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RODRIGO MARTINS REIS

COMPORTAMENTO TENSÃO-DEFORMAÇÃO DE DOIS


HORIZONTES DE UM SOLO RESIDUAL DE GNAISSE

Tese apresentada à Escola de Engenharia de São


Carlos, da Universidade de São Paulo, como parte
dos requisitos para obtenção do Título de Doutor em
Geotecnia.

Orientador: Prof. Titular Orencio Monje Vilar

São Carlos
2004
Aos meus pais e à minha esposa,
pela paciência e pelo amor.
AGRADECIMENTOS

Um Sincero e especial agradecimento ao orientador deste trabalho, Prof. Dr.


Orencio Monje Vilar, sem a colaboração de quem fatalmente não teria sido possível
realizar esta pesquisa. Pela colaboração, pela amizade, pelo empenho, pelo constante
estímulo e pela paciência na realização deste trabalho, o meu muito obrigado.
A todos os professores do Departamento de Geotecnia da Escola de Engenharia
de São Carlos (EESC) pelos conhecimentos transmitidos e pela amizade.
Ao coordenador do Curso de Pós-Graduação em Geotecnia Lázaro Valentim
Zuquette, por sua dedicação aos assuntos da pós-graduação e por sempre estar disposto
a ajudar.
Aos técnicos do Departamento de Geotecnia da EESC – USP, em especial a
José Luís e Oscar.
A todos os colegas de pós-graduação, pela amizade e pelos momentos de
descontração.
A CAPES pelo apoio financeiro.
Aos Professores Carlos Ernesto Schaffer e Maurício Paulo Ferreira Fontes, do
Departamento de Solos da Universidade Federal de Viçosa, pela valiosa colaboração,
respectivamente, nas análises de caracterização microestrutural e mineralógica das
amostras de solos utilizadas neste trabalho.
Ao Professor Roberto Francisco de Azevedo, do Departamento de Engenharia
Civil da Universidade Federal de Viçosa, pela amizade e constante apoio e estímulo
nesta minha caminhada.
Aos meus pais, Múcio Silva Reis e Silvia Maria Martins Reis, aos meus irmãos,
pelo grande amor e pelo apoio irrestrito.
A minha esposa, Nora, pelo amor, apoio e paciência.
SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS i
LISTA DE TABELAS ix
LISTA DE SÍMBOLOS xi
RESUMO xiii
ABSTRACT xiv

1 INTRODUÇÃO 1

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4

2.1 Gênese de solos residuais 4

2.1.1 Generalidades 4
2.1.2 Processos intempéricos 7
2.1.3 Produtos do intemperismo 8
2.1.4 Intemperismo tropical 9
2.1.5 Perfis de alterações de solos residuais 13
2.1.5.1 Introdução 13
2.1.5.2 Classificações para o perfil de Alteração 15
2.1.5.3 Perfis típicos de alteração 18
2.1.5.4 Caracterização dos horizontes do perfil de Alteração 20

2.2. Fatores que interferem no comportamento tensão-deformação e


resistência de solos residuais 22
2.2.1 Introdução 22
2.2.2 Estrutura cimentada 25
2.2.2.1 Introdução 25
2.2.2.2 Aspectos de reologia dos solos estruturados 28
2.2.2.3 Identificação da estrutura cimentada 36
2.2.2.4 Fatores que pertubam a estrutura cimentada 40
2.2.3 Anisotropia 42
2.2.3.1 Introdução 42
2.2.3.2 Alguns trabalhos realizados 43
2.2.4 Condição não Saturada 52
2.2.4.1 Potencial de água no solo 53
2.2.4.1.1 Introdução 53
2.2.4.1.2 Conceituação geral 53
2.2.4.1.3 Potencial da Água dos solos não saturados 55
2.2.4.2 Curva de Retenção da água do solo 58
2.2.4.3 Características de tensão versus deformação 60
2.2.4.3.1 Cisalhamento 60
2.2.4.3.2 Adensamento 61
2.2.4.3.3 Análise de solos não saturados com base nas
variáveis de estado 62
2.2.4.4 Resistência 65
2.2.4.4.1 Introdução 65
2.2.4.4.2 Resistência ao cisalhamento não saturada 65
2.2.4.4.3 Técnica de Translação de eixos (HILF, 1956) 69
2.2.5 Alguns trabalhos desenvolvidos ao longo de um perfil de solo
residual 70

2.3 Curvas de plastificação de Modelos baseados na teoria dos Estados


Críticos 73
2.3.1 Critérios para a identificação da Tensão de Escoamento 73
2.3.2 Modelo Cam-Clay 75
2.3.3 Modelo de Alonso et al (1990) 77

3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Características gerais da região de Viçosa 80
3.1.1 Localização geográfica 80
3.1.2 Dados climatológicos 80
3.1.3 Geologia 81
3.1.4 Geomorfologia 82
3.1.5 Pedologia 83
3.1.5.1 Latossolo Vermelho-Amarelo (LV) 84
3.1.5.2 Latossolo Vermelho-Amarelo Variação Uma (LVU) 84
3.1.5.3 Cambissolo (CL) 84
3.1.5.4 Podzólico Vermelho-Amarelo (PV) 85
3.1.5.5 Podzólico Vermelho-Amarelo com B Bruno micáceo
(PVB) 85
3.1.5.6 Cambissolo Latossólico (CL) 85
3.1.5.7 Solos Hidromórficos (HI) 86

3.2 Perfil de solo escolhido 86


3.2.1 Latossolo Vermelho-Amarelo 88
3.2.2 Solo sprolítico (residual jovem) 89

3.3 Métodos 90
3.3.1 Metodologia de campo 90
3.3.2 Metodologia de Laboratório 91
3.3.2.1 Ensaios de caracterização 91
3.3.2.1.1 Caracterização Geotécnica 91
3.3.2.1.2 Análise Mineralógica 91
3.3.2.1.3 Caracterização MCT (Miniatura, Compactado,
Tropical) 92
3.3.2.1.4 Análise Porosimétrica 92
3.3.2.1.5 Análise Micromorfológica 92
3.3.2.2 Ensaios triaxiais 93
3.3.2.2.1 Ensaios em amostras saturadas 93
3.3.2.2.2 Ensaios em amostras não saturadas 98

4 RESULTADOS 100
4.1 Ensaios de Caracterização 100
4.1.1 Caracterização Geotécnica 100
4.1.2 Ensaios de Caracterização Mineralógica 101
4.1.3 Ensaios de Porosimetria 103
4.1.4 Classificação MCT 105
4.1.5 Curva Característica 107
4.1.6 Lâminas Delgadas 108
4.2 Ensaios Triaxiais 111
4.2.1 Ensaios drenados em amostras saturadas por contrapressão 111
4.2.2 Ensaios em amostras não saturadas 119
4.2.2.1 Ensaios com sucção matricial controlada 119
4.2.2.2 Amostras não saturadas secas ao ar 128

5 ANÁLISES DOS RESULTADOS 129


5.1 Ensaios de caracterização 129

5.1.1 Classificação MCT (Miniatura, Compactado, Tropical) 129

5.1.2 Caracterização Mineralógica 131

5.1.3 Caracterização Micromorfológica 131


5.1.3.1 Solo Maduro (Latossolo Vermelho – Amarelo) 132
5.1.3.2 Solo Jovem (solo saprolítico) 133
5.1.3.3 Comparação entre os dois solo 134
5.1.4 Análise porosimétrica 135

5.2 Análises dos resultados Triaxiais 136


5.2.1 Discussão das Curvas Tensão deformação obtidas dos ensaios
realizados 136
5.2.1.1 Amostras saturadas 136
5.2.1.2 Amostras não saturadas com controle de sucção 139
5.2.2 Análise da resistência e deformabilidade em condições
saturadas 144
5.2.2.1 Análise da resistência 144
5.2.2.2 Análise da deformabilidade 149
5.2.3 Análise da resistência em condições não saturadas com
imposição e controle de sucção 156
5.2.4 Curva de plastificação 163
5.2.4.1 Determinação do Ponto de Cedência (escoamento) 163
5.2.4.2 Definição dos parâmetros elásticos 164
5.2.4.3 Parâmetro de encruamento 165
5.2.4.4 Solo jovem (saturado) 168
5.2.4.5 Solo não saturado com sucção controlada 170
6 CONCLUSÕES 175
7 REFERÊNCIAS 179
8 NORMAS TÉCNICAS 193
9 ANEXOS 194
i

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

Figura 2.1 Formação dos solos (Esquemático, modificado), (NOGUEIRA,


1988). 5

Figura 2.2 Perfil possível de solos tropicais (CRUZ, 1987). 11

Figura 2.3 Modelos Estruturais (CRUZ, 1987). 12

Figura 2.4 Diagrama esquemático de um perfil típico de solo residual


(LITTLE 1969). 18

Figura 2.5 Mudanças ocorrentes no perfil de intemperismo (BLIGHT, 1997). 19

Figura 2.6 Curvas típicas obtidas de ensaios oedométricos em solos


brasileiros (VARGAS, 1953). 29

Figura 2.7 Tensão aparente de pré-adensamento (VARGAS, 1973); a)


Observada em oedômetro; (b) influência na resistência drenada
em cisalhamento direto. 30

Figura 2.8 Testes triaxiais drenados em solo residual de basalto


(VAUGHAN, 1988). 31

Figura 2.9 Curva de compressão confinada para uma argila sedimentar


cimentada (SANGREY, 1972). 32

Figura 2.10 Curva de compressão triaxial executada em argilas sedimentares


cimentadas (SANGREY, 1972). 33

Figura 2.11 Curva q versus p de testes de compressão triaxial, mostrando a


cedência (SANGREY, 1972). 33

Figura 2.12 Superfície de escoamento obtidas a partir de ensaios triaxiais em


amostras indeformadas de argila. a) Superfícies de escoamento no
espaço q; p’ e b) Superfícies de escoamento normalizadas pela
tensão vertical de campo (GRANHAN et al, 1983). 35

Figura 2.13 Cedência (escoamento) observada em ensaios triaxiais realizados


com solos residuais: a) solo residual de gnaisse (SANDRONI,
1981); b) Solo residual de basalto (VAUGHAN et al, 1988). 35

Figura 2.14 Curvas de escoamento para solos estruturados: (a) anisotropia em


argilas e (b) isotropia em algumas rochas moles e solos residuais
(LEROUEIL & VAUGHAN, 1990). 36

Figura 2.15 Curva de compressão oedométrica de um solo residual de basalto


a partir do estado inicial mais fofo possível (solo desestruturado)
ii

relacionada ao índice de vazios in – situ (VAUGHAN, 1985). 38

Figura 2.16 Resultados de testes oedométricos numa argila vermelha nos


estados indeformado e remoldado (WESLEY, 1990). 38

Figura 2.17 Relação entre pressão de terra e pressão virtual de pré-


adensamento num solo residual de diabásico (MACCARINI,
1989). 39

Figura 2.18 Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em solo gnáissico


(COSTA FILHO & DE CAMPOS, 1991). 47

Figura 2.19 Resultados dos ensaios triaxiais em amostras saturadas de solo


gnáissico (COSTA FILHO & DE CAMPOS, 1991). 47

Figura 2.20 Resultados dos ensaios oedométricos feitos em amostras


submersas de solo gnáissico (COSTA FILHO & DE CAMPOS,
1991). 48

Figura 2.21 Gráfico pxq, na ruptura, dos ensaios realizados (REIS &
AZEVEDO, 1998). 50

Figura 2.22 Esquema ilustrativo da definição de potencial total da água no


solo. 54

Figura 2.23 Água de um solo não saturado sujeita à capilaridade e adsorção,


que combinados produzem um potencial matricial (HILLEL,
1971). 55

Figura 2.24 Esquema ilustrativo da definição de sucção: corresponde a ua – uw


de sorte a não haver fluxo através da membrana semi-permeável. 56

Figura 2.25 Representação dos conceitos de sucção matricial, osmótica e total. 57

Figura 2.26 Curva característica (FREDLUND et al., 1994). 58

Figura 2.27 Curva ilustrando a tensão versus deformação em função da


sucção. 60

Figura 2.28 Gráfico ilustrando o comportamento índice de vazios versus


tensão aplicada em função da sucção. 61

Figura 2.29 Comportamento de solo não-saturado, mostrando inchamento e


colapso (GENS, 1995). 62

Figura 2.30 Estado de tensões para as partículas sólidas e a membrana


contrátil de um elemento de solo não saturado (FREDLUND &
MORGENSTERN, 1977). 64

Figura 2.31 Tensores representantes do estado de tensões do solo


iii

(FREDLUND & MORGENSTERN, 1977). 64

Figura 2.32 (a) Trajetórias de tensões no espaço q; p’, (b) teste de compressão
isotrópica (1), (c) teste de compressão confinada (2) e (d) teste de
compressão triaxial não drenado (3), (WOOD, 1992). 74

Figura 2.33 (a) Caminhos de tensões para carregamento P e sucção (S):


constante; (b) Superfície de escoamento SI e LC (ALONSO et al.,
1987). 78

Figura 2.34 Superfícies de escoamento nos espaços: (a) (p, q) e (b) (p, s),
(ALONSO et al.,1990). 79

Capítulo 3

Figura 3.1 Esquema de conformação típica da vertente de Viçosa-MG,


assinalando-se seus segmentos (Resende, 1971). 83

Figura 3.2 Perfil de solo estudado 87

Figura 3.3 (a e b) Croquis da vista frontal e lateral do perfil. 87

Figura 3.4 Latossolo Vermelho-Amarelo estudado 89

Figura 3.5 Solo saprolítico estudado 90

Figura 3.6 Equipamento triaxial convencional utilizado para os ensaios


saturados. 94

Figura 3.7 Direções adotadas, em relação ao bandamento, na moldagem dos


corpos de prova para o solo residual jovem. 94

Figura 3.8 Disposição geral dos componentes da prensa triaxial do tipo


Bishop Wesley servo controlada. 95

Figura 3.9 Transdutores de deslocamento de efeito Hall: (a) Desmontados;


(b) Montados sobre o corpo de prova. 96

Figura 3.10 Representação esquemática da prensa Bishop Wesley utilizada. 96

Figura 3.11 Trajetória de tensões adotadas nos ensaios com tensão controlada
realizados na célula do tipo Bishop Wesley. 97

Figura 3.12 Câmaras para instalação da sucção matricial nos ensaios com
sucção controlada. 98

Capítulo 4

Figura 4.1 Curvas granulométricas dos solos estudados. 100


iv

Figura 4.2 Difratogramas do solo residual maduro. 101

Figura 4.3 Difratograma expandido da fração argila do solo maduro. 101

Figura 4.4 Difratograma do solo residual jovem. 102

Figura 4.5 Difratograma expandido da fração argila do solo jovem. 102

Figura 4.6 Pressão de mercúrio (psi) versus volume acumulado de mercúrio


(ml/g), (solo maduro) 103

Figura 4.7 Diâmetro dos proros (micrometro) versus volume acumulado de


mercúrio (ml/g), (solo maduro). 103

Figura 4.8 Diâmetro dos poros versus log diferencial do volume de mercúrio
(ml/g), (solo maduro). 103

Figura 4.9 Pressão de mercúrio (Psi) versus volume acumulado de mercúrio


(ml/g), (solo jovem). 104

Figura 4.10 Diâmetro dos poros (micrometro) versus volume acumulado de


mercúrio (ml/g), (solo jovem). 104

Figura 4.11 Diâmetro dos poros versus log diferencial do volume de mercúrio
(ml/g) (solo jovem). 104

Figura 4.12 Curvas de Afundamento (mm) em função do número de golpes


(determinação de c’). 105

Figura 4.13 Curvas de compactação com o número de golpes para cada teor
de umidade (determinação de d’). 105

Figura 4.14 Curva de Perda de Massa por Imersão em função do mini-MCV


(determinação de PI). 105

Figura 4.15 Curvas de Afundamento (mm) em função do número de golpes


(determinação de c’). 106

Figura 4.16 Curvas de compactação com o número de golpes para cada teor
de umidade (determinação de d’). 106

Figura 4.17 Curva de perda de massa por imersão em função do Mini-MCV


(determinação de PI). 106

Figura 4.18 Classificação MCT para os dois solos 107

Figura 4.19 Curva característica obtida para os dois solos 107


v

Figura 4.20 Amostras indeformada do solo maduro observada ao microscópio


ótico. 108

Figura 4.21 Lâmina Delgada do solo maduro revelando forte micro-


estruturação granular, tonalidades vermelho-amarelas, abundantes
carvões, nódulos ferruginosos e vazios interligados. Os teores de
108
ferro cimentante são elevados.

Figura 4.22 Amostra do solo maduro evidenciando certa soldagem


(coalescência) dos microagregados de forma ovóide, na parte
109
mais compacta da amostra.

Figura 4.23 Fotomicrografia da amostra do solo maduro mostrando a ligação


109
entre os diversos blocos de microagregados.

Figura 4.24 Figura do solo saprolítico (jovem) mostrando detalhes da


organização estrutural dos pseudomorfos de biotita orientados em
110
relação ao plano horizontal (Luz plana).

Figura 4.25 Figura do solo saprolítico (jovem) mostrando detalhes da


organização estrutural dos pseudomorfos de biotita (Luz
110
polarizada).

Figura 4.26 Resultados dos ensaios CIDsat, solo jovem, para a direção
111
vertical: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial .

Figura 4.27 Resultados dos ensaios CIDsat, solo jovem, para a direção 112
paralela ao bandamento: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial .

Figura 4.28 Resultados dos ensaios CIDsat, solo jovem, para a direção
perpendicular ao bandamento: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial . 113

Figura 4.29 Resultados dos ensaios CIDsat, solo maduro, para a direção
vertical: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial . 114

Figura 4.30 Resultados dos ensaios CIDsat, solo maduro, para a direção
horizontal: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial 115

Figura 4.31 Resultados dos ensaios CIDsat, solo maduro, para a direção de
116
450: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial .

Figura 4.32 Resultados dos ensaios em trajetórias diferentes da convencional,


realizados na célula Bishop Wesley, para o solo jovem: (a) (σ1-
117
σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.33 118


Resultado dos ensaios de compressão hidrostática realizados no
solo jovem.

Figura 4.34 Resultados dos ensaios de compressão hidrostática realizados no 118


vi

solo maduro

Figura 4.35 Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 40 kPa: (a) 119
(σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.36 Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 80 kPa: (a) 120
(σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.37 Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 160 kPa: 121
(a) (σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.38 Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 320 kPa: 122
(a) (σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.39 Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 40 kPa: 123
(a) (σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.40 Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 80 kPa: 124
(a) (σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.41 Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 160 kPa: 125
(a) (σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.42 Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 320 kPa: 126
(a) (σ1-σ3) x εaxial , (b)εv x εaxial.

Figura 4.43 Resultados dos ensaios de compressão hidrostática, para 127


diferentes sucções, realizadas no solo jovem.

Figura 4.44 Resultados dos ensaios de compressão hidrostática, para 127


diferentes sucções, realizadas no solo maduro.

Figura 4.45 Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para amostras secas ao 128
ar: (a) (σ1-σ3) x εaxial , (b) εv x εaxial.

Capítulo 5

Figura 5.1 Efeito da cimentação: (a) curvas tensão-deformação; (b) curvas de 138
cedência.

Figura 5.2 Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação


axial versus volumétrica, solo jovem, para tensão confinante igual 140
a 50 kPa.

Figura 5.3 Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação 141
axial versus volumétrica, solo jovem, para tensão confinante igual
a 200 kPa.

Figura 5.4 Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação


vii

axial versus volumétrica, solo maduro, para tensão confinante


142
igual a 50 kPa.

Figura 5.5 Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação


axial versus volumétrica, solo maduro, para tensão confinante 143
igual a 200 kPa.

Figura 5.6 Envoltória de ruptura do solo maduro considerando o efeito da 145


direção de carregamento.

Figura 5.7 Envoltória de ruptura do solo jovem, considerando o efeito da


146
direção de carregamento.

Figura 5.8 Envoltória de resistência para diferentes níveis de deformação 146


(direção vertical).

Figura 5.9 Envoltória de resistência para diferentes níveis de deformação 147


(direção paralela).

Figura 5.10 Variação do ângulo de atrito e da coesão em função do nível de


148
deformação, para duas direções de carregamento.

Figura 5.11 Variação do módulo de elasticidade com a deformação axial, para 152
diferentes tensões confinantes (jovem – direção vertical).

Figura 5.12 Variação de E /σ3 com a deformação axial, para diferentes tensões
confinantes (jovem – direção vertical). 152

Figura 5.13 Variação do módulo de elasticidade com a deformação axial, para


153
diferentes tensões confinantes (jovem – direção paralela).

Figura 5.14 Variação de E /σ3 com a deformação axial, para diferentes tensões 153
confinantes (jovem – direção paralela).

Figura 5.15 Variação do módulo de elasticidade com a deformação axial, para


diferentes tensões confinantes (jovem – direção perpendicular). 154

Figura 5.16 Variação de E /σ3 com a deformação axial, para diferentes tensões 154
confinantes (jovem – direção perpendicular).

Figura 5.17 Envoltórias de resistência obtidas para as sucções ensaiadas (solo 156
jovem).

Figura 5.18 Envoltórias de resistência obtidas para as sucções ensaiadas (solo 156
maduro).

Figura 5.19 Variação da coesão em função da sucção matricial (solo jovem). 158

Figura 5.20 Variação da coesão em função da sucção matricial (solo maduro).


158
viii

Figura 5.21 Relação hiperbólica entre sucção (ψ = ua – uw) e coesão, utilizada 159
para a obtenção dos parâmetros, a e b da previsão.

Figura 5.22 Previsão da variação da coesão em função da sucção para o solo 160
residual jovem.

Figura 5.23 Previsão da variação da coesão em função da sucção para o solo 161
residual maduro.

Figura 5.24 Previsão da envoltória de resistência não saturada através de 162


corpos de provas saturados e secos ao ar.

Figura 5.25 Definição do ponto de escoamento do ensaio de compressão


hidrostática, segundo Pacheco Silva. 164

Figura 5.26 Definição do ponto de escoamento do ensaio de compressão


hidrostática, segundo o procedimento de Grahan et al. (1983). 164

Figura 5.27 Definição das deformações axiais, elásticas e plásticas, ao longo


166
da curva tensão deformação.

Figura 5.28 Tipos possíveis de deformações volumétricas, plásticas


encontradas nos ensaios realizados: a) compressão; b) expansão. 167

Figura 5.29 Ajuste da equação 2.12 (Cam Clay modificado), aos dados 169
experimentais.

Figura 5.30 Contornos de trabalho plásticos obtidos em ensaios realizados em 170


amostras saturadas.

Figura 5.31 Pontos de escoamento obtidos e ajustados pela equação 2.14, para 171
os ensaios realizados com sucção igual a 80 kPa.

Figura 5.32 Variação da curva de plastificação com a sucção. 172

Figura 5.33 Superfície Ps (s) prevista e experimental juntamente com a 174


superfície LC.
ix

LISTA DE TABELAS

Capítulo 2

Tabela 2.1 Variações típicas no índice de vazios in-situ em solos residuais


brasileiros (SANDRONI, 1985). 6

Tabela 2.2 Espessuras de Perfis de Alteração (SOWERS, 1963). 15

Tabela 2.3 Índice de vazios inicial, coesão e ângulo de atrito (MACCARINI,


1980). 45

Tabela 2.4 Parâmetros de resistência ao cisalhamento de solos residuais


jovens derivados de rochas metamórficas (COSTA FILHO ET
AL, 1989). 46

Tabela 2.5 Valores de módulo de Young para carregamento nas direções x, y


e z (REIS & AZEVEDO, 1998). 50

Tabela 2.6 Resultados de ensaios do tipo convencional realizados no triaxial


cúbico (ALEIXO, 1998). 52

Capítulo 4

Tabela 4.1 Resultados dos ensaios de caracterização geotécnica realizados. 100

Capítulo 5

Índices classificatórios e classes MCT. 130


Tabela 5.1

Tabela 5.2 Parâmetros de resistência efetivos dos solos ensaiados (triaxial 144
convencional).

Tabela 5.3 Valores de coesão e ângulo de atrito, para diferentes níveis de


147
deformação axial (direção vertical).

Tabela 5.4 Valores de coesão e ângulo de atrito para diferentes níveis de


deformação axial (direção paralela). 148

Tabela 5.5 Efeito da direção de carregamento na deformabilidade. 150

Tabela 5.6 Módulos de elasticidade para diferentes direções de carregamento


e tensões confinantes, em diferentes níveis de deformação axial. 155
x

Tabela 5.7 Valores de c e ∅ para as diferentes sucções adotadas nos ensaios. 157

Tabela 5.8 Valores adotados no ajuste da função hiperbólica aos dados 157
experimentais.

Tabela 5.9 Valores adotados na previsão da envoltória da sucção versus


coesão. 160

Tabela 5.10 Valores das constantes usadas na previsão da envoltória de


resistência não saturada. 162

Tabela 5.11 Valores de ps e de po obtidos, conforme a Figura 5.29, através do


ajuste da equação 2.14 aos dados experimentais. 171

Tabela 5.12 Valores de ps previstos pela equação 5.21. 172


xi

LISTA DE SÍMBOLOS

Símbolos do alfabeto latino

a, b Parâmetros de ajuste da função hiperbólica c x s.


c* Intercepto de coesão no espaço (q, p).
c Coesão do solo.
c’ Coesão efetiva do solo.
cr Coesão residual do solo.
D Diâmetro do corpo de prova.
dwp Acréscimos de trabalho plástico.
e Índice de vazios. Base dos logarítimos neperianos (e = 2,718).
eo Índice de vazios inicial.
E Módulo de elasticidade do solo.
E50 Módulo de elasticidade para um nível de tensão correspondente a 50 % da
tensão de ruptura.
G Módulo de deformação cisalhante.
H Altura do corpo de prova .
IP Índice de plasticidade.
k Constante de proporcionalidade entre ps e s.
LL Limite de liquidez.
LP Limite de plasticidade.
M Inclinação da projeção da linha de estados críticos no espaço (p´, q).
m, n, α Parâmetros de ajuste da equação de Van Genuchten (Curva característica)
n Porosidade do solo.
p’ Tensão octaédrica média efetiva.
po * Tensão de pré-adensamento isotrópica do solo saturado.
po Tensão de pré-adensamento isotrópica líquida para um dado valor de
sucção.
ps Função de s que reflete o aumento da coesão do solo com a sucção.
(p - ua) Tensão octaédrica média líquida.
q Tensão desviadora.
r2 Coeficiente de correlação.
s Sucção matricial
s, t Envoltória de resistência: s = (σ1+σ3)/2 ; t = (σ1 - σ3)/2
so Valor de sucção o qual define a superfície de escoamento SI.
Sr Grau de saturação do solo.
Sw Invariante de tensôes Sw = p 2 + q 2 .
ua Pressão de ar.
uw Pressão da água.
(ua – uw) Sucção matricial.
(ua – uw)r Sucção matricial residual.
V Volume do corpo de prova.
Vo Volume inicial do corpo de prova.
W Trabalho total realizado sobre a amostra de solo.
Wp Trabalho plástico.
w Teor de umidade.
ws Teor de umidade gravimétrico correspondente à saturação.
wr Teor de umidade gravimétrico residual.
xii

Símbolos do alfabeto Grego

χ Parâmetro que depende do grau de saturação do solo, utilizado na equação


de Tensão efetiva de Bishop et al. (1960).
εa Deformação axial.
ε1 , ε1e, ε1p
t
Deformação axial (principal maior) total, elástica e plástica.
ε3t, ε3e, ε3p Deformação radial (principal menor) total, elástica e plástica.
dε1t, dε1e, dε1p Acréscimo de deformação axial total, elática e plástica.
dε3t, dε3e, dε3p Acréscimo de deformação radial total, elástica e plástica.
εvt, εve, εvp Deformação Volumétrica total, elástica e plástica.
φ b
Ângulo de atrito do solo em relação à sucção.
φ’ Ângulo de atrito efetivo do solo.
γ Peso específico do solo.
γs Peso específico das partículas sólidas.
γd Peso específico seco.
k Índice de recompressão isotrópica do solo.
ks Índice de recompressão do solo em relação a sucção.
λ Índice de compressão isotrópica do solo.
σ Tensão normal total.
σa Tensão axial.
σ1, σ2, σ3 Tensões principais totais maior, intermediária, e menor.
σ’1, σ’2, σ’3 Tensões principais efetivas maior, intermediária, e menor.
σx, σy, σz Tensões normais nas direções x, y e z.
σv Tensão vertical total.
σ1 - σ3 Tensão desviadora.
σc - ua Tensão confinante líquida.
σ v - ua Tensão vertical líquida.
σ - ua Tensão normal líquida.
υ Coeficiente de Poisson.
υ50 Coeficiente de Poisson para um nível de tensão correspondente a 50 % da
tensão de ruptura.
ψ Potencial total da água no solo.
ψp Potencial pneumático.
ψm Potencial matricial
ψo Potencial osmótico
ψz Potencial gravitacional
xiii

RESUMO

REIS, R. M. “Comportamento Tensão-Deformação de dois Horizontes de um Solo


Residual de Gnaisse”. São Carlos, 2004. Tese (Doutorado) – Escola de Engenharia de
São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004.

Neste trabalho estuda-se o comportamento tensão-deformação de dois horizontes


de um solo residual de gnaisse, pertencentes a um perfil típico da cidade de Viçosa-
Minas Gerais, na condição saturada e sob diferentes valores de sucção. O estudo apóia-
se em ensaios de caracterização física e mineralógica, em ensaios destinados às análises
porosimétricas e morfológicas (lâminas delgadas), e em ensaios de compressão triaxial
realizados em corpos de prova não saturados e saturados, estes sujeitos a diferentes
direções de cisalhamento, em ambos solos, e distintas trajetórias de tensão, no solo
jovem. Nos ensaios triaxiais saturados mostra-se que a resistência dos dois solos foi
independente da direção de cisalhamento e que a deformabilidade revelou-se mais
anisotrópica no solo maduro, que no solo jovem, este visualmente mais heterogêneo.
Mostra-se, que o intercepto de coesão cresce com a sucção numa relação que pode ser
bem representada por uma função hiperbólica e que o ângulo de atrito interno
praticamente não apresentou variação com a sucção matricial. Apresenta-se uma
alternativa de previsão da envoltória de resistência, baseada nos parâmetros de
resistência do solo saturado e nos resultados de ensaio correspondente a uma sucção
conhecida. A curva de plastificação do solo jovem pôde ser representada razoavelmente
bem pela curva adotada nos modelos derivados da mecânica dos solos dos estados
críticos (Cam-Clay modificado). A curva é centrada no eixo hidrostático e sua forma
não apresenta mudança marcante durante o encruamento do solo, o qual foi obtido
através da união de pontos com o mesmo trabalho plástico.

Palavras-chave: Solos residuais, resistência ao cisalhamento, anisotropia, solos


não saturados, curva de plastificação.
xiv

ABSTRACT

REIS, R. M. (2004). Stress-Strain Behavior of Two Horizons of a Residual Soil from


Gneiss. São Carlos, 2004. Tese (Doutorado) - Escola de Engenharia de São Carlos,
Universidade de São Paulo, São Carlos, 2004.

This thesis deals with the stress-strain behavior of a mature soil and a young soil
from a typical residual soil of gneiss, as found in Viçosa-MG. This behavior is analyzed
under saturated and non saturated conditions. The study rests on physical and
mineralogical characterization tests, on porosimetric and morphological analyses (thin
section) and on triaxial compression tests performed with saturated and non saturated
soil. Saturated young and mature specimens were sheared according to different
directions and saturated young soil was also sheared following various stress path. It is
shown that the shear strength of saturated soil, both mature and young is independent of
shearing direction. However, the visually more homogeneous mature soil showed to be
more anisotropic, regarding the deformability, than the young residual soil that visually
seems to be heterogeneous. The cohesion intercept tends to increase with soil suction
according to a non linear relationship that can be adjusted through a hyperbolic
function, while the angle of shearing stress was not influenced by soil suction. An
alternative to forecast unsaturated shear strength envelope based on results of saturated
soil and on tests performed at a known suction is also presented. The yielding curve of
young soil was found to be fairly predicted using modified Cam-Clay model. The yield
curve is centered along the hydrostatic axis of stress and its shape didn’t change during
soil strain hardening that was obtained by joining the points to that exhibited the same
plastic work.

Key Words: Residual soils, shear strength, anisotropy, unsaturated soils, yielding curve.
1

1 INTRODUÇÃO

Os solos residuais mostram estruturas peculiares determinadas pelos processos


de alteração que os formaram. Em função do grau de alteração, alguns materiais
formados não mantêm características da rocha matriz, enquanto outros são muito
influenciados pelas estruturas reliquiares herdadas. Os processos de alteração causam
perda de minerais, redução de rigidez e o alívio de tensões atuantes na rocha de origem.
Alguns vínculos são enfraquecidos ou mesmo destruídos e o índice de vazios e a
densidade resultante não estão associados diretamente ao histórico de tensões, como é
comum em solos argilosos saturados, de natureza sedimentar.
Em regiões de clima tropical úmido onde as condições climáticas são favoráveis
para a ocorrência de solos residuais, como é o caso do Brasil, o conhecimento do
comportamento destes solos torna-se importante, uma vez que camadas de solos
residuais, na maioria das vezes, apresentam-se com espessuras consideráveis
constituindo fator de grande relevância na estabilidade de encostas e outras obras de
engenharia.
Ao se trabalhar com solos residuais, dois pontos básicos devem ser destacados:
comportamento diferenciado, em relação aos solos sedimentares para os quais a
mecânica dos solos clássica foi desenvolvida, proporcionado pelo seu processo de
formação (intemperismo) e o fato de que na maioria das vezes eles encontram-se em
condições não saturadas. O não reconhecimento destas particularidades tem apresentado
um alto custo para as obras geotécnicas, como por exemplo, danos causados por solos
expansivos e colapsíveis, conforme relatos na literatura especializada. Dentre os tipos
de danos mais comuns causados por estes solos, onde a mineralogia é variada, tem-se,
por exemplo, a expansão de solos sob estrutura de pequeno porte e aterros rodoviários, a
instabilização ou ruptura de taludes ou obras de contenção em presença de solo
expansivo e recalques de estruturas causados pelo colapso de solos de fundação.
2

Neste trabalho estuda-se o comportamento tensão-deformação de dois horizontes


de um solo residual de gnaisse, compreendendo o solo maduro e o solo saprolítico,
pertencentes a um perfil típico da cidade de Viçosa-Minas Gerais, na condição saturada
e sob diferentes valores de sucção. O estudo apóia-se em ensaios de caracterização
física e mineralógica e em ensaios destinados às análises porosimétricas e morfológicas
(lâminas delgadas). A avaliação do comportamento mecânico dos solos maduro e
saprolítico é feita através de ensaios de compressão triaxial em amostras saturadas e não
saturadas, variando-se as direções de cisalhamento, em ambos solos, e as trajetórias de
tensão aplicadas aos corpos de prova, no solo jovem.
Nesse contexto, procurou-se verificar a influência da direção de carregamento
(anisotropia) na resistência e na deformabilidade, em amostras saturadas, obter a forma
de variação da resistência ao cisalhamento com a sucção e obter as curvas de
plastificação, no solo jovem, na condição saturada e em diferentes valores de sucção.
A tese inicia-se com uma revisão bibliográfica (Capítulo 2) onde se procura
abordar aspectos importantes referentes ao comportamento de solos residuais, que serão
apresentados e discutidos no decorrer do trabalho. Comenta-se sobre a gênese de solos
residuais, os fatores que interferem no comportamento tensão versus deformação, tais
como a estrutura cimentada, a anisotropia e a condição não saturada, e, por último, as
curvas de plastificação de modelos baseados na teoria dos estados críticos. Neste último
item aborda-se a curva de plastificação do modelo dos estados críticos (Cam Clay
modificado), elaborado para solos saturados, e a curva de plastificação para solos não
saturados proposta por Alonso et al. (1990).
No capítulo 3, são apresentados os materiais e os métodos utilizados na
realização dos diversos ensaios, cujos resultados são mostrados neste trabalho. Inicia-se
abordando características gerais da área de estudo, tais como: localização geográfica,
dados climatológicos, geologia, geomorfologia e pedologia. Em seguida aborda-se o
perfil de solo escolhido para estudo, onde são apresentados os horizontes B (Latossolo
Vermelho-Amarelo) e C (Solo Saprolítico). Por último são descritos os procedimentos
adotados na realização dos ensaios, que compreenderam os ensaios de caracterização
geotécnica, de caracterização mineralógica, de análises porosimétricas e
micromorfológicas, e de ensaios de compressão triaxial.
No capítulo 4 apresentam-se os resultados obtidos dos ensaios comentados
anteriormente e nos capítulos subseqüentes estão apresentadas as análises e conclusões
obtidas através dos ensaios realizados, para os dois horizontes, envolvendo: os
3

resultados dos ensaios de mineralogia, porosimetria, lâminas delgadas, as curvas tensão


versus deformação, a influência da direção de carregamento (anisotropia) na resistência
e na deformabilidade, a variação da resistência com a sucção, e as curvas de
plastificação, no solo jovem, na condição saturada e sob diferentes valores de sucção.
4

2 REVISÃO BIBIOGRÁFICA

Este capítulo é dividido da seguinte maneira. Em primeiro lugar, aborda-se a


gênese dos solos residuais, comentando-se sobre os processos intempéricos, os produtos
do intemperismo, o intemperismo tropical e também sobre o perfil de alteração de um
solo residual. Em segundo lugar, comenta-se sobre os fatores que interferem no
comportamento tensão-deformação e resistência de solos residuais, tais como a estrutura
cimentada, anisotropia, condição não saturada e, também são abordados alguns
trabalhos que tiveram como objetivo o estudo da resistência e deformabilidade ao longo
de um perfil de solo residual. Por último são abordadas as curvas de plastificação do
modelo dos estados críticos (Cam-Clay modificado), elaborado para solos saturados, e a
curva de plastificação para solos não saturados proposta por Alonso et al. (1990).

2.1 Gênese de solos residuais

2.1.1 Generalidades

A partir do momento da exposição das rochas à superfície ou próximo desta,


diversos agentes do intemperismo, bastante diferenciados entre si, tanto no tipo como na
agressividade, motivam progressivas transformações nos minerais originais até que, em
último estágio, seja produzido sua total desintegração.
A intemperização das rochas modifica os minerais originais, conferindo-lhes
novas propriedades físicas e químicas e transformando, ao final do processo, a antiga
rocha em um material totalmente incoerente, designado por solo, sob o ponto de vista
geológico-geotécnico.
A intemperização das rochas ocorre predominantemente no sentido da superfície
ao interior do maciço rochoso, descrevendo uma série de horizontes com diversificados
níveis de intemperização. Aos materiais originados pela intemperização in situ e sem
ocorrência de transporte atribuímos o nome de residuais.
5

A Figura 2.1 mostra esquematicamente as etapas até a formação dos solos, a


partir da intemperização da rocha de origem.

Figura 2.1 – Esquema de formação dos solos.

Segundo Blight (1997) solo residual pode ser definido razoavelmente cono
sendo todo o solo formado a partir da decomposição das rochas (ígneas, metamórficas
ou sedimentares) pelo intemperismo químico, físico e biológico, que permanece no
local onde foi formado sem sofrer qualquer tipo de transporte.
O intemperismo é um processo que modifica a estrutura e as propriedades do
solo independente de sua história de tensões. A gênese dos solos residuais apresenta,
desta forma, um problema particular em relacionar a estrutura do solo e sua história de
tensões, pois ambos mudam continuamente.
A estrutura resulta diretamente dos processos físicos e químicos no campo que
alteram uma dada rocha matriz para formação do solo residual. As mudanças
geoquímicas envolvidas na transformação da rocha em solo residual têm sido estudadas
extensivamente. De acordo com Vaughan & Kwan (1984) elas podem envolver:

a) enfraquecimento da rocha por alteração e remoção de material, acompanhado por


perdas de massa, resistência e rigidez e por um aumento de porosidade;
b) aumento de volume sob tensão efetiva constante, caso o intemperismo produza
minerais argílicos expansivos, e caso a perda de massa durante o intemperismo não
venha a equilibrar a expansão destes minerais argílicos;
c) efeitos não químicos devido a mudanças na tensão efetiva, provenientes de
ressecamento e inchamento, que podem ser cíclicos.

Quanto a história de tensão, de acordo com Vaughan & Kwan (1984), deve
ocorrer um descarregamento vertical durante o intemperismo, decorrente da perda de
peso e devido a erosão superficial. Como o solo é continuamente modificado pelo
6

intemperismo durante este descarregamento, o efeito de tensões prévias em sua estrutura


deve ser minimizado ou removido. Deve-se resaltar que a estrutura atual de um solo
residual está em equilíbrio e é associada ao seu atual estado de tensão, e que o efeito de
tensões anteriores, às quais ele foi submetido durante sua evolução, será pequeno.
As partículas sólidas presentes devido ao processo de intemperismo serão grãos
minerais individuais ou aglomerados de grãos originados da rocha matriz, com vários
graus de alteração e enfraquecimento, como também grãos ou aglomerados criados pelo
processo de intemperismo.
Os solos residuais podem apresentar uma ampla faixa de porosidade, mesmo
quando derivados de uma mesma rocha matriz. Na Tabela 2.1, estão reproduzidos
valores típicos de densidade de grãos e índice de vazios de solos residuais encontrados
no Brasil (Sandroni, 1985).

Tabela 2.1 - Variações típicas no índice de vazios in-situ em Solos Residuais Brasileiros (Sandroni,
1985).
Rocha Matriz Densidade dos G rãos Índice de Vazios
G naisse 2,6 - 2,8 0,3 - 1,1
Q uartzito 2,65 - 2,75 0,5 - 0,9
Xisto 2,7 - 2,9 0,6 - 1,2
Filito e Ardósia 2,75 - 2,9 0,9 - 1,3
Basalto 2,8 - 3,2 1,2 - 2,1

Vários pesquisadores (Leroueil & Vaughan, 1990; Costa Filho et al., 1989;
Maccarini, 1989; Vaughan, 1985; Vaughan et al., 1988) consideram a presença de uma
estrutura fracamente cimentada, independente do histórico de tensões, como feição
dominante em solos residuais, a qual contribui para a resistência e rigidez destes solos.
Estas cimentações podem ser quebradas pela deformação do solo durante o
carregamento. Uma vez quebradas estas ligações são irrecuperáveis, exceto pela escala
de tempo dos processos geológicos que as criaram. A resistência dessas ligações é
análoga, mas diferente da componente coesiva da resistência presente em argilas, em
virtude das forças de atração entre suas partículas. Esta última componente pode ser
recuperada pelo menos parcialmente, se a densidade e o arranjo das partículas forem
recuperados.
Vaughan et al. (1988) sugerem que as principais características de engenharia
dos solos residuais que surgem de sua origem geológica, são as seguintes:
7

a) Uma componente da resistência e rigidez devida às ligações entre partículas, que


se desenvolveram progressivamente com a evolução do solo, e que estão em equilíbrio
com atual estado de tensões in-situ;
b) Um pequeno efeito da história de tensão que acompanhou sua evolução na atual
estrutura do solo;
c) Variada mineralogia e resistência dos grãos;
d) Ampla faixa de porosidade.

2.1.2 Processos Intempéricos

Basicamente, o processo de intemperização das rochas pode ser resumido em


três fases principais:

a) desintegração das rochas por fenômenos físicos ou mecânicos;


b) decomposição química das rochas; e
c) processo evolutivo, que acaba por transformar a rocha coerente em solo.

A terceira e última fase, chamada de processo evolutivo consiste na ação


combinada dos efeitos da desintegração física e, mais pronunciadamente, as reações nos
minerais, produzidas pela decomposição química.
O intemperismo físico atua no sentido de alterar o tamanho das partículas,
quebrando o material de origem, sem variação significante na composição. Processa-se,
principalmente, pelos seguintes efeitos: expansão diferencial por alívio de tensões
(proporcionada pela erosão das camadas superiores), crescimento de cristais estranho à
rocha, fenômenos de contração e expansão por variações de temperatura e efeitos
mecânicos produzidos pelo crescimento das raízes (cunha).
São processos físicos, por exemplo, alívio de tensões pela erosão, deformação
por variação de temperatura e congelamento, e pressões de cristalização de sais
depositados em fraturas, os responsáveis pelo intemperismo mecânico, que tem como
conseqüências modificações nas dimensões dos indivíduos mineralógicos das rochas e
na área e no volume por eles ocupado. Os processos físicos atuam, de tal maneira que
não provocam qualquer alteração sensível na composição mineralógica das rochas. Os
processos físicos fragmentam a rocha, expondo novas superfícies para o ataque
químico, e em conseqüência, a permeabilidade do material é aumentada para a
percolação de fluidos quimicamente reativos.
8

O intemperismo químico é um processo caracterizado pela ocorrência de reações


químicas entre os minerais constituintes da rocha e soluções aquosas de diferentes
composições, que modificam os minerais originais das rochas transformando suas
características químicas e físicas.
Segundo Mitchell (1976) processos químicos, principalmente hidrólise e
oxidação, alteram os minerais da rocha original para formar argilo-minerais mais
estáveis.
Quanto aos processos químicos do intemperismo:

a) provocam modificações complexas das propriedades físicas e químicas das


rochas;
a) originam novos minerais, porque destroem as estruturas cristaloquímicas dos
minerais endógenos, libertando os seus íons que se recombinam, ou emigram, uma vez
libertados; e
b) aumentam o volume global das rochas que se intemperizam, porque os novos
minerais são menos densos.

O intemperismo biológico inclui ambos, ação física (por exemplo,


fendilhamento pela penetração da raiz) e ação química (por exemplo, oxidação
bacteriológica, redução de ferro e compostos sulfúricos, conforme sugerido por Pings
(1968)). Os processos biológicos resultantes da ação dos seres vivos, animais ou
plantas, tanto podem ser de natureza física ou química pois podem não só provocar a
desagregação, mas também modificações nas composições mineralógica e química das
rochas.
Solos residuais formam-se a partir de rochas ígneas, metamórficas e
sedimentares. Processos químicos tendem a predominar em intemperismo de rochas
ígneas, ao passo que processos físicos dominam o intemperismo de rochas metamórficas
e sedimentares. Porém, intemperismo químico e físico são tão intimamente
interrelacionados que um processo não procede sem alguma contribuição do outro.

2.1.3 Produtos do Intemperismo

Os produtos do intemperismo podem ser solúveis, colóides ou residuais.


9

Os produtos solúveis e colóides são removidos do complexo de intemperismo,


pelas águas que atravessam (sulfatos, cloretos, carbonatos, etc.), e os produtos residuais
acumulam-se nos locais, em que ocorre o intemperismo.
Entre os produtos residuais do intemperismo, incluem-se minerais insolúveis ou
pouco solúveis, como quartzo, opala, calcedônia, minerais das argilas (caulinitas,
montmorilonitas, ilita, etc), micas, óxidos e hidróxidos de alumínio e de ferro (gibsita,
goethita, etc), minerais, praticamente, inalteráveis, como o zircão, a turmalina, etc, e
minérios, como o ouro, a platina, a cassiterita, etc.

2.1.4 Intemperismo tropical

A análise da geoquímica do intemperismo (meteorização), em climas quentes e


pluviosos, segundo Guimarães (1998), conduz às seguintes conclusões:

a) O clima quente e pluvioso, faz com que os silicatos das rochas, como uma
conseqüência da grande quantidade de água das chuvas abundantes, que as atravessam,
e da temperatura elevada, sofram uma hidrólise acentuada, e o resultado será a
libertação dos íons das estruturas dos silicatos (Si4+, Al3+, Fe2+, Ca2+, K+, Na+, etc).
b) Os íons libertados têm destinos diferentes.
c) Os íons Na+, K+, Ca2+ e Mg2+ são eliminados do complexo de meteorização,
pelas águas das chuvas que o atravessam.
d) O íon Si4+ pode ser eliminado do complexo de meteorização ou ser,
parcialmente, retido.
e) Os íons Al3+ e Fe2+ permanecem, em grande parte, dentro do complexo de
meteorização, originando neoformações, como a gibsita, a hematita e a goethita. O Si+4,
que não for eliminado, associa-se ao Al3+ para originar a caulinita.
f) A gênese dos minerais indicados depende da intensidade da lixiviação, ligada à
maior, ou à menor facilidade, com que ocorre a drenagem da água do complexo de
meteorização, ou dos perfis dos solos, que lhe estão associados.

Três casos podem ser considerados:

a) Nos meios bem drenados (lixiviação acentuada), os íons Si4+ dissolvidos são
eliminados do complexo de intemperismo, e as soluções com os produtos, derivados da
10

hidrólise dos silicatos, formam a gibsita e a goethita, sobretudo quando a rocha é pobre
em íons Si4+.
b) Nos meios bem drenados, mas com o lençol freático permanente (lixiviação
moderada), ou se a rocha é rica em íons Si4+, nem todos esses íons são eliminados.
Nestas condições, partes dos óxidos de alumínio formados são ressilificados, pelos íons
não-eliminados, para darem origem à caulinita.
c) Nos meios sem drenagem, ou mal drenados (lixiviação nula, ou fraca), todos
os cátions libertados por hidrólise, entre eles o Si4+, tornam-se abundantes no complexo
de meteorização, e forma-se a montmorilonita, silicato que é definitivo nos solos
calcimorfos (argilas negras tropicais)

O que foi descrito para os meios bem drenados das regiões tropicais quentes e
pluviosas corresponde a um processo pedogenético, que se designa por ferratilização e,
muitas vezes, designado por “latolização”, ou meteorização “laterítica”.
O que foi exposto, principalmente no que diz respeito às condições de drenagem
como uma das responsáveis pelo tipo de mineral presente no solo, é muito importante
pois estes minerais influenciam de maneira decisiva no comportamento do solo, cada
um tendo uma influência diferente, e assim determinando aos solos comportamentos
diferentes (colapso, expansão, etc).
Novais Ferreira (1985) comenta a dificuldade de identificação e classificação
dos solos tropicais, saprolíticos e lateríticos e apresenta um perfil de alteração básico
para as regiões tropicais, com a indicação dos principais compostos normalmente
presentes em cada horizonte:

a) Rocha mãe, intacta, sã;


b) Rocha parcialmente alterada;
c) Rocha alterada, zona de transição;
d) Saprolito (estruturas reliquiares da rocha de origem presentes, porém com
características de solo quando removidos, distribuições granulométricas
variando entre silte e areia, muitas vezes micáceo);
e) Solo (provavelmente rico em haloisita, caulinita, gibsita e outros minerais
oriundos da rocha mãe em adiantado estado de intemperização ou totalmente
alterados);
f) Zona Variegada (provavelmente rica em gibsita, goethita, caulinita e hematita)
11

g) Zonas Concrecionadas (com predominância de ferro e alumínio);


h) Horizonte A pedológico, solo.

A Figura 2.2 ilustra um possível perfil de solos tropicais idealizado por Cruz
(1987). Esse perfil é resultante de uma intemperização, principalmente química,
associada à lixiviação e laterização. Na Figura 2.3, Cruz (1987) idealiza modelos
teóricos de estruturas possíveis para os horizontes identificados no perfil de alteração da
Figura 2.2.

Figura 2.2 - Perfil Possível de Solos Tropicais (Cruz, 1987).


12

Figura 2.3 - Modelos Estruturais (Cruz, 1987).

As condições requeridas para a formação dos horizontes de solos lateríticos ou


concrecionados são basicamente as seguintes:

a) Rocha que dá origem ao perfil de alteração deve ser rica em minerais de ferro
ou alumínio;
b) Perfil deve ser permeável, permitindo boa circulação de água;
c) Clima tropical com estações chuvosas e secas e elevada umidade;
d) Elevadas temperaturas;
e) Topografia favorável;
f) Flutuação do nível freático;
g) Vegetação da floresta tropical ou savana.

No item seguinte será tratado com mais detalhe os perfis de alteração, tendo aqui
o objetivo meramente ilustrativo de apresentar, teoricamente, a existência e disposição
dos horizontes que o compõem.
13

2.1.5 Perfis de alterações de solos residuais

2.1.5.1 Introdução

Deere & Patton (1971) definem como perfil de intemperização (alteração) a


seqüência de camadas, com diferentes propriedades físicas, desenvolvidas no mesmo
local da rocha não intemperizada.
De Mello (1972) estabelece a definição de um perfil de alteração como um
elemento que deve traduzir, como implicação básica, o fato de que existe um contínuo
absoluto de transição gradual dos parâmetros geotécnicos médios em função,
principalmente, do incremento da profundidade. Salienta porém, que os horizontes
distintos que compõem o perfil de alteração, se misturam e suas dimensões variam na
ordem métrica de maneira errática, tanto na vertical como horizontalmente. Desta
forma, em um âmbito mais específico, poder-se-ia dizer que esses horizontes distintos
não existem.
De Mello (1972) explica que esses horizontes distintos existem em aparência,
porém os graus de precisão segundo os quais os mesmos poderão ser estabelecidos ou
utilizados para indicar comportamentos distintos dos solos, são demasiado pequenos
para que possam ser empregados como dado de entrada para o projeto final ou para
tomada de decisões sobre processos construtivos.
O perfil de intemperização pode ser formado, conforme comentado
anteriormente, por intemperização mecânica, desintegração da estrutura original da
massa rochosa, ou por intemperização química. No entanto a desintegração mecânica
poderia se apresentar acelerando a decomposição química.
O perfil de intemperização pode variar consideravelmente de lugar a lugar
devido as variações locais do tipo de rocha, estrutura rochosa, topografia, nível de
erosão e condições da água subterrânea, e também pelas variações do clima,
particularmente as precipitações.
O intemperismo e o seu grau de intensidade, assim, como os minerais, que
constituem o complexo de intemperismo, dependem dos seguintes fatores:

a) da natureza da rocha, dependente sobretudo da sua composição mineralógica, a


qual terá influência sobre a resistência da rocha ao intemperismo;
14

b) do tipo de clima condicionado, pela temperatura, pela pluviosidade e pela


umidade;
c) do relevo da região que favorece, ou dificulta, a circulação da água, por meio do
complexo de intemperismo;
d) da duração dos processos de intemperismo;
e) da ação dos seres vivos, sobretudo vegetais e microorganismos; e
f) da dinâmica do meio, em que ocorre o intemperismo, que corresponde à relação
entre a velocidade do intemperismo e a velocidade de remoção dos produtos,
originados pelos processos de intemperismo (intervenção da intensidade da
drenagem da água, que atravessa o meio em intemperismo).

A GEOLOGICAL SOCIETY ENGINEERING GROUP WORKING PARTY


REPORTS (1990) sintetiza, de forma generalizada, as condições ótimas para formação
de perfis de alteração profundos:

a) Clima equatorial úmido ou de monções com precipitações de 2000 a 5000


mm/ano e histórico de sazonalidade moderada durante o Quaternário (últimos
10000 anos) e latitude tropical ao longo do Mesozóico e Cenozóico;
b) Superfícies de margens passivas que recobrem rochas cristalinas máficas a
intermediárias ou sedimentos acroseanos, sob a influência de soerguimentos
dômicos, falhas e fraturamento, atividade ígnea extrusiva e possivelmente
hidrotermalismo;
c) Locais como divisores de água ou platôs, com declividades inferiores a 15 o que
não apresentam ravinamento ou remoção do perfil durante o Quaternário.

Por outro lado, citam-se como condições adversas à formação de perfis de


alteração profundos as seguintes situações:

a) Longos períodos de climas áridos ou semi-áridos;


b) Terrenos de cinturões móveis e terrenos sujeitos a dobramento, falhamento e
soerguimento, constituídos por rochas cristalinas félsicas ou rochas
sedimentares quartzosas;
c) Encostas de forte declividade ou locais de cristais abruptas;
d) Interflúvios com pouca cobertura vegetal.
15

A Tabela 2.2 apresenta algumas espessuras típicas de perfis de alteração


reportadas por Sowers (1963).

Tabela 2.2 - Espessuras de Pefis de Alteração (Sowers, 1963).


REGIÃO ESPESSURA (metros)
Piedmont, Southeastern 6 a 15
USA
Angola, África 8
Sul da Índia 8 a 15
Sul da África 9 a 18
Leste da África 10 a 20
Brasil 10 a 25

2.1.5.2 Classificações para o perfil de Alteração

Vários estudos foram realizados tendo como objetivo o entendimento do perfil


de intemperização de um solo residual. A seguir são apresentados alguns trabalhos
dentre os vários trabalhos existentes sobre perfil de intemperização.
Vargas (1953) apresentou a primeira classificação genética dos solos tropicais
brasileiros, distiguindo três horizontes: solo residual maduro, argiloso e poroso, solo
residual jovem, silto-arenoso, com a presença de estruturas reliquiares e rocha alterada,
cuja remoção obrigava ao uso de explosivos. Nesse trabalho, Vargas apresenta dois
perfis de intemperização na região sudeste do Brasil, um em São Paulo e outro no Rio
de Janeiro, mostrando a decomposição de rochas gnáissicas.
Vaz (1969) apresenta uma classificação baseada em perfil de intemperismo, com
cinco horizontes, dois de solo e três de rocha: solo superficial, homogêneo e isotrópico;
solo de alteração, heterogêneo e anisotrópico; rocha alterada mole, escavável à picareta
e rocha alterada dura e sã, estas últimas escaváveis somente com explosivos.
Deere & Patton (1971) realizaram extenso estudo sobre perfis de intemperismo
em regiões de clima tropical, inclusive no Brasil, propondo três horizontes com
subdivisões, resultando em três horizontes de solo e três de rocha: horizonte I, de solo
residual, com subdivisões de solo orgânico (IA), solo laterítico (IB) e saprolito, com
estruturas reliqueares da rocha matriz (IC); horizonte II, de rocha alterada, com
subdivisões de transição com a presença de matacões (IIA) e rocha alterada (IIB) e
horizonte III, de rocha sã.
16

Vargas (1974) adere à classificação baseada em perfis de intemperismo e


apresenta cinco horizontes, três de solo e dois de rocha: horizonte I, de solo residual
maduro; horizonte II, de solo com vestígios eventuais das estruturas reliqueares da
rocha; horizonte III, de solo com estruturas e matacões (saprolíto); horizonte IV, de
rocha alterada com zonas decompostas e horizonte V, de rocha sã.
Vargas (1985) apresenta uma classificação baseada em propriedades e
comportamentos, identificando dois tipos de solos tropicais: residual, derivado do
intemperismo intenso e profundo da rocha subjacente e solos superficiais, derivados da
evolução pedogenética de solos residuais e transportados. Para os solos residuais admite
um horizonte inferior, com estruturas reliqueares da rocha matriz (saprolito) subdividido
em dois níveis: um superior, chamado de saprolito fino, com poucos fragmentos da
rocha matriz e outro inferior, com blocos e camadas de rocha.
Wolle et al. (1985) reconhecem seis horizontes de intemperismo, três de solo,
um de transição e dois de rocha: solo superficial que, quanto a origem, pode ser
residual, coluvionar ou sedimentar; solo residual maduro, solo residual jovem ou solo
saprolítico, com estruturas da rocha matriz; saprolito, constituindo uma zona de
transição entre solo e rocha, com matacões; rocha alterada ou decomposta e rocha
fresca.
Pastore (1992) segue a tendência de perfis de intemperismo e estabelece seis
horizontes, dois de solo, um com predominância de processos pedológicos (solo
laterítico) e outro com estruturas reliquiares da rocha (solo saprolítico); um de transição
solo/rocha (saprolito) e três de rocha (muito alterada, alterada e sã).
Vaz (1996) apresenta uma classificação com cinco horizontes: dois de solo e três
de rocha. Os horizontes de solo são divididos em solo eluvial, chamado por alguns
autores de solo maduro, homogêneo e isotrópico, sujeito aos processos pedogenéticos e
solo de alteração ou saprolito, caracterizando um material que ainda sofre processo de
alteração intempérica e que guarda eventuais estruturas da rocha e é heterogêneo e
anisotrópico. Os horizontes de rocha são divididos em rocha mole, rocha alterada mole,
rocha alterada dura e rocha sã.
Vários outros autores também contribuiram para o estudo dos solos tropicais,
destacando-se Kiersh & Treasher (1955), Moye (1955), Ruxton & Berry (1957), Sowers
(1953, 1963), Knill & Jones (1965), Vargas, et al. (1965), Sowers 1967, Nogami (1967),
Barata (1969), Little (1967/1970), Saunders et al. (1970), De Mello (1972), Mori et al.
(1978), Sardinha et al. (1981).
17

A partir de 1981 parece existir uma tendência internacional (IAEG, 1981;


ISRM,1981) de utilização de classificações subdivididas em seis classes de
intemperização, normalmente designadas da seguinte forma:

I Rocha Sã
II Rocha pouco alterada
III Rocha moderamente alterada
IV Rocha Altamente alterada
V Rocha completamente alterada
VI Solo Residual

Segundo estas classificações (IAEG, 1981; ISRM,1981), as quais são muito


parecidas:

- Na Classe VI (solo residual), todo o material rochoso está convertido em


solo. Não existem mais vestígios de estruturação original. Ocorrem
significativas alterações em termos de volume. O material representante
desta porção do perfil não sofreu significante transporte.
- Na Classe V (Rocha Completamente Alterada) todo o material rochoso está
decomposto e convertido em solo. A estrutura herdada da rocha original está
praticamente intacta.
- Na Classe IV ( Rocha altamente alterada) mais de 35% a 50% do material
rochoso está decomposto e convertido em solo. Rocha sã ou alterada está
presente sob a forma de blocos isolados.
- Na Classe III ( Rocha Moderamente Alterada) menos que 35% a 50% do
material rochoso está decomposto e convertido em solo. Rocha sã ou
alterada está presente sob a forma de blocos isolados.
- Na Classe II ( Rocha Pouco Alterada ) existem apenas marcas de
intemperização ao longo das descontinuidades existentes no maciço.
- Na Classe I (Rocha Sã ) não são visíveis sinais de intemperização no
material rochoso, pode ocorrer um suave ataque nas maiores
descontinuidades existentes.
18

2.1.5.3 Perfis típicos de alteração

A Figura 2.4 apresenta um diagrama esquemático de um perfil de alteração


(Little, 1970).

Figura 2.4 - Diagrama esquemático de um perfil típico de solo residual (Little, 1970).

Observa-se desta figura que a rocha vai sendo decomposta gradualmente pelo
intemperismo no sentido da superfície ao interior do maciço rochoso, descrevendo uma
série de horizontes com diversificados níveis de intemperização. Ainda na Figura 2.4, as
zonas (I, II, III) tendem a se comportar como rocha, enquanto as zonas (IV, V, VI)
como solo. As zonas IV e V, considerando as diversas classificações nacionais,
geralmente pode-se chamar de solo de alteração ou saprolito ou ainda solo residual
jovem, pois estes solos guardam características estruturais da rocha matriz. O solo da
zona VI pode-se chamar de solo residual maduro, pois é o solo que não guarda nenhuma
característica da rocha matriz. Baseado no exposto anteriormente, espera-se que o solo
residual maduro seja homogêneo e isotrópico e o solo residual jovem seja heterogêneo e
anisotrópico.
Uma definição que merece destaque é a de Laterização, a qual, segundo Barata
(1981), pode ser definida como um fenômeno de intemperismo característico das
19

regiões de clima quente e úmido (correspondente ao de regiões intertropicais atuais), em


que o terreno sofreu (ou sofre) uma acumulação relativa de sesquióxidos de ferro e
alumínio, isto é, enriquecimento dos teores de ferro e alumínio, à custa da lixiviação dos
componentes mais solúveis, inclusive da sílica. A laterização (ou ferratilização) pode se
processar tanto em terrenos sedentários (residuais ou coluviais), quanto em terrenos
transportados (sedimentares, principalmente). No caso de solos (sedentários ou
transportados) o processo pode atingir graus os mais diversos, de tal modo que o
produto resultante poderá variar desde o solo laterítico até a rocha laterítica ou laterita,
propriamente dita. Desai (1985) define o grau de laterização em termos da razão sílica e
alumínio; Solos não laterizados possuem Si O2 / Al2O3 maior que 2, solos laterizados
possuem Si O2 / Al2O3 entre 1,3 e 2 e laterita ou rocha laterítica possuem Si O2 / Al2O3
menor que 1,3.
A Figura 2.5 mostra algumas mudanças que podem ocorrer no perfil de
intemperismo em relação ao índice de vazios, compressibilidade, resistência e
concentração de sexquióxidos.

Figura 2.5 - Mudanças ocorrentes no perfil de intemperismo (Blight, 1997).

Quanto ao índice de vazios e a compressibilidade observa-se que quando o


material começa a comportar como solo há um aumento em seus valores e que quando
ocorre a laterização, por causa da cimentação gerada, há uma diminuição. Quanto a
resistência, quando o material comporta como solo há uma diminuição em seu valor e
20

quando ocorre a laterização, pelo mesmo motivo anterior, há um aumento em seu valor.
Quanto a formação de sesquióxidos, observa-se que eles são formados durante a
laterização do solo. A laterização pode ocorrer dentro da zona superior dependendo do
clima e das condições de água subterrânea.

2.1.5.4 Caracterização dos horizontes do perfil de Alteração

A seguir são apresentados critérios, qualitativos e quantitativos, que tentam


descrever os horizontes componentes do perfil de intemperização, com base nas
características usualmente encontradas na definição dos diversos horizontes do perfil
típico de intemperização, com base, principalmente, nas classificações apresentadas
anterriormente e em outros trabalhos, como por exemplo GEOLOGICAL SOCIETY
ENGINEERING GROUP WORKING PARTY REPORTS (1990), IAEG (1991) e
ISRM (1991). As descrições dos horizontes que seguem adaptam-se à maioria dos casos
e devem ser encaradas como conceituais. As denominações dos horizontes do perfil de
alteração estão primeiramente indicadas pelos termos mais correntes e utilizados na
bibliografia nacional, entre parênteses estão indicados os termos utilizados
internacionalmente (IAEG e ISRM).

- Solo residual maduro - VI (Solo Residual)

Esta denominação coincide com a utilizada por Vargas (1953), Barata (1969) e
Mori et al. (1978). De Mello (1972) utiliza a terminologia Solo Maduro, excluindo a
redundância do termo residual. Pode-se de uma maneira geral, utilizar o termo solo,
isoladamente, como aparece nas classificações de Moye (1955), Knill & Jones (1965) e
Nogami (1967). Este horizonte corresponde ao último estágio de alteração in situ da
rocha-máter que, devido ao estado avançado de intemperização, não mais apresenta
vestígios da estrutura da rocha de origem. Todo o material está reduzido a solo. Esta
zona corresponde ao horizonte B pedológico.

- Solo de alteração, saprolito ou solo residual jovem - V (Rocha Completamente


Alterada)

Nas classificações de Vargas (1953, 1969) e Barata (1969) é chamado de solo


residual jovem e na classificação de Vaz (1996) é chamado de solo de alteração ou
saprolito. Este horizonte corresponde ao horizonte C pedológico e é facilmente
reconhecido por evidenciar a estrutura reliquear da rocha de origem, embora componha
21

um estado bastante adiantado de alteração de rocha. Apresenta uma percentagem de


blocos de rocha extremamente alterados, que desagregam facilmente com a pressão dos
dedos. O caráter de elevada alteração dos minerais que compõem este horizonte,
proporciona uma composição essencialmente terrosa. Este material é facilmente
amostrado por sondagens a trado, e pode, no geral, ser perfeitamente caracterizado pelos
ensaios rotineiros de Mecânica dos solos. Embora, por vezes, ainda exista uma
estruturação significativa em determinadas regiões do perfil, que apesar de não
caracterizarem mais blocos de rocha alterada, ainda exibem sensível resistência e
comportamento diferenciado dos grumos formados pelos solos superficiais. Este
horizonte tem seus mecanismos de comportamento mais voltados para o lado da
Mecânica dos Solos , em dependência do grau de alteração que confere uma maior ou
menor resistência ao conjunto de grãos estruturados pelo arranjo da rocha original. Em
seu estado compactado, apresenta-se como excelente material de construção para
barragens de terra homogêneas, apresentando resultados bastante satisfatórios inclusive
quando utilizados na construção de núcleos relativamente delgados impermeáveis para
barragens de enrocamento.

- Saprolito Brando ou Saprolito Fino - IV (Rocha Altamente Alterada)

Esta denominação coincide com a utilizada por Sardinha et al. (1981). Vargas
(1969) utiliza a denominação rocha alterada, Barata (1969) a denominação solo residual
jovem e De Mello (1972) a denominação saprolito.
Estágio relativamente adiantado de alteração de rocha. Apresenta blocos com
dimensões centi a decimétricas, normalmente originadas a partir do sistema de
fraturamento original do maciço. Tais blocos são de difícil desagregação pela pressão
dos dedos, porém quebram suas bordas com facilidade quando submetidos a esforços de
flexão. Este material, devido a presença, por vezes numerosa, de blocos alterados, ou
pela forte estruturação herdada da rocha de origem, não é perfeitamente caracterizado
pelos ensaios da Mecânica dos Solos Convencional. Os blocos estruturados já
apresentam certa resistência à desintegração quando imersos em água, podendo originar
blocos menores que se mantém inalterados. Pela ação manual formam fragmentos
menores.

- Saprolito Duro ou Saprolito Grosso - III (Rocha Moderamente Alterada)

Em comparação com o horizonte anterior, apresenta uma maior presença de


blocos rochosos substancialmente mais resistentes que os primeiros, ou seja, em menor
22

grau de alteração. A matriz de finos apresenta-se, no geral, sob forma de fração arenosa
bem graduada, com eventual presença de silte e ausência de fração de argila. Neste
material a matriz de finos não necessariamente envolve totalmente os blocos alterados.
Blocos imersos em água permanecem, geralmente, inalterados. Resultados de RQD
situam-se em uma faixa variável de 0 a 50 %. Fragmentos são dificilmente quebrados
pela ação manual. Quando compactados os saprolitos duros dão origem a maciços
bastante permeáveis, uma vez que o manuseio mecânico deste material conduz a uma
composição granulométrica predominantemente pedregulhosa, que apresenta um
comportamento semelhante aos enrocamentos compactados.

- Rocha Dura, Pouco a Mediamente Alterada - II (Rocha Pouco Alterada)

Sob o horizonte de saprolito aparece a rocha com pequeno grau de alteração,


resumindo-se, praticamente, a uma intemperização ao longo das fraturas existentes no
maciço. Para sua utilização torna-se necessário, normalmente, recorrer-se a desmontes
com explosivos.
Resultados de RQD indicam, normalmente, uma variação entre 50 e 75 %.
Fragmentos não são mais quebrados em suas bordas pela ação manual.

- Rocha SÃ - (I)

Parte final do perfil. Rocha sã que praticamente não apresenta intemperização,


estando totalmente preservada. Esporadicamente pode-se notar pequenas
intemperizações ao longo das maiores fraturas e fissuras. RQD normalmente superior a
75%, valores médios da ordem de 90 %.

2.2 Fatores que interferem no comportamento tensão-deformação e resistência de


solos residuais

2.2.1 Introdução

Há claras diferenças entre os fatores que influenciam o comportamento dos


solos residuais e dos solos transportados. Nos solos transportados as partículas são pré –
formadas, transportadas por algum agente de transporte e depositadas de uma certa
maneira. O solo é então submetido a um aumento de tensão efetiva devido ao aumento
de tensão normal (vertical) e, algumas vezes, submetido a um subseqüente decréscimo
devido a remoção do solo sobrejacente (pré – adensamento). Em um caso especial de
argilas depositadas em suspensão em água, esta história de tensão determina totalmente
23

a porosidade e o acondicionamento da partícula. A mecânica dos solos clássica tem sido


desenvolvida para materiais particulares com propriedades totalmente originadas da
porosidade inicial e subsequente do histórico de tensões, como são os solos
sedimentares. O histórico de tensões nos solos sedimentares é muito importante pois
modifica o condicionamento inicial do grão, causando o efeito de pré-adensamento.
A situação do solo residual, desenvolvido em situ sem transporte, é muito
diferente. As partículas e seu arranjo evoluem progressivamente como uma
consequência do intemperismo químico, com ampla variedade mineralógica e índices de
vazios. Conforme Vaughan (1988), já comentado no capítulo anterior, o efeito de
tensões prévias para o qual estes solos foram submetidos durante a sua formação será
pequeno.
Pelo fato de os princípios da mecânica dos solos terem sido desenvolvidos para
solos sedimentares, eles são freqüentemente inapropriados para solos residuais e causam
resultados confusos quando eles são aplicados para estes materiais. Os solos residuais
exibem propriedades e características especiais as quais diferem daquelas encontradas
em solos sedimentares como um resultado do papel predominante do intemperismo na
genesis do solo. Assim elas são aplicáveis para todo o perfil de intemperismo, não
simplesmente para camadas superiores completamente intemperizadas. Serão abordadas
algumas características que afetam o comportamento tensão versus deformação dos
solos residuais, através de trabalhos que investigam a influência destas características no
comportamento do solo. Serão relatados alguns trabalhos que procuram, através de
ensaios de laboratório, entender um perfil de solo residual (maduro e jovem) tanto do
ponto de vista de resistência quanto de deformabilidade.
Brener et al. (1997) lista as características especiais encontradas em solos
residuais responsáveis pela diferença no comportamento tensão-deformação e na
resistência em comparação com solos transportados. Segundo este autor estas
características são: histórico de tensões, resistência do grão ou partícula, união ou
vínculo entre as partículas (cimentação), estrutura reliquear e descontinuidades,
anisotropia, indice de vazios e densidade, condição não saturada. A seguir será feita
uma comparação baseada em Brener et al. (1997), a respeito da influência de cada uma
destas características tanto no comportamento de um solo residual, como no
comportamento de um solo transportado.
Quanto o histórico de tensões, conforme comentado anteriormente, percebe-se
que sua influência no comportamento de solos residuais, desde que após sua formação
24

ele não receba nenhum tipo de carregamento, é insignificante por causa do processo de
formação destes solos (intemperismo). Vaughan (1988) afirma que o efeito de tensões
prévias as quais os solos residuais tinham sido sujeitos durante sua formação será
pequeno. Segundo este autor haverá um descarregamento vertical menor que o
descarregamento horizontal, e durante o intemperismo estes descarregamentos anulam
qualquer efeito de tensões prévias, estando a atual estrutura do solo residual em
equilíbrio e associada ao seu atual estado de tensões. Nos solos transportados a sua
influência já é muito grande pois ele modifica o condicionamento do grão, e causa o
efeito de pré-adensamento.
A resistência do grão ou das partículas é muito variável nos solos residuais
devido ao intemperismo que produz grãos ou aglomerados de grãos com vários graus de
enfraquecimento e variada mineralogia. Nos solos sedimentares a resistência destas
particulas ou grãos é mais uniforme e poucos grãos enfraquecidos são encontrados,
porque as partículas fracas tendem a serem eliminadas durante o transporte.
A união ou vínculo entre partículas (cimentação), nos solos residuais é uma
importante componente da resistência devido ao vínculo ou cimentação que é
estabelecido entre partículas. Esta união, que pode ser facilmente destruída pela
pertubação, causa intercepto de coesão e resulta em uma tensão de cedência. Nos solos
sedimentares (transportados), com idade geológica, verifica-se o mesmo efeito. No item
adiante será dada uma ênfase maior a este assunto (Estrutura cimentada) onde se explica
sua influência no comportamento tensão-deformação e resistência de solos residuais.
Estrutura reliquear e descontinuidades em solos residuais desenvolvem-se da
estrutura pré-existente ou das características estruturais da rocha matriz, incluindo
estratificação, juntas, superfície polida e estriada resultante do atrito desenvolvido ao
longo de um plano de falha, etc. Nos solos sedimentares estas são desenvolvidas pela
deposição cíclica e a partir do histórico de tensões, sendo que superfícies polidas e
estriadas resultante do atrito desenvolvido ao longo de um plano de falha podem estar
presente (Blight, 1997).
Anisotropia em solos residuais geralmente é derivada do arranjo estrutural da
rocha matriz, como exemplo tem-se as estratificações que na maioria das vezes
aparecem nos solos residuais saprolíticos. Esta característica será abordada
posteriormente através de alguns trabalhos realizados que mostram a relevância de se
considerar a influência desta característica nas propriedades de resistência e
25

deformabilidade de solos residuais derivados de gnaisse. Em solos sedimentares esta


característica é derivada da deposição e do histórico de tensões.
Índice de vazios ou densidade em solos residuais depende do estado alcançado
pelo processo de intemperismo e independem da história de tensões. Nos solos
sedimentares os índices de vazios ou densidade são dependentes diretamente do
histórico de tensões.
Outra característica importante em solos residuais, é que na maioria das vezes
eles se encontram em condições parcialmente saturadas, onde o principal fator para que
isto ocorra são as condições climáticas às quais estes solos são submetidos. No item
solos não saturados será abordado este assunto, onde serão apresentados os principais
conceitos e alguns trabalhos sobre resistência e deformabilidade de solos nestas
condições.

2.2.2 Estrutura cimentada

2.2.2.1 Introdução

A estrutura de um solo residual é em grande parte o resultado do processo de


intemperismo pelo qual o solo é formado. A estrutura freqüentemente envolve uma
ampla faixa de tamanho de poros, alguns sendo tão grandes que normalmente seriam
associados com o tamanho dos grãos do solo.
Um importante fator de influência no comportamento geotécnico dos solos
residuais seria a presença de uma estrutura fracamente cimentada, descrita por Vaughan
(1985, 1988) como: “uma componente da resistência e rigidez que é independente da
tensão efetiva e porosidade e que se comporta como se fosse devida à conexões físicas
entre partículas”.
Segundo Newill (1961) e Wallace (1973), em solos com moderados graus de
intemperismo, alguma cimentação pode ser herdada da rocha mãe, mas em solos
residuais completamente intemperizados ela é mais comum de ser devido a efeitos de
cristalização, alteração mineral e a precipitação de material cimentante durante o
intemperismo.
Segundo Vaughan (1988), as possíveis causas de vínculo entre partículas são:

a) Cimentação através da deposição de carbonatos, hidróxidos, matéria orgânica,


etc;
26

b) Solução e re-precipitação de agentes cimentantes, tais como silicatos;


c) Crescimento desta união durante a alteração química dos minerais.

Diversos pesquisadores, Costa Filho et al. (1989), Lerouel & Vaughan (1990),
Maccarinni et al. (1989), Vaughan (1985) e Vaughan et al. (1988) consideram a
cimentação entre partículas como uma componente importante na resistência destes
solos.
Segundo Vaughan (1985) a presença de cimentação pode revelar ao solo as
seguintes características:

a) A presença do intercepto de coesão, c`, ( e alguma resistência drenada não


confinada) em solos residuais saturados;
b) A presença de uma “pressão aparente de pré-adensamento” (Vargas, 1953)
não relacionada com a história de tensões ou densidade; e
c) Resposta rígida a baixas tensões confinantes e comportamento mais
plástico, a maiores tensões, caracterizando uma superfície de plastificação.

No entanto Wesley (1990) diz ser questionável se um valor real da coesão


efetiva está necessariamente relacionado com a presença de ligações ou cimentações
entre partículas. Amostras de solos residuais testadas pelo referido autor mostraram
significantes valores de c’, tanto no estado indeformado como no desestruturado.
Aspectos de comportamento de campo desses materiais, quando usados na construção
de terraços nos campos de arroz da Indonésia, reforçam esta hipótese. Estes terraços são
formados parte por solo indeformado e parte por solo recompactado. Sua retro-análise
mostrou a necessidade de um valor significativo de c’ para assegurar a estabilidade. É
improvável que haja alguma contribuição da sucção, devido ao seu estado
permanentemente saturado.
Estas cimentações no entanto podem ser perdidas devido a pertubação, tanto
devido a amostragem como na própria execução dos testes em laboratório. O que vem
se tornando cada vez mais aparente é que esta conexão física entre partículas é comum a
muitos solos naturais in-situ de idade geológica, e tem sido identificada em argilas
moles, argilas rijas, areias e solos residuais por diversos pesquisadores (Mitchell &
Solymar, 1984; Daramola, 1980; Vargas, 1953; Vaughan, 1985; Leroueil & Vaughan,
1990).
27

Vaughan (1985) relata que os solos residuais lateríticos e saprolíticos em


particular apresentam um comportamento determinado principalmente pela estrutura
formada pelo processo de intemperismo. Apesar destes solos serem de natureza bastante
diversa, estes apresentam algumas características similares, dentre as quais, alta
permeabilidade, uma envoltória de resistência apresentando um significante intercepto
de coesão e uma tensão de escoamento (ou cedência) separando um comportamento
mais rígido de um mais compressível.
A seguir são relacionadas algumas propriedades similares apresentadas por
alguns solos residuais derivados de sua estrutura (Vaughan, 1985).

a) Permeabilidade – A permeabilidade dos solos residuais é tipicamente alta,


resultado das agregações de partículas elementares de argila e de outras
características microestruturais. Com efeito, o processo de intemperismo
destes solos reúne em fortes vínculos partículas elementares de argila (de
pequeno diâmetro), de modo que estas passam a se comportar como grãos de
silte ou areia, gerando os macro-poros (espaços existentes dentro das
agregações) destes solos. Por conta das agregações de partículas elementares,
Vilar et al. (1985) relatam valores de coeficiente de permeabilidade de cerca
de 10-4 cm/s para um solo coluvionar laterizado, apesar da fração argila
existente neste solo ser superior a 15 %. A permeabilidade apresentada por
estes solos deve diminuir com a compressão do mesmo, contudo, esta
redução não é significativa para a faixa de sobrecargas geralmente imposta
por obras correntes de engenharia.

b) Resistência e compressibilidade – As envoltórias de resistência dos solos


residuais apresentam geralmente um alto intercepto de coesão, a despeito de
seu peso específico. Este elevado intercepto de coesão pode originar-se na
sucção matricial do solo em campo, já que devido à sua alta permeabilidade
estes se encontram geralmente não saturados, ou devido a cimentações
geradas durante o processo de intemperismo ou laterização.

Os solos residuais apresentam uma pressão de pré-adensamento virtual


(independente de sua história de tensões) quando carregados em oedômetro, de uma
maneira similar aos solos sedimentares pré-adensados. Estes exibem um comportamento
28

rígido quando submetidos a valores de pressão menores do que a pressão de


adensamento virtual, apresentando alta compressibilidade para valores maiores.
Existe praticamente um consenso na afirmação de que a existência de um alto
valor de intercepto de coesão e da pressão de pré-adensamento virtual é devida à gênese
destes solos, aliada à sua condição não saturada, ou seja, devida às ligações existentes
entre as partículas, geradas durante o processo de intemperismo e fortalecidas pela
sucção matricial.

2.2.2.2 Aspectos da reologia dos Solos Estruturados

Vargas (1953) apresentou um trabalho pioneiro sobre o comportamento de solos


residuais. A Figura 2.6 mostra curvas típicas obtidas de ensaios oedométricos em solos
residuais brasileiros.
Este autor observou que a curva e x log σ v de uma amostra indeformada de solo
residual guarda certa semelhança com a conhecida curva de compressão das argilas
sedimentares sobre – adensadas, no sentido de que se compõe basicamente de dois
trechos, nos quais a deformabilidade do material é nitidamente distinta. Ao passar do
primeiro para o segundo trecho, o solo perde rigidez, sofrendo cedência. Mas os
comportamentos similares desses solos possui origens diferentes. Nas argilas
sedimentares, está associado ao fenômeno do sobre-adensamento, ou seja, a tensão na
qual se observa cedência corresponde à máxima tensão efetiva vertical a que esteve
submetido esse solo ao longo de sua história geológica. Nos solos residuais isso não
acontece, porque as tensões de cedência não se relacionam com as tensões de peso
próprio atuais ou antigas, pelo menos até certa profundidade. Foram denominadas por
Vargas de pressão de pré-adensamento virtual. A cedência, nos solos residuais, está
associada à quebra da estrutura cimentada (Vaughan, 1985).
29

Figura 2.6 - Curvas típicas, obtidas de ensaios oedométricos em solos brasileiros (VARGAS, 1953).

Sendo as cimentações dos solos residuais relativamente fracas, suas


propriedades são ditadas em equivalente grau por sua natureza particulada e sua
estrutura cimentada (Vaughan, 1985), colocando-se, assim, entre dois extremos os solos
não estruturados e as rochas mais duras. Por outro lado, isto os aproxima dos solos
sedimentares estruturados e de algumas rochas brandas conforme mostraram Leroueil &
Vaughan (1990). Estes autores destacaram a forte similaridade existente no
comportamento mecânico desses materiais.
A Figura 2.7 mostra a conexão entre cedência e resistência para ensaios
oedométricos e triaxiais (Vargas, 1973).
Um exemplo da resistência como função da cimentação ao invés da densidade
ou dilatação é mostrado na Figura 2.8; Segundo Vaughan (1988) em baixas pressões de
confinamento a resistência de pico é alcançada enquanto a amostra está ainda
contraindo, não no ponto onde a taxa de dilatação é máxima, como teria sido o caso com
solo não cimentado ou com uma areia compacta.
30

Figura 2.7 – Tensão aparente de pré – adensamento (Vargas 1973): a) Observada em oedômetro; (b)
influência na resistência drenada em cisalhamento direto.
31

Figura 2.8 – Testes triaxiais drenados em solo residual de basalto (Vaughan, 1988).

O padrão de comportamento dos solos residuais idealizado por Vaughan e


colaboradores teve influência do trabalho de Sangrey (1972) sobre argilas sedimentares
cimentadas do Canadá que será comentado a seguir.
A Figura 2.9 mostra a curva obtida em ensaio oedométrico na argila de
Mattagami Mines (Sangrey, 1972). O comportamento é típico de solos sensitivos. Há
uma brusca queda do índice de vazios (cedência) quando a tensão aplicada ultrapassa 1
kgf / cm2 (tensão de cedência) e este não se relaciona com a pressão de pré-
adensamento (Pa) que é bem menor. Em seguida a curva tende à de solo desestruturado.
O que se percebe é que a cedência está associada a quebra das cimentações.
32

Figura 2.9 – Curva de compressão confinada para uma argila sedimentar cimentada (Sangrey, 1972).

Sangrey (1972) executou também ensaios triaxiais com amostras de argila do


Labrador que forneceram a base para seu modelo. A Figura 2.10 se refere a dois
ensaios, em que as pressões de adensamento isotrópico foram de 1,05 Kgf / cm2 e 2,11
Kgf / cm2, para os corpos de prova LA7 e LA8, respectivamente. Ambas sendo menores
que as tensões de cedência determinadas em ensaios oedométricos. As curvas tensão
desviatória versus deformação revelam as respostas bem diferenciadas das duas
amostras. Esse comportamento foi explicado anteriormente por Conlon (1966) e se
resume no seguinte: as cimentações governam o comportamento do material quando as
tensões confinantes são baixas (LA7). Após o pico de resistência (a), associado à
destruição das cimentações, a resistência por atrito não é suficiente para permitir o
aumento de tensão desviatória e têm-se a queda da curva. No caso da amostra LA8, a
tensão confinante, sendo mais alta, é capaz de prover resistência por atrito, após a
cedência das cimentações (c), suficiente para que a tensão desviatória continue a crescer
até a ruptura. A Figura 2.11 mostra os pontos de cedência obtidos em diversos ensaios
triaxiais na argila de Labrador, os quais formam a curva de cedência e também as
trajetórias de tensões dos ensaios comentados. Observa-se que os pontos b e d
correspondentes às resistências pós-cedência das amostras LA7 e LA8, respectivamente
se alinham com a origem dos eixos, constituindo a envoltória de resistência do material
desestruturado (Townsend et al., 1969).
33

Figura 2.10 - Curva de Compressão triaxial executados em argilas sedimentares cimentadas ( Sangrey,
1972).

Figura 2.11 – Curva q versus p de testes de compressão triaxial, mostrando a cedência


(Sangrey, 1972).

De acordo com o apresentado anteriormente, pode-se notar que se a cedência


ocorrer durante a fase de compressão isotrópica de um ensaio triaxial (quando a tensão
confinante supera a de cedência), durante o carregamento axial o comportamento será
de material desestruturado.
34

Leroueil & Vaughan (1990) apresentam um resumo dos principais fatores


afetando a forma da superfície de escoamento inicial de solos naturais. É mostrado que,
para alguns solos, o efeito estrutura é tão importante na determinação do
comportamento do solo quanto o seu índice de vazios inicial e a sua história de tensões.
São apresentados os modos de como a compressão secundária e a cimentação podem
afetar a forma e o tamanho das superfícies de plastificação de solos moles. Além disto,
mostra-se que as superfícies de escoamento obtidas para as argilas naturais são mais ou
menos centradas sobre a linha de compressão confinada (Figura 2.12), devido a sua
estrutura anisotrópica. As argilas fortemente pré-adensadas tendem a exibir uma forma
de superfície de plastificação semelhante. A estrutura destas argilas assim como a
eventual presença de agente cimentante tende a elevar o valor da pressão de pré-
adensamento. Conforme comentado anteriormente, por serem o produto da
decomposição in situ da rocha mãe, os solos residuais sofrem uma menor influência do
seu histórico de tensões em campo; Contudo tanto a cristalização associada com a
formação de novos minerais quanto a precipitação de sais minerais acabam por
promover vínculos inter-partículas que interferem no comportamento destes solos.
Quanto às superfícies de escoamento obtidas para solos residuais, nota-se que elas
tendem a ser centradas sobre a linha de compressão isotrópica (eixo p’) e não sobre a
linha de compressão confinada (Figura 2.13). Apesar de que a estrutura dos solo em
campo poderem se originar de diferentes causas, seus efeitos no comportamento do solo
são similares. Deste modo o efeito da estrutura do solo em seu comportamento pode ser
tratado em um único contexto, largamente independente da origem desta estrutura. A
Figura 2.14 compara as superfícies de plastificação para argilas e solos residuais.
35

Figura 2.12 – Superfícies de escoamento obtidas a partir de ensaios triaxiais em amostras indeformadas
de argila. (a) superfícies de escoamento no espaço q; p’ e (b) superfícies de escoamento normalizadas pela
tensão vertical de campo. (Granhan et al., 1983).

Figura 2.13 – Cedência (escoamento) observado em ensaios triaxiais realizados com solos residuais: a)
Solo residual de gneisse (SANDRONI e MACCARINI, 1981); b) solo residual de basalto (Vaughan et al.,
1988).
36

Figura 2.14 – Curvas de escoamento para solos estruturados: (a) anisotropia em argilas e (b) isotropia em
algumas rochas moles e solos residuais (Leroueil & Vaughan, 1990).

2.2.2.3 - Identificação da Estrutura Cimentada

A existência e a resistência de ligações diagenéticas não são fáceis de serem


avaliadas. De acordo com Maccarini (1989) “a princípio, a dificuldade maior não é a
aceitação da idéia da existência destas cimentações, mas sim, ter ao alcance técnicas e /
ou modelos que permitem identificá-las e quantificá-las”.
Pode ser que a dificuldade em reconhecer os efeitos da estrutura cimentada em
materiais fracos seja devida às dificuldades de amostragem. Segundo Vaughan (1988)
dois outros fatores contribuem: primeiro, o estudo experimental sistemático da
mecânica dos solos tem sido executado largamente usando amostras de solo
reconstituídas, nas quais os efeitos da estrutura estão inevitavelmente ausentes.
Segundo, no caso específico do solo residual, o efeito da saturação parcial e sucção, que
é freqüentemente presente, fornece ao solo uma componente da resistência que é similar
àquela dada pela estrutura cimentada, e que pode ser confundida com ela.
De acordo com Vaughan et al (1988), uma possível abordagem para
identificação da estrutura cimentada, consiste em se comparar curvas de tensão efetiva
versus índices de vazios, obtidas através de testes edométricos, no material intacto e no
material remoldado (desestruturado) colocado em sua condição mais fofa.
37

A curva obtida do solo desestruturado define no espaço tensão-índice de vazios a


área admissível para o material desestruturado (Figura. 2.15). De acordo com os autores
acima:

1) Qualquer que seja o grau de estruturação do material, grandes deformações


plásticas não ocorrerão enquanto o solo permanecer na área estável ou
admissível sugerida na Figura 2.15;

2) Somente a estrutura pode permitir ao solo sair da área estável definida pelo
material desestruturado. Neste caso, o solo permanecerá rígido até que a
plastificação ocorra; sendo o ponto de plastificação dependente da resistência
da estrutura;

3) Com a plastificação desenvolvem-se grandes deformações. Quanto maior a


diferença no índice de vazios entre o ponto de plastificação e a curva do
material desestruturado, maior será a compressibilidade e a deformação
potencial pós-plastificação do solo estruturado.

Wesley (1990) observou que para as amostras de uma argila vermelha tropical
derivada do intemperismo de depósitos vulcânicos, os efeitos da estrutura parecem ser
desprezíveis no seu comportamento, já que através de testes edométricos, notou-se que a
curva do material remoldado é idêntica àquela do solo original. Desta maneira, a
remoldagem não tem nenhum efeito no comportamento do solo (Figura. 2.16). O
referido autor conclui: “As propriedades distintas de alguns solos residuais parecem
refletir mais suas composições mineralógicas que qualquer efeito estrutural, como
ligações entre partículas, e a influência da mineralogia não pode ser esquecida para se
entender o comportamento dos solos residuais”.
38

Figura 2.15 - Curva de compressão Edométrica de um Solo Residual de Basalto a Partir do Estado Inicial
mais fofo possível (solo desestruturado) relacionada ao índice de vazios in-situ (Vaughan, 1985).

Figura 2.16 - Resultados de Testes Edométricos numa Argila Vermelha nos Estados Indeformado e
Remoldado (Wesley, 1990).
39

Vaughan et al (1988) apenas observaram que o ponto de plastificação numa


curva de deformação de um solo estruturado é função da resistência de suas ligações e
do índice de vazios inicial, não levando em conta o efeito da composição mineralógica
no comportamento dos solos residuais. Os mesmos autores comentam que em materiais
estruturados, o índice de compressão Cc, varia de acordo com a estrutura, ao invés de
com a plasticidade ou granulometria, como no caso de solos não estruturados.
Outro indicador de uma possível cimentação em solos residuais, parece ser o
fato de não haver nehuma relação entre a máxima pressão de campo e a pressão de pré-
adensamento nestes solos (Vargas, 1953; De Campos, 1980; Maccarini, 1987). A razão
para isso, segundo Maccarini et al. (1989), seria a presença de cimentações ligando as
partículas dos solos residuais. A Figura 2.17 mostra a relação entre a pressão de campo
e a pressão de pré-adensamento para um solo residual derivado de diabásio, apresentada
pelos autores acima. Pode-se observar que a maioria dos valores da pressão de pré-
adensamento é significativamente maior que a correspondente pressão de campo.

Figura 2.17 - Relação entre Pressão de Terra e Pressão Virtual de Pré-adensamento num Solo Residual de
Diabásio (Maccarini, 1989).
40

No entanto, De Mello (1972), observa que: “não há nenhuma razão para que as
tensões in-situ em diferentes materiais sejam iguais à tensão média de campo. Pelo
contrário, em analogia ao demonstrado pela mecânica das rochas, é possível e provável
que as tensões iniciais de campo nos diferentes materiais sejam diferentes,
possivelmente retendo alguma das tensões internas da rocha matriz.. A questão que é
colocada é se a pressão virtual de pré-adensamento seria ou não uma revelação das
tensões efetivas iniciais nos diversos materiais”.

2.2.2.4 - Fatores que pertubam a estrutura cimentada

Os fatores que podem destruir total ou parcialmente uma estrutura cimentada,


conforme visto em diversos trabalhos da literatura mundial, como por exemplo a
GEOLOGICAL SOCIETY ENGINEERING GROUP WORKING PARTY REPORTS
(1990), relacionam-se:

- alívio de tensão;
- distúrbios mecânicos devido à amostragem;
- intemperismo
- técnicas de ensaio;
- remoldagem e desestruturação.

A amostragem envolve alívio de tensão total. As amostras, em solos residuais,


são usualmente não-saturadas. Ainda que sejam saturadas, elas contêm poros de
relativamente grandes dimensões. Assim, por uma ou outra razão, a tensão efetiva in-
situ não pode ser retida na amostra por capilaridade, como é possível em argilas
sedimentares saturadas. Inevitavelmente existe uma larga redução na tensão efetiva
principal acompanhando a amostragem, ainda que a mesma seja de alta qualidade. Isto
pode permitir expansão, o que poderá causar perda de resistência da cimentação,
resistência ao cisalhamento e rigidez e uma subestimativa destas propriedades in-situ.
Segundo Sandroni (1985), “a expansão devido ao alívio de tensões rompe e desloca o
complexo arranjo espacial dos grãos causando um “amolecimento” irrervesível da
estrutura do solo. É provável que “ligações delicadas”, se presentes, sejam quebradas
neste processo”. De acordo com Vaughan (1988), existem duas situações em que o
efeito do alívio de tensões não é importante, quais sejam:
41

- Quando as amostras são retiradas de uma profundidade muito pequena e o


alívio de tensões é pequeno.
- Quando as amostras são retiradas da superfície de um talude que sofreu um
corte, já que o solo é descarregado quando o talude é escavado por um valor
similar àquele envolvido na amostragem; ou quando o solo perto da base da
escavação de uma fundação é descarregado de um valor similar àquele
devido à amostragem.

A amostragem para testes de laboratório pode envolver distúrbios mecânicos e


uma perda potencial de estrutura.
O intemperismo físico tende a destruir a estrutura. O intemperismo químico
pode destruir a estrutura, quando processos como a lixiviação de materiais cimentantes
ocorrem. No entanto, o intemperismo químico pode também acrescentar à estrutura,
quando, por exemplo, material cimentante é precipitado. Quando a desestruturação é
causada pelo intemperismo, há um decrescimento da rigidez do material. Chandler
(1972) observou que a deformação na ruptura em testes triaxiais numa argila crescia
com o aumento do intemperismo.
Bressani & Vaughan (1989) obsevaram que a resistência de um material
fracamente cimentado, como supostamente o é o solo residual, é fortemente
influenciada por técnicas experimentais de laboratório, como o método de saturação,
trajetória de tensões seguida, e carregamento não uniforme. Em um estudo com solos de
Hong Kong (GEOTECHNICAL CONTROL OFFICE HONG KONG 1982), apud
Atkinson et al (1990), os autores verificaram que a resistência ao cisalhamento pode ser
substimada se durante o teste a combinação de tensões cisalhantes e tensões efetivas
médias causam cedência da estrutura cimentada e também verificaram que as trajetórias
de tensões seguidas durante os ensaios influem na resistência e deformação do mesmo,
pois dependendo da trajetória escolhida pode haver uma perda prematura de cimentação
(vínculos) entre partículas.
A estrutura de um solo pode também ser destruída por remoldagem e
“desestruturação”, ainda que a porosidade do mesmo não seja alterada. No entanto, a
experiência mostra que ela pode se formar, ou se reformar, rapidamente, em questão de
algumas semanas ou meses, no caso de solos sedimentares. No entanto, ligações entre
partículas, como a cimentação em solos residuais, dependem de um tempo bastante
maior para se desenvolverem, e é improvável que efeitos gerados na escala de tempo
42

geológica, possam ser totalmente regenerados na escala de tempo de trabalhos de


engenharia (Leroueil & Vaughan, 1990).

2.2.3 ANISOTROPIA

2.2.3.1 Introdução

A anisotropia é um fenômeno que faz com que as características de resistência e


deformação dos solos dependam da direção em que ocorre a solicitação. Casagrande &
Carrilho (1944) foram os primeiros a sugerirem uma distinção entre dois tipos básicos
de anisotropia: inerente e induzida. No primeiro caso, ela se deve a orientação
preferencial das partículas do solo durante o processo de formação do depósito,
enquanto que no segundo caso, é uma conseqüência direta dos estados de esforços
efetivos ao qual esteve submetido o depósito de solo depois de sua formação, ou seja, a
qualquer outra causa que haja modificado a sua estrutura original.
Como resultado da anisotropia de tensões em um solo, a resposta da aplicação de
tensões cisalhantes depende da direção das tensões. Segundo Brenner et al (1997), em
solos transportados, o comportamento anisotrópico é diretamente associado com o
modo de deposição e a história de tensões do depósito, e em solos residuais o
comportamento anisotrópico tem geralmente sido herdado da rocha mãe, embora
tensões em situ possa também desempenhar o papel.
Em muitas situações práticas, tais como, fundações, escavações, barragens, etc.,
é necessário conhecer as características de resistência e deformabilidade dos solos
residuais freqüentemente encontrados no Brasil. Intuitivamente devido a sua
heterogeneidade é esperado um comportamento anisotrópico destes solos. No entanto,
esse comportamento anisotrópico não é geralmente assumido.
De modo a verificar a relevância de se considerar anisotropia nas características
de resistência e deformabilidade dos solos, vários trabalhos tem sido realizados em
areias e argilas, principalmente, e mais recentemente tem-se encontrados alguns
trabalhos em solos residuais.
Para quantificar a anisotropia, várias técnicas têm sido propostas. Estudando a
anisotropia da resistência não-drenada (Su) de argilas normalmente adensadas, através
de ensaios de palheta, AAS (1965) introduziu a razão (τf)h / (τf)v como uma medida de
anisotropia. Aqui, (τf )h e (τf)v são as resistências cisalhantes nos planos horizontal e
vertical respectivamente. Berre & Bjerrum (1973) e Nakase & Kamei (1986)
43

expressaram a anisotropia como a razão da resistência na compressão em relação à


extensão.
Neste ítem serão apresentados alguns trabalhos realizados sobre este tema, em
areias, argilas e solos residuais.

2.2.3.2 - Alguns trabalhos realizados

Stankatt (1991), em sua tese de doutorado, realizou um estudo experimental do


comportamento tensão-deformação, em argila adensada unidirecionalmente, após
mistura com água. Para a execução do adensamento da argila foram desenvolvidos
equipamentos para adensamento de grandes quantidades de lama, e medidores
eletrônicos específicos para deformações volumétricas e radiais, usados em ensaios de
compressão triaxial. O modelo da teoria clássica elasto-linear, para solos com
comportamento anisotrópico é utilizado, após desenvolvimento algébrico, na obtenção
dos parâmetros da argila. Nos cálculos, são aplicados processos estatísticos de
regressões polinomiais. São analisadas as correlações dos parâmetros elásticos
isotrópicos e anisotrópicos (Módulos de Elasticidade, Coeficiente de Poisson e Modulos
de Elasticidade Transversal), com as tensões confinantes dos ensaios triaxiais, e com os
índices de pré-adensamento OCR das lamas. Stankatt (1991) fez uma revisão sobre
trabalhos que levam em consideração a anisotropia de argilas.
Em areias, estudos sobre anisotropia inerente foram realizados por diversos
pesquisadores através de carregamentos de compressão em deformação plana (Arthur &
Assadi, 1977; Oda et al., 1978; Oda, 1981; Tatsuoka et al., 1986) e de extensão
axissimétrica (Shankariash & Ramamurthy, 1980). Em todos esses estudos as amostras
foram preparadas por pluviação no ar ou na água. Este método reproduz adequadamente
a sedimentação de areias em lagos e bacias, porém apresenta a desvantagem de
possibilitar a segregação de partículas, caso o solo tenha um percentual elevado de
finos.
Os métodos de deposição no ar ou na água, para a preparação de corpos de
prova arenosos, exercem grande influência nas características de anisotropia inerente
(Oda, 1972; Arthur & Menzies, 1972; Arthur & Assade, 1977; Oda et al, 1978;
Yamada & Yshira, 1979, 1981). Diversos trabalhos foram realizados com o objetivo de
estudar as características anisotrópicas de areias, especialmente em amostras
44

reconstituídas por pluviação (Arthur et al., 1981; Symes,1983; Negussey, 1984; Miura,
1985; Sayão, 1989)
Green & Reades (1975) estudaram os efeitos da anisotropia nas características
de tensão e deformação de areias através de ensaios de compressão triaxial e
deformação plana. Os ensaios de deformação plana e de compressão triaxial na direção
horizontal, realizados no equipamento triaxial desenvolvido por Green (1971),
demonstraram que amostras fofas e densas são mais compressíveis na direção
horizontal. No entanto, com relação à resistência, as areias ensaiadas por Green
mostraram-se essencialmente isotrópicas. Yamada & Ishihara (1979 e 1981) e
Quaresma (1997), utilizando um equipamento triaxial cúbico, observaram os efeitos da
anisotropia em amostras preparadas por deposição vertical. Quando carregadas
verticalmente (ensaios de compressão axial), as amostras exibiam maior resistência à
deformação do que quando carregadas lateralmente. As amostras fofas referidas nestes
estudos foram preparadas por pluviação na água, e apresentaram índices de vazios
elevados.
No caso de anisotropia induzida, a deformação está relacionada à tensão
aplicada. Alguns trabalhos mostram o efeito da anisotropia induzida em amostras de
areia submetidas a tensões cisalhantes na célula de cisalhamento direcional (Arthur et
al., 1977; Arthur et al., 1980; Arthur et al., 1981).
Segundo Costa Filho & Campos (1991), embora a microestrutura de solos
residuais associados a um perfil de intemperismo seja relevante para a compreensão do
comportamento em obras de engenharia, aspectos macroestruturais nos solos residuais
jovens são, em muitos casos, de maior importância no que se refere ao comportamento
de massas de solo. Os principais aspectos macroestruturais são:

- anisotropia estrutural associada com a rocha matriz;


- presença de estruturas reliquiares da rocha original, incluindo planos de
fraqueza (resistência ao cisalhamento e deformabilidade) e veios permeáveis e
impermeáveis (permeabilidade);
- fissuras, juntas e outros tipos de descontinuidades, polidas ou não;
- presença de furos no solo que poderiam ser associados com processos de
laterizção, ação animal intensa, dutos formados por erosão interna de zonas frágeis, etc,
provocando um aumento de permeabilidade na massa.
45

Dentre esses aspectos macroestruturais pode-se dizer, que a anisotropia


estrutural herdada de uma rocha matriz é comumente observada em solos residuais
jovens derivados de rochas metamórficas (gnaisse, filito, ardósia, etc) e sedimentares
(xisto argiloso, siltito, etc); e que este tipo de anisotropia é diferente da imposta à massa
pela presença de aspectos reliquiares tais como camadas permeáveis e impermeáveis,
camadas frágeis, etc.
Serão apresentados adiante alguns trabalhos que avaliam a relevância de se
considerar anisotropia nas características de resistência e deformabilidade de solos
residuais de gnaisse, freqüentemente encontrados no Brasil.
Maccarini (1980), usando um equipamento de cisalhamento direto, analisou em
laboratório as características de anisotropia de um solo residual gnáissico jovem do
campo experimental da PUC / Rio. Os ensaios foram realizados com o solo na umidade
natural; o ângulo entre a superfície de ruptura e os planos de xistosidades do solo, (β),
foi fixado em 00, 450 ou 900. A Tabela 2.3 mostra os valores de coesão e ângulo de
atrito encontrados para os diferentes valores de β.

Tabela 2.3 - Indice de vazios inicial, coesão e ângulo de atrito (Maccarini, 1980).

Segundo Maccarini (1980), apesar da visível verificação dos planos de


xistosidade do solo, os parâmetros de resistência do mesmo não foram
significativamente afetados pelo ângulo β (Tabela 2.3). Ainda nesta tabela observa-se
que o ângulo de atrito apresenta uma pequena variação e enquanto a coesão apresenta
um menor valor para a direção dos planos de xistosidade (β=0). As curvas tensão
cisalhante versus deslocamento obtidas indicaram uma deformação na ruptura menor
para a direção dos planos de xistosidade, e que, quanto a resistência de pico, não houve
uma predominância de qualquer direção sobre as demais.
46

Costa Filho et al. (1989) observaram a ocorrência de anisotropia nos parâmetros


de resistência ao cisalhamento em estudo realizado em solos saprolíticos oriundos de
rochas metamórficas (Tabela 2.4).
Costa Filho & Campos (1991), estudaram a anisotropia de um solo gnáissico
jovem proveniente da região de Chapéu d`Uvas. Foram realizados ensaios de
cisalhamento direto e oedométrico, ambos com corpos de prova na umidade natural e
submersos, e também ensaios triaxiais com corpos de saturados. Para os ensaios
oedométricos e de cisalhamento direto os corpos de prova foram moldados com seus
eixos paralelos e perpendiculares à xistosidade, e para os ensaios triaxiais os corpos de
prova foram moldados com a xistosidade na horizontal e inclinada de 450 com a
horizontal. As Figuras 2.18 e 2.19 mostram as envoltórias de resistência obtidas por
regressão linear para os ensaios de cisalhamento direto e triaxial respectivamente; e a
Figura 2.20 mostra os resultados dos ensaios oedométricos.

Tabela 2.4 - Parâmetros de resistência ao cisalhamento de solos residuais jovens derivados de rochas
metamórficas (Costa Filho et al., 1989).

PARÂMETROS DE
ROCHA MACRO RESISTÊNCIA DO TESTE DE CONDIÇÃO REFERÊNCIA
MATRIZ ESTRUTURA CISALHAMENTO DIRETO DE
SATURAÇÃO
PARALELO PERPENDICULAR
Quartzito Lam inado c`= 20 kPa c`= 50 kPa Parcialm ente Sandroni
φ`= 37
o
φ`= 44
o
Ferrítico (silte arenoso) Saturado 1985

Quartzito xistoso c`= 40 kPa c`= 45 kPa Parcialm ente Sandroni


φ`= 22
o
φ`= 27
o
Micáceo (areia siltosa) Saturado 1985

Gnaisse Em camadas c`= 40 kPa c`= 52 kPa Parcialm ente de Campos


Migmatítico (camadas rica φ`= 22
o
φ`= 23
o
Saturado 1974
em micas) c`= 30 kPa c`= 49 kPa Subm erso de Campos
φ`= 21
o
φ`= 22
o
1974
Xisto Lam inado Parcialm ente Durci e
(silte arenoso) c`= 78 kPa c`=100 kPa Saturado Vargas (1983)
φ`= 28
o
φ`=27
o

Filito Xistoso c`= 10 kPa c`= 60 kPa Parcialm ente Durci e


φ`= 29
o
φ`= 41
o
(micáceo) (silte) Saturado Vargas (1983)
47

Figura 2.18 - Resultados dos ensaios de cisalhamento direto em solo gnáissico (Costa
Filho & De Campos, 1991).

Figura 2.19 - Resultados dos ensaios triaxiais em amostras saturadas de solo gnáissico
(Costa Filho & De Campos, 1991).
48

Figura 2.20 - Resultados dos ensaios oedométricos feitos em amostras submersas de


solo gnáissico (Costa Filho & De Campos, 1991).

Pode-se verificar, para os ensaios realizados que pequenas diferenças foram


observadas para este solo. Os autores concluiram que, considerando o número limitado
de ensaios realizados, os resultados obtidos sugeriram que a anisotropia estrutural não é
fator dominante para solos saprolíticos de gnaisse em avançado estágio de
intemperismo.
Maciel (1991) estudou a anisotropia de um solo residual jovem da região de
Costa Brava, atravéz de ensaios de cisalhamento direto e triaxial. Para esse estudo
foram coletados brocos indeformados em dois níveis do horizonte de solo residual
jovem, um a 2 metros e outro a 3 metros de profundidade; os corpos de prova
submetidos aos ensaios de cisalhamento direto foram moldados com o plano de ruptura
coincidindo com a xistosidade do material e perpendicular a esta, e os corpos de prova
utilizados nos ensaios triaxiais foram moldados in-situ, através da cravação de um
molde de PVC com as dimensões da amostra.
De acordo com Maciel, os resultados não mostraram nenhum efeito de
anisotropia no valor de resistência ao cisalhamento. Através do estudo da microfábrica
destes materiais, observou-se que a micronível os grãos minerais já não se encontravam
mais em contato ou os contatos entre eles já começavam a ser destruídos, com a
presença de uma matriz ferro argilosa preenchendo o espaço entre os grãos e suas
fraturas. Assim, o processo de intemperismo tende a micronível, a sobrepor uma
eventual anisotropia estrutural, que poderia ser esperada, pela observação a macronível
49

(xistosidades características), no valor da resistência ao cisalhamento. Além disto,


apesar das partículas de solo saprolítico ainda apresentarem um certo alinhamento,
típico da rocha matriz, observada em análise via microscópico ótico, notou-se que com
o cisalhamento sua microfábrica original é totalmente destruída, anulando qualquer
efeito de anisotropia.
Com relação aos ensaios triaxiais feitos por Maciel, observou-se que no nível
inferior (Z = 3 m) de solo saprolítico, as amostras de 100 mm horizontais romperam a
menores deformações (4,8 e 6,7 %) que as verticais (15,3 e 12,7 %).
Maciel conclui que quanto a resistência o solo teve um comportamento
praticamente isotrópico e que quanto a deformabilidade o solo teve um comportamento
anisotrópico.
Deve-se ressaltar que os ensaios reportados por Maccarini (1980), Costa Filho et
al (1989) e Maciel (1991) apresentam limitações quanto ao estudo da anisotropia do
solo. O equipamento de cisalhamento direto, utilizado por estes autores, não possibilita
o controle da magnitude e da direção das tensões principais. O equipamento triaxial
utilizado por Costa Filho et al e Maciel, também apresenta uma importante limitação de
impor tensões principais idênticas no plano horizontal. Sendo assim, o equipamento
triaxial cúbico é mais adequado para estudos de anisotropia de solos, uma vez que
permite o controle independente da magnitude das três tensões principais, e em
particular da tensão intermediária (σ2).
Reis (1998) apresentou um estudo sobre o comportamento de um solo residual
maduro de gnaisse, da região de Viçosa, Minas Gerais. Para realização do estudo, foi
construído um equipamento triaxial cúbico. O programa de ensaios constou de ensaios
triaxiais convencionais, com carregamento do corpo de prova em três direções
ortogonais diferentes (direções x, y e z), com tensões de confinamento iguais a 50, 100,
150, e 200 kPa; sendo também realizado um ensaio de compressão hidrostática. Para
isso as amostras foram moldadas nas direções perpendicular (direção z) e paralela
(direção y e x) à inclinação das foliações apresentadas pelo solo. Os ensaios de Reis
(1998) e Reis & Azevedo (1998) foram feitos com amostras não saturadas. Para
minimizar os efeitos da sucção procurou-se ensaiar corpos de prova com teores de
umidade semelhantes. Os resultados foram analisados em termos de resistência e
deformabilidade. A Figura 2.21 mostra o gráfico p x q dos resultados obtidos para as
três direções, bem como resultados de ensaios triaxiais do tipo CD realizados, em um
aparelho triaxial convencional, nos quais não se controlou a direção segundo a qual
50

cisalhava-se a amostra. Deste gráfico pode-se concluir que quanto a resistência o solo
apresentou um comportamento praticamente isotrópico definido por uma coesão igual a
78,9 kPa e angulo de atrito igual a 29,60. A tabela 2.5 apresenta os módulos de
deformabilidade encontrados para 20%, 50% e 90% da ruptura nas três direções
analisadas para ensaios de 50 e 200 kPa de confinamento. Quanto a deformabilidade
pode-se inferir que o solo analisado apresenta um comportamento anisotrópico.

400

300
q (kPa)

200
triaxial cúbico, direção x
triaxial cúbico, direção y

100 triaxial cúbico, direção z


triaxial convencional
envoltória do solo

0 100 200 300 400 500 600


p (kPa)
Figura 2.21 – Gráfico p x q, na ruptura, dos ensaios realizados (Reis & Azevedo, 1998).

Tabela 2.5 – Valores de módulo de Young para carregamento nas direções x, y, e z (Reis & Azevedo,
1998).

Tensão E20 E50 E90


(kPa) (MPa) (MPa) (MPa)
x y z x y z x y z

50 19,4 37 52 16,8 20,5 48,8 11,3 11,5 21,9

200 24,5 23,2 33,0 17,1 16,1 29,7 7,7 9,49 13,5

Reis & Azevedo (1999) realizaram um estudo semelhante ao de Reis (1998) e


Reis & Azevedo (1998) em um solo residual jovem de gnaisse, no qual os bandamentos
herdados da rocha matriz não eram tão marcantes, em condições saturadas. As amostras
foram ensaiadas na direção Z “perpendicular à foliação”, direção y “paralela à foliação”
51

e direção vertical “em relação à apresentada pela foliação no campo”. Foi feito também
um ensaio de compressão hidrostática. Neste trabalho observou-se que o solo, mesmo
em condições saturadas, quanto à resistência mostrou um comportamento isotrópico e
quanto a deformabilidade apresentou comportamento anisotrópico.
Aleixo (1998) em seu estudo utilizou o equipamento triaxial cúbico
desenvolvido na PUC-RIO. O programa experimental constou de ensaios de
compressão axial e hidrostática, sob condições drenadas de carregamento. Os corpos de
prova foram moldados a partir de blocos indeformados de solos residuais jovem e
maduro, paralelos e perpendiculares à estratificação observada no solo. Foram ensaiados
também corpos de prova compactados destes mesmos materiais . A análise dos
resultados permitiu a verificação dos efeitos da direção de carregamento dos corpos de
prova, do nível das tensões de confinamento, do grau de intemperismo, do arranjo
estrutural dos grãos e dos efeitos do grau de saturação. Neste ítem só será detalhado os
efeitos da direção de carregamento (anisotropia). Os efeitos restantes serão detalhados
no ítem referente a trabalhos que tiveram como objetivo a investigação, do ponto de
vista de resistência e deformabilidade, de um perfil de solo residual (solo residual jovem
e solo residual maduro). Quanto ao efeito da direção de carregamento (anisotropia), a
resistência em ambas as direções se mostraram semelhantes, sendo cerca de 10 % maior
na direção ortogonal à estratificação; e quanto a deformabilidade, o solo carregado na
direção ortogonal apresentou, em média, uma rigidez de 30 % maior que na direção
paralela à estratificação. Em relação à verificação da anisotropia inerente ou estrutural,
pode-se concluir que o solo apresentou menores deformabilidades na direção z
(ortogonal à estratificação) que nas outras duas direções, ficando mais evidenciada no
solo jovem indeformado um comportamento anisotrópico. Já para o solo maduro
indeformado, as deformações nas três direções foram praticamente iguais, se
comportando como um material isotrópico. Para os solos jovem e maduro compactados,
a anisotropia ficou mais evidenciada. A Tabela 2.6 apresenta os resultados dos
parâmetros de resistência obtidos por este autor para amostras de solo residual maduro e
solo residual jovem ambas saturados ou parcialmente saturadas tanto indeformadas
como compactadas.
52

TABELA 2.6 – Resultados de ensaios triaxiais do tipo convencional realizados no triaxial cúbico (Aleixo,
1998).

SOLORESIDUAL CONDIÇÃODE DIREÇÃODE CISALHAMENTO ESTADODA COESÃO ÂNGULODE


(GNAISSE) ENSAIO EMRELAÇÃOÀS XISTOSIDADES AMOSTRA (kPa) ATRITO(GRAUS)

MADURO SATURADO ORTOGONAL INDEFORMADA 71,1 16


MADURO SATURADO PARALELO INDEFORMADA 68,1 16,1

JOVEM SATURADO ORTOGONAL INDEFORMADA 45,1 12,3


JOVEM SATURADO PARALELO INDEFORMADA 43,8 12,1

MADURO PARC. SATURADO ORTOGONAL INDEFORMADA 127,2 20,4


MADURO PARC. SATURADO PARALELO INDEFORMADA 122,3 20,6

JOVEM PARC. SATURADO ORTOGONAL INDEFORMADA 64,4 19,6


JOVEM PARC. SATURADO PARALELO INDEFORMADA 60,7 19,8

MADURO SATURADO ORTOGONAL COMPACTADA 55,3 8,1


MADURO SATURADO PARALELO COMPACTADA 45,8 9,3

JOVEM SATURADO ORTOGONAL COMPACTADA 64 9,6


JOVEM SATURADO PARALELO COMPACTADA 54,4 10,7

2.2.4 - Condição não Saturada

Para atender a situações de campo em que o solo não se encontra saturado, nas
últimas décadas foram realizados vários trabalhos, tendo como objetivo obter
compreensão e caracterização melhores dos comportamentos mecânico e hidráulico
desses solos.
Este item tem como objetivo abordar, de maneira bem simplificada, aspectos
importantes desses solos, tendo-se em vista que o solo residual normalmente é
encontrado em condições parcial mente saturadas. Em primeiro lugar será apresentado o
conceito de sucção e curva característica; em segundo, serão abordadas as
características de tensão versus deformação, comentando-se os efeitos da sucção tanto
em ensaios de cisalhamento como em ensaios de adensamento; e, em terceiro lugar, será
feito comentário a respeito da resistência ao cisalhamento desses solos, quando será
apresentada a formulação proposta por Fredlund et al. (1978) e discutido o
comportamento dos parâmetros envolvidos na referida formulação, no tocante à
resistência, através de resultados de ensaios de laboratório realizados por diversos
autores em solos não-saturados.
53

2.2.4.1 Potencial de água no solo.

2.2.4.1.1 Introdução

Em se tratando de solos não saturados, a maneira como a água se distribui em


seus vazios, sua composição, seu estado energético ou seu potencial em relação a um
estado padrão de referência desempenha papel fundamental no entendimento do
comportamento que estes venham a apresentar. De fato, os solos não saturados
apresentam características de deformabilidade, resistência e permeabilidade que variam
grandemente a depender do valor de sucção, que como veremos adiante nada mais é do
que uma medida de potencial da água no solo.

2.2.4.1.2 Conceituação geral

O estado de energia da água do solo é a soma de duas formas de energia: cinética


e potencial. Como os movimentos migratórios da água no interior do solo são de
velocidades muito baixas, a quantificação da energia cinética perde sua importância
diante da energia pontencial; portanto, a energia potencial pode caracterizar o estado de
energia da água do solo (Baver et al. 1972).
Quando um trabalho é realizado sobre a água, sob condições específicas, sua
energia potencial é alterada em uma quantidade igual ao trabalho realizado. A variação
da energia potencial da água em consideração, em relação a um estado padrão de
referência arbitrado, é chamado de Potencial da Água do Solo (Marshall & Holmes,
1981).
A água no estado padrão, Ponto A (Figura 2.22), encontra-se, em condições
normais de temperatura e pressão externa (pressão atmosférica), com a interface
líquido-gás plana, livre de sais minerais ou outros solutos e está situado em um
referencial de posição definido (Figura 2.22).
O Potencial Total da Água do Solo (ψ), Figura 2.22, representa o trabalho útil
que deve ser realizado em uma quantidade infinitesimal de água pura, para conduzi-la,
reversível e isotermicamente, desde um reservatório sob condições padronizadas (isto é
água pura, em uma determinada cota e sujeita à pressão atmosférica) – Ponto A – até a
água no solo, na cota de interesse (Ponto B).
54

Figura 2.22 – Esquema ilustrativo da definição de potencial total da água no solo.

Os componentes do potencial total da água no solo são o potencial osmótico, o


potencial matricial, o potencial gravitacional, e o potencial pneumático. Outros
componentes podem ser incluídos, como, o potencial de consolidação ou o potencial
térmico, porém serão descartados por terem importância menor no comportamento
geotécnico de solos não saturados.
O Potencial Gravitacional (ψg) traduz a componente de posição, isto é, o fato de
que a água no solo esteja em cota diferente da água do reservatório padrão (h # 0). Ele
equivale ao potencial total (ψ) atrás definido, quando a água do solo é idêntica à água
do reservatório padrão (água pura ou solução com a mesma composição da água do
solo), está à mesma pressão (uB = patm) e o solo se encontra saturado (não existem
efeitos decorrentes da matriz do solo).
O Potencial osmótico ou de Soluto (ψ os) reflete a influência da presença de
solutos na água do solo. Ele equivale ao Potencial Total, quando tanto a água pura do
reservatório padrão quanto a solução de água do solo encontram-se à mesma cota
(h=0), à mesma pressão (uB = patm) e não ocorrem efeitos da matriz do solo (solo
saturado)
O Potencial pneumático (ψpn) origina-se de pressões externas de gás diferentes
da pressão atmosférica e tem especial importância quando se consideram os ensaios de
placa de pressão ou a técnica de translação de eixos. Ele é equivalente ao potencial total
desde que a água do solo seja idêntica à água do reservatório padrão, esteja à mesma
55

cota (h=0) que o reservatório padrão, porém sujeita à pressão diferente da atmosférica
(uB # patm) e que o solo esteja saturado.
O Potencial matricial (ψm) da água do solo é um potencial de pressão e resulta
do efeito combinado da ação de forças capilares e de adsorção, que surgem devido à
interação entre a água e as partículas minerais (matriz) que compõem o solo (Hillel,
1971e Baver et al., 1972). A Figura 2.23 apresenta os dois mecanismos de interação
solo-água.

Figura 2.23 - Água de um solo não saturado sujeita à capilaridade e adsorção, que combinados
produzem um potencial matricial (Hillel, 1971).

Ele equivale ao potencial total quando a água do solo é idêntica à água do


reservatório padrão (água pura ou solução com a mesma composição da água do solo),
está a mesma cota (h = 0) e sob a mesma pressão (uB = patm) que o reservatório padrão.
Para se tirar a água do solo retida por estas forças capilares e de adsorção, é preciso
fornecer energia ao sistema. Dessa forma, o potencial matricial é negativo; pois, há
necessidade de se realizar trabalho sobre o sistema, para levar a água do solo do seu
estado original ao estado padrão.

2.2.4.1.3 Potencial da água dos solos não saturados

Considerando que os processos que ocorrem no interior de uma massa de solo,


não sujeita a variações de volume decorrentes de adensamentos, são isotérmicos, o
potencial da água do solo saturado pode ser expresso como:

ψ = ψp + ψo + ψz , onde ψp é o potencial de pressão, decorrente, por


exemplo, da submersão do solo.
56

No caso de se considerar uma massa de solo não saturado, nas mesmas


condições anteriores, passa a ser representada pelo potencial matricial e neste caso o
potencial total da água será: ψ = ψM +ψo +ψz.
A interação solo-água pode também ser quantificada a partir da afinidade que
um solo não saturado tem por água. Se colocado em contacto com um reservatório de
água o solo absorve água, isto é, ele exerce uma sucção sobre a água. Se uma pressão de
sucção é aplicada sobre o reservatório de água livre, quando o fluxo cessar tem-se uma
pressão na água livre equivalente à pressão na água do solo, o que se constitui numa
medida de sucção do solo.
A sucção total do solo (S) é definida como a pressão manométrica negativa, em
relação à pressão externa de gás sobre a água do solo, que deve ser aplicada a um
reservatório de água pura (à mesma cota e temperatura) de sorte a que se mantenha o
equilíbrio, através de uma membrana semi-permeável (permite o fluxo de água, porém
não o de solutos), entre a água do reservatório e a água do solo. A Figura 2.24
esquematiza essa definição.

Figura 2.24 - Esquema ilustrativo da definição de sucção: Corresponde a ua-uw de sorte a não haver fluxo
através da membrana semi-permeável. Comumente ua=Patm.

Deve-se notar que a sucção total corresponde ao potencial total, quando os


potenciais gravitacional e pneumático podem ser desprezados. Dessa forma, a sucção
total pode ser separada em suas duas componentes, a sucção osmótica e a sucção
matricial, que correspondem, respectivamente, ao potencial osmótico e ao potencial
matricial.
A sucção osmótica equivale à sucção total quando o solo se encontra saturado,
ou seja, quando a componente matricial não ocorre, restando apenas o efeito da
concentração de solutos.
Em contrapartida, a sucção matricial, equivale à sucção total quando a água do
solo é idêntica à água padrão (água pura ou solução com a mesma composição da água
do solo), restando apenas o efeito da matriz do solo (capilaridade e adsorção).
57

A Figura 2.25 ilustra os conceitos de sucção matricial, osmótica e total.

Figura 2.25 - Representação dos conceitos de sucção matricial, osmótica e total.

Pode-se escrever então que: S = Sm + Sos = (ua - uw) + Sos.

Atualmente, existem duas correntes básicas a respeito dos fatores que governam
o comportamento dos solos não saturados. Autores como Fredlund (1979), Edil &
Motan (1984), e Alonso et alli (1987) assumem que o comportamento dos solos não
saturados é regido apenas pela sucção matricial. Por outro lado, Richards et al. (1986),
discordam da afirmação anterior, adimitindo que este comportamento é governado pela
sucção total entendida como o somatório da sucção matricial e da sucção osmótica.
Segundo Teixeira & Vilar (1997), a sucção matricial precisa ser conhecida ou
controlada, pois desempenha papel fundamental no comportamento do solo, visto que a
deformabilidade e a resistência ao cisalhamento variam diretamente com a sucção.
Contribuem para a sucção matricial os efeitos das forças capilares e de adsorção, de
difícil separação na prática, obrigando que, na maioria dos trabalhos, sejam feitas
abordagens considerando a influência global da sucção matricial no comportamento dos
solos. O que se constata é que em Mecânica dos solos, tem-se, rotineiramente atribuído
uma mudança na sucção total à variações na sucção matricial (sucção osmótica
despresível), de modo que: Sm = ua - uw.
58

2.2.4.2 - Curva de Retenção da Água do Solo

A curva característica define a relação entre o teor de umidade em um solo e a


correspondente sucção matricial. A curva característica é histerética em relação às
condições de umedecimento e secagem impostas ao material, sendo usual considerar
somente a curva de secagem (Fredlund et al., 1994). Na Figura 2.26, apresenta-se uma
curva de secagem e umedecimento típica para um solo siltoso. Nesta figura, o valor de
entrada de ar corresponde à sucção na qual o ar começa a entrar no solo, iniciando-se a
dessaturação; o conteúdo residual de água corresponde ao conteúdo de água a partir do
qual grande aumento de sucção é requerido para remover quantidade adicional de água
do solo.

Figura 2.26 - Curva característica (Fredlund et al., 1994).

A relação entre o potencial matricial e o teor de umidade ou grau de saturação


não é unívoca, dependendo da história de variação do teor de umidade, Figura 2.26. Sua
determinação é feita em laboratório segundo os seguintes procedimentos:

- por secagem (desidratação, dessorção), quando uma amostra previamente


saturada é exposta a potenciais matriciais gradualmente maiores, com
sucessivas medidas destes valores versus o teor de umidade de equilíbrio de
cada estágio; e
59

- por molhamento (hidratação, adsorção), quando uma amostra seca ao ar tem


seu ptencial matricial reduzido gradualmente, com sucessivas medidas do
potencial versus o teor de umidade de equiíbrio em cada estágio.

Segundo Rohm (1992), os principais fatores que interferem na forma da curva


característica dos solos são a distribuição granulométrica, a distribuição dos poros, a
estrutura e a mineralogia das partículas.
Nos solos arenosos, devido ao fato dos poros serem relativamente grandes, a
uma dada sucção muitos poros se esvaziam e poucos poros ainda pode reter água. Nos
solos argilosos, devido ao fato da distribuição dos poros ser melhor, a cada sucção
matricial apenas uma parcela dos poros drenam, permanecendo ainda uma certa
quantidade cheia de água.
A estrutura também afeta a forma da curva característica. Este fato pode ser
verificado, por exemplo, através da comparação da curva característica de um mesmo
solo agregado em suas condições naturais e compactada (Hillel, 1971). Este autor,
obsevou que a compactação conseguiu diminuir as dimensões dos grandes poros entre
os agregados; contudo, os microporos internos aos agregados permaneceram
inalterados.
Quanto ao fenômeno de histerese da curva característica, segundo Hillel (1971),
ele pode ser atribuído a diversas causas:

- a desuniformidade geométrica de cada poro (que são em geral vazios de


formas irregulares interconectados por passagem menores) gerando o efeito
ink bottle;

- ao ângulo de contato, que é maior quando ocorre umedecimento do solo e


menor na fase de secagem, gerando raios de curvatura diferentes em uma ou
em outra situação, tal fato decorre da existência de impurezas adsorvidas às
superfícies secas das partículas tornando-as mais ásperas;

- bolhas de ar capturadas nos vazios do solo durante a fase de umedecimento;


60

- e alteração na estrutura do solo, decorrentes da expansão ou contração,


associadas a ciclos de umidecimento ou secagem do solo.

2.2.4.3 Características de tensão versus deformação

Um número crescente de trabalhos tem sido desenvolvido com o objetivo de


estudar a influência da sucção no comportamento dos solos. Neste item será discutido,
de maneira bem simplificada, o efeito da sucção tanto no cisalhamento como no
adensamento. Trabalhos deste tipo foram bastante desenvolvidos na Universidade da
Cataluyna (Josa et al., 1987).

2.2.4.3.1 Cisalhamento

A influência da sucção no cisalhamento de solos não-saturados pode ser


observada através da curva tensão versus deformação. Para isso, basta a realização de
ensaios com o mesmo confinamento e com valores de sucção diferentes, mas
invariáveis em cada ensaio. Na Figura 2.27, tenta-se mostrar a influência da sucção no
cisalhamento, através de um esquema com três ensaios hipotéticos; o confinamento é o
mesmo para os três ensaios, por exemplo (σ3 = 100 kPa), e a sucção, diferente. Supondo
a sucção para o primeiro ensaio igual a S1, a sucção para o segundo ensaio igual a S2 e a
sucção para o terceiro ensaio igual a S3, em que S3 é maior que S2 e S2 é maior que S1, o
que se verifica é que, quanto maior a sucção, maiores serão a rigidez e a tensão
necessárias para romper o solo; tal comportamento foi observado por diversos
pesquisadores (Josa et al., 1987).

Figura 2.27 - Curva ilustrando a tensão versus deformação em função da sucção.


61

2.2.4.3.2 Adensamento

A influência da sucção no adensamento de solos não-saturados pode ser avaliada


através de um gráfico de tensão aplicada versus índices de vazios. Para isso, basta a
realização de ensaios de adensamento, em que a sucção seja diferente para cada ensaio,
mas invariável durante cada ensaio. Na Figura 2.28, mostra-se, de maneira hipotética,
como a sucção tem influência no adensamento. Nessa figura, também se apresenta um
esquema de três ensaios, em que se supõem a sucção igual a S1 para o primeiro ensaio,
igual a S2 para o segundo ensaio e igual a S3 para o terceiro ensaio, sendo S1<S2<S3.
Diante disso, o que se verificou foi que, quanto maior a sucção do solo, menor a
variação do índice de vazios durante o ensaio. Isso pode ser explicado pelo fato de que,
quanto maior a sucção do solo, mais rígido ele se torna, tendo, assim, menor variação
no índice de vazios durante o ensaio.

Figura 2.28 - Gráfico ilustrando o comportamento índice de vazios versus tensão aplicada em função da
sucção.

Ainda no que diz respeito à variação de volume, fato interessante que ocorre é
que, quando se tenta aplicar o princípio da tensão efetiva em solos não-saturados, é
verificado que sua validade é questionável. Sabe-se que em solos saturados esse
princípio teve grande sucesso, e vários trabalhos o comprovaram. Em solos não-
saturados, Bishop (1959) propôs a seguinte equação:

σ’=σ - ua+ χ ( ua - uw) (2.1)

em que σ’ é a tensão efetiva, σ a tensão total, ua a pressão do ar e uw a pressão de água,


sendo χ um parâmetro que depende do grau de saturação e varia de zero para solo seco
62

e a unidade para solo saturado. Nos ensaios de adensamento, à medida que se aumenta a
tensão efetiva em solos saturados, observa-se diminuição de volume e, à medida que
diminui a tensão efetiva, verifica-se aumento de volume. Segundo Gens (1995), em
solos não saturados (Figura 2.29) alguns pesquisadores têm observado que durante o
adensamento, se o corpo de prova for saturado, o solo pode apresentar dois
comportamentos distintos: inchamento (aumento de volume) e colapso (diminuição de
volume).

Figura 2.29 - Comportamento do solo não-saturado, mostrando inchamento e colapso (Gens, 1995).

O comportamento de inchamento pode ser explicado pela equação de Bishop


(1959), pois a diminuição na sucção provocada pela saturação causa redução na tensão
efetiva, implicando, assim, aumento do índice de vazios e, conseqüentemente, aumento
de volume. O comportamento de colapso, entretanto, não é explicado pela equação de
Bishop (1959), pois diminuição da sucção implicaria redução da tensão efetiva, que por
sua vez causaria ao solo aumento do índice de vazios e não diminuição. Devido ao
comportamento comentado anteriormente, em estudos com solos não-saturados verifica-
se que o princípio de tensão efetiva não é bem aceito e que as avaliações precisam ser
realizadas através da tensão total aplicada e da sucção (variáveis de estado).

2.2.4.3.3 - Análise de Solos Não Saturados com base nas Variáveis de Estado

As várias equações desenvolvidas, visando prever o comportamento do solo não


saturado, apresentam em comum parâmetros característicos do comportamento do solo
na descrição do estado de tensões. Isto tranforma a equação em uma relação constitutiva
do comportamento do solo. Contudo, segundo Fredlund & Morgenstern (1977), tem
sido praticamente impossível obter a unicidade desse parâmetro, sendo ele muito
dependente da trajetória de tensões adotado, o que dificulta muito sua aplicação prática.
63

Coleman (1962) sugeriu o uso de variáveis de tensão reduzidas (σ1 – ua), (σ3-ua),
e (ua-uw) para representar as pressões axiais, confinantes e neutras, respectivamente, em
um ensaio triaxial.
Matyas & Radhakrishma (1968) introduziram o conceito de “parâmetro de
estado” na descrição do comportamento volumétrico de solos não saturados. A variação
de volume foi apresentada através de uma superfície tridimensional em função dos
parâmetros (σ-ua), e (ua – uw). Conforme os resultados apresentados pelos autores, tal
superfície representativa da variação volumétrica é única desde que o solo parta de um
mesmo estado inicial e siga somente trajetórias de aumento ou de diminuição de
saturação.
Fredlund & Morgenstern (1977), extraíram, a partir do estado de tensões a que
está submetido um elemento de solo não saturado (Figura 2.30) dois tensores de tensões
independentes, mostrados na Figura 2.31, representantes do estado de tensões do solo.
Segundo estes autores, o comportamento do solo poderia ser previsto empregando-se
qualquer uma das três combinações:

- (σ - uw) e (σ - ua)

- (σ - uw) e (ua – uw)

- (σ - ua) e (ua – uw)

Por ser a pressão de ar nos poros dos solos, quando estes se encontram no estado
aberto, igual à pressão atmosférica a combinação (c) tem sido a mais usada no meio
científico.
64

Figura 2.30 - Estado de tensões para as partículas sólidas e a membrana contrátil de um elemento de solo
não saturado (Fredlund & Morgenstern, 1977).

Figura 2.31 - Tensores representantes do estado de tensões do solo (Fredlund & Morgenstern, 1977).

A idéia de que estas duas variáveis de estado governam o comportamento dos


solos não saturados foi aceita pela comunidade geotécnica. Dessa forma a mecânica dos
solos não saturados passou a desenvolver formulações relacionadas a estas duas
variáveis de estado, com o intuito de prever o comportamento desse tipo de solo.
Entretanto Bloch (1978) criticou o estudo com base nas variáveis de estado, pois
segundo este autor as hipóteses assumidas ignoram o potencial químico do solo.
65

2.2.4.4 - Resistência

2.2.4.4.1 - Introdução

A resistência ao cisalhamento de um solo saturado é geralmente descrita


utilizando-se o critério de resistência de Mohr-Coulomb e o conceito de tensões efetivas
proposto por Terzaghi. A equação 2.2 apresentada abaixo ilustra o uso destas duas
proposições:

τ = c ' + (σ − u w )tgφ ' (2.2)

Onde τ é a tensão ao cisalhamento na ruptura; c’ é a coesão efetiva do solo; σ é


a tensão normal total e φ ' é o ângulo de atrito interno do solo.
O estado tensional de um solo não saturado, de um ponto de vista
microestrutural é resultado das diferentes solicitações às quais o solo é submetido, assim
como da natureza e propriedades de suas fases componentes (fase sólida, fases líquida e
gasosa e interações entre estas fases). A integração destes estados de tensão em cada
ponto de uma determinada seção de solo não saturado irá resultar no estado de tensões
do solo, compreendido ou medido de maneira externa à dada seção. Conforme pode-se
notar, a resistência ao cisalhamento de um solo não saturado será dependente de uma
série de fatores e interações, não podendo ser perfeitamente representada pela equação
2.2.

2.2.4.4.2 - Resistência ao cisalhamento em solo não saturado

Uma das primeiras e mais utilizadas expressões para relacionar a resistência ao


cisalhamento com a sucção se deve a Bishop et al. (1960), equação 2.3, a qual utiliza o
critério de ruptura de Mohr-Coulomb e a expressão proposta por Bishop (1959) para
obtenção da tensão efetiva atuando em um solo não saturado.

τ = c + (σ − u + χ (u − u )). tanφ
'

a a w
’ (2.3)
66

Fredlund et al. (1978), utilizando as variáveis de estado, (σ - ua) e (ua-uw),


propuseram a seguinte expressão para resistência ao cisalhamento, equação 2.4, que
considera o efeito da sucção matricial sobre a resistência como sendo linear:

τ =c+ (σ-ua)tgφ + (ua-uw)tgφb (2.4)

em que c = intercepto de coesão; φ = ângulo de atrito interno, relativo às variações no


termo ( σ - ua ) quando (ua - uw) é constante; e φb = ângulo de atrito interno, relativo às
variações no termo ( ua -uw) quando ( σ - ua ) é mantido constante.

Algumas observações podem ser feitas da proposta de Fredlund et al., (1978):

a) o ângulo de atrito interno do solo é suposto constante com a sucção


b) a resistência ao cisalhamento cresce linearmente com a sucção.
c) Com este tratamento, passamos a ter uma envoltória de ruptura planar e não
mais um linha, já que os círculos de Mohr agora são plotados em um
diagrama tridimensional, com as variáveis de estado de tensão no plano
horizontal e a resistência ao cisalhamento nas ordenadas.
d) Como o ângulo de atrito interno é suposto constante com a sucção, todo o
ganho de resistência ao cisalhamento do solo se refletirá em um acréscimo
de coesão, de modo que a coesão do solo não saturado pode ser quantificada
como segue (equação 2.5):

c = c’+ (ua-uw).tan φ b (2.5)

A validade da equação 2.4 tem sido contudo contestada por diversos autores.
Um aspecto chama atenção quando comparamos as equações (2.3 e 2.4): Desta
comparação notamos que tg φ b = χ tg φ ’. Ora, se χ =1 para os solos saturados, deve-
se esperar que φ b seja aproximadamente igual a φ ’quando o solo esteja no campo das
baixas sucções e que φ b tenda para zero à medida em que a sucção aumente e o solo se
distancie da sua condição de saturado. Esta observação foi feita por Wood (1979)
segundo o qual a equação 2.4 considera que os acrécimos de coesão não são
influenciados pela não saturação do solo.
67

No que diz respeito à linearidade ou não da curva de resistência (q) versus


sucção, Fredlund et al. (1987), Escario & Sáez (1987), Abramento & Carvalho (1989),
Escario & Juca (1989), Röhm & Vilar (1994), Teixeira & Vilar (1997) admitiram que
tal curva se comporta de maneira não-linear, ou seja, a não validade da equação 2.4.
Entretanto, Fredlund et al.(1978), Gullati & Satija (1981), Ho & Fredlund (1982),
admitiram que tal curva se comporta de maneira linear, através de resultados de ensaios
triaxiais com sucção controlada onde o uso da equação 2.4 é justificado. Outro fato
importante é que, para baixas sucções, Abramento (1988), Wolle & Hachich (1989) e
Röhm (1992), observaram que os valores de φb eram maiores que φ’. Escario & Saez
(1987) e Fredlund et al. (1987), verificaram que, também para baixas sucções, os
valores de φb aproximavam-se de φ‘.
Delage et al (1987) apresenta resultados, onde os parâmetros c e φ’ variam com a
sucção, obtidos através de ensaios triaxiais com sucção controlada em uma argila; O
parâmetro c aumenta com a sucção e φ’ diminui com a sucção. Escário e Jucá (1989)
apresenta resultados, em termos de c e φ’ versus sucção, de ensaios com sucção
controlada realizados em uma argila e uma areia; Para a argila, ambos c e φ’,
aumentaram com a sucção, mas para a areia, c aumentou com a sucção e o ângulo de
atrito permaneceu constante. Teixeira (1996), para um colúvio arenoso (compactado)
encontrou valores de φ’ constantes com o aumento da sucção e valores de coesão
variando com a sucção conforme uma lei hiperbólica; Ainda segundo Teixeira (1996)
para baixos valores de sucção é possível encontrar-se φ b > φ ' . Observa-se assim que a
sucção matricial desempenha uma clara função no incremento da coesão do solo, mas
em termos de ângulo de atrito interno (φ’) sua influência é bastante controvertida.
Quanto a forma da variação da coesão com a sucção várias propostas foram
feitas, por exemplo: Escario (1988) (elipse de grau 2,5), Abramento (1988) (função
potencial com expoente menor que a unidade). Rohm & Vilar (1994) realizaram um
estudo em um colúvio arenoso indeformado da região de São Carlos, Estado de São
Paulo, no qual apresentaram resultados onde os valores de φ ' mostraram-se crescentes
com a sucção (27o e 32o aproximadamente, para valores de sucção variando entre 0 e
400 kPa). O intercepto de coesão do solo apresenta valores crescentes com a sucção até
valores de sucção de cerca de 200 kPa. A partir deste valor, acréscimos de sucção pouco
influenciaram nos valores de c’. Segundo estes autores a lei hiperbólica é o melhor
modelo que representa a relação entre sucção matricial e resistência ao cisalhamento.
68

Estes autores também analisaram por que o modelo que melhor atende à relação entre
resistência ao cisalhamento e sucção matricial desse solo é não-linear. Esse estudo
baseou-se na análise da curva característica, da porosimetria, da distribuição de volume
de vazios e da fotografia do plasma do solo. Em uma análise conjunta dessas quatro
características do solo, observou-se que a não-linearidade da relação q versus sucção
matricial parece estar relacionada com a microestrutura desse solo, que se mostra como
esponjosa ou como um conjunto de “pipocas”, permitindo a ocorrência de grandes poros
(inter-aglomerados) e de minúsculos outros poros (intra-aglomerados). Foi verificado,
pela análise conjunta dessas quatro características, que, para sucções matriciais até cerca
de 200 kPa, parte da água do solo situa-se, ainda, nos vazios inter-aglomerados e, a
partir desse valor, a água intersticial localiza-se, predominantemente, nos intraporos (no
interior das “pipocas” constituídas de argilominerais aglomerados por óxidos hidratados
de ferro e, ou, alumínio). Nos ensaios realizados, verificou-se que, exatamente para
sucções a partir de 200 kPa, φb tendia a ficar constante, aproximando-se de um valor
nulo. Em ensaios realizados por Rohm & Vilar (1995) foi observado que φ‘ variava com
a sucção e que, como já foi comentado, a resistência variava com a sucção de maneira
não-linear.
Fredlund et al. (1987) admitem a não linearidade da resistência ao cisalhamento
com a sucção matricial. Os autores ensaiando um solo de origem glacial em
cisalhamento direto encontraram valores de φ b decrescentes com a sucção. Ainda
segundo Fredlund et al. (1987), para baixos valores de sucção, tem-se aproximadamente
φb =φ'.
Gan & Fredlund (1995) apresentam resultados de ensaios triaxiais e de
cisalhamento direto realizados em dois solos saprolíticos, ambos possuindo importantes
vínculos inter partículas, ensaiados em condições saturadas e com sucção controlada. Os
resultados apresentados em termos de resistência ao cisalhamento de pico apresentam
uma envoltória curvilínea para baixos valores de tensão normal e linear para altos
valores. A resistência a cisalhamento cresce com a sucção aplicada, atingindo valores
máximos para valores de sucção entre 75 e 100 kPa. Ainda segundo estes autores, o
caráter não linear das relações entre τ e sucção advém da curva característica de sucção
do solo.
Com base nos estudos até aqui apresentados, as seguintes conclusões podem ser
derivadas a respeito da resistência ao cisalhamento de solos não saturados:
69

- A resistência ao cisalhamento se relaciona de maneira não linear com a sucção


matricial (Lei Hiperbólica parece ser a mais representativa): para baixos valores de
sucção temos aproximadamente φ b = φ ' . Os valores de φ b decrescem com o valor da
sucção, de modo que a resistência ao cisalhamento do solo tende a um valor máximo
para altos valores de (ua – uw).
- O intercepto de coesão aparente do solo apresenta valores crescentes com a
sucção matricial. As relações entre c e (ua – uw) possuem formas assemelhadas àquelas
prospostas para a resistência ao cisalhamento. A sucção matricial parece não apresentar
um influência definida no valor do ângulo de atrito interno do solo.

2.2.4.4.3 Técnica de translação de eixos

Ao trabalhar-se com solos não saturados freqüentemente pressões inferiores a –


100 kPa são comuns, e estas pressões na água, inferiores a –100 kPa, fazem com que ela
cavite invalidando assim o ensaio. A técnica de translação de eixos, proposta por Hilf
(1956), surge como uma alternativa tanto na medida de pressão neutra quanto na
imposição e controle da sucção em amostra de solo. Esta técnica baseia-se no princípio
dos aparelhos de placas de pressão utilizados para definir as características de retenção
de água pelo solo. Essa técnica consiste praticamente na mudança do referencial de
pressão (a pressão atmosférica), ou seja, uma translação de eixo. Para isto aumenta-se a
pressão no ar, donde certamente ocorrerá um aumento da pressão de água até valores
mensuráveis pelos equipamentos convencionais de medida. A diferença ua – uw
permanece a mesma, ou seja, a sucção permanece igual.
Para que a técnica seja exeqüível, é necessária instalação de uma placa porosa
especial na base do equipamento de ensaio, de tal maneira que a base do corpo de prova
fique em contato com ela. Esta placa porosa especial é fabricada com poros de pequenas
dimensões, de sorte que ela permita o fluxo de água, porém não o de ar. A aplicação
desta técnica usualmente envolve o controle de pressão de ar e o controle ou a medida
da pressão de água. A sucção a ser imposta ao solo fica limitada à pressão de ar da placa
porosa, que pode atingir até pressões de 15 bar. Segundo (Bocking & Fredlund, 1980),
caso exista ar ocluído na água do solo, os valores obtidos podem estar distorcidos, com
uma sobreavaliação da sucção medida. Por isto ela é mais indicada quando existe a
continuidade da fase gasosa através da amostra. Quando para graus de saturação altos
70

(ou baixas sucções), onde a possibilidade de existir ar ocluído é grande, deve-se cogitar
que a possibilidade de valores incorretos de sucção a partir desta técnica é grande.

2.2.5 Alguns trabalhos desenvolvidos ao longo de um perfil de solo residual

Maciel (1991) avaliou a influência do grau de intemperismo associado à


ocorrência de efeitos de escala (dimensão de amostras), anisotropia e cimentação, em
propriedades de resistência, permeabilidade e compressibilidade de um perfil de solo
residual de gnaisse facoidal. A influência do grau de intemperismo no comportamento
tensão versus deformação dos materiais analisados (solo residual maduro e solo residual
jovem), se fez sentir, apenas, no valor da deformação de ruptura, menor para o solo
maduro, indicando um comportamento frágil, típico de materiais cimentados. O solo
saprolítico apresentou um comportamento plástico, indicando uma ausência, de
cimentação criada pelo processo de intemperismo químico ou retida da rocha matriz.
Aleixo (1998) avaliou o comportamento tensão versus deformação de um perfil
de solo residual de gnaisse tendo como objetivo verificar o efeito da direção de
carregamento dos corpos de prova, do nível das tensões de confinamento, do grau de
intemperismo, do arranjo estrutural dos grãos e dos efeitos do grau de saturação. O
programa experimental constou de ensaios de compressão axial e hidrostática, sob
condições drenadas de carregamento, utilizando o equipamento triaxial cúbico. Foram
realizados também ensaios edométricos convencionais, de modo a se obter as
características de compressibilidade do solo. Foram moldados corpos de prova a partir
de blocos indeformados, paralelos e perpendiculares à estratificação observada no solo,
o que possibilitou a análise dos resultados para direções distintas de carregamento. Para
efeito de comparação sobre a relevância do arranjo estrutural dos grãos do solo, foram
ensaiados também corpos de prova compactados dos mesmos materiais. As conclusões
de Aleixo (1998), foram as seguintes:
- Quanto ao efeito da direção de carregamento a resistência em ambas as direções se
mostraram semelhantes, sendo cerca de 10% maior na direção ortogonal à
estratificação. Em relação a deformabilidade o solo carregado na direção ortogonal
apresentou, em média, uma rigidez de 30 % maior que na direção paralela à
estratificação.
- Quanto ao grau de intemperismo, verificou-se que a resistência do solo maduro foi
sempre maior que a do solo jovem para corpos de prova indeformados, tanto na
71

umidade natural quanto saturados. No entanto, nos ensaios com material compactado,
observou-se o oposto, ou seja, o solo jovem se mostrou com maior ressistência que o
solo maduro. A deformabilidade volumétrica do solo jovem foi, em geral, maior que a
do solo maduro para o material indeformado, e menor para o material compactado.
- Quanto ao efeito do arranjo estrutural dos grãos, notou-se que a resistência ao
cisalhamento do solo jovem compactado foi maior que a do mesmo solo indeformado.
Já para o solo maduro, o material indeformado mostrou-se com maior resistência que o
material compactado. Segundo o autor isto pode ser explicado pela perda de cimentação
provocada pela destruição da estrutura original dos grãos do solo.
- Quanto ao efeito da saturação, os corpos de prova ensaiados na umidade
natural apresentaram maior resistência que na condição de total saturação. Isto se deve à
presença de sucção significativa nos solos residuais na condição de umidade natural.
Quanto à deformabilidade, o solo na umidade natural mostra em geral, maiores reduções
de volume para um mesmo valor de tensão confinante efetiva durante o cisalhamento
que o mesmo solo saturado.
- Quanto a verificação da anisotropia conforme, este autor concluiu que o solo
residual jovem indeformado quanto a resistência apresentou um comportamento
praticamente isotrópico e quanto a deformabilidade a direção Z (ortogonal à
estratificação) apresentou menores deformações que as outras duas direções,
evidenciando assim um comportamento anisotrópico quanto a deformabilidade. Para o
solo maduro indeformado, tanto quanto a resistência e quanto a deformabilidade o solo
apresentou um comportamento isotrópico.
Com respeito a interveniência do grau de intemperização na resistência,
Sandroni & Maccarini (1981) concluem, sobre uma campanha de 28 ensaios triaxiais
em amostras indeformadas de solos residuais gnáissicos jovens, ricos em feldspato e
pobres em mica, do Rio de Janeiro, que, muito claramente, o comportamento tensão-
deformação é dependente tanto do nível de tensões como do índice de vazios, o qual
reflete razoavelmente o grau de intemperização.
Pinto et al (1993) colocam que para os solos residuais, o valor da tensão de pré-
adensamento obtido pelos conhecidos processos de Casagrande ou Pacheco Silva não
está relacionado, geralmente, com a máxima tensão suportada pelo material ao longo de
sua história, tendo sido chamada, muitas vezes de pseudo-tensão de pré-adensamento
(ou virtual, conforme Vargas, 1971) e não tem o mesmo significado do que às argilas
sedimentares. Pinto et al (1993) alertam que, como mostrou Vaughan (1985), a própria
72

maneira de apresentação dos ensaios em gráfico mono-log pode falsear os dados e


sugerir valores anômalos de pressão de pré-adensamento em função da descontinuidade
de comportamento, forçada pelas escalas.
Machado (1998), apresentou resultados de ensaios triaxiais convencionais, de
compressão confinada e triaxiais com controle de tensão, realizados em amostras
saturadas e com controle de sucção, em corpos de prova indeformados coletados ao
longo de um perfil típico de solo da cidade de São Carlos – SP. A partir dos dados
obtidos, foi feito um estudo do comportamento de deformação e resistência do solo, em
condições não saturadas, ao longo de todo o perfil amostrado. Para o solo residual de
arenito foi realizado também um estudo das suas principais características de
elastoplasticidade, para a condição saturada e para o caso dos ensaios realizados com
controle de sucção. Foi mostrado que as superfícies de plastificação obtidas para o solo
podem ser ajustadas de modo razoável pela superfície de escoamento do Cam-Clay
modificado, utilizada nos modelos de Alonso et al. (1990) e Balmaceda et al. (1992). A
forma da superfície de plastificação não apresentou indícios de mudança quando do seu
deslocamento, seja por um processo de encruamento do solo ou pelo seu espraiamento
em planos com valores crescentes de sucção. Ainda a partir dos dados analisados,
mostra-se que a adoção de uma lei de fluxo associada para o solo pode conduzir a
resultados aceitáveis e mudanças na posição da superfície de plastificação do solo (por
encruamento ou variações no valor de sucção) parecem não interferir de maneira
significativa na natureza da lei de fluxo do material. O espraiamento das superfícies de
plastificação do solo com relação a sucção, obtido a partir dos ensaios em trajetórias
múltiplas de tensão, é comparado com aquele previsto a partir de ensaios triaxiais e de
compressão confinada com controle de sucção realizados pelo próprio autor
apresentando bons resultados. Um modelo constitutivo foi proposto para representação
do comportamento do solo em condições não saturadas. Uma nova superfície de
plastificação e uma nova lei de fluxo (não associada) são propostas para o solo,
conseguindo-se uma melhor previsão dos pontos de escoamento situados à esquerda da
projeção da linha de estados críticos e diminuindo-se os valores dos desvios angulares
dos vetores de incrementos de deformação plástica. No modelo constitutivo proposto, a
superfície de escoamento LC do solo foi obtida levando-se em consideração não
somente os valores da pressão de pré-adensamento, mas também os valores de λ s. Os
modelos constitutivos proposto e de Balmaceda et al. (1992) foram utilizados na
simulação dos ensaios de laboratório, obtendo-se bons resultados.
73

2.3 Curvas de Plastificação de Modelos baseados na Teoria dos Estados Críticos

2.3.1 Critérios para a identificação da Tensão de Escoamento

Um fato importante, para o estudo do comportamento dos solos, é justamente a


dificuldade de definir-se um limite preciso entre a zona de deformações elásticas e de
deformações plásticas, ou seja, os pontos onde começa a ocorrer o escoamento
(cedência) do material. A Figura 2.32 ilustra resultados típicos obtidos a partir de
ensaios de laboratório normalmente adotados em mecânica dos solos. A Figura 2.32 (a)
ilustra as trajetórias de tensões seguidas nos diferentes ensaios. Na Figura 2.32 (b) é
apresentada uma curva típica de compressão isotrópica, com o seu respectivo ponto de
escoamento Y1. Este mesmo ponto está representado na Figura 2.32 (a), no espaço
(q,p’). Na Figura 2.32 (c) é apresentada uma curva típica de ensaio de compressão
confinada, com o seu respectivo ponto de escoamento Y2, enquanto que na Figura 2.32
(d) é apresentada uma curva típica obtida a partir da realização de um ensaio triaxial
convencional não drenado, com o seu ponto de escoamento correspondente Y3. A curva
tracejada apresentada na Figura 2.32 (a) unindo os pontos Y1, Y2 e Y3 nos dá uma idéia
da superfície de plastificação do solo.
A definição dos pontos de escoamento para solos não ocorre de maneira tão
imediata quanto para metais, envolvendo grande subjetividade na sua determinação.
Pode-se dizer, contudo, que amostras indeformadas possuem pontos de escoamento
mellor definidos do que amostras moldadas em laboratório, devido à estrutura adquirida
durante a sua história de tensões em campo (Wood, 1992). Devido à estas dificuldades,
diferentes procedimentos têm sido adotados na definição de superfícies de escoamento
para solos.
74

Figura 2.32 - (a) Trajetórias de tensões no espaço q;p’, (b) teste de compressão isotrópica (1), (c) teste de
compressão confinada (2) e (d) teste de compressão triaxial não drenado (3). (Wood, 1992).

Tavenas et al. (1979) apresentam resultados de vários ensaios triaxiais drenados,


com controle de tensão, realizados em quatro argilas do leste do Canadá, levemente
adensadas e chegam a conclusão que a energia de deformação é um excelente parâmetro
para a definição da superfície de escoamento de um solo. A energia de deformação pode
ser calculada pela expressão 2.6.

W= ∫ (σ 1 dε 1 + σ 2 d ε 2 + σ 3 d ε 3 ) (2.6)

Onde: σ 1 , σ 2 , σ 3 e ε 1 , ε 2 , ε 3 são as tensões e deformações principais, respectivamente.


Tavenas et al. (1979) determina o ponto de escoamento através da mudança na
inclinação da curva de energia dissipada versus p’ ou energia dissipada versus tensão
axial.
75

Graham et al (1983) propõem o traçado de curvas Sw versus W onde Sw é


definido pela equação (2.7).

Sw = q2 + p2 (2.7)

Lade & Kim (1988) admitem que as superfícies de plastificação do solo


possuem formas semelhantes às curvas de igual trabalho plástico. Esta hipótese é
bastante útil não só na averiguação da superfície de plastificação do solo originada em
sua história de carregamento em campo, mas também serve como ferramenta para
avaliar mudanças na forma da superfície de plastificação ocasionadas com o progresso
da plastificação do material. Estas mudanças na forma da superfície de escoamento
podem ser verificadas em muitos solos em que a estrutura desempenha um papel
fundamental no ser comportamento ou no caso da existência de algum agente
cimentante. Com a continuada plastificação do solo, a influência destes fatores tende a
desaparecer, provocando mudanças na forma da superfície de escoamento original.

Para solos residuais vários métodos tem sido propostos para identificar a tensão
de cedência (escoamento devido a quebra da estrutura cimentada). Vaughan et al.
(1988) mostra que as tensões de cedência são melhor visualizadas ou determinada
através da escala logarítimica (ln σ ' versus ln ε a ) .

2.3.2 Modelo Cam-Clay

O modelo Cam-Clay é o resultado de investigações laboratoriais minuciosas


feitas pelo grupo de mecânica dos solos da Universidade de Cambridge (Roscoe et al.
(1958), Roscoe & Burland (1968) e Schofield & Wroth (1968)). Roscoe et al. (1958)
formularam uma teoria tendo como fundamentação a teoria de estados críticos para
solos saturados. Surge então o modelo Cam-Clay (Roscoe et al. (1963), Shofield &
Wroth (1968)), baseado nos conceitos da mecânica dos estados críticos e no trabalho de
Drucker et al. (1957) e em seguida o modelo Cam-Clay modificado Roscoe & Burland
(1968). Muitas outras versões do Cam-Clay, original e modificado, têm sido propostas
nos últimos anos. Wood (1992) apresenta em seu livro uma abordagem atual e
ilustrativa do Cam-Clay juntamente com a mecânica dos solos dos estados críticos.
76

O modelo Cam-Clay original foi formulado de tal maneira que as equações


constitutivas superestimavam os valores de incrementos de deformação para pequenos
valores de tensão cisalhante. Além disto a forma original de sua superfície de
escoamento, em conjunto com a hipótese de fluxo associado, acabavam por prever
deformações cisalhantes em compressão isotrópica.
O Cam-Clay é um modelo elastoplástico com endurecimento isotrópico e
potencial plástico coincidente com a função de plastificação, cujas relações tensão-
deformação envolvem quatro parâmetros característicos do material: λ , κ , M e G’. É
um modelo desenvolvido para a condição de carregamento assimétrico com base na
observação experimental de ensaios triaxiais e pode ser melhor descrito no espaço
(q,p’). Os parâmetros λ e κ , correspondem respectivamente às inclinações dos trechos
virgem de compressão e da curva de recuperação elástica de descarregamento /
recarregamento. Pode-se dizer que a inclinação λ é análoga ao índice cc , equanto a
inclinação k é análoga ao índice de expanção Ce.
A projeção da linha de estados críticos no espaço (q; p’) é linear e tem como
equação :

Q=M.P (2.8)

Onde M é um dos parâmetros do modelo e obedece a equação (2.9), para o caso


de compressão triaxial, e a equação (2.10) para o caso de extensão triaxial.

6 sen(φ )
M= (2.9)
3 − sen(φ )
6 sen(φ )
M= (2.10)
3 + sen(φ )

As equações (2.11) e (2.12) apresentam as superfícies de escoamento propostas,


respectivamente, para o Cam – Clay original e modificado.

⎡p *⎤ q
F(p’,q) = p’ln ⎢ 0 ⎥ − =0 (2.11)
⎣ p ' ⎦ M
77

q2
f (p’,q) = p’2 – p’p0* + =0 (2.12)
M2

p0* representa a tensão de pré-adensamento isotrópica do solo (utilizada na


função de encruamento), obtida utilizando-se as equações (2.11) e (2.12) e fazendo-se q
= 0.
Deve-se levar em conta que o modelo Cam-Clay modificado (e o original) foram
desenvolvidos para representar o comportamento de argilas levemente pré-adensadas, as
quais apresentam encruamento positivo (diminuição de volume) durante a plastificação.
O modelo tem apresentado diversas limitações na representação do comportamento de
solos os quais tendem a apresentar comportamento do tipo “strain – softening”, como os
solos altamente pré-adensados. O Cam-Clay se comporta melhor para solos pré-
adensados isotropicamente, já que solos adensados em uma trajetória Ko possuem uma
superfície de escoamento centrada na linha Ko, e não no eixo p’.

2.3.3 Modelo de Alonso et al (1990)

Alonso et al (1987) apresentaram conceitos sobre a influência da sucção na


variação de volume (colapso e pequena e moderada expansão), limites elásticos,
comportamento do solo submetido a diferentes caminhos de tensões, utilizando teorias
elastoplásticas.
Qualitativamente Alonso et al. (1987) explicaram o comportamento dos solos
não saturados no plano isotrópico p “versus” sucção, limitando a região de
comportamento elástico por duas linhas: LC (“loading colapse”) e SI (“suction
increase”).
A curva de escoamento LC é aquela formada pelos pontos de escoamento para o
carregamento isotrópico p em diferentes valores de sucção, constantes em cada
carregamento, como mostra a Figura 2.33.
78

Figura 2.33 - (a) Caminhos de tensões para carregamento p e sucção (s) = constante (b) Superfícies de
escoamento SI e LC (Alonso et al., 1987)

SI é uma linha horizontal no mesmo plano isotrópico p “versus” s e que passa


por s0. O valor de s0 é idealizado como sendo a máxima sucção que o solo esteve
submetido. Este valor é considerado o mesmo para qualquer estado de tensão p.
Alonso et al. (1987) utilizaram o modelo Cam Clay Modificado associado aos
efeitos da sucção para explicar o comportamento dos solos não saturados.
Alonso et al. (1990) descrevem um modelo constitutivo para solos não saturados
que é a formulação matemática dos conceitos de ALONSO et al (1987) para estados de
tensões isotrópicos e triaxiais.
Alonso et al. (1990) realizaram a formulação de forma que quando o solo torna-
se saturado o modelo se reduz ao modelo Cam Clay Modificado.
O modelo propõe que a curva de escoamento no plano (p,q) para um corpo de
prova com sucção constante descreve uma elipse e passa pelos pontos de tensão de pré –
adensamento isotrópico p 0 relacionado com a superfície de escoamento LC, como
pode-se ver na Figura 2.34.
A inclinação da linha de estados críticos M foi considerada inalterada com a
sucção, ou seja, seu valor é o mesmo para a condição saturada ou não saturada com
79

sucção constante. O aumento da resistência do solo com a sucção foi considerado


através do parâmetro k. Este parâmetro descreve o aumento da coesão com a sucção e
pode ser encontrado conhecendo-se ps. Este último resultante do prolongamento da
linha de estados crítico com uma determinada sucção s, ao eixo p.

P = − Ps = − k .s (2.13)

A elipse passa pelos pontos -ps(s) e p0(s) e é dada pela função:

q 2 = M 2 ( p + p s ).( p 0 − p ) (2.14)

Figura 2.34 - Superfícies de escoamento nos espaços: a) (p,q) e (b) (p,s) (Alonso et al., 1990).
80

3 - MATERIAIS E MÉTODOS

Para a realização deste trabalho efetuaram-se diversos ensaios geotécnicos com


amostras de um perfil típico de solo residual de gnaisse da cidade de Viçosa – MG,
além de ensaios de caracterização porosimétrica, mineralógica e micro-estrutural. Nos
itens seguintes, descrevem-se características fisiográficas da área de ocorrência do
citado solo, bem como os métodos de ensaios empregados no transcorrer da pesquisa.

3.1 Características gerais da região de Viçosa

3.1.1 Localização geográfica

O planalto de Viçosa encontra-se em um planalto deprimido, em relação às


cadeias de montanhas que o limitam, em forma de sela situada entre o Planalto do Alto
Rio Grande (Serra da Mantiqueira) e os prolongamentos da Serra do Caparaó e Serra do
Brigadeiro (MOREIRA, 1965; REZENDE, 1971).
Geograficamente, o centro microrregional de Viçosa está inserido no Planalto de
Viçosa, incrustado na serra de São Geraldo, apresentando uma área de 279 km2 com
coordenadas geográficas de posição a 20045’14’’ de latitude Sul e 42052’54’’ de
longitude Oeste de Greenwich, a uma altitude de 750 m.
Este município localiza-se na Zona da Mata mineira. Limita-se a oeste com os
municípios de Porto Firme e Guaraciaba; a leste, com os Municípios de Cajuri e São
Miguel do Anta; ao norte, com o município de Teixeiras e ao Sul com os municípios de
Paula Cândido e Coimbra. O acesso pode ser realizado servindo-se da BR-120 (Ponte
Nova – Ubá) ou MG – 60 (Viçosa – Ubá).

3.1.2 Dados climatológicos

Segundo Azevedo (1999), o clima de Viçosa enquadra-se no tipo Cwa (Clima


Tropical de Altitude de Verões Brandos), na classificação de Koppen, isto é, clima
mesotérmico caracterizado por inverno seco e verão chuvoso. A temperatura média
81

anual é de 190C, com estação mais fria correspondente aos meses de maio a agosto, e
chuvosa de outubro a março. A média anual da umidade relativa do ar é em torno de 78
%. A precipitação media anual é da ordem de 1200 mm a 1400 mm.

3.1.3 Geologia

Segundo Guimarães (1996), Viçosa está situada no Complexo Cristalino, que é


constituído de rochas muito antigas. Estas rochas foram palcos de vários eventos
geológicos, como metamorfismo de alto grau e injeção de material básico,
principalmente, em forma de diques. O metamorfismo de alto grau, atuando sobre
granitos, gerou rochas gnáissicas e, com a refusão parcial das rochas, formaram-se
materiais de natureza híbrida metamórfica-ígnea, como migmatitos. Associados ao alto
grau metamórfico, encontram-se os micaxistos, constituídos de minerais micáceos, e os
gnaisses, constituídos de micas e anfibólios, com quartzo e feldspatos, ocorrendo em
ambos. Estas rochas caracterizam-se pela presença de estruturas particulares, como
xistosidade e foliação gnáissica, que facilitam o seu intemperismo. O processo de
intemperismo atua sobre as micas, que podem ser alteradas por minerais de camadas
2:1, expansíveis pela perda de potássio. Em adição, podem, ainda, alterarem-se os
minerais ferromagnesianos, ocorrentes nos diques de diabásio comuns na região, o que,
em ambientes conservativos, acumula ferro e magnésio, também promovendo a
formação de argilominerais 2:1. Em Viçosa, os minerais 2:1 encontrados são as micas,
ocorrendo como biotita, nos solos saprolíticos e de terraço.
A geologia da microrregião apresenta rochas do Embasamento Granito-
Gnáissico Indiviso referentes ao período Pré-cambriano. Elas são constituídas de
gnaisses moderamente indiferenciados à bastante alterados, apresentando níveis
quartzosos intercalados a níveis micáceos. Observa-se também, presença de intrusões de
rocha metabásica, que às vezes são concordantes e outras discordantes com a foliação
da rocha local (LUÍS, 2000). Sobre essas rochas, que pertencem ao Complexo
Cristalino, encontra-se uma cobertura terciária pouco espessa e ao longo dos vales e das
vias fluviais aparecem os sedimentos quaternários, que constituem os depósitos
aluvionares de caráter argiloso, argilo-arenoso ou arenoso. Morfoestruturalmente, a
região integra o Domínio dos planaltos Cristalinos Rebaixados, situando-se entre as
escarpas da Serra da Mantiqueira, a leste, e a Serra do Espinhaço (Domínio do Planalto
Proterozóico), ao oeste. As condições morfoclimáticas dessa microrregião são,
caracteristicamente, as das zonas intertropicais úmidas, em que predominam os
82

processos químicos e biogênicos, os quais atuam associados a processos mecânicos. Da


ação conjugada desses processos resulta um manto de alteração (alterito) bastante
espesso, nas áreas de declividades fracas a médias (IGA, 1976).
Segundo Baptista et al (1997), o complexo da Mantiqueira, de origem
Proterozóica Inferior, ocupa a maior parte da região de Viçosa e compõe-se de gnaisses
bandados de composição tonalitotrondjemítica e granito-granodiorítica com
intercalações freqüentes de corpos tabulares de metabasitos. Metaultrabasito, rocha
calcosilicática, metagabro e raros quartzitos estão subordinados. Diques de rochas
básicas/metaultrabásicas encontram-se, também, encaixados entre os gnaisses do
Complexo Mantiqueira. As foliações são marcantes e de formas onduladas, cuja
principal orientação é NW/NE, as fraturas e os lineamentos têm orientação NW/NE e na
maioria das vezes estão preenchidas por veios de quartzo e ferro.

3.1.4 Geomorfologia

No que se refere ao relevo, a microrregião pertence ao Domínio Tropical


Atlântico de Mares de Morros e caracteriza-se por sua topografia fortemente acidentada,
apresentando proporções reduzidas de áreas planas, quase restritas aos terraços e leitos
maiores. Predominam, no município, colinas convexas e convexo-côncavas, alinhadas
em formas de espigões, bastante seccionadas pela rede de drenagem. Os topos são
aplanaidos, ou abalados, e funcionam como divisores de água (interflúvios) para as
pequenas bacias de drenagem. As vertentes apresentam ondulações e são bastante
ravinadas. As elevações e os fundos de vale formam dois conjuntos pedológicos
distintos do planalto de Viçosa. Nas elevações, dominam os Latossolos e Cambsolos-
Latossólicos, ao passo que os fundos de vale apresentam, nos terraços, solo Podzólico
Câmbico de textura muito argilosa, sendo os leitos maiores constituídos por solos
aluviais de textura geralmente fina, algumas vezes em associação com hidromórficos
(CORRÊA, 1984). Em linhas gerais, as vertentes desenvolvem-se em seqüência
côncavo-convexo-topo e partes íngremes, conforme mostra a Figura 3.1, constratando
com os fundos de vale, também com relação às características pedológicas (REZENDE,
1971; KER e SCHAEFER, 1995). A concordância dos topos das elevações e a
ocorrência de alguns topos planos, relativamente extensos, sugerem a existência
pretérita de um chapadão. O profundo manto de intemperismo e a virtual ausência de
afloramentos de rochas reforçam esta idéia. A área foi, e está sendo, dissecada pelo
entalhamento da drenagem, vindo da parte costeira. A profundidade dos depósitos de
83

terraço sugere que esta região foi recortada por “canyons”. Estes foram posteriormente
colmatados pelo material dos terraços. Os morros em “meia laranja” que se formaram,
estão sendo agora dissecados, através do processo de ravinamento.

Figura 3.1 - Esquema de conformação típica da vertente de Viçosa – MG, assinalando-se seus segmentos
(RESENDE, 1971).

Segundo Resende 1982, ao observar um perfil na Zona da Mata, em Minas


Gerais (solos desenvolvidos de gnaisse), podem-se distinguir os seguintes horizontes:

a) Horizonte A – Apresenta-se como um horizonte escurecido e constitui a


camada arável do perfil.
b) Horizonte B – Apresenta-se como uma camada bastante espessa, de
coloração amarela, vermelha ou vermelha-amarelada.
c) Horizonte C – Apresenta-se como uma camada rósea, na parte superior, e
acinzentada, na parte inferior, que se estende até a rocha. Nesse horizonte, os
vestígios da estrutura da rocha são, ainda, visíveis.

3.1.5 Pedologia

A exposição circusntanciada dos dados e as informações das classes de solos


apresentadas a seguir é uma compilação dos trabalhos de Carvalho Filho (1989) e
Ramalho (1994), incorporando-se também uma descrição de Azevedo (1999), com
84

citação mineralógica das classes de solos. Neste item serão descritos somente os tipos
de solos superficiais, referentes ao campo de estudo da Pedologia. Além dos solos
superficiais, existem os solos saprolíticos que são muito comuns e de grande
importância geotécnica na cidade de Viçosa. Estes solos, por não pertencer ao campo de
estudo da pedologia, serão descritos posteriormente, quando serão apresentados os dois
horizontes utilizados neste estudo.

3.1.5.1 Latossolo Vermelho-Amarelo (LV)

Solo de grande expressão territorial no relevo de Viçosa, bastante intemperizado


e lixiviado. Engloba os solos provenientes de material de origem pré-intemperizado de
gnaisse, podendo alcançar algumas dezenas de metros na seqüência de horizontes A-B-
C. Normalmente apresentam textura areno-argilosa a argilo-arenosa e aspecto bastante
poroso. Situam-se nos topos estreitos e nas pedoformas côncavo-convexas e são
formados em áreas de antigos pediplanos e mineralogicamente apresentam
predominância de caulinita, goethita, hematita e traços de gibbsita.

3.1.5.2 Latossolo Vermelho-Amarelo Variação Una (LVU)

Pode ser encontrado no topo de elevações com relevo plano. Apresenta um


expressivo horizonte B, profundo, poroso e bem drenado, de textura argilosa a muito
argilosa, o que lhe confere comportamento plástico e pegajoso. Apresenta pouca
diferenciação entre os horizontes A-B-C, e caracteriza-se pela cor brunada do horizonte
B. Mineralogicamente, possue alto teor de ferro e observa-se a presença de quartzo na
fração silte, bem como caulinita e gibbsita nas frações silte e argila.

3.1.5.3 Cambissolo (CL)

Ocorrem, predominantemente, nas vertentes mais íngremes do relevo. São solos


rasos onde: o horizonte B, possue uma espessura em torno de 50 cm, o horizonte C é de
pequena espessura e a rocha está situada perto da superfície. Como acontece com os
solos LV, devido ao intenso processo de intemperismo químico, esta classe de solos
também não apresenta mais minerais primários que existiam na rocha original, o
gnaisse, sendo encontrados somente os seguintes minerais secundários: caulinita,
goethita, hematita e gibbsita. Apresentam uma relação silte/argila maior que os outros
solos da paisagem e, por possuírem um horizonte B incipiente, a textura varia muito
85

pouco ao longo do perfil, sendo comuns modalidades areno-argilosa a muito argilosa.


Os cambissolos estão associados nas elevações com os Latossolos e nas partes baixas
com o Podzólico Vermelho-Amarelo com B Bruno Micáceo localizado no piso das
ravinas.

3.1.5.4 Podzólico Vermelho-Amarelo (PV)

São formados por sedimentos fluviais originários de solos desenvolvidos de


gnaisse Pré-Cambriano. São solos que apresentam o horizonte B textural pela
translocação de argila do horizonte A para o horizonte B. Segundo CORRÊA (1984),
corresponde a uma superfície plana elaborada em ambiente flúvio-lacustre e,
posteriormente, dissecada pela rede de drenagem atual, evidenciando os terraços.
Apresentam estrutura em blocos e cerosidade formada pela deposição da argila
na superfície dos agregados no horizonte B fluvial. Esta cerosidade os protege da ação
de agentes erosivos. Mineralogicamente, apresentam quartzo, caulinita e gibsita nas
frações silte e argila; na fração areia, apresentam também pseudomorfos de micas. A cor
avermelhada e amarelada é devida aos óxidos de ferro: hematita e goethita.

3.1.5.5 Podzólico Vermelho-Amarelo com B Bruno micáceo (PVB)

Ocupam posições mais baixas da paisagem com certa declividade, em ambientes


conservadores e em condições de drenagem ineficientes, onde os processos de erosão
não são intensos a ponto de formarem Cambissolos Latossólicos ou Latossolos. São
solos mais jovens e férteis, rejuvenecidos pela erosão geológica. Associam-se, nas
laterais das ravinas, com Cambissolos ou Cambissolos Latossólicos. Estes solos
apresentam como características importantes o aspecto lustroso e de brilho graxo,
conseqüência da presença de caulinita pseudomorfa.

3.1.5.6 Cambissolo Latossólico (CL)

Os Cambissolos Latossólicos localizam-se nas elevações, normalmente nas


partes mais íngremes da paisagem, apresentando um Horizonte A com alguns
centímetros de espessura, Horizonte B incipiente maior que 50 cm. Com uma
declividade acentuada, são formados a partir do rejuvenecimento dos Latossolos pela
erosão geológica. São solos rasos e expostos freqüentemente à erosão com o manto de
86

intemperismo C bem profundo, pois são encontrados normalmente nas partes íngremes
do relevo, podendo também ser encontrados nas bordas das ravinas anfiteátricas.

3.1.5.7 Solos Hidromórficos (HI)

São solos de topografia plana, que se encontram no leito maior das linhas de
drenagem, às margens dos cursos d’água ou partes baixas do terreno sob condição de
saturação de água ou alagamento temporário, formados a partir do pequeno volume
d’água que drenam os vales. Estes solos apresentam, como características principais,
cores acinzentadas devido às condições de hidromorfismo a que estão sujeitos. Nota-se
que as características determinadas pela ação do clima e da vegetação não se
desenvolveram integralmente, em virtude da restrição imposta pelo excesso de umidade
permanente ou temporário do solo durante períodos variáveis do ano.

3.2 Perfil de solo escolhido

A Microrregião de Viçosa, município do Estado de Minas Gerais, situa-se no


domínio do Complexo Cristalino Brasileiro constituída por rochas pré-cambrianas, com
predominância de gnaisse e anfibolitos. O perfil considerado neste trabalho é
desenvolvido de gnaisse, e se compõe das duas ocorrências de maior relevância na
Microrregião de Viçosa, o Latossolo Vermelho-Amarelo (horizonte B), pedogenizado, e
o Saprolito (horizonte C).
O perfil de solo apresenta-se com um horizonte B com forte estruturação, em
geral, microgranular e, em alguns casos, em blocos subangulares (Schaefer, 1995). A
textura dos solos é bastante variável, com perfis porosos e permeáveis, com índice de
vazios em geral superiores a 1 (Azevedo, 1999), possuindo tonalidades de cores
vermelhas até amarelas, com partículas de diâmetros menores que 2 mm, e com
propriedades geotécnicas variáveis. A fração argila desses solos, nas condições
prevalecentes do planalto de Viçosa, são dominantemente cauliníticas e oxídicas (Ker e
Schaever, 1995). Subjacente a essa camada superficial, surge outra que diferencia-se
pela cor rósea ou ligeiramente mais avermelhada, podendo ainda ocorrer mistura de
diversos matizes, o horizonte C. Neste há aumento dos teores das frações silte e areia,
bem como a presença de partículas micáceas e flocos grandes de caulinita pseudomorfa
de biotita (Pinto, 1971).
87

Na Figura 3.2 mostra-se o perfil de solo estudado e na Figura 3.3 mostra-se o


croqui esquemático do perfil. A seguir descreve-se com mais detalhes os dois materiais
utilizados no estudo.

Figura 3.2 - Perfil de solo estudado.

Figura 3.3 - (a e b) Croquis da vista frontal e lateral do perfil.


88

3.2.1 Latossolo Vermelho - Amarelo

Como já referido anteriormente, este solo é de grande expressão territorial no


relevo de Viçosa. Segundo Azevedo (1999), são bastante intemperizados e lixiviados,
de perfis profundos ou muito profundos de seqüência de Horizontes A-B-C, com
diferenciação dos horizontes e apresentam o Horizonte B latossólico. São provenientes
do material de origem pré-intemperizado do gnaisse, decorrentes da grande alternância
climática entre períodos mais úmidos e mais secos. Normalmente, apresentam textura
areno-argilosa a argilo-arenosa.
Situam-se nos topos estreitos e nas pedoformas convexo-convexas, com maior
desenvolvimento dos solos localizados nas pendentes (REZENDE, 1971). Com uma
localização de maior estabilidade no relevo, possuem uma taxa de pedogênese maior
que a taxa de erosão.
Mineralogicamente, apresentam predominância de caulinita, goethita, hematita e
traços de gibsita. A maior presença de hematita e a ocorrência intimamente da goethita
lhes confere uma tonalidade mais avermelhada, característica da ocorrência desse
mineral no perfil (CARDOSO, 1994). Este autor, estudando aspectos geotécnicos
ligados à expansibilidade de quatro ocorrências de latossolo da região, encontrou
texturas areno-argilosa para três amostras e argilo-arenosa para uma amostra, com limite
de liquidez variando de 63% a 78% e IP de 20% a 33%. De acordo com as
classificações Unificada (USC) e HBR, todas as amostras enquadraram-se no grupo MH
e grupo A-7-5, respectivamente, com índice de grupo variando de 9 a 17.
Segundo Azevedo (1999), no que concerne aos constituintes do Latossolo
Vermelho-Amarelo, na amostra no estado natural, foram observadas feições da
microestrutura característica dos Latossolos Vermelhos-Amarelos de Viçosa, grãos de
esqueleto com microagregação ovóide forte, algo coalecida, com contato face-a-face,
em virtude da natureza caulinítica da fração argila destes solos, e pequenos quartzos. O
plasma é formado por um conjunto relativamente isotrópico, muito fino, de aspecto
floculado, de tonalidades vermelho-amarela e alguns pontos vermelhos escuros. Os
vazios são bem visíveis nesta escala e estão compreendidos entre os microagregados e
interligados entre si.
Este solo, Figura 3.4, é composto de material completamente intemperizado que
é visivelmente uniforme e homogêneo. Esta camada é um solo residual maduro, de
acordo com Vargas (1953), e corresponde aos horizontes IA e IB no sistema de
89

classificação de Deere & Patton (1971). Este solo tem experimentado muitos processos
pedogenéticos que deram como resultado um latossolo Vermelho-Amarelo e que pode
ser identificado como argila areno siltosa.

Figura 3.4 - Latossolo Vermelho-Amarelo estudado.

3.2.2 Solo saprolítico (residual jovem)

Como já referenciado, além dos solos superficiais, campo de estudo da


Pedologia, foi colhida também, uma amostra de solo do manto saprolítico, horizonte C,
Figura 3.5. Na sua parte superior, exibe a presença de mica e mostra-se com um tom
róseo mais avermelhado, devido à presença de hematita. A textura é areno-silto-
argilosa. Na sua parte inferior, apresenta coloração mais acinzentada, com pouca
presença de óxidos de ferro, prevalecendo caulinita e mica, textura também areno-silto-
argilosa, contudo com maior quantidade de areia fina.
90

Figura 3.5 - Solo saprolítico estudado.

Esta camada, pode ser classificada como solo residual jovem segundo Vargas
(1953) ou como solo saprolítico (horizonte IC) segundo Deere & Patton (1971). Este
solo possui, visualmente, estratificações e características peculiares da rocha mãe que
podem ser facilmente identificadas, e que sugerem que o solo seja heterogêneo e
anisotrópico. Embora a aparência de rocha seja visível, este solo pode ser facilmente
destruído quando manuseado. Trata-se de uma areia siltosa.

3.3 Métodos

3.3.1 Metodologia de campo

Os trabalhos de campo consistiram de retiradas de amostras indeformadas e


deformadas. As amostras indeformadas, representativas do solo quanto à estrutura,
umidade, constituição mineralógica e textura, foram obtidas em blocos com dimensões
de 35 cm x 35 cm x 35 cm. As amostras deformadas, representativas do solo quanto à
textura e constituição mineralógica, foram retiradas com o emprego de pá, picareta,
enxada. As amostras foram armazenadas em sacos plásticos e transportadas para o
laboratório.
91

3.3.2 Metodologia de laboratório

O programa experimental consistiu de ensaios para a caracterização:


granulometria, massa específica dos sólidos, limites, curva característica, Mini-MCV e
Perda de Massa por Imersão destinados à caracterização MCT, Difração Raio X
destinado à caracterização mineralógica e ensaios destinados à análise porosimétrica e
micromorfológica. Foram executados também ensaios triaxiais de compressão axial e
hidrostática.

3.3.2.1 Ensaios de caracterização

3.3.2.1.1 Caracterização Geotécnica

Para os dois solos foram realizados ensaios de granulometria conjunta (NBR


7181/ABNT-1984), ensaios de limite de liquidez (NBR6459/ABNT-1984) e de
plasticidade (NBR7180/ABNT-1984) e ensaios de massa específica dos sólidos
(NBR6508/ABNT-1984).
Ensaios para determinação da curva característica foram realizados nos dois
solos utilizando-se a câmara de Richards. Neste equipamento a sucção é aplicada
elevando-se a pressão de ar e mantendo-se a pressão de água igual à atmosférica. A
sucção corresponde portanto à pressão de ar, visto que a pressão na água é zero. Os
valores de sucção aplicados com o uso do equipamento foram de 25, 50, 100, 150, 200,
250, 300 e 350 kPa. O tempo para estabilização do peso das amostras variou de uma a
duas semanas. Os corpos de prova foram obtidos utilizando-se anéis biselados com
diâmetro interno de aproximadamente 75 mm e altura de 20 mm.

3.3.2.1.2 Análise Mineralógica

As análises mineralógicas foram realizadas no laboratório de solos da


Universidade Federal de Viçosa. Estas análises foram realizadas na fração Areia-
Grossa, Areia-Fina e Argila. Para os ensaios na fração areia as lâminas foram do tipo
escavada (não orientada), montadas com o pó destas frações. As lâminas da fração
argila foram montadas pelo método do esfregaço (lâminas orientadas), as quais foram
colocadas para secar à temperatura ambiente. Os componentes destas frações foram
identificados por difração de raios X, utilizando-se tubo de cobalto com monocromador
de grafite curvo, varrendo-se as amostras entre 40 e 500 2θ.
92

3.3.2.1.3 Caracterização MCT (Miniatura, Compactado, Tropical)

Os ensaios necessários para obter a classificação MCT são: Mini-MCV e Perda


de Massa por Imersão. Estes ensaios foram realizados segundo o procedimento
introduzido por NOGAMI e VILLIBOR (1981).

3.3.2.1.4 Análise Porosimétrica

A análise porosimétrica foi realizada no Instituto de Física de São Carlos – USP


utilizando-se o “POROSIZER 9310”, da Micromeritics Instrument Corporation, com
capacidade máxima de 30000 psi e com controle automático de pressão.
Os ensaios de porosimetria por intrusão de mercúrio foram realizados, nos dois
horizontes, através de amostras, indeformadas e cúbicas, com aproximadamente 1,5 cm
de lado. Neste ensaio, a amostra de solo, previamente seca, é submetida à injeção de
mercúrio sob pressão. Inicialmente a amostra de solo é colocada em um recipiente,
designado de penetrômetro, o qual é preenchido por mercúrio. Em seguida, aplica-se o
vácuo para que o mercúrio possa penetrar nos poros do solo sem a interferência da água
e do ar. Para cada estágio de pressão aplicada, mede-se o volume de mercúrio que
penetra nos poros da amostra. O ensaio começa com a intrusão nos poros de maior
diâmetro, a baixas pressões, estendendo-se a intrusão para os poros de menor diâmetro,
à medida que as pressões vão sendo elevadas.

3.3.2.1.5 Análise Micromorfológica

As análises foram realizadas em amostras indeformadas, no laboratório de solos


da Universidade Federal de Viçosa. O preparo e a descrição de seções finas dos solos
obedeceu aos critérios de Murphy (1986).
Em laboratório os corpos de prova foram colocados em estufa a 350C, por dois
dias, seguindo a saturação com acetona (imersão total da amostra em bacia plástica),
para remover a umidade remanescente e favorecer a penetração da resina. Procedeu-se à
impregnação dos corpos de prova com uma resina crística e estireno como diluente,
adicionada de pigmento UV fluorescente. A impregnação foi feita através de vácuo e a
cura foi feita em ambiente ventilado, por sete dias. Após a polimerização, foram
preparadas seções finas para observação em microscópio petrográfico, revelando a
93

microestrutura dos solos. As lâminas foram montadas por meio de araldite e desbastadas
até atingir aproximadamente 30 micrômetros.
As fotomicrografias foram tiradas em microscópio petrográfico Carl Zeiss, entre
luz plana, de seções finas obtidas das amostras dos dois solos.

3.3.2.2 Ensaios triaxiais

3.3.2.2.1 Ensaios em amostras saturadas

Para a realização dos ensaios de compressão triaxial foi utilizado o equipamento


mostrado na Figura 3.6. As pressões foram aplicadas e controladas por atuadores de
pressão/volume. Todas as medidas foram realizadas de forma automatizada
externamente à câmara. Inicialmente foi feita uma comparação entre medidas de
variação volumétrica realizadas com base na quantidade de água entrando ou saindo da
câmara triaxial, levando-se em conta a curva de calibração da câmara triaxial e o
volume deslocado pela entrada do pistão da câmara durante a fase de cisalhamento, e
medidas de variação volumétrica pela água que sai de dentro do corpo de prova.
Verificou-se que para a câmara utilizada e para o tempo de ensaio, as relações entre a
deformação axial versus deformação volumétrica foram equivalentes, demonstrando
assim, que para a câmara utilizada, pequena e cintada, o efeito de dilatação durante a
ruptura é insignificante. O deslocamento axial no topo da amostra foi obtido por meio
de um transdutor de deslocamento, do tipo resistivo, instalado na base do anel
dinamométrico. O valor da contra pressão foi obtido por meio de um transdutor de
pressão instalado de modo a medir a pressão neutra na base do corpo de prova. A
diferença de tensões principais foi obtida por intermédio de um transdutor de
deslocamento acoplado a um anel dinamométrico.
Ensaios de compressão triaxial convencionais drenados em amostras saturadas
por contra-pressão foram realizados em três direções diferentes. A primeira corresponde
à direção vertical, considerando a posição do bloco em campo. As duas outras
correspondem às direções paralela e perpendicular ao bandamento do solo residual
jovem de gnaisse, conforme apresentado na Figura 3.7. No solo residual maduro, por
não apresentar nenhuma foliação visível, os ensaios foram realizados na direção vertical
(campo), perpendicular à direção vertical e a 450 em relação à direção vertical. Os
ensaios foram carregados em compressão axial e as tensões de adensamento variaram
entre 50 e 400 kPa. Adicionalmente realizaram-se ensaios de compressão hidrostática
94

drenados para amostras do solo residual jovem e maduro. Nesta fase, para o solo
maduro realizaram-se 14 ensaios e para o solo jovem, 18 ensaios.

Figura 3.6 - Equipamento triaxial convencional utilizado para os ensaios saturados.

Figura 3.7 - Direções adotadas, em relação ao bandamento, na moldagem dos corpos de prova para o solo
residual jovem.
95

Foram realizados ainda, ensaios de tensão controlada, em trajetórias diferentes


da convencional, no solo jovem, em uma prensa do tipo Bishop Wesley. Fazem parte
deste equipamento os seguintes componentes: uma prensa triaxial do tipo Bishop
Wesley, três atuadores de pressão, três transdutores internos de deslocamento do tipo
efeito Hall (dois axiais e um radial), uma célula de carga submergível, uma interface
para comunicação micro-atuadores-transdutores e um software de gerenciamento do
sistema, denominado GDSTTSV7.18. Na Figura 3.8 é apresentada a disposição geral
dos equipamentos para a realização dos ensaios com a prensa triaxial do tipo Bishop
Wesley, na Figura 3.9 são apresentados os transdutores de deslocamento do tipo efeito
Hall e na Figura 3.10 é apresentado um esquema da prensa com suas principais
conexões com os atuadores de pressão/volume e as principais medidas efetuadas
durante os ensaios.

Figura 3.8 - Disposição geral dos componentes da prensa triaxial do tipo Bishop Wesley servo
contralada.
96

(a) (b)

Figura 3.9 - Transdutores de deslocamento de efeito Hall: a)Desmontados; b)Montados sobre o corpo de
prova.

Figura 3.10 - Representação esquemática da prensa Bishop Wesley utilizada.


97

Para a realização dos ensaios, os corpos de prova eram colocados na base da


câmara, após o que se instalava a membrana de látex e o cabeçote para a aplicação da
tensão desviadora. Feito isto instalava-se os medidores de deslocamento internos. A
instalação dos medidores de deslocamento internos se deu por colagem das suas bases
com silicone na membrana de látex que revestia a amostra. Estando o silicone
vulcanizado, a posição relativa do imã/sensor de efeito hall era ajustada de modo a que
todo o intervalo de leitura dos transdutores fosse utilizado. Devidamente instalados os
transdutores de deslocamento internos, era colocada a parte superior da prensa, que
contém a célula de carga, e assim era feito o ajuste desta célula que era deslocada no
sentido vertical até que tocasse levemente o corpo de prova. Procedia-se então ao
enchimento da câmara utilizando-se água destilada e deaerada.
Nesses ensaios os corpos de prova foram primeiramente saturados utilizando-se
a técnica de saturação por contra pressão e, logo em seguida, adensados com uma tensão
de 150 kPa, um pouco maior que metade da tensão de pré-adensamento hidrostática, e
consecutivamente cisalhados segundo as trajetórias indicadas na Figura 3.11, utilizando-
se o aplicativo para controle dos atuadores e medidas de instrumentação interna,
“GDSTTSV7.18”. Todos os ensaios foram realizados de modo que, a partir de uma
previsão inicial dos pontos de ruptura do corpo de prova, as velocidades de aplicação de
tensões fossem tais que os ensaios tivessem uma duração mínima de oito horas. Para
valores maiores de deformação, quando a capacidade de medida dos trandutores de
deslocamento internos do tipo efeito Hall era superada, utilizaram-se as medidas
realizadas externamente por meio dos atuadores para calcular os acréscimos de
deformação do corpo de prova.

Figura 3.11 - Trajetórias de tensões adotadas nos ensaios com tensão controlada realizados na célula do
tipo Bishp Wesley.

Os ANEXOS de 1 até 4 mostram as dimensões e características de todos os corpos de prova dos


dois horizontes, utilizados nos ensaios triaxiais saturados por contra pressão.
98

3.3.2.2.2 Ensaios em amostras não saturadas

Os ensaios em amostras não saturadas consistiram de ensaios onde a sucção


matricial (ua – uw) era instalada e controlada e ensaios em corpos de prova secos ao ar,
onde a sucção não era controlada durante o ensaio.
Os ensaios com controle da sucção matricial (ua-uw) compreenderam ensaios de
compressão triaxial e compressão hidrostática, realizados na câmara do tipo Bishop
Wesley . O objetivo dos ensaios triaxiais de compressão axial com controle de sucção,
realizados na Bishop Wesley, nos solos maduro e jovem, foi obter as envoltórias de
resistências dos solos em diferentes sucções e profundidades, e juntamente com ensaios
de compressão hidrostática, com sucção controlada, as curvas de escoamento em
diferentes níveis de sucção, mostrando assim como é o encruamento do solo com o
aumento da sucção.
Para que os ensaios triaxiais fossem realizados em um menor tempo, a sucção
matricial desejada foi imposta aos corpos de prova em câmaras separadas (Figura 3.12),
conectadas a um painel de ar comprimido, utilizando-se a técnica de translação de eixos
(Hilf, 1956). O período mínimo de permanência dos corpos de prova para instalação da
sucção foi determinado através da observação da constância de peso das amostras, que
foi em torno de 12 dias para os dois solos ensaiados. Para que todos os corpos de prova
seguissem trajetórias prévias de sucção, aproximadamente iguais, estes eram
umedecidos até valores de umidade próximos da umidade de saturação, para que depois
a sucção fosse aplicada.

Figura 3.12 - Câmaras para instalação da sucção matricial nos ensaios com sucção controlada.

Após o período de instalação da sucção matricial nas amostras, estas eram


levadas à câmara triaxial para o adensamento e o cisalhamento. Procurando-se corrigir
99

eventuais variações na sucção matricial instalada no corpo de prova durante a


montagem na câmara triaxial, o corpo de prova era deixado na mesma por um período
de um a dois dias, observando-se a quantidade de água expulsa ou absorvida pelo corpo
de prova após sua instalação. Em todos os ensaios utilizou-se a pressão de água igual a
pressão atmosférica na base do CP . Para a realização dos ensaios, a base da câmara da
prensa triaxial Bishop Wesley foi trocada por outra contendo uma pedra porosa de alto
valor de entrada de ar (5 Bar), de 50mm de diâmetro. A aplicação da sucção matricial
desejada se deu por uso da técnica de translação de eixos, sendo a pressão de ar aplicada
pelo topo da amostra através de um compressor de ar comprimido, e controlada por uma
válvula de pressão ligada a um manômetro. Durante a fase de repouso do corpo de
prova na câmara triaxial, o valor da tensão confinante foi mantida sempre 10 kPa
superior à pressão de ar (σc-ua = 10 kPa). O cisalhamento foi feito utilizando a opção de
deformação controlada, existente no programa, permitindo assim obter o
comportamento pós pico dos solos ensaiados. A velocidade adotada nos ensaios foi de
0.006 mm/minuto. Como a amostra se apresentava não saturada, as medidas de
deformação volumétrica efetuadas pelo atuador conectado à base do corpo de prova não
foram possíveis. Deste modo, o cálculo das deformações sofridas pela amostra só pôde
ser feito até o intervalo de medida útil dos transdutores de deslocamentos internos. Os
valores de sucção matricial escolhidos para a realização dos ensaios foram de 40, 80,
160 e 320 kPa e os valores de (σc - ua) adotados foram de 50, 100 e 200 kPa. No solo
jovem foram realizados 14 ensaios, sendo 11 de cisalhamento triaxial e 3 de compressão
hidrostática e no solo maduro foram realizados 8 ensaios de cisalhamento triaxial e três
de compressão hidrostática.
Os ensaios em corpos de prova secos ao ar e posteriormente cisalhados sem o
controle da sucção matricial tiveram dois objetivos. O primeiro foi checar os ensaios
com controle de sucção realizados, baseando-se no fato que a tensão máxima obtida nos
ensaios com as amostras secas ao ar (sucção bem alta) deve ser maior que a tensão
máxima obtida nos ensaios com sucção controlada realizados. O segundo objetivo foi
tentar prever, juntamente com ensaios triaxiais saturados (ua – uw = 0), a curva coesão
versus sucção matricial fornecida pelos ensaios com sucção controlada.
Os ANEXOS de 5 até 6 mostram as dimensões e características dos corpos de
prova dos dois horizontes, utilizados nos ensaios triaxiais com sucção matricial
controlada. O ANEXO 7 mostra as características dos corpos de prova do solo residual
jovem, secos ao ar e submetidos aos ensaios triaxiais sem o controle de sucção.
100

4 RESULTADOS

4.1 Ensaios de Caracterização

4.1.1 Caracterização Geotécnica

Na Figura 4.1 mostram-se as curvas granulométricas, do solo residual maduro e


do solo residual jovem, obtidas através do ensaio de granulometria conjunta. Na Tabela
4.1 mostram-se os resultados dos ensaios de limite de liquides, limite de plasticidade, e
de massa específica dos sólidos.

100
Porcentagem que passa (%)

80

60

40

20

0
0,0001 0,001 0,01 0,1 1 10
Diâmetro dos grãos (mm)
Residual M aduro Residual Jo vem

Figura 4.1 - Curvas granulométricas dos solos estudados.

Tabela 4.1 - Resultados dos ensaios de caracterização geotécnica realizados.


Horizonte Areia Silte Argila LL LP IP γs
(%) (%) (%) (%) (%) (kN/m3)
Grossa Média Fina
Maduro 5 11 11 15 58 68 39 29 27,2
Jovem 6 24 20 45 5 38 23 15 26,7

Quanto ao sistema Unificado de Classificação de Solos (SUCS) o solo maduro é


classificado como MH e o solo jovem como SC-SM. Quanto a Classificação do
Highway Research Board (HRB) o solo maduro é classificado como A-7-5 (19) e o solo
jovem como A-6(5).
101

4.1.2 Ensaios de Caracterização Mineralógica

Na Figura 4.2 mostra-se o resultado da caracterização mineralógica, por difração


de raio X, realizada no solo maduro para as frações areia grossa, areia fina e argila. Na
Figura 4.3 mostra-se o difratograma expandido da fração argila, onde se pode apreciar
com mais detalhe os minerais presentes nesta fração.

3500

3000
Caulinita Caulinita
2500

2000

Caulinita
Contagem

Goethita
Gibbsita

1500

Argila
1000
Quartzo Quartzo
Areia Fina
500
Quartzo Quartzo Quartzo

0 Areia Grossa

-500
0 10 20 30 40 50 60
Ângulo 2 θ (tubo de cobalto)

Figura 4.2 – Difratogramas do solo residual maduro.

500
Caulinita
450 Caulinita
400

350

300
Contagem

Caulinita
Gibbsita

250

200
Goethita

150
Goethita

100 VHE

50

0
0 10 20 30 40 50 60
Ângulo 2 θ (tubo de cobalto)

Figura 4.3 - Difratograma expandido da fração argila do solo maduro.


102

Na Figura 4.4 mostra-se o resultado da caracterização mineralógica, por difração


de raio X, realizada no solo jovem para as frações areia grossa, areia fina e argila. Na
Figura 4.5 mostra-se o difratograma expandido da fração argila.

3500
Caulinita

3000 Caulinita

2500

2000
Contagem

1500
Goethita Caulinita
Mica Mica Mica
Argila
1000
Quartzo Quartzo Quartzo
Areia Fina
500 Quartzo
Quartzo Quartzo
Areia Grossa
0

-500
0 10 20 30 40 50 60
Ângulo 2 θ (tubo de cobalto)

Figura 4.4 - Difratogramas do solo residual jovem.

500

450
Caulinita Caulinita
400

350

300
Contagem

250
Mica / Caulinita.

Hematita / Goethita

Caulinita
200
Goethita

Mica

150
Hematita.
Mica

100
Mica

50

0
0 10 20 30 40 50 60
Ângulo 2 θ (tubo de cobalto)

Figura 4.5 - Difratograma expandido da fração argila do solo jovem.


103

4.1.3 Ensaios de porosimetria

Nas Figuras 4.6 a 4.8 mostram-se os resultados do ensaio de porosimetria por


intrusão de mercúrio realizado em duas amostras do solo maduro. Na Figura 4.6 mostra-
se a curva pressão de mercúrio aplicada (Psi) versus volume da intrusão (carga e
descarga), na Figura 4.7 mostra-se a curva diâmetro dos poros (micrometro) versus
volume da intrusão e na Figura 4.8 mostra-se a curva diâmetro dos poros (micrometro)
versus log do diferencial de volume.
volume acumulado (ml/g)

0,35
0,3
0,25 solo maduro
0,2
ensaio 1
0,15 ensaio 2
0,1
0,05
0
1 10 100 1000 10000 100000

pressão (psi)

Figura 4.6 - Pressão de mercúrio (psi) versus volume acumulado de mercúrio (ml/g), (solo maduro).

0,35
volume acumulado (ml/g)

0,3
ensaio 1
0,25 solo maduro
0,2 ensaio 2
0,15
0,1
0,05
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
diâmetro dos poros (um)

Figura 4.7 - Diâmetro dos poros (micrometro) versus volume acumulado de mercúrio (ml/g), (solo
maduro).
logdiferencial volume(ml/g)

0,6
0,5
0,4 solo maduro ensaio 1
0,3 ensaio 2
0,2
0,1
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
diâmetro dos poros (um)

Figura 4.8 - Diâmetro dos poros versus log diferencial do volume de mercúrio (ml/g), (solo maduro).
104

Nas Figuras 4.9 a 4.11 mostram-se os resultados para duas amostras do solo
jovem. Na Figura 4.9 mostra-se a curva pressão de mercúrio versus volume da intrusão
(carga e descarga), na Figura 4.10 mostra-se a curva diâmetro dos poros (micrometro)
versus volume da intrusão e na Figura 4.11 mostra-se a curva diâmetro dos poros
(micrometro) versus log do diferencial do volume.
volume acumulado (ml/g)

0,25

0,2

0,15 ensaio 1

0,1
solo jovem ensaio 2

0,05

0
1 10 100 1000 10000 100000

pressão (psi)

Figura 4.9 - Pressão de mercúrio (Psi) versus volume acumulado de mercúrio (ml/g), (solo jovem).

0,25
volume acumulado (ml/g)

0,2 solo jovem


ensaio1
0,15 ensaio 2

0,1

0,05

0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
diâmetro dos poros (um)

Figura 4.10 - Diâmetro dos poros (micrometro) versus volume acumulado de mercúrio (ml/g), (solo
jovem).
logdiferencial volume(mg/l)

0,16
0,14
solo jovem
0,12
ensaio 1
0,1
0,08 ensaio 2
0,06
0,04
0,02
0
0,001 0,01 0,1 1 10 100 1000
diâmetro dos poros

Figura 4.11 - Diâmetro dos poros versus log diferencial do volume de mercúrio (ml/g) (solo jovem).
105

4.1.4 Classificação MCT

Nas Figuras 4.12 e 4.13 mostram-se os resultados obtidos para o solo maduro no
ensaio Mini MCV e na Figura 4.14 mostra-se o resultado do ensaio de perda de massa
por imersão.

25

W = 36,50 %
20 W = 33,49 %
Afundamento (mm)

w = 31,92 %
W = 27,98 %
15
W = 24,98 %
c'

10

0
1 10 100

Nº. de Golpes (n)

Figura 4.12 - Curvas de Afundamento (mm) em função do número de golpes (determinação de c’).

1,6 6
8
12
Massa Específica Aparente Seca (g/cm3)

1,5 16
24
d'
1,4

1,3

1,2

1,1
19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39

Teor de Umidade (%)

Figura 4.13 - Curvas de compactação com o número de golpes para cada teor de umidade (determinação de
d’).

160
Perda por Imersão (%)

120

80

40

0
0 5 10 15 20
Mini-MCV

Figura 4.14 - Curva da Perda de Massa por Imersão em função do mini-MCV (determinação de PI).
106

Nas Figuras 4.15 e 4.16 mostram-se os resultados obtidos para o solo jovem no
ensaio Mini MCV e na Figura 4.17 mostra-se o resultado do ensaio de perda de massa
por imersão.

w = 22,77 %
20
w = 21,12 %
w = 19,07 %
w = 16,76 %
Afundamento (mm)

15 w = 14,57 %
w = 10,30 %
c'
10

0
1 10 100

Nº. de Golpes (n)

Figura 4.15 - Curvas de Afundamento (mm) em função do número de golpes (determinação de c’).

6
8
Massa Específica Aparente Seca (g/cm3)

12
1,7 16
24
d'

1,6

1,5
8 10 12 14 16 18 20 22 24

Teor de Umidade (%)

Figura 4.16 - Curvas de compactação com o número de golpes para cada teor de umidade (determinação de
d’).

300
Perda por Imersão (%)

290

280

270

260

250
5 10 15 20
Mini-MCV

Figura 4.17 - Curva da Perda de Massa por Imersão em função do Mini-MCV (determinação de PI).
107

Na Figura 4.18 mostra-se a classificação MCT obtida para os dois solos. O


coeficiente e’ foi obtido através da seguinte formulação: (Pi / 100 + 20/d’)1 / 3.

SAPROLITO
2
NS'

NA' NG'
1,5
e'

NA'

1
MADURO
LA LA' LG'

0,5
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0

c'

Figura 4.18 - Classificação MCT para os dois solos.

O solo residual maduro é classificado como LG’ (Laterítico Argiloso) e o solo


jovem como NS’ (não laterítico siltoso).

4.1.5 Curva Característica

Na Figura 4.19 mostra-se a curva de retenção de água representada pela relação


entre o teor de umidade gravimétrico versus sucção matricial, obtida para os dois solos.

pontos experimentais (solo maduro) - câmara de Richards


pontos experimentais (solo jovem) - câmara de Richards
-1
ajuste solo maduro (Van Genuchten). ws = 42 %; wr = 19 %; m = 0,099; n = 1,11; α = 1,2 kPa .
-1
ajuste solo jovem (Van Genuchten). ws = 28,8 %; wr = 0,64 %; m = 0,41; n = 1; α = 0,02 kPa .
ponto experimental solo jovem - papel filtro

50
Teor de umidade
gravimétrico (%)

40

30

20

10

0
0,1 1 10 100 1000 10000 100000
Sucção (kPa)

Figura 4.19 - Curva característica obtida para os dois solos.


108

4.1.6 Lâminas Delgadas

Nas Figuras 4.20 a 4.25 mostram-se as lâminas obtidas, respectivamente, para o


solo maduro e para o solo jovem.

325 µm

Figura 4.20 - Amostra indeformada do solo maduro observada ao microscópio ótico.

316 µm

Figura 4.21 - Lâmina Delgada do solo maduro, revelando forte micro-estruturação granular, tonalidades
vermelho-amarelas, abundantes carvões, nódulos ferruginosos e vazios interligados. Os teores de ferro
cimentante são elevados.
109

301 µm

Figura 4.22 - Amostra do solo maduro evidenciando certa soldagem (coalescência) dos microagregados
de forma ovóide, na parte mais compacta da amostra.

309 µm

Figura 4.23 - Fotomicrografia da amostra do solo maduro mostrando a ligação entre os diversos blocos de
microagregados.
110

305 µm

Figura 4.24 - Figura do solo saprolítico (jovem) mostrando detalhes da organização estrutural dos
pseudomorfos de biotita orientados em relação ao plano horizontal (Luz plana).

291 µm

Figura 4.25 - Figura do solo saprolítico (jovem) mostrando detalhes da organização estrutural dos
pseudomorfos de biotita orientados em relação ao plano horizontal (Luz plolarizada).
111

4.2. Ensaios Triaxiais

4.2.1 Ensaios drenados em amostras saturadas por contrapressão

Nas Figuras 4.26 a 4.31 mostram-se os resultados dos ensaios de compressão


triaxial drenados (CIDsat), em que a ruptura se deu por compressão axial. Nestes ensaios
os corpos de prova foram inicialmente saturados por contra pressão e adensados
isotropicamente. Os ensaios estão agrupados de acordo com a direção de carregamento.

700

400 kPa
600

500
σ1 −σ3 (kPa)

400
200 kPa

300 150 kPa


(a)
100 kPa
200

100 50 kPa

0
0 5 10 15 20 25 30
ε axial (%)

ε axial (%)

0 5 10 15 20 25 30
-2
50 kPa

-1
100 kPa
εvolumétrica (%)

0
(b)
1 150 kPa

2 250 kPa

4 400 kPa

Figura 4.26 - Resultados dos ensaios CIDsat , solo jovem, para a direção vertical: a) (σ1 - σ3) x εaxial , b) εv
x εaxial.
112

900

800 400 kPa

700

( kPa ) 600
250 kPa
500
σ1− σ3
(a)
400
150 kPa
300
100 kPa
200
50 kPa
100

0
0 5 10 15 20 25 30
ε axial (%)

ε axial (%)
0 5 10 15 20 25 30
-2
50 kPa

-1

0
εvolumétrica (%)

(b) 100 kPa

1 150 kPa

2
250 kPa
3

4 400 kPa

5
Figura 4.27 - Resultados dos ensaios CIDsat,, solo jovem, para a direção paralela ao bandamento: a) (σ1 -
σ3) x εaxial , b) εv x εaxial.
113

400 kPa
800

700

600

( kPa )
250 kPa
σ1 − σ3 500

(a)
400
150 kPa
300
100 kPa
200
50 kPa
100

0
0 5 10 15 20 25 30
εaxial (%)

ε axial (%)
0 5 10 15 20 25 30
-2
50 kPa

-1 100 kPa

0 150 kPa
ε volumétrica (%)

(b) 1
250 kPa
2

3 400 kPa

5
Figura 4.28 - Resultados dos ensaios CIDsat, solo jovem, direção perpendicular ao bandamento: a) (σ1-σ3)
x εaxial , b) εv x εaxial.
114

700

600 250 kPa

500
σ1 − σ3 (kPa)
200 kPa

400
(a) 150 kPa

300
100 kPa

200
50 kPa

100

0
0 5 10 15 20 25 30 35
ε axial (%)

ε axial (%)

0 5 10 15 20 25 30 35
0

1 50 kPa
ε volumétrica (%)

(b)
2
100 kPa
250 kPa
3

150 kPa

4
200 kPa

5
Figura 4.29 - Resultados dos ensaios CIDsat, solo maduro, para a direção vertical: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv
x εaxial.
115

600
250 kPa

500

σ1 − σ3 (kPa)
400 200 kPa

300
(a)

200 100 kPa

100

0
0 5 10 15 20 25 30 35
ε axial (%)

εaxial (%)
0 5 10 15 20 25 30 35
0

1
εvolumétrica (%)

(b) 2

100 kPa
3

200 kPa
250 kPa

Figura 4.30 - Resultados dos ensaios CIDsat, solo maduro para a direção horizontal : a) (σ1-σ3) x εaxial ,
b) εv x εaxial.
116

500

200 kPa

400

(kPa) 150 kPa


300
σ1 − σ 3
(a)

200
50 kPa

100

0
0 5 10 15 20 25 30 35
ε axial (%)

ε axial (%)
0 10 20 30 40
0

50 kPa
1
ε volumétrica (%)

2
200 kPa
(b)
3

4 150 kPa

Figura 4.31 - Resultados dos ensaios CIDsat, solo maduro, para a direção de 45o: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv
x εaxial.
117

Na Figura 4.32 mostra-se os resultados dos ensaios triaxiais em trajetórias


diferentes da convencional realizados no solo jovem.

400
50o

o
71.56
300
o
30
σ1− σ3 (kPa)

o
88

(a) 200

100

o
140

0
-1 0 1 2 3 4 5
ε axial (%)

ε axial (%)
-1 0 1 2 3 4 5
-4
o
-3 140

-2
εvolumétrica (%)

-1
(b) 88o
0
o
1 71.56

3 o
50
4

5 30 o

Figura 4.32 – Resultados dos ensaios em trajetórias diferentes da convencional, realizados na célula
Bishop Wesley, para o solo jovem: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x εaxial.
118

Nas Figuras 4.33 e 4.34 mostram-se os resultados dos ensaios de compressão


hidrostática realizados, respectivamente, nos solos jovem e maduro.

1000

Direção
800
vertical
perpendicular
paralela
600
σ3 (kPa)

400

200

0
0 2 4 6 8 10

ε volumétrica (%)
Figura 4.33 – Resultado dos ensaios de compressão hidrostática realizados no solo jovem.

1000

Direção
800
vertical
perpendicular

600
σ3(kPa)

400

200

0
0 2 4 6 8 10 12
ε volumétrica (%)

Figura 4.34 – Resultado dos ensaios de compressão hidrostática realizados no solo maduro.
119

4.2.2 Ensaios em amostras não saturadas

4.2.2.1 Ensaios com sucção matricial (ua-uw) controlada

Nas Figuras 4.35 a 4.42 mostram-se os resultados dos ensaios triaxiais de


compressão axial (σ3 constante), consolidados isotropicamente e drenados (CID),
realizados na prensa Bishop Wesley servo controlada e com instrumentação
interna, respectivamente, para o solo jovem e o solo maduro nas sucções de 40
kPa, 80 kPa, 160 kPa e 320 kPa.

500 200 kPa

400
σ1 − σ3 (kPa)

(a) 300

50 kPa

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ε axial (%)

εaxial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-2
ε volumétrica (%)

-1 50 kPa
(b)
0

1
200 kPa

Figura 4.35 - Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 40 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
120

600
200 kPa

500

400
σ1 − σ 3 (kPa)
100 kPa

300

(a)
50 kPa
200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-1

50 kPa
0
ε volumétrica (%)

(b) 1
100 kPa
200 kPa
2

Figura 4.36 - Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 80 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
121

700

200 kPa
600

500
(kPa)

400 100 kPa


σ1 − σ 3

(a)
50 kPa
300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

ε axial (%)

εaxial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0

50 kPa
ε volum étrica (% )

100 kPa
1
(b)

200 kPa
2

3
Figura 4.37 - Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 160 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
122

700

200 kPa
600

500
(kPa)

400
σ1 − σ3
100 kPa

(a) 300 50 kPa

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16
ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-2
50 kPa

-1
ε volumétrica (%)

100 kPa
0
(b)
1
200 kPa
2

3
Figura 4.38 - Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para ua-uw = 320 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
123

200 kPa
600

500

400
σ1 − σ 3 (kPa)

(a)
300
50 kPa

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
50 kPa
ε volumétrica (%)

1
(b)

2
200 kPa

3
Figura 4.39 - Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 40 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
124

650 200 kPa


600

550

500

450
(kPa)
400
σ1 − σ 3
350
50 kPa
(a) 300

250

200

150

100

50

0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
50 kPa
(b)
ε volumétrica (%)

200 kPa
3

4
Figura 4.40 - Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 80 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
125

750 200 kPa


700
650
600
550
σ1 − σ3 (kPa) 500
450
50 kPa
(a) 400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 2 4 6 8 10 12 14 16

ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
ε volumétrica (%)

1 50 kPa
(b)
2

200 kPa
3

4
Figura 4.41 - Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 160 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
126

900 200 kPa

800

700

(kPa)
600
σ1 − σ 3
500
(a)
400
50 kPa
300

200

100

0
0 2 4 6 8 10 12 14

εaxial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14
-1

(b) 50 kPa
ε volumétrica (% )

2 200 kPa

3
Figura 4.42 - Resultados dos ensaios CID, solo maduro, para ua-uw = 320 kPa: a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv x
εaxial.
127

Nas Figuras 4.43 e 4.44 mostram-se os resultados dos ensaios de compressão


hidrostática realizados, respectivamente, nos solos jovem e maduro, para sucções entre
0 kPa e 320 kPa.

1.00

ua-uw (kPa)

0 (saturado)
0.98
80
160
320

0.96
V Vo

0.94

0.92

0.90
10 100 1000 10000
p - ua (kPa)

Figura 4.43 - Resultados dos ensaios de compressão hidrostática, para diferentes sucções, realizados no
solo jovem.

1
0,98 0kPa
80kPa
0,96
160kPa
0,94
320kPa
v/vo

0,92
0,9
0,88
0,86
0,84
10 100 1000 10000
p - ua (kPa)

Figura 4.44 - Resultados dos ensaios de compressão hidrostática, para diferentes sucções, realizados no
solo maduro.
128

4.2.2.2 Amostras não saturadas secas ao ar

A Figuras 4.45 mostra os resultados dos ensaios triaxiais realizados, no solo jovem.

800 200 kPa


σ1 − σ3 (kPa)

600

100 kPa
400
50 kPa
(a)

200

0
0 2 4 6 8
ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8
-3

-2 50 kPa

100 kpa
ε volumétrica (%)

-1

(b)
0

200 kPa

Figura 4.45 - Resultados dos ensaios CID, solo jovem, para amostras secas ao ar: : a) (σ1-σ3) x εaxial , b) εv
x εaxial.
129

5 ANÁLISES DOS RESULTADOS

Inicialmente são discutidos os resultados dos ensaios de caracterização


mineralógica, classificação MCT, porosimétrica e micromorfológica. Posteriormente
descreve-se o comportamento observado, nas curvas tensão versus deformação axial e
deformação axial versus deformação volumétrica, para os dois solos em condições
saturadas e não saturadas, com controle de sucção. Em seguida procede-se às analises
de resistência e deformabilidade. Nas análises em amostras saturadas verifica-se em
especial o efeito da direção de carregamento (anisotropia) no comportamento dos dois
solos e utilizam-se as descrições micromorfológicas para explicar o comportamento
mecânico obtido. Nas análises em amostras não saturadas, inicialmente obtêm-se a
forma de variação do intercepto de coesão e do ângulo de atrito com a sucção e
posteriormente faz-se uma previsão da envoltória da resistência não saturada, baseada
na proposta de Vilar (2003), a qual é apresentada no trabalho, que utiliza somente um
conjunto de ensaios em corpos de prova saturados e outro conjunto com corpos de
provas secos ao ar. Apresentam-se as curvas de plastificação obtidas na condição
saturada e não saturada, para o solo jovem, e verifica-se a eficiência dos modelos Cam-
Clay e de Alonso et al (1990) na representação dos resultados obtidos, respectivamente,
para o solo na condição saturada e não saturada. Apresenta-se também um
procedimento, baseado na teoria da elasticidade e plasticidade e em pontos com o
mesmo trabalho plástico (Lade & Kim, 1988) para obtenção das demais curvas de
plastificação até a ruptura.

5.1 Ensaios de caracterização

5.1.1 Classificação MCT (Miniatura, Compactado, Tropical)

Pela sua abrangência e alcance técnico, cresce dia-a-dia a importância de se


divulgar e aplicar a Metodologia MCT aos solos brasileiros, devendo-se lembrar que ela
130

foi concebida, inicialmente, para a classificação e caracterização de solos para


aplicações em rodovias e que, há pouco anos, sugeriu-se a sua aplicação de forma
generalizada em Geotecnia (COZZOLINO & NOGAMI, 1993). Esta classificação
permite conhecer se o solo apresenta comportamento laterítico ou não. Estes foram os
motivos para a incorporação, ao presente trabalho, da metodologia MCT.
A classificação MCT é obtida mediante o uso do ábaco da Figura 4.18,
agrupando os solos tropicais de acordo com o seu comportamento no estado
compactado, em duas classes principais: solos de comportamento laterítico (L) e solos
de comportamento não Laterítico (N). Os solos de comportamento laterítico são
subdivididos em três subgrupos: areias lateríticas (LA), solos arenosos lateríticos (LA’)
e solos argilosos lateríticos (LG’), enquanto os de comportamento não-laterítico são
subdivididos em quatro subgrupos: areias não lateríticas (NA), solos arenosos não
lateríticos (NA’), solos siltosos não-lateríticos (NS’) e solos argilosos não lateríticos
(NG’).
Os solos são classificados através de dois índices: (1) c’, que é obtido do ensaio
mini-MCV e traduz o caráter argiloso do solo em análise; (2) e’, que expressa o caráter
laterítico do solo e é calculado mediante o uso da seguinte expressão: e’ = (Pi / 100 +
20/d’)1/3 . A raiz cúbica foi adotada a fim de que a área ocupada pelos solos de
comportamento laterítico fosse equivalente à dos solos de comportamento não-laterítico.
Quanto aos resultados das análises efetuadas, as classes de solos MCT, bem
como os seus índices classificatórios estão apresentados na Tabela 5.1.

Tabela 5.1 Índices classificatórios e classes MCT

Solos índice c’ índice d’ índice PI índice e’ Classe MCT

Maduro 2 40 0 0,79 LG’

Jovem 1,2 3,72 280 2,01 NS’

Pelo exame visual e táctil dos solos, principalmente no teste em que se coloca
um torrão de solo em água, o comportamento laterítico, dado pela gênese do material, é
de fácil identificação no Latossolo Vermelho Amarelo (residual maduro), que é
131

classificado segundo a Metodologia MCT como pertencente ao grupo LG’, laterítico


argiloso.
Quanto ao solo residual saprolítico, o caráter não-laterítico está bem
evidenciado, pois ele se posiciona na região do grupo NS’, solo não-laterítico siltoso.

5.1.2 Caracterização Mineralógica

Ao observar os difratogramas do horizonte C (Figura 4.4) para areia grossa,


areia fina e argila, nota-se que o quartzo é o mineral predominante nas areias, mas na
areia fina já aparecem pequenas reflexões características das micas. Na argila aparecem
reflexões de picos de caulinita, que é o mineral predominante e a mica novamente
aparece agora em quantidade maior. Além disso, observa-se uma série de reflexões que
só podem ser melhor analisadas ao se expandir o difratograma, o que é mostrado na
Figura 4.5. Pode-se notar nesse horizonte a presença de mica, mas também da goethita e
da hematita que não apareciam claramente.
No difratograma conjunto para o horizonte B, Figura 4.2, se observa apenas o
quartzo nas frações areia o que já aponta para maior intensidade de intemperismo
atuando nesse horizonte. Na fração argila nota-se claramente a caulinita que continua
sendo o mineral predominante e a presença de alguns picos que podem ser melhor
discutidos na Figura 4.3 expandida. Observa-se a ausência da reflexão da mica, mas o
aparecimento de uma reflexão característica dos VHE (vermiculita com hidróxidos entre
camadas) que são formados a partir da degradação da mica. Observa-se também o
aparecimento de relexões da gibbsita que é mineral formado a partir da degradação da
caulinita e a presença da goethita em conjunto com o desaparecimento da hematita. A
goethita nesses sistemas é o óxido de ferro mais estável o que é evidenciado pela
coloração bem amarela típica desse horizonte.
Em suma, não parece existir muita dúvida do relacionamento genético desses
dois horizontes em função das suas composições mineralógicas.

5.1.3 Caracterização Micromorfológica

Do ponto de vista micromorfológico, os contituintes de um solo são de dois


tipos: os grãos de esqueleto e o plasma. Os grãos de esqueleto, correspondente às
partículas mais grossas, são habitualmente considerados inertes e não deformáveis,
enquanto o plasma, de tamanho coloidal, representa a fração argilosa que é mais
mobilizável e sujeita a rearranjos por efeito de pressões hídricas e mecânicas. No estudo
132

micromorfológico, se faz inicialmente o reconhecimento dos tipos de plasma e dos tipos


de distribuição relativa do plasma em relação aos grãos de esqueleto. Reconhece-se
igualmente o tamanho, a forma e o rearranjo dos agregados e dos vazios que os
separam. Os arranjos estruturais decorrentes da organização do plasma podem ser
observados com ajuda de microscópio petrográfico ótico sobre lâminas delgadas
fabricadas a partir de materiais endurecidos e, ou, utilizando-se o microscópio
eletrônico de varredura. Em solos brasileiros, um volume muito expressivo de
informações sobre as propriedades físicas de relevância geotécnica é conhecido,
enquanto certas características morfológicas e microestruturais que também podem ser
relacionadas ao comportamento geotécnico raramente são quantificadas ou mesmo
observadas (SCHAEFER, 1996; SCHAEFER ET AL., 1996). De fato, não se conhece
as características diagnósticas, em nível microscópico, de problemas como
reorganização da estrutura, dinâmica da porosidade total, compactação, que poderiam
fornecer subsídios ao conhecimento geotécnico dos solos. Assim, estudos detalhados da
natureza microestrutural de solos brasileiros se fazem necessários. Nesse contexto, parte
do trabalho teve por objetivo caracterizar micromorfologicamente uma amostra de solo
superficial (horizonte B) e outra de saprolito (horizonte C), ambas no estado natural,
com intuito de tentar explicar o comportamento mecânico obtido através dos ensaios
triaxiais realizados.

5.1.3.1 Solo Maduro (Latossolo Vermelho-Amarelo)

É um solo de grande expressão territorial na Zona da Mata de Minas Gerais e


apresenta horizonte B latossólico de tonalidade vermelho-amarela, estrutura bem
desenvolvida, em blocos bem individualizados que se desfaz em muito pequena
granular forte, aspecto bastante poroso, com aproximadamente 40 % de porosidade
visual. A textura é de uma argila arenosa.
Na amostra estudada, as feições da microestrutura observadas são características
dos Latossolos Vermelho-Amarelos de Viçosa, com grão de esqueleto quartzoso com
microagregação ovóide forte, algo coalecida, com contato face-a-face, em virtude da
natureza caulinítica da fração argila destes solos (Nunes et al., 2000). Os grãos são
quase exclusivamente de quartzo (Qz) ou nódulos de ferro e minerais de titânio, como
visto na análise mineralógica. O plasma é formado por um conjunto fortemente
isotrópico, cimentado, fino, de aspecto floculado, de tonalidade vermelho-amarela com
pontuações vermelho-escuras e pretas. Os vazios são bem visíveis e estão
133

compreendidos entre os microagregados e interligados entre si. Em certas partes da


amostra do solo LV, nota-se uma tendência nítida ao empacotamento e certa
coalescência dos microagregados ovóides, tornando o material mais coeso. O efeito da
compactação nesse material, em uma primeira visão, parece ser benéfico. As Figuras
4.20 a 4.23 mostram fotomicrografias das microestruturas típicas observadas no solo
maduro em diferentes campos da lâmina. Na foto 4.21, a amostra revela forte micro-
estruturação granular, tonalidades vermelho-amarelas, abundantes carvões, nódulos
ferruginosos, vazios interligados e também apresentando teores de ferro cimentante
elevados. Na foto 4.22 a amostra evidencia certa soldagem (coalescência) dos
microagegados de forma ovóide, na sua parte mais compacta, além disto esta foto
sugere que a compactação seria aumentada se o solo fosse mecanicamente compactado.
Na figura 4.23 tem-se uma fotomicrografia mostrando a ligação entre os diversos blocos
de microagregados.

5.1.3.2 Solo Jovem (Solo Saprolítico)

É um material de solo do horizonte C, sem qualquer estrutura evidente,


resultante de um perfil de intemperismo desenvolvido de gnaisse do Pré-Cambriano,
com camadas de espessuras superiores a 15 metros. Apresenta alternância de bandas
micáceas e cauliníticas, estas últimas formadas da decomposição de feldspatos, além de
quartzo residual disperso; A mica se encontra fortemente alterada e caulinizada, com
um tom róseo avermelhado, devido à presença de hematita, formando grandes flocos
sanfonados. A porosidade é acentuada, em torno de 30 %. A textura é de uma areia
siltosa. Em outras partes, apresenta coloração mais acinzentada, com pouca presença de
óxidos de ferro, prevalecendo caulinita em flocos e mica, com a mesma textura, contudo
com maior quantidade de areia fina.
A Figura 4.24, em luz plana, ilustra o material em escala microscópica. A Figura
4.25, em luz polarizada, ilustra a zona mais densificada de pseudomorfos de biotitas
alteradas em caulinita de grande tamanho de cristal (“o arranjo estrutural” é basicamente
destes pseudomorfos). Estes pseudomorfos estão dispersos, de maneira caótica, no solo
saprolítico natural; Nas zonas onde há maior presença de pseudomorfos, e
conseqüentemente maior orientação, podem formar superfícies de fraqueza, geradas
possivelmente pela expansão / contração diferenciada dos pseudomorfos cauliníticos,
em relação ao plasma e aos grãos de areia do esqueleto do solo. Esta disposição
134

preferencial dos pseudomorfos formando zonas orientadas, que poderiam favorecer a


formação de planos e linhas de fraqueza, pode ter repercussões importantes, do ponto de
vista geotécnico. O ferro proveniente do intemperismo da biotita dá uma coloração
avermelhada nas bordas dos pseudomorfos (Figura 4.24), mas fraca cimentação, com
estrutura do tipo sanfonada. Este ferro (Fe3+) que migra e precipita na borda dos
pseudomorfos permite uma fraca cimentação do solo saprolítico, dando pouca
estabilidade estrutural ao material. O efeito da compactação nesse material pode
aumentar a cimentação natural da microestrutura, com possíveis efeitos benéficos da
compactação neste solo, pela reorientação e compactação dos pseudomorfos.

5.1.3.3 Comparação entre os dois solos

Das análises microestruturais, percebe-se claramente que os dois solos


apresentam microestruturas diferentes e que por causa destas distintas microestruturas
pode-se chegar a comportamentos mecânicos diferenciados quando se estuda a
anisotropia, por exemplo.
O solo maduro apresenta uma microestrutura comandada pelos microagregados
ovóides cimentados, característica dos Latossolos Vermelho-Amarelos de Viçosa, muito
propícia a rearranjos microestruturais, conforme visto nas fotomicrografias comentadas
anteriormente, e que se mostra heterogênea e anisotrópica como um todo.
O solo jovem apresenta uma microestrutura comandada pelos pseudomorfos de
biotita. Estes são altamente compressíveis, de uma maneira praticamente similar
independente da direção de carregamento, e estão dispersos no solo de uma forma
caótica sugerindo assim um material sem estruturação significante no nível de
microestrutura. Esta microestrutura, baseada nas características dos pseudomorfos,
parece ser muito mais homogênea e isotrópica quando comparada com a microestrutura
do solo maduro.
Posteriormente, nas análises dos ensaios triaxiais, estas descrições serão
confrontadas com os resultados mecânicos com intuito de explicar o comportamento
apresentado.
135

5.1.4 Análise porosimétrica

Neste trabalho utilizou-se a classificação de Webb & Orr (1997) para a


identificação dos macro e mesoporos que considera poros com diâmetro menores que
0.002 µm como microporos, de 0,002 a 0,05 µm como mesoporos e maiores de 0,05 µm
como macroporos.
No ensaio o mercúrio é forçado a entrar nos poros da amostra de solo através da
aplicação de pressão. Inicialmente ele penetra nos poros entre os grãos e à medida que a
pressão vai aumentando ele penetra nos poros intra-grãos. Com este ensaio foram
obtidas as curvas de intrusão-extrusão de mercúrio com a pressão aplicada para os dois
horizontes (Figuras 4.6 e 4.9). Observa-se que ambas as curvas de extrusão não
coincidem com as curvas de intrusão; isto porque as formas irregulares dos poros
(formas de pescoço, garrafas) impedem que durante a extrusão todo mercúrio seja
extraído do solo, o que ocasiona o aparecimento de histerese.
Nos resultados de porosimetria apresentados para os dois horizontes nota-se que
o mercúrio preencheu apenas os macro e mesoporos; os poros menores que 0,002 µm
(microporos) não aparecem nas planilhas resultantes dos ensaios.
Nas Figuras 4.8 e 4.11 observa-se o histograma de freqüência, respectivamente,
para o solo maduro e jovem.
Para o solo maduro observa-se a presença de duas famílias de poros, sendo que
uma apresenta valor de pico bem maior que a outra. A primeira apresenta pico quando o
diâmetro dos poros é aproximadamente igual a 0.055 µm, correspondendo assim ao
limite entre os mesoporos e macroporos. A segunda família apresenta pico quando o
diâmetro dos poros é aproximadamente igual a 40 µm, correspondendo assim à classe
dos macroporos.
Para o solo jovem observa-se também a presença de duas famílias de poros
onde uma das famílias apresenta valor de pico maior que a outra. A primeira apresenta
pico quando o diâmetro dos poros é aproximadamente igual a 0,9 µm, correspondendo à
classe dos macroporos. A segunda apresenta pico quando o diâmetro dos poros é
aproximadamente igual a 10 µm, correspondendo também à classe dos macroporos.
Para ambos os solo verificou-se o predomínio, principalmente no solo jovem,
dos macroporos.
136

5.2 Análises dos resultados Triaxiais

5.2.1 Discussão das Curvas Tensão deformação obtidas dos ensaios realizados

Neste ítem descreve-se o comportamento observado, nas curvas tensão versus


deformação axial e deformação axial versus deformação volumétrica, para os dois solos
em condições saturadas e não saturadas com controle de sucção.

5.2.1.1 Amostras saturadas

A forma das curvas tensão deformação (relação entre deformação axial e


diferença de tensões principais) apresentou-se como função do nível de tensões no
ensaio e do nível de cimentação presente. Para os ensaios triaxiais em ambos os solos
foi possível distinguir dois tipos de comportamento em função do nível de tensões
confinantes. O primeiro tipo (A), comum no solo jovem, caracteriza-se por uma relação
praticamente linear entre tensão e deformação quase até um bem definido pico de
resistência, que ocorre para deformações axiais não superiores a 5 %. As variações de
volume durante o cisalhamento, neste caso, consistem em moderadas contrações (não
maiores do que 1,5 %) e, em alguns casos, pequena dilatação. O segundo tipo (B) de
comportamento, que ocorre nos dois solos, caracteriza-se por uma curva tensão
deformação claramente não linear, na qual a máxima diferença de tensões só se define
para deformações axiais bem próximas ou maiores do que 10 %. As deformações
volumétricas neste caso são francamente contrativas (contrações maiores do que 1,5 % e
atingindo os 5 %).
Para o solo jovem, observou-se que o comportamento das curvas mencionadas
praticamente independe da direção de carregamento. Pode-se identificar o primeiro tipo
de comportamento (A) para os resultados dos ensaios onde a tensão confinante é
inferior ou igual a 150 kPa e o segundo tipo (B) para os resultados dos ensaios onde a
tensão confinante é superior a 250 kPa. Para o solo jovem e maduro, a tensão de pré-
adensamento determinada no ensaio de compressão hidrostática é respectivamente, 265
kPa e 110 kPa. Pode-se concluir assim que o comportamento do tipo (A) está associado
ao pré-adensamento do solo (σ3 menor que a tensão de pré-adensamento do solo) e o
comportamento do tipo (B) ao trecho normalmente adensado (σ3 maior que a tensão de
pré-adensamento do solo).
137

Para o solo maduro observou-se que a direção de carregamento influenciou nas


formas das curvas. Para os resultados dos ensaios cisalhados na direção horizontal
identificou-se o segundo tipo (B) de comportamento, já para os da direção vertical
observou-se um comportamento distinto dos definidos anteriormente e caracterizado por
dois trechos com inclinações diferentes: um praticamente linear antes da ruptura e outro
mostrando uma curva que se assemelha a dentes de serra. As deformações volumétricas
foram contrativas entre 1,5 % e 4,5 % sem apresentar uma variação definida com a
tensão confinante. Este comportamento bem como os outros dois tipos de
comportamento podem ser explicados pelo efeito da cimentação que é comum em solos
residuais.
Para apreciar o efeito de uma possível cimentação será definida a tensão de
cedência e aproveitando os resultados dos ensaios do solo jovem serão discutidos os
possíveis tipos de comportamento observados devido a um possível efeito da
cimentação. O efeito da cimentação no comportamento mecânico dos solos pode ser
observado pelos resultados de ensaios de compressão triaxial ou de compressão
edométrica e ou hidrostática. Nestes, quando os resultados são apresentados em gráficos
de variação de índices de vazios em função da tensão aplicada, observa-se uma
alteração da curva, para um certo nível de tensão, acentuando-se a redução do índice de
vazios. Este nível de tensão, que é aquele onde ocorre a ruptura da cimentação do solo,
fica ainda mais nítido quando as tensões são expressas em escala logarítmica. Por
semelhança ao comportamento das argilas saturadas, esta tensão é chamada de tensão de
pré-adensamento. Tal denominação, entretanto, não é adequada, pois o comportamento
não é devido a um carregamento prévio que o solo tenha sofrido. Por esta razão, por
semelhança, alguns autores usam a expressão “pseudo tensão de pré-adensamento”. A
denominação de tensão de cedência, entretanto, parece ser mais adequada e vem sendo
preferida por autores modernos. Refere-se à tensão em que há uma redução do índice de
vazios (cedência), que é fruto de terem sido vencidas as ligações resultantes da
cimentação que o solo apresentava. A tensão de cedência do solo jovem foi obtida
através da descontinuidade da curva índice de vazios versus tensão, do ensaio de
compressão hidrostática, utilizando a escala bilinear proposta por Vaughan (1985). Esta
tensão foi determinada também, utilizando-se o procedimento de Pacheco Silva,
elaborado para determinar a tensão de pré-adensamento de argilas pré-adensadas. O
valor encontrado, para este solo, não sofreu alteração com o procedimento adotado e seu
valor foi de 265 kPa.
138

Segundo Pinto (2002), três tipos possíveis de comportamento, devido ao efeito


da cimentação, podem ocorrer:

1 – quando a tensão confinante é mais baixa, perante a tensão de cedência , a


tensão desviadora máxima é atingida com pequena deformação (quando a cimentação é
destruída), após o que a tensão desviadora se estabiliza num nível mais baixo.

2 – para uma tensão confinante mais alta, mas ainda abaixo da tensão de
cedência, a curva tensão deformação apresenta uma mudança de comportamento
quando a cimentação é destruída, havendo, entretanto, uma resistência final com
desviadora maior .

3 – para tensões confinantes acima da tensão de cedência, o comportamento do


material começa a aproximar-se do comportamento de solos não cimentados, pois o
próprio confinamento destruiu a cimentação.

A Figura 5.1, elaborada por Pinto (2002), apresenta estas três situações. A
Figura 5.1 (a) indica as curvas tensão deformação, com as características acima
descritas e a Figura 5.1 (b) as trajetórias de tensão que definem um campo, delimitado
por uma curva de cedência, dentro da qual a cimentação é responsável pelo
comportamento e fora do qual a cimentação não mais atua e o comportamento do solo é
totalmente devido ao atrito entre as partículas.

Figura 5.1 – Efeito da cimentação: (a) curvas tensão-deformação; (b) curva de cedência
139

Através das curvas tensão versus deformação axial do solo jovem (Figuras 4.26,
4.27, 4.28) percebe-se que o comportamento do tipo 2 ocorre para tensão confinante
entre 100 e 250, ambas abaixo da tensão de cedência (265 kPa). Nestas figuras percebe-
se que para a tensão entre 100 e 200 kPa, principalmente a de 200 kPa, a curva tensão
deformação apresenta uma mudança de comportamento quando a cimentação é
destruída (deformação axial entre 2,5% e 5%), havendo, entretanto, uma resistência
final com desviadora maior (deformação axial entre 5 e 10 %). Porém o comportamento
do tipo 3 não ocorre nos ensaios realizados.
Para o solo maduro na direção vertical observa-se uma mudança de inclinação
bem definida entre dois trechos praticamente lineares, antes da ruptura, e uma ruptura
com ondulações parecendo com dentes de serra. Estes dois aspectos podem estar
relacionados a um possível processo de quebra de algum tipo de agente cimentante
presente ou possíveis rearranjo de sua microestrutura. Para o solo maduro ensaiado na
direção horizontal o comportamento observado já é de um material praticamente não
cimentado. Esta mudança de comportamento no solo maduro devido a direção de ensaio
pode estar associado à alta heterogeneidade deste solo, ao nível de microestrutura
conforme relatado anteriormente no item lâminas delgadas, apesar de visivelmente
apresentar-se homogêneo.

5.2.1.2 Amostras não saturadas com controle de sucção

As Figuras 5.2 a 5.5 mostram respectivamente o efeito da sucção nas curvas


tensão versus deformação axial, no solo jovem e maduro para as tensões confinantes de
50 e 200 kPa.
140

500

320 kPa
400
(kPa)

300
σ1 − σ3

160 kPa

40 kPa 80 kPa

200

0 kPa

100

0
0 4 8 12 16
ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-2
320 kPa
ε volumétrica (%)

40 kPa
0 80 kPa

160 kPa

Figura 5.2 - Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação axial versus volumétrica
solo jovem, para tensão confinante igual a 50 kPa.
141

700 320 kPa


160 kPa

600
80 kPa
σ 1 − σ 3 (kP a)

500 40 kPa

400 0 kPa

300

200

100

0
0 4 8 12 16
ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
ε volumétrica (%)

40 kPa

2 160 kPa
80 kPa
320 kPa

4
Figura 5.3 - Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação axial versus volumétrica
solo jovem, para tensão confinante igual a 200 kPa.
142

600
320 kPa

500
(kPa)

160 kPa
400
σ1 − σ3

80 kPa
300
40 kPa

200

100

0
0 4 8 12 16
εaxial (%)

εaxial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
-1
320 kPa
ε volumétrica (%)

0
40 kPa
80 kPa
160 kPa
1

Figura 5.4 - Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação axial versus volumétrica,
solo maduro, para tensão confinante igual a 50 kPa.
143

900 320 kPa

800
160 kPa
σ1 − σ3 (kPa) 700
80 kPa
600

40 kPa
500

400

300

200

100

0
0 4 8 12 16
ε axial (%)

ε axial (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
ε vo lu m é tric a (% )

2
320 kPa
40 kpa

3 80 kPa
160 kPa

4
Figura 5.5 - Efeito da sucção na curva tensão versus deformação e deformação axial versus volumétrica,
solo maduro, para tensão confinante igual a 200 kPa.
144

A forma das curvas tensão desviadora versus deformação axial apresentadas


para os dois solos mostra de maneira bem clara a influência da sucção no
comportamento tensão-deformação. Percebe-se que para sucções mais baixas as
amostras dos dois solos são menos rígidas do que para sucções mais altas e que o
comportamento na ruptura para o solo em sucções mais baixas é mais plástico enquanto
que para o solo em sucções mais altas é mais frágil.
Percebe-se destas figuras, que o comportamento mais frágil, observado nas
curvas tensão versus deformação está associado à dilatância nas curvas deformação
axial versus deformação volumétrica, enquanto o comportamento mais plástico está
associado a ausência de dilatância nas curvas deformação axial versus deformação
volumétrica.

5.2.2 Análise da resistência e deformabilidade em condições saturadas

5.2.2.1 Análise da resistência

A Tabela 5.2 apresenta os valores de coesão e ângulo de atrito encontrados para


ambos os solos ensaiados em diferentes direções de cisalhamento. Pode ser visto, que o
ângulo de atrito efetivo não muda significativamente, enquanto a coesão varia
levemente com a direção de carregamento.

Tabela 5.2 – Parâmetros de resistência efetivos dos solos ensaiados (triaxial convencional)
Solo residual Direção de c’ φ’ r2
cisalhamento (kPa) ( o)
vertical 19,2 31 0,99
maduro
perpendicular 9,5 30 0,99
vertical 17 28 0,99
jovem perpendicular 19,4 29 0,98
paralela 26 28 0,99

Como os parâmetros de resistência não variam muito com a direção de


cisalhamento uma única envoltória de resistência foi ajustada para cada solo. As Figuras
5.6 e 5.7 apresentam, respectivamente, as envoltórias de ruptura obtidas para os solos
maduro e jovem. Para o solo maduro a coesão efetiva foi igual a 15 kPa e o ângulo de
atrito efetivo igual a 31 graus. Para o solo jovem a coesão efetiva foi igual a 17 kPa e o
ângulo de atrito igual a 29 graus. Baseando-se nas lâminas realizadas dos dois solos e
145

nos resultados mecânicos dos dois solos pode-se dizer que os rearranjos que ocorrem
tanto no solo jovem como no maduro, desde o início do cisalhamento até a ruptura,
produzem independentemente da direção de carregamento o mesmo efeito na resistência
ao cisalhamento, isso considerando cada solo separadamente.
Com respeito ao intemperismo, o solo maduro apresenta, na direção vertical,
coesão praticamente igual a do solo jovem e ângulo de atrito levemente superior, apesar
de seu índice de vazios (e = 1,07) ser muito maior que o do solo jovem (e = 0.72). Uma
possível explicação para isto vem da microestrutura destes solos, que apresenta agentes
cimentantes entre partículas e também sofre rearranjos durante o cisalhamento,
mostrada anteriormente através de fotos de lâminas delgadas obtidas deste solo, que faz
com que a resistência final deste material seja igual ou superior à do solo jovem .

400
direção de cisalhamento

vertical
300 horizontal
t = 0.51 s + 13.33 (kPa)
t(kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600
s' (kPa)
Figura 5.6 - Envoltória de ruptura do solo maduro considerando o efeito da direção de carregamento.
Nesta figura: t = (σ1-σ3)/2 ,s’= (σ1’+σ3’)/2.
146

direção de cisalhamento

vertical
500 perpendicular
paralela
400
t = 0.48 s + 14.44 (kPa)
300
t (kPa)

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600 700 800 900
s' (kPa)

Figura 5.7 - Envoltória de ruptura do solo jovem, considerando o efeito da direção de carregamento.
Nesta figura: t = (σ1-σ3)/2, s’= (σ1’+σ3’)/2.

Para o solo jovem, com intuito de verificar a anisotropia ou não da resistência


em função do nível de deformação, foi feito o diagrama t (kPa) versus s’ (kPa) para
diferentes níveis de deformção, em duas direções de carregamento (Figuras 5.8 e 5.9).

400

10 %

300
20 %

3%
t (kPa)

200 Pico
2%

1%

100

0,3 %

0,1 %

0 200 400 600 800


s, s' (kPa)
Figura 5.8 – Resistência mobilizada para diferentes níveis de deformação (direção vertical).
147

400 20 %
10 %

7%

Pico
300
5%

4%

3%
t (kPa)

200
2%

1%

100

0,3 %

0,1 %

0 200 400 600 800


s, s' (kPa)
Figura 5.9 – Resistência mobilizada para diferentes níveis de deformação (direção paralela).

As Tabela 5.3 e 5.4 mostram os valores de coesão e ângulo de atrito,


encontrados para diferentes níveis de deformação.

Tabela 5.3 - Valores de coesão e ângulo de atrito para diferentes níveis de deformação axial (direção
vertical)
εaxial (%) Coesão (kPa) Ângulo de atrito (o) R2
0,1 4,5 3,5 0,8
0,3 13,1 5,1 0,91
1 32,3 9,9 0,9
2 46,3 14,1 0,92
3 49,1 16,3 0,96
4 45,5 18,7 0,97
5 39,7 20,8 0,98
10 23,7 24,8 0,99
20 20,6 23 0,99
148

Tabela 5.4 - Valores de coesão e ângulo de atrito para diferentes níveis de deformação axial (direção
paralela)
εaxial (%) Coesão (kPa) Ângulo de atrito (o) R2
0,1 6,2 3,4 0,83
0,3 10,3 6 0,8
1 21,9 11 0,8
2 28,3 15,7 0,9
3 44,3 16,9 0,96
4 46,5 18,7 0,97
5 43,9 21,1 0,98
7 33,3 24,8 0,99
10 28,3 27,4 0,99
12 21 28 0,99
15 20,6 28,7 0,99
20 16,4 28,7 0,99

A Figura 5.10 mostra a variação da coesão e ângulo de atrito com a deformação


axial para as duas direções analizadas.

50

coesão - vertical
coesão - paralela
40 ângulo de atrito - vertical
ângulo de atrito - paralela
coesão (kPa), ângulo de atrito (graus)

30

20

10

0 4 8 12 16 20

ε axial (%)

Figura 5.10 – Variação do ângulo de atrito e da coesão em função do nível de deformação, para duas
direções de carregamento.
149

Percebe-se desta figura que a coesão e o ângulo de atrito praticamente não


variaram com a direção de cisalhamento, para diferentes níveis de deformação axial,
indicando assim que o solo, quanto à resistência é isotrópico independente do nível de
deformação. A coesão aumentou até o nível de deformação correspondente a
aproximadamente 4 % e depois decresceu até mais ou menos 12%, onde começa tender
à estabilização. O ângulo de atrito aumentou aproximadamente até 9 % de deformação
axial, onde a partir da qual começa tender à estabilização.

5.2.2.2 Análise da deformabilidade

A Tabela 5.5 apresenta valores de módulos de elasticidade (E50) e coeficiente de


Poisson (ν) obtidos para ambos os solos em um nível de tensão correspondente a 50%
da tensão de ruptura.
Dos resultados apresentados na Tabela 5.5, pode ser observado que os ensaios
com diferentes direções de cisalhamentos realizados no solo jovem apresentaram
valores de E e ν praticamente iguais, indicando assim que este solo tem um
comportamento isotrópico. Por outro lado, para o solo maduro, os ensaios com
diferentes direções de cisalhamento apresentaram valores de E e ν bastante variáveis,
indicando assim um comportamento anisotrópico.
150

Tabela 5.5 - Efeito da direção de carregamento na deformabilidade


Solo residual Pressão E50 ν50
confinante
(kPa) (MPa)
50 10,65 0,15
Maduro 100 14,16 0,08
150 7,66 0,19
(direção vertical) 200 11,70 0,12
250 24,72 0,15
Maduro 100 9,80 0,20
( direção horizontal) 200 6,66 0,21
250 5,92 0,24
50 8,10 0,20
Jovem 150 13,60 0,18
(direção vertical ) 200 17,60 0,14
250 ....... .......
400 17,60 0,12
50 7,20 0,25
Jovem 150 14,80 0,20
(direção paralela em relação 200 ...... ......
ao bandamento) 250 16,10 0,13
400 13,80 0,17
50 7,20 0,25
Jovem 150 18,20 0,19
(direção perpendicular em 200 ...... ......
relação ao bandamento) 250 18,80 0,14
400 16,40 0,17

O módulo de elasticidade (E50) do solo residual jovem aumentou com a tensão


confinante até ela alcançar o valor de 250 kPa, que é próximo da tensão de cedência
determinada no ensaio de compressão hidrostática. Depois desta tensão, E50 decresce
levemente quando comparado com o valor calculado para tensão confinante de 250 kPa.
A influência da direção de cisalhamento não foi significativa uma vez que valores
medidos em cada direção desviaram muito pouco do valor médio, indicando um
comportamento praticamente isotrópico que parece distante do comportamento de
deformação que se esperaria de um solo jovem. Porém os resultados mecânicos obtidos,
indicando platicamente uma possível isotropia (apresenta uma leve anisotopia), podem
ser explicados pela microestrutura destes solos, que é comandada pelos pseudomorfos
de biotita. Estes, retratam o alto grau de intemperismo destes solos, são altamente
compressíveis de uma maneira praticamente similar, independente da direção de
carregamento e estão dispersos no solo de uma forma caótica sugerindo assim um
material sem estruturação significante ou seja um material praticamente homogêneo no
nível de microestrutura.
151

Para o solo maduro, não foi possível definir uma tendência para a variação do
módulo E50 com a pressão de confinamento na direção vertical. Na direção horizontal,
no entanto, o módulo de elasticidade E50 decresce com o aumento do valor da tensão de
confinamento. É interessante notar que embora o solo residual jovem apresente os
bandeamentos herdados da rocha mãe seu comportamento quanto à deformação foi
bem mais isotrópico que o do solo maduro.
Uma possível explicação para estas características pode ser devido à
heterogeneidade do solo maduro que é muito maior que o sugerido por observações
visuais. Esta heterogeneidade provavelmente é comandada pela microestrutura destes
solos, conforme visto anteriormente, resultante de processos de intemperismo que agem
no solo. Estes processos deixam o solo mais poroso, índice de vazios igual a 1,07, e
também depositam óxidos de ferro e alumínio que geram alguma ação cimentante. Estes
dois aspectos provavelmente agem de maneiras diferentes: a maior porosidade comanda
a maior deformabilidade do solo maduro, enquanto os agentes cimentantes e a
facilidade de se rearranjar, melhoram a resistência ao cisalhamento deste solo, fazendo
com que ela seja, praticamente igual ou maior que a do solo jovem.
A microestrutura do solo maduro muito propícia a rearranjos microestruturais,
conforme visto nas fotos comentadas anteriormente, e que se mostra heterogênea e
anisotrópica como um todo explica de maneira razoável o comportamento anisotrópico
obtido pelo solo maduro.
As Figuras 5.11 a 5.16 mostram a variação do módulo de elasticidade com a
deformação axial para as três direções ensaiadas e para as diferentes tensões
confinantes, no solo jovem.
152

50

40 Tensão Confinante (kPa)

50 kPa
100 kPa
150 kPa

30 250 kPa
E (MPa)

20

10

0.00 0.40 0.80 1.20

ε axial (%)
Figura 5.11 – Variação do módulo de elasticidade com a deformação axial, para diferentes tensões
confinantes (jovem – direção vertical)

500

400 Tensão Confinante (kPa)

50 kPa
100 kPa
150 kPa
E / σ3 (MPa)

300 250 kPa

200

100

0.00 0.40 0.80 1.20

ε axial (%)
Figura 5.12 – Variação de E/σ3 com a deformação axial, para diferentes tensões confinantes (jovem –
direção vertical).
153

80

Tensão Confinante (kPa)


60
50 kPa
100 kPa
150 kPa
250 kPa
E (MPa)

400 kPa
40

20

0 1 2 3

ε axial (%)
Figura 5.13 – Variação do módulo de elasticidade com a deformação axial, para diferentes tensões
confinantes (jovem – direção paralela).

500

400

Tensão Confinante (kPa)

50 kPa
100 kPa
300 150 kPa
250 kPa
σ3

400 kPa
E/

200

100

0 1 2 3

ε axial (%)

Figura 5.14 – Variação de E/σ3 com a deformação axial, para diferentes tensões confinantes (jovem –
direção paralela).
154

50

40 Tensão Confinante (kPa)

50 kPa
100 kPa
150 kPa
30 400 kPa
E (MPa)

20

10

0.00 0.40 0.80 1.20 1.60

ε axial (%)
Figura 5.15 – Variação do módulo de elasticidade com a deformação axial, para diferentes tensões
confinantes (jovem – direção perpendicular).

400

Tensão Confinante (kPa)


300
50 kPa
100 kPa
150 kPa
250 kPa
σ3

400 kPa
E/

200

100

0.00 0.40 0.80 1.20 1.60

Figura 5.16 – Variação de E/σ3 com a deformação axial, para diferentes tensões confinantes (jovem –
direção perpendicular).
155

Destas figuras percebe-se que o módulo de elasticidade decresce


acentuadamente para baixos valores de deformação axial e tende a ficar constante para
valores de deformação axial a partir de 1 %. Para as curvas E/σ3 (módulo de
elasticidade dividido pela tensão confinante) versus a deformação axial, percebeu-se
que elas não se juntaram, o que mostra que a tensão confinante, para este solo, exerce
efeito no módulo de elasticidade ou seja o módulo de elasticidade depende da tensão
confinante aplicada. Percebeu-se, também destas figuras, que as curvas referentes as
tensões confinantes mais baixas, por exemplo 50 kPa, apresentaram valores maiores de
E/σ3, enquanto que as curvas referentes as tensões confinantes mais altas, por exemplo
400 kPa, apresentaram valores menores de E/σ3; Isto pode ser explicado pelo fato de o
solo com 50 kPa de confinamento, menor que 265 kPa (tensão de pré-adensamento do
solo), estar pré-adensado e o solo com 400 kPa estar normalmente adensado.
A Tabela 5.6 mostra o módulo de elasticidade (Mpa) para as três direções
ensaiadas em diferentes valores de deformação axial e de tensão de confinamento,
retirados das figuras (5.11, 5.13 e 5.15), mostradas anteriormente.

Tabela 5.6 – Módulos de elasticidade para diferentes direções de carregamento e tensões confinantes, em
diferentes níveis de deformação axial.
εaxial
Direção Vertical Direção Paralela Direção Perpendicular
(σ3 - kPa) (σ3 - kPa) (σ3 - kPa)
(%)
50 100 150 50 100 150 50 100 150
0,2 10 24,5 19,5 14 18 36 15,8 14,5 33
0,4 9 18,5 16,5 11 16 24 10,8 10 23,8
0,6 8 16 15 10 15 20 10 10 21
0,8 7 14 14 9,7 14 18 9,5 10 18,5
1 7 13 13 9,7 13 16 9 10 17,5

Desta tabela verifica-se que o solo quanto a deformabilidade apresenta uma leve
anisotropia, podendo em alguns níveis de deformação e determinada tensão confinante
ser considerado isotrópico.
156

5.2.3 Análise da resistência em condições não saturadas com imposição e controle


de sucção.

As Figuras 5.17 e 5.18 mostram, respectivamente, as envoltórias de resistências,


no diagrama t versus s-ua (t = (σ1-σ3)/2 e s-ua = (σ1+σ3)/2), para os solos jovem e
maduro.

400
ua - u w = 0 kPa
u a - u w = 40 kPa

300 u a - u w = 80 kPa
u a - u w = 160 kPa
t (kPa)

u a - u w = 320 kPa

200

100

0
0 100 200 300 400 500 600
s', s - ua (kPa)
Figura 5.17 – Envoltórias de resistência obtidas para as sucções ensaiadas (solo jovem).

500

400

300
t (kPa)

200
u a - u w = 0 kPa
u -u = 40 kPa

100 u - u w = 80 kPa
u a - u w = 160 kPa
u a - u w = 320 kPa

0
0 200 400 600 800
s', s - ua (kPa)
Figura 5.18 – Envoltórias de resistência obtidas para as sucções ensaiadas (solo maduro).
157

A Tabela 5.7 apresenta os valores dos parâmetros de resistência, obtidos para os


solos residuais, maduro e jovem nas sucções adotadas para a realização dos ensaios.

Tabela 5.7 - Valores de c e φ para as diferentes sucções adotadas nos ensaios.


Solo residual ua – uw (kPa) c (kPa) φ (graus)
0 19,2 31
40 41,2 31
maduro 80 55,4 31
160 82,4 31
320 125,9 31
0 17,4 28
0 24 28
jovem 40 40,8 28,3
80 57,6 28,3
160 83,1 28,4
320 98,5 28

Percebe-se que o ângulo de atrito (φ) praticamente, não varia com a sucção para
os dois solos. A variação da coesão em função da sucção é mostrada, nas Figuras 5.19 e
5.20, repectivamente, para o solo jovem e maduro, através do ajuste de uma função
hiperbólica aos dados experimentais. A função hiperbólica foi ajustada aos pontos
experimentais pela equação (5.1), utilizando-se o método dos mínimos quadrados, para
obtenção dos parâmetros a e b.

c = c’+ [(ua-uw) / a + b.(ua-uw)] (5.1)

Nesta equação, c é a coesão do solo para um dado valor de sucção, c’ é a coesão


efetiva do solo, obtida para ua-uw = 0, e a e b são parâmetros do solo.
A Tabela 5.8 apresenta os valores das constantes utilizadas no ajuste da equação
5.1 aos dados experimentais.

Tabela 5.8 - Valores adotados no ajuste da função hiperbólica aos dados experimentais
solo c’ a b r2
Jovem 24 1,86 0,0072 0,94
maduro 19,.2 1,80 0,0039 0,95
158

Figura 5.19 - Variação da coesão em função da sucção matricial (solo jovem)

140

120

100
coesão (kPa)

80

60

40

20

0
0 50 100 150 200 250 300 350

sucção matricial (kPa)

pontos experimentais ajuste (hipérbole)

Figura 5.20 - Variação da coesão em função da sucção matricial (solo maduro)

Estes resultados mostram, para os dois solos, que o intercepto de coesão


relaciona-se com a sucção matricial segundo um modelo não linear (possivelmente
hiperbólico), afastando a possibilidade de se admitir φb constante. Estes resultados
concordam com diversos autores: Escário & Sáez (1987), Delage et al (1987), Fredlund
et al (1987), Escário & Jucá (1989), Röhm & Vilar (1995).
Outro fato interessante e que atende às observaçõe de, Escário & Sáez (1987) e
Fredlund et al (1987) é que para os dois solos, observou-se um valor inicial para φb
159

(calculado através do ângulo de tangência na origem) igual a φ’ (ângulo de atrito interno


efetivo do solo saturado).
Faz-se a seguir uma previsão dos resultados obtidos de acordo com a proposta de
Vilar (2003), baseada no modelo hipebólico, que utiliza os parâmetros de resistência do
solo saturado e o resultado de um único corpo de prova ensaiado numa determinada
sucção, no caso o valor correspondente à máxima sucção (Figura 5.21).

Figura 5.21 - Relação hiperbólica entre sucção (ψ = ua-uw) e coesão, utilizada para obtenção dos
parâmetros, a e b da previsão.

Admitindo-se que a relação entre a coesão e a sucção matricial (ua-uw) seja


hiperbólica, de acordo com a equação 5.1 e com a Figura 5.21, tem-se as seguintes
hipóteses:

1) O limite da função (5.1) quando a sucção matricial tende ao infinito é igual a cr


(definido na Figura 5.22). Com essa hipótese obtêm-se o parâmetro b;

1 1
lim c(ua −u w →∞ ) = c r = c'+ ⇒b=
b c r − c'
(5.2)

2) A derivada da função (5.1) quando a sucção tende a zero é igual a tgφ’ (Figura 5.22).
Com essa hipótese obtêm-se o parâmetro a.

dc a 1 1
(u a − u w → 0) = = = tgφ ' ⇒ a =
dψ [a + b.(u a − u w )] 2
a tgφ ,

(5.3)
160

Na prática a situação usual é ter-se um certo valor (ua-uw)m, onde (ua-uw)m é


igual a sucção máxima utilizada nos ensaios, da qual obtêm-se a coesão máxima (cm=
cr). Com isto chega-se ao parâmetro b (equação 5.4) associado a uma determinada
sucção de ensaio, no caso (ua-uw)m.

(u a − u w ) m 1 a 1 1
c'+ = cm ⇒ b = − ou b = −
a + b.(u a − u w ) m c r − c' (u a − u w ) m c r − c' tgφ '.(u a − u w ) m
(5.4)

A Tabela 5.9 apresenta os valores das constantes utilizadas para a previsão da


envoltória através da proposta descrita anteriormente.

Tbela 5.9 - Valores adotados na previsão da envoltória da sucção versus coesão.


solo c’(kPa) φ’ (graus) (ua-uw)m (kPa) cm (kPa) a (previsão) b (previsão)
jovem 24 28 320 98,5 1,88 0,0075
maduro 19,2 31 320 125,9 1,66 0,0042

As Figuras 5.22 e 5.23 mostram, respectivamente, para o solo residual jovem e


residual maduro, a previsão da curva coesão versus sucção.

120

100
co e sã o (kPa )

80

60

40

20

0
0 100 200 300 400
sucção matricial (kPa)
pontos experimentais previsão ponto utilizado na previsão

Figura 5.22 - Previsão da variação da coesão em função da sucção para o solo residual jovem.
161

140

120

100
co e sã o (kP a )

80

60

40

20

0
0 100 200 300 400
sucção matricial (kPa)

pontos experimentais previsão ponto utilizado na previsão

Figura 5.23 - Previsão da variação da coesão em função da sucção para o solo residual maduro.

Em primeiro lugar percebe-se que uma relação não linear (função hiperbólica)
ajustou-se bem aos pontos experimentais representando bem a relação entre sucção e
coesão, diferentemente da relação linear apresentada por Fredlund (1978). Percebe-se
também que o ajuste (função hiperbólica) e a previsão para os dois solos, quando
comparados com os pontos experimentais, foram bons e muito próximos, indicando
assim que a previsão da envoltória, através do procedimento descrito anteriormente, é
válido para os dois solos estudados.
Faz-se agora, uma previsão da envoltória apenas via um conjunto de ensaios
saturados, onde c’ e φ’ são obtidos, e um conjunto de ensaios com o corpo de prova seco
ao ar até a constância de peso, onde (ua-uw)residual e c residual são obtidos. Este tipo de
previsão é importante, pois evitaria o uso de elementos especiais como pedra porosa de
alta entrada de pressão de ar e tornaria a obtenção desta envoltória bem mais simples e
também mais rápida. A Tabela 5.10 apresenta os valores das constantes utilizadas para a
previsão da envoltória não saturada.
162

Tabela 5.10 - Valores de das constantes usadas na previsão da envoltória de resistência não saturada
solo c’(kPa) φ’ c (seco) (kPa) ∅(seco) a (previsão) b (previsão)
(graus) (kPa)
jovem 24 28 111,5 29,42 1,88 0,01143

A Figura 5.24 apresenta a previsão da envoltória não saturada utilizando apenas


um conjunto de ensaios saturados e não saturados, secos ao ar . A sucção nos corpos de
provas secos foi medida através do papel filtro, após a ruptura dos corpos de prova. O
valor da sucção foi por volta de 19900 kPa.

120

100
co e sã o (kP a )

80

60

40

20

0
0 100 200 300 400
sucção matricial (kPa)
pontos experimentais ajuste hipérbole previsão

Figura 5.24 - Previsão da envoltória de resistência não saturada através de corpos de provas saturados e
secos ao ar.

Percebe-se desta figura que a previsão foi um pouco conservadora. Esta previsão
é importante pois pode ser usada, como um ponto de partida, em casos onde não se tem
conhecimento da resistência não saturada, de maneira rápida, simples e segura.
163

5.2.4 Curva de plastificação

Neste item mostra-se o critério adotado para a determinação da tensão de


cedência ou de plastificação e fazem-se considerações acerca do ajuste de alguns
modelos aos dados experimentais.

5.2.4.1 Determinação do Ponto de Cedência (escoamento)

Os pontos de escoamento nos ensaios de compressão isotrópica, de compressão


triaxial convencional e em trajetórias de tensões diferentes da convencional foram
determinados usando a aproximação de Graham et al. (1983). Segundo esta
aproximação, o ponto de escoamento pode ser definido como uma mudança de
inclinação na curva Sw x W, onde Sw é o invariante de tensões definido pela equação
5.5 e W é o trabalho realizado sobre a amostra, calculado utilizando-se a equação 5.6,
para um caso de carregamento axissimétrico. A curva de plastificação é obtida pela
união dos pontos de escoamento obtidos para os ensaios triaxiais convencionais e não
convencionais e também para os ensaios de compressão isotrópica.

Sw = p2 + q2 (5.5)

n ⎧ σ
⎪⎡ 1i + σ 1( i +1) ⎤ ⎡σ 3i +σ 3 ( i +1) ⎤ ⎫
W = ∑ ⎨⎢
2
[ ]
⎥ ε 1(i +1) −ε1i + 2 ⎢
2
[
⎥ ε 3( i +1) − ε 3i ]⎪⎬ (5.6)
i =1 ⎪ ⎣ ⎦ ⎢⎣ ⎥⎦ ⎪⎭

A definição dos pontos de plastificação (escoamento) do solo utilizando-se o


critério proposto por Graham et al. (1983) e pelo método de pacheco Silva para
determinação da tensão de pré-adensamento do solo apresentaram valores próximos um
do outro. A Figura 5.25 apresenta a definição da tensão de pré-adensamento do solo
para um ensaio de compressão hidrostática, segundo Pacheco Silva, enquanto a Figura
5.26 apresenta um exemplo da definição do ponto de escoamento do solo utilizando-se o
procedimento proposto por Graham et al. (1983), para o mesmo ensaio.
164

1000
p' pré-adensamento
265 kPa

p' (kPa)
100

10
0 0,02 0,04 0,06 0,08 0,1
Deformação volumétrica

Figura 5.25 – Definição do ponto de escoamento do ensaio de compressão hidrostática, segundo Pacheco
Silva.

900
800 Ponto de escoamento
700 p' = 265 kPa
Sw (kPa)

600
500
400
300
200
100
0
0 10 20 30

Trabalho (kPa)
Figura 5.26 – Definição do ponto de escoamento do ensaio de compressão hidrostática, segundo o
procedimento de Graham et al. (1983).

5.2.4.2 Definição dos parâmetros elásticos

Para cada ensaio, o módulo de elasticidade foi definido a partir da tensão


desviadora e da deformação axial correspondente ao ponto de cedência (escoamento). O
segundo parâmetro elástico, o coeficiente de Poisson foi assumido constante e igual a
0.15 para todos os ensaios. Estes parâmetros elásticos são necessários para calcular as
deformações axiais e radiais elásticas e consequentemente as deformações axiais e
radiais plásticas.
165

5.2.4.3 Parâmetro de encruamento

Parâmetro através do qual obtêm-se as diversas curvas de plastificação do solo,


ou seja, obtêm o encruamento do solo (evolução das curvas de plastificação desde o
início da plastificação, parâmetro igual à zero, até a ruptura do solo). Um modo de
avaliar possíveis mudanças na forma da curva de plastificação do solo com a evolução
do encruamento é vincular a forma da curva de plastificação do solo à forma dos
contornos de igual trabalho plástico. Este procedimento já foi adotado por Lade e Kim
(1988). Estes autores admitem que as curvas de escoamento do solo correspondem às
curvas de igual trabalho plástico. O trabalho plástico é definido pela equação 5.7.

W p = ∫ σ 1médio ⋅ dε 1p + ∫ σ 2 médio ⋅ dε 2p + ∫ σ 3médio ⋅ dε 3p (5.7)

Nesta expressão σ1 é a tensão principal maior média atuante no intervalo


considerado, σ2=σ3 são as tensões principais intermediária e menor que no caso de
ensaio realizado na trajetória convencional é o próprio confinamento aplicado e no caso
de trajetórias diferentes da convencional é a tensão média atuante no intervalo
considerado.

p p
dε1 , dε 2 = dε 3p são respectivamente os acréscimos de deformação axial plástica e
deformação radial plástica.

Na Figura 5.27 tem-se uma curva σ x ε genérica. Para um dado valor de σ1 - σ3

tem-se uma deformação total ε 1t composta da deformação elástica, ε 1e e da deformação

p
plástica, ε1 , de acordo com a propriedade aditiva das deformações (equação 5.8):

ε1t = ε1e + ε1p (5.8)

Conhecendo-se o módulo de elasticidade, pode-se calcular ε 1e pela equação 5.9

p
e a partir daí ε1 pela equação 5.10.
166

ε1e = (σ 1 − σ 3 ) / E (5.9)

ε1p = ε1t − ε1e (5.10)

Figura 5.27 – Definição das deformações axiais, elásticas e plásticas, ao longo da curva tensão-
deformação.

A definição da deformação radial elástica, ε 2e = ε 3e , é feita pela equação 5.11

que é baseada no conceito básico do coeficiente de Poisson.

ε 2e = ε 3e = −(υ ⋅ ε1e ) (5.11)

Para o cálculo da deformação radial plástica, ε 2p = ε 3p , é necessário o cálculo

da deformação volumétrica plástica, ε vp , que é definida pela equação 5.12, na qual a


deformação volumétrica elástica, ε ve , é definida pela equação 5.13. Uma vez calculada

ε vp , calcula-se ε 3p através da equação 5.14.

ε vp = ε vt − ε ve (5.12)

ε ve = ε1e + 2 ⋅ ε 3e (5.13)
167

ε 3p = ε 2p = (ε vp − ε1p ) / 2 (5.14)

A Figura 5.28, representa os dois tipos possíveis de deformação volumétrica


plástica que foram encontradas nos ensaios realizados. Dependendo do confinamento, as
deformações volumétricas plásticas foram de expansão ou de compressão.

Figura 5.28 - Tipos possíveis de deformações volumétricas plásticas encontradas nos ensaios realizados:
a – compressão, b – expansão.

Uma vez determinadas as diferentes deformações, procede-se ao cálculo do


acréscimo de trabalho plástico, ao longo do ensaio, para cada intervalo de tensão
considerado. Em primeiro lugar calculam-se os acréscimos de deformação axial

plástica, dε1p (equação 5.15), e os acréscimos de deformação radial plástica,

dε 2p = dε 3p . Pode - se então calcular os acréscimos de trabalho plástico, dw p ,


através da equação 5.16, que é a equação 5.7 discretizada.

dε1(i ) = ε1p(i ) − ε1p(i −1) (5.15)

{[( ) ] [ ( ) ]}
dW p (i ) = dε 1p(i ) − dε 1p(i −1) ⋅ ((σ 1(i ) + σ 1(i −1) ) / 2) + 2 ⋅ dε 3p(i ) − dε 3p(i −1) ⋅ ((σ 3(i ) + σ 3(i −1) ) / 2)

(5.16)
168

O trabalho plástico é determinado, pela equação 5.17, para cada par p, q ou q/2
ao longo do ensaio até a ruptura, onde p é obtido pela equação 5.18 e q é obtido pela
equação 5.19.

i =n
W p (i ) = ∑ (dW p ( i ) ) (5.17)
i =1

σ1 + 2.σ3
p= (5.18)
3

q = σ1 − σ 3 (5.19)

Finalmente curvas passando pelos pontos definidos por p, q ou q/2 que tem o
mesmo valor do parâmetro de encruamento (trabalho plástico) são plotadas.

5.2.4.4 Solo Jovem (saturado)

A Figura 5.29 apresenta o ajuste da equação 2.12 (Cam Clay modificado) aos
dados experimentais calculados utilizando-se os resultados dos ensaios triaxiais
convencionais, triaxiais não convencionais e compressão hidrostática realizados no solo
residual saprolítico saturado. O coeficiente de determinação obtido foi de r2 = 0.88.
Neste ajuste foi adotado um valor de M = 1,20 correspondente a um ângulo de atrito de
300, calculado utilizando-se os resultados dos ensaios triaxiais convencionais saturados,
para o solo saprolítico, forçando-se a obtenção de um intercepto de coesão nulo. O valor
de p0 usado, foi obtido através do ensaio de compressão hidrostática e seu valor foi de
265 kPa.
169

250
LEC
200 CAM CLAY
88
71,56 150CONV
150
q (kPa)

200CONV

100 100CONV 50

50 CONV
50 30

140
0 HC
0 50 100 150 200 250 300

p' (kPa) po

Figura 5.29 - Ajuste da equação 2.12 (Cam Clay modificado), aos dados experimentais.

Conforme apresentado na Figura 5.29, há um ajuste razoável da equação 2.12


aos dados experimentais. Nota-se ainda que a equação 2.12 se ajusta melhor aos dados
experimentais situados à direita da projeção da linha de estados críticos, havendo uma
super estimativa dos valores de plastificação do solo para o caso das amostras com alto
valor de OCR na ruptura.
A Figura 5.30 apresenta o encruamento do solo residual jovem saturado
ensaiado na direção vertical de acordo com o procedimento descrito anteriormente.
170

800
Wp = 0 kPa
Wp = 0.15 kPa
Wp = 0.28 kPa
Wp = 0.5 kPa
LEC

600 Wp = 1 kPa
Wp = 2 kPa
Wp = 3 kPa
Wp = 6 kPa
Wp = 10 kPa
q (kPa)

Wp = 15 kPa
400

200

0 200 400 600 800

p (kPa)

Figura 5.30 – Contornos de trabalho plástico obtidos em ensaios realizados em amostras saturadas.

5.2.4.5 Solo não saturado com sucção controlada

Nos ensaios com controle de sucção buscou-se determinar, no solo jovem, as


curvas de escoamento para as sucções adotadas, através dos pontos de escoamento dos
ensaios triaxiais e dos ensaios de compressão hidrostática, e compará-las com a equação
do modelo de Alonso et al.(1990). Buscou-se também, obter as superfícies LC e Ps e
prever a superfície Ps através da curva coesão versus sucção matricial obtida dos
ensaios triaxiais.
Para uma análise das formas das superfícies de plastificação, em uma primeira
instância, os valores de ps, representados na equação 2.14, foram obtidos ajustando-se
aos dados experimentais, pontos de escoamento dos ensaios triaxiais e p0 (obtido do
ensaio de compressão hidrostática), esta equação pelo processo dos mínimos quadrados.
A Figura 5.31 ilustra a superfície de escoamento ajustada aos dados
experimentais, conservando-se o valor de M=1,20, para os ensaios realizados com valor
de sucção constante e igual a 80 kPa. Nesta figura, também são apresentados o valor de
po, obtido do ensaio de compressão hidrostática e usado no ajuste juntamente com os
pontos de escoamento dos ensaios triaxiais , o valor de ps obtido através do ajuste e o
171

valor do coeficiente de determinação correspondente. A Figura 5.32 mostra o


espraiamento das curvas de escoamento com a sucção, para os ensaios realizados com
valores de sucções constantes e iguais a 0, 80, 160, 320 kPa
Os valores de ps obtidos, para as sucções ensaiadas, através do ajuste feito aos
dados experimentais, utilizando a equação 2.14 conforme mostrado na figura 5.31,
juntamente com os valores de po (obtidos dos ensaios de compressão hidrostática) estão
apresentados na Tabela 5.11.

400
LEC
350
300 Alonso - ua-uw = 80 kPa

250 pontos exp. (80 kPa)


q (kPa)

200
Po = 285 kPa
150
Ps = 57 kPa
100
50 r2 = 0.98

0
-100 -50 0 50 100 150 200 250 300 350
(p - ua) (kPa)

Figura 5.31 - Pontos de escoamento obtidos e ajustados pela equação 2.14, para os ensaios realizados com
sucção igual a 80 kPa.
172

350
sucção matricial = 320 kPa LEC
300

250 160 kPa

200
q (kPa)

80 kPa
150

100

50 saturado
0
-200 -100 0 100 200 300 400
p' , (p - ua) (kPa)

Figura 5.32 - Variação da curva de plastificação com a sucção.

Tabela 5.11 - Valores de ps e de po obtidos, conforme Figuras 5.29, através do ajuste da equação 2.14 aos
dados experimentais.
Sucção (kPa) Ps (kPa) Po (kPa)

0 0 265

80 57 285

160 91.4 295

320 132 300

O espraiamento da superfície Ps com a sucção poderia ser estimado através da


curva coesão versus sucção matricial (hiperbólica) obtida dos ensaios triaxiais. No
modelo de Alonso et al. (1990), Ps(s) é admitida como função linear da sucção. Deve-se
salientar contudo, que isto implica adotar uma relação linear entre a coesão e a sucção
matricial, o que, segundo os próprios autores, não é válido para muitos dos solos. A
partir dos resultados obtidos de ensaios triaxiais realizados em amostras saturadas e com
controle de sucção, obteve-se um bom ajuste aos dados experimentais relacionando-se a
coesão do solo com a sucção matricial através de uma relação hiperbólica (equação 5.1),
já apresentada anteriormente. Os parâmetros de ajuste encontrados para a equação 5.1,
já mostrados anteriormente, foram: c’= 24, a = 1.86 e b = 0.0072 kPa-1, o que conduziu
a obtenção de um r2 = 0.94.
Para que a equação 5.1 seja transformada na função Ps(s), é necessário que se
estabeleça uma relação entre os valores de c’ obtidos em termos de τ e σ e os valores de
173

c*, obtidos em termos de q e p. Pode-se mostrar que uma envoltória de ruptura no


espaço (q;p), para valores não nulos de coesão seria dada pela equação 5.20,
apresentada adiante:

q = c * +M . p (5.20)

6. sen φ M .c
Onde: M = e c* =
3 − sen φ tan φ

Para a definição da função Ps(s), deve-se levar em conta ainda o fato de que esta
deve satisfazer a condição ps(o) = 0, já que o próprio modelo, através de sua superfície
de escoamento, deve levar em conta a coesão obtida pelo solo devido ao seu pré-
adensamento. Além do mais, nota-se que Ps(s) = c*(s)/M, o que faz com que a função
Ps(s) seja dada pela equação 5.21:

ua − uw
p s ( s) = cot anφ (5.21)
a + b..(u a − u w )

A Tabela 5.12 apresenta os valores de ps obtidos pela equação 5.21, para as


sucções ensaiadas. Nesta equação o valor de φ = 30 0, corresponde ao ângulo de atrito
dos ensaios saturados ajustado pela origem.

Tabela 5.12 - Valores de ps previstos pela equação 5.21.


Sucção (kPa) Ps(s) (kPa)
80 56.5
160 91.4
320 132

A figura 5.33 mostra a superfície ps(s) prevista pela equação 5.21 e a obtida
experimentalmente, juntamente com a superfície LC.
174

350
300 superfície LC

sucção (kPa)
(experim ental)
250
200 superfície P s
(experim ental)
150
100 superfície P s
(prevista pela
50
equação 21)
0
-200 -100 0 100 200 300 400

p (kPa)

Figura 5.33 - Superfície Ps(s) prevista e experimental, juntamente com a superfície LC.

Percebe-se desta figura que as duas superfícies (ps) são praticamente idênticas,
mostrando assim que as curvas de escoamento do material podem ser previstas através
dos ensaios de compressão hidrostática, utilizando a tensão de pré-adensamento
isotrópica (po), e dos ensaios de compressão triaxial, utilizando a curva coesão versus
sucção matricial. A Figura 5.31 mostra ainda, que o efeito da sucção na tensão de pré-
adensamento isotrópica é pequeno (curva LC) sugerindo assim que o solo não seja
colapsível, enquanto que na resistência o efeito já é bem maior (curva Ps).
175

6 CONCLUSÕES

Este trabalho investigou o comportamento mecânico de dois horizontes de um


solo residual de gnaisse, típico da região de Viçosa-MG, um mais superficial,
correspondente a um solo residual maduro, e outro, mais profundo correspondente a um
solo residual jovem. A partir dos resultados experimentais apresentados e das análises
realizadas pode-se chegar as seguintes conclusões:

1. As composições mineralógicas destes solos, permitem aferir que existi um


relacionamento genético destes dois horizontes. As informações mineralógicas
confirmam os resultados da classificação MCT que enquadra o solo maduro como
Laterítico (LG’ - laterítico argiloso), e o solo jovem como não laterítico (NS’ - não
laterítico siltoso).

2. A facilidade de trabalho com estes solos, no que diz respeito à saturação e ao


equilíbrio de sucção é devida a predominância de macroporos.

3. A microestrutura do solo maduro é comandada pelos microagregados ovóides


cimentados (presença de goethita e gibsita confirmada pela análise mineralógica) muito
propícia a rearranjos microestruturais, e que se mostra heterogênea e anisotrópica como
um todo. A microestrutura do solo jovem é comandada pelos pseudomorfos de biotita.
Estes são altamente compressíveis, de uma maneira praticamente similar independente
da direção de carregamento, devido ao alto grau de intemperismo, e estão dispersos no
solo jovem de uma forma caótica sugerindo assim um material sem estruturação
significante em nível da microestrutura. Esta microestrutura, baseada nas características
dos pseudomorfos, parece ser muito mais homogênea e isotrópica quando comparada
com a microestrutura do solo maduro (laterítico).
176

4. Quanto ao estudo da anisotropia realizado pode-se concluir que:

- O solo jovem apresentou comportamento isotrópico quanto à resistência, independente


do nível de deformação axial e praticamente isotrópico quanto à deformabilidade para
os níveis de deformações axiais analizados;

- O solo maduro apresentou comportamento isotrópico quanto à resistência e


comportamento anisotrópico quanto à deformabilidade;

5. Quanto aos ensaios não saturados com controle de sucção realizados, para os dois
solos, verificou-se que:

- O ângulo de atrito interno praticamente não variou com a sucção matricial;

- A variação do intercepto de coesão em relação à sucção pode ser representada por


uma função hiperbólica;

- O modelo hiperbólico mostra-se como um modelo promissor no que se refere à


previsão da curva coesão aparente versus sucção matricial. A proposta de Vilar (2003),
mostrou-se mais adequada ao adotar como sucção máxima, uma sucção próxima do
ponto de inflexão da curva coesão versus sucção matricial (experimental) e mais
conservadora quando se adota a sucção correspondente ao corpo de prova seco (sucção
altíssima).

6. Quanto ao grau de intemperismo percebeu-se, no solo maduro que a presença de


agentes cimentantes criados pelo processo de intemperismo, e também o tipo de
microestrutura, onde se percebe uma tendência a rearranjos, lhe conferiu uma
resistência similar ao do solo jovem, tanto em condições saturadas como em condições
não saturadas.

7. Quanto à curva de plastificação verificou-se que:

- A curva de plastificação obtida para o solo jovem saturado, devida a sua história de
carregamento em campo, possui forma tal que pode ser representada razoavelmente bem
177

pela curva de plastificação adotada nos modelos derivados da mecânica dos solos dos
estados críticos (Cam-Clay modificado). Conforme apresentado, estas curvas tendem a
superestimar o valor da resistência ao cisalhamento de pico de amostras altamente pré-
adensadas. A curva de plastificação apresentou um formato típico de material
isotrópico: centrada e perpendicular ao eixo hidrostático.

- As formas dos contornos de igual trabalho plástico parecem ser um bom indicativo das
demais curvas de plastificação do solo. A forma da curva de plastificação do solo
saturado parece não se alterar de maneira significativa durante o encruamento do solo
(endurecimento isotrópico).

- A curva de plastificação para o solo jovem não saturado, em uma determinada sucção,
pode ser representada razoavelmente bem pela curva de plastficação adotada no modelo
de Alonso et al (1990).

- A forma da curva de plastificação, para o solo jovem, parece não se alterar com o
aumento da sucção matricial.

- O efeito da sucção na superfície LC é muito pequeno, sugerindo que os dois solos não
sejam colapsíveis, enquanto na resistência já é considerável (superfície Ps).

- O espraiamento da superfície Ps do solo jovem pôde ser previsto pela curva coesão
versus sucção matricial obtida dos ensaios triaxiais realizados com controle de sucção.

8. Quanto às recomendações para trabalhos futuros tem-se:

- Um estudo mais detalhado da microestrutura dos solos residuais, através,


principalmente, da análise de uma determinada quantidade de amostras ao microscópio
eletrônico de varredura e microscópio ótico aliadas a ensaios mecânicos em corpos de
prova indeformados e compactados. Este tipo de estudo aplicado a solos residuais
derivados de diferentes rochas matrizes com certeza ajudaria em se ter um entendimento
geral do comportamento de solos residuais.
178

- Quanto à anisotropia chegou-se à conclusão que para solos residuais jovens, com os
bandamentos da rocha presentes, porém em avançado estágio de intemperismo o
comportamento é praticamente isotrópico. Pode-se então explorar o comportamento de
um solo jovem (mais perto da rocha) onde o grau de intemperismo seja pequeno, com
pequena porcentagem de silte e areia.

- Quanto à previsão da envoltória de resistência não saturada, recomenda-se o emprego


da proposta apresentada neste trabalho a diferentes tipos de solos, com intuito de se
chegar a uma forma geral para a previsão da envoltória de resistência de solos não
saturados.

- Quanto à parte pertinente a modelos pode-se realizar um estudo que se inicie a partir
das curvas de plastificações, como as geradas neste trabalho, e explore a parte voltada à
modelagem de solos, determinando assim o tipo de lei de fluxo, a superfície pontencial
plástico se precisar, com objetivo de se elaborar um modelo para estes solos.
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193

8 NORMAS TÉCNICAS

MB–28 (NBR6508/ABNT-1984) - Grãos de solo que passam na peneira 4 –


Determinação da massa específica.

MB-30 (NBR6459/ABNT-1984) - Solo – Determinação do limite de liquidez.

MB-31 (NBR7180/ABNT-1984) - Solo – Determinação do limite de plasticidade.

MB-32 (NBR 7181/ABNT-1984) – Solo – Análise granulométrica.


194

9 ANEXOS

DIMENSÕES E CARACTERÍSTICAS DOS CORPOS DE PROVA DOS


DOIS HORIZONTES, JOVEM E MADURO, DO SOLO RESIDUAL DE
GNAISSE UTILIZADO PARA A REALIZAÇÃO DOS ENSAIOS
TRIAXIAIS
195

ANEXO 1 – Dimensões, índices físicos e parâmetro B dos corpos de prova do solo residual jovem,
submetidos aos ensaios de compressão triaxial convencionais drenados, saturados e em diferentes
direções de carregamento.
direção de σc H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr B
carregamento (kPa) (cm) (cm) (cm3) (N) (%) (KN/m3) (KN/m3) (KN/m3) (%) (%)
vertical 50 10,00 4,97 194,00 3,58 17,53 18,45 26,70 15,70 0,70 41 67 0,98
vertical 100 9,88 4,93 188,60 3,43 17,67 18,19 26,70 15,46 0,73 42 65 0,98
vertical 150 9,90 5,04 197,51 3,51 17,86 17,77 26,70 15,08 0,77 44 62 0,98
vertical 200 9,95 4,93 189,94 3,45 18,67 18,16 26,70 15,31 0,74 43 67 0,98
vertical 400 9,97 4,99 194,98 3,44 18,08 17,64 26,70 14,94 0,79 44 61 0,98

ortogonal 50 9,60 5,00 188,50 3,42 17,51 18,14 26,70 15,44 0,73 42 64 0,98
ortogonal 100 9,93 4,92 188,79 3,46 17,41 18,33 26,70 15,61 0,71 42 65 0,98
ortogonal 150 9,47 5,00 185,94 3,33 17,51 17,91 26,70 15,24 0,75 43 62 0,98
ortogonal 250 9,33 5,00 183,19 3,28 17,67 17,90 26,70 15,22 0,75 43 63 0,98
ortogonal 400 9,45 5,00 185,55 3,43 18,00 18,49 26,70 15,67 0,70 41 68 0,98

paralela 50 9,93 5,00 194,98 3,55 17,38 18,21 26,70 15,51 0,72 42 64 0,98
paralela 100 9,72 4,97 188,57 3,36 17,72 17,82 26,70 15,14 0,76 43 62 0,98
paralela 150 9,34 5,00 183,39 3,46 17,83 18,87 26,70 16,01 0,67 40 71 0,98
paralela 250 9,68 4,90 182,54 3,34 17,92 18,30 26,70 15,52 0,72 42 66 0,98
paralela 400 9,90 4,96 191,29 3,48 17,26 18,19 26,70 15,51 0,72 42 64 0,98

ANEXO 2 – Dimensões, índices físicos e parâmetro B dos corpos de prova do solo residual maduro,
submetidos aso ensaios de compressão triaxial convencionais drenados, saturados e em diferentes
direções de carregamento.
direção de σc H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr B
3 3 3 3
carregamento (kPa) (cm) (cm) (cm ) (N) (%) (KN/m ) (KN/m ) (KN/m ) (%) (%)
vertical 50 9,97 4,94 191,09 3,17 26,09 16,59 27,20 13,16 1,07 52 66 0,98
vertical 100 9,73 4,94 186,49 3,21 27,30 17,21 27,20 13,52 1,01 50 73 0,98
vertical 150 9,63 4,98 187,57 3,09 26,56 16,47 27,20 13,02 1,09 52 66 0,98
vertical 200 9,25 4,82 168,78 2,82 26,52 16,71 27,20 13,21 1,06 51 68 0,98
vertical 250 9,96 4,96 192,45 3,37 26,77 17,51 27,20 13,81 0,97 49 75 0,98

horizontal 100 9,94 4,93 189,74 3,20 28,63 16,88 27,20 13,12 1,07 52 73 0,98
horizontal 200 9,67 4,94 185,34 3,07 28,59 16,58 27,20 12,89 1,11 53 70 0,98
horizontal 250 9,95 4,93 189,94 3,11 28,20 16,36 27,20 12,76 1,13 53 68 0,98

45O 50 9,91 4,94 189,94 3,21 28,70 16,90 27,20 13,13 1,07 52 73 0,98
O
45 150 9,88 4,90 186,31 3,08 28,65 16,53 27,20 12,85 1,12 53 70 0,98
45O 200 9,93 4,95 191,10 3,37 26,77 17,64 27,20 13,91 0,96 49 76 0,98
196

ANEXO 3 – Dimensões, índices físicos e parâmetro B dos corpos de prova do solo residual jovem e
maduro, submetidos aso ensaios triaxiais de compressão hidrostática, saturados e em diferentes direções
de carregamento.
solo direção de H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr B
carregamento (cm) (cm) (cm3) (N) (%) (KN/m3) (KN/m3) (KN/m3) (%) (%)
jovem vertical 9,96 5,00 195,56 3,62 19,27 18,51 26,70 15,52 0,72 42 71 0,98
jovem ortogonal 9,93 4,95 191,10 3,46 17,53 18,11 26,70 15,41 0,73 42 64 0,98
jovem paralela 9,89 4,94 189,56 3,31 16,45 17,46 26,70 15,00 0,78 44 56 0,98
maduro vertical 9,90 4,94 189,75 3,21 28,00 16,92 27,20 13,22 1,06 51 72 0,98
maduro horizontal 9,89 4,93 188,79 3,16 27,63 16,75 27,20 13,12 1,07 52 70 0,98

ANEXO 4 – Dimensões, índices físicos e parâmetro B dos corpos de prova do solo residual jovem,
submetidos aos ensaios de tensão controlada em trajetórias diferentes da convencional, saturados e na
direção vertical.
Trajetória σc Η D V Peso w γ γs γd e0 n Sr B
3 3 3 3
(p, q) (kPa) (cm) (cm) (cm ) (N) (%) (KN/m ) (KN/m ) (KN/m ) (%) (%)
30o 150 10 5 196,35 3,44 16,02 17,52 26,70 15,10 0,77 43 56 0,98
o
50 150 9,83 5 193,01 3,43 14,91 17,75 26,70 15,44 0,73 42 55 0,98
71,6o 150 10 5 196,35 3,37 11,75 17,17 26,70 15,36 0,74 42 43 0,98
88o 150 10 5 196,35 3,45 13,21 17,58 26,70 15,52 0,72 42 49 0,98
140o 150 10 5 196,35 3,51 13,63 17,88 26,70 15,74 0,70 41 52 0,98

ANEXO 5 – Dimensões e índices físicos dos corpos de prova do solo residual jovem, submetidos aos
ensaios de compressão triaxial com sucção controlada.
ua - uw σc - ua condição H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr
(kPa) (kPa) (cm) (cm) (cm3) (N) (%) (KN/m3) (KN/m3) (KN/m3) (%) (%)
40 50 1 10,00 5,00 196,35 3,68 19,87 18,74 26,70 15,63 0,71 41 75
40 50 2 10,00 5,00 196,35 3,77 22,67 19,17 26,70 15,63 0,71 41 85
40 200 1 10,00 4,97 194,00 3,44 13,67 17,71 26,70 15,58 0,71 42 51
40 200 2 10,00 4,97 194,00 3,70 22,40 19,07 26,70 15,58 0,71 42 84
80 50 1 9,97 4,87 185,71 3,45 19,72 18,59 26,70 15,53 0,72 42 73
80 50 2 9,97 4,87 185,71 3,46 19,96 18,63 26,70 15,53 0,72 42 74
80 100 1 9,88 4,98 192,44 3,52 19,11 18,29 26,70 15,36 0,74 42 69
80 100 2 9,88 4,98 192,44 3,54 19,92 18,42 26,70 15,36 0,74 42 72
80 200 1 10,00 4,96 193,22 3,59 20,55 18,58 26,70 15,41 0,73 42 75
80 200 2 10,00 4,96 193,22 3,58 20,05 18,50 26,70 15,41 0,73 42 73
160 50 1 9,70 4,98 188,94 3,36 15,07 17,76 26,70 15,43 0,73 42 55
160 50 2 9,70 4,98 188,94 3,40 16,61 18,00 26,70 15,43 0,73 42 61
160 100 1 9,80 5,00 192,42 3,42 16,75 17,77 26,70 15,22 0,75 43 59
160 100 2 9,80 5,00 192,42 3,43 17,13 17,83 26,70 15,22 0,75 43 61
160 200 1 10,00 5,00 196,35 3,45 17,00 17,57 26,70 15,02 0,78 44 58
160 200 2 10,00 5,00 196,35 3,46 17,00 17,62 26,70 15,06 0,77 44 59
320 50 1 9,92 4,93 189,36 3,51 19,28 18,54 26,70 15,54 0,72 42 72
320 50 2 9,92 4,93 189,36 3,34 13,47 17,64 26,70 15,54 0,72 42 50
320 100 1 9,98 5,00 195,96 3,66 19,51 18,66 26,70 15,62 0,71 42 73
320 100 2 9,98 5,00 195,96 3,46 13,17 17,67 26,70 15,62 0,71 42 50
320 200 1 9,92 4,98 193,22 3,40 14,15 17,61 26,70 15,42 0,73 42 52
320 200 2 9,92 4,98 193,22 3,37 12,94 17,42 26,70 15,42 0,73 42 47
Obs: Condição 1 – após moldagem dos corpos de prova; Condição 2 – após imposição da sucção
matricial nas câmaras da Figura 3.12.
197

ANEXO 6 – Dimensões e índices físicos dos corpos de prova do solo residual maduro, submetidos aos
ensaios de compressão triaxial com sucção controlada.
ua - uw σc - ua condição H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr
(kPa) (kPa) (cm) (cm) (cm3) (N) (%) (KN/m3) (KN/m3) (KN/m3) (%) (%)
40 50 1 9,95 4,95 191,48 3,26 30,36 17,03 27,20 13,06 1,08 52 76
40 50 2 9,95 4,95 191,48 3,35 33,96 17,50 27,20 13,06 1,08 52 85
40 200 1 9,94 5,00 195,17 3,40 34,00 17,42 27,20 13,00 1,09 52 85
40 200 2 9,94 5,00 195,17 3,40 34,00 17,42 27,20 13,00 1,09 52 85
80 50 1 10,00 5,00 196,35 3,42 34,70 17,42 27,20 12,93 1,10 52 86
80 50 2 10,00 5,00 196,35 3,39 33,52 17,27 27,20 12,93 1,10 52 83
80 200 1 9,90 4,90 186,69 3,25 34,61 17,41 27,20 12,93 1,10 52 85
80 200 2 9,90 4,90 186,69 3,22 33,37 17,25 27,20 12,93 1,10 52 82
160 50 1 10,00 4,99 195,56 3,40 33,00 17,39 27,20 13,07 1,08 52 83
160 50 2 10,00 4,99 195,56 3,38 32,22 17,28 27,20 13,07 1,08 52 81
160 200 1 10,00 4,97 194,00 3,32 30,48 17,11 27,20 13,12 1,07 52 77
160 200 2 10,00 4,97 194,00 3,35 31,66 17,27 27,20 13,12 1,07 52 80
320 50 1 9,95 5,00 195,37 3,33 30,08 17,04 27,20 13,10 1,08 52 76
320 50 2 9,95 5,00 195,37 3,33 30,08 17,04 27,20 13,10 1,08 52 76
320 200 1 9,95 5,00 195,37 3,33 30,87 17,04 27,20 13,02 1,09 52 77
320 200 2 9,95 5,00 195,37 3,31 30,08 16,94 27,20 13,02 1,09 52 75

Obs: Condição 1 – após moldagem dos corpos de prova; Condição 2 – após imposição da sucção
matricial nas câmaras da Figura 3.12.

ANEXO 7 – Dimensões e índices físicos dos corpos de prova do solo residual jovem e maduro,
submetidos aos ensaios de compressão hidrostática com sucção controlada.
Solo ua - uw condição H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr
3 3 3 3
(kPa) (cm) (cm) (cm ) (N) (%) (KN/m ) (KN/m ) (KN/m ) (%) (%)
jovem 80 1 9,8 5 192,42 3,52 19,11 18,29 26,70 15,36 0,74 42 69
jovem 80 2 9,8 5 192,42 3,54 19,92 18,42 26,70 15,36 0,74 42 72
jovem 160 1 9,8 5 192,42 3,42 16,75 17,77 26,70 15,22 0,75 43 59
jovem 160 2 9,8 5 192,42 3,43 17,13 17,83 26,70 15,22 0,75 43 61
jovem 320 1 9,95 5 195,37 3,66 19,51 18,72 26,70 15,66 0,70 41 74
jovem 320 2 9,95 5 195,37 3,46 13,17 17,73 26,70 15,66 0,70 41 50
maduro 80 1 10 5 196,35 3,44 34,00 17,52 27,20 13,07 1,08 52 86
maduro 80 2 10 5 196,35 3,40 32,44 17,32 27,20 13,07 1,08 52 82
maduro 160 1 10 5 194,78 3,32 30,48 17,04 27,20 13,06 1,08 52 77
maduro 160 2 10 5 196,35 3,35 31,66 17,06 27,20 12,96 1,10 52 78
maduro 320 1 10 5 196,35 3,33 30,87 16,96 27,20 12,96 1,10 52 76
maduro 320 2 10 5 196,35 3,31 30,08 16,86 27,20 12,96 1,10 52 74

Obs: Condição 1 – após moldagem dos corpos de prova; Condição 2 – após imposição da sucção
matricial nas câmaras da Figura 3.12.
198

ANEXO 8 – Dimensões e índices físicos dos corpos de prova do solo residual jovem, submetidos aos
ensaios de compressão triaxial convencionais, secos ao ar e posteriormente cisalhados sem o controle da
sucção.
σc condição H D V Peso w γ γs γd e0 n Sr
(kPa) (cm) (cm) (cm3) (N) (%) (KN/m3) (KN/m3) (KN/m3) (%) (%)
50 1 9,97 5,00 195,76 3,68 19,87 18,79 26,70 15,68 0,70 41 75
50 2 9,97 5,00 195,76 3,14 2,31 16,04 26,70 15,68 0,70 41 9
100 1 10,00 5,00 196,35 3,44 13,67 17,49 26,70 15,39 0,73 42 50
100 2 10,00 5,00 196,35 3,09 2,25 15,74 26,70 15,39 0,73 42 8
200 1 9,97 4,87 185,71 3,45 19,72 18,59 26,70 15,53 0,72 42 73
200 2 9,97 4,87 185,71 2,95 2,28 15,88 26,70 15,53 0,72 42 8

Obs: Condição 1 – após moldagem dos corpos de prova; Condição 2 – após de secos ao ar.

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