipitação, evaporação), vegetação e
permeabilidade dos solos. Quanto maior a inclinação dum leito do rio, maior a velocidade de escoamento da
água. A curvatura dum rio tem tendência a abrandar a velocidade da água, bem como os fundos rugosos
(estes têm tendência a tornar o fluxo da água turbulento). Assim, dentro dum mesmo rio, a velocidade varia
de local para local.
Vejamos a Fig. 5.15 que mostra o leito dum rio com curvaturas
e três secções desse mesmo leito em sítios diferentes (A, B e C). Se
compararmos as secções A e C, vemos que elas são idênticas na
forma, mas inversas no espaço. Há uma zona mais profunda e
inclinada numa das partes laterais, sendo a outra mais suave.
Acontece que, nestes dois casos, a velocidade é máxima na zona mais
profunda e menor na zona menos profunda. O que acontece então é Fig. 5.15. Esquema do leito dum rio e de
que na zona mais profunda, por a velocidade ser máxima, a força três secções em sítios diferentes
erosiva é maior, ao passo que na zona menos profunda, a força é menor, havendo então deposição de
sedimentos (sedimentação). Na zona B, a velocidade é máxima na zona central do leito, não havendo
erosão/sedimentação apreciáveis.
Em períodos de cheia, a altura da água é maior do que a do canal, e a água transborda, fazendo
aumentar a zona "molhada" (zona alagada). Assim, as águas espraiam-se pelas margens dos rios, fazendo
com que a velocidade diminua. Esta diminuição de velocidade faz com que os sedimentos transportados
pelas águas se depositem e esta a razão porque os terrenos que sofreram cheias são normalmente
extremamente ricos para a agricultura.
ci
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cii
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A neve e o gelo cobre cerca de 10% das terras emersas e 15.6% da superfície terrestre, em zonas
onde predominam temperaturas inferiores a 10°C, ou seja, regiões polares e zonas de grande altitude –
cv
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É interessante notar que a dureza do gelo é muito variável, consoante a temperatura a que se
encontra. Assim, a 0°C, a dureza é de 1-2 (talco-gesso), mas a –50°C a dureza é 6 (ortoclase).
O gelo é muito pouco resistente às tensões e por isso move-se e deforma-se facilmente. O
movimento dá-se por acção da gravidade e acontece quando as camadas mais inferiores do gelo sobre o
substrato rochoso fundem. Neste caso, os movimentos são lentos. Há, contudo, movimentos rápidos, a que
se dá o nome de avalanches (Fig. 5.27).
Como resultado do seu movimento, os glaciares apresentam à sua superfície inúmeras fendas,
algumas das quais chegam a atingir 100 metros de profundidades. O movimento dos glaciares pode ser
posto em evidência através dum método simples, como ilustra a Fig. 5.28. Também a mesma figura mostra
que a velocidade do movimento do glaciar varia:
a) é maior na parte média (100 m/ano) do que nos flancos;
b) é maior à superfície que no fundo;
c) aumenta com o declive.
cvi
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Todos estes fenómenos de fusão levam a que as águas resultantes desçam até
ao fundo, constituindo a torrente subglaciar.
Os glaciares e acumulações de gelo atingem o seu máximo sobre a Antártida e
sobre a Gronelândia. Assim, no continente austral a espessura ultrapassa os 4000 metros
e na Gronelândia ultrapassa os 3000 metros.
A acção geológica dos glaciares é imensa, desde a erosão,
ao transporte e à sedimentação. Como se pode bem imaginar, o
deslocamento de milhões de toneladas de gelo sobre um substrato
rochoso provoca um desgaste imenso (erosão), levando ao arranque
de enormes quantidades de rochas e polindo o substrato onde o gelo
se desloca. Também o substrato fica riscado pelo arrasto dos blocos
de rocha. Assim, o aparecimento de superfícies rochosas polidas e
estriadas são indicativas de antigos leitos de glaciares. Por outro lado,
os vales onde em tempos fluiram glaciares têm a forma de um U (Fig.
5.29), em contrapartida aos vales dos rios, que têm a forma de um V.
O transporte de sedimentos pelos glaciares dá-se tando à superfície, nos Fig. 5.29. Vale glaciar em U
bordos e no fundo, sendo nestes últimos dois locais onde o transporte é maior, por
ser aí que se dá o contacto gelo/rocha. A carga aqui transportada é geralmente da
dimensão de areia e de silt. Por seu lado, a carga de superfície tem origem na queda
de material das encontas dos pontos mais altos do vale, e aí as
dimensões dos sedimentos podem ser enormes (algumas toneladas),
chamando-se blocos erráticos (Fig. 5.30).
A deposição dá-se quando o gelo derrete. Assim, a maior
parte dos depósitos glaciares concentra-se na foz dos glaciares, isto é,
na sua parte terminal. A acumulação de depósitos glaciares tem o
nome de moreias, e podem ser moreias terminais ou moreias laterais.
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cviii
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Na Terra há vários reservatórios de água: oceanos, rios, lagos, glaciares, espaços no subsolo, a
6 3
atmosfera e a biomassa (seres vivos), dos quais os oceanos contêm a maior parte da água (1350x10 km ).
A água é anualmente transferida de reservatório para reservatório, mas a quantidade total de água
mantém-se constante e em equilíbrio
3 3
A água que se evapora anualmente dos oceanos, 361x10 km /ano (equivalente a uma camada de
água de 1 metro de espessura), é superior à quantidade de precipitação anual sobre os oceanos (324x103
km3/ano). O excesso (37x103 km3/ano) é levado para cima dos continentes pela atmosfera.
3 3
Sobre os continentes, ocorre o oposto: mais água cai (99x10 km /ano) do que sai pela
3 3
evapotranspiração (62x10 km /ano). A evapotranspiração engloba as perdas de água por evaporação e
por transpiração dos seres vivos.
3 3
O ciclo fecha-se e equilibra quando os rios removem o excesso de água (37x10 km /ano) para os
mares e oceanos. Por seu lado, os glaciares, ao derreterem, contribuem com água líquida que tende a ir
também para os oceanos.
Os processos vulcânicos, contudo, adicionam continuamente ao ciclo quantidades de vapor de
água de que não se sabem os valores.
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Fig. 5.34. Imagem de coral e localização geográfica da Grande Barreira de Coral na Austrália
2.4.3. O Homem
A acção humana tanto pode ser demolidora como construtora, e de impedimento da actuação dos
agentes da Geodinâmica Externa.
Como acção demolidora, falamos da abertura de túneis, de minas, de canais, de estradas, etc. A
construção de barragens cria lagos artificiais a montante e diminuição de caudais a jusante, com
consequências graves para o ambiente. As desflorestações, quer para o fabrico de carvão de lenha, quer
para a abertura de machambas, ou ainda exploração de madeira (Amazónia) contribuem para um aumento
da desertificação do planeta, aumentando a erosão. Também o cultivo irracional e intensivo provoca a
esterilização de terrenos, aumentando também o grau de erosão.
No entanto, o Homem empreende também acções de correcção da Natureza, como seja na
correcção dos leitos dos rios, na luta contra a desertificação através da arborização, na protecção de costas
(Fig. 5.22). A recente obra de engenharia na barreira da Malanga em Maputo, é um exemplo de construção
para deter a erosão por parte dos agentes atmosféricos.
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9. INTRODUÇÃO
Nos capítulos anteriores olhámos para as características gerais da Terra - a sua superfície sólida,
as camadas líquida, gasosa, de gelo. Examinámos a crusta, composta de minerais e rochas, e os
mecanismos que se processam no seu interior - magmatismo, metamorfismo, tectónica de placas. Fizemos
referência aos agentes da geodinâmica externa, isto é, aqueles que modelam a superfície da Terra.
Vamos agora examinar os processos externos em mais detalhe, ou seja, aqueles que são mais
directamente observáveis pelo Homem. Estes processos formam uma cadeia em que as rochas são
partidas, transportadas como sedimentos que são posteriormente depositados para formar camadas
(estratos) que se transformam em rochas sedimentares.
É por isso lógico começar com os processos de meteorização e erosão, através dos quais as
rochas são desintegradas e decompostas, resultando em fragmentos que iniciam uma viagem encostas
abaixo, ou formando solos. Vamos começar pela meteorização.
10. METEORIZAÇÃO
Entende-se por meteorização o conjunto dos processos de decomposição
química e degradação física que os materiais rochosos sofrem quando expostos ao
ar, humidade e matéria orgânica.
Desde há muito que os povos têm procurado rochas duráveis
para a construção de edifícios, túmulos e outras estruturas, mas o
sucesso tem sido variado. A durabilidade duma rocha varia com o
clima, composição, textura e grau de exposição aos agentes
atmosféricos. Se as pedras tumulares começam a degradar-se ao fim
de alguns séculos (Fig. 6.1), o que se passará com rochas expostas ao
longo de milhares ou milhões de anos?
Duma forma rápida ou lenta, a alteração química e física ocorre em
qualquer ponto em que a litosfera esteja em contacto com a atmosfera. Contudo este
contacto não é nítido, não sendo por isso uma superfície de contacto, mas sim uma Fig. 6.1. Pedra tumular
zona de contacto, com uma determinada espessura/profundidade. Ela estende-se a (Canadá) de há 180 anos
atrás
qualquer profundidade em que o ar e a água possam penetrar. Nesta zona crítica,
tanto a biosfera como a hidrosfera jogam um papel importante.
A zona de alteração físico-química das rochas constituí uma rede porosa, cheia de fracturas,
fissuras, poros e outros tipos de aberturas, algumas delas muito pequenas, mas em que no cômputo global
tornam a rocha vulnerável. Esta rede de espaços abertos é constantemente atacada física e quimicamente
por soluções aquosas. O resultado, ao fim de tempo suficiente, é uma alteração geral da rocha.
Uma vez exposta à atmosfera, nenhuma rocha escapa à meteorização
(seja rocha natural, seja estrutura feita pelo Homem). Isso é visível em cortes
abertos para a construção de estradas. É frequente verem-se situações como as
ilustradas na Fig. 6.2 em que, na parte de baixo se vê rocha fresca, inalterada (1),
que gradua imperceptivelmente para cima para rocha já atacada quimicamente
mas que ainda preserva a sua estrutura (2) e, mais para cima ainda, gradua para
material, normalmente solto - rególito, em que a estrutura da rocha já não é
visível (3) (entende-se por rególito a cobertura de partículas rochosas soltas, não
cimentadas, que geralmente cobre as rochas frescas).
No caso da Fig. 6.2, o rególito foi formado in situ por alteração da rocha
subjacente. Diz-se por isso que o rególito é residual. Em muitos lugares, contudo, o
rególito é tão diferente da rocha subjacente, que não poderá ter resultado da
alteração dessa mesma rocha subjacente. Em seu lugar, o rególito residual original Fig. 6.2. Perfil de meteorização
mostrando a gradação
foi carregado para outro local e em seu lugar depositado um outro rególito. Tanto a ascendente re rocha fresca para
remoção do rególito original, como a deposição do outro podem ter acontecido por rególito.
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Estes efeitos são bastante comuns nos desertos, em que a precipitação dos sais se deve à
evaporação da água subterrânea que sobe à superfície.
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Há mais de 100 anos atrás, Charles Darwin fez observações cuidadosas no seu jardim e calculou
2
que anualmente as minhocas trazem à superfície 2.5 kg/m de partículas. O geólogo J.C. Banner,
estudando a bacia do Amazonas, escreveu que "… o solo ali parece ter sido completamente posto de
pernas para o ar pelas formigas e térmites…".
Se bem que estes animais não destruam as rochas (como os descritos no Tema 5, ponto 2.4.1.), a
quantidade de rocha desagregada movimentada por eles ao longo de milhões de anos deve ser enorme, o
que comprova o efeito cumulativo de pequenas forças actuando por longos períodos de tempo geológico.
Estes iões são tão pequenos que eles podem entrar na estrutura dos minerais e substituir outros iões,
mudando assim a composição química original do mineral. A efectividade do ião H+1 pode ser ilustrada pela
maneira como o feldspato potássico (KAlSi3O8) é decomposto pelo hidrogenião dissolvido na água:
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é o mineral constituinte das rochas mais estável e que sofre pouca decomposição durante a meteorização.
Contudo, com o decorrer do tempo, o quartzo vai sendo progressivamente dissolvido.
O ferro é um elemento comum em muitos dos minerais constituintes das rochas: biotite, augite e
hornblenda, por exemplo. Quando ele é libertado durante a meteorização, ele rapidamente passa da forma de
+2 +3
ferro ferroso (Fe ) a ferro férrico (Fe ), se houver oxigénio presente. O resultado é o aparecimento dum novo
mineral de ferro - a hematite (Fe2O3):
4FeO O2 2Fe2O3
Se a água estiver presente, forma-se um outro mineral pela absorção de água pela estrutura
cristalina- hidratação. O mineral formado é um óxido de ferro hidratado - a goethite:
Tab. 6.1. Meteorização química de dois grandes grupos de rochas ígneas: granito e basalto
CONSTITUINTES PRIMÁRIOS PRODUTOS DE METEORIZAÇÃO
Minerais Minerais primários Catiões
Minerais Catiões Colóides
secundários que persistem lixiviados
+1 +1 +1
Feldspatos K Na Sílica, alumina Minerais de argila Na
GRANITO
+1
Na
Minerais ferro- +2 +2 Sílica, alumina Minerais de argila +2
Mg Fe Ca
magnesianos
+2 Óxidos de ferro Hematite, goethite Mg+2
Magnetite Fe
As rochas carbonatadas, como os calcários, são meteorizadas de modo diferente. O calcário consiste
fundamentalmente de carbonato de cálcio (CaCO3), que só é ligeiramente solúvel em água pura, mas que sofre
uma forte reacção em presença de água com ácido carbónico dissolvido:
Os iões cálcio e bicarbonato são lixiviados, deixando para trás só as impurezas praticamente
insolúveis (principalmente quartzo e argilas) que estão sempre presentes em pequenas quantidades nos
calcários. À medida que o calcário é meteorizado, deixa para trás um rególito constituído por quartzo e argilas.
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d) Orlas de meteorização
Se se partir um calhau rolado de basalto, o que geralmente se observa
é uma orla descorada envolvendo uma zona interior mais escura de rocha fresca
(não alterada, Fig. 6.7). A observação microscópica revela que a orla consiste de
resíduos resultantes de meteorização química. Este tipo de orla é comum na
maioria dos tipos comuns de rochas. Com o tempo, a orla aumenta de espessura
em direcção ao interior, atacando progressivamente o núcleo de rocha fresca.
Como resultado, os geólogos descobriram que a espessura destas orlas é uma
medida útil da idade relativa dos sedimentos que contêm fragmentos do mesmo Fig. 6.7. Calhau rolado de basalto
com orla de alteração com 2 mm de
tipo de rochas e que ocorrem nos mesmo ambientes climáticos.
espessura
certos caso há uma só camada de exfoliação, mas podem haver até cerca de 10 ou mais.
As camadas mais externas tendem a ser paralelas aos planos de diaclases e relativamente
planas, mas as mais interiores são progressivamente mais esferoidais à medida que os
cantos se tornam cada vez mais arredondados.
O fenómeno de exfoliação tanto pode ocorrer à
superfície como em profundidade, como o provam cortes de
estradas recentemente abertos. O processo não é exclusivo
dum determinado tipo de clima, mas é mais frequente em
climas secos, em que se podem ver paisagens cobertas por
blocos esferoidais (Fig. 6.9), muitas vezes dispostos em
fiadas, uma vez que eles são controlados por diaclases.
Neste ponto, devemos ter em conta dois aspectos
principais:
i. Primeiro, a efectividade das reacções químicas aumenta com
Fig. 6.9. Blocos arredondados de granito,
o aumento da área de rocha disponível para as reacções. Montes Air, Níger
ii. Segundo, este aumento da área resulta simplesmente da
subdivisão de grandes blocos em blocos mais pequenos.
Pela simples subdivisão dum cubo sem aumento de volume (Fig. 6.10), a área é grandemente
aumentada. Esta subdivisão repetida leva a resultados espantosos. Assim, um centímetro cúbico de rocha
2
partido em fragmentos da dimensão de grãos de argila origina um agregado com uma superfície de 4000 m . A
meteorização, por si, leva a uma subdivisão, a qual por seu lado favorece a meteorização.
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ricas em quartzo são também resistentes. Em muitos lugares, as colinas e os montes constituídos de granito ou
quartzito ficam num relevo muito mais alto que as rochas envolventes, mais brandas e com menos quartzo.
A taxa de meteorização duma rocha é influenciada não só pela sua composição mineral, mas também
pela sua textura e estrutura. Mesmo que uma rocha seja constituída inteiramente por quartzo (quartzito, por
exemplo) mas que contenha diaclases e outras fracturas, pode desagregar-se rapidamente, especialmente se
atacada por processos de congelamento de água.
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d) Tempo
Estudos da decomposição de pedra de edifícios antigos mostram que são necessárias centenas ou
milhares de anos para que as rochas duras se decomponham só alguns milímetros.
Os granitos e outras rochas duras da Nova Inglaterra, Escandinávia, Alpes e outros
locais ainda apresentam superfícies polidas causadas por glaciares há 25.000-10.000 anos
atrás. Em climas assim frios, leva muitas dezenas de milhares de anos, no mínimo, para
originar um rególito como o mostrado na Fig. 6.2. Contudo, em regiões que estiveram
continuamente expostas aos processos de meteorização por milhões de anos, a zona de
meteorização atinge maiores profundidades. Em algumas áreas tropicais, as operações de
mineração subterrânea puseram a descoberto zonas de rocha meteorizada a profundidades
de mais de 100 metros.
As velocidades a que as rochas se meteorizam foram determinadas de várias maneiras. Primeiro,
foram realizadas experiências em que a sua duração dá um controle temporal, em que os processos foram
acelerados com o aumento de temperatura, com o aumento do conteúdo de água e com a diminuição do
tamanho das partículas. Segundo, outros estudos sobre o grau de meteorização foram feitos em edifícios dos
quais se conhece a sua idade histórica. Terceiro, também foram feitos estudos de datação radiométrica em
rochas e sedimentos que foram sujeitos à meteorização durante milhares ou milhões de anos, o que fornece
uma estimativa das velocidades médias de meteorização durante intervalos de tempo muito grandes. Tais
estudos sugerem que as velocidades dos processos mais meteorizantes diminuem com o tempo (Fig. 6.13).
Os resíduos resultantes da meteorização das rochas tendem a ser quimicamente estáveis, por isso é
muito provável que a sua remoção da zona meteorizada seja mínima. À medida que estes produtos se
acumulam, a velocidade de meteorização tende a diminuir, mas até que a velocidade de meteorização atinja
um valor constante pode durar meio milhão de anos ou mais.
11. SOLOS
3.1. ORIGEM
A degradação física e química das rochas sólidas por processos de meteorização é o passo inicial
para a formação dos solos. Contudo, o solo também contém, pelo menos um pouco mas geralmente
bastante matéria orgânica misturada com os componentes minerais (inorgânicos). Esta fracção orgânica é
uma parte essencial da definição usual de solo: parte do rególito que pode suportar plantas com raízes.
A matéria orgânica dos solos provém da matéria vegetal em decomposição, parcialmente através
da actividade das bactérias.
As plantas vivas alimentam-se de matéria vegetal em decomposição no solo, bem como de matéria
mineral decomposta (formada pela meteorização química), que é trazida para cima pelas soluções aquosas
através das raízes. Assim, as plantas estão envolvidas na produção dos seus próprios fertilizantes. Estas
actividades representam um ciclo contínuo de nutrientes entre o rególito e a biosfera. Com a sua composição
parcialmente orgânica e parcialmente mineral, o solo constitui uma ponte importante entre a litosfera e a
biosfera. Para as pessoas, solo significa comida e, por isso, é um recurso natural fundamental para qualquer
país.
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A força que faz as partículas movimentarem-se é a gravidade, que persistentemente puxa os detritos
de rocha à superfície da Terra.
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Fig. 6.15. Efeitos da gravidade numa rocha assente sobre uma encosta
Queda
Avalanche
Deslizamento
Fluxo
Slump
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1
/256 – 1/16 mm Silte (Silt) Siltito
<1/256 mm Argila (Clay) Argilito
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A observação de várias
rochas clásticas mostra que os
grãos constituintes podem ser
angulosos, arredondados, sub-
arredondados ou sub-angulosos
(Fig. 6.17). O grau de
arredondamento é indicativo do
grau de transporte que os
sedimentos sofreram antes de
serem depositados. Assim, uma
rochas de grãos arredondados é
formada a partir de sedimentos
que sofreram um longo transporte. Fig. 6.17.Esquema ilustrando a esfericidade e o arredondamento dos grãos
5.2.1. CONGLOMERADOS
Como se pode ver da tabela anterior, os conglomerados são constituídos por partículas com mais
de 2 mm de diâmetro, dispersas no seio duma matriz (cimento) de composição variada: carbonática,
siliciosa, ferruginosa ou mistura destas.
As partículas que compõem os conglomerados podem ser de várias origens:
calcários, xistos, granitos, gneisses, etc. Ou seja, os sedimentos que originam os
conclomerados são fragmentos de rochas e não minerais individuais.
Acontece que as partículas podem ser arredondadas ou angulosas. Assim, os conglomerados
chamam-se pudins ou brechas. Na Fig. 6.18 mostram-se imagens dum pudim, duma brecha e dum calhau
rolado de granito (tamanho dum seixo) que no futuro poderia vir a fazer parte dum pudim.
A B C
Fig. 6.18. Conglomerados. A. Brecha; B. Pudim; C. Seixo de granito
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A B C
Fig. 6.20. Vários tipos de arenito. A. Arenito carbonoso; B e C. Quartzitos
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A B C
Fig. 6.22. Exemplos de bauxites (A e B) e de Laterite (C)
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Os calcários são facilmente dissolvidos pelas águas gasocarbónicas (com anidrido carbónico
dissolvido), formando bicarbonato de cálcio (solúvel):
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5.3.3. EVAPORITOS
Como o próprio nome indica, evaporitos são rochas que resultam da precipitação de substâncias
dissolvidas na água por evaporação desta. Ocorrem fundamentalmente em climas secos e quentes. São
constituídos principalmente por gesso, anidrite ou sal-gema.
5.4.1. CALCÁRIOS
Os calcários de origem biogénica são constituídos por conchas ou fragmentos de
conchas de gasterópodes, lamelibrânquios, foraminíferos, por fragmentos de pólipos de
corais e por espículas de espongiários (calcários zoogénicos) e por acumulações de algas
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5.4.2. CARVÕES
Os carvões são rochas que derivam da acumulação de restos
de matéria vegetal morta, que, por soterramento, se vão
progressivamente alterando por acção da temperatura e pressão.
Ao conjunto das alterações que a matéria vegetal sofre para
dar carvão chama-se incarbonização.
Quando a matéria vegetal morre dá origem à turfa, que é a
acumulação dessa matéria morta. A incarbonização provoca um
enriquecimento progressivo em carbono e uma diminuição do conteúdo
de voláteis, até que, na fase final, se origina grafite. Fig. 6.27. Carvão visto ao microscópio
5.4.3. HIDROCARBONETOS
Os hidrocarbonetos são compostos orgânicos de
estruturas moleculares de complexidade variada, e que podem
ocorrer no estado sólido (betumes), líquido (petróleo) ou
gasoso (gás natural). Muitas vezes estes três tipos de
hidrocarbonetos aparecem associados entre si, juntamente com
água salgada.
Os hidrocarbonetos são gerados por decomposição
anaeróbica de restos vegetais e animais. Fig. 6.29. Exemplo dum jazigo de hidrocarbonetos
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As rochas sedimentares são muito frequentes em Moçambique (Fig. 6.30), ocupando praticamente
todo o sul do Save, a zona centro-costeira, a costa das províncias nortenhas e ainda manchas no interior do
País: Tete e Niassa.
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14. INTRODUÇÃO
Nas vastas áreas cobertas de areia dos desertos (Fig. 7.1), o vento é o agente da geodinâmica
externa mais importante.
Os desertos da Terra ocorrem num cinturão localizado entre as latitudes 20º e 40º a norte e sul do
Equador. No hemisfério sul os desertos maiores encontram-se na África Austral e Austrália, ao passo que
no hemisfério norte eles encontram-se no oeste dos EUA, na África do Norte, Península Arábica, Irão e
China. Elas representam cerca de 25% do total de terras emersas (sem falar nas regiões polares).
Apesar de a palavra deserto significar literalmente uma área desocupada e não cultivada, os
desesenvolvimentos tecnológicos actuais têm permitido abastecer artificialmente de água algumas regiões,
tornando-as habitáveis. Assim, deserto passou a definir-se como uma terra árida, “deserta” ou não, em que
a precipitação anual é < 250 mm ou em que a evaporação é superior à precipitação, ou seja, a aridez é a
característica típica dos desertos.
Além dos desertos, há várias regiões do mundo em que a precipitação anual varia entre 250 e 500
mm, que são zonas semi-áridas, normalmente à volta dos desertos, como se pode ver na Fig. 7.1.
O vento só tem efeito como agente da geodinâmica externa se houver à disposição material que
possa ser transportado. Por isso, a acção do vento é importante ao longo das costas, vulcões e desertos.
15. MOVIMENTOS DO AR
O ar move-se principalmente como resposta a variações de pressão na atmosfera e aos efeitos de
arrasto entre o movimento de rotação da Terra e a atmosfera.
Uma vez que a Terra roda de W E, as principais correntes de ar a grandes altitudes também fluem
nesse sentido. A altitudes mais baixas, as direcções do vento são infuenciadas por células de baixas e altas
pressões sobre os continente e oceanos. As baixas pressões formam-se sobre terra e mares quentes (equador e
zonas tropicais). À medida que o calor é transferido para o ar, este torna-se mais quente e por isso menos denso,
tendo tendência a subir. Quando sobe, o ar das regiões vizinhas é puxado para essa zona devido à diminuição
de pressão. Esse ar vem das regiões mais frescas (zonas temperadas e polares) que, por estar mais frio, é mais
denso e se encontra a altitudes menores.
A rotação da Terra interfere com estes movimentos. O efeito de Coriolis faz com que qualquer corpo
que se mova livremente em relação à Terra em rotação, inflecte para a direita no hemisfério norte e para a
esquerda no hemisfério sul, independentemente da direcção em que esse corpo se mova.
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C
Fig. 7.6. A e B. Movimentos de grãos por acção dos
ventos. C. Superfície de areia com ripples.
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B
As partículas mais finas no ar – poeiras e fumo –
são levadas a muito maiores altitudes e duma maneira
diferente que o normal das partículas. As poeiras e fumos
são muitas vezes compostas de partículas finas e
achatadas, com uma área de superfície muito grande em
relação ao seu peso. Isto torna possível as correntes
ascendentes carreguem-nas também para cima,
facilmente contrariando a força da gravidade. Quando há
erupçõs vulcânicas, as poeiras e cinzas vulcânicas expelidas Fig. 7.7. Grãos polidos e picotados por acção do vento
pela força da explosão são levadas para cima e podem manter-se nos níveis superiores da atmosfera por muitos anos e
5.1. DUNAS
As dunas são elevações ou ripples de areia depositados pelo vento. Geralmente uma duna
forma-se onde um obstáculo impede o fluxo normal de ar. A velocidade do vento a um ou dois metros do
chão é largamente influenciada por qualquer irregularidade que este chão tenha. Ao encontrar um
obstáculo, o vento rodeia-o pelos lados e por cima, deixando atrás do obstáculo uma bolsada de ar de
movimento mais lento. Nestas bolsadas de velocidade mais baixa, os grãos de areia caiem e formam
montículos. Os montículos em crescimento, por seu lado, influenciam o fluxo do ar. À medida que mais areia
se acumula, os montículos juntam-se para formar uma duna.
As dunas são assimétricas. Elas têm
uma encosta inclinada no lado do sentido do
vento, e uma mais suave, do lado de onde o
vento vem (Fig. 7.8). Os grãos de areia movem-
se por saltação pela encosta suave acima até
atingirem a crista da duna. Como a distância
que um grão salta é geralmente inferior ao
Fig. 7.8. Geometria duma duna
comprimento da encosta mais íngreme, os grãos
que passam a crista da duna acumulam-se no topo da encosta íngreme, formando-se aqui um bojo que, a certa altura,
atinge o ângulo crítico de repouso, e a areia desliza pela encosta abiaxo. Este deslizamento leva a que a encosta íngreme
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5.3. LOESSES
Em algumas extensas áreas, os sedimentos depositados Fig. 7.15. Mar de areia do deserto
de Namib
pelo vento são tão espessos e uniformes que constituem um
depósito distinto e controlam as características da paisagem.
Estes depósitos são conhecidos por loess (do Alemão lös =
solto) que se define como silte depositado pelo vento, geralmente
acompanhado de alguma areia e argila finas.
Geralmente o loess é maciço e sem estratificação. As raízes das
plantas, os vermes e outros organismos removeram o sedimento vezes sem
conta durante e desde a sua deposição. Onde exposto, o loess geralmente
apresenta barrancos muito íngremes (Fig. 7.16), como se fosse uma rocha
consolidada. Isto é resultado do grão finíssimo do loess em que a atracção
Fig. 7.16. Loess exposto em Xian,
molecular é muito forte, tornando as partículas muito coesas. A porosidade é China
muito alta, normalmente >50%. Assim, o loess absorve muita água, tornando-
se solos muito produtivos.
Os minerais constituintes do loess são o quartzo, feldspatos, micas e calcite. As
partículas são geralmente frescas e mostram pouca evidência de meteorização química, a
não ser leve oxidação de minerais com ferro que dá ao depósito uma cor amarelada-
acastanhada.
Os loesses apresentam duas características que indicam a sua origem eólica:
a) forma coberturas extensas e uniformes, cobrindo colinas e vales da mesma
maneira e a diferentes altitudes;
b) contém fósseis de plantas e animais terrestres, principalmente determinados
tipos de caracóis terrestres, bem como grandes mamíferos.
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A distribuição dos loesses mostra que a sua principal fonte foram os desertos e
planícies de inundação resultantes da fusão dos gelos glaciares.
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19. INTRODUÇÃO
A Terra é muitas vezes chamada de Planeta da Água, por ser o único planeta do Sistema Solar
em que a água ocorre nos três estados: sólido, líquido e gasoso. Além disso, cerca de 60% da superfície da
Terra é coberta de água. Se bem que hoje não haja rios em Marte, muitas das formas de terreno sugerem a
existência desses rios em tempos idos. Mas em nenhuma parte do Sistema Solar a influência dos rios na
modelação da paisagem é tão importante como na Terra
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As formas dos canais e os caudais diferem muito de rio para rio e dentro do mesmo rio. A Fig. 8.3
mostra que os canais também diferem muito na mesma secção de tempos em tempos, especialmente quando o
caudal muda devido a muita ou pouca precipitação ou a mudanças sazonais. Em parte, a mudança na secção é
devida ao facto de que o nível do rio sobe quando o caudal aumenta, mas em muitos canais a forma e
profundidade do canal também muda. Estas mudanças são resultado de erosão e deposição de material no leito
do rio (canal). Os sedimentos soltos e não consolidados consistem muitas vezes de silte, areia e misturas de
cascalho, a que se chama aluvião. A maioria dos rios corre em canais cortados em aluviões que enchem o
fundo dos vales dos rios.
Fig. 8.3. Mudança na forma do canal durante as cheias do Rio San Juan (Utah, EUA), entre Setembro e Outubro de 1941.
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Fluxo de água
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Todos os rios carregam normalmente os três tipos de carga, mas pode acontecer
que predomine um deles sobre os outros. Por exemplo, os rios do sul de Moçambique,
que correm em planícies e em velocidades relativamente lentas, carregam
fundamentalmente carga em suspensão e em solução, e só muito pouco em carga de
fundo. Pelo contrário, os rios de montanha carregam normalmente carga de fundo.
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Uma outra causa da erosão dos rios são as bolhas de ar que aparecem nas zonas de regime
muito turbulento, como na zona de rápidos e na base de quedas de água e de barragens. As bolhas
submersas sujeitas às grandes pressões da água colapsam e este colapso provoca ondas de choque que
podem causar rápida erosão, mesmo em rochas duras.
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Dependendo das condições que originam a deposições, esta ocorre nos canais,
nas planícies de inundação e nos corpos de água em que os rios desaguam.
Os depósitos de canal nos rios que erodem activamente a rocha por onde
correm, tendem a consistir de barras finas de sedimentos pequenos, que se movem no
período seguinte de alto caudal. O preenchimento da maioria dos canais geralmente
flutua em espessura com a variação de caudal e velocidade das águas do rio.
Depósitos de planície de inundação - as águas das
cheias estão muito carregadas de sedimentos devido ao
aumento do seu caudal e velocidade, aumentando assim a sua
capacidade. Quando as água se espraiam sobre as planícies
de inundação, elas passam a movimentar-se mais lentamente.
Por seu lado, encontram no seu caminho uma série de
obstáculos, como árvores, por exemplo, aumentando assim o Fig. 8.16. Secção dum rio mostrando a formação dum
atrito ao movimento. Com a diminuição da velocidade devido a levée natural
estes factores, ou devido ao fim das cheias, os sedimentos
suspensos assentam, formando uma nova camada de
sedimentos na planície de inundação, importante para a
agricultura. Por vezes acontece que junto às bordas do canal
se deposita uma camada de sedimentos mais grosseiros, a que
se chama um levée natural (Fig. 8.16).
Os depósitos em outros corpos de água são
chamados de deltas, como os do Rio Zambeze e Rio Yukon (Fig.
8.17). Neste caso o canal principal subdivide-se numa série de
canais menores e dispostos dendríticamente que transportam a
água e a carga em suspensão para a superfície do delta, que
geralmente é uma área plana, extensa e pantanosa.
As camadas de sedimentos depositadas no topo do Fig. 8.17. Delta do Rio Yukon, Alaska
delta (Fig. 8.18) são chamadas de top-set beds. Na frente do
delta, os sedimentos são depositados na encosta (subaquática)
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1. DESENHO DE DRENAGEM
Se bem que duas bacias hidrográficas nunca sejam iguais, é possível observar os
mesmos desenhos de drenagem em várias delas. Entende-se por desenho de drenagem
a disposição espacial que a rede de drenagem tem.
O mais comum destes desenhos de drenagem é o desenho dendrítico (Fig. 8.19.a e Fig. 8.1),
comum nas rochas que apresentam resistência uniforme à erosão. Muitas vezes, contudo, um exame atento
dos padrões de drenagem mostra que os rios se ajustam a tendências estruturais tanto à escala local como
à regional. Isto reflecte a tendência dos rios seguirem linhas de fraqueza representadas por diaclases,
flhaas e camadas de rochas brandas. O desenho radial (Fig. 8.19.b) ocorre em vulcões e domos, ou seja,
as nascentes de água do topo do alto topográfico correm em todas as direcções a partir deste topo. O
desenho anelar (Fig. 8.19.c) também ocorre em domos, quando as camadas sedimentares afloram à
superfície. O desenho paralelo (Fig. 8.19.d e Fig. 8.20) ocorre em encostas íngremes pobres em
vegetação. Os desenhos rectangular (Fig. 8.19.e) e angular (Fig. 8.19.f) são controlados por diaclases. O
desenho meandrante (Fig. 8.19.g e Fig. 8.21) encontra-se em rios de gradientes muito baixos. O desenho
anastomosado (Fig. 8.19.h e Fig. 8.4) também ocorre em rios de gradientes muito baixos e que carregam
mais carga do que conseguem. Contudo, muitas vezes a drenagem é complexa quando apresenta misturas
dos vários tipos de drenagem (Fig. 8.19.i).
Nas Figs. 8.22 a 8.27 podem ver-se algumas imagens de satélite tiradas pelos astronautas da
Challenger.
A Fig. 8.22 mostra a foz do Rio Púngoè, na Cidade da Beira, sendo possível
observar-se os sedimentos carregados pelas suas águas para as águas do mar.
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Por seu lado, a Fig. 8.23, mostra o Rio Zaire algures no seu percurso, com um
leito nítidamente anastomosado, bem como o seu afluente. Na margem de cima, um
afluente saído dom lago, tem um curso meandrante junto à confluência com o Rio Zaire.
A Fig. 8.24 mostra alguns vulcões em actividade na Etiópia (vê-se o fumo) e a
rede de drenagem radial que parte do topo dos vulcões.
A Fig. 8.25 mostra o Rio Nilo no Vale dos Reis no Egipto, junto a Luxor, com um
traçado meandrante, com afluentes mostrando uma drenagem dendrítica.
A Fig. 8.26 mostra a zona de fronteira entre o Senegal (esquerda) e a Guiné
Bissau (direita), com os Rios Senegal e Cacheu, com traçado meandrante.
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Finalmente a Fig. 8.27 mostra o traçado algo anastomosado do Rio Níger no Mali,
bem como um rio menor de drenagem meandrante.
Fig. 8.21. Rio meandrante Fig 8.22. Imagem da foz do Rio Púngoè,
na Beira, e, à esquerda, parte da foz do
Rio Búzi.
Fig. 8.20. Rio rectilíneo em fractura
Fig. 8.24. Montanhas vulcânicas na Etiópia. Fig. 8.25. Vale dos Reis, Egipto. Notar o
Fig. 8.23. Rio Zaire, com drenagem Notar os fumos dos vulcões e a drenagem traçado meandrante do Rio Nilo e
anastomosada radial a partir do topo dos montes. adrenagem dendrítica dos seus
afluentes.
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22. INTRODUÇÃO
A água do mar cobre 71% da superfície da Terra. Cerca de 40% do Hemisfério Norte é terra,
enquanto que no Hemisfério Sul só há 20% de terra. Este distribuição irregular da terra e das água joga um
papel importante na definição dos caminhos que as águas percorrem nos oceanos.
A profundidade maior medida até hoje é de cerca de 11 km, perto da Ilha de Guam no Oceano
Pacífico Ocidental, sendo a profundidade média do mar de cerca de 3.8 km. Sabendo a área dos oceanos e
3
a profundidade média, é possível calcular o volume de água do mar, que é cerca de 1,35 biliões de km .
23. COMPOSIÇÃO
Cerca de 3.5% em peso da água do
mar são constituídos por sais dissolvidos, o
suficiente para a tornar imbebível (Fig. 9.1).
Também é quantidade suficiente para, se a
água do mar evaporasse toda, formar uma
cama de sais de 56 m cobrindo todo o fundo
marinho.
A quantidade de sal dissolvido na água de
mar tem o nome de salinidade, e é geralmente
o
expressa por partes por mil( /oo) em vez de percentagem
(%). Assim, a salinidade média da água do mar é de 35
o
/oo. Os principais elementos que se encontram
dissolvidos na água do mar são o Cloro e o Sódio. Fig. 9.1. Principais constituintes da água do mar
Quando a água do mar evapora, mais de ¾ dos sais
que se precipitam são de cloreto de sódio (NaCl).
Donde provêm os iões dissolvidos na água do mar?
Anualmente, os rios carregam para o mar 2.5 biliões de toneladas de substâncias dissolvidas nas suas
águas. Estas substâncias são lixiviadas das rochas durante a meteorização química, à mistura duma pequena
parte de material solúvel trazido do manto e libertado na forma de gases durante as erupções vulcânicas. A
quantidade de iões dissolvidos ao longo dos milhões de anos da história da Terra excede em muito a quantidade
dissolvida hoje. Isto significa que, se por um lado há um acréscimo constante de material, por outro há uma
remoção constante de material para se manter um equilíbrio.
a) Acontece que a vida marinha retira constantemente da água do mar quantidades de Si, Ca e P para
construir as suas carapaças e conchas.
b) O K e o Na são constantemente absorvidos pelas partículas de argila e outros minerais quando
sedimentam lentamente nos fundos marinhos.
c) Outros, como o Pb e o Cu são precipitados como sulfuretos
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Fig. 9.2. Perfil topográfico da América do Norte (cima) e do Atlântico Sul (baixo) Fig. 9.3. Fundo do Oceano Índico
Fig. 9.4. Zonas de plataforma continental, bordejando as bacias Fig. 9.5. Zonas de plataforma continental (PC) e de talude
oceânicas. A linha branca refere-se ao perfil do Atlântico da Fig. 9.2. continental (TC) em Moçambique
Noutros locais em que as plataformas são muito mais estreitas, estas parecem
terem resultado do movimento descendente de blocos de falhas que submergiram a
rocha, que passou a estar sujeita à intensa erosão marinha. É o caso das plataformas da
margem oeste da América do Norte.
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4.1. MARÉS
O termo maré aplica-se à descida e subida periódica do nível do mar. Já nos tempos
antigos foi verificada a relação entre o movimento das marés e as fases da Lua. À medida
que o Homem aprendeu a medir o período (tempo entre duas marés altas sucessivas) e a
amplitude (variação do nível da superfície da água), bem como a variabilidade das marés,
entendeu que as marés são um processo extremamente complicado.
Os dois factores dominantes que controlam as marés são:
a) atracção gravitacional que o Sol e a Lua exercem na água do mar; e
b) efeito da forma das bacias oceânicas na água em movimento.
As marés não podem ser só explicadas pela atracção gravitacional. Se
observarmos a Fig. 9.8, com gráficos de marés de 3 locais diferentes na Nova Zelândia,
verificamos que os padrões são diferentes no que toca ao período, amplitude, número de
marés por dia e padrão de variação com o tempo.
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Fig. 9.8. Registos de marés em 3 localidades da Nova Zelânida. Notar a relação entre as fases da Lua e as amplitudes
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4.2. ONDAS
As Ondas são movimentos ascendentes e
descendentes da superfície dum corpo de água (Fig. 5.24). Neste
sentido, as marés podem olhadas como um tipo especial de ondas
muito longas. Contudo, a maioria das ondas que vemos no mar
aberto são formadas por pequenos altos alongados (cristas)
separados por pequenas depressões - cavados. Muitas vezes
vêem-se ondas de diferentes tamanhos juntas. A Fig. 9.9 mosta
um modelo de perfil duma onda teoricamente perfeita. A onda
Fig. 9.9. Forma teórica duma onda.
move-se através da superfície do mar, mas a água não viaja com
a onda. Se isso acontecesse, a maioria dos barcos não poderiam
navegar. O que acontece é que a água se move num trajecto
quase circular, o que pode ser visto pelo movimento duma rolha
quando a onda passa.
O tamanho da órbita circular diminui com a
profundidade (Fig. 9.10.A), até uma profundidade
igual a metade do comprimento de onda (distância
A
entre cristas consecutivas). Abaixo desta
profundidade o movimento das ondas não tem efeito
nem na água nem no fundo do mar.
Quando estas ondas se propagam em águas
tão profundas que o movimento da água não cause
efeito no fundo, a velocidade da onda é dada pela
expressão B
Fig. 9.10. Movimento da água em águas profundas (A)
gT e de pouca profundidade (B)
v
2
clxi
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v gd
em que d é a profundidade da água. Quando essa profundidade diminui, a velocidade
também diminui.
A rebentação dá-se quando as ondas entram em zonas cada vez menos
profundas, o que obriga a uma restrição do movimento. Os trajectos circulares do
movimento da água (Fig. 9.10.A) são forçados a tornarem-se em movimentos elípticos
(Fig. 9.10.B) e o movimento é reduzido por arrasto no fundo. Esta
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Fig. 9.13. Ilha de Monomy (Mass., EUA), cortada pela erosão das
Fig. 9.12. Estrada cortada pela erosão das ondas (EUA)
ondas ne sequência dum furacão em 1978.
Falésias e Terraços
A maioria das falésias são
íngremes e algumas com várias
centenas de metros de altura.
Geralmente ocorre uma quebra súbita na
base da falésia, aparecendo na base
desta uma plataforma rochosa
ligeiramente inclinada em direcção ao
mar (Fig. 9.14). Esta plataforma (terraço)
pode estar parcialmente coberta por
fragmentos de rocha provenientes do
desabamento, ou pode estar coberta por
areia trazida pelas ondas. O mar usa o
material erodido para continuar a erodir a
falésia na sua base, fazendo com que Fig. 9.14. Terraço e falésia nos crés de Dover, Reino Unido. Em primeiro
plano pode ver-se alguma areia cobrindo o terraço
esta recue (Fig. 9.15) ocasionando
fenómenos como os da Fig. 9.12.
O efeito do rebentamento das ondas é
negligível alguns metros abaixo da superfície do
mar. Por isso, a falésia pára abruptamente
mesmo abaixo do nível da água, originando um
terraço plano. A largura do terraço é limitada pelo
facto de a água ser pouco profunda. À medida
que o terraço alarga, cada vez mais energia se Fig. 9.15. Esquema de recuo da falésia por acção das ondas do mar
dissipa antes da onda atingir a base da falésia,
diminuindo a sua capacidade erosiva
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A B C
Fig. 9.21. Fotografias aéreas tirades em Little Egg Harbor, Nova Jersey, em 1940, 1957 e 1963
5.1. PRAIAS
As praias são características transitórias. As
praias de areia que nos parecem permanentes, podem ser
reduzidas a estreitas faixas de calhaus (ou mesmo
desaparecer) durante a estação do ano em que há muito
vento e tempestades. Em alguns lugares os sedimentos
são todos removidos, deixando a descoberto a rocha
subjacente.
A maioria das praias é constituída por sedimentos de Fig. 9.22. Praia de cascalheira em Metangula,
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através da entrada das baías (Fig. 9.21). Primeiro, uma língua de terra
submersa forma-se na direcção das correntes costeiras. Com o acumular
de mais areia, esta língua pode emergir e cresce na mesma direcção, até
que atravessa toda a baía, originando uma língua de terra que impede a
passagem da água do mar para a baía e vice-versa (Fig. 9.26).
Fig. 9.26. Praia formada na entrada duma baía
Muitas vezes aparece uma praia entre a costa e um pináculo, a que se chama um
tômbolo (Fig. 9.16). Estes pináculos protegem a área por trás deles da erosão das
ondas, sendo por isso zonas propícias à acumulação de areia no fundo, que pode
emergir, originando uma praia.
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Plataforma de Maré
Terras baixas perto do nível do mar, e protegidas da acção da
erosão das ondas e das fortes correntes, podem originar plataformas de
maré como as da Fig. 9.27, na Bretanha. Estas plataformas estão
geralmente perto de fontes abundantes de sedimentos, como o caso da
foz dos rios. Uma vez que muitos animais vivem nestas plataformas
(moluscos, gasterópodes, lamelibrânquios, crustácios, etc), os seus restos
são um componente importante destes sedimentos. A argila e o silte
muito finos, e alguma areia misturada com quantidades variadas de
fragmentos de conchas, espinhas de ouriços e matéria vegetal muito fina
em decomposição produzem uma lama muito mole típica destas zonas. Fig. 9.27. Plataforma de maré, no Monte Saint
Estes aspectos podem ser vistos na maré vazia na zona da Costa do Sol Michel, França
em Maputo, que é uma plataforma de maré.
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O recife geralmente consiste duma zona estreita de coral vivo, cujo topo é plano e
situado perto do nível médio do mar. Esta superfície pode ser exposta acima do nível do
mar, mas o coral tem de se manter molhado para viver.
A profundidade da água aumenta rapidamente em direcção ao mar aberto.
Durante as tempestades, o topo do recife pode ser quebrado, e os materiais soltos
deslizam pelo lado íngreme, acumulando-se na base do recife de coral.
O lado virado a terra é geralmente ocupado por uma lagoa onde corais mais
frágeis e outros organismos delicados estão protegidos dos efeitos da rebentação das
ondas. Estas lagoas são pouco profundas, e com águas limpas e livres de sedimentos em
suspensão, condições essenciais para o crescimento dos corais. Nos locais em que rios
desaguam junto a corais, em que as águas têm matéria em suspensão, nota-se uma
quebra no recife, abrindo passagem para o mar aberto.
Um Atol é um recife de coral em forma de anel à volta duma lagoa central (Fig.
9.30). Pensa-se que estes atois se formam quando uma ilha envolvida por recife (Fig.
9.31) é totalmente submersa. O recife continua a crescer para manter os organismos
vivos à necessária profundidade de água.
Moçambique é um país rico em recifes de coral, sendo os da Ilha da Inhaca
considerados os mais austrais do Oceano Índico.
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27. INTRODUÇÃO
Muitas comunidades à volta do mundo – e não só as que vivem em regiões áridas e semi-áridas,
em que a água superficial é inconstante – dependem das águas subterrâneas para o seu fornecimento de
água. Sem as condições que tornam possível à água ser armazenada, não seria possível essas regiões
desenvolverem-se economicamente.
Noutras áreas, especialmente naquelas em que há muita chuva e em que a rocha é solúvel
(calcário, por exemplo), a água subterrânea é o principal agente modelador da paisagem.
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Pressão hidrostática: pressão exercida num determinado ponto dum corpo de água em repouso, pelo peso da água
sobrejacente desse corpo de água.
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aquífero, os poros são ocupados por água e a pressão hidrostática vai aumentar. Se o
aquífero for atingido por um furo num ponto abaixo do nível de saturação, a água sai em
pressão pelo furo devido à pressão hidrostática (pelo princípio dos vasos comunicantes).
A altura a que a água subiria chama-se nível piezométrico (Fig. 10.6).
4.1. NASCENTES
A água subterrânea aparece à superfície A
nos pontos em que a toalha freática intersecta a
superfície, ou quando a água em condições
artesianas encontra o seu caminho para a
superfície. Diz-se então que há uma nascente de
água. Por esta razão as nascentes estão
geralmente colocadas em zonas baixas, mas a B
estrutura da rocha e o modo como a
porosidade/permeabilidade variam são também
factores que controlam o local de aparecimento de
nascentes.
Há muitas condições que podem originar
nascentes, mas alguns exemplos dão uma ideia C
da possível variedade de situações (Fig. 10.7). As
nascentes ocorrem muitas vezes em encostas de
vales onde zonas especialmente permeáveis
atingem a superfície. As situações mais comuns
são zonas onde superfícies de acamação, zonas
de fractura/falha afloram nas encostas. D
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4.2. GEYSERS
A ejecção em força de água quente ou em Fig. 10.8. Depósitos em nascente
vapor a partir do solo – os geysers (ponto 3.4.3.1) -
só é encontrada em poucos lugares na Terra, mas o
fenómeno é sempre impressionante e constituí um
aspecto interessante do compor-
tamento dalgumas águas subterrâneas. O geyser mais conhecido a nível mundial é o Old
Faithful(o Velho Fiel) no Parque Nacional de Yellowstone (EUA) – Fig. 10.9). Desde a sua
descoberta em 1870, este geyser lança cerca de 1-1.5 m3 de água a 40 metros de altura uma
vez em cada hora. Poucos geysers têm esta regularidade, mas há mais em Yellowstone, na
Nova Zelândia e na Islândia, cujo comportamento é semelhante ao Old Faithful.
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5.1. SOLUÇÃO
Vimos anteriormente que o calcário é dissolvido pelas águas gasocarbónicas
(água da chuva que dissolveu CO2 na sua queda através da atmosfera). A dissolução do
CaCO3 por estas águas não é suficiente para originar a paisagem cárstica. O calcário
cessa de ser dissolvido assim que a água estiver saturada de iões Ca2+ ou CO 32-. Para
que o processo continue, a água saturada tem de ser removida e substituída por água
não saturada. Portante, a circulação da água é condição essencial para que a dissolução
continue. E porque a circulação da água é uma condição crítica, os efeitos de dissolução
são maiores onde a porosidade/permeabilidade do calcário permitem a água circular.
Alguns calcários, especialmente os mais recentes, podem ser porosos e permitir a
passagem de água através deles. É o que acontece, por exemplo, com os calcários
conquíferos ou de origem biogénica. Os calcário mais antigos são geralmente mais
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5.2. PAISAGENS
A topografia duma região cárstica nunca é modelada somente pela dissolução.
Ocorre também meteorização, movimentos de encosta abaixo por acção da gravidade,
erosão fluvial, etc., em conjunto com as acções das águas subterrâneas.
As características mais importantes das regiões cársticas são depressões
confinadas, a que se chamam dolinas. Estas podem ser de vários tamanhos e ocorrer de
várias maneiras. Na Fig. 10.11 podem ver-se dolinas formadas por vários processos,
todos eles associados com fenómenos de dissolução. No primeiro caso (A), a dolina
formou-se por remoção de rocha à superfície. No segundo caso (B), a dolina
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formou-se por colapso para dentro duma cavidade criada abaixo da superfície, e no
terceiro caso (C) ocorre alguma subsidência, associada com algum colapso. Na Fig.
10.11.D mostra-se uma dolina aparecida por colapso repentino, em Winter Park (Florida,
EUA) em 1981.
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TEMA 11:GEOCRONOLOGIA
Entende-se por Geocronologia a medição dos intervalos de tempo do passado geológico, em
termos de datação da idade absoluta por processos radiométricos, ou da idade relativa, por estudo de
sequências de rochas estratificadas.
Os processos radiométricos entram em conta com o decaimento radioactivo. Para a datação
relativa, um dos instrumentos mais utilizados são os fósseis.
1. FÓSSEIS
Os fósseissão restos de seres vivos (animais ou plantas), soterrados e preservados por
processos naturais (Fig. 11.1), ou marcas e vestígios da sua existência (Fig. 11.2).
Fig. 11.1. Exemplo dum fóssil de gasterópode Fig. 11.2. Exemplo dum vestígio de
ser vivo: molde de concha
São raros os casos em que os seres vivos são preservados na sua totalidade. No caso dos
animais, só as partes duras são geralmente preservadas: conchas, esqueletos internos e externos,
carapaças, espículas, dentes, unhas/garras, etc. No caso dos vegetais, normalmente encontram-se
impressões de folhas, caules, raízes, frutos e sementes.
Os vestígios da actividade/passagem dos
seres vivos são: excrementos, pegadas, rastos, buracos
escavados, etc.
Casos de seres vivos preservados na sua
totalidade incluem os pequenos animais preservados
em resinas fósseis (Fig. 11.3) ou os mamutes
congelados nos gelos da Sibéria. Na Antártida foram
encontrados líquenes com alguns milhares de anos,
muito bem conservados. Fig. 11.3. Fóssil de insecto aprisionado em resina fóssil (âmbar)
A ciência que estuda os fósseis é a Paleontologia: ciência que estuda os seres vivos que viveram
em épocas anteriores à actual, e que só são conhecidos através dos seus vestígios que deixaram nos
terrenos, principalmente sedimentares. Em termos correntes, é a Zoologia e a Botânica dos tempos idos,
daí a sua subdivisão em Paleozoologia e Paleobotânica.
No início do séc. XVIII a Paleontologia entra numa fase decisiva, ao se verificar que os fósseis
diferiam de camada para camada, tendo surgido a ideia de os utilizar para datar essas camadas e para uma
classificação cronológica. Nasceu assim a Paleontologia Estratigráfica.
2. CONDIÇÕES DE FOSSILIZAÇÃO
Entende-se por fossilização o conjunto dos processos físicos, químicos e biológicos que
permitem a formação dos fósseis.
As condições de fossilização agrupam-se em dois tipos:
a) Inerentes ao meio:
1. Para que a fossilização seja possível, é necessário que, após a morte do ser, sobre ele se forme
um depósito que o isole do meio ambiente e impeça a sua destruição; por isso, os fósseis
terrestres são mais raros que os marinhos;
2. Quanto mais fino e impermeável for o depósito que cobre o fóssil, mais fácil a fossilização;
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