13580
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13580
III
Agradecimentos
V
Resumo
VII
Resumo
VIII
Abstract
Introduction: A well structured transition plan for adult life, developed and
designed for a specific individual must necessarily provide the youngster/pupil with
Special Educational Needs (SEN) of a core fundamental skills to the practice of his/her
everyday life, in order to foresee his/her full social inclusion. The success of these
transition plans is only possible with the involvement and participation of all
stakeholders in the process (students, parents, technicians, services, and community),
highlighting the role of the teacher.
Objective: Identify and analyze the teachers’ perception, of an area limited to
the Agrupamento de Escolas de Castro Daire, regarding the development of the
transition plan for adult life (TAL) of pupils with SEN, in order to develop a specific
action plan to apply in the future.
Methodology: In this study, we opted for a quantitative, transversal and
descriptive research. The instrument used for data collection, adds three sections:
Section A is intended to make a characterization of the participants; section B
objectifies the teachers’ knowledge and beliefs, focusing on their practices regarding the
process of TAL; and section C seeks to identify the opinions of teachers and the options
for change regarding the development of the transition of the SEN pupils. The sample
consisted of 48 teachers working in the school above referred. For the statistical
treatment, it was used the Statistical Package Social Science (SPSS) program,
version 19.
Results: The sample is made up of mostly females, the average age is 41.52
years, all with degrees, including 25% with specialized training in the field of special
education. TA is perceived as a continuous process throughout the pupil's school career,
primarily intended for those who have a Specific Individual Curriculum (SIC), seeking
to ensure, as a priority, the development of personal, social and working skills through
the stages of development in a real working context. As partners in the TAL process
intervention, emphasis is given, beyond the family and the community, to the Instituto
de Emprego e Formação Profissional (IEFP). The monitoring is done formally or
informally, while coordination is delegated to the special education teacher. The
Individual Educational Plan (IEP) and Individual Transition Plan (ITP) are considered
the main guiding documents. The most relevant difficulties in the operationalization that
stand out are the job offer, the lack of companies to receive pupils, the scarce human
IX
Abstract
X
Índice Geral
Agradecimentos ............................................................................................................. V
Resumo ........................................................................................................................VII
Abstract......................................................................................................................... IX
Índice de tabelas ........................................................................................................ XIII
Lista de abreviaturas ................................................................................................... XV
Introdução ....................................................................................................................... 1
Parte I - Enquadramento teórico ....................................................................................... 3
Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva............................ 5
1.1. Institucionalização .................................................................................................. 5
1.2. Normalização .......................................................................................................... 6
1.3. Integração ............................................................................................................... 7
1.4. Inclusão................................................................................................................. 10
1.5. Escola Inclusiva .................................................................................................... 11
1.6. Conceito de NEE .................................................................................................. 13
Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social. ................ 17
2.1. Contexto Legislativo da Transição para a Vida Adulta ........................................ 17
2.2. Conceito de Transição .......................................................................................... 31
2.3. Modelos de Transição para a Vida Adulta ........................................................... 36
2.4. Currículos Funcionais ........................................................................................... 39
2.5. Plano Individual de Transição .............................................................................. 46
Capítulo III - Estudos e obras de referência no âmbito da TVA de alunos com NEE . 53
Parte II - Investigação empírica ...................................................................................... 57
Capítulo IV - Metodologia ........................................................................................... 59
4.1. Quadro conceptual da investigação ...................................................................... 59
4.1.1. Propósito da investigação ............................................................................... 59
4.1.2. Objetivos do estudo ........................................................................................ 61
4.2. População e amostra ............................................................................................. 62
4.3. Instrumento de recolha de dados .......................................................................... 62
4.4. Procedimentos ...................................................................................................... 64
4.5. Tratamento Estatístico .......................................................................................... 64
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados ................................... 67
5.1. Apresentação e análise dos resultados .................................................................. 67
5.2. Discussão dos Resultados ..................................................................................... 81
Conclusão ..................................................................................................................... 89
Bibliografia ................................................................................................................... 93
Anexos ........................................................................................................................ 103
XI
Índice de tabelas
XIII
Lista de abreviaturas
DL ...................... Decreto-Lei
XV
Introdução
1
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
bibliográfica relativa aos tópicos em estudo. Assim, no capítulo I faremos uma breve
revisão histórica sobre as diferentes etapas da evolução do conceito de NEE e as
respetivas implicações na construção de uma escola inclusiva.
No segundo capítulo proceder-se-á a uma abordagem mais ampla da TVA, onde
focaremos aspetos como o próprio conceito e o contexto legislativo, bem como os
referentes teóricos relativos a modelos de TVA de jovens com NEE. Faremos ainda
referência à importância dos currículos funcionais e ao documento que propõe a
operacionalização do processo de transição, o Plano Individual de Transição (PIT).
A finalizar a primeira parte, no capítulo III, apresentaremos alguns dos estudos e
obras de referência sobre a TVA de alunos com NEE.
A segunda parte deste estudo, composta por dois capítulos, corresponde à parte
empírica da investigação.
Neste sentido, no capítulo IV, descrevemos a metodologia utilizada, integrando-
-a num quadro concetual, em que elencamos os objetivos a que nos propomos e o
propósito da investigação. Limitamos ainda o tipo de estudo, caracterizamos a
população e a amostra e descrevemos o instrumento utilizado para a recolha de dados,
bem como os procedimentos para a sua administração e para a análise estatística.
Apresentamos, no quinto capítulo, de forma detalhada, uma análise e discussão
dos resultados obtidos, comparando-os com outros estudos já realizados no mesmo
âmbito.
Terminamos com as considerações finais que, não pretendendo ser conclusivas,
poderão servir de reflexão em estudos posteriores, nesta complexa temática da
implementação efetiva de programas de TVA em alunos com NEE. Procuraremos,
ainda, que as nossas conclusões traduzam algumas diretrizes para um plano de ação
específico para o agrupamento em causa, nos aspetos em que confirmarmos existir uma
discrepância entre o quadro teórico apresentado e a prática dos professores
questionados.
2
Parte I - Enquadramento teórico
Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva.
Toda a investigação parte de um quadro teórico de referência, pelo que importa
proceder a uma pesquisa bibliográfica que nos permita perceber o estado atual dos
conhecimentos relativamente a esta problemática, bem como a conceptualização dos
principais conceitos em estudo.
A escola inclusiva tal como hoje a concebemos é fruto de uma evolução
histórica e política que envolveu uma série de etapas, durante as quais os sistemas
educativos experienciaram diferentes formas de dar resposta às crianças/jovens
portadores de deficiência ou com dificuldades de aprendizagem.
Não é nosso objetivo descortinar minuciosamente toda esta evolução, mas sim
enfatizar o progresso dos conceitos chave que influenciaram e alteraram a abordagem da
escola para com as pessoas com NEE e suas famílias.
Durante um largo período, estes seres humanos foram excluídos dos programas
de educação pública, impedidos de interações benéficas ao seu desenvolvimento
integral, crescendo em ambientes interpessoais áridos e, muitas vezes, hostis.
Nas sociedades antigas era normal o infanticídio quando se observavam
anormalidades nas crianças. Durante a Idade Média a Igreja condenou o infanticídio,
mas, por outro lado, acalentou a ideia de atribuir a causas sobrenaturais as
anormalidades de que padeciam as pessoas. Considerou-as possuídas pelo demónio e
outros espíritos maléficos e submetendo-as a práticas de exorcismo.
1.1. Institucionalização
Nos finais do século XVIII, princípios do século XIX, começa o período de
institucionalização especializada de pessoas com deficiências.
A sociedade toma consciência da necessidade de prestar apoio a este tipo de
pessoas, embora este fosse essencialmente assistencial. Havia a ideia de que era preciso
proteger a pessoa normal da pessoa com deficiência pois esta última era considerada
como um perigo para a sociedade. Também acontecia o inverso, isto porque se
considerava que era preciso proteger a pessoa com deficiência da sociedade, visto que
esta poder-lhe-ia fazer mal. O resultado de ambas as conceções vem a ser o mesmo:
separa-se a pessoa com deficiência, segrega-se, discrimina-se.
5
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
1.2. Normalização
É a partir da realização da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas
para a Educação (1960) que se assiste ao incremento de uma nova conceção de escola
que luta contra a discriminação na área do ensino. É evocado o direito à educação de
todos os indivíduos, proclama-se o direito da criança/jovem a uma educação e a um
nível aceitável de aprendizagem, reforça-se o direito que cada uma das crianças/jovens
tem em ser respeitada, quanto às suas características, interesses, capacidades e
necessidades de aprendizagem.
Por consequência, uma crescente percentagem da população com deficiência
passou a ser admitida em estruturas educativas, na maior parte dos casos em escolas ou
classes especiais, diminuindo progressivamente o número dos que eram excluídos de
qualquer programa ou encaminhados para instituições de caráter assistencial ou
psiquiátrico.
Começaram a surgir os primeiros movimentos a favor da integração escolar.
Esta ideologia tinha como pressuposto o direito da pessoa diferente a aprender com os
outros, num meio o menos restritivo possível, de acordo com o seu próprio nível de
desenvolvimento (Correia, 1997).
Foi, fundamentalmente, nos países do norte da Europa que este processo se
tornou numa prática corrente como resultado de uma atitude de rejeição face a classes
ou mesmo escolas segregadoras. Privilegiavam-se as práticas educacionais, em
detrimento de práticas exclusivamente clínicas, com o objetivo de proporcionar às
crianças/jovens uma aprendizagem mais eficaz. Assim, foram reconhecidos às pessoas
com deficiência os mesmos direitos dos outros cidadãos, de acordo com a sua própria
especificidade, proporcionando-lhes a conjugação de serviços sociais da comunidade e
escolares que facilitassem o desenvolvimento das suas capacidades, de modo a que os
seus comportamentos se aproximassem o mais possível dos modelos considerados
“normais” consubstanciando-se assim o princípio da “normalização”, enquanto
possibilidade de desenvolver um tipo de vida tão normal quanto possível.
A propósito do princípio da normalização, Garcia (1988, p. 71) refere-nos:
6
Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva.
1.3. Integração
Segundo Felgueiras (1994), tratava-se, no fundo, de propor a integração de
crianças com deficiência no sistema normal de ensino, frequentando classes regulares,
em oposição a um sistema que se encontrava em rutura e desadaptado, face à evolução
do sistema de valores da sociedade.
No movimento de ideias que conduziram a mudanças concetuais de grande
significado, nomeadamente o conceito de integração escolar e o conceito de
Necessidades Educativas Especiais, vários países são influenciados pelo surgimento em
1975, nos Estados Unidos da América, da legislação Public Law 94-142 e, em 1978, do
Warnock Report, no Reino Unido. Portugal não foi alheio a esta influência.
Estes documentos não mudaram somente o conceito que antes se tinha das
crianças/jovens com deficiência, como também levaram a que se reorganizassem as
respostas educativas a conceder pela escola regular para que estes alunos tivessem
oportunidades de acesso à educação, com utilização diferenciada de recursos para
7
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
8
Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva.
cada aluno se pode encontrar, onde se respeita a sua diferença, e onde são valorizados
ao máximo os aspetos favoráveis do meio, para o desenvolvimento da sua
personalidade.
Os trabalhos desenvolvidos no âmbito do Ano Internacional do Deficiente
(1981) vêm consubstanciar o atrás referido e tornar mais visível o direito à igualdade de
oportunidades, o direito à integração e à plena participação numa sociedade para todos,
cuja intervenção é centrada na escola.
Também a Declaração Universal dos Direitos Humanos, proclama o direito de
cada indivíduo à educação, que posteriormente é reconfirmado pela Declaração Mundial
sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990), quando no ponto 5 do artigo 3º,
determina que “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de
deficiências requerem atenção especial” e que “é preciso tomar medidas que garantam a
igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência,
como parte integrante do sistema educativo”.
Nesta ótica, toda a criança/jovem tem o direito fundamental à educação e deve-
-lhe ser concedida a oportunidade de alcançar e de manter o nível adequado de
aprendizagem, dado que cada um possui características, interesses, habilidades e
necessidades de aprendizagem que são únicas. Qualquer pessoa com NEE tem o direito
de expressar os seus desejos em relação à sua educação, que, dentro das possibilidades,
deverão ser atendidos. Os pais também devem fruir o direito inerente de serem
auscultados sobre a forma de educação mais apropriada às necessidades, circunstâncias
e aspirações dos seus filhos (UNESCO, 1994).
Apesar de plasmada em inúmeros documentos e legitimada pela lei, a
materialização do conceito integração experimentou muitos impedimentos, isto porque,
segundo Fonseca (1995), “a integração não se consegue por leis escolares nem por
espontaneidade social. Ela deve ser pensada a nível social antes e depois da escola.
Antes através de acções domiciliárias eficazes. Depois, por uma política de emprego e
de integração social” (p. 197). “A integração só terá sucesso se todo o sistema de ensino
mudar. Ter-se-ão de criar serviços adequados, ultrapassar a pobreza do equipamento
escolar, superar processos arbitrários de diagnóstico e de classificação, intensificar a
inovação dos processos de formação dos professores” (idem, p. 207).
De facto, o caminho para a concretização da integração passa pela valorização
de um modelo de dinamização de todos os recursos humanos e materiais, de modo a
dotar a escola de um lugar para todos e de a transformar num espaço próprio para cada
9
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
1.4. Inclusão
A experiência alcançada com a integração escolar e toda a reflexão que se
desenvolveu sobre a mesma ajudou a desencadear o movimento da inclusão que
alcançou o seu auge no Congresso de Salamanca, em 1994, com a Declaração de
Salamanca onde foram acordados os princípios fundamentais da escola e da educação
inclusivas.
É, de facto, com a Declaração de Salamanca que o conceito de NEE é retomado
e redefinido como abrangente de todas "as crianças e jovens cujas carências se
relacionam com deficiências ou dificuldades escolares e, consequentemente, têm
necessidades educativas especiais em determinado momento da sua escolaridade",
incluindo nesta definição as "crianças com deficiência ou sobredotadas, crianças da rua
ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nómadas, crianças de
minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos
ou marginais" (UNESCO, 1994, p. 6).
É incontestável que a Declaração de Salamanca vem reforçar a responsabilidade
da escola regular pela educação de todas as crianças, quaisquer que sejam as suas
dificuldades, surgindo, assim, a noção de escolas inclusivas. Nesta carta de princípios,
estabelecem-se as normas sobre a igualdade de oportunidades para as pessoas com
deficiência e o direito de todas as crianças à educação.
Como princípio fundamental da inclusão, a Declaração de Salamanca refere que
todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente das
dificuldades e das diferenças que apresentam. Para a concretização deste princípio é
recomendada a “adopção de sistemas mais flexíveis e mais versáteis” bem como a
“necessidade dum método de ensino centrado na criança” (p. 21). Imbuído neste
princípio, o Parecer n.º3/99, de 17 de fevereiro, do Conselho Nacional da Educação,
estabelece que a
10
Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva.
11
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
conceção humanista de participação social, pois nele está contida a perceção de que a
pessoa portadora de deficiência não é diferente, com condições limitadas que merece
apenas tolerância, mas alguém que, com a sua diferença soma experiências, é capaz e
pode desempenhar tarefas requeridas pela sociedade.
A este respeito Silveira e Almeida (2005) argumentam que na “escola inclusiva”
o processo educativo deve ser entendido como um processo social que permite o direito
à escolarização o mais “próximo possível” do normal a todas as crianças com NEE. O
objetivo desta escola é alcançar a integração da criança com deficiência na comunidade.
Por outro lado Correia (2008) diz-nos que a Escola Inclusiva é aquela “onde toda
a criança é respeitada e encorajada a aprender até ao limite das suas capacidades” (p. 7)
e que dá resposta às necessidades de todos os alunos, sejam quais forem as suas
características (mesmo com NEE severas), “na classe regular, sempre que isso seja
possível” (Correia, 1999, p. 34).
Assim sendo, é impreterível infundir um novo olhar sobre as diferenças, confiar
nas diversas possibilidades destas pessoas, na qualidade das relações sociais, no respeito
pelas suas características e pela sua liberdade. É proposto um novo modo de interação
social que, forçosamente, impõe mudanças na estrutura da sociedade e da própria
educação.
Tal como temos vindo a observar, a definição de inclusão é abrangente e
complexa, assenta numa nova forma de perspetivar a educação, podendo ser entendida
como um movimento para mudar as escolas a fim de as tornar capazes de responder à
diversidade humana (Ainscow & Ferreira, 2003).
A “escola inclusiva” visa responder às necessidades individuais de todos os
alunos e promover o sucesso escolar de cada um, independentemente das suas
dificuldades e das suas limitações. Aqui, o aluno com NEE não é igual aos outros, pelo
contrário, afirma-se pela sua diferença, a qual, não se constitui como uma desigualdade.
A aceitação dessa diferença, a assunção da diversidade e a heterogeneidade de
características dos alunos favorece o desenvolvimento de uma cultura de escola cujo
objetivo é assegurar o sucesso educativo, bem como o desenvolvimento global e
harmonioso de todos os alunos.
A Convenção sobre os direitos das Pessoas com Deficiência (publicada em
Diário da República em 2009) foi também um marco histórico e um contributo para a
educação inclusiva, na medida em que traduz um importante instrumento legal no
reconhecimento e na promoção dos direitos humanos das pessoas com deficiência e na
12
Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva.
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo I - Necessidades Educativas Especiais e a Escola Inclusiva.
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão
Social.
A vida do ser humano contém várias transições, contudo, uma das mais
marcantes ocorre quando os jovens concluem a sua formação académica, saem da
escola e precisam de iniciar uma atividade profissional que lhes permita uma vida adulta
autónoma do ponto de vista económico-social. A conquista desta independência para os
jovens traz sempre dificuldades acrescidas, tanto a indivíduos tão ou mais capazes mas,
sobretudo, àqueles que por se afastarem do chamado padrão normal, possuindo NEE, ao
invés de serem valorizados, são ainda mais limitados por uma sociedade ainda
discriminatória.
Também é sabido que a descontinuidade da educação e da escola (que deveria
prever e sustentar o processo de inclusão de pessoas com NEE) com o mundo social
(comunidade, emprego, convívio, lazer, etc.) constitui uma das maiores preocupações
tanto para a própria pessoa e sua família, como para todos os técnicos envolvidos. Na
verdade todos sabemos que se o processo de transição, que ocorre numa fase crucial da
vida dos seus destinatários, não for bem-sucedido compromete o seu projeto de vida
futura (entre outros, pessoal, profissional, familiar, de orientação, inserção, formação),
com consequências intrinsecamente irreversíveis a nível quer da autoestima, quer da
frustração das suas legítimas expetativas.
17
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
A partir da segunda metade dos anos 90, foram publicados, também no Reino
Unido, outros documentos importantes que contribuíram para a promoção da inclusão; a
reorganização das escolas de modo a poderem responder a todas as crianças e jovens e a
gerir a diversidade de forma eficaz; a reestruturação das escolas especiais, de modo a
constituírem centros de recursos para o sistema regular de ensino; o desenvolvimento de
processos de transição para a vida ativa e inserção socioprofissional. Entre eles,
salientamos: Code of Practice on the Identification and Assessment of Special
Education Needs (1994); Revised National Curriculum (1999); Guide to Transition
Planning for Secondary and Special Schools (2001).
Das orientações imanadas dos referidos documentos, face à transição para a vida
adulta, salientamos as consideradas mais significativas: ser inclusivo; responder às
necessidades específicas de todos os alunos, proporcionando-lhes o apoio adequado e
disponibilizando os recursos requeridos em função das especificidades de cada um; ter
um caráter holístico, ou seja, não contemplar apenas os diferentes aspetos da sua vida
atual, mas também os da sua vida futura (residência, vida social, educação, preparação
profissional e trabalho); garantir o envolvimento participativo dos próprios jovens ao
longo de todo o processo de transição, tendo sempre em conta as suas necessidades e o
respeito pelas suas escolhas e opções, relacionadas não só com a sua futura vida
profissional, mas também com os aspetos de ordem sociofamiliar; implicar a
participação e clarificar as responsabilidades dos diferentes intervenientes: pais,
professores, psicólogos, serviços de emprego, empresas, serviço social, organizações
não-governamentais e outros serviços; identificar o responsável pela coordenação e
desenvolvimento do processo de transição de cada aluno; estabelecer protocolos entre a
escola e os diferentes serviços, empresas ou outros; elaborar um Plano de Transição
com a participação conjunta dos agentes educativos designados para o efeito (pais,
alunos, professores, psicólogos e representantes dos serviços externos à escola).
Outra meta decisiva nas orientações das políticas e das práticas, no âmbito das
NEE, nos seus currículos e na transição para a vida adulta, foi a Declaração de
Salamanca saída da “Conferência Mundial sobre Necessidades Especiais: Acesso e
Qualidade”. Nessa carta de princípios, que foi aprovada pelos representantes de 92
países e 25 organizações internacionais, em junho de 1994, estabelecem-se as normas
sobre a igualdade de oportunidades para as pessoas com deficiência e o direito de todas
as crianças à educação, já antes proclamado na Declaração dos Direitos do Homem.
Como princípio fundamental da inclusão, a Declaração de Salamanca refere que
19
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível, independentemente das
dificuldades e das diferenças que apresentam. As escolas devem responder às diferentes
necessidades dos seus alunos, tendo em conta os diferentes ritmos de aprendizagem,
devendo assegurar uma educação de qualidade para todos, através de currículos
adaptados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, da utilização de
recursos e da cooperação com as respetivas comunidades (UNESCO, 1994).
No que concerne especificamente à “Preparação para a Vida Adulta”, a
56ª recomendação refere que compete à escola envidar esforços concertados com os
diferentes parceiros sociais e a comunidade envolvente no sentido de assegurar uma
adequada transição do jovem para a vida pós-escolar, de modo a promover a
capacitação de competências para a sua inserção social, familiar e profissional.
Nas últimas décadas, muitos países têm vindo a adotar políticas de inclusão
social e laboral de pessoas com deficiência, política essas decorrentes das
recomendações e convenções imanadas das Conferências Gerais que a Organização
Internacional do Trabalho (OIT) tem promovido. Em 20 de junho de 1983, a convenção
n.º 159 denominada “Readaptação Profissional e Emprego de Deficientes”, da qual
Portugal foi um dos primeiros signatários, assume importância primordial dado que
procedeu à definição dos objetivos, medidas a adotar e princípios a que devem obedecer
as políticas nacionais de readaptação profissional e emprego das pessoas com
deficiência por cada Estado-Membro. Os Estados-Membros têm ainda a obrigação de
adotar as medidas requeridas à criação de serviços de orientação e formação
profissional, de colocação, de emprego e outros serviços afins dotados de recursos
humanos qualificados e apropriados (artigo 9º), assim como de “serviços de readaptação
profissional e de emprego nas zonas rurais e nas coletividades isoladas” (artigo 8º).
A nível comunitário (Comunidade Europeia) também foram adotadas uma série
de medidas em prol da inclusão da pessoa com deficiência e, de acordo com essas
medidas, é instituída a “Carta Comunitária dos Direitos Sociais Fundamentais dos
Trabalhadores”, de 9 de dezembro de 1989, que diz que todas as pessoas com
deficiência, seja qual for a origem e a natureza da sua deficiência, devem poder
beneficiar de medidas adicionais concretas destinadas a assegurar a sua autonomia, a
sua integração profissional e social e a sua participação na vida comunitária. Outra das
diretrizes exaladas deste documento determina que os Estados-Membros desenvolvam
formas adequadas de políticas preventivas e ativas que fomentem a sua inserção no
mercado de trabalho.
20
Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
Refira-se, ainda neste âmbito, que foi instituído o ano de 2003 como o “Ano
Europeu das Pessoas com Deficiência”. A sua intenção foi o de consciencializar a
sociedade em geral para a problemática da deficiência, nomeadamente dos direitos da
pessoa com deficiência em alcançar uma igualdade e participação totais em todas as
áreas.
A “Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência” adotada na
Assembleia Geral das Nações Unidas em Nova Iorque, a 13 de dezembro de 2006,
constituiu um marco histórico do nosso século na garantia e na promoção dos direitos
das pessoas com deficiência no que respeita à reabilitação e habilitação, educação,
saúde, acesso à informação, serviços públicos, etc. e na proibição da discriminação
contra as mesmas em todas as áreas da vida.
No que concerne à educação, os “Estados Partes” comprometem-se assegurar a
igualdade de acesso à educação das pessoas com deficiência, elas “podem aceder ao
ensino superior geral, à formação vocacional, à educação de adultos e à aprendizagem
ao longo da vida sem discriminação e em condições de igualdade com as demais”
(artigo 24). O objetivo é aumentar a sua participação na sociedade, o seu senso de
dignidade, a sua autoestima e o desenvolvimento das suas potencialidades,
personalidade, criatividade e aptidões.
Paralelamente à responsabilização de toda a sociedade, no combate à
discriminação das pessoas com deficiência, é instituído um sistema de monitorização
internacional da aplicação da Convenção, através da criação do “Comité dos Direitos
das Pessoas com Deficiência”, que consta do “Protocolo Opcional”. É constituído por
peritos independentes para controlar os progressos verificados, com base em relatórios
apresentados pelos “Estados Parte”.
Conscientes da responsabilidade de garantir efetivamente o respeito pela
integridade, dignidade e liberdade individual das pessoas com deficiência e de reforçar a
proibição da discriminação destas pessoas, os países (82 países, incluindo Portugal que
subscreveu na íntegra todos os princípios firmados) que assinaram a convenção
referenciada e os que posteriormente a ratificaram, implementaram leis, políticas e
programas sendo o objetivo central a promoção da mudança de uma perspetiva de
proteção da pessoa portadora de deficiência para um conceito de sujeito com direitos e
obrigações em situação de igualdade com os restantes indivíduos, proibindo a sua
discriminação pela deficiência de que são portadores.
Reconhecendo a necessidade de fortalecer as políticas públicas, as iniciativas e
21
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
os esforços para assegurar a inclusão profissional plena e efetiva das pessoas com
deficiência, nos países ibero-americanos, e tendo também em consideração os dois
documentos internacionais reconhecidos na área de direitos e garantias da pessoa com
deficiência supracitados, a Cimeira Ibero-Americana de Chefes de Estado e de Governo
(reunida na cidade de Cádiz, Espanha, em novembro de 2012), aprovou o comunicado
“Declaração de 2013 como Ano Ibero-Americano para a Inclusão no Mercado Laboral
das Pessoas com Deficiência”.
Em Portugal, a consciencialização sobre a igualdade de direitos e de
oportunidades, bem como a reabilitação profissional das pessoas portadoras de
deficiência, começou a produzir alguns resultados percetíveis a partir do ano de 1919,
data em que foram adotadas as primeiras iniciativas legislativas sobre a organização dos
seguros sociais e de cobertura dos acidentes de trabalho (Veiga, Sousa, Nunes, &
Favela, 2004, p. 14). Mesmo à revelia das orientações da Conferência Internacional do
Trabalho e da Declaração de Filadélfia, seguiu-se um longo período de tempo em que
foi notório o desinteresse do Estado sobre esta temática. Na década de 60, começa-se a
esboçar os primeiros contornos de uma política de reabilitação profissional com a
criação do Fundo de Desenvolvimento da Mão-de-Obra e a Fundação do Instituto de
Formação Profissional (1962), os quais se destinavam ao atendimento de pessoas com
deficiência, contudo não se verificavam fatores de mudança capazes de fazer alterar a
situação vigente com que as pessoas com deficiência se confrontavam no seu dia-a-dia.
A deficiência era considerada uma fatalidade e o Estado sustentava uma atitude de
caridade e assistencialismo. A situação agravou-se, provocando mesmo um retrocesso,
quando no ano de 1969 é extinto o Serviço de Reabilitação Profissional.
Devido, essencialmente, à ação dos movimentos associativos que surgiram após
o 25 de abril de 1974, renascem as preocupações políticas em torno do reconhecimento
da condição específica das pessoas com deficiência na qual se inclui a sua integração
social, formação e emprego.
A primeira, e também a mais importante medida a nível da moldura legal, que a
tutela legisla sobre os direitos das pessoas portadoras de deficiência, encontra-se, na
Constituição da República Portuguesa de 1976, onde no número um do artigo 71º refere
que “Os cidadãos portadores de deficiência física ou mental gozam plenamente dos
direitos e estão sujeitos aos deveres consignados na Constituição, com ressalva do
exercício ou do cumprimento daqueles para os quais se encontrem incapacitados”.
Nestes termos,
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
participação ativa das pessoas com deficiência nas mais diversas áreas da
sociedade, com o objetivo de promover uma maior autonomia e a defesa e
reivindicação dos seus direitos de cidadania (Capucha, et al., 2004);
− A Lei nº 49/2005, de 30 de agosto, no seu artigo 20º, ponto 3, relativo à
Educação Especial refere “No âmbito dos objetivos do sistema educativo, em
geral, assumem relevo na educação especial: (…) O apoio na inserção
familiar, escolar e social de crianças e jovens deficientes; O desenvolvimento
da independência a todos os níveis a que se possa processar; A preparação
para uma adequada formação profissional e integração na vida activa”.
− Com a publicação do Decreto-Lei n.º 20/2006, de 31 de janeiro, é criado o
grupo de docência para a educação especial, cujas funções se destinam a
prestar apoio aos alunos com necessidades educativas especiais de carácter
prolongado;
− No que concerne à organização da educação especial, artigo 21 e formação
profissional, artigo 22, este diploma legal especifica pormenorizadamente a
forma como a mesma se deve processar;
− Regulamentação do exercício das atividades socialmente úteis, desenvolvidas
nos Centros de Atividades Ocupacionais (CAO), bem como as condições de
atribuição de compensações monetárias aos utentes dessas estruturas,
contribuindo, assim, efetivamente para a promoção da autonomia e da
participação ativa das pessoas com deficiência – Portaria nº 432/2006, de
3 de maio;
− O Decreto-Lei nº 163/2006, de 8 de agosto, que aprova o regime de
acessibilidade à via pública, aos edifícios e estabelecimentos que recebem
público, bem como aos edifícios habitacionais. O objetivo é garantir e
assegurar a acessibilidade das pessoas com deficiência, sendo que esta
constitui um elemento fundamental na participação cívica, ativa e integral das
mesmas;
− A Resolução da Assembleia da República n.º 56/2009, de 10 de julho, que
aprova a “Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência”,
adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em dezembro de 2006, e
concluída em Nova Iorque a 30 de março de 2007, data em que Portugal a
assina;
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
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sentido do derrube das barreiras que ainda se levantam às pessoas com deficiência; a
individualização do ensino, na lógica das necessidades educativas do aluno; a
funcionalidade dos currículos, no sentido de ser, cada vez mais, considerado como um
instrumento construído em função das necessidades dos alunos, tendo como primeira
finalidade a sua adaptação às condições de vida próprias do seu meio sociocultural.
O desenvolvimento de um Plano de Transição baseado num currículo funcional
é indispensável, pois é o veículo de acesso à plena integração dos alunos com NEE na
medida em que permite o desenvolvimento das competências chave, já mencionadas,
essenciais à vida adulta destes jovens. Assim, torna-se fundamental apostar numa visão
ecológica que procure convocar a dinâmica dos fatores contextuais que influenciam a
vida destes jovens (Verdugo & Bermejo, 2001), permitindo-lhe uma plena inclusão
social e comunitária.
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
autor, faz lembrar um conjunto de bonecas russas que não estando hermeticamente
fechadas, e umas em relação com as outras, interferem reciprocamente e afetam
conjuntamente o desenvolvimento da pessoa. Cada uma dessas estruturas, que rodeia ou
integra a pessoa no seu núcleo, é designada pelo autor de micro, meso, exo e macro
sistema.
O modelo ecológico de Bronfenbrenner permite compreender o
desenvolvimento humano, as interações e correlações que o caracterizam e o
restruturam, bem como identificar os fatores que facilitam ou condicionam as transições
ecológicas. Assim, no contexto de transição para a vida ativa, pretende-se prever o
comportamento vocacional dos jovens, bem como estabelecer alguns elos de
causalidade entre determinadas formas de interação ambiente/indivíduo e a sua futura
orientação vocacional. Neste sentido, foram estabelecidos os seguintes postulados
básicos: é impossível explicar o desenvolvimento vocacional sem primeiro compreender
a realidade em que esse desenvolvimento se processa, o ambiente e os contextos de
vida, bem como a pessoa a quem diz respeito; existe uma interação dinâmica entre
pessoa/ambiente, sendo esta o motor do desenvolvimento e da transformação; o
desenvolvimento é sempre contextual/contextualizado, refere-se à conceção que o
sujeito tem do ambiente e às relações que estabelece com ele, assim como à progressiva
capacidade de descobrir, manter ou alterar as condições do mesmo; para que o
individuo possa usufruir das oportunidades e recursos (para o seu desenvolvimento) que
o ambiente lhe oferece terá de os compreender como tal. Daí, que o processo de
desenvolvimento do sujeito dependa da capacidade que este tem de concetualizar,
manipular, transformar e modificar o ambiente em que interage. O desenvolvimento
contextualizado requer a passagem entre ambientes diferentes e a mudança de papéis. É
necessária uma acomodação constante e mútua do sujeito e do ambiente (Rojo & Pastor,
1997).
O enfoque ecológico, como referem os mesmos autores (1997, p. 62), é
facilitador de uma associação de ações formativas/norteadoras dado que, “resalta com
nitidez um amplio abanico de ámbitos de intervención para o desarrollo vocacional”.
Deste modo, será o modelo que melhor explica a intervenção em pessoas com NEE,
nomeadamente ao nível da transição, uma vez que consegue ter uma maior abrangência
dos múltiplos fatores, tanto pessoais como do contexto, que influenciam a trajetória do
seu desenvolvimento. Tem como principais características:
− a ênfase que atribui às interações entre o individuo e o ambiente/contextos;
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
Rojo e Pastor (1997) realçam a importância das pessoas: planearem a sua própria
vida, de acordo com as suas oportunidades reais; de participarem ativamente na
comunidade onde estão inseridas, de modo a desenvolverem diferentes papéis; de
tomarem decisões que as levem a autodeterminação e à minimização da sua
dependência física e psicológica em relação aos outros.
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
Contudo, para atingir estes propósitos, devem ser tidas em conta as principais
dificuldades que os alunos em causa apresentam:
− Levam mais tempo a aprender qualquer atividade ou a dominar qualquer
competência, pelo que é fundamental que se selecione, criteriosamente,
aquilo que se ensina, evitando-se que se perca tempo com aquisições inúteis.
Devem-se criar situações de aprendizagem positivas e significativas,
preferencialmente nos ambientes naturais do aluno e de uma forma o mais
concreta possível, para que este se sinta motivado e com predisposição para
aprender;
− É necessário que tenham possibilidade de praticar com frequência, e ao longo
da vida, aquilo que aprendem, pois esquecem com alguma facilidade o que
aprenderam;
− Têm mais dificuldade em realizar as operações de generalização e de
transferência, é essencial que, sempre que possível, se utilizem como locais
de aprendizagem os espaços e as situações reais em que os conhecimentos
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Mesmo numa perspetiva funcional, o percurso educativo dos alunos com NEE
graves deve ser muito próximo do dos colegas sem NEE durante os primeiros anos de
escolaridade, passando a diversificar-se ao longo do percurso escolar. Inserido na turma
regular, deve participar no maior número de atividades desenvolvidas pela turma e/ou
escola. A aprendizagem de muitas das competências que são essenciais para a sua vida
realizar-se-ão em espaços externos à sala de aula – em casa, na comunidade, em espaços
de tipo laboral. Estas atividades realizadas fora da sala de aula, nos últimos três anos da
escolaridade obrigatória, deverão ser, progressivamente, mais prolongadas. Estas
deverão apostar na preparação para a transição da escola para vida adulta, devendo
assumir o carácter de “tipo laboral” em locais de trabalho da comunidade, realçando-se
que não se tratam de atividades propriamente profissionais, mas sim de ações de
carácter pedagógico. De facto, a condição dos alunos mantém-se como tal, embora a sua
aprendizagem, durante algumas horas semanais ou diárias, tenha lugar em locais
normais de trabalho. Tornar-se-á óbvio que, quanto mais próximo os alunos estiverem
do fim da sua escolaridade, menos tempo deverão passar no edifício escolar e aumentar
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
o tempo que deverão passar numa variedade de experiências não escolares, nas quais
irão funcionar quando saírem da escola, para que, quando atingirem a idade adulta, o
ensino tenha lugar, quase na sua totalidade, em espaços normais da comunidade. Isto é
tanto mais importante quando se sabe que estes alunos manifestam demais dificuldades
em generalizar e transferir o que aprendem no contexto escolar.
Depreende-se que o desenvolvimento e a implementação de currículos
funcionais, como já referimos, implica uma flexibilização da organização escolar, das
estratégias de ensino e da gestão dos recursos, por forma a proporcionar o
desenvolvimento maximizado de todos, de acordo com as características pessoais e as
necessidades individuais de cada um (Correia, 1997). Tais medidas implicam a
aceitação de profissionais exteriores à escola, como intervenientes fundamentais no
processo educativo, e a utilização de um vasto leque de recursos da comunidade (ruas,
lojas, serviços públicos, restaurantes, oficinas, etc.) como espaços educativos, revestidos
da mesma dignidade das salas de aula.
Tal como está definido no artigo 21º do Decreto-Lei nº 3/2008, o Currículo
Específico Individual (parte integrante do PEI do aluno cuja problemática o impede de
adquirir as aprendizagens e competências definidas no currículo comum) é o documento
legal que deve assumir-se enquanto currículo funcional com as características
defendidas por Brown, quando refere que “substitui as competências definidas para
cada nível de educação e ensino”. Este pressupõe alterações significativas relativamente
ao currículo normal, que se podem traduzir “na introdução, substituição e ou eliminação
de objectivos e conteúdos, em função do nível de funcionalidade da criança ou do
jovem”. Deve ser bastante enfatizada a autonomia pessoal e social do aluno pelo que se
“dá prioridade ao desenvolvimento de actividades de cariz funcional centradas nos
contextos de vida, à comunicação e à organização do processo de transição para a vida
pós-escolar”.
Neste sentido, a escola tem que atender aos diversos domínios da vida do sujeito
com NEE, de modo a poder contribuir, positivamente, para a construção de um projeto
de vida futuro, sólido e coerente. Assim, Soriano (2006) recomenda que a escola ponha
em prática, como complemento ao PEI um PIT, enquanto instrumento onde é registado
o passado, o presente e o futuro desejado pelos próprios jovens, incluindo “as condições
familiares, históricos, médica, tempos livres, valores e background cultural, ainda
informação sobre a sua educação e formação” (p. 23). Este deve ser individualizado,
formalizado e escrito para cada aluno, devendo ainda incluir metas e objetivos, tempos,
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Nesta fase, não descurando as competências que o aluno deve adquirir e que
estão definidas no seu PEI através de atividades significativas, desenvolvidas em
primeiro lugar dentro da escola, dever-se-á efetuar uma intervenção mais centrada nas
exigências da transição para o mundo profissional e ocupacional, através de estágios de
sensibilização na área mais adequada para o aluno, nomeadamente em situações de
trabalho real, contempladas no seu PIT.
Importa referir que o propósito do PEI e do PIT não é a duplicação de
documentos, pelo contrário, ambos têm funções específicas. O PEI define e fundamenta
as respostas educativas específicas e respetivas formas de avaliação do aluno com NEE
de carácter permanente, de modo a responder às necessidades identificadas, documenta
as NEE do aluno, baseadas na observação e na avaliação de sala de aula e nas
informações complementares disponibilizadas pelos participantes no processo. O PIT é
uma estratégia educativa oferecida com a intenção de reduzir, ao mínimo, as
dificuldades que surgem ao passar de um ambiente para outro, ou de uma atividade para
outra. Deve ser percecionado como uma espécie de “retrato individual”, no qual são
registados os desejos, a motivação, as capacidades e os progressos na educação e na
formação do jovem, devendo este participar, sempre que possível, no seu planeamento,
dado ser o principal interessado. A importância da sua participação é bem enfatizada
pela European Agency for Development in Special Needs Education (2004), quando
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
refere que compete à escola permitir que o aluno tenha a oportunidade e os suportes
necessários, no sentido de tornar efetiva a sua participação no plano de transição, tendo
um papel fulcral no mesmo, competindo ao mesmo decidir a sua vida. A escola deve
garantir o máximo de qualidade, de modo a que os alunos possam ter o suporte e o
aconselhamento de que necessitam antes, durante e após a transição. Também a família
deve ser considerada como membro ativo, já que é a interventora e coordenadora do
processo. Posto isto, a situação familiar, os valores culturais e os recursos terão de ser
tidos em conta pelos profissionais.
O PIT é uma ferramenta, sob a forma de documento, de um processo dinâmico
de transição que poderá necessitar de um período mais curto ou dilatado de tempo,
consoante as possibilidades e necessidades do sujeito, tendo como objetivo fundamental
facilitar a entrada do jovem no mundo do trabalho. Assim, deverá ser desenvolvido em
espiral e de forma articulada com o PEI, constituindo-se como um instrumento de
trabalho que, segundo Soriano (2006) deve respeitar as características dos jovens
(competências, capacidades e expectativas), atender às exigências do sector empregador
e promover a revisão permanente do plano de ação delineado.
Segundo a mesma autora, se aquando da elaboração do PIT forem contemplados
estes aspetos, o mesmo contribuirá de modo a aumentar as hipóteses de o jovem
conseguir um trabalho sustentável; aferir interesses, desejos, motivações, competências
da profissão, do trabalho, do contexto de trabalho, da empresa; melhorar a autonomia, a
motivação, a autoestima e a autoconfiança do jovem; criar uma situação de sucesso para
cada jovem e para os empregadores.
O PIT está estreitamente relacionado com o PEI. Dentro do atual contexto
legislativo, ambos os documentos apresentam algumas características comuns:
− Os dois centram o processo no aluno;
− Ambos se destinam aos alunos com NEE de carácter permanente;
− Precisam de ser permanentemente revistos, de acordo com os resultados e os
progressos do aluno;
− Devem usar uma terminologia clara e acessível a todas as partes envolvidas,
com especial atenção para os pais e para o próprio aluno;
− São documentos abrangentes, na medida em que devem incluir todas as ações
a serem realizadas por qualquer uma das partes envolventes (aluno, pais,
professores e outros profissionais).
47
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
A elaboração do PEI e do PIT de um aluno com NEE deve ser firmada numa
avaliação real das suas competências. Necessita do envolvimento duma equipa escolar
alicerçada numa rede de apoios e de parcerias, onde releva o papel dos pais e do aluno
na planificação de todo o processo, desenvolvendo, no seio do seu meio envolvente, as
capacidades adaptativas e sociais, principalmente nas áreas de independência pessoal,
no relacionamento interpessoal, no cumprimento de regras de comportamento e na
formação pessoal e social.
No manual de apoio à prática, publicado pela Direção Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular – DGIDC (2008), o PIT é um documento que:
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Ainda segundo este autor, os PIT devem basear-se em três secções principais:
carreira e autossuficiência económica; integração e participação na comunidade e
competência pessoal.
Comparando as perspetivas de Wehman (1995) e de Soriano (2006), conclui-se
existirem diferenças. A primeira firma-se numa ótica mais alargada do plano e,
subsequentemente, da transição, ao apontar a educação pós-escolar e a participação na
comunidade, enquanto a segunda é mais restritiva, centrando a transição e o plano no
trabalho/emprego.
O Decreto-Lei n.º 3/2008 consubstancia o que atrás tem sido referenciado. Aqui,
é implícito que o percurso dos alunos com NEE de carácter permanente deve ser
assumido pela escola, da forma mais flexível possível, potenciando as competências
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Capítulo II - Transição para a Vida Adulta – Ponte para a Inclusão Social.
51
Capítulo III - Estudos e obras de referência no âmbito da TVA de
alunos com NEE
Por maior importância que se imprima à investigação empírica não podemos
esquecer que, de um ponto de vista científico, esta é inevitavelmente orientada pela e
para a teoria. Assim, é impensável, num trabalho de pesquisa, dispensar uma leitura
compreensiva e apurada de diversos estudos e obras de referência, enquanto forma de
construção de um quadro teórico que oriente o modelo de análise, ou seja, as questões
de partida, os conceitos fundamentais, e a forma de interpretar os dados. A análise da
realidade, mesmo que rigorosa e exaustiva, pode sempre dar azo a conclusões erróneas.
Situando o âmbito das pesquisas na transição para a vida adulta de alunos com
NEE, constatamos que nesta área temática são parcos os estudos efetuados no nosso
país, por isso iremos destacar os de maior contributo para o aprofundamento da matéria
em análise.
Assim Costa (2004), no âmbito do projeto “currículos funcionais – transição
para a vida activa” do Instituto de Inovação Educacional (IIE), efetuou um estudo,
inserido num trabalho de investigação-ação e que teve como objetivo analisar em que
medida era adotada uma abordagem funcional na educação de alunos dos 2.º e 3.ºciclos
com deficiência intelectual acentuada, querendo ainda pesquisar as estratégias utilizadas
no apoio à sua transição da escola para a vida pós-escolar. Este estudo, talvez o mais
abrangente e o mais relevante realizado a nível nacional, em nossa opinião, foi
desenvolvido em 280 escolas das diferentes regiões do país, integrando três fases
distintas. A primeira (1994/96) intitulada “Currículos Funcionais”, visava a
implementação de currículos funcionais em diferentes escolas, a avaliação do trabalho
desenvolvido com cada aluno e os resultados obtidos. Como resultado desta
investigação foram editados pelo IIE, sob a coordenação de Ana Maria Bénard da
Costa, os livros: “Currículos Funcionais – vol.1 - Sua Caracterização”; “Currículos
Funcionais – vol.2 - Instrumentos para Desenvolvimento” (em 1996) e “Formulários
Utilizados na Avaliação do Projecto de Investigação sobre Currículos Funcionais” (s/d).
Reconhecendo a carência de formação nesta área, em que muitos professores
procuravam aplicar currículos numa perspetiva funcional sem que, para tal, tivessem a
devida preparação e referenciais, eis que surge a segunda fase denominada "Difusão dos
Currículos Funcionais". Como o próprio título indica, propunha-se a produção de
materiais de apoio destinados à formação desses profissionais que pretendiam utilizar
este tipo de metodologia na educação/formação de alunos com deficiência intelectual
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo III - Estudos e obras de referência no âmbito da TVA de alunos com NEE
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Parte II - Investigação empírica
Capítulo IV - Metodologia
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
nos aliciasse não foi imediata, uma vez que são muitas as questões de extrema
relevância neste contexto que merecem ser objeto de investigação. Nesta escolha pesou
a convicção do interesse da mesma e as suas implicações para a atividade profissional, a
motivação que este domínio em nós desperta e, ainda, o contributo para o aumento do
conhecimento científico.
A pesquisa nesta área específica parece-nos assumir um significado especial, no
sentido de tentarmos saber como é que o agrupamento perceciona o processo de
transição e que démarches incrementa no acompanhamento dos alunos com NEE, de
modo a que isso se articule com o projeto de vida futura dos mesmos.
A nossa experiência tem-nos mostrado que este trabalho nem sempre é feito em
conjunto, por uma equipa pluridisciplinar, que funcione verdadeiramente de forma
articulada. Normalmente, é ao professor de educação especial que é incumbida essa
tarefa. Neste sentido, questionamos se é possível delinearem-se atividades de transição
(ou especificamente Planos Individuais de Transição) válidas, capazes de atender aos
aspetos necessários a um bom desenvolvimento pessoal e social destes jovens, não
somente na sua relação com o trabalho, mas em todos os momentos da sua vida, de
modo a que eles possam assumir-se verdadeiramente como pessoas. Defendemos que
deve existir um trabalho coordenado com todos aqueles que intervêm junto destes
alunos.
A prática vai-nos permitindo “saber” que, apesar de o professor de educação
especial ser um técnico vocacionado para intervir e delinear processos de atuação no
âmbito da transição, é um facto que, em muitas das situações, este é quase o único
interveniente, ou seja, verificámos, ainda, bastante resistência por parte de outros
elementos em constituir uma equipa pluridisciplinar. Obviamente que, para que tal seja
possível, consideramos essencial alterar algumas das premissas básicas existentes na
própria cultura de agrupamento visto que a própria constituição dos horários dos
professores das diferentes áreas curriculares dificulta a articulação pretendida.
Igualmente, o horário do professor de educação especial não contempla tempos
específicos para acompanhar estes alunos nas atividades de transição. Num meio
geograficamente isolado, como é o do nosso agrupamento, torna-se imprescindível à
realização de muitas atividades de transição fazer deslocações para mais longe e os
escassos transportes existentes são uma enorme condicionante, além de ser um aspeto
não contemplado na legislação. Somos da opinião que a própria cultura de agrupamento
carece de atribuir maior prioridade a esta área de intervenção, e parece-nos que a
60
Capítulo IV - Metodologia
61
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
62
Capítulo IV - Metodologia
dados, que nos permitiu inquirir a população alvo que pretendíamos estudar e tratar
quantitativamente essa informação. Este instrumento ajuda, ainda, na organização e no
controlo dos dados, permitindo colher as informações procuradas de uma forma
rigorosa. É um método de recolha de dados no qual as respostas são escritas pelos
próprios indivíduos, sem assistência, possibilitando um melhor controlo dos
enviesamentos, pois as informações procuradas são colhidas com rigor (Fortin, 1999).
Tendo em conta o tema em estudo e o facto de existirem dois questionários já
elaborados e aferidos para a população portuguesa para este fim (Costa (2004) e
Ferreira (2008), apoiámo-nos em ambos, e usámo-los, com algumas adaptações. Com a
utilização deste questionário seria também possível estabelecer vários paralelismos
entre os resultados de ambos os estudos.
A tabela resumo que seguidamente apresentamos explicita a estrutura do nosso
questionário que é composto, fundamentalmente por três secções (A, B, e C).
Com este grupo pretendemos adquirir dados de carácter pessoal, como a idade, o
tempo de serviço, as habilitações académicas, os níveis que leciona, etc.. São dez
questões de tipo fechado, aberto e misto com diversas opções de resposta.
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
transição (B7).
4.4. Procedimentos
Após a definição da questão de investigação, dos objetivos e do instrumento de
recolha de dados iniciámos um conjunto de ações, com vista a concretizar o estudo.
Assim, primeiramente, através de um requerimento via e-mail (anexo 2) foi pedida
autorização à autora do questionário (Ferreira, 2008) para a sua utilização. Nesse
requerimento foi apresentada a responsável pela pesquisa, explicados os objetivos e a
importância do estudo. A autorização foi deferida pela autora.
Foi igualmente solicitada autorização ao Diretor do Agrupamento para a
aplicação do questionário, tendo sido este também autorizado (anexo 3).
Tivemos ainda, ao longo da investigação, em atenção as questões éticas e a
importância de uma conduta pautada por esses princípios, comprometendo-nos a
salvaguardar o anonimato e a confidencialidade dos dados obtidos.
Deste modo, no início do ano letivo 2011/2012, procedemos à entrega do
instrumento de recolha de dados (anexo1) a 60 professores, por correio eletrónico
(usando o google docs), solicitando a devolução após o preenchimento. Este formato
garante o anonimato dos inquiridos.
Após a recolha dos dados foi construída uma base de dados, efetuado o
tratamento estatístico dos mesmos, com posterior análise e discussão dos resultados.
64
Capítulo IV - Metodologia
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
coeficiente com o erro padrão (EP). Assim, para Pestana e Gageiro (2003), a
distribuição pode ser classificada como:
− K/EP ≤ - 1.96 – distribuição platicúrtica;
− - 1.96 < K/EP ≤ 1.96 – distribuição mesocúrtica;
− K/EP > 1.96 – a distribuição leptocúrtica.
66
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
Idade/género
Pela análise da Tabela 2, podemos constatar que a amostra utilizada neste estudo
é constituída por 48 professores, sendo 35 do sexo feminino e 13 do sexo masculino.
Constatámos também que a idade da amostra total oscila entre um valor mínimo
de 29 e um máximo de 53 anos, correspondendo-lhe uma idade média de 41,52 anos,
com um desvio padrão de 6,28 e um coeficiente de variação de 15,12%, o que nos
indica a existência de uma dispersão moderada em torno da média.
Analisando as estatísticas relativas à idade em função do género, verificámos
que a média de idades para o sexo feminino ( = 41,89) é ligeiramente superior à do sexo
masculino ( = 40,54), apresentando respetivamente uma dispersão fraca (14,58%) e
moderada (16,90%).
As medidas de assimetria ou enviesamento (Skweness) e de achatamento ou
curtose (Kurtosis), levam-nos a concluir que a distribuição das idades, em ambos os
sexos, é simétrica e mesocúrtica.
67
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Grupos Etários
Analisando a distribuição dos professores por “grupos etários” (cf. Tabela 3),
constata-se que o grupo com maior representatividade (54,2%) é o dos 38-46 anos,
seguindo-se, com igual valor percentual (22,9%), o grupo com idades compreendidas
entre os 29-37 anos e os que possuem idade igual ou superior a 47 anos.
29-37 11 22,9
38-46 26 54,2
≥ 47 11 22,9
Total 48 100
Tempo de Serviço
0-10 11 22,9
11-20 26 54,2
≥ 21 11 22,9
Total 48 100
Habilitações Literárias
68
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
com mestrado (20,8%) e em terceiro aqueles que têm uma pós-graduação (16,7%). De
notar que nenhum professor possui doutoramento (cf. Tabela 5).
Licenciatura 30 62,5
Mestrado 10 20,8
Pós-Graduação 8 16,7
Doutoramento - -
Total 48 100
Formação especializada
Nível de Ensino
69
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Início da Transição
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Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
A recodificação da variável por grupos mostra que para 50,0% dos professores
esta deve ocorrer entre os 9 e os 14 anos, 27,1% diz entre os 2 e os 8 anos e para os
restantes 16,7% aos 15 e mais anos (cf. Tabela 8).
Formas de Seleção
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Dificuldades
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Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Suficiência da legislação
Aos participantes que responderam não ser suficiente, pedimos ainda que
indicassem, por ordem de prioridade, os aspetos que deveriam ser consagrados em lei.
As respostas dadas mostram que para 35,5% dos professores a legislação devia
conferir às escolas “recursos humanos específicos”, 33,3% entende que a legislação
devia “incentivar a aceitação, por parte das empresas, de alunos com NEE”, 29,2%
defende “incentivos à criação de cursos de formação profissional”, 27,1% apoia o
“estabelecimento de parcerias” e 25,0% sugere mais “apoios financeiros”.
Uma outra pergunta que dirigimos aos professores foi se consideravam que a sua
escola podia melhorar no processo de transição dos alunos. A opinião expressa pela
maioria (79,2%) dos inquiridos é que esta pode melhorar efetivamente, contra 20,8%
que entende que a sua escola não pode melhorar neste processo (cf. Tabela 26).
80
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
Sim 38 79,2
Não 10 20,8
Total 48 100
Sugestões de melhoria
Aos professores que referiram ser possível melhorar, pedimos ainda que
indicassem aspetos onde tal era possível. As respostas encontram-se expressas na
Tabela 27 e, de acordo com os valores percentuais indicados, podemos verificar que os
três primeiros aspetos (com igual valor percentual, 37,5%) indicados são a “formação
específica para professores de EE”, obter “mais recursos humanos” e “promover a
participação da família no processo”.
Depois, com 33,3% é apontado o item “investir na criação de programas de
transição” e por fim o “estabelecimento de novas parcerias e o obter mais recursos
materiais” (31,3%).
81
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
82
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
83
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
Brown (1991) considera que os alunos com NEE dependem mais da aquisição destas
duas competências percecionadas pelos nossos respondentes do que, propriamente, das
competências mais académicas, para estarem integrados e funcionarem nos seus
ambientes de vida.
No questionário de Ferreira (2007), relativamente a esta questão, eram
destacadas opções ligadas à orientação vocacional e ao treino laboral. Verifica-se que de
modo consonante, em ambos os estudos, são destacados aspetos ligados ao próprio
aluno, no sentido de o dotar de maiores capacidades para que se adapte, futuramente, à
vida comunitária, social e laboral, fora da escola.
Na opinião dos inquiridos, os estágios laborais contribuem de forma
significativa, sobretudo, para o desenvolvimento de competências pessoais do aluno, o
que releva a importância do trabalho em contexto real para praticar competências
transversais, essenciais à vida futura do mesmo. A literatura mostrou-nos a importância
do desenvolvimento de experiências laborais em contextos naturais, mas por outro,
revelou também que estas não podem, de modo algum, substituir a ação da escola. É da
sua responsabilidade levar a cabo, de modo concertado, um plano de transição que
articule a ação nos diferentes contextos de aprendizagem (Costa, 1998).
No que respeita às possibilidades futuras mais adequadas para alunos com NEE,
tendo, maioritariamente, as respostas correspondido ao ingresso em atividades com
apoio, em centros tutelados pela segurança social, verifica-se que, curiosamente, os
resultados obtidos nesta questão contradizem a atual legislação, acerca do alargamento
da escolaridade obrigatória (DL 176/2012), segundo a qual os alunos com NEE deverão
permanecer na escola até ao 12.º ano ou até completarem os 18 anos. Este cenário
poderá querer evidenciar as dificuldades sentidas pelos professores na integração de
alunos com NEE de carácter permanente no ensino secundário e na forma como hão de
desenvolver os seus programas de TVA.
Comparativamente com o estudo de Ferreira (2007), os professores inquiridos na
altura consideravam como relevante no processo de avaliação, além do próprio aluno, o
professor de educação especial e o psicólogo e os elementos do local de estágio do
aluno. O número reduzido de respostas relativas a este último elemento, no questionário
atual, provavelmente deve-se ao facto de não existir uma prática tão sistematizada de
experiência de TVA no exterior, levando, por isso, os inquiridos a não relevar o papel
deste elemento. Como já foi referido no Capítulo III, os questionários de Ferreira (2007)
desenvolveram-se num contexto educativo onde existia uma prática de muitos anos de
84
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
85
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
86
Capítulo V - Apresentação, análise e discussão dos resultados
87
Conclusão
Todos os indivíduos, e por isso também os alunos com NEE, ao longo do seu
ciclo de vida, enfrentam sucessivas transições. A TVA é uma das etapas mais
importantes das suas vidas. É um processo complexo que envolve uma viragem pelos
contextos e serviços, pelos níveis de ensino, pelos apoios da comunidade com vista a
uma plena inserção social, profissional e familiar.
Tendo por referência a nossa prática de trabalho com estes alunos, incluindo os
que usufruem de um CEI, é nosso entendimento que, quando perspetivamos
atempadamente o processo de TVA e intervimos de forma fundamentada junto destes
jovens, estamos a antecipar a resolução de muitos obstáculos com que os mesmos se
deparam nesta fase. Em simultâneo e gradualmente são desenvolvidas competências que
os preparam para a sua efetiva transição para a vida pós-escolar, visando sempre o
aumento da sua qualidade de vida nos diferentes domínios.
Estamos conscientes das limitações que um estudo desta natureza suscitam, dado
que é um tipo de investigação não experimental, descritiva e de natureza quantitativa,
em que a amostra selecionada não se constitui como representativa da realidade
nacional, não possibilitando, por isso, a generalização dos resultados obtidos. No
entanto, segundo Carmo e Ferreira (2008), a análise indutiva das informações, com a
compreensão de fenómenos e a construção de conceitos a partir da recolha de dados,
poderá fomentar o estudo de outros casos análogos.
As conclusões sumárias que passaremos a realçar serão referenciadas em função
dos objetivos por nós definidos no Capítulo IV e relativas à amostra utilizada,
circunscrita a uma região geográfica específica do nosso país.
No que diz respeito à idade de início dos processos de transição, concluímos que
a maioria dos respondentes abraça os pressupostos teóricos dos autores revistos. É seu
entendimento que o processo de transição deve ser planeado no decorrer das
experiências de aprendizagem que os alunos vão alcançando, construindo e
experienciando ao longo do tempo, de forma a tornar o processo firmado em respostas
sustentadas. À semelhança de outros países, é necessário traçar projetos de vida dignos,
com tempo, com coerência e que se possam cumprir. Assim, parece-nos pertinente que
a tutela deve reequacionar o tempo que pré-determinou, três anos antes da idade limite
de escolaridade obrigatória, para a implementação do processo de TVA. Como já
referimos, para muitos dos nossos alunos com CEI este período de tempo é insuficiente
89
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
para lhes garantir um conjunto de meios e de oportunidades que promovam uma plena
integração social, profissional e familiar.
Compreendemos, através das respostas dadas, a existência de uma proximidade
concetual, relativamente ao que os nossos inquiridos entendem por TVA de alunos com
NEE. Ao atribuírem prioridade ao desenvolvimento de competências pessoais, sociais e
laborais, as quais fazem parte de um conjunto de competências funcionais a serem
desenvolvidas em contextos reais diversificados, que desde cedo devem ser tidas em
conta e cuja aprendizagem implica utilidade para a vida futura, vão ao encontro do que
está expresso na Declaração de Salamanca, quando refere que aos jovens com NEE
devem “proporcionar-lhes as competências necessárias na vida diária, oferecendo-lhe
uma formação nas áreas que correspondem às expectativas e às exigências sociais e de
comunicação da vida adulta, o que exige técnicas de formação adequadas, incluindo a
experiência directa em situações reais, fora da escola” (UNESCO, 1994, p. 34). Para
isso é necessário, quanto a nós, direcionar e aproximar, o mais possível, o currículo à
realidade do mundo exterior, do mundo laboral, em ambientes inclusivos e
proporcionar-lhes o treino das suas habilidades e de competências em realidades
concretas.
Concluímos com as ideias transmitidas pelos respondentes, salientando o quão é
importante que os alunos com CEI beneficiem de programas de transição, mas também
reconhecem que o agrupamento apresenta algumas dificuldades no desenvolvimento e
no acompanhamento dos mesmos, de entre outras: a escassez de recursos humanos e de
condições materiais; carência de transportes; fraca articulação entre o agrupamento e os
outros serviços, entidades ou instituições; dificuldade em apoiar a família; dificuldade
em organizar programas; reduzida competência dos alunos. Extrínsecas, e por isso mais
difíceis de controlar por parte da escola, também foram apontadas a falta de emprego e
de empresas que recebam alunos por desconhecimento.
Sob o nosso ponto de vista apraz-nos aqui abrir portas a algumas questões: Se o
agrupamento manifesta dificuldades em operacionalizar respostas adequadas a estes
alunos, não as terá também relativamente aos restantes, na medida em que cada um
deles apresenta características singulares, podendo isso, entender-se como um desafio
em termos de necessidade de reajustamento e adaptação? Numa perspetiva inclusiva é
necessário que a escola assuma uma atitude flexível ao nível da ação, promova a
implementação de novas práticas pedagógicas e organize modos diferenciados de
trabalhar com todos os alunos, mesmo com aqueles que apresentam graves dificuldades
90
Conclusão
no acesso ao currículo. A diversificação, para estes alunos, em nossa opinião, passa pela
implementação de projetos alternativos, de modo a promover competências que serão
necessárias para a integração futura em contexto real e que funcionem, efetivamente,
como consolidação e concretização na prática, de experiências anteriores devidamente
planeadas para dar resposta às suas necessidades efetivas. No âmbito da sua autonomia
e no consignado na lei vigente, não poderá o agrupamento procurar mais parcerias
(artigo 30.º, do Decreto-Lei n.º 3/2008, de 7 de janeiro), envolvendo outros recursos,
sensibilizando a comunidade para a problemática da TVA, e os demais serviços que
também devem intervir diretamente no processo, como a saúde, a formação profissional
e emprego e a segurança social? O que nos parece é que as parcerias estabelecidas estão
muito aquém das efetivamente necessárias, problema este que, lamentavelmente, não se
circunscreve ao agrupamento onde se realizou o nosso estudo, mas que é experienciado
pela maioria dos do nosso país, como é confirmado no relatório final do projeto da
avaliação externa da implementação do Decreto-Lei n.º 3/2008, publicado em dezembro
de 2010, pelo ME.
O mesmo relatório também refere, à semelhança do que constatamos no nosso
estudo, que a falta de apoio e de articulação com a família destes alunos é uma
realidade. Questionamos que medidas/estratégias efetivas se têm desenvolvido para
reverter esta situação? Partindo do pressuposto que os pais são os primeiros
educadores/professores do aluno e que a escola, nomeadamente os professores
necessitam de articular com a família e aproveitar, da melhor forma, todo o manancial
de conhecimentos que esta possui, para melhor traçar o caminho em termos formativos
e educativos, com vista a um maior sucesso destes jovens quer como alunos, quer como
pessoas, a escola deve proceder ao reajustamento de práticas e de pressupostos, de
modo a envolver, direta e ativamente, os pais em atividades implícitas no processo
ensino/aprendizagem, assegurando a sua corresponsabilidade na eficácia do mesmo.
Na ótica dos participantes neste estudo, as atividades que o agrupamento
desenvolve com vista à transição dos alunos com NEE prevalecem as que: desenvolvem
competências sociais e incentivam à tomada de decisões dos alunos; fomentam hábitos
de trabalho; promovem a integração na vida da comunidade. É nosso entendimento que
estes docentes têm conhecimento que os alunos com NEE, ao longo do seu percurso
escolar, adquirem um menor número de competências comparativamente com os seus
colegas. Assim, é crucial que nas atividades a incrementar sejam selecionadas as
competências mais pertinentes e as mais necessárias, para o seu percurso de TVA.
91
Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Transição para a Vida Adulta de Alunos com NEE - Que Perceções da Escola?
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Bibliografia
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Anexos
Anexo 1. Questionário
Anexo 2. Pedido de autorização para aplicação do questionário
Anexo 3. Pedido de autorização à Direção do Agrupamento
103
Anexo 1. Questionário
Exmo.(a) Sr.(a) Professor(a)
Solicitamos a V. participação num estudo sobre as Percepções dos professores sobre a Transição para
a Vida Adulta de alunos com Necessidades Educativas Especiais (NEE). Este estudo é efectuado no âmbito
do Mestrado em Ciências da Educação – Especialização em Educação Especial, da Universidade Católica
Portuguesa – Centro Regional das Beiras, Viseu. As suas respostas permanecerão confidenciais e serão
tomadas no conjunto das respostas dadas por todos os elementos que colaborem neste estudo. Lembramos
que não há respostas certas nem erradas, apenas as que mais fielmente traduzem as suas opiniões e
percepções sobre as questões abordadas. Agradecemos a V. preciosa colaboração
Olívia Marques
A- Caracterização
B1. Independentemente da legislação em vigor em sua opinião, qual a idade em que se deve iniciar a avaliação
dos alunos e dos seus contextos de vida com vista ao processo de transição?
Anos
B2. As frases seguintes referem-se à opinião que tem sobre a forma como os alunos que frequentam processos
de transição, são seleccionados Em relação a cada uma das frases, indique, por favor, o grau em que se
aplicam, assinalando:
1 – Não se aplica
2 – Aplica-se pouco
3 – Aplica-se moderadamente
4 – Aplica-se totalmente
4. Por usufruírem de Currículos Específicos Individuais (Dec. Lei 3/08, art. 21). 1 2 3 4
1 2 3 4
8. Por solicitação do Conselho de Turma.
9. Outro: . 1 2 3 4
B3. As frases seguintes referem-se a actividades que podem ser levadas a cabo no âmbito do processo de
transição dos alunos com NEE.
Em cada uma das frases indique, por favor, o grau de importância que lhe atribui, assinalando:
1 – Nada importante
2 – Pouco importante
3 – Importante
4 – Muito importante
10. Debater com os pais a importância das actividades desenvolvidas em casa no sentido de 1 2 3 4
melhorar a competência e as atitudes face ao trabalho.
11. Informar os pais acerca das possibilidades profissionais do aluno após a sua saída da 1 2 3 4
escola.
12. Debater, com os pais e com o próprio aluno, as actividades profissionais mais adequadas 1 2 3 4
após a saída da escola.
14. Encorajar os pais a contactar outros pais com problemas semelhantes para desenvolverem 1 2 3 4
acções conjuntas.
15. Ajudar os pais a organizar idas ou visitas a locais de interesse (centros de formação 1 2 3 4
profissional, centros de actividades ocupacionais, etc.) para a futura integração
profissional/ocupacional do aluno, após a saída da escola.
16. Fazer reuniões com serviços oficiais ou privados da comunidade que têm responsabilidade 1 2 3 4
no apoio a jovens e adultos com NEE.
B4. As frases seguintes referem-se a competências que o aluno desenvolve quando realiza estágios laborais. Em
cada uma das frases indique, por favor, o seu grau de concordância, assinalando:
-2 - Discordo totalmente
-1 - Discordo
0 - Não concordo nem discordo
+1 - Concordo
+2 - Concordo totalmente
1. Autonomia. -2 -1 0 +1 +2
3. Relacionamento interpessoal. -2 -1 0 +1 +2
4. Auto-estima. -2 -1 0 +1 +2
5. Sentido de responsabilidade. -2 -1 0 +1 +2
7. Hábitos de trabalho. -2 -1 0 +1 +2
9. Competências cognitivas. -2 -1 0 +1 +2
B5. Tendo em conta as características dos alunos com NEE graves (Currículo Específico Individual), indique
qual ou quais considera serem as possibilidades mais adequadas após a saída da escola (Assinale com um
X).
Entende-se por “avaliação” a recolha de dados informativos sobre o aluno e os contextos em que se insere (escola, família,
comunidade) que permitam tomar decisões sobre as actividades, estratégias e serviços a desenvolver.
Entende-se por “intervenção” a organização e implementação das actividades e serviços a prestar com vista a uma transição mais
adequada para a vida adulta.
6.1. Indique os agentes/serviços que em seu entender, geralmente, participam no processo de avaliação e/ou
intervenção. (Assinale com um X).
Agentes / serviços Avaliação Intervenção
Os próprios alunos
Direcção do Agrupamento
Professor de educação especial
Professor(es) titular(es) de uma ou mais disciplinas
Director de turma
Psicólogo
Técnico operacional
Médico de família/Unidade de Saúde Familiar
Técnico de serviço social
Técnicos de reabilitação
Elementos do IEFP
Elementos do local de estágio do aluno
Pais
Outros elementos da família
Amigos/vizinhos
Técnicos de acompanhamento nas empresas
Outro:
7.1. Como e com que periodicidade se processa a coordenação do trabalho dos vários intervenientes no processo de
transição? (Assinale com um X)
Mensais Trimestrais Semestrais Anuais Esporádicas
Conversas informais
Reuniões
Relatórios
Outros documentos escritos
7.2. Quem é/são habitualmente o(s) responsável(eis) por esta coordenação? (Assinale com X as opções que se
aplicam)
1. Professor de Educação Especial ...................................................................................................
2. Director(a) de Turma .....................................................................................................................
3. Direcção do Agrupamento .............................................................................................................
4. Psicólogo ............................................................................................................................... ............
5. Professores da Turma .....................................................................................................................
6. Monitores das Empresas ................................................................................................................
7. Outro: ............................................................................................................................... .....................
7.3. Que tipo de registos são utilizados nas actividades de transição e na sua avaliação? (Assinale com X as opções
que se aplicam).
1. Grelhas elaboradas para o efeito .................................................................................................
2. Planos Individuais de Transição ..................................................................................................
3. Relatórios ............................................................................................................................... ..........
4. Avaliação efectuada no Programa Educativo Individual do aluno .......................................
5. Outro: ............................................................................................................................... .....................
7.3.1. Se anteriormente assinalou a opção 2, qual a composição dos Planos Individuais de Transição? (Assinale com X
as opções correctas).
1. Tarefas que realizou durante o estágio ......................................................................................
2. A autoavaliação do aluno relativamente ao seu estágio .......................................................
3. A avaliação do empresário ao aluno ...........................................................................................
4. A avaliação do aluno pelos técnicos envolvidos no projecto ..................................................
5. Dados da avaliação do aluno nas disciplinas que frequenta ..................................................
6. Protocolos de parceria entre a escola e as empresas/serviços ..............................................
7. Outro: ............................................................................................................................... .....................
7.4. As frases seguintes referem-se à forma como se processa a coordenação das acções entre a escola e os locais de
trabalho no caso de alunos em estágio/experiência laboral. Em relação a cada uma das frases, indique, por
favor, a frequência, assinalando:
1 – Nada Frequente
2 – Pouco Frequente
3 – Frequente
4 – Muito Frequente
6. Outro . 1 2 3 4
1 – Nada frequente
2 – Pouco frequente
3 – Frequente
4 – Muito frequente
1 2 3 4
19. Outra: .
C2. Considera a legislação existente (Dec. Lei 3/08 de 07/01) sobre a transição e, especificamente, sobre as
experiências laborais em espaços da comunidade, suficiente?
Se Não, indique, por ordem de prioridade, os aspectos que deveriam ser consagrados em lei
(Assinale, de 1 a 6, sendo que um é o mais importante e seis o menos importante).
1. Legislação que incentive a aceitação, por parte das empresas, de alunos com NEE ..........
2. Legislação que incentive a criação de cursos de formação profissional ..............................
3. Legislação que promova o estabelecimento de parcerias .......................................................
4. Legislação que confira às escolas recursos humanos específicos ..........................................
5. Legislação que confira às escolas recursos financeiros específicos ......................................
6. Outro: ............................................................................................................................... .....................
C3. Considera que a sua escola pode melhorar no desenvolvimento do processo de transição destes alunos?
Sim Não
Se Sim, indique, por ordem de prioridade, os aspectos do processo de transição onde pensa poder
fazer progressos no futuro próximo (Assinale, de 1 a 10 sendo que um é o mais importante e dez o
menos importante).
Verifique, por favor, se preencheu adequadamente o questionário. Mesmo tendo deixado algumas
questões por responder, por favor devolvanos o seu questionário.
OBRIGADA!
Anexo 2. Pedido de autorização para aplicação do questionário
Maria Olívia Ladeira Marques
Rua de Viriato, Bairro de Santo Estevão, Lote 51, 4º Esq.
3515-145 Abraveses - Viseu
Ex.mª. Mestre Sofia Simões Ferreira,
Maria Olívia Ladeira Marques, professora de educação especial, a exercer
funções no Agrupamento de Escolas de Castro Daire e a realizar o Mestrado em
Ciências da Educação – Especialização em Educação Especial na Universidade Católica
Portuguesa, Pólo de Viseu, vem por este meio solicitar a Vª Exª se digne autorizar a
utilização do questionário que consta no manual "Transição para Vida Pós Escolar de
Alunos com NEE" (Ferreira, S. 2008).
Este questionário destina-se à realização de um estudo de investigação na área
da Transição para a Vida Adulta de alunos NEE, no agrupamento onde trabalhamos.
Agradeço, desde já, a atenção dispensada,
Atenciosamente,
Viseu, 14 de Fevereiro de 2011
A professora,
___________________________________
(Maria Olívia Ladeira Marques)
RESPOSTA:
De: [email protected]
Enviado: terça-feira, 16 de Fevereiro de 2011 20:12
Para: Olivia
Assunto: Transição para a Vida Pós Escolar de Alunos com NEE
No âmbito do pedido de utilização dos questionários que constam no manual "Transição para
Vida Pós Escolar de Alunos com NEE" (Ferreira, S. 2008), informo concordar que os possa
utilizar, efectuando as devidas adaptações face à alteração da legislação em vigor.